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Técnicas fisioterapêuticas tonrnozelo e pé

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FISIOTERAPIA 
TRAUMATO-
ORTOPÉDICA E 
ESPORTIVA
Lucimara Ferreira Magalhães
Técnicas fisioterapêuticas 
para os distúrbios 
do tornozelo e pé
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer a estrutura de uma avaliação cinético-funcional aplicada 
aos distúrbios ortopédicos e traumatológicos do tornozelo e pé.
 � Realizar o exame físico e os testes especiais relacionados ao tornozelo 
e pé.
 � Relacionar a aplicação dos métodos e das técnicas fisioterapêuticas 
com os distúrbios ortopédicos e traumatológicos do tornozelo e pé.
Introdução
Neste capítulo, você vai aprender um pouco mais sobre os elementos 
constituintes da avaliação cinético-funcional fisioterapêutica, assim como 
a sua estrutura e técnica aplicadas durante esse processo. Será possível 
compreender os processos e suas funções, além da importância de cada 
um deles durante a avaliação e tomadas de decisões fisioterapêuticas. 
Está claro que não há protocolos pré-determinados para a realização de 
exames e tratamentos ortopédicos e traumatológicos, mas é possível 
conhecer todas as ferramentas e saber quando podem ser utilizadas, 
de modo que, no momento da avaliação, o profissional as tenha para 
utilizar.
O profissional fisioterapeuta dispõe de diversas técnicas e meios para 
as avaliações e os tratamentos das disfunções ortopédicas e traumáticas 
dos distúrbios relacionados ao tornozelo e pé. Dessa forma, é necessário 
que o fisioterapeuta tenha contato com essas estratégias e conheça casos 
em que se aplicam para compreender a utilidade de cada uma delas. 
O processo de avaliação e tratamento fisioterapêutico é complexo e 
pode oscilar de acordo com as necessidades do paciente. Por isso, é im-
portante compreender quais são os possíveis prognósticos e as possíveis 
condutas que devem ser tomadas em casos diversos. É importante que 
o fisioterapeuta compreenda que o tratamento deve estar focado no 
paciente e nas evidências. Nesse sentido, o paciente deve ter o mínimo 
de autonomia sobre o seu tratamento e se sentir à vontade e satisfeito 
com as medidas tomadas pelo profissional — o que chamamos prática 
baseada em evidências. Assim, o profissional deve saber realizar um 
exame e um tratamento eficiente, bem como saber o momento correto 
de mudar de estratégias ou encaminhar o paciente a outro profissional, 
caso seja necessário. Essa conduta multidisciplinar é importante para o 
bom prognóstico dos pacientes que necessitarem de consultas a outros 
profissionais de saúde.
1 Avaliação cinético-funcional aplicada 
aos distúrbios ortopédicos e 
traumatológicos do tornozelo e pé
A avaliação fisioterapêutica consiste em um conjunto de técnicas e condutas 
que estão relacionadas ao olhar do profissional para as condições musculoes-
queléticas da região do tornozelo e pé. Essas condutas são importantes para 
que o paciente receba o tratamento voltado para seu contexto de uma forma 
individualizada e mais eficiente. As patologias que envolvem o complexo do 
pé e tornozelo podem ser mais bem detalhadas no processo de avaliação apro-
fundada. Nesse sentido, o paciente relata sua história clínica, como diagnóstico 
médico, exames e história que levou ao distúrbio. O profissional realiza as 
anotações no processo de anamnese e coleta de informações e, a partir disso, 
já começa a visualizar as condições do paciente com relação aos relatos e 
complementos clínicos que o paciente normalmente traz ao consultório. 
Após o processo de anamnese, inicia o exame cinético-funcional, que 
consiste em um aprofundamento sobre os relatos e as queixas do paciente. 
Nele, o fisioterapeuta investigará as causas do distúrbio e, em casos de trau-
mas, realizará um exame minucioso da região afetada e também das regiões 
proximais à afetada. Todas essas condutas servirão de base e deverão ser 
registradas em prontuário para serem tomadas como parâmetros nas avaliações 
seguintes. Nível de edema, de amplitude de movimento articular, de força, 
de mobilidade e outros fatores, como aspecto da pele e aderência cicatricial, 
Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé2
quando houver, serão os parâmetros comparados ao longo de todo o tratamento 
pelo profissional.
O tipo de exame e as técnicas a serem utilizadas durante o exame cinético-
-funcional dependerão do grau de gravidade e das condições do paciente. 
Em uma lesão aguda, por exemplo, o profissional vai determinar qual é a 
gravidade da condição e também verificar se há a necessidade de reencami-
nhar esse paciente ao profissional médico responsável. Dessa forma, o exame 
poderá ser modificado quando o profissional perceber dor aguda e intensa, 
bem como sinais de inflamação tecidual. Essas condições podem demonstrar 
um quadro de rejeição de corpos estranhos, como após um processo cirúrgico, 
ou até mesmo indicar a necessidade de uma intervenção médica um pouco 
mais invasiva (DUTTON, 2010).
Considere o caso de um paciente que realizou um processo cirúrgico em que o médico 
optou por unir as estruturas ósseas com placa e parafuso ou com fio, que é comum 
nos casos de entorses de tornozelo mais grave. Esse paciente inicialmente pode não 
apresentar nenhum quadro agudo, mas, com o tempo, pode iniciar um processo de 
rejeição ao material cirúrgico utilizado. Em casos como esse, o paciente desenvolve 
quadros inflamatórios locais que indicam a rejeição. Esse quadro indica todos os sinais 
inflamatórios (como calor, rubor, edema, dor e até retrocesso das funções restabele-
cidas) ou alguns deles, quando identificado precocemente. Muitas vezes, o paciente 
não consegue distinguir essa diferença, sendo o profissional fisioterapeuta quem 
a percebe. Então, o profissional o reencaminha ao médico para que esse tome as 
medidas cabíveis, que, na maioria das vezes, consistirão em repetir o processo cirúrgico 
tentando substituir o material ou administrando fármacos para inibir o processo de 
rejeição (DUTTON, 2010).
Outra condição importante é que, dependendo da situação do paciente, 
o fisioterapeuta deverá avaliar tanto a necessidade quanto a sua condição para 
realizar diversos tipos de testes. Não se podem realizar testes de mobilidade 
ou de amplitude de movimentos passivos em pacientes recém-operados, por 
exemplo, pois essa conduta poderá gerar danos ao processo de recuperação do 
paciente. Nesse sentido, é importante que o profissional reconheça também 
os processos de recuperação funcional e cicatricial do corpo, de forma a com-
preender o estágio em que cada paciente se encontra e oferecer-lhe somente 
os benefícios (DUTTON, 2010). 
3Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé
O exame de sustentação de peso, por exemplo, também não poderá ser 
realizado quando o paciente ainda não tiver a liberação para a descarga de 
100% do seu peso no membro afetado. Logo, as condutas do fisioterapeuta 
devem ser objetivas, visando ao bem-estar e obedecendo aos princípios da 
não maleficência com o paciente. Tais indicações normalmente já são trazidas 
pelo próprio paciente ou mediante o contato com o médico responsável. Nesses 
casos em que o paciente não pode sustentar o peso no membro afetado, a não 
aderência ao recomendado pode levar a estresse exacerbado e causar danos ao 
processo cicatricial existente no local (DUTTON, 2010). Considerando que o 
profissional fisioterapeuta também terá maior vínculo e mais encontros com o 
paciente, cabe a ele monitorar a aderência às recomendações e às orientações 
sobre os cuidados que esse deve ter durante seu processo de reabilitação.
