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Câncer de mama LAYANE SILVA O QUE É A MAMA? A mama é uma glândula puramente exócrina, ou seja, não possui componente endócrina, tem uma estrutura semelhante a cachos de uva, que se denominam lóbulos mamários, onde será produzido o leite que será secretado através dos ductos mamários até sair pela aréola. O conhecimento anatômico é importante para identificar os 2 principais tipos de cânceres de mama, que pode nascer no lóbulo formando um carcinoma lobular, ou nascer no ducto sendo chamado de carcinoma ductal (mais comum). Relembrando! Denomina-se carcinoma porque o tumor se origina no tecido de revestimento, tanto no ducto quanto no lóbulo mamário. Observa-se uma parte amarelada que corresponde a gordura, quanto mais velha é a mama, mais gordura a mama tem, já quanto mais jovem, mais glândula possui. Na radiografia, a gordura aparece com a densidade mais escura e os nódulos e calcificações (ricas em cálcio) aparecem na cor branca, assim, o raio-X é importante porque pode-se identificar as calcificações brancas no fundo escuro que é a gordura. Dessa forma, a mamografia não é boa para mulheres jovens pois há pouca gordura e mais glândulas que são brancas, então não é possível visualizar as calcificações que também são brancas. Importante! Quanto mais velha a mama, maior a quantidade de gordura que é escura no raio-X, o que facilita visualizar a posição de nódulos e calcificações brancos em cima do fundo escuro. A mama possui relação com o músculo peitoral maior, e o câncer pode invadir totalmente esse músculo, e logo abaixo dele está a costela que recobre o feixe vasculo-nervoso intercostal. Da mesma forma que o câncer pode crescer para trás, ele pode crescer para frente e aflorar na pele com diferentes manifestações. A mama é dividida em quadrantes (4), sendo que a maioria dos tumores irão surgir no quadrante superior externo (50%) pois é a área que possui mais glândulas mamárias, por isso merece maior atenção durante a palpação. A mama possui um prolongamento para as axilas que é chamado de cauda de Spence, por isso é importante palpar não apenas as mamas que estão pêndulas mas também palpar essa região que pode possuir tecido mamário. Além disso, é fundamental compreender a drenagem linfática, visto que o câncer pode se espalhar de 2 formas: hematogênica e linfática, por isso é essencial investigar os linfonodos locorregionais da mama. Entre as 4 cadeias da região da mama, a principal é a cadeia axilar, visto que toda a drenagem da mama passa pela axila, existem também a cadeia da fossa supraclavicular, cadeia da fossa infraclavicular e cadeia torácica/mamária interna (mais profunda, localizada atrás do esterno). Importante! A região do pescoço e da mama são consideradas regiões diferentes, então caso apareça linfonodos reativos no pescoço pode ser considerado metástase pois é um linfonodo não regional Assim, a paciente pode ter todos os exames normais, mas se apresentar um “carocinho” no pescoço já é considerado um estágio 4 (doença metastática). Antigamente, para operar uma paciente com câncer de mama, era retirada toda a mama, pele, músculo e esvaziamento das axilas pois a doença espalhava inicialmente para as axilas que possuem de 20-30 linfonodos. Esse método tinha como consequência o linfedema (braços grandes pesados, disfuncionais, celulites na região dos braços)e, muitas vezes, os linfonodos axilares retirados não apresentavam doença na avaliação anatomopatológica. Atualmente, no lugar de retirar todos os linfonodos, é feita uma amostragem, isto é, retirar 1 ou 2 e se esses estiverem comprometidos são retirados os restantes - este é o conceito do linfonodo sentinela. Então, na paciente com nódulo, o médico nuclear injeta azul de metileno que é um corante azul ou uma substância