Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

- 1 - 
BENS 
 
 
 
- 2 - 
BENS 
 
 
 
- 3 - 
BENS 
Nota do Autor 
Este livro foi elaborado visando contribuir com os estudos em Direito Civil nas questões relacionadas aos Bens envolvendo 
legislações, doutrinas, jurisprudências, provimentos do Conselho Nacional de Justiça, entre outros, para que haja uma maior 
compreensão sobre os bens jurídicos. 
Agradeço aos acadêmicos pelos mais diversos questionamentos durante as aulas de Direito Civil, pois permitiram um 
aprofundamento da temática que resultou neste livro. 
Espero que todos possam usufruir deste livro, pois procurei desenvolvê-lo com todos os cuidados e dedicação na 
transmissão dos meus conhecimentos. 
 
Ariquemes-RO, 10 de junho de 2022. 
 
 
- 4 - 
BENS 
 
 
 
- 5 - 
BENS 
Abreviações 
ADI Ação Direta de Inconstitucionalidade 
CC/1916 Código Civil de 1916 
CC/2002 Código Civil de 2002 
CNJ Conselho Nacional de Justiça 
CP/1940 Código Penal de 1940 
CRFB/1988 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 
DGE/CGJ-RO Diretrizes Gerais dos Extrajudiciais da Corregedoria Geral da Justiça do Estado de Rondônia 
EI Estatuto do Idoso 
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente 
EPD Estatuto da Pessoa com Deficiência 
LAP Lei de Alienação Parental 
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
LRP Lei de Registros Públicos 
STF Supremo Tribunal Federal 
STJ Superior Tribunal de Justiça 
TRF Tribunal Regional Federal 
CC/1916 Código Civil de 1916 
CC/2002 Código Civil de 2002 
 
 
 
- 6 - 
BENS 
 
 
 
- 7 - 
BENS 
Sumário 
 
1. Notas Introdutórias ........................................................................................................................................ 9 
2. Classificações dos Bens ................................................................................................................................ 11 
2.1. Quanto a materialidade ........................................................................................................................ 11 
2.1.1. Bens corpóreos .................................................................................................................................................... 11 
2.1.2. Bens incorpóreos ................................................................................................................................................. 11 
2.2. Quanto à mobilidade ............................................................................................................................ 11 
2.2.1. Bens imóveis ........................................................................................................................................................ 11 
2.2.2. Bens móveis......................................................................................................................................................... 13 
2.3. Quanto à Fungibilidade ......................................................................................................................... 14 
2.3.1. Bens infungíveis ................................................................................................................................................... 14 
2.3.2. Bens fungíveis ...................................................................................................................................................... 14 
2.4. Quanto à Consuntibilidade ................................................................................................................... 14 
2.4.1. Bens consumíveis ................................................................................................................................................ 15 
2.4.2. Bens inconsumíveis ............................................................................................................................................. 15 
2.4.3. Bens destinados à alienação ................................................................................................................................ 15 
2.5. Quanto à sua Durabilidade ................................................................................................................... 15 
2.5.1. Bens não duráveis ............................................................................................................................................... 15 
2.5.2. Bens duráveis ...................................................................................................................................................... 15 
2.6. Quanto à sua Divisibilidade................................................................................................................... 15 
2.6.1. Bens divisíveis ...................................................................................................................................................... 15 
2.6.2. Bens indivisíveis ................................................................................................................................................... 16 
2.7. Quanto à individualidade ...................................................................................................................... 16 
2.7.1. Bens Singulares .................................................................................................................................................... 16 
2.7.2. Bens Coletivos ..................................................................................................................................................... 16 
2.8. Bens Principais e Bens Acessórios ......................................................................................................... 17 
2.8.1. Bens Principais ..................................................................................................................................................... 17 
2.8.2. Bens Acessórios ................................................................................................................................................... 17 
2.8.3. Pertenças ............................................................................................................................................................. 19 
2.8.4. Partes integrantes ............................................................................................................................................... 19 
2.8.5. Coisa Ajudante..................................................................................................................................................... 20 
2.9. Quanto a titularidade do domínio ......................................................................................................... 21 
2.9.1. Bens privados ...................................................................................................................................................... 21 
2.9.2. Bens públicos ....................................................................................................................................................... 21 
3. Bens de Família ............................................................................................................................................ 26 
3.1. Bem de Família Voluntário .................................................................................................................... 26 
3.1.1. Os Bens ................................................................................................................................................................ 26 
3.1.2. Efeitos do Bem de Família ................................................................................................................................... 26 
3.1.3. Administração dos Bens ...................................................................................................................................... 27 
3.1.4. Instituição ............................................................................................................................................................27 
 
 
- 8 - 
BENS 
3.1.5. Extinção do bem de família ................................................................................................................................. 27 
3.2. Bem de Família Legal ............................................................................................................................ 27 
3.3. Impenhorabilidade ............................................................................................................................... 28 
3.4. Bens Gravados com Cláusula de Inalienabilidade .................................................................................. 29 
4. Coisas fora do Comércio ............................................................................................................................... 32 
5. Coisas sem dono .......................................................................................................................................... 34 
5.1. Bens de natureza arqueológica ou pré-histórica .................................................................................... 34 
6. Bens Abandonados ...................................................................................................................................... 36 
7. Bens Perdidos .............................................................................................................................................. 38 
8. Bem Ambiental ............................................................................................................................................ 40 
9. Animais ........................................................................................................................................................ 42 
9.1. Animais no Direito de Família ............................................................................................................... 42 
9.2. Projetos de Lei ...................................................................................................................................... 42 
9. Índice ........................................................................................................................................................... 44 
10. Referências ................................................................................................................................................ 46 
 
 
 
- 9 - 
BENS 
1. Notas Introdutórias 
O Direito regula as relações sociais e protege tudo o que 
for de interesse da sociedade, sendo esse "tudo" o que 
conhecemos por objeto do Direito, base sobre a qual se 
desenvolvem as condutas humanas. Assim, surge o conceito 
de bens, que são coisas materiais ou imateriais com valor 
econômico ou jurídico, que podem ser objeto de uma relação 
jurídica. 
O Código Civil não define bens, pode-se compreender 
bem como objetos tangíveis (coisas) ou ideias (bens imateriais) 
que tenham utilidade para as pessoas, além de poder ser 
objetos de relações jurídicas. 
A doutrina faz uma distinção entre coisas e bens, sendo 
a coisa tudo que existe objetivamente excluindo o homem, 
enquanto os bens são coisas, porém suscetíveis de 
apropriação e tem um valor econômico. Dessa forma, coisa 
constitui gênero e o bem a espécie - coisa que proporciona ao 
homem uma utilidade sendo suscetível de apropriação. Todos 
os bens são coisas; porém nem todas as coisas são bens. 
 
 
 
Há muitas divergências doutrinárias sobre as diferenças 
entre bens e coisas. No entanto, parece mais adequado 
adotarmos o entendimento de que coisa é gênero da qual bem 
é espécie: coisa é o que proporciona ao homem uma utilidade, 
sendo suscetível de apropriação, e bem são coisas com 
interesse econômico ou jurídico. 
Conceituação de Bens 
Definição Autor(es) 
É tudo que nos agrada 
Caio Mário 
da Silva 
Pereira 
São coisas que, por serem úteis e 
raras, são suscetíveis de apropriação 
e contêm valor econômico 
Silvio 
Rodrigues 
Conceituação de Coisas 
Definição Autor(es) 
São materiais e concretas, enquanto 
que se reserva para designar 
imateriais ou abstratos o nome bens, 
em sentido estrito 
Caio Mário 
da Silva 
Pereira 
É tudo que existe objetivamente, com 
exclusão do homem 
Silvio 
Rodrigues 
Compreendido a visão sobre bens e coisas, tem-se a 
percepção dos seres vivos. Quanto aos animais, são 
enquadrados atualmente como coisas dentro do Direito 
Brasileiro. Todavia, há uma tendência em se sustentar que são 
sujeitos de direito e não devem ser tratados como coisas, mas 
até como um terceiro gênero, assim como já ocorrem em 
outros países como Alemanha e Suíça, entre outros, que dá 
aos animais um tratamento diferente das coisas, remetendo a 
uma legislação específica. O tema está aprofundado no 
capítulo 9 desta obra. 
A importância dos bens está além de uma relação 
material, pois como se extraí da Teoria do Patrimônio Mínimo 
devem ser assegurados um mínimo de direitos patrimoniais 
para que as pessoas possam viver com dignidade. Esta Teoria 
pode ser observada, por exemplo, no Código Civil quando “é 
nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda 
suficiente para a subsistência do doador” (art. 548 do 
CC/2002) ou “o incapaz responde pelos prejuízos que causar, 
se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de 
fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes” (art. 928 do 
CC/2002). 
Coisas
Bens
 
 
- 10 - 
BENS 
 
 
 
- 11 - 
BENS 
2. Classificações dos Bens
O Código Civil de 2002 apresenta algumas classificações 
entre os artigos 79 a 103, apresenta a classificação dos bens 
em três grandes grupos, que são subdivididos em categorias, 
são eles: Bens considerados em si mesmos (podem ser móveis 
e imóveis; fungíveis e infungíveis; consumíveis e 
inconsumíveis; divisíveis e indivisíveis; singulares e coletivos); 
Bens reciprocamente considerados (podem ser principais e 
acessórios); e Bens em relação a seus titulares (podem ser 
públicos e privados). Porém outras são apresentadas pela 
doutrina. 
2.1. Quanto a materialidade 
Esta classificação não está prevista em lei, porém está 
presente ao longo do ordenamento jurídico. 
Na prática, os bens corpóreos são objetos de contrato 
de compra e venda, enquanto os bens incorpóreos são objetos 
de contratos de cessão (transferência a outrem). Mas ambos 
podem integrar o patrimônio de uma pessoa. 
2.1.1. Bens corpóreos 
Os bens corpóreos, também são conhecidos como 
materiais, tangíveis ou concretos, são aqueles que possuem 
existência física, ou seja, existência material, podendo ser 
tocados. 
Exemplo 
Terrenos, edificações, joias, veículos, dinheiro, livros etc. 
2.1.2. Bens incorpóreos 
Os bens incorpóreos, também conhecidos imateriais, 
intangíveis ou abstratos, são aqueles não existem fisicamente 
(possuem apenas existência abstrata). 
Exemplo 
Programas de computador (software), concessões obtidas para a 
exploração de serviços públicos, fundo de comércio (ponto 
comercial), etc. 
Ainda dentro desta classificação “os perfis em redes 
sociais, quando explorados com finalidade empresarial, 
podem se caracterizar como elemento imaterial do 
estabelecimento empresarial” (Enunciado nº 95 da III Jornada 
de Direito Comercial do CJF/STJ). 
O Código Penal brasileiro, por exemplo, traz tipos 
próprios para atos ilícitos praticados contra a propriedade 
imaterial (bens incorpóreos), como a violação de direito 
autoral (art. 184), além de haver expressa disciplina de outros 
crimes contra a propriedade intelectual (patentes, desenhos 
industriais, marcas etc.) na Lei nº 9.279/1996, que regula 
direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. 
A condição de incorpóreo não pode ser confundida com 
a materialidade dos títulos de crédito que servem de suporte 
para a demonstração um direito. 
2.2. Quanto à mobilidade 
Os bens móveis estão classificados nos artigos 79 a 81 
do Código Civil enquanto os bens imóveis do 82 a 84. Porém a 
doutrina aprimorou esta classificação. 
A distinçãolegal tem especial importância prática, pois 
a alienação de bens imóveis reveste-se de formalidades não 
exigidas para os móveis. A exemplo do inciso I do art. 1.647 do 
CC/2002 em que nenhum dos cônjuges pode, sem autorização 
do outro, exceto no regime da separação absoluta, alienar ou 
gravar de ônus real os bens imóveis. 
2.2.1. Bens imóveis 
O Código Civil de 2002 considera que “são bens imóveis 
o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou 
artificialmente” (art. 79 do CC/2002), ainda “consideram-se 
imóveis para os efeitos legais” (art. 80 do CC/2002): “os 
direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram” (art. 
80, I do CC/2002) e “o direito à sucessão aberta” (art. 80, II do 
CC/2002). 
Da mesma forma, que “não perdem o caráter de 
imóveis” (art. 81 do CC/2002): “as edificações que, separadas 
do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas 
para outro local” (art. 81, I do CC/2002) e “os materiais 
provisoriamente separados de um prédio, para nele se 
reempregarem” (art. 81, II do CC/2002). 
Os bens imóveis não podem ser removidos ou 
transportados de um lugar para o outro sem que haja 
alteração em sua substância ou da destinação econômico-
social, uma vez que “são móveis os bens suscetíveis de 
movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem 
 
 
- 12 - 
BENS 
alteração da substância ou da destinação econômico-social” 
(art. 82 do CC/2002). 
Ocorre que com avanço da engenharia e da ciência em 
geral esse conceito perdeu parte de sua força. Atualmente há 
modalidades de imóveis que não se amoldam perfeitamente a 
este conceito (ex: edificações que, separadas do solo, 
conservam sua unidade, podendo ser removida para outro 
local - arts. 81, I e 83, CC/2002). 
O Código anterior definia que “são bens imóveis” (art. 
43 do CC/1916): “o solo com a sua superficie, os seus 
accessorios e adjacencias naturaes, comprehendendo as 
arvores, etc e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo” 
(art. 43°, I do CC/1916), “tudo quanto o homem incorporar 
permanentemente ao solo, como a semente lançada à terra, 
os edifícios e construções, de modo que se não possa retirar 
sem destruição, modificação, fratura, ou dano” (art. 43°, II do 
CC/1916) e “tudo quanto no imóvel o proprietário mantiver 
intencionalmente empregado em sua exploração industrial, 
aformoseamento, ou comodidade” (art. 43, III do CC/1916). 
Ainda “consideram-se imóveis para os efeitos legais (art. 44 do 
CC/1916): “os direitos reais sobre imóveis, inclusive o penhor 
agrícola, e as ações que os asseguram” (art. 44°, I do CC/1916), 
“as apólices da dívida pública oneradas com cláusula de 
inalienabilidade” (art. 44, II do CC/1916) e “o direito à sucessão 
aberta” (art. 44, III do CC/1916). No qual “os bens de que trata 
o art. 43, n. III, podem ser, em qualquer tempo, mobilizados” 
(art. 45 do CC/1916), porém “não perdem o caráter de imóveis 
os materiais provisoriamente separados de um prédio, para 
nele mesmo se reempregarem” (art. 46 do CC/1916). 
Os bens imóveis podem ser divididos em: imóveis por 
sua própria natureza (ou essência) e imóveis por acessão física, 
industrial ou artificial. 
2.2.1.1. Bens imóveis por sua própria natureza 
Os bens imóveis por sua própria natureza ou essência é 
o solo (terreno) e tudo quanto se lhe incorporar naturalmente 
(árvores, frutos pendentes etc.), mais adjacências (espaço 
aéreo e subsolo), legalmente “são móveis os bens suscetíveis 
de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem 
alteração da substância ou da destinação econômico-social” 
(art. 82 do CC/2002). 
As árvores destinadas ao corte, utilizadas pela indústria 
madeireira, são consideradas bens móveis por antecipação 
2.2.1.2. Bens imóveis por acessão física, industrial ou 
artificial 
Os bens imóveis por acessão física, industrial ou artificial 
é tudo que o homem incorporar permanentemente ao solo, 
não podendo removê-lo sem gerar a destruição, a sua 
modificação ou gerar danos. Também são considerados bens 
imóveis, os bens móveis incorporados ao solo por ação 
humana. 
 
