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UNIDADE 5 - ELEMENTOS DO CLIMA DE IMPORTÂNCIA AGROPECUÁRIA: Radiação Solar � Unidades das medidas... � Leis da Radiação: � Lei de Stefan-Boltzmann � Lei de Wien � Lei do Inverso do Quadrado da Distância � Lei do Cosseno de Lambert Constante Solar A Constante Solar (Jo) expressa a densidade de fluxo de energia radiante máxima, recebida por em uma superfície perpendicular aos raios solares, acima da atmosfera. A partir da Lei de Stefan-Boltzmann, Jo = 1367 W.m-2 � Temperatura do Sol ~ 5727ºC � Raio do Sol é de 650.000 km � Terra encontra-se a uma distância média do sol (D) de 150 milhões Km. � Relembrando: 1 cal = 4,18J Informação: calor latente de evaporação da água = 2,45MJ/litro Afélio (D) 1,52.108 Km Periélio (D) 1,47.108 Km Sol: fonte pontual de emissão de energia radiante I, emitida nas 4pi direções. Total de emissão: 4piI Terra: situada a uma distância “D” do sol, faz parte de uma esfera com raio igual a D, ou seja 4piD2 A energia radiante emitida 4piI será interceptada pela esfera de raio D, 4piD2, ou seja: 4piI / 4piD2 = I/ D2 (Lei do Inverso do Quadrado da Distância) Correção da Constante Solar � Jo = 1367 W.m-2 ou 118,11 MJ.m-2.d-1 � Corrigindo Jo para a variação da distância Terra-Sol ao longo do ano, tem-se que Jo’ = Jo (d/D)2 (d/D)2 = 1 + 0,033 * cos(NDA*360/365) Radiação Solar Extra-Terrestre (Qo) O total diário de radiação solar que atinge uma superfície horizontal, no topo da atmosfera, é uma função da latitude (Φ), da época do ano (declinação solar (δδδδ)) e do ângulo horário (h) (função da Φ e δδδδ) Radiação Solar Global Após sofrer todas as interações com a atmosfera, parte da energia radiante extra-terrestre (Qo), incide sobre a superfície terrestre. Esse fluxo de energia radiante incidente sobre cada unidade quadrada de superfície chamamos de Radiação Solar Global (Qg) Efeitos da interação com a atmosfera � Eliminação da radiação ultravioleta � Radiação solar direta � Radiação solar difusa += + = 365 360. cos.033,01 .cos.cos.. º180 ..6,37 2 2 NDA D d hnsensensenhn D dQo δφδφpi Qo αQo Qg αQg 100% ~50% ~5% ~30% ~ 15% Atmosfera: nuvens, gases e partículas Superfície terrestre Variação da Radiação Solar Global Diretamente relacionada à radiação solar extraterrestre (Qo), a quantidade de energia radiante incidente na superfície terrestre (Qg) é dependente da espessura (ângulo zenital) e da composição momentânea da atmosfera (principalmente variação porcentual de água: céu claro ou nublado). À relação entre Qo e Qg, denominamos de transmitância atmosférica (Tg). Tg = Qg/Qo 0,7< Tg < 0,8 Maior insolação 0,2 < Tg < 0,3 Menor insolação Tg médio = 0,5 Qg ~ Qo*0,5 Estimativa da Radiação Solar Global Conhecendo-se a relação entre Qg e Qo, interação com a atmosfera (absorção e difusa) e insolação, podemos realizar como correção entre essas variáveis: Equação de Angstrom-Prescott Qg/Qo = (a + b *n/N) Qg = Qo*(a + b*n/N) n é a insolação (horas) – valores medidos; N é o fotoperíodo (horas) – valores estimados; a e b são coeficientes dependentes da latitude e das condições atmosféricas do local. Nos locais onde não houver dados disponíveis, pode-se fazer a seguinte aproximação: a = 0,29 * cos φ b = 0,52 Balanço de Radiação Balanço médio de ondas curtas: Balanço médio de ondas longas: Qo αQo Qg αQg 100% ~50% ~5% ~30% ~ 15% Atmosfera: nuvens, gases e partículas Superfície terrestre Atmosfera: nuvens, gases e partículas Superfície terrestre Qatm Qsup Balanço de Radiação em uma Superfície Vegetada A energia radiante restante, provenientes do balanço entre entradas e saídas de radiação de ondas curtas e longas, que será utilizada em todos os processos físicos, é chamada de Saldo de Radiação Saldo de Radiação Rn = BOC + BOL = Qg - rQg + Qatm - Qsup BOC = Qg – rQg = Qg (1 – r) BOL = Qatm - Qsup Balanço de ondas curtas Balanço de ondas longas Albedo ou coeficiente de reflexão da superfície (r), varia com as características ópticas da superfície. Exemplos: água (r = 5%), florestas (r = 10 a 15%), neve e areia (r entre 40 e 90%). Medida do Saldo de Radiação Saldo radiômetros: Medida separada dos balanços de ondas curtas e longas Medida conjugada dos balanços de ondas curtas e longas Estimativa do Saldo de Radiação (Rn) Na ausência de equipamento