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Ciência Política e Economia-1

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CIÊNCIA POLÍTICA 
E ECONOMIA
PROF. FILIPE BELLINASO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA
Prof. Filipe Bellinaso
CIÊNCIA POLÍTICA 
E ECONOMIA
Marília/SP
2022
“A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma 
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à 
geração, sistematização e disseminação do conhecimento, 
para formar profissionais empreendedores que promovam 
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e 
cultural da comunidade em que está inserida.
Missão da Faculdade Católica Paulista
 Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo.
 www.uca.edu.br
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma 
sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, 
salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a 
emissão de conceitos.
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
CIÊNCIA POLÍTICA 
E ECONOMIA
PROF. FILIPE BELLINASO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5
SUMÁRIO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
09
22
34
45
57
69
80
91
102
113
124
135
145
156
166
INTRODUÇÃO A CIÊNCIA POLÍTICA
O CONCEITO DE PODER
O CONCEITO DE ESTADO
A HISTÓRIA DO PENSAMENTO POLÍTICO - I
A HISTÓRIA DO PENSAMENTO POLÍTICO - II
AS FUNÇÕES DO ESTADO
AS FORMAS DE ESTADO E OS SISTEMAS DE 
GOVERNO
AS FORMAS DE GOVERNO
A FORMAÇÃO DO ESTADO BRASILERO
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO - 
PARTE I
HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO - 
PARTE II
A MICROECONOMIA E A MACROECONOMIA
TEORIA DO CONSUMIDOR
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL
CIÊNCIA POLÍTICA 
E ECONOMIA
PROF. FILIPE BELLINASO
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6
INTRODUÇÃO
Olá, minha cara aluna! Olá, meu caro aluno! Estamos começando o nosso curso de 
Ciência Política e Economia. É muito provável que algumas pessoas se sintam mais 
motivadas e outras um tanto mais receosas em estudar esse assunto. De qualquer 
forma, peço um pouco de calma e paciência, que na medida do possível, faremos 
deste processo o mais motivador e leve possível.
É natural também que ao se depararem com essa disciplina, é possível que tenham 
pensado em algum destes questionamentos: Mas porque eu devo estudar ciência 
política e economia no jornalismo? Política é algo subjetivo, como vou estudar isso? Mas 
eu não tenho interesse em seguir esta área dentro do jornalismo, para que estudar? etc.
Aqui nesta introdução começarei a responder algumas destas perguntas, mas espero 
que quando você chegar ao final da conclusão deste material, você tenha encontrado 
as respostas para estas suas perguntas iniciais.
Basicamente, como iremos ver ao longo do nosso curso, não existe sociedade 
sem política e economia, uma vez que o jornalismo se preocupa em retratar os 
acontecimentos que cercam a sociedade em suas múltiplas áreas, é impossível que 
o jornalismo, independente de sua área, não aborde em algum momento questões 
políticas e questões econômicas. 
Como iremos ver em nossa primeira aula, e por isso não vou me prolongar muito 
nesse debate aqui nesta introdução, política e economia não são opiniões, e sim 
ciências. Você pode até emitir uma opinião ou simpatizar mais com determinados 
pensadores, mas isso não significa que dentro do pensamento científico e econômico 
não existam metodologias e princípios norteadores. Você até pode achar que é possível 
plantar feijão sem água, porém, a ciência biológica afirma que é necessário água para 
plantar o feijão.
Nesse sentido, o jornalista, como aquele que deve estar compromissado com 
a verdade, toda vez que a política e a economia passarem pelo seu caminho, seja 
trabalhando diretamente com essas áreas ou em outras, é necessário ter os fundamentos 
básicos destas ciências para que possam transmitir da forma mais honesta possível 
aquele determinado conteúdo.
CIÊNCIA POLÍTICA 
E ECONOMIA
PROF. FILIPE BELLINASO
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Vale ressaltar também, que é importante, não só em termos profissionais, mas em 
termos particulares mesmo, você como cidadão, tenha os conhecimentos básicos sobre 
política e economia, para que com isso possa exercer melhor a sua própria cidadania.
Nesse sentido, em busca de ofertar as ferramentas básicas e introdutórias da ciência 
política e da economia, debateremos os assuntos conceitos da qual compreendo ser o 
mais importante para vocês quanto futuros jornalistas. Noções básicas que se farão 
presentes no futuro trabalho de vocês, principalmente para aqueles que trabalharam 
diretamente com esta área.
Nosso primeiro grupo de aulas vai ser dedicado ao estudo da ciência política, da 
qual demanda mais tempo, uma vez que será a realidade que mais se fará presente 
no trabalho de vocês independente de abordarem diretamente as questões políticas 
dentro do jornalismo. A política é a alma da sociedade, logo, ela sempre irá aparecer 
nas múltiplas ramificações que a sociedade possui: cultura, esportes etc.
Nossas três primeiras aulas serão introdutórias e buscaram definir três conceitos 
importantes para depois dar os próximos passos, que é a própria definição de ciência 
política, e os conceitos de Poder e Estado. Dando sequência, dedicaremos duas 
aulas ao estudo da história do pensamento político, analisando as mais importantes 
contribuições políticas ao longo da história, entendendo que estas, são os fundamentos 
básicos para o desenvolvimento de todo o pensamento político que veio posteriormente.
Após isso, trabalharemos elementos importantes envolvendo a questão do Estado, 
diferenciando-o do governo, entendendo as suas funções, e com isso, compreendendo 
um pouco melhor como se dá a dinâmica política. Além disso, diferenciarmos as 
formas de Estado, os sistemas de governo e as formas de governo, que muitas vezes 
podem gerar confusão.
Para finalizar as aulas voltadas mais para ciência política falaremos do processo 
histórico da formação do Estado brasileiro, para entendermos um pouco as 
características específicas da formação do nosso país. Ao adentrarmos a economia, 
faremos um movimento inicial muito parecido, debateremos os principais conceitos e 
a definição de economia, além de fazer um levantamento histórico sobre a evolução 
do pensamento econômico.
Dando sequência, abordaremos a diferença das duas grandes subáreas presentes 
dentro da economia, a microeconomia e a macroeconomia, além de dedicar uma 
aula completa, para compreender a chamada teoria do consumidor. E para finalizar 
nosso curso, assim como fizemos com a ciência política, iremos abordar a formação 
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E ECONOMIA
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econômica do Brasil, novamente, buscando compreender as características específicas 
da formação do nosso país.
O caminho é longo, um tanto quanto complicado, mas aos poucos vamos alcançando 
os nossos objetivos. Uma boa jornada a todos, um ótimo aprendizado, e desejo, que 
na medida do possível, seja um agrado para todos.
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E ECONOMIA
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CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO A 
CIÊNCIA POLÍTICA
Olá, minha cara aluna! Olá, meu caro aluno! Essa é a primeira aula do nosso curso de 
Ciência Política e Economia. Como dito anteriormente na introdução, a primeira parte 
do nosso curso se dedicará ao estudo da ciência política - lembrando também, que 
política e economia não são dois elementos que possam ser separados por completo. 
Para começarmos o estudo da ciência política, se faz de extrema importância 
compreendermos o que caracteriza e qual é o objeto de estudo desta área do 
conhecimento. E por fim, falaremos sobre a origem dos primeiros pensamentos 
sistematizados sobre a política.
Antes de começarmos, gostaria de falar para você não se desesperar, sobretudo 
se você não for familiarizado com os conceitospolíticos, aos poucos, ao longo de 
nossas aulas, iremos explicando os principais conceitos. 
1.1 O Que é a Ciência Política?
Para dar início de forma definitiva a esta aula, nada mais justo do que ter como ponto 
de partida, a compreensão da definição do que se trata a Ciência Política. Segundo o 
pensador brasileiro Darcy Ribeiro, muitas vezes o meio acadêmico erra em não dizer e 
explicar o óbvio. Então comecemos pelo óbvio: ciência e opinião são coisas distintas.
A opinião, ou como mais usada dentro do meio acadêmico, o senso comum, 
é caracterizado por uma forma de conhecimento da qual se pauta em elementos 
aleatórios e pessoais, normalmente atrelados ao empirismo (em outras palavras, as 
informações que obtemos através dos nosso sentidos) ou àquilo que comunmente 
chamamos de achismo. É importante evidenciar, que não deixa de ser uma forma de 
conhecimento, mas vai ser distinta ao conhecimento científico.
Por sua vez o conhecimento científico, em linhas gerais, é o conhecimento extraído 
de acordo com uma determinada metodologia, que por sua vez, segue um conjunto de 
regras, desta forma, se trata de um conhecimento sistemático e racional, que apesar 
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de não estar isento de subjetividades, aproximasse o máximo possível da objetividade. 
Ao longo desta aula nos debruçaremos mais sobre esta questão.
Desta forma, pode-se existir momentos em que a opinião caminhe para o mesmo 
sentido que o conhecimento científico, mas pode ser que ambos caminhem para 
sentidos opostos. Quando se trata do meio acadêmico, é importante ter claro que se 
trata de um espaço para o pensar científico.
É importante evidenciar essa obviedade, uma vez que, sobretudo na área das 
humanidades, principalmente na ciência política, é muito comum que o senso comum 
e o conhecimento científico, em determinados momentos, se misturem, e este, é um 
erro que não se pode cometer. Nesse sentido, cabe destacar, antes mesmo de definir 
a ciência política, que ela é uma área do conhecimento científico, ou seja, ela possui 
metodologias, possui regras, possui racionalidade e assim por diante. Desta forma, 
ao longo desta disciplina, não trataremos sobre a política na sua esfera optativa, mas 
sim, na sua esfera científica. 
Sendo assim, em linhas gerais, Dias (2013) vai afirmar que:
A ciência política é uma ciência social que estuda o exercício, a 
distribuição e a organização do poder na sociedade. Como ciência social, 
procura estudar os fatos políticos, que envolvem tanto acontecimentos 
e processos políticos, como o comportamento político que se expressa 
concretamente na interação social. Dentre outros temas, descreve, por 
exemplo, os processos eleitorais, a resposta da população as decisões 
políticas tomadas pelas autoridades, a constituição e a dinámica dos 
partidos políticos e dos grupos de pressão, os impactos das mudanças 
políticas e suas consequências, a organização das diferentes formas de 
governo, as funções exercidas pelas autoridades no interior do Estado, 
o processo político da tomada de decisões que afetam a sociedade 
global, as diferentes relações de poder entre indivíduos diversos, a ação 
dos grupos de influência, a evolução do pensamento político. (DIAS, 
2013, p. 1).
Desta forma para compreendermos melhor esta área do conhecimento, uma vez 
que já abordamos brevemente a questão do conhecimento científico, cabe agora 
refletirmos sobre o significado de política.
De acordo com Bobbio (1993), a concepção clássica de política é atribuída aos 
gregos, sobretudo a obra de Aristóteles que leva o termo como nome. O termo política 
é derivado do adjetivo proveniente da palavra polis (politikós), ou seja, seria tudo aquilo 
que se diz respeito a cidade, ou seja, da esfera civil, pública e social, ou nas palavras 
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do autor,” é habitualmente empregado para indicar a que têm de algum modo, como 
termo de referência, a polis, isto é, o Estado”. (BOBBIO, 2000, p. 160).
ISTO ESTÁ NA REDE
Polis era o termo utilizado pelos gregos para se referir às suas cidades-Estados. 
Desta forma, por mais que existisse a noção de povo e território grego, 
administração política de cada cidade era independente da outra. O exemplo mais 
comum utilizado são as das cidades Atenas e Esparta, enquanto a primeira é 
famosa por ser a mãe da ideia de democracia, a segunda é fortemente marcada 
por seus regimes oligárquicos.
Para saber mais sobre a formação e desenvolvimento das polis gregas,a cesse o 
material desenvolvido pelo Brasil Escola sobre o assunto, no seguinte link:
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-formacao-polis-grega.htm 
Título: “A Escola de Atenas” de Rafael Sanzio
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/escola-de-arte-de-atenas-rafael-1143741/
Aristóteles define o ser humano como um animal político (zoon politikón), pois “o 
homem vive na polis - e porque a polis vive nele - que o homem se realiza como tal” 
(SARTORI, 1981, p. 158). Nesse sentido, o filósofo grego entende que a completude 
do ser humano se dá na sua vivência coletiva de forma organizada, que se exprime 
através da polis, e por outro lado, compreende que o ser humano antes da polis era 
um ser incompleto. 
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-formacao-polis-grega.htm
CIÊNCIA POLÍTICA 
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A partir de Aristóteles em diante, ao longo da história, a concepção de política se 
deu de diversas formas, sobre diversas perspectivas, mas na grande maioria delas, 
política estava atrelada à ideia de poder. Vejamos alguns exemplos.
O filósofo alemão Carl Schmitt, tem uma concepção de política atrelada ao 
maniqueísmo, nesse sentido ele reduz as relações políticas entre aliados e inimigos, 
ou em suas palavras, “Pois bem, a distinção política específica, aquela a qual podem 
reconduzir-se todas as ações e motivos políticos, é a distinção amigo e inimigo.” 
(SCHMITT, 1999, p. 60.). Nesse sentido, o autor entende por inimigo tudo aquilo que é 
externo, estranho e distinto, de tal forma que, a unidade de um estado por ser garantida 
pelo consenso da luta contra um determinado inimigo. O que Schmitt faz, é reduzir 
a política em uma relação binária, se você não é um aliado, só pode ser um inimigo, 
e o inverso também é válido.
Partindo de outra concepção, Karl Deutsch entende a política como “em certo 
sentido, a tomada de decisões através de meios públicos” (DEUTSCH, 1979, p. 27-
28), nesse sentido, ela está preocupada com o governo, com a autoadministração de 
uma determinada comunidade. Isso é extremamente interessante, pois para o cientista 
social tcheco qualquer núcleo comunitário que seja maior que uma família, já possui 
uma dimensão política.
Considerado um dos pilares da sociologia moderna, Max Weber vai destacar que 
o conceito de política é extremamente amplo e complexo, mas no seu esforço em 
defini-lo, vai afirmar que pode ser compreendido como “o conjunto de esforços feitos 
com vistas a participar do poder ou influenciar a divisão do poder, seja entre Estados, 
seja no interior de um único Estado” (WEBER, 1970, p. 55). De uma maneira mais 
geral, o sociólogo alemão vai entender que política como um conjunto de atividades 
realizadas por indivíduos, organizações, grupos ou instituições, que tem como objetivo 
alcançar o bem público (não que necessariamente seja o bem público na prática, mas 
o motivo que conduz a ação é a vontade de fazer o bem público).
O jurista alemão Hermann Heller também destacar a complexidade do conceito 
de política, mas para este, destaca-se o fato de que política e Estado não estão 
necessariamente conectados, uma vez que para o pensador, a política é anterior ao 
Estado, e além disso, é possível observar na atualidade, grupos e órgãos políticos que 
são transestaduais ou até mesmo interestaduais, como por exemplo, os organismos 
multilaterais.
CIÊNCIAPOLÍTICA 
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Ao longo do século XX e neste breve século XXI que vivemos, a sociedade tem cada 
vez mais se tornado complexa, fazendo com que cada vez mais a política se torne 
imprescindível. Das grandes guerras até o aquecimento global, da quebra da bolsa de 
valores à crise dos refugiados, todas as decisões, são decisões políticas.
Independente da concepção do conceito de política aqui, uma coisa é evidente, 
ela se faz presente na vida do ser humano, no seu cotidiano, sobretudo na sua vida 
coletiva. Em uma palestra, o sociólogo abordou a importância da política para a vida 
humana da seguinte forma:
A política é um esforço tenaz e enérgico para atravessar grossas 
vigas de madeira. Tal esforço exige, a um tempo, paixão e senso 
de proporções. É perfeitamente exato dizer - e toda a experiência 
histórica o confirma - que não se teria jamais atingido o possível, se 
não se houvesse tentado o impossível. Contudo, o homem capaz 
de semelhante esforço deve ser um chefe e não apenas um chefe, 
mas um herói; no mais simples sentido da palavra. E mesmo os que 
não sejam uma coisa nem outra devem armar-se de força de alma 
que lhes permita vencer o naufrágio de todas as suas esperanças. 
Importa, entretanto, que se armem desde o presente momento, 
pois de outra forma não virão a alcançar nem mesmo o que hoje 
é possível. Aquele que esteja convencido de que não se abaterá 
nem mesmo que o mundo, julgado de seu ponto de vista, se revele 
demasiado estúpido ou demasiado mesquinho para merecer o que 
ele pretende oferecer-lhe, aquele que permanece capaz de dizer “a 
despeito de tudo!”, aquele e só aquele tem a “vocação” da política. 
(WEBER, 1970, p.123-124).
Compreendido de maneira geral as concepções de ciência e política, para 
entendermos melhor o que é a Ciência Política, é importante compreendermos o 
seu objeto de estudo.
ANOTE ISSO
O conceito de política é um dos mais amplos e complexos que existem, ao longo do 
tempo diversos pensadores tentaram definir tal conceito sob diversas perspectivas. 
Em linhas gerais, entenderemos como política todas aquelas ações que em alguma 
medida estão relacionadas com a polis, ou em outras palavras com o Estado. 
Nesse sentido, as ações coletivas são influenciadas e influenciam a política.
CIÊNCIA POLÍTICA 
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1.1.1 O objeto de estudo
Quando olhamos para a história do pensamento político - não se preocupe, ao longo 
do nosso curso iremos estudar seu desenvolvimento histórico - autores como Platão 
(427-347 a.C.), Aristóteles (384-322 a.C.), Nicolau Maquiavel (1469-1527), Thomas 
Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-1704), Alexis de Tocqueville (1805-1859) e Karl 
Marx (1818-1883), e entre outros, escreverem importantes contribuições para ciência 
política, que não podem ser ignoradas em nosso mundo contemporâneo. 
Ao longo do curso, iremos abordar os principais pensadores da ciência política, mas 
cabe fazer pequenas menções aqui, para compreendermos melhor qual o objeto de 
estudo da ciência política.
Considerado o pai da ciência política moderna, Nicolau Maquiavel, sobretudo através 
de sua obra clássica O Príncipe, foi responsável por romper o pensar da política das 
amarras da teologia e da metafísica, e dar os primeiros passos em uma política 
científica. 
da Grécia antiga até o Renascimento, via o político em relação com a 
teologia, a ética e a metafísica, constituindo urna forma de vida que 
implicava numa visão determinada do homem e da sociedade, um 
modelo de valores a partir do qual se pode adotar uma visão crítica das 
políticas concretas. (DIAS, 2013, p.123-124).
A partir de Maquiavel, a política não se vê mais como dependente dos fenômenos 
sobrenaturais e as explicações teológicas, mas sim, como um conjunto de técnicas, 
táticas e estratégias em função do poder. Se o termo ciência ainda não havia sido 
desenvolvido, pode se dizer que o autor foi responsável por aquilo que ficou conhecido 
como realismo político.
A partir de Maquiavel como destaca Duverger (1962), existem diversas concepções 
sobre qual seria o objeto de estudo da ciência política, sendo as definições mais comuns 
, “a ciência do Estado” e “a ciência do poder”. Porém quando olhamos para todas estas 
concepções, é possível traçar uma linha de conectividade entre elas, a anuência de 
que o estudo do poder é a base fundamental desta área do conhecimento. Nas suas 
palavras: “só a definição ampla da Ciência Política pode ser aceita: é a ciência do poder 
sob todas as suas formas” (DUVERGER, 1968).
Mas Duverger estava longe de colocar um ponto final no debate sobre a definição 
do objeto de estudo da ciência política. Hermann Heller (1968) entende que o papel 
CIÊNCIA POLÍTICA 
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desta área do conhecimento é proporcionar a reflexão crítica sobre os fenômenos 
políticos. Burdeau (1964) vai dizer que o objeto de estudo é a própria política, ou melhor, 
o dinamismo das sociedades políticas. Fischbach (1949) vai entender a ciência política 
como aquela responsável por possuir um sistema capaz de julgar os acontecimentos 
políticos, e mais do que isso, de poder influenciá-los.
Em 1948, a UNESCO (Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das 
Nações Unidas), convocou um conjunto de cientistas políticos para que fosse definido 
o objeto de estudo desta área do conhecimento. A reunião foi um reflexo do debate 
histórico do tema, uma vez que ficaram divididos aqueles que defendiam a que o 
objeto de estudo da ciência política era o Estado, e aqueles que defendiam que era o 
Poder. com isso, a UNESCO deixa de lado a tentativa de definir o objeto de estudo da 
ciência política, e elabora uma lista com aquilo que ela vai definir como o campo de 
estudo desta área do conhecimento, dividindo em quatro grandes áreas: a) a teoria 
política; b) as instituições políticas; c) os partidos, grupos e opinião pública; e d) as 
relações internacionais.
Para Norberto Bobbio (1990), o estudo da ciência política é o estudo da vida política, 
que pode ser compreendido em três esferas: a) o princípio de verificação como critério 
de aceitabilidade dos resultados; b) o uso de técnicas da razão que permitam dar 
urna explicação causal do fenômeno investigado; c) e a abstenção de juízos de valor.
Com base em todo esses elementos teóricos levantados até aqui, é evidente que 
a definição do objeto de estudo da ciência política não é unânime, porém, é evidente 
que a definição mais próxima a ciência do poder é mais abrangente e complexa, 
do que a definição quanto ciência do Estado, até porque ao entender que o poder 
é o seu objeto central de estudo, engloba-se o estudo do Estado como importante 
manifestação do poder político. E é por isso que, para grande maioria dos cientistas 
políticos na atualidade, e para o desenvolvimento desta disciplina, entenderemos o 
objeto da ciência política como o poder.
ANOTE ISSO
Por mais que não seja unânime a definição do objeto de estudo da ciência política 
ao longo do seu debate histórico, atualmente a maioria dos cientistas políticos 
compreendem esta área do conhecimento como a “ciência do poder”, uma vez que 
dessa forma, entende a ciência política como algo de maior abrangência, inclusive, 
sendo responsável por estudar as múltiplas esferas do Estado.
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ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Muito se discute o papel do jornalismo dentro da esfera política, sobretudo dentro 
de uma política democrática, da qual a mídia teria papel fundamental em apresentar 
os múltiplos pontos de vista sobre os fatos. Nesse sentido, num contexto 
bipolarizado que se encontra a política atual brasileira, é constante que o jornalismo 
seja colocado contra a parede.
Com isso é importante compreender e refletir sobre como a mídia dentro da 
esfera política atua como uma ‘faca de doisgumes’, podendo tanto ser a porta 
voz do mundo democrático, quanto, em movimento oposto, ser responsável pela 
propagação impositiva de um determinado pensamento.
1.2 A Gênese do Pensamento Político - Grécia Antiga
É extremamente complexo afirmar onde surgiu o pensamento político, ou quando 
se deu a primeira evidência do desenvolvimento da ciência política. Como dito no início 
desta aula, para muitos teóricos, a vida em coletividade é uma vida política, logo, o 
pensar sobre a política faz parte do desenvolvimento humano. Mas se pensarmos 
na ciência política de uma forma mais sistematizada, buscando seguir objetivos e 
métodos, por mais que sejam diferentes aos que caracterizam a ciência contemporânea, 
podemos encontrar na Grécia Antiga, a gênese do pensamento político.
Como afirmou Heller (1968): ‘’A política significava para os gregos - que no período 
clássico, só conheciam de modo imediato o Estado-cidade -, todos os fenómenos estatais, 
tanto as instituições como as atividades.”. Nesse sentido, cabe a nós compreendermos 
os principais aspectos do pensamento político de algum dos principais grupos ou 
filósofos da Grécia Antiga, começaremos pelos chamados sofistas.
Para entendermos melhor os sofistas, vale ressaltar o que acontecia no contexto 
histórico do surgimento desse grupo. O século V a. C na Grécia Antiga, é marcado 
pelos intensos conflitos externos com os persas, e posteriormente, pelos conflitos 
internos entre a democracia de Atenas e a oligarquia de Esparta. Estes acontecimentos 
estimularam os filósofos gregos a pesquisarem sobre a política.
Neste contexto, “os sofistas representavam a tendência desagregadora da época e 
aspiravam proporcionar a instrução necessária para que os jovens pudessem seguir 
com êxito a carreira política” (DIAS, 2013, p. 20). Protágoras e Górgias, eram os principais 
nomes desse grupo, que em linhas gerais defendiam a concepção de que “o homem 
é a medida de todas as coisas”.
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Desta forma, “ensinavam a Política como uma espécie de arte para a vida do indivíduo, 
como urna técnica política cujo fim essencial era a carreira política do discípulo e 
que, por isso, podiam limitar-se a expor a maneira de empregar os meios necessários 
para alcançar o fim” (HELLER, 1968, p. 31). Com isso, os sofistas eram filósofos 
individualistas que acreditavam que a política estava diretamente ligada à força. Um 
governo poderia ser o acordo dos fortes para dominar os fracos, ou um acordo dos 
fracos para se protegerem dos mais fortes.
Nesse sentido, pode-se afirmar que a doutrina política dos sofistas compreendia que 
a razão individual era a fonte de todo o conhecimento, e com isso, gerou importante 
contribuições para o pensamento político como, a concepção de que o Estado é 
formado através de um pacto social, e de que existe uma separação entre direito e 
moral.
Título: Busto de Platão
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/88/Plato_Silanion_Musei_Capitolini_MC1377.jpg/800px-Plato_Silanion_Musei_Capitolini_
MC1377.jpg
Dando sequência, àquele que é considerado um dos primeiros filósofos políticos, é 
necessário destacar aqui Platão (427-347 a. C.) e sua teoria do Estado ideal abstrato. 