radioativa chamada de tecnécio. Neste caso, na cirurgia, o cirurgião retira a lesão da mama e, com o aparelho que detecta a radiação, ele irá posicionar na axila da paciente para identificar o primeiro linfonodo infectante. Isto porque o tecnécio é uma substância pequena que será drenada pelo sistema linfático, assim, na cirurgia são retirados só os linfonodos que foram detectados, se eles estiverem livres de doença não é necessário mexer na axila, caso contrário, se positivos, é necessário mexer na axila. Esse procedimento não é mais regra, em algumas situações como pacientes idosas, mesmo positivo, os linfonodos podem ser tratados inicialmente com radioterapia. LAYANE SILVA QUAL A FUNÇÃO DA MAMA? A mama possui diversas funções, sendo que a função mais nobre é a amamentação, que é muito importante pois a mama só estará completamente formada/madura após a amamentação - sendo que o câncer é mais facilmente desenvolvido em uma mama imatura, portanto não amamentar é um fator de risco para câncer de mama. Ademais, a mama também tem a função estética que deve ser discutida com a paciente, e a função sexual. A expectativa é de 704 mil casos novos de câncer por ano, sendo 30% de câncer de mama feminina - lembrando que homens podem ter câncer de mama e representam 1% dos casos. Nos homens o câncer de mama tende a ser mais agressivo pois é mais difícil de suspeitar da doença no sexo masculino, que geralmente se espalha para a axila. O câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer na população feminina em todas as regiões do Brasil, exceto na região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa essa posição. IMPORTANTE! A chance de uma mulher desenvolver câncer de mama ao longo da vida é de 12%, ou seja, em cada 8 mulheres, 1 terá câncer de mama em algum momento da vida (isto na população normal, sem nenhum fator de risco). A vantagem desse tipo de câncer é que há um bom prognóstico se diagnosticado e tratado cedo, por isso é um dos cânceres que possui rastreamento - mas, as taxas de mortalidade continuam elevadas no Brasil, provavelmente devido diagnóstico tardio. Importante! O ideal é saber que se positivo deve-se esvaziar a axila, se negativo, não mexer na axila. Já no caso do azul de metileno, basta procurar qual dos linfonodos está com a cor azul e retirá-lo - essa substância é pouco utilizada pois ela impregna na pele e não sai, por isso é usado o tecnécio que é inofensivo e tem um resultado tão bom quanto o azul de metileno. Essa técnica pode ser utilizada em outras doenças, mas tem destaque no câncer de mama por poupar muitas axilas. O CÂNCER DE MAMA NO MUNDO O câncer de mama é o 2º tipo de câncer mais frequente em mulheres, tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento (o 1º tipo é o câncer de pele não melanoma). Representa 11,7% de todos os tipos de câncer, e em 2020, houve cerca de 2,26 milhões de casos novos. Países desenvolvidos: 85% Países em desenvolvimento: 60% Na imagem acima, observa-se uma paciente com baixa probabilidade de cura e alta chance de metástase. O câncer de mama é um dos cânceres no quais a ciência mais avançou, ou seja, há as melhores medidas para combater, então a sobrevida média em 5 anos é: QUEM TEM MAIOR RISCO? Sexo: o principal fator de risco para o câncer de mama é ser mulher. Idade: apesar de terem casos de mulheres jovens com câncer de mama, trata-se de uma doença de mulheres mais velhas, cuja incidência aumenta rapidamente até os 50 anos e depois mais lentamente. Em função disso, o rastreamento começa aos 40 anos, mas o Ministério da Saúde preconiza que comece aos 50 anos. Alguns cânceres podem ser bem agressivos, nesses casos, as pacientes relatam um crescimento rápido nos últimos meses, e outros terem um crescimento lento - normalmente, mulheres mais jovens tendem a ter