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Sistemática
R l e d iç ã o d o l iv r o lM rmk)i < :Âo A T id l o g ia 3 s i i \ íá n c .\
1 EOLOGIA
S ist em á t ic a
E u r i c o B e r g s t e n
cm
Todos os direitos reservados. Copyright © 1999 para a língua portuguesa da Casa Publicadora das 
Assembléias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.
Preparação dos originais: Marcus Braga 
Revisão: Kleber Cruz 
Capa e projeto gráfico: Rafael Paixão 
Editoração: Marlon Soares
CDD: 230 - Teologia Sistemática 
ISBN: 85-263-0601-4
As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida, edição de 1995, da 
Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário.
Para maiores informações sobre livros, revistas, periódicos e os últimos lançamentos da CPAD, 
visite nosso site: http://www.cpad.com.br
Casa Publicadora das Assembléias de Deus 
Caixa Postal 331
20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
10* impressão: 2011 
Tiragem 1.000
.Su m á rio
INTRODUÇÃO GERAL....................................................................7
1. T eologia — Definição..................................................................... 7
2. A Fonte do Estudo da T eologia....................................................7
CAPÍTULO 1 — BIBLIOLOGLA— As Sagradas Escrituras..................9
1. Origem da Bíblia.............................................................................. 10
2. A Inspiração Plenária das Escrituras Entrou....................... 11
3. A Estrutura da Bíblia.................................................................. 14
4. A A utoridade da Bíblia S agrada................................................16
CAPÍTULO 2 — TEOLOGIA — A Doutrina de D eus................... 19
1. A Existência de Deus...................................................................... 20
2. Deus É Revelado através dos A tributos
da sua Divindade............................................................................. 22
3. Deus se Manifesta através dos seus A tributos
em Relação à sua C riação ........................................................... 30
4. Deus se Manifesta através dos A tributos
da sua N atureza..............................................................................36
5. O Poder C riador do Deus Eterno............................................... 40
CAPÍTULO 3 — CRISTOLOGIA — A Doutrina de Cristo ......... 47
1. A Preexistência Eterna de Jesu s.................................................. 48
2. A Encarnação de Jesus..................................................................48
3. Jesus — O Verdadeiro De u s ......................................................... 50
4- Jesus — O Verdadeiro Homem......................................................53
5. Jesus U niu na sua Pessoa as Duas N aturezas Perfeitas........57
T EOLOCiA Sistemática
6. Os Mistérios de C risto, o U ngido.............................................. 59
7. A s Obras de Jesus C risto.............................................................64
CAPÍTULO 4 — PNEUMATOLOGIA — A Doutrina
do Espírito Santo .............................................................................. 79
1. Introdução.......................................................................................80
2. O Espírito S anto É Deus................................................................82
3. O Espírito Santo É uma Pessoa...................................................83
4. O Espírito S anto através dos seus N omes................................ 84
5. S ímbolos do Espírito S a n to ......................................................... 87
6. A s Obras do Espírito S anto ........................................................ 88
7 .0 Batismo no Espírito S a n to ...................................................... 96
8 .0 Espírito S anto T ransmite o Poder e a S abedoria
de Deus através dos Dons Espirituais.....................................102
9. O Espírito S anto Opera também pelos M inistérios.............. 115
10 .0 Espírito Santo Opera na Ressurreição.............................119
11. A Operação do Espírito S anto É C ondicional...................120
CAPÍTULO 5 — ANTROPOLOGIA
A Doutrina do Homem .................................................................. 125
1. Deus É a Origem do Homem........................................................ 126
2. O Homem Foi C riado à Imagem e S emelhança de Deu s........127
3. O Homem É C omposto de C orpo, A lma e Espírito..................129
4 .0 Homem D iante da Morte e da Eternidade.........................133
CAPÍTULO 6 — HAM ARTIOLOGIA
A Doutrina do Pecado..................................................................... 143
1. Origem do Pecado .........................................................................144
2. De que Maneira Entrou o Pecado no Mundo? ...................... 145
3. A Definição do Pecado à Luz da Q ueda do Homem...............147
4. A s C onseqüências do Pecado..................................................... 148
CAPÍTULO 7 — SOTERIOLOGIA — A Doutrina da Salvação .... 153
1. Introdução..................................................................................... 154
2. A S alvação.....................................................................................161
S umário
3. A C erteza da S alvação...............................................................164
4. O Arrependimento.........................................................................168
5. A C onversão..................................................................................171
6. A Regeneração.............................................................................. 174
7. A Justificação............................................................................... 180
8. A S antificação............................................................................. 186
9. O C rescimento Espiritual............................................................193
10. A Preservação da S alvação............................................... 197
CAPÍTULO 8 — ECLESIOLOGIA — A Doutrina da Igreja........ 209
1. A Origem da Igreja ......................................................................210
2. A Estrutura da Igreja................................................................ 213
3. A Propósito de Deus para com a Igreja..................................217
4. O G overno da Igreja .................................................................. 228
5. A Disciplina na Igreja................................................................. 234
6. As Ordenanças da Igreja .................................................... ......240
7. As Finanças da Igreja................................................................. 249
8. A Igreja só Poderá C umprir a sua Finalidade
pelo Poder do Espírito Sa n to .....................................................254
CAPÍTULO 9 — ANGELOLOGIA — A Doutrina dos A njos..... 269
1. Introdução.....................................................................................270
2. Diferentes C ategorias de A njos................................................ 270
3. A Origem, a N atureza e o C aráter dos A n jo s ......................274
4. O Anjo da Face do S enhor......................................................... 277
5. A G rande Missão dos A n jo s ......................................................278
6. A Queda de Lúcifer no C é u ........................................................ 284
7. A Organização S atânica........................................................... 288
8. Os Métodos de Luta de S atanás e dos Demônios.................289
9. A V itória de Jesus sobre Satanás.............................................. 291
CAPÍTULO 10 — ESCATOLOGIA
A Doutrina das Ultimas C oisas.................................................... 293
1. A Palavra Profética.................................................................... 294
2. A Profecia-chave..........................................................................2993. S inais dos T empos..........................................................................302
5
T EOLOGiA Sistemática
4. O A r r e b a t a m e n t o d a Ig r e j a ..........................................................................317
5. O T r i b u n a l d e C r i s t o .......................................................................................... 326
6. As B o d a s d o C o r d e i r o ....................................................................................... 334
7. A G r a n d e T r i b u l a ç ã o ....................................................................................... 337
8. A V o l t a d e J e s u s em G l ó r i a ........................................................................... 348
9. O M i l ê n i o .......................................................................................................................354
10. O J u l g a m e n t o F in a l — O Juízo d o G r a n d e
T r o n o B r a n c o ........................................................................................................362
fi
T~njtr or>i ir ãq G erai
1 . T e o l o g i a — D e f i n i ç ã o
Teologia (da palavra grega Théos — Deus e logos — ciência, tra- 
tado, isto é, “tratado sobre Deus” ) é uma exposição da ciência de 
Deus e as relações entre Deus e o universo. Deus existe. Ele criou os 
céus e a terra, e o homem conforme a sua imagem (cf. Gn 1.26). 
Deus quer ter relações com o homem. O homem, criado por Deus, 
tem condições de ter contato com Ele. A Teologia é a ciência que 
tem por objetivo fazer-nos conhecer a pessoa de Deus, isto é, Deus 
Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, e a sua vontade para com os 
homens.
Teologia Sistemática significa a exposição de conhecimentos e da­
dos sobre Deus, postos em ordem sistemática e progressiva, descreven­
do-os por sua ordem, desde o princípio (cf. Lc 1.3).
2 . A F o n t e d o E s t u d o d a T e o l o g i a
A fonte verdadeira para o estudo da doutrina de Deus é a sua Pala­
vra, a Bíblia. Esse compêndio completo, divinamente inspirado pelo
T m u h . ia .Si.stumAtica
Espírito Santo (cf. 2 Tm 3T6; 2 Pe 1.21), dá-nos condições de ficar 
“inteirados” (cf. 2 Tm 3.14) e “sábios para a salvação” (cf. 2 Tm 3.15).
É necessário um verdadeiro esforço para estudar a Palavra de Deus: 
“Medita estas coisas, ocupa-te nelas” (1 Tm 4.15) e: “Persiste em ler” 
(1 Tm 4.13). Precisamos entrar no santuário da revelação de Deus 
para que tenhamos compreensão dos seus mistérios (cf. Ef 3.2-4).
O homem natural tem grande limitação para compreender as coi­
sas de Deus (cf. 1 Co 2.14). A profundidade de riquezas, tanto da 
sabedoria como da ciência de Deus, é insondável (cf. Rm 11.33), e 
por isso carecemos da ajuda divina para penetrar nesses mistérios. E 
esse auxílio de que precisamos é Deus quem nos oferece. O Espírito 
de sabedoria e de revelação é dado (cf. Ef 1.17), e tem por finalidade 
iluminar os olhos do nosso entendimento para que saibamos qual 
seja a esperança da nossa vocação e quais as riquezas da sua herança 
(cf. Ef 1.18). Afinal, seremos “corroborados com poder pelo seu Es­
pírito no homem interior; para que Cristo habite, pela fé, no vosso 
coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes 
perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, 
o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de 
Cristo, que excede todo entendimento” (Ef 3.16-18). E verdade! “A 
sua unção vos ensina” (1 Jo 2.27).
Porém, apesar de todo o nosso esforço e da ajuda do Espírito Santo, 
experimentaremos, enquanto estivermos neste mundo, que o nosso 
conhecimento das coisas de Deus sempre será limitado. “Porque, em 
parte, conhecemos e, em parte, profetizamos” (1 Co 13.9). Jó chegou 
a ter profundas experiências com Deus, e mesmo assim disse: “Eis que 
isto são apenas as orlas dos seus caminhos; e quão pouco é o que temos 
ouvido dele!” (Jó 26.14)
Sempre, mesmo depois de termos aprendido bastante, Jesus nos diz: 
“Coisas maiores do que estas verás” (Jo 1.50).
Mas um dia — e esse dia vem breve — virá “o que é perfeito” e o 
que é em parte será aniquilado (cf. 1 Co 13.10). E então “conhecerei 
como também sou conhecido” (1 Co 13.12). Amém! Venha breve 
aquele grande dia!
8
C . A P Í T T Í Í O I
B ib l io l o g ia
As Sagradas Escrituras
Já observamos que a fonte verdadeira para o
estudo da T eologia é a Palavra de Deus, as
Sagradas Escrituras. Portanto, começaremos
ESTE LIVRO ESTUDANDO SOBRE A PALAVRA DE DEUS, SUA
ORIGEM, INSPIRAÇÃO, ESTRUTURA E AUTORIDADE.
T eologia Sistemática
? - r ; í .í;' -íí..........
1 . O r i g e m d a B íb l i a
L L A B íb l ia é u m a d á d iv a d e D e u s - “O S enhor deu a palavra” (S l 6811)
Deus, que antigamente falou “muitas vezes e de muitas maneiras aos 
pais”, queria que sua Palavra não ficasse guardada pelos homens apenas 
através da experiência com Ele ou pela tradição falada, isto é, os pais 
contando para os seus filhos, etc. Deus queria que as verdades reveladas 
fossem conservadas em um autêntico documento. Por isso, Ele mesmo 
tomou as providências para que suas palavras, revelações e aconteci­
mentos — maravilhas operadas em meio ao seu povo — fossem escritos,
1.2. A B í b l i a f o i r e g i s t r a d a p o r o r d e m d e D e u s
Deus ordenou a Moisés: “Escreve isto para memória num livro” (Ex 
1714). Essa mesma ordem foi repetida ao longo de 1,600 anos para 
cerca de 45 homens escolhidos por Deus, e assim surgiu “o livro do 
Senhor” (Is 3416), a “Palavra de Deus” (Ef 6.17; Mc 713), as “Santas 
Escrituras” (Rm 1.2), que nós chamamos de Bíblia. A palavra portu­
guesa “Bíblia” vem do grego biblia, que é o plural de biblion — “livro”. 
Essa palavra deriva-se originalmente da cidade fenícia de Biblos (no 
Antigo Testamento, Gebal), que era um dos antigos e importantes 
centros produtores de papiro, o papel antigo. Com o tempo, esse vocá­
bulo acabou sendo usado para designar as Sagradas Escrituras. A pala­
vra grega biblos significa um livro, um escrito qualquer, tendo mesmo 
servido para indicar o livro da vida, como se vê em Apocalipse 3.5, 
isto é, uni livro sagrado. Estritamente falando, biblos era um livro, e 
biblion um livrinho.
A palávra “Bíblia”, mediante um desenvolvimento histórico di­
vinamente dirigido, veio a designar o Livro dos livros, as Escrituras 
Sagradas, contendo 66 livros — 39 do Antigo Testamento e 27 do 
Novo.
1*3, Os h a g ió g r a f o s
Os hagiógrafos (do grego hagiógraphos — autor inspirado dos livros da 
Bíblia) que escreveram os 66 diferentes livros das Sagradas Escrituras rece-
10
Bibuotocia - As Sagradas Escrituras
beram a mensagem de diferentes maneiras. Às vezes Deus disse: “Escreve 
num livro todas as palavras que te tenho dito” (Jr 30.2; 36.2; Hc 2.1,2, etc.). 
Muitas vezes os autores escreveram: “Veio a mim a palavra do Senhor” (Jr 
1.4; Mq 1.1; Is 1.2, etc.). A Bíblia diz a respeito de Moisés: “Recebeu as 
palavras da vida para no-las dar” (At 7.38). Isaías menciona 120 vezes que 
o Senhor lhe falou, Jeremias 430 vezes e Ezequiel 329 vezes. Outros registra­
ram acontecimentos, assim como se escreve memória histórica (Ex 17.14). 
Outros examinaram minuciosamente aquilo sobre o qual receberam a dire­
ção para escrever (Lc 1.3). Outros receberam a mensagem por revelação 
(At 22.14-17; G 1 1.11,12,15,16; Ef 3.1-8; Dn 10.1, etc.), e alguns recebe­
ram sonhos e visões (Dn 7.1; Ez 1.1; 2 Co 12.1-3), mas todos escreveram o 
que receberam pela inspiração do Espírito Santo, e podiam dizer: “Porque 
eu recebi do Senhor o que também vos ensinei” (1 Co 11.23; 15.3).
2 . A In s p i r a ç ã o P l e n á r i a d a s E s c r i t u r a s
Deus deu a Palavra e providenciou o modo de garantir a autenticida­
de daquilo que os homens de Deus haveriam de escrever.
2.1 . D eus não escreveu nenhuma parte da B íblia
Uma só vez Ele escreveu com o seu dedo os Dez Mandamentos em 
tábuas de pedra (cf. Ex 32.15,16). Porém, Moisés,quando viu o bezer­
ro de ouro que os israelitas haviam feito, arremessou as tábuas, que­
brando-as ao pé do monte (cf. Ex 32.19). Jesus escreveu uma só vez na 
terra, mas os pés que andaram por cima daquele lugar apagaram aquela 
escrita (cf. Jo 8.8).
2.2. A ESCOLHA DIVINA
Quando Deus quis dar aos homens o Livro Divino, escolheu e prepa­
rou para isto servos seus, aos quais deu uma plena inspiração pelo Espíri­
to Santo (1 Pe 1.10-12; 2 Pe 1.21; 1 Tm 3.16; Jó 32.18-20, etc.). Cada 
autor escreveu conscientemente conforme o seu próprio estilo e voca­
bulário e a sua maneira individual de se expressar, mas todos sob a influ-
II
T 1:0 lo cia .Sistemática
ência e inspiração do Espírito Santo. Assim, as palavras com que regis­
traram o que receberam de Deus foram-lhes ensinadas pelo Espírito Santo 
(cf. 1 Co 2.13). Davi, que era rei e profeta, disse: “O Espírito do Senhor 
falou por mim, e a sua palavra esteve em minha boca” (2 Sm 23.2). 
Dessa maneira foi toda a Bíblia inspirada pelo Espírito Santo. E real­
mente um milagre! O mesmo Espírito que inspirou Moisés a escrever os 
primeiros cinco livros da Bíblia (Ex 24*1-4; Nm 33.2), cerca de 1.550 
anos antes de Cristo, inspirou o apóstolo João a escrever o seu evange­
lho, as suas três epístolas e o Apocalipse, no ano 90.
2.3* A INSPIRAÇÃO PLENÁRIA
Esta inspiração plenária atinge as palavras usadas, inclusive a sua 
forma gramatical. Temos vários exemplos na Bíblia que mostram como 
a forma gramatical adequada, que os autores aplicaram, serviu para 
explicar grandes e importantes doutrinas. Veja, por exemplo, Mateus 
22.32, onde Jesus empregou o verbo “ser” na forma do presente: “Eu 
sou o Deus de Abraão”, para provar a real existência de vida após a 
morte. Em Gálatas 3.16, vemos como a forma singular do substanti­
vo “posteridade” foi usada para dar um importante ensino sobre como 
a promessa, dada a Abraão, se cumpriu na pessoa de Jesus. O mesmo 
podemos ver também em Hebreus 12.27, João 8.57 e em muitos ou­
tros exemplos.
2.4* A INSPIRAÇÃO PLENÁRIA É SINÔNIMO DE INFALIBILIDADE
A teologia modernista não aceita a doutrina sobre a inspiração ple­
nária da Bíblia. Eles concordam em aceitar que as idéias ou pensamen­
tos da Bíblia podem ser inspirados, mas que as palavras usadas no texto 
são um produto dos autores, os quais estavam sujeitos a erros. Outros 
concordam em reconhecer a Bíblia como autoridade em assuntos mera­
mente espirituais; porém, em tudo que se relaciona com ciência, biolo­
gia, geologia, história, etc., a Bíblia não pode ser considerada uma auto­
ridade. Eles dizem abertamente: “Errar é humano”. Para dar uma apa­
rência de piedade e respeito às coisas de Deus, eles dizem: “A Bíblia 
contém a palavra de Deus, mas não é a Palavra de Deus”. Infelizmente,
12
Bibliologia - A s Sagradas Escrituras
essa crítica materialista contra a veracidade da Bíblia tem se espalhado 
muito, e onde ela chega, leva consigo mortandade — como a geada com 
as plantas. A falsamente chamada “ciência” faz que aqueles que a pro­
fessam se desviem da fé (1 Tm 6.20,21).
2.5. A INSPIRAÇÃO PLENÁRIA TEM BASE NA PRÓPRIA BÍBLIA
Para os crentes convictos da sua salvação, que vivem a comunhão 
com Deus e sentem a operação do Espírito Santo em suas vidas, aquela 
crítica não gera problemas. Eles simplesmente rejeitam terminantemente 
qualquer afirmativa contrária à Bíblia. Eles o fazem com convicção. A 
base dessa rejeição é segura. Vejamos:
2.5.1. O TESTEMUNHO DE JESUS
Em primeiro lugar, rejeitam toda a crítica contra a Palavra de Deus, 
porque Jesus considerou as Escrituras como “a Palavra de Deus” (Mc
7.13). E o apoio dEle vale mais que as idéias e afirmativas de quem quer 
que seja.
2.5.2. A EVIDÊNCIA INTERNA
Rejeitam a crítica modernista contra a veracidade da Bíblia, porque 
seria uma ofensa contra Deus, que é perfeito (Mt 5.48), afirmar que a 
sua Palavra contém erros e mentiras. A Bíblia afirma: “A Lei do Senhor 
é perfeita” (SI 19.7). “É provada” (SI 18.30), e “fiéis, todos os seus man­
damentos” (SI 111.7).
2.5.3. A c iê n c ia
A palavra da “ciência” também nunca é a “última palavra”. O que 
hoje se afirma em nome da ciência, amanhã outros o desfazem. Um 
grande teólogo alemão, A. Luescher, constatou em uma de suas obras 
que, no ano de 1850, os críticos contra a Bíblia apresentaram setecentos 
argumentos científicos contra a veracidade da mesma. Hoje, seiscentos 
destes argumentos já foram deixados por descobertas mais atualizadas. 
Mas o que a Bíblia afirma é como uma rocha — que não muda por causa 
das ondas do mar que se lançam contra ela.
T eologia Sistemática
2.5.4. A EVIDÊNCIA DA FÉ
Não queremos trocar a nossa fé na Palavra de Deus por consideração 
a homens que consideram a sua sabedoria mais do que a de Deus. Que­
remos que a nossa fé se apoie, não na sabedoria humana, mas no poder 
de Deus (1 Co 2.5).
3 . A E s t r u t u r a d a B í b l i a
A Bíblia é, como já observamos, um conjunto de 66 livros escritos 
por cerca de 45 autores sob a inspiração do Espírito Santo, dentro de um 
período de 1.600 anos.
3.1. A s DUAS ALIANÇAS
A Bíblia se divide em duas partes distintas: o Antigo Testamento, 
que contém 39 livros, e o Novo Testamento, que contém 27 livros.
A palavra “testamento” tem duas significações. Em primeiro lugar, ela 
significa uma aliança, um pacto, um concerto. No Antigo Testamento, 
achamos como tema central o pacto que Deus fez com Israel no Sinai, 
pacto este selado com sangue (Êx 24.3-8; Hb 9.19,20). No Antigo Testa­
mento, achamos também a profecia de uma melhor aliança que haveria 
de ser feita pelo Messias, o Prometido, o Esperado (Jr 31.31-33; Hb 8.10- 
13). No Novo Testamento se fala da nova aliança pelo sangue de Jesus, 
pela qual podemos chegar a Deus (Mt 26.28; Ef 2.13). Glória a Jesus!
Testamento significa também a última vontade de alguém, quanto 
a seus bens, entrando em vigor com a morte do testador. Tanto o A n­
tigo Testamento quanto o Novo Testamento falam das riquíssimas bên­
çãos prometidas e vinculadas à morte do Messias, cujo testamento 
entrou em vigor com a morte de Jesus no Calvário (G1 3.15-17; Hb 
9.17; Rm 8.17, etc).
3 .2 . D ivisões do A ntigo T estamento
O Antigo Testamento contém 39 livros, os quais se podem subdivi­
dir em 4 grupos:
14
Bibliologia - A s Sagradas Escrituras
3.2.1. Livros da lei
Os cinco livros de Moisés, isto é, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números 
e Deuteronômio.
3.2.2. Livros históricos
De Josué até o livro de Ester, isto é, 12 livros.
3.2.3. Livros poéticos
São cinco— Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão.
3.2.4. L ivros proféticos
São 17 — Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel (chama­
dos profetas maiores) e os restantes 12 livros, de Oséias até Malaquias 
(chamados profetas menores).
3 .3 . D ivisões do N ovo T estamento
O Novo Testamento contém 27 livros, os quais podem subdividir-se 
em 4 grupos:
3.3.1. L iv r o s b io g r á f ic o s d e J e s u s 
Os quatro evangelhos.
3.3.2. L iv r o h i s t ó r ic o
Atos dos Apóstolos, que contém a história inicial da Igreja Primitiva.
3.3.3. L iv r o s d e e n s in o a p o s t ó l ic o 
As 21 epístolas, de Romanos até Judas.
3.3.4. L iv r o p r o f é t ic o 
O Apocalipse.
3.4. A revelação
A Bíblia é uma revelação completa e definitivamente concluída. Al­
guns têm procurado afirmar que Deus ainda tem dado outras revelações
15
T eologia Sistemática
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inspiradas, as quais podem se comparar com a Bíblia. Entre eles existe o 
Livro de Mónmon, ao qual os seguidores da Igreja de Jesus Cristo dos Santos 
dos Últimos Dias (Igreja Mórmon) dão um valor “divino”, e o livro das 
“revelações divinas” da Sr3. Ellen G. White — maior expoente da Igreja 
Adventista do Sétimo Dia — que consideram de valor divino. Vez por ou­
tra aparecem os que desejam afirmar que Deus lhes tem dado revelações 
para os últimos tempos, revelações estas que têm o mesmo valor que a Bí­
blia. Esse problema, porém, já foi resolvido definitivamentee para sempre 
pela própria Palavra Revelada, quando afirma terminantemente que não se 
pode acrescentar coisa nenhuma ao que está escrito nela e não se pode tirar 
coisa nenhuma da sua mensagem (Ap 22.18,19; Pv 30.6; Dt 4.2).
4 . A A u t o r i d a d e d a B í b l i a S a g r a d a
4.1. A utoridade interna
Um livro que é inteiramente inspirado pelo Espírito Santo e que 
centenas de vezes repete: “Assim diz o Senhor” impõe autoridade divi­
na e exige respeito e reverência, devendo ser obedecido (SI 119.4). Se 
for tirada a inspiração divina da Bíblia ela também perde a sua autori­
dade, e fica como uma arma de fogo sem munição. Mas a Bíblia é a 
Palavra de Deus.
4.2, A utoridade plena
A Bíblia é qualificada, por aqueles que creêm nela, como a autorida­
de máxima. Eles não aceitam nenhuma imposição contrária à Bíblia, 
seja de que fonte for. Dizem como o apóstolo Pedro: “Mais importa obe­
decer a Deus do que aos homens” (At 5.29).
4*3. A utoridade reconhecida
Jesus deu, quando aqui vivia como homem, um grande exemplo de 
respeito à autoridade das Escrituras, sendo classificadas por Ele como “A 
palavra de Deus” (Mt 15.3,6), e tendo afirmado também, conforme a
16
Bibliolocia - As Sagradas Escrituras
aimts* XJMM
palavra profética: “Eis aqui venho; no rolo do livro está escrito de mim: 
Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está den­
tro do meu coração” (SI 40.7,8). Essa profecia cumpriu-se quando Jesus 
disse: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e 
realizar a sua obra” (Jo 4.34). Sempre citava as Escrituras nas suas prega­
ções e palestras (Mt 12.3; Lc 10.26; Jo 10.34; Mt 21.16,42, etc.). Dos 
1.800 versículos usados para registrar as pregações de Jesus, 180 contêm 
citações das Escrituras.
17
C . A P f T T T T O 2
I E O L O G I A
A Doutrina de Deus
T EOLOGiA Sistemática
mmmmmmmmmmÊfflmmÊmMmm-
4 1 . A E x i s t ê n c i a d e D e u s
1.1. O D eus único
A existência de Deus é um fato incontestável. A Bíblia não se preo­
cupa em provar essa existência, mas começa o seu primeiro versículo 
falando de Deus, mostrando-o como o principal personagem em todo o 
universo. “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Deus 
existe desde a eternidade e Ele é a origem de tudo, aquEle que tudo 
governa e sustenta.
Uma conseqüência do pecado é a cegueira característica dos incré­
dulos — ocasionada pelo príncipe deste século, para que não vejam a 
glória de Deus (cf. 2 Co 4-4). Nessa cegueira espiritual, os homens se 
fizeram deuses e senhores. A Bíblia afirma: “Há muitos deuses e muitos 
senhores” (1 Co 8.5). Porém, no meio desses deuses que estão espalha­
dos sobre o vasto campo deste mundo, como pedrinhas de todo tama­
nho, ergue-se o Deus verdadeiro como uma grande colina que se distin­
gue dessas pequenas pedras pela sua incomparável grandeza. A Bíblia 
afirma: “O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt. 6.4) e “Nenhum 
outro há, senão ele” (Dt 4.35; Is 42.8 e 44-6,8). Verdadeiramente, “Só o 
Senhor é Deus” (1 Rs 18.39).
Daí a necessidade de que “conheçamos e prossigamos em conhecer 
ao Senhor” (cf. Os 6.3). A Bíblia diz: “Porque é necessário que aquele 
que se aproxima de Deus creia que ele existe” (Hb 11.6). Os que crerem 
em Deus e o buscarem legitimamente experimentarão “que ele existe e 
que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6).
1.2. Evidências que provam a existência de D eus
O inimigo das nossas almas tem procurado completar a desgraçá 
causada pelo pecado, fazendo que os homens cheguem ao ponto de 
negar a existência de Deus. Negar a Deus é tolice — tanto como al­
guém querer negar a existência do Sol, porque não o vê, por estar 
coberto por nuvens. A Bíblia diz: “Disseram os néscios no seu coração: 
Não há Deus” (SI 14.1), e ainda: “Por causa do seu orgulho, o ímpio 
não investiga; todas as suas cogitações são: Não há Deus” (SI 10.4).
2 0
TEOLOGiA - A Doutrina de Deus
Existem, porém, várias evidências para os que desejarem “investigar”, 
para que tenham certeza de que há um Deus.
1.2.1. A CRENÇA UNIVERSAL EM UM SER SUPREMO
Não existe nenhuma raça humana que não tenha alguma noção de 
um ser supremo e que, através das suas religiões, procure se aproximar 
dele e agradar-lhe, retratando-se com ele por meio de sacrifícios, inclu­
sive de sangue... Muitas vezes é realmente um “deus desconhecido” e, 
na sua cegueira, estão tateando para achá-lo (cf. A t 17.23,27). A Bíblia 
diz: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta” 
(Rm 1.19).
Realmente, o homem foi criado por Deus conforme a sua imagem 
(cf. Gn 1.26). Ele tem em si partículas dessa sua origem divina, e por 
isso existe nele uma necessidade de um contato com a sua origem — 
Deus.
1.2.2. A CONSCIÊNCIA
A consciência, que no íntimo do homem dá uma sentença moral 
sobre os seus atos praticados, sejam bons ou maus, fala da existência de 
uma origem superior que no homem fez registrar os princípios da lei 
divina. “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem natural­
mente as coisas que são da lei... os quais mostram a obra da lei escrita 
no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus 
pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm 2.14,15). 
A consciência universal nos faz compreender que o Ser supremo é um 
Ser moral.
1.2.3. A REVELAÇÃO GERAL
A criação do mundo e tudo o que nele há fala da existência de um 
Criador. “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia 
a obra das suas mãos” (SI 19.1). “Tanto o seu eterno poder como a sua 
divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que estão 
criadas” (Rm 1.20). Como um relógio fala da existência de um relojoei­
ro, assim a criação fala de um Criador que é poderoso.
21
T EOLOGiA Sistemática
1.2.4. A REVELAÇÃO ESPECIAL
A Bíblia, a revelação divina escrita, revela claramente a exis­
tência de Deus. N a Bíblia temos um documento autenticado, que 
nos faz conhecer a Deus através da sua própria revelação. Assim 
como alguém que quiser conhecer História, C iência ou qualquer 
outra matéria, procura estudar a literatura adequada para conseguir 
o conhecimento desejado, assim também aquele que verdadeira­
mente quer fazer a vontade de Deus conhecerá se essa doutrina é de 
Deus ou não.
1.2.5. Deus entre nós
Jesus, o Filho de Deus, cuja existência e vida nesse mundo estão 
historicamente comprovadas, veio para revelar Deus aos homens (cf. 
Lc 10.22) e o fazer conhecer (cf. Jo 1.16). Jesus disse: “Quem me vê a 
mim vê o Pai” (Jo 14.9). O caminho mais curto para conhecer a Deus 
é aceitar a Jesus como seu Salvador, porque Ele é o caminho para o Pai 
(cf. Jo 14.6).
1.2.6. A EVIDÊNCIA PESSOAL
A experiência pessoal da salvação, por meio do sangue de Jesus 
Cristo, faz com que nos aproximemos de Deus (cf. Ef 2.13), e te­
mos, então, absoluta certeza da existência dEle, porque o Espírito 
do seu Filho clama em nós: “Aba, Pai” (G1 4-6), e nós podemos, 
com toda a tranquilidade, orar no coração: “Pai nosso, que estás 
nos céus” (M t 6.9).
2 . D e u s É R e v e l a d o a t r a v é s d o s A t r i b u t o s d a 
s u a D i v i n d a d e
Atributo é uma característica essencial de um ser, aquilo que lhe é 
próprio. Os atributos de Deus são singulares e perfeitos. Só Ele os tem de 
modo absoluto.
2 2
T eolocia - A Doutrina de Deus
2.1. D eus é vivo!
2.1.1. “ E l e m e s m o é o Deus v iv o ” (Jr 10.10)
A vida é uma expressão de existência, seja terrestre ou eterna... Quem tem 
vida, tem condições de se comunicar com outros que têm vida. Enquanto os 
“deuses” feitos por mão dos homens “têm boca, mas não falam; têm olhos, 
mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem; nariz tem, mas não cheiram” 
(SI 115.4-8). “Mas o nosso Deus está nos céus e faz tudo o que lhe apraz” (SI
115.3). Por isso, os homens são convidados pelo Evangelho a se converterem 
dos ídolos para o Deus vivo e verdadeiro (cf. 1 Ts 1.9; At 14.15). E os que 
assim fazem pertencem à Igreja do “Deus vivente” (cf. 2 Co 6.16).
2.1.2. D eu s é t a m b é m a f o n t e d a v id a
Ele tem a vida em si mesmo (cf. Jo 5.26), e “dá a todos a vida, a 
respiração e todas as coisas” (At 17.25) no sentido terrestre. “E a todos 
que o conhecerem por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem 
ele enviou, Ele dá a vida eterna” (cf. Jo 17.3; 1 Jo 5.20). E essa vida é a 
luz do mundo (cf. Jo 1.4).
2.2. D eus tem personalidade
“Personalidade é o conjunto de características cognitivas, afetivas, 
volitivas e físicas de um indivíduo, distinguindo-o de outro indivíduo e 
da vida animal”.
A Bíblia fala da “pessoa de Deus”. Retrata Jesus como “sendo o res­
plendor da sua glória e a expressa imagem da sua pessoa [de Deus]” (cf. 
Hb 1.3; Jó 13.8).
Enquanto várias filosofias agnósticas — entre elas o panteísmo — 
afirmam que Deus é somente uma “força impessoal” ou que “Deus é a 
natureza” e se identifica com a sua criação, isto é, onde está a criação, aí 
está Deus, a Bíblia revela Deus como uma Pessoa divina que possui to­
das as características de uma individualidade.
Se Deus não tivesse personalidade com a qual pudesse comunicar-se, 
os homens não teriam jamais a sua sede do Deus vivo saciada (SI 42.2), 
porque jamais entrariam em contato com Ele. Mas o nosso Deus é vivo 
e tem personalidade.
2 3
T EOLOCiA Sistemática
2.2.1 Jesus revela o Pai
Jesus veio revelar aos homens o Pai (cf. Lc 10.22) e fazê-lo conheci­
do (cf. Jo 1.14). Vejamos alguma coisa que Jesus revelou a respeito da 
personalidade de seu Pai.
• Jesus falou de Deus muitas vezes como sendo o seu Pai: Ele disse: 
“Meu Pai e vosso Pai” (Jo 20.17). Foi Jesus que nos ensinou a orar: “Pai 
nosso” (Mt 6.9). Quem é Pai possui uma personalidade.
• Jesus usou, quando centenas de vezes falou de seu Pai, um prono­
me pessoal: Ele disse: “E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas 
são minhas... vou para ti” (Jo 17.10,11). O uso de pronomes pessoais 
subentende a sua personalidade.
• Jesus falou de atividades de seu Pai que só são atribuídas a uma 
pessoa: Ele disse: “Meu Pai trabalha” (Jo 5.17); “o Pai ama” (Jo 3.35); 
“a obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou” (Jo 6.29); 
“o Pai ama o Filho e mostra-lhe tudo o que faz” (Jo 5.20). Falou da 
vontade de seu Pai (cf. Jo 6.39,40), expressão que só se atribui a uma 
pessoa. Assim, necessariamente, Ele é uma Pessoa. Jesus disse: “Meu 
Pai é o lavrador” (Jo 15.1), nome que só é atribuído a uma pessoa 
com personalidade.
2.2.2. A PERSONALIDADE REVELADA
Deus falou muitas vezes de si mesmo, usando vários nomes, que por 
si revelam a sua perfeita personalidade. Quando Moisés questionou so­
bre qual seria o seu nome, Deus respondeu-lhe: “EU SO U O QUE SOU. 
Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” 
(Ex 3.14). E impossível imaginar uma expressão mais forte de uma per­
sonalidade do que essa!
2.3. D eus é eterno
“Mas o Senhor Deus é a verdade; ele mesmo é o Deus vivo e o 
Rei eterno” (Jr 10.10). Em Romanos 16.26, lemos a respeito do 
“Deus eterno”. Abraão plantou um bosque em Berseba e invocou 
ali o nome do Senhor — Deus eterno (cf. G n 21.33). Quando
24
T eoeogia - A Doutrina de Deus
Moisés, despedindo-se, abençoou as tribos de Israel, usou o nome 
de “Deus eterno” (cf. Dt 33.27).
V 2.3.1. D e u s é in a l t e r á v e l
Eternidade é o infinito quando aplicado ao tempo. Deus não tem 
início. “De eternidade a eternidade, tu és Deus” (SI 90.2; 1 Cr 29.10; Hc
1.12) . Ele tem auto-existência, um atributo do eterno Deus. Não deve 
sua existência a ninguém, porque Ele é o princípio e o fim, o Alfa e o 
Omega (cf. Ap 1.8; Is 44.6). Ele é Jeová (nome usado 6.437 vezes) — “a 
eterna auto-existência do único Deus”.
^ 2.3.2. D e u s n ã o e s t á s u je it o a o t e m p o 
Para Ele o passado, o presente e o futuro são um eterno presente. O 
domínio e o poder pertencem ao único Deus, “antes de todos os séculos, 
agora e para todo o sempre” (cf. Jd 25). Por isso é “que um dia para o 
Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia” (2 Pe 3.8). Os anos 
de Deus nunca terão fim (cf. SI 102.27). Ele é o Rei dos séculos (cf. 
1 Tm 1.17). Deus habita na eternidade (cf. Is 57.15) e o seu trono é 
desde a eternidade (cf. SI 92.2). O eterno Deus não se cansa (cf. Is 40.28). 
Este eterno Deus é o nosso Deus.
'/ 2.3.3. D e u s é im o r t a l ( c f . 1 T m 1.17; 6.16)
É por isso que Ele pode ser eterno. Ele permanece para sempre (cf. SI
102.12) . Os sacerdotes foram impedidos pela morte de permanecer no 
seu serviço (cf. Hb 7.23), mas Deus é para sempre. Os deuses deste mun­
do tiveram um princípio e um fim, mas Deus é imortal — Ele é para 
sempre.
v 2.3.4. D e u s é im u t á v e l ( c f . S l 102.27; M l 3.6; T g 1.17; Hb 1.12; 
6.17,18)
O Senhor é o mesmo (cf. Hb 13.8). Nunca pode mudar. Deus não 
pode melhorar, porque sempre foi perfeito. Ele jamais pode tomar atitu­
des que não se harmonizem com a sua perfeita personalidade. Ele não 
pode negar a si mesmo (cf. 2 Tm 2.13).
25
T EOLOGIA Sistemática
2.4. D eus é espírito
Jesus veio para revelar Deus aos homens, afirmando que Ele é espíri­
to (cf. Jo 4.23). Não disse: Deus é “um espírito”, mas “espírito”. Que 
significa isso?
2.4.1. A ESSÊNCIA
Sendo Deus espírito, Ele não tem um corpo de substância material, 
com sangue, carne, etc. Ele tem um corpo espiritual (cf. 1 Co 15.44). 
Embora o corpo espiritual tenha forma, porque Jesus veio em “forma de 
Deus” (cf. Fp 2.6) e foi a expressa imagem da sua pessoa (cf. Hb 1.3; 
2 Co 4-4; C l 1.15), não podemos imaginar qual seja esta forma! Embora 
a Bíblia fale do rosto de Deus (cf. Êx 33.20) e de sua boca (cf. Nm 12.8) 
e de seus lábios (cf. Is 30.27), olhos (cf. SI 11.4 e 18.24), ouvidos (cf. Is 
59.1), mãos e dedos (cf. SI 8.3-6), pés (cf. Ez 1.27), etc., não devemos 
por isso procurar materializar Deus e em nossa mente criar uma imagem 
divina correspondente a essas expressões, comparando-a com um corpo 
humano! A Bíblia diz que nós não devemos nos preocupar se a divinda­
de deve possuir a forma que lhe é dada pela imaginação dos homens (cf. 
A t 17.29). E por isso que Deus adverte: “Para que não vos corrompais e 
vos façais alguma escultura, semelhança de imagem, figura de macho ou 
de fêmea” (Dt 4.16). Essa tentação provém do desejo de procurar mate­
rializar Deus.
Deus é espírito e a sua natureza é essencialmente espiritual. Ele ja­
mais está sujeito à matéria. Nós também não devemos procurar chegar a 
alguma imagem ou visão física de Deus, mas esperar aquele grande dia 
quando nós o veremos como Ele é (1 Jo 3.2; 1 Co 13.12).
2.4.2. D e u s é in c o m e n s u r á v e l
Incomensurabilidade é o infinito quando aplicado ao espaço. Assim 
como é impossível imaginar a forma de Deus, também é impossível me­
dir, pesar ou fazer algum cálculo a respeito de Deus. Não existem núme­
ros ou expressões que possam nos fazer compreender Deus (Sl 71.15; 
40.5 e 139.6,17,18). Medida nenhuma pode dar uma idéia da sua gran­
deza (Jó 11.9; 1 Rs 8.27). Nenhum cálculo de peso pode fazer-nos com­
TEOLOGiA - A Doutrina de Deus
preender o seu “peso de glória” (2 Co 4-17). Deus é espírito, e na sua 
imensidade não está sujeito ao espaço.
2.4.3. Deus é invisível (cf. Rm 1.20; C l 1.15)
Sendo Deus espírito, a matéria não pode vê-lo. Isto não impede 
que Ele esteja presente no meio do seu povo. Não somente Noé (Gn 
5.29) ou Enoque (G n 5.24) andavam com o Deus invisível. E o privi­
légio de cada crente (C l 2.6; 1 Ts 4.1), “Porque andamos por fé e não 
por vista” (2 C o 5.7).
v 2 .5 . D eus é uma triunidade
Esta é uma das grandes doutrinas da Bíblia. A palavra “triunidade” 
ou “Trindade” não existe na Bíblia, mas a verdade sobre o único Deus, 
que é o Pai, o Filho e o Espírito, se encontra em toda a Escritura, desde 
os primeiros versículos (Gn 1.1-3) até o último capítulo (Ap 22.3,17). 
Nos últimos tempos surgirão falsos ensinamentos que negarão essa dou­
trina (cf. 1 Jo 2.18-23), motivo por que devemos conhecer bem o que a 
Bíblia ensina sobre isso.
2.5.1. AB íb l ia a f ir m a q u e h á u m s ó D e u s
A Bíblia fala que “O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt 
6.4). Jesus disse: “Deus é o único Senhor” (Mc 12.29). A doutrina 
monoteísta (crença em um só Deus) é intocável na Bíblia. Aparece 
como o primeiro mandamento da Lei (Ex 20.2,3). Existem muitos 
deuses e muitos senhores, mas um só Deus (cf. 1 Co 8.5,6). A Bíblia 
usa, em Gênesis 1.1 e em mais 2.700 outras passagens, a palavra Elohim 
para expressar Deus. Elohim é um substantivo na forma plural, isto 
é, que inclui uma pluralidade de personalidades em uma só pessoa. 
Também a palavra “único”, ligada a Deus (Dt 6.4), vem da palavra 
hebraica achad, que indica uma unidade composta (quando essa pa­
lavra é usada no sentido absoluto, é empregada a palavra yacheed). 
Quando Deus fala de si, em várias ocasiões, usa a forma plural. “Fa­
çamos o homem” (Gn 1.26); “Eia, desçamos” (Gn 11.7); “Quem há 
de ir por nós?” (Is 6.8)
27
T EOLOCiA Sistemática
2.5.2. T rês Pessoas na Bíblia são chamadas de “Deus”
Três Pessoas são chamadas “Deus”: o Pai é chamado Deus (1 Co 8.6; 
Ef 4.6); o Filho (1 Jo 5.20; Is 9.6; Hb 1.8); o Espírito Santo (At 5.3,4). 
Para todos três são usados pronomes pessoais: para Deus Pai (cf. Is 44.6), 
para Deus Filho (cf. Mc 9.7) e para Deus Espírito Santo (cf. Jo 16.13). 
Os três são mencionados em João 14.16. A todos três são atribuídas 
características que só pessoas podem ter. Os três falam, amam, sentem, 
chamam, ouvem, etc. A todos três são referidos atributos divinos:
• Eternidade: Pai (SI 90.2); Filho (C l 1.17); Espírito Santo (Hb 9.14).
• Onipresença: Pai (Jr 23.24); Filho (M t 28.19); Espírito Santo 
(SI 139.7).
• O nisciência: Pai (1 Jo 5.20); Filho (Jo 21.17); Espírito Santo 
(1 Co 2.10).
• Onipotência: Pai (G n 17.1); Filho (M t 28.18); Espírito Santo 
(1 Co 12.11).
• Santidade: Pai (1 Pe 1.16); Filho (Lc 1.35); Espírito Santo (E f430).
• Amor: Pai (1 Jo 4-8,16); Filho (Ef 3.19); Espírito Santo (Rm 15.30).
• Verdade: Pai (Jr 10.10); Filho (Jo 14.6); Espírito Santo (Jo 16.13).
2.5.3. A s três Pessoas divinas são um só Deus
A Bíblia afirma que os três são um (1 Jo 5.7). Ensina que estas três 
Pessoas estão unidas reciprocamente. A união entre o Pai e o Filho (Jo 
10.30; 14-11; 17.11,22,23; 2 Co 5.19). A união entre o Pai e o Espírito 
Santo, expressado em “Espírito de Deus” (Rm 8.9). A união entre o 
Filho e o Espírito Santo: Espírito de Cristo (Rm 8.9; G 14.6).
As três Pessoas são mencionadas de uma só vez como Pessoas distintas:
• Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19).
• Um só Espírito, ...um só Senhor, ...um só Deus” (Ef 4.4-6).
• “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus, e a comunhão do 
Espírito Santo” (2 C o 13.13).
?8
TEOLOciA - A Doutrina de Deus
• “O Espírito... o Senhor... é o mesmo Deus” (1 Co 12.4-6).
• “Porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espíri­
to” (Ef 2.18).
• “Eleitos segundo a presciência de Deus, em santificação do Espíri­
to, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo” (1 Pe 1.2).
2.5.4. A UNIDADE ABSOLUTA DAS TRÊS PESSO AS NÃO DESFAZ A SUA 
INDIVIDUALIDADE
Todas três são mencionadas no mesmo momento em lugares diferen­
tes: o Filho foi batizado, o Espírito veio sobre Ele, enquanto o Pai falava 
dos céus (cf. Mt 3.16,17). Estêvão estava cheio do Espírito Santo, e viu 
Jesus à destra de Deus (cf. A t 7.55,56). As três Pessoas são mencionadas 
como Testemunhas. Conforme prescreve a Lei, eram necessárias duas 
ou três testemunhas (Dt 19.15,16). Embora as três Pessoas na realidade 
sejam apenas um (1 Jo 5.7,8), são apresentadas como Testemunhas, por­
que numericamente são três: o Pai testifica (Rm 1.9), o Filho testifica 
(Jo 18.37), o Espírito Santo testifica (1 Jo 5.6).
2.5.5. A B íb l ia m e n c i o n a a s t r ê s P e s s o a s d iv in a s o p e r a n d o n a
MESMA OBRA, MAS DE DIFERENTES MODOS
• A criação. O Pai criou (cf. G n 1.1; Jr 10.10-12; SI 89.11 e 102.25), 
pelo Filho (cf. Jo 1.2; 1 Co 8.6; Hb 1.2), no poder do Espírito Santo (cf. 
Gn 1.2; SI 104.30; Jó 33.4 e 26.3).
• A salvação. Deus predeterminou a salvação por Jesus (cf. Ef 1.4), 
enviou o seu Filho (cf. Jo 3.16; G l 4.6), o gerou (cf. Sl 2.7), estava em 
Cristo, reconciliando o mundo consigo (cf. 2 C o 5.19) e ressuscitou a 
Jesus (cf. A t 13.30-32). O Filho se ofereceu desde a fundação do mundo 
(cf. Ap 13.8), veio ao mundo (cf. Hb 10.7) aniquilando a sua glória (cf. 
Fp 2.7) e morreu na cruz (cf. Jo 19.30). O Espírito Santo operou pela 
palavra profética (cf. 1 Pe 1.10), na concepção de Jesus (cf. Lc 1.35) e 
com Jesus no seu ministério (cf. Lc 3.22; 5.17, etc.); operou quando 
Jesus se ofereceu (cf. Hb 9.14), na sua ressurreição (cf. Rm 8.11) e na 
sua ascensão (cf. Ef 1.19,20). Agora Ele aplica a obra de Jesus na vida 
dos homens (Jo 16.15).
2 9
T EOLOCiA Sistemática
• O batismo. Jesus ordenou que fosse ministrado em nome do Pai, 
do Filho e do Espírito Santo (cf. Mt 28.19). O fato mencionado em 
Atos dos Apóstolos — que os apóstolos batizavam em nome do Se­
nhor (A t 2.38; 8.16; 10.48; 19.5) — é aproveitado pelos inimigos da 
doutrina da Trindade como “prova verídica” de que os apóstolos não 
acreditavam na doutrina trinitariana, mas “só em Jesus”. (Esta seita 
nega a existência da Pessoa do Pai e do Espírito Santo, e só aceitam a 
Pessoa de Jesus. A origem desta doutrina é o espírito do anticristo (cf. 
1 Jo 2.22-24). E a explicação deste fato é simples! Quando os apósto­
los batizavam em nome de Jesus, é porque eles foram enviados com 
autoridade para representarem a Pessoa de Jesus (cf. Lc 24*47). Cura­
vam em nome de Jesus (cf. A t 3.6; Mc 16.17) e executavam a discipli­
na da Igreja em nome de Jesus (cf. 1 Co 5.4'9,13; 2 Ts 3.6). Assim 
também batizavam em nome de Jesus. Porém, no ato do batismo, o 
ministravam conforme a ordem de Jesus: em nome do Pai e do Filho e 
do Espírito Santo.
• N a vida ministerial. Deus predetermina a chamada para o ministé­
rio antes de a pessoa ter nascido (cf. G l 1.15; Jr 1.5; Ef 2.10) e a chama 
(cf. Is 6.8) e a envia (cf. Jr 26.5). Jesus se revela para o chamado (cf. G l 
1.16), constrangendo-o a ir (cf. 2 Co 5.14), separando-o para a obra (cf. 
Ef 4.11), preparando e enviando-o (cf. Mt 10.1,5) e operando com ele 
(cf. Mc 16.20). O Espírito Santo é o poder que capacita (cf. A t 1.8), 
opera na chamada (cf. A t 13.1,2) etc.
• N a vinda de Jesus. Deus levará os crentes para si (cf. 1 Ts 4.14). 
Jesus virá nas nuvens para buscar os crentes (cf. 1 Ts 4.16) e o Espírito 
Santo operará na ressurreição (cf. Rm 8.11).
3 . D e u s s e M a n i f e s t a a t r a v é s d o s s e u s 
A t r i b u t o s e m R e l a ç ã o à s u a C r i a ç ã o
Deus é uma Personalidade divina que pode e quer se comunicar 
com a sua criação. A Bíblia manifesta os três atributos absolutos de
T eologia - A Doutrina de Deus
Deus nessa sua comunicação, isto é, sua onipresença, sua onisciência e 
sua onipotência.
3 .1 . D eus é onipresente
3.1.1. Q u e s ig n i f ic a a o n ip r e s e n ç a d e D e u s ?
Deus disse: “Não encho eu os céus e a terra?” (Jr 23.24; cf. SI 72.19) 
O rei Salomão disse na sua inspirada oração: “Eis que os céus e até o céu 
dos céus te não poderiam conter” (1 Rs 8.27). Isso fala da onipresença 
de Deus, a qual é possível porque Ele é espírito (cf. Jo 4.24). Ele não está 
sujeito à matéria! Para Ele não existe espaço nem tempo. Deus se move 
com a mesma facilidade do nosso pensamento, que em um dado mo­
mento pode estar em um lugar e no instante seguinte em outro. Assim 
como o centro de uma circunferência está à mesma distância de qual­
quer ponto da periferia, assim também Deus está perto de qualquer pon­
to do universo. A Bíblia diz a respeito de Deus: “Seus olhos passam por 
toda a terra” (2 Cr 16.9). Não existe portanto “um Deus nacional” ou 
“Deus local”, porque Ele é o Deus do universo. Por isso está escrito que 
Ele “não está longe de nenhum de nós” (A t 17.27; cf. Rm10.6-8).
3.1.2. A ONIPRESENÇA É VOLITIVA
A onipresença de Deus não é uma obrigação imposta a Ele, que o 
acompanha, queira ou não, assim como a nossa respiração nos acompa­
nha enquanto vivermos. Deus está onde Ele quiser!
Nem tampouco significa a sua onipresença que Ele está presente na 
matéria, como os panteístas afirmam. Se Deus estivesse na matéria, ela 
então seria divina. Deus é o Criador e é Senhor sobre a sua criação. Ele 
habita nos céus, e está onde quer.
A onipresença também não significa que enquanto uma parte de 
Deus está em um lugar, outra parte está em um outro. Deus é indivisível. 
Onde Ele estiver, ali está em toda a sua plenitude.
3.1.3. Q u a l é a a p l i c a ç ã o p r á t ic a d a o n ip r e s e n ç a d e D e u s ?
Deus está em todo lugar. “Os olhos do Senhor estão em todo lugar”
(Pv 15.3). “E está vendo a todos os filhos dos homens” (SI 33.13). Por
31
T EOLOCIA Sistemática
isso, não é possível alguém se esconder de Deus. “Esconder-se-ia alguém 
em esconderijos, de modo que eu não o veja?” (Jr 23.24; cf. Jr 16.17; Am 
9.2,3; SI 139.7-10) Deus vê e está presente, ainda que alguém diga: “O 
Senhor não vê” (Ez 9.9; cf. Hb 4.13). Deus está presente em todo lugar, 
e por isso podemos chamá-lo para ser nossa testemunha (cf. Rm 1.9). A 
Bíblia diz: “A testemunha no céu é fiel” (SI 89.37). Nos caminhos do 
Senhor, a sua presença irá conosco (cf. Ex 33.14,15) e na sua presença 
há abundância de alegria (cf. SI 16.11).
Deus também está presente na hora da angústia (cf. SI 46.1 e 86.15). 
Por isso a angústia do seu povo é também a angústia dEle (cf. Is 63.9). A 
ajuda de Deus está perto (cf. SI 121.1-5).
A onipresença de Deus explica por que Ele se manifesta, quando os 
crentes se reúnem. “Ele é a plenitude daquele que cumpre tudo em to­
dos” (Ef 1.23). Ele habita na sua igreja (cf. 1 Co 3.16; 2 Co 6.16). “Os 
retos habitarão na tua presença” (SI 140.13). “Eis que eu estou convosco” 
(Mt 28.20).
A manifestação de Deus na vida de oração é explicada também 
quando nos lembramos da sua onipresença. Ele está perto dos que o 
invocam (cf. SI 145.18; Is 57.15). Ele sabe o que precisamos antes 
de pedirmos (cf. Is 65.24). “Que gente há tão grande, que tenha 
deuses tão chegados como o Senhor, nosso Deus, todas as vezes que 
o chamamos?” (Dt 4-7)
3.2. D eus é onisciente
Nem pensamento nem cálculo algum podem fazer-nos compreender 
a onisciência de Deus (cf. SI 139.6; Jó 11.7-9 e 42.2).
3.2.1. A ONISCIÊNCIA É UM ATRIBUTO QUE SÓ D eU S POSSUI
“Deus... conhece todas as coisas” (1 Jo 3.20). “O seu entendimento é 
infinito” (SI 147.5). A sua onisciência não é um resultado de seu esforço 
de aprender, ou coisa que alguém tenha lhe favorecido. Não existe ne­
nhum que tenha dado algo para aumentar o saber de Deus (cf. Rm 11.35; 
Jó 41.11). Até o mais alto grau da sabedoria ou da ciência que um ho­
mem possa atingir, tem em Deus a sua origem (cf. 1 Co 4.7).
32
TEOLOGiA - A Doutrina de Deus
3.2.2. A ONisciÊNCiA de Deus abrange t o d o o passado
Não existe mistério nenhum no passado que para Deus já não esteja 
revelado (cf. Mt 10.26; 1 Co 4.5; Lc 8.17). Até todos os pecados ocultos 
“manifestam-se depois” (1 Tm 5.24). A única maneira de evitar esta 
“manifestação” é, em tempo, reconciliar-se com Deus através do sangue 
de Jesus (cf. 1 Jo 1.7,9).
3.2.3. A ONisciÊNCiA de Deus abrange tudo no presente
Deus conhece tudo a respeito de todo homem. Davi disse: “Tu 
conheces bem a teu servo, ó Senhor Jeová” (2 Sm 7.20). Deus sabe o 
nosso nome e a nossa morada (cf. Ap 2.13). Ele conhece a nossa 
estrutura (cf. SI 103.14) e os nossos corações (cf. A t 15.8; Lc 16.15), 
pois os esquadrinha (cf. 1 Cr 28.9) e conhece todo o segredo (cf. SI 
44.21). Conhece os nossos pensamentos (cf. SI 139.1-3) e as nossas 
palavras (cf. SI 139.4), e os nossos caminhos estão perante os olhos 
do Senhor (cf. Pv 5.21; Jó 34.21). Ele até conhece o número dos 
nossos cabelos (cf. Mt 10.30). Assim, o Senhor conhece as nossas 
necessidades (cf. Mt 6.32; Lc 12.30), e tem a solução para todos os 
nossos problemas.
Deus também conhece tudo sobre a natureza. Sabe os nomes de to­
das as estrelas, coisa que astrônomo nenhum jamais foi capaz (cf. Is 40.26; 
SI 148.1-3).
Até os passarinhos são conhecidos, e “nenhum deles está esquecido 
diante de Deus” (Lc 12.6; cf. Mt 10.29).
3.2.4. A ONISCIÊNCIA de Deus abrange também o futuro
Esta parte da sua onisciência é também chamada “presciência” 
(cf. A t 2.23).
Deus previu desde a eternidade a queda do homem, e providenciou 
no seu amor a solução para salvá-lo. Por isso está escrito: “O Cordeiro 
que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8). N a sua presciên­
cia, Deus viu na eternidade o seu Filho entregue para ser crucificado (cf. 
A t 2.23; 1 Pe 1.18-20). Ele também vislumbrou a Igreja se edificando, 
como fruto da morte de Jesus no Gólgota (cf. Ef 3.1-10).
3 3
T EOLOCiA Sistemática
Nessa previsão, Deus também conheceu os homens e os predestinou 
para serem salvos por Jesus (cf. Rm 8.29; Ef 1.4,5) — por nenhum outro 
meio, mas só por Jesus (cf. A t 4.12). Assim, somos eleitos segundo a 
presciência de Deus para obediência e aspersão do sangue de Jesus (cf. 