Em linhas gerais o filósofo grego compreendia que a política era a arte de tornar os 
homens mais justos e virtuosos.
Em sua obra A República, Platão defende a concepção de que o Estado ideal é aquele 
onde se prevalece a justiça, e com isso, diferentemente dos sofistas, não acredita 
na defesa de que o direito vem da força, mas entende, que o Estado, por mais que 
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somente exista através da integração dos indivíduos que o compõe, ele é algo mais 
do que a simples soma dessas integrações, em suas palavras, o Estado dotaria de 
uma existência própria. 
A origem do Estado se encontra na diversidade dos desejos e necessidades 
humanas e na cooperação necessária para satisfazer a estes fins. 
Através de uma analogia ética e fisiológica entre a natureza humana 
e a estrutura do Estado, baseada na separação de três capacidades 
distintas: razão, valor e desejo, chega à conclusão de que o Estado 
se desenvolve através de três classes importantes: agricultores, que 
satisfazem as necessidades materiais da vida humana; guerreiros, que 
protegem os trabalhadores e garantem a segurança territorial do Estado; 
e magistrados, que regem a comunidade para que se realize o bem-estar 
geral. Cada indivíduo tem sua posição em uma classe determinada do 
Estado, segundo suas aptidões. (DIAS, 2013, p. 21)
Como reflexo da sociedade de sua época, Platão não dá pouca importância a grande 
massa que compõe a sociedade, sua preocupação maior está sobre a classe governante, 
da qual naquela época possuíam privilégios como uma educação diferenciada, mas 
ao mesmo tempo faziam sacrifícios como o de não possuírem família. 
Nesse sentido, o Estado ideal de Platão se dá através de um sistema aristocrático 
da qual, seria composto por pessoas capacitadas a governar, aquelas que de fato 
compreendiam o real significado do Estado ideal abstrato, e as leis, seriam o caminho 
em busca da materialização desse Estado ideal.
ANOTE ISSO
Por mais que seja complicado definir a origem do desenvolvimento do pensamento 
político, é possível compreender que as primeiras evidências de um pensamento 
sistematizado da política tenha ocorrido na Grécia Antiga, não é à toa que o termo 
política vem de polis, as cidades-estado gregas.
Os sofistas foram os primeiros destaques a pensarem a política na Grécia 
Antiga e defendiam a concepção de que a razão individual era a fonte de todo o 
conhecimento, desta forma o Estado era resultado de um pacto social proveniente 
das vontades individuais e dos choques de força entre os indivíduos.
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Título: Busto de Aristóteles
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles#/media/Ficheiro:Aristotle_Altemps_Inv8575.jpg
Dando sequência ao pensamento político da Grécia Antiga, temos como outro 
importante nome Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, do qual vai ser 
influenciado por seu mestre, mas vai utilizar de metodologias e lógicas diferentes, e 
consequentemente, sua visão sobre política, em muitas vezes vai divergir.
De acordo com o cientista político Heller (1968) a concepção atual de ciência política 
como entendemos hoje, ela tem sua gênese em Aristóteles, uma vez que este seria 
responsável por desenvolver um estudo descritivo e crítico, das constituições históricas 
das políticas atenienses, espartanas, cretenses e fenícias de sua época. 
Uma vez que a ciência política usa as ciências restantes e, mais ainda, 
legisla sobre o que devemos fazer e sobre aquilo de que devemos 
abster-nos, a finalidade desta ciência inclui necessariamente a 
finalidade das outras, e então esta finalidade deve ser o bem do 
homem. Ainda que a finalidade seja a mesma para um homem 
isoladamente e para uma cidade [polis], a finalidade da cidade [polis] 
parece de qualquer modo algo maior e mais completo [...l; embora 
seja desejável atingir a finalidade apenas para um único homem; é 
mais nobiliante e mais divino atingi-la para uma nação ou para as 
cidades. (ARISTÓTELES, 1996, p. 119)
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Não se dá de forma aleatória o fato de uma de suas principais obras se chamar 
Política. Nesta obra ele afirma:
em todas as ciências, assim como em todas as artes, a finalidade é um 
bem; e o maior de todos os bens encontram-se, sobretudo, naquela entre 
todas as ciências que é a mais alta; ora, tal ciência é a política e o bem, 
em política, é a justiça, quer dizer, a utilidade coletiva. (ARISTÓTELES, 
2005, p. 99)
Diferentemente de seu mestre, Aristóteles em nenhum momento procura definir ou 
traçar um modeloideal de Estado, segundo ele, o ideal seria o Estado que consegue 
se adaptar às necessidades de seu povo. Nesse sentido, vai defender a concepção de 
que a melhor forma de governo é aquela onde todos os indivíduos que o compõem 
estejam inseridos dentro da política, em outras palavras, tenham uma vida política. 
Uma vez que Aristóteles enxerga o homem como ser político em sua essência, 
como vimos anteriormente, o indivíduo só poderia alcançar sua plenitude através do 
Estado, no caso da sua época, através da polis. Sendo assim, “O Estado existe, assim, 
para satisfazer as necessidades intelectuais e morais dos homens” (DIAS, 2013, p. 24).
Dessa forma, podemos entender que para Aristóteles o Estado é a organização 
coletiva de cidadãos, e estes por sua vez, eram os indivíduos que possuíam o direito 
de participar no governo. Exercer a cidadania, era participar da vida pública e política 
de sua época, seria um reflexo do ato de governar e ser governado. 
Sendo assim, governo e Estado são coisas distintas. Onde o primeiro seria o resultado 
da integração de todos os cidadãos, enquanto o segundo, por aqueles que ocupam 
os postos públicos e exercem o poder.
Aristóteles sustentava que o fim do Estado se concentra no bem-estar 
da comunidade, e que o poder político tem que ser distribuído entre os 
cidadãos na medida em que contribuam para a realização do Estado. 
O povo, atuando politicamente como unidade, é preferível à atuação 
de qualquer de suas partes; logo, a autoridade deve residir, em última 
instância, no conjunto dos cidadãos. Através das assembléias, tratam 
das questões fundamentais e escolhem seus magistrados. Mas, acima 
da soberania do povo, Aristóteles coloca a soberania da lei. A autoridade 
humana, em sua opinião, conserva sempre reminiscências da força 
material; a autoridade da lei, racional e natural, participa da divindade. 
(DIAS, 2013, p. 25-26)
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ANOTE ISSO
Platão por sua vez, em busca de traçar o tipo ideal abstrato de Estado, compreende 
que sua origem se dá na busca dos indivíduos por saciarem suas necessidades, 
e defende que o tipo ideal de Estado é o modelo aristocrático, do qual deveria ser 
governado por poucas pessoas de destaque, que seriam aqueles que entenderam o 
Estado ideal, e com isso, buscariam colocá-lo em prática.
Para seu discípulo Aristóteles, a ciência política é uma ciência que tem como 
finalidade o bem humano, sobretudo na esfera coletiva. Nesse sentido, o seu tipo 
ideal de Estado seria aquele que consegue se adaptar às necessidades de seu povo.
Como vimos na primeira metade desta aula, a ciência política pode ser entendida 
como a “ciência do poder”, então nada mais justo e importante que em nossa próxima 
aula abordaremos o conceito de poder e suas implicações dentro da ciência política.
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CAPÍTULO 2
O CONCEITO DE PODER
Olá, minha cara aluna! Olá meu caro aluno! Como vimos na aula anterior, para a 
maioria dos cientistas políticos da atualidade, compreende-se que a melhor forma 
de definir o objeto de estudo da ciência política, é compreendê-la como a “ciência do 
poder”. Nesse sentido, se faz importante compreendermos do que se trata o chamado 
poder dentro da ciência política.
De acordo com as ciências humanas e sociais de um modo geral, não existe 
sociedade humana que não tenha registrado o exercício do poder, e mais do que isso, 
em sua totalidade, podemos chamar de poder supremo, ou seja, aquele que exerce 
maior influência sobre os outros, é o poder político. 
Nesse sentido, ao longo dessa aula discutiremos inicialmente os debates sobre o 
conceito de poder, e em seguida, as principais fontes de poder. Com isso poderemos 
especificar e trabalhar melhor a compreensão do poder político. Dando sequência 
discutiremos sobre a dominação política, e para finalizar a aula, entenderemos o 
processo de legitimação do poder político.
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
O conceito de poder, suas implicações e seus impactos nas relações sociais é 
extremamente importante para o jornalismo de uma maneira geral. Isso, não só 
pelo fato que, você, futura e futuro jornalista terão que trabalhar no cotidiano de 
vocês com esse conceito, mas também, é necessário entender e ter dimensão, do 
próprio poder que o jornalismo exerce.
Nesse sentido, é importante ter claro que independente da área que se irá 
especializar em seu trabalho, seja investigativo, policial, redação, esportivo, 
apresentador, em alguma medida, a noção de poder não só vai fazer parte daquilo 
que você vai noticiar, mas como também, vai fazer parte do seu cotidiano.
No senso comum é comum dizer que o jornalismo é “o quarto poder”. Como vimos 
na outra aula, senso comum e ciência são coisas distintas, mas não deixa de ser 
um conhecimento, e não deixa de ser uma reflexão sobre o poder que o jornalismo 
exerce no cotidiano.
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2.1 O Conceito de Poder
Pode-se dizer que o exercício do poder é um processo social, ou seja, ele passa a 
ter sentido numa coletividade. Além disso, pode-se dizer em linhas gerais que o poder 
é a capacidade de um indivíduo ou um grupo em influenciar, modificar ou alterar o 
comportamento de outros indivíduos.
Nesse sentido, é importante entendermos que o exercício do poder sobre influência 
das características culturais do grupo social na qual ele está inserido. Por exemplo, 
numa sociedade onde se valoriza primordialmente a relação dos indivíduos com o 
divino, é normal que as personalidades religiosas exerçam maior poder, por sua vez, 
se uma sociedade valoriza primordialmente a força e os conflitos, irão se destacar as 
personalidades militares, e assim por diante.
O exercício do poder constitui-se numa das mais importantes interações 
sociais existentes. O poder intervém em todas as relações sociais, quer 
sejam econômicas, militares, culturais, familiares etc., expressando-se 
como poder militar, econômico, sindical etc. e também como poder 
político. Desse modo, podemos afirmar que na sociedade coexistem 
vários tipos de poder e cada ator social (indivíduos, grupos, classes, 
organizações etc.) apresenta determinada quota de poder que dá lugar a 
diversos tipos de enfrentamentos que constituem urna parte fundamental 
da vida social, constituindo-se de fato no pleno exercício da vontade e 
da liberdade (DIAS, 2013, p. 30).
O poder é uma forma de relação social, uma vez que se trata de uma influência 
sobre a decisão do outro. Nesse sentido, pode-se entender que o indivíduo sofre o 
impacto do poder em todos os momentos em que ele toma uma decisão da qual é 
determinada por um outro, seja um indivíduo ou um grupo social.
De acordo com Talcott Parsons (1970), o poder pode ser compreendido como “a 
capacidade que a sociedade tem para mobilizar seus recursos no interesse de seus 
objetivos”, ou de forma mais simplificada, “defino o poder como a capacidade de um 
sistema social para mobilizar recursos para atingir metas coletivas”.
Ao olhar para a estrutura do poder na sociedade norte-americana, C. Wright Mills 
(1965), tem uma compreensão particular sobre o fenômeno, para o autor, “o poder 
relaciona-se com quaisquer decisões tomadas pelo homem sobre as condições de 
sua vida, e sobre os acontecimentos que constituem a história de sua época”. Desta 
forma, o sociólogo entende que determinados acontecimentos ocorrem “fora do 
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alcance da decisão humana”, pois são decisões tomadas pelo poder, que acarreta 
numa problemática, “o problema de quem é responsável por elas é o problema básico 
do poder”.
Título: Norberto Bobbio
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Norberto_Bobbio#/media/Ficheiro:Bobbio_Iotti_Biondi_1988.jpg
Uma das contribuições mais importantes da compreensão sobre o poder, e mais 
aceitaspelos cientistas políticos contemporâneos, é a de Norberto Bobbio (2000). De 
acordo com ele, existem três tipos de poder social: a) o poder econômico, b) o poder 
ideológico e; c) poder político. 
No que se diz respeito ao primeiro, o poder econômico, diz respeito ao favorecimento 
de influência que um indivíduo ou um grupo social tem por possuir certos bens 
necessários e escassos, e com isso, conseguem exercer poder.
Com relação ao poder ideológico, Bobbio entende que aquele manifesto através das 
ideias que são constituídas por uma pessoa ou por um grupo social, e estas ideias 
por sua vez, exercem influência sobre a conduta das demais pessoas. 
Por fim , o poder político exerce sobre “a posse dos instrumentos através dos quais 
se exerce a força física (armas de todo tipo e grau); é o poder coativo no sentido mais 
estrito da palavra” (BOBBIO, 2000, p. 163). 
Uma coisa interessante de ser mencionada aqui, é que para Bobbio, estes três 
poderes tem uma característica em comum, que é o fato de ambos na manutenção 
das desigualdade sociais, seja entre ricos e pobres (poder econômico), entre sábios 
e ignorantes (poder ideológico), seja entre fortes e fracos (poder político).
Segundo o sociólogo Max Weber, “poder significa toda probabilidade de impor 
a própria vontade numa relação social; mesmo contra resistências, seja qual for o 
fundamento dessa probabilidade” (WEBER, 1991, p.33). Além disso, destaca que esse 
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poder muitas vezes pode ser legítimo ou não. No primeiro caso, quando legítimo, existe 
uma predisposição à obediência por parte daqueles que não tem o poder. Já quando 
ilegítimo, é necessário a imposição de seu poder.
A natureza do poder é complexa, pois muitas vezes se apresenta como 
uma coisa ou objeto que pode ser possuído, e outras, muito mais 
comuns, se manifesta como uma relação entre pessoas. No primeiro 
caso, nos referimos ao propósito de tomar o poder, de conquistá-lo, 
como se sua posse nos assegura um bem qualquer. Quando o poder 
se manifesta assim, podemos afirmar que adquire forma objetiva 
vinculada a um cargo, papel social ou função. Desse modo, quem está 
investido de um cargo de chefe do executivo (presidente, governador, 
prefeito), funcionário da administração pública, juiz, delegado etc. 
possui poder, e na medida em que deixe essas posições, deixará de 
ter o poder e os meios inerentes a elas. Mesmo o cidadão comum que 
pode votar, escolher seu candidato para algum cargo eletivo, possui 
poder (DIAS, 2013, p.33).
Por mais que existam particularidades e especificidades nas compreensões sobre 
o poder, em linhas gerais, para a maioria dos cientistas políticos, compartilham do 
ponto de vista que o poder é a capacidade para influenciar e afetar o comportamento 
do outro, podendo ser executado por indivíduo ou por um grupo social.
ANOTE ISSO
Em linhas gerais o poder deve ser entendido dentro da ciência política como a 
capacidade de um indivíduo ou de um grupo social em influenciar e até mesmo 
determinar as decisões de um outro, ou até mesmo, de outros indivíduos.
2.1 As Fontes do Poder
Compreendido as noções básicas sobre o conceito de poder, é importante 
compreendermos as duas principais fontes de poder, em outras palavras, os meios 
que levam ao poder. 
As duas principais fontes de poder, e que iremos ver aqui são: a) a força e; b) 
a autoridade, sendo esta segunda dividida em burocrática/racional, tradicional e 
carismática.
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2.1.1 A Força
Entende-se por força aqui, o uso de qualquer maneira de coerção - punição, disciplina, 
controle e etc. - que utiliza-se, ou até mesmo, use da ameaça da utilização da força 
física, seja através do próprio corpo do indivíduo, ou através de uma ferramenta, como 
uma arma.
Na grande maioria dos Estados, é normal que este tenha tendência em concentrar nas 
suas mãos o monopólio da força física, e além disso, que crie instituições especializadas 
em serem a coerção física, como a própria polícia militar e o exército, por exemplo. 
Para os cientistas políticos, a força foi a primeira forma em que se deu a concentração 
de poder, e ao longo da Idade Antiga e Idade Média, se constituiu como elemento 
fundamental para o exercício do poder. Com o avanço e desenvolvimento do capitalismo, 
outros elementos passaram a ser importantes dentro da manutenção do poder, mas 
ainda se torna um tanto utópico pensar nos Estados sem pensar em instituições de 
força.
2.1.2 A Autoridade
Por sua vez, entende-se por autoridade aqui, nas palavras de Dias, “como um direito 
estabelecido para tomar decisões e ordenar ações de outrem” (DIAS, 2013, p. 34). Em 
outras palavras, podemos entender como a manifestação e legitimação do poder, seja 
através do aparato jurídico e burocrático, ou através da tradição e da moral, fazendo 
com que os membros de um determinado coletivo, de forma unânime, se submetam 
àquela autoridade.
Sartori, destaca um elemento extremamente importante no que diz respeito ao poder 
provindo da autoridade, “[não é o] poder que pende do alto sobre aqueles que a ele 
têm de submeter-se, mas, ao contrário, o poder que advém da vestidura espontánea 
e extrai sua força e eficiência do fato de ser reconhecido”. Com isso, o autor destaca 
que dentro de um sistema democrático, ocorre “a substituição dos detentores do poder 
por aqueles que poderíamos chamar detentores de autoridade” (SARTORI, 1965, p. 154).
Um dos pilares da sociologia moderna, Max Weber, entre muitas de suas contribuições, 
se dedicou ao estudo da autoridade, do qual sua análise já se tornou clássica dentro das 
ciências sociais. De acordo com o sociólogo alemão, a autoridade pode se manifestar 
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sobre três faces: a) autoridade burocrática ou racional-legal; b) Autoridade tradicional 
e; c) Autoridade carismática.
No que se diz respeito a autoridade burocrática ou racional-legal, ela está diretamente 
ligada com a estrutura burocrática formal, ou seja, é baseada de acordo com a posição 
e o cargo que o indivíduo ocupa, e sua legitimidade se dá através do seu amparo 
jurídico. Cabe destacar, que esse é o modo predominante da manifestação da autoridade 
dentro dos Estados Modernos. Ou seja, se tem uma estrutura hierárquica de poder. 
Podemos citar como exemplos: juiz, policial, delegado, um chefe, e assim por diante.
Por sua vez, a autoridade tradicional de acordo com Weber, é aquela que é baseada 
na moral, na crença e na tradição. A sua legitimidade não está na legislação e sim na 
tradição e nos costumes. A pessoa obedece a essa autoridade pois ela acredita que 
aquilo é o moralmente correto independente de uma ordem jurídica. Muitas vezes 
essa autoridade é herdada pelas gerações seguintes. Podemos citar como exemplos: 
rei, princípe, padre, pastor, marido, pai e etc.
Por fim, se tem a chamada autoridade carismática, que segundo Weber, é “Baseada 
na veneração extracotidiana da santidade, do poder heróico ou do caráter exemplar de 
uma pessoa e das ordens por ela reveladas ou criadas.” (WEBER, 1991, p. 141). Desta 
forma, podemos entender como aquela que provém do carisma da pessoa, podendo 
ser tanto de ordem religiosa, como de ordem política e entre outras.Sua legitimidade se 
dá pela identificação ou aprovação dos indivíduos para com esta autoridade. Podemos 
citar como exemplos: Jesus, Napoleão, Ghandi, Maomé, Fidel Castro e etc.
Título: FIdel Castro, ex-presidente de Cuba, exemplo de autoridade carismática
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fidel_Castro#/media/Ficheiro:Fidelcastro1978.jpg
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Pode-se entender que o poder pode ser originário de dois elementos, a força e a 
autoridade, podendo se dar por uma delas, ou pela combinação de ambas. Quando 
se fala em força,se entende no poder que tem sua origem através da coerção 
física. Quando se fala em autoridade, se entende o poder que se dá através da 
influência que uma pessoa exerce sobre as ações das demais.
A autoridade pode se manifestar de três formas. Pode ser burocrática ou racional-
legal, quando é respaldada por uma burocracia; pode ser tradicional, quando é 
legitimada por uma tradição, um costume ou uma moral e; pode ser carismática, 
quando é legitimada pelo carisma de seu líder.
2.2 O Poder Político
Quando observamos para os sistemas organizacionais políticos ao longo da história, 
em busca de manter a coesão social e a organização, sempre ocorreu a manifestação 
do poder político. De acordo com Bobbio, o poder político é caracterizado por possuir 
uma concentração tanto do poder de origem autoritária, quanto da força. 
Nesse sentido, se a manutenção da ordem não se estabelece através da autoridade, 
o poder político é a única forma de poder, que legalmente pode recorrer para a força. 
Por isso que Bobbio vai afirmar “que o poder político se resume ao uso da força: o uso 
da força é uma condição necessária, mas não suficiente para a existência do poder 
político”, com isso, “o que caracteriza o poder político é a exclusividade do uso da 
força em relação a todos os grupos que agem em um determinado contexto social” 
(BOBBIO, 2000, 164). 
Se olharmos pelo viés jurídico, podemos dizer, de maneira simplória, que o poder 
político é aquele que é exercido pelo Estado. Ou seja, “se refere ao domínio, faculdade 
ou jurisdição que se tem para mandar ou para executar uma ação que afeta aos 
demais, mesmo contra sua vontade e através do uso da força” (DIAS, 2013, p.36). 
Quando olhamos para os primórdios da ciência política moderna, em sua obra O 
Príncipe, Maquiavel faz uma análise sobre o poder e o Estado. Nesse sentido, pode-se 
dizer que, em linhas gerais, o autor entendia a política como a forma de manutenção 
do poder. 
Nesse sentido, ao estudar as dinâmicas do poder, seja a sua manutenção ou sua 
perca, defendeu a concepção de que todos os meios são plausíveis e justificáveis para 
se obter a manutenção do poder. Segundo o autor italiano, o problema não reside na 
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legitimação do poder, mas sim, na manutenção do poder, sobretudo através do uso 
da força. 
Com isso, sua obra é o marco inicial da ciência política moderna, na medida que 
trabalha com mecanismos reais e concretos de manutenção e preservação do poder, 
gerando uma consolidação e fortalecimento do Estado, e o mais importante de tudo, 
sem depender da religião ou da moral, elementos que Maquiavel julga que podem ser 
importantes para o poder, mas não necessários.
Para Maquiavel, não importa o quão carismático ou tradicional possa ser um líder ou 
um governo, em algum momento o poder político vai necessitar aplicar a força física. 
Não é atoa que um das análises do pensador italiano, é que dentro da política de sua 
época, mas vale ser temido do que amado, pois, segundo ele, a natureza humana é 
ingrata, e pode facilmente reverter o amor em desrespeito, mas aquele que é temido, 
nunca perde o respeito. Mas o pensador conclui, é importante entender que temor 
pode ser convertido em ódio ou desprezo, caso contrário, se tornará uma armadilha. 
Título: Retrato de Nicolau Maquiavel
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolau_Maquiavel#/media/Ficheiro:Portrait_of_Niccol%C3%B2_Machiavelli_by_Santi_di_Tito.jpg
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Desde o surgimento da chamada ciência política moderna, a discussão do poder 
político se faz presente. Entendido como a manifestação do poder exercido pelo 
Estado ou por aquele que governo, é constituído pelas duas fontes de poder, a 
autoritária e a força física. 
2.3 A Dominação Política
De acordo com Dias, o poder tem uma tendência à estabilização, para em seguida 
se estruturar e, finalmente, se institucionalizar .A partir desse ponto constitui-se em 
governo, que (...) é o modelo institucionalizado de urna dominação estabilizada. ” 
(DIAS, 2013, p. 38). 
Diversos pensadores da ciências sociais se debruçaram sobre a questão da 
dominação, e de acordo com cada perspectiva, se tem diferentes resultados. De acordo 
com os marxistas, discutir sobre a dominação política é discutir a luta de classes. 
Para estes a classe social que detém os meios de produção é aquela que deterá a 
dominação, e com isso, esta classe dominante exercerá seu poder sobre a classe 
dominada.
Já para os weberianos, a dominação está atrelada a capacidade, ou melhor, a 
probabilidade, em que um sujeito político tem de encontrar obediência para com os 
demais sujeitos políticos. Desta forma, a dominação também está atrelada ao poder 
provindo de uma origem autoritária.
Vale ressaltar então, que a dominação política não se resume na vontade se um 
agente político em dominar os demais indivíduos, mas sim, na existência de uma 
disposição à obediência dos outros para com esse agente político.
Em busca de alcançar uma legitimidade, de acordo com Weber, a dominação se 
espelha na autoridade e, da mesma forma, pode se manifestar em três facetas: a) 
legal; b) tradicional e; c) carismática.
Nesse sentido podemos entender por dominação legal aquela que é baseada em 
ordens impessoais, objetivas e legalmente instituídas, ou como o próprio Weber vai 
afirmar, “O tipo mais puro de dominação legal é aquele que se exerce por meio de 
um quadro administrativo burocrático.” (WEBER, 1970, p. 57). Com isso a dominação 
se realiza através de estatutos, leis, normas e todo aparato judiciário e burocrático.
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A dominação tradicional por sua vez ela se exerce uma vez que os indivíduos 
são devotos às tradições e aos hábitos costumeiros, como o próprio Weber explica, 
“Não se obedece a estatutos mas a pessoa indicada pela tradição ou pelo senhor 
tradicionalmente determinado” (WEBER, 1970, p. 57). Como o próprio sociólogo alemão 
diz, existe uma santificação dos costumes. 