câncer mais agressivos, visto que quanto mais jovem, maior a taxa de multiplicação celular e mais agressiva a doença. Outro sinal é o endurecimento, ou seja, não há um nódulo mas a mama fica com consistência de pedra, como se toda a mama estivesse acometida. Ademais, o câncer pode aflorar na pele criando o aspecto de “casca de laranja” (pele cheia de buraquinhos e avermelhada). LAYANE SILVA Existem sinais e sintomas característicos para câncer de mama, o principalé o “caroço” na mama (nódulo mamário), que é considerado suspeito se endurecido, indolor e aderido a planos profundos (tríade clássica). Menarca precoce: considerada precoce abaixo dos 9 anos (aumenta o tempo de exposição hormonal) Primeira gestação a termo acima dos 30 anos: com a emancipação feminina tornou-se mais comum a gravidez do 1o filho após os 30 anos. Anticoncepcionais orais: principalmente se exposição prolongada - estudos demonstraram que > 10 anos de uso aumenta pouco o risco, mas o benefício de utilizar com orientação médica pode superar o risco. Menopausa tardia: considerada após os 52 anos - média da idade de menopausa no Brasil (aumenta o tempo de exposição hormonal). Terapia de reposição hormonal: tanto para mulheres quanto para homens, naturalmente os hormônios irão diminuir com o envelhecimento, então a reposição hormonal com testosterona ou progesterona para manter a juventude pode causar problemas por não ser um processo fisiológico - assim, o tempo máximo de uso de reposição hormonal é 5 anos em casos de pacientes sintomáticas. Nuliparidade: a ausência da amamentação é fator de risco para câncer de mama. História familiar: aumenta em 2-3 vezes o risco (parente de 1o grau; câncer bilateral; câncer em homens). Sabe-se que o câncer de mama possui relação hormonal, então tudo que expõe a mulher ao hormônio, principalmente o estrógeno, aumenta o risco de câncer de mama, como por exemplo: História familiar de câncer da mama: considerar histórico familiar importante em parentes de primeiro grau (mãe, irmã, filhas) - importante investigar até a 2a geração (avós). Exposição à radiação ionizante: por exemplo, antigamente, o tratamento de linfomas era feito com radioterapia no tórax, que causava um dano no DNA que posteriormente refletia em um câncer de mama. Maior nível socioeconômico: quem tem maior acesso aos serviços de saúde (zonas de rastreamento) são mais diagnosticadas. Alterações genéticas: BRCA1, BRCA2 e p53 - pacientes com BRCA1 (gene supressor tumoral) mutado não conseguem corrigir o erro do DNA que acontecerá, assim há risco de 60- 65% de câncer de mama, por isso é uma das indicações de retirar a mama de forma preventiva. Lesões pré-malignas. Importante! Silicone não é fator de risco para câncer! SINTOMAS Importante! Acerca do estadiamento, todas as vezes que a pele está acometida já é um tumor T4. Na imagem acima observam-se 3 sinais importantes: mamilo invertido/intruso (se tiver esse aspecto desde o nascimento é uma característica normal, mas se de repente o mamilo tornou-se intruso significa um crescimento tumoral abaixo do mamilo), buraquinhos na pele e pele em casca de laranja, caracterizando um estágio T4. Em alguns casos, pode haver uma ferida, afundamento, protuberância, assimetria (normalmente, uma mama é diferente da outra, mas se de repente uma passa a crescer mais do que a outra é um sinal de alerta) e derrame papilar. O derrame papilar que é sinal de alerta para câncer de mama é em “água de rocha” - apesar da maioria das pessoas se preocuparem mais com o derrame sanguinolento ou com secreção leitosa (pode ser causada por prolactinoma - tumor de hipófise). LAYANE SILVA DIAGNÓSTICO Entrevista e exame físico geral Exame clínico das mamas Exames de imagem da mama Exames invasivos da mama A palpação da mama deve ser feita da seguinte forma: (1) inspeção estática: avaliar forma, assimetria, alterações de pele; (2) inspeção dinâmica (paciente com as mãos na cintura ou na nuca): avaliar retração, visto que se a mama tiver um tumor que está invadindo o músculo peitoral, uma mama irá subir e a mama que está doente ficará estagnada/parada porque está fixada pelo câncer; (3) palpação das cadeias de linfonodos: investigar cadeias axilares (paciente com a mão no ombro do examinador), supraclaviculares, infraclaviculares; (4) palpação da mama: pode ser feita com a mão espalmada ou digital, dividindo a mama em quadrantes e palpando da periferia para o centro ou palpar em espiral da periferia para o centro até o mamilo no sentido horário; e (5) descarga papilar: deve-se tentar desprender em cada ponto como um relógio. Se fez mamografia, é indicado fazer USG ou vice-versa e, caso ambos sejam BI-RADS 0, deve-se fazer uma RNM. Se após os 3 e 6 meses houver uma evolução com aumento do tamanho do “caroço”, pode ser necessário retirar o nódulo ou realizar uma PAAF. No BI-RADS 3, pode-se pedir a PAAF em pacientes que são “cancerofóbicas”, ou seja, não conseguem viver sem ter a certeza do diagnóstico. Para uniformizar os laudos da mamografia foi criada a classificação de BI-RADS que vai de 0 a 6, desse modo: BI-RADS 0: exame inconclusivo, normalmente porque está diante de uma mama jovem, ou seja, não é possível interpretar o resultado porque ficou um “borrão” no exame. Nesse caso, a conduta é complementar com outro exame, na maioria das vezes o ultrassom. BI-RADS 1: exame bem feito no qual não foi encontrada nenhuma alteração. Nesse caso, a conduta é repetir o exame anualmente. BI-RADS 2: exame com alteração definitivamente benigna, como por exemplo linfonodo intramamário. Nesse caso, a conduta é repetir o exame anualmente. BI-RADS 3: exame com alteração provavelmente benigna (75-80% de chance de ser benigno). Nesse caso, a conduta é repetir o exame em 3 e 6 meses para avaliar a evolução. BI-RADS 4: exame com alteração provavelmente maligna. Nesse caso, a conduta é realizar uma biópsia. BI-RADS 5: exame com alteração definitivamente maligna, ou seja, está confirmado que a paciente tem um câncer. BI-RADS 6: exame de controle na paciente que já possui o diagnóstico de câncer, ou seja, se uma paciente teve câncer, realizou quimioterapia e a lesão sumiu na mamografia, ela não pode ser classificada como BI-RADS 1, mas sim como BI-RADS 6 pelo diagnóstico prévio de câncer. MAMOGRAFIA Consiste em um raio-X da mama que é feito apertando a mama de cima para baixo (incidência crânio-caudal), que informa sobre a parte medial e lateral, e também na incidência médio-lateral oblíqua (MLO), que informa sobre a parte superior e inferior. Curiosidade! A prótese mamária pode dificultar o exame das mamas, se a prótese estiver atrás do peitoral é mais simples, mas se ela estiver na frente do músculo, há uma dependência maior de exames de imagem. Classificação de BI-RADS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES A mamografia abaixo é uma incidência médio-lateral oblíqua pois é possível visualizar o músculo peitoral maior. Ademais, é possível observar um nódulo calcificado e de forma estrelar (completamente irregular), o que indica suspeita de câncer. Observa-se que a mama é cinza em função da presença de gordura, e o branco em cima da gordura se destaca, o que facilita a visualização do nódulo. Nódulo LAYANE SILVA Microcalcificações É possível observar uma imagem similar a um céu estrelado/nebuloso que são microcalcificações, estas serão suspeitas quando são micro e estão agrupadas, pois é um sinal de que há células morrendo e sendo calcificadas naquele local. Densidades assimétricas Na mamografia abaixo observa-se uma incidência crânio- caudal (não é possível visualizar o músculo peitoral), na qual há uma