1 Pe 1.2). Os que não aceitarem esse único meio de salvação estão, por 
causa da sua rejeição a Cristo, predestinados ao julgamento e castigo. 
“Mas quem não crer será condenado” (Mc 16.16).
Porém, ainda que Deus na sua presciência possa conhecer o futuro 
dos que rejeitarem o seu amor, isso não interfere no livre-arbítrio do 
homem. Em tudo que depender de Deus, Ele está sempre a favor de 
todos os homens.
Deus também, na sua onisciência, prevê os acontecimentos do futuro. 
Profecia é uma revelação do que Deus na sua previsão já sabia (cf. Is 48.5).
Temos no passado muitos exemplos em que Deus previu e revelou o 
que haveria de acontecer. Conforme 1 Reis 13.2, um jovem profeta va­
ticinou no ano 975 a.C., e aquilo se cumpriu no ano 641 (cf. 2 Rs 23.16, 
isto é, 334 anos depois). Também em Isaías 45.1-7, o profeta predisse no 
ano 712 a.C. algo que se cumpriria no ano 536 a.C. (cf. Ed 1.1,2, isto é, 
176 anos depois).
Vivemos às vésperas de grandes acontecimentos. Deus tem estabele­
cido todos eles pelo seu próprio poder (c f A t 1.7), e são conhecidos 
desde a eternidade (c f A t 15.18). Nada acontece por acaso, mas porque 
Deus assim determinou.
3.3. D eus é onipotente
Para os homens, que são limitados, é difícil compreender ou calcular 
a onipotência de Deus (c f Jó 37.2; 36.14; 26JL4; 5.9 e 9.10).
3.3.1. Deus é onipotente e tem poder ilimitado
O próprio Deus disse: “Eu sou o Deus Todo-poderoso” (Gn 17.1). 
“Haveria coisa alguma difícil ao Senhor?” (Gn 18.14) “Eu sou o Se­
nhor que faço todas as coisas” (Is 44.24). A Bíblia afirma: “O poder 
pertence a Deus” (SI 62.11). Jesus chamou a seu Pai de “o Poder” 
(Mt 26.64, A R C 1969) e disse: “A Deus tudo é possível” (Mt 19.26),
TEOLOGiA - A Doutrina de Deus
e “as coisas que são impossíveis aos homens, são possíveis a Deus”(Lc 
18.27). O anjo Gabriel disse: “Para Deus nada é impossível” (Lc 1.37). 
Jó falou de Deus: “Bem sei eu que tudo podes” (Jó 42.2).
A onipotência de Deus significa que o poder dEle é ilimitado.
3.3.2. C omo se manifesta a onipotência de Deus?
Deus não pode ser impedido por ninguém, quem quer que seja! (cf. Is 
43.13; 14-27; Jó 11.10; Pv 21.30; Rm 9.19,20) As leis da natureza não 
podem limitar a onipotência de Deus. Ele é soberano e faz o que quer 
(cf. SI 135.6; 115.3). Ele está acima de todas essas leis (cf. N a 1.3-6). 
Vejamos alguns exemplos em que os milagres de Deus foram contrários 
às leis da natureza: Deus fez as águas do mar ficarem como um muro (cf. 
Ex 14.22), e as águas do rio Jordão como um montão (Js 3.13-16). Ele 
fez com que o ferro do machado flutuasse (cf. 2 Rs 6.1-6) e que o Sol se 
detivesse no meio do céu (cf. Js 10.13). Também livrou Daniel do poder 
dos leões (cf. Dn 6.22,27). Mandou uma grande tempestade (cf. Jn 1.4) 
e fez com que cessasse (cf. Jn 1.15; SI107.29), etc.
Deus é poderoso para cumprir as suas promessas (cf. Rm 4.21), e até 
' “chama as coisas que não são como se j á fossem” (Rm 4.17). Deus, que é 
o Criador, tem ainda o seu poder em pleno vigor. Por isso, não existem 
limites no seu poder de operar maravilhas de cura, em casos sem nenhu­
ma esperança humana.
3.3.3. A onipotência de Deus opera harmoniosamente conforme a
SUA VONTADE
Jamais existe contradição entre a sua natureza perfeita e o seu poder 
ilimitado. Deus jamais faria coisa que fosse contrária à sua perfeita san­
tidade. Ele que tudo pode (cf. Jó 42.2) só faz o que lhe apraz (cf. SI
115.3). “Tudo o que o Senhor quis, ele o fez” (SI 135.6). Porém, existem 
coisas que o Onipotente não pode fazer: Ele não pode mentir (cf. Hb 
6.18; Nm 23.19; Tt 1.2), não pode negar-se a si mesmo (cf. 2 Tm 2.13) 
e não pode fazer injustiça (cf. Jó 8.3; 34.12). Ele é sempre santo em 
todas as suas obras (cf. SI 145.17). Deus também não pode fazer acepção 
de pessoas (cf. Rm 2.11; 2 Cr 19.7).
3 5
T EOLOCiA Sistemática
Deus também limita a sua onipotência, ao respeitar o livre-arbítrio 
do homem. Somente os que querem, bebem de graça da Água da Vida 
(cf. Ap 22.17). Deus deixa ao homem a oportunidade de livremente se 
humilhar diante da sua potente mão (cf. 1 Pe 5.6).
4 . D e u s s e M a n i f e s t a a t r a v é s d o s A t r i b u t o s 
d a s u a N a t u r e z a
Deus é infinitamente perfeito (cf. Mt 5.48; Dt 18.13). Por isso a 
sua obra é perfeita (cf. Dt 32.4) e também os seus caminhos o são 
(cf. SI 18.30). Todas as características da sua Pessoa e da sua natu­
reza não são apenas expressões de algumas atitudes que demonstra 
ou tem, mas constituem a própria substância, a essência da sua di­
vindade.
Vamos agora estudar três características da natureza de Deus, que de 
modo perfeito expressam a excelsa Pessoa do etemo Deus.
4.1. D eus é a verdade!
4.1.1. “Deus é a v e r d a d e ” (Jr 10.10; cf. Dt 32.4; S l 31.5)
Deus não somente pratica a verdade e tem atitudes e palavras que 
perfeitamente condizem com a verdade, mas Ele é a própria Verdade. A 
verdade é a substância da sua Pessoa. Por isso Ele é chamado “verdadei­
ro Deus” (1 Jo 5.20; cf. Jo 17.3).
Esta substância — a verdade — caracteriza não somente o Deus Pai, 
mas também o Deus Filho (cf. Jo 14.6) e o Deus Espírito Santo (cf. Jo 
16.13; l j o 5.6).
4.1.2. Deus é também a fonte da verdade
Por isso Ele é chamado “Deus da verdade” (S l 31.5). Toda a verda­
de que existe no universo tem em Deus a sua origem. As suas obras e a 
sua palavra são sempre a verdade (cf. S l 119.160). “Sempre seja Deus 
verdadeiro” (Rm 3.4). O etemo Deus é luz perfeita e, portanto, é in-
T EOLOGiA - A Doutrina de Deus
teiramente impossível que nEle haja trevas (cf. 1 Jo 1.5), isto é, que 
Deus possa negar a si mesmo (cf. 2 Tm 2.13) ou minta (cf. Hb 6.18).
4-1.3. “A VERDADE DO SENHOR É PARA SEMPRE” (Sl 117.2)
Assim como Deus é eterno, são também eternos os atributos da sua na­
tureza. A sua verdade é para sempre (cf. Sl 146.6) e “estende-se de geração 
a geração” (Sl 100.5). Essa é a segurança que temos em confiar nas suas 
promessas. Deus jamais pode revogar a sua Palavra (cf. Mt 5.18; Nm 23.20). 
“A palavra de nosso Deus subsiste etemamente” (Is 40.8). “O céu e a terra 
passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mt 24 35).
4.1.4. Deu séh el!
Essa qualidade, que de modo absoluto caracteriza Deus, é uma expressão 
da verdade que Ele imutavelmente executa sem cessar. A fidelidade de Deus 
nunca falha. Repetidamente, a Bíblia fala dessa sua fidelidade vinculada a 
várias experiências e necessidades do homem. Vejamos: Deus é fiel na sua 
chamada (cf. 1 Co 1.9); é fiel quando o pecador atender, confessando o seu 
pecado (cf. 1 Jo 1.9); é fiel para guardar (cf. 2 Ts 3.3); é fiel ao sermos 
tentados (cf. 1 Co 10.13) eé fiel quanto às suas promessas (cf. Hb 10.23), as 
quais são sim e sim (cf. 2 Co 1.18-20). Ele também é fiel quando o crente 
padece (cf. 1 Pe 4.19) e a sua fidelidade chega até as mais altas nuvens (cf. 
Sl 36.5), ou seja, quando Jesus vier! Graças a Deus por sua verdade e por sua 
fidelidade. “A sua verdade é escudo e broquel” (cf. Sl 91.4).
4.2. D eus é santo
A Bíblia denomina Deus de “santo” (cf. Sl 99.3). Ele é chamado “o 
Santo de Israel” (cf. Sl 89.18). Só no livro de Isaías esse nome é usado 
trinta vezes (cf. Is 1.4). Deus diz: “Assim diz o Alto e o Sublime, que 
habita na eternidade e cujo nome é Santo” (Is 57.15). Realmente, “san­
to e tremendo é o seu nome” (Sl 111.9).
4.2.1. Essência da santidade
A santidade é uma substância da própria natureza de Deus, e não 
somente expressão de um procedimento santo. Deus diz: “Eu sou santo”
3 7
T eolocia Sistemática
(1 Pe 1.16; cf. Lv 19.2; 20.7; SI 99.6,9). Ele é a fonte de toda a santida­
de. Assim como a luz é caracterizada pelo seu brilho, assim também 
Deus, que é a Luz (cf. 1 Jo 1.5), emite raios do brilho da sua santidade. A 
Bíblia diz que “Deus é glorificado na sua santidade” (cf. Ex 15.11). A 
glória de Deus são raios da sua santidade, e nós o adoramos na beleza 
dessa santidade (cf. SI 29.2; 96.8,9).
Não somente Deus é santo mas também o Deus Filho (cf. Is 6.3; 1 Jo 
2.20; Ap 3.7) e o Deus Espírito Santo (cf. Ef 4.30) o são. Essa santidade, 
que é um atributo das três Pessoas da Santa Trindade, é evidenciada no 
clamor dos serafins: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; 
toda a terra está cheia da sua glória” (Is 6.3; cf. Ap 4.8).
4.2.2. A SANTIDADE DE ÜEUS EM RELAÇÃO AOS HOMENS
Deus quer que os homens vivam em íntima comunhão com Ele. 
Porém, isso só é possível quando eles aceitam as condições impostas 
por Deus. Ele diz: “Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1.16). Deus 
tem, na sua santidade, decretado leis e normas que expressam a sua 
vontade, às quais os homens têm de se sujeitar e obedecer. Ele quer 
conduzir os homens no caminho da santidade, porque deseja que “sir­
vamos a Deus agradavelmente, com reverência e temor” (Hb 12.28, 
Versão Revisada, IBB).
Deus, porém, na sua santidade, sente tristeza quando sua vontade não 
é respeitada pelos homens — Deus ama a justiça e aborrece a iniqüidade 
(cf. Hb 1.9). Ele não pode tolerar o pecado (cf. Hc 1.13). Por isso, “as 
vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos 
pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59.2).
4.2.3. A justiça de Deus é uma expressão da sua santidade
A justiça é a santidade de Deus em ação, relativamente aos homens. 
Deus é justo (cf. Rm 1.17; 10.3; Jo 17.25; SI 116.5; 2 Tm 4.8). N a sua 
justiça, Ele zela pelo cumprimento das suas leis e normas dadas aos ho­
mens. Na sua santidade e verdade, Deus não pode revogar a sua própria 
Palavra, nem a sentença imposta aos transgressores, porque elas são imu­
táveis como Ele o é.
TEOLOCiA - A Doutrina de Deus
A justiça de Deus leva o homem, que vive em pecado, ao juízo divi­
no (cf. Dt 1.17).
4.3. D eus é amor
4.3.1. Deus é a m o r !
A Bíblia não somente diz que Deus ama os homens (cf. Ef 2.4; 2 Ts 2.16; 
2 Co 9.7, etc.), mas que Ele é amor (cf. 1 Jo 4-8,16), isto é, que o amor é a 
própria substância do eterno Deus. O seu amor é como um rio que emana 
dEle mesmo, que é a fonte perene desse sentimento. Assim, a Bíblia fala do 
“Deus de amor” (2 Co 13.11) e também do “amor de Deus” (2 Co 13.13).
Não somente Deus é amor. Toda a Trindade é uma expressão do amor 
divino. A Bíblia fala de Jesus, o Filho de Deus, “do seu amor que excede 
todo entendimento” (Ef 3.19). Fala também do amor do Espírito Santo 
(cf. Rm 15.30).
Quando Jesus quis mostrar a profundidade do amor de Deus para com 
os seus discípulos, Ele disse: “[Tu] tens amado a eles como me tens amado 
a mim” (Jo 17.23). Deus é amor! E esse seu sentimento é de caráter imu­
tável. O mesmo amor com que Deus amou seu Filho, a quem chamou 
“meu Filho amado” (Mt 3.17), também derrama aos que crerem nEle. O 
amor de Deus não se pode medir (cf. Jó 5.9; 9.10; SI 139.17,18). É maior 
queo amor de uma mãe por seu próprio filho! (cf. Is 49.15)
4.3.2. O amor de Deus para com os pecadores
A Bíblia diz que Ele nos amou primeiro (cf. 1 Jo 4.19). Amou-nos 
quando éramos pecadores (cf. Ef 2.4,5; Rm 5.8). O seu amor se expressa 
em desejar o melhor para nós, e possuir em íntima comunhão consigo. 
Ele, que aborrece o pecado (Hb 1.9), ama o pecador!
4.3.3. O GRANDE PREÇO QUE O AMOR DE Ü EU S PAGOU!
Estamos agora diante da maior e mais insondável profundidade do amor 
de Deus. Enquanto Deus na sua santidade não pode tolerar o pecado, e 
conforme a sua soberana justiça tem de executar o juízo para castigar quem 
vive no pecado, de forma paradoxal ama o pecador! Parece que estamos 
diante de uma inexplicável contradição. Porém, não há nada disso.
3 9
T EOLOGiA Sistemática
O amor de Deus está em pleno acordo com a retidão e a justiça das 
exigências de castigo para o pecador. Mas no seu “muito amor com que 
nos amou” (Ef 2.4), Deus resolve pagar o mais alto preço jamais retribu­
ído (cf. 1 Co 6.20), dando o seu próprio Filho para ser o sacrifício pelo 
resgate dos homens. Jesus foi dado como Mediador entre a justiça de 
Deus e os homens (cf. 1 Tm 2.5,6), e morreu na cruz do Calvário, pa­
gando a sentença que a justiça de Deus havia decretado sobre o pecador 
(cf. 2 Co 5.21; 1 Pe 3.18).
Assim, a justiça de Deus permanece respeitada e executada, e atra­
vés do seu amor, os pecadores são perdoados e salvos (cf. Jo 3.16).
4.3.4. A g r a ç a d e D e u s ( c f . 2 C o 6.1; 8.1; G l 2.21, e t c .) é u m a
EXPRESSÃO DO AMOR DIVINO
Graça significa um favor imerecido que Deus, na sua perfeita justiça, 
manifestou por intermédio do sacrifício do seu Filho (cf. 2 Tm 1.9; 2 Co 
8.9), trazendo salvação a todos os homens (cf. Tt 2.11). A Bíblia diz: “Por 
um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de 
vida” (Rm 5.18), e ainda: “Onde o pecado abundou, superabundou a graça” 
(Rm 5.20). “Graças a Deus, pois, pelo seu dom inefável” (2 Co 9.15).
4.3.5. A MISERICÓRDIA E A LONGANIMIDADE DE Ü EU S SÃO EXPRESSÕES 
DO SEU AMOR
Deus é chamado “o Pai das misericórdias” (2 Co 1.3 ), e a Bíblia diz que 
Ele é “riquíssimo em misericórdia” (Ef 2.4). A misericórdia que Ele mostra 
perdoando o pecador é concedida pelos méritos de Jesus Cristo (cf. T t 3.5; 1 
Pe 1.3). Pelo seu amor, Ele se mostra longânimo (cf. 1 Pe 3.20), esperando 
com paciência que o pecador aceite o seu convite (cf. Rm 2.4).
5 . 0 P o d e r C r i a d o r d o D e u s E t e r n o
Temos já visto que Deus é Todo-poderoso (cf. Gn 17.1), e deixou 
que as “coisas que estão criadas” manifestem para todos o seu eterno 
poder e a sua divindade (cf. Rm 1.19,20). O ensino da Bíblia sobre a
TEOLOGiA - A Doutrina de Deus
criação do mundo constitui um protesto contra as filosofias pagãs (entre 
elas o panteísmo), as quais apresentam Deus como um ser impessoal, 
inativo ou passivo. A Bíblia apresenta Deus como um Ser divino e ati­
vo, que trabalha (cf. Jo 5.17; C l 1.16; A t 14-17; 17.28). A sua criação 
testifica da grandeza do seu poder (cf. Jr 10.12; 32.17; 51.15), sendo 
uma expressão da sua divina vontade (cf. Ap 4.11).
O problema da origem de todas as coisas tem preocupado muita gente. 
Filósofos e cientistas têm pesquisado e feito declarações sobre o resultado 
das suas pesquisas, as quais diferem de modo impressionante entre si.
A Bíblia nos dá uma definição autorizada sobre este assunto. Foi Deus 
que, através de uma revelação, deixou a Moisés a incumbência de escre­
ver sobre a criação do céu e da terra. Ela expressa afirmativamente: “No 
princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Nos três primeiros 
versículos da Bíblia temos, de modo concentrado, um relato verídico, 
que abrange um enorme período de tempo e acontecimentos da maior 
relevância.
5.1. N o p r i n c í p i o c r i o u D e u s o s c é u s e a t e r r a (G n 1.1)
5.1.1. N o PRINCÍPIO
Aqui Deus não dá nenhuma definição sobre o tempo. Foi quando o 
tempo pela primeira vez apareceu no espaço da eternidade. Pode ser que 
tenham se passado milhões de anos desde aquele momento. Vemos, as­
sim, que não existe nenhuma contradição por parte da Bíblia com os 
cálculos que os geólogos têm apresentado sobre a idade da Terra.
5.1.2. C riou Deus
Deus se apresenta como a única origem de todas as coisas. Quando a 
Bíblia expressa “criar”, é usada uma palavra hebraica, bara, que significa 
“fazer algo do nada”. Foi isso que aconteceu! (SI 33.9; 148.1-5; Hb 11.3) 
Tudo surgiu do nada, criado apenas pela Palavra de Deus.
5.1.3. Foi Deus — Elohim — Quem criou!
Já observamos que Elohim é a palavra hebraica que designa um plu­
ral majestático de Deus, mostrando-nos a Trindade operando na cria­
41
T EOLOGiA S istemática
ção! Deus criou (cf. G n 1.1; Hb 1.10); o Filho, Jesus, também criou 
(cf. C l 1.16; Jo 1.1-3; Hb 1.2) e o Espírito Santo também operou (cf. 
G n 1.2; S l 104.30).
5.1.4. A B íb l ia f a l a p o u c o d e s s a c r i a ç ã o o r ig i n a l
Ela diz que Deus não criou a Terra vazia (cf. Is 45.18). Vemos algu­
mas referências a essa criação em Provérbios 8.22-31 e Jó 38.4-7.
5.2. “ A terra era sem forma e vazia” (G n 1.2)
Alguma coisa aconteceu! A Terra que Deus não “criou vazia” ficou 
sem forma e vazia... em caos!
5.2.1. “A TERRA ERA”
“A terra era” (Gn 1.2) pode ser traduzido “se tomou”. Várias tradu­
ções usam essa palavra desse modo. N a Bíblia Hebraica é utilizado o 
termo “ficou”, no sentido de “tomou-se assim”. Como exemplo, veja os 
termos utilizados em Gênesis 2.7; 19.26; 20.12, etc.
5.2.2. “ S e m f o r m a e v a z ia ”
Essa expressão, em hebraico, tohu vbohu, aparece três vezes na Bí­
blia, sempre com relação ao castigo de Deus (cf. Gn 1.2; Jr 4.23; Is 34.11). 
Houve uma catástrofe que destruiu a criação original, conforme tam­
bém lemos em 2 Pedro 3.5. Não se deve confundir essa catástrofe com o 
dilúvio. Após o dilúvio, não houve a necessidade de Deus restaurar nada, 
porém aqui a terra ficou em caos, e toda a vida, seja vegetal ou animal, 
foi desfeita.
5.2.3. A B íb l ia n ã o r e v e l a a c a u s a d e s s a c a t á s t r o f e
Existe um pensamento generalizado entre muitos teólogos de que há 
uma simultaneidade entre essa catástrofe e a queda celestial de Lúcifer, 
o querubim protetor (cf. Ez 28.11-17; Is 14-12-14; Lc 10.19), ocasiona­
da pela cobiça de tomar-se semelhante ao Altíssimo (cf. Is 14.13). Po­
rém, a Bíblia silencia sobre os detalhes.
T EOLOGiA - A Doutrina de Deus
5.3. “ D isse D eus: h a j a luz. E houve luz” (G n 1.3)
A Bíblia não revela qual o intervalo de tempo que existiu entre a 
catástrofe destruidora da criação original e o início da obra restauradora 
de Deus pela sua Palavra.
5.3.1. A P a l a v r a c r ia d o r a
A restauração do mundo foi executada através da mesma Palavra de 
poder com que foi gerada a criação original (cf. 2 Pe 3.7). Começou com a 
Palavra de Deus: Haja luz. Em todo o primeiro capítulo de Gênesis apare­
cem expressões como: “E disse Deus”, “e viu Deus”, “chamou Deus”, etc.
5.3.2. A P a l a v r a r e n o v a d o r a
Quando Deus restaurou a Terra, aproveitou coisas que já existiam. 
Por isso é usada para “fez Deus” a palavra hebraica asah. Asah significa 
“fazer de coisas que já existem”. Porém, quando se trata do aparecimen­
to dos animais, etc. (cf. Gn 1.21), é usada de novo a palavra bara, isto é, 
“criar do nada”. Deus criou as grandes baleias, etc.
Quando se trata do homem, Deus “fez” (asah), porque o formou do 
pó da terra (cf. Gn 1.26 e 2.7) e a mulher da costela de Adão (cf. Gn 
2.21,22), mas também “criou” (bara, cf. G n 1.27), porque assoprou em 
seus narizes o fôlego da vida e, assim, o homem foi feito alma vivente 
(cf. Gn 2.7). Em Isaías 43.7, vemos essas duas expressões: “Os que criei 
para a minha glória; eu os formei, sim, eu os fiz” .
5.3.3. A RESTAURAÇÃO
A Terra foi restaurada em seis dias, e no sétimo Deus descansou, isto 
é, a obra estava consumada e não houve necessidade demais trabalho. 
Isso não significa que Deus continuou a descansar em todo o dia sétimo. 
Aqui é retratado um período de seis dias literais de 24 horas, e não de 
seis fases de tempo. Isso se vê em Êxodo 20.9,11. Ali encontramos o 
seguinte registro: “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra... Porque 
em seis dias fez [tisah] o Senhor os céus e a terra”. Se fossem fases de 
tempo, não se poderia explicar a expressão: “Foi a tarde e a manhã: o dia 
primeiro”, etc. (cf. Gn 1.5,8,13,19,23,31)
43
T EOLOCiA S istemática
5.3.4. A HARMONIA DA CRIAÇÃO
Vemos assim, no primeiro capítulo, as coisas restauradas: separação 
entre céu e água, entre terra e mar, a produção de erva conforme a sua 
espécie, a restauração do sistema solar, a criação dos animais e, por fim, 
a criação do homem. E Deus viu tudo quanto tinha feito, e eis que tudo 
era muito bom (cf. G n 1.26).
5 .4 . A NARRAÇÃO DA BÍBLIA SOBRE A CRIAÇÃO DO MUNDO DESFAZ AS 
DOUTRINAS MATERIALISTAS SOBRE ESSE ASSUNTO
5.4.1. O p in iõ e s s e c u l a r e s
Existem filósofos e cientistas que têm combatido o ensino da Bíblia 
sobre a origem de todas as coisas.
Já na antiguidade, filósofos gregos como Heráclito, Aristóteles, etc., afir­
maram que o mundo apareceu por meio de uma eterna e impessoal energia. 
Já naquele tempo, essa semente materialista era lançada pelo Inimigo.
N o século XIX, surgiu um naturalista, Charles Darwin (morto em 
1882, aos 73 anos de idade), que lançou a teoria da evolução, afir­
mando que as espécies existentes são resultado de uma gradual evo­
lução de espécies inferiores, iniciando por um “protoplasma” até che­
gar ao homem.
5.4.2. E v o l u c io n is m o
As teorias evolucionistas são totalmente falsas e sem fundamento 
científico.
Se, como os evolucionistas afirmam, toda vida existente começou 
por um “protoplasma”, de onde ele veio — e quem o fez? Não existem 
provas, somente suposições infundadas.
A afirmativa de que a vida surgiu da matéria em alta rotação e movi­
mento é completamente infundada. Jamais a ciência comprovou que a 
vida tenha surgido da matéria. Deus é o Senhor da vida e a sua única 
fonte (cf. A t 17.25).
A afirmativa de que espécies inferiores evoluíram para espécies su­
periores é também inteiramente falsa. Isso jamais aconteceu. Todo ser 
vivo se reproduz e se desenvolve dentro da mesma espécie. Cavalos
T eologia - A Doutrina de Deus
sempre geram cavalos e jamais girafas. Além disso, a afirmativa de que 
as espécies com o tempo venham a progredir, também não é real. Um 
fato conhecido é que tudo aquilo que for entregue à sua própria sorte, 
finda por degenerar.
5.4.3. C iê n c i a v e r s u s e v o l u c io n is m o
As teorias evolucionistas estão sendo rejeitadas pela ciência mais 
avançada. Muitos cientistas atuais falam abertamente dessa teoria 
como uma coisa sem fundamento. O próprio Darwin se converteu a 
Deus. Ele lamentou o grande estrago que as suas teorias infundadas 
causaram no meio universitário e na teologia. Ele sofreu no fim da 
vida de um “mal psicossomático”. Seu médico, o Dr. Ralf Colp Jr., 
denominou sua doença de “mal de Darwin” — uma consciência ator­
mentada.
5.4.4. Q u a l é o a l v o d a t e o r ia e v o l u c i o n i s t a ?
A teoria evolucionista é um combate organizado contra Deus. Spencer 
afirma: “A evolução é puramente mecânica e anti-sobrenatural. Não 
existe lugar para Deus nessa teoria”. É como diz a Bíblia: “Mudaram a 
verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do 
que o Criador” (Rm 1.25).
O evolucionismo procura dissolver a existência de Deus como um 
ser divino e perfeito. Deus afirmou ter feito o Céu e a Terra e a vida que 
nela há (cf. Is 42.5 e 45.12). Ele se chama “o Criador” (cf. Ec 12.1). 
Deus tem apresentado a criação como prova da sua existência (cf. Rm 
1.20; Sl 8.3 e 19.1-6), e declara: “Os deuses que não fizeram os céus e a 
terra desaparecerão” (Jr 10.11,12). Quem nega que Deus é o Criador o 
faz mentiroso, e um Deus que mente não pode existir. Mas, diz a Bíblia: 
“Ele fez a terra pelo seu poder” (Jr 10.12).
Essa doutrina é um ataque contra a veracidade da Bíblia. Se fosse 
possível provar que os primeiros capítulos da Escritura estão destituídos 
de fundamento, estaria anulado todo o valor da mesma. Vemos que os 
teólogos que aderiram a essa doutrina evolucionista também não crêem 
nas doutrinas básicas da Bíblia.
T EOLOGiA Sistemática
5.4.5. O CRENTE JAMAIS PODE FICAR NEUTRO
De cabeça erguida proclamamos, em qualquer lugar e diante de qual­
quer auditório, que Deus é o Criador. Jamais nos colocamos contra a 
verdadeira e bem informada ciência, mas a Bíblia diz que devemos ter 
horror às oposições da ciência falsificada, porque aqueles que a profes­
sam se desviam da fé (cf. 1 Tm 6.20,21). Nós estamos na mesma fileira 
que o apóstolo Paulo se encontra, na “defesa e confirmação do evange­
lho” (Fp 1.7).
C a PITT IT o 3
Crist o lo a a
A Doutrina de Cristo
T EOLOGiA Sistemática
L A PREEXISTÊNCIA E T E R N A DE JE S U S
1.1. Jesus também é eterno
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era 
Deus” (Jo 1.1). “E ele é antes de todas as coisas” (Cl 1.17); “Desde os 
dias da eternidade” (Mq 5.2) e antes que o mundo existisse, possuía 
glória junto com o Pai (cf. Jo 17.5). Jesus disse: “Antes que Abraão 
existisse, eu sou” (Jo 8.58). Em Provérbios 8.22-31, lemos sobre o prin­
cípio dos seus caminhos, antes de suas obras.
1.2. Antes da fundação do mundo, Jesus planejou junto com o Pai
A SALVAÇÃO DA HUMANIDADE
Deus na sua onisciência viu, desde a eternidade, que o homem a 
ser criado cairia em pecado, ficando sujeito à perdição eterna. Ele 
então preparou um caminho de salvação, por meio do sacrifício de 
seu próprio Filho. Jesus participou e concordou e, desde então, já 
estava disposto a dar a sua vida por nós. Por isso, a Bíblia se expressa 
a respeito do “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” 
(Ap 13.8). A vida eterna é assim prometida “antes dos tempos dos 
séculos” (T t 1.2), quando Deus nos elegeu para, em Jesus, sermos 
santos e irrepreensíveis (cf. E f 1.4).
1.3. J esus participou da criação do mundo
“Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se 
fez” (Jo 1.3). “Todas as coisas subsistem por ele” (C l 1.17).
2 . A E n c a r n a ç ã o d e J e s u s
Jesus, o “Deus bendito etemamente” (Rm 9.5), fez-se homem. Esse 
mistério chama-se “encarnação” . A Bíblia diz: “Grande é o mistério da 
piedade: Aquele que se manifestou em carne” (1 Tm 3.16). A doutrina 
da encarnação de Jesus excede tudo que o entendimento humano possa
C ristoloíja - A Doutrina dk C risto
compreender; porém, desse milagre depende a substância do Evangelho 
da salvação e a doutrina da redenção.
2.1 . J esus se fez homem por meio de uma virgem, através de concep­
ção SOBRENATURAL
Quando Deus, no dia da queda, prometeu o Redentor, revelou tam­
bém de que maneira Ele viria ao mundo. Disse à serpente: “Porei ini­
mizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descen­
dência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15, 
Versão Revisada, IBB). O profeta Isaías profetizou: “Uma virgem con­
ceberá e dará à luz um filho e será o seu nome Emanuel” (Is 7.14). 
Quando na plenitude dos tempos (G 14.4), o anjo Gabriel comunicou 
a Maria que ela seria o instrumento da encarnação de Jesus, disse-lhe: 
“Em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome 
de Jesus” (Lc 1.31). Maria respondeu: “Como se fará isto, visto que 
não conheço varão?” (Lc 1.34) E Gabriel lhe revelou como este mila­
gre aconteceria. Ele disse: “Descerá sobre ti o Espírito Santo e a virtu­
de do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra, pelo que também o San­
to, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lc 1.35). 
Com a palavra: “Eis aqui a serva do Senhor, cumpra-se em mim segun­
do a tua palavra” (Lc 1.38), Maria aceitou, e o milagre aconteceu! Ela 
estava grávida!
É impossível explicar este milagreem termos biológicos. O médico 
Lucas registrou este milagre no seu evangelho com fé e convicção, 
sem deixar uma sombra de dúvida. “Pela fé entendemos” (Hb 11.3).
2 .2 . J esus veio a este mundo por meio de um nascimento natural
Ele nasceu exatamente nove meses após Maria haver concebido de
modo sobrenatural, quando “se cumpriram os dias em que ela havia de 
dar à luz” (Lc 2.6). Jesus nasceu, conforme a profecia, em Belém (cf. 
Mq 5.2), e para isso Deus providenciou que o alistamento decretado 
pelo imperador Augusto obrigasse José e Maria a locomoverem-se de 
Nazaré, na Galiléia, até Belém, exatamente na época de Maria dar à 
luz. Jesus nasceu como os demais homens nasceram. Houve, porém,
4<)
T EOLOGiA Sistemática
uma manifestação sobrenatural: Uma multidão de anjos cantou, dian­
te de um grupo de pastores de ovelhas, louvores ao Messias que havia 
nascido (cf. Lc 2.8-14).
2.3. O VERDADEIRO DEUS VEIO AO MUNDO COMO UM VERDADEIRO HOMEM
Foi por meio desse milagre que “o verbo se fez carne” (Jo 1.14), que 
Deus introduziu no mundo o Primogênito (cf. Hb 1.6), que Jesus veio em 
semelhança de carne (cf. Rm 8.3), que participou da carne e do sangue 
(Hb 2.14) e foi feito “descendência de Abraão” (Hb 2.16), “em tudo... 
semelhante aos irmãos” (Hb 2.17). Foi assim que Ele desceu do Céu (cf. 
Jo 6.33,38,41,42,51,58), e Deus lhe preparou um corpo (cf. Hb 10.5).
A encarnação deu a Jesus condições de ser o Mediador entre Deus e 
os homens (cf. 1 Tm 2.5), e ser misericordioso e fiel sumo sacerdote, 
para expiar o pecado do povo (cf. Hb 2.17). Sendo homem, podia fazer 
reconciliação pelos homens; sendo Deus, a sua reconciliação fica com 
um inédito valor.
3 . J e s u s — O v e r d a d e i r o D e u s
Não é somente desde a eternidade que Jesus é Deus (cf. Jo 1.1-3). 
Ainda depois que Ele “aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de 
servo” (Fp 2.7), e “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14), 
continua sendo Deus verdadeiro, revelando “a glória do Unigénito do 
Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). As Escrituras, que incontes­
tavelmente provam a sua deidade, foram escritas para que todos creiam 
que Jesus é o Cristo (cf. 1 Jo 5.10). Vamos mencionar algumas evidências 
que provam que Jesus é Deus verdadeiro.
3 .1 . J esus é chamado “D eus”
3.1.1. Deus Pai chamou-o “Deus”
“Do Filho, diz: O Deus, o teu trono subsiste” (Hb 1.8). Duas vezes 
Ele o chamou: “Meu Filho amado” (M t 3.17; Mc 9.7). Todo aquele, 
pois, que nega que Jesus é Filho de Deus, faz o próprio Deus mentiro­
50
Cristolocia - A Doutrina de Cristo
so, “porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu” 
(1 Jo 5.10).
3.1.2. O ANJO, ENVIADO POR D EU S, CHAMOU JESU S DE “ FlLHO DE D EU S”
(Lc 1.35)
“ E ele será chamado pelo nome de E m a n u e l ” ( E m a n u e l traduzido é : 
Deus conosco. Mt 1.23). Quando Jesus nasceu, os anjos cantaram lou­
vores a “Cristo, o Senhor” (Lc 2.11).
3.1.3. O p r ó p r io J e s u s s e c h a m o u “ D e u s ”
Quando os seus inimigos lhe perguntaram: “Es tu o Cristo, Filho do 
Deus Bendito?”, Ele respondeu: “Eu o sou” (Mc 14.61,62). Ele chamou 
Deus de meu Pai (cf. Mt 10.32; Jo 2.16; 10.37; 15.24). Ele se chamou 
também “o Filho unigénito que está no seio do Pai” (Jo 1.18) e disse: 
“Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). Para a mulher samaritana, Ele 
disse que era o Messias (Jo 4.25,26), notícia que se espalhou em toda a 
cidade (Jo 4.29). Ele se chamou: “o Alfa e o Omega, o Princípio e o Fim, 
o Primeiro e o Derradeiro” (cf. Ap 22.13) e “Eu sou” (Jo 8.24,28,58; 
13.59; compare com Ex 3.14).
Aquele que nega a deidade de Jesus rejeita o próprio testemunho de 
Jesus, e mostra assim que é inspirado pelo espírito do Anticristo (cf. 1 Jo 
2.22,23). Se Jesus fosse, como os teólogos modernistas afirmam, um pro­
duto da união entre Maria e José ou com qualquer outro homem, o mundo 
não teria nenhum Salvador, e Jesus seria um homem mentiroso, porque 
afirmou ser o Filho de Deus. Mas glória a Jesus! Ele é Deus bendito 
etemamente (Rm 9.5).
3 .1 .4 .T odos os apóstolos afirmaram que J esus é D eus
João Batista disse que Jesus era Filho de Deus (cf. Jo 1.34). Pedro 
testificou: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16), chamou-o 
de “o Santo” (At3.14) e “nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.1), 
e disse que Jesus Cristo é o Senhor de todos (cf. At 10.36). Paulo disse que 
Jesus era o próprio Filho de Deus (cf. Rm 8.32) e falou da glória do “gran­
de Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.13), dizendo que Cristo, se­
51
T eologia Sistemática
gundo a came, é Deus bendito etemamente (cf. Rm 9.5). João escreveu 
que Jesus era o Verbo eterno (cf. Jo 1.1), o Unigénito do Pai (cf. Jo 1.14), 
e “verdadeiro Deus”( l Jo 5.20). Tomé o chamou “Senhor meu, e Deus 
meu” (Jo 20.28). E todos os que em todos os tempos receberam a salvação 
têm dado o mesmo testemunho que os samaritanos: “Sabemos que este é 
verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo” (Jo 4 42).
3.2. J esus possui atributos divinos
• Jesus é onipotente (cf. Lc 4.35,36,41), tem poder sobre os demônios 
(cf. Mt 8.16; 10.1), tem poder sobre as doenças (cf. Mt 10.8) e tem poder 
para guardar (cf. Mt 28.18).
• Jesus é onisciente (cf. Jo 2.24; 4.16-19;6.64; Mc 2.8; Lc 22.10-12; 
5.4-6).
• Jesus é onipresente (cf. Mt 28.20; 18.20; 2 Co 13.4; Ef 1.23).
• Jesus é imutável (cf. Hb 13.8; Hb 1.12).
• Jesus é eterno (cf. C l 1.17; Jo 1.1; Mq 5.2; Is 9.6).
• Jesus deve ser adorado. Ele que afirmou: “A o Senhor, teu Deus, 
adorarás” (Mt 4.10) e aceitou adoração (cf. Mt 28.9-17; 14.33; 15.25; 
Lc 24.52). Veja também Hebreus 1.6.
3.3. As SUAS OBRAS DIVINAS PROVAM A SUA DEIDADE
Jesus tomou parte na criação do mundo (cf. Jo 1.3; C l 1.16; 1 Co 8.6; 
Hb 1.2,10), e por Ele todas as coisas subsistem (At 17.28); realizou obras 
divinas (cf. Jo 5.36; 10.25,37,38; 14.10,11; 15.24; 17.4) e ressuscitou 
mortos (cf. Lc 7.14,15; 8.54,55; Jo 11.39-44). Ele mesmo é a “Ressurrei­
ção e a Vida” (cf. Jo 11.25; 5.25); também perdoou e perdoa pecados (cf. 
Mt 9.5; Lc 5.20; 7.47-50; At 10.38).
3.4. A SUA NATUREZA DIVINA PROVA A SUA DEIDADE
3.4.1. J e su s é sa n t o
Era chamado “santo” (cf. A t 2.27; 3.14; 4-27). Ele fez sempre o que 
era agradável a Deus (cf. Jo 8.29). Amava a justiça e aborrecia a iniqüi- 
dade (cf. Hb 1.9). Ele não conhecia pecado (cf. 2 Co 5.21), era imaculado 
(cf. Hb 7.26), sem mancha (cf. 1 Pe 1.19) e puro (cf. 1 Jo 3.3).
52
C ristolocia - A Doutrina de C risto
3 .4 .2 . J e s u s é a m o r
O seu amor excede todo o entendimento (cf. Ef 3.19). “Ninguém 
tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” 
(Jo 15.13). Cristo mostrou o seu amor para com o Pai (cf. Jo 14-31), 
querendo em tudo obedecê-lo e fazer a sua vontade (cf. Jo 6.38; SI 40.9; 
Jo 4.34). Ele amou o mundo, entregando-se por nós em sacrifício (cf. Ef 
5.2), sendo nós ainda pecadores (cf. Rm 5.6,8). Cristo amou a sua igreja 
(cf. Ef 5.25) e os seus seguidores: “Como havia amado os seus que esta­
vam no mundo, amou-os até ao fim” (Jo 13.1). Ele ama os pecadores (cf. 
Lc 19.10), e até os seus inimigos (cf. Lc 23.34).
3.4.3. J e s u s é a v e r d a d e ( c f . J o 14.6; 1.14,17; 8.32; 15.1; 18.37) 
“Cristo foi ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus,
para que confirmasse as promessas feitas” (Rm 15.8). Por isso, todas 
as promessas de Deus são nele “sim” (cf. 2 Co 1.20,21). Ele é o ver­
dadeiro (cf. 1 Jo 5.20).
4 . J e s u s — O V e r d a d e i r o H o m e m
Cristo, “sendo em forma de Deus... aniquilou-se a si mesmo, toman­
do a forma de servo” (Fp 2.6,7). Assim, “Cristo... Deus bendito etema- 
mente” (Rm 9.5), renunciou voluntariamente à glória perfeita que pos­
suía nos céus (cf. Jo 17.5) e a tudo aquilo que Ele na sua glória divina 
podia gozar, para ser o Redentor da humanidade, sujeito às limitações de 
um verdadeiro homem. Jesus viveu neste mundo não somente como 
Deus verdadeiro, mas também como homem verdadeiro.
4.1 . A B íblia chama Jesus “ homem”
QuandoPedro falou de Jesus, disse: “Jesus Nazareno, varão aprovado 
por Deus” (At 2.22). Pilatos disse a respeito de Jesus: “Eis aqui o ho­
mem” (Jo 19.5). Jesus disse, falando de si mesmo: “Nem só de pão viverá 
o homem” (Mt 4.4). Ele também afirmou: “Mas, agora, procurais matar- 
me a mim, homem que vos tem dito a verdade” (Jo 8.40). Paulo escre­
5 3
T EOLOCiA Sistemática
veu que a graça (cf. Rm 5.15 -18) e a ressurreição vieram por um homem 
(cf. 1 Co 15.21) e que há “um só mediador entre Deus e os homens, 
Jesus Cristo, homem” (1 Tm 2.5).
O nome “Filho do homem”, freqüentemente usado por Ele mesmo 
(69 vezes nos evangelhos), expressava tanto a sua humilhação e sofri­
mento como sua representação legal por toda a humanidade (cf. Mt 
8.20; 11.19; 20.28; Mc 8.31; Jo 8.28; 12.23, 24, etc.), como também a 
grande glória com que Ele há de se manifestar quando voltar para julgar 
o mundo e para reinar (cf. Mt 16.27; 24.30; 26.64; Mc 13.26, etc.).
4 .2 . Jesus nasceu como qualquer outro homem
Embora Maria houvesse concebido de modo sobrenatural pelo Es­
pírito Santo (cf. Lc 1.35), Jesus nasceu como todos os homens nas­
cem (cf. Lc 2.7). Deus lhe preparou um corpo (cf. Hb 10.5), e Ele 
“veio em carne” (cf. 1 Jo 4.2), e se fez carne (cf. Jo 1.14), e como 
outro homem qualquer participou “da carne e do sangue” (cf. Hb
2.14). Assim, Ele teve corpo (cf. Mt 26.12; Lc 24 39), alma (cf. Mt 
26.38) e espírito (cf. Jo 11.33). Ele estava sujeito ao crescimento e 
ao amadurecimento naturais (cf. Lc 2.40,52), e aprendeu a obediên­
cia (cf. Hb 5.8).
4 .3 . Jesus integrou-se completamente na sociedade de sua época
4.3.1. J e s u s e r a m e m b r o d e u m a f a m íl ia
Quando Maria concebeu pelo Espírito Santo, era noiva de José. Por 
revelação de um anjo, ele tomou conhecimento disso e resolveu aceitar 
Maria como a sua esposa. Todavia, não a conheceu antes de ela haver 
dado à luz a Jesus (cf. Mt 1.18-25). Assim, nasceu Jesus, não de uma mãe 
solteira, mas em uma família. O povo falava dEle: “Não é este Jesus, o 
filho de José?” (Jo 6.42) Jesus, como filho, sujeitou-se aos seus pais (cf. 
Lc 2.51).
4.3.2. J e s u s t e v e u m n o m e , c o m o q u a l q u e r o u t r o h o m e m
O nome que Maria lhe deu foi aquele que o anjo havia dito que lhe 
dessem: “E lhe porás o nome de Jesus” (Mt 1.21; cf. Lc 1.31).
5 4
C ristologia - A Doutrina de C risto
4.3.3. J e s u s t e v e , c o m o q u a l q u e r o u t r o h o m e m , a s u a g e n e a l o g ia
A Bíblia até registra duas genealogias, a primeira do lado de José, o
pai adotivo de Jesus, o cabeça da família, que definia a sua posição 
jurídica (cf. Mt 1.1-17), e a segunda genealogia do lado de Maria, a 
sua mãe, que definia a sua posição biológica (cf. Lc 3.23-38). Nas 
genealogias judaicas não se registravam nomes de mulheres e, por isso, 
Maria não aparece em Lucas 3.23 como filha de seu pai Eli, mas em 
lugar dela, José, seu marido, como “filho de Eli” (José era genro de Eli! 
O pai de José era Jacó [cf. Mt 1.16]) (Scofield).
Por meio dessas genealogias podemos provar o cumprimento exato 
de tudo que “Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas” 
(At 3.21) a respeito da procedência de Jesus como homem. Segundo 
as profecias, o Messias viria de Sem, filho de Noé (cf. Gn 9.26,27 - 
cumprimento: Lc 3.36), da semente de Abraão (cf. Gn 17.19; 12.3; G1 
3.16 - cumprimento: Lc 3.34), descendente de Jacó (cf. Gn 18.13-15, 
veja Lc 3.34), da tribo de Judá (cf. A t 13.22,23; Hb 7.14; Ap 5.5, veja 
Lc3.34), da família de Davi (cf. SI 132.11; Jr 23.5; Rm 1.3; A t 13.22,23, 
veja Lc 3.32). Observamos assim que todos esses nomes constam da 
genealogia de Jesus.
4.3.4. J e s u s t e v e a s u a p r o f is s ã o s e c u l a r
O seu pai adotivo era carpinteiro (cf. Mt 13.55). Jesus aprendeu a 
mesma profissão, e por isso era chamado de “carpinteiro” (cf. Mc
6.3). Jesus, como o primogênito de Maria, ficou com a responsabili­
dade da família após o falecimento de José, motivo por que Ele, na 
cruz, entregou essa responsabilidade a João, o seu discípulo (Jo 
19.26,27).
4.3.5. J e s u s c u m p r iu o s e u d e v e r p a r a c o m a s o c ie d a d e
Pagou o tributo (cf. Mt 17.24-27). Com sabedoria, evitou entrar em 
uma armadilha que os inimigos lhe haviam preparado, para o jogar con­
tra o governo romano ou contra o seu povo, os judeus (cf. Mt 22.15-21). 
Nunca agitou as multidões (cf. Mt 12.19-21). O governador Pilatos dis­
se a seu respeito: “Nenhum crime acho nele” (Jo 19.6).
5 5
T EOLOGiA Sistemática
4.4. J esus, como verdadeiro homem, estava sujeito às limitações
HUMANAS
Jesus sentia cansaço (cf. Mt 8.24; Jo 4 4). Tinha fome (cf. Mt 4.2) e 
sede (cf. Jo 4.7; 19.28). Ele se alegrava (cf. Lc 10.21), e também sentia 
tristeza e perturbação (cf. Mc 3.5; Jo 12.27). Até chorou (cf. Hb 5.7; Lc 
19.41; Jo 11.35). Ele sofreu (cf. Mc 8.31; Lc 9.2), até o ponto que o seu 
suor ficou como sangue (cf. Lc 22.44). Morreu (Fp 2.8; Jo 19.30,34).
Jesus, como homem, foi tentado em tudo (cf. Hb 4.15; Mt 4.1-11). 
Toda tentação que um homem pode sofrer, Jesus sofreu (cf. Hb 2.17; Lc 
22.28). Como Deus, jamais podia ser tentado (cf. Tg 1.13).
Como homem, Jesus dependia da ajuda de Deus. Por isso Ele orava 
constantemente (cf. Mt 14.23), para que de Deus recebesse poder (cf. 
Lc 5.16,17), direção para o seu trabalho (cf. Lc 6.12,13; Lc 4-42,43) e 
vitória sobre os demônios (cf. Mc 9.29, etc.). Ele orou até pelos inimi­
gos (cf. Lc 23.34). Por isso, as ameaças e maldades dirigidas contra Ele 
jamais podiam alterar a sua íntima comunhão com Deus. Em tudo Ele 
nos deu exemplo (cf. 1 Pe 2.23), abrindo pelas suas pisadas o caminho 
que nos conduz à vitória (cf. SI 85.13).
Jesus, como homem, se distinguiu de todos os demais homens em um 
só ponto: jamais sofreu uma fraqueza moral. Embora tenha vindo em 
“semelhança da carne” (Rm 8.3), Ele jamais conheceu o pecado na sua 
própria experiência (cf. Hb 4 .15 ;2C o5.21). Ele era santo (cf. Hb 7.26), 
incontaminado e imaculado (cf. 1 Pe 1.19). NEle não havia pecado (cf. 
1 Jo 3.5); era justo (cf. 1 Jo 3.7). Podia desafiar a todos: “Quem dentre 
vós me convence de pecado?” (Jo 8.46) Quando entrou na luta final, 
Ele disse: “...se aproxima o príncipe deste mundo e nada tem em mim” 
(Jo 14.30). Ele que orou: “Pai, perdoa-lhes” (Lc 23.34). Nunca precisa­
va pedir: “Pai, me perdoa!”
4.5. J esus, homem verdadeiro eternamente
O “Verbo se fez carne” (Jo 1.14) e assim permanece etemamente (cf. 
Hb 7.24), para sempre (cf. Hb 7.28,25). Após a ressurreição, Jesus rece­
beu um corpo glorioso (cf. Fp 3.21; Lc 24.39), isto é, um corpo espiritual 
(cf. 1 Co 15.44), e foi exaltado soberanamente (cf. Fp 2.9). Ele assim
5 6
C ristologia - A Doutrina de C risto
está no céu, com o seu corpo que recebeu como homem, embora glorifi­
cado. Estêvão (cf. A t 7.56) e João (cf. Ap 1.13) o viram após a sua 
ascensão como Filho do Homem. Assim Ele também há de voltar (cf. 
Mt 26.64). Quando Ele subiu, os anjos testificaram: “Esse Jesus, que 
dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu 
o vistes ir” (At 1.11). Aleluia!
5 . J e s u s U n i u n a s u a P e s s o a a s D u a s 
N a t u r e z a s P e r f e i t a s
5.1. J esus teve, no seu nascimento, duas naturezas distintas
Pela concepção sobrenatural de Maria, Jesus herdou do seu Pai, pela 
operação do Espírito Santo (cf. Lc 1.35), a natureza divina com todas as 
suas características. De Maria Ele recebeu a natureza humana. As suas 
naturezas divina e humana se uniram na constituição de sua pessoa de 
modo perfeito. As duas naturezas não se misturam, isto é, Jesus não fi­
cou com a sua divindade “humanizada” ou com a sua natureza humana 
“divinizada”. Em Caná, quando Jesus transformou a água em vinho, a 
água deixou de ser água e passou a ser integralmente vinho (cf. Jo 2.8- 
10). Quando, porém, Jesus se fez homem, continuou sendo Deus verda­
deiro, mesmo estando sob a forma de homem verdadeiro.
As duas naturezas operavam assimsimultânea e separadamente na 
sua pessoa. Jamais houve conflito entre as duas naturezas, porque Je­
sus, como homem, seja nas suas determinações ou autoconsciência, 
sempre conforme a direção do Espírito Santo, sujeitava-se à vontade 
de Deus, de acordo com a sua natureza divina (cf. Jo 4.34; 5.30; 6.38; 
SI 40.8; Mt 26.39).
Assim, Jesus possuía duas naturezas em uma só personalidade, as 
quais operavam de modo harmonioso e perfeito, em uma união 
indissolúvel e eterna.
Essa realidade tem um símbolo maravilhoso na arca do tabernáculo. 
A arca era feita de madeira de cetim, coberta com ouro (cf. Ex 25.10-
5 7
T eolocia S istemática
22). A tampa da arca, chamada de propiciatório, era o lugar onde o 
sangue da expiação era aspergido. A arca é um símbolo de Jesus como “o 
nosso Mediador”, que revestido de glória está no santuário do céu, onde 
entrou com o sangue da expiação (cf. Hb 9.5-7,11,12,24). Assim como 
a madeira da arca (símbolo da humanidade de Cristo) não se misturava 
com o ouro (símbolo da divindade de Cristo), assim também as duas 
naturezas de Jesus permanecem juntas, formando a nossa arca perfeita. 
Glória a Jesus!
5.2. As DUAS NATUREZAS OPERAVAM LADO A LADO NA VIDA DE JESU S
Essa operação prova sempre que Ele era homem verdadeiro e tam­
bém Deus verdadeiro. Vejamos aqui alguns exemplos:
• Jesus nasceu em toda a humildade (cf. Lc 1.12; 2 Co 8.9, natureza 
humana), mas o seu nascimento foi honrado por uma multidão de an­
jos, que o exaltaram como Messias (cf. Lc 2.9-14, natureza divina).
• Jesus foi batizado como outros seres humanos, sujeitando-se à jus­
tiça divina (cf. Mt 3.15, natureza humana), porém Deus falou naquela 
ocasião: “Este é o meu Filho” (Mt 3.17, natureza divina).
• Jesus foi tentado, como todos os demais homens (cf. Lc 4.1-13; Hb 
4.15, natureza humana), mas, tendo Ele vencido, os anjos o serviram 
(cf. Mt 4.11, natureza divina).
• Jesus dormiu de cansaço no barco, apesar da grande tempestade 
(cf. Mt 8.24, natureza humana), mas depois levantou-se e repreendeu o 
vento e as ondas (cf. Mt 8.26, natureza divina). Se Ele tivesse sido só 
Deus, jamais ficaria cansado (cf. SI 121.4,5).
• Jesus, cansado de andar, assentou-se junto à fonte para descansar 
(cf. Jo 4.6, natureza humana), porém ali Ele descobriu a situação espiri­
tual da mulher, e lhe revelou o caminho da salvação (cf. Jo 4.7-29, natu­
reza divina).
• Diante da morte do seu amigo Lázaro, Jesus chorou (cf. Jo 11.33- 
35, natureza humana), mas ali orou ao seu Pai, e mandou Lázaro sair da 
sepultura (cf. Jo 11.32-43, natureza divina).
• N o jardim Jesus foi preso por homens ímpios (cf. Jo 18.1-3,12,13,
KH
C ristolocia - A Doutrina de C risto
natureza humana). Porém, quando Ele disse: “Sou eu”, todos os solda­
dos caíram por terra (cf. Jo 18.6, natureza divina), e curou a orelha do 
servo do sumo sacerdote, que Pedro havia cortado (cf. Lc 22.51, natu­
reza divina).
5.3. Jesus, às vezes, deixou voluntariamente de fazer uso das vir­
tudes DA NATUREZA DIVINA
Para fazer a vontade de seu Pai e cumprir as Escrituras (cf. Mt 26.54), 
Jesus se sujeitou à limitação humana, que havia aceitado. Por exemplo, 
não quis chamar 12 legiões de anjos para o livrar (cf. Mt 26.53).
5 .4 . A DOUTRINA SOBRE AS DUAS NATUREZAS OPERANDO EM UMA 
SÓ PERSONALIDADE
Esse assunto tem sido uma pedra de tropeço da teologia, através dos 
séculos. Se olharmos esse assunto unilateralmente, dando destaque só à 
divindade de Jesus, então a sua humanidade fica irreal e simulada. Des­
tacando demasiadamente o lado da sua humanidade, a sua condição de 
Deus verdadeiro fica ofuscada.
6. Os M i s t é r i o s d e C r i s t o , o U n g i d o
As profecias no Antigo Testamento revelaram, com muitos séculos 
de antecedência, que Jesus, o Redentor prometido, seria o Ungido de 
Deus (cf. SI 2.2; 45.7; 89.20; Is 61.1; Dn 9.25,26), e que Ele ocuparia 
os ministérios de profeta (cf. Dt 18.15), de sacerdote (cf. SI 110.4; Zc 
6.13) e de rei (cf. SI 110.2; 72.1-19; 2 Sm 7.4-17, etc.). Essas profecias 
coincidem com os três ministérios que Deus estabeleceu no tempo do 
Antigo Testamento. A separação para esses ministérios era através da 
unção. (Veja profeta: 1 Rs 19.16; sacerdote: Lv 4.3-5; 6.22, e rei: 1 Sm 
10.1; 16.13.)
Quando Jesus veio, na plenitude dos tempos (cf. G14 4), foi home­
nageado pelo coro dos anjos como Cristo (cf. Lc 2.11), nome usado
5 9
T EOLOCiA Sistemática
577 vezes no Novo Testamento. Simeão (cf. Lc 2.26-30) e Pedro (cf. 
Jo 1.41; Mt 16.16) o reconheceram como Cristo. A palavra Cristo 
(grego) significa o mesmo que Messias (hebraico), e ambas, traduzidas 
em português, significam “o ungido”. Isso mostra que Jesus foi enviado 
por Deus e ungido para exercer tudo aquilo que através dos profetas 
havia sido prometido.
Logo depois de iniciar o seu ministério com cerca de trinta anos de 
idade, Jesus recebeu revestimento de poder pelo Espírito Santo, que em 
forma corpórea veio sobre Ele (cf. Lc 3.22), sendo assim, pela unção 
divina, investido no ministério de profeta (cf. Jo 7.40), sacerdote (cf. 
Hb 3.1) e rei (cf. Jo 18.37). Jesus podia dizer em verdade: “O Espírito do 
Senhor é sobre mim, pois me ungiu” (Lc 4.18). Glória a Jesus!
Vamos agora ver Jesus no exercício destes três ministérios.
6.1 . Jesus — o Profeta
6.1.1. J e s u s c h a m o u -s e a s i m e s m o “ P r o f e t a ” ( c f . Mt 13.57; 23.37; 
Lc 13.33)
Muitos outros também o chamaram assim (cf. Mt 21.11; Mc 6.15; 
8.28; Lc 7.16; 24.19; Jo 4.19; 9.17).