Por fim temos a dominação carismática.
se funda em dons pessoais e extraordinários de um indivíduo (carisma) 
- devoção e confiança estritamente pessoais depositadas em alguém 
que se singulariza por qualidades prodigiosas, por heroísmo ou por 
outras qualidades exemplares que dele fazem o chefe. (...) Esse é 
o poder carismático, exercido pelo profeta ou - no domínio político 
- pelo dirigente guerreiro eleito, pelo soberano escolhido através de 
plebiscito, pelo grande demagogo ou pelo dirigente de um partido 
político. (WEBER, 1970, p.57).
Nesse sentido a obediência, dentro da dominação carismática, se dá por parte dos 
indivíduos que geram uma confiança em seu líder carismático. Cabe ressaltar aqui, 
que na grande maioria das vezes, essa confiança dos indivíduos para com esse líder 
não se dá através de raciocínios lógicos, mas sim por um caráter emocional. 
A dominação carismática, como algo extraordinário, opõe-se 
estritamente tanto à dominação racional, especialmente a burocrática, 
quanto à tradicional, especialmente a patriarcal e patrimonial ou 
a estamental. Ambas são formas de dominação cotidianas - a 
carismática (genuína) é especificamente o contrário. A dominação 
burocrática é especificamente racional no sentido da vinculação a 
regras perfeitamente identificáveis; a carismática é especificamente 
irracional no sentido de não conhecer regras. A dominação tradicional 
está vinculada aos precedentes do passado e, nesse sentido, é 
também orientada por regras - baseada nos costumes, na tradição 
-; a carismática derruba o passado (dentro de seu âmbito) e, nesse 
sentido, é especificamente revolucionária. (DIAS, 2013, p.41).
Vale destacar aqui, que tanto estas facetas da dominação quanto as que vimos em 
relação a autoridade, são divisões ideias para Weber, ou seja, no mundo real concreto, 
a manifestaçãoda autoridade ou da dominação nunca será 100% uma única faceta, 
mas sim uma mescla entre elas, da qual uma destas irá predominar. Assim como 
podem ocorrer casos, em sua minoria, de equilíbrio entre as facetas.
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2.3 A Legitimidade do Poder Político
Outro elemento que se faz presente ao longo da história do poder político, é a busca 
pela legitimidade, ou seja, estabelecer uma crença da qual os indivíduos encontrem 
uma razão para a manutenção do poder como está estabelecido, desta forma, gerando 
obediência, seja a um líder, ou a um Estado ou um governo. 
Pode-se dizer também que a legitimidade é o que leva a esses indivíduos a aceitarem 
e justificarem o poder político. Seja através do uso do divino, de longas tradições, do 
carisma de um líder, ou de uma constituição, o poder político necessita da busca pela 
legitimidade.
Ao problema do fundamento de legitimidade do poder político podem 
ser dadas diversas respostas, mas permanece contudo o fato de que 
se recorre à noção de legitimidade para dar uma justificação do poder 
político. (WEBER, 1991, p.160).
Em linhas gerais, fazendo um apanhado de tudo o que já discutimos ao longo dessa 
aula, aquele que possui o poder tem a aptidão para mandar, porém, isso não significa, 
que necessariamente estas ordens serão obedecidas. Por isso, todo aquele que tem o 
poder, tem a necessidade de legitimar este poder, pois dessa forma, será obedecido.
Segundo Bobbio (2000), um poder é considerado legítimo quando aquele que o 
possui é considerado justo de pertencê-lo, seja através de uma linhagem de sangue, 
como no caso de um rei, seja através de um sistema eleitoral, como no caso da 
democracia. Bobbio, ainda complementa que é através dessa legitimação do poder, que 
o indivíduo ganha autoridade, desta forma, como o autor comenta, pode-se entender 
a autoridade como “o poder autorizado, e, apenas enquanto autorizado, capaz, por 
sua vez, de atribuir a outros sujeitos o poder de exercer um poder legítimo”. (BOBBIO, 
2000, p. 235).
Por fim aqui, cabe constar que legalidade e legitimidade são conceitos completamente 
diferentes. Na grande maioria das vezes estão associadas e caminham juntas, mas em 
muitos momentos se divergem. A legalidade se dá por tudo aquilo que está debaixo 
da lei, seja esta tradicional ou burocrática. Legitimidade por sua vez, pode-se dizer 
que o sentimento que os indivíduos possuem para com aquele que detém o poder, 
reconhecendo ou não, a sua autoridade.
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ANOTE ISSO
Em linhas gerais, para a ciência política, aquele que possui o poder tem a aptidão 
para mandar, porém, isso não significa, que necessariamente estas ordens serão 
obedecidas. Por isso, todo aquele que tem o poder, tem a necessidade de legitimar 
este poder, pois dessa forma, será obedecido.
Meus caros alunos, na nossa próxima aula, trabalharemos com outro importante 
conceito introdutório dentro da ciência política, o conceito de Estado.
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CAPÍTULO 3
O CONCEITO DE ESTADO
Olá, minha cara aluna! Olá, meu caro aluno! Como vimos em nossa primeira aula de 
introdução à ciência política, discutimos que para alguns pensadores a política é considerada 
a ‘ciência do Estado’, por mais que já tenhamos conversado de que a definição quanto 
‘ciência do poder’ é a mais usual e da qual adotaremos aqui, isso revela algo para nós, 
que o conceito de Estado é um dos pilares centrais da ciência política.
De acordo com a ciência política, em linhas gerais, o Estado, no mundo contemporâneo, 
é a unidade social básica na qual vivem as pessoas, do qual possui um território e 
abarca uma nação, que é organizada através de um sistema jurídico. Porém, como 
futuro profissionais que necessitam ter noções básicas sobre a ciência política, e que 
podem trabalhar em contato direto com esta área do conhecimento, isso não basta.
É necessário enxergar o Estado como fenômeno histórico, que já apresentou 
diversas formas e se modificou ao longo da nossa história. Nesse sentido, esta aula 
vai debruçar nas principais questões que envolvem o conceito do Estado ao longo da 
história. Para isso, primeiramente abordaremos a concepção do conceito de Estado 
e a sua origem epistemológica. Em seguida, a evolução histórica da concepção de 
Estado, nesse processo, nos dedicaremos com maior intensidade à compreensão da 
formação dos chamados Estados Modernos, e por fim, faremos breves considerações 
sobre diferentes perspectivas teóricas sobre o Estado.
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Como já comentamos na aula anterior, a imprensa, dentro da democracia, recebe 
o apelido de “o quarto poder”. Nesse sentido, vocês como futuros trabalhadores 
desta área, em muitos momentos, sobretudo dependendo da área que optarem em 
trabalhar, terão que estar atentados a importante conceitos da ciência política que 
vão fazer parte do seu cotidiano.
O conceito de Estado, sem sombra de dúvidas, é uma delas. Ter clareza sobre 
esse conceito, suas implicações, que ele se aplica no mundo atual, quais são 
as especificidades do caso brasileiro (teremos uma aula específica sobre isso 
posteriormente), são elementos extremamente necessários para que vocês possam 
realizar suas atividades profissionais com maior êxito dentro da área da política.
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3.1 O Estado Pelas Lentes da Teoria
Como já comentamos, o Estado é um fenômeno histórico, que se desenvolveu, 
sobretudo no ocidente, até atingir a forma que compreendemos hoje, pautada em 
uma rígida estrutura político-jurídica. Segundo Poggi, podemos entender o Estado, 
na atualidade, como um “conjunto complexo de disposições institucionais para fazer 
funcionar o governo, através das atividades contínuas e regulamentadas de indivíduos 
que atuam como ocupantes de cargos”. (POGGI, 1981, p. 16).
Pode-se dizer que o Estado na atualidade, pode ser visto como uma instituição da 
sociedade. Assim como também pode ser entendido como uma organização do poder 
da sociedade. Mas tudo isso só faz sentido, se esta instituição, ou esta organização, 
for unitária, nesse sentido, pensar o Estado é pensar em uma entidade unitária. 
Com isso, ao olhar para a história do desenvolvimento do Estado, é notável que 
este possui a tarefa de manutenção da ordem social geral. Uma vez que garantir a 
unidade, é garantido a própria sobrevivência do Estado.
De acordo com Burdeau, o Estado não pertence ao mundo tangível, a realidade 
concreta, ao mundo material, mas sim, pertence à ordem dos espíritos. “O estado é, 
no sentido pleno do termo, uma ideia. Não tendo outra realidade além da conceitual, 
ele só existe porque é pensado” (BURDEAU, 2005).
Em contrapartida, Jellinek afirma que o Estado também faz parte do mundo real em 
seu sentido objetivo, desta forma, este ao mesmo tempo se manifesta no seu ponto de 
vista real, através da manifestações de suas ações e do processo de normatização da 
sociedade, e ao mesmo tempo, se manifesta no seu ponto de vista intangível, pois sua 
existência de forma íntegra só ocorre dentro da mente dos indivíduos que o constitui. 
Com isso, podemos afirmar que o Estado é tangível pois visualizamos e sentimos sua 
ação, mas nunca podemos senti-lo em sua integridade completa.
O Estado somente pode ser entendido se concebido como urna supra 
organização que, ao mesmo tempo em que regula todos os fatores 
da ação pública estatal, é o objeto desta organização, sendo portanto, 
causa e efeito, condição e ação. Dito de outro modo, enquanto as 
outras organizações da sociedade civil (as empresas, por exemplo) 
são um meio que unifica e acumula as ações dos indivíduos com um 
fim predeterminado, o Estado se institui como um fim em si mesmo, 
como garantia ao cumprimento dos outros fins e, ao mesmo tempo, 
no aperfeiçoamentode sua própria organização que alcança seu 
mais alto propósito na expressão e conformação do jurídico, isto é, 
no Estado de direito e mais ainda no direito do Estado (em razão de 
Estado). (DIAS, 2013, p. 51)
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Título: Retrato de George Jellinek
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Georg_Jellinek#/media/Ficheiro:Georg_Jellinek.jpg
Jellinek ainda complementa afirmando que o Estado constitui em uma associação, a 
mais completa e complexa em termos organizacionais dentro da sociedade. Possuindo 
um poder, que ao mesmo é da sociedade, também é para a sociedade. Nesse sentido, 
o Estado seria uma corporação formada por um povo.
Mas sua grande contribuição para pensar o Estado Moderno, é a concepção de que 
o Estado possui um controle sobre um determinado território, em suas palavras, “o 
Estado, a corporação formada por um povo, dotada de um poder de mando originário 
e assentada em um determinado território” (JELLINEK, 2000, p. 193).
O sociólogo Max Weber, não se limitou apenas em estudar sobre a dominação e 
a autoridade, mas trouxe importantes reflexões sobre o Estado. De acordo com o 
pensador, o Estado é uma associação de dominação, uma vez que possui monopólio 
legítimo da coação física. Com isso, “o Estado consiste em uma relação de dominação 
do homem sobre o homem, fundada no instrumento da violência legítima. (...) sob 
condição de que os homens dominados se submetam à autoridade continuamente 
reivindicada pelos dominadores” (WEBER, 1970, p. 57). 
Duverger (1962), por sua vez, destaca que o Estado possui a organização política 
mais aperfeiçoada das sociedades, e com isso se diferencia das demais comunidades 
ou agrupamentos humanos. Para defender isso, o autor destaca três elementos.
O primeiro é justamente o fato da complexidade de sua organização política, que 
apresenta uma hierarquia estrutural burocrática extremamente elaborada, onde a 
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repartição de tarefas é muito mais complexa do que qualquer outra forma de organização 
e comunidade. Por segundo, ele vai destacar o sistema de sanções do Estado, do qual 
permitem a repressão a desobediência e com isso a manutenção da ordem social. E 
por fim, por possuir a maior força material disponível para executar as suas decisões 
(exército, polícia, marinha, etc.).
Segundo André Hauriou, o Estado “é um grupo humano, fixo em um território 
determinado, e no qual existe uma ordem social, política e jurídica orientada para o 
bem comum, estabelecida e mantida por urna autoridade dotada de poderes coercitivos” 
(HAURIOU, 1971, p. 114). Dentro desta definição, cabe destacar quatro elementos dos 
quais compõem o Estado: a) um grupo humano organizado; b) um território; c) um 
poder que dirige e; d) uma ordem. 
Por fim, cabe mencionar as contribuições de Alexandre Groppali no que diz respeito 
ao debate teórico do conceito de Estado. Segundo o pensador, existem diversos pontos 
de vista teóricos sobre o Estado, sendo os principais deles: a) o ponto de vista de 
seus elementos constitutivos; b) do ponto de vista organizacional, a sua ordenação 
política-jurídica-burocrática e; c) do ponto de vista de sua configuração unitária, como 
uma corporação territorial. 
Tomando como base não apenas esses três pontos de vista, mas principalmente 
estes, o autor faz uma síntese para alcançar a sua compreensão e conceituação de 
Estado, da qual o enxerga como: “pessoa jurídica soberana, constituída de um Povo 
organizado sobre um território sob o comando de um poder supremo, para fins de 
defesa, ordem, bem-estar e progresso social” (GROPALI, 1968, p. 266).
ANOTE ISSO
Em síntese, para ciência política contemporânea, pode-se entender por Estado 
como uma organização política complexa de uma determinada nação, e do 
qual exerce a sua atuação sobre um determinado território. Ou também, pode-
se compreender como um corpo administrativo que detém o poder político em 
determinada sociedade. 
3.2 O Estado Pelas Lentes da Etimologia
A palavra estado tem sua origem na palavra latina status, que por sua vez, é uma 
derivação do vocábulo stare, que em linhas gerais, podemos dizer que significa a 
condição de existência em que se dá ou é uma coisa.
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Estado, quanto vocábulo, foi utilizado pela primeira vez para se definir uma situação 
concreta que estava ocorrendo naquele momento histórico, com o passar do tempo, o uso 
comum da palavra, passou a significar, algo muito próximo do que falamos no primeiro 
tópico desta aula, a autoridade exercida em determinado território e sobre certa população.
ISTO ESTÁ NA REDE
Não sei se ao longo deste curso você já teve contato com a chamada Etimologia. 
Caso não tenha, ou não se recorde, se trata de um campo de estudos dentro das 
ciências linguísticas que busca compreender e estudar as origens e histórias por 
trás das palavras.
De acordo com esta área do conhecimento que busca entender a origem e o 
desenvolvimento do significado de uma determinada palavra, permite que a gente 
possa descobrir de forma mais profunda o seu sentido.
Se você tem curiosidade de saber mais sobre a etimologia e seu desenvolvimento 
histórico, o artigo “Uma Breve História da Etimologia” de Márcio Eduardo Viário, 
publicado na Revista Filologia e Linguística Portuguesa da USP, é extremamente 
interessante para aperfeiçoar este conhecimento. Você pode encontrá-lo através 
deste link: https://www.revistas.usp.br/flp/article/view/82818/85771 
Assim como sua conceituação, em termos etimológicos, o termo Estado é complexo 
e abrange diversos ‘significados’, ou melhor, diversas aplicabilidades. Quando paramos 
para pensar no nosso cotidiano, logo se nota que o termo é utilizado para designar os 
mais diversos tipos de organizações políticas. República Federativa do Brasil, Reino 
Unido da Grã-Bretanha, e Irlanda do Norte, os Emirados Árabes Unidos do Golfo Pérsico, 
Estado da Flórida, Estado de São Paulo, Principado de Mônaco, e assim por diante.
Nessa perspectiva, e com esse sentido, o termo Estado é empregado para 
referir-se a organização política, e assim designar tanto a cidade grega 
(polis) como a república e o império romano, o império Han na China, o 
império inca na América do Sul, os reinos feudais, o Estado moderno. 
(DIAS, 2013, p. 55)
Vimos em nossa primeira aula, que as comunidades políticas da Grécia Antiga eram 
chamadas de pólis, e que a política seria ciência que se dedicaria aos estudos das pólis. 
Já na Roma Antiga, se tem a ascensão do termo civita (cidadania) para designar a 
comunidade de indivíduos que eram representados pela res publica (república). Ainda 
no fim da Roma Antiga, temos o destaque da palavra império, e posteriormente na 
Idade Média, junto a ela, o termo reino.
https://www.revistas.usp.br/flp/article/view/82818/85771
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Porém, as evoluções históricas, sobretudo durantes as cidades renascentistas da 
Idade Moderna, fizeram com que todos estes termos até então empregados - cidades, 
impérios, reinos e etc. - se tornaram ultrapassados, uma vez que não davam mais 
conta desta nova realidade. Foi então que Maquiavel utilizou pela primeira vez a palavra 
estado com o objetivo de se referir a uma organização política. Sendo assim, Estado 
passa a ser utilizado para se referir essa nova realidade proveniente do Renascimento:
que dá maior destaque a coletividade organizada que ao poder 
personalizado; pois não se considera somente o governo e sua corte, 
mas o conjunto dos cidadãos. É o conceito de corpo social organizado 
politicamente, e não somente a relação entre soberano e vassalo, o que 
o novo termo especifica. O Estado é uma corporação territorial, onde a 
presença comunitária de seus membros se destaca numa referência ao 
poder. (DIAS, 2013, p.55)
Porém, o termo Estado, como vimos na primeira parte desta aula, no mundo 
contemporâneo, possui uma aplicação mais ampla, da qual, compreende um corpo 
administrativo que detém o poder político em determinada sociedade. 
3.3 O Estado Pelas Lentes da História
Por mais que já mencionado nesta aula, um pouco sobre o processo histórico da 
organização político-administrativa das sociedades, até chegar ao chamado Estado 
Moderno, é importante que agora nos dediquemos de forma mais profunda nesta 
questão.
3.3.1 A Polis
Título: A Acrópole da antiga polis de Atenas
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3lis#/media/Ficheiro:Attica_06-13_Athens_50_View_from_Philopappos_-_Acropolis_Hill.jpg
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Inicialmente na Grécia Antiga, em sua etapa primitiva, as cidades de destaque eram 
caracterizadas por serem grandes clãs familiares, destacando-se as cidades de Creta 
e Micenas. Com o passar do tempo, no período que os historiadores chamam de 
Grécia Clássica, as organizações políticas foram se aperfeiçoando e se tornando cada 
vez mais complexa, chegando ao modelo que já mencionamos em nossas aula, da 
polis, onde cada cidade desenvolvia sua vida política social, sendo destaque, Atenas, 
Esparta, Tebas, Corinto e Mileto.
Interessante é o fato de que os gregos não estabeleciam relação com o espaço 
territorial de sua polis, mas sim, davam grande importância para os com modos de 
comportamento políticos (também econômicos, religiosos, culturais). 
Se fosse necessário decidir qual dessas virtudes é a que, pela sua 
presença, contribui em maior dose para a perfeição da cidade, seria 
difícil dizer se é a conformidade de opinião entre os governantes e os 
governados; ou, nos guerreiros, a salvaguarda da opinião legítima a 
respeito das coisas que se devem ou não temer; ou a sabedoria e a 
vigilância entre os que governam; ou se o que contribui, sobretudo, 
para essa perfeição é a presença, na enanca, na mulher, no escravo, no 
homem livre, no artesão, no governante e no governado, dessa virtude 
pela qual cada um se ocupa da sua tarefa própria e não interfere na 
dos outros. (PLATÃO, 1997, p. 132)
O que vemos nesta descrição de Platão sobre a dinâmica da polis, ou da cidade, não 
é nada mais, nada menos, do que as primeiras formulações do pensamento político.
3.3.2 A Civitas
Título: Maquete de Roma durante o reinado de Constantino
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Roma_Antiga#/media/Ficheiro:D%C3%A9tail_de_la_maquette_de_Rome_%C3%A0_l%C3%A9poque_de_Constantin_
(5839479770).jpg
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Quando falamos de Roma Antiga, é natural que alguns elementos entrem em 
destaque, sendo um destes a concepção de res publica, sobretudo o período histórico 
denominado de República (509 a.C.-27 d.C.). Porém é importante termos em mente 
que não se trata de um fenômeno que ocorre de forma radical e imediata, mas foi um 
processo dentro da civilização romana, que tem dentro de sua cultura uma concepção 
mais prática da política.
Assim como para os gregos, para os romanos era muito mais importante o 
pertencer a comunidade do que o pertencer ao território, os indivíduos se identificavam 
politicamente com os outros, não por pertencerem ao mesmo território, mas sim, por 
pertencerem ao mesmo grupo de pessoas que estavam subjugadas aos mesmos 
deveres e direitos.
Diferentemente das polis gregas, a organização política da Roma Antiga, se estrutura 
de um modo onde as províncias são aliadas e dependentes da capital Roma. Dentro 
desta estrutura, surge a concepção de civis, que se trata de algo muito próximo ao 
que entendemos hoje por cidadania, ou em outras palavras, aqueles que possuíam a 
civis, possuíam o direito da cidadania.
 Com isso, a grande estrutura organizacional política da Roma Antiga, o “Estado” 
romano, era chamado de civitas, cujo significado direto seria ‘a comunidade dos civis 
(cidadãos)’, 
A civitas, portanto, é uma comunidade juridicamente organizada 
cujo centro é a cidade e o regime dessa cidade é constituído pela 
assembleia, o senado e o povo. A cidade, nesse contexto, deve ser 
entendida como uma concentração de indivíduos, e não como um 
espaço territorial.
Para Marco Túlio Cícero, a civitas não é qualquer aglomeração 
humana, mas somente a que se baseia no consentimento da lei e 
na utilidade comum. (DIAS, 2013, p. 57)
3.3.3 Da Idade Média ao Renascimento
Quando se trata de abordar a estrutura política da Idade Média, ela pode ser um 
tanto complexa, uma vez que se dá de uma forma completamente diferente de como 
vivemos hoje. Quando olhamos sobretudo para a Europa Medieval, não podemos falar 
na dinâmica do Estado, mas sim na dinâmica dos Estados. Em linhas gerais, na Europa 
Medieval “o Estado é uma organização católica romana, organização na qual cada 
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reino ou poder terreno ocupa o lugar que a lei natural e a lei divina lhes destinaram” 
(REIS, 2013, p. 57).
O poder se monopoliza nas mãos do clero e da nobreza, onde o rei está submetido 
às chamadas leis da natureza e do divino, uma vez que ele se opõe a essas leis, ele 
estaria se colocando contra o próprio Deus, que é representado pelo Papa na Terra. 
Além disso, o rei tem que cumprir seus deveres para com o seus vassalos e dessa 
forma se portar como justo perante a Igreja. Sempre bom ressaltar, que o conceito 
de justiça da época, não é o mesmo que o da atualidade.
Com o passar das décadas, cada vez mais os mercadores burgueses conseguiram 
florescer o chamado mercado, e com isso, tornam-se cada vez mais autônomos. 
Através da chamada força econômica, esses passam cada vez mais a se aliar ou 
confrontar os nobres de acordo com as suas necessidades.
Mas com o passar do tempo, os questionamentos, sobretudo daqueles que estavam 
fora da comunidade cristã, passaram a confrontar as chamadas leis naturais e divinas. 
A ascensão burguesa, vai aos poucos colocando de lado as estruturas religiosas e 
construindo uma concepção político-social onde o predomínio do poder econômico 
será justificado racionalmente com argumentos intelectuais.
A partir do Renascimento e da entrada da Idade Moderna, as cidades-Estado italianas 
já começam a se modelar em algo muito próximo daquilo que iremos denominar de 
Estado Moderno. Quando falamos em Renascimento, em linhas gerais, falamos de 
ideologia que vai confrontar a ideologia medieval, “É a época da modernidade para a 
civilização europeia, o princípio do individualismo, diante do coletivismo; mudança dos 
vínculos sociais, aparentemente indestrutíveis, dessa sociedade” (DIAS, 2013, p. 59).
As transformações proporcionadas pelo Renascimento, seja através da valorização 
do ser humano em detrimento do religioso, ou da valorização do saber e da ciência, 
além das transformações tecnológicas do período, permitiram com que fosse gerado 
um novo sentimento de pertencimento, diferentemente do que já foi visto até então, 
um pertencimento do qual posteriormente chamamos de nação. 
Além disso, temos cada vez mais a perda do poder local, dos senhores feudais, e 
a concentração nas mãos dos reis, de tal forma que este, gradativamente passa a 
exercer autoridade sobre a nobreza, parlamentos, cidades livres e até a própria Igreja. 
Surge, desse modo, a concepção de um soberano fonte de todo poder 
e de todo sentimento nacionalista. Essa transformação radical do 
pensamento e da prática política será o reflexo das mudanças que 
ocorreram nas instituições econômicas medievais. (DIAS, 2013, p. 59)
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3.3.3 O Estado Moderno
É justamente através dessa contínua centralização do poder, que vai nascer o que 
chamamos de Estado Moderno. Até então os senhores feudais possuíam determinada 
autonomia perante o seus territórios, e de certa forma, isso representavaum limite 
para o poder do rei. 
Acontece que gradativamente, medidas vão sendo tomadas para que cada vez mais 
se fortaleça e se monopolize o poder nas mãos do rei, e se enfraqueça os senhores 
feudais. Podemos destacar alguns elementos dentro desse processo de padronização, 
que extrai elementos que antes eram de autonomia dos senhores feudais e passam 
agora a ser padronizados para toda a extensão do território do rei.