Exemplo 
Um caminhão de tijolos, cimento, caibros, etc. São bens móveis. 
Quando se realiza uma construção, sendo incorporados 
ao solo pela aderência física, passam a ser imóveis, pois não 
podem ser retirados sem causar dano à construção onde 
estão. 
Não perdem o caráter de imóvel (art. 81 do CC/2002), 
as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua 
unidade, forem removidas para outro local (ex: “casa pré-
fabricada” transportada de uma localidade para outra) e os 
materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele 
se reempregarem (telhas retiradas de uma casa para reforma 
do telhado, sendo reempregado posteriormente). 
2.2.1.3. Bens imóveis por acessão intelectual 
Os bens imóveis por acessão intelectual ou destinação 
do proprietário são os bens móveis que aderem 
intencionalmente a um bem imóvel pela vontade do 
proprietário, para exploração industrial, aformoseamento ou 
comodidade, constituindo uma ficção jurídica. 
Exemplo 
Um trator destinado a uma melhor exploração de propriedade 
agrícola, máquinas de uma fábrica têxtil, para aumentar a 
produtividade da empresa, veículos, animais e até objetos de 
decoração de uma residência. 
Seguindo a doutrina moderna, o Código qualifica estes 
bens como pertenças, onde a coisa deve ser colocada a serviço 
do imóvel e não da pessoa, constituindo, portanto, a categoria 
de bens acessórios, nesse sentido há os doutrinadores Maria 
Helena Diniz, Flávio Tartuce, Álvaro Villaça Azevedo. Anote-se 
que há julgados que admitem tal entendimento: 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. ALIENAÇÃO 
FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. DECRETO-LEI N. 911/69. CONTRATO DE 
ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA CORRENTE. PESSOA JURÍDICA. 
TESES DE OCORRÊNCIA DE SIMULAÇÃO, NOVAÇÃO E DA AUSÊNCIA 
DE LIBERAÇÃO DE RECURSOS RECHAÇADA. JUROS 
REMUNERATÓRIOS. ABUSIVIDADE NÃO CONSTATADA. MORA 
CARACTERIZADA. BEM DADO EM GARANTIA JÁ PERTENCENTE AO 
PATRIMÔNIO DO DEVEDOR. POSSIBILIDADE. SÚMULA 28 DO STJ. 
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BEM IMÓVEL POR ACESSÃO 
INTELECTUAL. VIABILIDADE. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA MANTIDA. 
RECURSO DESPROVIDO. 
TJ-SC - AC: 501022 SC 2007.050102-2, Relator: Ricardo Fontes, Data 
de Julgamento: 04/04/2008, Primeira Câmara de Direito Comercial, 
Data de Publicação: Apelação Cível n. , de Pomerode 
Vale citar que “não persiste no novo sistema legislativo 
a categoria dos bens imóveis por acessão intelectual, não 
obstante a expressão ‘tudo quanto se lhe incorporar natural 
ou artificialmente’, constante da parte final do art. 79 do 
Código Civil” (Enunciado nº 11 da I Jornada de Direito Civil do 
CJF/STJ). 
2.1.1.1. Bens imóveis por disposição legal 
Os bens que são considerados imóveis pois o legislador 
assim resolveu enquadrá-los (art. 80 do CC/2002), possibilita, 
como regra, receber maior segurança e proteção jurídica nas 
 
 
- 13 - 
BENS 
relações que os envolve. Trata-se, também, de uma ficção 
jurídica1. 
São bens imóveis por disposição legal: 
- Direito à sucessão aberta, 
- Direitos reais sobre os imóveis, Penhor agrícola e as 
ações que o asseguram, jazidas e as quedas d’água com 
aproveitamento para energia hidráulica são consideradas 
bens distintos do solo onde se encontram (arts. 20, inciso IX e 
176, CRFB/88). 
2.2.2. Bens móveis 
Os móveis são divididos em três categorias distintas: por 
natureza; por antecipação; e por determinação da lei. Os 
móveis por natureza são os bens que se movimentam por 
força própria (chamados de semoventes, como os animais) ou 
alheia; por antecipação são os bens incorporados ao solo, mas 
que se destinam à separação, como uma árvore que se tornará 
lenha; os móveis por determinação legal são por vontade do 
legislador. 
São aqueles que podem ser removidos ou 
transportados, de um lugar para outro, por força própria ou 
alheia, sem que haja a alteração da substância ou da 
destinação econômico-social (art. 82 do CC/2002). 
 
 
2.2.2.1. Bens móveis por natureza 
São os bensque podem ser transportados de um local 
para outro sem a sua destruição por força alheia, ou que 
possuem movimento próprio. No qual força alheia são os bens 
móveis propriamente ditos - carro, cadeira, livro etc., 
enquanto força própria (suscetíveis de movimento próprio) 
são os semoventes, ou seja, os animais2 de uma forma geral 
(bois, cavalos, carneiros etc.). 
Os semoventes são os bens que se movem de um lugar 
para outro, por movimento próprio, como é o caso, seguindo 
entendimento tradicional, dos animais. Vale destacar, porém, 
que há forte tendência a dar aos animais um status 
diferenciado, não mais os identificando como “coisas”, 
 
1 Ficção jurídica: conceito criado pela doutrina, para explicar casos que 
aparentemente são contrários a lei, porém precisam de soluções que 
satisfaçam a sociedade. 
2 Registre-se que está tramitando no Congresso Nacional o Projeto de Lei do 
Senado nº 3670/2015, dispondo expressamente que os animais não são 
embora não se lhes seja firmemente reconhecida ainda a 
condição de sujeitos de direitos. Com efeito, no julgamento do 
REsp 1713167/SP, decidiu a 4.ª Turma do Superior Tribunal de 
Justiça, por maioria, seguindo o voto do Ministro Relator Luis 
Felipe Salomão, garantir o direito de um homem a visitar sua 
cadela, que ficou com a ex-companheira na separação. Trata-
se de uma demanda que não deve ser mais interpretada como 
uma futilidade, mas sim como reflexo de uma nova sociedade, 
que cada vez mais valoriza o convívio com os animais. 
“Os materiais destinados a alguma construção, 
enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade 
de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da 
demolição de algum prédio” (art. 84 do CC/2002), assim os 
bens materiais destinados a uma construção, enquanto não 
empregados, conservam a sua mobilidade sendo, por isso, 
denominados bens móveis propriamente ditos. 
2.2.2.2. Bens móveis por antecipação 
São os bens que por vontade humana pode mobilizar 
bens imóveis em função da sua finalidade econômica. 
Exemplo 
Uma árvore é um bem imóvel; no entanto se ela pode ser plantada 
especialmente para corte futuro (fábrica de papel, transformação 
em lenha etc.). 
Portanto, embora imóvel tem como finalidade final, ser 
um bem móvel. Assim, mesmo que temporariamente imóvel 
isto não lhe retira o seu caráter de bem móvel, em razão de 
sua finalidade. Outros exemplos: Os frutos de um pomar que 
ainda estão no pé, mas destinados à venda (safra futura); 
pedras e metais aderentes ao imóvel etc. 
O que se percebe, é que há uma situação oposta à 
imobilização por acessão física industrial. A segunda parte do 
art. 84 do CC/2002 dispõe que, no caso de demolição, os bens 
imóveis podem ser mobilizados, ocorrendo a antecipação. 
2.2.2.3. Bens móveis por determinação legal 
Por vontade do legislador, “consideram-se móveis para 
os efeitos legais” (art. 83 do CC/2002): “as energias que 
tenham valor econômico” (art. 83, I do CC/2002), “os direitos 
reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes” (art. 
83, II do CC/2002) e “os direitos pessoais de caráter 
patrimonial e respectivas ações” (art. 83, III do CC/2002). 
As energias que tenham valor econômico: a energia 
elétrica, embora não seja um bem corpóreo, é considerada 
pela lei como sendo um bem móvel. Observem que o art. 155, 
§3° do Código Penal também a equipara com um bem móvel, 
podendo ser objeto do crime de furto. 
Direitos reais sobre bens móveis e as ações 
correspondentes: ex.: direito de propriedade e de usufruto 
coisas, o que vai ao encontro de anseios também manifestados em outros 
países. Trata-se de uma demanda que não deve ser mais interpretada como 
uma futilidade, mas, sim, como um reflexo de uma nova sociedade, que cada 
vez mais valoriza o convívio com os animais. 
Bens Móveis
Por natureza
Por antecipação
Por determinação 
legal
 
 
- 14 - 
BENS 
sobre bens móveis etc. 
Direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas 
ações. 
Direitos autorais, propriedade industrial (direitos 
oriundos do poder de criação e invenção da pessoa), quotas e 
ações de capital em sociedades etc. 
Cabe esclarecer que os navios e aeronaves são bens 
móveis especiais ou sui generis. Apesar de serem móveis pela 
natureza ou essência, são tratados pela lei como imóveis, 
necessitando de registro especial e admitindo hipoteca. 
Justamente porque pode recair também sobre navios e aviões, 
pelo seu caráter acessório e pelo princípio de que o acessório 
deve seguir o principal, a hipoteca, direito real de garantia, 
pode ser bem móvel ou imóvel. 
No Código Civil anterior estava previsto que “são móveis 
os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por 
força alheia” (art. 47 do CC/1916), ainda “consideram-se 
móveis para os efeitos legais” (art. 48 do CC/1916): “os direitos 
reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes” (art. 
48°, I do CC/1916), “os direitos de obrigação e as ações 
respectivas” (art. 48°, II do CC/1916) e “os direitos de autor” 
(art. 48°, III do CC/1916). Sendo que “os materiais destinados 
a alguma construção, enquanto não forem empregados, 
conservam a sua qualidade de móveis, readquirem, em vem 
de readquirindo essa qualidade os provenientes da demolição 
de algum prédio” (art. 49 do CC/1916). 
2.3. Quanto à Fungibilidade 
Os bens fungíveis e infungíveis estão previstos no artigo 
85 do Código Civil. 
O atributo da fungibilidade, em geral, decorre da 
natureza do bem, mas nem sempre é assim. A vontade das 
partes poderá, por exemplo, tornar um bem essencialmente 
fungível em bem infungível. Como exemplo o caso do 
empréstimo gratuito de uma cesta de frutas apenas para a 
ornamentação de uma mesa, de modo que o bem deverá ser 
devolvido ao final da celebração, não se admitindo seja 
substituído por outro, trata-se portando do comodato ad 
pompam. 
A fungibilização também pode decorrer do valor 
histórico de um determinado bem. Por exemplo, um vaso da 
dinastia Ming é, hoje, sem dúvida, um bem infungível 
enquanto registro de uma época remota, mas, em seu próprio 
tempo, nada mais era do que um utensílio doméstico 
perfeitamente substituível. 
A distinção é de grande importância prática, pois haverá 
casos que as questões jurídicas no direito contratual uma vez 
que em razão da fungibilidade os contratos de mútuo e 
comodato que têm como elemento diferenciador justamente 
a natureza do bem fungível ou infungível, respectivamente, 
desta relação de empréstimo. No direito obrigacional, o credor 
de coisa infungível não pode ser obrigado a receber outra 
coisa, ainda que mais valiosa, segundo enuncia o art. 313 do 
Código Civil. Também relacionada com as obrigações, é 
pertinente lembrar que a compensação, forma de pagamento 
indireto, efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas 
fungíveis (art. 369 do CC/2002). 
O Código Civil anterior previa que “são fungíveis os 
móveis que podem, e não fungíveis os que não podem 
substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e 
quantidade” (art. 50 do CC/1916). 
2.3.1. Bens infungíveis 
São os bens que possuem alguma característica 
especial, que os tornam distintos dos demais, não podendo ser 
substituídos por outros, mesmo que da mesma espécie, 
qualidade e quantidade. São bens considerados em sua 
específica individualidade, pois, de alguma forma, estão 
devidamente personalizados ou individualizados. 
Exemplo 
Imóveis de uma forma geral, veículos, um quadro famoso etc. 
Os veículos são bens infungíveis, característica que 
também pode estar relacionada com os bens móveis, eis que 
todos os automóveis são identificados pelo número do chassi. 
Além disso, justifica-se o fato de que os veículos são bens 
complexos, com características próprias, a fundar a sua 
infungibilidade, para fins contratuais, por exemplo. 
Todos os bens imóveis são personalizados, eis que 
possuem registro, daí serem infungíveis. 
2.3.2. Bens fungíveis 
“São fungíveis os móveis que podem substituir-se por 
outros da mesma espécie, qualidade e quantidade”(art. 85 do 
CC/2002), como gado, peças de máquinas e cereais; bens 
infungíveis são os corpos certos, que não podem ser 
substituídos por outros do mesmo gênero, qualidade ou 
quantidade, como uma obra de arte, por exemplo. 
São os bens que se contam, se medem ou se pesam e 
não se consideram objetivamente como individualidades. 
Exemplo 
Uma saca de arroz, uma resma de papel, gêneros alimentícios de 
uma forma geral, dinheiro. 
2.4. Quanto à Consuntibilidade 
Os bens consumíveis ou inconsumíveis estão previstos 
no artigo 86 do Código Civil. Assim, a consuntibilidade pode 
ser de fato, como os alimentos, ou de direito, como o dinheiro. 
Podem ser consumíveis de direito as mercadorias de um 
estoque, que, ao serem adquiridas pelo consumidor, passam a 
ser inconsumíveis, ou seja, permitem o uso continuado sem 
que se verifique sua destruição total ou parcial. 
Há certos direitos que não podem recair sobre bens 
consumíveis, como o direito real de usufruto. Se tal ocorrer, 
surge a figura do chamado usufruto impróprio ou quase 
usufruto. 
 