área mais densa em uma das mamas formando uma densidade assimétrica, onde está localizado o câncer. Ademais, na mamografia abaixo observa-se uma pele irregular, apesar de não haver nódulos ou calcificações, possivelmente no exame físico pode haver uma retração no local, por isso é uma área suspeita de câncer. Distorção arquitetural Abaixo observa-se uma distorção da arquitetura da mama. ULTRASSONOGRAFIA A importância do ultrassom é diferenciar lesão cística de lesão nodular, então se a imagem for redonda, bem definida e preta por dentro significa um acúmulo de líquido (visto que líquido é anecóico). Além disso, o ultrassom orienta a região da biópsia, guiando a agulha até o ponto exato, complementando o BI-RADS 0. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA A ressonância será solicitada nos casos em que os exames anteriores não ajudaram no diagnóstico ou geraram dúvidas, mulheres com prótesesmamárias e pacientes com altíssimo risco para câncer de mama a fim de melhorar a acurácia do exame. No entanto, a ressonância não é feita para todas as pacientes pelo alto custo. Na RNM abaixo observa-se uma alteração na mama direita. LAYANE SILVA Curiosidade! Existe outra técnica a tomossíntese, que consiste em uma tomografia da mama, que também é utilizada em casos de pacientes com prótese. Após ter feito o diagnóstico, é necessário fechar com coleta do material, visto que o câncer só é tratado após a biópsia, pois é necessário documentar a doença - alguns tipos específicos de câncer dispensam a biópsia. PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA FINA (PAAF) Nesse caso, o médico pode palpar o caroço ou usar um ultrassom, enfiar uma agulha 40x12 no caroço e fazer um vácuo com a agulha, assim, as células que estão no tumor irão entrar na agulha. Posteriormente, o conteúdo da agulha será colocado em uma lâmina, que será corada e visualizada no microscópio - por isso, é exame citológico, que serve apenas para informar se é benigno ou maligno. CORE BIOPSY (PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA GROSSA) Diferentemente da PAAF, é uma agulha grossa acoplada em uma pistola, que, após a anestesia local e com uso do ultrassom, a agulha é enfiada no caroço e o médico dispara a pistola, desse modo a agulha entra no câncer e retira uma amostra de tecido - por isso, o exame é histológico, e serve para informar se é câncer, se é lobular ou ductal, qual o grau, se há carcinoma in situ, etc. Assim, se há uma paciente com suspeita de lesão maligna na mama, primeiramente deve ser solicitada uma Core biopsy para resolver a doença o quanto antes. Já, a PAAF será utilizada nos nódulos BI-RADS 3 para tranquilizar a paciente, e para linfonodos axilares em mulheres que já possuem um diagnóstico de câncer de mama para investigar se o linfonodo está contaminado. Importante! A indicação de biópsia na mama é > BI-RADS 4. IMUNOHISTOQUÍMICA Outra vantagem de colher todo material pela core biopsy, é que é possível fazer exame de imunohistoquímica, que possibilita o tratamento adequado do câncer de mama. Nesse exame será investigados as seguintes estruturas: (1) receptor de estrógeno e progesterona (2 hormônios femininos) que está dentro do citoplasma, pois são hormônios esteroidais (lipofílico), ou seja, conseguem atravessar a membrana plasmática e atuar dentro da célula - o resultado pode ser positivo ou negativo. (2) KI-67, localizado no núcleo, mede quantas células estavam passando pelo proceso de mitose no momento da biópsia - o resultado pode ser de 0-100%. (3) HER-2, receptor localizado na membrana, é uma proteína proliferativa, ou seja, faz as células se multiplicarem e se espalharem rapidamente, principalmente para o cérebro. O resultado será em cruzes 0+, 1+, 2+ e 3+, assim, se 0-1 cruz considerar negativo, se 3 cruzes considerar