de medida, pode-se estimar o Saldo de Radiação: BOC – medindo ou estimando Qg e assumindo um valor adequado de r para a superfície BOL – pode ser estimado a partir da equação proposta por Brunt (Lei de Stefan- Boltzmann), corrigida para condições de umidade do ar (ea) e nebulosidade (n): Para clima úmido ⇒ BOL = - [ 4,903*10-9*T4*(0,56 – 0,25 √ea)*(0,1 + 0,9 n/N) Para clima seco ⇒ BOL = - [ 4,903*10-9*T4*(0,34 – 0,14 √ea)*(0,1 + 0,9 n/N) BOL em MJ.m-2.d-1 T em Kelvin = 273 + ToC ea = pressão parcial de vapor do ar (kPa) ea = 0,6108*10^(7,5 * T/(237,3 + T))*(UR%/100) n = insolação (h) N = fotoperíodo (h) Rn = BOC + BOL = [Qg * (1 – r)] + {-[ 4,903*10-9 * T4 * (0,56 – 0,25 √ea) * (0,1 + 0,9 n/N)} Rn = BOC + BOL = [Qg * (1 – r)] + {-[ 4,903*10-9 * T4 * (0,34 – 0,14 √ea) * (0,1 + 0,9 n/N)} Unidade: MJ m-2 d-1 O saldo de radiação é utilizado nos seguintes processos: 1. Físicos: aquecimento do ar (H), do solo (G) e evaporação (LE) 2. Biofísico: transpiração (LE) 3. Bioquímico: fotossíntese (F) Rn = H + G + LE + F Balanço de Energia Partição do Saldo de Radiação (Rn) Considerando-se que o aproveitamento energético na fotossíntese é menor que 3% de Rn e que a evaporação e a transpiração (evapotranspiração) ocorrem simultâneamente e são indistingüiveis, a equação acima pode ser aproximada para: Rn = H + G + LE Ou seja, o saldo de radiação é repartido entre os três principais processos: aquecimento do ar, aquecimento do solo e evapotranspiração. A proporção entre esses três processos irá depender a disponibilidade hídrica da superfície. Superfície úmida - dia Superfície úmida - noite Superfície seca - dia Rn Rn RnNormalmente, quando a superfície está úmida LE predomina, consumindo cerca de 70 a 80% de Rn Sob condição de superfície seca, o processo de aquecimento do ar predomina Rn Rn LE/Rn ≈ 0,75 H/Rn ≈ 0,20 G ≈ 0,05 LE/Rn ≈ 0,10 H/Rn ≈ 0,85 G ≈ 0,05 Os gráficos mostram a partição do saldo de radiação em dois ambientes diferentes ao longo do ano : um seco (deserto do Arizona) e outro úmido (Palm Beach). Observe as diferenças na proporção entre LE e H. No deserto, praticamente toda a energia disponível é destinada ao aquecimento do ar (H). Por outro lado, no ambiente mais úmido LE predomina. UNIDADE 5 - ELEMENTOS DO CLIMA DE IMPORTÂNCIA AGROPECUÁRIA: Temperatura do solo e do ar � Temperatura - energia interna de uma substância ou um corpo qualquer, vulgarmente associado às sensações de frio e calor; mais especificamente é a medida da energia cinética associada ao movimento (vibração) aleatório das partículas. � Diversas das propriedades físicas da matéria – se em estado sólido, líquido ou gasoso; sua densidade, solubilidade, pressão de vapor, condutividade hidráulica, etc – são dependentes da temperatura do sistema em análise. Além de influenciar nas propriedades químicas, acelerando a velocidade das reações e do metabolismo nos seres vivos. � Um dos principais fatores determinantes da distribuição e desenvolvimento das plantas e animais Temperatura do ar e do solo Como vimos na aula de balanço de radiação e de energia, osaldo de radiação na superfície terrestre será destinado, basicamente, a três processos físicos, dentre os quais dois estão associados à temperatura: fluxo convectivo de calor sensível (temperatura do ar) e o fluxo por condução de calor no solo (temperatura do solo). Temperatura do solo O regime térmico de um solo é determinado pelo aquecimento da superfície pela radiação solar e transporte, por condução, de calor sensível para seu interior. Durante o dia, a superfície se aquece, gerando um fluxo de calor para o interior. À Noite, o resfriamento da superfície, por emissão de radiação terrestre (ondas longas), inverte o sentido do fluxo, que agora passa a ser do interior do solo para a superfície. -50 -45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 15 20 25 30 35 40 45 Temperatura do solo (oC) Pr o fu n di da de do so lo (cm ) 13h 19h 23h 5h 9h A variação da temperatura do solo ao longo do dia (temporal) e da profundidade (espacial) é estudada a partir da elaboração dos perfis de variação da temperatura, denominados de TAUTÓCRONAS Fatores Determinantes da Temperatura do Solo O fluxo de calor no solo depende, basicamente, da sua condutividade térmica, de seu calor específico