Em alguns casos, será necessário que o profissional entre em contato diretamente 
com o profissional médico, pois há pacientes que, na ânsia de melhorar e retornar 
às atividades diárias, podem mentir sobre seu quadro clínico ou omitir informações 
importantes. É aí que entram a ética profissional e a necessidade de se atenderem 
pacientes considerando a multidisciplinaridade, avaliando as informações dos pacientesem grupo. Assim, as decisões podem ser tomadas com base em ideias de profissionais 
diferentes, além de ser possível compreender todo o processo de recuperação do 
paciente em questão.
História clínica e anamnese
A história clínica consiste na coleta de informações importantes que podem 
ser oferecidas pelo paciente ao iniciar o seu relato. Esse relato deve ser guiado 
pelo profissional, de acordo com as informações que ele necessita saber e 
as descrições que forem sendo fornecidas pelo paciente durante a conversa. 
É importante que o profissional esteja atento a outras situações incluídas no 
caso clínico, visando a compreender o paciente como um todo, e não só com 
relação ao local de lesão de uma forma isolada. Esse é o princípio da integra-
lidade defendido pelo nosso sistema de saúde, segundo o qual a integralidade 
Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé4
e a compreensão do ser biopsicossocial que nos procura é essencial para a 
apreensão do caso de uma forma global. A partir desses conhecimentos, 
é possível traçar objetivos e tratamentos adequados e obter do paciente a sua 
colaboração com as condutas profissionais de forma a estabelecer uma melhor 
fluência do tratamento como um todo. 
Durante a coleta das informações na história clínica, o profissional deve 
estar atento aos objetivos dessa fase da avaliação, que visa a determinar qual 
foi o mecanismo de lesão, ou qual pode ter sido; determinar qual é a gravidade 
do paciente naquele momento; verificar o surgimento dos sintomas, a sua inten-
sidade e como eles estão naquele momento, ou seja, a evolução dos sintomas; 
determinar a área específica e a área geral que está envolvida com o acome-
timento, assim como compreender a atuação desse acometimento em outras 
áreas; determinar qual(is) seria(m) a(s) estrutura(s) específica(s) lesionada(s) 
ou danificada(s); e detectar alterações sistêmicas vinculadas ao dano ou lesão, 
ou a presença de patologias mais graves, como problemas vasculares, doença 
do colágeno, neuropatias, radiculopatia, entre outras (DUTTON, 2010).
Nesse sentido, as perguntas do fisioterapeuta deverão estar voltadas para 
quando, onde e como a lesão aconteceu. Toda a descrição deve ser registrada 
de forma sucinta, com a especificação dos pontos principais e importantes 
para a compreensão da lesão ou dos danos, de modo que seja facilitada a 
compreensão de qual é a real situação do paciente. A partir dessa coleta de 
informações, o profissional é capaz de compreender os mecanismos de lesão 
e visualizar como ela se encontra considerando-se o tempo decorrido, bem 
como a sintomatologia e os sinais clínicos.
De acordo com Dutton (2010), é importante ressaltar que nem sempre as 
descrições e os relatos do paciente estão de acordo com a sintomatologia ou 
com o mecanismo de lesão, pois o recordatório pode ser um tanto subjetivo, 
além de poderem ocorrer diversas omissões e confusões motivadas pela com-
plexidade de informações com as quais o paciente tem de lidar ao se expressar. 
As lesões no tornozelo são comuns no posicionamento de flexão plantar, 
inversão e adução, devido à menor estabilidade das estruturas que estabili-
zam esse movimento combinado. Também é esse o mecanismo de lesão para 
fraturas do maléolo lateral ou talar. Levando-se isso em conta, é importante 
compreender os mecanismos que envolvem o trauma e as estruturas relacio-
nadas às possíveis patologias. No Quadro 1, podem-se visualizar possíveis 
associações entre as histórias de trauma em inversão. 
5Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé
Nível de lesão Possível patologia / Estrutura envolvida
Óssea
Fratura por avulsão da base do quinto metatarsal
Fratura da diáfise do quinto metatarsal
Fratura por avulsão do calcâneo lateral
Fratura por avulsão no cuboide
Fratura do processo calcâneo anterior
Fratura osteocondral do tálus
Fratura do tubérculo lateral do tálus
Fratura navicular
Fratura do colo do tálus
Fratura da cabeça do tálus
Ligamentar
Lesão do ligamento talofibular anterior/calcaneofibular
Lesão do ligamento bifurcado
Lesão do ligamento metatarsal do quinto cuboide
Lesão dos ligamentos tibiotalar anterior e tibionavicular
Lesão do ligamento tibiofibular interósseo
Articular
Artrite traumática da articulação talocrural
Artrite traumática da articulação subtalar
Artrite traumática da articulação tarsal transversa
Síndrome da compressão tibiotalar posterior
Síndrome do seio do tarso
Instabilidade da sindesmose tibiofibular
Quadro 1. Histórias de traumas em inversão
(Continua)
Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé6
Fonte: Adaptado de Dutton (2010).
Nível de lesão Possível patologia / Estrutura envolvida
Muscular
Tenossinovite dos músculos fibulares
Tendinite dos músculos fibulares
Ruptura do retináculo superior dos extensores
Aquilodinia
Tenossinovite ou tendinite do extensor do hálux
Tenossinovite ou tendinite do extensor dos dedos
Neurológica
Alongamento excessivo do nervo fibular comum/
fibular superficial/nervo fibular profundo
Quadro 1. Histórias de traumas em inversão
(Continuação)
De acordo com estudos, tal histórico de lesões nesse posicionamento ante-
riormente citado é comum pelo uso excessivo, ou seja, provocado pela prática 
de atividades repetitivas. Lesões que envolvem o mecanismo de dorsiflexão 
acompanhadas de estalido e dor estão relacionadas ao compartimento lateral 
do tornozelo e possuem resolução rápida — além disso, esses casos podem 
indicar ruptura do retináculo fibular (DUTTON, 2010).
Inspeção estática e dinâmica 
Na inspeção estática, o avaliador, com a fita métrica sobre as circunferências 
da panturrilha e do pé, poderá realizar medidas com as quais pretende com-
parar ambos os lados para verificar a presença de edema no membro afetado. 
Essas medidas podem ser tomadas em várias regiões da panturrilha e também 
do pé. De acordo com Cook e Hegedus (2015), a diferença comum entre as 
panturrilhas é, em mulheres, por volta de 12 mm e, em homens, por volta de 
15 mm entre os membros contralaterais.
7Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé
É possível que, a partir dos sinais e da coleta de dados, o fisioterapeuta 
constate a presença de sinais de trombose venosa profunda. Nesse caso, será 
necessário perguntar ao paciente se ele possui algumas das seguintes condições: 
câncer ativo no último semestre, paralisia, se ficou restrito ao leito recente-
mente, se possui dor à palpação, se possui inchaço na coxa e na panturrilha 
e se possui histórico familiar de trombose venosa profunda. O fisioterapeuta 
também deverá considerar outros critérios secundários à doença, como histó-
rico de trauma recente, edema depressível, se as veias se encontram dilatadas, 
se o paciente esteve hospitalizado no último semestre e se há presença de 
eritema. O fisioterapeuta avalia o risco de trombose venosa profunda quando 
há presença de três ou mais dos critérios principais e dois ou mais dos critérios 
secundários (COOK; HEGEDUS, 2015).
A inspeção estática consiste em verificar todas as condições de integridade, 
edema, disposição dos músculos, características de trofismo, entre outros 
aspectos que caracterizam a forma física das estruturas, como deformidades, 
calosidades e sinais de maior descarga de pesos em alguns pontos. Os calos 
indicam a disposição e o local onde há um maior vetor de força durante a 
caminha ou corrida. A análise desses pontos é interessante quando se trata 
de atletas ou pacientes com doenças osteoarticulares que relatam dor ou 
desconforto durante a execução das atividades diárias, ao caminhar ou correr. 