positivo, e 2 cruzes considerar duvidoso. No caso do resultado duvidoso, deve-se fazer um teste chamado FISH para confirmar se é positivo ou negativo. LAYANE SILVA CLASSIFICAÇÃO MOLECULAR Baseado nisso, o câncer de mama pode ser classificado em 5 tipos diferentes. Visto que se a célula já está em toda a mama e invadiu a axila, isso facilita que ela invada outros tecidos. Assim, essas pacientes que tem pelo menos 1 desses fatores de risco devem passar pela cirurgia (tratamento curativo) e, além disso, um tratamento adjuvante com quimioterapia. Importante! Os tumores HER-2 positivos são agressivos também mas tem como vantagem a presença da proteína que aumenta o tumor, assim, o tratamento pode ser direcionado para essa proteína. Assim, os tumores que são HER-2 são tão graves quanto o triplo negativo, mas tem terapia-alvo. (1) O tumor luminal A terá receptor hormonal positivo (RH), HER-2 negativo e o índice de proliferação < 14%. (2) O tumor luminal B é similar ao A, mas a proliferação é > 14%, portanto, é mais agressivo. (3) O tumor luminal híbrido tem tudo positivo, tanto receptor de hormônio quanto HER-2. (4) O tumor HER-2, possui apenas HER-2 positivo e o receptor hormonal negativo. (5) O tumor triplo negativo tem todos os parâmetros negativos, e é o tumor de mama mais agressivo, tende a ir para cérebro e, normalmente, as mulheres morrem por metástase cerebral. Assim, não basta dizer para a paciente que ela tem câncer de mama, é necessário especificar qual tipo de câncer de mama ela possui. Observa-se no gráfico que os pacientes com tumor triplo negativo vivem menos quando comparados aos outros tipos de câncer em função de sua agressividade. DOENÇA DE ALTO RISCO Existem alguns fatores que informam se a paciente tem alto risco de recaída, entre eles: pacientes jovens com < 35 anos, tumores > 2 cm, grau 3, invasão de vasos linfáticos, receptores de hormônios negativos e HER-2 positivo, e também quando a axila é positivo. ESTADIAMENTO Por meio do estadiamento é possível observar por exemplo, se um tumor tem < 2 cm é um T1, se tem acometimento de pele é um T4, e assim por diante. LAYANE SILVA Portanto, ao juntar o T + N + M é possível definir o estágio. Em alguns casos, a paciente é indicada para quimioterapia se tiver, por exemplo, acometimento de pele ou axila, mas outros casos a paciente não precisam de quimioterapia, e existem casos duvidosos. Por isso surgiram alguns testes genéticos (Oncotype, MammaPrint e Prosigna) que verificam se naquele tumor existem genes de agressividade, cuja presença reforça a indicação de quimioterapia, e do contrário sua ausência pode poupar a paciente de realizar uma quimioterapia. Este exame é particular, custa em torno de 10-12 mil dólares, mas é útil em casos de dúvida quanto à indicação de quimioterapia. TRATAMENTO Sabe-se que o tratamento é individualizado e o tratamento curativo é a cirurgia. Doença localizada Cirurgia radical/conservadora Radioterapia Quimioterapia adjuvante/neoadjuvante Imunoterapia Hormonioterapia Inibidores de ciclinas Inibidores de PARP Para pacientes com doença localizada, os tratamentos possíveis são: Doença metastática (incurável) LAYANE SILVA Hormonioterapia/Quimioterapia Imunoterapia Inibidores de ciclinas Inibidores de PARP Controle de sintomas Para pacientes com doença metastática, infelizmente serão casos incuráveis, por isso os tratamentos serão paliativos, ou seja, com objetivo de prolongar a vida da paciente com qualidade, para isso são utilizados: (1) Se a paciente tem um tumor na mama > 2 cm. (2) Se a paciente tem um tumor na mama e linfonodos acometidos na axila deve ser feita a quimioterapia antes da cirurgia, pois se a paciente for para a cirurgia será feito o esvaziamento da axila - então a quimioterapia é feita na tentativa de poupar a quimioterapia. A quimioterapia