e de sua emissividade, os quais por sua vez dependem do tipo do solo. Além disso, essa variação é afetada pela interação com outros fatores, dentre eles: Fatores Externos: Relacionados aos elementos meteorológicos: irradiância solar global, temperatura do ar, nebulosidade, chuva e vento. Fatores Intrínsecos: Relacionados ao tipo de solo, ao relevo e ao tipo de cobertura do terreno Tipo de Solo: Relacionado à textura, estrutura e teor de matéria orgânica do solo. Solos arenosos tendem a apresentar maiores amplitudes térmicas diárias nas camadas superficiais e menores em profundidade. Isso ocorre pelo fato dos solos arenosos terem maior porosidade, havendo um menor contato entre as partículas do solos, dificultando assim o processo de condução. Os solos argilosos, por sua vez, apresentam maior eficiência na condução de calor, tendo menor amplitude térmica diária. Relevo: Este é um fator topoclimático, que condiciona o terreno a diferentes exposições à radiação solar direta e, também, ao acúmulo de ar frio durante o inverno. Terrenos de meia-encosta voltados para o norte (no hemisfério Sul) recebem mais energia do que os voltados para o sul. Já nas baixadas ocorre um maior acúmulo de ar frio durante o inverno, o que acaba condicionando redução da temperatura do solo também nessa área. Cobertura do Terreno: Este é um fator microclimático. Solos sem cobertura (desnudos) ficam sujeitos a grandes variações térmicas diárias nas camadas superficiais. A cobertura com vegetação ou resíduos vegetais (mulch) modifica o balanço de radiação e de energia, pois a cobertura intercepta a radiação solar, impedindo que esta atinja o solo. Esse fator é importante no sistema de plantio direto e nos pomares, onde as plantas ficam bem espaçadas. Em períodos críticos (inverno) e em locais sujeitos a geadas, a cobertura do terreno é um fator agravante das geadas, pois impede que o solo armazene calor durante o dia e liberando-o para a superfície à noite Variação Temporal da Temperatura do Solo Diária: Varia com a profundidade. Nas camadas mais superficiais, varia de acordo com a incidência de radiação solar, tendo o valor máximo entre 12 e 14h. Em profundidades maiores, as máximas tendem a ocorrer mais tarde, assim como as mínimas. Anual: Também segue a disponibilidade de energia na superfície, com valores máximos no verão e mínimos no inverno. Em profundidade, ocorre um pequeno atraso nos valores máximos e mínimos. A figura ao lado ilustra a variação anual da temperatura do solo em duas profundidades. Observe que no verão a temperatura média mensal é maior na superfície. Já no inverno, isso se inverte. Medida da Temperatura do Solo: São utilizados os geotermômetros, cujo o elemento sensor é o mercúrio, que tem como princípio de medida a dilatação de um líquido. Além deles pode-se utilizar outros tipos de elementos sensores, como os termopares e os termistores. Para medida padrão em estações meteorológicas os geotermômetros devem ser instalados a 2, 5, 10, 20, 40 e 100 cm de profundidade em superfície gramada ou de solo desnudo. Cálculo da Temperatura Média do Solo Tmed do Solo = (Ts7h + Ts14h + Ts21h) / 3 Tmed do Solo = (Σ Tsi) / n Estação Convencional: Estação Automática : Tsi é a temperatura do solo medida a cada intervalo de tempo e n é o total de observações feitas ao longo de um dia Estimativa da Temperatura Média Mensal do Solo Caso não se disponha de dados para determinar a temperatura média mensal de um solo, pode-se recorrer às estimativas por meio da relação da temperatura do solo com a temperatura do ar: Ts = a + b.Tar Os valores de a e b dependem do tipo de solo e também da profundidade de determinação de Ts. Temperatura do ar A temperatura do ar é um dos efeitos mais importantes da radiação solar. O aquecimento da atmosfera próxima à superfície terrestre ocorre principalmente por transporte de calor, a partir do aquecimento da superfície pelos raios solares. O transporte de calor sensível (H) na atmosfera se dá por 2 processos: Condução Molecular: Processo lento de troca de H, ocorrendo pelo contato entre as moléculas de ar. Assim, esse processo tem extensão espacial limitada, ficando restrito à camada limite superficial. Difusão Turbulenta: Processo rápido de troca de energia, em que parcelas de ar