 
- 15 - 
BENS 
Nada impede seja considerado inconsumível, pela 
vontade das partes, um determinado bem naturalmente 
consumível: uma garrafa rara de licor, apenas exposta à 
apreciação pública. 
Não se pode confundir a fungibilidade com a 
consuntibilidade física ou fática, apesar do tratamento 
conjunto na Parte Geral do Código Civil de 2002. Ilustrando, 
um bem pode ser consumível e ao mesmo tempo infungível, 
caso da última garrafa de uma bebida famosa. O bem também 
pode ser inconsumível e fungível, caso de uma ferramenta ou 
de um talher. 
O Código de Defesa do Consumidor, no seu art. 26, traz 
classificação muito próxima da relacionada com a 
consuntibilidade física ou fática, porém são classificações 
distintas. Pela Lei nº 8.078/1990, os produtos ou bens podem 
ser classificados em duráveis e não duráveis. Os bens duráveis 
são aqueles que não desaparecem facilmente com o consumo, 
enquanto os não duráveis não têm permanência com o uso. 
Os prazos para reclamação de vícios decorrentes de tais 
produtos são de 90 e 30 dias, respectivamente, contados da 
tradição ou entrega efetiva da coisa (quando o vício for 
aparente) e do conhecimento do problema (quando o vício for 
oculto). 
2.4.1. Bens consumíveis 
“São consumíveis os bens móveis cujo uso importa 
destruição imediata da própria substância, sendo também 
considerados tais os destinados à alienação” (art. 86 do 
CC/2002). 
A consuntibilidade física é um atributo dos bens cujo 
uso importa na destruição imediata da própria coisa. 
Exemplo 
Gêneros alimentícios, bebidas, lenha, cigarro, giz, 
dinheiro, gasolina, etc. 
No Código Civil anterior estava previsto que “são 
consumíveis os bens móveis, cujo uso importa destruição 
imediata da própria substância, sendo também considerados 
tais os destinados a alienação” (art. 51 do CC/1916). 
2.4.2. Bens inconsumíveis 
São os que permitem reiterados usos sem refletir na sua 
destruição imediata (inconsuntibilidade física), sendo a sua 
destruição em decorrência do perecimento progressivo e 
natural. 
Exemplo 
Roupas de uma forma geral, automóvel, casa, etc., 
ainda que haja possibilidade de sua destruição em decorrência 
do tempo. 
Também são bens inconsumíveis, os inalienáveis 
(inconsuntibilidade jurídica). 
2.4.3. Bens destinados à alienação 
Como um aparelho celular vendido em uma loja 
especializada, adquirem, por força de lei, a natureza de 
consumíveis. Por outro lado, nada impede seja considerado 
inconsumível, pela vontade das partes, um determinado bem 
naturalmente consumível: uma garrafa rara de licor, apenas 
exposta à apreciação pública. 
2.5. Quanto à sua Durabilidade 
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor “o 
direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil 
constatação caduca em” (art. 26 do CDC) “trinta dias, 
tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não 
duráveis” (art. 26, I do CDC), e em “noventa dias, tratando-se 
de fornecimento de serviço e de produtos duráveis” (art. 26, II 
do CDC). 
2.5.1. Bens não duráveis 
Os bens não duráveis são feitos para serem consumidos 
imediatamente. 
Exemplo 
Sorvete de casquinha. 
2.5.2. Bens duráveis 
São aqueles que podem ser utilizados repetidas vezes, 
por um determinado período. 
Exemplo 
Máquina de lavar. 
2.6. Quanto à sua Divisibilidade 
Os bens divisíveis e indivisíveis estão previstos nos 
artigos 87 e 88 do Código Civil, de modo que a indivisibilidade 
pode decorrer da natureza do bem, como uma casa, por 
exemplo, por outro lado há a indivisibilidade jurídica ou legal, 
que se dá com a imposição da lei, como no caso da herança, e 
a indivisibilidade convencional, na qual as partes de 
determinado negócio concordam que certa coisa será 
indivisível. 
2.6.1. Bens divisíveis 
Os “bens divisíveis são os que se podem fracionar sem 
alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, 
ou prejuízo do uso a que se destinam” (art. 87 do CC/2002), 
portanto podem se fracionar em porções reais e distintas, 
formando cada qual um todo perfeito, sem alteração em sua 
substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do 
uso a que se destinam. 
Exemplo 
Uma folha de papel, uma quantidade de arroz, milho, etc. Se 
repartirmos uma saca de arroz, cada metade conservará as mesmas 
qualidades do produto. 
Definia o Código Civil anterior que “coisas divisíveis são 
as que se podem partir em porções reais e distintas, formando 
cada qual um todo perfeito” (art. 52 do CC/1916). 
 
 
- 16 - 
BENS 
2.6.2. Bens indivisíveis 
São os bens que não podem ser fracionados em 
porções, pois deixariam de formar um todo perfeito. Ex.: uma 
joia, um anel, um par de sapatos etc. 
Definia o Código Civil anterior que “são indivisíveis” (art. 
53 do CC/1916): “os bens que se não podem partir sem 
alteração na sua substância” (art. 53°, I do CC/1916) e “os que, 
embora naturalmente divisíveis, se consideram indivisíveis por 
lei, ou vontade das partes” (art. 53°, II do CC/1916). 
No entanto a indivisibilidade pode ser subdividida em: 
2.6.2.1. Bens indivisíveis por sua própria natureza 
Exemplo 
Um cavalo, um relógio, um quadro etc. 
2.6.2.2. Bens indivisíveis por determinação legal ou 
judicial 
Alguns bens poderiam ser divididos fisicamente, porém 
é a lei que os torna indivisíveis. 
Exemplo 
A herança (artigo 1. 791 do CC/2002); o módulo rural (art. 65 do 
Estatuto da Terra); os lotes urbanos, a hipoteca, etc. 
2.6.2.3. Bens indivisíveis por convenção 
“Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se 
indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes” 
(art. 88 do CC/2002), assim um bem fisicamente é divisível 
pode se tornar indivisível por força da autonomia privada. 
Exemplo 
Entregar 100 sacas de café. Em tese é uma obrigação divisível (eu 
poderia entregar 50 sacas hoje e 50 na semana que vem). Mas pode 
ser pactuado no contrato a indivisibilidade da prestação: ou seja, 
todas as 100 sacas devem ser entregues hoje. 
2.7. Quanto à individualidade 
Os bens singulares e coletivos, previstos nos artigos 89 
a 91 do Código Civil, diferem-se em virtude da união dos 
elementos que os caracterizam, assim os bens singulares são 
aqueles que, embora reunidos, podem ser considerados 
independentes dos demais, enquanto os bens coletivos são os 
que se encontram agregados em um todo: os bens coletivos 
são constituídos por várias coisas singulares, consideradas em 
conjunto e formando um todo individualizado. 
No Código Civil anterior “as coisas simples ou 
compostas, materiais ou imateriais, são singulares ou 
coletivas” (art. 54 do CC/1916): “singulares, quando, embora 
reunidas, se consideram por si, independentemente das 
demais” (art. 54°, I do CC/1916) e “coletivas, ou universais, 
quando se encaram agregadas em todo” (art. 54°, II do 
CC/1916). De modo que “nas coisas coletivas, em 
desaparecendo todos os indivíduos, menos um, se tem por 
extinta a coletividade” (art. 55 do CC/1916) e “na coletividade,fica sub-rogado ao indivíduo o respectivo valor, e vice-versa”. 
(art. 56 do CC/1916). Nota-se que “o patrimônio e a herança 
constituem coisas universais, ou universalidade, e como tais 
subsistem, embora não constem de objetos materiais” (art. 57 
do CC/1916). 
2.7.1. Bens Singulares 
“São singulares os bens que, embora reunidos, se 
consideram de per si, independentemente dos demais” (art. 
89 do CC/2002). Os bens singulares também são conhecidos 
como bens individuais. 
Exemplo 
Um cavalo, uma casa, um carro, uma joia, um livro etc. 
Os doutrinadores Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona Filho 
apontam uma divisão a esta classificação no qual podem ser 
simples, quando as suas partes componentes se encontram 
ligadas naturalmente (uma árvore, um cavalo), ou compostos, 
quando a coesão de seus componentes decorre do engenho 
humano (um avião, um relógio). Para a sua caracterização, 
portanto, deve-se levar em conta o bem em relação a si 
mesmo. 
2.7.2. Bens Coletivos 
O bem coletivo ou universal “constitui universalidade de 
fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à 
mesma pessoa, tenham destinação unitária” (art. 90 do 
CC/2002), ou seja são os bens que se encontram agregados em 
um todo, tratados como uma universalidade. 
Esta universalidade é a pluralidade de bens singulares 
autônomos que, embora ainda conservem sua identidade, são 
consideradas em seu conjunto, formando um todo único 
(universitas rerum), passando a ter individualidade própria, 
distinta da dos seus objetos componentes, formando um todo 
homogêneo, tratando-se de um gênero que tem como 
espécies: de fato ou de direito. 
Não há necessidade de que os bens pertençam à mesma 
pessoa, conforme entendimento extraído no enunciado em 
que "a pertinência subjetiva não constitui requisito 
fundamental para a configuração das universalidades de fato 
e de direito” (Enunciado nº 288 da IV Jornada de Direito Civil 
do CJF/STJ). 
2.7.2.1. Universalidade de Fato nos bens coletivos 
É um conjunto de bens singulares, corpóreos e 
homogêneos, agrupados pela vontade humana. 
Exemplo 
Biblioteca (livros), pinacoteca (quadros), rebanho (bovino, ovino, 
suíno, caprino etc.) 
Embora apresentado o enunciado nº 288, há um 
entendimento doutrinário que devem pertencer à mesma 
pessoa e ter destinação unitária (fim específico) para 
caracterizar universalidade de fato, pois se o bem não 
pertencer à mesma pessoa não haverá o caráter homogêneo 
 
 
- 17 - 
BENS 
exigido para a universalidade fática. Este é o entendimento 
Flávio Taruce, Maria Helena Diniz, Gustavo Tepedino, Heloísa 
Helena Barboza e Maria Celina Bodin de Moraes. 
2.7.2.2. Universalidade de Direito nos bens coletivos 
“Constitui universalidade de direito o complexo de 
relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor 
econômico” (art. 91 do CC/2002) que a ordem jurídica atribui 
caráter unitário. 
Exemplo 
O patrimônio; a herança (ou espólio), a massa falida etc. 
A cerca do patrimônio, doutrinadores como Cristiano 
Chaves de Farias e Nelson Rosenvald consideram como um 
bem coletivo. 
Importante citar que “os bens que formam essa 
universalidade podem ser objeto de relações jurídicas 
próprias” (art. 90, parágrafo único do CC/2002). 
2.8. Bens Principais e Bens 
Acessórios 
Os bens reciprocamente considerados estão definidos 
nos artigos 92 a 97 do Código Civil. Esta forma de classificação 
é feita a partir de uma comparação entre os bens. 
Quanto aos bens reciprocamente considerados, há os 
bens principais e os bens acessórios. Os bens acessórios 
sempre acompanham o bem principal e se dividem em frutos, 
produtos e pertenças. 
2.8.1. Bens Principais 
O bem “principal é o bem que existe sobre si, abstrata 
ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a 
do principal” (art. 92 do CC/2002), ou seja, 
independentemente de outros exercem função e finalidades 
autônomas. 
Exemplo 
O solo, um crédito, uma joia etc. 
Constava no Código anterior que bem “principal é a 
coisa que existe sobre si, abstrata ou concretamente. 
Acessória, aquela cuja existência supõe a da principal” (art. 58 
do CC/1916). 
2.8.2. Bens Acessórios 
Os bens acessórios ou dependentes são os bens cuja 
existência pressupõe a existência de outro bem; sua existência 
e finalidade dependem de um bem principal, como ocorre com 
um fruto em relação à árvore, uma árvore em relação ao solo, 
um prédio em relação ao solo, os juros etc. 
Cuida-se para a aplicação do princípio da gravitação 
jurídica, pois “os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem 
principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário 
resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das 
circunstâncias do caso” (art. 94 do CC/2002). Assim o bem 
acessório segue o principal (acessorium sequitur suum 
principale), salvo disposição especial em contrário. É 
interessante esclarecer que esta regra não está mais explícita 
no atual Código Civil, no entanto a doutrina é unânime em 
considerar que ela ainda prevalece em nosso direito. Por essa 
razão, quem for o proprietário do principal, em regra, será 
também o do acessório. Tal regra estava prevista Código Civil 
anterior no qual “salvo disposição especial em contrário, a 
coisa acessória segue a principal” (art. 59 do CC/1916). 
Outro efeito desta relação, “a obrigação de dar coisa 
certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, 
salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do 
caso” (art. 233 do CC/2002), portanto trata-se do princípio da 
gravitação jurídica no direito obrigacional. 
Os bens acessórios, embora sempre acompanhem os 
bens principais, nem sempre estão a eles vinculados, de 
acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça. É 
o que ocorre com as benfeitorias voluptuárias em uma compra 
e venda, por exemplo: podem ser retiradas do bem imóvel 
sem prejuízo à sua substância. 
São bens acessórios: frutos e produtos. 
No CC/2016 havia um detalhamento sobre os acessórios 
de modo que “entram na classe das coisas acessórias os frutos, 
produtos e rendimentos” (art. 60 do CC/1916). Ainda “são 
acessórios do solo” (art. 61 do CC/1916): “os produtos 
orgânicos da superfície” (art. 61°, I do CC/1916), “os minerais 
contidos no subsolo” (art. 61°, II do CC/1916) e “as obras de 
aderência permanente, feitas acima ou abaixo da superfície” 
(art. 61°, III do CC/1916). “Também se consideram acessórias 
da coisa todas as benfeitorias, qualquer que seja o seu valor, 
exceto” (art. 62 do CC/1916): “a pintura em relação à tela” 
(art. 62°, I do CC/1916), “a escultura em relação à matéria 
prima” (art. 62°, II do CC/1916) e “a escritura e outro qualquer 
trabalho gráfico, em relação à matéria prima que os recebe 
(art. 614)” (art. 62°, III do CC/1916). 
2.8.2.1. Frutos 
São as utilidades que a coisa principal produz 
periodicamente, no qual a sua percepção não afeta o bem 
principal. “Apesar de ainda não separados do bem principal, 
os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico” 
(art. 95 do CC/2002). 
Os frutos podem ser considerados: naturais, industriais 
e civis. 
Naturais 
Quando decorrentes da essência do bem, são gerados 
pelo bem principal sem necessidade da intervenção humana 
direta. Decorrem do desenvolvimento orgânico vegetal 
(laranja, soja) ou animal (crias de um rebanho). 
Industriais 
Quando decorrem da atividade industrial humana (bens 
manufaturados). 
Civis 
 