Muitas vezes, o paciente pode já estar utilizando palmilhas. Se assim o for, 
o fisioterapeuta deverá avaliar se o uso da palmilha está realmente surtindo 
o efeito esperado. Em alguns casos, a palmilha pode estar sendo utilizada há 
muito tempo e estar sendo ineficiente ou mesmo inadequada às correções 
esperadas. Essa análise deve envolver tanto a inspeçãoestática, a avaliação 
do formato do pé, o tipo de pé (normal, plano ou curvo) e também a inspeção 
dinâmica, para descobrir aspectos individuais, como se o tipo de pé é plano 
rígido ou plano flexível (Figura 1). A determinação para os tipos de pé plano 
é a seguinte: o pé plano rígido é aquele que não se altera tanto nem com a 
descarga de peso, nem sem a descarga, ou seja, é sempre plano; já o pé plano 
flexível, quando está sem apoio, possui o arco plantar, mas, quando há a 
descarga de peso, ele se torna plano.
Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé8
Figura 1. Diferença entre o pé plano flexível e o pé plano rígido. O primeiro pode apresentar 
algum arco quando não há descarga de peso, mas, quando está apoiado, se apresenta 
plano. Já o segundo se apresenta plano em ambas as condições.
Fonte: Dutton (2010, p. 1033).
(a) (b)
A inspeção dinâmica consiste basicamente na análise de movimento, 
que pode ocorrer a partir da análise do movimento ativo do tornozelo e pé, 
como os movimentos de dorsiflexão e flexão plantar (Figura 2), inversão 
e eversão, circundução, flexão ou extensão do hálux e dedos ou adução e 
abdução dos dedos e hálux. É importante ressaltar que os movimentos mais 
minimalistas das articulações do antepé podem ser deficitários, visto o uso 
de sapatos apertados e o não uso desses movimentos de forma constante nas 
atividades do dia a dia. A inspeção dinâmica também pode ser realizada 
a partir da marcha, sendo esse o procedimento mais comum e pelo qual o 
fisioterapeuta costuma analisar o paciente desde a entrada no consultório e 
em todos os seus deslocamentos dentro desse local. Tal prática é importante, 
pois a marcha nesse contexto acontece com maior naturalidade, sem que o 
paciente perceba que está sendo avaliado. Além disso, o fisioterapeuta pode 
realizar a inspeção dinâmica a partir da caminhada ou corrida na esteira 
ergométrica, principalmente nos casos de atletas, em que se quer avaliar o 
movimento realizado por eles durante o esporte. 
9Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé
Figura 2. Movimentos de dorsiflexão (primeiro) e flexão 
plantar (segundo) do pé.
Fonte: juliawhite/Shutterstock.com.
Sistemas dotados das tecnologias atuais podem ser grandes aliados. Exem-
plos disso são as câmeras com software computacionais que permitem a 
demarcação de ângulos nas fotos e também o acompanhamento em tempo 
real da oscilação dos graus de movimento durante a dinâmica da marcha. 
É importante ressaltar que, para evitar viés de avaliação, o paciente deve ser 
estimulado a realizar os movimentos da forma mais natural possível e, nos 
testes de amplitude de movimento, realizar o máximo que conseguir. Essas 
são orientações importantes para evitar a subestimação ou superestimação 
das condições clínicas reais do paciente. 
Os pacientes que apresentam a marcha concentrada na região dos dedos e evitam 
o apoio do calcanhar podem estar compensando o movimento devido a dor na 
região do tornozelo. Por evitarem o apoio do calcanhar em direção aos dedos, esses 
pacientes desenvolvem a progressão da marcha dos dedos para o calcanhar ou dos 
dedos mediais para a lateral do antepé. Essas descargas de peso compensatórias 
envolvem mudanças no posicionamento do quadril, como a circundução e a marcha 
com os passos mais altos. 
Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé10
Avaliação da dor
Faz parte da análise entender mais sobre o local e a gravidade da dor que o 
paciente relata, pois esses são achados importantes que vão direcionar para 
o diagnóstico e a compreensão do quadro como um todo. A dor é um dos 
sinais mais importantes, uma vez que ela ajuda a localizar e a diferenciar os 
sintomas de acordo com a causa. A partir do relato sobre a dor, o profissional 
pode sugerir se ela é uma dor referida, nos casos em que está relacionado a 
uma estrutura local, ou se está associada ao dermátomo ou nervo periférico 
responsável, quando a dor se apresenta sistêmica (DUTTON, 2010). Note-se 
que essas são informações que vão direcionar o local de tratamento, assim 
como os objetivos e delineamento das sessões. 
Em casos de fraturas causadas por estresse ou tendinites, que são quadros 
comuns na prática clínica, a dor tende a ser bem localizada; já quando a dor se 
apresenta mais difusa, de difícil acesso, ou quando não se consegue acessar 
a estrutura dolorosa para reproduzir o desconforto, essa dor é denominada 
“síndrome de compartimento” (DUTTON, 2010). Todas as informações sobre 
os mecanismos de dor, como o horário do dia em que dói mais, os movimentos 
que reproduzem a dor e o desconforto, o mecanismo de lesão, entre outros 
são pontos importantes para serem tomados como base na investigação das 
estruturas envolvidas.
A dor deve ser testada para os movimentos, de forma a tentar reproduzir o 
desconforto a eles. Uma dor referida aos movimentos de dorsiflexão e eversão 
associada com exercícios de agachamento pode apontar para uma possível 
instabilidade de tornozelo, assim como uma dor que ocorre após alguma ati-
vidade pode estar relacionada a um processo crônico ou determinado pelo uso 
excessivo. Já a dor referida durante a atividade pode ser sugestiva de estresse 
sobre a estrutura lesionada. As informações sobre o tempo decorrido desde 
que a lesão aconteceu, os sinais e sintomas apresentados no momento em que 
ela ocorreu e a história que circunda o evento também são dados importantes 
para que o profissional consiga compreender o processo de evolução da lesão 
e o grau de autorresolubilidade (DUTTON, 2010). 
Os relatos sobre estalido, crepitação ou estouro podem estar relacionados 
ao momento da lesão e serão indicados pelo paciente. Esses relatos podem 
sugerir fratura ou lesão de ligamentos. Normalmente, a sensação do paciente 
sobre o seu tornozelo será de fraqueza, de instabilidade, iniciada a partir do 
trauma e persistente ou já consolidada. Casos em que o paciente não conse-
gue sustentar o peso sobre o membro afetado ou apresenta alto nível de dor 
11Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé
associado a edema imediato podem ser sugestivos de lesão importante. Esses 
casos podem ser causados por ruptura da cápsula articular, fratura ou distensão 
ligamentar de grau III (DUTTON, 2010). 
Nos casos em que a história não corresponde a um trauma, e sim a um 
distúrbio, o fisioterapeuta deverá investigar sobre a intensidade dos exercícios 
e das atividades diárias que envolvam o estresse e o excesso do uso da articu-
lação em questão. Outros fatores, como o tipo de calçado ou o excesso de peso 
corporal, podem estar ligados aos distúrbios e desconfortos nas articulações 
do tornozelo e pé. Também o tipo de terreno em que o corredor corre pode 
ser um fator associado ao excesso de estresse articular, bem como o aumento 
excessivo nos treinos e a sobrecarga podem ser indicados como fatores causais 
das lesões ou distúrbios (DUTTON, 2010).
A referência de cãibras pode estar associada a fadiga muscular e movimentos 
compensatórios, como a claudicação, causados por uma insuficiência arterial. 