6.1.2. C o m o p r o f e t a , J e s u s t r a n s m it iu a o p o v o a m e n s a g e m d e D e u s
• Ele falou através da sua vinda ao mundo! Deus falou pelo Filho 
(cf. Hb 1.1), isto principalmente a respeito do cumprimento exato de 
todas as profecias concernentes à vinda do Redentor. (Veja Lc 4 21.)
• Jesus falou pelo seu grande exemplo, através do qual mostrou de 
que modo Deus quer que os homens vivam (cf. 1 Pe 2.21). Ele abriu o 
caminho pelos seus passos (cf. SI 85.13).
• Jesus transmitiu, pelo seu ministério profético, a doutrina de Deus. 
Veja o sermão da montanha, em Mateus 5— 7. Ele mesmo disse: “A 
minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou” (Jo 7.16).
• Jesus também profetizou sobre acontecimentos que ainda hão de 
acontecer. Vários capítulos nos evangelhos transcrevem estas precio­
sas profecias.
6 0
C ristolocia - A Doutrina de Cristo
6.1.3. O DESEMPENHO DO MINISTÉRIO PROFÉTICO
O exercício do ministério profético de Jesus refere-se principalmen­
te ao período que vai do começo do seu ministério público até o Gólgota. 
Entretanto, ainda no céu Ele continua como profeta, porque o “teste­
munho de Jesus é o espírito de profecia” (Ap 19.10). Ele continua falan­
do por meio da sua igreja, que é o seu corpo (Ef 1.22,23), e através dos 
dons do Espírito Santo (1 C o 12.7-11), e dos ministérios dados por Ele 
(Ef 4.11,12) e pela sua santa Palavra.
6.2. Jesus — o Sumo Sacerdote
6.2.1. O SACERDOTE ETERNO
Os profetas prediziam que Jesus viria como um sacerdote eterno (cf. 
SI 110.4). Quando Ele veio, foi identificado como o sumo sacerdote 
prometido (cf. Hb 2.17; 3.1; 4.14,15; 5.6,10; 8.1; 10.21).
6.2.2. S u m o s a c e r d o t e d a o r d e m d e Melquisedeque
Que significa a expressão: Jesus, sumo sacerdote conforme a or­
dem de Melquisedeque (Hb 6.20), em cumprimento da profecia em 
Salmos 110.4?
• Quem era Melquisedeque? Ele era um crente cananeu, que como 
Jó havia crido no Deus Altíssimo (cf. Jó 1.8). Ele era rei da cidade de 
Salém (cf. Hb 7.1). Deus o havia chamado para exercer o sacerdócio 
(cf. Hb 7.1). Ele vivia no tempo de Abraão (por volta de 1900 a.C.).
• Jesus, como sacerdote conforme a ordem de Melquisedeque, evi­
dencia que o seu sacerdócio era não da Lei, mas sim de uma nova 
dispensação. Conforme aquela dispensação, Jesus jamais poderia ser sa­
cerdote, porque estes eram todos da tribo de Levi (cf. Nm 18.27; 1 Cr 
23.13), enquanto Jesus era da tribo de Judá (cf. Hb 7.13,14). Assim, Ele 
foi sacerdotechamado por Deus. “Jurou o Senhor: “Tu és sacerdote eter­
namente, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 7.21).
• Jesus, sacerdote conforme a ordem de Melquisedeque, chama aten­
ção para o fato de que Ele, assim como Melquisedeque, era tanto rei 
como sacerdote. Assim como Melquisedeque foi chamado “rei de justi­
61
T EOLociA Sistemática
ça” (Hb 7.2), Jesus também o foi (cf. A t 22.14; Jr 23.6; 1 Jo 2.1). Assim 
como Melquisedeque foi chamado “rei de paz” (cf. Hb 7.2), Jesus tam­
bém o foi (cf. Is 9.6). Nenhum dos sacerdotes levíticos foi sacerdote e 
rei. Mas Jesus era tanto sacerdote como Rei (cf. Zc 6.13).
• O fato de que a genealogia de Melquisedeque não foi citada, nem 
foi feita referência ao tempo do seu nascimento nem da sua morte (cf. 
Hb 7.3), é usado pelo Espírito Santo como uma figura de Cristo, que é 
de eternidade a eternidade (cf. SI 90.2; Ap 1.8), e cuja procedência 
divina não era conhecida pelo povo. Jesus não precisava ser substituído, 
como os sacerdotes levíticos; porque eles, pela morte, foram impedidos 
de permanecer (cf. Hb 7.23), mas Jesus permanece etemamente (cf. Hb 
7.24), e tem um sacerdócio perpétuo (cf. Hb 7.28).
6.2.3. Q u a i s s ã o o s o f íc io s d o s a c e r d ó c i o d e J e s u s ?
Os encargos do sumo sacerdote no Antigo Testamento são uma ver­
dadeira figura que mostra com exatidão a obra que Jesus, o nosso Sumo 
Sacerdote, fez e está fazendo. Vamos agora distinguir três grandes encar­
gos no serviço do sumo sacerdote, que se cumpriram na vida e no minis­
tério de Jesus.
• O sumo sacerdote sacrificava junto ao altar do holocausto. Levava 
o sacrifício ao pé do altar, onde degolava e sacrificava a vítima (cf. Lv 
4.24-27; 9.18; SI 118.27). Isso se cumpriu na vida do nosso Sumo Sacer­
dote, Mediador e Substituto, quando Ele subiu ao Gólgota, não com um 
sacrifício de animais, mas com a oferta e sacrifício da sua própria vida, 
que entregou a Deus em cheiro suave (cf. Ef 5.2). Ele pôs a sua alma por 
expiação do pecado (cf. Is 53.10), quando se tomou para nósoCordeiro 
de Deus para tirar o pecado do mundo (cf. Jo 1.29; Is 53.7). Esse seu 
sacrifício foi feito uma vez por todas (cf. Rm 6.10). Jamais se repetirá. 
Essa parte do encargo do nosso Sumo Sacerdote, aqui na terra, está para 
sempre consumada (cf. Jo 19.30). Glória a Deus para sempre!
• Depois de o sumo sacerdote haver sacrificado a oferta junto ao 
altar, tomava o sangue, no dia da grande expiação (uma vez por ano, cf. 
Ex 30.10; Hb 9.7), e o levava para dentro do véu, no lugar santíssimo,
6 2
Cristolocia - A Doutrina df. Cristo
onde era aspergido por cima do propiciatório, entre os dois querubins, 
fazendo assim a expiação pelos pecados do povo diante de Deus (cf. Lv 
16.15-17; Êx 25.22; Nm 7.89). O nosso Sumo Sacerdote também en­
trou no Santíssimo — no céu, com o seu próprio sangue (cf. Hb 9.24), e 
está agora ali exercendo continuamente o seu ministério sacerdotal, à 
destra de Deus. Os sinais eternos da cruz — as suas santas feridas (cf. Ap
5.6) — mostram para sempre que a expiação por Ele feita dura para 
sempre. Jesus é, assim, o nosso Propiciatório (cf. Rm 3.25), a nossa 
propiciação (cf. 1 Jo 2.2). Ele é a garantia do perdão de todos os peca­
dos, para todos que crerem em seu nome.
• O sumo sacerdote, depois de ter levado o sangue para dentro do véu, 
saía até o povo que estava esperando (cf. Lc 1.21; comp. Ex 28.35), para 
abençoá-lo e orar por ele. Assim Jesus, o nosso Sumo Sacerdote, vive para 
sempre, intercedendo por nós (cf. Hb 7.25) e abençoando aqueles que 
receberam a expiação pelo seu sangue. Após ter consumado a redenção 
na cruz, Deus enviou a promessa do Espírito Santo (cf. G 13.13,14).
6.3. J esus — o R ei
Jesus chamou-se a si mesmo “Rei” (cf. Jo 18.37), e disse que o Pai 
havia-lhe destinado o reino (cf. Lc 22.29). Os profetas haviam profeti­
zado que Jesus viria como Rei (cf. SI 2.6-8; 8.6; 110.6; Is 9.7; Jr 23.5). 
Quando Ele nasceu, foi adorado como Rei (cf. Mt 2.2,11). Antes de 
subir ao Gólgota, Ele entrou triunfante em Jerusalém, conforme as pro­
fecias (cf. Zc 9.9,10; Mt 21.1-11), e foi então aclamado como Rei (cf. Lc
19.38). Voltando ao céu, após a sua ressurreição, foi aclamado como o 
Rei da Glória (cf. SI 24.8-10). Graças a Deus!
Após a ressurreição de Jesus, Deus exaltou-o soberanamente (cf. Fp
2.9), e coroou-o de honra e de glória (cf. Hb 2.7), glorificando-o com 
“aquela glória que tinha” antes que o mundo existisse (cf. Jo 17.5) e que 
Ele havia deixado para ser homem (cf. Fp 2.6-8). Ele foi agora feito 
Senhor e Cristo (cf. A t 2.36), Príncipe e Salvador (cf. A t 5.31), Juiz dos 
vivos e dos mortos (cf. A t 10.42), e assentou-se à direita de Deus nos 
céus (cf. Ef 1.20). Deus entregou tudo nas suas mãos (cf. Jo 3.35), e Ele 
tem agora todo o poder no céu e na terra (cf. Mt 28.18).
63
T eologia Sistemática
Porém, a plenitude desse ministério Jesus mostrará quando voltar ao 
mundo como Rei, para restaurar tudo que os profetas têm predito (cf. At 
3.21). Então Ele, como descendente de Davi, se assentará no trono real 
e estabelecerá o milênio (cf. Lc 1.32,33; Mt 19.28; 25.31). Então a sua 
querida Igreja reinará com Ele (cf. 2 Tm 2.12; Ap 20.4), e o seu reino 
não terá fim (cf. Is 9.7). Vamos, portanto, orar como Jesus nos ensinou: 
“Venha o teu Reino” (Mt 6.10).
7. As O b r a s d e J e s u s C r i s t o
Jesus fez muitos sinais e maravilhas (cf. A t 10.38; Hb 2.4). Ele curou 
enfermos (cf. Mt 9.35; 8.16,17), ressuscitou mortos (cf. Lc 7.11-16; Jo 
11.41-45), acalmou tempestades (cf. Mt 8.24-26) e multiplicou o pão 
(cf. Mt 14.13-20). Fez tantos milagres que, se tudo fosse escrito, “nem 
ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem” (Jo 
21.25). Porém, entre todas as suas obras, a maior continua sendo, para 
sempre, a sua morte, ressurreição e ascensão.
7.1. A morte de Jesus
A morte de Jesus tem sido o tema central de eternidade a eterni­
dade. Desde a eternidade, antes da fundação do mundo, a morte de 
Jesus já era o tema central do céu. Deus, que na sua onisciência pre­
viu a queda do homem e as tristes conseqüências da mesma, determi­
nou, no seu grande amor, dar seu Filho unigénito como sacrifício 
pelo pecado do povo (cf. Ap 13.8; Ef 1.4; 3.11; 1 Pe 1.19,20). A 
graça foi dada já antes dos séculos (cf. T t 1.9). Também no presente 
tempo, milhões de salvos no mundo inteiro estão louvando a Deus 
pelo Cordeiro, que deu a sua vida por eles. A Bíblia revela que tam­
bém no futuro, através de toda a eternidade, os remidos louvarão ao 
Senhor, que derramou o seu sangue por eles (cf. Ap 5.9,10; 7.14;
15.3). Por isso, digno é o Cordeiro de receber ações de graças para 
sempre. Amém!
6 4
C ristolocia - A Doutrina de C risto
7.1.1. A morte de C risto — o tema principal das Escrituras
“Jesus morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Co 15.3).
A maioria das profecias na Bíblia trata dos “sofrimentos que a Cristo 
haviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir” (1 Pe 1.11). Desde 
a primeira profecia, quando Deus falou da “semente da mulher” que 
esmagaria a cabeça da serpente (cf. Gn 3.15,16), até quando João Batis­
ta falou do “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29), 
vemos Jesus no centro das profecias. Jesus mesmo ensinou aos seus discí­
pulos sobre o que dEle se achava em todas as Escrituras (cf. Lc 24.27), e 
disse então que “convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava 
escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos” (Lc 24.44).
Através das profecias podemos conhecer muitos detalhes da morte 
de Jesus. Já antes de Jesus vir ao mundo era possível, por meio das profe­
cias, levantar uma história quase completa dos acontecimentos relacio­
nados à morte de Jesus:
• Antes de morrer, Jesus entraria em Jerusalém, montado em um 
jumento (cf. Zc 9.9; Mt 21.1-6).
• Jesus seria traído por um discípulo (cf. SI 41.9; 55.12-14; Mc 
14.10,11), o qual o venderia por trinta moedas (cf. Zc 11.12; Mt 26.15). 
Após a devolução, esse dinheiro seriausado para a compra do campo de 
um oleiro (cf. Zc 11.13; Mt 27.5-10). Jesus seria também abandonado 
pelos demais discípulos (Zc 13.7; Mt 26.31,56).
• Jesus seria caluniado (cf. SI 69.4,12; Lc 23.5). Tanto gentios como 
judeus se levantariam contra Ele (cf. SI 2.1,2; Lc 23.12; At 4.27). Ele, 
porém, ficaria calado (cf. Is 53.6,7; Mt 26.63; 27.12-14). Seria cuspido 
(cf. Is 50.6; Sl 22.8; Mt 26.67), ferido no rosto (cf. Mq 5.1; Mt 27.30). O 
seu parecer ficaria transfigurado (cf. Is 52.14; 53.3; Jo 19.5).
• Jesus seria crucificado (cf. S l 22.1-16; Zc 12.10; Jo 19.18,20- 
25; A t 3.13-15) junto com os malfeitores (cf. Is 53.12; Mt 27.38). 
Jesus oraria pelos seus crucificadores (cf. Is 53.12; Lc 23.34). Ele 
seria blasfemado (cf. S l 22.8,9; Mt 27.39-44). Vinagre ser-lhe-ia 
oferecido (cf. S l 69.12; Mt 27.34). Os seus vestidos seriam reparti­
dos e sobre a sua túnica seria lançada sorte (cf. S l 22.18; Mt 27.35;
6 5
T EOLOGiA Sistemática
Lc 23.34). Ele se sentiria abandonado por Deus (cf. SI 22.1; Mt
27.46) e, ao morrer, entregaria o seu espírito a Deus (cf. SI 31.5; Lc
23.46) . Morto, o seu lado seria traspassado com uma lança (cf. Zc 
12.10; Jo 19.34), porém os seus ossos não seriam quebrados (cf. SI 
34.19,20; Jo 19.33,36).
• Jesus seria sepultado entre os ricos (cf. Is 53.9; Mt 27.57-60).
O testemunho uniforme das Escrituras sobre a morte de Jesus desfaz 
as doutrinas erradas a esse respeito. Satanás foi derrotado pela morte de 
Jesus. Por isso Ele procura, através da teologia modernista, desfazer os 
efeitos poderosos da morte de Cristo. Vejamos algumas considerações 
errôneas sobre este assunto:
• A morte de Jesus foi somente a morte de um mártir. Dizem que 
Jesus somente morreu pelas suas idéias, às quais foi fiel e intransigente. 
Porém, a Bíblia afirma que Jesus morreu dando a sua vida em resgate de 
muitos (cf. Mt 20.28). Se Ele fosse somente um mártir, outros mártires 
mostraram muito mais alegria e disposição para morrer do que Jesus, que 
até se sentiu abandonado por Deus (cf. Mt 27.46). Não, Ele sofreu, não 
pelas suas idéias, mas porque levou em seu corpo o nosso pecado (cf. 1 
Pe 2.24).
• Jesus morreu acidentalmente, porque a força dos inimigos era supe­
rior. A Bíblia mostra, porém, que Jesus era mais forte do que os seu inimi­
gos. Quando foi preso, todos os soldados caíram por terra, e Jesus podia 
ter-se retirado, sem que alguém o impedisse (cf. Jo 18.5,6). Ele mesmo 
disse que poderia ter pedido a seu Pai doze legiões de anjos, para a sua 
defesa (cf. Mt 26.53). Ele contudo não o fez, porque deu a sua vida volun­
tariamente (cf. Jo 10.17,18).
• Jesus morreu para dar um elevadíssimo exemplo de sujeição, hu­
mildade e resignação diante do sofrimento. E bem verdade que Jesus, 
também na sua morte, foi um exemplo inigualável, mas a sua morte 
significava muito mais. A Bíblia diz que é pelas suas feridas que o peca­
dor é sarado (cf. Is 53.5) e recebe poder para salvação e, como salvo, 
receberá graça para seguir o exemplo que Jesus nos deixou (cf. 1 Pe2.21).
66
Cristolocia - A Doutrina de Cristo
7.1.2. Jesus foi aceito por Deus como o representante de toda a
HUMANIDADE
Jesus é chamado na Bíblia “o segundo homem” (1 Co 15.47) ou “o 
último Adão” (1 Co 15.45). Deus determinou que, assim como “por um 
homem entrou o pecado no mundo” (Rm 5.12) e “a ofensa, por um só que 
pecou” (Rm 5.16), e por um só veio o juízo sobre todos (cf. Rm 5.17,18), 
e pela desobediência de um só, todos foram feitos pecadores (cf. Rm 5.15), 
assim também Deus determinou que por um só, Jesus Cristo, viesse o dom 
gratuito (cf. Rm 5.15) e a abundância da graça (cf. Rm 5.17), e por um ato 
de justiça viesse a graça para justificação da vida (cf. Rm 5.18), e pela 
obediência de um, muitos fossem feitos justos (cf. Rm 5.19).
Para Deus só existe um Mediador entre Deus e os homens (cf. 1 Tm
2.5,6), um fiador (cf. Hb 7.22; Jó 16.19). Assim como o cordeiro pascal, 
no Egito, foi degolado em favor de todos os que estavam em uma casa (cf. 
Ex 12.13,23), assim também Jesus, o nosso Cordeiro Pascal (cf. 1 Co 5.7), 
foi sacrificado por nós (cf. 1 Pe 3.18). Jesus é assim o nosso substituto, que 
se apresentou em nosso favor, e morreu em nosso lugar. Glória a Jesus (cf. 
Rm 5.6-8; 8.32; 14.5; G12.20; 3.13; Ef 5.25; 1 Ts 5.10; 1 Tm 2.6; T t 2.14).
7.1.3. C omo o nosso substituto, Jesus tomou sobre si os nossos
PECADOS
Todos os homens estavam debaixo do pecado (cf. Rm 3.23) e, por isso, 
também debaixo da ira de Deus (cf. Rm 1.18; Ef 5.6), marchando para a 
ira futura e para a perdição (cf. Rm 2.5). Mas Jesus se manifestou para 
aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo (cf. Hb 9.28). Para isso foi 
necessário que levasse em seu corpo os nossos pecados (cf. 1 Pe 2.24).
Na lei do sacrifício pelo pecado temos um detalhe que, de modo 
maravilhoso, serve de figura para esse assunto. Antes que o sacrifício 
fosse degolado junto ao altar, o culpado deveria pôr a sua mão sobre o 
mesmo, confessando os seus pecados, passando assim, simbolicamente, 
a sua culpa para a vítima (cf. Lv 4.4,24). Exatamente assim aconteceu 
quando Jesus orava no Getsêmani. Foi-lhe então entregue o cálice que 
continha todo o pecado da humanidade. Com a palavra: “Seja feita a 
tua vontade” (cf. Mt 26.39; SI 40.7,8), Jesus o aceitou e, desde aquele
6 7
T EOLOciA Sistemática
momento, estavam sobre Ele os nossos pecados (cf. Is 53.4,5; Rm 3.25; 
1 Pe 2.24). Uma profecia expressa uma palavra do Messias naquele mo­
mento: “Restituí o que não furtei” (S l 69.4). Que grande amor!
Aceitando Jesus essa carga tão pesada, Ele se identificou com o peca­
do de tal modo que a Bíblia diz: “Aquele que não conheceu pecado, o fez 
pecado por nós” (cf. 2 Co 5.21). Assim, Jesus “foi contado com os 
transgressores” (Is 53.12) e expulso da sociedade, “padeceu fora da por­
ta” (Hb 13.12).
7.1.4. Jesus morreu para livrar o homem do pecado e das suas
CONSEQUÊNCIAS
Jesus abriu, pela sua morte na cruz, o caminho para a solução do 
problema dos homens em relação ao seu pecado, à sua culpa diante da 
lei de Deus, e à sentença divina que pairava sobre eles. Vejamos aqui 
três expressões, que definem algo que aconteceu quando Jesus sofreu na 
cruz até o momento quando exclamou: “Está consumado” (Jo 19.30).
• Expiação. A palavra significa remissão da culpa através de paga­
mento ou cumprimento da pena. Todos os homens pecaram (cf. Rm 
3.23) e sobre eles pairava a sentença, a morte (cf. Gn 2.17; Rm 2.8, 9, 
12, etc.). Jesus aceitou essa sentença e, morrendo na cruz pelos pecado­
res Ele a cumpriu (cf. Hb 2.17). “O castigo que nos traz a paz estava 
sobre ele” (Is 53.5). “Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pe­
los injustos, para levar-nos a Deus” (1 Pe 3.18). Por isso, Ele foi ferido 
pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades (cf. Is 53.5), 
quando a sua alma se pôs por expiação do pecado (cf. Is 53.10; Dn 9.24) 
para “remir os que estavam debaixo da lei, a fim de que recebam a ado­
ção de filhos” (G1 4-5).
• Redenção. Essa palavra significa recurso capaz de salvar alguém de 
uma situação aflitiva. A Bíblia diz: “Nenhum deles, de modo algum, 
pode remir a seu irmão ou dar a Deus o resgate dele (pois a redenção da 
sua alma é caríssima, e seus recursos se esgotariam antes)” (Sl 49.7,8). 
Jesus, porém, pagou o maior resgate que jamais foi pago. Ele deu a sua 
própria vida em resgate por nós (cf. Mt 20.28), em “preço de redenção”
6 8
C ristolocia - A Doutrina de C risto
(1 Tm 2.6). Não foi com ouro nem prata que fomos resgatados, mas com 
o precioso sangue de Cristo, como de um Cordeiro imaculado e 
incontaminado (cf. 1 Pe 1.18,19; Mt 26.28; Lc 24-46,47; Hb 9.22). As­
sim, Jesus comprou-nos por “bom preço” (1 Co 6.20). Deus pode agora, 
por causa da morte de Cristo, dizer diante das exigências da Lei e da 
Justiça divina, a respeito de todos os que nEle crerem: “Livra-os, porque 
já achei o resgate” (cf. Jó 33.24).
• Propiciação. A palavra significa aquilo que propicia, isto é, toma 
favorável. Opecado separa o homem de Deus (cf. Is 59.2) e o faz sujeito 
à sua ira (cf. Rm 2.4; Ef 2.3), porém Jesus, o nosso Cordeiro, morreu 
para tirar o pecado (cf. Jo 1.29; 1 Jo 3.5) e, por causa dessa propiciação 
de Jesus (cf. 1 Jo 2.2; 4.10), a ira de Deus se retirou (cf. Is 12.1-3) e 
aquele que crer em Jesus é livre de toda a sua culpa diante da Lei. Aleluia!
• Propiciatório. A mesma palavra grega hilasterion, que em Romanos 
3.25 é traduzida por “propiciação”, é também usada em Hebreus 9.5, e 
ali traduzida por “propiciatório”. Deus propôs a Jesus como “propiciatório” 
pela fé no seu sangue (cf. Rm 3.25). Essa expressão mostra que o 
propiciatório no Antigo Testamento era uma figura real da morte de 
Cristo. No lugar santíssimo, no interior do Tabernáculo, estava a arca 
com as tábuas da Lei (cf. Ex 25.10-22). A tampa da arca, feita de ouro 
puro, chamava-se propiciatório (cf. Ex 25.17-21), a qual tinha dois 
querubins com as suas asas estendidas sobre a mesma e cujos rostos esta­
vam virados para o propiciatório (cf. Ex 37.9), exatamente para o lugar 
onde o sumo sacerdote aspergia o sangue do sacrifício, no Dia da Expia­
ção (cf. Lv 16.15). Assim, o sangue simbolicamente cobria a arca onde 
estava a Lei contra a qual o povo havia transgredido, como um sinal 
externo de perdão que Deus havia concedido por causa do sangue do 
sacrifício. Assim, Deus não via mais a iniqüidade, mas sim o sangue! 
“Não viu iniqüidade em Israel” (Nm 23.21). Por isso disse o salmista: 
“Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada” (SI 32.1).
Jesus é o nosso propiciatório. Ele entrou no santuário do céu, di­
ante de Deus, com o seu próprio sangue (cf. Hb 9.11,12,24), para 
garantir perdão a todos que nEle crerem. Conforme o novo concerto 
(cf. Jr 31.33,34; Hb 8.9-13), Deus não se lembra mais dos pecados, e
69
T EOLOciA S istemática
fez com que os reconciliados se tomassem “povo seu”. Deus conce­
deu um sinal palpável da sua aprovação a essa propiciação. N a hora 
da morte de Jesus, o próprio Deus fez um milagre: o véu do Templo se 
rasgou de alto a baixo (cf. Mt 27.51). Assim, Deus mostrou que Jesus 
havia aberto um novo e vivo caminho, que Ele nos consagrou pelo 
véu, isto é, pela sua carne (cf. Hb 10.20). O caminho está agora aberto 
até o interior do Santíssimo, onde todos os que crerem poderão se 
encontrar com o nosso Propiciatório (cf. Rm 3.25), que é Jesus, o 
nosso Salvador.
7.1.5. Jesus morreu para nos reconciliar com Deus
Pela sua morte, Jesus não somente nos resgatou da culpa e fez a 
expiação e propiciação dos nossos pecados, mas pelo seu sangue tam­
bém nos reconciliou com Deus (cf. C l 1.20-23). Éramos inimigos de 
Deus, mas fomos reconciliados pela morte de seu Filho (cf. Rm 5.10), 
e assim chegamos até Ele pelo sangue de Jesus (cf. Ef 2.13). A parede 
de separação ruiu (cf. Ef 2.14). Jesus, o nosso Mediador (cf. 1 Tm 2.5), 
nos revestiu da sua justiça (cf. Is 61.10; Ap 19.7,8; 2 C o 5.21), e assim 
temos paz com Deus (cf. Rm 5.1). Jesus é o nosso Emanuel, isto é, 
Deus conosco (cf. Mt 1.23).
Pela morte de Jesus podemos agora viver juntamente com Deus (cf. 
1 Ts 5.10), e de coração nos sujeitar a Ele como o nosso Senhor (cf. 
Rm 14.9). Tudo que Deus preparou para os homens (cf. 1 Co 2.9) está 
agora ao alcance de todos os que aceitarem o sacrifício de Jesus. Aleluia!
7.2. A RESSURREIÇÃO DE JESUS
“Não está aqui, mas ressuscitou” (Lc 24.6).
A doutrina da ressurreição de Jesus é uma das doutrinas básicas da 
Bíblia (cf. 1 Co 15.3,4), e é mencionada 104 vezes no Novo Testamen­
to. “Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência de Davi, res­
suscitou dos mortos” (2 Tm 2.8).
7.2.1. A RESSURREIÇÃO É PREANUNCIADA
• Foi predita pela palavra profética (cf. SI 16.10).
7 0
Cristologia - A Doutrina de Cristo
• O próprio Jesus falava muitas vezes da sua ressurreição (cf. Mt 12.40; 
16.21; 17.22,23; Lc 9.22; Jo 2.19-21; 10.17,18).
7.2.2. A RESSURREIÇÃO — UM GRANDE MILAGRE
• O milagre. O mesmo Jesus que foi cravado na cruz e cujo corpo 
morto foi tirado e envolto em panos (cf. Jo 19.40) e sepultado no sepul­
cro de José de Arimatéia (cf. Mt 27.59,60), ressuscitou no terceiro dia, 
deixando o seu sepulcro vazio (cf. Lc 24.1-3). Ele foi visto e reconheci­
do pelos seus discípulos. Os sinais dos cravos nas suas mãos e da lança no 
seu lado (cf. Jo 20.27; Lc 24.39) serviram para provar que a sua ressur­
reição era inteiramente corporal. No momento em que apareceu aos 
discípulos, Jesus afirmou não ser um espírito, mas que era Ele mesmo, 
que havia ressuscitado (cf. Lc 24.39) com um corpo espiritual (cf. 1 Co 
15.44), o qual não mais estava sujeito às leis da natureza. Leia João 20.19.
• Foi Deus quem o ressuscitou (cf. A t 2.24,32; 10.40; 13.30; C l 2.12). 
Quando Deus planejou a salvação por meio de seu Filho, mostrou a sua 
grande sabedoria (cf. 1 Co 1.24; 3.10). Quando Ele deu o seu Filho para 
ser o nosso Salvador, mostrou seu grande amor (cf. Jo 3.16). Quando Ele 
ressuscitou a Jesus, mostrou o seu grande poder (cf. Ef 1.19,20). Deus 
ressuscitou a Jesus pelo poder do Espírito Santo (cf.Rm 8.11; 1 Pe3.18; 
Rm 1.4; 1 C o 15.45).
7.2.3. Muitos têm negado a veracidade da ressurreição de Jesus
Os sacerdotes em Jerusalém foram os primeiros. Quando a notícia da
ressurreição de Jesus se espalhou, os próprios sacerdotes entenderam que ela 
era verídica. Se eles não tivessem acreditado, teriam imediatamente instau­
rado um inquérito rigoroso, exigindo o corpo de Jesus, para provar a todos 
que Ele ainda era morto. Mas, em lugar de exigir a punição dos guardas, 
ofereceram-lhes “muito dinheiro” (Mt 28.12), recomendando-lhes divul­
gar a seguinte mentira: “Vieram de noite os seus discípulos e, dormindo nós, 
o furtaram” (Mt 28.13). Essa mentira se espalhou entre os judeus. Com um 
pouco de raciocínio, os mesmos judeus poderiam ter pensado: “Como foi 
possível que quatro soldados dormissem ao mesmo tempo e ainda soubes­
sem que foram os discípulos que haviam roubado o corpo de Jesus?”
71
T EOLOGiA Sistemática
A teologia modernista também nega a ressurreição de Jesus, e procu­
ra (através de “explicações”) eliminar qualquer vestígio de milagre des­
se acontecimento. Eles dizem: “A ressurreição é contra a lei da natureza 
e, portanto, é impossível”. Vejamos algumas dessas “explicações”:
• Jesus não morreu, mas foi sepultado em estado de coma. Depois 
que Ele acordou e recuperou as suas forças, saiu da sepultura, e mostrou- 
se aos seus discípulos, afirmando que havia ressuscitado. Logo depois 
Ele morreu, com febre causada por infecção das feridas, e desapareceu.
Um absurdo como este só é possível entrar na cabeça de um moder­
nista, totalmente destituído do temor de Deus. Ele prova, pelas suas 
idéias, que a Bíblia é verdadeira quando diz: “A sabedoria deste mundo 
é loucura” (1 C o 3.19). Essa teoria cai imediatamente diante das provas, 
absolutamente verídicas, sobre a morte real de Jesus. O próprio carras­
co, o centurião, afirmou diante do governador Pilatos que Jesus havia 
morrido (cf. Mc 15.44,45). Também os soldados viram que Jesus já era 
morto, e para ainda confirmar este fato furaram-lhe o seu lado (cf. Jo 
19.34). Se Jesus tivesse sido sepultado em estado de coma, como então 
agüentaria, depois de ter acordado, remover a pedra para sair do sepul­
cro (cf. Mt 27.66; Mc 16.3) e isso sem chamar a atenção da guarda? (Cf. 
Mt 27.65) E como poderia Ele, ensangüentado, fraquíssimo e meio mor­
to, conseguir convencer os seus discípulos de que havia ressuscitado? 
Jesus não precisava de nada disso, pois ressuscitou pelo poder de Deus.
• Outros afirmam (Renan e Strauss) que Jesus realmente morreu, 
mas ressuscitou somente na idéia dos seus discípulos. Eles estavam tão 
impressionados com a promessa de que Ele haveria de ressuscitar, que 
começaram a enxergar Jesus em visões, até o ponto de ficarem com uma 
impressão tão forte que chegaram à conclusão de que Ele havia ressusci­
tado. Assim, eles não queriam enganar o mundo com a notícia de que 
Jesus havia ressuscitado,mas a notícia que espalharam era resultado da 
sua fé auto-sugestionada. Também essa teoria cai por total carência de 
lógica e de provas. Não houve nenhum vestígio na atitude dos discípu-
7 2
C ristoloqa - A Doutrina de C risto
los que desse motivo à auto-sugestão. Pelo contrário, eles não acredita­
vam na possibilidade da ressurreição (cf. Mc 16.11,13). Jesus até os cen­
surou por causa da sua incredulidade (cf. Mc 16.14). A ressurreição de 
Jesus foi para eles uma verdadeira surpresa, e as suas dúvidas só desapa­
receram quando viram o seu Mestre ressuscitado.
• Outros “teólogos” explicam que Jesus realmente foi sepultado no túmulo 
de José de Arimatéia. Porém, por motivo de algumas conveniências, o seu 
corpo foi depois mudado para um outro sepulcro, de onde Ele, pelo tempo, 
normalmente desapareceu. Essa teoria está também totalmente destituída 
de provas. Como poderia alguém transferir o corpo de Jesus, sem que a 
guarda o observasse? E por que José de Arimatéia não informou aos apósto­
los que ele havia mudado o seu corpo? E como é possível eliminar as provas 
de tantas pessoas que afirmam ter visto Jesus ressuscitado?
• Ainda há outros que afirmam que Jesus realmente subiu em espíri­
to ao céu, e fez com que o seu corpo desaparecesse do sepulcro. Depois 
Ele se manifestou aos seus discípulos em seu corpo celestial, afirmando 
que havia ressuscitado. Essa teoria não merece a nossa atenção, porque 
tenta apresentar a Jesus como um mentiroso. Jesus mesmo havia falado 
da sua ressurreição corporal, mostrando em figura que o mesmo corpo 
que desceria para o “seio da terra” ressuscitaria (cf. Mt 12.39,40). Outra 
vez Ele falou figuradamente a respeito do seu corpo, dizendo: “Derriba­
rei este templo, e em três dias o levantarei” (Jo 2.19-21). Jesus ressusci­
tou corporalmente e vive hoje e etemamente. Aleluia!
7.2.4. O FATO DA RESSURREIÇÃO DE JESU S É CONFIRMADO COM PROVAS 
IRREFUTÁVEIS
“Ressuscitou, verdadeiramente, o Senhor” (Lc 24.34).
Quando alguém afirma que uma coisa aconteceu e encontra outro que 
o contesta, negando que tal coisa tenha acontecido, então a decisão da 
questão está na prova das testemunhas. A ressurreição de Jesus é um fato 
histórico, comprovado tanto como qualquer outro fato de importância.
Testemunhas viram Jesus ressuscitado. Lucas escreve em Atos 1.3 
que Jesus, “depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e 
infalíveis provas”. Vejamos aqui as testemunhas que de modo harmoni­
7 3
T EOLOGiA Sistemática
oso, simples e sem nenhuma contradição, deram o seu testemunho uni­
forme: Jesus ressuscitou!
• Maria Madalena. Quando ela estava junto ao sepulcro vazio, viu 
Jesus, mas imaginou que era o hortelão. Quando porém Jesus lhe disse: 
“Maria”, ela o reconheceu (cf. Jo 20.11-18).
• As mulheres que voltavam do sepulcro (cf. Mt 28.9,10).
• Pedro. Ouviu-se entre os discípulos a notícia: “Já apareceu a Si- 
mão” (cf. Lc 24.34; 1 Co 15.5).
• Os dois discípulos a caminho de Emaús. Eram Cleofas e talvez 
Lucas que encontraram Jesus no caminho. Não o conheciam. Mas quando 
Ele, em sua casa partiu o pão, eles o reconheceram. Era realmente Jesus! 
(Cf. Lc 24.13-35; Mc 16.12,13)
• Os 11 discípulos menos Tomé (cf. Jo 20.19-24).
• Os 11 discípulos junto com Tomé (cf. Jo 20.26-29).
• Pedro com mais seis discípulos, os quais haviam ido pescar (cf. Jo 
21.1-23).
• Mais de quinhentos crentes, dos quais muitos ainda viviam quan­
do Paulo, no ano 59, escreveu a sua Primeira Epístola aos Coríntios (cf. 
1 Co 15.6).
• Tiago (cf. 1 Co 15.7), o filho de José e Maria (cf. Mc 6.3). Antes da 
morte de Jesus não era crente, mas agora havia crido em Jesus.
• Os discípulos que foram para Galiléia, conforme o convite que 
Jesus havia feito antes da sua morte (cf. Mt 26.32) e logo após a sua 
ressurreição (cf. Mt 28.10).
• Os discípulos que assistiram à ascensão de Jesus (cf. Lc 24.50-53; 
A t 1.9-14).
• Paulo (cf. A t 9.3-6; 1 Co 9.1). O encontro com Jesus vivo fez do 
maior perseguidor o maior apóstolo.
A grande transformação que a ressurreição de Jesus causava na 
vida dos apóstolos prova que eles verdadeiramente estavam convic­
tos de que Jesus vivia. O desespero e desânimo que dominavam to­
dos os seguidores de Cristo após a crucificação deu agora lugar a uma 
alegria e ousadia que ninguém mais podia dominar. Por toda parte
74
Cjustolocia • A Doutrina de Cristo
davam testemunho da ressurreição de Jesus (cf. A t 2.24-27,32,33; 
3.15; 4.10,33; 5.30,31, etc.). Se a história da ressurreição não fosse 
verídica, jamais produziria essa tão grande transformação nas suas 
vidas.
O uso espontâneo do domingo como o dia de adoração a Deus e 
descanso semanal prova que os crentes que começaram a se reunir no 
domingo para darem glórias por sua ressurreição (cf. 1 Co 16.2; A t 20.7), 
realmente estavam convictos desse fato.
7.2.5. A RESSURREIÇÃO DE JESUS É A BASE DE VÁRIAS DOUTRINAS 
IMPORTANTES
• Pela ressurreição, Jesus é declarado Filho de Deus em poder (cf. 
Rm 1.3,4). Assim, Deus confirmou tanto Jesus como seu Filho quanto a 
obra que Ele havia realizado.
• A ressurreição de Jesus prova que a sua morte foi expiatória. Jesus 
era absolutamente sem pecado (cf. Hb 4-15). Por isso, a morte, que veio 
pelo pecado, jamais poderia vencê-lo. Mas Jesus tomou sobre si os nos­
sos pecados, levando-os para a cruz (cf. 1 Pe 2.24). Quando Ele rendeu o 
seu espírito, já havia feito a expiação pelos pecados e, assim, entrou na 
morte, sem nenhum pecado. Dessa maneira a morte não tinha nenhu­
ma força para retê-lo (cf. A t 2.24) e, assim, ressuscitou, vindo a ser a 
causa da eterna salvação (cf. Hb 5.9).
• A ressurreição é a base da nossa fé em Jesus Cristo (cf. 1 Pe 1.21). 
O pecador vivia debaixo do pecado (cf. Ef 2.1,2), sem recursos para se 
libertar. Deus provou, pela ressurreição de Jesus, que Ele havia cumpri­
do as suas promessas de salvação (cf. A t 13.32,37,38). Assim, quando o 
pecador crê em Deus, que o ressuscitou, recebe a salvação (cf. Rm 10.9), 
experimenta a regeneração (cf. 1 Pe 1.3) e é justificado (cf. Rm 4.25).
• A ressurreição de Jesus é também uma fonte de vitória para o cren­
te. Quando recebe a salvação, ele experimenta o poder da morte de 
Cristo (cf. 2 Co 5.14,15). Mas ele pode também, pela fé, participar do 
poder da ressurreição de Jesus (cf. Fp 3.10), isto é, gozar da realidade de 
que Cristo vive nele (cf. G1 2.20; C l 3.4; 1.27). “Porque, se nós, sendo 
inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito
T EOLOCiA Sistemática
mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm 5.10). 
Jesus disse: “Eu vivo, e vós vivereis” (Jo 14.19).
• A ressurreição é também a garantia de que Jesus continua como o 
nosso Representante e Sumo Sacerdote diante de Deus. “Quem os conde­
nará? pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mor­
tos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós” (Rm 8.34).
• A ressurreição é uma garantia de que Jesus tem poder para curar os 
doentes. O poder da ressurreição vivificou o corpo de Jesus que estava 
morto (cf. Rm 8.11). Pela ressurreição, Jesus venceu a própria morte (cf. 
1 Co 15.54,57). Assim, também Ele pode vencer a doença que leva o 
homem à morte (cf. Mt 8.17).
• A ressurreição de Jesus é também a garantia da nossa própria res­
surreição (cf. 2 Co 4-14; 1 Co 15.21,22). Pela ressurreição de Jesus foi 
quebrado o aguilhão da morte (cf. 1 Co 15.55-57). Se cremos que Jesus 
morreu e ressuscitou, sabemos também que Deus tomará a trazer com 
Ele aqueles que em Cristo dormem (cf. 1 Ts 4.14). Isso acontecerá na 
segunda vinda de Jesus, quando os que morreram em Cristo ressuscita­
rão primeiro e depois, os que ficarem vivos, serão arrebatados (cf. 1 Ts 
4.16,17). Glória a Jesus!
7.3. A ascensão de Jesus
“Vendo-o eles, foi elevado às alturas” (At 1.9).
7.3.1. A ASCENSÃO d e J e s u s fo i p r e a n u n c ia d a
A palavra profética preanunciou que Jesus, depois de ter descido, 
também subiria ao alto (cf. SI 68.18;47.5; 110.1) e seria recebido em 
glória (cf. SI 24.7-10). Jesus também falou várias vezes da sua ascensão. 
Ele disse: “Vou para aquele que me enviou” (Jo 7.33). “Vou para o Pai” 
(Jo 14.28; 16.5; 17.11. Veja também Jo 13.33 e 6.62). Jesus disse que se 
assentaria à direita de Deus (cf. Mc 14.62).
7.3.2. A ASCENSÃO
Foi Deus quem, pelo seu poder, o fez subir (cf. Ef 1.20). Quarenta 
dias após a ressurreição (cf. A t 1.3), à vista de seus discípulos (cf. Mc
7 6
( ' .K i s r o u x i iA - A Doutrina de C risto
16.19; Lc 24.51), enquanto os abençoava (cf. Lc 24.50), Ele subiu 
numa nuvem (cf. Lc 24.51) e foi recebido em cima (cf. A t 1,3) como 
o Rei da glória (cf. SI 24-7'10). Ele subiu como “Filho do homem" (cf. 
Mc 14.62), isto é, com o seu corpo humano glorificado. Glória a Jesus!
7 .3 .3 . J e s u s n o s c é u s
Jesus, ao voltar para o céu, foi coroado de honra e de glória (cf. Hb 
2.7). Recebeu a glória que possuía antes que o mundo existisse (cf. Jo 
17.5), cujo esplendor Ele aniquilou para vir a esta terra (cf. Fp 2.6-8). 
Ele foi exaltado soberanamente (cf. Fp 2.9). Como se expressou esta 
exaltação?
• Jesus se assentou à destra de Deus (cf. Mc 16.19; At 2.33; 1 Pe 
3.22; Rm 8.34; Mt 22.43-45; C l 3.1; Hb 1.3; 8.1; 10.12; 12.2). Ele disse: 
“Venci e me assentei com meu Pai no seu trono” (Ap 3.21).
• Deus lhe deu poder e domínio sobre todo o principado, poder, 
potestade e domínio (cf. Ef 1.21), e sujeitou todas as coisas aos seus pés 
(c f.E fl.22 ).
• Deus lhe deu um nome que é sobre todo o nome (cf. Fp 2.9,10). O 
mesmo nome “Jesus”, que Ele recebeu quando nasceu como homem (cf. 
Mt 1.21; Lc 1.31), foi agora elevado para ser sobre todo o nome. Deus 
ligou ao nome de Jesus o poder de toda a obra redentora na cruz. Agora 
a salvação é oferecida aos que invocarem o nome de Jesus (cf. A t 4.12; 
Lc 24.47; Rm 10.13).
Quando Jesus subiu, levou “cativo o cativeiro” (cf. SI 68.18; Ef 4.8). 
Aqui se fala dos crentes, desde Abel até o tempo de Cristo, os quais 
morreram na fé, sem ainda terem recebido a promessa (cf. Hb 11.13). 
Eles haviam crido em Deus através do sacrifício do pecado. Embora os 
tais sacrifícios não tirassem o pecado (cf. Hb 9.13; 10.4), Deus, contu­
do, na sua paciência, os aceitou por conta da remissão que Cristo have­
ria de fazer na consumação dos tempos (cf. Hb 9.15; Rm 3.25,26). Por 
isso, até que essa remissão fosse consumada, todos eles estavam cativos 
por Satanás na parte do Hades chamada “seio de Abraão” (parte reser­
77
T EOLOGiA Sistemática
vada para os espíritos dos crentes). Mas, quando Jesus consumou a sal­
vação na cruz, resgatou toda a dívida, inclusive a dos tempos do Antigo 
Testamento. Assim, aniquilou o que tinha o império da morte, o Diabo 
(cf. Hb 2.14), e colocou os crentes do Antigo Testamento em pé de 
igualdade com os do Novo Testamento. Agora Ele os levou para o Para­
íso nos céus, também chamado “o terceiro céu” (cf. 2 Co 12.1-3).
Quando Jesus foi elevado, foi constituído cabeça da Igreja (cf. Ef 
1.22,23). A Igreja é a casa de Deus, a coluna e firmeza da verdade (cf. 
1 Tm 3.15). Assim, Jesus, do céu, cuida da sua Igreja. Ele lhe dá os dons 
do Espírito Santo (cf. 1 Co 12.7-11). Ele dá também os ministérios (cf. 
Ef 4.11-13), pelos quais dirige e edifica a sua Igreja. Ele também confir­
ma a palavra que os seus servos falarem em seu nome (cf. Mc 16.20; At 
14.1-3), e dirige-os na evangelização do mundo (cf. Mt 28.18-20; Mc 
16.15). Ele intercede pelos crentes (cf. Hb 7.25; Rm 8.34).
Subindo ao céu, Jesus recebeu do Pai a promessa do Espírito Santo 
(cf. A t 2.32,33). De acordo com a sua promessa, após a sua glorificação 
mandou o Espírito Santo (cf. Jo 7.38,39; 16.7-15; Lc 24-49). Derramou 
então o seu poder sobre os discípulos, que no cenáculo buscavam o ba­
tismo no Espírito Santo (cf. A t 2.1-4). Mas a Palavra de Deus assegura 
que essa bênção é para “tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” 
(cf. A t 2.39).
N a sua ascensão foi confirmada a promessa da sua vinda (cf. A t 1.11). 
Jesus voltará da mesma maneira que subiu ao céu.
7 8
C. A P f T T T . T . O 4
Pneumat o lo a a
A Doutrina do Espírito Santo
T EOLOGiA S istemática
1. Introdução
E absolutamente necessário conhecer o que a Bíblia ensina so- 
bre o Espírito Santo. A falta de conhecimento desta doutrina tem 
causado grande prejuízo espiritual na vida de muitos. Jesus disse: 
“Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (M t 
22.29). Muitos hoje dizem a respeito do Espírito Santo: “Nós nem 
ainda ouvimos que haja Espírito Santo” (A t 19.2). Paulo escreveu 
acerca dos dons espirituais: “N ão quero, irmãos, que sejais ignoran­
tes” (1 C o 12.1). Por que é tão necessário que conheçamos também 
o Espírito Santo?
1.1. Porque o Espírito Santo é D eus
A Palavra de Deus diz: “Conheçamos e prossigamos em conhecer o 
Senhor” (Os 6.3). Jesus disse que o conhecer a Deus também deve in­
cluir o conhecer a Jesus Cristo, a quem Deus enviou (Jo 17.3), e Ele 
falou do “Espírito Santo que o Pai enviará...” (Jo 14.26). Conhecer a 
Deus é conhecer toda a Trindade, porque o Pai, o Filho e o Espírito 
Santo são um (1 Jo 5.7).
1.2. Porque estamos em sua dispensação
Devemos aprender a conhecer o Espírito Santo porque vivemos na 
dispensação do Espírito (cf. 2 Co 3.6-8). Assim como Deus é eterno (cf. 
SI 90.2) e o Filho é eterno (cf. Jo 1.1), também o Espírito o é (cf. Hb
9.14). Ele sempre tem existido ao lado de Deus e do Filho, cooperando 
na grande obra que Deus tem feito e continua a fazer. Podemos distin­
guir três diferentes dispensações, nas quais Deus tem operado de modo 
diferente em cada uma.
1.2.1. A DISPENSAÇÃO DO PAI
Em todo o tempo do Antigo Testamento, vemos de modo nítido que 
o próprio Deus sempre estava à frente de tudo. Sempre lemos: Deus 
falou, Deus fez, Deus viu, etc. A o lado dEle operava também o Filho (cf. 
C l 1.18) e o Espírito Santo (cf. G n 1.2; 6.3; Ne 9.20).
8 0
Pneumatolocia - A Doutrina do Espírito Santo
1.2.2. A D1SPENSAÇÃO DO FlLHO
Começou quando Jesus se fez homem e apareceu no cenário des­
te mundo. Deus então falou pelo Filho (cf. Hb 1.1; Jo 3.2; 14.9 
etc.). Ele lhe entregou todo o juízo (cf. Jo 5.22) e pôs tudo nas suas 
mãos (cf. Jo 3.35). Ensinou ao Filho o que devia falar ao mundo 
(cf. Jo 8.28; 12.50). N a cruz do Calvário, Jesus consumou a obra 
para a qual havia sido enviado (cf. Jo 19.30; Hb 2.9), e tornou para 
o céu (cf. Jo 16.28; 13.3), onde está “à destra de Deus, interceden­
do por nós” (cf. Hb 7.25; Rm 8.34). Durante essa dispensação tam­
bém o Pai opera, porque a Bíblia diz: “Deus estava em Cristo re­
conciliando consigo o mundo” (2 C o 5.19). O Espírito operava com 
Jesus como sendo o poder pelo qual Ele, como homem, podia reali­
zar a sua obra (cf. Hb 9.14).
1.2.3. A DISPENSAÇÃO DO ESPÍRITO
Começou quando Jesus chegou ao céu, após a sua ascensão, e 
enviou o Espírito San to ao mundo (cf. A t 2 .32,33) para ficar 
conosco (cf. Jo 14.16), e não como no tempo do Antigo Testamen­
to, quando o Espírito Santo somente se manifestava esporadica­
mente (cf. 1 Sm 10.10; 16.13; Nm 11.25; M q3 .8 , etc.). Ele anun­
cia as coisas de Deus (cf. Jo 16.15). Nessa dispensação, tanto Deus 
quanto o Filho operam através do Espírito Santo (cf. A t 14.27; 
21.19; 14.3, etc).
A própria Bíblia focaliza três fases:
• No Antigo Testamento vemos Deus agindo, falando, guiando e 
operando.
• Os Evangelhos focalizam Jesus como o Salvador que ensinou o 
caminho da salvação e, depois, com a sua vida entregue à morte, ga­
nhou a eterna salvação.
• Nos Atos dos Apóstolos e nas epístolas a atenção é fixada no Espí­
rito Santo, quando Ele é aplicado à obra de Cristo e faz com que a vida 
espiritual se aperfeiçoe.
81
T eolocia Sistemática
1.3. Porque nos últimos dias D eus derramará o Espírito Santo 
SOBRE TODA A CARNE (A t 2.17)
Embora o Espírito Santo venha operando desde o dia de Pentecostes, a 
palavra profética prevê um derramamento ainda maior nos últimos tempos.
Quando o apóstolo Pedro,no dia de Pentecostes, explicou o milagre 
do derramamento do Espírito Santo, disse: “Mas isto é o que foi dito 
pelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu 
Espírito derramarei sobre toda a carne” (At 2.16,17).
Enquanto o profeta Joel profetizou: “Derramarei o meu Espírito”, 
Pedro disse no dia de Pentecostes: “do meu Espírito”, revelando assim o 
que a palavra profética prevê: um derramamento ainda mais poderoso e 
pleno. E esse derramamento coincide com a restauração de Israel e a sua 
remissão como povo de Deus (cf. Rm 11.12). Isso acontecerá quando 
Cristo voltar em glória, para estabelecer o seu reino milenar (cf. Ap 
19.11-15; 20.1-4). Então o Espírito Santo operará de modo absoluto e 
pleno e a terra se encherá da glória do Senhor, como as águas cobrem o 
mar (cf. Hc 2.14; Is 11.2; 32.15; 59.19; 44.3; Zc 12.10, etc.).
E uma coisa digna de observar que, exatamente quando o Espírito 
Santo, no início do século passado, começou a operar o cumprimento 
da profecia sobre a restauração nacional de Israel (cf. Ez 37.4-8), deu-se 
início o maior derramamento do Espírito da história da Igreja. Como 
resultado desse derramamento, existem hoje dezenas de milhões de cren­
tes pentecostais espalhados pelo mundo inteiro.
Diversas evidências falam que Deus ainda tem muitas bênçãos para o 
seu povo. Uma renovação espiritual maior está por vir! E, portanto, 
indispensável conhecer a doutrina sobre o Espírito Santo. Que o estudo 
aqui apresentado possa aumentar o conhecimento tanto da pessoa do 
Espírito Santo como das suas diferentes operações e manifestações!
2. O Espírito S anto É Deus
O Espírito Santo não é simplesmente uma influência benéfica ou um 
poder impessoal. É uma pessoa, assim como Deus e Jesus o são.
8 2
Pneumatolocia - A Doutrina do Espírito Santo
2 .1 .0 Espírito Santo é chamado D eus (A t 5 .3 ,4) e Senhor 
(2 C o 3.18)
Quando Isaías viu a glória de Deus (cf. Is 6.1-3), escreveu: “Ouvi a 
voz do Senhor,... vai e diz a este povo” (Is 6.8,9). O apóstolo Paulo citou 
essa mesma palavra e disse: “Bem falou o Espírito Santo a nossos pais 
pelo profeta Isaías dizendo: Vai a este povo” (cf. A t 28.25,26). Com 
isso, Paulo identificou o Espírito Santo com Deus.
2.2. O E spírito S anto faz parte da Santíssima T rindade
Ele é mencionado junto com o Pai e o Filho (cf. Mt 28.19; 2 Co 
13.13) e a Bíblia afirma que os três são um (1 Jo 5.7). Assim, há “um só 
Espírito” (Ef 4-4); “um só Senhor” (Ef 4 5); e “um só Deus e Pai de 
todos” (Ef 4.6). O Espírito é chamado “Espírito de Deus” (Rm 8.9); 
“Espírito do Pai” (Mt 10.20); “o Espírito de Cristo” (Rm8.9; 1 Pe 1.11); 
“o Espírito de Jesus” (At 16.7), indicando assim que Ele os representa e 
também age por Eles; quando o Espírito Santo opera, o Cristo vivo está 
presente (Jo 14.18).
2.3. A o Espírito Santo são atribuídas obras exclusivas da divin­
dade
Ele tomou parte ativa na criação em geral (cf. SI 104.30), na restaura­
ção do mundo após o caos (cf. Gn 1.2) e na criação especial do homem 
(cf. Jó 33.4). Ele inspirou a Palavra de Deus (cf. 1 Pe 1.11; 2 Pe 1.21).
2 .4 . A o Espírito Santo são atribuídas as características essen­
ciais DA DIVINDADE
Ele possui eternidade (cf. Hb 9.14), é onisciente (cf. 1 Co 2.10,11), 
onipresente (cf. SI 139.7-10) e onipotente (cf. Lc 1.35; 1 Co 12.11).
3. O Espírito S anto É uma Pessoa
3.1. A B íblia usa pronome pessoal em relação ao Espírito Santo 
“Quando Ele vier...” (cf. Jo 16.8,13; 14.26).
8 3
T EOLOGiA Sistemática
3.2. A B íblia dá ao Espírito Santo atributos de personalidade 
Ele tem vontade: “O mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo
particularmente a cada um como quer” (1 Co 12.11; cf. Jo 3.8). Ele tem 
conhecimento: “Ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus” 
(I Co 2.11). Ele tem sentimento: “Não entristeçais o Espírito Santo de 
Deus” (Ef 4-30). Ele ama: “Rogo-vos... pelo amor do Espírito” (Rm 15.30).
3 .3 . A B íblia atribui ao E spírito Santo atividades pessoais
“Ele vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar” (Jo 14.26, grifo 
nosso); “O Espírito penetra todas as coisas” (1 Co 2.10, grifo nosso); 
“O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito” (Rm 8.16, grifo nos­
so); “O Espírito diz às igrejas” (Ap 2.7; 3.6, grifo nosso). A Bíblia fala 
dos que foram “enviados pelo Espírito Santo” (A t 13.4, grifo nosso) e 
dos que “são guiados pelo Espírito de Deus” (Rm 8.14, grifo nosso).
3.4. A B íblia descreve atitudes de homens para com o E spírito 
Santo
Usando expressões que se usam nas relações entre pessoas: “Ananias, 
por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito 
Santo?” (At 5.3, grifo nosso); “Se alguém falar contra o Espírito Santo” 
(Mt 12.32, grifo nosso); "... fizer agravo ao Espírito Santo” (Hb 10.29).
O Espírito Santo é uma pessoa, é Deus; portanto, sejamos santos como 
Ele é santo.
4 . 0 E s p í r i t o S a n t o a t r a v é s d o s s e u s N o m e s
A Bíblia registra vários nomes do Espírito Santo, os quais expressam 
algumas das diferentes características que Ele possui. Por meio desses no­
mes, podemos penetrar no conhecimento sobre a sua natureza e também 
compreender algo da obra que Ele quer fazer em nós e por nós.
4 .1 . N omes que expressam a natureza do E spírito Santo 
4.1.1. Espírito Santo (cf. Ef 1.13)
Assim como Deus é santo (cf. 1 Pe 1.16) e Jesus é santo (cf. At 2.2 7),
84
Pneumatologia - A Doutrina do Espírito Santo
também o Espírito o é. Por isso, lemos em Isaías 6.3 a respeito do Deus 
três vezes santo: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos”. O 
Espírito Santo revela a santidade de Deus (cf. Êx 3.5) e transmite aos 
homens o poder santificador (cf. Rm 1.4; 2 Ts 2.13).