 
- 18 - 
BENS 
São utilidades que a coisa frutífera periodicamente 
produz, viabilizando a percepção de uma renda (juros, 
aluguel), parte da doutrina considera autônomo e categoriza 
como rendimentos. 
Exemplo 
Aluguel 
Quanto à ligação com a coisa principal 
a) colhidos ou percebidos – são os frutos já destacados 
da coisa principal, mas ainda existentes; 
b) pendentes – são aqueles que ainda se encontram 
ligados à coisa principal, não tendo sido, portanto, destacados; 
c) percipiendos – são aqueles que deveriam ter sido 
colhidos, mas não o foram; 
d) estantes – são os frutos já destacados,que se 
encontram estocados e armazenados para a venda; 
e) consumidos – são os que não mais existem. 
2.8.2.2. Produtos 
São bens se são retirados do principal, mas gera 
alteração da sua substância, com a diminuição da quantidade 
até o seu esgotamento. Consideram-se os bens acessórios que 
saem do bem principal, diminuindo a sua quantidade, como o 
ouro retirado de uma mina. Já as pertenças são bens 
destinados a servir um outro bem principal, como os móveis 
de uma casa, por exemplo. As pertenças se diferem das partes 
integrantes, pois estas estão unidas ao bem principal, como as 
janelas e portas de uma casa. 
Exemplo 
Pedras de uma pedreira, minerais de uma jazida, carvão mineral, 
lençol petrolífero etc. 
Os frutos e os produtos, mesmo que não separados do 
bem principal, já podem ser objeto de negócio jurídico (art. 95, 
CC/2002). 
Exemplo 
Posso vender uma possível safra de laranjas que ainda estão ligadas 
ao principal, por ser prematura a sua colheita no momento do 
contrato. 
Cabe esclarecer que o sentido de produto no âmbito do 
Direito Civil, é bem diferente daquele tratado pelo Direito do 
Consumidor, exposto no art. 3º, § 1º, do Código de Defesa do 
Consumidor (Lei nº 8.078/1990), produto é qualquer bem 
colocado no mercado de consumo, seja ele móvel ou imóvel, 
material ou imaterial. 
2.8.2.3. Benfeitorias 
Há ainda as benfeitorias, que são introduzidas em um 
bem para conservá-lo ou melhorar a sua utilidade. São obras 
ou despesas que são realizadas pelos homens em um bem 
para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. 
“Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou 
acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do 
proprietário, possuidor ou detentor” (art. 97 do CC/2002), ou 
seja, se for acrescido pela natureza não é considerado como 
benfeitoria. 
Note-se “não se consideram benfeitorias os 
melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a 
intervenção do proprietário, possuidor ou detentor” (art. 97 
do CC/2002). Lógica já prevista no CC/1916, “não se 
consideram benfeitorias ou melhoramentos sobrevindos à 
coisa sem a intervenção do proprietário, possuidor ou 
detentor” (art. 64 do CC/1916). 
A identificação da natureza da benfeitoria não é fácil, 
em função da circunstância de que os bens não têm uma única 
utilidade intrínseca e absoluta. 
Exemplo 
Uma piscina pode ser uma benfeitoria voluptuária (em uma 
mansão), útil (em uma escola) ou necessária (em uma escola de 
hidroginástica). 
Compreender as diferenças implicam em diversas 
questões jurídicas, a citar a Lei de Locação (Lei nº 8.245/1991) 
em que “salvo expressa disposição contratual em contrário, as 
benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que 
não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que 
autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do 
direito de retenção” (art. 35 da Lei nº 8.245/1991), enquanto 
“as benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo 
ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua 
retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel” (art. 
36 da Lei nº 8.245/1991). 
“As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou 
necessárias” (art. 96 do CC/2002). 
As benfeitorias seguem a lógica do Código anterior, de 
modo que “as benfeitorias podem ser voluntárias, úteis ou 
necessárias” (art. 63 do CC/1916): “são voluntárias as de mero 
deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual da coisa, 
ainda que a tornem mais agradável ou sejam de elevado valor” 
(art. 63°, § 1 do CC/1916), “são úteis as que aumentam ou 
facilitam o uso da coisa” (art. 63°, § 2 do CC/1916) e “são 
necessárias as que têm por fim conservar a coisa ou evitar que 
se deteriore” (art. 63°, § 3 do CC/1916). 
Necessárias 
“São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou 
evitar que se deteriore”. (art. 96, § 3° do CC/2002), se tais 
benfeitorias não forem realizadas o bem pode perecer. 
Exemplos 
Reforços em alicerces, reforma de telhados, substituição de 
vigamento podre, desinfecção de pomar, etc. 
Úteis 
“São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem” 
(art. 96, § 2° do CC/2002), elas não são indispensáveis, mas se 
forem feitas darão um maior aproveitamento à coisa. 
Exemplo 
 
 
- 19 - 
BENS 
Construção de uma garagem, de um lavabo dentro da casa, 
instalação de aparelho hidráulico moderno etc. 
Voluptuárias 
“São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que 
não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem 
mais agradável ou sejam de elevado valor” (art. 96, § 1° do 
CC/2002). 
Exemplo 
Construção de uma piscina, uma churrasqueira, uma pintura 
artística, um jardim com flores exóticas etc. 
Esta classificação não é absoluta, pois uma mesma 
benfeitoria pode enquadrar-se em uma ou outra espécie, 
dependendo de uma circunstância concreta. 
Exemplo 
Uma pintura pode ser necessária em uma casa de praia para evitar 
uma infiltração ou voluptuária se for apenas para embelezá-la. 
2.8.3. Pertenças 
“São pertenças os bens que, não constituindo partes 
integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao 
serviço ou ao aformoseamento de outro” (art. 93 do CC/2002). 
Exemplo 
A moldura de um quadro; acessórios de um veículo; um trator 
destinado a uma melhor exploração de propriedade agrícola, as 
máquinas utilizadas em uma fábrica, os implementos agrícolas, as 
provisões de combustível, os aparelhos de ar-condicionado etc. 
Vale acrescentar que as pertenças não se submetem à 
regra geral da “gravitação jurídica” (no sentido de que o 
acessório segue a sorte do principal), nos termos do art. 94 do 
CC/2002. 
De acordo com Flávio Tartuce as pertenças podem ser 
classificadas em essenciais ou não essenciais. Para o autor, se 
a pertença for essencial ao bem principal seguirá o último, não 
merecendo aplicação o que consta na primeira parte do art. 
94 do CC/2002, pois assim quis o proprietário da coisa 
principal. Nesse mesmo entendimento há a Maria Helena 
Diniz. 
Exemplo 
Um piano no conservatório musical, logicamente, quando a pessoa 
compra o conservatório, espera que o piano, pertença essencial, 
acompanhe o primeiro. Em casos tais, a pertença constitui um bem 
móvel incorporado a um imóvel, ou seja, um bem imóvel por acessão 
física intelectual. 
O mesmo não se pode dizer de um piano que se 
encontra na casa de alguém, também pertença, mas não 
essencial, aí sim merecendo aplicação a primeira parte do art. 
94 do CC/2002. 
Esse raciocínio desenvolvido pelos autores demonstra 
que continua com força total a regra pela qual o acessório 
segue o principal (princípio da gravitação jurídica). 
Por outro lado, há aqueles que apresentam 
entendimento diverso Inácio de Carvalho Neto. 
Cumpre destacar que a pertença pode surgir por 
destinação da vontade do proprietário, no qual “para a 
existência da pertença, o art. 93 do Código Civil não exige 
elemento subjetivo como requisito para o ato de destinação” 
(Enunciado nº 535 da VI Jornada de Direito Civil do CJF/STJ). 
Expõe Flávio Tartuce que “apesar da louvável tentativa do 
enunciado, fica difícil imaginar um exemplo concreto 
pertinente em que a pertença surge por razão de ordem 
objetiva, sem que esteja presente a vontade do proprietário, 
seja direta ou indiretamente”, no qual parte da doutrina pátria 
tem sustentado que, para a qualificação de determinada coisa 
como pertença, é necessária a existência de requisito 
subjetivo, assentado em ato de vontade do titular da coisa 
principal ao destinar determinada coisa para atender a 
finalidade econômico-social de outra. 
2.8.4. Partes integrantes 
Embora não disciplinadas expressamente pela 
legislação civil, entende-se por partes integrantes os bens 
acessórios que, unidos a um principal, formam com ele um 
todo independente, sendo desprovidos de existência material 
própria, embora mantenham a sua identidade. 
Exemplo 
Uma lâmpada em relação a um lustre, pois, mesmo admitindo-se a 
sua identidade autônoma, carece a lâmpada de qualquer utilidade 
individual. 
O Informativode Jurisprudência do STJ nº 594 
apresenta o caso envolvendo partes integrantes, no qual 
houve a adaptação de um veículo introduzindo aparelhos para 
direção por deficiente físico, após à celebração de alienação 
fiduciária em garantia do bem, e o devedor fiduciante tem o 
direito a retirá-los. 
PROCESSO 
REsp 1.305.183-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por 
unanimidade, julgado em 18/10/2016, DJe 21/11/2016. 
RAMO DO DIREITO 
Direito Civil 
TEMA 
Alienação fiduciária em garantia. Ação de busca e apreensão. 
Aparelhos de adaptação para condução veicular por 
deficiente físico. Pertenças que não seguem o destino do 
principal (carro). Direito de retirada das adaptações. 
DESTAQUE 
Havendo adaptação de veículo, em momento posterior à 
celebração do pacto fiduciário, com aparelhos para direção 
por deficiente físico, o devedor fiduciante tem direito a retirá-
los quando houver o descumprimento do pacto e a 
consequente busca e apreensão do bem. 
 
 
- 20 - 
BENS 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
O cerne da insurgência apreciada pelo STJ limitou-se a definir 
se devem ser considerados acessórios de veículo automotor 
os equipamentos viabilizadores de condução por deficiente 
físico, instalados em automóvel objeto de contrato de 
financiamento com alienação fiduciária. De início, convém 
destacar que o Código Civil adotou, dentre outros critérios de 
classificação, o de bens reciprocamente considerados. Estes 
serão vistos em relação a si mesmos, a partir de uma relação 
que se forma entre eles. Encontram-se nessa classe, os bens 
principais, os acessórios, as pertenças e as benfeitorias. 
Importa destacar que o novo diploma civil trouxe relevante 
alteração ao regime de bens reciprocamente considerados. 
Ao contrário do CC de 1916, no qual imperava a categoria do 
imóvel por destinação, no Código Civil em vigor, além de 
expressamente restar consignada a existência das partes 
integrantes no sistema jurídico, veio a ser regrada, nos artigos 
93 e 94, a pertença. Como se verifica da leitura do art. 93, a 
parte geral do CC/2002 não apresentou um conceito de parte 
integrante, fazendo tão somente uma referência à categoria 
para contrapor-se à definição de pertença. Por essa 
peculiaridade legal, a parte integrante é conceito jurídico 
indeterminado. Diante desse quadro, parece necessário 
classificar adequadamente os instrumentos de adaptação 
para condução veicular por deficiente físico. Nesse sentido, 
ao afirmar que os instrumentos adaptados ao carro alienado 
fiduciariamente, eram simplesmente bens acessórios, o 
Tribunal de origem desconsiderou o fato de que, ainda que 
sejam acessórios, por vezes, as espécies desse gênero 
recebem disciplina diametralmente oposta. Exemplo disso 
são os frutos e as pertenças. Por expressa disciplina legal, 
seguirão os frutos a sorte do bem principal a que se vinculam. 
Noutro ponto, as pertenças, em regra, serão autonomamente 
consideradas e, apenas quando declarado, seguirão a sorte 
do principal. Ambos acessórios, porém, com destinos 
diferentes. Não bastasse o tratamento unitário e não distintivo 
conferido aos bens acessórios pelo Tribunal paulista, houve 
outro equívoco ao deixar de referir-se às partes integrantes de 
um bem, conceito que da mesma forma merecia ser 
considerado na solução da contenda. Com efeito, destinam-
se as pertenças a dar alguma qualidade ou vantagem ao bem, 
fator que lhes fornece o caráter de acessoriedade. Há 
vinculação com a coisa principal, pois são criadas para lhe 
imprimir maior serventia, a aumentar a utilização, ou a trazer 
vantagens no desfrute. Todavia, adverte a doutrina, "mantêm 
essas coisas a sua individualidade e autonomia, não se 
incorporando no bem principal, ou constituindo uma unidade". 
Nessa linha de raciocínio, a pertença, por não ser parte 
integrante do bem principal, não é alcançada pelo negócio 
jurídico que o envolver, a não ser que haja imposição legal, 
ou manifestação das partes nesse sentido. No caso, há um 
bem principal (automóvel), e também as pertenças, os 
aparelhos de adaptação para direção por deficiente físico 
(acelerador e freio manuais), a induzir a aplicação da regra 
insculpida no art. 94 do CC, segundo a qual aquela espécie 
de acessórios, as pertenças, não segue o destino do bem 
principal a que se vinculam. É que o bem principal, o carro, 
tem "vida" absolutamente independente dos aparelhos de 
aceleração e frenagem manuais, que a ele se encontram 
acoplados tão somente para viabilizar a direção por condutor 
com condições físicas especiais. Se retirados esses 
aparelhos, o veículo se mantém veículo, não perde sua função 
ou utilidade, ao revés, recupera sua originalidade. Assim, é 
direito do devedor fiduciante a retirada das pertenças 
consistentes nos aparelhos de adaptação para direção por 
deficiente físico, se anexados por ele ao bem principal e, por 
óbvio, se realizada a adaptação em momento posterior à 
garantia fiduciária. 
2.8.5. Coisa Ajudante 
Anote-se o julgado STJ, REsp 1.667.227/RS, 3.ª Turma, 
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 26.06.2018, DJe 29.06.2018 
que cita o conceito coisa ajudante. 
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO DE CAMINHÃO, 
DADO EM GARANTIA FIDUCIÁRIA EM CONTRATO DE EMPRÉSTIMO. 
PROCEDÊNCIA, DECORRENTE DO INADIMPLEMENTO. PEDIDO DE 
RESTITUIÇÃO DO EQUIPAMENTO DE MONITORAMENTO 
ACOPLADO AO CAMINHÃO. PERTENÇA. RESTITUIÇÃO AO DEVEDOR 
FIDUCIÁRIO. NECESSIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 
1. Ainda que se aplique aos bens acessórios a máxima de direito, 
segundo a qual "o acessório segue o principal", o Código Civil 
conferiu tratamento distinto e específico às pertenças, as quais, 
embora tidas como bens acessórios, pois, destinadas, de modo 
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de um bem 
principal, sem dele fazer parte integrante, não seguem a sorte deste, 
salvo se houver expressa manifestação de vontade nesse sentido, se 
a lei assim dispuser ou se, a partir das circunstâncias do caso, tal 
solução for a indicada. 
2. O equipamento de monitoramento acoplado ao caminhão 
consubstancia uma pertença, a qual atende, de modo duradouro, à 
finalidade econômico-social do referido veículo, destinando-se a 
promover a sua localização e, assim, reduzir os riscos de perecimento 
produzidos por eventuais furtos e roubos, a que, comumente, estão 
sujeitos os veículos utilizados para o transporte de mercadorias, caso 
dos autos. Trata-se, indiscutivelmente, de "coisa ajudante" que 
atende ao uso do bem principal. Enquanto concebido como 
pertença, a destinação fática do equipamento de monitoramento 
em servir o caminhão não lhe suprime a individualidade e autonomia 
- o que permite, facilmente, a sua retirada -, tampouco exaure os 
direitos sobre ela incidentes, como o direito de propriedade, outros 
direitos reais ou o de posse. 
2.1 O inadimplemento do contrato de empréstimo para aquisição de 
caminhão dado em garantia, a despeito de importar na consolidação 
da propriedade do mencionado veículo nas mãos do credor 
fiduciante, não conduz ao perdimento da pertença em favor deste. 
O equipamento de monitoramento, independentemente do destino 
do caminhão, permanece com a propriedade de seu titular, o 
devedor fiduciário, ou em sua posse, a depender do título que 
ostente, salvo se houver expressa manifestação de vontade nesse 
sentido, se a lei assim dispuser ou se, a partir das circunstâncias do 
caso, tal solução for a indicada, exceções de que, no caso dos autos, 
não se cogita. 
2.3 O contrato de financiamento de veículo, garantido por alienação 
fiduciária, ao descrever o veículo, objeto da avença, não faz 
nenhuma referência à existência do aludido equipamento e, por 
consectário, não poderia tecer consideração alguma quanto ao seu 
destino. Por sua vez, o auto de busca e apreensão, ao descrever o 
veículo, aponta a existência do equipamento de monitoramento, o 
que, considerada a circunstância anterior, é suficiente para se chegar 
a compreensão de que foi o devedor fiduciário o responsável por sua 
colocação no caminhãopor ele financiado. 
3. Recurso especial provido. 
STJ - REsp: 1667227 RS 2017/0086302-3, Relator: Ministro MARCO 
AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 26/06/2018, T3 - TERCEIRA 
TURMA, Data de Publicação: DJe 29/06/2018 
Esta terminologia foi desenvolvida na doutrina por 
Gustavo Haical, trata-se indiscutivelmente a coisa que atende 
ao uso do bem principal, enquanto concebido como pertença, 
 