aquecidas pela superfície entram em movimento convectivo desordenado, transportanto calor (H), vapor (LE), etc, para camadas superiores da atmosfera. Fatores Determinantes da Temperatura do Ar Os fatores determinantes da temperatura do ar são aqueles associados às três escalas dos fenômenos atmosféricos: Fatores Macroclimáticos: Relacionados à latitude, altitude, correntes oceânicas, continentalidade / oceanidade, massas de ar e frentes. Fatores Topoclimáticos: Relacionados ao relevo, mais especificamente à configuração e exposição do terreno. Fatores Microclimáticos: Relacionados à cobertura do terreno. Variação Temporal da Temperatura do Ar Diária: A temperatura do ar varia basicamente em função da disponibilidade de radiação solar na superfície terrestre. O valor máximo diário da temperatura do ar ocorre normalmente de 2 a 3h após o pico de energia radiante, o que se deve ao fato da temperatura do ar ser medida a cerca de 1,5 a 2,0 m acima da superfície. Já a temperatura mínima diária ocorre de madrugada, alguns instantes antes do nascer do sol. O diagrama abaixo mostra a variação diária da temperatura do ar. Anual: Também segue a disponibilidade de energia na superfície, com valores máximos no verão e mínimos no inverno. Variação Espacial da Temperatura do Ar: A variabilidade espacial (horizontal) é basicamente definida pelos fatores determinantes do clima, como latitude, altitude, continentalidade, correntes oceânicas, massas de ar, etc. Variação Espacial da Temperatura do Ar: A temperatura do ar varia espacialmente também na vertical. Como tanto o aquecimento como o resfriamento do ar se dão a partir da superfície, durante o dia a tendência é da temperatura do ar ser maior próxima à superfície e menor com a altura. Já de madrugada, essa situação se inverte, sendo a temperatura menor próxima à superfície e maior com o aumento da altura. Variação Espacial da Temperatura do Ar OLOL OLOL Gradiente térmico diurno Gradiente térmico noturno Temperatura (oC) A ltu ra (m ) 0oC Gradiente térmico diurno Gradiente térmico noturno Temperatura (oC) A ltu ra (m ) -4oC Inversão Térmica Noite de inverno com céu limpo – favorável à inversão térmica e à ocorrência de geadas Noite de inverno mas com nebulosidade, sem condições para ocorrência de geadasMedida da Temperatura do Ar: O padrão para a medida da temperatura do ar visa homogeneizar as condições de medida, com relação ao topo e microclima, deixando essa variável dependente unicamente das condições macroclimáticas, o que possibilita a comparação entre locais. Assim, mede-se a temperatura do ar com os sensores instalados em um abrigo meteorológico, a 1,5 – 2,0 m de altura e em área plana e gramada. Cálculo da Temperatura Média do Ar Tmed do ar = (Ta9h + Tmáx + Tmín + 2.Ta21h) / 5 Tmed do ar = (Σ Tai) / n Estação Convencional: Estação Automática: INMET IAC Tmed do ar = (Ta7h + Ta14h + 2.Ta21h) / 4 Valores Extremos Tmed do ar = (Tmáx + Tmín) / 2 Real Tai é a temperatura do ar medida a cada intervalo de tempo e n é o total de observações feitas ao longo de um dia Termó- grafo Tmed do ar = (Σ Tai) / 24 Tai é a temperatura do ar medida a cada intervalo de 1 hora e 24 é o total de observações feitas ao longo de um dia Estimativa da Temperatura Média Mensal do Ar Caso não se disponha de dados médios mensais de temperatura do ar para um local. Esses podem ser estimados em função das coordenadas geográficas (latitude, longitude e altitude), devido à relação de dependência entre elas e a temperatura do ar: > Latitude < Temperatura média do ar > Altitude < Temperatura média do ar Longitude expressa, em alguns casos, a proximidade de oceanos (oceanidade) A estimativa da temperatura média normal de um local é de extrema utilidade para a agricultura, pois muitas vezes necessita-se dos dados de temperatura para o planejamento agrícola e a única forma de obtê-los é por meio de estimativas. A estimativa da Temperatura média mensal normal é obtida com o emprego de uma regressão linear múltipla: Tmed = a + b.ALT + c.LAT + d.LONG em que: ALT = altitude, em metros; LAT = latitude e LONG = longitude, ambas em minutos (graus x 60). As letras a, b, c e d, representam os coeficientes da equação, obtidos estatisticamente.
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