pode ser feita antes ou depois da cirurgia a depender do tamanho, assim, existem 2 indicações para fazer quimioterapia antes da cirurgia: CIRURGIA RADICAL X CONSERVADORA A cirurgia antigamente sempre era de forma radical, mas atualmente não é necessário retirar a mama toda, apenas uma parte, mas essa paciente precisa passar por uma radioterapia após o procedimento. Assim, é possível fazer cirurgia conservadora desde que ofereça radioterapia, que tem como função proteger o restante da mama que ficou. Se a paciente tiver um tumor de 1 cm, e na região não houver acesso a radioterapia, torna-se necessário retirar a mama toda, pois não há como tratar de forma conservadora sem a radioterapia. RADIOTERAPIA Consiste em um aparelho que emite radiação em apenas um local, no caso a mama e, por vezes, a axila, assim, todos os dias a paciente deita na maca e faz uma sessão por cerca de 3 semanas para proteger a mama que ficou. QUIMIOTERAPIA E BLOQUEIO HORMONAL O tratamento medicamentoso pode ser feito com quimioterapia em alguns pacientes - visto que nem todas as pacientes necessitam de quimioterapia - e o bloqueio hormonal. Este pode ser indicado quando a paciente tiver o receptor hormonal, caso contrário não funcionará pois o tumor não terá receptor hormonal. ALÍVIO DE SINTOMAS O câncer de mama tende a invadir o cérebro (se for triplonegativo ou HER-2 positivo, nesse caso há maior dificuldade de tratamento em função da barreira hematoencefálica), ossos, pulmão e fígado - se doença metastática pode ser usado tratamento para alívio de sintomas. DOENÇA HER-2 Recorrência O HER-2 é um receptor de membrana que atua na transcrição e crescimento do gene, ou seja, é uma proteína de agressividade, por isso pacientes que tem HER-2 positivo, tem tumores de comportamento tumoral agressivo, que inclui: LAYANE SILVA Outra droga importante na oncologia é representada por essa estrela amarela ligada ao Trastuzumabe, que consiste em uma quimioterapia ligada a um anticorpo que é a ligação covalente (mais potente) que funciona como um cavalo de troia. Ou seja, o anticorpo irá procurar o HER-2 e a célula irá fagocitar, e dentro da célula, a quimioterapia se solta e elimina a célula, assim, a quimioterapia é levada apenas para essas células que possuem o HER-2 positivo. Após identificar a presença de HER-2, o cientista Slamon desenvolveu uma droga capaz de bloquear o HER-2, chamada de Trastuzumabe, o que mudou dramaticamente a história natural da doença. Após o bloqueio do HER-2, passa a ter comportamento similar ao HER-2 negativo, posteriormente houve a criação de outros medicamentos. Metástases Sobrevida reduzida Rápido crescimento tumoral Alto grau Anticorpos monoclonais Trastuzumabe Pertuzumabe Pequenas moléculas Lapatinibe Tucatinibe Anticorpos conjugados T-DM1 Trastuzumabe-Tuxtepecano Posteriormente, descobriu-se que quando o HER-2 conjugava, principalmente com o HER-3, isso potencializava o efeito de agressividade do câncer, então o tratamento buscou bloquear o HER-2 com o Trastuzumabe e também bloquear a ligação do HER-2 com o HER-3 a partir de uma nova droga chamada de Pertuzumabe - esse é um tipo de terapia-alvo disponível no SUS. Duplo bloqueio HORMONIOTERAPIA A hormonioterapia é mais uma das terapias passíveis de uso, sendo que o mais antigo é o Tamoxifeno que faz o bloqueio do receptor de estrógeno, e não o deixa atuar sobre o receptor, o que reduz o risco da doença voltar - antigamente, as mulheres o utilizavam por 1 ano, 2 anos, depois 5 anos, e atualmente é oferecido 10 anos de Tamoxifeno (1 comprimido por dia). Os principais efeitos colaterais do Tamoxifeno são: (1) tromboembolismo (eventos trombóticos), apesar de ser um risco baixo, e (2) câncer de endométrio. Outras opções são (1) inibir a aromatase, que é a enzima responsável pela conversão