 
- 21 - 
BENS 
a destinação fática do equipamento de monitoramento em 
servir o caminhão não lhe suprime a individualidade e 
autonomia, o que permite, facilmente, a sua retirada. 
2.9. Quanto a titularidade do 
domínio 
A definição ocorre em função da titularidade, o que 
importa para avaliar se algo é um bem público ou privado 
repousa sob a natureza jurídica do seu proprietário. Assim os 
bens privados atendem exclusivamente aos interesses dos 
seus proprietários, que podem ser pessoas naturais ou 
jurídicas. Enquanto os bens públicos são aqueles que 
pertencem aos entes federativos e estão sob sua 
responsabilidade. 
Outro modo apresentado pela doutrina para definir o 
que é um bem público defende que o critério é dado pela 
finalidade. Nesse contexto, a titularidade é irrelevante, pois o 
que importa é a destinação dada ao bem, independentemente 
de pertencer a uma pessoa de Direito Público ou de Direito 
Privado. Assim, se o bem tem como finalidade a prestação de 
qualquer serviço público, ele será tratado como um bem 
público. 
Outra corrente doutrinária relevante é aquela que 
integra tanto o critério da titularidade quanto o da finalidade. 
Assim, ambos os critérios são considerados condições 
necessárias, mas, tomados isoladamente, são insuficientes 
para definir o que é e o que não é um bem público. 
A despeito das divergências doutrinárias, o conceito de 
bem público é estabelecido de maneira clara, no qual os bens 
públicos podem ser conforme o Código Civil de 2002. No seu 
antecessor, “são públicos os bens do domínio nacional 
pertencentes à União, aos Estados, ou aos Municípios. Todos 
os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que 
pertencerem” (art. 65 do CC/1916). 
 
3 Art. 20. São bens da União: 
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; 
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das 
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à 
preservação ambiental, definidas em lei; 
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, 
ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou 
se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os 
terrenos marginais e as praias fluviais; 
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as 
praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que 
contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço 
público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005) 
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica 
exclusiva; 
VI - o mar territorial; 
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; 
VIII - os potenciais de energia hidráulica; 
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; 
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-
2.9.1. Bens privados 
Os bens particulares ou privados se definem por 
exclusão em razão da omissão legislativa, de modo que são 
aqueles não pertencentes ao domínio público, mas sim à 
iniciativa privada, cuja disciplina interessa, em especial, ao 
Direito Civil. 
2.9.2. Bens públicos 
“São públicos os bens do domínio nacional pertencentes 
às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros 
são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem” 
(art. 98 do CC/2002). Também considerado bens de Estado, 
serão aqueles pertencentes à União, aos Estados ou aos 
Municípios, essa classe de bem, objeto de domínio público, é 
disciplinado pelo Direito Administrativo. 
“O critério da classificação de bens indicado no art. 98 
do Código Civil não exaure a enumeração dos bens públicos, 
podendo ainda ser classificado como tal o bem pertencente a 
pessoa jurídica de direito privado que esteja afetado à 
prestação de serviços públicos” (Enunciado nº 287 da IV 
Jornada de Direito Civil do CJF/STJ), de modo que incluiu como 
bens públicos, aqueles pertencentes as pessoas jurídicas de 
direito privado que estejam afetados à prestação de serviços 
públicos, portanto o art. 98 do CC/2002 é meramente 
exemplificativo (numerus apertus) e não taxativo (numerus 
clausus). 
A Carta Magna elenca, em seu art. 203, os bens 
pertencentes à União. Os bens de domínio do Estado vêm 
previstos em seu art. 264. Por exclusão, o que não pertencer 
ao domínio federal ou estadual ingressa no patrimônio público 
municipal. 
“São bens públicos” (art. 99 do CC/2002): os de uso 
comum do povo; os de uso especial; e os dominicais. 
➢ Bens de uso comum do povo: “os de uso comum do 
povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças” (art. 99, I 
históricos; 
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. 
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao Distrito Federal 
e aos Municípios a participação no resultado da exploração de petróleo ou 
gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e 
de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, 
mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por 
essa exploração. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 102, de 
2019) 
§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das 
fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada 
fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização 
serão reguladas em lei. 
4 Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: 
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em 
depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras 
da União; 
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, 
excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros; 
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; 
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. 
 
 
- 22 - 
BENS 
do CC/2002), são bens públicos inalienáveis cuja utilização não 
se submete a qualquer tipo de discriminação ou ordem 
especial de fruição, é o caso das praias, estradas, ruas e praças. 
Como o próprio nome indica, eles são caracterizados em 
função da destinação ao povo em geral, de modo que todo 
mundo está em condições de usufruí-los sem qualquer 
autorização prévia por parte da administração. Porém, 
embora sejam, via de regra, gratuitos, isso não significa que 
eles não possam ser eventualmente onerosos, uma vez que 
não perdem esta característica se o Estado regulamentar sua 
utilização de maneira onerosa, como no caso dos pedágios em 
uma estrada. 
➢ Bens de uso especial: “os de uso especial, tais como 
edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento 
da administração federal, estadual, territorial ou municipal, 
inclusive os de suas autarquias” (art. 99, II do CC/2002), são 
bens públicos inalienáveis cuja fruição, por título especial, e na 
forma da lei, é atribuída a determinada pessoa, bem como 
aqueles utilizados pelo próprio Poder Público para a realização 
dos seus serviços públicos, denominada afetação. São bens de 
uso especial os prédios e as repartições públicas. Nesse 
contexto, é correto identificá-los com tudo aquilo que a 
administração precisa para que os serviços públicos e 
administrativos possam ser satisfatoriamente executados. 
Importante frisar que estes bens podem ser tanto móveis 
quanto imóveis. 
➢ Bens dominicais ou dominiais: “os dominicais, que 
constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito 
público, como objetode direito pessoal, ou real, de cada uma 
dessas entidades” (art. 99, III do CC/2002), são bens públicos 
disponíveis e não afetados à utilização direta e imediata do 
povo, nem aos usuários de serviços, mas que pertencem ao 
patrimônio estatal, abrangendo móveis e imóveis, portanto 
são aqueles que não possuem uma destinação determinada. 
Podem ser alienados, observadas as exigências da lei. São 
exemplos de bens dominicais os terrenos de marinha, as terras 
devolutas, as estradas de ferro, as ilhas formadas em rios 
navegáveis, os sítios arqueológicos, as jazidas de minerais com 
interesse público, o mar territorial, entre outros. 
As divisões dos bens públicos estavam prevista no 
Código de Civil de 1916. “Os bens públicos são” (art. 66 do 
 
5 Art. 20. São bens da União: 
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; 
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das 
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à 
preservação ambiental, definidas em lei; 
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, 
ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou 
se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os 
terrenos marginais e as praias fluviais; 
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as 
praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que 
contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço 
público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005) 
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica 
exclusiva; 
CC/1916): “os de uso comum do povo, tais como os mares, 
rios, estradas, ruas e praças” (art. 66, I do CC/1916); “os de uso 
especial, tais como os edifícios ou terrenos aplicados a serviço 
ou estabelecimento federal, estadual ou municipal” (art. 66, II 
do CC/1916); e “os dominicais, isto é, os que constituem o 
patrimônio da União, dos Estados, ou Municípios, como objeto 
de direito pessoal, ou real de cada uma dessas entidades” (art. 
66°, III do CC/1916). “Os bens de que trata o artigo 
antecedente só perderão a inalienabilidade, que lhes é 
peculiar, nos casos e forma que a lei prescrever” (art. 67 do 
CC/1916). 
O ordenamento brasileiro inclina-se à publicização do 
regime dos bens pertencentes a empresas públicas, 
sociedades de economia mista e entidades controladas pelo 
Poder Público, uma vez que “não dispondo a lei em contrário, 
consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas 
jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de 
direito privado” (art. 99, parágrafo único do CC/2002) 
Embora a definição do conceito de bens públicos seja 
apresentada no Código Civil, a relevância do tema ultrapassa 
as fronteiras do Direito Civil. Nesse contexto, na medida em 
que está intimamente relacionada com a administração 
pública, a noção de bens públicos desempenha um papel 
central tanto para o Direito Administrativo quanto para o 
Direito Constitucional. 
Os recursos naturais, como o mar, os rios e o ar, não 
podem ser objeto de propriedade. No entanto, contam com 
regulamentação legal específica e, para fins tão somente de 
organização teórica, a Constituição Federal as considera bens 
federais5. A propósito dos bens estaduais e distritais estão no 
art. 266 da Constituição Federal nos oferece uma lista, também 
exemplificativa, porém no que diz respeito aos bens 
municipais, embora não sejam citados explicitamente na 
Constituição Federal, é certo que eles também são titulares de 
alguns bens. Nesse contexto, atribui-se aos municípios, por 
exemplo, as ruas, as praças e os edifícios públicos da 
administração municipal. 
Existem muitas espécies de bens públicos. Dentre elas, 
podem-se destacar algumas, tais como os terrenos de 
VI - o mar territorial; 
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; 
VIII - os potenciais de energia hidráulica; 
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; 
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-
históricos; 
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. 
6 Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: 
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em 
depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras 
da União; 
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, 
excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros; 
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; 
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. 
 
 
- 23 - 
BENS 
marinha7, os terrenos acrescidos aos de marinha, os terrenos 
reservados ou marginais, o mar territorial e a plataforma 
continental. 
É muito comum confundir o termo bem público da 
União, art. 20 da Constituição Federal de 1988 com o termo 
patrimônio nacional, tal qual apresentado no art. 225, § 4º8, 
da Constituição. No cerne da confusão está a ideia de que, se 
um bem é patrimônio nacional, então ele deve 
necessariamente ser da União. Para desfazê-la, chamamos a 
sua atenção para o seguinte. Em primeiro lugar, segundo o art. 
23, VI e VII, da Constituição, temos que a proteção ao meio 
ambiente é de competência comum de todos os entes 
federativos (BRASIL, 1988). Nesse contexto, qualquer dano 
ambiental acarretará um interesse abstrato e genérico por 
parte da União. Porém, isso — por si só — não significa que a 
Justiça Federal terá competência para julgar um caso qualquer 
que envolva o patrimônio nacional. Em segundo lugar, o art. 
109 da Constituição enumera de modo taxativo as 
competências da Justiça Federal. Além disso, os crimes contra 
o patrimônio ambiental não constam de modo explícito no rol 
de incisos do artigo supracitado. De modo que, via de regra, 
ele será de competência da Justiça Estadual, que possui 
competência residual. 
No que tange à disponibilidade, os bens públicos podem 
ser: indisponíveis por natureza; patrimoniais indisponíveis; e 
patrimoniais disponíveis. Os bens indisponíveis por natureza 
são aqueles que não tem uma avaliação fundamentalmente 
monetária. Os bens de uso comum do povo são geralmente 
considerados indisponíveis por natureza. Já os bens 
patrimoniais indisponíveis são aqueles que, a despeito do seu 
caráter fundamentalmente patrimonial, o poder público não 
pode dispor, pois a Administração Pública necessita deles para 
a realização das suas atividades. Por fim, como o próprio nome 
indica, os bens patrimoniais disponíveis são aqueles que tanto 
possuem um valor patrimonial estabelecido quanto podem ser 
alienados pelo Estado. 
É comum que a doutrina também apresente o conceito 
de domínio público, o termo não se confunde com o termo 
bem público. 
Na base da diferença entre os bens públicos e os bens 
privados está o regime jurídico a que eles estão sujeitos. Se os 
bens estiverem sujeitos ao regime jurídico de Direito Público, 
eles serão públicos e, em função disso, decorrerá uma série de 
atributos ou características que tem por objetivo a sua 
 
7 Decreto-Lei nº 9.760/1943 
Art. 2º - São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e três) 
metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha 
do preamar-médio de 1831: 
a) os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e 
lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés; 
b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a 
influência das marés. 
Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo a influência das marés é 
caracterizada pela oscilação periódica de 5 (cinco) centímetros pelo menos, 
do nível das águas, que ocorra em qualquer época do ano. 
proteção. 
“O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou 
retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela 
entidade a cuja administração pertencerem” (art. 103 do 
CC/2002).Mesma lógica do CC anterior, “o uso comum dos 
bens públicos pode ser gratuito, ou retribuído, conforme as 
leis da União, dos Estados, ou dos Municípios, a cuja 
administração pertencerem”. (art. 68 do CC/1916). 
2.9.2.1 Características 
Tipicamente, a doutrina identifica quatro características 
essenciais aos bens públicos: a inalienabilidade relativa; a 
impenhorabilidade; a não onerabilidade; e a 
imprescritibilidade 
Inalienabilidade relativa 
A Inalienabilidade relativa, significa, basicamente, que 
ele não pode ser alienado ou a sua propriedade não pode ser 
transferida para outrem, pois “os bens públicos de uso comum 
do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto 
conservarem a sua qualificação, na forma que a lei 
determinar” (art. 100 do CC/2002), por outro lado “os bens 
públicos dominicais podem ser alienados, observadas as 
exigências da lei” (art. 101 do CC/2002). Assim, podemos 
inferir que a inalienabilidade dos bens públicos não é absoluta, 
mas apenas relativa, pois, conforme nosso ordenamento 
jurídico, não basta que um bem seja público para possuir a 
característica da inalienabilidade, devendo ele também ser de 
uso público comum do povo ou de uso especial. 
Impenhorabilidade 
Ao atribuir a característica da impenhorabilidade aos 
bens públicos, torna-se possível compreender que eles não 
podem ser objeto de penhora, isto é, não podem ser alienados 
para os interesses do credor sejam satisfeitos. Quanto a isso, 
é importante destacar que, diferentemente do que acontece 
com a inalienabilidade, a impenhorabilidade aplica-se também 
aos bens dominicais. 
Não Onerabilidade 
Atribuir a característica da não onerabilidade para um 
bem público significa, basicamente, considerar que ele não 
pode ser deixado como garantia para algum eventual credor 
(como, por exemplo, hipotecados). Logo, se o Estado possui 
alguma dívida, o credor não terá o direito de buscar 
ressarcimento por meio dos bens públicos. Para tal, conforme 
mencionado anteriormente, existe o sistema de precatórios, 
8 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para 
as presentes e futuras gerações. 
[...] 
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o 
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua 
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a 
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos 
naturais. 
 