A fasceíte plantar pode ser relacionada com o início de uma dor que evolui de 
forma gradual na região do calcanhar. A tendinite do calcâneo é causada por 
esforço repetitivo e poderá estar associada à dor gradual na região posterior 
do calcâneo. Os sintomas que costumam aumentar a partir da caminhada ou 
esforço na corrida, principalmente em terrenos irregulares, podem sugerir 
instabilidade do tornozelo. Já o desconforto referido a partir de caminhadas 
ou corridas em superfícies mais firmes pode sugerir a falta de absorção do 
impacto nas estruturas do pé ou do próprio sapato (DUTTON, 2010). 
A dor que muda conforme o horário do dia pode indicar alguns problemas 
de hábitos de vida relacionados à atividade. Ela também pode representar 
indícios de fasceíte plantar, quando o paciente refere que a dor acontece ao 
primeiro apoio e descarga de peso no pé ao acordar. A partirdos relatos do 
paciente e dos objetivos que ele mesmo trouxer ao consultório, será possível 
que o profissional tenha vista sobre como serão direcionados os atendimentos e 
quais serão os caminhos a se percorrerem com esse paciente. Os impactos que 
a lesão causa nos hábitos de vida do indivíduo estão diretamente relacionados 
com sua qualidade de vida e, portanto, deverão ser o foco dos atendimentos 
para a satisfação do paciente. Quando a deambulação tiver de ser indolor, talvez 
seja necessário que o paciente receba uma imobilização rígida, como a tala 
ou a bota. Já nos casos em que o paciente é atleta e necessita de retornar logo 
ao esporte, é possível uma imobilização dinâmica, a partir de tornozeleira ou 
bandagem funcional (DUTTON, 2010).
Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé12
O processo de avaliação e anamnese é extremamente importante para a primeira 
impressão do fisioterapeuta, pois a partir delas é que ele poderá iniciar seu jogo de 
suposições e de hipóteses relacionando a sintomatologia com as possíveis causas. 
Essa compreensão é importante na atuação do profissional, visto que ele terá que agir 
a partir da estrutura causadora. Como já vimos, a dor poderá ser referida à lesão de 
alguma estrutura ou poderá refletir uma dor neural, em que o tratamento local não 
terá boa resolutiva para o caso, invalidando o tratamento fisioterapêutico.
2 Exame físico e os testes especiais 
relacionados ao tornozelo e pé
Dentro do exame físico, algumas das técnicas utilizadas para a avaliação 
cinético-funcional serão tratadas nos próximos subtópicos. São elas: a palpação, 
a perimetria, a avaliação da amplitude de movimento, o exame neurológico 
e os testes específicos. Em cada uma dessas técnicas, há o objetivo e o com-
partimento funcional que será avaliado quanto às suas condições. Ao final, 
o fisioterapeuta contará com um exame físico bem aprofundado e específico 
apontando para todas as alterações citadas na anamnese e no diagnóstico 
médico, bem como os sinais e sintomas apresentados. A partir desse conjunto 
de informações, o profissional poderá explicar ao paciente a sua situação 
clínica e também traçar os objetivos e planos de tratamento a curto, médio e 
longo prazo para o seu caso. 
Algumas condições específicas poderão indicar desfechos prováveis nos 
quadros clínicos dos pacientes: incapacidade de manter o peso pode indicar 
fratura; dor noturna pode indicar fratura, hemartrose ou infecção; dor forte e 
tornozelo em valgo, com sensibilidade à pressão, podem indicar fratura fibular; 
dor e fraqueza na eversão resistida podem indicar fratura da base do quinto 
metatarsal; dor na panturrilha acompanhada de sensibilidade ou não associada 
a edema, aumento de temperatura, dilatação venosa superficial e/ou cianose 
indicam trombose venosa profunda; e sensação de frio no pé pode indicar a 
presença de problemas vasculares, enquanto que o calor excessivo pode sugerir 
inflamação local ou tumor na região da pelve ou lombar (DUTTON, 2010).
13Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé
Palpação
A palpação consiste na técnica de sentir por meio do tato a integridade das 
estruturas físicas do pé, do tornozelo e da perna. Durante a palpação, o fisio-
terapeuta primeiramente localiza as proeminências mais importantes ou mais 
protuberantes e, a partir disso, investiga de forma mais minuciosa a região. 
A palpação é realizada desde as superfícies da perna até a extensão do pé e 
tornozelo. Essa técnica também pode aplicar pressão em pontos específicos 
para verificar a alteração na sensibilidade. Além disso, a palpação permite a 
verificação de edema local e a sua diferenciação em relação à sua fase: aguda 
(não sofre alteração à pressão) ou crônica (o edema demora alguns segundos 
para voltar à posição normal quando aplicada a pressão).
De acordo com Dutton (2010), a palpação deve ser realizada investigando-se 
toda a região à procura de deformidades, edemas, sinais inflamatórios, bem 
como alteração de sensibilidade, temperatura e neurológica. Nesse sentido, 
devem-se avaliar as estruturas que compõem a região posterior do pé e torno-
zelo, como o tendão calcâneo e o osso calcâneo. Nesse local, é comum haver 
desconforto à palpação na região da inserção da fáscia plantar, o que indica 
fascite ou alterações nodulares no tendão do calcâneo, e incapacidade de ficar 
na ponta do pé, indicando ruptura do tendão. 
Na região anterior e anteromedial, avaliam-se a integridade das falanges e 
a sensibilidade da região medial da cabeça do primeiro metatarso, que pode 
indicar joanete. A sensibilidade inferior pode indicar a sesamoidite. A sensi-
bilidade localizada na cabeça do segundo metatarso pode indicar a doença de 
Freiberg. Se houver calo entre a segunda e a terceira cabeça metatarsal, isso 
poderá indicar a queda do arco metatarsal. Já a sensibilidade entre a terceira e 
a quarta cabeça dos metatarsos indica o neuroma de Morton — essa condição 
se confirma quando o paciente caminha descalço e refere melhora da dor. 
A sensibilidade do osso navicular pode indicar sua fratura ou osteocondrite. 
Já a sensibilidade do segundo e do terceiro cuneiforme pode indicar fratura 
(DUTTON, 2010).
O maléolo medial é palpado para verificar edema e sensibilidade. A aproxi-
madamente dois dedos de distância do maléolo lateral no sentido anteroinferior, 
pode-se palpar o ligamento talofibular anterior. Esse ligamento pode referir 
sensibilidade após distensão causada pelo mecanismo de inversão. Outra 
região que pode ser acessada para confirmar a lesão é a região anterior da 
sindesmose tibiofibular. Outras estruturas, como os ventres musculares e seus 
trajetos, também podem ser acessados para verificar a ação e a sensibilidade 
referida (DUTTON, 2010). 
Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé14
Perimetria de membros
A perimetria consiste na avaliação, com uma fita métrica, do perímetro dos 
membros inferiores. Ela permite a avaliação do edema e das condições de tro-
fismo do paciente, características importantes quando avaliadas comparando-se 
o membro afetado com o contralateral. Essas diferenças indicarão quais deverão 
ser os ganhos aproximados para atingir a normalidade do paciente com relação 
ao membro sadio. A técnica para a perimetria consiste na marcação de pontos 
de 2 em 2, de 5 em 5, ou de 10 em 10 centímetros, considerando a extensão 
do segmento que será avaliado. Portanto, em áreas menores se consideram 
pontos mais próximos, como os de 2 em 2 centímetros. A partir disso e das 
anotações dos pontos considerando-se as protuberâncias ósseas, anotam-se os 
valores encontrados na medida do perímetro em todos os pontos. As marcações 
e suas anotações em prontuário facilitam a demarcação do ponto em que foi 
realizada a medida para possível comparação nas reavaliações subsequentes 
(PRENTICE, 2012; COOK; HEGEDUS, 2015). 