4.1.2. E s p ír it o d a v e r d a d e ( c f . Jo 16.13)
Assim como Deus é a verdade (cf. Jr 10.10) e Jesus é a verdade (cf. Jo
14.6), também o Espírito o é (cf. 1 Jo 5.6). Ele veio para nos guiar em 
toda a verdade (cf. Jo 16.13). Ele revela a verdade sobre Jesus (cf. Jo
16.14) e também sobre nós (cf. SI 51.6; Jo 16.8-10).
4.1.3. E s p ír it o d e a m o r ( c f . 2 T m 1.7)
Assim como Deus é amor (cf. 1 Jo 4.8) e Jesus é amor (cf. Ef 3.19; Jo 
15.13), também o Espírito o é (cf. Rm 15.30). Ele transmite o amor de 
Deus aos nossos corações (cf. Rm 5.5).
4.1.4. E s p ír it o d e p o d e r (2 T m 1.7, V e r s ã o R e v is a d a )
“O poder pertence a Deus” (Sl 62.11). Por meio de Cristo esse poder 
está ao alcance dos que crêem (cf. 1 Co 1.24). Por meio do Espírito 
Santo esse poder nos é dado (cf. A t 1.8), e ficamos em contato com 
aquEle que diz: “Eu sou o Senhor que faço todas as coisas” (Is 44.24), e 
para quem “nada é impossível” (Lc 1.37).
4.1.5. E s p ír it o d e s a b e d o r ia e d e r e v e l a ç ã o ( E f 1.17)
A onisciência do Espírito Santo (cf. 1 Co 2.10,11) é também mani­
festada através do seu nome. Ele nos une a Cristo, em quem estão escon­
didos todos os tesouros da sabedoria e da ciência (cf. Cl 2.2,3). Jesus foi 
feito sabedoria por nós (cf. 1 Co 1.30), e pelo Espírito Santo nos é dado 
conhecer até as profundezas de Deus (cf. 1 Co 2.10-12).
4.2 . N omes que expressam a obra do Espírito Santo
A Bíblia diz: “O Espírito ajuda as nossas fraquezas” (Rm 8.26). Ele está 
com o povo de Deus para, através dos méritos de Jesus, ajudar-nos em todos os 
transes da vida, bem como em tudo que Deus quer que façamos em sua obra.
8 5
T EOLOGiA Sistemática
4.2.1. Espírito da graça ( c f . H b 10.29; Zc 12.10)
O Espírito apresenta Jesus Cristo como crucificado (cf. G16.14), glo- 
rificando-o (cf. Jo 16.14) e testificando da sua graça (cf. Hb 10.14,15; 
Rm 3.24; T t 3.5-7).
4.2.2. Espírito d a vida ( c f . Rm 8.2)
Quando o Espírito Santo nos leva a Cristo e à sua graça, então o homem 
experimenta o grande milagre da sua vida: nasce de novo pelo Espírito (cf. 
Jo 3.6) e poderá agora reinar em vida, por um só Jesus Cristo (cf. Rm 5.17).
4.2.3. Espírito d e a d o ç ã o d e filhos (cf. Rm 8.15)
Quando o pecador recebe a Jesus e nascede novo (cf. Jo 1.11-13), 
recebe, pelo Espírito Santo o espírito de adoção de filhos, pelo qual cla­
ma “Aba, Pai” (cf. Rm 8.15; G 14.6).
4.2.4. Espírito d a fé ( c f . 2 C o 4.13)
O Espírito Santo é quem opera avivando a nossa fé e transmitindo ao 
nosso coração “a palavra da fé” (cf. Rm 10.8), fazendo com que a nossa fé 
não se apóie na sabedoria humana, mas no poder de Deus (cf. 1 Co 2.5). 
Quando o crente é corroborado pelo poder do Espírito Santo no seu inte­
rior, experimenta que Cristo habita pela fé no seu coração (cf. Ef 3.16,17). 
E assim que fica cheio de fé (cf. At 6.5; 11.24; Nm 14-24 etc.)
4.2.5. Espírito de súplicas (cf. Zc 12.10)
O Espírito Santo purifica maravilhosamente as nossas orações. Ele 
tanto ora em nós (cf. Rm 8.26,27) como também é a força da nossa 
oração. Podemos, assim, orar em espírito (cf. 1 Co 14-15; Jd 20). Como 
o fogo fazia o incenso subir em cheiro agradável ao Senhor (cf. Ex 30.7), 
assim o fogo do Espírito Santo faz com que a nossa oração suba ao Se­
nhor com poder (cf. SI 141.2; Tg 5.15).
4.2.6. E s p ír it o d a g l ó r i a d e D e u s ( c f . 1 P e 4.15)
O Espírito Santo é uma expressão da glória celestial (cf. 2 Co 3.18). Ele 
também revela a glória que se há de seguir (cf. 1 Pe 1.11), e as riquezas da
8 6
Pneumatologia - A Doutrina do Espírito Santo
glória da sua herança nos santos (cf. Ef 1.17,18; Cl 1.27). O Espírito Santo 
faz abundar a esperança (cf. Rm 15.13) da vinda de Jesus, que é “o apareci­
mento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.13).
4.2.7. C o n s o l a d o r ( c f . Jo 14.26; 15.26; 16.7)
Esse nome expressa que o Espírito Santo transmite aos homens a 
consolação da parte de Deus, “o Pai das misericórdias e o Deus de toda 
consolação” (2 Co 1.3).
4.2.8. E spírito da promessa (cf. Ef 1.13; A t 1.4,5)
Esse nome traz aos nossos corações a certeza de que tudo que o Espírito 
Santo realiza é oferecido a todos, pois “a promessa vos diz respeito a vós, a 
vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso 
Senhor, chamar” (At 2.39). Jesus deseja batizar todos com o Espírito Santo, 
para que sejam beneficiados com a plenitude das operações do Espírito.
5. S ímbolos d o Espírito S anto
Um símbolo é um tipo, um elemento importante que representa al­
guma coisa por semelhança, e sobre ela traz esclarecimentos.
5.1. N a B íb l ia e x is t e m v á r io s s ím b o l o s d o E s p ír it o S a n t o
Jesus usou, no ensino sobre o Espírito Santo, vários símbolos. Ele 
falou de “rios de água viva” (Jo 7.37-39); disse: “Vim lançar fogo na 
terra” (Lc 12.49), “O vento assopra onde quer” (Jo 3.8). Falando da sua 
experiência com o Espírito Santo, afirmou: “O Espírito do Senhor é 
sobre mim, pois que me ungiu” (Lc 4.18). Falou ainda da necessidade de 
levar azeite nas vasilhas (Mt 25.2-4). Quando Jesus foi batizado nas águas, 
o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea de uma pomba (cf. 
Lc 3.22; Jo 1.33).
O médico Lucas, autor dos Atos dos Apóstolos, usou, quando escre­
veu sobre o milagre do Pentecostes, dois símbolos: o vento (cf. A t 2.2) e 
as “línguas de fogo” (cf. A t 2.3).
87
T eolocia Sistemática
O profeta Joel, quando profetizou sobre o derramamento do Es­
pírito, usou como símbolo a chuva (cf. J1 2.23). Quando o rei Davi 
profetizou sobre o derramamento do Espírito Santo na Igreja, o corpo 
de Cristo, usou dois símbolos: “o óleo precioso” e “o orvalho” (cf. 
SI 133.2,3).
5.2. A FINALIDADE DO USO DOS SÍMBOLOS
Por meio dos símbolos do Espírito Santo podemos focalizar importan­
tes detalhes sobre sua pessoa e sua obra. Através desses símbolos vemos 
salientadas a limitação humana e a absoluta dependência que temos da 
operação do Espírito Santo, enxergamos o seu modo de ação, registramos 
a sua natureza inalterável, sua plenitude e, principalmente, as diferentes 
manifestações e maneiras de agir do Espírito sobre a vida de cada um.
O espaço limitado deste livro não permite estudo mais profundo des­
se assunto maravilhoso. A Bíblia, porém, está aberta para quem deseja 
estudar mais essa doutrina tão rica.
6. A s O bras do Espírito S anto
As obras do Espírito Santo provam a sua divindade, assim como as 
obras que Jesus realizou como homem comprovam que Ele é o Filho de 
Deus (cf. Jo 5.36; 10.25,38; 14.11). O Espírito Santo sempre opera em 
conjunto com a Trindade, pois é o ativador de todas as coisas. Veja­
mos aqui somente algumas dessas obras, pois é inteiramente impossí­
vel estudar todas.
6 .1 . A o b r a d o E s p ír it o S a n t o n a p e s s o a d e J e s u s
• O Espírito Santo renovou e vivificou, através dos séculos, a pro­
messa de Deus de enviar o Messias (cf. Gn 3.15; 1 Pe 1.9-11).
• O Espírito Santo operou ativamente na encarnação de Jesus (cf. 
Lc 1.35; Mt 1.20).
• O Espírito Santo guardou, por meio de uma divina revelação, a 
vida de Jesus quando Herodes queria matá-lo (cf. Mt 2.12).
8 8
Pneumatolocia - A Doutrina do Espírito Santo
• O Espírito Santo revelou a Simeão que Jesus era o Messias (cf. Lc 
2.25-29).
• O Espírito Santo revestiu Jesus com poder para que exercesse o seu 
ministério (cf. Lc 3.22), selando-o (cf. Jo 6.27) e ungindo-o (c f Lc 4-18). 
Guiou-o (c f Lc 4.14) e operou maravilhas e sinais por meio dele (c f Lc 
5.17; 6.19; Mt 12.28).
• O Espírito Santo operou na vida de Jesus uma renúncia total (c f 
Hb 9.14), dando-lhe força para, voluntariamente, se oferecer em sacrifí­
cio (c f Ef 5.2).
• O Espírito Santo operou na ressurreição e ascensão de Jesus (c f 
Rm 8.11; Ef 1.20).
6.2 . O Espírito Santo opera, aplicando a obra de C risto para
RESTAURAÇÃO DO HOMEM
Toda a Trindade operou e opera na salvação do homem. Deus Pai 
deu o seu Filho unigénito (c f Jo 3.16), e “estava em Cristo, reconci­
liando o mundo consigo” (c f 2 C o 5.19). O Filho deu-se a si em 
sacrifício (c f Ef 5.2), sendo a causa de eterna salvação (c f Hb 5.9). 
O Espírito Santo aplica essa salvação na vida dos homens. Jesus dis­
se: “Há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (Jo 16.15). 
Assim, o Espírito Santo opera no sentido de que, por meio da salva­
ção, haja uma total restauração de todo o estrago que o pecado cau­
sou na vida do homem, seja no seu espírito, na sua alma ou no seu 
corpo.
6.2 .1 .0 Espírito S anto vivifica o espírito do homem
Pelo pecado o homem é separado de Deus (c f Is 59.2) e o seu espírito 
é morto (c f Ef 2.1-3; Lc 15.32; C l 2.13), completamente destituído de 
poder para exercer a função de ser o meio de contato com Deus. O Espí­
rito Santo chama o pecador (c f Ap 22.1) despertando o seu espírito (cf. 
Ed 1.1), dando-lhe a certeza da salvação (cf. Rm 8.16), a qual faz com 
que ele agora clame “Aba, Pai” (Rm 8.15; cf. G1 4-6). O espírito do 
homem, agora iluminado, pode ver a glória de Deus (cf. 2 Co 4-6; Mt
5.8) e experimentar a santificação (cf. 2 Co 3.18).
8 9
T EOLOGiA Sistemática
6.2 .2 .0 E s p ír it o S a n t o o p e r a p a r a a s a l v a ç ã o d a a l m a
A alma do homem ficou também sob a influência do pecado. O seu 
sentimento ficou obscurecido (cf. Ef 4.18), a sua vontade tomou-se má 
(cf. Jo 3.19), e o seu sentimento angustiado, sem paz (cf. Rm 7.24; Is 
57.21). Porém, pela lavagem e renovação do Espírito Santo (cf. T t 3.5) 
e vivificação da Palavra (cf. Jo 6.63), a sua alma é salva (cf. Tg 5.20). O 
seu entendimento ficou esclarecido (cf. 2 Co 4.6), a sua vontade, incli­
nada a fazer a vontade de Deus (cf. Hb 13.21; Mt 6.10), e o seu senti­
mento, cheio de júbilo e alegria (cf. SI 51.12; Rm 2.10).
6.2.3. O E s p í r i t o S a n t o o p e r a a r e s t a u r a ç ã o d o c o r p o d o h o m e m
Ele proporciona a salvação para o corpo. Pelo pecado o corpo ficou 
contaminado (cf. Tg 3.6) e se tomou um instrumento de iniqüidade 
(cf. Rm 6.13). Pela operação do Espírito Santo na regeneração (cf. Jo
3.8), o homem se tomou uma nova criatura, e tudo ficou novo (cf. 
2 Co 5.17). O corpo não serve mais ao pecado (cf. Rm 6.16,18,19), 
masserve ao Senhor no espírito (cf. Fp 3.3), como instrumento de 
justiça (cf. Rm 6.13).
O Espírito Santo opera, ainda, transmitindo poder para a cura do 
corpo. Pelo pecado entrou a morte no mundo (cf. Rm 5.12; Gn 3.19), e 
com a morte veio a doença e a dor, que constituem o início da morte. 
Muitas doenças são originadas pelo pecado (cf. Jo 5.14; SI 38.1-10; Pv 
14.30). Jesus levou as nossas enfermidades na cruz (cf. Is 53.4; Mt 8.14- 
17; 1 Pe 2.24). O Espírito Santo opera transmitindo esse poder para a 
cura das enfermidades, bênção que faz parte da salvação completa!
Quando o Espírito Santo operou no ministério de Jesus, então mui­
tos doentes foram curados (cf. Lc 5.17; 6.19). Aconteceu também nos 
dias dos apóstolos (cf. A t 4.30,31; 5.12-16, etc.). Jesus ainda hoje é o 
mesmo (cf. Hb 13.8), e o Espírito Santo também (cf. 1 Co 12.4) e, por 
isso, opera da mesma maneira também.
6.3. O Espírito Santo transmite a natureza divina pelo fruto 
do Espírito
Uma das grandes obras do Espírito Santo é a de transmitir ao 
homem toda a plenitude de Deus (cf. Ef 3.16-19). A natureza per­
9 0
Pneumatolocia - A Doutrina do Espírito Santo
feita de Deus faz parte dessa plenitude. Pelo fruto do Espírito, essas 
virtudes se manifestam na vida do crente.
6.3.1. O fr u t o do E sp ír it o é u m a m a n ifest a ç ã o d a n a tu r ez a de 
C r ist o
O alvo da salvação é restaurar o homem à imagem de Cristo (cf. 
Rm 8.29; C l 3.10). Pelo pecado, ele perdeu a glória da imagem de 
Deus (cf. Rm 3.23), e ficou escravizado debaixo do poder da carne, 
isto é, da sua velha natureza, a qual se manifesta pelas “obras da carne” 
(cf. G 15.19-21). A carne afasta o homem da vontade de Deus (cf. Rm 
8.5-8) e o faz obedecer ao Inimigo (cf. Ef 2.1-3). A salvação faz o ho­
mem participante da natureza divina (cf. 2 Pe 1.4), porque Cristo ago­
ra é a sua vida (cf. C l 3.4), e a “sua velha natureza” foi crucificada com 
Cristo, que agora vive nele (cf. G1 2.20). “O molde” dessa nova vida é 
o exemplo que Jesus nos deixou registrado na Bíblia (cf. 1 Pe 2.21; Jo 
13.15; 1 Jo 2.6; 1 Co 11.1).
O Espírito Santo faz que, por meio do fruto do Espírito, as virtudes de 
Cristo apareçam “para que a vida de Jesus se manifeste também em nos­
sos corpos” (cf. 2 Co 4.10), “até que Cristo seja formado em vós” (G1 
4.19). A Bíblia mostra que quando há abundância da operação do Espí­
rito, então os frutos infalivelmente aparecem (cf. Jr 17.8; SI 1.3). Quan­
do o Espírito Santo glorifica a Jesus (cf. Jo 16.14) na vida do crente e a 
sua comunhão com Ele se tomar mais íntima, então se cumpre a palavra 
de Jesus: “Quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto” (Jo 15.5). 
É o fruto do Espírito que então aparece, e a natureza e as virtudes de 
Cristo se reproduzem na vida do crente.
6 .3 .2 .0 fr u to do Espírito produz sa n tific a ç ã o
O Espírito Santo ajuda o crente a entregar-se inteiramente ao Senhor, 
para assim dominar a sua velha natureza (cf. G15.16,17). O fruto do Espí­
rito se manifesta, então, livremente na sua vida, para que “todo o vosso 
espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis” 
(1 Ts 5.23); “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que 
vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus”
91
T EOLOGiA Sistemática
(cf. Mt 5.16). É o fruto da santificação que se manifesta (cf. Rm 6.22). 
Assim, “não são as boas obras que fazem o homem bom, mas o homem 
bom faz as boas obras” (Lutero). O Senhor espera frutos na nossa vida (cf. 
Ct 6.11; 7.13). Que os tenhamos para lhe oferecer (cf. Ct 4.16).
6.3.3. A B íblia fala “do fr u to ” e n ã o “ dos fr u to s” do Espírito
O fruto do Espírito representa nove diferentes valores. Em Gálatas 
5.22, encontramos essas nove virtudes: caridade, gozo, paz, longanimidade, 
benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança, todas elas dentro do 
fruto do Espírito. O mesmo fato aparece em 1 Coríntios 13.4-8, onde se 
fala de várias virtudes espirituais, todas vinculadas à caridade. “A carida­
de é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não trata 
com leviandade”, etc. Aqui se esconde uma realidade muito importante.
Todas as virtudes espirituais têm na caridade a sua origem. A Bíblia 
diz: “Deus é caridade” (1 Jo 4.8), isto é, a caridade constitui a própria 
essência do eterno Deus. Dessa maneira podemos compreender que as 
virtudes apresentadas em Gálatas 5.22 e 1 Coríntios 13.4-8 têm, todas 
elas, a sua origem na caridade. São como uma laranja composta de dife­
rentes gomos, os quais, juntos, formam a laranja. Não se trata de diferen­
tes flores (virtudes) que, juntas, formam um ramalhete, mas de uma só 
flor, com nove pétalas distintas e desiguais, mas que constituem uma mes­
ma flor. Assim, o fruto é a caridade, mas as outras virtudes são reflexos 
dela, isto é, uma caridade de gozo, cheia de paz, com muita longanimidade, 
bondade e fidelidade; uma caridade cheia de mansidão e benignidade e 
controlada com temperança. Graças a Deus!
6.3.4. U m a s ín t e s e so b r e a s v ir t u d e s q u e co m põ em o f r u t o do 
E sp ír it o
• Caridade. E a fonte divina de onde manam todas as virtudes espiri­
tuais. Deus é caridade (cf. 1 Jo 4.8). Quando Ele ama, há um transborda- 
mento da sua pessoa (cf. Ef 2.4; 2 Ts 2.16; 2 Co 9.7; Jo 13.1). Nós o 
amamos porque Ele nos amou primeiro (cf. 1 Jo 4.19). A salvação infla­
mou a chama do amor (cf. Lc 7.47), que vai aumentando (cf. 1 Ts 3.12; 
4-9,10; 2 Ts 1.3). Assim, o amor se toma uma evidência da salvação (cf.
9 2
Pneumat01.0CIA - A Doutrina do Espírito Santo
1 Jo 3.14; 4-7). Pela operação do Espírito, esse amor aumenta (cf. Rm 
5.5; Ef 3.16,18,19; 2 Tm 1.7) e aparece como “fruto”, pelo qual amamos 
a Deus (cf. 1 Pe 1.8). Como a noiva ama o noivo e faz a sua vontade (cf. 
Jr 2.2; C t 1.4), nós queremos fazer a vontade de Deus (cf. Jo 14.15,23; 
15.10,14; 1 Jo 5.2,3), para cumprir a lei da liberdade (cf. Tg 1.25; Rm 
8.4; 13.7-10), agradando a Deus em tudo (cf. 2 Co 5.9; Rm 14.18). Esse 
amor leva o homem a fazer como Jesus fez (cf. Ef 5.2; Jo 3.16), entregan- 
do-se a si mesmo a Deus (cf. 1 Jo 3.16; Jo 21.15-17) para salvação dos 
pecadores (cf. 2 Co 5.14,15; 1 Co 9.19-23; Rm 10.1,2) e conservação 
dos crentes (cf. 1 Ts 2.8-11; 2 Co 12.15). O amor é um rio que liga as 
relações entre os crentes para os aperfeiçoar (cf. Cl 3.14; 2.2; G1 5.13; 
Fp 2.4), estreitando o seu relacionamento até com os que são inimigos 
(cf. Lc 23.34; At 7.60; Lc 6.27-30; Rm 12.20).
• Gozo. Faz parte da perfeição divina. Deus é bem-aventurado (cf. 
1 Tm 1.11); Jesus se alegrou (cf. Lc 10.21; Hb 12.2). O Reino de Deus 
é alegria (cf. Rm 14.17). Essa alegria nasce no crente como uma obra 
da graça (cf. 2 Co 8.1,2). A salvação traz alegria (cf. A t 8.8; 16.34), 
porque a ira de Deus cessou e os nossos nomes estão escritos no livro 
da vida (cf. Lc 10.20). O Espírito Santo aumenta esse gozo através do 
fruto do Espírito (cf. G15.22), porque o gozo e o Espírito Santo andam 
juntos (cf. A t 13.52; 1 Ts 1.6; Hb 1.9; SI 16.11). Permanecendo em 
comunhão com Jesus, esse gozo se toma completo (cf. Jo 15.11) econs- 
titui a base que forma a maravilhosa comunhão entre os crentes (cf. 
Rm 12.15; 1 Co 12.26).
• Paz■ O Reino de Deus é paz (cf. Rm 14.17) porque Deus é “Deus de 
paz” (Fp 4-9; cf. 2 Ts 3.16). É Ele quem nos dá “a paz de Deus” (cf. Cl 
3.15). Jesus, o Príncipe da paz (cf. Is 9.6), comprou essa paz na cruz (cf. 
Ef 2.14; C l 1.19,20). Por isto a graça e a paz andam juntas (1 Co 1.3; 2 
Co 1.2; T t 1.4). O Espírito Santo faz aumentar essa paz (Rm8.6; Ef4 3). 
A paz pode ser um rio (Is 48.18), e ser multiplicada (1 Pe 1.2; Jd 2), uma 
paz que excede todo entendimento (Fp 4.7). E pela salvação que a paz 
entra na vida do crente (Rm 5.1; Mt 11.29; Ef 2.14). Confiando no 
Senhor (Is 26.3) e andando conforme a Palavra (G1 6.16), essa paz 
permanecerá. A paz dá ao crente condição de viver em paz com todos
93
T EOLOCiA S istemática
(1 Ts5.13; Hb 12.14), pois ele é dominado pela paz (C l 3.15). A paz na 
igreja (At 9.31) é um segredo do progresso (SI 122.6,7). A paz faz do 
crente um pacificador (Mt 5.9; Pv 15.18; 16.14).
• Longanimidade. E possuir “ânimo longo”, apesar das circunstâncias 
adversas, em lugar de ter “ânimo precipitado” (Pv 14.29), seu antônimo. 
Deus é longânimo (cf. Nm 14.18). A Bíblia fala “da longanimidade de 
Deus” (cf. 2 Pe 3.15; 1 Pe 3.20) e das “riquezas da sua longanimidade” 
(cf. Rm 2.4). Deus é também chamado “o Deus de paciência” (Rm 15.5). 
Jesus mostrou toda a longanimidade para salvar Saulo (cf. 1 Tm 1.16). E 
dessa fonte que o Espírito Santo transmite a longanimidade como fruto, 
pois “o amor de Deus está derramado em nossos corações” (Rm 5.5), e o 
amor nunca falha (cf. 1 Co 13.8). Essa virtude ajuda o crente tanto nas 
suas comunicações com os irmãos (cf. Ef 4.2), como no seu serviço (cf. 
2 Co 6.6; 2 Tm 4.2; Pv 15.18). É uma expressão do domínio próprio (cf. 
Pv 16.32) na hora do sofrimento (cf. Rm 12.15). Jesus experimentou 
isso (cf. 1 Pe 2.21-23). Paulo também era um exemplo (cf. 2 Tm 3.10).
• Benignidade. É uma virtude que nos dá condições de tratar os ou­
tros com carinho e meiguice. Deus é benigno (cf. Lc 6.35), isto é, a 
benignidade faz parte da sua própria substância. Por isso a Bíblia fala das 
riquezas (cf. Rm 2.4) e da grandeza (cf. SI 5.7) da sua benignidade, que 
se elevam até os céus (cf. SI 108.4). A Bíblia fala da benignidade de 
Jesus (cf. 2 Co 10.1). É dessa fonte que o Espírito Santo transmite a 
benignidade como fruto. Lemos em 2 Coríntios 6.6: “Na benignidade 
no Espírito Santo”. O Espírito Santo nos quer revestir dessa benignida­
de (cf. Cl 3.12,13) para uma vitória completa.
• Bondade. Deus é a fonte da bondade, porque Ele é bom (cf. N a 1.7; 
Ed 3.11), e toda dádiva dEle é boa (cf. Tg 1.17). O Espírito Santo trans­
mite essa virtude como um fruto, para que cada um, do bom tesouro do 
seu coração, possa tirar o bem (cf. Lc 6.45). Bamabé foi cheio do Espíri­
to Santo e, por isso, se tomou um homem bom (cf. A t 11.24). Ele dei­
xou um brilhante exemplo de como esse fruto se manifesta. O seu cora­
ção era aberto para ofertar (cf. A t 4 37; 2 Co 8.1-3). Ele viu a graça de 
Deus em operação (cf. A t 11.23) e, por isso, conseguiu ajudar a Saulo 
(cf. A t 9.26-28; 11.25,26). Todo aquele que possui esse fruto é feliz (cf.
9 4
Pneumatologia - A Doutrina do LspIrito Santo
Pv 1414), pois pode ser uma bênção para outros (cf. Rm 15.14) e até 
deixa uma herança para os seus descendentes (cf. Js 44.3), sendo capaz 
de sentir o favor de Deus (cf. Pv 12.2). Diante da eternidade será mani­
festado o fato de que Deus dá valor à bondade (cf. Mt 25.23).
• Fidelidade. Deus é fiel (cf. 1 Co 1.9; 1 Ts 5.24; 2 Co 1.18) como 
também Jesus o é (cf. Ap 19.11). A sua fidelidade sempre permanece (cf. 
2 Tm 2.13) na chamada (cf. 1 Co 1.9), no perdão (cf. 1 Jo 1.9), nas tenta­
ções (cf. 1 Co 10.13) e na santificação (cf. 1 Ts 5.23,24). Alcançamos 
misericórdia para sermos fiéis (cf. 1 Co 7.25). Pela operação do Espírito 
Santo essa virtude aparece como fruto que penetra até o nosso espírito 
(cf. Pv 11.30). Deus busca esse fruto entre o seu povo (cf. SI 101.6). A 
fidelidade é uma força nas nossas relações com Deus (cf. 2 Co 11.2) e com 
a sua Palavra (cf. 1 Tm 4.6; A t 5.29; Jo 14 23). A fidelidade é indispensá­
vel nas nossas atitudes para com a Igreja (cf. Hb 3.5) e os irmãos (cf. 2 Jo
5,6), e no nosso serviço (cf. 1 Co 4.2; 1 Tm 1.12; At 20.24). Sejamos fiéis 
até a morte para alcançarmos a coroa da vida (cf. Ap 2.10).
• Mansidão. E uma virtude amorosa, pela qual nos conservamos pa­
cíficos, com serenidade e brandura, sem alterações, quando nos con­
frontamos com coisas desagradáveis. Jesus, como homem, foi manso. A 
Bíblia fala da “mansidão de Cristo” (cf. 2 Co 10.1). Os profetas profeti­
zaram sobre a sua mansidão (cf. Is 53.7; Mt 21.5). Ele se conservava 
manso até diante de seu traidor (cf. Mt 26.50), e curou o moço que foi 
enviado para o prender (cf. Lc 22.51). Ele disse: “Aprendei de mim, que 
sou manso” (cf. Mt 11.29). Ele ensinou mansidão (cf. Lc 6.27-29). O 
Espírito Santo faz com que a mansidão apareça como fruto, sempre que 
o amor de Deus é derramado em nossos corações (cf. Rm 5.5). Então, “o 
espírito de mansidão” se manifesta (cf. 1 Co 4.21). Principalmente os 
servos de Deus devem possuir esse fruto (cf. Tg 3.13), revestindo-se de 
mansidão (cf. C l 3.12), pois é útil no serviço (cf. 2 Tm 2.25; T t 3.2; Ef 
4.2; G 16.1; 1 Pe 3.15).
• Temperança ou domínio próprio. Serve como “freio” (cf. Tg3.2), quan­
do a nossa própria vontade — ou egoísmo— quer prevalecer em oposição 
à vontade de Deus. Jesus “morreu por todos, para que os que vivem, não 
vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2
T eologia Sistemática
"imnTi riiiiwTiiríUTimiiiiiiirmin------------- ----- r .......................
Co 5.15). Ele mesmo deu exemplo disso, pois “não agradou a si mesmo” 
(Rm 15.3). O Espírito Santo faz aparecer essa virtude como fruto. Deus 
nos deu o espírito de moderação (cf. 2 Tm 1.7), que aparece como uma 
força contra a carne (cf. G15.17), fazendo o crente submeter-se à direção 
do Espírito (cf. G1 5.25). Assim, o crente subjuga o seu corpo (cf. 1 Co 
9.27) e governa o seu espírito (cf. Pv 16.20), disciplinando o seu coração 
(cf. Pv 23.12) para andar em Espírito (cf. G1 5.25). A temperança traz 
ricas bênçãos, pois ajuda o crente a rejeitar o mal (cf. SI 141.4; Dn 1.8) e 
lhe dá domínio próprio para não permitir que algo contra a vontade de 
Deus o domine (cf. 1 Co 6.12; 10.23). Com isso, o crente de tudo se 
abstém para alcançar uma coroa incorruptível (cf. 1 Co 9.25).
7. O Batismo no Espírito S anto
O Reino de Deus consiste em virtude (cf. 1 Co 4.20), pois é o domí­
nio do Deus Todo-poderoso (cf. Gn 17.1). Deus é a fonte de poder (cf. 
1 Cr 29.11; SI 62.11). Quando Deus, para libertar os homens do poder 
de Satanás (cf. A t 26.18) e da potestade das trevas (cf. C l 1.13), deu o 
seu Filho unigénito, esse, pela sua vitória na cruz do Gólgota (cf. C l 
2.14,15), foi feito poder de Deus (cf. 1 Co 1.24). O Evangelho, que fala 
dessa salvação, é também poder de Deus (cf. Rm 1.16). Quando alguém 
aceita a Jesus e crê na sua Palavra, recebe poder para ser feito filho de 
Deus (cf. Jo 1.12-14). A Bíblia revela que Deus tem preparado para os 
seus uma bênção de poder, a qual oferece a todos — o batismo no Espí­
rito Santo (cf. Lc 24-48,49; A t 1.4,5,8).
7.1. O b a t is m o n o E s p ír it o S a n t o é a p r o m e s s a d o P a i
Jesus comunicou aos seus discípulos, antes da sua morte, que recebe­
riam poder pelo batismo no Espírito Santo, que o Pai havia de enviar 
(cf. Jo 14.16,17,26; 15.26; 16.7,13). Por isso é uma bênção chamada “a 
promessa do Pai” (At 1.4,5; Lc 24.49).
Essa bênção prometida distingue-se da experiência da salvação. De­
vemos observar que Jesus ordenou aos seus discípulos que buscassem o
«ffl
96
Pneumatolocia - A Doutrina do EspIrito Santo
revestimento de poder pelo batismo no Espírito Santo (cf. Lc 24-49). 
Eles já eram crentes. Todas as vezes que a Bíblia fala sobre o recebimen­
to dessa bênção, menciona que os que a receberam eram crentes. Vemos 
as cinco referências nos Atos:
• Atos 2.1-4 — Todos os discípulos que estavam no cenáculo eram 
crentes.
• Atos 8.14,17 — Os que foram batizados no Espírito Santo eram 
novos crentes que acabavam de ser batizados nas águas.
• Atos 9.17 — Saulo era novo convertido, pois Ananias o chamou 
“irmão”.
• Atos 10.43-46 — Os que na casa de Comélio foram batizados no 
Espírito Santo eram novos na fé, cujos corações haviam sido purificados 
(cf. A t 15.9).
• Atos 19.1-6 — Os que em Efeso foram batizados no Espírito Santo 
eram crentes que antes não conheciam nem a doutrina sobre o batismo nas 
águas nem sobre o Espírito Santo. Logo depois de terem sido batizados nas 
águas, Jesus os batizou com o Espírito. Vemos assim que o batismo no Espí­
rito Santonão é uma coisa que automaticamente acompanha a salvação, 
nem algo que necessariamente acompanha o batismo nas águas (cf. At 8.16; 
19.5,6; 2.38), mas uma bênção distinta que Deus oferece aos crentes.
A Bíblia usa diferentes nomes sobre essa experiência. Vejamos:
7.1.1. Batismo no Espírito Santo (cf. Mt 3.11; A t 1.5; 11.16)
A palavra “batismo” tem o sentido de mergulho, imersão, o que real­
mente condiz com a maravilhosa experiência de submergir na plenitude 
do Espírito.
7.1.2. S er cheio do Espírito S anto (cf. A t 2.4; 4.8,31; 9.17)
O Espírito Santo já “habita” no crente, mas através do batismo “es­
tará nele” (cf. Jo 14.17). E a vida abundante (cf. Jo 10.10) que Jesus 
prometeu. Todo o templo do Espírito (cf. 1 Co 6.19,20) fica agora ocu­
pado. Leia 2 Crônicas 7.1-6.
97
T EOLOCiA Sistemática
7.1.3. R eceber a unção (cf. 1 Jo 2.20,27; Lc 4.18; A t 10.38;
2 Co 1.21)
Essa expressão nos faz lembrar o ato da consagração dos sacerdotes 
(cf. Êx 40.13-15), dos profetas (cf. 1 Rs 19.16) e dos reis (cf. 1 Sm 10.1; 
16.13) através da santa unção (cf. Ex 30.23-33), no período do Antigo 
Testamento. O crente neotestamentário é sacerdote e rei (cf. 1 Pe 2.9; 
Ap 1.6), e, para ele, Deus tem preparado uma unção especial: o batismo 
no Espírito Santo (cf. 2 Co 1.20).
7.1.4. Revestimento de poder (cf. Lc 24.49)
Essa é a principal finalidade do batismo: o recebimento de poder (cf. 
A t 1.8). Aqui não se trata de poder intelectual ou físico, mas de poder 
de Deus. Isso nos faz lembrar o pedido que Eliseu fez a Elias, que lhe 
desse porção dobrada do seu espírito (cf. 2 Rs 2.9).
7.1.5. S elo da promessa (cf. Jo 6.27; 2 Co 1.22; Ef 1.13; 4.30)
A palavra “selo” é aplicada em vários sentidos, que também expli­
cam a bênção do batismo no Espírito Santo:
• O selo fala de propriedade. Jesus sela a propriedade que comprou 
(cf. I C o 6.19,20; Ef 1.13).
• Um documento selado tem o seu valor autenticado. O decreto da 
salvação (cf. Ef 4 30) e o valor das promessas divinas estão selados pelo 
Espírito Santo (cf. 2 Co 1.20-22).
• O selo de proteção. Pilatos o usou (cf. Mt 27.66). O rei Dario 
também (cf. Dn 6.17; Ap 7.3 e 9.4). O selo do Espírito Santo é um sinal 
de proteção por parte daquEle que nos selou (cf. 2 Co 1.22).
• Um anel com sinete é um sinal de autoridade (cf. Gn 41-42; Et 
8.2; 1 Rs 21.8). Simbolicamente fala da autoridade celestial que o ba­
tismo no Espírito Santo proporciona (cf. A t 1.8; 4.8,20; 7.51-59).
7.2. A EVIDÊNCIA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
Antes do Pentecostes, o Espírito Santo já havia descido sobre al­
guns: João Batista (cf. Lc 1.17), Isabel (cf. Lc 1.41), Zacarias (cf. Lc
9 8
Pneumatolocia - A Doutrina do EspIrito Santo
1.67), Simeão (cf. Lc 2.25), etc. Porém, em nenhum momento é menci­
onada uma manifestação especial ligada à experiência.
No dia de Pentecostes, a descida do Espírito Santo foi acompanhada 
de um sinal externo. A Bíblia diz: “E todos foram cheios do Espírito 
Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo 
lhes concedia que falassem” (At 2.4). Foi realmente um milagre. Embo­
ra essas línguas fossem desconhecidas por eles, o povo que os ouviu dis­
se: “Como pois os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que 
somos nascidos?” (At 2.8) Havia acontecido aquilo que Jesus dissera: 
“Falarão novas línguas” (Mc 16.17). Alguns procuram explicar esse mi- 
lagre afirmando que essas “outras línguas” significavam um vocabulário 
destituído de xingamentos ou zombarias, ou seja, uma “linguagem san­
ta”. Mas não foi isso que aconteceu.
O falar em línguas deu aos discípulos a certeza de que haviam recebido 
aquilo que o Pai prometera. Todas as outras evidências que acompanharam 
o batismo no Espírito Santo — alegria, zelo pelas almas, conhecimento da 
Palavra, etc. — não lhes podiam ter dado tal certeza, porque várias vezes 
antes do batismo já as haviam experimentado. A mesma evidência conti­
nuou a acompanhar todos os que recebiam o batismo no Espírito Santo. 
Podemos verificar isso observando as referências registradas em Atos:
• Atos 2.4 — Todos falaram línguas.
• Atos 8.17 — Todos receberam o sinal, pois Simão viu que “pela 
imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo” (At 8.18).
• Atos 9.17 — Paulo disse: “Falo mais línguas do que vós todos” 
(1 Co 14.18).
• Atos 10.45,46 — Todos falaram em línguas na casa de Comélio.
• Atos 19.6 — Todos falaram em línguas.
O falar em novas línguas não é somente uma evidência, é também 
uma grande bênção. A Bíblia diz: “O que fala em língua estranha 
edifica-se a si mesmo” (1 Co 14.4), pois “o que fala em língua estranha 
não fala aos homens, senão a Deus” (cf. 1 Co 14.2). Até Pedro falou 
do “refrigério pela presença do Senhor” (At 3.20). Aqui se trata do
9 9
T EOLOCIA Sistemática
descanso, do refrigério que Deus prometeu (cf. Is 28.11,12). As novas 
línguas constituem uma “linha direta” com Deus! Além disso, são uma 
força extraordinária para a vida de oração (cf. 1 C o 14.15). O crente, 
então, ora em espírito (cf. Rm 8.26). O que fala em línguas “dá bem as 
graças” (cf. 1 C o 14.17). Devemos observar o ensino bíblico de que 
falar línguas não é falar aos homens, senão a Deus (cf. 1 Co 14 2). 
Porém, se houver interpretação, a Igreja é edificada (cf. 1 Co 14.5,27).
7 .3 . A FINALIDADE DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
A finalidade principal do batismo no Espírito Santo é o relacionamento 
de poder. Foi sobre esse poder que Jesus falou antes de deixar os seus discípu­
los (cf. Lc 24-49). Esse poder era a maior necessidade deles (cf. At 1.8).
O batismo no Espírito Santo solucionou problemas que surgiram na 
vida dos apóstolos com a morte de Jesus:
• O medo que se havia apoderado deles, a ponto de evitarem o pú­
blico e ficarem atrás de portas fechadas (cf. Jo 20.19,26), desapareceu.
• A fraqueza que se apoderara deles também desapareceu. Recebe­
ram uma coragem maravilhosa para resistir às perseguições e proibições 
que encontraram (cf. A t 4.16-21,33; 5.29-33,41,42).
• A inatividade em que se achavam, desde a morte de Jesus, acabou. 
O Espírito Santo os impulsionou de modo irresistível a evangelizar. Não 
cessavam mais (cf. A t 4.33; 5.42).
A experiência do batismo no Espírito Santo era absolutamente comum 
no meio dos crentes no período apostólico. Não era raridade que alguém 
fosse batizado. No livro de Atos, podemos observar que em todas as ocasiões 
em que se fala sobre o recebimento do batismo no Espírito Santo, sempre se 
diz que todos o receberam (cf. At 2.4; 8.14-17; 9.17; 10.41-46 e 19.1-6).
Pelo exposto fica evidente que o plano de Deus é que todos os crente 
recebam o batismo no Espírito Santo, pois Deus prometeu essa bênção a 
“tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.39). Quando Jesus 
ensinou sobre o recebimento dessa bênção usou uma parábola. Disse 
que, assim como um pai dá pão para o seu filho, assim também dará “o
100
Pneumatolocia - A Doutrina do EspIrito Santo
Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem” (Lc 11.13). Essa 
bênção é tão necessária como o pão! Não pode haver dúvidas sobre a 
vontade de Deus de nos dar o batismo no Espírito Santo.
O batismo no Espírito Santo é a maior necessidade do Cristianismo 
atual. A maior necessidade de cada homem do mundo é receber Jesus 
como o seu Salvador. Mas a maior necessidade de cada crente é receber o 
batismo no Espírito Santo e viver nesse poder. E essa bênção pertence a 
todos os crentes, em todos os tempos. A Bíblia diz: “Porque a promessa 
vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos 
quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.39). Se no tempo dos apósto­
los havia necessidade de receber poder, a situação não mudou em nada:
• A bênção é para todos, pois a Palavra de Deus não mudou! As 
promessas de Deus são válidas para todos os tempos, sejam promessas de 
salvação, de perdão ou de resposta às orações. Por isso, está em pleno 
vigor a promessa do batismo no Espírito Santo: “Porque eu, o Senhor,não mudo” (Ml 3.6).
• O batismo no Espírito Santo é para todos, pois os homens de hoje 
são iguais aos daquele tempo. As suas necessidades, fraquezas e proble­
mas são iguais. Como o batismo no Espírito Santo lhes forneceu ajuda 
ontem, ainda hoje ajuda aos que o recebem.
• Essa bênção é necessária, pois o poder do maligno também não mu­
dou, nem ficou brando. Pelo contrário, a Bíblia diz que nos últimos dias o 
Inimigo terá “grande ira, sabendo que já tem pouco tempo” (Ap 12.12). 
Nos tempos do fim, o poder das doutrinas dos demônios aumentará (cf. 
1 Tm 4-1). Assim como os discípulos, pelo poder do batismo no Espírito 
Santo e dos dons espirituais que os acompanhavam, resistiram e vence­
ram as forças do mal (cf. A t 8.9-12; 18.23; 13.8-12; 16.16-18; 19.13-17), 
assim os crentes de hoje têm a mesma necessidade de poder.
• Precisamos desse poder hoje, pois os Atos dos Apóstolos e toda a 
história da Igreja afirmam que onde quer que o Espírito Santo tenha 
sido derramado, aí tem se manifestado despertamento para salvação de 
muitas almas. É essa necessidade que predomina no nosso tempo. É por 
isso que a única solução para hoje é ser cheio do Espírito Santo.
T eologia Sistemática
Essa bênção deve ser conservada através de contínua renovação.
A Bíblia fala da possibilidade de a bênção do batismo no Espírito 
Santo permanecer sobre os crentes. João viu que o Espírito Santo 
desceu sobre Jesus e repousou sobre Ele (cf. Jo 1.32-34). Jesus rece­
beu esse poder (cf. Lc 3.22) e logo passou quarenta dias no deserto, 
onde foi tentado pelo Diabo (cf. Lc 4.1-13). Mesmo assim, voltou 
cheio do Espírito Santo (cf. Lc 4.14). Paulo não somente recebeu o 
batismo (cf. A t 9.17), mas experimentou também a renovação con­
tínua do Espírito Santo (cf. A t 9.22; 13.4; 27.33). A mesma coisa se 
deu com o apóstolo Pedro, que até o fim da sua vida (cf. 2 Pe 1.12- 
15; 3.1) permaneceu aquecido pela bênção que recebera no dia de 
Pentecostes (cf. A t 2.4). A Palavra de Deus, em Levítico 6.13, se 
cumpre também nesse sentido: “O fogo arderá continuamente sobre 
o altar; não se apagará!”
A renovação é uma operação do Espírito Santo. O mesmo Espírito 
que acendeu o fogo é também poderoso para mantê-lo aceso (cf. Ef 4.23; 
2 Co 416; Rm 12.2). Importa somente sentir a necessidade de renova­
ção e pedir: “Aviva, ó Senhor” (Hc 3.2). A Bíblia promete: “Os que 
esperam no Senhor renovarão as suas forças” (Is 40.31). Deus renova 
(cf. SI 103.5; Jó 33.25). As mãos do Senhor se estendem e notaremos 
que “raios brilhantes saíam da sua mão” (Hc 3.4). O júbilo é renovado 
(cf. SI 51.12; 85.6). As forças consumidas são renovadas.
8 .0 Espírito S anto T ransmite o Poder e a 
S abedoria de Deus através dos Dons 
Espirituais
8.1. A santificação dos dons espirituais 
8.1.1. Definição
Os dons espirituais são meios pelos quais o Espírito revela o poder e a 
sabedoria de Deus através de instrumentos humanos, que os recebem e 
bem usam (cf. 1 Co 12.7,11).
102
Pneumatolocia - A Doutrina do EspIrito Santo
8.1.2. O QUE SÃO DONS ESPIRITUAIS (CF. 1 C o 12.7,8,11)
A palavra “dom” vem do grego charisma, que significa “um dom 
pela graça”. Como o batismo no Espírito Santo é um dom (cf. A t
2.38), também os dons espirituais são dádivas. Não se trata aqui de 
mera capacidade ou de dotes naturais que tenham sido melhorados 
ou aperfeiçoados pela operação do Espírito Santo. N ão se trata de 
merecimento humano, mas da manifestação de um milagre. É uma 
dádiva.
8 .2 . A FINALIDADE DA OPERAÇÃO DOS DONS NA IGREJA
Pelo ensino do Novo Testamento vemos a grande importância 
que os dons espirituais representam no plano de Deus (cf. 1 Co 
12.1). O portador de um dom não o recebe para proveito próprio 
ou para usá-lo quando ou como achar melhor. São dados aos mem­
bros do corpo de Cristo para que sejam usados conforme a direção 
de Jesus, que é a cabeça da Igreja (cf. 1 Co 12.12,27). Quando os 
dons são usados desse modo, o poder do Espírito se manifesta na 
Igreja capacitando-a a cumprir sua alta missão na Terra. Vejamos, 
agora, a finalidade dos dons e sua manifestação nas diferentes fases 
da vida da Igreja.
8.2.1. A Igreja é o lugar de edificação e crescimento espiritual 
dos crentes (cf. Ef 2.18-22; 4.12,14,15)
Todos os dons são para edificação da Igreja (cf. 1 Co 14-3,4,5,12,26) 
e para o aperfeiçoamento dos crentes, pois, quando os dons operam, 
manifestam-se para edificação, exortação e consolação (cf. 1 Co 14.3). 
Os dons manifestam a presença de Deus na Igreja (cf. 1 Co 14.25) tra­
zendo abundância de alegria (cf. SI 16.11).
8.2.2. A Igreja é o lugar onde os ministérios espirituais têm a sua 
ação (cf. 1 C o 12.28; Ef 4.11)
Todos os ministérios têm, através dos dons espirituais, o seu prepa­
ro sobrenatural (cf. 1 Co 3.5,6; Ef 1.17-19; Rm 15.18,19; Cl 1.29; 
1 Co 12.4-6).
T EOLOGiA S istemática
8.2.3. A Igreja é o lugar onde cada crente, como sacerdote (cf. 
1 Pe 2.9; A p 1.6), TEM A SUA FUNÇÃO
“E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo 
lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois, dons de 
curar, socorros, governos, variedades de línguas” (1 Co 12.28). Fica ex­
plicado que, assim como o olho precisa de visão, o ouvido de audição e 
a mão do tato, também cada crente, como membro do corpo de Cristo, 
precisa do dom de Deus para que possa exercer aquilo que Ele tem deter­
minado para cada um (cf. 1 Co 12.11; 14.26; 1 Pe 4.10).
8.2.4. A Igreja é o instrumento principal de Deus para a evangeli­
zação do mundo
Jesus deu a ordem de evangelizar (cf. Mt 28.18-20; Mc 16.15-20) 
e disse que a finalidade da vinda do Espírito Santo era receberem 
poder para ser testemunhas (cf. A t 1.8). Porém Deus proporcionou, 
como uma preparação divina para o cumprimento dessa tão grande 
tarefa, os dons espirituais pelos quais Ele mesmo confirma a prega­
ção do Evangelho (cf. A t 14.1-3; 4.29,30; 5.12,14; 8.6,7,12; Mc 16.20; 
Hb 2.3,4; A t 9.32-42). Pelos dons é manifestada uma sabedoria so­
brenatural que convence o pecador (cf. 1 Co 2.1-5), e faz com que 
comece a entender o sentido da Palavra de Deus (cf. A t 16.14; Lc 
24.45). Jesus afirmou que é a verdade que nós conhecemos que nos 
liberta (cf. Jo 8.32). Os dons fazem “os segredos do coração dos infi­
éis ficarem manifestos, e assim, lançando-se sobre seus rostos, eles 
adorarão ao Senhor, publicando que “Deus está verdadeiramente entre 
vós” (1 C o 14.25).
Os dons espirituais constituem um poder sobrenatural, uma autori­
dade que vence as forças malignas que procuram impor o seu domínio 
sobre o povo. Principalmente nos últimos tempos, essa força do mal 
tem aumentado (cf. 1 Tm 4.1). A superioridade do Cristianismo dian­
te de todas as outras religiões, filosofias e movimentos demoníacos se 
manifesta através do poder sobrenatural. Lemos em Atos 8 que em 
Samaria o mágico Simão fazia as suas artes a ponto de ser considerado 
“uma grande personagem” (v. 9). Todavia, quando os dons começaram
104
Pnf.umatoi.ogia - A Doutrina do EspIrito Santo
a se manifestar no ministério de Filipe, concomitantemente com a sua 
pregação, a atenção do povo foi atraída para o lado do Senhor, e mui'
tidões se converteram (cf. At 8.6-8,12,17). O mesmo aconteceu em 
Efeso: o movimento dos exorcistas foi desfeito quando o poder de Deus 
se manifestou pelos dons, e, assim, Jesus foi grandemente glorificado 
(cf. A t 19.13-17). Como esses, existem vários outros exemplos. Se o 
Cristianismo de hoje somente se basear no poder de sua própria sabe­
doria, argumentos e psicologia, vários opositores se acharão com con­
dições de combatê-lo. Porém, quando o poder sobrenatural pelos dons 
se manifesta, então se cumprirá a palavra de Jesus: “As forças do infer­
no não prevalecerão” (Mt 16.18).
8.2.5. A Igreja é também a coluna e a firmeza da verdade 
(cf. 1 T m 3.15)
Essa é uma grande missão que a Igreja deve cumprir para que “ago­
ra, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos prin­
cipados e potestades” (Ef 3.10). Para isso, a Igrejaprecisa da infra- 
estrutura que é a manifestação dos dons espirituais, os quais fazem par­
te do modelo (cf. 2 Tm 1.13) que devemos reter até que Ele venha (cf. 
Ap 2.25 e 3.11).
8.2.6. Os dons são oferecidos à Igreja
Convém, portanto, que sejam usados na Igreja. Assim, a igreja pode­
rá exercer a sua influência espiritual de modo constante.
• Todos os dons cabem no trabalho da Igreja (A t 5.12-16; 6.7,8; 
14.7-10). Alguns acham que, tendo recebido um dom, toma-se mais 
conveniente exercê-lo em um trabalho particular, isto é, desvinculado 
da Igreja. A Igreja não precisa de nenhum trabalho “especializado” à 
parte dela, como, por exemplo, um trabalho profético, ou de cura, ou de 
discernimento de espíritos e de revelação. Não, mas todos os dons po­
dem e devem funcionar na Igreja, no seu trabalho normal.
• Deus colocou os ministros na direção da Igreja. Os dons são dados 
aos membros da Igreja, para que sirvam de ajuda e como uma confirma­
ção da parte de Deus para a pregação do Evangelho (cf. Mc 16.20).
!(>'
T EOLOGiA Sistemática
Porém, a direção da igreja continua na mão dos ministros, pois nin­
guém, por possuir um dom espiritual, toma-se “líder da igreja”.
8 .3 . O s DONS ESPIRITUAIS E O FRUTO DO ESPÍRITO ANDAM JUNTOS
Quando o apóstolo Paulo escreveu aos coríntios, observou que a irre­
gularidade ali existente no uso dos dons era a falta do firuto do Espírito 
entre os crentes. Por isso, intercalou entre os capítulos 12 e 14, onde fala 
a respeito do uso correto dos dons, um capítulo inteiro — o 13 — , que 
contém ensino substancial sobre a evidência maior do fruto do Espírito, a 
caridade (ou amor, versão revisada da IBB, cf. G 15.22). Primeiro enfati­
zou que o uso de qualquer dom é inútil se não houver caridade (cf. 1 Co
13.1-3). Depois descreveu as qualidades da caridade (cf. 1 Co 13.4-8). 
Com isso, evidenciou que foi exatamente a falta da manifestação do fruto 
do Espírito, isto é, da caridade, que trouxe problemas no uso dos dons.
8 .3.1.0 fruto do Espírito tem influência no uso dos dons
O fruto do Espírito domina o portador do dom. “A caridade é benig­
na, tudo espera, tudo crê, tudo suporta, não se ensoberbece, não se porta 
com indecência” (ou conforme a Versão Revisada, “não se porta incon­
venientemente”). O amor jamais permite que o uso do dom venha a 
produzir confusão (1 Co 13.4-7 e 14.33).
O fruto do Espírito também domina os sentimentos. Importa que 
haja no homem controle próprio (cf. Pv 16.32). A Bíblia diz: “Como a 
cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não pode 
conter o seu espírito” (Pv 25.28). A caridade não é invejosa, não se 
irrita, não suspeita mal, não trata com leviandade, precipitadamente 
(cf. 1 Co 13.4,5).
O fruto do Espírito conserva o portador do dom em humildade, pois a 
caridade “não se ensoberbece” (1 Co 13.4). Um dos maiores perigos que 
cercam os que usam os dons é a soberba. “O homem é provado pelos louvo­
res” (Pv 27 21). A humildade sempre dá a Jesus toda honra e glória, e nunca 
faz o crente procurar o primeiro lugar para si (cf. Mt 18.1; 19.25-28).
O fruto do Espírito impede que os dons sejam usados por interesse 
próprio, pois a caridade “não busca os seus interesses” (cf. 1 Co 13.5).
106
Pneumatologia - A Doutrina do EspIrito Santo
Isso caracterizou Paulo no uso dos dons (cf. 1 Co 10.33; Rm 12.16; Fp 
2.3,4). Foi nesse ponto que o Diabo procurou tentar a Jesus: transformar 
pedras em pães para saciar a fome. Jesus, porém, nfio aceitou a insinua­
ção de Satanás (cf. Lc 4.1-4).
8.3.2. Fruto do Espírito versus maturidade espiritual
Quando falta o fruto do Espírito na vida do crente, ele se apresenta 
num estpdo de imaturidade^espiritual (cf. 1 Co 3.1-3), e o uso do dom é 
prejudicado. Foi isso ique o apóstolo reclamou em Corinto: “Não sejais 
meninos” (1 Co 14.20). Em que sentido a imaturidade espiritual preju­
dica os dons? Paulo respondeu (em 1 Co 13.11) aplicando no sentido 
espiritual a sua experiência de menino:
• “Quando eu era menino, falava como menino”. Um menino age 
rápida e impensadamente. Chora, grita e ri com a mesma facilidade.
• “Sentia como menino”. Um menino deixa-se levar pelos seus sen­
timentos. As vezes fica zangado, outras sente-se importante e sonha com 
grandezas. Gosta mais de doces que de comida.
• “Discorria como menino”. Um menino esquece facilmente de que 
maneira deve comportar-se. As vezes se isola com seus amiguinhos. Nem 
sempre quer ouvir os conselhos dos pais.
• Paulo findou sua palavra comparativa com a solução do problema, 
dizendo: “Logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de meni­
no”. Que bênção! Isso que é necessário na vida de cada crente! Quando 
o fruto do Espírito aparece na vida, acompanhando o uso do dom, então 
o dom é usado com maturidade e prudência.
8 .4 . A P a l a v r a d e D e u s é a a u t o r id a d e , o c ó d ig o p a r a o u s o d o s 
d o n s
8.4.1. Os dons são limitados pela Palavra
A Palavra nos mostra que, no uso dos dons, devemos aprender a “não 
ir além do que está escrito” (1 Co 4 6). As manifestações dos dons não 
podem entrar em choque com a Palavra de Deus, porque jamais poderá 
haver contradição entre a manifestação do Espírito Santo na Palavra
1(1/
T eologia S istemática
(cf. 2 Pe 1.21) e a sua manifestação pelos dons (cf. 1 Co 12.7). Por isso, 
cada portador de um dom deve conservar-se como vaso de barro (cf. 
2 Co 4.7), que, com humildade, aceita a Palavra de Deus, que “é provei­
tosa para ensinar, para redargüir em justiça, para que o homem de Deus 
seja perfeitamente instruído para toda a boa obra” (cf. 2 Tm 3.16,17).
8.4.2. Os DONS NÃO SÃO FONTES DE DOUTRINAS
Os dons jamais podem trazer doutrinas ou práticas para a Igreja que não 
estejam na Palavra de Deus. A Palavra de Deus é a verdade (cf. Jo 17.17), é 
perfeita (cf. SI 19.7-11; 119.96), constitui uma revelação completa e con­
cluída, à qual não é permitido acrescentar coisa alguma, nem dela tirar coisa 
nenhuma (cf. Ap 22.18,19). Paulo era decidido diante dessa exigência: 
“Ainda que nós mesmos ou um anjo do céu voz anuncie outro evangelho 
além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (G11.8). A advertência 
paulina e o terrível exemplo registrado em 1 Reis 13, de um profeta caído 
que adulterou a Palavra de Deus, servem para todos os tempos!
8.4.3. OS DONS SEMPRE SÃO SEGUNDO A PALAVRA
Quando o uso dos dons em tudo segue a Palavra de Deus, então o 
Espírito Santo tem liberdade de ação (cf. 2 Co 3.17). Sim, quando cre­
mos, “como diz a Escritura, rios de água viva correrão” (Jo 7.38). Na 
obediência à Palavra de Deus está o segredo do crescimento e do ama­
durecimento espiritual da Igreja de Deus (cf. A t 9.31; 5.32; G1 5.25).