 
- 24 - 
BENS 
que garante o pagamento das dívidas do Estado sem que com 
isso seja necessário executar seus bens, tal qual aconteceria 
com os bens dos particulares. 
Imprescritibilidade 
Na base do atributo da imprescritibilidade está a ideia 
segundo a qual os bens públicos não podem ser adquiridos em 
virtude do decurso de algum prazo, isto é, por usucapião, haja 
vista que “os bens públicos não estão sujeitos a usucapião” 
(art. 102 do CC/2002). 
Diferentemente dos bens privados, ainda que alguém 
passe a vida inteira em um determinado bem público, isso não 
gerará qualquer direito em seu nome. 
2.9.2.2. Espécies de Bens Públicos 
Na medida em que existem muitas espécies de bens 
públicos e o tópico é muito vasto, vamos nos limitar a 
apresentar alguns dos principais na sequência. 
Terras devolutas 
As terras devolutas consistem em áreas territoriais que 
são integradas ao patrimônio de alguma das pessoas 
federativas. Para que algo seja considerado uma terra 
devoluta, ela não deve ter um uso público específico, ou seja, 
ela não pode ter uma finalidade no contexto da Administração 
Pública. 
Terreno de marinha e os seus acrescidos 
Conforme o art. 2º do Decreto-Lei nº. 9.760/1946. Já os 
terrenos acrescidos, conforme os arts. 2º e 3º do Decreto-Lei 
em questão, são aqueles que se formaram de modo natural ou 
artificial, anexos aos terrenos de marinha. 
Terrenos reservados ou marginais 
Os terrenos reservados ou marginais são aqueles 
banhados por correntes de água navegáveis que não sofram 
qualquer influência das marés. Tal terreno tem uma extensão 
de 15 metros horizontais a partir de uma linha definida com 
base na média da enchente do rio em questão. 
Terras ocupadas pelos índios 
Com base no art. 20, XI, da Constituição Federal, os 
terrenos tradicionalmente ocupados pelos índios são 
propriedade da União. Já o art. 231, § 1º, da Constituição 
Federal, define que as terras ocupadas pelos índios. 
Plataforma continental 
A plataforma continental consiste, basicamente, na 
extensão de área continental sob o mar até uma profundidade 
de 200 metros. Embora não exista, na nossa Constituição 
Federal, um artigo prevendo literalmente que a plataforma 
continental pertença a União, isso se infere do seu art. 20, I. A 
Constituição Federal de 1967 previa que a plataforma 
continental era um bem da União, e o artigo citado da 
Constituição Federal de 1988 afirma que seguem sendo da 
União todos os bens que atualmente (à época da sua 
instituição) lhe pertençam. 
O mar territorial 
O mar territorial é a área que consiste nas 12 milhas 
marítimas (em média, 1.850 metros), a contar a linha de baixo 
mar do continente brasileiro. O Brasil exerce soberania plena 
sobre o mar territorial, conforme o art. 2º da Lei nº. 8.617, de 
4 de janeiro de 1993. 
Ilhas 
Ilhas consistem em porções elevadas de terra que, além 
de estarem acima do nível das águas, também são 
completamente cercadas por elas. A ilhas se subdividem em 
marítimas, fluviais e lacustres. 
Faixa de fronteira 
As faixas de fronteira consistem em áreas de até 150 km 
de largura do território nacional que façam divisa com 
territórios de outros países. 
 
 
 
 
 
- 25 - 
BENS 
 
 
 
- 26 - 
BENS 
 
3. Bens de Família
Bem de família é um instituto do direito civil pelo qual 
se vincula o destino de um prédio para ser domicílio ou 
residência de sua família. Em nosso atual sistema coexistem 
duas espécies de bem de família: bem de família voluntário 
(art. 1.711 e segs., CC/2002) e bem de família legal (Lei nº 
8.009/1990). 
O bem de família é uma exceção, visando à preservação 
do mínimo patrimonial para uma vida digna a todos, nesta 
perspectiva “o conceito de impenhorabilidade de bem de 
família abrange também o imóvel pertencente a pessoas 
solteiras, separadas e viúvas” (Súmula nº 364 do STJ). Esta 
proteção não se limita ao imóvel, isoladamente, mas também 
a outros bens, considerados acessórios, para a finalidade 
garantista declarada, pois no Brasil a regra é que o devedor 
responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos 
os seus bens, presentes ou futuros, salvo as exceções previstas 
em lei. 
3.1. Bem de Família Voluntário 
Trata-se de instituto que é instituído por ato de 
vontade, por meio de registro imobiliário. 
Suas principais características são: 
• Ato voluntário – deve ser registrado. 
• Deve representar no máximo um terço do patrimônio 
líquido da pessoa que está registrando. 
• Acarreta inalienabilidade e impenhorabilidade do 
bem. 
• Admitem-se apenas duas exceções: dívidas 
decorrentes de condomínio e as dívidas tributárias que 
recaem sobre o bem. 
3.1.1. Os Bens 
“O bem de família consistirá em prédio residencial 
urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-
se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger 
valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação 
do imóvel e no sustento da família” (art. 1.712 do CC/2002). 
“Os valores mobiliários, destinados aos fins previstos no 
artigo antecedente, não poderão exceder o valor do prédio 
instituído em bem de família, à época de sua instituição” (art. 
1.713 do CC/2002) 
“Deverão os valores mobiliários ser devidamente 
individualizados no instrumento de instituição do bem de 
família” (art. 1.713, § 1° do CC/2002). 
“Se se tratar de títulos nominativos, a sua instituição 
como bem de famíliadeverá constar dos respectivos livros de 
registro” (art. 1.713, § 2° do CC/2002). 
3.1.2. Efeitos do Bem de Família 
Assim, gera dois efeitos principais: a impenhorabilidade 
por dívidas futuras, pois “o bem de família é isento de 
execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que 
provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de 
condomínio” (art. 1.715, CC/2002); e a inalienabilidade 
relativa do referido imóvel (art. 1716, CC/2002). 
“No caso de execução pelas dívidas referidas neste 
artigo, o saldo existente será aplicado em outro prédio, como 
bem de família, ou em títulos da dívida pública, para sustento 
familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra 
solução, a critério do juiz” (art. 1.715, parágrafo único do 
CC/2002). 
“A isenção de que trata o artigo antecedente durará 
enquanto viver um dos cônjuges, ou, na falta destes, até que 
os filhos completem a maioridade” (art. 1.716 do CC/2002). 
A respeito das dívidas, o CC/1916 previa que “para o 
exercício desse direito é necessário que os instituidores no ato 
da instituição não tenham dívidas, cujo pagamento possa por 
ele ser prejudicado” (art. 71 do CC/1916). “A isenção se refere 
a dividas posteriores ao ato, e não ás anteriores, se verificar 
que a solução destas se tornou inexequível em virtude de ato 
da instituição”. (art. 71, parágrafo único do CC/1916). E “o 
prédio, nas condições acima ditas, não poderá ter outro 
destino, ou ser alienado, sem o consentimento dos 
interessados e dos seus representantes legais” (art. 72 do 
CC/1916). 
 
 
- 27 - 
BENS 
Súmula 486 do STJ: “É impenhorável o único imóvel 
residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde 
que a renda obtida com a locação seja revertida para a 
subsistência ou a moradia da sua família”. 
3.1.3. Administração dos Bens 
“O prédio e os valores mobiliários, constituídos como 
bem da família, não podem ter destino diverso do previsto no 
art. 1.712 ou serem alienados sem o consentimento dos 
interessados e seus representantes legais, ouvido o Ministério 
Público” (art. 1.717 do CC/2002). 
“O instituidor poderá determinar que a administração 
dos valores mobiliários seja confiada a instituição financeira, 
bem como disciplinar a forma de pagamento da respectiva 
renda aos beneficiários, caso em que a responsabilidade dos 
administradores obedecerá às regras do contrato de depósito” 
(art. 1.713, § 3° do CC/2002). 
“Qualquer forma de liquidação da entidade 
administradora, a que se refere o § 3 o do art. 1.713, não 
atingirá os valores a ela confiados, ordenando o juiz a sua 
transferência para outra instituição semelhante, obedecendo-
se, no caso de falência, ao disposto sobre pedido de 
restituição” (art. 1.718 do CC/2002). 
“Comprovada a impossibilidade da manutenção do bem 
de família nas condições em que foi instituído, poderá o juiz, a 
requerimento dos interessados, extingui-lo ou autorizar a sub-
rogação dos bens que o constituem em outros, ouvidos o 
instituidor e o Ministério Público” (art. 1.719 do CC/2002). 
“Salvo disposição em contrário do ato de instituição, a 
administração do bem de família compete a ambos os 
cônjuges, resolvendo o juiz em caso de divergência” (art. 1.720 
do CC/2002). 
“Com o falecimento de ambos os cônjuges, a 
administração passará ao filho mais velho, se for maior, e, do 
contrário, a seu tutor” (art. 1.720, parágrafo único do 
CC/2002). 
3.1.4. Instituição 
Uma vez que “podem os cônjuges, ou a entidade 
familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar 
parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde 
que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente 
ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a 
impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei 
especial” (art. 1.711 do CC/2002). Devido a lógica do Pátrio 
Poder, o Código Civil de 1916 previa que “é permitido aos 
chefes de família destinar um prédio para domicilio desta, com 
a clausula de ficar isento de execução por dividas, salvo as que 
provierem de impostos relativos ao mesmo prédio” (art. 70 do 
CC/1916) e “essa isenção durará enquanto viverem os 
cônjuges e até que os filhos completem sua maioridade” (art. 
70°, parágrafo único do CC/1916). 
“O bem de família, quer instituído pelos cônjuges ou por 
terceiro, constitui-se pelo registro de seu título no Registro de 
Imóveis” (art. 1.714 do CC/2002). Já o anterior previa que “a 
instituição deverá constar de escritura publica transcrita no 
registro de imóveis e publicado na imprensa e, na falta desta, 
na da capital do Estado” (art. 73 do CC/1916). 
“O terceiro poderá igualmente instituir bem de família 
por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da 
aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da 
entidade familiar beneficiada” (art. 1.711, do parágrafo único 
do CC/2002). 
3.1.5. Extinção do bem de família 
Os artigos 1721 e 1722 do CC/2002 tratam da extinção 
do Bem de família voluntário. 
“A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem 
de família” (art. 1.721 do CC/2002). No entanto “dissolvida a 
sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o 
sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for 
o único bem do casal” (art. 1.721, parágrafo único do 
CC/2002). 
“Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte 
de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que 
não sujeitos a curatela” (art. 1.722 do CC/2002). 
3.2. Bem de Família Legal 
É a segunda espécie de bem de família, está prevista na 
Lei nº 8.009/1990, que visa a proteção ao patrimônio mínimo, 
conforme estabelecido em plano constitucional. Assim, “o 
imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é 
impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida 
civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, 
contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam 
seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses 
previstas nesta lei” (art. 1° da Lei nº 8.009/1990). 
Vejamos as diferenças entre o Bem de Família 
Voluntário e o Bem de Família Legal: 
• Este independe de valor; 
• Prescinde (dispensa) a individualização em escritura e 
registro cartorário; 
• Ocorre uma impenhorabilidade do bem de família 
derivada automaticamente da lei; 
• Não há inalienabilidade. 
Assim, observa-se que a proteção legal é extremamente 
ampla, sendo, inclusive, considerado pela lei como residência 
um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar 
para moradia permanente. 
Ainda, a lei protegerá apenas o bem de menor valor, 
caso o casal ou entidade familiar possua mais de um imóvel 
utilizado como residência. Desta forma, em caso de diversos 
imóveis residenciais, a proteção automática legal do art. 5º, da 
Lei nº 8.009/1990 abrangerá apenas o imóvel de menor valor, 
portanto, caso o indivíduo queira proteger o bem de maior 
valor, será necessária a instituição do bem de família 
 