A criação de um exército permanente do rei, fez com que este não dependesse 
mais diretamente das suas relações de lealdade com os senhores feudais em busca 
de proteção, desta forma, o exército passa a ser centralizado e sob o comando do 
rei. Outro elemento, a criação de um sistema de tributos e impostos que faziam com 
que o rei não dependesse mais das boas ofertas dos nobres.
Dando continuidade, podemos citar a formação de urna burocracia composta por 
funcionários permanentes e competências bem delimitadas, ou seja, uma organização 
burocrática hierárquica, da qual contribuia diretamente para a centralização do poder, 
uma vez que colocava cada nobre ‘no seu devido lugar’, e tinha o rei no topo dessa 
cadeia hierárquica. E por fim, apesar de haver outros elementos, cabe aqui mencionar, 
a centralização de uma ordem jurídica para todo o território.
De acordo com Matteucci (1998), a primeira manifestação do Estado Moderno vai 
ser o chamado Estado absolutista, que segundo o autor, é caracterizado pelo monopólio 
da força, da qual segundo ele, atua sobre três planos: a) jurídico; b) político e; c) 
sociológico. No plano jurídico, “com a afirmação do conceito de soberania que confia 
ao estado o monopólio da produção de normas jurídicas, pois não existe um direito 
vigente acima do Estado que possa limitar sua vontade” (MATTEUCCI, 1998, p. 34).
Por sua vez, no plano político, “impõe uniformidade legislativa e administrativa contra 
toda forma de particularismo” (MATTEUCCI, 1998, p. 34). Nesse sentido, segundo o 
autor, ocorre um processo onde cada vez mais todas as esferas da sociedade se tornam 
cada vez mais despolitizadas, fazendo com que esta deva ser apenas governada e 
administrada. 
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Por fim, no plano sociológico, ocorre o processo de divisão do trabalho social da 
qual, através da nova estrutura burocrática, da qual é externa a sociedade, e por isso, 
é responsável por entender e controlar o funcionamento desta.
Desse modo, foram condições fundamentais para o surgimento e 
desenvolvimento do Estado moderno, por um lado, a centralização dos 
múltiplos poderes na ordem interna e, por outro lado, a independência 
perante a Igreja e o Império na ordem externa. (DIAS, 2013, p. 63)
Para muitos historiadores, o Tratado de Westfália (1648), que deu fim a chamada 
Guerra dos Trinta Anos, é considerado um dos primeiros tratados de paz que existiu, 
porém, ele traz consigo elementos mais importantes que este. Em busca de garantir 
a ordem e a paz, o tratado contribui para a consolidação e formação dos Estados 
Modernos, basta olharmos para as suas propostas e suas consequências. 
Para que se estabelece a ordem e a paz, era necessário criar parâmetros pelos 
quais se dariam as próximas relações internacionais, e para isso, se fez necessário, o 
reconhecimento da soberania dos monarcas sobre os seus territórios e da igualdade 
soberana dos Estados. Mas também, se fazia necessário o estabelecimento de um 
conjunto de princípios orientados a assegurar a coexistência dos Estados. 
A concepção de Estado era diferente da concepção que temos hoje, porém, ao 
mesmo tempo, nunca esteve tão perto. O chamado Estado Moderno começaria a dar 
os seus primeiros passos.
Em nossas próximas duas aulas, falaremos sobre a história do pensamento político, 
abordando os chamados cientistas políticos clássicos, e refletindo sobre a contribuição 
teórica de cada um destes, e consequentemente, refletindo mais sobre as características 
do Estado. Até a nossa próxima aula.
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CAPÍTULO 4
A HISTÓRIA DO 
PENSAMENTO POLÍTICO - I
Olá, minha cara aluna! Olá, meu caro aluno! Nossas três primeiras aulas foram 
introdutórias, com o objetivo de construir os fundamentos necessários para começarmos 
a construir toda reflexão que vamos fazer a partir de agora. Entender, por mais que 
de forma básica, o que é a ciência política, o poder e o Estado, nos dá condições para 
mergulharmos um pouco mais fundo nesta área do conhecimento.
Nesse sentido, nas duas próximas aulas, esta e mais uma, iremos fazer um breve 
percurso sobre a história do pensamento político, passando pelos principais pensadores 
e evidenciando suas principais contribuições.
Nesta primeira aula, não teria como ser diferente, começaremos por aquele que é 
considerado o pai da ciência política moderna, como já mencionamos brevemente ele 
algumas vezes, você já deve saber que se trata de Nicolau Maquiavel. Estudaremos 
como ele rompe com a moral e desenvolve uma política pautada no concreto, como 
também, entenderemos porque o autor defende o papel civilizatório da política, assim 
como, o papel do Estado para pensador.
Por seguinte, abordaremos a concepção política de Hobbes, entendendo a sua 
linha de raciocínio que tem como objetivo central a justificativa da necessidade da 
construção do Estado, e mais do que isso, porque, de acordo com sua perspectiva, o 
Estado deve exercer um poder absoluto.
Por fim falaremos de John Locke, com o objetivo de compreender sua perspectiva 
sobre a natureza humana e como isso implica no Estado e na sociedade civil, além 
de sua principal contribuição política, a questão da propriedade.
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4.1 Nicolau Maquiavel
Título: Retrato de Nicolau Maquiavel
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolau_Maquiavel#/media/Ficheiro:Portrait_of_Niccol%C3%B2_Machiavelli_by_Santi_di_Tito.jpg
O filósofo político italiano Nicolau Maquiavel (1469 - 1527), é considerado o pai da 
ciência política, como vimos anteriormente, ele ganha este destaque ao romper com 
as justificativas religiosas e metafísicas para o poder, e se preocupa, em estruturar 
concretamente a organização do poder, ou em outras palavras, ele se preocupa em 
pensar em como um príncipe (entendido aqui como o líder de um Estado) pode garantir 
a manutenção do seu poder.
Um elemento muito importante que se faz presente em Maquiavel, é o rompimento 
do pensar político com a moral, com a ética, com os valores. Por isso, que o italiano 
consegue romper de fato com os laços da religião, pois ele se desprende dos valores 
e das éticas proporcionadas por este. Nesse sentido, a política é um campo distinto 
da moral. 
Mas isso não significa que o príncipe para Maquiavel deve agir destituído de toda a 
moral, que ele seja imoral. O que o autor vai afirmar, que a política é amoral, ou seja, 
a política faz o uso instrumental da moral.
Uma observação importante de ser realizada aqui, é que para Maquiavel, o homem 
em seu estado de natureza, ou seja, destituído de toda a socialização, ele é mau por 
natureza. Por isso, Maquiavel defende que o príncipe que é essencialmente bondoso, é 
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um príncipe fadado ao fracasso, pois este será deposto pelos outros indivíduos. Sendo 
assim, um príncipe precisa aprender a não ser bondoso em determinados momentos. 
Em síntese, o príncipe não deve ser essencialmente bondoso, nem essencialmente 
maldoso, ele deve fazer aquilo que é necessário para garantir a manutenção do seu 
poder.
(...) O verdadeiro príncipe [para Maquiavel] é aquele que sabe tomar e 
conservar o poder e que, para isso, jamais deve aliar-se aos grandes, 
pois estes são seus rivais e querem o poder para si, mas deve aliar-se 
ao povo, que espera do governante a imposição de limites ao desejo 
de opressão e mandodos grandes. A política não é a lógica racional 
da justiça e da ética, mas a lógica da força transformada em lógica 
do poder e da lei. (CHAUÍ, 2000, p. 203)
Ao escrever a sua principal obra, “O Príncipe” (1532), ele vai abdicar de fazer uma 
análise moral da política, e vai pensar a ação política através de uma lógica que 
é objetiva e centrada na realidade. Desta forma, sua obra busca trazer evidências 
concretas de como conquistar e preservar o poder de forma eficiente, e que funcione 
na realidade, que funcione no mundo concreto. Diferentemente dos idealistas, não se 
tem uma preocupação com aquilo que o mundo deveria ser, mas sim com aquilo que 
ele é, e o que deve ser feito mediante a isso.
Para Maquiavel, o poder é a ação humana organizada, ou em outras palavras, 
a capacidade de desejar fazer algo e conseguir fazer este algo, o estabelecimento 
da vontade. Nesse sentido, ele rompe com qualquer concepção de poder de sua 
época, que sempre estava atrelado ao divino que concedia a bênção do poder sobre 
determinados homens.
Segundo o autor, o que um novo príncipe deve fazer para alcançar o poder? Ele deve 
simplesmente se organizar e buscar o poder, ir e fazer. Ele tem direito a isso? O que 
dá o direito às pessoas de governarem as outras? Para Maquiavel, quem dá o direito 
é o próprio poder, se o indivíduo consegue o poder e consegue impor a sua vontade, 
ele detém o poder, logo, pode governar. Nas suas palavras, “O desejo de conquista é 
algo natural e comum; aqueles que obtêm êxito na conquista são sempre louvados, 
[...]” (MAQUIAVEL, 1979, p. 51)
É importante abrirmos um parêntese para uma questão aqui. Segundo Maquiavel, 
o direito nada mais é do que um reflexo do poder do Príncipe. É o estabelecimento da 
vontade daquele Príncipe. Nesse sentido, o direito aqui não é enxergado como aquele 
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ideal de justiça, mas sim, como um equilíbrio entre a expressão da vontade daquele 
que governa para com as necessidades para se manter no poder. 
Voltando a política, segundo Maquiavel, esta exerce um papel civilizatório, uma 
vez que esta é responsável por estabelecer uma ordem que possibilite a vida. Vale 
relembrar, que o homem por natureza é mau, logo qualquer príncipe não poderá ser 
plenamente bom, porém, para o autor, qualquer ordem é melhor do que a desordem. 
Só existe civilização quando o poder está organizado em alguma forma de Estado.
Nesse sentido, a grande defesa de Maquiavel de certa modo, é numa espécie de 
‘profissionalização’ da política, onde quanto mais o Príncipe buscar estudar e aperfeiçoar 
a sua política, maior será a ordem estabelecida, e por consequência, uma vida melhor 
entre os indivíduos que pertencem a esta sociedade.
Por mais que Maquiavel não tenha utilizado a expressão “os fins justificam os 
meios” como comumente é lhe atribuído, sua defesa é muito próxima ao significado 
dessa expressão. Porém, ela pode nos enganar muitas vezes. Em nenhum momento, 
Maquiavel defende que qualquer atitude do Príncipe é justificável se atingir o resultado 
que deseja, o que o autor busca evidenciar, que para a preservação do poder no 
Estado, para manutenção da ordem da civilização, vale utilizar os meios que são 
necessários. Somente quando a finalidade é a manutenção da ordem, é que de fato 
os fins justificam os meios.
Mediante a tudo isso, qual o propósito do Estado para Maquiavel? Aqui é interessante 
fazermos um paralelo com alguns elementos da compreensão do Estado atual. Quando 
olhamos para a Constituição Brasileira, lá se afirma que o Estado brasileiro é responsável 
por garantir o bem, a justiça social, reduzir a desigualdade, proteger as pessoas, garantir 
os serviços sociais e outros elementos.
Na perspectiva de Maquiavel, a função social do Estado é garantir a ordem. Uma 
vez que o Estado é reflexo da vontade de um Príncipe, e é através dessa vontade que 
vai se estabelecer uma nova ordem, segundo Maquiavel, como consequência a vida 
das pessoas se tornará menos cruel. O pensador italiano, insiste na tecla que qualquer 
ordem e organização, é infinitamente melhor, que a desordem, uma vez que para ele, 
o homem é mau por natureza.
Em suma, a existência de uma ordem baseada no poder e que gera determinadas 
regras de convivência, é sinônimo de civilização, e é para isso que serve o Estado, 
para impor uma ordem determinada de acordo com a vontade de quem manda.
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(…) porque há tamanha distância entre como se vive e como se deveria 
viver, que aquele que trocar o que se faz por aquilo que se deveria fazer 
aprende antes a arruinar-se que a preservar-se; pois um homem que 
queira fazer em todas as coisas profissão de bondade deve arruinar-
se entre tantos que não são bons. Daí ser necessário a um príncipe, 
se quiser manter-se, aprender a poder não ser bom e a valer-se ou 
não disto segundo a necessidade. (MAQUIAVEL, 2004, p. 73)
ANOTE ISSO
Maquiavel é considerado o pai da ciência política moderna pois ele rompe com as 
antigas concepções de que o poder deveria obedecer as leis morais e religiosas, e 
em vez disso, o pensador italiano buscou compreender e estudar a manutenção do 
poder através de evidências reais e concretas. 
Segundo Maquiavel, o homem é mau por natureza, e por isso necessita de que uma 
ordem seja imposta para que organize a sociedade, por isso, para ele, a política é 
civilizatória, pois através dela, o príncipe pode estabelecer o seu poder no Estado e 
com isso, estabelecer a ordem.
4.2 Thomas Hobbes
Título: Retrato de Thomas Hobbes
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Hobbes#/media/Ficheiro:Thomas_Hobbes_(portrait).jpg
Apesar de não ser um teórico muito utilizado contemporaneamente, Thomas Hobbes 
(1588 - 1679) exerce um papel fundamental na consolidação da chamada ciência 
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política, que assim como Maquiavel, continuou se desprendendo das chamadas leis 
naturais e divinas, e buscou fazer o estudo da chama política com base na realidade 
concreta. 
É importante evidenciar aqui, que por mais que a teoria de Hobbes tenha ‘envelhecido 
mal’, como diz a expressão popular, uma vez que sua teoria servirá de apoio para 
os regimes absolutistas, não podemos em nenhum momento descartá-lo por mero 
anacronismo, ou seja, julgarmos pelo conhecimento que possuímos hoje. É necessário 
entendermos que o momento histórico em que estava inserido era outro, e que sua 
teoria é reflexo daquele momento histórico.
Quase um século depois de Maquiavel, Thomas Hobbes ( viveu grande parte de sua 
vida na Inglaterra do século XVII, período marcado por uma série de conflitos tanto 
externos quanto internos neste país, desde a própria questão religiosa, onde existe 
a expulsão do catolicismo e a criação do anglicanismo, quanto os conflitos entre a 
coroa, representada pelos nobres, e o parlamento, representados em uma parte pelos 
burgueses. Nesse sentido, a teoria de Hobbes vem como uma espécie de remédio 
para este contexto histórico violento.
Sua principal obra, “O Leviatã” (1651), tinha como objetivo central a busca pela 
construção de uma nova ordem política, sobretudo para a Inglaterra de sua época, 
que possibilitasse o fim da violência, daquilo que ele chamaria de guerra de todos 
contra todos. E é nesse sentido que o autor vai defender a necessidade de um poder 
que fosse o mais centralizado possível com o objetivo de combater a desordem.
Assim como Maquiavel, Hobbes acredita que a natureza humana é má, não é à toa 
que seu pensamento ficou conhecido pela expressão ‘o homem é o lobo do próprio 
homem’. Essa expressão resume bem a essência humana na perspectiva hobbesiana, 
uma vez que ele defende esta concepção de que o homem em seu estado de natureza 
ele se auto aniquila. Para ambos os autores, antes da existência do Estado não havia 
humanidade, apenas selvageria.Hobbes vai se dedicar mais do que Maquiavel a pensar esse estágio de selvageria, 
e vai denominado de estado de natureza, o momento da história onde não haveria 
uma organização política, e os indivíduos basicamente viveriam de acordo com os 
seus instintos, vivendo um verdadeiro caos. Por mais que seja uma concepção ideal 
teórica que não tenha ocorrido cem por cento na prática, ele vai usar esse elemento 
para poder alcançar o seu objetivo.
Porém, Hobbes chama atenção pelo fato de que o homem, mesmo no estado de 
natureza, ele é racional, logo, a motivação central dele, é a preservação da sua própria 
vida. Hobbes vai chamar isso de a primeira lei da natureza, veja, ela não é uma lei 
civil, uma vez que ela não é ditada pela sociedade, mas sim, uma conclusão racional 
individual.
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Além da existência de uma lei natural, Hobbes afirma que no estado de natureza, 
também existe uma liberdade natural, que é a liberdade de poder fazer tudo, uma vez 
que não existem leis. Segundo o pensador, todos teriam, igualmente, direito a tudo. 
Em suas palavras, “o direito de natureza (...) é a liberdade que cada homem possui 
de usar seu próprio poder, da maneira que quiser, para a preservação de sua própria 
natureza, ou seja, de sua vida” (HOBBES, 2004, p. 82).
Porém, existe um problema aqui nesta compreensão natural teórica, e o próprio 
Hobbes reconhece isso. Uma vez que todos os indivíduos podem tudo, e mais do que 
isso, uma vez que não existem leis, nada está errado. Nesse sentido as liberdades 
de cada indivíduo entram em choque, e como o homem é mau por natureza, se cria 
uma condição de caos. 
Dando sequência, segundo o autor, se a primeira lei da natureza é a preservação 
da vida, nem que seja apenas a sua própria vida, viver em um estado de natureza, ou 
seja, viver num estado sem leis, não contribui para a preservação da vida. Logo, não 
demoraria muito, para que os indivíduos, racionalmente, chegassem a conclusão que 
era necessário se reunirem, e formularem um contrato social, e com isso, fundar a 
chamada sociedade civil, e mais do que isso, o caráter humano.
Título: Capa da primeira edição da obra “O Leviatã” de Thomas Hobbes
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Leviat%C3%A3_(livro)#/media/Ficheiro:Leviathan_by_Thomas_Hobbes.jpg
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Se todas as pessoas são más por natureza, como você poderia confiar nas demais 
pessoas, realizando um contrato? Segundo Hobbes, essa confiança não existiria, pois 
todos desejariam tomar o poder para si. Nesse sentido, se faz necessário a criação de 
um poder extremamente poderoso, que submeta sua autoridade e exerça seu domínio 
sobre todas as pessoas, um poder mais centralizado possível, que force as pessoas 
a viverem de forma pacífica. 
Nesse sentido, idealmente, ou melhor, no plano teórico, é necessário que todos os 
indivíduos abram mão de sua liberdade natural, ou seja, da sua liberdade de poder 
fazer tudo, e entreguem nas mãos, do que Hobbes chama de o Leviatã. Obviamente 
que o autor não está se referindo ao monstro mitológico, mas sim, utilizando o termo 
como metáfora para se referir ao Estado.
A imagem da capa do livro de Hobbes, é uma síntese do seu pensamento. Então, 
o monarca, quanto à personificação do Estado, seria a cabeça do Leviatã, enquanto 
o seu corpo é formado por todos os indivíduos que estão sob a autoridade deste 
Estado. Ao abrir mão da sua liberdade natural e a entregam ao Leviatã, os indivíduos 
fazem parte do Estado.
Com isso, o Estado passa a ser o único a possuir a liberdade absoluta, o direito 
de poder fazer qualquer coisa, com isso, ele passa a ter o direito de criar as regras, e 
com isso estabelecer a ordem e a paz.
É interessante aqui, que teoricamente para Hobbes, no estado de natureza, onde 
existe a liberdade natural, ao mesmo tempo que o indivíduo pode tudo, ele não pode 
nada, pois todos podem tudo, por exemplo, não existe propriedade privada, pois tudo 
é de todos. Com a implementação do Estado, por mais que o indivíduo abra mão da 
sua liberdade natural, ele passa a ganhar uma certa liberdade de fato, que é a chamada 
liberdade civil.
Diz-se que um Estado foi instituído quando uma multidão de homens 
concordam e pactuam, cada um com cada um dos outros, que a 
qualquer homem ou assembléia de homens a quem seja atribuído 
pela maioria o direito de representar a pessoa de todos eles (ou seja, 
de ser seu representante ), todos sem exceção, tanto os que votaram 
a favor dele como os que votaram contra ele, deverão autorizar todos 
os atos e decisões desse homem ou assembléia de homens, tal 
como se fossem seus próprios atos e decisões, a fim de viverem em 
paz uns com os outros e serem protegidos dos restantes homens. 
(HOBBES, 2004, p. 145).
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ANOTE ISSO
Em síntese, para Hobbes, o Estado seria uma pessoa artificial, ou seja, que não é 
real, criada no momento em que os indivíduos realizam o contato social, para que 
todo poder fosse entregue a ela, e com isso, ela possa governar em nome de todo 
o resto, de forma absoluta, estabelecendo a paz. Dessa forma, racionalmente, o 
indivíduo compreende que é necessário abrir mão de sua liberdade natural, em prol 
da preservação da sua vida.
4.2 John Locke
Título: Retrato de John Locke
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Locke#/media/Ficheiro:JohnLocke.png 
John Locke (1632 - 1704) é considerado o pai do liberalismo, logo, se torna um 
dos nomes primordiais para se falar da política moderna. Dentro das suas principais 
concepções estão: como ele enxerga a natureza humano e como isso vai implicar 
na concepção de um Estado e uma sociedade civil diferente do que até então era 
proposto, e por fim, o que é considerado uma das suas principais contribuiÇões, as 
suas reflexões sobre a questão da propriedade.
O ponto de partida para entendermos o pensamento de Locke, é compreender como 
ele compreende a natureza humana. Se Maquiavel e Hobbes tinham bem claro, que 
https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Locke#/media/Ficheiro:JohnLocke.png
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de acordo com a perspectiva deles, o ser humano era mau por natureza, John Locke 
entende que a natureza humana seria neutra, ou seja, ela possui potencial tanto para 
ser boa, quanto para ser mau. São as escolhas e as decisões que o indivíduo faz, que 
vão definir se ele é bom ou mau.
Vale ressaltar que Locke está inserido dentro de um movimento chamado de 
empirismo, onde um conjunto de pensadores e cientistas, acreditam que o conhecimento 
pode ser extraído da realidade através de experimentos no mundo concreto. É importante 
termos em mente que a filosofia política de Locke vai partir destes pressupostos do 
empirismo. 
ISTO ESTÁ NA REDE
“O empirismo é uma corrente filosófica, referente à teoria do conhecimento, que 
tem suas origens na filosofia aristotélica. O termo empirismo advém da palavra 
grega empeiria, que significa experiência. (...) Estes se opunham aos racionalistas, 
que defendiam que o conhecimento é puramente racional e não depende da 
experiência.”
Para saber mais sobre empirismo leio o texto produzido pelo Mundo Educação do 
UOL sobre o tema:
https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/empirismo.htm#:~:text=O%20
empirismo%20%C3%A9%20uma%20corrente,grega%20empeiria%2C%20que%20
significa%20experi%C3%AAncia. 
Sendo assim, o ser humano, para Locke, é a consequência de suas experiências. 
Porém, assim como Hobbes, é um autor contratualista. Ou seja, ele defende a existência 
de um estado de natureza como estágio anterior ao da humanidade, e que precisa ser 
superado através da criação de um contrato social que vai criar o Estado.
Porém, uma vez que a compreensão de natureza de Locke é diferente de Hobbes, 
a sua compreensão de estado de natureza, tambémvai ser distinta. Para ele, esse 
estágio também seria caracterizado pela liberdade plena, porém, as pessoas viveriam 
em harmonia, semelhantemente aos demais animais, ou seja, ocorreriam atos violentos, 
mas na grande maioria do tempo ocorreria a manutenção da vida.
Outra diferença é a noção de liberdade, para Hobbes a liberdade natural permitia 
que todos os indivíduos tivessem o direito a tudo, logo, o direito de um sobrepunha 
o direito do outro, em Locke, ele vai entender a liberdade natural de uma forma em 
https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/conhecimento.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/empirismo.htm#:~:text=O%20empirismo%20%C3%A9%20uma%20corrente,grega%20empeiria%2C%20que%20significa%20experi%C3%AAncia
https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/empirismo.htm#:~:text=O%20empirismo%20%C3%A9%20uma%20corrente,grega%20empeiria%2C%20que%20significa%20experi%C3%AAncia
https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/empirismo.htm#:~:text=O%20empirismo%20%C3%A9%20uma%20corrente,grega%20empeiria%2C%20que%20significa%20experi%C3%AAncia
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que o limite do direito é o direito do próximo, ou seja, eu tenho direito a tudo, menos 
ao que já é direito de outra pessoa. Esse limiar, seria uma regra natural, algo que já 
nasceria com o ser humano.
Logo, se me pertence tudo aquilo que é do meu direito, mesmo que seja meu próprio 
corpo, existe a noção de propriedade. Se existe noção de propriedade, permite que 
se formem famílias e outros elementos, com isso, para Locke, já existe humanidade 
dentro do estado de natureza.
Nesse estado de natureza, de acordo com Locke, por mais que já se trate de uma 
humanidade, temos um problema. Quando um determinado grupo, se propõe a fazer 
o mal contra um indivíduo ou uma pessoa, uma vez que não exista lei, ele pode fazer 
isso, visto que a única proteção que o indivíduo possui é ele mesmo. Nesse sentido, 
se cria a necessidade da existência de algo, que seja responsável pela proteção, e 
não só isso, pela punição.
Com isso chegamos a função do Estado para Locke, onde através desse pacto 
que as pessoas realizam, este deve garantir a manutenção das liberdades naturais, 
da propriedade e da vida. Aqui temos o início da concepção do Estado mínimo.