8 . 5 . A I g r e j a d e h o j e d e v e c o r r e r n o s t r i l h o s d o s t e m p o s
APOSTÓLICOS
8.5.1. N ada pode substituir o valor dos dons na Igreja
Muitas coisas melhoraram para a Igreja dos dias de hoje. As constru­
ções dos templos são melhores e maiores, existem rádios, coros e bandas 
à disposição dos pastores. Eles possuem automóvel, literatura à vontade, 
etc. Porém, nenhuma dessas coisas boas e úteis pode jamais substituir os 
dons do Espírito. O apelo que Paulo fez a Timóteo é ainda atualíssimo. 
Ele escreveu: “Não desprezes o dom que há em ti” (1 Tm 4.14). Três 
meses antes de morrer, repetiu as mesmas palavras: “...te lembro que
108
Pneumatolocia - A Doutrina do Espírito Santo
despertes o dom de Deus, que existe em ti” (2 Tm 1.6). É Deus, o grande 
doador, que quer despertar a sua Igreja querida a buscar os dons.
8.5.2. OS DONS CONSTITUEM O PODER QUE DEUS RESERVOU PARA A 
Igreja nos últimos tempos
Nestes tempos que antecedem à vinda de Jesus, surge o perigo da “apa­
rência de piedade, mas negando a eficácia dela” (2 Tm 3.5). E o tempo em 
que o amor de muitos se esfriará (cf. Mt 24.12), em que a momidão ame­
aça (cf. Ap 3.16), no qual o espírito do Anticristo (cf. 1 Jo 2.18; 41-3) 
quer exercer a sua influência sobre a Igreja do Deus vivo. Para quea nossa 
luta contra o mal não fique desigual, mas equilibrada, precisamos do po­
der do Espírito Santo através dos dons, que conforme 1 Coríntios 13.10, 
permanecerão até que venha o que é perfeito, isto é, Jesus. Somente então 
será aniquilado o que é em parte. Deus assegura a manifestação sobrenatu­
ral. Importa que os sinais que Jesus prometeu à sua Igreja apareçam (cf. 
Mc 16.16-18), para que Ele possa confirmar a mensagem da pregação da 
Igreja com os sinais que a ela devem seguir (cf. Mc 16.20).
8.5.3. Os CRENTES DE HOJE DEVEM SER ORIENTADOS A BUSCAR OS DONS
Vivemos agora no tempo do derramamento do Espírito Santo (cf. At
2.17). E o tempo de buscar a Deus.
• Devemos ensinar sobre a necessidade de buscar os dons. Foi isso 
que o apóstolo Paulo fez (cf. 1 Co 12.1-31). Insistiu para que os crentes 
não fossem ignorantes acerca dos dons, e os ensinou sobre o valor deles 
(cf. 1 Co 14.12,39). “A fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus” 
(Rm 10.17). Os dons enriquecem a Igreja (cf. 1 Co 1.5).
• Devemos orientar os crentes a buscarem os dons pela oração (cf. Hc
3.1-4; 2 Tm 1.6). Devemos orar buscando os dons conforme a orientação 
da Bíblia (cf. 1 Co 12.31; 14.1,13,39). Quando o rei Salomão pediu, Deus 
lhe deu o dom de sabedoria (cf. 1 Rs 3.6-13). Devemos pedir com fé (cf. 
Tg 1.6; 1 Jo 5.14,15; Mc 11.22-24). Devemos ficar, então, na expectativa, 
esperando o Senhor (cf. SI 27.14; Is 30.18). “Ele a nós virá como chuva” 
(Os 6.3). E, quando vier, devemos obedecer-lhe (cf. A t 5.32).
109
T EOLOCiA Sistemática
8 ,6 . U ma síntese sobre os diferentes dons espirituais
Os nove dons espirituais manifestam a sabedoria e o poder de Deus. 
Assim como Jesus manifestou tanto o poder de Deus (cf. 1 Co 1.24) 
como a sabedoria de Deus (cf. 1 Co 1.24,30; C l 2.3-7), assim também o 
Espírito Santo manifesta isso a nós, sendo chamado de “o espírito de 
sabedoria” (Ef 1.17) e “espírito de poder” (cf. 2 Tm 1.7, Versão Revisa­
da). Podemos subdividir os dons em três grupos distintos:
• Três dons manifestam o poder de Deus por meio de ações sobrena­
turais. São: o dom da fé, os dons de curar e o dom de operação de mara­
vilhas (cf. 1 Co 12.9,10).
• Três dons revelam a sabedoria de Deus, proporcionando um saber 
sobrenatural. São eles: o dom da palavra de sabedoria, o dom da palavra 
de ciência e o dom de discernir os espíritos (cf. 1 Co 12.8,10).
• Três dons transmitem a mensagem de Deus, concedendo poder para 
um falar sobrenatural. Esses dons são: o dom de profecia, o dom de vari­
edade de línguas e o dom de interpretação de línguas.
• A Bíblia ainda fala de alguns dons complementares sobre os quais 
se faz referência em Romanos 12.6-8, 1 Pedro 4.11 e 1 Coríntios 12.28.
8.6.1. O DOM DA PALAVRA DE SABEDORIA (CF. 1 C o 12.8)
Esse dom proporciona, pela operação do Espírito Santo, uma com­
preensão (cf. Ef 3.4) da profundidade da sabedoria de Deus, ensinando a 
aplicá-la, seja no trabalho seja nas decisões no serviço do Senhor, e a 
expô-la a outros, de modo a ser bem entendida.
• É uma força na evangelização, pois transmite conhecimento da 
salvação (cf. Lc 1.77) com palavras que o Espírito Santo ensina (cf. 
1 Co 2.13), e, assim, convence a consciência (cf. 2 Co 4.2) para ganhar 
as almas (cf. Pv 11.30).
• O dom de sabedoria é uma força na defesa do Evangelho (cf. Fp 
1.16). Jesus usou esse dom (cf. Mt 22.21,22; 21.23-32), Estêvão também 
(At 6.10) e vários outros. Deus dá essa sabedoria aos seus servos na hora 
exata (cf. Lc 21.15; 12.12; Mt 10.16; SI 119.98; Pv 24.5; Ec 9.16).
Pneumatologia - A Doutrina do Espírito Santo
• É uma força também no trabalho da Igreja (cf. 1 Co 12.28; 1 Rs 
3.9; Pv 24). Com essa sabedoria coloca-se em funcionamento a Igreja 
(cf. 1 Co 3.10; Rm 12.3,8).
• O dom é também uma coisa maravilhosa para ajudar a resolver 
problemas (cf. 1 Rs 3.16-28; Gn 41.26-37,38,39; Dn 2.27-30,46,49; At
6.1-7; 15.11-21).
8.6.2. O DOM DE PALAVRA DA CIÊNCIA
Esse dom consiste em penetração nas profundezas da ciência de Deus 
(cf. Ef 3.3), pelo qual podemos saber (cf. Ef 1.17-19) e, assim, compre­
ender e conhecer (cf. Ef 3.18,19) aquilo que, pelo entendimento huma­
no, jamais poderíamos alcançar (cf. 1 Co 2.9,10). Enquanto o dom de 
ciência penetra nas profundezas da ciência de Deus, o dom de sabedoria 
nos faz aptos a expô-la com palavras que o Espírito Santo ensina (cf. 
1 Co 2.13). Vejamos algumas manifestações deste dom:
• Constitui uma potência no ministério de ensino, pois manifesta 
aquilo que Deus fez por nós através da sua graça (cf. T t 2.11), e ajuda o 
ensinador a comunicar “algum dom espiritual” (Rm 1.11), revelando os 
mistérios de Deus. Vejamos alguns desses mistérios mencionados no Novo 
Testamento: o mistério Deus-Cristo (cf. C l 2.2,3); o mistério da piedade 
(cf. 1 Tm 3.16); o mistério Cristo em vós (cf. C l 1.26,27); o mistério da 
fé (cf. 1 Tm 3.9); o mistério da Igreja (cf. Ef 5.32); o mistério do Evan­
gelho (cf. Ef 6.19); o mistério da sua vontade (cf. Ef 1.9); o mistério do 
arrebatamento (cf. 1 Co 15.51).
• Esse dom também revela aquilo que está oculto aos olhos do ho­
mem (cf. 1 Sm 16.7; Jo 2.24,25; 1.47,48; 4.16-18; 2 Rs 5.27).
• Pelo dom é revelada a ciência sobre assuntos relacionados à vida 
material (p. ex., Jesus: Mt 17.27; Mc 1415; 11.2,3; Samuel: 1 Sm 9.15- 
20; 10.21-27; Eliseu: 2 Rs 6.10-12 e Paulo: A t 27.10).
8.6.3. O DOM DA FÉ
Esse dom não se refere à fé salvadora (cf. A t 16.31), nem ao cres­
cimento da fé (cf. 2 Ts 1.3) ou ao reforço à fé que o batismo no
til
T EOLOCiA Sistemática
Espírito Santo nos dá (cf. 2 Co 4.13), mas consiste em um impulso à 
fé implantada pela oração do Espírito Santo para executar aquilo 
que Deus determinou que fizéssemos. Esse dom em ação gera uma 
atmosfera de fé, que dá a convicção de que agora tudo é possível (cf. 
Jo 11.40-44; Mc 9.23). Jesus se referiu a esse dom quando disse: “Aque­
le que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maio­
res do que estas” (Jo 14.12). Esse dom é um impulso poderoso à ora­
ção da fé (cf. Tg 5.17), pois impõe a certeza de que para Deus tudo é 
possível (cf. Lc 1.37; Mc 10.27; Mt 19.26; A t 27.23,25; Dn 6.23; 
3.25-28).
8.6.4. Os DONS DE CURAR
A cura do corpo doente pela fé é um fruto da morte de Cristo na cruz 
do Calvário (cf. Is 53.4,5; 1 Pe 2.24,25; Mt 8.16,17 e 9.35,36). Os dons de 
curar consistem em uma operação do Espírito Santo, pela qual o poder de 
cura que Jesus ganhou é transmitido ao doente de modo abundante, ime­
diato, para a cura completa. Vemos em Atos esse dom em plena atividade 
no ministério de vários homens de Deus: Estêvão (cf. A t 6.8), Pedro (cf. 
At 3.6,7; 9.32-43), Filipe (cf. A t 8.7) e Paulo (cf. A t 14.8-10; 28.8,9). 
Esse dom não significa uma capacidade de curar quando e como a pessoa 
quer, porém é sempre uma transmissão de poder do Espírito Santo. Por 
isso, é indispensável que o portador do dom esteja ligado a Cristo e siga a 
sua direção. O dom é dado à Igreja e constitui uma confirmação de Deus à 
pregação da Palavra (cf. Mc 16.20; At 14.1-4; 10.38 e 5.11,12). Por esse 
motivo, Jesus deve sempre ser o único glorificado. Compare, nesse senti­
do, a atitude de Paulo (cf. At 14.13-15) e de Pedro (cf. A t 3.12).
8.6.5. O DOM DE OPERAR MARAVILHAS
Esse dom constitui uma operação do Espírito Santo pela qual é trans­
mitido o poder ilimitado do Deus Todo-poderoso (cf. SI 115.3 e 135.6). 
Jesus possuía esse dom (cf. Mt 8.26; Jo 11.43,44). O mesmo dom se mani­
festou no ministério de Moisés (cf. Êx 4.17; 7.20,21; 8.5,6,7; 9.10,23-25; 
10.13-15; 14.21-26 e 17.5-7). Também se manifestou no ministério de 
Josué (Js 3.13-17 e 10.12-14) e no de Paulo (cf. A t 13.10,11 e 20.9-12).
112
Pneumatolocia - A Doutrina do Espírito Santo
8.6.6. O DOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS
Por meio desse dom, o Espírito Santo revela que Jesus tem “olhos 
como chama de fogo” (cf. Ap 1.14; SI 139.1,12). O portador do dom 
recebe pelo Espírito Santo, como em um laudo, o resultado de uma 
análise vinda do laboratório de Deussobre a qualidade exata do espí­
rito que inspira e opera em determinadas pessoas. Esse dom revela a 
fonte de onde vem a inspiração das profecias e revelações, pois elas 
podem vir de inspiração divina (cf. A t 15.32; 1 C o 14 3), podem re­
presentar o pensamento do coração daquele que as apresenta (cf. Jr 
1414; 23.16; Ez 13.2,3) ou podem provir de fonte impura ou contami­
nada (cf.A p 2.20-24; Jr 23.13; 2.8; 1 Rs 22.19-24). O dom de discernir 
os espíritos é útil, pois constitui uma proteção divina, pela qual a Igre­
ja fica guardada de más influências.
8.6.7. O DOM DE PROFECIA
Profecia é uma mensagem de Deus dada ao portador do dom por inspi­
ração do Espírito Santo. O profeta deve transmiti-la exatamente como a 
recebeu. Deus disse: “Aquele em quem está a minha palavra, que fale a 
minha palavra” (Jr 23.28). A atitude daquele que profetiza deve ser: “A 
palavra que Deus puser na minha boca, esta falarei” (Nm 22.38). A men­
sagem recebida por inspiração do Espírito Santo não é transmitida meca­
nicamente, mas fiel e conscientemente, pois “os espíritos dos profetas es­
tão sujeitos aos profetas” (1 Co 14.32). No momento em que a profecia é 
transmitida, não é Deus quem está falando, mas é o homem que está trans­
mitindo o que de Deus recebeu (cf. 1 Co 14 29). Se fosse o próprio Deus 
que estivesse falando, não haveria necessidade de se julgar a mensagem, 
como está ordenando que se faça (cf. 1 Ts 5.21; 1 Co 14.29).
A finalidade da profecia é transmitir a mensagem cujo conteúdo é 
edificação, exortação, consolação e predição de acontecimentos futuros 
(cf. A t 11.27-30 e 21.10,11). Quando o dom de profecia se manifesta no 
ministério da pregação da Palavra, esta se toma uma mensagem atual e 
com endereço certo (cf. Ef 4.11; 1 Co 12.28).
O dom é para a Igreja e deve ser usado nela, para que ela receba 
edificação. A Bíblia fala de uma limitação no uso (cf. 1 Co 14.29,30,40),
113
T EOLOGiA S istemática
que de fato deve ser observada. A profecia não deve ser fonte de consul­
ta ou meio de obter direção, seja na vida espiritual ou na vida material. 
Jesus é o único mediador entre Deus e os homens. E Ele quem dirige e 
orienta todos os que o buscam. A finalidade da profecia é outra. Quan­
do o dom de profecia é usado conforme a orientação da Bíblia, traz mui­
tas bênçãos. A Igreja é edificada (cf. 1 Co 14.3) e preparada para a bata­
lha (cf. 1 Co 14.8; Os 12.10,13). O dom transmite temor à Igreja (cf. 
1 Co 14.24) e faz o povo evitar a corrupção (cf. Pv 29.18).
8.6.8. O DOM DE VARIEDADE DE LÍNGUAS E A INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS
Existe uma diferença entre a língua estranha dada como evidência do 
batismo no Espírito Santo e o dom de línguas. A língua recebida como 
sinal do batismo deve ser utilizada para falarmos somente com Deus (cf. 
1 Co 14.2-28), e, por isso, ela não precisa de interpretação. Esse sinal é 
dado a todos que são batizados no Espírito Santo. Mas o “dom de línguas” 
não é dado a todos os crentes (cf. 1 Co 12.30). O dom de línguas tem por 
finalidade transmitir à Igreja uma mensagem em línguas estranhas, e, 
por isso, precisa de interpretação para que aquela seja edificada. Essa 
interpretação é feita pelo dom de interpretação de línguas.
Tanto o dom de línguas como o dom de interpretação de línguas 
constituem um milagre, pois nem o que fala nem o que interpreta co­
nhecem a língua que é falada. Trata-se de uma língua verdadeira, seja de 
homens ou de anjos (cf. 1 Co 13.1), conforme o Espírito Santo concede 
que se fale (cf. A t 2.4).
A Bíblia dá orientação bem clara sobre o uso desses dons. Devem ser 
usados em conjunto. Se não houve intérprete, aquele que fala em lín­
guas deve calar-se e falar consigo mesmo e com Deus (cf. 1 Co 14.28). 
Deve-se também observar o limite no uso de línguas com interpretação 
(cf. 1 Co 14-26,27), coisa que não existe para os que falarem língua 
como sinal, os quais poderão falar “só com Deus”, tanto quanto Ele lhes 
permitir (cf. 1 Co 14-18; At 2.4).
Os dois dons, usados conjuntamente, transmitem uma mensagem que 
equivale à profecia (cf. 1 Co 14.5), e constitui um sinal para os não 
crentes (cf. 1 Co 14.22).
114
Pneumatologia - A Doutrina do Espírito Santo
9 . 0 Espírito S anto O pera também pelos 
M inistérios
9 .1 . A significação do ministério
A palavra “ministro” (cf. 1 Co 3.5; 4.2; 2 Co 3.6; 6.4) significa um 
servo de Deus que ocupa um “ministério” (cf. 1 Co 4.1,2; 2 Co 6.3), que 
é um encargo constituído por Deus, que, da parte de Cristo (cf. 
2 Co 5.20), funciona na “Igreja do Deus vivo” (1 Tm 3.15). Os minis­
tros são os instrumentos pelos quais Jesus, o cabeça da Igreja, executa a 
sua direção sobre ela. Por isso, Ele mesmo reserva-se o direito de indicar 
as pessoas que têm um chamado para ocupar esses cargos, às quais ofere­
ce uma preparação sobrenatural para a função que irão exercer. Tudo 
isso Jesus faz por meio do Espírito Santo.
A indicação dos ministros deve permanecer nas mãos de Jesus (Ef 4.11). 
Há um prejuízo incalculável quando os ministros são escolhidos por prefe­
rências humanas, sistemas e organizações, pois assim o ministro não aufere 
a necessária aj uda que acompanha um ministro escolhido pelo Espírito Santo.
9.2 . Os MINISTÉRIOS NA DISPENSAÇÃO DA IGREJA
Os ministérios da Palavra de Deus são cinco (Ef 4.11).
9.2.1. A póstolos
Primeiro encontramos os chamados “apóstolos do Cordeiro”, que eram 
12, cujos nomes serão gravados nos 12 fundamentos da cidade celestial, a 
nova Jerusalém (cf. Ap 21.14), como reconhecimento divino da grande 
importância que teve o trabalho que realizaram pela pregação de Cristo 
crucificado (cf. 1 Co 2.1-5), lançando os fundamentos da Igreja de Deus (cf. 
1 Co 3.10,11; Ef 2.19-22). Houve, no entanto, desde os primeiros tempos, 
alguns servos de Deus que também eram considerados apóstolos. Entre eles 
podemos mencionar Bamabé, Silvano e outros. Através da história da Igre­
ja, têm se levantado grandes homens de Deus, verdadeiros apóstolos que 
fundaram grandes trabalhos em países e regiões. O próprio Deus deu-lhes o 
selo do apostolado, pois foi Ele mesmo quem os escolheu, permitindo que 
no ministério deles aparecessem “os sinais do apostolado” (cf. 2 Co 12.12).
115
T EOLOGiA Sistemática
9.2.2. Profetas
Segundo Atos 13.1 e 15.32, os profetas constituíam o ministério da 
Palavra de Deus, impulsionado por inspiração profética. Por meio dessa 
inspiração, esse ministério é acompanhado de “edificação, exortação e 
consolação”, que são evidências da operação do verdadeiro espírito da 
profecia (cf. 1 Co 14.3). Observamos, assim, que o simples uso do dom 
de profecia não faz de ninguém um profeta, pois profeta é um ministro 
da Palavra (cf. A t 21.9,10).
9.2.3. Evangelistas
O evangelista é um observador da primeira linha da evangelização. A 
função de um evangelista não é em primeiro lugar a de apascentar. Porém, 
quando abre trabalhos, ele os dirige e apascenta até entregá-los a um pastor, 
mas pode acontecer que a mesma pessoa possua mais de um dom ministerial.
9.2.4. Pastores
O pastor é o responsável pela direção e pelo apascentamento do re­
banho. E “o anjo da igreja” (Ap 2.1). Serve sob a direção do Bom Pastor, 
a quem pertence a Igreja (cf. 1 Pe 5.2,4), e deve andar nas suas pisadas 
(cf. Jr 17.16) e sob a sua direção (cf. Jr 3.15). Cabe ao pastor velar pelas 
ovelhas, como quem tem de dar conta delas (cf. Hb 13.17). E o respon­
sável pela doutrinação da igreja (cf. Hb 13.7).
9.2.5. Doutores (ou mestres, Versão Revisada)
Os doutores ou mestres são os ensinadores (cf. 1 Co 12.28). No tempo dos 
apóstolos, esse ministério era apoiado pelos dons da palavra de sabedoria e 
ciência (cf. 1 Co 12.8). O ensinador se dedica ao ensino (cf. Rm 12.7) nas 
igrejas (cf. At 13.1), conforme a ordem de Jesus (cf. Mt 28.19,20; Hb 5.12).
9.3. Outros encargos na Igreja
9.3.1. Presbíteros (cf. T t 1.5-7; 1 T m 3.2,5,7)
São constituídos pelo Espírito Santo (cf. A t 20.28), também chama­
dos “anciãos” (cf. At 11.30; 15.2,4,6 e 20.17); e “bispos” (cf. A t 20.28;1 Tm 3.2; T t 1.7), nomes que representam o mesmo encargo. Os
116
Pneumatologia - A Doutrina do Espírito Santo
presbíteros em conjunto constituem o “presbitério” (cf. 1 Tm 4.14), for­
mando um corpo de auxiliares imediatos do pastor, com o qual coope­
ram ativamente no apascentamento do rebanho (cf. A t 20.28; 1 Pe 5.2; 
Jo 21.15-17). No livro de Atos, os anciãos sempre eram mencionados 
após os apóstolos (cf. A t 15.2-6,22), mostrando que os ministros tinham 
a direção e eram auxiliados por eles.
9.3.2. Diáconos (cf. 1 T m 3.8,12)
Em Atos 6.1-7, temos a relação dos primeiros diáconos no Novo 
Testamento e uma descrição sobre a sua função e posição. E um encargo 
sob a direção do ministro da igreja (cf. A t 6.3), relacionado com os 
serviços de ordem material e social. A Bíblia faz referência a alguns des­
ses encargos da esfera de ação dos diáconos, como o repartir, o exercer 
misericórdia (cf. Rm 12.8) e o socorrer (cf. 1 Co 12.28). Conforme o 
modelo do Novo Testamento, os diáconos não tomavam parte na admi­
nistração e direção da igreja, mas, além de fazer serviços materiais e 
sociais, alguns cooperavam na pregação da Palavra, como Estêvão (cf. 
A t 6.8,10) e Filipe (cf. A t 6.5; 8.4).
9.4. Q u a l é a o b r a d o E s p ír it o S a n t o n o m in is t é r io ?
Conforme o Novo Testamento, a operação do Espírito Santo é abso­
lutamente indispensável no exercício do ministério. O grande progresso 
registrado nos tempos dos apóstolos era o resultado da operação da ple­
nitude do Espírito Santo. A solução dos problemas de hoje está em vol­
tar para os caminhos antigos. Aquele que quiser gozar as vitórias dos 
tempos apostólicos, deve também trilhar os caminhos que eles tri­
lharam.
9.4.1. Batismo no Espírito: base do ministério
Jesus ordenou aos seus apóstolos que não começassem o trabalho antes 
de receber poder do alto (cf. Lc 24.49; A t 1.4,5). A bênção do batismo 
no Espírito Santo é a própria base do exercício de um ministério apostó­
lico. Pelo Espírito Santo podemos entrar no caminho das “boas obras, as 
quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).
117
T eolocia Sistemática
9 .4 .2 .0 Espírito comunica a chamada divina
O Espírito Santo transmite a chamada divina àqueles a quem Deus 
chamar (cf. G 11.15,16) e revela essa chamada àqueles que têm o encar­
go de separá-los para o santo ministério (cf. A t 13.1-3; 1 Sm 16.1,2). E 
dessa maneira que Deus dá o ministério à Igreja (cf. Ef 4.11). Quando 
tudo é feito segundo a direção do Espírito, pode-se dizer que os servos do 
Senhor foram realmente “enviados pelo Espírito Santo” (At 13.4).
9.4 .3 .0 Espírito capacita os chamados
O Espírito Santo proporciona a preparação sobrenatural, de acordo 
com o serviço para o qual Deus chama seus servos. A preparação huma­
na, por melhor que seja, não basta. Moisés possuía toda a ciência dos 
egípcios (cf. A t 7.22). Porém, quando quis executar a missão que sentia 
no seu coração, foi “visitar os seus irmãos” (cf. A t 7.23) confiando ape­
nas em si mesmo e fracassou (cf. A t 7.29; Ex 2.15). Mas, depois que 
recebeu a devida preparação da parte de Deus (cf. Ex 4.1-17), teve con­
dições de executar a grande obra para a qual havia sido chamado. Paulo, 
antes de ter o encontro com Cristo, era cheio de si; porém, depois, dian­
te das necessidades no serviço ministerial, disse: “Não que sejamos ca­
pazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a 
nossa capacidade vem de Deus” (2 Co 3.5). A preparação do ministro, 
conforme o Novo Testamento, é uma obra que o Espírito Santo quer 
fazer (cf. Rm 15.18,19; 1 Co 12.4-6; Hb 2.4). Jesus, como homem, rece­
beu essa preparação pelo revestimento de poder (cf. Lc 3.22) e pelos 
dons espirituais (cf. Lc 5.17; 6.19). Os apóstolos Pedro (cf. A t 9.34,35; 
5.11-16), Paulo (cf. A t 14.8-10; Ef 3.3-9) e outros, tiveram nessa prepa­
ração o segredo das grandes vitórias que alcançaram. O Espírito Santo 
transmite o poder e a sabedoria de Deus aos servos do Senhor, em todos 
os transes dos seus ministérios.
9 .4 .4 .0 Espírito guia seus servos
O Espírito Santo opera guiando os servos do Senhor, revelando-lhes 
o plano de Deus (cf. A t 10.11-20; 16.9-15). É um privilégio ainda hoje 
receber a direção do Espírito Santo na vida e no trabalho cristão.
118
Pneumatologia - A Doutrina do Espírito Santo
9.4 .5 .0 Espírito opera através dos seus servos 
O Espírito Santo opera, usando os servos do Senhor como instru­
mentos. Ele é o ativador da obra do Senhor. É sempre Deus quem opera 
(cf. A t 15.4,12; 14.27). A mão do Senhor se manifesta (cf. At 11.21; 
4.30) confirmando sua obra (cf. Mc 16.20), porém tanto Deus como 
Jesus agem através do Espírito Santo.
10. O Espírito S anto O pera na Ressurreição
Ainda vamos mencionar uma obra importante do Espírito Santo. O 
mesmo Espírito que sempre operou na vida do crente desde a sua cha­
mada para a salvação, e que guiou, orientou, abençoou, protegeu e aju­
dou, operará ainda na ressurreição, no dia da vinda do Senhor.
1 0 .1 .0 SIGNIFICADO DA RESSURREIÇÃO
Ressurreição é o ressurgimento do corpo e a sua reunificação com o 
espírito e a alma, que na morte o deixaram (cf. Tg 2.26).
A doutrina da ressurreição faz parte dos primeiros rudimentos de 
doutrina (cf. Hb 6.1-4). A ressurreição de Cristo é uma das doutrinas 
fundamentais do Cristianismo (cf. 1 Co 15.1-4,16,20). A Bíblia ensina 
que haverá ressurreição tanto dos justos como dos injustos (cf. At 24.15; 
Jo 5.28,29; Dn 12.1,2). A ressurreição dos justos é chamada “a primeira 
ressurreição” (cf. Ap 20.5,6), a qual terá lugar na vinda de Jesus nas 
nuvens (cf. 1 Ts 4.16). A ressurreição dos ímpios se efetuará mil anos 
depois, diante do julgamento no Juízo Final (cf. Ap 20.11-15).
10.2. A operação do Espírito Santo na vinda de Jesus
O milagre da ressurreição é uma operação do Espírito Santo (cf. Rm 
8.11; 1 Co 6.14; Fp 3.21) e constitui uma manifestação sobreexcelente 
da grandeza do poder de Deus (cf. Ef 1.19,20). Acontecerá no momento 
em que a trombeta soar, na vinda de Jesus. “Os que morreram em Cristo 
ressuscitarão primeiro” (1 Ts 4-16). Então, as partículas que ficaram quan­
119
T EOLOciA Sistemática
do o corpo sujeito à corrupção voltou à terra, como o era (cf. Ec 12.7), 
se levantarão transformadas pelo assopro do Espírito de vida, como um 
corpo glorioso e perfeito (cf. 1 C o 15.52,53), que no mesmo momento 
será revestido de imortalidade e incorruptibilidade. Assim, ele será arre­
batado e comparecerá diante de Jesus nas nuvens.
No mesmo momento, os crentes que estiverem neste mundo serão 
transformados e arrebatados para o encontro com Jesus nos ares. Essa 
operação maravilhosa é feita pelo Espírito Santo (cf. Fp 3.21).
O último serviço do Espírito Santo junto aos crentes será quan­
do Ele, no julgamento diante do tribunal de Cristo, operar como 
fogo, fazendo a avaliação das obras feitas por meio do corpo (cf. 
1 C o 3.12-15). “O Dia a declarará, porque pelo fogo será descober­
ta” (1 Co 3.13).
1 1 . A O p e r a ç ã o d o E s p í r i t o S a n t o É 
C o n d i c i o n a l
O Espírito Santo é soberano. Ele opera como o vento, isto é, “assopra 
onde quer” (Jo 3.8). Aquele que se coloca à inteira disposição do Espíri­
to Santo experimentará a sua operação poderosa e irresistível (cf. At
6.10). A Bíblia diz: “Operando eu, quem impedirá?” (Is 43.13) Assim 
aconteceu nos dias dos apóstolos; apesar de os inimigos os perseguirem, 
procurando impedi-los de agir, o Espírito Santo operava por meio deles 
de tal maneira que o Evangelho se espalhou vitoriosamente por toda a 
parte (cf. A t 4-33; 5.40-42; 6.7). Quando se trata da operação do Espíri­
to na vida do crente, a sua manifestação depende da atitude que ele 
mostrar para com o Espírito Santo. Deus jamais força alguém a aceitá-lo; 
não arromba a porta de nenhum pecador, mas espera que a pessoa, vo­
luntariamente, o aceite (cf. Ap 3.20; At 16.14; Lc 15.18). Assim tam­
bém o Espírito Santo opera na vida do crente que lhe dá plenaliberdade 
de ação (cf. 2 Co 3.17). Vamos agora observar como as diferentes atitu­
des da parte dos homens para com o Espírito têm influência sobre a 
maneira como Ele se manifesta neles.
1 2 0
Pneumatologia - A Doutrina do Espírito Santo
11.1 . A titudes negativas que impedem a operação do E spIrito 
S anto
11.1.1. Resistir ao EspIrito S anto (cf. A t 7.51)
Aqui se trata de uma atitude oposicionista contra o Espírito, quando 
Ele fala ao homem (cf. Ne 9.30). Essa atitude caracterizava os religiosos 
no tempo de Estêvão, os quais embora convencidos pelas palavras inspi­
radas que haviam ouvido, levantaram-se contra ele (cf. A t 6.9-15). Tal 
atitude expressa uma rebeldia contra Deus, coisa que entristece o Espíri­
to Santo (cf. Is 63.10).
11.1.2. Entristecer o Espírito S anto (cf. Ef 4.30)
Cada crente foi comprado por bom preço, tomando-se propriedade de 
Deus (cf. 1 Co 6.20; 1 Pe 1.18,19); por isso o Espírito Santo quer domínio 
total sobre cada um (cf. Rm 12.1,2; Tg 4-4,5). Porém, quando o crente 
deixa que sua came o domine, é levado a cometer faltas: furto (cf. Ef 
4.28), ira (cf. Ef 4.26,31), etc. Essas faltas entristecem o Espírito Santo 
(cf. Ef 4.30). Acontecendo isso, importa que o crente imediatamente ob­
tenha o perdão de Jesus (cf. 1 Jo 1.7,9). Então, o Espírito Santo de novo 
testificará com o espírito dele que tudo está bem (cf. Rm 8.16).
11.1.3. Extinguir o Espírito S anto (cf. 1 T s 5.19)
Aqui se trata de uma ação praticada pelos crentes de Tessalônica, a 
qual ameaçava extinguir o fogo do Espírito Santo no meio deles. Eles 
haviam agido de modo exagerado em seu zelo de manter a doutrina cor­
reta do uso dos dons, e, por isso, receberam a exortação: “Não extingais 
o Espírito”, que ainda em nossos dias continua sendo útil e digna da 
nossa atenção.
11.1.4. Blasfêmia contra o Espírito S anto (cf. Mt 12.31; Hb 10.29)
E um pecado diferente dos demais, para o qual não existe perdão.
Qual o significado desse pecado? Não se trata de blasfêmia contra a
Palavra de Deus, contra Deus, ou contra qualquer ministro da igreja, pois 
para tudo isso existe perdão (cf. 1 Tm 1.13-15; Mt 12.32). A blasfêmia 
contra o Espírito é um pecado singular. E aquele que os fariseus comete­
121
T eologia Sistemática
ram quando, com o intuito de afastar o povo de seguir a Jesus, afirmaram 
que Ele havia expulsado demônios pelo espírito de Belzebu (cf. Mt 12.24). 
Foi então que Jesus afirmou que haviam blasfemado contra o Espírito Santo, 
e que para tal pecado jamais haveria perdão (cf. Mt 12.31,32).
Como se verifica o efeito desse pecado na vida dos que o cometem? 
Aquele que comete pecado dessa natureza sofre um afastamento imedi­
ato do Espírito Santo em sua vida, o que ocasiona morte espiritual total 
e irreversível. Tal pessoa jamais sentirá qualquer tipo de remorso ou de­
sejo de buscar a Deus. O Espírito Santo jamais o chamará para o arre­
pendimento. Sabemos de pessoas que se abatem preocupadas, chorosas, 
por acharem que pesa sobre elas esse pecado. Julgam que jamais poderão 
ser perdoadas. Porém, só o fato de estarem arrependidas, desejosas de 
salvação ou de perdão, prova que não cometeram pecado contra o Espí­
rito Santo, pois o Espírito as está chamando para o arrependimento.
11.2. A titudes positivas que dão plena liberdade à operação do 
E spírito Santo
11.2.1. P u r e z a d e c o r a ç ã o ( c f . Mt 5.8)
A santidade de Deus exige santidade da parte dos crentes (cf. 1 Pe 
1.15,16; Hb 12.14). “Serei santificado naqueles que se cheguem a mim 
e serei glorificado diante de todo o povo” (Lv 10.3), por isso o crente 
deve “andar de acordo” (cf. Am 3.3), pois “o que se ajunta com o Se­
nhor é um mesmo espírito” (1 Co 6.17). A Bíblia tem muitos exemplos 
nos quais se verifica que a falta de santidade interrompeu o contato com 
o Senhor e com o seu Espírito (cf. Jz 16.19,20; 1 Sm 16.14; Js 7.12). O 
mistério da fé é guardado na consciência do crente (cf. lTm 3.9). Quando 
essa consciência faltar, o crente estará diante do seu próprio naufrágio 
(cf. 1 Tm 1.18,19). Portanto, devemos conservar os nossos vestidos al­
vos, e assim, não faltará óleo sobre a nossa cabeça (cf. Ec 9.8).
11.2.2. A o b e d iê n c ia ( c f . At 5.32)
Obediência é uma atitude indispensável à operação do Espírito San­
to na vida do crente, pois expressa uma sujeição voluntária diante da 
divindade (cf. Rm 6.17). Quando o crente obedece à Palavra do Se­
122
Pneumatolocia - A Doutrina do Espírito Santo
nhor, então a divindade faz nele morada (cf. Jo 14.23) e a ele se mani­
festa (cf. Jo 14.21). Quando o crente obedece ao Senhor em tudo, expe­
rimenta a glória de Deus manifestar-se na sua vida. Assim aconteceu 
quando Moisés obedeceu ao Senhor na construção do Tabernáculo, e a 
glória de Deus encheu o edifício (cf. Êx 40.16,34,35). Quando, porém, 
mais tarde, Moisés desobedeceu ao Senhor, não lhe foi permitido levar 
o povo de Israel à terra de Canaã (cf. Nm 20.12). Portanto, convém crer 
no Senhor como diz a Escritura, pois assim rios de água viva correrão da 
nossa vida (cf. Jo 7.37,38).
11.2.3. A FÉ AGRADÁVEL A DEUS (CF. Hb 11.6)
Quando uma pessoa crê no Senhor, confiando que aquilo que Deus 
prometeu se cumprirá (cf. Rm 4.20,21), então experimenta a ação do 
Espírito Santo se manifestando para cumprir as promessas de Deus (cf. 
Jo 11.40), pois a sua operação é vinculada à fé (cf. G1 3.2,5).
11.2.4. H u m i l d a d e ; a p e r f e i ç o a m e n t o d o p o d e r d e D e u s 
( c f . 2 C o 12.9)
N a fraqueza que a humildade representa, o crente se toma forte (cf. 
2 Co 12.10). O tesouro de Deus é dado a “vasos de barro”, pois assim a 
excelência do poder sempre será da mão de Deus e não do homem (cf. 2 
Co 4.7). A mensagem contida em Zacarias 4.6 é válida em todos os 
tempos. “Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o 
Senhor dos Exércitos”. A verdadeira humildade gera uma dependência 
absoluta da ajuda de Deus. Foi isso que Jesus experimentou quando, 
como homem, andava aqui (cf. Jo 5.19,30; 8.28; 14.10). A mesma coisa 
Paulo sentiu (cf. 2 Co 3.5,6). Quando Moisés não quis enquadrar-se 
nessa lei espiritual, mas agiu confiado no seu próprio poder, fracassou 
(cf. Ex 2.11-15; At 7.25-29). Mas, quando sentiu-se sem recursos pró­
prios, Deus estendeu o seu braço e manifestou o seu poder na vida do 
legislador (cf. Êx 3.1-11; 4.10).
123
C a píttjto G
A n t r o p o l o g ia
A D ou t r i n a do Homem
T oda religião g ira em t o r n o de dois pó lo s :
Deus e o homem e suas relações mútuas.
Por isso é im po rta nte co nhecer o que a Bíblia
EN SIN A SO BR E ÜEUS E SOBRE O HOMEM.
T EOLOCiA S istemática
1. Deus É a O rigem do H omem
1.1. A B íblia afirma que D eus criou o homem
A Bíblia diz: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra” 
(Gn 2.7). Essa afirmativa soberana faz cair por terra todas as teorias 
materialistas e panteístas que se baseiam em hipóteses e suposições 
infundadas. O homem surgiu no cenário deste mundo pela poderosa 
Palavra de Deus. Jesus falou disso, afirmando: “N o princípio, o Cria­
dor os fez macho e fêmea” (Mt 19.4), e falou ainda: “Desde o princípio 
da criação, Deus os fez macho e fêmea” (Mc 10.6). Assim, o homem 
tem Deus como a sua origem, e não é descendente de algum macaco 
dos tempos passados. Graças a Deus! Já apreciamos os detalhes da cri­
ação do homem em um estudo anterior. Aqui iremos somente obser­
var que, quando a Bíblia fala da criação do homem, usa a palavra 
hebraica A sah, que significa “fazer de coisas que já existem” (cf. Gn 
1.26; 2.7), porque Deus fez o homem do pó da terra, e a mulher da 
costela de Adão. Porém, a Bíblia também usa a palavra Bara, que sig­
nifica “fazer algo do nada” (cf. Gn 1.27), porque Deus também “criou” 
no homem um espírito e uma alma (cf. Gn 2.7). Em Isaías 43.7, en­
contramos essas duas expressões: “Os que criei [bara] para a minha 
glória; eu os formei, sim, eu os fiz [asah]”.
1.2. A B íblia afirma que todos os homens procedem de A dão
Quando Deus criou Adão, “nãohavia homem para lavrar a terra”
(Gn 2.5). Depois que Adão foi criado, Deus disse: “Não é bom que o 
homem esteja só” (Gn 2.18). Portanto, Adão é chamado, com razão, “o 
primeiro homem” (1 Co 15.45). Quando Eva foi formada, Adão cha­
mou-a assim “porquanto ela era a mãe de todos os viventes” (Gn 3.20). 
A Bíblia afirma ainda que Deus “de um só fez toda a geração dos ho­
mens” (At 17.26). Essas palavras, somadas a outros textos da Bíblia, 
desfazem totalmente as teorias de que, no princípio, tenha havido ho­
mens de outras raças ou de outra procedência, os quais se espalharam 
sobre o mundo. Outros confundem-se com a expressão “os filhos de Deus” 
(Gn 6.2), julgando que aqui se trata de uma espécie humana de outra
126
A ntropolocia - A Doutrina do Homem
origem. Porém, nessa passagem fala-se simplesmente dos homens da li­
nhagem de Sete (filho de Adão e Eva, cf. Gn 4.26), os quais creram em 
Deus, motivo pelo qual foram chamados “filhos de Deus”. Nós também 
somos “filhos de Deus” (cf. 1 Jo 3.2). As diferenças que existem entre 
raças e povos quanto à cor, forma dos rostos e cabelos, não evidenciam 
outras origens, pois as mesmas foram produzidas por fatores climáticos e 
ambientais.
2 .0 H omem Foi C riado à Imagem e 
S emelhança de Deus
A Bíblia diz: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa 
semelhança” (Gn 1.26). Uma coisa tão sublime não se afirma a respeito 
de nenhuma outra criatura de Deus. Somente o homem foi criado à 
semelhança de Deus, e é considerado como a coroa da criação. Vejamos 
o que significa ser criado à semelhança da imagem de Deus.
2.1. D eus pôs a eternidade no coração do homem
Deus, o “Rei eterno” (Jr 10.10), pôs a eternidade no coração do 
homem (cf. Ec 3.11, Versão Revisada). A Bíblia diz: “E formou o 
Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o 
fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (G n 2.7). Assim, 
somos da sua geração (cf. A t 17.28). Todo homem é, portanto, por­
tador de eternidade dentro de si. A sua alma não pode morrer (cf. Mt 
10.28), e o seu espírito é incorruptível (cf. 1 Pe 3.4). Somente o 
corpo do homem é mortal; porém, ressuscitará um dia (cf. A t 24.15; 
Jo 5.28,29).
2.2. D eus criou o homem com alma e espírito
Deus, que é Espírito (cf. Jo 4.24), criou o homem com uma parte 
espiritual, isto é, com alma e espírito. Essa parte espiritual é invisível e 
imaterial, conhecida como “o homem interior”, e habita no corpo, que 
é “o homem exterior” (cf. 2 Co 4.16).
127
T EOLociA Sistemática
2.3. O HOMEM É UM SER TRÍPLICE
Deus, que é trino, criou o homem como um ser tríplice, isto é, com­
posto de corpo, alma e espírito. O Deus trino, isto é, Deus Pai, Deus 
Filho e Deus Espírito Santo, imprimiu sua semelhança na formação do 
homem. Também Jesus, quando se fez homem, recebeu um corpo (cf. 
Hb 10.5), uma alma (cf. Mt 26.38) e um espírito (cf. Lc 23.46). A Bíblia 
fala muito dessas três partes do homem (cf. 1 Ts 5.23).
2.4. D eus, que é perfeito, criou o homem perfeito
A Palavra de Deus afirma a respeito da criação do homem: “Eis 
que era muito bom” (G n 1.31), e ainda: “Deus fez o homem reto” 
(Ec 7.29). Paulo escreveu que o novo homem é criado por Deus em 
verdadeira justiça e santidade (cf. Ef 4.23,24). Esse “novo homem” é 
o crente salvo, que é “a imagem daquele que o criou” (C l 3.10). O 
pecado havia desfigurado essa imagem. Porém, Jesus veio para 
restaurá-la. Ele viveu aqui na terra exatamente como Deus queria 
que os homens vivessem, tornando-se, assim, o nosso exemplo (cf. 
Fp 2.5; 1 Pe 2.21). Depois morreu com a finalidade de nos dar poder 
para, por meio do novo nascimento, sermos feitos filhos de Deus (cf. 
Jo 1.12,13).
2.5. O HOMEM É UM SER MORAL
Deus, a fonte da verdadeira moral, criou o homem com sentimento 
moral. A Palavra de Deus afirma: “Eis que o homem é como um de nós, 
sabendo o bem e o mal” (Gn 3.22). Deus colocou essa ciência dentro do 
espírito humano, em uma área que é o marco notável do Criador — a 
consciência (cf. Rm 2.15). É ela que declara incontestavelmente o ve­
redicto sobre a maneira como o homem age.
2.6. D eus criou o homem um ser inteligente
O Deus de entendimento infinito criou o homem como um ser inte­
ligente, em condições de cooperar com o seu Criador. Assim, o homem 
cooperou com Deus já no jardim do Éden (cf. Gn 2.19). Deus ainda 
quer que sejamos os seus cooperadores (cf. 1 Co 3.9).
128
A ntropologia - A Doutrina do Homem
2 .7 . D eus criou o homem com livre-arbítrio
Deus, que criou o mundo conforme a sua vontade (cf. Ap 4.11), 
também criou o homem com livre-arbítrio. Assim, o homem possui li­
berdade de escolha, e, inclusive, tem a liberdade de obedecer ou não (cf. 
Dt 30.19; Is 56.4; Lc 10.42).
2 .8 . O HOMEM TEM PODER DE DOMÍNIO
Deus, o Supremo Governo, atribuiu ao homem uma posição de do­
mínio sobre a criação. Ele disse: “Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a 
terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos 
céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra” (Gn 1.28). De­
pois que o mal havia entrado no mundo, Deus disse: “O pecado jaz à 
porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás” (Gn 4 7).
3. O H omem É C omposto de C orpo,
A lma e Espírito
“Que é o homem?” (SI 8.4) Essa pergunta do salmista tem sido alvo 
de muitas pesquisas, através de todos os tempos, da parte de filósofos, 
cientistas, teólogos e outros. Quando o rei Davi meditou sobre esse pro­
blema, disse: “Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravi­
lhoso fui formado” (SI 139.14). E realmente um assunto interessante 
estudar o que a Bíblia ensina a respeito do homem. Podemos definir e 
subdividir esse assunto de várias maneiras. Assim como o tabernáculo 
no deserto era dividido em três partes, também o homem o é. O pátio do 
tabernáculo representa a parte externa e visível do homem, que é o seu 
corpo; o lugar santo, que não se podia ver de fora, representa a alma, e o 
lugar santíssimo representa o espírito do homem. A Bíblia subdivide o 
homem em duas partes: “o homem exterior”, que é o seu corpo, e “o 
homem interior”, que é composto da alma e do espírito (cf. 2 Co 4.16; 
Ef 3.16). A parte exterior do homem é visível e mortal, enquanto a 
parte interior é imaterial, invisível e imortal.
129
T eolocia Sistemática
3.1. O CORPO DO HOMEM
O corpo do homem foi formado por Deus do pó da terra (cf. Gn
2.7), isto é, da mesma terra que temos hoje sob os nossos pés. A tra­
vés de análise química, sabemos que o corpo humano consiste de 
vários compostos, como ferro, glicose, sal, carbono, iodo, fósforo, 
cálcio, etc.
O valor real do corpo está em sua alta finalidade de ser a morada da 
alma e do espírito do homem (cf. 2 Pe 1.14,15; 2 Co 5.1,4; Jó 14.22; 
32.8; Zc 12.1). O corpo humano conserva a vida enquanto o espírito e a 
alma nele permanecem. Quando o espírito (cf. Ec 12.7; Tg 2.26; Lc 
8.54,55) e a alma (cf. A t 20.9,10; 1 Rs 17.20-22; G n 35.18) deixam o 
corpo, este morre. Por ser um produto feito à semelhança de Deus, o 
corpo não será aniquilado, mas ressuscitará (cf. Jó 19.26). Outra afirma­
ção de importância é que o corpo foi determinado para ser templo do 
Espírito Santo (cf. 1 Co 6.20).
3.2. A ALMA DO HOMEM
3.2.1. O HOMEM INTERIOR
A alma, junto com o espírito, formam o “homem interior”, a parte 
imaterial de todo ser humano. Embora a alma e o espírito estejam 
inseparavelmente unidos, tanto dentro como fora do corpo, existe uma 
diferença entre eles. A Bíblia diz que “a palavra de Deus é viva, e eficaz, 
e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à 
divisão da alma, e do espírito” (Hb 4.12).
3.2.2. Função da alma e do espírito
A alma é a parte que orienta a vida do corpo e estabelece o contato 
com o mundo em redor, enquanto o espírito é a parte do homem que lhe 
oferece a possibilidade de relacionamento com Deus.
3.2.3. A ALMA É A SEDE DO SENTIMENTO
A Bíblia diz: “A minha alma tem sede de Deus” (SI 42.2); “a minha 
alma se alegrará no Senhor” (SI 35.9);“A minha alma está quebrantada 
de desejar os teus juízos” (SI 119.20). E com a alma que podemos amar a
130
Antropolocia - A Doutrina do Homem
Deus (cf. Mt 22.37). A alma também sente-se aborrecida (cf. 2 Sm 5.8; 
Jr 14-19; Gn 42.21), ficando triste e amargurada (cf. 2 Rs 4.27).
3.2.4. A INTELIGÊNCIA RESIDE NA ALMA
A alma é a sede do intelecto com todas as suas faculdades: pensa­
mento, entendimento e saber (cf. SI 139.14; Pv 19.2). A vontade tem 
também na alma a sua sede. É a alma que centraliza o querer: “O que a 
sua alma quiser, isso fará” (Jó 23.13). A alma também é o centro do 
temperamento, pois nela habita a índole. A alma pertencem também 
os desejos e as paixões em relação à vida natural e física (cf. Lc 12.19; 
Ap 18.14).
3.2.5. A ALMA DO HOMEM NÃO ESTÁ NO SANGUE
Quando a Bíblia, em Levítico 17.11, afirma: “a alma da carne está no 
sangue”, a palavra “alma” está sendo usada como sinônimo de “vida”. 
Veja em Gênesis 9.4: “A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu 
sangue, não comereis”. A idéia de que o sangue significa a alma do ho­
mem abre a porta para muitas contradições. Vejamos o texto de 
Apocalipse 6.9,10: “E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar 
as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor 
do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até 
quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso 
sangue dos que habitam sobre a terra?” Se a alma fosse a mesma coisa 
que o sangue, como então as almas poderiam estar no Paraíso, debaixo 
do altar, uma vez que o seu sangue havia sido derramado sobre a terra? 
Está bem claro que o sangue faz parte do corpo, enquanto a alma é a 
parte imaterial e imortal do homem. Se a alma fosse o sangue, uma trans­
fusão sangüínea seria, na realidade, uma transfusão de alma — receberí­
amos a alma de outra pessoa! Isso é doutrina espírita! Um absurdo!
3.2.6. A ALMA PODE SER SALVA
A Bíblia fala da salvação da alma (cf. Tg 5.20) e pergunta: “Que 
daria o homem pelo resgate da sua alma?” (Mc 8.37) e: “Que aproveita­
ria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?” (Mc 8.36)
T EOLÒGiA Sistemática
S M m w N N M M M M n ie n M r!^
Devemos, portanto, encomendar as nossas almas a Deus, como ao fiel 
Criador, fazendo o bem (cf. 1 Pe 4.19).
3 .3 . O ESPÍRITO DO HOMEM
3.3.1. O QUE É?
O espírito é a parte invisível do homem que, juntamente com a alma, 
compõe o “homem interior”. É aquela parte do homem que, como uma 
janela aberta para o céu, lhe dá condições de sentir a realidade de Deus 
e da sua Palavra (cf. 1 Co 2.10,12). Eis o que distingue o homem de 
qualquer outro ser: só ele foi criado à imagem e semelhança de Deus. O 
espírito do homem é a sede das suas relações com Deus. “O espírito do 
homem é a lâmpada do Senhor” (Pv 20.27, Versão Revisada). Por esse 
motivo, a Bíblia muitas vezes usa “coração” como sinônimo de “espíri­
to”: “Era um o coração e a alma da multidão dos que criam” (At 4.32).
3.3.2. O NÃO-CRENTE
O espírito do homem não-crente é morto, inativo, isto é, separado 
de Deus (cf. Ef 2.1-5; Lc 15.24,32; C l 2.13; 1 Tm 5.6). Ele é dominado 
pelos seus pecados e concupiscências (cf. Ef 4.17-22; T t 1.15), sem pos­
sibilidade de ver a glória de Deus (cf. 2 Co 4-4).
3.3.3. O ESPÍRITO DO HOMEM NO PROCESSO DE SALVAÇÃO
N a salvação, o espírito do homem é vivificado (cf. Ef 2.5; C l 2.13). 
Um despertamento começará no seu espírito (cf. Ed 1.1) quando o Espí­
rito Santo o convencer do seu pecado, e da justiça e do juízo de Deus 
(cf. Jo 16.8-10). Quando o homem aceita a Jesus como Salvador, recebe 
a vida eterna (cf. Rm 6.23) e, então, “o mesmo Espírito testifica com o 
nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16).
Agora, “eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). O espírito do homem 
vivificado pode, doravante, ver a glória de Deus, pois o véu que antes o 
impedia foi tirado (cf. 2 Co 3.16). O seu coração tomou-se limpo e pode 
ver a Deus (cf. Mt 5.8), o Invisível (cf. Hb 11.27). A luz resplandece em 
seu interior, para “iluminação do conhecimento da glória de Deus”. Agora 
ele pode comprovar que Deus é bom (cf. SI 34-8), e com o seu espírito
132
A ntropologia - A Doutrina do Homem
adorar ao Senhor (cf. Jo 4.23) e orar (cf. 1 Co 14.15,16), e o Todo- 
poderoso dará ao espírito do novo crente a inspiração divina que o faz 
entendido (cf. Jó 32.8).
Assim, podemos observar com clareza que “o espírito do homem” 
não significa “o Espírito Santo operando no homem”, mas que esse espí­
rito é um órgão do seu “homem interior”, onde o Espírito Santo opera, 
fazendo-o ouvir a voz de Deus (cf. A t 2.7).
3.3.4. A CONSCIÊNCIA
Uma das faculdades mais importantes do espírito humano é a cons­
ciência (cf. Rm 2.15,16), que é uma “janela” existente no homem, pela 
qual Deus olha para o seu interior. A consciência é um “espião” de Deus 
que persegue o homem quando ele peca, mas que lhe fala com uma voz 
elogiosa quando faz o bem.
4 . O H o m e m D i a n t e d a M o r t e e d a E t e r n i d a d e
O materialismo não aceita a doutrina da Bíblia a respeito de uma vida 
após a morte. A Bíblia diz, porém, que é um prejuízo inestimável o homem 
não pensar no seu fim (cf. Lm 1.9), e, por isso, nos ensina a orar: “Ensina- 
nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” 
(cf. SI 90.12; Dt 32.29). Jesus veio para trazer à luz “a vida e a incorrupção” 
(2 Tm 1.10). Portanto, temos na Bíblia a única fonte que nos dá uma verda­
deira luz sobre a vida após a morte. E bem verdade que muitas coisas sobre 
essa vida não estão reveladas. Porém, “as reveladas são para nós e para os 
nossos filhos, para sempre” (Dt 29.29). Essas coisas reveladas sobre a vida 
além do véu da carne é que vamos procurar conhecer.
4 .1 . “ AOS HOMENS ESTÁ ORDENADO MORREREM UMA VEZ” (H b 9 .27)
4.1.1. A MORTE ENTROU NO MUNDO PELO PECADO (CF. Rm 5.12)
A morte entrou no mundo no momento em que Deus pronunciou a 
sentença sobre o pecado: “Até que tomes à terra; porque dela foste to­
mado, porquanto és pó e ao pó tomarás” (Gn 3.19). Assim, a morte
133
T eologia Sistemática
atingiu a todos os homens (cf. Rm 5.12). Uma única exceção a essa 
regra infalível acontecerá na vinda de Jesus — aqueles que estiverem 
preparados serão transformados e arrebatados (cf. 1 Ts 4.14-17), sendo 
revestidos de imortalidade (cf. 1 Co 15.53). Desse acontecimento te­
mos dois exemplos no Antigo Testamento: Enoque (cf. Gn 5.24; Hb 
11.5) e Elias (cf. 2 Rs 2.11) — eles não viram a morte.
4.1.2. A CERTEZA DA MORTE FAZ A VIDA INSTÁVEL E PASSAGEIRA
A Bíblia usa várias figuras para mostrar a instabilidade da vida. 
Meditemos nos seguintes exemplos: a vida é como uma “corrente de 
água”, “um sono” ou “uma erva” (cf. SI 90.5; 103.15; Is 40.6,7; Tg 
1.10,11); como um “conto ligeiro” (cf. SI 90.9), “uma sombra” (cf. SI 
102.11; 144-4); como “navios veleiros” ou “águia que se lança à comi­
da” (cf. Jó 9.26).
4 .2 . O QUE ACONTECE NA HORA DA MORTE COM O CORPO, A ALMA E O 
ESPÍRITO?
4.2.1. M orte é sepa ra ção
A morte significa sempre separação. A Bíblia fala de morte em vários 
sentidos, mas sempre a separação é o significado principal.
• A morte no sentido espiritual é o estado de uma pessoa que vive 
sem Deus, cujo espírito está morto, isto é, separado de Deus (cf. Ef 2.1).
• A morte física significa não somente que a pessoa que morreu foi 
separada dos seus entes queridos, mas, principalmente, que o seu espíri­
to e a sua alma deixaram o corpo que já morreu (cf. Tg 2.26).
• A Bíblia fala também da “segunda morte” (cf. Ap 2.11; 20.6), que 
significa uma eterna separação de Deus.
4.2.2. Q ue a co n tec e co m o co rpo n a h o ra da m o rte?
Com a saída da alma (cf. A t 20.9,10; 1 Rs 17.21; Gn 35.18,19) e do 
espírito (cf. Tg 2.26; Lc 8.54,55; Ec 12.7), o corpo morre e volta ao pó 
(cf. Ec 12.7; Gn 3.19), ou seja, é sepultado e encontra a corrupção. 
Porém, sendo o corpo uma obra de Deus, feito à sua imagem e seme­
134
A ntropologia - A Doutrinado Homem
lhança (cf. Gn 1.26), não será aniquilado, mas ressuscitará (cf. 1 Co
15.35,38) com uma forma imortal (cf. 1 Co 15.53) e espiritual (cf. 1 Co 
15.44,46).
Quando a Bíblia,-ao falar da morte, usa a palavra “dormir”, refere-se 
ao corpo e nunca à alma ou ao espírito (cf. A t 13.36; 1 Ts 4.13,15; Mt 
27.52; 1 Co 11.30; 15.51; Dn 12.2). É o corpo que dorme o sono da 
morte até a manhã da ressurreição, quando todos ouvirão a voz de Deus 
e se levantarão dos seus sepulcros (cf. Dn 12.2; Jo 5.28,29; At 24.15).