A avaliação do edema está relacionada com a recuperação do processo 
inflamatório que o paciente possa apresentar ou com o direcionamento de 
atenção para o seu surgimento. É importante ressaltar que o fisioterapeuta 
deverá indicar ao paciente posicionamentos e condutas para facilitar a redução 
do edema. Já na avaliação das condições de trofismo muscular, a importância 
será dada ao ganho de força, que será acompanhado com o aumento da massa 
muscular. Esse é um ganho importante para atletas que demandam grandes 
volumes de massas musculares. Já para o paciente não atleta, as condições 
de trofismo são importantes apenas para a simetria entre os membros, visto 
que uma imobilização pode reduzir a massa muscular do membro afetado 
e também a sua força muscular. Sendo assim, a funcionalidade quanto ao 
trofismo deverá ser preservada nos dois tipos de públicos, mas levando-se em 
conta as particularidades de cada um. É importante ressaltar que o aumento 
do volume dos segmentos, tanto do pé quanto do tornozelo, acarreta a redução 
das medidas de amplitude de movimento devido ao contato entretecidos moles 
e à limitação da amplitude (PRENTICE, 2012; COOK; HEGEDUS, 2015).
15Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé
Avaliação da amplitude de movimento
As técnicas para as medidas de amplitude de movimento são técnicas im-
portantes para que o fisioterapeuta conheça a função segmentar do paciente. 
Além de aplicar as devidas técnicas para o segmento afetado do tornozelo e 
pé, o fisioterapeuta poderá fazer testes que abordem os segmentos adjacentes, 
como joelho e quadril, dada a relação que há entre eles. É importante que 
o fisioterapeuta saiba manusear diversos tipos de ferramentas que estejam 
voltadas para a mensuração da amplitude de movimento. São técnicas de 
avaliação da amplitude de movimento a goniometria, a fleximetria, o flexiteste 
e outras técnicas de medidas angulares que podem ser realizadas a partir 
da tecnologia de um software acoplado ao smartphone ou ao computador 
ligado a câmeras. Essas formas de medidas poderão ser adotadas conforme 
a disponibilidade de recursos do fisioterapeuta, sendo que os métodos mais 
simples são os adotados a partir do smartphone, a fleximetria e a goniometria. 
Já os métodos de sistemas de câmeras, embora possam ser mais complexos, 
mostram-se mais confiáveis, visto que o sistema pode ser capaz de captar os 
mínimos movimentos, como os graus de inversão durante um agachamento. 
Essa técnica pode ser chamada de cinemetria ou avaliação cinemática (COOK; 
HEGEDUS, 2015).
A goniometria é uma técnica que verifica a angulação entre os segmentos 
do corpo. A partir dela, é possível verificar o posicionamento de estruturas 
na forma estática ou dinâmica. A goniometria permite verificar o valgo ou 
varo do retropé. Nesse, o paciente deverá estar em decúbito ventral, com o 
pé para fora da maca à altura medial da perna. O avaliador, então, marca um 
ponto no meio do calcâneo, um na linha média do tendão de Aquiles e outro 
na região medial da face posterior da perna — a partir desses pontos, traça-
-se uma linha que será utilizada como base para a medida. O fisioterapeuta, 
com o pé na posição neutra com relação à articulação talocalcânea, coloca o 
fulcro do goniômetro no centro do tendão de Aquiles, de forma que o braço 
fixo acompanhe a linha até a linha da perna e o braço móvel acompanhe a 
linha na direção do calcanhar (Figura 3). A diferença entre a linha reta é 
calculada como sendo o varo ou valgo do pé a partir da inversão ou eversão 
do pé — consideram-se as angulações extremas (COOK; HEGEDUS, 2015).
Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé16
Figura 3. Procedimento de avaliação do posicionamento do retropé com relação à perna.
Fonte: Dutton (2010, p. 1040).
O mesmo teste de goniometria realizado para avaliar o posicionamento 
do compartimento posterior do pé em relação à tíbia pode também ser reali-
zado na postura ortostática, em que o fisioterapeuta posiciona o braço fixo 
paralelo ao solo e o móvel, na linha média da panturrilha. É importante que 
o fisioterapeuta também avalie as articulações proximais, como o joelho e o 
quadril, com a goniometria. Essa técnica permite a avaliação da amplitude 
de movimento articular dinâmica e estática. Na forma estática, o avaliador 
pede que o paciente realize o movimento e, ao final dele, mede a angulação; 
já na dinâmica, o avaliador acompanha o movimento com o braço móvel do 
goniômetro. Os movimentos de flexão plantar e dorsiflexão do tornozelo e os 
17Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé
movimentos de flexão e extensão metacarpofalangeanas e interfalangeanas 
podem ser medidos a partir de um goniômetro. É importante ressaltar que 
existem goniômetros menores que se acoplam melhor às articulações do pé e 
antepé (COOK; HEGEDUS, 2015).
A fleximetria é outra técnica, de modo geral, similar ao goniômetro; no en-
tanto, ela se difere por ser um aparelho como uma bússola e possuir o velcro fixador. 
O instrumento permite o acoplamento do aparelho no segmento distal à articula-
ção a ser mensurada. A partir da estabilização do segmento proximal, é possível 
obter a angulação de movimento articular quando se movimenta o segmento distal. 
É importante que haja instrução pelo avaliador e que o movimento seja rea-
lizado de forma lenta, para evitar erros de leitura. Na fleximetria, é possível 
observar também o teste de pronação da articulação talocalcânea, o qual é 
realizado traçando-se uma linha que vai do meio da face posterior do calcâneo 
em direção ao tendão de Aquiles. Com o paciente em pé, na posição neutra, 
o avaliador localizará a linha traçada anteriormente e avaliará os graus de 
inclinação da linha acima do tendão de Aquiles na direção do primeiro ponto 
marcado (COOK; HEGEDUS, 2015).
Exame neurológico
O exame neurológico para essa região consistirá em avaliar e diferenciar 
comprometimentos neurológicos dos ortopédicos e traumáticos. Para tanto, 
o fisioterapeuta deverá avaliar a sensibilidade da pele nos pontos críticos e nos 
pontos adjacentes, procurando encontrar relação entre áreas inervadas pelo 
mesmo dermátomo ou sensibilidade difusa. 
O teste para o déficit de sensibilidade da ponta do dedo do pé avalia a 
presença de parestesia ou anestesia ocasionada por comprometimento nervoso. 
Para a sua realização, o fisioterapeuta deverá posicionar o paciente na postura 
sentada ou em decúbito dorsal e oferecer o estímulo tátil no segundo e no ter-
ceiro dedo. Os resultados desse teste podem ser confundidos, apresentando-se 
falso-positivos, em pacientes com metatarsalgia (COOK; HEGEDUS, 2015).
Muitas vezes o diagnóstico diferencial pode refletir melhor a causa dos 
sintomas, quando se realiza o exame neurológico observando-se a interferên-
cia neurológica ou sistêmica na sintomatologia. As raízes L4, L5, S1 ou S2 
podem refletir a sintomática na região do tornozelo e pé e confundir a origem 
dos sintomas. Quando houver a suspeita do comprometimento de alguma 
dessas raízes, o ideal é realizar os testes sensoriais, motores e reflexos. São 
Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé18
afecções comuns diagnosticadas a partir da sintomatologia do tornozelo e pé 
as seguintes: o neuroma de Morton, a compressão do nervo tibial, a do nervo 
fibular profundo, a do nervo fibular superficial e a dos nervos sural e safeno 
(DUTTON, 2010).