Pois para Locke, o estado de natureza não era ruim como vimos em Maquiavel e 
Hobbes, era ótimo, porém apresentava um problema, que era o combate e a punição 
para aqueles que desejam fazer o mal. Nesse sentido, o Estado deve existir apenas 
para saciar esta necessidade. Usando alguns termos atuais, para Locke, o Estado é 
basicamente um estado policial e judiciário.
quem quer que, saindo de um Estado de natureza, entre para uma 
comunidade deve ser considerado como declinante de todo o poder 
necessário aos fins para os quais se uniram em sociedade, em 
favor da maioria da comunidade [...]. Assim sendo, o que dá início e 
constitui realmente qualquer sociedade política nada mais é senão o 
consentimento dos homens de se unirem a tal sociedade. [...] Nestas 
condições, quem uma vez deu [...] seu consentimento em fazer parte 
de uma comunidade, está obrigado, perpétua e indispensavelmente, a 
ser e ficar inalteravelmente súdito dela, não podendo voltar ao Estado 
de natureza [...] onde, sendo todos iguais, e poucos observadores da 
eqüidade e da justiça, a fruição da propriedade que possui neste estado 
é bastante insegura, muito arriscada. [...] O objetivo grande e principal, 
portanto, da união dos homens em comunidade, colocando-se eles sob 
o governo, é a preservação da propriedade. (LOCKE, 1991).
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ANOTE ISSO
Diferentemente de Hobbes e Maquiavel, John Locke acredita que o homem não 
é mau por natureza, mas sim neutra, onde suas escolhas vão guiar seu caminho. 
Nesse sentido, o estado de natureza em Locke não se trata de um caos, mas 
sim, de um estágio onde já se faz presente a humanidade. Além disso, segundo o 
pensador, a liberdade individual já nasce com um limite, a liberdade do outro, com 
isso, a noção de propriedade também se faz presente.
Mediante a isso, o estado de natureza em Locke não é o caos, mas sim harmônico, 
porém ele apresenta um problema, a ausência de proteção das liberdades e da 
propriedade e da punição para aqueles que ferem a liberdade do outro, por isso 
a necessidade da criação do Estado, que deve existir apenas para suprir essa 
necessidade.
Na aula de hoje, abordamos os primeiros dos pensadores modernos que mais 
influenciaram o pensamento político: Maquiavel, Hobbes e Locke. Na próxima 
aula daremos continuidade no desenvolvimento histórico do pensamento político, 
trazendo outros grandes influenciadores, e compreendendo e refletindo sobre as suas 
contribuições teóricas, sobretudo no que diz respeito, à questão do Estado.
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CAPÍTULO 5
A HISTÓRIA DO 
PENSAMENTO POLÍTICO - II
Olá, minha cara aluna! Olá, meu caro aluno! Como já começamos em nossa última 
aula, estamos estudando a história do pensamento político, e com isso abordando os 
pensadores políticos mais influentes da modernidade, e que ainda se destacam na 
política contemporânea, dando um destaque maior para a compreensão de Estado 
que cada um desses autores 
Na nossa aula anterior, começamos falando daquele que é considerado o pai da 
ciência política moderna, Montesquieu, responsável pela separação do pensar político 
de dogmas e tradições religiosas e morais, parece simples, mas ao partir do princípio 
que poder não está relacionado a um caráter divino, fez com que o autor rompesse 
com a ‘velha’ escola e traçasse uma nova perspectiva política.
Além de Maquiavel, estudamos Hobbes, e para ambos os autores, apesar de 
caminhos diferentes e características próprias, ambos apresentam premissas similares 
e conclusões próximas. Para ambos, o humano quanto ser, é mau por natureza, logo, se 
pensarmos num estágio da vida, que eles vão denominar de estado de natureza, onde 
não existam regras e que todos podem tudo, a consequência será o caos. Em busca 
de superar esse caos, é necessário que ocorra o estabelecimento de um Estado, seja 
através da figura de um Príncipe que vai impor a sua vontade sobre todos (Maquiavel) 
seja através de um contrato social onde os sujeitos abrem mão de sua liberdade plena, 
e a entregam na mão do grande Leviatã, o Estado que vai reinar absolutamente sobre 
todos (Hobbes).
Diferentemente destes dois autores, terminamos a última aula falando sobre John 
Locke, do qual parte da premissa, que o ser humano é neutro por natureza, possuindo 
as mesmas probabilidades tanto para o bem quanto para o mal. Nesse sentido, o 
estado de natureza de Locke, acredita que o homem vive em certa harmonia, porém, 
por não existir regras, faz com que alguns indivíduos, que optam pelo caminho do 
mal, quebrem essa harmonia. Nesse sentido, Locke defende a existência do Estado 
como um meio de garantir a proteção e a punição.
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Na aula de hoje falaremos sobre outros pensadores importantes. O primeiro deles, 
e talvez um daqueles que é mais perceptível de notar a sua influência na política 
contemporânea, é Montesquieu. Nesta aula primeiramente falaremos um pouco de 
como ele enxergava a política de sua época e como ele compreendia os regimes 
políticos estruturados até então, e com isso, chegaremos até a sua principal contribuição 
teórica, a separação dos poderes.
Na sequência abordaremos o pensamento de outros dois importantes pensadores 
políticos, Rousseau e a sua concepÇão de contrato social, e Karl marx, e sua perspectiva 
de entrelaçamento entre política e econômia e a necessidade da construção de uma 
nova forma de Estado.
5.1 Montesquieu
Título: Retrato de Montesquieu
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Montesquieu#/media/Ficheiro:Montesquieu_1.pngMontesquieu (1689 - 1755), como ficou conhecido, é considerado um dos mais 
importantes pensadores políticos, cuja sua principal proposta política se faz até hoje 
presente dentro do Estado contemporâneo de forma necessária. Mas busquemos 
compreender a compreensão e construção de seu pensamento, até chegar a este ponto.
Assim como os autores anteriores, Montesquieu é considerado um jusnaturalista, 
ou seja, ele acredita que existe um direito natural, regras e leis que seriam de caráter 
natural, porém, diferentemente destes, ele não é contratualista, em outras palavras, 
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não acredita no processo de criação de um pacto ou de um contrato, que separa o 
chamado de estado de natureza, para com a construção da sociedade civil.
Vale destacar, que Montesquieu não descarta a existência de um suposto estado de 
natureza, mas não acredita que este tenha sido superado por um contrato ou pacto, 
mas entende que faz parte do processo de desenvolvimento da sociedade humana, 
a superação deste estágio.
Outra coisa importante de ser mencionada aqui, antes de darmos continuidade, 
é que a obra de Montesquieu é muito mais análitica, do que especulativa, ou seja, 
ele se preocupa muito mais com a análise da sua realidade concreta, do que está 
acontecendo na sociedade que ele está inserido naquele momento, em vez de especular 
os processos de desenvolvimento da sociedade.
Pode-se dizer que o norte da preocupação de Montesquieu foi procurar compreender 
e explicar como as leis de sua época estão estabelecidas, o que elas significam e o que 
conduz as pessoas a obedecerem a estas, como essas regras entram em atividade 
na sociedade e são obedecidas. Por isso ele vai se debruçar sobre a comparação dos 
mais diversos tipos de regras e de regimes, e com isso buscar compreender, aquilo 
que vai dar o nome a principal obra, de o ‘espírito das leis’.
Ao buscar justificar o funcionamento das leis, Montesquieu vai afirmar que existe 
uma simbiose entre os tipos de sociedade para com os regimes que são adotados. 
Segundo o autor, com base em seus estudos até seu momento histórico, existiram 
três tipos de regimes: a monarquia, a república e o despotismo. 
Porém, o pensador complementa, que cada uma destas possui um princípio 
fundamental, ou como alguns cientistas políticos vão chamar, de molas propulsoras, 
que se trata da característica fundamental de cada regime. É como se cada regime 
para se estruturar necessitasse de uma estrutura cultural que está fundamentada em 
cima desta característica, permitindo assim que o regime funcione.
No que se diz respeito ao regime monárquico, ele somente consegue funcionar 
dentro da sociedade onde ele está estabelecido, uma vez que ele é sustentado pelo 
princípio da honra. Em outras palavras, o comportamento da sociedade dentro desta 
sociedade, é baseado na honra, e mais do que isso, para o autor, a monarquia ela só 
se sustenta, se as pessoas inserem na sua vida privada o princípio fundamental da 
honra.
Nesse sentido é necessário que ocorra a difusão de uma cultura baseada na honra. 
Para a monarquia funcionar perfeitamente, é necessário que a nobreza e o clero, se 
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comportem como nobres, e é necessário que os plebeus e os servos, se comportem 
como servos. O monarca, segundo Montesquieu, não deve necessitar de lutar para 
ser obedecido, ele deve ser obedecido através do princípio da honra.
Já numa sociedade republicana, o princípio norteador fundamental, a mola propulsora, 
é a chamada virtude republicana. Numa sociedade, para que haja uma boa sustentação 
de um regime republicano, é necessário que tenha culturalmente formado, virtudes que 
partem do princípio de que não ocorra um abuso de autoritarismo entre os sujeitos que 
a compõem. Numa linguagem mais simples, podemos sintetizar com aquele ditado 
que diz: “não sou melhor do que ninguém, ninguém é melhor do que eu”.
Uma vez que dentro de uma república são os sujeitos, ou melhor, os cidadãos que 
dão sentido ao Estado, é necessário que estes não sejam oprimidos pelo Estado. E 
mais do que isso, o valor de cidadão de um determinado sujeito, não depende do outro.
Por fim, a terceira forma de regime abordada por Montesquieu, é o despotismo, do 
qual tem como base cultural, como princípio norteador o medo, ou seja, ele é composto 
por pessoas amedrontadas. De forma bem simples e direta, as pessoas obedecem 
as leis dentro de um regime despótico pois elas têm medo das consequências. E na 
grande maioria das vezes, de acordo com o autor, também é movida pelo medo do 
inimigo, ou seja, eu obedeço ao déspota pois eu tenho medo do meu inimigo, e o 
déspota vai me proteger dele se eu obedecer a ele.
Façamos uma pequena brincadeira aqui para entendermos a diferença dos três 
de forma simples. Imagine uma fila. Em um regime monárquico, os plebeus quando 
vissem os nobres chegarem, por uma questão de honra, gentilmente deixariam com 
que estes passassem a frente na fila. Já em um regime despótico, ao se aproximar, 
todos deixariam ele passar na frente, seja por medo das consequências ou por medo 
de perder sua posição. E por fim, numa república, não interessa se o presidente, 
governador ou trabalhador chegar, este deve ir ao último lugar da fila, pois todos são 
juridicamente iguais.
Montesquieu não esconde o fato de acreditar que o regime monárquico aristocrático 
é o que ele considera melhor em seu momento histórico, apesar de não descarta a 
república, diferente do despotismo, do qual ele repudia. Mas independente do regime 
ser monárquico aristocrático ou republicano, é necessário que dentro dele ocorra uma 
característica fundamental, da qual encontraremos a sua grande contribuição teórica 
para o pensamento político, a necessidade da separação do poder.
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De acordo com o autor nenhum poder pode exercer de forma absoluta, uma vez 
que, na sua perspectiva, o poder corrompe o homem, e logo, o poder absoluto o 
corrompe absolutamente. Existe uma tendência do homem, ao concentrar o poder 
em suas mãos, de abusar deste poder. Por isso, o poder deve ser dividido, de forma 
que ele possua pesos e contrapesos.
Ou seja, nessa divisão de poderes é necessário que cada um desses poderes tenha 
uma certa autonomia de atuação, mas ao mesmo tempo, possua uma limitação que 
se dá pela atuação do outro poder.
Para resolver esta questão, Montesquieu vai propor a chamada tripartição do 
poder, ou seja, a divisão do poder em três partes. Esses poderes, utilizando termos 
contemporâneos, se tratariam dos poderes executivo, legislativo e judiciário. Vale 
destacar que estes três poderes se dividem de forma horizontal, ou seja, apresentando 
a mesma importância e força, onde um poder ao mesmo tempo exerce sua função 
mas também, controla os outros poderes. Vejamos com calma.
O chamado poder executivo é o que normalmente está atrelado a liderança política, 
seja o presidente, o monarca ou o déspota. Em linhas gerais, Montesquieu atribui ao 
poder executivo, a àqueles que são responsáveis por aplicar as leis. Porém, não cabe 
ao poder executivo a criação destas leis, mas sim a outro poder, o que chamamos de 
poder legislativo, que é caracterizado justamente por este ato. E por fim, um terceiro 
poder, que é o judiciário, que seria responsável por julgar e interpretar as leis.
Desta forma, segundo Montesquieu, ao separar a criação, a aplicação e interpretação 
das leis, isso faria com estas não fossem desenvolvidas de acordo com interesses 
individuais, mas sim com os interesses da sociedade civil.
Há em cada Estado três espécies de poder: o poder legislativo, o poder 
executivo das coisas que dependem do direito das gentes, e o poder 
executivo daquelas que dependem do direito civil. Pelo primeiro poder, o 
príncipe ou magistrado cria as leis para um tempo determinadoou para 
sempre, e corrige ou ab-roga aquelas que já estão feitas. Pelo segundo, 
determina a paz ou a guerra, envia ou recebe embaixadas, estabelece a 
segurança, previne as invasões. Pelo terceiro, pune os crimes ou julga 
as questões dos indivíduos. (MONTESQUIEU, 2006, p. 165).
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ANOTE ISSO
A grande contribuição de Montesquieu é a defesa da separação dos poderes, da 
qual em síntese, parte do princípio de que nenhum ser humano tem a capacidade 
de administrar o poder absoluto sem se corromper pela sua própria vontade, nesse 
sentido, é necessário que se criem uma separação de poder, onde esses poderes 
estejam estruturados horizontalmente, e cada um deles possua um peso e ao 
mesmo tempo seja o contrapeso dos outros poderes.
5.2 Jean-Jacques Rousseau
Título: Retrato de Rousseau
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Jacques_Rousseau#/media/Ficheiro:Jean-Jacques_Rousseau_(painted_portrait).jpg
Para entendermos o pensamento de Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778), é 
importante que façamos o mesmo percurso que fizemos com Hobbes e Locke, tendo 
como ponto de partida a sua concepção sobre a natureza humana. Diferente do que 
vimos até o momento, Rousseau é categórico em afirmar que o homem é bom por 
natureza. O pensador chega a essa conclusão, tomando como base os relatos de 
navegantes e exploradores sobre diversas sociedades tribais, e com isso, ele desenvolve, 
aquilo que ficou conhecido como a figura do bom selvagem.
De acordo com Rousseau, o homem em seu estado de natureza é inocente, ele não 
visa o mal, ele não causa o mal. Desta forma, o estado de natureza em sua perspectiva, 
esse estágio onde não existem leis, é ótimo. As pessoas vivem o seu direito e sua 
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liberdade natural, então todos têm direito a tudo, e são todos igualmente livres. Aqui, 
assim como em Locke, Rousseau entende o limite da liberdade como a liberdade do 
outro, e como, em sua perspectiva, as pessoas são boas por natureza, não ocorre o 
choque entre essas liberdades.
Apesar de o homem ser bom por natureza, segundo Rousseau, conforme o homem 
começa a interagir e a desenvolver a sociedade, a criar diversos tipos de noções, como 
o de família, o de propriedade, a criar formas de interagir, como um idioma, e assim 
por diante, são estas construções sociais que fazem com que o homem perca a sua 
inocência originária. Ou seja, a sociedade é quem corrompe o homem.
Segundo Rousseau, as construções sociais são responsáveis pelo desenvolvimento 
da desigualdade, e é justamente a desigualdade que gera o mal. Quando o homem se 
dá conta que existem determinadas coisas que lhe dão poder, então ele percebe que 
‘inventou’ o poder, ou alguma forma de poder, se desenvolve também uma desigualdade, 
pois um detém e outro não.
E isso se aplica para as múltiplas invenções do desenvolvimento humano, pois 
inventar implica em alguns possuir e outros não possuir, e com isso, desenvolve 
desigualdade, e na ansiedade por acabar com essa desigualdade, é que se tem o mal. 
Dentro desta perspectiva rousseauniana, o mal não é natural, mas é uma invenção, 
uma resposta à desigualdade.
Desta forma para Rousseau o estado de natureza ele possui duas etapas. Uma 
primeira de harmonia, uma vez que o homem era bom, e a partir do momento que o 
homem desenvolve e inventa noções e instrumentos, que por sua vez caracterizam 
o que compreendemos com sociedade, mas por outro lado geram desigualdade, que 
geral o mal, ou seja, o desenvolvimento da sociedade corrompe o homem, levando 
ao segundo estágio do estado de natureza, que passa a ser uma convivência caótica.
Nesse sentido, assim como vimos em Hobbes, Rousseau vai afirmar que em um 
determinado momento se criou a necessidade da realização e da criação de algo para 
que se estabeleça uma ordem nesse meio caótico, e o caminho que ele vai encontrar 
para isso, é através de um contrato social. Semelhante a idéia proposta por Hobbes, 
teoricamente teria ocorrido uma reunião entre os indivíduos, da qual eles criaram um 
pacto que daria origem a uma estrutura social, que tiraria eles desse estado de natureza, 
e levasse a constituição de uma sociedade civil, e com isso se restabeleceria a ordem.
E é justamente o Estado que passa a ser criado através deste pacto. Onde os 
indivíduos abrem mão de parte de seu direito e de sua liberdade natural, entregam na 
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mão do Estado, e com isso, esse passa a ter a autoridade para criar leis e regulamentar 
a vida. Porém, estas leis devem ser feitas em nome da sociedade, respeitando sempre 
o interesse geral. Vale destacar aqui, que não se trata de um interesse da maioria, 
mas algo mais complexo que isso, seria o interesse das pessoas que já viveram, que 
vivem e que vão viver.
O interesse geral é mais do que a soma dos interesses de todos os indivíduos 
que compõem aquela sociedade, ele é um ideal, uma ideia mais elevada do que uma 
simples concepção imediatista. Ele deve representar os interesses do passado, do 
presente e do futuro.
Porém, na estruturação inicial do Estado, de acordo com Rousseau, existe uma 
dificuldade prática muito grande, e isso se dá justamente pelo fato do homem ser 
corrompido pela sociedade. Em seu estágio inicial existe a tendência do Estado em 
dar preferência em representar os interesses das classes dominantes. Ou seja, se 
o Estado é formado por um conjunto de indivíduos que não são perfeitos, logo ele 
também não é perfeito. Porém estes indivíduos possuem uma natureza originária boa, 
que permite que eles possam ter um futuro bom, e o mesmo ocorre com o Estado, 
ele tem o potencial dentro de si para ser benigno. Ou seja, o Estado para Rousseau 
está em constante aprimoramento.
À medida que as idéias e os sentimentos se sucedem, que o espírito e 
o coração se exercitam, o gênero humano continua a domesticar-se, as 
ligações se estendem e os laços se apertam. Acostumam-se a reunir-
se defronte das cabanas ou à volta de uma grande árvore; o canto e a 
dança, verdadeiros filhos do amor e do lazer, tornaram-se a diversão, ou 
melhor, a ocupação dos homens e das mulheres ociosos e agrupados. 
Cada qual começou a olhar os outros e a querer ser olhado por sua vez, e 
a estima pública teve um preço. Aquele que cantava ou dançava melhor; 
o mais belo, o mais forte, o mais hábil ou o mais eloqüente passou a ser 
o mais considerado, e foi esse o primeiro passo para a desigualdade e 
para o vício ao mesmo tempo; dessas primeiras preferências nasceram, 
de um lado a vaidade e o desprezo, do outro a vergonha e o desejo; 
e a fermentação causada por esses novos germes produziu por fim 
compostos funestos à felicidade e à inocência. (...) A partir do instante 
em que um homem necessitou do auxílio do outro, desde que percebeu 
que era útil a um só ter provisões para dois, desapareceu a igualdade, 
introduziu-se a propriedade, o trabalho tornouse necessário e as vastas 
florestas se transformaram em campos risonhos que cumpria regar 
com o suor dos homens e nos quais logo se viu a escravidão e a miséria 
geminarem e medrarem com as searas. (ROUSSEAU, 1978, p. 187-188).
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ANOTE ISSO
Diferentemente dos autores que vimos na aula anterior, Rousseau parte do princípio 
de que o homem é bom por natureza, mas a partir do momento em que ele passa 
a desenvolver e inventar elementos e noções que vão constituir a sociedade, ele 
passa a gerar desigualdade, e esta por sua vez, a gerar o mal. Nesse sentido, para o 
autor o homem é bom, mas a sociedade o corrompe. 
Com isso, o estado de natureza que primordialmente era harmônico, com o 
desenvolvimento da sociedade ele passa a ser caótico, fazendo com que ocorra 
a necessidade da constituição de um contrato social, onde as pessoas cedem 
parteda sua liberdade natural em prol da construção de um Estado, que passará a 
regular e trazer a ordem.
5.3 Karl Marx
Título: Karl Marx
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx#/media/Ficheiro:Karl_Marx_001.jpg 
Quando olhamos para Karl Marx (1818-1883) pelo viés da ciência política, sem 
dúvidas as suas principais contribuições se dão pelo fato da utilização de uma 
nova metodologia de estudo, o materialismo histórico-dialético. Com base em seus 
estudos, o pensador alemão vai partir do princípio que a esfera política é superficial 
quando analisada de forma isolada, para compreender a política, seria necessário 
uma abordagem que dialogasse com determinantes histórico-econômicos, pois em 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx#/media/Ficheiro:Karl_Marx_001.jpg
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sua análise, compreende que são os sistemas econômicos ao longo da história, que 
ditam as regras políticas, sociais, culturais e assim por diante.
Desse modo, Marx compreende que a economia é uma infraestrutura que sustenta 
as demais. São as relações produtivas, ou seja, o modo como as sociedades produzem 
suas mercadorias e produtos em relação às suas necessidades, que determinam 
as transformações sociais. Em outras palavras, “As mudanças sociais e históricas 
ocorrem, principalmente, pelo desenvolvimento da infraestrutura econômica, e não 
tanto devido à superestrutura política e ideológica.” (REIS, 2013, p. 78).
Mediante a essa perspectiva, a teoria marxista passa a assumir um caráter 
revolucionário na medida que compreende, que ao longo da história, aqueles que 
controlam e detém as forças produtivas, estas responsáveis pelas mudanças sociais, 
consistem na minoria massiva da população, que por sua vez, utilizam disso para 
explorar a maioria. Como o próprio autor afirma: “A história de toda sociedade até 
nossos dias é a história das lutas de classe” (MARX, 2010, 23). De Patrícios explorando 
plebeus até burgueses explorando trabalhadores. Em linhas gerais:
O caráter revolucionário da teoria marxista provém da colocação 
de que as forças produtivas são controladas por uma minoria que 
conseguiu aproveitar-se da população trabalhadora apropriando-se 
da mais-valia ou valor excedente. O trabalhador vende sua força de 
trabalho como urna mercadoria, que é adquirida no mercado pelos 
capitalistas que buscam reduzir seu custo a um valor mínimo. Esta 
é uma situação altamente explosiva e que favorece a luta de classes, 
que tem como protagonista maior a classe operária. Para Marx, o 
Estado é um instrumento das classes dominantes para manter 
seu poder de dominação sobre as demais classes na sociedade 
capitalista; do mesmo modo, a religíáo e o sentimento nacionalista 
sao manipulados pelo poder económico como formas de domínacáo. 
Neste sentido é que a revolução proletária deve destruir o Estado, a 
religião e o nacionalismo, pois são instrumentos de dominação de
uma classe sobre outra. (REIS, 2013, p. 78).
É importante destacar, sobretudo pela metodologia que o autor utilizava, que 
suas análises e propostas eram voltadas para o capitalismo industrial de sua época. 
Marx, se localiza historicamente dentro do processo de consolidação da Primeira 
Revolução Industrial, e sua preocupação inicial consiste em analisar as consequências 
dessa transformação social na vida dos trabalhadores, e com isso, cada vez mais foi 
ampliando seu estudo, até realizar uma análise quase completa de toda a dinâmica 
de funcionamento do capitalismo industrial.
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Nesse primeiro contato nosso com Marx, abordaremos mais sobre as consequências 
do seu pensamento para a teoria política, e sobretudo de suas reflexões sobre o 
Estado, posteriormente, quando entramos nas aulas sobre economia, voltaremos a 
falar sobre a sua análise do capitalismo.
Mediante a esses fatos, o Estado é compreendido como mais uma camada da 
superestrutura que está sustentada pela infraestrutura das relações de produção. 
Em linhas gerais, o autor compreende que o Estado moderno é um instrumento de 
dominação da classe dominante, no caso a burguesia, para com a classe dominada, 
no caso, os trabalhadores, e é essa exploração ocorre a partir do momento que esta 
maioria dominada precisa vender a sua força de trabalho para a minoria dominante, 
que por sua vez, extrai e acumula riqueza a partir desse princípio.
Um dos principais parceiros teóricos e considerado o primeiro pensador marxista 
após Marx, é Frederich Engels (1820-1895), do qual afirmou que Estado:
é antes um produto da sociedade, quando esta chega a um determinado 
grau de desenvolvimento; é a confissão de que essa sociedade se 
enredou numa irremediável contradição consigo mesma e está dividida 
por antagonismos irreconciliáveis que não consegue conjurar (...) este 
poder, nascido da sociedade, mas posto acima dela e distanciando-se 
cada vez mais, é o Estado. (ENGELS, 1984, p. 227).
Em linhas gerais podemos afirmar que para o pensamento marxista o Estado 
não é um representante de toda a população que está sob seu poder, mas sim, um 
representante apenas da parcela da população que detém o poder político. E com 
isso, ele utiliza de todo o seu aparato burocrático (exército, política, juízes, presídios 
etc.) para gerar a manutenção desse domínio.