4.2.3. Q u e a co n tec e com a a lm a e o espírito n a h o ra d a m o rte?
Quando a Bíblia fala do espírito do homem, jamais se refere ao fôle­
go (respiração) que se extingue na morte, conforme algumas doutrinas 
m aterialistas querem afirmar. Com isso querem eles “provar” a 
inexistência de uma vida real após a morte. Como uma “prova” dessa 
sua afirmativa, dizem que a palavra “espírito” ou “alma” simplesmente 
quer dizer “fôlego”. A Bíblia mostra claramente que “espírito” e “alma” 
são coisas inteiramente distintas do fôlego do homem. Ela registra: “As­
sim diz Deus, o Senhor, que criou os céus, e os estendeu, e formou a terra 
e a tudo quanto produz, que dá a respiração ao povo que nela está e o 
espírito, aos que andam nela” (Is 42.5), e ainda: “Se ele pusesse o seu 
coração contra o homem, e recolhesse para si o seu espírito e o seu fôle­
go” (cf. Jó 34.14). O erro da afirmativa que “espírito”, “alma” e “fôlego” 
na Bíblia significam a mesma coisa fica patente, de modo palpável e 
drástico, se na leitura das seguintes passagens for substituída a palavra 
“alma” pela palavra “fôlego”. Leia e compare, assim, os seguintes textos: 
Atos 23.8; 1 Coríntios 5.5; Gálatas 6.18; 2 Corindos 7.1; Mateus 10.28; 
Lucas 12.19 e Tiago 5.20. Vamos transcrever uma dessas passagens: “Seja 
entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito [substi­
tua por fôlego] seja salvo no Dia do Senhor Jesus” (1 Co 5.5).
A alma e o espírito que deixam o corpo voltam a Deus que os deu 
(cf. Ec 12.7), isto é, ficam à disposição de Deus para serem encami­
nhados ao lugar que corresponda à relação que tiveram com o Se­
nhor na hora da morte para ali aguardarem o dia da ressurreição. 
Existe uma “casa de ajuntamento” destinada a todos os viventes (cf.
135
T EOLOGiA S istemática
Jó 30.23), onde mais que qualquer outro lugar, vê-se “a diferença 
entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não o serve” 
(Ml 3.18). Logo, “rendendo o homem o espírito, então, onde está?” 
(Jó 14.10)
• O espírito-alma do justo irá para o Paraíso (cf. Lc 23.43; 2 Co 5.8), 
onde gozarão descanso (cf. Ap 14.13), consolação e felicidade (cf. Lc 
16.23,25). Por esse motivo “é preciosa, à vista do Senhor, a morte dos 
seus santos” (cf. SI 116.15).
• Os espíritos dos injustos irão para o Hades, um lugar de tormentos, 
onde aguardarão a ressurreição para o julgamento final (cf. Lc 16.22,23; 
Ap 20.11,12). Esse lugar é de sofrimento e angústia. Foi para lá que foi 
Coré com os seus companheiros de rebelião, quando a terra se abriu e os 
engoliu vivos (cf. Nm 16.31-34).
4 .3 . C omo será o estado intermediário do espírito e da alma após
A MORTE?
4.3.1. Os ESPÍRITOS SÃO IMORTAIS
Existe uma doutrina materialista que prega a aniquilação dos que morre­
ram. Porém, a Bíblia afirma que coisa alguma será aniquilada no homem 
que foi criado à imagem de Deus. A alma (cf. Mt 10.28) e o espírito (cf. 1 Pe 
3.4) jamais morrerão. Quanto ao corpo, pela morte transforma-se em pó 
(cf. Gn 3.19). Todavia, levantar-se-á do pó na ressurreição para viver eter­
namente (cf. Dn 12.2). Os defensores daquela doutrina dizem que determi­
nados versículos da Bíblia “provam” as suas afirmativas. Comparemos.
• Afirmam que a palavra grega oltheros (“eterna perdição”), utilizada 
em 2 Tessalonicenses 1.9, significa uma real aniquilação; porém, a mes­
ma palavra é empregada em 1 Timóteo 6.9; 1 Tessalonicenses 5.3 e 1 
Coríntios 5.5, onde não se trata de aniquilação!
• Dizem que a palavra grega analisko (“se desfará” ), empregada 
em 2 Tessalonicenses 2.8, significa uma completa aniquilação. Pode- 
se comparar a mesma palavra em Gálatas 5.15 e Lucas 9.54, onde 
não possui esse sentido.
136
A ntropolocia - A Doutrina do Homem
• Dizem que a palavra grega karego (“aniquilará” ), encontrada em 1 
Tessalonicenses 2.8, significa extinção. Observe que o Anticristo, con­
forme esse versículo, é “aniquilado” pelo “esplendor da sua vinda” e lan­
çado no lago de fogo-f cf. Ap 19.20). Mas a “aniquilação” dele não signi­
fica extinção, uma vez que após mil anos, quando Satanás for lançado 
no mesmo lago de fogo, ali estará ainda o Anticristo (cf. Ap 20.10), e 
ambos serão atormentados etemamente. “Aniquilado”, nessa passagem, 
significa “ficar sem efeito, sem ação”. A mesma palavra é também usada 
em Hebreus 2.14, Romanos 6.6 e 1 Coríntios 6.13.
• A inda explicam que a palavra apolluns ( “perecer” ), em 2 
Tessalonicenses 2.10, teria o sentido de “extinção”; porém, a mesma 
palavra é usada em Mateus 8.25, Lucas 15.17 e 1 Pedro 1.7.
4.3.2. Os ESPÍRITOS DOS MORTOS TERÃO UMA EXISTÊNCIA REAL E 
CONSCIENTE
Existem doutrinas antibíblicas que afirmam que os espíritos dos 
mortos se acham em um estado inconsciente, uma espécie de sono 
eterno. Porém, a Bíblia mostra que o estado de inconsciência refere- 
se só ao corpo, pois na sepultura “não há obra, nem indústria, nem 
ciência, nem sabedoria alguma” (Ec 9.10). E por isso que os mortos 
“não sabem coisa nenhuma” (Ec 9.5). “Mas nós bendiremos ao Se­
nhor, desde agora e para sempre [etemamente]” (SI 115.18). As al­
mas dos crentes louvarão ao Senhor no Paraíso. Contando a história 
do homem rico e Lázaro, Jesus provou que o espírito e a alma de 
crentes ou de descrentes têm uma existência consciente no estado 
intermediário entre a morte e a ressurreição (cf. Lc 16.19-31). C on­
vém salientar que essa história não é uma parábola, mas fato verídi­
co que Jesus conhecia. Em uma parábola, Jesus não dava nomes aos 
personagens. A história de Lázaro e do homem rico é verídica e le­
vanta o véu sobre a existência da morte.
Vejamos os testemunhos de alguns personagens na Bíblia sobre o 
estado consciente da alma-espírito após a morte:
• Abraão. Deus disse a Abraão: “E tu irás a teus pais em paz; em boa 
velhice serás sepultado” (Gn 15.15). Quando Abraão morreu, o seu cor­
137
T EOLociA Sistemática
po foi sepultado na cova de Macpela (cf. Gn 25.9). Ali não estavam os 
“pais”, mas somente a esposa que fora sepultada anos antes (cf. Gn 23.19). 
Foi o seu espírito que entrou na eternidade. Deus afirmou, 330 anos 
depois da morte de Abraão, ser “o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o 
Deus de Jacó” (Ex3.15), e 1.500 anos depois, Jesus explicou essa mesma 
palavra, acrescentando: “Deus não é Deus de mortos, mas de vivos” (Lc
20.38). Abraão ainda existia! Jesus disse que quando os crentes chega­
rem ao céu, verão Abraão, Isaque e Jacó assentados à mesa do Senhor 
(cf. Mt 8.11).
• Moisés. Deus disse a Moisés: “E morre no monte, ao qual subirás; e 
recolhe-te ao teu povo” (Dt 32.50). No monte Nebo, onde Deus sepul­
tou o corpo de Moisés, não havia “povos” aos quais ele pudesse se reco­
lher. O seu corpo realmente foi sepultado, enquanto o seu espírito en­
trava na eternidade, em uma existência tão real que, 1.500 anos depois, 
manifestou-se a Jesus no monte da transfiguração (cf. Mt 17.3).
• Davi. Quando sua criança morreu, Davi afirmou: “Eu irei a ela, 
porém ela não voltará para mim” (2 Sm 12.23). Davi tinha certeza de 
uma vida após a morte.
• Paulo. Ele testifica: “Desejamos, antes, deixar este corpo, para ha­
bitar com o Senhor” (2 Co 5.8), para “estar com Cristo, porque isto é 
ainda muito melhor” (Fp 1.23).
4-3.3. Os MORTOS NÃO POSSUEM MISSÃO A CUMPRIR EM FAVOR DOS QUE 
HABITAM NA TERRA
Sem exceção, todo o serviço a Deus é feito somente por meio do 
corpo (cf. 2 Co 5.10). A Bíblia diz: “Bem-aventurados os mortos que, 
desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito,para que des­
cansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam” (Ap 14.13). Com 
a morte vem a noite, quando ninguém mais pode trabalhar (cf. Jo 
9.4). Por isso, o apóstolo Paulo julgava mais necessário, por amor aos 
filipenses, permanecer vivo, “para proveito vosso e gozo da fé” (Fp 
1.25). É somente pelo corpo que o crente pode glorificar a Cristo, 
seja pela vida ou pela morte (cf. Fp 1.20; Jo 21.19). Os espíritos dos 
mortos são imateriais e não podem ter contato com a matéria. Eles
138
A ntropologia - A Doutrina do Homem
não podem interceder ou orar pelos que vivem aqui na terra, porque 
no céu há somente um mediador (cf. 1 Tm 2.5), e é Ele que interce­
de por nós (cf. Hb 7.25; Rm 8.34). Tampouco poderão ser portadores 
de recados, ou evangelizar os que permanecem no mundo. O pedido 
do homem rico, de que Lázaro fosse enviado para advertir seus ir­
mãos, não foi atendido, pois: “Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam- 
nos” (Lc 16.29). A única missão que os mortos terão no Paraíso será 
louvar a Deus e atender àquilo que Deus lhes ordenar (cf. Ap 5.10; 
7.15 e 20.6).
4.3.4. O ESTADO ESPIRITUAL DO HOMEM NÃO SOFRE ALTERAÇÕES APÓS 
A MORTE
Da maneira como o homem entrar na eternidade, assim permanece­
rá para sempre. Aquele que entrar como crente jamais cairá, e quem não 
for crente, jamais salvar-se-á. A Bíblia diz: “Caindo a árvore para o sul 
ou para o norte, no lugar em que a árvore cair, ali ficará” (Ec 11.3). Por 
que não existe possibilidade para salvação após a morte? Vejamos:
• “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar” (Is 55.6), isto é, no 
“tempo que se chama Hoje” (Hb 3.13). E somente enquanto o homem 
ainda “acompanha com todos os vivos” que há esperança (cf. Ec 9.4). O 
Filho do Homem tem, na terra, poder para perdoar pecados (cf. Mc 2.10) 
e, por isso, é aqui o tempo aceitável, o dia da salvação (cf. 2 Co 6.2).
• “Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, 
o juízo” (Hb 9.27). Quando o pecador estiver no Hades, aguardando a 
ressurreição para a condenação (cf. Lc 16.23; Jo 5.29), jamais poderá sair 
de lá, pois existe um grande abismo (cf. Lc 16.26) que o separa dos salvos.
• A salvação do pecador após a morte é também impossível porque o 
Espírito Santo, então, não mais entrara em ação. Para um homem ser 
salvo nesta vida é indispensável a operação do Espírito Santo (cf. Jo 
6.44,65), tanto na sua chamada (cf. Ap 22.17) como na sua regenera­
ção (cf. Jo 3.8). Quando o Espírito Santo, após a morte, não mais ope­
rar, nenhum pecador sentirá desejo de salvação. Poderá sentir remorso 
pelo prejuízo terrível que o pecado lhe causou, porém não desejará a
139
T EOLOGiA S istemática
salvação. O homem rico, no Hades, não pediu perdão, mas somente 
água para refrescar a língua (cf. Lc 16.26). Os perdidos citados em 
Apocalipse 6.16 não pediram salvação, mas que os montes e rochedos 
os escondessem do rosto daquEle que estava sentado sobre o trono.
• O ensino sobre um “purgatório”, onde as almas não preparadas 
podem ser perdoadas através de sofrimentos e castigos atrozes, não tem 
apoio na Bíblia. Como conseqüência dessa doutrina, surge uma outra 
prática — o esforço de, por meio de votos, missas, orações e esmolas em 
favor dos mortos, procurar aliviar as penas do pecador. Porém, o único 
“lucro” dessa doutrina é aquilo que entra nos cofres daqueles que a pro­
movem. Para os pecadores, nenhum proveito tem. As duas passagens 
bíblicas que estão sendo usadas para “testificar” tal doutrina nada pro­
vam. A primeira encontra-se em 1 Coríntios 3.15: “O tal será salvo, 
todavia como pelo fogo”. Essa frase refere-se, exclusivamente, à prova 
de avaliação das obras que os crentes realizaram por meio do corpo (cf. 
1 Co 3.12-15; 2 Co 5.10). A segunda está registrada em Lucas 12.59: 
“Não sairás dali enquanto não pagares o derradeiro ceitil”. A í é demons­
trada a impossibilidade de sair “da prisão”, se a reconciliação não tiver 
sido feita “no caminho”, pois a porta se fechou (cf. Lc 13.24,25).
• A profecia sobre a “restauração de tudo”, conforme Atos 3.21, tem 
sido interpretada por alguns como prova de que os pecadores também 
serão “restaurados”. Porém, essa profecia fala “da restauração de tudo, 
dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o 
princípio” (A t 3.21). E profeta nenhum falou de salvação de pecadores 
após a morte; pelo contrário, profetizaram sobre o castigo eterno deles 
(cf. Ap 20.11-15).
• A expressão “Todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e 
debaixo da terra” (Fp 2.10) tem sido usada como uma ’’prova” de que há 
salvação após a morte para os que estão “debaixo da terra”, pois afirma 
que eles confessarão que Jesus é o Cristo. Porém, na Bíblia há muitos 
exemplos de que um reconhecimento da glória de Deus não é sinal de 
salvação (cf. Js 7.19; Lc 5.25,26; 23.47; Jo 9.24; SI 106.12-16).
• É certo manter contato com os espíritos dos mortos? As religiões 
pagãs têm procurado manter essa forma de contato. Porém, a Bíblia a
140
A ntropolocia - A Doutrina do Homem
m — — ~t i i w — — ■ i i w i i i i i M i íi mu i i n u n i
proíbe terminantemente (cf. Êx 22.18; Lv 19.31; 20.6,7; Dt 18.1042; Is 
8.19 e 19.3), pois todos os mortos estão sob a responsabilidade de Deus 
(cf. Ec 12.7). Jesus tem a chave da morte e do inferno (cf. Ap 1.18). 
Quando alguém procura contato com o espírito dos mortos é enganado 
pelo demônio, pois só ele aparece como um espírito de mentira (cf. 1 Rs 
22.22): imita aquele cujo espírito está sendo invocado, conforme a dou­
trina dos demônios (cf. 1 Tm 4.1). Essas invocações constituem “as 
profundezas de Satanás” (cf. Ap 2.24) e fazem com que os homens crei­
am na mentira (cf. 2 Ts 2.11). Foi isso que aconteceu quando o rei Saul 
procurou a feiticeira, pedindo que ela chamasse o espírito de Samuel. O 
demônio o enganou, fazendo com que cresse que Samuel havia apareci­
do (cf. 1 Sm 28.10-19), o que não foi verdade. A Bíblia afirma que 
nenhum encantamento contra Israel tem valor (cf. Nm 23.23), e afirma 
que “Saul não buscou ao Senhor” (cf. 1 Cr 10.14). Se Samuel tivesse 
realmente aparecido, Saul teria buscado ao Senhor. E ele morreu por ter 
buscado a feiticeira (cf. 1 Cr 10.13) ao invés do Senhor.
141
Ç. A PÍTT TT O f i
H am artio lo gia
A D o u t r i n a do Pecado
P a r a m e l h o r c o n h e c i m e n t o d a d o u t r i n a d a
SA LVAÇÃO E DA DOUTRINA DO HOMEM, É NECESSÁRIO
CONHECER O QUE A BÍBLIA ENSINA SOBRE O
PECADO, O MAIOR MAL QUE ENTROU NO MUNDO.
T EOLOGIA Sistemática
1. A O rigem do Pecado
Filósofos, psicólogos, teólogos, cientistas e muitos outros têm-se ocu­
pado com o mistério da origem do pecado. Os resultados das suas pesqui­
sas diferem muito entre si, mas a Bíblia nos dá uma definição correta!
1.1. A ORIGEM DO PECADO JAMAIS PODE SER DE Ü EU S
Deus é santo (cf. 1 Pe 1.16). “Deus é luz, e não há nele treva nenhu­
ma” (1 Jo 1.5); “Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta” 
(Tg 1.13).
1.2. A ORIGEM DO PECADO TAMPOUCO FOI O HOMEM
O homem foi criado à imagem de Deus: “E criou Deus o homem à 
sua imagem; à imagem de Deus o criou” (Gn 1.27). Foi criado perfeito: 
“Viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” (Gn 1.31). 
A Bíblia diz: “Deus fez ao homem reto” (Ec 7.29). Quando Adão e Eva 
foram criados, o mal já existia no universo.
1.3. A ORIGEM DO PECADO FOI LÚ CIFER, O D lA BO
1.3.1. J esu s revela a origem do pecado
Ele disse: “Ele [Satanás] foi homicida desde o princípio e não se fir­
mou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere men­
tira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 
8.44), e também: “O diabo peca desde o princípio” (1 Jo 3.8).
O Diabo era antes um “querubim ungido para proteger” (Ez 28.14). 
Diz a Palavra de Deus: “No monte santo de Deus estavas, no meio das 
pedras afogueadas andavas”. Apesar de tudo isso, ele disse em seu co­
ração: “Eu subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o 
meu trono, e, no monte da congregação,me assentarei, da banda dos 
lados do Norte. Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhan­
te ao Altíssimo” (Is 14.13,14). Assim nasceu o pecado, como um pen­
samento no coração de Lúcifer. E esse pensamento ele pôs em ação! 
Rebelou-se contra Deus, e foi lançado fora do céu (cf. Ez 28.15,16). 
Jesus disse para os seus discípulos que havia visto Satanás, como raio, 
cair do céu (cf. Lc 10.18). Desde então, o Diabo tornou-se o adversá­
144
Hamartiolocia - A Doutrina do Pecado
rio de Deus. Satanás (em hebraico, satã) ou Diabo (em grego, diabolos) 
significa em português: “adversário, acusador”. Ele era Lúcifer, isto é, 
“estrela da manhã, filha da alva” (Is 14.12). Mas degenerou-se, tor­
nando-se o príncipe -das trevas (cf. Mt 12.24).
1.3.2. P o r q ue D eu s permitiu q ue L úcifer c a ísse ?
Lúcifer possuía livre-arbítrio, coisa que Deus sempre considera. Ele 
abusou dessa extrema liberdade e sofreu as conseqüências. Pertenceu 
aos céus, mas tomou-se o antônimo do bem, o opositor de Deus.
2. De que Maneira Entrou o Pecado 
no Mundo?
O mal do pecado havia entrado no universo. Porém, o homem vivia 
no paraíso em absoluta inocência, em pleno gozo e perfeita comunhão 
com Deus. De que maneira esse quadro tão perfeito foi desfeito? “Por 
um homem entrou o pecado no mundo” (Rm 5.12). Adão e Eva, por um 
ato de desobediência, conscientemente abriram a porta pela qual o Ini­
migo entrou e, com ele, todo o mal que trazia.
2 .1 . A arma que o Inimigo usou foi a tentação
2.1.1. D e q u e m an eira o D iabo veio para ten ta r o h om em ?
A Bíblia nos relata esse acontecimento de modo detalhado (cf. Gn 
3.1-24). Essa narração não é, como os materialistas afirmam, uma lenda, 
nem é, como outros dizem, somente expressão figurativa, sem nenhum 
valor real. A Bíblia é sempre a verdade (cf. Jo 17.17). O apóstolo Paulo 
acreditava no fato descrito em Gênesis 3, pois escreveu sobre ele (cf. 
2 Co 11.2,3; 1 Tm 2.14). O Diabo veio na forma de uma serpente (cf. 
Gn 3.1). Ele, como um anjo caído, um ser com corpo imaterial, um 
espírito, pode manifestar-se de muitas maneiras. Até “se transfigura em 
anjo de luz” (2 Co 11.14). Até Pedro, certa feita, foi utilizado pelo 
Diabo como trampolim no seu ataque contra Jesus (cf. Mt 16.22,23).
145
T EOLOGiA Sistemática
2.1.2. A ESTRATÉGIA DO DlABO
Qual foi a estratégia da “operação tentação”, aplicada contra Adão e 
Eva? O Inimigo fez vários ataques, um após outro, até derrubá-los. Vejamos:
• O Diabo procurou, no seu primeiro ataque, despertar dúvida sobre 
a veracidade da Palavra de Deus. Ele, que é o pai da mentira (cf. Jo 
8.44), perguntou, torcendo a palavra que Deus havia dito: “E assim que 
Deus disse: “Não comereis de toda árvore do jardim?” (Gn 3.1) Porém, 
Deus havia dito: “De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da 
árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás” (Gn 2.16,17). 
Quando Eva, na sua réplica, fez referência ao que Deus havia dito sobre 
a árvore do meio do jardim, o Diabo torceu novamente a palavra: “Cer­
tamente não morrereis” (Gn 3.4). A dúvida estava plantada.
• O segundo ataque tinha por alvo colocar em dúvida as intenções 
de Deus para com eles, insinuando que Jeová não queria que os homens 
fossem tão felizes como Ele, pois não gostaria que se tomassem tais quais 
Ele. O Diabo disse: “Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se 
abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus” (Gn 3.5).
• No terceiro ataque, o Diabo despertou neles a tentação de se igua­
larem a Deus. Foi exatamente o mesmo pecado que o havia derrubado 
do céu (cf. Is 14-14).
• O poder da tentação estava ocupando tanto o entendimento 
como o sentimento de Eva (cf. G n 3.6). A vontade deles estava sen­
do conquistada por um desejo ilícito. Só faltava uma coisa — a pró­
pria ação. A vontade já contaminada deu o impulso necessário para 
que Eva cedesse: ela tomou do fruto, comeu e deu a Adão, que tam­
bém comeu (cf. Gn 3.6). Uma catástrofe, a maior de todos os tem­
pos, havia acontecido.
2.1.3. Po r q ue D eu s perm itiu q u e o homem fo sse t en ta d o ?
Deus havia criado o homem à sua imagem e semelhança; assim, o 
homem possuía livre-arbítrio. Como uma criatura de Deus, estava sujei­
to a Ele e às suas determinações. Porém, o verdadeiro amor ao Senhor se 
manifesta na obediência à sua Palavra (cf. Jo 14.15,23 e 15.14). Com o
146
Hamartiolocia - A Doutrina do Pecado
livre-arbítrio, o homem podia, voluntariamente, mostrar sua inteira dis­
posição de obedecer a Deus de coração. Com o livre-arbítrio, uma atitu­
de dessas não representaria nada. Da mesma forma, sem que houvesse 
tentação, sem que fosse oferecida uma alternativa, o homem não teria 
tido oportunidade de mostrar que desejava sujeitar-se a Deus em tudo. 
Assim, Deus permitiu que Adão e Eva fossem tentados, dando-lhes, po­
rém, as possibilidades de vencer.
Deus também permitiu que o seu próprio Filho fosse tentado. Jesus 
passou por uma prova muito mais dura (cf. Lc 4.1-13). Deus sabia que o 
seu Filho, como homem, tinha possibilidade de cair (se não houvesse 
essa possibilidade, a tentação teria sido apenas uma representação). Po­
rém, Jesus venceu e permaneceu sem pecado (cf. Hb 4.15), tendo volta­
do do deserto da tentação cheio do Espírito Santo (cf. Lc 4.14). “Apren­
deu a obediência, por aquilo que padeceu” (Hb 5.8) e agora pode ajudar 
a todos que são tentados (cf. Hb 2.18 e 4.16).
3. A Definição do Pecado à Luz 
da Q ueda do H omem
3.1. O SIGNIFICADO DE PECADO
Os diferentes nomes que a Bíblia usa a respeito de pecado expressam 
as principais definições sobre o que ele significa, as quais coincidem 
com o que aconteceu a Adão e Eva no dia da queda.
3.1.1. T r a n sg r essã o (c f . Hb 2.2)
Adão caiu em transgressão (cf. 1 Tm 2.14; Rm 5.14), o que significa 
que ele violou as ordens de Deus, deixando de cumpri-las. Toda trans­
gressão desonra a Deus (cf. Rm 2.23).
3.1.2. Impiedade (c f . R m 1.18; Tt 2.12)
Significa uma ação sem piedade, isto é, uma ação sem amor e devoção 
às coisas de Deus. Isso realmente caracterizou a atitude de Adão e Eva.
147
...
T EOLOGIA S ist e m á t ic a
3.1.3. In ju st iç a (c f . Rm 1.18)
Justiça é um procedimento de acordo com o direito. Quando isso 
falta, então se trata de injustiça.
3.1.4. Desobediência (cf. H b 2.2)
Desobediência significa insubmissão ou rebelião, coisa que, diante 
de Deus, é como feitiçaria (cf. 1 Sm 15.2). Foi o que Adão e Eva come­
teram (cf. Rm 5.19).
3.1.5. Iniq üidade (c f . Rm 2.8; 1 Jo 5.17)
Significa uma falta de eqüidade, de reconhecimento do direito ou 
dos princípios imutáveis da justiça. É algo que promove desordem, e 
quanta desordem o pecado não causou na vida do homem! Quando 
Lúcifer se rebelou contra Deus, promoveu a eterna desordem. O 
Anticristo é, por isso, chamado “o iníquo” (cf. 2 Ts 2.8).
3.1.6. E rrar o alvo
O certo é atirar sem errar o alvo (cf. Jz 20.16). Porém, quando al­
guém não faz o que é certo, errou o alvo — e isso expressa o que é peca­
do. Os homens procuravam “atirar” no alvo de se igualarem a Deus, mas 
erraram e ficaram sendo dominados por Satanás.
4. As C O N SE Q Ü Ê N C IA S DO PEC A D O
Analisando os acontecimentos da queda no Éden, podemos focalizar 
os principais efeitos do pecado.
4.1. O RESULTADO DO PECADO NAS RELAÇÕES ENTRE Ü EU S E O HOMEM
4.1.1. O PECADO INTERROMPEU A COMUNHÃO ENTRE ÜEUS E O HOMEM 
Deus convivia com o homem em comunhão e cooperação maravi­
lhosa (cf. Gn 2.18,19). Porém, quando Deus, após a queda, veio ao seu 
encontro, Adão e Eva esconderam-se entre as árvores do jardim (cf. Gn
3.8). A pergunta de Deus: “Onde estás?” (Gn 3.9), mostra que a atitude
148
Hamartiologia - A Doutrina do Picado
de Deus para com Adão era agora diferente. A Bíblia diz: “As vossas 
iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus” (Is 59.2; cf. Pv 15.29; 
Jr 5.25). Assim, devido ao seu pecado, foram expulsos do jardim (cf. Gn 
3.23,24).
4 .1 .2 .0 pecado deixou A dão e Eva despidos diante de D eus 
(cf. G n 3.7)Antes da queda eles também estavam nus (cf. G n 2.25); porém, 
cobertos pela glória da presença de Deus (cf. SI 104.2; 1 Tm 6.16). 
Quando caíram em pecado, foram destituídos dessa glória (cf. Rm 3.23), 
e “foram abertos os olhos cje ambos, e conheceram que estavam nus” 
(Gn 3.7). Somente quando somos vestidos pelas vestes da justiça de 
Deus por Jesus Cristo (cf. Is 61.10), ou noutra expressão, revestidos de 
Cristo (cf. G 13.27), é que estamos preparados para nos encontrar com 
Deus. Aquele que não possuir essas vestes será achado nu (cf. 2 Co 
5.3; Ap 16.15).
4.1.3. O PECADO TORNA O HOMEM CULPADO DIANTE DE DEUS
Culpa é uma omissão prejudicial, um delito, uma inobservância de 
uma regra de conduta. Deus perguntou a Eva: “Por que fizeste isso?” (Gn 
3.13) Aquele que tropeçar em um só ponto toma-se culpado de todos 
(cf. Tg 2.10). Assim, “todo o mundo fique sujeito ao juízo de Deus” (Rm 
3.19, Versão Revisada).
4.1.4. O PECADO FAZ O HOMEM FICAR DEBAIXO DA IRA DE DEUS
(c f . R m 1.18-20)
A Bíblia diz: “Por essas coisas vem a ira de Deus” (Ef 5.6; cf. Cl 3.6; 
Rm 2.5). Quando há perdão, a ira de Deus se retira (cf. Is 12.1-3), mas 
permanecerá sobre aqueles que não aceitarem o único meio de perdão 
— Cristo — que Deus oferece (cf. Jo 3.18).
4 .2 . Os EFEITOS DO PECADO NA VIDA DO HOMEM
Os prejuízos que o pecado traz para a vida do homem são incalculá­
veis. Aqui mencionamos somente uma parte.
149
T EOLOCIA S ist e m á t ic a
4.2.1. O PECADO FEZ O HOMEM PERDER A SUA TRANQUILIDADE
Antes que o pecado entrasse no mundo, não existiam angústia, afli­
ção, lágrimas, etc. Porém, depois que o homem caiu, foi obrigado a en­
frentar “tribulação e angústia” (Rm 2.9).
4.2.2. O PECADO COLOCOU O HOMEM SOB SEU DOMÍNIO
O primeiro pecado alastrou-se e multiplicou-se de tal maneira na 
vida do homem que o profeta Isaías disse: “Desde a planta do pé até à 
cabeça não há nele coisa sã” (Is 1.6). O pecado contaminou o enten­
dimento e a consciência do homem (cf. T t 1.15; 2 Co 4-4). A sua 
vontade ficou inteiramente sujeita ao mal (cf. Rm 7.19-23): “Toda 
imaginação dos pensamentos do seu coração era só má continuamen­
te” (Gn 6.5).
4.2.3. Pelo pecado o homem perdeu a su a po siçã o de go vern o
Deus o colocara o homem para dominar (cf. G n 1.28); porém, pelo
pecado, tornou-se dominado, não somente pelo pecado, mas também 
pelas coisas criadas (cf. Rm 1.25). Em lugar de ser senhor, tornou-se 
escravo da cobiça, da inveja, da avareza, etc. (Cf. 1 Tm 6.10; Rm 1.29; 
1 Tm 6.4). Em lugar de governar sobre o pecado, tomou-se escravo 
dele (cf. Jo 8.34).
4.2.4. O pecado prepara u m a plataform a para o D iabo n a vida
DO HOMEM
Se o crente é vencido pelo tentador, e o pecado entra na sua vida, 
deixa nela uma plataforma para o Inimigo exercer maior influência. 
Mas, se resistirmos ao Diabo, ele fugirá de nós (cf. T g 4-7). Quando, 
porém, o homem obedece ao pecado (Rm 6.16), os seus membros se 
tornam sujeitos à imundícia e à maldade (cf. Rm 6.19).
4.2.5. O PECADO SUJEITOU O HOMEM À MORTE
Deus disse ao homem no Éden: “No dia em que dela comeres, certa­
mente morrerás” (Gn 2.17). Paulo escreveu que “por um homem entrou 
o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte” (Rm 5.12). Essa palavra se
150
Hamartiolocia - A Doutrina do Pecado
cumpriu no dia da queda! A morte entrou! Vamos observar que a morte 
entrou e iniéiou o seu domínio em três sentidos:
• A morte física. Deus disse ao homem no dia da queda: “Comerás o teu 
pão, até que te tomes à terra” (Gn 3.19). Assim, a morte física ou a separa­
ção do espírito e alma do corpo (cf. Tg 2.26) começou desde o dia da queda. 
Deus, já no Éden, falava de dor (cf. Gn 3.16). A doença é o início da morte.
• A morte espiritual. É a separação entre o homem e Deus. Por isso, 
a Bíblia fala do homem não-crente como de um “morto” (cf. Lc 15.24,32; 
Ef 2.1-2). Em Mateus 8.22, Jesus fala desses dois tipos de morte, ou seja, 
da morte espiritual e da morte física.
• A segunda morte (cf. Ap 20.6). Significa a etema separação de 
Deus de todos que, antes da morte física, não aceitaram a salvação. É 
bem verdade o que a Bíblia afirma: “O salário do pecado é a morte” 
(Rm 6.23).
4.3 . AS CONSEQÜÊNCIAS DO PECADO NA CONVIVÊNCIA ENTRE OS HOMENS
4.3.1. A CONVIVÊNCIA ENTRE A dÀO E EVA
O pecado deu logo origem a uma diferença de tratamento nas rela­
ções entre Adão e Eva. Em lugar de se responsabilizar pelo seu pecado, 
Adão lançou a culpa sobre Eva (cf. Gn 3.12) e até sobre Deus, pois 
disse: “A mulher que me deste”. O pecado tem sido a origem das desgra­
ças que têm destruído tantos lares.
4.3.2. O PECADO SE ALASTROU NA FAMÍLIA
O primogênito do casal, Caim, matou o seu irmão Abel (cf. Gn 4.8- 
10). O pecado trouxe em si a semente maldita de todas as brigas, inve­
jas, porfias, guerras, etc. Quanto sangue tem sido derramado sobre a ter­
ra desde o primeiro assassinato!
4-3.3. A NATUREZA HUMANA
A própria natureza adâmica é portadora de todos os germes da desunião 
e da discórdia no mundo. A Bíblia fala das obras da carne e menciona, entre 
outras: inimizades, iras, pelejas, invejas, dissensões, etc. (cf. G1 5.19-21).
151
T EOLOGiA Sistemática
4 .4 . O PECADO GEROU EFEITOS PARA A POSTERIDADE HUMANA
4-4.1. A d ã o g e r o u u m filh o à s u a im a g em e se m e lh a n ç a ( c f .
G n 5.3)
Notemos que o pecado fez com que a imagem de Deus, com a qual 
fomos criados (cf. Gn 1.26,27), fosse coberta pela “semelhança do ho­
mem”. Pouco a pouco o homem se degenerou e se tomou mais e mais 
distanciado da imagem de Deus. “Todos se extraviaram e juntamente se 
fizeram inúteis” (Rm 3.12). A imagem de Deus existe em todos os ho­
mens; porém, às vezes, está muito coberta (cf. Sl 14.1).
4.4.2. O PECADO ESCRAVIZOU A RAÇA HUMANA
Jesus disse: “O que é nascido da came é carne” (Jo 3.6). “Carne” é 
uma expressão bíblica para a natureza adâmica. Já pelo nascimento na­
tural o homem recebe, como uma herança dos seus ancestrais, o pecado 
como possibilidade que mais adiante se tomará realidade (cf. Sl 51.5; Jó 
14.4; 15.14). “Éramos por natureza filhos da ira” (Ef 2.3). A velha natu­
reza tem em si uma inclinação para o mal (cf. Rm 8.5; 7.5-19) e uma 
insubmissão diante de Deus e da sua Lei (cf. Rm 8.7). A velha natureza, 
definitivamente, não ama a Deus (cf. Jo 5.42) e sim as trevas (cf. Jo 
3.19). É uma realidade que “na minha came, não habita bem algum” 
(Rm 7.18).
152
Ç.APÍTITTO 7
SOTERIOLOGIA
A D outrina da S alvação
T EOLOGiA S ist e m á t ic a
1 . In t r o d u ç ã o
A salvação preparada para o mundo perdido nasceu no coração amo­
roso de Deus. Por isso a multidão salva, vestida de vestes brancas, can­
tará nos céus: “Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono” 
(Ap 7.10).
1.1. D e u s é a o r i g e m d a n o s s a s a l v a ç ã o
No dia da queda do homem, Deus prometeu enviar um Salvador. Ele 
disse a respeito da semente da mulher: “Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe 
ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). N a plenitude dos tempos, Deus enviou 
seu Filho, nascido de mulher (cf. G1 4.4). A promessa cumpriu-se lite­
ralmente, sendo uma expressão do amor divino: “Deus amou o mundo 
de tal maneira que deu o seu Filho unigénito” (Jo 3.16).
“Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2 Co 5.19). 
A morte na cruz foi tremenda tanto para Jesus quanto para Deus. Foi o 
seu grande amor que pagou o sacrifício, e foi a sua justiça que recebeu o 
preço de sangue pago por Jesus (cf. Hb 9.24-26). N a cruz foram prova­
das e mantidas quatro coisas importantes:
• O amor de Deus (cf. Rm 5.8-10).
• A sabedoria de Deus que se revelou na cruz (cf. 1 Co 1.18-25), 
com uma profundidade insondável (cf. Rm 11.33-35).
• O poder de Deus (cf. 1 Co 1.24,25).
• A justiça de Deus. Diante dos céus, do inferno e de todo o mundo, 
a sua Palavra foi cumprida!
1.2. J e s u s é o ú n i c o m e io d e s a l v a ç ã o
“E lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus 
pecados” (Mt 1.21).
1.2.1. O Salvadoresperado
Jesus foi, desde o seu nascimento, chamado “Salvador” (cf. Lc
2.11), porque Ele veio para salvar (cf. Mt 1.21). Quando andava aqui 
na terra, vez após outra disse: “A tua fé te salvou” (cf. Lc 7.50; 8.48;
154
vm
SOTERIOLOGIA - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
18.42; Mt 9.22; Mc 10.52, etc.). Ele veio, realmente, “buscar e sal­
var o que se1 havia perdido” (Lc 19.10).
1.2.2. J esus ganhou a salvação por sua morte na cruz
“Havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz” (C l 1.20). 
“E, pela cruz, reconciliar ambos com Deus” (Ef 2.16). Pois que “pelo 
sangue de Cristo chegastes perto” (Ef 2.13). A “rude cruz se erigiu” e 
a sua mensagem se tornou eterna. Como uma cruz aponta para várias 
direções, isto é, para cima, para baixo e para os lados, assim a mensa­
gem da vitória de Cristo, obtida por Ele na cruz, é dirigida para todos 
os lados:
• A cruz aponta para baixo. Ela proclama a vitória de Jesus sobre o 
Diabo. Realmente, a “cabeça da serpente” foi ferida (cf. Gn 3.15). Sata­
nás foi despojado da sua posição, quando Jesus triunfou sobre ele (cf. C l
2.14,15). Jesus disse antes da cruz: “Agora, é o juízo deste mundo; agora 
será expulso o príncipe deste mundo” (Jo 12.31).
• A cruz aponta para cima. É a mensagem de Deus dizendo que, 
agora, o mundo está reconciliado com Ele (cf. 2 Co 5.19), e que a obra 
que Cristo veio realizar está consumada (cf. Jo 19.30). Agora Deus pode 
estar conosco, por causa de Jesus. Ele é Emanuel — “Deus conosco” (cf. 
Mt 1.23).
• A cruz estende os seus braços, como um sinal de PARE! O que 
deve parar diante da cruz? A Bíblia diz: “O fim da lei é Cristo para justi­
ça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). “A lei nos serviu de aio, para nos 
conduzir a Cristo” (G1 3.24). A Lei jamais teve poder para salvar al­
guém, mas pela cruz entrou “a dispensação da graça de Deus” (Ef 3.2), 
pois a “Lei e os Profetas duraram até João; desde então, é anunciado o 
Reino de Deus” (Lc 16.16).
• Os braços da cruz se abrem representando os braços do perdão 
de Deus. Braços que agora estão abertos para receber a todos (cf. Rm 
10.21). “Vinde, então, e argüi-me, diz o Senhor; ainda que os vossos 
pecados sejam como a escarlata, eles se tomarão brancos como a neve” 
(Is 1.18).
155
T EOLOGiA S ist e m á t ic a
m.....
1.3. “ E s t e e v a n g e l h o d o R e i n o s e r á p r e g a d o e m t o d o o m u n d o ”
As BO AS NOVAS são também chamadas de “o evangelho da sal­
vação” (Ef 1.13). Jesus disse: “Ide por todo o mundo, pregai o evange­
lho a toda criatura” (Mc 16.15), “ensinai todas as nações” (Mt 28.18,19; 
cf. Lc 24-47-49), como “testemunhas tanto em Jerusalém como em 
toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Com isso 
ficou mais que provado que essa mensagem atinge a todos os homens! 
Todo o povo é convidado a buscar a salvação (cf. Is 55.1). Jesus mor­
reu por todos (cf. 2 Co 5.14,15; Rm 5.8; 8.34; Rm 14.9). Deus 
predestinou Jesus para ser o meio da salvação, e todos os que crerem 
nEle estão, por seus méritos, beneficiados com a eterna salvação (cf. 
Ef 1.11; 1 Pe 1.20).
1.4. Q u a l é o v e r d a d e i r o s e n t i d o d a d o u t r i n a d a p r e d e s t i n a ç ã o ?
A palavra “predestinação” vem do grego proorizo, e aparece seis vezes
no Novo Testamento. Uma vez é traduzida por “ordenou antes” (1 Co 
2.7), outra por “anteriormente determinado” (At 4.28) e quatro vezes 
por “predestinar” (Ef 1.5,11; Rm 8.29,30). A palavra “predestinar” sig­
nifica “destinar por antecipação”. Vejamos o que, segundo a Bíblia, é 
determinado por antecipação.
1.4.1. Fomos predestinados em Jesus
Deus predestinou, por antecipação, o plano da nossa salvação, isto é, 
o meio pelo qual devemos ser salvos. Em Efésios 1.5, está escrito: “E nos 
predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo”, isto é, Jesus foi dado 
como o sacrifício pela expiação dos nossos pecados desde a eternidade. 
Assim, a Bíblia diz que Jesus foi morto desde a fundação do mundo (cf. 
Ap 13.8) e que Cristo, como um cordeiro imaculado e incontaminado, 
foi conhecido antes da fundação do mundo (1 Pe 1.20).
1.4.2. Fomos predestinados para “filhos de adoção”
Deus “nos predestinou para filhos de adoção” (Ef 1.5). Aqui obser­
vamos a finalidade da nossa salvação por Jesus — Deus predestinou 
que os pecadores fossem, por Jesus, feitos filhos de adoção. Quem ado-
156
SOTERIOLOGIA - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
ta uma criança, atribui-lhe o direito de um filho próprio, e legitima-o 
para desfrutar desses direitos.
A Bíblia mostra vários exemplos de adoção de filhos. O patriarca 
Jacó adotou os dois filhos de José — Efraim e Manassés — como seus 
filhos, dando-lhes o mesmo direito que os outros possuíam (cf. Gn 48.5). 
A filha de Faraó adotou Moisés (cf. Ex 2.10), e Mardoqueu adotou Ester 
(cf. Et 2.7). Assim, Deus predestinou os que crerem em Jesus para serem 
adotados como seus filhos, atribuindo-lhes os direitos e a participação 
na herança que pertence aos filhos. A Bíblia diz que “somos, logo, her­
deiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo” (Rm 8.17).
A predestinação “para filhos de adoção” (Ef 1.5) refere-se, de acordo 
com Efésios 1.11,12, a nós, “os que primeiro esperamos em Cristo”. Está, 
dessa maneira, incontestavelmente definido que a predestinação refere- 
se aos que esperam em Jesus como o meio da sua salvação, conforme a 
“esperança do evangelho” (Cl 1.23), os quais serão agraciados com o 
dom gratuito da salvação (cf. Ef 2.4-9).
i
1.4.3. Predestinados para refletir Jesus
Deus também nos predestinou para sermos “conforme à imagem de 
seu Filho” (Rm 8.29). Essa palavra nos revela o alvo que devemos alcan­
çar pela salvação. Deus quer que todos os que aceitam a Jesus como 
Salvador sejam transformados à imagem de seu Filho, o qual é a expres­
sa imagem de Deus (cf. Hb 1.3). Todos aqueles que crêem em Jesus ex­
perimentam, através da salvação, o revestimento do novo homem, “que 
se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” 
(Cl 3.10). Assim, Jesus foi predeterminado por Deus para ser o modelo, 
a fim de que muitos irmãos, por meio dEle, alcancem a imagem cuja 
semelhança Deus, no princípio, criou o homem (cf. Gn 1.27).
1.4.4. A LIBERDADE DE ESCOLHA DO HOMEM
Deus espera que cada homem defina sua posição quanto ao meio de 
salvação que Ele predestinou.
• Aquele que aceita a Jesus fica grandemente enriquecido, pois:
157
T EOLOGiA S ist e m á t ic a
— É salvo porque aceitou a Jesus, o meio predestinado por Deus (cf. 
Ef 1.5) conforme o seu propósito (cf. Ef 1.11).
— É adotado por filho (cf. Ef 1.5).
— A graça de Deus operará nele, para que alcance a imagem de filho 
de Deus (cf. Rm 8.29,30).
• Aquele, porém, que não aceita a Jesus, está perdido (cf. Mc 16.16; 
Jo 3.18,19), não porque não estivesse incluído na predestinação de Deus, 
mas porque não aceitou o único meio de salvação que Deus oferece (cf. 
Mt 23.37; Jo 5.40; Mt 22.3; Lc 14.17-24; 19.44; Is 50.2).
1.4.5. Predestinação versus salvação
A doutrina da predestinação sempre se refere ao meio da salvação, e 
nunca ao destino eterno de cada pessoa.
• Existe na Bíblia uma “predestinação pessoal” que não se refere 
ao destino eterno de ninguém, mas somente à chamada de Deus para 
um serviço no seu Reino. A Bíblia firma que Paulo foi chamado des­
de o ventre de sua mãe (cf. G1 1.15,16). Assim também foi com 
Jeremias (cf. Jr 1.5), João Batista (cf. Lc 1.76), Isaías (cf. Is 49.1) e 
outros. Ainda encontramos uma predeterminação a respeito de Isra­
el, quando Deus rejeitou Esaú e escolheu Jacó (cf. Rm 9.11-14). Do 
mesmo modo Israel, como povo, foi eleito para ser uma nação espe­
cial de Deus (cf. Rm 9.4 e 11.2-7).
• A alegação doutrinária que afirma ser a predestinação algo que 
determine a salvação para alguns e a perdição para outros, previamente 
determinados, não tem apoio na Bíblia. Pelo contrário, provoca graves 
contradições:
— Essa doutrina constitui uma contradição à pessoa de Deus, porque 
torce a sua imagem em relaçãoà sua justiça (cf. Gn 18.25), pois assim 
Ele teria predestinado pessoas à perdição antes mesmo que nascessem. 
Também põe em dúvida o amor ilimitado de Deus (cf. Rm 5.7,8), por­
que ensina ter Ele destinado pecadores ao inferno sem lhes dar direito 
nem oportunidade de arrependimento. Até a veracidade de Deus é pos-
158
SoTERioLOGiA - A Doutrina da Salvação
ta em jogo, pois enquanto Deus diz: “Desejaria eu, de qualquer maneira, 
a morte do íiripio? Diz o Senhor Jeová; não desejo, antes, que se conver­
ta dos seus caminhos e viva?” (Ez 18.23) No entanto, os adeptos da 
doutrina da predestinação afirmam que o próprio Deus manda alguns 
para a perdição, sem lhes dar a mesma oportunidade de salvação que 
deu aos “predestinados” ao céu.
— Há também uma flagrante contradição entre a doutrina da 
predestinação e a pessoa e a obra de Cristo, pois Jesus afirmou ter dado a 
sua vida pelo mundo (cf. Jo 6.51; 3.16). Todavia, conforme essa doutri­
na, Ele morreu somente pelos “predestinados à salvação”. Está também 
escrito que Ele “pode também salvar perfeitamente os que por ele se 
chegam a Deus” (Hb 7.25). Porém, também conforme a tal doutrina, 
Jesus somente tem poder para salvar os que forem privilegiados pela 
predestinação.
— A contradição atinge também a própria Palavra de Deus, que é 
a Verdade (cf. Jo 17.17), pois a Bíblia afirma que Deus “quer que todos 
os homens se salvem” (1 Tm 2.4), que todos são convidados à salva­
ção (cf. Is 55.1; 45.22; Mt 11.28) e que “a graça de Deus se há manifes­
tado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). Afirma também 
que “para com Deus, não há acepção de pessoas” (Rm 2.11) e que 
“todos os que nele crêem receberão perdão dos seus pecados” (At 
10.43), enquanto aquela doutrina afirma que são exclusivamente os 
predestinados à salvação que têm esse direito. A doutrina em apreço 
também desfaz o livre-arbítrio do homem, um dos grandes ensinamen­
tos da Bíblia (cf. Dt 30.19; Js 24.15; 1 Rs 18.21; SI 119.30,173; Ap 
22.17). Se alguém fosse predeterminado por Deus quanto ao seu desti­
no, como poderia escolher?!
— A doutrina constitui uma dúvida para os crentes sinceros que, em­
bora tenham recebido a certeza da salvação, ficam em dúvida quanto a 
serem ou não predestinados para a salvação. O apóstolo Paulo não tinha 
esse problema. Ele escreveu: “Eu sei em quem tenho crido e estou certo de 
que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele Dia” (2 Tm 1.12).
— Finalmente, essa doutrina é perigosa para a própria evangeli­
zação. Os evangelizadores podem raciocinar que não há necessidade
T EOLOGiA Sistemática
mmmmmmmmmmiMmmMmMMm.....
de evangelização, pois aqueles que Deus predestinou para o céu, Ele 
é poderoso para salvá-los sem a nossa intervenção, e para aqueles 
que Ele predestinou para o inferno, não existem mais recursos: de 
qualquer maneira estão perdidos! Entretanto, todos são passíveis de 
salvação. Jesus disse: “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, sal­
var-se-á” (Jo 10.9).
1.5. J e s u s é o s i n ô n i m o d a s a l v a ç ã o
Quando o velho Simeão tomou Jesus nos braços, disse cheio do 
Espírito Santo: “Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, 
segundo a tua palavra, pois já os meus olhos viram a tua salvação” 
(Lc 2.29,30). A Bíblia diz que a salvação está em Cristo Jesus (cf. 2 
Tm 2.10).
1.5.1. Qualidades salvíficas de Jesus
• Jesus é a propiciação (cf. 1 Jo 2.1,2). Temos, assim, na própria 
pessoa de Jesus a propiciação, e não apenas uma doutrina bíblica a seu 
respeito (cf. 1 Jo 4.10; Rm 5.11; Ef 2.16; C l 1.22).
• Jesus é o caminho (cf. Jo 14.6).
• Jesus é o fundamento (cf. 1 Co 3.11; Ef 2.20,21; 1 Pe 2.4,5; Mt 
7.24).
• Jesus é a vida (cf. Jo 1.4). Ele é o tronco da vida, do qual os crentes 
são as varas que, pelo tronco, participam da raiz e da seiva (cf. Rm 11.17;
Cl 3.3,4).
1.5.2. Salvação é a aceitação de Jesus
Para ser salvo importa somente vir a Jesus, aceitando-o como o seu 
Salvador (cf. Jo 1.12,13; Cl 2.6) e recebendo a sua Palavra como uma 
parte dEle mesmo (cf. 1 Ts 1.6; 2.13; 1 Tm 1.15). Assim o homem se 
identifica com Jesus e com a sua palavra! “Se alguém está em Cristo, 
nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 
Co 5.17). Essa aceitação de Jesus independe de um amplo conhecimen­
to das doutrinas da Bíblia. Aquele que sinceramente crer que Jesus é o 
Filho de Deus e o aceitar, experimenta logo o contato com Cristo Vivo,
160
SOTERIOLOGIA - A DOUTRINA DA S a LVAÇAO
e é salvo e identificado com a nova vida (cf. A t 8.37; 16.31). Nesse 
contato com Jesus o crente:
• Fica crucificado com Cristo (cf. G 12.20).
• Está morto com Cristo (cf. G1 2.20).
• Fica sepultado com Cristo (cf. Rm 6.4).
• É vivificado com Cristo (cf. Ef 2.5).
• E ressuscitado com Cristo (cf. C l 3.1).
• Fica disposto até a sofrer com Cristo (cf. Rm 8.17).
• Tem a esperança de ser glorificado com Cristo (cf. Rm 8.17).
1.5.3. Jesus é o autor da salvação
A salvação é uma obra exclusiva de Jesus, não sendo possível 
alcançá-la pelos nossos méritos. Quando o pecador abre o seu coração 
e recebe a Jesus como Salvador, é unido de forma maravilhosa a Ele, 
entrando na rica experiência da salvação. A doutrina da salvação, que 
iniciamos com esse estudo, será dividida em três grandes partes, e, em 
cada uma delas, veremos que Jesus é o personagem central, aquEle que 
faz tudo em todos:
• A experiência inicial da salvação.
• Continuação da salvação.
• A preservação da salvação.
Que Deus, nesse estudo, abra os nossos olhos para que vejamos as 
maravilhas da sua graça, e venhamos a obter o “conhecimento de todo o 
bem que em vós há, por Cristo Jesus” (Fm 1.6).
2. A S alvação
De todas as palavras empregadas para definir a experiência trans­
formadora que é o encontro do homem com Deus, “salvação” é a mais 
usada.
16i
T EOLOGiA S ist e m á t ic a
2 .1 .0 QUE SIGNIFICA “ SALVAÇÃO” ?
A palavra “salvação” significa, em primeiro lugar, ser tirado de um 
perigo, livrar-se, escapar. A Bíblia fala da salvação como a libertação do 
tremendo perigo de uma vida sem Deus (cf. A t 26.18; C l 1.13). Tradu­
ção da palavra grega soterion, tem a significação de “tomar ao estado 
perfeito”, ou “restaurar o que a queda causou”. A salvação desfaz, assim, 
as obras do Diabo (cf. 1 Jo 3.8).
2 .2 . A SALVAÇÃO É UMA EXPRESSÃO DO PODER DE Ü EU S
Jesus, o autor da salvação, tem por nome “o Salvador” (cf. Lc 
2.11; 2 Tm 1.10). Quando Simeão o viu no templo, disse: “Os meus 
olhos viram a tua salvação” (Lc 2.30). Jesus é a salvação de Deus, 
pois, através de sua morte na cruz, ganhou uma eterna salvação (cf. 
Hb 5.9), sendo-lhe dado “todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18). 
Por isso, Jesus tem poder para perdoar (cf. Mc 2.10). A todos os que 
o receberem, Ele lhes dá poder para serem feitos filhos de Deus (cf. 
Jo 1.11,12).
O Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê 
(cf. Rm 1.16). Os homens estão sendo chamados para sua glória e virtu­
de (cf. 2 Pe 1.3).
O poder do Espírito Santo opera para salvação dos pecadores (cf. Jo 
16.8,9; Ap 22.17; lT s 1.5).
2.3. O RECEBIMENTO DA SALVAÇÃO
A salvação é um dom de Deus (cf. Ef 2.8; Rm 6.23) concedido por sua 
graça (cf. Rm 5.15). Não vem pelas obras (cf. Ef 2.8). O Espírito Santo (cf. 
Jo 16.8,9) e a Palavra de Deus (cf. Rm 10.8,14-17) operam o despertamento 
no homem, fazendo a sua vontade buscar e aceitar a salvação. “Crer em 
Jesus” e “receber a salvação” são expressões sinônimas (cf. Jo 1.12,13). A fé 
salvadora se expressa pela oração a Deus em nome de Jesus. ‘Todo aquele 
que invocar o nome do Senhor será salvo” (At 2.21). “Com a boca se faz 
confissão para a salvação” (Rm 10.10). No momento em que a pessoa se 
entrega a Jesus, com a sua boca começa a confessar sua alegria e gratidão. A 
certeza de ser salvo se manifesta (cf. Rm 10.9; SI 51.12).
162
SOTERtOLOGIA - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
2.4. As BÊNÇÃOS QUE ACOMPANHAM A SALVAÇÃO
Muitas coisas acontecem na vida do homem que recebe a Jesuscomo 
seu Salvador. Vejamos:
• Ele é salvo dos seus pecados (cf. Mt 1.21; Lc 7.50), que lhe são 
perdoados (cf. Lc 7.48; Tg 5.20). A salvação também livra da culpa (cf. 
Ef 1.7; Cl 1.14) e do poder do pecado (cf. Rm 7.17,20,23,25).
• Ele é salvo do juízo (cf. 1 Tm 5.24; Rm 8.1), da ira de Deus (cf. Rm
5.9) e da morte eterna (cf. Tg 5.20; Ap 20.6).
• Ele entra em comunhão com Deus (cf. Ef 2.13,18; Lc 1.74,75), 
recebe entrada na sua graça (cf. Rm 5.2) e toma-se cidadão do céu (cf. 
Ef 2.19).
• Ele é salvo desta geração perversa (cf. At 2.40), isto é, recebeu 
uma nova posição em relação ao mundo (cf. Fp 2.15).
• Ele é salvo do poder de Satanás (cf. A t 26.18; Cl 1.13,14,15; Hb
2.14).
• Por ser salvo, ele tem no coração um lugar para o Espírito Santo 
agir em sua vida (cf. Ef 1.13; 2.16-18).
• A salvação lhe dá viva esperança (cf. 1 Pe 1.3) e direito à glória 
etema (cf. 2 Tm 2.10; 4 1 8 ), e, assim, é salvo da ira de Deus (cf. 1 Ts 
1.10; 5.9; 2 Pe 2.9).
2 .5 . A SALVAÇÃO ABRANGE A NOSSA VIDA EM TODOS OS SEUS ASPECTOS
“Se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passa­
ram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). A salvação provoca uma 
transformação total em nossa vida e em nossas relações com Deus, dan­
do-nos uma nova posição no mundo, perante o Inimigo. As experiências 
recebidas pela salvação se expressam por diferentes nomes, em cada um dos 
quais se vê um aspecto diferente dessa transformação por que passa o salvo. 
Vejamos esses nomes:
• Arrependimento, expressa a mudança em nossa consciência, fa­
zendo-nos sentir remorso e tristeza pela vida sem Deus.
• Conversão, expressa a nova atitude para com o mundo.
163
T EOLOGiA S ist e m á t ic a
• Regeneração, exprime a nossa entrada na nova vida espiritual.
• Justificação, significa a nossa nova posição diante da Lei de 
Deus.
Todos esses nomes representam uma só e a mesma experiência da 
salvação. A diferença entre eles está em que cada nome representa um 
detalhe diferente da transformação operada por Deus.