O teste de percussão plantar é realizado com o paciente também em 
decúbito dorsal ou sentado. O fisioterapeuta, então, percute com as pontas dos 
dedos indicador e médio na região entre as cabeças do segundo e do terceiro 
metatarso. Considera-se o resultado positivo quando há presença de parestesia, 
apontando para o comprometimento neurológico (COOK; HEGEDUS, 2015). 
O teste para verificar a dor no espaço interdigital é realizado com o 
paciente em decúbito dorsal ou sentado. Então, o fisioterapeuta aplica uma força 
de compressão entre o segundo e o terceiro metatarso. O teste será positivo 
se houver dor à compressão (COOK; HEGEDUS, 2015).
O teste para fratura por estresse ou neuroma interdigital pode ser 
realizado com o paciente sentado ou em decúbito dorsal. O fisioterapeuta 
deverá aplicar uma força entre os metatarsos de medial para distal. O teste será 
positivo se houver dor à compressão (COOK; HEGEDUS, 2015). Os problemas 
sistêmicos que podem afetar a perna, o tornozelo e o pé estão relacionados 
a neuropatia periférica, decorrente de diabetes; osteomielite; gota; anemia 
falciforme; síndrome da dor regional complexa; doença vascular periférica; 
e artrite reumatoide. A artrite reumatoide e outras síndromes que prejudicam 
a integridade da estrutura articular podem estar associados a compensação 
cinética de outros acometimentos, ou refletir desvios posturais em outras partes 
do corpo ou descarga de peso, como no caso das deformidades conhecidas 
como joanetes.
O teste de Duchenne visa a avaliar possível lesão nas raízes nervosas de 
L4, L5 ou S1. Para a sua execução, o paciente deverá estar em decúbito ventral. 
O fisioterapeuta,então, deverá estabilizar a perna do paciente com uma mão 
e, com a outra mão no antepé, aplicar força em direção à dorsiflexão. Em 
seguida, ele deverá solicitar ao paciente que realize a flexão plantar e observar 
se a borda medial não realiza flexão plantar, enquanto a borda lateral realiza. 
Em caso positivo, o mecanismo citado acontece apontando para a lesão das 
raízes que é indicada pelo nervo fibular superficial. O sinal de Tinel é observado 
em dois pontos do tornozelo: no ramo tibial anterior (nervo fibular profundo) 
e no nervo tibial posterior. O teste será positivo se houver formigamento ou 
parestesia à pressão ou percussão (DUTTON, 2010).
19Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé
Testes específicos
Os testes específicos servem para a análise local dos compartimentos e faci-
litam no fechamento do diagnóstico. Aqui, serão apresentados os testes mais 
importantes, visto que há grande complexidade e grande quantidade de tipos 
de testes específicos que abordam a região do tornozelo e pé. 
O teste da mobilidade do primeiro raio serve para observar a mobilidade 
entre as articulações que envolvem o primeiro raio entre o metatarso e as 
falanges. O examinador realiza a estabilização de um metatarso em relação ao 
outro e realiza o movimento de mobilização metatarsal com o paciente deitado 
em decúbito dorsal ou sentado. A hipomobilidade pode estar associada com 
a redução do movimento de flexão dorsal e plantar. 
No teste para entorse da sindesmose do tornozelo, o fisioterapeuta posi-
ciona o paciente em decúbito lateral, com o membro a ser testado para cima. 
Então, ele aplica uma força na direção anteroposterior no nível da sindesmose 
da fíbula. O teste será positivo se houver grande deslocamento da fíbula 
quando comparado ao membro sadio (Figura 4) (COOK; HEGEDUS, 2015). 
Figura 4. Aplicação de forças e o posicionamento no teste de 
entorse da sindesmose do tornozelo.
Fonte: Dutton (2010, p. 1046).
Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé20
O teste do algodão é realizado com o paciente em decúbito dorsal. 
O fisioterapeuta deverá estabilizar a tíbia e aplicar uma força lateral no torno-
zelo com a outra mão. O teste é mais bem realizado adotando-se a dorsiflexão 
de tornozelo e é positivo quando acontece a translação lateral do tornozelo 
(COOK; HEGEDUS, 2015).
O teste para o deslocamento anterior do tálus em relação à tíbia é 
realizado com o paciente em decúbito dorsal. Ele deverá posicionar o pé em 
dorsiflexão e, estabilizando a tíbia, realizar uma pressão anterior do calcanhar. 
O teste é positivo quando acontece a translação em excesso se comparada à 
do membro contralateral (COOK; HEGEDUS, 2015). 
O teste de gaveta anterolateral é realizado com o paciente sentado. Ele 
deverá ter a sua perna estabilizada e receber uma força na direção anterior. 
Com uma fita métrica posicionada na região anterior do tornozelo, o avaliador 
fará a medida da translação talar, sempre controlando o movimento de flexão 
plantar. Esse teste é positivo quando ultrapassa os 3 mm de movimento (COOK; 
HEGEDUS, 2015).
O teste que avalia a estabilidade da articulação talocalcânea é realizado 
com o paciente posicionado em decúbito dorsal. O avaliador deverá estabilizar o 
tálus e realizar o deslizamento medial do calcâneo, segurando-o pela superfície 
plantar. O teste será considerado positivo quando houver frouxidão ligamentar 
ao movimento, isto é, movimento excessivo (COOK; HEGEDUS, 2015). 
O teste da queda do navicular é realizado com o paciente inicialmente 
sentado, posição em que se deverá marcar a proeminência do osso navicular. 
O seu pé deverá estar apoiado no chão, em posição neutra e sem descarga de 
peso expressiva. O avaliador, então, utilizará um pedaço de papel para realizar 
a medida entre o solo e a altura do ponto. Após a marcação, o paciente deverá 
levantar-se e distribuir igual peso para ambos os membros inferiores. Nesse 
momento, o avaliador realizará nova palpação e marcação da proeminência 
do navicular, fazendo a segunda marcação no papel de modo a indicar qual foi 
a altura da proeminência com a descarga de peso. Então, realiza-se a medida 
entre o primeiro ponto e o segundo no papel (COOK; HEGEDUS, 2015). 
Deve-se comparar a diferença entre os membros para avaliar discrepâncias 
significativas. 
21Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé
A razão do arco é uma medida realizada na posição ortostática. Utiliza-se 
uma fita métrica para medir a distância entre a parte posterior do calcâneo e 
a articulação metatarsofalangeana. A medida da altura do pé é realizada do 
solo até o ponto médio do pé, com o pé firme no solo. O cálculo deverá ser 
realizado dividindo-se o valor da altura pelo valor do comprimento. Valores de 
0,35 ou mais apresentam arco plantar alto, já os valores baixos compreendem 
a razão de 0,275 ou menos, sendo que são considerados os valores extremos 
aos apontados (COOK; HEGEDUS, 2015). 
O teste para detectar a integridade do ligamento colateral medial é 
realizado com o paciente em decúbito dorsal. O fisioterapeuta deverá estabilizar 
a região distal da perna e promover uma força rápida no tornozelo na direção 
medial. O teste será positivo se houver grande movimentação ou redução da 
resistência quando comparado ao lado contralateral. O teste também deverá 
ser realizado com o mesmo posicionamento, mas aplicando-se a força no 
sentido lateral do pé (COOK; HEGEDUS, 2015).
O teste para avaliar a integridade do tendão do calcâneo é realizado com 
o paciente em decúbito dorsal. O examinador deverá comprimir a panturrilha 
com uma das mãos e observar se há a resposta de contração. Caso não haja 
a resposta, o teste é positivo para a redução ou ausência de sensibilidade da 
região (COOK; HEGEDUS, 2015). 