 
- 28 - 
BENS 
voluntário conforme os arts. 1.711 do CC/2002 e ss. 
Súmula nº 205 do STJ: a lei 8.009/90 aplica-se a penhora 
realizada antes de sua vigência. 
Ademais, o STJ admite a interpretação do parágrafo 
único do artigo 1º, que para evitar abuso de direito, em 
situações justificadas, o desmembramento do imóvel para 
efeito de penhora, desde que não haja prejuízo para a área 
residencial. 
3.3. Impenhorabilidade 
Têm sido considerados impenhoráveis, por força da Lei 
nº 8.009/1990, os seguintes bens: o “freezer”, as máquinas de 
lavar e secar roupas, o teclado musical, o computador, o 
televisor, o videocassete, o ar-condicionado, e, até mesmo, a 
antena parabólica. 
O norte para a interpretação sobre a qualificação como 
bem de família não deve se limitar apenas ao indispensável 
para a subsistência, mas sim ao necessário para uma vida 
familiar digna, sem luxo, o que tem encontrado amparo na 
jurisprudência pátria. 
Nesse diapasão, tem-se admitido a extensão da 
impenhorabilidade do bem de família até mesmo ao jazigo 
familiar, numa ideiade que tal proteção reside, 
fundamentalmente, em uma concepção de tutela da 
dignidade humana e o respeito à memória dos mortos. 
A própria lei prevê algumas exceções à 
impenhorabilidade do bem de família legal (art. 3º da Lei nº 
8.009/1990). Trata-se de rol um exemplificativo segundo o STJ, 
podendo ser reconhecido outras possibilidades. 
• Titular do crédito decorrente do financiamento 
destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite 
dos créditos e acréscimos constituídos em função do 
respectivo contrato: exemplo, compra de apartamento 
financiado. Nesses casos, não se pode arguir bem de família, 
já que a dívida foi contraída em prol da entidade familiar; 
• Credor de pensão alimentícia: a impenhorabilidade 
do bem de família não pode ser oposta pelo devedor ao credor 
de pensão alimentícia decorrente de indenização por ato 
ilícito. Também se aplica para dívidas de pensão alimentícia 
familiar; 
• Cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e 
contribuições devidas em função do imóvel familiar: a 
cobrança da taxa condominial também pode levar à penhora 
do imóvel. Contudo, o STJ tem entendido que contribuições 
criadas por associação de moradores não se equiparam a 
despesas de condomínio, para efeito de penhora; 
• Execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como 
garantia real pelo casal ou pela entidade familiar: nesse caso, 
o devedor não poderá, com base no princípio da confiança e 
da regra proibitiva do venire contra factum proprium, 
pretender voltar atrás posteriormente, alegando a proteção 
do bem de família, tendo que provar que a família foi 
beneficiada. Contudo, o próprio STJ invoca a 
irrenunciabilidade da proteção legal, e admite que o devedor 
possa voltar atrás invocando a proteção ao bem de família, 
caso haja apenas indicado o bem à penhora. Ademais, o fato 
de a hipoteca não ter sido registrada não pode ser utilizado 
como argumento pelo devedor para evitar a penhora do bem 
de família. 
A exceção prevista no art. 3º, inciso V, da Lei nº 
8.009/1990, deve ser interpretada restritivamente, somente 
atinge os bens que foram dados em garantia de dívidas 
contraídas em benefício da própria família, não abrangendo 
bens dados em garantia de terceiros. (STJ. 3ª Turma. REsp 
1115265/RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 24/04/2012.) 
Ter sido adquirido com produto de crime ou para 
execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, 
indenização ou perdimento de bens: o bem adquirido com 
produto de crime é penhorável mesmo que tenha havido 
extinção da punibilidade pelo cumprimento do SURSIS 
processual. Na execução civil movida pela vítima, não é 
oponível a impenhorabilidade do bem de família adquirido 
com produto do crime, ainda que a punibilidade do acusado 
tenha sido extinta em razão do cumprimento das condições 
estipuladas para a suspensão condicional do processo, 
conforme demonstrado no Informativo nº 575 do STJ. 
Na execução civil movida pela vítima, não é oponível a 
impenhorabilidade do bem de família adquirido com o produto do 
crime, ainda que a punibilidade do acusado tenha sido extinta em 
razão do cumprimento das condições estipuladas para a suspensão 
condicional do processo. 
De acordo com o art. 3º da Lei nº 8.009/1990, "A impenhorabilidade 
é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, 
previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: 
[...] VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para 
execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, 
indenização ou perdimento de bens". Especificamente acerca da 
exceção mencionada (inciso VI), infere-se que o legislador, entre a 
preservação da moradia do devedor e o dever de reparação dos 
danos oriundos de conduta criminosa, optou por privilegiar o 
ofendido em detrimento do infrator, afastando a impenhorabilidade 
do bem de família. Percebe-se que o legislador especificou duas 
hipóteses distintas de exceção à impenhorabilidade no mencionado 
inciso VI, quais sejam: a) bem adquirido com produto de crime; b) 
para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, 
indenização ou perdimento de bens. Com efeito, à incidência da 
norma inserta no inciso VI do art. 3º da Lei nº 8.009/1990, isto é, da 
exceção à impenhorabilidade do bem de família em virtude de ter 
sido adquirido com o produto de crime, forçoso reconhecer a 
dispensa de condenação criminal transitada em julgado, porquanto 
inexiste determinação legal neste sentido. Afinal, caso fosse a 
intenção do legislador exigir sentença penal condenatória para a 
exceção prevista na primeira parte do inciso VI, teria assim feito 
expressamente, como o fez com a segunda parte do referido 
dispositivo. Logo, não havendo determinação expressa na lei no 
sentido de que a exceção (bem adquirido com produto de crime) 
exija a existência de sentença penal condenatória, temerário seria 
adotar outra interpretação, sob pena de malograr o propósito 
expressamente almejado pela norma, direcionado a não estimular a 
prática ou reiteração de ilícitos. Assim, o cometimento de crime e o 
 
 
- 29 - 
BENS 
fato de o imóvel ter sido adquirido com seus proveitos é suficiente 
para afastar a impenhorabilidade do bem de família. Na hipótese, 
a conduta ilícita praticada consubstancia-se no cometimento de 
crime, tanto que fora oferecida e recebida denúncia, bem assim 
ofertada proposta de suspensão condicional do processo, cujo 
pressuposto para sua concessão é a prática de crime em que a pena 
mínima cominada seja igual ou inferior a um ano (art. 89, caput, Lei 
nº 9.099/1995). 
REsp 1.091.236-RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 15/12/2015, 
DJe 1º/2/2016. 
Obrigação decorrente de fiança concedida em contrato 
de locação: de acordo com STJ, é constitucional e possível a 
penhora do bem de família do fiador na locação geral. Mesmo 
que o fiador renuncie ao benefício de ordem, sua obrigação é 
subsidiária. Se a pessoa tem um imóvel familiar, ele é 
impenhorável, enquanto o do fiador não. 
Súmula 549 do STJ: É válida a penhora de bem de família 
pertencente a fiador de contrato de locação. 
Ademais, de acordo com o art. 2º da Lei nº 8.009/1990, 
estão excluídos, também, da impenhorabilidade os veículos de 
transporte, obras de arte e adornos suntuosos. Contudo, mais 
uma vez a lei traz uma exceção: no caso de imóvel locado, a 
impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que 
guarneçam a residência e que sejam de propriedade do 
locatário, observado o disposto neste artigo. 
Conforme a Súmula nº 449 do STJ “A vaga de garagem 
que possui matrícula própria no registro de imóveis não 
constitui bem de família para efeito de penhora”. 
“A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o 
qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias 
de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de 
uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que 
quitados” (art. 1°, parágrafo único da Lei nº 8.009/1990). 
“Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de 
transporte, obras de arte e adornos suntuosos” (art. 2° da Lei 
nº 8.009/19902) 
“No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-
se aos bens móveis quitados que guarneçam a residência e que 
sejam de propriedade do locatário, observado o disposto 
neste artigo” (art. 2°, parágrafo único da Lei nº 8.009/1990) 
“A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo 
de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra 
natureza, salvo se movido” (art. 3° da Lei nº 8.009/1990): 
- “pelo titular do crédito decorrente do financiamento 
destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos 
créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo 
contrato” (art. 3°, II da Lei nº 8.009/1990). 
- “pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os 
direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o 
devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as 
hipóteses em que ambos responderão pela dívida” (art. 3°, III 
da Lei nº 8.009/1990). 
- “para cobrançade impostos, predial ou territorial, 
taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar” 
(art. 3°, IV da Lei nº 8.009/1990). 
- “para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido 
como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar” (art. 
3°, V da Lei nº 8.009/1990). 
- “por ter sido adquirido com produto de crime ou para 
execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, 
indenização ou perdimento de bens” (art. 3°, VI da Lei nº 
8.009/1990). 
- “por obrigação decorrente de fiança concedida em 
contrato de locação” (art. 3°, VII da Lei nº 8.009/1990). 
“Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, 
sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso 
para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da 
moradia antiga” (art. 4° da Lei nº 8.009/1990). “Neste caso, 
poderá o juiz, na respectiva ação do credor, transferir a 
impenhorabilidade para a moradia familiar anterior, ou 
anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa para execução ou 
concurso, conforme a hipótese” (art. 4°, § 1° da Lei nº 
8.009/1990). 
“Quando a residência familiar constituir-se em imóvel 
rural, a impenhorabilidade restringir-se-á à sede de moradia, 
com os respectivos bens móveis, e, nos casos do art. 5º, inciso 
XXVI, da Constituição, à área limitada como pequena 
propriedade rural” (art. 4°, § 2° da Lei nº 8.009/1990). 
“Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta 
lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo 
casal ou pela entidade familiar para moradia permanente” 
(art. 5° da Lei nº 8.009/1990). Sendo que “na hipótese de o 
casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis 
utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre 
o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para 
esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art. 70 do 
Código Civil” (art. 5°, parágrafo único da Lei nº 8.009/1990). 
 “São canceladas as execuções suspensas pela Medida 
Provisória nº 143, de 8 de março de 1990, que deu origem a 
esta lei” (art. 6° da Lei nº 8.009/1990). 
3.4. Bens Gravados com Cláusula de 
Inalienabilidade 
São aqueles que se tornam inalienáveis pela vontade 
humana, por meio de uma cláusula temporária ou vitalícia, nos 
casos previstos em lei, por ato inter vivos (ex: doação) ou causa 
mortis (ex.: testamento). 
Exemplo 
Um pai, percebendo que seu filho irá dilapidar o patrimônio, faz um 
testamento, com essa cláusula especial, a fim de que os bens não 
saiam do patrimônio do filho protegendo esses bens do próprio filho, 
impedindo que os atos de irresponsabilidade ou má administração 
possam levar o filho à insolvência - dívidas superiores aos créditos. 
O art. 1.911 do CC/2002 determina que “a cláusula de 
inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, 
 
 
- 30 - 
BENS 
implica impenhorabilidade e incomunicabilidade”. 
Atualmente essa cláusula tem valor um pouco mais restrito, 
pois o testador deve apontar expressamente a justa causa 
para essa sua decisão de tornar o bem inalienável (art. 1.848 
do CC/2002), ou seja, deverá justificar o porquê desta medida. 
Um caso justificável é a prodigalidade do filho. 
 
 
- 31 - 
BENS 
 
 
 
- 32 - 
BENS 
4. Coisas fora do Comércio
Embora o Código Civil de 2002 não haja feito expressa 
referência às coisas fora do comércio, o tema interessa ainda 
em nível doutrinário, pois o Código Civil anterior previa que 
“são coisas fora do comércio as insuscetíveis de apropriação, 
e as legalmente inalienáveis” (art. 69 do CC/1916). 
De modo geral, todos os bens podem ser apropriados e 
alienados, tanto a título oneroso quanto gratuito. Há, todavia, 
exceções a essa regra, constituindo-se o que se convencionou 
chamar de bens fora do comércio ou inalienáveis, consistentes 
nos bens que não podem ser negociados. 
A expressão “comércio” é utilizada no sentido da 
possibilidade de circulação e transferência de bens de um 
patrimônio para outro (susceptibilidade de apropriação), 
mediante compra e venda, doação etc. 
Tais bens se classificam em: 
a) inapropriáveis pela própria natureza: bens de uso 
inexaurível, como o mar e a luz solar. São as conhecidas res 
communes omnium (coisas comuns a todos), que não podem 
ser chamadas propriamente de coisas, pois falta o requisito da 
ocupabilidade. Nesta classificação enquadram-se, também, os 
direitos personalíssimos, uma vez que são insusceptíveis de 
apropriação material, havendo também norma legal que 
embasa tal circunstância; 
b) legalmente inalienáveis: bens que, embora sejam 
materialmente apro-priáveis, têm sua livre comercialização 
vedada por lei para atender a interesses econômico-sociais, de 
defesa social ou proteção de pessoas. Só excepcionalmente 
podem ser alienados, o que exige lei específica ou decisão 
judicial. É o caso dos bens públicos de uso comum do povo, 
bens dotais, terras ocupadas pelos índios, o bem de família 
etc. São também chamados de bens com inalienabilidade real 
ou objetiva; 
c) inalienáveis pela vontade humana: bens que, por ato 
de vontade, em negócios gratuitos, são excluídos do comércio 
jurídico, gravando-se a cláusula de inalienabilidade e 
impenhorabilidade. Admite-se a relativização de tais cláusulas, 
pela via judicial, em situações excepcionais, como moléstias 
graves do titular, para garantir a utilidade do bem, mas, nesse 
caso, o sentido da jurisprudência é na busca da prevalência do 
fim social da norma. Também são chamados de bens com 
inalienabilidade pessoal ou subjetiva. 
Vale destacar, porém, que há coisas que até podem vir 
a integrar o patrimônio das pessoas – ou seja, são passíveis de 
apropriação –, mas que não estão no complexo de bens de 
qualquer pessoa, antes de apro-priadas. 
É o caso da res nullius, coisa que não pertence 
atualmente a ninguém (ou seja, não é de titularidade de 
qualquer pessoa), mas que pode vir a pertencer pela 
ocupação, como, por exemplo, os animais de caça e pesca. 
Da mesma forma, a res derelictae, que é a coisa 
abandonada, como uma guimba de cigarro. Note-se que o 
abandono é necessariamente voluntário, sendo distinto da 
hipótese da coisa perdida (involun-tariamente), que continua, 
abstratamente, a pertencer ao patrimônio do titular. 
 
 
- 33 - 
BENS 
 
 
 
- 34 - 
BENS 
5. Coisas sem dono
A coisa sem dono (res nullius) não pertence a alguém, 
mas encontra-se à disposição do primeiro que se interessar, 
como, por exemplo, o peixe no rio e a caça na mata. 
Por uma questão lógica, esses somente poderão ser 
bens móveis, pois os imóveis que não pertencem a qualquer 
pessoa são do Estado (terras devolutas). 
5.1. Bens de natureza arqueológica 
ou pré-histórica 
 
LEI No 3.924, DE 26 DE JULHO DE 1961 
Art 17. A posse e a salvaguarda dos bens de natureza 
arqueológica ou pré-histórica constituem, em princípio, 
direito imanente ao Estado. 
 
 Art 18. A descoberta fortuita de quaisquer 
elementos de interêsse arqueológico ou pré-histórico, 
histórico, artístico ou numismático, deverá ser imediatamente 
comunicada à Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico 
Nacional, ou aos órgãos oficiais autorizados, pelo autor do 
achado ou pelo proprietário do local onde tiver ocorrido. 
 
 Parágrafo único. O proprietário ou ocupante do 
imóvel onde se tiver verificado o achado, é responsável pela 
conservação provisória da coisa descoberta, até 
pronunciamento e deliberação da Diretoria do Patrimônio 
Histórico e Artístico Nacional. 
 
 Art 19. A infringência da obrigação imposta no 
artigo anterior implicará na apreensão sumária do achado, 
sem prejuízo da responsabilidade do inventor pelos danos que 
vier a causar ao Patrimônio Nacional, em decorrência da 
omissão. 
Art 20. Nenhum objeto que apresente interêsse 
arqueológico ou pré-histórico, numismático ou artístico 
poderá ser transferido para o exterior, sem licença expressa 
da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 
constante de uma "guia" de liberação na qual serão 
devidamenteespecificados os objetos a serem transferidos. 
 
 Art 21. A inobservância da prescrição do artigo 
anterior implicará na apreensão sumária do objeto a ser 
transferido, sem prejuízo das demais cominações legais a que 
estiver sujeito o responsável. 
 
 Parágrafo único. O objeto apreendido, razão dêste 
artigo, será entregue à Diretoria do Patrimônio Histórico e 
Artístico Nacional. 
 