3 . A C e r t e z a d a S a l v a ç ã o
Eis a questão: “E possível a um homem, aqui na terra, obter certeza 
da sua salvação?” As respostas são muitas e diferentes. Alguns afirmam 
que isso não é possível, pois o homem é fraco e jamais se libertará do 
seu pecado. Outros declaram ser evidência de extremo orgulho alguém 
dizer que é salvo! Outros mais, ainda, dizem que isso é coisa que só no 
céu se saberá, isto é, se lá chegar ou não! A Bíblia, porém, define com 
exatidão esse assunto, coisa que iremos estudar agora.
3.1. A SALVAÇÃO É PARA TODOS
A Bíblia declara que é possível a qualquer pessoa, aqui na terra, alcan­
çar certeza da sua salvação. Vejamos alguns procedimentos autorizados:
• Jesus afirma que se pode receber essa certeza! Ele disse a Zaqueu: 
“Hoje, veio a salvação a esta casa” (Lc 19.9); à mulher pecadora afir­
mou: “A tua fé te salvou; vai-te em paz” (Lc 7.50), e ao malfeitor que se 
converteu na cruz: “Hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43).
• Paulo experimentou essa certeza! Ele disse: “Eu sei em quem 
tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu de­
pósito até àquele dia” (2 Tm 1.12). Também afirmou: “O mesmo 
Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (cf. 
Rm 8.16).
• Pedro também declara que é possível receber essa certeza. Diz o
164
SOTERIOLOGIA - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
apóstolo: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, 
que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo” (1 Pe
1.3), e também: “A este dão testemunho todos os profetas, de que 
todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu 
nome” (At 10.43).
• João testifica que é possível obter a certeza: “Amados, agora somos 
filhos de Deus” (1 Jo 3.2); “Nós sabemos que passamos da morte para a 
vida” (1 Jo 3.14), e ainda: “Estas coisas vos escrevi, para que saibais que 
tendes a vida eterna” (1 Jo 5.13).
3.2 . Qual é o segredo da manifestação da certeza da salvação?
3.2.1. A c e r t e z a n o ín t im o d o c o r a ç ã o
O próprio Deus encarrega-se de conceder a certeza àqueles que, 
confiando nEle, aceitam o seu convite. Toda a Trindade está direta­
mente envolvida na chamada do pecador: Deus (cf. Is 1.18), Jesus (cf. 
Mt 11.28) e o Espírito Santo (cf. Ap 22.17) dizem “VEM !” Quando o 
pecador vem a Jesus, é recebido (cf. Jo 6.37). Deus, então, como con­
firmação, envia o seu Espírito ao coração do penitente que começa a 
clamar: “Aba, Pai” (cf. G1 4.6), testificando com o nosso espírito que 
somos filhos de Deus (cf. Rm 8.16). Assim, a certeza da salvação nasce 
dentro do coração!
A própria experiência da salvação é tão marcante e revolucioná­
ria que, por si própria, gera uma certeza absoluta. Vejamos algumas 
expressões que salientam o que significa ser salvo: “Para lhes abrires 
os olhos e das trevas os converteres à luz e do poder de Satanás a 
Deus” (A t 26.18), e: “Ele nos tirou da potestade das trevas e nos 
transportou para o Reino do Filho do seu amor” (C l 1.13). É impos­
sível ter uma experiência emocionante e penetrante sem que ela dei­
xe em nós uma certeza absoluta de que a experimentamos. Após a 
experiência, poderemos dizer, como o moço que Jesus curou de ce­
gueira: “Uma coisa sei, e é que, havendo eu sido cego, agora vejo” 
(Jo 9.25). Ninguém podia duvidar de que ele tivesse certeza do que 
lhe acontecera.
165
T EOLOGiA S ist e m á t ic a
3 .3 . D e que maneira se manifesta a certeza da salvação?
Existem várias evidências reais da salvação recebida. Podemos falar 
de evidências internas e externas; porém, todas são aspectos que pro­
vam sermos filhos de Deus.
3.3.1. As e v id ê n c ia s in t e r n a s d a s a l v a ç ã o
O testemunho do Espírito em nós evidencia o recebimento da sal­
vação! Já observamos que Deus envia o seu Espírito para testificar na 
alma daquele que se converteu (cf. G 14.6). Quando Deus escreve nos­
so nome no Livro da Vida (cf. Lc 10.20), Ele nos manda “o protocolo” 
pelo testemunho do Espírito Santo (cf. Rm 8.16; 1 Jo 3.24; 4.13). 
Devemos tomar cuidado para que esse testemunho em nós jamais si­
lencie (cf. Ef 4.30).
O testemunho das Escrituras proporciona uma certeza maravilhosa 
em nossos corações. Recebemos o Espírito Santo pela salvação (cf. Rm 
8.9,16; 1 Jo 3.24) que inspirou a Palavra de Deus (cf. 2 Pe 1.21; 2 Tm 
3.16). Quando lemos a Bíblia, o Espírito Santo vivifica a Palavra, apli­
cando-a à nossa experiência, gerando a certeza: “...vos escrevi, para que 
saibais que tendes a vida eterna” (cf. 1 Jo 5.13). Através da Palavra 
tomamos conhecimento da verdade, e essa mesma verdade nos liberta, 
dando-nos certeza (cf. Jo 8.32).
A própria experiência da salvação traz também uma evidência in­
terna: o fato de entrarmos em uma comunhão íntima com Deus (cf. 
1 Jo 1.3; Ef 2.13; 1 Co 1.9). Por meio dessa comunhão, chegamos à 
presença do Senhor, onde há abundância de alegria e delícias perpetu­
amente (cf. SI 16.11). Essa sensação palpável da presença do Senhor, 
a paz e a tranqüilidade recebidas, são evidências convincentes de que 
somos filhos de Deus.
A extinção do medo da morte e da eternidade, que a salvação pro­
porciona, é uma evidência palpável da salvação. Por que a experiência 
da salvação faz cessar o medo da morte?
• Porque para os salvos não existe mais condenação (cf. Rm 8.1; 
Jo 5.24).
166
Soterjologia - A Doutrina da Salvação
• Porque a morte constitui a porta pela qual chegamos à presença de 
Jesus (cf. F£ 1.21-23; 2 Co 5.8).
• Porque, pela salvação, o crente recebe uma viva esperança (cf. 
1 Pe 1.3). Ele é cidadão do céu (cf. Ef 2.19; Hb 12.22,23) e tudo que 
concerne às coisas do céu faz vibrar o seu coração de gozo (cf. Rm 
15.13; 12.12).
3.3.2. As EVIDÊNCIAS EXTERNAS DA SALVAÇÃO
Evidências externas são as que acompanham cada vida transforma­
da. Elas podem ser vistas pelos que “estão de fora” (cf. C l 4.5; 1 Co 5.12; 
1 Ts 4.12; 1 Tm 3.7). Quando Saulo se converteu, o povo falava: “Aquele 
que já nosperseguiu anuncia, agora, a fé que, antes, destruía” (G1 
1.23,24). As evidências externas também são chamadas “frutos do arre­
pendimento” (cf. Mt 3.8). São indispensáveis, pois a Bíblia diz: “Por 
seus frutos os conhecereis” (cf. Mt 7.16). Ou seja, aquele que não possui 
os frutos do arrependimento demonstra que ainda não se arrependeu. 
Quais são as evidências externas?
• O crente salvo tem uma nova maneira de viver, porque a Bíblia 
diz: “Tudo se fez novo” (2 Co 5.17). Ele agora procede com justiça (cf. 
1 Jo 2.29) e não vive mais dissolutamente (cf. 1 Pe 4.2,3). O crente 
pode errar, mas não pode viver no erro. A Bíblia diz: “Qualquer que 
permanece nele não peca” (1 Jo 3.6), e o “que é nascido de Deus não 
comete pecado” (1 Jo 3.9). Trata-se de uma ação contínua! Se o cren­
te errar, não pode permanecer no erro. Tem que deixar a falha, receber 
perdão e vencer o mal. Se assim não o fizer, o pecado se assenhoreia 
levando-o à perda da salvação.
• O que é nascido de Deus guarda a Palavra do Senhor (cf. 1 Jo 2.3- 
5), pois ela está escrita no seu coração (cf. Hb 8.10). O amor de Deus se 
expressa no guardar a sua Palavra (cf. Jo 14.15,21,23).
• O que nasce de novo ama seus irmãos (cf. 1 Jo 3.14; 2.10; 4.7; 
5.1). Essa evidência é tão séria que a Bíblia afirma: “Aquele que 
não ama não conhece a Deus” (1 Jo 4.8) e está em trevas (cf. 1 Jo 
2.9,11; 3.15).
167
T EOLOGiA S ist e m á t ic a
• Outra evidência importante no crente é que ele confessa o nome 
do Senhor (cf. 1 Jo 4-15; 2.23). Isso acontece porque o Espírito Santo 
está nele e testifica de Jesus no seu coração (cf. 1 Jo 2.20-24). Por isso, o 
crente sente prazer e fica impulsionado a confessar o nome do Senhor 
(cf. Mt 10.32; 1 Jo 4.2).
4 .0 A rrependimento
O arrependimento expressa uma grande transformação no interior 
do homem, gerando nele remorso e tristeza pelo mal que praticou, le­
vando-o a pedir perdão a Deus e implorando força para viver uma nova 
vida. Arrependimento e conversão constituem uma só experiência, po­
rém exprimem dois lados dela (cf. A t 3.19).
4.1. A rrependimento: tema da pregação no início do C ristianismo
João Batista pregou o arrependimento (cf. Mt 3.2). Jesus pregou ar­
rependimento. Os apóstolos pregaram arrependimento (cf. A t 2.38), e 
“Deus anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrepen­
dam” (cf. A t 17.30).
4 .2 .0 arrependimento surge como resultado de um despertamento
4.2.1. A rrependimento — operado pelo Espírito
O Espírito Santo opera o arrependimento, aplicando-o à obra de 
Cristo na vida do homem, convencendo-o do pecado, da justiça de Cristo 
e do juízo vindouro (cf. Jo 16.8,9). O arrependimento também resulta 
da pregação da Palavra de Deus (cf. Mt 12.41). Quando Deus manifes­
ta-se aos homens, estes sentem-se humilhados, quebrantados e prontos 
a se arrependerem (cf. Jó 42.5,6).
4.2.2. Arrependimento — a contrição que salva
O arrependimento opera uma verdadeira reviravolta na vida do 
homem. Aquele cuja mente, sentido e vontade estavam totalmente 
voltados para o mundo e para o pecado (cf. 2 Co 3.14; Ef 4.17; 1 Tm
1 6 8
Soteriologia - A Doutrina da SalvaçAo
6.10), de repente volta-se para Deus. Essa mudança é total, pois abrange
tudo em siia vida.
• O seu entendimento, antes obscurecido, sente o mal que praticou 
e compreende que Deus é o único caminho (cf. 2 Co 4.4). A sua consci­
ência desperta e lembra-lhe o mal que praticou no passado.
• No seu sentimento há agora remorso e tristeza. O arrependimento 
traz ao homem uma contrição (cf. 2 Co 7.9), gerando nele uma mudan­
ça de atitude. Assim foi com o filho cujo pai solicitou-lhe que fosse 
trabalhar na sua vinha. Primeiro ele não quis; mas depois, arrependen- 
do-se, foi (cf. Mt 21.28,29).
• Também a vontade fica dominada pelo poder do arrependimento. 
Ela se volta para Deus, desejando cumprir a sua vontade (cf. 1 Pe 4.2; 
Rm 6.17).
4.2.3. A rrependimento — canal aberto para a graça
O arrependimento abre agora a porta para a manifestação da fé 
no coração do homem (cf. Rm 10.9): “Arrependei-vos e crede no 
evangelho” (Mc 1.15). A fé não é algo que vem do homem, mas é 
operada por Jesus — autor e consumador da fé — , pela Palavra de 
Deus (cf. Rm 10.17) e pelo Espírito Santo. É indispensável que a fé 
germine no coração do homem, pois sem fé é impossível agradar a 
Deus (cf. Hb 11.6). É necessário que aquele que se aproxima de Deus 
creia que Ele realmente existe (cf. Hb 11.6). Deus, embora invisível 
e desconhecido do homem, torna-se real e presente quando a fé é 
implantada no coração do penitente. A fé é a prova das coisas que 
não se vêem (cf. Hb 11.1)
4-2.4. A rrependimento — o milagre da fé
Pela fé, o homem arrependido tem um encontro com Deus, encon­
tro que procura um milagre. O penitente é recebido por Deus, que o 
restaura perdoando-lhe os pecados pelos méritos de Jesus. E realmente 
um grande milagre!
169
T EOLOGIA S ist e m á t ic a
4.3. O QUE ACONTECE NO ENCONTRO ENTRE ÜEUS E O ARREPENDIDO?
4.3.1. A r r e p e n d im e n t o é a b a s e d a r e m i s s ã o d o s p e c a d o s ( c f . 
Lc 24.47; A t 5.31)
Deus sempre quer perdoar os que confessam os seus pecados e os dei­
xam (cf. Pv 28.13; 1 Jo 1.9). Pelo arrependimento, o homem desamarra- 
se dos seus pecados e dos laços do Diabo (cf. 2 Tm 2.25,26). A Bíblia 
diz: “Tu perdoaste a maldade do meu pecado” (SI 32.5). Os pecados são 
apagados pelo arrependimento (cf. A t 3.19).
4.3.2. A r r e p e n d im e n t o p a r a a v id a ( c f . A t 11.18)
O arrependimento leva o homem ao encontro com Jesus, aquEle que 
é a vida (cf. Jo 14.6). “Quem tem o Filho tem a vida “ (cf. 1 Jo 5.12). O 
crente pode dizer: Cristo é a minha vida (cf. C l 3.4).
4.3.3. A r r e p e n d im e n t o p a r a a s a l v a ç A o ( c f . 2 C o 7.10)
Quando o homem volta-se para Deus, transforma-se pelo poder divi­
no. Tudo é agora novo (cf. 2 Co 5.17). O arrependido passa a buscar as 
coisas que são de cima (cf. C l 3.1-3), aborrecendo o pecado e amando a 
justiça, sendo ungido por Deus com o óleo da alegria (cf. Hb 1.9).
4-4. A rrependimento incompleto não traz o resultado desejado
Na Bíblia encontramos vários exemplos de pessoas que, apesar de 
arrependidas, não alcançaram resultado espiritual, pois o seu arrependi­
mento foi incompleto. Vejamos alguns exemplos:
• Faraó arrependeu-se, porém não deixou o mal (cf. Ex 10.16,17); 
por isso, não alcançou perdão e sucumbiu.
• Caim arrependeu-se, porém não pediu perdão (cf. Gn 4.13,14); 
por isso, andou fugitivo.
• Esaú chegou tarde demais, não achando lugar para arrependimen­
to, embora o tenha buscado com lágrimas (cf. Hb 12.17).
• Judas arrependeu-se e até devolveu o prêmio do seu pecado, mas, 
em lugar de dirigir-se a Jesus, confessou-se aos sacerdotes, enforcando-se 
depois (cf. Mt 27.3-5).
170
SOTERIOLOCIA - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
• O fariseu no templo compareceu diante de Deus; porém, não en­
xergou nem pressentiu pecado em si mesmo. Voltou para casa assim como 
veio — sem perdão (cf. Lc 18.11-14).
4 .5 . Os FRUTOS DO ARREPENDIMENTO (C F. Mt 3 .8 ; A t 26.20)
• Rompimento total com o pecado (cf. Lc 3.10-14).
• Alegria e comunhão com Deus (cf. Lc 15.7-10, 22,25).
• Constitui plataforma para o recebimento das bênçãos do Espírito 
Santo (cf. A t 3.19; 2.38). Aleluia!
4 .6 . “ A rrepende-te!”
Foi esse o conselho que Jesus deu aos crentes cujas vidas achou em 
falta quando escreveu às igrejas da Ásia Menor (cf. Ap 1.11-13). Os de 
Efeso haviam deixado o seu primeiro amor (cf. Ap 2.4,5); os de Pérgamo 
haviam se misturado com o mundo (cf. Ap 2.14-16); os de Tiatira haviam 
aberto a porta para o fanatismo (cf. Ap 2.20-22); os de Sardes estavam 
ameaçados de morte espiritual (cf. Ap 3.1 -3), e os de Laodicéia sofiriam de 
momidão (cf. Ap 3.15-19). A admoestação, porém, foi uma só: “Arre­
pende-te!” Isso significa que cada um deveria reconhecer, com tristeza, o 
mal apontado por Jesus e o descuido que tiveram. A mesma admoestação 
o apóstolo Pedrofez quando Simão, um novo convertido em Samaria que 
antes era mágico, estava sendo tentado a comprar o poder de Deus por 
dinheiro (cf. A t 8.18-24). Todo aquele que se arrepende alcança miseri­
córdia. Os que não se arrependerem encontrarão as suas faltas naquele dia 
em que serão julgados conforme as suas obras (cf. Lc 13.3-5; 19.42-44; Mt 
23.36-38). Deus, portanto, “anuncia agora a todos os homens, em todo 
lugar, que se arrependam, porquanto tem determinado um dia em que 
com justiça há de julgar o mundo” (At 17.30,31).
5. A C onversão
A conversão e o arrependimento andam juntos (cf. A t 3.19 e 26.20). 
Enquanto o arrependimento se refere à mudança total do sentimento
171
T EOLOGiA S ist e m á t ic a
do homem e à sua nova atitude para com Deus, a conversão expressa a 
nova posição para com o mundo, e representa, nesse sentido, uma mu­
dança da situação: o homem que vinha andando no caminho largo para 
a perdição, muda repentinamente a direção e passa a andar no caminho 
estreito para o céu (cf. Mt 7.13,14; Lc 13.24,25).
5.1. A CONVERSÃO É A PORTA PARA O REINO DE D EU S
A Bíblia diz: “Se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, 
de modo algum entrareis no Reino dos céus” (Mt 18.3). Jesus disse que 
aqueles que não entram pela porta são ladrões (cf. Jo 10.7-9). A conversão 
é indispensável, pois ninguém pode servir a dois senhores (cf. Mt 6.24).
5.2. As QUATRO FASES DA CONVERSÃO
E Deus quem opera a conversão (cf. Lm 5.21; Jr 31.18), mas sempre 
de acordo com a vontade do homem. Estudando a doutrina da conver­
são, usaremos como modelo a parábola do “filho pródigo”, utilizada por 
Jesus no seu ensino (cf. Lc 15.11-24).
5.2.1. A PRIMEIRA FASE
Despertado pelas tristes e cruéis circunstâncias da terra estranha, o filho 
pródigo começou a refletir sobre a sua própria situação. Lembrou-se de que 
na casa de seu pai tudo era bom e sentiu vivamente a miséria em que vivia 
(cf. Lc 15.14-17). Foi nessa reflexão que começou a sua conversão. É assim 
que o Espírito Santo opera quando desperta o homem a refletir e considerar 
a sua situação. A Palavra de Deus também faz o homem reconsiderar os seus 
atos (cf. Ez 18.27). Por ela, ele começa a pensar, a esquadrinhar (cf. Lm 
3.40), a considerar (cf. SI 119.59) o seu caminho e os seus atos maus (cf. SI
64.9). Os seus olhos começam a ver coisas que antes não viam. No mundo 
não tem mais prazer; sente um vazio — é Deus que o chama.
5.2.2. A SEGUNDA FASE
Enquanto o filho pródigo refletia sobre a sua situação em terra estranha, 
surgiram-lhe pensamentos sobre a necessidade de tomar a seu pai, à casa 
paterna. Ele começou a meditar sobre as vantagens que teria, caso voltasse.
1 7 2
Soteriologia - A Doutrina da Salvação
No seu pensamento via-se voltando ao pai e pedindo-lhe perdão (cf. Lc 
15.18). E essa a obra do Espírito Santo para a conversão do pecador. Os seus 
pensamentos, que no início estavam só para a miséria em que vivia, come­
çam a elevar-se às coisas de Deus; ele medita na Palavra e nas coisas que de 
cima tem ouvido. Depois de ter esquadrinhado os seus caminhos, um desejo 
começa a formar-se nele: “Voltemos para o Senhor” (Lm 3.40).
5.2.3. A TERCEIRA FASE
Essa fase representa a própria decisão. Depois de meditar tanto sobre 
a sua miséria como sobre a sua necessidade de voltar, o filho pródigo 
resolveu: “E, levantando-se, foi para seu pai” (Lc 15.20). Agora vira as 
costas para a terra estranha, para a sua miséria, e olha o caminho em 
direção à casa do pai. Isso que é a conversão! Essa é a decisão a que cada 
pecador deve chegar. Os pensamentos que durante o tempo do desper- 
tamento o dominavam devem, agora, transformar-se em ação! Ação é a 
decisão que leva à conversão. Isso é possível quando o pecador expressa 
o seu desejo em uma oração a Deus, no nome de Jesus (cf. A t 2.21). 
Então Deus lhe dá o poder para deixar o mundo e voltar para Ele.
5.2.4. A QUARTA FASE
O filho pródigo, ao retomar da terra estranha, encontrou o que é 
essencial na conversão: o pai que correu ao seu encontro para perdoá-lo, 
abraçá-lo, restaurá-lo (cf. Lc 15.20-24). Tudo voltou à normalidade! Essa 
é a experiência de todos os que se convertem a Deus. Diz a Palavra: 
“Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós” (Tg 4.8). E, quando Deus 
chega, “todas as coisas são possíveis” (Mc 10.27). Vejamos o que acon­
tece no encontro do convertido com Deus:
• Todos os seus pecados são perdoados (cf. Mc 4.12).
• Jesus cura as feridas da alma causadas pelo pecado (cf. Mt 13.15).
• Recebe um novo coração (cf. Ez 18.30,31).
• O véu que impedia a visão espiritual é tirado (cf. 2 Co 3.16); a 
Bíblia diz: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a 
Deus” (Mt 5.8).
173
T EOLOGiA S ist e m á t ic a
5.3. Os RESULTADOS DA CONVERSÃO
Um novo testemunho (cf. G1 1.22-24; Mt 5.16; 1 Pe 4.1-4). Novas 
bênçãos (cf. A t 3.19): os tempos do refrigério chegaram. Tudo aquilo 
que antes impedia as bênçãos foi tirado pela conversão. Uma nova in­
cumbência: “Quando te converteres, confirma teus irmãos” (Lc 22.32). 
Um novo alvo: o céu! Os convertidos poderão entrar no Reino de Deus 
(cf. Mt 18.3; Lc 23.43).
6 . A R e g e n e r a ç ã o
A regeneração expressa a experiência do recebimento da nova vida, 
da vida eterna. Isso acontece quando o homem se encontra com Deus 
na busca da salvação. Esse é um assunto profundo que contém ensinos 
substanciais.
6.1. O QUE SIGNIFICA A REGENERAÇÃO?
6.1.1. D e f in iç ã o
Regeneração ou novo nascimento significa o ato sobrenatural em 
que o homem é gerado por Deus (cf. 1 Jo 5.18) para ser seu filho (cf. Jo
1.12) e participante da natureza divina (cf. 2 Pe 1.4).
6.1.2. É A ENTRADA NO R e INO
O novo nascimento significa a entrada do homem no Reino de Deus 
(cf. Jo 3.3). Ninguém pode ser contado como cidadão antes de nascer. 
Do mesmo modo, ninguém pode pertencer ao Reino de Deus antes de 
nascer de novo. A Bíblia diz: “O Senhor, ao fazer descrição dos povos, 
dirá: Este é nascido ali” (SI 87.6). São os nascidos de novo que são ins­
critos no Livro da Vida (cf. Lc 10.20).
6.1.3. É UM MILAGRE
Nenhum homem pode, através de suas faculdades mentais (cf. 1 Co
2.14), compreender o novo nascimento. Até Nicodemos, um príncipe
174
SOTERIOLOCIA - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
(cf. Jo 3.1) e mestre em Israel (cf. Jo 3.10), não entendeu a significação 
dessa afirmativa. Por isso perguntou a Jesus: “Porventura, pode tomar a 
entrar no ventre de sua mãe e nascer?” (Jo 3.4)
É por meio de um milagre que o homem passa de um estado inferior, 
o terreno, para um estado superior, o celestial! Foi por meio de um mila­
gre (cf. Lc 1.31-35) que Jesus, no seu estado superior no céu, aniquilou- 
se a si mesmo, tomando a forma de homem (cf. Fp 2.6-8), um estado 
inferior, pois foi feito “um pouco menor do que os anjos” (Hb 2.9). E um 
verdadeiro milagre quando o homem, pela regeneração, passa de peca­
dor miserável e condenável para cidadão do Reino de Deus, por ter sido 
tomado uma nova criatura (cf. 2 C o 5.17) que se assentará nos lugares 
celestiais em Cristo (cf. Ef 2.6).
O novo nascimento é um milagre porque se trata da vivificação de 
um homem morto no pecado (cf.E f 2.1-4; C l 2.13; 1 Tm 5.6) e separado 
de Deus pela ignorância e pela dureza de coração (cf. Ef 4.19), que ago­
ra, regenerado, ressuscita juntamente com Cristo para uma nova vida 
(cf.E f 2.5,6).
Esta experiência aparece na Bíblia sob diferentes nomes:
• Nascer de novo (cf. Jo 3.3).
• Nascer da água e do Espírito (cf. Jo 3.6).
• Criado em Jesus Cristo (cf. Ef 4.24; Cl 3.10). “Se alguém está em 
Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez 
novo” (2 Co 5.17).
• Sendo de novo gerados (cf. 1 Pe 1.3).
• Nascido de Deus (cf. 1 Jo 3.9; 5.18; 4.7); “de Deus é gerado” (1 Jo 
5.18); “dele nascido” ( l j o 2.29).
6 .2 . C omo se processa a regeneração do homem?
6.2.1. Pelo batismo?
O novo nascimento não é realizado pelo batismo nas águas. Quando 
Jesus falou de nascer da água e do Espírito (cf. Jo 3.5),referiu-se ao 
batismo nas águas, mas usou a palavra “água” como uma figura da opera­
175
T EOLociA S ist e m á t ic a
ção de Deus pela sua Palavra. Veja a expressão em Efésios 5.25,26: “Pela 
lavagem da água, pela palavra”. Compare com Tito 3.5: “Pela lavagem 
da regeneração [é a Palavra de Deus que regenera, cf. 1 Pe 1.23] e da 
renovação do Espírito Santo”. Quando Pedro fala em sua Primeira Epís­
tola (3.21), diz: “Como uma verdadeira figura, agora vos salva, batismo, 
não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma 
boa consciência para com Deus”. Aqui se vê que o batismo é apresenta­
do como uma verdadeira figura, mas o que opera a salvação é a consci­
ência que clama a Deus. N a Bíblia observamos que só foram batizados 
aqueles que já eram regenerados.
6.2.2. P e l a v o n t a d e h u m a n a ?
O novo nascimento também não é operado pela “vontade do ho­
mem” (cf. Jo 1.13). Aqui se vê que são inúteis todos os esforços, idéias e 
sistemas que os homens possam inventar para a sua própria salvação. 
Existem doutrinas que ensinam autocontrole, meditação e esforços men­
tais para alcançar um estado superior. Porém nada disso tem valor para 
fazer o homem nascer de novo. Jesus disse: “nem da vontade da carne, 
nem da vontade do varão, mas de Deus” (Jo 1.13).
6.2.3. S o m e n t e p e l a v o n t a d e d e D e u s
O novo nascimento é operado pela vontade de Deus (cf. Jo 1.13). 
E Deus quem realiza a obra, conforme a sua vontade, e isso pelo poder 
do Espírito Santo. Toda a Trindade opera na realização do novo nasci­
mento:
• O Espírito Santo é o agente que leva o homem ao novo nascimen­
to. Ele faz isso convencendo o homem do pecado, da justiça e do juízo 
(cf. Jo 16.8,9). Abre-lhe a mente e o entendimento para compreender a 
vontade de Deus (cf. 2 Co 4.6; 1 Tm 2-4). despertando-lhe o desejo de 
ser salvo.
• O Espírito Santo usa como instrumento a Palavra de Deus, a qual 
vivifica (cf. Jo 6.63). A Palavra em si tem poder regenerador (cf. 1 Pe 
1.23,25; Tg 1.18), pois ela é a palavra da cruz (cf. 1 Co 2.1-5). Por isso,
176
Soteriolocia - A Doutrina da Salvação
a pregação dó Evangelho tem uma grande significação. Paulo disse: “Eu, 
pelo evangelho, vos gerei em Jesus Cristo!” (1 Co 4.15)
• O Espírito Santo leva o homem à decisão de receber a Jesus, que, 
pela sua morte e ressurreição (cf. 1 Pe 1.3), ganhou salvação para todos. 
Quando o homem recebe a Jesus lhe é dado o poder de ser feito filho de 
Deus (cf. Jo 1.12). O receber a Jesus e a fé são sinônimos (cf. Jo 1.12,13). 
Quando Jesus quis explicar como essa fé regeneradora se expressa no ho­
mem, usou como figura o levantamento da serpente de metal no deserto, 
por Moisés (cf. Nm 21.9; Jo 3.14,15). O ato de alguém olhar para a ser­
pente produzia-lhe cura da mordedura venenosa. Esse olhar corresponde 
à fé salvadora que leva o homem a aceitar a Jesus como seu Salvador. Pela 
fé ele recebe o poder que vence o veneno do pecado e traz nova vida para 
o salvo. O milagre acontece! Os homens nascem de novo! Aleluia!
6 .3 . Que acontece na vida do homem quando é regenerado?
Já observamos que recebemos, pela regeneração, uma nova vida. Ve­
jamos de que maneira essa vida se manifesta e como reage:
6.3.1. Pelo novo nascimento
Essa nova natureza é Cristo em nós (cf. Cl 3.4). Qualquer que é de 
novo gerado, é gerado de “uma herança incorruptível” (1 Pe 1.23), “a sua 
semente [de Deus] permanece nele” (1 Jo 3.9). O crente nasceu de novo 
pela semente divina e, por isso, é participante da divina natureza (cf. 2 Pe
1.4), e também participa da santidade de Deus (cf. Hb 12.10). Cumpre-se 
o milagre que Ezequiel predisse: “E vos darei um coração novo e porei 
dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne 
e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu espírito e 
farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis” 
(Ez 36.26,27). Quando a vara é enxertada na árvore, ela se toma partici­
pante, não só da raiz e da seiva (cf. Rm 11.17), mas também da natureza 
da árvore, o que se verifica na qualidade do fruto que essa vara agora 
produz (cf. Jo 15.1-5). Assim também acontece com aqueles em cujas 
vidas, pelo novo nascimento, operou a influência divina. Essa influência 
os impulsiona a andar nos caminhos do Senhor: “Ou dizeis que a árvore é
1 7 7
T EotOGiA Sistemática
boa e o seu fruto, bom, ou dizeis que a árvore é má e o seu fruto, mau” (Mt 
12.33-35). Que milagre! Que maravilha é o novo nascimento! Por meio 
dessa operação da graça divina, Deus restaura a imagem da sua semelhan­
ça moral no homem, pois para isso o criou (Gn 1.26,27).
6.3.2. A NOVA VIDA EXECUTA UM DOMÍNIO TRANSFORMADOR SOBRE O 
HOMEM
Ele, antes, estava escravizado pela própria carne. Agora, pelo novo 
nascimento, tomou-se um filho de Deus (cf. Jo 1.12), um ser livre, um 
súdito do Reino de Deus (cf. Jo 3.5; Ef 2.19). Tudo aconteceu porque o 
Espírito Santo agora habita nele (cf. 1 Co 3.16; 6.19; Rm 8.9), e exerce 
domínio sobre ele de modo total, o que deu origem à transformação da 
sua personalidade. O homem recebe, pois, pela regeneração, tanto uma 
nova direção sobre sua vida, como poder de Deus para seguir essa dire­
ção. O homem regenerado sente que, agora:
• Seu pensamento mudou; ele pensa diferentemente, de conformi­
dade com a vontade de Deus (cf. C l 3.10; Fp 4.7).
• Seu entendimento se abriu para as coisas de Deus, pois antes não 
as entendia (cf. 1 Co 2.15; 2 Co 4.6) e Deus o renova para o conheci­
mento (cf. Cl 3.10).
• O seu sentimento registra o gozo pela presença de Deus (cf. SI 
16.11); agora ele ama a Deus (cf. 1 Jo 4.19) e aos irmãos (cf. 1 Jo 3.14).
• A sua vontade, que antes era escravizada pela carne (cf. Ef 2.2,3; Is 
53.6), conforma-se com a vontade de Deus (cf. Mt 6.10; 1 Pe 1.22; 4.2; 
A t 13.22).
• A sua consciência, agora purificada (cf. Hb 9.14), toma-se sensí­
vel à direção de Deus (cf. Rm 2.15).
• Não está mais debaixo da carne, mas do Espírito (cf. Rm 8.9). A 
sua carne, a sua velha natureza, não foi aniquilada, pois ele a possui 
ainda, porém ela está dominada pela nova natureza e foi entregue à 
morte (cf. G 15.16,17; Rm 8.12,13), a cruz (cf. G1 2.20).
178
SOTERJOLOGIA - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
6 .3 .3 . O NOVO NASCIMENTO PROPORCIONA UMA LAVAGEM DE REGENERA­
ÇÃO ( c f . T t 3 .5 )
Onde o pecado abundou e manchou a vida do homem, agora trans­
borda a graça manifestada pela regeneração. Há uma lavagem completa, 
que toma o homem, diante de Deus, “alvo mais do que a neve” (cf. SI 
51.7; Is 1.18) e sem mácula (cf. Ef 5.25-27). “Oh! Que precioso sangue, 
sangue de Jesus!”
6.3.4. O NOVO NASCIMENTO PROPORCIONA UMA ÍNTIMA COMUNHÃO COM
J esu s
“Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a 
vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é que vence o mundo, 
senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (1 Jo 5.4,5) O que 
nasceu de novo vive e se move em Jesus (cf. A t 17.28). Jesus disse: 
“Estai em mim, e eu, em vós” (Jo 15.4). Por Jesus estar em nós, “o ho­
mem velho”, a nossa natureza caída que antes atendia às tentações do 
mundo (cf. Ef 2.2,3), agora está crucificado (cf. Rm 6.8) e despido (cf. 
Ef 4.22), e assim ficamos livres da lei da morte (cf. Rm 8.2). Cristo está 
em nós; é a nossa força (cf. Fp 4.13). Por isso, aquele que é nascido de 
Deus vence o mundo. Essa transformação interna que a regeneração nos 
oferece, por Cristo viver em nós, também opera uma transformação ra­
dical na nossa vida exterior — não mais nos conformamos com o mun­
do (cf. Rm 12.2). A Bíblia diz: “Qualquer que é nascido de Deus não 
comete pecado” (1 Jo 3.9). Isso significa que não mais podemos viver 
em pecado, isto é, continuamente pecando. Se surgir algum problema, 
se chegarmos a pecar, nossa nova natureza imediatamente nos impulsi­
ona a buscar perdão, restauração, renovação da íntima comunhão com 
Deus, que, pelo pecado, ficara interrompida (cf. 1 Jo 2.1,2). Assim po­
deremos continuar vencendo o mundo. Aleluia!6.3.5. O NOVO NASCIMENTO PROPORCIONA COMUNHÃO AOS QUE NASCE­
RAM DE NOVO (1 JO 5.1)
O crente agora ama seus irmãos (cf. 1 Jo 3.14; 4.7). Essa é a base da 
comunhão que os crentes gozam andando na luz (cf. 1 Jo 1.7). Se não tem
179
T EOLOGiA Sistemática
amor é porque perdeu o seu “documento”, a sua identidade como crente 
(cf. 1 Jo 2.11). Aquele que nasceu de novo é herdeiro de Deus e co-her- 
deiro de Cristo (cf. Rm 8.16,17), e pode entrar no Reino de Deus (Jo 3.5), 
onde verá a Jesus, assim como Ele é (1 Co 13.12; 1 Jo 3.1-3). Aleluia!
7 . A J u s t i f i c a ç ã o
A doutrina da justificação é uma das mais importantes da Bíblia. 
Essa doutrina — a justificação pela fé — foi o grito de libertação quan­
do, no obscuro século XVI, iniciou-se a abençoada Reforma, na qual 
Deus usou Lutero.
7.1. D efinição da palavra “ justificação”
“Justificação é um ato da graça de Deus, pelo qual Ele imputa à pes­
soa que crê em Jesus a justiça de Cristo, declarando-a justa”. Deus, na 
justificação, trata o homem arrependido conforme os méritos da pessoa 
de seu Mediador, Jesus Cristo. Enquanto “regeneração” expressa a nova 
natureza que o homem recebe pela salvação, justificação se refere à sua 
nova posição jurídica, diante da justiça divina.
7.2. A POSIÇÃO DO HOMEM PECADOR DIANTE DA JUSTIÇA DE DEUS
A Bíblia afirma: “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” 
(Rm 3.23). Todos são culpados (cf. Rm 3.9), ninguém é justo (cf. Rm 
3.10; Jó 25.4), todos os pecados estão escritos no livro de Deus (cf. Ap
20.12) e também registrados na sua consciência (cf. Jr 17.1). Todos es­
tão debaixo da condenação (cf. Rm 3.19; 2.2,3; 1 Tm 5.24). Nenhum 
homem tem condições próprias para livrar-se da sua culpa. Adão e Eva 
procuraram fazer vestes, mas isso não resolveu o seu problema diante de 
Deus (cf. Gn 3.7-10). Nem mesmo o sacrifício inventado por Caim foi 
eficiente (cf. Gn 4.3; Is 64.6). Boas obras não justificam o homem diante de 
Deus (cf. G12.16; Ef 2.8,9). Jesus disse que “se a vossa justiça não exceder a 
dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mt
5.20). E a justiça dos fariseus se baseava em obras próprias (cf. Lc 18.14).
1 8 0
SOTERIOLOGIA - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
Não existe ser algum em todo o universo que tenha condições de 
justificar o homem diante de Deus. Por isso todas as religiões, em todo o 
mundo, que procuram justificar o homem diante de Deus por obras são 
falhas; não produzem justificação. Diante dessa situação triste e 
desesperadora, o homem pergunta: “Quem me livrará do corpo desta 
morte?” (Rm 7.24) e: “Como se justificaria o homem para com Deus?” 
(Jó 9.2) A Bíblia responde: “Esta é a herança dos servos do Senhor e a 
sua justiça que vem de mim, diz o Senhor” (Is 5417).
7.3 . C risto é a nossa justiça
7.3.1. A justiça de Deus é perfeita e imutável
Deus jamais pode usar “dois pesos e duas medidas”. Ele feriria a sua 
justiça caso perdoasse ao pecador sem um meio eficaz de perdão, porque 
disse: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).
7.3.2. Deus providenciou um sacrifício perfeito
Deus então, no seu grande amor, providenciou o sacrifício do seu 
próprio Filho para, por esse ato, satisfazer a justa exigência da justiça 
divina (cf. Jo 3.16). Isso foi possível porque:
• Jesus, para ser mediador entre Deus e os homens, tinha de ser ho­
mem (cf. Fp 2.6-8; Hb 2.14).
• Jesus tinha de tomar sobre si a culpa dos homens. A tremenda 
dívida na conta humana diante de Deus tinha de ser transferida para a 
conta de Jesus. Foi por isso que Jesus se tomou devedor diante da lei de 
Deus. A Bíblia diz que Ele foi feito pecado por nós (cf. 2 Co 5.21) e até 
tomou-se maldição por nós (cf. G13.13). Isso aconteceu quando Ele, no 
Getsêmani, tomou o cálice que continha a nossa culpa (Lc 22.42).
• Jesus morreu cumprindo a sentença que nossos pecados mereci­
am. O justo morreu pelos injustos (cf. 1 Pe 3.18). Ele levou as nossas 
transgressões (cf. Is 53.10,4,5). Aniquilou-se o nosso pecado pelo seu 
sacrifício, o sacrifício de si mesmo (cf. Hb 9.26; Ef 5.2), e proporcio­
nou, assim, condições para a remissão dos nossos pecados e para a nos­
sa justificação.
181
T eolocia Sistemática
7.3.3. Jesus tornou-se a nossa justiça (cf. Jr 23.6)
Ele é a nossa justiça porque tudo o que fez, fez por nós, em nosso 
favor, como o nosso substituto diante de Deus e da Lei. A Bíblia diz que 
“por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para a nossa justificação” 
(Rm 4.24,25). Quando Jesus verteu o seu sangue nesse sacrifício 
inigualável, abriu-se a fonte da graça para a justificação de todo aquele 
que nEle crê (Rm 5.9; 1 Pe 1.18,19; C l 1.20).
7.4. D eus se torna justificador por meio do sacrifício de C risto
7.4.1. Jesus morreu pelos pecados de todo o mundo (cf. 1 Jo 2.2)
Cumpriu-se, assim, a afirmação de João Batista: “Eis o Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). N a cruz estavam inclu­
ídos os pecados de todos os crentes que, no tempo do Antigo Testa­
mento, haviam crido em Deus e oferecido sacrifícios pelos seus peca­
dos, conforme o mandado do Senhor. Estes haviam sido perdoados por 
Deus, mas seus pecados não foram tirados, “porque é impossível que o 
sangue dos touros e dos bodes tire pecados” (Hb 10.4). O perdão que 
receberam foi “debitado” na conta de Jesus, sob a paciência de Deus 
(cf. Rm 3.25), aguardando o verdadeiro sacrifício que Ele, na consu­
mação dos séculos, iria cumprir (cf. G1 4.4,5). Todos eles morreram 
sem ver o Prometido (cf. Hb 11.13). Seus espíritos, porém, aguarda­
vam no “Seio de Abraão” a remissão prometida. Quando Jesus, na cruz 
do Calvário, exclamou: “Está consumado” (Jo 19.30), foi completada 
também a remissão desses pecados. Deus demonstrou assim a sua justi­
ça “pela remissão dos pecados dantes cometidos” (Rm 3.25). Como 
resultado dessa remissão, os espíritos dos crentes dos tempos do A nti­
go Testamento foram levados do “Seio de Abraão” (cf. Lc 16.23) para 
o Paraíso (cf. Lc 23.43; Ef 4.8), onde aguardam a ressurreição dos jus­
tos na vinda de Jesus (cf. 1 Ts 4.14-17).
7.4.2. T odos os que agora crêem “estão em C risto” (cf. Rm 8.1; 
2 C o 5.17)
E é por essa aceitação que são declarados justos, porque Jesus é a sua 
justiça (cf. Jr 23.6). Quando Deus olha para o crente, Ele o vê através da
182
SOTERIOLOGIA - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
pessoa de Jesus, na qual todos somos feitos justiça de Deus (cf. 2 Co 
5.21). Pela conta credora de Jesus (que não se esgota) foi feito o paga­
mento do nosso débito, que agora já não mais existe. Assim, o crente 
pode, vestido do manto da justiça de Jesus (cf. Is 61.10), apresentar-se 
diante de Deus justificado. Aleluia!
7.5. D e que maneira é justificado o homem?
7.5.1. O CAMINHO DA JUSTIFICAÇÃO
A Bíblia mostra o caminho da justificação ao afirmar: “Justificados 
gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao 
qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue” (Rm 3.24,25). 
Vemos assim que a justificação é oferecida por Deus pela sua graça 
(favor imerecido), que Ele agora pode mostrar, por causa da redenção 
efetuada por Jesus, que remiu o homem vertendo o seu precioso san­
gue. Deus agora apresenta Jesus como o único meio da justificação e 
todo aquele que crer no seu sangue, isto é, que aceitar o sacrifício feito 
por Jesus em seu próprio favor, é justificado, ou seja, declarado justo 
diante de Deus.
7.5.2. Esse ca m in h o d a ju st ific a ç ã o é ú n ic o
É único para grandes e pequenos, para ricos e pobres, para dirigentes 
e dirigidos! A todos quantos queiram ser justificados, lhes é imposta 
uma só condição: crer no valor do sangue de Jesus para perdoar e para 
justificar (cf. Rm 3.25).
7.5.3. Ess e ca m in h o n ã o a dm ite vangló ria
A fé com a qual o homem crê no sangue justificador de Jesus não 
constitui nenhum mérito. Representa apenas a aceitação da graça, isto 
é, do meio que Deus oferece para a nossa justificação (cf. Rm 4.5,21; 
A t 13.39). A fé exclui as obras e, assim, não deixanenhum lugar para 
a jactância (cf. Rm 3.27), pois o homem é justificado pela fé sem obras 
(cf. Rm 3.28; G1 2.16). Se a nossa justificação dependesse das obras, 
ninguém se salvaria, pois nenhum homem conseguiu cumprir a lei. 
Assim, permaneceríamos todos debaixo da maldição (cf. G1 3.10).
183
T EOLOciA Sistemática
Quando Tiago escreveu “que o homem é justificado pelas obras e não 
somente pela fé” (Tg 2.24) não estava contradizendo Paulo, mas com­
pletando o pensamento deste. Tiago mostra que a verdadeira fé sem­
pre é acompanhada pelas obras (que são um resultado da fé) e que a fé 
sem obras é morta. Ainda segundo Tiago, a fé sem obras, conseqüente- 
mente, nada obtém de Deus (cf. Tg 2.14-22). As obras que acompa­
nham a fé são chamadas de “frutos da justiça” (cf. 2 Co 9.10), consti­
tuindo-se em evidência de que uma fé viva opera na vida daqueles que 
as praticam.
7.6. Os RESULTADOS DA JUSTIFICAÇÃO NA VIDA DO HOMEM
São muitos e maravilhosos os resultados da justificação em nossas 
vidas. Devemos avançar para que desfrutemos de tudo aquilo que Deus 
preparou para os justificados pela sua graça.
7.6.1. “ S e n d o , p o is , ju st if ic a d o s pela fé , t e m o s paz c o m D e u s” 
(Rm 5.1)
Essa paz não é somente um sentimento agradável de sossego e tran- 
qüilidade, mas é como um estado de “pós-guerra”, quando a beligerân­
cia cessa e as relações interrompidas são reatadas. O homem que vive 
em pecado está separado de Deus (cf. Is 59.2) e debaixo de sua ira (cf. Ef
2.3). Quando é declarado justo, entra em um estado de paz com Deus, 
experimentando harmonia com a divindade, pois passa a ter livre acesso 
a Deus (cf. Ef 2.18; Rm 5.2).
7.6.2. “ T em o s e n t r a d a p e la fé a e s t a g r a ç a , n a q u a l e s t a m o s 
firmes” (Rm 5.2)
As bênçãos que acompanham a permanência na graça são grandes. 
Os crentes crescem na graça (cf. 2 Pe 3.18) e essa se manifesta de muitas 
maneiras para o enriquecimento da vida espiritual dos servos do Se­
nhor. Vejamos algumas dessas bênçãos:
• “Nos gloriamos na esperança da glória de Deus” (Rm 5.2). Para os 
que são “declarados justos”, Deus concede a alegria de participar da sua
184
S q t e r io l o c ia - A D o u t r in a d a S a l v a ç ã o
glória. É uma bênção que eleva os nossos corações às coisas que são de 
cima (cf. Cl 3.1-3; 1 Ts 1.9,10; T t 2.13).
• “Nos gloriamos nas tribulações” (Rm 5.3). Os sofrimentos que apa­
recem na vida não abaterão o crente, pois a alegria que Deus lhe deu 
com a justificação opera nele e é a sua força (cf. Ne 8.10). Em lugar de 
gemer, se alegra, pois para o crente a tribulação produz paciência, expe­
riência e esperança (cf. Rm 5.3-5).
• A graça, na vida do justo, constitui também uma certeza da pre­
sença do Espírito Santo que derrama o amor de Deus em seu coração (cf. 
Rm 5.5). Assim, com a fé e o amor que há em Cristo, a graça transborda 
(cf. 1 Tm 1.14). E bem verdade que “bênçãos há sobre a cabeça do jus­
to” (Pv 10.6). Assim, “todos nós recebemos também da sua plenitude, 
com graça sobre graça” (Jo 1.16).
7.6.3. A JUSTIÇA TORNA O CRENTE OUSADAMENTE INABALÁVEL (CF.
Rm 8.21-29)
A graça de Deus opera no crente tomando manifestos as seguintes 
declarações da Palavra de Deus:
• “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31)
• “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o en­
tregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coi­
sas?” (Rm 8.32)
• “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus 
quem os justifica” (Rm 8.33).
• “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, 
ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como 
está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia: fomos 
reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas so­
mos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm 8.35-37).
7.6.4. A JUSTIÇA É ACOMPANHADA DE FRUTOS (CF. Fp 1.11; Pv 12.17)
Isso significa que a justiça é posta em prática e opera na maneira de
viver do crente (cf. Hb 11.33; 1 Jo 2.29; 1 Ts 2.10). As obras justas que
1 8 5
T EOLociA Sistemática
o crente pratica estão diante dos olhos do povo (cf. Mt5.16; 1 Pe 2.12,15), 
Elas são prova de que “Cristo vive em mim” (cf. G 12.20; 2 Co 4.10,11).
7.6.5. O CAMINHO DOS JUSTOS É SEMPRE APERFEIÇOADO
“A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais 
e mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18), pois aquele que é justificado tem 
um perpétuo fundamento (cf. Pv 10.25) e não se abala (cf. Pv 10.30), 
pois tem segurança (cf. Is 32.17). O Reino de Deus é justiça (cf. Rm 
14-17), pelo que o crente é vestido com o “linho fino” da justiça dos 
santos (cf. Ap 19.7,8). Por isso o justo alegra-se esperando a vinda de 
Jesus, que é a nossa justiça (cf. Jr 23.6). E é pelo poderoso sangue do 
Cordeiro, que nos purificou, que entraremos na sua glória (cf. Ap 7.14;
22.14) e seremos coroados com a coroa da justiça (cf. 2 Tm 4.8).
8 . A S a n t i f i c a ç ã o
8.1. Que significa santificação?
Podemos estudar a santificação sob vários aspectos, que, juntos, nos dão 
uma compreensão mais ampla dessa doutrina que a Bíblia afirma ser a von­
tade de Deus: “Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1 Ts 4 3).
8.1.1. Definição de santificação
Santificação é, em primeiro lugar, a continuação da obra salvadora 
na vida do crente. A Bíblia afirma: “Aquele que em vós começou a boa 
obra a aperfeiçoará até o Dia de Jesus Cristo” (Fp 1.6). Essa “boa obra” 
começou pela salvação, quando recebemos a Jesus como nosso Salvador 
(cf. Jo 1.12). Ele entrou na nossa vida (cf. Ap 3.20; G 12.20) e nós mor­
remos para o mundo (cf. C l 3.1-3), ocasião em que nos tomamos parti­
cipantes de uma nova natureza (cf. 2 Pe 1.4). Afinal, “tudo se fez novo” 
(2 Co 5.17).
A mesma obra é agora aperfeiçoada pela santificação, através da qual 
Deus faz com que a nova natureza recebida pela salvação domine a ve­
lha natureza, para que a carne não receba mais ocasião (cf. G1 5.13).
IRfi
Soteriolocia - A Doutrina da Salvação
Dessa maneira Jesus fica formado em nós (cf. G1 4.19) e nos tomamos 
um mesmo espírito com o Senhor (cf. 1 Co 6.17). João Batista se ex­
pressou sobre isso: “E necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 
3.30). Desta maneira, a vida de Jesus se manifestará em nossa carne 
mortal (cf. 2 Co 4-10,11; G12.19) e isso terá influência santificadora em 
toda a nossa maneira de viver (cf. 1 Pe 1.15,16). A nossa vida tomou-se 
agora distinguidamente honesta (cf. 1 Ts 4.12) e com moral elevada (cf.
1 Ts 4.3,4).
8.1.2. Os ASPECTOS DA SANTIFICAÇÃO
O significado da santificação pode ser subdividido em três aspectos:
• A santificação significa uma separação do mal. A Bíblia diz: “Ser- 
me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo e separei-vos dos povos, 
para serdes meus” (Lv 20.26). Paulo destaca esse sentido da santificação 
quando, na sua carta aos coríntios, mostra a necessidade de deixarmos o 
mal (cf. 2 Co 6.14-16) e nos apartarmos de tudo o que é imundo (cf.
2 Co 6.17), para que possamos ser recebidos como filhos e filhas do 
Senhor Todo-poderoso (cf. 2 Co 6.18). Nessa separação do mal, o cren­
te resolve, de coração, entregar a Deus tudo o que na sua vida pertence 
ao pecado e ao mundo para agradar a Deus (cf. 2 C o 7.T, 5.9; Ef 5.10). 
Assim, o crente se aparta do mal para fazer o bem (cf. SI 34.14; 37.27; 
1 Pe 3.11). Isto é um processo, pois Deus vê essa atitude do crente e 
continua purificando-o, libertando-o, aperfeiçoando-o e santificando-o 
no temor de Deus (cf. 2 Co 7.1). Ele é transformado em sua maneira de 
viver (cf. 1 Pe 1.15,16). Desta forma, a justiça da lei se cumpre em nós, 
que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito (cf. Rm 8.4). 
O crente agora é “carimbado” pelo sinete da santificação. Esta é a pro­
messa de Jesus ao vencedor: “Escreverei sobre ele o nome do meu Deus” 
(Ap 3.12).
• A santificação significa também uma separação para Deus. Aquela 
vida que foi separadado mundo fica agora, pela santificação, entregue a 
Deus para pertencer a Ele e servi-lo. Jesus disse: “Por eles me santifico a 
mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade” (Jo
1 8 7
T EOLOCIA Sistemática
17.19), isto é, Ele entregou a sua vida pura e perfeita a Deus para servir 
à causa gloriosa da nossa salvação. Esse aspecto da santificação é muito 
importante. As nossas vidas já pertencem a Deus porque fomos compra- 
dos por Ele por um bom preço (cf. 1C o 6.19,20; 1 Pe 1.18,19; A t 20.28). 
“Foi para isto que morreu Cristo e tomou a viver; para ser Senhor tanto 
dos mortos como dos vivos” (Rm 14 9) e “para que os que vivem não 
vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” 
(2 Co 5.15). Pela santificação o crente se entrega voluntariamente a 
Deus (cf. Rm 12.1,2; 2 Co 8.5; Pv 23.26) e dá “a Deus, o que é de Deus” 
(Mt 22.21), colocando-se à disposição do seu Senhor (cf. Rm 6.19). Ele 
pode falar de coração: “O meu amado é meu, e eu sou dele” (C t 2.16; cf. 
A t 27.23; Ml 3.17).
• A santificação também significa um revestimento da plenitude de 
Cristo. Os mesmos crentes que foram separados do mundo e entregues a 
Deus ficam cheios da plenitude do Senhor (cf. Ef 3.19) e “enriquecidos 
da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus 
— Cristo” (Cl 2.2; cf. Ef 1.23). Quando Moisés consagrou ao Senhor o 
tabernáculo que havia construído conforme o modelo recebido, Deus 
permitiu que esse tabernáculo fosse cheio da sua glória (cf. Êx 40.34- 
36). Deus também deseja agora que nós, pela obra santificadora, receba­
mos “da sua plenitude, com graça sobre graça” (Jo 1.16). Assim, o cren­
te é transformado “de glória em glória, na mesma imagem, como pelo 
Espírito do Senhor” (2 Co 3.18).
8.1.3. A EXPERIÊNCIA DA SANTIFICAÇÃO
Quanto à experiência da santificação, podemos ainda distinguir três 
aspectos diferentes:
• A santificação posicionai, isto é, a nossa posição como santos em 
Cristo: “O qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santifi­
cação, e redenção” (1 Co 1.30). A Bíblia afirma: “Eis aqui venho, para 
fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo. 
Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus 
Cristo” (Hb 10.9,10). Assim, a nossa santificação é preparada por meio 
de Cristo, pelo seu precioso sangue (cf. Hb 13.12).
IRR
SoTERioLOGiA - A Doutrina da Salvação
• A santificação experimental, quando a santificação preparada por 
Cristo é posta em prática pela maneira de viver do crente. Enquanto o 
crente, pela justificação, é declarado justo pelos méritos de Jesus (cf. Rm 
3.24,25), pela santificação é aperfeiçoado em uma experiência progres­
siva (cf. 2 Co 7.1) e transformado de glória em glória (cf. 2 Co 3.18). 
Assim, a vida do cristão vai brilhando mais e mais (cf. Pv 4.18) e ama­
durecendo e se aperfeiçoando.
• A santificação final, que acontecerá quando Jesus vier nas nuvens. 
Enquanto o crente vive neste mundo, continua desejando um maior 
aperfeiçoamento através da santificação. Por isso, ele sempre sente ne­
cessidade de buscar mais as coisas que estão mais à frente, prosseguindo 
para alcançar o alvo (cf. Fp 3.13,14). Quando Jesus se manifestar na sua 
vinda, nós também nos manifestaremos com Ele em glória (cf. Cl 3.4). 
Então teremos chegado ao final da santificação, “porque assim como é o 
veremos” (1 Jo 3.2). Receberemos, assim, “a imagem celestial” (cf. 1 Co 
15.49), porque Ele “transformará o nosso corpo abatido, para ser confor­
me o seu corpo glorioso” (Fp 3.21). Diante de tudo isso, só nos resta 
dizer: “Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20)
8.2. C omo experimentar a santificação?
A Bíblia afirma, categoricamente, que a santificação é obra de Deus. 
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo” (1 Ts 5.23). Assim 
como a salvação vem de Deus (cf. Ap 7.10), também a santificação vem 
do mesmo Deus que nos deu a Cristo, “o qual para nós foi feito por Deus 
sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1.30). Importa 
observarmos que a santificação, de certa forma, também depende da 
cooperação do homem, pois é necessário que ele aceite aquilo que Deus 
lhe preparou. Por isso a Bíblia também afirma: “O santo continue a san­
tificar-se” (Ap 22.11, Almeida Revista e Atualizada). Vejamos, então, 
os dois lados da doutrina da santificação.
8.2.1. É D eu s quem sa n tific a ( c f . 1 T s 5.23)
No conceito de muitos, a salvação vem de Deus, mas a santificação é 
um produto da força de vontade própria e do poder pessoal do crente.
189
T EOLOGiA Sistemática
Há muitos que por terem esse conceito e não alcançarem o resultado 
almejado, desanimam e dizem que não é possível alguém ser santificado 
neste mundo! Porém, a Bíblia ensina que é Deus quem nos santifica. 
Quais são os meios pelos quais somos santificados por Deus?
• Deus nos santifica pelo seu Filho, que nos foi dado por Ele não 
somente para que sejamos salvos da perdição (cf. Jo 3.16), mas também 
para que nos santifiquemos por Ele (cf. Jo 17.19). Foi para isso que Jesus 
se entregou por nós (cf. Ef 5.25-27). O sangue precioso purifica o peca­
dor das suas transgressões (cf. Cl 1.14; Ef 2.13) e santifica o crente (cf. 