De acordo com análise marxista, o capital tem um movimento intrínseco de 
acumulação, ou seja, cada vez mais a riqueza tende a se concentrar nas mãos de 
poucos, e cada vez mais se diminuirá o número de burgueses e aumentará o número 
de trabalhadores. Nesse sentido, em algum momento da história, ocorreria a revolta da 
classe trabalhadora, a revolução, da qual os trabalhadores tomariam o Estado para si, 
que por sua vez, tomaria os meios de produção das mãos privadas para o meio estatal.
Para os marxistas se faz necessário a realização desse movimento, pois enquanto 
os meios de produção estiverem nas mãos da burguesia, esta poderá exercer a sua 
dominação. Uma vez que os meios de produção passam a pertencer a este Estado 
que estaria sendo controlado pela classe trabalhadora, a exploração cessaria.
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Porém a análise marxista não cessa por aqui. Uma vez que a classe trabalhadora 
esteja com a posse dos meios de produção, não vai existir mais a necessidade do 
Estado, pois teríamos chegado ao fim da exploração do homem pelo homem. Em 
outras palavras, se o Estado é um mecanismo de dominação, para um mundo mais 
igualitário, se faz necessário a dissolução do Estado.
fase superior da sociedade comunista, quando houver desaparecido a 
subordinação escravizadora dos indivíduos à divisão do trabalho e, com 
ela, o contraste entre o trabalho intelectual e o trabalho manual; quando 
o trabalho não for somente um meio de vida, mas a primeira necessidade 
vital; quando, com o desenvolvimento dos indivíduos em todos os seus 
aspectos, crescerem também as forças produtivas e jorrarem em caudais 
os mananciais da riqueza coletiva, só então será possível ultrapassar-se 
totalmente o estreito horizonte do direito burguês e a sociedade poderá 
inscrever em suas bandeiras: de cada qual, segundo sua capacidade; a 
cada qual; segundo suas necessidades. (MARX, 2008, p. 18).
ANOTE ISSO
Em Síntese, a primeira coisa que devemos sempre lembrar do pensamento 
marxista é que, ao fazer uma análise histórica, este compreende que a esfera 
política esteve sempre subordinada à esfera econômica. Nesse sentido, Marx 
enxerga o Estado como uma ferramenta de dominação das classes dominantes 
(no caso contemporâneo, da burguesia), que consiste na minoria da população, 
para com a classe dos dominados (no caso contemporâneo, do proletariado), que 
consiste na maioria da população.
Dentro de sua proposta, Marx defende o fim da exploração do homem pelo homem, 
e acredita que dentro desse processo, um dos últimos estágios a seremalcançados 
é a superação do Estado.
 Com essa aula, chegamos ao fim de nosso pequeno levantamento histórico sobre 
os chamados clássicos da teoria política. É importante ressaltar, que existem muitos 
outros nomes, que também trouxeram importantes contribuições, mas que em alguma 
medida beberam da fonte de algum dos autores trabalhados aqui nestas aulas, como 
por exemplo os liberais e os neoliberais, que vão partir dos princípios levantados por 
Locke para desenvolverem suas teorias.
Nas próximas aulas, voltaremos a falar mais sobre elementos da análise política 
contemporânea. Mais especificamente na próxima aula, falaremos de forma mais 
profunda sobre as funções do Estado e a divisão dos poderes.
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CAPÍTULO 6
AS FUNÇÕES DO ESTADO
Olá! minha cara aluna, meu caro aluno! Nas últimas aulas refletimos um 
pouco sobre a história do pensamento político, onde buscamos compreender as 
contribuições teóricas daqueles que são considerados os principais pensadores, 
ou melhor, os mais influentes, da chamada ciência política moderna..
Compreendido esse panorama histórico do desenvolvimento do pensamento 
político, cabe agora fazermos reflexões importantes sobre a dinâmica da política 
contemporânea. Obviamente, que abordaremos os processos históricos que 
conduziram ao estágio em que estamos, mas focaremos em entender essas 
dinâmicas.
Nesta aula, abordaremos um pouco mais sobre as chamadas funções do Estado, 
buscando compreender como se dá a sua dinâmica geral no mundo contemporâneo, 
nesse sentido, na grande maioria dos Estado modernos, o seu poder é dividido, 
assim como vimos na teoria de Montesquieu, e na grande maioria destes, é dividido 
nos chamados três poderes, que em outras palavras, podemos chamar de as três 
funções do Estado.
Nesse sentido, podemos dizer que o objetivo dessa aula é entender cada uma 
destas três funções: a) o poder legislativo; b) poder executivo e; c) poder judiciário. 
Focaremos em compreender suas atuações e seus limites, e no que se diz respeito 
ao poder legislativo em específico, falaremos sobre a possível existência do 
parlamento, uma vez que é uma instituição política que se manifesta em diversos 
Estados contemporâneos. 
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ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Como já comentamos em outras aulas, o senso comum atribui à imprensa, da qual 
tem o jornalismo englobado, o chamado quarto poder. Nesse sentido, o jornalismo 
pode exercer um papel importante para a democracia, uma vez que pode ser um 
dos principais elos entre a sociedade civil e o Estado.
Mas também é importante refletir como a imprensa tem um papel importante para 
com os chamados três poderes, seja para transmitir as informações de suas ações 
como também para questionar os limites de cada um desses poderes. Mas para 
isso é necessário que ela tenha pleno entendimento sobre cada um deles e de suas 
funções.
De acordo com a atual ministra do STF (Supremo Tribunal Federal), “não há 
democracia sem imprensa livre”, e destaca como a imprensa pode exercer um papel 
fundamental na política contemporânea, sobretudo no combate das chamadas fake 
news. Para ver a matéria por completo, acesse o link: 
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/05/stf-promove-exposicao-que-retrata-
importancia-do-jornalismo-para-a-democracia.shtml 
6.1 O Governo e o Princípio da Divisão dos Poderes
Como já mencionado em nossa introdução desta aula, a grande maioria dos Estado 
contemporâneos, em busca de criar medidas para evitar a concentração e o abuso do 
poder, eles dividem o poder estatal em três: a) o poder legislativo; b) poder executivo 
e; c) poder judiciário. Ressaltando que estes, atuam de forma articulada um com o 
outro, em busca de uma construção conjunta de um Estado. Essa divisão é entendida 
como uma divisão horizontal do poder.
Segundo Reis, para que esta divisão e a execução destas funções ocorram de forma 
plena, é necessário que ocorram pelo menos três requisitos:
a) desenvolvimento pleno do Estado de direito, no qual exista segurança 
jurídica de acordo com as exigências da sociedade; (b) incentivo a 
participação dos cidadãos no processo político, com a existência de 
liberdade de expressão, que permita o desenvolvimento pleno das pessoas 
e dos grupos sociais; c) que as regras que permitam o funcionamento da 
sociedade sejam claras e a sua compreensão acessível a todos. (REIS, 
2013, p. 139).
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/05/stf-promove-exposicao-que-retrata-importancia-do-jornalismo-para-a-democracia.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/05/stf-promove-exposicao-que-retrata-importancia-do-jornalismo-para-a-democracia.shtml
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Para entendermos melhor como funciona cada uma destas funções, é necessário 
acima de tudo, primeiramente, entendermos o que é o governo, e como ele se diferencia 
do estado, e também, qual é o princípio por trás da divisão dos poderes.
Quando falamos em governo, estamos falando do sujeito principal da ação política. 
Um conjunto de órgãos e instituições estatais que orientam a ação política. De uma 
maneira mais simplória e restrita, pode-se dizer que o governo, é o poder executivo. 
Já em um sentido mais amplo, pode-se dizer que o governo é o modelo institucional 
da dominação política. 
Através das características levantadas por Burdeau sobre o governantes, podemos 
compreender melhor o que seria o governo. Segundo o pensador, “os governantes 
são investidos de urna dupla qualidade correspondente ao caráter duplo de sua 
atividade. São ao mesmo tempo os órgãos do Estado e os representantes do soberano” 
(BURDEAU,2005, p. 50). 
Primeiramente, de um lado, são órgãos do Estado, pois “seus atos só se beneficiam 
da autoridade que lhes é própria porque são imputados ao próprio Estado. Portanto, 
é o poder estatal que os governantes exercem. E por ele que suas decisões são 
juridicamente fundamentadas”. E por outro lado, são representantes do soberano, 
pois “os governantes são estabelecidos para fazer que prevaleça a vontade dos que 
detém, no Estado, a maior força, ou seja, quer de um monarca, quer de urna classe 
ou de urna categoria social, quer da nação inteira expressando-se através da opinião 
pública” (BURDEAU,2005, p. 51).
Nesse sentido, Burdeau questiona a compreensão de que os governantes são 
aqueles que possuem a maior força e que executam o poder de coerção, quando na 
verdade, existe um poder que permanece estável e que está acima da vontade dos 
governantes. Isso ocorre justamente pelo fato de que o governo e Estado não são 
sinônimos, sobretudo, através da fragmentação do poder.
No mundo contemporâneo, temos o predomínio do chamado Estado de direito, 
cuja a sua principal característica é a divisão horizontal do poder, onde os órgãos que 
compõem esta divisão estão dentro da mesma ordem e do mesmo poder constitucional, 
ou seja, falando numa linguagem simples, não existe privilégio de um poder sobre o 
outro, todos os poderes estão em equilíbrio, onde um depende do outro.
Tomando como base os pressupostos teóricos de Montesquieu, que vimos na aula 
anterior, a divisão dos poderes no Estado de direito, considera que o Estado atua sobre 
a sociedade sobre três esferas: 
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a) estabelecimento de distintas normas as quais devem acomodar 
sua conduta os integrantes da comunidade, normas que se 
destaquem pela generalidade e obrigatoriedade, se codifiquem de 
modo abstrato e impessoal e não para resolver um caso concreto 
(funções que cabem ao poder legislativo); 
b) execução dessas normas, pois manifestam a vontade do Estado 
(função exercida pelo poder executivo); 
c) a jurisdição ou função de resolver conflitos que podem ocorrer entre 
os diferentes componentes da comunidade ou entre estese a própria 
comunidade (função do poder judiciário). (REIS, 2013, p. 143)
De acordo com o filósofo Immanuel Kant, a divisão dos três poderes é necessária e 
ao mesmo tempo perfeita, pois um complementa o outro, de modo que um dependa 
do outro mas ao mesmo tempo, cada poder possui a sua autonomia de atuação, 
de modos que,”Um poder não pode usurpar a função do outro. Assim a vontade do 
legislador é irrepreensível, a do poder executivo é irresistível e a sentença do juiz 
supremo é sem apelação.” (KANT, 1993, p. 155).
ANOTE ISSO
Podemos entender por governo como uma parte daquilo que compõe um todo que 
chamamos de Estado. Em linhas gerais, o que é denominado de governo, que é onde 
atuam os chamados governadores, está atrelado ao poder executivo. Dessa forma, o 
governo é o órgão principal da ação política, porém, ele está sujeito ao Estado.
6.2 A Função Legislativa
Título: Congresso Nacional, símbolo do poder legislativo no Brasil
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/74/Brasilia_Congresso_Nacional_05_2007_221.jpg
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Em linhas gerais a função legislativa se diz respeito ao sancionamento e a promulgação 
de leis e normas pela autoridade pública, onde está subjugada a Constituição, ou seja, 
não deve sancionar e nem promulgar nada que seja considerado inconstitucional. 
esta atividade livre se encontra em todas as funções materiais do Estado 
que apareceram separadamente na história. Nada é possível sem ela, 
e seu mais amplo campo de ação aparece na atividade legislativa 
(JELLINEK, 2000, p. 545)
A legislação pode alcançar diversos graus de importância dentro de determinados 
sistemas políticos, dentro dos Estados democráticos modernos, é considerado um 
dos meios mais eficientes para a realização de mudanças sociais de forma pacífica. 
Dentro do processo legislativo, podemos dividi-lo em cinco etapas: a) inicial, b) reunião 
e obtenção de informações, c) formulação de alternativas, d) deliberação e e) decisão 
final.
A primeira etapa, chamada de estágio inicial, pode-se dizer que todo processo 
legislativo pode ter uma origem formal ou informal. Quando aquela determinada norma 
ou lei tem sua origem dentro dos órgãos do Estado (executivo, legislativo, consultivos 
etc.) ele se manifesta de forma formal. Por sua vez, quando sua origem provém de 
uma iniciativa da comunidade, que apresenta problemas e propõem soluções, seja 
através de partidos políticos, lideranças sociais, movimentos sociais e outros meios, 
é considerada de origem informal.
Dando sequência, ocorre a chamada reunião e obtenção de informações, que também 
pode ser dar por meios informais, mas na grande maioria das vezes, ocorre pelos 
meios formais institucionais, sobretudo através de comissões parlamentares, da qual 
reúnem os legisladores, em busca de levantar informações e realizar consultas, em 
relação à lei ou norma que está sendo apresentada. Vale destacar, que dentro desse 
estágio pode ou não ocorrer a consulta civil.
Após levantar as informações é necessário formular as alternativas, nesse momento 
ocorrem diversas concentrações de forças, ou em outras palavras, a união de grupos 
para desenvolverem suas propostas, normalmente ocorre a divisão entre dois grupos, 
os favoráveis e os não favoráveis, mas nada impede que sejam formados mais de um 
projeto para a mesma discussão.
Formulada as propostas, entramos na fase da deliberação legislativa, da qual, 
segundo Reis, “(...) o caráter público da deliberação coloca o corpo legislativo diante 
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da opinião pública, e constitui um momento em que as diferentes opiniões partidárias 
se confrontam com suas respectivas plataformas eleitorais”. (REIS, 2013, p. 145).
E por fim, temos a fase da decisão final, que em linhas gerais podemos dizer que 
é a expressão da decisão tomada em forma de lei, sendo concretizada através de 
uma eleição. Na grande maioria das democracias modernas, uma vez sancionada a 
lei pelo legislativo, ela deve ser aprovada pelo poder executivo para de fato, passar a 
exercer seu poder, movimento que na grande maioria das vezes, faz com que lei volte 
para o legislativo, apenas para realizar algumas revisões. Após isso, a lei é publicada 
e passa a vigorar como regra jurídica de caráter obrigatório.
É neste momento que se começa a verificar a eficácia da lei ou ato 
legislativo como norma reguladora de condutas. Ela é um produto 
do sistema político, e se reintegra nele novamente, seja como apoio 
específico ao govemo no sentido de que a lei atendeu as demandas que 
lhe deram origem, seja como incremento da demanda, que pode se tomar 
mais agressiva na medida em que não foi atendida pela lei, considerada 
como produto ou decisão pública. (REIS, 2013, p. 146)
6.2.1 O Parlamento
Título: O Palácio de Westminster, onde fica localizado o parlamento do Reino Unido
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e4/Houses.of.parliament.overall.arp.jpg/799px-Houses.of.parliament.overall.arp.jpg
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A origem do termo parlamento, como uma instituição do Estado responsável por 
realizar debates e acordos políticos, provém dos velhos costumes medievais, onde 
o rei utiliza-se deste meio para se aconselhar para com os nobres. Com o passar 
do tempo, esse antigo hábito foi criando cada vez mais um caráter institucional, até 
chegarmos ao século XIII onde na Inglaterra e na França passam de fato a utilizar 
este termo de forma completamente institucional.
Apesar de princípios parecidos com este na Antiguidade, como as assembleias 
populares na Grécia ou os comícios realizados em Roma, é no período medieval que 
passa a ganhar a sua natureza política “como a instituição do Estado onde se exerce 
a representação popular e se debate, no sentido de troca de ideias, até chegar a um 
acordo que se concretiza em lei”. (REIS, 2013, p. 146)
De certa forma, o Parlamento, em alguma medida, representa a soberania do povo, 
uma vez que seus membros são escolhidos de forma democrática representando 
a pluralidade social, e com isso, exerce funções essenciais de criar normas e leis 
de acordo com a Constituição, além de, fiscalizar o Poder Executivo e exercer esta 
representação política.
Porém, até ele se estabelecer da forma muito próxima a que compreendemos na 
nossa sociedade contemporânea, pela primeira vez na Inglaterra, ele passou por um 
longo processo histórico. O modelo nasce, como dito anteriormente, no século XIII, 
sobretudo através do Magnum Concilium, que se tratava justamente de um tipo de 
assembleia que reunia o rei para com os demais nobres. Em uma destas assembleias, 
se desembocou na assinatura da Magna Carta em 1215, que, apesar de possuir muitos 
outros elementos, teve um significado imediato de estabelecer limitações ao rei pelos 
nobres.
A Carta foi fruto de árdua negociação feudal, imposta a um rei ditatorial 
por homens rudes, que se sentiam ofendidos pela independência de 
poderes do monarca. Mas sua importância não deve ser julgada somente 
pela limitada separação de poderes original em uma sociedade medieval. 
Durante os três séculos seguintes todos os ingleses se converteram em 
homens livres, e portanto entraram na jurisdição daquele corpo legal. A 
Magna Carta foi um documento decisivo para a história constitucional 
da Inglaterra. Apesar de algumas modificações posteriores, todas elas 
destacam o controle sobre o governante pelo poder combinado de muitos 
homens. Sua promessa de não aplicar a força do governo contra nenhum 
homem livre permanece atual. A Carta chegou a ter vida própria que 
transcende seu significado original. Ao longo dos séculos foi um símbolo 
de limitação imposta ao regime autoritário. (REIS, 2013, p. 147)
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Após isso, com opassar dos séculos, o Concílio e posteriormente, o Parlamento, 
passou por um contínuo cabo de força com a monarquia, em alguns momentos 
exercendo mais, em outros menos poder. Em 1640, com a Revolução Puritana, e 
1660 com a Revolução Gloriosa, entre dissolvidas e restaurações, o Parlamento 
passa por uma grande mudança concreta, ele não é mais composto apenas pela 
nobreza, mas por outros membros da sociedade civil, sobretudo naquele momento, 
a burguesia.
Neste momento, o Parlamento de fato se distancia de seu modelo embrionário 
medieval, e se aproxima do modelo liberal que adotamos até a atualidade, ou seja, 
fica estabelecido que este seria definido como “a instituição do Estado onde se exerce 
a representação popular e se debatem e se trocam idéias até que se chegue a um 
acordo que se concretiza na lei”. (REIS, 2013, p. 149).
Nesse sentido, quando olhamos para o parlamento dentro da estrutura política 
contemporânea, pode-se notar que este responsável por produzir impulsos políticos 
com base nas orientações do eleitorado que representa, proporciona o aumento do 
conhecimento político e das questões públicas da sua base eleitoral, possibilita a 
formação de novos líderes políticos que respaldam os interesses da opinião pública 
e entre outros elementos.
Com isso, é fato que a concepção da instituição Parlamento ela rompeu com os limites 
ideológicos e passou a ter um certo caráter universal uma vez que é possível notar a 
sua existência em quase todos os modelos políticos existentes na atualidade, seja nas 
monarquias constitucionais (Espanha, Inglaterra etc.), nas democracias (Brasil,Estados 
Unidos, França etc.), ou até mesmo, nos sistemas políticos autoproclamados de 
comunistas (Cuba, China, Coréia do Norte).
ANOTE ISSO
Em síntese, o poder legislativo exerce o poder de sancionar e promulgar leis e 
normas pela autoridade pública, sempre subjugado à Constituição. Na grande 
maioria dos regimes políticos atuais, o poder legislativo se concentra na mão do 
Parlamento, do qual, em linhas gerais, é o órgão do Estado, cujo seus membros 
são escolhidos numa eleição democrática, e com isso representam o povo e a 
pluralidade social.
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ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Dentro do jornalismo, existem diversas especialidades, como econômico, cultural, 
esportivo, policial e assim por diante. Entre estes, existe o chamado jornalismo 
legislativo, que seria, em linhas gerais, o jornalismo produzido pelo próprio poder 
legislativo, em suas múltiplas instâncias, para dialogar com a sociedade.
Para saber mais, acesse a matéria escrita pelo Observatório da Imprensa do 
Instituto Para Desenvolvimento do Jornalismo:
 https://www.observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/o-jornalismo-
legislativo-no-campo-do-jornalismo-publico/ 
6.3 A Função Executiva
Título: Palácio do Planalto, símbolo do poder executivo no Brasil
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_Executivo_do_Brasil#/media/Ficheiro:Palacio_do_Planalto.JPG
A função executiva pode ser resumida em um único termo, que ao mesmo 
tempo simplifica sua compreensão, mas também, mostra sua complexidade, seria a 
administração, que “jamais é a mera execução ou aplicação mecânica de regras gerais 
a casos particulares, precisamente porque não é exclusivamente atividade autoritária, 
mas que contém em si atividade social” (JELLINEK, 2000, p. 546).
A administração aqui deve ser entendida como uma ação complementar à ação de 
governar, e com isso, torna-se responsável pela configuração da vida pública, nesse 
sentido, é extremamente necessário que o poder executivo possua determinada 
autonomia, mas por outro lado, é fundamental que também seja limitado. A administração 
do executivo também exerce uma função mediadora entre o político e social, uma vez 
que é esta responsável pela prestação de serviços para com a comunidade. 
https://www.observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/o-jornalismo-legislativo-no-campo-do-jornalismo-publico/
https://www.observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/o-jornalismo-legislativo-no-campo-do-jornalismo-publico/
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Todo este processo administrativo é sustentado e só pode ocorrer uma vez que ele 
é sustentado pelo aparato burocrático, que exerce a função de oferecer assessoria 
técnica à direção e orientação política. Não é à toa que o sociólogo Max Weber, vai 
afirmar que “num Estado moderno necessária e inevitavelmente a burocracia realmente 
governa” (Weber, 1974, p. 22.).
De acordo com Pasquino (1982), o procedimento executivo, é o “processo de 
execução de todas as opções políticas do governo”, e dentro desse movimento, é 
extremamente importante a relação entre executivo e burocracia, pois de um lado o 
governo assumiria o “papel de guia” e do outro, a burocracia o “papel da atuação”. Em 
linhas gerais, o que está sendo dito pelo autor, é que o poder executivo, quanto aquele 
responsável por executar as opções políticas do governo, usa a burocracia como a 
sua trilha para concretização.
ANOTE ISSO
É verdade que o poder executivo é aquele que é responsável por executar as leis, 
normas e regulamentos, ou em outras palavras, as opções políticas do governo, porém, 
suas ações não se limitam apenas a isso. Em linhas gerais podemos dizer que esta 
faceta das funções do Estado, é responsável pela administração da vida pública.
6.4 A Função Jurídica
Título: Supremo Tribunal Federal, símbolo do poder jurídico no Brasil
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Supremo_Tribunal_Federal#/media/Ficheiro:Supremo_Brasil.jpg 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Supremo_Tribunal_Federal#/media/Ficheiro:Supremo_Brasil.jpg
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Pode-se entender o sistema judiciário, como um complexo de estruturas, funções 
e procedimentos, que pode ser visto até mesmo como um subsistema político, que 
tem como função fundamental a aplicação concreta das normas reconhecidas pela 
sociedade. Dentro dessa complexa estrutura se dá a averiguação dos fatos, a localização 
dos elementos e dos indivíduos que fogem da ordem social, o julgamento destes, e a 
aplicação coerção, tudo isso, de acordo com os interesses públicos.
Nesse sentido, é o poder jurídico que determina o direito de acordo com a ordem 
jurídica estabelecida, e que não deve ser entendido apenas como mera declaração das 
disposições legais, mas também implica em cobrir as brechas da legislação. Porém, 
em nenhum momento o jurídico não pode em nenhum momento entrar em conflito 
com as normas legais vigentes. 
O Poder Judiciário integra a balança ou equilíbrio de poderes desde o 
momento em que exerce a faculdade de controle da Constituição e da 
administração. Na realização desta função o Poder Judiciário administra 
justiça, seja aplicando o direito vigente, seja preenchendo as lacunas do 
ordenamento jurídico ao criar direito para ser aplicado na resolução de 
problemas entre partes definidas e concretas. (REIS, 2013, p. 152)
ANOTE ISSO
Em linhas gerais, o poder judiciário consiste em toda a estrutura de procedimentos 
e funções que tem como objetivo manter a ordem social, julgando e aplicando 
a coerção para aqueles que rompem com ela, sempre respaldado no interesse 
público, sendo responsável direto, também, em cobrir as brechas da legislação.
Nesta aula falamos sobre as principais funções do Estado, sobretudo através da 
compreensão da divisão de poderes. Em nossa próxima aula falaremos sobre três 
elementos e suas ramificações, que muitas vezes podem gerar confusão, que são as 
formas de Estado, os sistemas de governo e por fim as formas de governo.
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CAPÍTULO 7
AS FORMAS DE ESTADO E 
OS SISTEMAS DE GOVERNO
Olá, meu caro aluno! Olá, minha cara aluna! Em nossa última aula estudamos sobre 
as funções do Estado. Paraisso discutimos inicialmente a diferença entre os conceitos 
governo e Estado, lembrando que o primeiro termo está sempre mais conectado às 
funções executivas, quando o segundo engloba a representatividade total política.
Depois falamos sobre as chamadas funções do Estado, que são aquelas que se 
derivam da divisão dos poderes, sendo as mais tradicionais dentro dos Estados 
modernos: o legislativo, o executivo e o judiciário.