 
 
- 35 - 
BENS 
 
 
 
- 36 - 
BENS 
6. Bens Abandonados 
A coisa abandonada não é a coisa sem dono, assim a 
coisa abandonada era objeto de direito, mas deixou de ser 
porque o dono a renunciou intencionalmente. 
Pode ser apropriada pelo primeiro que se interessar, 
salvo se tal apropriação for proibida por lei, pois “quem se 
assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a 
propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei” (art. 
1.263 do CC/2002). 
CIVIL. PROCESSO CIVIL. LOCAÇÃO. BENS ABANDONADOS. 
REMOÇÃO PARA DEPÓSITO PÚBLICO. POSSIBILIDADE. 
1. Nos termos do artigo 65, § 1º, da Lei n.º 8.245/91, combinado com 
o artigo 840, § 1º, do Código de Processo Civil, os móveis e utensílios 
abandonados pelo locatário ficarão, na hipótese da inexistência de 
depositário judicial, em poder do locador. 
2. É possível a remoção dos móveis e utensílios abandonados pelo 
antigo locatário ao depósito público, quando, excepcionalmente, a 
sua guarda for excessivamente onerosa ao proprietário do imóvel. 
3. Recurso conhecido e parcialmente provido. 
STJ - REsp: 1667227 RS 2017/0086302-3, Relator: Ministro MARCO 
AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 26/06/2018, T3 - TERCEIRA 
TURMA, Data de Publicação: DJe 29/06/2018 
 
 
 
- 37 - 
BENS 
 
 
 
- 38 - 
BENS 
7. Bens Perdidos 
O tratamento dado ao bem perdido é diferente do bem 
sem dono. Assim, “quem quer que ache coisa alheia perdida 
há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor” (art. 1.233 do 
CC/2002). 
“Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do 
artigo antecedente, terá direito a uma recompensa não 
inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas 
despesas que houver feito com a conservação e transporte da 
coisa, se o dono não preferir abandoná-la” (art. 1.234 do 
CC/2002). “Na determinação do montante da recompensa, 
considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para 
encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades 
que teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de 
ambos” (art. 1.234, parágrafo único do CC/2002). 
No entanto, “não o conhecendo, o descobridor fará por 
encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à 
autoridade competente” (art. 1.233, parágrafo único do 
CC/2002). 
Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados 
ao proprietário ou possuidor legítimo, quando tiver 
procedido com dolo. 
Art. 1.236. A autoridade competente dará conhecimento da 
descoberta através da imprensa e outros meios de 
informação, somente expedindo editais se o seu valor os 
comportar. 
Art. 1.237. Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia 
pela imprensa, ou do edital, não se apresentando quem 
comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida em 
hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a 
recompensa do descobridor, pertencerá o remanescente ao 
Município em cuja circunscrição se deparou o objeto perdido. 
Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o 
Município abandonar a coisa em favor de quem a achou. 
 
REINTEGRAÇÃO DE POSSE - INTERESSE DE AGIR - ARRENDAMENTO 
MERCANTIL - VRG - AUSÊNCIA DE DESCARACTERIZAÇÃO - BEM 
PERDIDO - EXECUÇÃO. 
O contrato de arrendamento mercantil é um contrato complexo, que 
envolve financiamento, locação e possível compra e venda, sendo 
celebrado entre a pessoa interessada no bem, que o indica à 
financeira, para que esta o adquira e venha a arrendá-lo, com a 
opção de compra ao final de determinado prazo. A conversão de 
ritos somente é possível se compatíveis os procedimentos, se houver 
previsão legal permitindo e a se for anterior a citação do réu. Não há 
previsão legal que permita a conversão da ação de reintegração de 
posse em casos de arrendamento mercantil quando há a perda do 
objeto arrendado em execução. Recurso não provido. 
APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0446.08.010244-0/001 - COMARCA DE 
NEPOMUCENO - APELANTE (S): BFB LEASING S/A ARRENDAMENTO 
MERCANTIL - APELADO (A)(S): RODRIGO TEOFILO GONÇALVES - 
RELATORA: EXMª. SRª. DESª. EVANGELINA CASTILHO DUARTE 
 
 
- 39 - 
BENS 
 
 
 
- 40 - 
BENS 
8. Bem Ambiental 
O meio ambiente, protegido pelo art. 225 da 
Constituição Federal e pela Lei 6.938/1981, visando à proteção 
da coletividade, de entes públicos e privados, cuja proteção 
visa assegurar a sadia qualidade de vida das presentes e 
futuras gerações, ou seja, amparando-se direitos 
transgeracionais ou intergeracionais. O Informativo de 
Jurisprudência do STJ nº 415 apresenta este entendimento. 
PROCESSO 
REsp 1.120.117-AC, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado 
em 10/11/2009. 
TEMA 
ACP. REPARAÇÃO. DANO AMBIENTAL. 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
Cuida-se, originariamente, de ação civil pública (ACP) 
com pedido de reparação dos prejuízos causados pelos 
ora recorrentes à comunidade indígena, tendo em vista 
os danos materiais e morais decorrentes da extração 
ilegal de madeira indígena. Os recorrentes alegam a 
incompetência da Justiça Federal para processar e 
julgar a causa, uma vez que caberia à Justiça estadual 
a competência para julgar as causas em que o local do 
dano experimentado não seja sede de vara da Justiça 
Federal. Porém a Min. Relatora entendeu que a Justiça 
Federal, segundo a jurisprudência deste Superior 
Tribunal e do STF, tem competência territorial e 
funcional nas ações civis públicas intentadas pela União 
ou contra ela, em razão de o município onde ocorreu o 
dano ambiental não integrar apenas o foro estadual da 
comarca local, mas também o das varas federais. Do 
ponto de vista do sujeito passivo (causador de eventual 
dano), a prescrição cria em seu favor a faculdade de 
articular (usar da ferramenta) exceção substancial 
peremptória. A prescrição tutela interesse privado, 
podendo ser compreendida como mecanismo de 
segurança jurídica e estabilidade. O dano ambiental 
refere-se àquele que oferece grande risco a toda 
humanidade e à coletividade, que é a titular do bem 
ambiental que constitui direito difuso. Destacou a 
Min. Relatora que a reparação civil do dano ambiental 
assumiu grande amplitude no Brasil, com profundas 
implicações, na espécie, de responsabilidade do 
degradador do meio ambiente, inclusive imputando-lhe 
responsabilidade objetiva, fundada no simples risco ou 
no simples fato da atividade danosa, 
independentemente da culpa do agente causador do 
dano. O direito ao pedido de reparação de danos 
ambientais, dentro da logicidade hermenêutica, 
também está protegido pelo manto da 
imprescritibilidade, por se tratar de direito inerente à 
vida, fundamental e essencial à afirmação dos povos, 
independentemente de estar expresso ou não em texto 
legal. No conflito entre estabelecer um prazo 
prescricional em favor do causador do dano ambiental, 
a fim de lhe atribuir segurança jurídica e estabilidade 
com natureza eminentemente privada, e tutelar de 
forma mais benéfica bem jurídico coletivo, indisponível, 
fundamental, que antecede todos os demais direitos - 
pois sem ele não há vida, nem saúde, nem trabalho, 
nem lazer – o último prevalece, por óbvio, concluindo 
pela imprescritibilidade do direito à reparação do dano 
ambiental. Mesmo que o pedido seja genérico, havendo 
elementos suficientes nos autos, pode o magistrado 
determinar, desde já, o montante da reparação. 
A ampla proteção fundamenta o princípio do poluidor-
pagador, com a responsabilidade objetiva – 
independentemente de culpa –, e solidária de todos aqueles 
que causam danos ambientais, nos termos da Lei nº 
6.938/1981. 
O meio ambiente ou Bem Ambiental constitui espécie 
do gênero bem de uso geral do povo, mascom natureza difusa 
e não meramente pública. 
 
 
- 41 - 
BENS 
 
 
 
- 42 - 
BENS 
9. Animais 
Os animais, são enquadrados atualmente como coisas 
dentro do Direito Privado Brasileiro. Todavia, há uma 
tendência em se sustentar que são sujeitos de direito e não 
devem ser tratados como coisas, mas até como um terceiro 
gênero, sendo que já há Projetos de Lei que pretendem mudar 
o ordenamento jurídico pátrio para seguir este caminho. 
Na mesma linha do Código Civil Alemão, Código Civil da 
Suíça de 1902 alterado em 2002, o Código Civil Austríaco ABGB 
(Allgemeines Bügerliches Gesetzbuch), entre outros, que dá 
aos animais um tratamento diferente das coisas, remetendo a 
uma legislação específica. 
9.1. Animais no Direito de Família 
 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. DISSOLUÇÃO DE UNIÃO 
ESTÁVEL. ANIMAL DE ESTIMAÇÃO. AQUISIÇÃO NA CONSTÂNCIA 
DO RELACIONAMENTO. INTENSO AFETO DOS COMPANHEIROS 
PELO ANIMAL. DIREITO DE VISITAS. POSSIBILIDADE, A DEPENDER 
DO CASO CONCRETO. 
1. Inicialmente, deve ser afastada qualquer alegação de que a 
discussão envolvendo a entidade familiar e o seu animal de 
estimação é menor, ou se trata de mera futilidade a ocupar o tempo 
desta Corte. Ao contrário, é cada vez mais recorrente no mundo da 
pós-modernidade e envolve questão bastante delicada, examinada 
tanto pelo ângulo da afetividade em relação ao animal, como 
também pela necessidade de sua preservação como mandamento 
constitucional (art. 225, § 1, inciso VII -"proteger a fauna e a flora, 
vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua 
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam 
os animais a crueldade"). 
2. O Código Civil, ao definir a natureza jurídica dos animais, tipificou-
os como coisas e, por conseguinte, objetos de propriedade, não lhes 
atribuindo a qualidade de pessoas, não sendo dotados de 
personalidade jurídica nem podendo ser considerados sujeitos de 
direitos. Na forma da lei civil, o só fato de o animal ser tido como de 
estimação, recebendo o afeto da entidade familiar, não pode vir a 
alterar sua substância, a ponto de converter a sua natureza jurídica. 
3. No entanto, os animais de companhia possuem valor subjetivo 
único e peculiar, aflorando sentimentos bastante íntimos em seus 
donos, totalmente diversos de qualquer outro tipo de propriedade 
privada. Dessarte, o regramento jurídico dos bens não se vem 
mostrando suficiente para resolver, de forma satisfatória, a disputa 
familiar envolvendo os pets, visto que não se trata de simples 
discussão atinente à posse e à propriedade. 
4. Por sua vez, a guarda propriamente dita - inerente ao poder 
familiar - instituto, por essência, de direito de família, não pode ser 
simples e fielmente subvertida para definir o direito dos consortes, 
por meio do enquadramento de seus animais de estimação, 
notadamente porque é um munus exercido no interesse tanto dos 
pais quanto do filho. Não se trata de uma faculdade, e sim de um 
direito, em que se impõe aos pais a observância dos deveres 
inerentes ao poder familiar. 
5. A ordem jurídica não pode, simplesmente, desprezar o relevo da 
relação do homem com seu animal de estimação, sobretudo nos 
tempos atuais. Deve-se ter como norte o fato, cultural e da pós-
modernidade, de que há uma disputa dentro da entidade familiar em 
que prepondera o afeto de ambos os cônjuges pelo animal. Portanto, 
a solução deve perpassar pela preservação e garantia dos direitos à 
pessoa humana, mais precisamente, o âmago de sua dignidade. 
6. Os animais de companhia são seres que, inevitavelmente, 
possuem natureza especial e, como ser senciente - dotados de 
sensibilidade, sentindo as mesmas dores e necessidades 
biopsicológicas dos animais racionais -, também devem ter o seu 
bem-estar considerado. 
7. Assim, na dissolução da entidade familiar em que haja algum 
conflito em relação ao animal de estimação, independentemente da 
qualificação jurídica a ser adotada, a resolução deverá buscar 
atender, sempre a depender do caso em concreto, aos fins sociais, 
atentando para a própria evolução da sociedade, com a proteção do 
ser humano e do seu vínculo afetivo com o animal. 
8. Na hipótese, o Tribunal de origem reconheceu que a cadela fora 
adquirida na constância da união estável e que estaria demonstrada 
a relação de afeto entre o recorrente e o animal de estimação, 
reconhecendo o seu direito de visitas ao animal, o que deve ser 
mantido. 
9. Recurso especial não provido. 
STJ - REsp: 1713167 SP 2017/0239804-9, Relator: Ministro LUIS 
FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 19/06/2018, T4 - QUARTA 
TURMA, Data de Publicação: DJe 09/10/2018 
9.2. Projetos de Lei 
Há o projeto de Lei do Senado Federal nº 351/2015 no 
qual prevê alteração nos arts. 82 e 83 do Código Civil. Assim, 
além da definição de que “são móveis os bens suscetíveis de 
movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem 
 
 
- 43 - 
BENS 
alteração da substância ou da destinação econômico-social” 
(art. 82 do CC/2002), haveria o acréscimo do parágrafo único 
que prevendo que os animais não serão considerados coisas. 
Ainda, acrescentará o inciso IV no art. 83, “consideram-se 
móveis para os efeitos legais” (art. 83 do CC/2002): “as 
energias que tenham valor econômico” (art. 83, I do CC/2002), 
“os direitos reais sobre objetos móveis e as ações 
correspondentes” (art. 83, II do CC/2002) e “os direitos 
pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações” (art. 83, 
III do CC/2002); e no inc. IV “Os animais, salvo o disposto em 
lei especial”. 
O Projeto de Lei da Câmara Federal nº 145/2021 alinha-
se com uma tendência legislação brasileira, a partir da 
interpretação do art. 225, § 1º, VII da Constituição Federal, em 
reconhecer os animais como sujeitos de direitos, o que já 
ocorre, por exemplo, por meio do art. 216 da Lei nº 
15.434/2020, do Estado do Rio Grande do Sul, do art. 34-A da 
Lei nº 12.854/2003, com redação dada pela Lei nº 
17.485/2018, do Estado de Santa Catarina e do art. 5º da Lei 
nº 11.140/2018, do Estado da Paraíba. O art. 1º desta lei prevê 
que “os animais não-humanos têm capacidade de ser parte em 
processos judiciais para a tutela jurisdicional de seus direitos”, 
ainda prevê que a tutela jurisdicional individual dos animais 
prevista no caput deste artigo não exclui a sua tutela 
jurisdicional coletiva. Ainda, acrescenta inc. XII no art. 75 do 
CPC, “serão representados em juízo, ativa e passivamente” 
(art. 75 do CPC/2015), no qual “os animais não-humanos, pelo 
Ministério Público, pela Defensoria Pública, pelas associações 
de proteção dos animais ou por aqueles que detenham sua 
tutela ou guarda”. 
 
 
 
- 44 - 
BENS 
9. Índice 
B 
Bens consumíveis, 15 
Bens corpóreos, 11 
Bens divisíveis, 16 
Bens duráveis, 15 
Bens fungíveis, 14 
Bens imóveis, 11 
Bens inconsumíveis, 15 
Bens incorpóreos, 11 
Bens indivisíveis, 16 
Bens infungíveis, 14 
Bens móveis, 13 
Bens não duráveis, 15 
J 
Jornada de Direito Civil 
I Jornada 
Enunciado nº 11, 13 
IV Jornada 
Enunciado nº 287, 21 
Enunciado nº 288, 17 
VI Jornada 
Enunciado nº 535, 19 
Jornada de Direito Comercial 
III Jornada 
Enunciado nº 95, 11 
 
 
- 45 - 
BENS 
 
 
 
- 46 - 
BENS 
10. Referências 
AZEVEDO, Álvaro Villaça. 
BARBOZA, Heloísa Helena. 
DINIZ, Maria Helena. 
FARIAS, Cristiano Chaves de. 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA Filho, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil: Parte Geral. vol. 1. 23. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2021. 
HAICAL, Gustavo 
MORAES, Maria Celina Bodin de. 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. 
RODRIGUES, Silvio. 
ROSENVALD, Nelson. 
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: lei de introdução e parte geral. vol. 1. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. 
TEPEDINO, Gustavo. 
 
 
 
- 47 - 
BENS

Mais conteúdos dessa disciplina