Hb 13.12; 10.14,15), proporcionando uma detalhada purificação de suas 
“vestes” (cf. Ap 22.14). Pelo poder da cruz podemos nos identificar com 
a morte de Cristo, de tal maneira que o nosso velho homem seja tam­
bém crucificado (cf. G1 2.20; Rm 6.6), pois “se um morreu por todos, 
logo, todos morreram” (2 Co 5.14).
• Deus também nos santifica pelo poder do Espírito Santo que nos é 
dado (cf. Lc 24 49). A Bíblia diz: “Quando vier aquele Espírito da verda­
de, ele vos guiará em toda a verdade” (Jo 16.13). Isso também significa 
que o Espírito Santo leva o crente a buscar a santificação (cf. 2 Ts 2.13). 
Nisso Ele opera como uma luz que “tudo manifesta” (cf. Ef 5.13) e como 
um fogo que queima a impureza (cf. Is 6.4-7; Ml 3.3). O Espírito Santo 
ajuda o crente a subjugar a sua carne diante da vontade do Senhor (cf. G l 
5.16-18,25) e vivifica a Palavra de Deus (cf. Jo 6.63). E essa operação do 
Espírito Santo que explica por que o despertamento pentecostal, desde o 
seu início, tem sido um movimento de vida santificada.
• Deus santifica o crente pela sua santa Palavra (cf. 1 Tm 4.5). A 
Palavra de Deus é poderosa (cf. Hb 4.12) e possui em si poder purifica­
dor (cf. Jo 15.3; Ef 5.26) que opera ensinando, redargüindo, corrigindo e 
instruindo em justiça, “para que o homem de Deus seja perfeito e perfei­
tamente instruído para toda boa obra” (cf. 2 Tm 3.16,17). A Palavra de 
Deus também opera como um prumo, mostrando a posição da vontade 
divina (cf. Am 7.7,8). Ela toma-se em um verdadeiro fortificante que 
prepara o crente na sua luta contra o maligno. “Eu vos escrevi, jovens, 
porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o
Soteriolocia - A Doutrina da Salvação
maligno” (1 Jo 2.14). Assim, ela ajuda o crente a resistir ao pecado (cf. 
SI 119.11; 17.4), tomando-o resistente a todos os ventos de doutrina 
(cf. Ef 4.14,15).
8.2.2. A PARTICIPAÇÃO DO HOMEM NA SANTIFICAÇÃO
“O santo continue a santificar-se” (Ap 22.11, Almeida Revista e Atu­
alizada). Em que sentido pode o homem santificar-se? A santificação é 
uma obra que Deus realiza na vida do crente através do Espírito Santo e 
que se aperfeiçoa à medida que o crente a aceita. Na aceitação é registrada 
a participação do homem na sua santificação. O crente deve aceitar aqui­
lo que Deus quer fazer para santificá-lo: deve separar-se do mundo, entre­
gar-se inteiramente a Deus e buscá-lo em oração, pois Jesus afirmou: “Qual­
quer que pede recebe; e quem busca acha” (Lc 11.10). E, portanto, pela 
oração e pela aceitação que o crente participa da sua santificação: “Pela 
oração, [a criatura] é santificada” (1 Tm 4.5). Quando, pois, o crente sen­
te a operação do Espírito Santo e da Palavra de Deus sobre si, pela fé 
recebe a santificação. “Maravilhosas sãoas tuas obras”! (SI 139.14)
8.3 . Quais são as bênçãos que acompanham a santificação?
As bênçãos da santificação são grandes e palpáveis. Trazem transfor­
mação e amadurecimento espiritual à vida do crente, de tal modo que se 
pode distinguir a diferença entre os que aceitam a obra santificadora de 
Deus e os que não a aceitam.
8.3.1. A SANTIFICAÇÃO PROMOVE CRESCIMENTO ESPIRITUAL
A santificação faz com que o crente viva em comunhão íntima com 
Jesus (cf. Mt 5.8). Aquele cuja vida dá testemunho de agradar a Deus, 
também andará com Ele (cf. Hb 11.5; G1 5.22). Nessa comunhão com 
Deus há delícias e alegria (cf. SI 16.11), pois logo que o fermento tiver 
sido tirado, começará a festa (cf. 1 Co 5.8; Pv 15.15). Tudo isso promove 
o crescimento espiritual (cf. Sl 84.7; Pv4.18; 2 Co 3.18; Rm 1.17). A falta 
de santificação extingue o prazer e a alegria espiritual na vida do crente, 
paralisando o crescimento no Espírito. Devido ao pecado de Miriã, o povo 
de Deus ficou parado do deserto (cf. Nm 12.5,16; Os 10.9).
191
T e o l o g ia S ist e m á t ic a
8 .3 .2 . A SANTIFICAÇÃO DÁ LUGAR À OPERAÇÃO DO ESPÍRITO SA N TO NA 
VIDA DO CRENTE
Pela santificação, a fé toma-se mais forte, pois o “mistério da fé” é 
guardado em uma pura consciência (cf. 1 Tm 3.9). Isso beneficia a ope­
ração do Espírito Santo, porque Ele opera de acordo com a fé: “Aquele, 
pois, que vos dá o Espírito e que opera maravilhas entre vós o faz pelas 
obras da lei ou pela pregação da fé?’ (G1 3.5) Foi por isso que Josué 
recomendou: “Santificai-vos, porque amanhã fará o Senhor maravilhas 
no meio de vós” (Js 3.5). Disse Deus a Moisés: “Vai ao povo e santifica- 
os hoje e amanhã, e lavem eles as suas vestes e estejam prontos para o 
terceiro dia; porquanto, no terceiro dia, o Senhor descerá diante dos 
olhos de todo o povo sobre o monte Sinai” (Ex 19.10,11). A Palavra 
ainda afirma: “O puro de mãos irá crescendo em força” (Jó 17.9) e “Em 
todo o tempo sejam alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua 
cabeça” (Ec 9.8). O que ama a justiça e aborrece a iniqüidade será ungi­
do pelo Senhor (cf. Hb 1.9).
8.3.3. A SANTIFICAÇÃO PREPARA O CRENTE PARA SER USADO POR D EU S
Deus usa aquele que se purifica (cf. 2 Tm 2.21,22). “Para que o ho­
mem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra” 
(2 Tm 3.17). Por isso, diz a Palavra de Deus: “Purificai-vos, vós que 
levais os utensílios do Senhor” (Is 52.11). Pela santificação, o crente 
tem a condição de ser um instrumento de Deus diante do povo, pois 
através dela consegue apresentar um bom testemunho (cf. Mt 5.16; 1 Pe
2.12) e um verdadeiro adorno (cf. T t 2.10; 1 Pe 3.4,5), tomando-o con­
siderado por todos (cf. Gn 23.6) e por todos aceito (cf. Rm 14.18; 1 Sm
2.26). Aquele que vive em santificação tem autoridade sobre o Diabo e 
os demônios (cf. Jo 14.30). A justiça é como uma couraça na luta contra 
as hostes da maldade (cf. Ef 6.11,12,14). Porém, quando um crente não 
busca santificação, é derrotado na luta contra o mal (cf. Js 7.13).
8.3.4. A SANTIFICAÇÃO PREPARA O CRENTE PARA A VINDA DE JESU S
A Bíblia diz: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual 
ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). A santificação é a veste espiritual
192
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S o t e r io l o g ia - A D o u t r in a d a S a l v a ç ã o
da noiva de Jesus (cf. Ap 19.7,8). Por meio dela somos plenamente con­
servados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. 1 
Ts 5.23; 2 Pe 3.14). Com as suas vestes branqueadas, o crente tem direi­
to à árvore da vida, e pode entrar na cidade pelas portas (cf. Ap 22.14).
9. O C rescimento Espiritual
A doutrina do “crescimento espiritual” faz parte da doutrina da sal­
vação, que, em última análise, demonstra a vida eterna operando na 
vida do crente (cf. 1 Jo 5.11-13). Onde existe vida há também cresci­
mento. Devemos, pois, conhecer a doutrina do crescimento espiritual 
para saber de que maneira esse crescimento acontece e quais são os mei­
os que o promovem.
9.1. A B íblia f a l a d e c r e sc im e n t o e s p ir it u a l
Assim como crescem os vegetais e os animais, assim também cresce a 
vida espiritual. A Bíblia exorta: “Crescei na graça e conhecimento de 
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 3.18). Esse crescimento 
atinge tudo o que concerne à vida espiritual.
9.1.1. A IMAGEM DE CRISTO EM NÓS DEVE CRESCER
Assim como Jesus, quando menino neste mundo, crescia em sabe­
doria, estatura e graça para com Deus e os homens (cf. Lc 2.52), assim 
deve também crescer a imagem de Cristo que em nós foi implantada 
pela salvação (cf. C l 1.27 e 3.4), para que Jesus “seja formado” em nós 
(cf. G1 4.19). João Batista disse: “É necessário que ele cresça e que eu 
diminua” (Jo 3.30).
9.1.2. Devemos c r e s c e r n a g r a ç a ( c f . 2 Pe 3.18)
Quando a graça de Deus se manifestou para nós (cf. Tt 2.11), fo­
mos salvos (cf. Ef 2.8) e recebemos, pela fé, a entrada nessa graça (cf. 
Rm 5.2). Devemos agora também crescer na graça, para que mais e
193
T EOLOGiA S ist e m á t ic a
mais conheçamos “o Deus de toda a graça” (1 Pe 5.10) e as suas abun­
dantes riquezas (cf. Ef 2.7). Assim, o crente pode fortificar o seu cora­
ção pela graça (cf. Hb 13.9) e, com firmeza, permanecer nela (cf. A t 
13.43; Hb 12.28).
9.1.3. Devemos crescer na fé
Devemos também crescer na fé (cf. 2 Ts 1.3), porque assim tudo 
que concerne à vida espiritual ou ao nosso trabalho para Deus torna- 
se mais eficiente, inclusive a evangelização (cf. 2 Co 10.15).
A Bíblia nos exorta a crescer no conhecimento (cf. 2 Pe 3.18) e 
conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus (cf. 1 Co 2.12). 
Assim, o crente pode ficar cheio de conhecimento da vontade do Se­
nhor e andar dignamente diante dEle, agradando-lhe em tudo, frutifi­
cando em toda aboa obra (cf. C l 1.9,10; Fp 1.9-11). Quando o conhe­
cimento do crente aumenta, ele não fica orgulhoso, pois sabe que co­
nhecemos somente em parte (cf. 1 Co 13.9). Pelo crescimento espiri­
tual, o crente avança nas coisas que Deus preparou para ele. Como 
Israel ao entrar na terra de Canaã precisava avançar para conquistá-la 
(cf. Js 18.1-7; 8.1-3), da mesma forma o crente deve crescer espiritual­
mente para tomar posse da vida eterna (cf. 1 Tm 6.12) e de todas as 
coisas que a ela se refiram (cf. Rm 8.17). Devemos crescer em tudo (cf. 
Ef 4.15). A vida do verdadeiro cristão se transforma de glória em gló­
ria (cf. 2 Co 3.18), prossegue de força em força (cf. SI 84.7) e a sua 
vereda vai brilhando mais e mais (cf. Pv 4.18). E, depois dele alcançar 
grandes bênçãos, ainda ouve a promessa: “Coisas maiores do que estas 
verás” ! (Jo 1.50) Em um crescimento normal, o crente cresce para 
todos os lados! A árvore cresce em todas as direções, com as raízes se 
espalhando à sua volta (cf. Os 14.5). Do mesmo modo o crente deve, 
espiritualmente falando, crescer nessas direções. Vejamos algo do que 
a Bíblia ensina:
• O crente deve crescer para baixo. Isto é, deve desenvolver a sua 
vida escondida com Deus. A Bíblia nos dá alguns exemplos nesse senti­
do (cf. Jr 17.7,8). Lemos que os que confiam no Senhor serão como a 
árvore que estende as suas raízes para o ribeiro. Em Jó 8.17, lemos sobre
194
SOTERIOLOGIA - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
a árvore que entrelaça suas raízes no pedregal. Em Salmos 92.12, lemos 
que o crente florescerá como a palmeira, árvore que, muito mais que as 
outras, aprofunda as suas raízes na terra. Assim deve o crente crescer, 
arraigando-se em Cristo (cf. Cl 2.7). Dessa forma, ele consegue o conta­
to contínuo com “a água da vida” (cf. Ap 22.17), assegurando-lhe vida 
florescente em que pode desfrutar as bênçãos “do abismo de baixo” (cf. 
Gn 49.25). Quando as raízes do crente se firmam em Cristo, que é “a 
pedra” (cf. A t 4.11), ele ganha firmeza, resiste nas horas da tempestade 
e não é levado por qualquer vento de doutrina (cf. Ef 4.14).
• O crente deve também crescer para cima. A Bíblia diz que o crente 
florescerá como a palmeira (cf. SI 92.12). A palmeira alcançauma altura 
considerável. Crescer para cima significa que o crente começa a buscar as 
coisas que são de cima (cf. G1 3.1-3) e, assim, fica a sua vida ligada aos 
lugares celestiais em Cristo (cf. Ef 2.6). Por meio do crescimento para 
cima, a esperança do crente se aviva. Ele lança a âncora da sua fé além do 
véu, local em que Jesus entrou por nós (cf. Hb 6.18-20). Assim, a esperan­
ça abunda pela virtude do Espírito Santo (cf. Rm 15.13) e pode o crente 
gozar das delícias das bênçãos “dos céus em cima” (cf. Gn 49.25).
• O crente deve também crescer para os lados. A Bíblia fala, a respeito 
de José, que “seus ramos correm sobre o muro” (Gn 49.22), expressando o 
resultado maravilhoso que obteve pela sua obediência a Deus — tomou- 
se instrumento para a salvação de multidões incalculáveis que pereciam 
de fome (cf. Gn 50.20; 45.5-8). O apóstolo Paulo disse que o crescimento 
da fé cria condições para o avanço na evangelização (cf. 2 Co 10.15,16). 
Pelo crescimento espiritual, o crente pode ampliar o lugar da sua “tenda” 
(cf. Is 54-2) e dar fruto até nos anos da sequidão (cf. Jr 17.8).
• É importante que o crescimento espiritual não seja unilateral. 
Quando o crente cresce apenas para os lados e se descuida de crescer 
para baixo, fica sem estabilidade. Quem não tem raiz, se desvia (cf. Lc
8.13). Por outro lado, quando cresce só para cima e se descuida de cres­
cer para baixo, pode se tomar fanático. Quando procura se aprofundar 
crescendo somente para baixo e se esquece de crescer para os lados, 
toma-se um crente fechado, isolado e infrutífero. Deve, pois, crescer 
para todos os lados, e isso para honra e glória do nome do Senhor.
195
T FOLOGiA S ist e m á t ic a
9.1.4. A FALTA DE CRESCIMENTO GERA PROBLEMAS
Qualquer pai ou mãe se sentiria angustiado e aflito se observasse 
que seu filho interrompeu definitivamente seu crescimento. A falta de 
crescimento espiritual também causa graves problemas na vida da Igreja. 
O autor da Epístola aos Hebreus revela que a causa da situação aflitiva 
em que os crentes judeus se encontravam era resultado da falta de 
crescimento espiritual. Pelo tempo que já haviam se convertido devi­
am ser mestres, mas eram ainda meninos (cf. Hb 5.11-14). Por isso 
tinham sido levados por ventos de doutrinas que assopraram sobre eles 
(cf. Ef 4-14). A Bíblia diz que aquele que é dominado pela carne con­
tinua sendo infantil (cf. 1 Co 3.1-3) — não cresce na vida espiritual e 
continua sendo escravo da carne (cf. G15.18-21; Rm 8.7,8). Não com­
preendendo as coisas de Deus (cf. 1 Co 2.14), tanto o seu falar como o 
seu sentir e o seu discorrer representam o estado de menino (cf. 1 Co 
13.11). A única solução para tais é que cresçam, para assim se tom a­
rem homens. Então deixarão as coisas de meninos (cf. 1 Co 13.11). 
Mas para ser homem é preciso crescer (cf. 1 Co 16.13).
9.1.5. C o m o é p o s s ív e l c r e s c e r n a v id a e s p ir i t u a l ?
O crescimento natural do homem é encargo da natureza. Uma cri­
ança não precisa esforçar-se para crescer: alimentando-se e alternando 
períodos de atividade e descanso vai crescendo. O mesmo se dá na 
vida espiritual. Aquele que vive espiritualmente conforme o ensino 
da Bíblia, cresce em espírito. Vejamos as coisas que promovem esse 
crescimento.
• Aquele que permanece em Jesus cresce (cf. Jo 15.4,5). Quando 
seguimos a verdade, crescemos em tudo naquEle que é a cabeça — Cris- 
to (cf. Ef 4-15). A Bíblia diz: “Pelo que nem o que planta é alguma coisa, 
nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (1 Co 3.7). Para cres­
cer importa guardar íntima comunhão com Jesus, pois aquele que ensi­
na e pratica idéias próprias, contrárias à Palavra de Deus, não está ligado 
à cabeça —r a Cristo — , da qual vem a direção do crescimento. Esse tal 
pára de crescer espiritualmente (cf. G1 2.18,19).
196
SOTERIOLOGIA - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
• A Palavra de Deus proporciona crescimento. Aquele que recebe o 
“leite racional” , não falsificado, vai crescendo (cf. 1 Pe 2.2). Jesus man­
dou que os seus discípulos ensinassem todas as coisas que Ele havia or­
denado (cf. Mt 28.20), pois a Palavra de Deus “é proveitosa para ensi­
nar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o 
homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa 
obra” (2 Tm 3.16,17).
• Andar em Espírito (cf. G1 5.16.25). Essa prática constitui-se em 
um verdadeiro fortificante para a vida espiritual (cf. Ef 6.10), porque o 
Espírito Santo ajuda o crente a vencer a carne (cf. G 15.16; Rm 8.13) e 
produz o fruto do Espírito (cf. G 15.22), evidência de crescimento espi­
ritual. O Espírito Santo guia o crente em toda a verdade (cf. Jo 16.13), 
inclusive no seu crescimento espiritual.
10. A P r e s e r v a ç ã o d a S a l v a ç ã o
A Bíblia fala sobre as tentações (cf. 1 Co 10.13), sobre o tentador 
(cf. Mt 4.3) e sobre os tentados (cf. Tg 1.13). Fala também sobre a pos­
sibilidade de o crente ter vitória sobre as tentações (cf. Hb 2.18; Rm 
8.37). Esse assunto faz parte integral da doutrina da preservação do crente 
na salvação.
10.1. A TENTAÇÃO É UMA ARMA PODEROSA DO ADVERSÁRIO
10.1.1. A FINALIDADE DA TENTAÇÃO
A tentação é um meio pelo qual Satanás procura instigar o ho­
mem ao pecado, seduzindo-o e induzindo-o a fazer o mal. A tentação 
surge como uma isca e vem acompanhada de laços (cf. 1 Tm 6.9), 
pelos quais o Inimigo desperta a carne do homem para obedecer ao 
príncipe das trevas (cf. Ef 2.2,3).
10.1.2. A ORIGEM DA TENTAÇÃO
A origem da tentação é sempre Satanás (cf. Mc 1.13; 1 Co 7.5), 
motivo por que também é chamado de “tentador” (cf. 1 Ts 3.5). Ele
197
T EOLOGiA Sistemática
procura, com astúcia, apartar o homem de Deus (cf. 2 Co 11.3; Ef 
6.11,12). É claro que Deus não pode ser a origem da tentação, “porque 
Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta” (Tg 1.13).
1 0 .1 .3 . P o r q u e D e u s n ã o im p e d e q u e a t e n t a ç ã o v e n h a ?
Deus, que criou o homem com livre-arbítrio, não impede a tentação 
porque, por meio dela, o homem pode provar que deseja obedecer a 
Deus de coração. A tentação revela o que está no coração do homem 
(cf. Dt 8.2; 2 Cr 32.31). Quando o homem invoca e aceita o socorro de 
Jesus na hora da tentação (cf. Hb 2.18; 4.15), é aperfeiçoado (cf. Tg 1.2- 
4) e fica mais capacitado a discernir entre o bem e o mal (cf. Hb 5.14), 
aprendendo a confiar mais em Deus (cf. SI 31.1,14,24). Assim, se amar­
mos a Deus, a tentação contribui para o nosso bem (cf. Rm 8.28).
10.2. A t e n t a ç ã o d e J e s u s
O próprio Jesus chegou a ser tentado pelo Diabo! Por que foi Jesus 
tentado?
• Jesus foi tentado para provar que Ele, realmente, era um homem 
perfeito, sem pecado (cf. Hb 4.15; 2 Co 5.21). Somente assim podia ser 
o Salvador da humanidade.
• Jesus foi tentado para poder ajudar os homens nas tentações (cf. 
Hb 2.18; 4.16). Nas suas tentações, Jesus tornou-se um exemplo para 
nós (cf. 1 Pe 2.21). Mostrou que a tentação em si não é pecado, pois 
embora tentado em tudo, permaneceu sem pecado (cf. Hb 4.15). Mos­
trou também que o aparecimento da tentação na vida do crente não é 
um sinal de ser ele um fraco, pois embora Jesus fosse perfeito, foi tenta­
do. Mas teve vitória total sobre as tentações. Essa vitória mostra-nos o 
caminho para termos vitória sobre as tentações (cf. 1 Co 10.13).
10.2.1. A s t e n t a ç õ e s q u e J e s u s s o f r e u r e v e l a m a e s t r a t é g i a d e 
S a t a n á s
Na primeira tentação, o Inimigo procurou instigar Jesus a usar, para 
seu próprio proveito, o poder que havia recebido. Jesus realmente pos-
IQR
Soteriologia - A Doutrina da Salvação
suía poder para transformar as pedras em pães, pois mais tarde Ele mul­
tiplicou pães do nada (cf. Mt 14.13-21). Mas fez isso para glorificar o Pai 
e para dar de comer a homens famintos. Na tentação, recusou o uso do 
seu poder em benefício próprio. Ao refutar o Diabo, afirmou: “Nem só 
de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que saida boca de Deus” 
(Mt 4.4). Essa “palavra da boca de Deus” foi o que faltou, e Jesus não 
queria fazer um milagre conforme a palavra do Inimigo, mas somente 
conforme a vontade de seu Pai (cf. Jo 5.19,30). Ele não aceitou receber 
sugestões de Satanás. Por isso venceu.
Na segunda tentação, Satanás propôs que Jesus se lançasse do pinácu­
lo do templo, local para onde Ele havia sido levado (cf. Mt 4-5-7). Sata­
nás tentou a Jesus para que assumisse os riscos e demonstrasse coragem 
saltando de grande altura. Jesus rejeitou a proposta porque não queria 
obedecer a Satanás. Com a finalidade de tirar qualquer dúvida sobre sua 
proposta, Satanás citou um trecho das Escrituras que falava da proteção 
divina (cf. SI 91.11,12; Mt 4.4-6). Porém, nessa citação, Satanás omitiu a 
parte que fala da promessa de Deus de guardar o Filho “em todos os teus 
caminhos” (SI 91.11). Jesus sabia que a promessa de Deus não era para 
tentar a si próprio, mas para proteção nos caminhos traçados por Ele.
N a última tentação, Satanás foi ainda mais atrevido. Mostrou a 
Jesus, em um só momento, todos os reinos do mundo e a glória deles, e 
disse-lhe: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares” (Mt 4.8,9). A 
Bíblia não revela como foi possível a Satanás mostrar todos os reinos 
do mundo a Jesus. Porém, o Diabo prometeu o que não possuía. A 
Bíblia diz: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude” (SI 2 4 1 ). Satanás 
não possui nada. Ele somente usurpou o poder que atualmente exerce 
(cf. 1 Jo 5.19). Além disso, a glória que ele prometeu é por demais 
passageira (cf. 1 Pe 1.24; Dn 4.30,31). Jesus rejeitou o domínio e o 
poder oferecido por Satanás, pois Ele não admitia nenhuma autorida­
de que não fosse a de Deus. Ele não quis uma coroa sem cruz. Por isso, 
escolheu o caminho da cruz para que ganhássemos uma coroa de justi­
ça (cf. 2 Tm 4.8). Finalmente, Jesus disse a Satanás: “Vai-te, Satanás... 
Então, o diabo o deixou” (Mt 4.10,11). A Bíblia diz: “Resisti ao diabo, 
e ele fugirá de vós” (Tg 4.7).
L
199
T eologia Sistemática
10.3. O CAMINHO DA VITÓRIA SOBRE AS TENTAÇÕES
A Bíblia mostra que o crente tem possibilidade de vencer. Quando 
Jesus escreveu às sete igrejas na Ásia Menor, disse a cada uma delas: “O 
que vencer” (cf. Ap 2.7,11). Em Apocalipse 21.7, encontramos: “Quem 
vencer herdará todas as coisas” . Assim, “em todas estas coisas somos 
mais do que vencedores, por aquele que nos amou” ! (Rm 8.37) Vejamos 
as condições para o caminho da vitória.
10.3.1. O CRENTE DEVE VIGIAR
A Bíblia diz: “Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas 
vestes, para que não ande nu” (Ap 16.15). Embora sejamos salvos e 
tenhamos nossos pés colocados sobre a Rocha (cf. SI 40.2; Mt 7.24,26), 
devemos reconhecer a nossa inteira dependência de Deus e pedir: 
“Guardem-me continuamente a tua benignidade e a tua verdade” (SI 
40.11). Precisamos vigiar e orar (cf. Mt 25.33; Ef 6.18; 1 Pe 4-7) em 
todo o tempo (cf. Lc 21.36), diante dos ataques constantes do Diabo 
(cf. 1 Pe 5.8). Nosso espírito está pronto, mas nossa carne é fraca (cf. 
Mt 26.41). Jesus porém prometeu que se o pai da família vigiar por 
causa do ladrão, a sua casa não ficará minada (cf. Mt 24.43). Deus 
ajuda ao que vigia.
10.3.2. O CRENTE DEVE TER O PROPÓSITO DE PERMANECER NO SENHOR 
(A t 11.23)
Um propósito firme gera firmeza de coração, a qual proporciona po­
der sobre a vontade própria (cf. 1 Co 7.37). Foi com esse propósito que 
Daniel ficou firme e fiel a Deus no palácio da Babilônia (cf. Dn 1.8). Foi 
também com esse propósito que Rute decidiu não se afastar da sua sogra 
Noemi, quando esta pretendia voltar à Terra Prometida (cf. Rt 1.16- 
18). Esse propósito firme não significa que o crente tem de lutar com o 
seu próprio poder. A Bíblia diz que Deus cumpre “com poder todo pro­
pósito de bondade e obra da fé” (2 Ts 1.11, Almeida Revista e Atualiza­
da). O mesmo Deus que opera o querer, opera também o efetuar (cf. Fp
2.13). E Ele quem nos aperfeiçoa para que façamos a sua vontade^ ope­
rando em nós o que lhe é agradável (cf. Hb 13.21). Dessa maneira o
SOTERJOLOGIA - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
crente se toma forte para resistir ao Diabo (cf. Tg 4-7), que assim fugirá. 
O crente recebe força de Deus para se “enfrear” (cf. SI 39.1) e fugir do 
mal (cf. 1 Tm 6.11; 2 Tm 2.22), assim se conservando no caminho do 
Senhor (cf. 1 Jo 5.18).
10.3.3. O CRENTE DEVE MANTER O MAL À DISTÂNCIA 
Mantendo-se regularmente distante do mal, o crente guarda a sua 
alma. A Bíblia diz repetidamente: “O que guarda a sua alma, retira-se 
para longe dele [do caminho perverso]” (Pv 22.5); “Não te aproximes da 
porta da sua casa [do pecado]” (Pv 5.8); “Passa de largo” (cf. Pv 4.14,15; 
SI 119.101), pois aquele que passa “pela ma junto à sua esquina” (Pv
7.8) se põe em perigo. Quando Pedro seguiu de longe, pôs-se em perigo! 
(cf. Lc 22.54,55) Por isso é que devemos seguir o Senhor de perto (cf. SI
63.8) . O crente deve também evitar a companhia daqueles que dão mau 
exemplo (cf. 1 Co 15.33; Pv 22.24; 20.19; SI 1.1; Js 23.12,13), não de­
vendo se impressionar com a maioria, que prossegue para fazer o mal (cf. 
Êx 23.2). A Bíblia diz: “O alto caminho dos retos é desviar-se do mal” 
(Pv 16.17).
10.3.4- O CRENTE DEVE SOCORRER-SE EM JESU S
O crente deve aceitar o socorro que Jesus oferece aos que estão so­
frendo tentação (cf. Hb 2.18). Vejamos algumas maneiras pelas quais 
Jesus deseja dar-nos a vitória:
• Em primeiro lugar, Jesus ofereceu-se a si mesmo para nos ajudar. 
Ele disse: “Eis que estou convosco todos os dias” (Mt 28.20). A Bíblia 
afirma: “O teu cuidado guardou o meu espírito” (Jó 10.12). Todo aquele 
que crê no Filho de Deus, vence o mundo (cf. 1 Jo 5.4,5). Pelo sangue de 
Jesus somos vencedores (cf. Ap 12.11). Mas se o crente for vencido pela 
tentação e buscar a ajuda de Jesus, Ele vai ao seu encontro e o ajuda a 
reabilitar-se.
• Jesus também quer nos ajudar a usar uma poderosa arma que possu­
ímos, isto é, a Palavra de Deus. Foi essa arma que Ele usou contra o 
tentador: “Vai-te, Satanás, porque está escrito” (Mt 4.10). Também po­
201
T e o l o g ia S ist e m á t ic a
demos vencer pela Palavra de Deus (cf. SI 119.11,101; 17.4; 1 Jo 2.14). 
Usemos, pois, a poderosa Palavra (cf. Hb 4.12), que é uma espada aguda 
(cf. Ef 6.17) e a vitória será certa!
• Jesus ainda prometeu nos dar o Consolador para nos ajudar (cf. Jo 
14 26; Rm 8.26). Pelo poder do Espírito Santo podemos obter a vitória 
sobre a carne (cf. G15.16) e sermos fortificados contra as hostes da mal- 
dade (cf. Ef 6.10-12). Aquele que está cheio do Espírito Santo pode 
vencer os dias maus (cf. Ef 5.16,18). Pela unção, podemos ter vitória 
sobre o espírito do Anticristo.
• Todos esses meios são eficientes na vida do crente que vive em 
oração. Jesus vinculou à oração o poder para obter vitória sobre a carne. 
Ele disse: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação” (Mt 26.41). 
O salmista registrou a sua experiência nesse sentido: “Invocarei o nome 
do Senhor, que é digno de louvor, e ficarei livre dos meus inimigos” (SI
18.3). Que Deus nos ajude e nos guarde na hora da tentação!
10.4. A PRESERVAÇÃO DA SALVAÇÃO
Esse preceito faz parte da doutrina da salvação. A questão principal 
é: “O crente permanece para sempre na salvação, ou é possível perder- 
se, depois de ter sido verdadeiramente salvo?” Diante desse problema, 
dividem-se as opiniões dos teólogos. Analisemos o assunto.
10.4.1. “ U m a v e z s a l v o , p a r a s e m p r e s a l v o ”
Alguns teólogos ensinam, com muita convicção, que jamais se per­
derá aquele que uma vez foi salvo. Quem é crente, o é para sempre. 
Dizem que, embora o crente seja livre, a natureza da salvação é tão 
profunda que ele jamais abandona a vida cristã! Deus preserva o cren­
te em liberdade e também no caminho da salvação: “Uma vez na gra­
ça, na graça permanecerá para sempre” . Já no tempo dos apóstolos 
havia essa corrente doutrinária. A chamada doutrina dos nicolaítas 
(cf. Ap 2.6,15) afirmava que a graça de Deus sobre os crentes étão 
poderosa que os atos dos homens, por mais terríveis que sejam, não os 
afastam dela. Importa salientar que Jesus afirmou que aborrecia tal 
doutrina (cf. Ap 2.6,15).
2 0 2
SOTERIOLOGIA • A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
10.4.2. A B íb l ia c o n t r a d iz a d o u t r i n a “ u m a v e z s a l v o , p a r a s e m p r e 
s a l v o ”
A Bíblia exorta o crente a permanecer na graça. Somente o fato de a 
Bíblia exortar o crente a essa permanência constitui prova de que não 
concorda com a idéia de uma permanência automática, independente 
da atitude e do seu procedimento pessoal
• Jesus mandou que os crentes permanecessem. “Se vós permanecerdes 
na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos” (Jo 8.31). 
Aquele que não permanecer em Jesus, como a vara na videira, é lançado 
fora (cf. Jo 15.1-6).
• Jesus mandou os crentes vigiarem (cf. Mc 13.33). Ele disse: “Vigiai 
e orai, para que não entreis em tentação” (Mt 26.41). E no momento da 
tentação que surge o perigo de o crente se desviar (cf. Lc 8.13). Mas se 
ele estiver vigilante, receberá a graça de vencer a carne (cf. Mt 26.41'). 
achará “escape” (cf. 1 Co 10.13) e vencerá a batalha.
• Jesus exortou a igreja em Filadélfia que guardasse o que havia rece­
bido. “Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap
3.11). Note que Ele não afirmou: “Você já é salvo e ninguém jamais 
poderá tomar a sua coroa”. Mas disse: “Guarda” ! O mesmo conselho Ele 
deu à igreja em Tiatira (cf. Ap 2.25). Aliás, nos dá idêntico conselho 
ainda hoje.
• A palavra “permanecer” aparece muitas vezes na Bíblia. Os após­
tolos aconselhavam sempre os crentes a que permanecessem na fé (cf. 
A t 14-22; 1 Ts 3.2-5) e na graça (cf. At 11.23; 13.43), advertindo-os de 
que ninguém fosse “faltoso, separando-se da graça de Deus” (Hb 12.15, 
Almeida Revista e Atualizada). Os que não atenderem a essa exortação 
correm o risco de “cair da graça” (cf. G1 5.4). Os que afirmam que “uma 
vez na graça, sempre na graça” estão induzindo muitos a transformarem 
em libertinagem a graça de Deus (cf. Jd 4), expondo-os ao perigo de 
receberem a graça de Deus em vão (cf. 2 Co 6.1).
• O exemplo do Antigo Testamento. A permanência é explanada 
através de três exemplos no Antigo Testamento, nos quais Deus 
condicionou a manifestação do seu poder protetor à atitude dos homens
2 0 3
.
T EOLOGiA S istemática
de permanecerem no lugar determinado por Ele: 1) A salvação pela 
aspersão do sangue do cordeiro pascal na noite em que os primogênitos 
do Egito foram mortos estava condicionada à obrigação de que ninguém 
saísse de casa até que amanhecesse (cf. Ex 12.22,33). 2) A proteção 
contra o vingador do sangue, que a cidade de refúgio proporcionava ao 
homicida que havia matado alguém por erro (cf. Nm 35.11,22-25), era 
condicionada ao dever de permanência na cidade: “Porém, se de algu­
ma maneira o homicida sair dos termos da cidade do seu refúgio, onde se 
tinha acolhido, e o vingador do sangue o achar fora dos termos da cida­
de do seu refúgio, se o vingador do sangue matar o homicida, não será 
culpado do sangue” (Nm 35.26,27). 3) A salvação prometida sob jura­
mento, em nome do Senhor, a Raabe e a sua família, na ocasião da 
conquista de Jerico por Israel, também era condicionada à obrigação de 
conservar uma fita de cor escarlate na sua janela e cuidar que ninguém 
da família saísse da sua casa, pois para aquele que estivesse fora da porta 
da casa, não haveria proteção (cf. Js 2.12,13,14-20). Observamos, as­
sim, que o ato de ser um crente preservado na salvação não é automáti­
co, mas depende da sua atitude de permanência no Senhor.
10.4.3. A B íb l ia a d v e r t e o c r e n t e c o n t r a o p e r ig o d e c a ir
Somente essa expressão basta para mostrar a fraqueza da base doutri­
nária que caracteriza o ensinamento: “Uma vez salvo, para sempre salvo”.
A Bíblia adverte: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não 
caia” (1 Co 10.12).Oautor sagrado escreveu aos judeus que estavam em 
perigo de apostatar da fé: “Que ninguém caia no mesmo exemplo de 
desobediência” (Hb 4-11; cf. 3.15-19) e incentivou-os a que não fossem 
como aqueles que se retiram para a perdição, mas como os que crêem 
para a conservação da alma (cf. Hb 10.39). A Bíblia diz que aquele que 
endurece o coração virá a cair no mal (cf. Pv 28.14) e que a altivez do 
espírito precede à queda (cf. Pv 16.18). Assim, observamos que a Bíblia, 
em lugar de incentivar os crentes a uma segurança absoluta e sem res­
ponsabilidade pessoal, os exorta a permanecerem na benignidade de Deus, 
a fim de que não sejam cortados, como o foram os israelitas que não 
permaneceram (cf. Rm 11.20). Por isso, diz a Bíblia: “Examinai-vos a
2 0 4
SOTERIOLOGIA - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
- m&tsmmmsm mmmmmmmmmmwmw&mmamtiimm
vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não 
sabeis, quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que 
já estais reprovados” (2 Co 13.5). Existe, para quem não tomar cuidado, 
a possibilidade de ser reprovado, de ter crido em vão (cf. 1 Co 15.2).
10.4-4. A B íb l ia a p r e s e n t a e x e m p l o s d e p e s s o a s q u e s e d e s v ia r a m d a
SALVAÇÃO
Esses exemplos (cf. Hb 4.1,2) constituem uma prova incontestável de 
que a doutrina “uma vez salvo, para sempre salvo” não é aprovada na Bíblia.
• Ananias e Safira. Eram crentes, membros da igreja em Jerusalém 
e sobre eles havia abundante graça (cf. A t 4 33). Porém, nela não 
permaneceram, pois permitiram que o amor ao dinheiro os dominas­
se (cf. 1 Tm 6.10) e entraram no caminho da mentira e da perdição 
(cf. A t 5.1-11).
• Judas lscariotes. Os que sustentam a tese “uma vez salvo, para sempre 
salvo” afirmam que Judas lscariotes jamais foi salvo. O testemunho da 
Bíblia afirma o contrário. Judas era “um dos doze” (cf. Mt 26.14) e estava 
entre aqueles que Jesus chamou e enviou para pregar a Palavra de Deus e 
para curar os enfermos (cf. Mt 10.4,5,7,8). Ele estava entre aqueles a res­
peito dos quais Jesus disse: “Desça sobre ela a vossa paz” (Mt 10.13) e “o 
Espírito do vosso Pai é que fala em vós” (Mt 10.20). Judas, porém, caiu na 
tentação de roubar as ofertas, pois ele era o tesoureiro (cf. Jo 13.29; 12.6). 
Assim, abriu a porta para o Inimigo entrar (cf. Lc 22.3) e desviou-se (cf. 
At 1.25). Desviar-se só é possível a alguém que está no caminho certo. O 
nome dele foi tirado do livro da vida (cf. SI 69.25-28), um fato que prova 
que antes estava escrito. Jesus disse: “Não vos escolhi a vós os doze? E um 
de vós é um diabo” (“diabo”, em grego, significa “adversário” ) (Jo 6.70).
• O rei Saul. Ele recebeu um coração mudado (cf. 1 Sm 10.9), foi 
revestido pelo poder do Espírito Santo e até profetizou (cf. 1 Sm 10.10). 
Mas desobedeceu à Palavra do Senhor (cf. 1 Sm 13.14; 15.19,20). Deus
0 rejeitou (cf. 1 Sm 15.23,28) e o Espírito de Deus se retirou dele (cf.
1 Sm 16.14). Depois de ter andado por caminhos tortuosos, Saul suici­
dou-se na montanha de Gilboa (1 Sm 31.1-4).
2 0 5
T e o l o g ia S ist e m á t ic a
• A esposa de Ló. Ela estava sendo retirada pelos anjos da destruição 
de Sodoma, quando, desobedecendo a Palavra do Senhor, olhou para 
trás e foi transformada em uma estátua de sal (cf. Gn 19.26; Lc 17.32).
• O tipo do justo desviado. A Bíblia fala de um justo que se desvia e, 
confiando na sua justiça, pratica iniqüidade. Então, afirma que não vi­
rão em memória todas as suas justiças, mas na iniqüidade que praticou, 
ele morrerá (cf. Ez 33.13; 18.24).
• O povo israelita no deserto. A Bíblia relata que Deus, mesmo depois de 
ter libertado os israelitas do Egito, não se agradou da maior parte deles, pelo 
que foram prostrados no deserto (cf. 1 Co 10.5). Isso serve de figura para nós 
e de advertência contra o perigo de cometermos os mesmos pecados que 
eles praticaram, isto é, cobiça, idolatria, apostasia, prostituição e murmura­
ção (cf. 1 Co 10.6-10). Assim, vemos que a permanência na salvação não é 
automática, pois aquele que não tomar cuidado podeperder-se.
10.5. A B íb l ia d á u m a d e f in iç ã o c l a r a so b r e a d o u t r in a d a p r e­
serva çã o DO CRENTE
O Espírito Santo quer, também nessa questão, guiar-nos em toda a 
verdade (cf. Jo 16.13).
10.5.1. G r a ç a d e D e u s e r e s p o n s a b il id a d e d o c r e n t e
A Bíblia ensina que a preservação depende tanto do poder de Deus 
como da atitude do crente permanecer em Jesus! Vejamos que tanto o 
Senhor Jesus Cristo como os apóstolos falaram sobre este assunto.
• Jesus escreveu à igreja em Filadélfia: “Como guardaste a palavra da 
minha paciência, também eu te guardarei na hora da tentação” (Ap 
3.10). Jesus vinculou o seu poder protetor à guarda da sua palavra. Quando 
se referiu ao seu poder de guardar os crentes -— suas ovelhas — , disse: 
“Ninguém as arrebatará das minhas mãos” e acrescentou: “Ninguém pode 
arrebatá-las das mãos de meu Pai” (Jo 10.28,29). Não existe um poder, 
nem na terra nem no inferno, capaz de fazer algo contra o poder da mão 
de Deus e de Jesus. Porém, Jesus advertiu sobre o perigo de o próprio 
crente afastar-se dessa proteção. Jesus advertiu seus discípulos, quando
2 0 6
Soteriolocia - A Doutrina da Salvação
"Mu1.... m' iImíiíiA,Ii
vários dos que haviam crido tomaram atrás e não mais andavam com 
Ele (Jo 6.66): “Quereis vós também retirar-vos?” (Jo 6.67) Vemos que se 
um crente, voluntariamente, sair da mão do Senhor, perde a sua salva­
ção. Que Deus nos guarde!
• Paulo escreveu a Timóteo: “Eu sei em quem tenho crido e estou 
certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele “Dia” 
(2 Tm 1.12) e continua, na mesma epístola: “Acabei a carreira, guardei 
a fé” (2 Tm 4.7). Paulo referiu-se tanto ao poder guardador de Deus, que 
é o fator principal da nossa permanência na fé (cf. Rm 8.35-39; Fp 4.13), 
como ao fato de haver ele guardado a fé. Por isso, exortou os crentes a 
guardarem o depósito que lhes havia sido confiado (cf. 1 Tm 6.20; 2 Tm
1.14). Diz ainda: “E o mesmo Deus de paz vos santifique” (1 Ts 5.23) e 
ordena: “Conserva-te a ti mesmo puro” (1 Tm 5.22). O crente deve 
confiar em Deus (cf. SI 37.5; 125.1; 2 Co 1.9), mas também ter cuidado 
de si mesmo (cf. 1 Tm 4.16; At 20.28; Lc 21.34,36; Hb 12.15; 2 Jo 8).
• Paulo escreveu aos efésios. Quando Paulo escreveu aos efésios so­
bre o ataque de Satanás contra eles, não se expressou: “Já sois salvos e 
jamais podereis cair!” Pelo contrário, aconselhou-os dizendo: “Fortalecei- 
vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura 
de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do dia­
bo... para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar 
firmes” (Ef 6.10,11,13). Nesse conselho, Paulo destacou bem o valor 
indispensável do poder de Deus, a verdadeira fonte da vitória e da perse­
verança. Mas ele também salientou a responsabilidade de o crente se 
revestir daquilo que Deus lhe entregou para a sua defesa espiritual. As 
diferentes partes da armadura de Deus representam aquilo que Jesus dá a 
todos os que se unem a Ele: cingidos da verdade, e vestidos da couraça 
da justiça, e calçados os pés na preparação do evangelho da paz, toman­
do sobretudo o escudo da fé e o capacete da salvação e a espada do 
Espírito, que é a Palavra de Deus (cf. Ef 6.13-17). Qualquer crente pode 
receber isso pela fé em Jesus. Cumpre-se aqui a palavra: “Graças a Deus, 
que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 15.57).
• Pedro também escreveu. O apóstolo Pedro também enfatizou ambos 
os lados da doutrina da preservação. Ele escreveu: “Mediante a fé, estais
2 0 7
T e o l o g ia S ist e m á t ic a
guardados na virtude de Deus” (1 Pe 1.5). Ele se refere tanto à virtude de 
Deus, o principal fator de proteção, como à responsabilidade que tem cada 
crente de viver nessa virtude pela fé, pois sem fé essa virtude para nada 
aproveita. A Bíblia diz: “A palavra da pregação nada lhes aproveitou, por­
quanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram” (Hb 4.1,2).
10.5.2. É NECESSÁRIO TER UM EQUILÍBRIO BÍBLICO NA DOUTRINA DA 
PRESERVAÇÃO
Se houver ênfase somente no poder de Deus como a força que guarda 
o crente, omitindo a própria responsabilidade pessoal de guardar-se do 
mal, abre-se a porta para uma vida espiritual de descuido. Se, por outro 
lado, houver ênfase somente no esforço do crente de guardar-se, omitin­
do-se a gloriosa manifestação do poder de Deus como o principal fator 
da proteção, abre-se caminho para um verdadeiro fracasso espiritual. A 
Bíblia fala e a experiência confirma: “Não por força, nem por violência, 
mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4-6). O caminho 
certo para preservar o crente na salvação é mediante a fé, guardada na 
virtude de Deus para a salvação já a se revelar no último tempo (cf. 1 Pe
1.5). Assim chegaremos lá!
10.5.3. A B íb l ia m o s t r a o c a m i n h o d o a r r e p e n d im e n t o e d o p e r d ã o
Para o crente guardar-se no caminho da salvação, importa que ande
na luz, como o Senhor na luz está! Então, o sangue de Jesus purifica de 
qualquer falta que tiver cometido contra Deus (cf. 1 Jo 1.7,9). A atitude 
normal é o crente não pecar (1 Jo 2.1; 3.6). Mas, “se alguém pecar, 
temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1 Jo 2.1). 
Jesus viu graves falhas nas igrejas na Ásia Menor, que constituíam peri­
go, ameaça de morte espiritual (cf. Ap 3.1) e perda do castiçal. O pró­
prio Jesus disse que batalharia contra elas (cf. Ap 2.16). Todavia, Jesus 
não ensinou às igrejas que “sendo já uma vez salvas estariam salvas para 
sempre”. Pelo contrário, advertiu àquelas igreja dizendo: “Arrepende- 
te”! (cf. Ap 2.5,16,21:3.3,19)
Um crente que vigia e se arrepende de qualquer falta cometida conser­
va a sua alma lavada no sangue de Jesus e, confiando no poder de Deus, 
pode permanecer no caminho do Senhor até o fim! Que Deus nos guarde!
2 0 8
C.a p ít t t t o 8
Eclesiologia
A D o u t r i n a d a Ig r e j a
T EOLOciA S ist e m á t ic a
1. A O rigem da Igreja
Iniciamos aqui um estudo sobre a Igreja do Deus vivo (cf. lT m 3.15). 
A Igreja é o alvo do grande amor de Jesus Cristo. A Bíblia diz: “Cristo 
amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25).
Para melhor compreensão da doutrina sobre a Igreja, iremos meditar 
sobre a origem desse organismo sob três aspectos.
1.1. A I g r e ja tem o r ig em em D e u s d e sd e a e t e r n id a d e
1.1.1. A Igreja no coração de Deus
Quando Deus, na sua presciência, previu a queda do homem que 
haveria de criar, por seu grande amor concebeu um plano de salvação 
para esse homem, e isso através do sacrifício do seu Filho amado (cf. Ef 
1.4,5; 1 Pe 1.19,20). O Filho aceitou o plano divino. E por isso que a 
Bíblia diz do “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” 
(Ap 13.8).
No seu eterno plano, Deus também determinou as bases e a forma da 
comunhão que deveria haver entre os que aceitassem a salvação por 
Jesus Cristo. Foi então que a Igreja surgiu como um plano embrionário 
no coração de Deus. Esse embrião se manteve “oculto em mistério” (cf. 
1 Co 2.7) desde os séculos dos séculos, até que o Pai, na plenitude dos 
tempos, o quis revelar pelo Espírito Santo (cf. Ef 3.2-6; 1 Co 2.10).
1.1.2. A Igreja na plenitude dos tempos
Quando Jesus, na plenitude dos tempos (cf. G14.4), veio e iniciou a 
sua missão, começou a ser revelado aquele mistério de Deus. Os homens 
que se convertiam pela pregação de Cristo começaram a segui-lo e a “se 
congregar em Cristo” (Ef 1.10). De modo natural, formou-se em torno 
de Jesus um agrupamento que foi o início da Igreja. Jesus falou sobre a 
sua Igreja dizendo: “Sobre esta pedra edificarei a minha igreja” (Mt 
16.18), referindo-se à confissão de Pedro que havia declarado na sua fé: 
“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). O início da igreja foi 
simples: Jesus era o centro em tudo e só havia uma caixa para atender 
aos pobres. Judas era o tesoureiro dessa caixa (cf. Jo 13.29).
210
Ec l esio l o g ia - A D o u t r in a d a Ic r .u a
1.13. A Igreja estabelecida
Somente quando o Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos 
e eles foram batizados com poder (cf. A t 1.5), é que a Igreja foi 
estabelecida em autoridade e na forma como Deus havia determinado. 
O mistério de Deus, guardado desde o princípio dos séculos, estava reve­
lado: a Igreja, órgão de Deus na dispensação do Novo Testamento, ha­
via aparecido em cena.
1 .2 . O PROJETISTA DA IGREJA É ÜEUS
Nada ficou dependendo de invenções ou de idéias humanas. Tudo 
relativo à Igreja já estava incluído no plano divino.
1.2.1. Deus fornece o modelo
Sempre que Deus determina que o homem faça algo em cooperação 
consigo, fornece o modelo conforme tudo deva ser feito:
• Quando Deus ordenou que Noé construísse a arca, não deixou sob a 
responsabilidade do patriarca a escolha do material, do molde e das medi­
das. Deus determinou tudo, até os menores detalhes (cf. Gn 6.14-16);
• Quando Deus ordenou a Moisés que construísse o Tabernáculo, 
Ele lhe deu orientações detalhadas acerca de tudo e enfatizou: “Atenta, 
pois, que o faças conforme o seu modelo, que te foi mostrado no monte” 
(Êx 25.40);
• Da mesma maneira, Deus mostrou a Davi o “risco de tudo” para o 
templo que Salomão deveria construir (cf. 1 Cr 28.12). Davi então falou a 
Salomão: “Tudo isso, disse Davi, por escrito me deram a entender por man­
dado do Senhor, a saber, todas as obras deste risco” (cf. 1 Cr 28.19). Assim, 
Deus revelou o modelo da Igreja, o qual Ele havia mantido em oculto. Im­
porta, por isso, fazer tudo conforme esse modelo (cf. 2 Tm 1.13,14).
1.2.2. Deus revelou o modelo da Igreja através do Espírito Santo
Quando a Igreja, no dia de Pentecostes, se levantou em poder, não
existiam livros ou ordens orientando sobre a forma como ela deveria ser 
edificada. Jesus ensinou muitas coisas, mas também disse: “Ainda tenho
211
T EOLOGiA S ist e m á t ic a
muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando 
vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade” (Jo
16.12,13). Foi isso o que aconteceu. O Espírito Santo tomou a direção de 
tudo, e a igreja apostólica surgiu em pleno funcionamento, com os misté­
rios em ação, com os dons operando e com um crescimento notável. Des­
sa maneira, a igreja em Jerusalém tomou-se padrão para todos os tempos.
Os demais detalhes sobre esse mistério foram depois manifestados 
pela revelação que Paulo escreveu através das suas epístolas (cf. Ef 3.3), 
fornecendo, assim, uma doutrina detalhada sobre a maneira como a igreja 
local deve ser edificada e como deve funcionar. Ele podia escrever: “Eu 
recebi do Senhor o que também vos ensinei” (1 Co 11.23). Foi esse 
ensino que, por toda parte, foi entregue em cada igreja (cf. 1 Co 417 ).
1.2.3. Espírito Santo — o executor do projeto
Quando o Espírito Santo foi derramado no começo do século passado, 
dando início ao movimento pentecostal, vivificou essa doutrina de ma­
neira impulsionadora. A Palavra de Deus sobre a igreja local se tomou 
viva e constituiu um modelo que devia ser obedecido. Igrejas se levanta­
ram por todas as partes do mundo, edificadas conforme o modelo inicial.
1.3. O PLANO DIVINO DISTINGUE IGREJA UNIVERSAL E IGREJA LOCAL
1.3.1. A Igreja u niv ersal
A Igreja universal é um organismo espiritual, invisível ao olho hu­
mano, composta de todos os que, em todos os tempos e em todos os 
lugares, possuírem os nomes escritos no Livro da Vida. E “a universal 
assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus” (Hb 
12.23). Os crentes do Antigo Testamento, que creram em Deus e foram 
aceitos por Ele através do sacrifício de cordeiros, após a morte e a ressur­
reição de Jesus foram postos em pé de igualdade com os crentes do Novo 
Testamento (cf. Rm 3.25,26). Eles tomarão parte na primeira ressurrei­
ção, quando Jesus vier nas nuvens. Jesus é o líder da Igreja universal. 
Não existem nela ministérios ou cooperadores: Ele é tudo em todos. 
Aqueles que permanecem em Jesus dando frutos pertencem à Igreja uni­
versal. Se alguém não dá fruto, é cortado (cf. Jo 15.4-6). Todas as igrejas
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Ec l e sio l o c ia - A D o u t r in a d a Ig r e ja
locais no mundo pertencem à Igreja universal, mas é possível ser mem­
bro de uma igreja local, sem pertencer à Igreja universal.
1.3.2. A IGREJA LOCAL
A igreja local é a forma neotestamentária da comunhão entre os 
crentes. E um órgão que Jesus fez levantar através da sua morte (cf. Jo 
11.52; Ef 2.15,16). Ela é o agrupamento de crentes regenerados e batizados 
em água, residentes em uma determinada comunidade, os quais, com o 
propósito de obedecer à Palavra de Deus, se reúnem em um organismo 
espiritual para, sob a direção de um ministro de Deus, servir ao Senhor. 
Pela Palavra de Deus, sabemos que era possível saber se uma pessoa per­
tencia ou não à igreja. A Bíblia fala de “alguns da igreja” (At 12.1) e dos 
que “saíram de nós” (1 Jo 2.19). Assim, toma-se manifesta tanto a reti­
dão dos sinceros (cf. 1 Co 11.19) como o desvario dos errados (cf. 2 Tm
3.9). Quando a Bíblia fala da disciplina na igreja, subentende-se que o 
disciplinado pertencia à mesma, pois ninguém pode ser desligado de um 
local ao qual não pertencia (cf. Mt 18.17,18).
Na igreja local, todos os membros são iguais em consideração, pois são 
irmãos (cf. Mt 23.8-10). Não existe discriminação de raça nem de posição 
social: todos são varas na mesma videira (cf. Jo 15.5). A Bíblia fala sempre 
de uma só igreja local em cada lugar: a igreja em Jerusalém (cf. A t 8.1), 
em Antioquia (cf. A t 13.1), em Corinto (cf. 1 Co 1.2), em Tessalônica 
(cf. 1 Ts 1.1) e emÉfeso (cf. Ap 2.1), por exemplo. A igreja local também 
é referida na forma plural, quando se trata das igrejas existentes em deter­
minada região. Assim, as igrejas naGalácia (cf. G 11.2), na Judéia, Galiléia 
e Samaria (cf. A t 9.31) e na Macedônia (cf. 2 Co 8.1).
2. A Estrutura da Igreja
A Bíblia fala da igreja como “a casa de Deus” (1 Tm 3.15). Isso nos 
faz pensar na sua estrutura, sistema que cada construção de valor deve 
possuir. Estrutura é um conjunto de partes que se destinam a sustentar a
213
T EOLOGiA S ist e m á t ic a
carga. Sem uma estrutura segura, a construção pode cair. A estrutura da 
Igreja é de grande importância. Vamos observar três coisas que formam 
essa estrutura, sem as quais a Igreja não pode ser aquilo que Deus, o 
grande projetista, planejou que fosse.
2.1. A Igreja (ekklesia) de D eus é um povo tirado do mundo
O mais importante na estrutura da Igreja e que lhe dá a razão de ser e 
de existir é que ela seja realmente constituída de um povo que, de acor­
do com as palavras de Jesus, tenha sido tirado do mundo (cf. Jo 15.19). 
Essa realidade é evidenciada, de modo claro, pela própria palavra que o 
Novo Testamento usa, em sua língua original (grego), para “igreja” — 
ekklesia. Essa palavra é composta de duas outras: ek e klesis. Ek significa 
“para fora”, e klesis, “chamado”. Ekklesia é usada no Novo Testamento 
115 vezes e aparece em três significações distintas, porém sempre tra­
tando de algo que é chamado para fora.
• É usada três vezes para expressar uma assembléia de comunidade 
grega, tanto legal (cf. At 19.39) como ilegal (cf. A t 19.32,40). Na acepção 
legal, os componentes da referida câmara eram chamados do convívio 
da família e da sociedade para constituírem aquela assembléia.
• É usada duas vezes para designar o Israel de Deus no Antigo Testa­
mento (cf. At 7.38; Hb 2.12), exprimindo, assim, como Deus chamou a 
Israel dentre os povos para ser um povo seu (cf. Dt 7.6-8).
• É usada 110 vezes para designar a Igreja do Deus vivo e revela 
grandes e importantes verdades sobre essa organização, como um povo 
“chamado para fora”: Klesis, com relação à Igreja, nos faz pensar na cha­
mada de Jesus aos pecadores perdidos (cf. Mt 9.13; Lc 19.10). Deus cha­
ma por sua soberana vocação (cf. Fp 3.14), para comunhão com o seu 
Filho Jesus Cristo (cf. 1 Co 1.9). Ek evidencia que

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