periférica, inibindo os hormônios esteroidais, tendo como principal efeito colateral é a osteoporose, (2) ooforectomia, ou seja, a retirada de ambos ovários inibe a produção do estrógeno. QUIMIOTERAPIA Antracíclicos Taxanes com ou sem Bevacizumabe Capecitabina Vinorelbina Gencitabina Doxorrubicina lipossomal Irinotecano Ixabepilone Eribulina Existem vários tipos de quimioterapia que podem ser utilizadas, sendo importante lembrar que a quimioterapia também é uma arma contra o câncer. Por vezes, o paciente refere que está fazendo “quimioterapia vermelha”, isto significa que está em uso de antraciclina que é um medicamento vermelho. Imunoterapia: Atezolizumabe + Nab-Paclitaxel; Pembrolizumabe + QT Outras drogas LAYANE SILVA Exame clínico anual a partir dos 40 anos Mamografia a cada 2 anos para mulheres de 50-69 anos O rastreamento do câncer de mama é feito, pelo Ministério da Saúde, a partir dos 50 anos de forma bianual, mas observa-se um aumento dos casos a partir dos 40 anos, então a recomendação oficial é realizar mamografia e exame das mamas, 01 vez por ano, a partir dos 40 anos. Mulheres de baixo risco O autoexame não pode ser utilizado de maneira isolada, pois pode passar uma falsa impressão de segurança. Auto-exame Inibidores da PARP: Olaparibe Inibidores de ciclina: Palbociclibe, Ribociclibe e Abemaciclibe Anticorpos conjugados: Sacituzumabe-Govitecano Terapia anti-Her-2 Este tratamento é exclusivo para pacientes que tem mutação do gene BRCA RASTREAMENTO Exame clínico anual Mamografia anual a partir de 35 anos Em pacientes com histórico familiar positivo para câncer de mama ou se a mulher tem sabidamente algum dos genes mutados, o rastreamento deve iniciar aos 35 anos. Mulheres de alto risco Exemplo! Paciente do sexo feminino, 30 anos, advogada, previamente hígida, sem histórico familiar de neoplasias, sem história de etilismo e tabagismo, refere que em junho durante o banho notou uma área endurecida nos quadrantes inferiores da mama direita. Paciente procurou a ginecologista que palpou na união do quadrante inferior lateral com o medial da mama direita uma tumoração de 6 cm com um aglomerado linfonodal na axila ipsilateral. Foi encaminhada ao mastologista e submetida ao Core biopsy por ser uma lesão altamente suspeita, que mostrou um carcinoma ductal invasor de grau histológico 3 com invasão angiolinfática, com receptor de estrógeno + em 100% das células, receptor de progesterona + em 10% das células, HER-2 score 2 e um KI-67 = 60%. O estadiamento sem evidência de doença metastática à distância. Idade: a idade de corte é 35 anos e a paciente é jovem (30 anos). Tamanho do tumor: o tumor é considerado grande por ser > 2 cm. Aglomerado: o comprometimento da axila é sempre ruim. Invasão angiolinfática; Grau histológico 3; KI-67 = 60%. Nesse caso os principais fatores são: Com essas informações não é possível classificar a paciente pois falta o FISH, visto que HER-2 é score 2 - se a paciente fizer o FISH e o resultado for positivo, ela será classificada como luminal híbrido porque tanto o receptor hormonal quanto o HER-2 são positivos. Nesse caso, o tratamento será feito da seguinte forma: (1) quimioterapia porque ela tem indicação de fazer quimioterapia antes da cirurgia, (2) cirurgia, que é o principal tratamento curativo, (3) terapia de bloqueio hormonal, porque ela tem receptor hormonal positivo, com Tamoxifeno, (4) Trastuzumabe para inibir a ação de HER-2. É essencial lembrar que a ordem das terapias altera o resultado, ou seja, se a paciente fizer a cirurgia inicialmente ela terá que retirar toda a mama, portanto, ela deve tentar reduzir o tumor para conseguir realizar uma cirurgia menor, por isso a ordem será: quimioterapia, cirurgia conservadora, radioterapia e terapia medicamentosa.
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