Em linhas gerais a função legislativa sanciona e promulga leis e normas pela 
autoridade pública, sempre subjugado à Constituição. Já por sua vez, a função executiva, 
é responsável por executar e administrar as opções políticas do governo. E por fim, 
cabe a função jurídica, através de um conjunto de procedimentos, manter a ordem 
social, julgando e aplicando a coerção para aqueles que rompem com ela.
A partir dessa aula, iremos abordar três elementos dentro da política, que muitas 
vezes geram confusão entre si, que são: as formas de Estado, os sistemas de governo 
e as formas de governo. Ao longo destas aulas, iremos compreender a características 
de cada um destes, e o que diferencia para com os outros, além das possibilidades 
que existem dentro de cada um destes. Nesta aula abordaremos as formas de Estado 
e os sistemas de governo, e por fim, na próxima aula, falaremos sobre as formas de 
governo.
7.1 As Formas de Estado
Quando falamos em formas de Estado, é necessário que se venham duas 
características essenciais em nossa mente: a) a distribuição do Poder Político no 
território e b) a organização político administrativa. Ou seja, a forma como essas duas 
características vão ser aplicadas no Estado, é o que define a sua forma.
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É importante ter em mente que não existe uma caracterização e conceituação 
universal dentro da ciência política para os tipos de formas de Estado. Desta forma, 
cada cientista político traça a sua própria divisão, porém, existem alguns tipos que 
são praticamente unânimes, e são esses que vamos trabalhar aqui.
A primeira divisão que vamos fazer dentro dos tipos de Estado, é entre, de um lado, 
o Estado Simples, e do outro, o Estado Composto ou Complexo. No primeiro caso, 
ele se manifesta de uma única forma, através do chamado Estado unitário. Já no 
segundo caso, ele pode se manifestar com um Estado Federado ou como um Estado 
Confederado. Conforme formos estudando cada um deles, vai ficando mais claro e 
definido esta divisão e a característica de cada um deles.
7.1.1 Estado Unitário - (Estado Simples)
Título: Palácio de São Bento, Assembleia da República de Portugal, exemplo de Estado Unitário
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal#/media/Ficheiro:Parlament_-_panoramio_-_nikola_pu.jpg 
A principal característica de um Estado unitário é que neste se tem uma unidade 
do poder político, em outras palavras ele possui um poder centralizado, não ocorre 
uma fragmentação ou divisão do poder. A única descentralização que pode ocorrer 
dentro deste modelo de Estado é na camada administrativa. 
Relembrando nossa aula passada, comentamos que na grande maioria dos Estados 
Contemporâneos, o poder do Estado é dividido em executivo, legislativo e judiciário. 
Esta divisão pode ocorrer dentro de um Estado unitário, porém cada um desses poderes 
vai se concentrar dentro de suas entidades centrais. Ou seja, os órgãos legislativos, 
executivos e judiciários apenas se manifestaram de forma única para todo o território.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal#/media/Ficheiro:Parlament_-_panoramio_-_nikola_pu.jpg
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O modelo de Estado Unitário, atualmente, na sua grande maioria, é utilizado em 
países que possuem um número populacional menor, onde não se tem uma grande 
necessidade de uma desconcentração do poder. Nesse sentido, a única esfera política 
presente neste modelo é o da União.
Isso não significa que não existam divisões territoriais, o que acontece é que estes 
não possuem autonomia, eles simplesmente obedecem aquilo que imposto pela união, 
eles exercem apenas uma função administrativa de repassar aquilo que “vem de cima”. 
Os agentes internos são meros reguladores.
De acordo com os cientistas políticos esta forma de Estado apresenta alguns aspectos 
positivos e negativos. No que diz respeito aos aspectos positivos, pode-se enumerar: 
a existência de uma única ordem jurídica, política e administrativa; o fortalecimento 
da ordem estatal; o reforço da unidade nacional; e uma burocracia única, tornando-se 
mais rápida e eficaz. Por outro lado, no que diz respeito aos aspectos negativos se têm: 
supressão dos interesses dos grupos políticos menores; sobrecarga administrativa 
do poder central; despreocupação com problemas locais, ou não compreensão dos 
mesmos; e dificuldade de acesso ao poder central.
Este tipo de Estado se apresenta enquanto organização com uma 
estrutura política centralizada. É um tipo de organização incompatível 
com a divisão em Províncias, Estados ou Municípios investidos de 
autonomia política.
A centralização de poder é a característica deste tipo de Estado, e no 
Brasil desempenhou importante papel durante o Império (...). (REIS, 
2013, p. 158).
7.1.2 Estado Federado - (Estado Composto ou Complexo)
Título: A Casa Branca, sede do Poder Executivo dos Estados Unidos, exemplo de Estado Federado
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_Branca#/media/Ficheiro:Aerial_view_of_the_White_House.jpg 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_Branca#/media/Ficheiro:Aerial_view_of_the_White_House.jpg
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Se o Estado Simples é caracterizado por uma centralidade do poder, dentro dos 
Estado Composto ou Complexo, sua característica fundamental é o fato de possuir uma 
multiplicidade de organizações governamentais que estão distribuídas regionalmente, 
ou seja, ocorre uma desconcentração do poder.
Retornemos ao exemplo do legislativo, judiciário e executivo. Quando olhamos para 
um país federado, e para facilitar a compreensão, podemos pensar no caso do Brasil, 
esses poderes possuem divisões de acordo com as instâncias que eles se encontram, 
ou seja, no caso brasileiro, cada um deles terá os órgãos federais, os órgãos estaduais, 
e por fim, os órgãos municipais.
O que é importante observar aqui, é que não ocorre apenas uma descentralização 
administrativa do poder, mas sim, uma desconcentração do poder, que não reside 
apenas em uma única entidade. 
Quando olhamos etimológicamente para o termo federação, sua origem está no termo 
fedos, do latim, que significa pacto ou aliança. Isso nos ajuda muito a compreender o 
seu significado, uma vez que este termo passa a ser utilizado para o movimento político 
que ocorria, onde determinadas regiões se unem mas ao mesmo tempo desejam 
manter a sua autonomia. 
O melhor exemplo para se compreender um Estado Federado é os Estados Unidos 
da América, onde apesar de existir uma Constituição que abrange todo o território, ela é 
extremamente simples e curta, dando total autonomia para que cada um dos Estados 
que lhe compõem decida sobre as demais leis. Isso explica porque em determinados 
estados estadunidenses a maioridade se dá aos 16 anos, em outros aos 18 anos e em 
outros aos 20 anos. Ou porque um estado aprova a pena de morte, e em outros, não.
É importante distinguir aqui, e isso vai ser muito importante para depois entendermos 
o Estado Confederado, é que autonomia e soberania são conceitos diferentes. Então 
no caso das federações, como o Brasil e os Estados Unidos, os estados possuem 
autonomia, porém a soberania, a palavra final por assim dizer, está nas mãos da 
União, do grande Estado.
Existem basicamente dois grandes modelos de Estados Federados, um primeiro 
modelo chamado de clássico, onde as organizações governamentais, ou seja, os 
Estados que compõem o grande Estado, possuem uma grande autonomia,de modo 
que a União passa exerce um papel mais suplementar em relação à organização. Em 
outras palavras, a organização e administração reside muito mais nas mãos estatais 
do que na mão da União. Exemplo deste modelo, os Estados Unidos.
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Por segundo, temos o modelo chamado de federalismo de colaboração, do qual essas 
organizações governamentais que participam da federação exercem uma autonomia 
mais colaborativa para com a União, ou seja, a grande preocupação da organização 
e administração está na União, mas esta utiliza dos outros órgãos para colaborarem 
com este processo. Exemplo deste modelo, o Brasil.
Em um Estado Federado, estas organizações governamentais que estão distribuídas 
regionalmente possuem autonomia. Porém dentro de um Estado Federado também 
se tem a possibilidade da intervenção. Ou seja, uma vez que estas organizações 
governamentais possuem autonomia e não soberania, é permitido que a União interfira 
em casos específicos, sobretudo em momentos em que a Constituição é ferida, na 
decisão tomada previamente por estes. 
Usemos o exemplo do Brasil para elucidar. Se um município toma uma decisão 
que o Estado que ele pertence não considere legítima, o Estado pode interferir nesta 
decisão e alterá-la. O mesmo ocorre se um Estado brasileiro tomar uma decisão da 
qual a União considere ilegítima, a União pode interferir e alterar a decisão do Estado, 
pois, como dito anteriormente, a soberania está na União.
Este tipo de Estado apresenta um caráter composto, pela coexistência 
de um poder federal e de poderes locais, o processo federativo, em 
geral, tem caráter consciente e normalmente se cristaliza em um 
pacto entre Estados cujo conteúdo se expressa em urna Constituição. 
Ocorre desse modo uma descentralização do poder sobre base 
territorial. (REIS, 2013, p. 159).
7.1.3 Estado Confederado - (Estado Composto ou Complexo)
Título: Parlamento Europeu, sede do Poder Legislativo da União Européia, exemplo de Confederação
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Europeia#/media/Ficheiro:Hemicycle_of_Louise_Weiss_building_of_the_European_Parliament,_Strasbourg.jpg 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Europeia#/media/Ficheiro:Hemicycle_of_Louise_Weiss_building_of_the_European_Parliament,_Strasbourg.jpg
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A característica de um Estado Confederado é que estas organizações governamentais 
que estão distribuídas regionalmente possuem soberania, permitindo a chamada secessão, 
ou seja, a separação entre estas organizações governamentais. Em outras palavras, também 
podemos dizer que a confederação “união permanente de Estados independentes que 
resulta de um pacto ou acordo internacional e é dotada de órgãos permanentes com o 
objetivo principal de assegurar a proteção externa e a paz interna”. (REIS, 2013, p. 158)
Em linhas gerais podemos definir como uma das suas principais características, o que 
já foi dito, o fato dos Estados possuírem soberania, ou seja, não existe a possibilidade de 
uma intervenção da união, a decisão do Estado é a decisão final.
Um bom exemplo para entendermos o funcionamento de uma Confederação, é a União 
Européia. Apesar de ser um bloco e não um país, podemos entender algumas coisas 
de forma mais prática. Se trata de um grupo de países, que se unem com objetivos 
econômicos, sociais, políticos, e assim por diante, mas onde cada um mantém a sua 
soberania sobre o seu Estado.
Ou seja, uma decisão que é tomada pela União Européia, não necessariamente é 
obrigatória de ser tomada pelos países membros - obviamente que por fazerem parte do 
bloco de interesse deles, na grande maioria vão acatar. Peguemos como exemplo o uso 
da moeda euro. A grande maioria dos países pertencentes à Confederação adotou o uso 
da moeda, porém a Suécia usou da sua soberania, para não aderir, uma vez que entendia 
que a medida não era benéfica para o seu Estado. 
Muitos países já foram confederados, como os casos mais conhecidos dos Estados 
Unidos e da Suíça. Hoje, não se tem exemplos de países que adotam essa forma de 
estado, apenas se tem a sua utilização dentro da formação de alianças e blocos.
ANOTE ISSO
Em síntese, quando se fala em formas de Estado, se tem como ponto de partida a 
análise da distribuição do Poder Político no território e de sua organização político 
administrativa. Desta forma, pode-se dizer que, para grande maioria dos cientistas 
políticos, existem duas principais formas de Estado, o simples e o composto.
O Estado simples é aquele onde ocorre apenas uma descentralização administrativa 
do poder, mas não ocorre uma desconcentração do poder. Ele também é chamado 
de Estado unitário.Já o Estado composto é caracterizado por uma desconcentração 
do poder, podendo ser um Estado federativo (aquele onde organizações 
governamentais que o integram possuem autonomia) ou Estado confederativo 
(aquele onde organizações governamentais que o integram possuem soberania)
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7.1 Sistemas de Governo
Em linhas gerais podemos dizer que quando se fala em sistemas de governo, para 
a grande maioria dos cientistas políticos, está sendo falado sobre a maneira como o 
poder político é dividido e exercido em um país. Ou seja, em nenhum momento está 
sendo levado em consideração a organização e administração do Estado (que é o caso 
das formas de governo que veremos na próxima aula), nem como se distribui o poder 
político no território (como é o caso das formas de Estado que vimos anteriormente).
Nesse sentido, pode se dizer que existem, principalmente, dois modelos de sistemas 
de governo, o presidencialismo e o parlamentarismo.
7.2.1 Parlamentarismo
Título: Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, onde se adota um sistema parlamentarista
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Boris_Johnson#/media/Ficheiro:Secretary_of_State_for_Foreign_and_Commonwealth_Affairs_(28026354440).jpg 
Dentro do sistema parlamentarista, uma das principais características que devem 
ser lembradas, é o fato de que existe uma divisão entre o chefe de Estado e o chefe 
de Governo.No primeiro caso, o chefe de Estado, ele é mais representativo e simbólico, 
normalmente representando a legitimidade e continuidade do Estado, já no segundo 
caso, o chefe de governo é aquele que de fato detêm o poder, é o representante do 
Poder Executivo, normalmente representado pela figura do primeiro-ministro. O melhor 
exemplo para darmos sobre essa situação é a monarquia parlamentarista do Reino 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Boris_Johnson#/media/Ficheiro:Secretary_of_State_for_Foreign_and_Commonwealth_Affairs_(28026354440).jpg
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Unido, onde o chefe de Estado é a rainha Elizabeth II, porém, quem de fato exerce o 
poder executivo, é o primeiro ministro. 
No que se diz respeito à escolha do chefe de Estado dentro do regime parlamentarista, 
vai depender da forma de governo que foi adotada (lembrando que veremos sobre 
o assunto na próxima aula), podendo ser desde um herdeiro até a escolha por voto 
popular. Já no que diz respeito ao chefe de governo, esse sempre vai ser de escolha do 
Parlamento, que por sua vez também possui mecanismos que facilitam a possibilidade 
de troca deste primeiro-ministro, caso o Parlamento tenha esse desejo, ou seja, a troca 
do chefe de governo nesse caso não é tão rígida como em um modelo presidencialista.
Porém, uma característica que tende a ocorrer dentro dos modelos parlamentaristas, 
é o desenvolvimento de um burocracia institucionalizada mais rígida e contínua. 
Vamos pensar rapidamente como funciona no sistema presidencialista só pra 
entender melhor essa questão. Um presidente quando ele assume seu mandato, e com 
isso se torna chefe de governo, é habitual que este troque todo o aparato burocráticodo poder executivo, em outras palavras, substitua os ministros e conselheiros. Por 
sua vez, no regime parlamentarista, esse movimento não é habitual, por mais que se 
troque o primeiro-ministro, o chefe de governo deste caso, as pessoas que compõem 
o aparato burocrático do executivo tendem a permanecer.
Esses elementos permitem com que a estrutura executiva política do Estado 
parlamentarista permita com que mudanças ocorram sem que seja necessária grandes 
rupturas. Se um primeiro-ministro está sendo impopular, o processo de substituição 
dele é “simples”, uma vez que todo o aparato burocrático executivo já está estruturado, 
e continuará funcionando em sua ausência. 
Nesse sentido, a troca de governos tende a ser menos traumática, porém, isso 
acarreta no fato de que existe um tendência dentro do parlamentarismo à instabilidade, 
justamente pela facilidade da troca, qualquer desvio que o primeiro-ministro faça em 
detrimento da maioria do Parlamento, já é plausível para uma mudança de governo. 
Além disso, por ter uma estrutura burocrática rígida, as mudanças, ou melhor dizendo, 
as eleições tendem a ser em espaços de tempo menores.
Outro elemento de reflexão importante a ser realizado sobre o parlamentarismo, é 
que uma vez que o chefe de governo é escolhido pelo Parlamento, neste sistema, o 
governo sempre vai possuir a maioria do congresso, e com isso, terá mais facilidade 
e condições de governabilidade. O primeiro-ministro vai ser sempre do partido ou da 
coligação de partidos que conseguirem maior número de parlamentares.
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Em síntese geral, podemos dizer que as características principais do sistema 
parlamentarista são: a separação entre chefe de Estado e chefe de governo; o governo 
sempre está subordinado ao Parlamento; melhores condições de governabilidade, 
uma vez que o governo sempre vai deter a maioria dos parlamentares; a troca de 
governo tende a ser mais fácil e menos traumática; e por fim, existe uma tendência 
a instabilidade de governo, a uma troca mais constante.
No sistema de governo parlamentarista, busca-se estabelecer no seio do 
Parlamento um equilíbrio entre a assembleia representativa e o governo 
(gabinete, Executivo). O equilíbrio se obtém através da fusão dos dois 
órgãos no Parlamento, no sentido de que os membros do governo são, 
ao mesmo tempo, membros da assembleia. A independência entre esses 
dois órgãos é relativa, ambos só estão separados funcionalmente, e 
existe responsabilidade política comum e maior controle recíproco. As 
formas extremas de exercício deste controle são: para a assembleia o 
voto de censura a política do governo, podendo ocorrer sua demissão; 
para o Executivo, a dissolução da assembleia, o que significa a realização 
de novas eleições para escolha de novos membros do Parlamento, ou 
seja, apela-se ao controle da soberania do povo ,que se expressa no 
eleitorado e na convocação eleitoral. (REIS, 2013, p. 161).
7.2.2 Presidencialismo
Título: Joe Biden, presidente dos Estados Unidos da América, onde se adota um sistema presidencialista
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Joe_Biden#/media/Ficheiro:Joe_Biden_presidential_portrait.jpg 
A principal característica do sistema presidencialista, que já mostra sua clara 
distinção para o sistema parlamentarista, é que o chefe de Estado é também o chefe 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Joe_Biden#/media/Ficheiro:Joe_Biden_presidential_portrait.jpg
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de governo, ou seja, essas duas chefias estão concentradas nas mãos do mesmo 
indivíduo. Aquele que governa é o mesmo que representa.
Uma característica importante que difere o presidencialismo do parlamentarismo, 
é que aqui, o presidente, é eleito pelo povo, e com isso, seu governo pode até ser 
limitado e fiscalizado pelo Parlamento, porém este não pode retirá-lo de seu cargo. 
Ou seja, quando um presidente é eleito, este deve cumprir o tempo de mandato que 
foi previamente estabelecido, e não cabe ao Parlamento o poder de destituí-lo.
Porém na grande maioria dos Estados modernos que adotam o presidencialismo, 
existem duas maneiras, ou dois modelos, de retirada do presidente do seu cargo. Uma 
delas, é que existe no Brasil, e que já foi usada com certa recorrência, é o processo 
de impeachment. O que acontece aqui, é que diferentemente do parlamentarismo, o 
Parlamento não pode tirar um presidente do poder por ele ser incopetente ou impopular, 
mas caso esse presidente cometa algum crime de responsabilidade - esses previamente 
definidos em cada Constituição -, o Parlamento poderá realizar um processo jurídico, 
e se constatar de fato a existência desse crime, usar o processo do impeachment, 
para destituir aquele presidente de seu cargo.
Com relação ao outro modelo de retirada do presidente do poder, temos o chamado 
recall, que atualmente nenhum Estado moderno possui esse artifício em relação ao 
presidente. O que temos no mundo contemporâneo, é que em alguns países, como nos 
Estados Unidos, esse processo pode ser aplicado em governadores. Trata-se de um 
processo onde o Parlamento pode realizar uma consulta popular pela permanência ou 
não daquele governo no poder, ou seja, o povo é quem decide por votação se aquele 
determinado indivíduo vai ter seu cargo destituído.
Mediante os fatos que foram levantados até aqui, a troca de governante dentro do 
modelo presidencialista tende a ser traumática, pois, você está destituindo ao mesmo 
tempo o chefe de Estado e o chefe de governo, além disso, tirando do poder aquele 
que foi eleito pela população. Ou seja, um processo de impeachment tende a ocorrer 
não só quando é cometido um crime de responsabilidade, mas quando também se 
tem uma impopularidade.
Além disso, vale ressaltar que diferente do sistema parlamentarista, uma vez que 
se troca o governo no sistema presidencialista, tem-se uma troca de todo o aparato 
burocrático do executivo, o que contribui ainda mais para esse processo de troca de 
governo mais traumático.
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Mediante a tudo que foi exposto até aqui, pode-se dizer que as principais 
características de um sistema presidencialista são: a chefia do Estado e a chefia do 
governo concentram na mão da mesma pessoa; o presidente possui irresponsabilidade 
perante o Parlamento; o povo através das eleições escolhe o presidente; as trocas de 
governo tendem a ser traumáticas e; os únicos meios de destituir o presidente do seu 
cargo, quando existentes, são o impeachment e o recall. 
ANOTE ISSO
Sistemas de Governo, dentro da ciência política na sua grande maioria, 
compreende-se pela análise da forma em que o poder é dividido em um 
determinado Estado. Apesar de já terem ocorridos outras formas ao longo da 
história, existem dois modelos que são hegemônicos e se fazem presentes na 
atualidade, o parlamentarismo e o presidencialismo.
O parlamentarismo é marcado por uma separação entre o chefe de Estado (aquele 
que vai ser representante do Estado) para como o chefe de governo (aquele que vai 
governar), onde o primeiro é definido de acordo com a forma de governo adotada, 
e o segundo por escolha do Parlamento. Já no presidencialismo, o presidente 
concentra em si tanto a chefia do Estado quanto a chefia do governo.
Nessa aula entendemos a diferença entre forma de Estado e sistemas de governo. 
Na próxima aula abordaremos as formas de estado, definindo o que se trata esse 
modelo, e suas principais manifestações na história: monarquia, democracia, república, 
aristocracia e etc.
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CAPÍTULO 8
AS FORMAS DE GOVERNO
Olá, aluna! Olá, aluno! Em nossa última aula começamos a abordar três conceituações 
distintas dentro da ciência política, que costumam a gerar confusões, são elas: as 
formas de Estado, os sistemas de governo e asformas de governo. Sendo que as 
duas primeiras abordamos na última aula, e a última abordaremos nesta aula.
Como dito anteriormente, para compreendermos e analisarmos um sistema de 
governo devemos levar em consideração a distribuição do Poder Político no território 
e sua organização político administrativa. Com isso chegamos em duas ramificações: 
o Estado Simples e o Estado Composto/Complexo. Basicamente o que difere as duas 
é que no primeiro caso, também chamado de Estado Unitário, ocorre apenas uma 
descentralização administrativa do poder, e na segunda, uma desconcentração do 
poder que é repartido entre organizações governamentais que estão distribuídas dentro 
desse Estado.
Dentro do Estado Composto/Complexo ainda temos uma subdivisão, os Estados 
Federalistas e os Estados Confederalistas. Em linhas gerais ou primeiros são marcados 
pelo fato de suas organizações governamentais possuírem autonomia, e com isso, 
terem certa liberdade mas ainda permanecem submetidas à União. Enquanto no 
segundo caso, suas organizações governamentais possuem soberania, ou seja, 
completa independência política entre as outras, e não estão subjugadas à União.
 Depois estudamos os sistemas de governo, que basicamente diz respeito a forma 
de como o poder é distribuído no Estado. Apesar de outras teorias e modelos, no 
mundo contemporâneo se tem o predomínio de dois destes: o parlamentarismo e o 
presidencialismo. Sendo a principal diferença entre os dois, o fato de que no primeiro a 
chefia do Estado e a chefia do governo pertencem a indivíduos diferentes, onde a chefia 
do governo é assumida por alguém escolhido pelo Parlamento (por isso, chamado de 
parlamentarismo). Já no segundo modelo, a chefia do Estado e a chefia do governo 
são assumidas pelo mesmo sujeito, o presidente (por isso, presidencialismo).
Na aula de hoje vamos definir o que se trata as chamadas formas de governo, e 
iremos abordar as múltiplas possibilidades que elas apresentam - autocracia, ditadura, 
democracia, monarquia, república
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8.1 As Formas de Governo
Como de certa forma recorrente dentro da ciência política, quando se trata de formas 
de governo, novamente não temos unanimidade entre os cientistas políticos, até porque 
se trata de um dos temas mais antigos estudos por esta área do conhecimento. No 
que se diz respeito a sua conceituação, para a grande maioria, se trata de um estudo 
e uma análise do modo em que se estrutura, se organiza e se exerce o poder político 
na comunidade. Até aqui, não existe muita divergência, mas quando se trata dos tipos 
e modelos destas formas é que a coisa se torna um pouco mais complexa. Pois na 
grande maioria dos momentos em que se realiza este debate, é em busca de encontrar 
a resposta para qual é a forma de governo ideal para a sociedade de sua época.
Aristóteles (2005) foi um dos primeiros pensadores a se debruçar na questão das 
formas de governo, utilizando dois elementos primordiais para fazer as distinções, 
sendo eles: a) relação com o número de pessoas nas quais repousa o poder supremo; 
e b) de acordo com os fins que buscam na realidade. Com isso, Aristóteles chega a 
conclusão que existiram três formas de governo, que poderiam se manifestar por sua 
vez, como outras três formas quando não aplicadas corretamente.
Segundo o pensador grego, quando se tem um Estado cujo governo visa a vontade 
geral e é governado por uma única pessoa, se tem a monarquia, que por sua vez, deixar 
de governar de acordo com a vontade geral e passar a governar de acordo com os 
interesses do monarca, se torna uma tirania. Dando sequência, quando se tem um 
governo liderado por uma minoria que visa a vontade geral, se tem uma aristocracia, 
que por sua vez, quando governa para a vontade desta minoria e não para a vontade 
geral, se torna uma oligarquia. E por fim, quando a maioria governa de acordo com 
as necessidades gerais, se tem a democracia, que por sua vez, quando esta maioria 
passa a cada um exercer os seus interesses, se desenvolve uma anarquia.