O teste para o impacto anterior do tornozelo é realizado com o paciente 
sentado. O fisioterapeuta deverá estabilizar a região distal da tíbia e colocar 
pressão na região anterolateral do tálus. Ele ainda oferecerá o movimento de 
dorsiflexão a partir da outra mão posicionada no antepé. O teste será posi-
tivo se o paciente referir dor na região anterolateral do pé ao movimento de 
dorsiflexão (COOK; HEGEDUS, 2015).
O sinal de Homan é realizado com o paciente em decúbito dorsal, com 
o auxílio de um rolo abaixo do joelho. O fisioterapeuta deverá estabilizar a 
região distal do fêmur e aplicar uma força no antepé em direção à dorsiflexão 
plantar. O teste é considerado positivo nos casos em que o paciente refere dor 
na região poplítea ou na panturrilha (COOK; HEGEDUS, 2015). 
O teste de dor à palpação da panturrilha é feito com o paciente em 
decúbito ventral. O examinador, enquanto manipula a panturrilha, deverá 
perguntar ao paciente se há dor; ele poderá também referir uma sensação de 
distensão. Os casos positivos envolvem o sinal de dor à compressão manual 
(COOK; HEGEDUS, 2015). 
Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé22
É importante ressaltar que, durante o exame físico do tornozelo e pé nas 
condições que não envolvam traumas ou distúrbios pré-localizados e diag-
nosticados, é necessário ter a atenção de relacionar os achados dessa região 
com outras regiões articulares do corpo, como o joelho, o quadril e a coluna 
vertebral. É comum que muitos dos achados estejam associados a outras regi-
ões corporais, sendo necessária uma intervenção envolvendo todo o membro 
inferior, por exemplo. Em outros casos, o diagnóstico e os objetivos poderão 
estar relacionados com a coluna vertebral, principalmente nos casos em que 
houver sinais neurais envolvidos na sintomatologia e resposta deles aos testes 
neurológicos. Assim, o profissional deve estar atento às possibilidades que 
envolvem a região e sua associação com outras áreas. 
Considerando-se que a dor ou outros sintomas que acometem a região do tornozelo 
e pé podem estar relacionados a outras regiões, é importante saber um pouco mais a 
respeito de algumas relações sobre o complexo domembro inferior. Na dissertação de 
Diego Brenner Ribeiro, “Valgo dinâmico de joelho e sua relação com quadril, tornozelo 
e pé em atletas de futebol profissional”, apresentada ao Programa de Pós-Graduação 
em Fisioterapia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, pode-se perceber a 
preocupação do autor com relação à influência das estruturas distais e proximais com 
o alinhamento da perna com o antepé.
3 Aplicação dos métodos e das técnicas 
fisioterapêuticas nos distúrbios ortopédicos 
e traumatológicos do tornozelo e pé
Durante a escolha dos tratamentos disponíveis, é importante que o profissional 
apresente os recursos disponíveis, assim como a eficácia e a resolubilidade de 
cada um, para que o paciente possa acordar ou não com as escolhas de condutas 
do profissional. Quando há acordo, espera-se que a eficácia do tratamento seja 
melhor. Essa é uma conduta importante por parte do profissional, a qual tem 
demonstrado oferecer grandes ganhos nos tratamentos fisioterapêuticos em 
geral, tendo em vista a autonomia que o paciente recebe sobre o seu próprio 
tratamento. Ao mesmo tempo, o paciente se torna responsável pela contribuição 
durante a evolução clínica, pois deverá seguir as orientações do profissional 
23Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé
voltadas para seu contexto e, de uma forma geral, agir de modo a contribuir 
para a aceleração de seu prognóstico.
A intervenção será direcionada a partir de dados colhidos na avaliação 
cinético-funcional e, preferencialmente, terá condutas voltadas para a fase 
aguda ou crônica, sendo que a cronicidade demandará maior tempo de inter-
venção e complexidade na maioria dos casos. Considerando que a região do 
pé e tornozelo trabalha em conjunto com o complexo da perna e do membro 
inferior, as intervenções serão baseadas, muitas vezes, no movimento de 
todo o membro e na integração entre os sistemas de movimento associados 
ao equilíbrio, à coordenação e à propriocepção. Sendo assim, os exercícios 
que envolvem intervenções para o tornozelo e pé podem frequentemente ser 
parecidos com a reabilitação de outras partes do membro. Vale ressaltar que 
é importante o trabalho de integração entre os segmentos corporais, visto 
que, nos gestuais esportivos e nas atividades diárias, eles agem em conjunto, 
e nunca separados (DUTTON, 2010; KISNER; COLBY, 2016).
Na fase aguda, normalmente os objetivos consistem em melhora da dor, 
da inflamação e do edema; proteção da região acometida; melhora da amplitude 
de movimento (considerando o limite de dor); prevenção da atrofia; evolução 
para a sustentação de peso sobre o membro afetado; melhora do controle 
neuromuscular; melhora ou manutenção do nível de condicionamento físico; 
e melhora ou manutenção da independência do paciente tanto para os exercícios 
quanto para as atividades diárias. A dor e os outros sinais inflamatórios (edema, 
rubor, calor) podem ser controlados a partir de recursos eletrotermofotote-
rapêuticos voltados para a analgesia. Essas técnicas se utilizam de recursos 
elétricos, térmicos e fototerápicos para a redução dos quadros álgicos do 
paciente. A eletroterapia conta com aparelhos que enviam correntes elétricas 
aos tecidos com o objetivo de reduzir os estímulos dolorosos e também os 
sinais inflamatórios, como o edema (STARKEY, 2001). 
Já a termoterapia pode oferecer a adição de calor (hipertermoterapia) ou a 
subtração (hipotermoterapia, ou critoterapia). A termoterapia pode ser apli-
cada a partir de bolsa de água quente, uso de calor superficial (fototerapia) ou 
profundo, como ultrassom, micro-ondas, laser e ondas curtas. Essas fontes de 
termoterapia oferecem a redução da algia, da vasodilatação, da aceleração das 
reações químicas, etc. (KITCHEN, 2003). Em estágios agudos, a crioterapia 
normalmente é um bom tratamento para analgesia. A aplicação indicada é, 
em média, de 20 a 30 minutos, de 1 a 4 vezes por dia, e também ao final das 
sessões mais intensas, em caso de dor e desconforto. Essa terapia também 
pode introduzir a sessão de fisioterapia com o objetivo de reduzir a dor para 
Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé24
facilitar o trabalho com os exercícios terapêuticos. A terapia manual (massagem 
e drenagem) também é outra técnica que pode ser utilizada para a redução da 
dor antes do exercício terapêutico (DUTTON, 2010; KISNER; COLBY, 2016). 
Durante a fase aguda, a orientação para o posicionamento é em dorsiflexão 
de tornozelo nos casos em que é necessário utilizar a imobilização. Essa técnica 
impede que haja a contratura dos músculos da panturrilha e mantém a posição 
funcional. Além disso, em caso de rompimento ligamentar (grau I, II e III), 
essa é uma posição que aproxima as extremidades ligamentares, permitindo 
sua recuperação. O enfaixamento (Figura 5) pode ser uma medida adequada 
para casos menos graves, além de prevenir o excesso de edema (DUTTON, 
2010; KISNER; COLBY, 2016). 
Figura 5. Aplicação do enfaixamento, indicado para casos leves de entorse, instabilidade 
articular e prevenção de edemas.
Fonte: BravissimoS/Shutterstock.com.
Em casos mais graves, o paciente pode utilizar as técnicas do engessamento, 
indicado pelo médico, ou o uso de botas ortopédicas. Outra medida para 
casos com menor gravidade é a bandagem elástica (Figura 6). Ela permite, 
dependendo da gravidade do caso, a continuidade das atividades esportivas 
em menor intensidade, além de facilitar a recuperação tecidual local, já que 
permite a estabilização articular (DUTTON, 2010; KISNER; COLBY, 2016). 
25Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé
Figura 6. Aplicação da bandagem elástica em diversos casos. A primeira mostra a aplicação 
na região poplítea e nos músculos posteriores de coxa. A segunda mostra a aplicação nos 
músculos da panturrilha. A terceira mostra a aplicação na fáscia plantar do pé. A quarta e 
a quinta mostram duas formas de estabilização do tornozelo em sua face lateral. Já a sexta 
figura mostra a aplicação voltada para o estímulo do arco plantar e para a estabilização 
articular medial do tornozelo.
Fonte: Greenni/Shutterstock.com; Africa Studio/Shutterstock.com.
No geral, os exercícios focados na reabilitação funcional terão como obje-
tivo a melhora da cinemática articular, da amplitude de movimento sem dor, 
do controle corporal e neuromuscular, da força e resistência das estruturas 
do tornozelo e pé, bem como o retorno ao nível funcional adequado e um 
melhor engajamento da região afetada com os outros segmentos corporais, 
como joelho, quadril e coluna (DUTTON, 2010; KISNER; COLBY, 2016). 
Os exercícios voltados para a mobilidade articular são indicados para 
entorses de grau I e II. Na fase aguda, é indicado que se inicie esse trabalho 
de modo suave, em forma de alongamento com a faixa elástica ou toalha. 
Além disso, são indicados exercícios de mobilização ativa, respeitando-se o 
limiar de dor para dorsiflexão, flexão plantar, inversão, eversão e circundução. 
Esses exercícios também ajudam a reduzir o edema e mobilizar os produtos 
do processo inflamatório local, sendo também indicado o posicionamento 
Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé26
do membro à altura do quadril para facilitar a drenagem passiva. Nessa fase, 
os exercícios ativos e ativos assistidos podem ser desempenhados, e a evolução 
deve acontecer de acordo com as necessidades do paciente (DUTTON, 2010; 
KISNER; COLBY, 2016).
A facilitação neuromuscular proprioceptiva pode ser utilizada a partir de 
exercícios proprioceptivos e de aplicação manual do próprio fisioterapeuta. 
Podem ser realizados exercícios de flexão dos dedos, como se se encolhesse 
uma toalha no chão (Figura 7). Outros exercícios podem ser desempenhados 
para o trabalho proprioceptivo do pé, como pegar objetos com o pé, andar 
em pisos irregulares, inclinados, e com outros estímulos proprioceptivos que 
podem melhorar tanto os níveis de sensibilidade, os níveis neurais, quanto a 
adaptaçãodos músculos e estruturas do pé em relação à caminhada. Esses 
são trabalhos importantes para a reabilitação e a recuperação dos movimentos 
normais do tornozelo e pé após algum tempo de imobilização ou após um 
trauma que gere medo e insegurança do paciente (DUTTON, 2010; KISNER; 
COLBY, 2016).
Figura 7. Paciente realizando o exercício de flexão dos 
dedos, como se estivesse encolhendo a toalha no chão.
Fonte: Hawkmoth Graphics/Shutterstock.com.
27Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé
Os exercícios terapêuticos podem ser desempenhados a partir de diversos 
métodos, como os baseados em pilates, cinesioterapia comum e hidroterapia. 
Os exercícios do método pilates são focados para o fortalecimento do core do 
pé e levam em conta que o pé é a sustentação do corpo. Assim, trabalha-se 
tanto a estabilização do arco plantar, quanto a força de músculos extrínsecos 
e intrínsecos do pé. O método também pode ser utilizado como prevenção e 
tratamento de correção do equilíbrio muscular. A cinesioterapia comum tra-
balha desde exercícios proprioceptivos (tábua de equilíbrio, bosu) (Figura 8), 
treino de marcha, exercícios resistidos (com faixas elásticas, bola, entre outros 
acessórios), até exercícios de performance e agilidade para atletas. É importante 
ressaltar os treinos de agilidade, equilíbrio e o treinamento do gestual esportivo 
para atletas, pois eles atuam tanto no âmbito educativo quanto no processo 
de recuperação tecidual local (DUTTON, 2010; KISNER; COLBY, 2016). 
Figura 8. Trabalho de equilíbrio e propriocepção sendo 
realizado com o bosu durante a sessão de fisioterapia.
Fonte: Adam Gregor/Shutterstock.com.
Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé28
A hidroterapia é utilizada nos casos em que é necessário trabalhar com 
menor carga articular, reduzindo-se o peso do corpo a partir das características 
físicas da água. Dentro da piscina ou do turbilhão, o paciente também pode 
contar com o aquecimento ou resfriamento da água, a fim de gerar efeitos 
vasculares e, assim, reduzir edema e sinais inflamatórios (DUTTON, 2010; 
KISNER; COLBY, 2016). 
Em casos pediátricos e adultos, é comum a presença do pé considerado plano 
ou chato. Essa é uma condição que, para o adulto, pode dificultar a corrida e 
treinos mais intensos; já na criança pode atrasar o seu desenvolvimento motor 
na fase de marcha. Antigamente, era comum a indicação de botas ortopédicas 
(Figura 9) que possuíam o arco rígido do pé e facilitavam a formação desse 
durante seu uso. Atualmente, a indicação é para órteses ou palmilhas, visto 
que apresentam melhor conforto e podem ser mais bem adaptadas ao tamanho 
do pé, ao tipo de pisada, entre outras características do pé. O uso de órteses 
também é indicado para caso de deformidade em pé equino, por exemplo. 
Elas possuem toda a adaptação para tornar a estrutura do pé e o segmento 
mais funcionais do ponto de vista biomecânico (DUTTON, 2010; KISNER; 
COLBY, 2016). 
Figura 9. Botas ortopédicas utilizadas antigamente e palmilhas utilizadas atualmente para 
a correção do arco plantar.
Fonte: Alexander_Safonov/Shutterstock.com.
29Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé
Para o adulto, a presença de dor e estresse articular causados pelo desequi-
líbrio e excesso de carga colocada em estruturas do pé, como a fáscia plantar, 
pode levar até mesmo à parada da atividade física. Esses casos podem ser 
corrigidos ou melhorados mediante a intervenção com exercícios terapêuticos, 
voltados para o fortalecimento do core do pé e músculos intrínsecos. Esses 
treinos melhoram a força, e os treinos de equilíbrio e propriocepção podem 
melhorar as condições cinéticas da pisada e a disposição dos vetores de força. 
Além disso, podem ser adotados dispositivos ortopédicos para melhorar a 
disposição de vetores de força durante a caminhada e a corrida. Podem ser 
utilizados calços para os sapatos, palmilhas ortopédicas, protetores para calo-
sidades, separador de dedos, protetores para joanetes, entre outros (DUTTON, 
2010; KISNER; COLBY, 2016). Além disso, para a prática esportiva ou para 
as atividades diárias, pode ser indicado o uso de palmilhas (Figura 10).
Figura 10. Palmilhas que são acopladas aos sapatos de indivíduos com pés planos, tanto 
para a prática de atividade física quanto para as atividades diárias.
Fonte: Alexander_Safonov/Shutterstock.com.
COOK, C. E.; HEGEDUS, E. J. Testes ortopédicos em fisioterapia. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 
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KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri, 
SP: Manole, 2016.
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PRENTICE, W. E. Fisioterapia na prática esportiva: uma abordagem baseada em compe-
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STARKEY, C. Recursos terapêuticos em fisioterapia. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2001.
31Técnicas fisioterapêuticas para os distúrbios do tornozelo e pé

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