Já para o filósofo francês Rousseau (1997), sua análise para as formas de governo 
se dá através da compreensão do número de membros que os compõem, desta 
forma: democracia seria quando o soberano poderia confiar o poder do governo para 
todo o povo; aristocracia quando se confia o poder do governo na mãos de poucos e; 
monarquia quando se confiaria o poder do governo nas mãos de uma única pessoa.
Em uma outra perspectiva, Montesquieu (1973), acredita que existem também 
três formas de governo, dos quais para o autor seriam: o republicano, onde o poder 
se concentra nas mãos do povo; o monárquico, onde apenas um governa de acordo 
com as leis estabelecidas; e o despótico, onde uma só pessoa governa de acordo 
com as suas próprias vontades.
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Como este não é um curso dentro de uma formação completa de Ciência Política, e 
sim uma análise introdutória para contribuir em sua formação, pois lhe dará ferramentas 
para serem utilizadas na prática do seu futuro trabalho, não abordaremos todas as 
teorias já existentes de forma de governo, e nem todos os modelos já estudados e 
desenvolvidos.
Trabalharemos com aqueles que são os mais importantes, que provavelmente 
poderão em algum momento serem necessários de serem abordados por vocês no 
futuro do seu trabalho. Porém, existem três deles que merecem um destaque maior, 
e que são fundamentais que vocês os compreendam e deem importância maior para 
eles, que são justamente aqueles que se fazem presentes de forma oficial no mundo 
contemporâneo: a democracia, a república e a monarquia.
8.1.1 Autocracia
Por definição etimológica autocracia, seria o governo que se auto governa, mas 
em termos conceituais, se trata de um governo que se auto institui. Sendo assim, é 
uma forma de governo da qual concede a si mesmo as condições necessárias para 
governar, para exercer o poder.
Nesse ponto de vista, diferentemente das outras formas de governo, não existe 
um pressuposto anterior que lhe concede o direito a assumir o poder, a assumir esse 
governo. Não é a tradição, não é a legislação, não é o caráter divino. Ele simplesmente 
toma o governo para si e se auto institui.
O que pode ocorrer é aquele governo assumir o poder por outra forma de governo e 
transformar numa autocracia. Por exemplo, um líder político ele pode ser eleito por vias 
democráticas de eleição pelo povo, a partir do momento em que este passa a concentrar 
poder de forma que ele passa a retirar o poder do povo, da representatividade popular, 
fazendo com que o define como governante seja ele mesmo e não a representatividade 
popular, ele se torna um autocrata, ele se torna a fonte do seu próprio poder.
A forma mais comum de imposição de um regime autocrático é através do golpe 
de Estado, derrubando aquele que está no poder e assumindo pela força e imposição. 
Palavra de origem grega (autós: por si mesmo; e khratos; governo, poder) 
utilizada para designar um sistema de governo autoritário, no qual a 
vontade de urna pessoa é a lei suprema. Refere-se, de modo geral, à 
monarquia absoluta. Atualmente é mais utilizada para estabelecer um 
parâmetro de poder. Por exemplo, a oligarquia é o exercício do poder por 
poucos; a autocracia se diferencia desta porque o poder é exercido por 
uma única pessoa. (REIS, 2013, p. 167).
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8.1.2 Ditadura
O conceito de ditadura tem sua origem na Roma Antiga, e muito diferente das 
atuais conjunturas políticas, era uma forma de governo constitucional, ou seja, fazia 
parte das estruturas legislativas daquela época. Para os romanos, quando se tinha 
realidades de risco, ou situações que comprometiam a ordem social, os senadores 
romanos poderiam assim escolher um indivíduo para se tornar o ditador, do qual, 
teria como função principal supriraquela emergência, e restabelecer a ordem social.
Na prática, o que acontecia era que os romanos, nesse movimento político, 
concentravam todo o poder político na mão de uma única pessoa, ou seja, se colocava 
de lado todo o aparato burocrático legal, e permitia-se que aquele indivíduo pudesse 
exercer aquilo que ele entenderia como o necessário para aquela situação. É importante 
ter claro aqui, que o ditador romano ele só poderia atuar naquela área e situação que lhe 
foi convocado, não podendo alterar a legislação ou atuar em outras áreas e situações.
Porém a concepção de ditadura na ciência política contemporânea diverge do modelo 
romano, primeiramente, pelo fato de não serem mais constitucionais, e segundo, que 
elas assumem um caráter de inversão de governo, ou seja, normalmente, assim como 
a autocracia, ocorrem após um golpe de Estado. 
O conceito de ditadura dentro da ciência política, é outro que flutua bastante entre 
os cientistas sociais, porém para a maioria destes, entende por uma forma de governo 
onde onde o poder pode se concentrar na mão de uma pessoa, ou de grupo (motivados 
por uma ideologia ou movimento) dos quais eles passam a concentrar em si, os 
poderes executivo, legislativo e judiciário. Onde a legitimidade de seu governo está 
pautado no uso da força
8.1.3 Democracia
Título: A eleição é vista como um dos principais fatores da democracia
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia#/media/Ficheiro:Election_MG_3455.JPG 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia#/media/Ficheiro:Election_MG_3455.JPG
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Em termos etimológicos, democracia vem dos termos, demos que significa povo 
e kratos que significa poder, em outras palavras, o poder do povo. Por mais que essa 
conceituação etimológica não diz propriamente o que significa a democracia dentro da 
ciência política, nos oferece um ponto de partida para estudarmos e compreendermos 
sobre.
É interessante fazer uma breve reflexão sobre o termo demos. Sua origem se dá na 
Grécia Antiga, mais precisamente na cidade-Estado de Atenas, considerada o berço da 
democracia. Se por um lado a democracia ateniense é considerada um dos modelos 
mais diretos de democracia que já existiu, onde de fato o povo, ou demos, era quem 
decidia, por outro lado, apenas um grupo de povos eram considerados parte desse povo, 
parte desse demos. Eram considerados cidadãos um grupo muito seleto de pessoas.
Nesse sentido, falar que democracia é o governo do povo, ou que representa o 
povo, ao mesmo tempo que nos fornece um parâmetro para compreendê-la ainda 
nos deixa com muitas “pontas soltas”, uma vez que é necessário compreender de 
que povo está sendo falado e abarcado.
Um bom modo de entendermos melhor a democracia, é compreender os diferentes 
tipos de manifestações que se teve ao longo da história. Destacamos aqui, os modelos 
clássicos de democracia: direta, indireta e semi-indireta.
No que se diz respeito a democracia direta é aquela onde existe uma participação 
ativa e direta dos cidadãos, ou em outras palavras, não vai existir um representante 
ou um mediador para exercer o poder que é destinado ao cidadão, ele mesmo exerce 
esse poder. Como dito anteriormente, é como ocorria em Atenas, onde toda vez que 
era necessário tomar uma decisão política, os cidadãos eram convocados, lembrando 
que apenas uma parcela era considerado cidadão, e era feito uma votação, onde 
todos possuíam o mesmo poder, e assim, o resultado final que era alcançado era a 
vontade pública. 
Após o período de Democracia da Grécia Antiga, essa forma de governo ficou 
praticamente esquecida por um bom tempo na história, porém, quando veio a retornar, 
a realidade social não era mais a mesma. As populações eram muito maiores, as 
organizações políticas eram muito mais complexas, de modos que, o antigo modelo 
direto de democracia, era um tanto complexo de ser desenvolvido, com isso surge 
uma nova forma de democracia, a indireta.
Em linhas gerais, a democracia indireta, modelo predominante de democracia no 
nosso mundo contemporâneo, se tem um exercer a política de forma indireta pelos 
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cidadãos, uma vez que não são eles que vão agir diretamente, mas sim, um conjunto 
de representantes e mediadores que representaram a sua vontade, é por isso que essa 
forma de democracia, também é chamada de democracia representativa. É nesse 
modelo de democracia que vai surgir a concepção de eleição, onde através de uma 
votação, se elegem esses representantes, que representarão, teoricamente, a vontade 
de seus votantes durante um determinado período pré-estabelecido.
Por fim, dentre os modelos tradicionais de democracia, temos o modelo semi-
indireto, que busca ser uma síntese dos dois modelos anteriores. Compreendendo que 
representatividade pode afastar o povo de uma participação mais ativa, esse modelo 
de democracia, busca “tapar alguns buracos” que o modelo indireto pode deixar. Com 
isso ela cria mecanismo para que ao mesmo tempo que se tenha representantes, se 
tenha uma participação ativa do povo. E quais são esses mecanismos? O plebiscito 
- uma consulta popular anterior à elaboração da lei -, o referendo - consulta popular 
pela manutenção/continuação ou não de uma determinada lei -, e a iniciativa popular 
- a criação de uma lei em camadas populares que chegam até o legislativo.
Em sentido estrito, a democracia é um sistema político que permite o 
funcionamento do Estado, no qual as decisões coletivas são adotadas 
pelo Povo através de mecanismos de participação direta ou indireta que 
conferem legitimidade ao representante. Em sentido amplo, democracia 
é uma forma de convivência social na qual todos os habitantes são 
livres e iguais perante a lei e as relações sociais ocorrem de acordo com 
mecanismos contratuais. (REIS, 2013, p. 168).
ANOTE ISSO
Em síntese, democracia significa o governo do povo, ou seja, uma organização 
política governamental que adota um conjunto de mecanismos para que integram 
e fazem parte desse Estado tenham a possibilidade de exercer influência nas 
tomadas de decisões do governo.
A democracia ela pode ser direta, quando o cidadão vota diretamente para as 
tomadas das decisões; pode ser indireta, quando são os representantes escolhidos 
pelo povo que tomam as decisões; e pode ser semi-indireta, quando se tem os 
representantes, mas também se tem mecanismos para que em determinados 
assuntos ocorra uma decisão direta.
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8.1.4 Monarquia
Título: Países que adotam algum modelo de monarquia
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Monarquia#/media/Ficheiro:World_Monarchies.svg 
Começando novamente pelo viés etimológico, a monarquia é formada pelas duas 
palavras gregas, mono, que significa um, e kratos, que como já vimos, significa poder, em 
outras palavras, o poder de um, ou melhor, o poder concentrado na mão de uma única 
pessoa. É importante ter em mente, que na grande maioria dos casos, a legitimidade 
do monarca, provém da tradição, em outras palavras, são estes costumes tradicionais 
que legitimam ele como rei.
Semelhantemente à democracia, a monarquia ao longo da história se manifestou 
de formas diferentes, sendo os dois modelos mais tradicionais, aquele chamado de 
absoluto e o modelo parlamentar.
O modelo absoluto de monarquia, é aquele que foi instaurado nas primeiras 
manifestações dessas formas de governo. Aqui, temos o rei quanto monarca, onde 
ele é a personificação do Estado e do governo, ou seja, ele é quem é responsável 
pelas funções legislativas, jurídicas e executivas. Ele é quem decide as leis, ele é 
quem pode julgar e ele administra da forma que ele entende ser melhor. Em suma, o 
rei tem poder pleno
É uma forma de governo que se baseia no princípio de que o monarca (rei, 
imperador, czar etc.) tem o poder absoluto e total em termos políticos.Não existe uma divisão de poderes - principalmente o Executivo e o 
Legislativo -, já que a fonte deles é o mesmo soberano. Também não 
existem mecanismos pelos quais o governo responde por seus atos. 
Embora a administração da justiça tenha autonomia relativa em relação 
ao rei, este pode mudar as decisões dos tribunais em última instância ou 
reformar as leis de acordo com a sua necessidade. (REIS, 2013, p. 169).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Monarquia#/media/Ficheiro:World_Monarchies.svg
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Já a monarquia parlamentar, ela é fruto das revoluções burguesas na Inglaterra 
do final do século XVIII, onde em linhas gerais, podemos dizer que é um modelo 
onde se colocou uma espécie de limite ao poder do rei/monarca. Nesse caso, é 
comum que o rei assuma a função de chefe de Estado, ou seja, aquele que vai 
representar o Estado, e por outro, vai ter o representante do parlamento como 
chefe de governo, aquele que vai exercer o poder executivo de fato. Perceba, a 
forma de governo da monarquia parlamentar tem obrigatoriamente como sistema 
de governo, o parlamentarismo.
Na grande maioria das monarquias parlamentaristas, a figura do rei quanto chefe 
de Estado é mantida por questões culturais e pelo peso histórico que aquela família 
representa para aquele Estado. Muitas vezes essas famílias fizeram parte de processos 
históricos como formação e unificação do Estado, processos de independência, lutaram 
em importantes combates etc. e com isso, possuem um apelo histórico e tradicional, 
que fazem com que ainda possuam esta legitimidade.
Constitui uma forma de governo no qual o rei ou monarca exerce a 
função de chefe do Estado sob o controle do Legislativo (Parlamento) 
e do poder Executivo (Governo). Na maioria das monarquias 
parlamentares atuais, a autonomia e os poderes do monarca estão 
bastante limitados e divididos, podendo o Parlamento tomar a qualquer 
momento decisões que obriguem o seu cumprimento por parte do 
reis. (REIS, 2013, p. 169).
ANOTE ISSO
Em síntese, monarquia significa o poder concentrado na mão de uma única 
pessoa, da qual tradicionalmente é conhecida como o rei, onde a legitimidade 
do seu poder provém das tradições. A monarquia em sua grande maioria 
das vezes na história se manifestou de duas formas, como absoluta e como 
parlamentarista.
A monarquia absoluta é aquela onde todo o poder concentra no rei, uma vez que 
esse é a personificação do Estado e do governo, desta forma ele exerce as funções 
de legislar, julgar e administrar, conforme ele entender ser mais interessante. Já 
numa monarquia parlamentarista, o rei é apenas chefe de Estado, enquanto o 
representante do Parlamento, se torna o chefe de governo.
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8.1.5 República
Título: Representação do senado da Roma Antiga, primeiro experimento republicano
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica#/media/Ficheiro:Maccari-Cicero.jpg 
Historicamente, a origem da república se dá com o objetivo de ser uma expressão 
oposta à monarquia. Novamente usando a etimologia para entendermos seus aspectos 
gerais, diferente das demais expressões, sua origem vem do latim, res publica, que 
significa, a coisa pública, aquilo que pertenceria a todos.
Como dito, em busca de ser uma mudança radical ao modelo monárquico, a república 
busca romper com a concepção de que a legitimidade do poder venha através da 
tradição, e sim através de uma escolha. Você pode até estar se perguntando, mas o 
que difere isso da democracia?
A escolha dentro da república não necessariamente se dá por todos pertencentes 
à comunidade, por todos aqueles que são considerados cidadãos. Alguns exemplos 
para elucidar. A África do Sul do Apartheid era uma República onde apenas as pessoas 
brancas tinham direito ao voto, as Ditaduras Militares na Ámerica do Sul eram Repúblicas, 
mas das quais não trabalhavam com princípios democráticos, ou seja, não eram todos 
que podiam votar, e muito menos, os que podiam participar da vida política.
Em síntese, a característica de uma república é que ocorre uma escolha daquele 
que será o chefe de Estado e chefe de governo, podendo ser a mesma pessoa ou 
não, veremos daqui a pouco. Se essa escolha é aberta para todos os cidadãos, ela se 
torna uma república democrática, caso contrário, se apenas um grupo tem o poder 
de escolha, é apenas uma república.
Nesse sentido, uma república pode também adotar os dois modelos de sistemas de 
governo, tornando-se uma república presidencialista ou uma república parlamentarista. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica#/media/Ficheiro:Maccari-Cicero.jpg
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No geral, nas repúblicas parlamentaristas, a população elege de forma direta o 
presidente, e escolhem as pessoas que vão compor o Parlamento, que este por sua 
vez, vai escolher quem vai ser o chefe de governo.
Em sentido amplo, é uma forma de governo caracterizada por basear-
se na representação de toda a sua estrutura através do direito de voto. 
E o eleitorado que constitui a última instância de sua legitimidade e 
soberania. (REIS, 2013, p. 169).
ANOTE ISSO
Em síntese, república consiste na forma de governo onde a legitimidade daquele 
que governa se dá através de uma escolha, ela nasce historicamente, como uma 
oposição à forma monárquica de governo. É importante não confundir democracia 
com república. Democracia pressupõe que a escolha é necessariamente feita por 
todos os cidadãos, na república não é necessário isso, a escolha pode ser feita 
apenas por um grupo seleto.
8.1.5 Alguns outros casos
Por fim, cabe fazer algumas últimas menções, que não são tão habituais, como as 
citadas anteriormente, mas que também são importantes de serem compreendidas 
em seus aspectos gerais.
A chamada teocracia, da qual se fez presente em um longo período da história, 
como o próprio nome sugere - teos significa Deus, então seria o poder de Deus,o poder 
pertencente a Deus - se trata de uma forma de governo onde o poder está concentrado 
nos líderes religiosos da religião dominante daquele Estado. Onde a legitimidade do 
poder provém do divino, e o exercício do governar se dá de acordo, ou pelo menos 
teoricamente, com a vontade de Deus. Atualmente, o Vaticano é exemplo de um Estado 
teocrático.
A plutocracia - plutos significa dinheiro - seria a forma de governo onde a riqueza é a 
base principal do poder. É importante ficar claro aqui, que para se ter uma plutocracia de 
fato, é necessário que a legitimidade do poder venha pela riqueza. Pode acontecer que 
dentro de outras formas de governo, o mais rico assuma o poder, mas sua legitimidade 
provém de outro elemento.
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8.1 O Brasil
Para finalizar a nossa aula, vamos fazer uma breve análise política do Brasil, de 
acordo com os conceitos que trabalhamos nas nossas duas últimas aulas. De acordo 
com a Constituição brasileira, o Brasil é uma República. Democrática, Federativa, 
Presidencialista.
O Brasil é uma República, logo é definido que seu líder será escolhido, mas como 
ele será escolhido? Uma vez que o Brasil também é uma democracia, seu líder será 
escolhido por todos aqueles que são considerados cidadãos. Então a forma de governo 
que o Brasil assume, é de uma república democrática.
E qual é a sua forma de Estado? É o federalismo, ou seja, existe dentro do Estado 
brasileiro uma desconcentração do poder, que é repartido pela União para com 
as demais organizações governamentais, no caso do Brasil, com os estados e os 
municípios. Então todos os municípios são autônomos, assim como todos os estados 
são autônomos. Porém existe o direito de intervenção da União para com estes, quando 
eles ferem a Constituição.
E por fim, o Brasil adota um sistema de governo presidencialista, onde o presidente 
é ao mesmotempo o chefe de Estado e o chefe de governo, sendo escolhido por 
eleições diretas.
Com isso finalizamos a nossa aula. Terminamos ela falando sobre como o Brasil 
se dá politicamente nos dias de hoje, mas na próxima aula, vamos nos dedicar a 
entender a formação do Estado brasileiro, o processo político desde o início do Brasil 
até chegarmos nesta república democrática federativa presidencialista.
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CAPÍTULO 9
A FORMAÇÃO DO 
ESTADO BRASILERO
Olá, aluna! Olá, aluno! Estamos aqui para a nossa última aula do nosso primeiro 
bloco de aulas, aquelas cujo foco das aulas está mais voltado para a ciência política. 
Espero que até aqui, esteja sendo um ótimo aprendizado, e que na medida do possível, 
também possa estar sendo agradável. Sei que não são assuntos fáceis de serem 
digeridos, mas quanto mais nos habituamos com eles, mais passam a fazer sentido.
Em nossa última aula falamos sobre as formas de governo, que em linha gerais, 
se trata do modo em que se estrutura, se organiza e se exerce o poder político na 
comunidade. Dessa forma, abordamos algumas das principais categorias existentes 
dentro das formas de governo.
A primeira delas foi a autocracia, da qual consiste numa forma de governo onde 
o líder se auto concebe o poder, sem possuir nenhuma base legítima para isso. Já 
na ditadura, consiste em uma concentração de poder na mão de um líder, do qual 
legitima esse poder através do uso da força.
Uma forma de governo democrática é aquela que busca desenvolver uma 
organização política governamental que adota um conjunto de mecanismos para que 
integram e fazem parte desse Estado tenham a possibilidade de exercer influência 
nas tomadas de decisões do governo. A democracia ela pode ser direta, quando o 
cidadão vota diretamente para as tomadas das decisões; pode ser indireta, quando 
são os representantes escolhidos pelo povo que tomam as decisões; e pode ser semi-
indireta, quando se tem os representantes, mas também se tem mecanismos para 
que em determinados assuntos ocorra uma decisão direta.
Por sua vez, a monarquia se caracteriza pela concentração do poder concentrado na 
mão de uma única pessoa, onde a legitimidade do seu poder provém das tradições, se 
manifestando predominantemente ao longo da história de duas formas. A monarquia 
absoluta da qual todo o poder concentra no rei, uma vez que esse é a personificação 
do Estado e do governo. E a monarquia parlamentarista, onde o rei é apenas chefe 
de Estado, enquanto o representante do Parlamento, se torna o chefe de governo.
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Estudamos que república consiste na forma de governo onde a legitimidade daquele 
que governa se dá através de uma escolha, ela nasce historicamente, como uma 
oposição à forma monárquica de governo. Já uma teocracia é marcada pelo fato 
das lideranças religiosas terem o poder, uma vez que a legitimidade do poder vem do 
divino. E por fim, na plutocracia, a legitimidade do poder vem da riqueza.
No final da aula ainda falamos sobre as características da estrutura política do Brasil 
contemporâneo, um Estado republicano, democratico, federalista e presidencialista. 
Mas até chegar nesse momento, o Brasil passou por várias mudanças na sua estrutura 
política, por isso, nessa última aula, dentro do foco da ciência política, falaremos sobre 
a formação do Estado brasileiro.
9.1 A América Portuguesa (1500 -1822)
Título: “Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro no ano de 1500”
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil_Col%C3%B4nia#/media/Ficheiro:Desembarque_de_Pedro_%C3%81lvares_Cabral_em_Porto_Seguro_em_1500_by_
Oscar_Pereira_da_Silva_(1865%E2%80%931939).jpg 
Antes de adentrarmos propriamente a existência do Estado brasileiro, é importante 
compreendermos as dinâmicas políticas e históricas que já aconteciam neste território, 
antes mesmo do processo de independência. Nesse sentido, muito do que se desenvolve 
no futuro está conectado ao passado, por isso se faz importante começarmos esse 
estudo, desde o período denominado de Brasil Colônia.
O período denominado de Brasil Colonial ou Brasil Colônia, se inicia com a chamada 
“descoberta” do Brasil ocorreu em 1500, e perdura até o processo de independência em 
1822. Em torno dos primeiro trinta e cinco anos após a “descoberta”, os portugueses 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil_Col%C3%B4nia#/media/Ficheiro:Desembarque_de_Pedro_%C3%81lvares_Cabral_em_Porto_Seguro_em_1500_by_Oscar_Pereira_da_Silva_(1865%E2%80%931939).jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil_Col%C3%B4nia#/media/Ficheiro:Desembarque_de_Pedro_%C3%81lvares_Cabral_em_Porto_Seguro_em_1500_by_Oscar_Pereira_da_Silva_(1865%E2%80%931939).jpg
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pouco se interessaram para com o território brasileiro, limitando sua atuação nestes 
territórios à extração de pau-brasil, e sem tomar qualquer medida colonizante.
É importante destacar que, por mais que existam etapas e momentos diferentes da 
relação metrópole para com a colônia, ou em outras palavras, de Portugal para com 
o território da américa portuguesa. O Brasil sempre foi em linhas gerais uma colônia 
de exploração, ou seja, Portugal sempre visou a exploração dos recursos que este 
território fornecia. Isso é importante, pois revela que nunca foi do interesse português, 
o desenvolvimento de uma sociedade politicamente organizada, dentro deste território.
É somente a partir de 1532, com a percepção dos portugueses do potencial que 
estas terras tinham para produção de cana-de-açúcar, e consequentemente do açúcar, 
que vai dar início ao processo de colonização nestas terras. Mas entenda, era colonizar 
o necessário para explorar, e não colonizar para povoar.
Ao longo do chamado ciclo da cana, que vai perdurar até o século XVII, se desenvolvem 
elementos interessantes no território da América Portuguesa. O primeiro deles, são 
as capitanias hereditárias, que consistia na repartição em treze pedaços de todo o 
território da américa portuguesa que foram entregues a alguns donatários, que entre 
outras funções, deviam incentivar a colonização de suas terras.
Nestes trezentos anos iniciais de colônia, as dinâmicas de organização política 
do território da américa portuguesa eram extremamente simples, justamente pelo 
fato dos interesses portugueses serem restritos a exploração. Isso faz com que a 
administração política desta época exerça um caráter muito mais privado do que 
público. Desta forma as relações de poder se davam muito mais dentro da estrutura 
do engenho do que propriamente no aparato burocrático.
Essa dinâmica de exploração em detrimento da formação de sociedade organizada, 
começa a mudar quando em 1808, fugindo dos avanços do Império Napoleônico, 
a família real portuguesa, vem morar na américa portuguesa, se estabelecendo na 
cidade do Rio de Janeiro, que era a capital do Brasil na época.
Por que a chegada da família real portuguesa vai mudar a dinâmica da américa 
portuguesa? Não sabendo o período de tempo que seria necessário que a família real 
ficasse na colônia enquanto existisse a ameaça napoleônica, se fez necessário que se 
desenvolvessem elementos sociais, políticos e econômicos na américa portuguesa, 
que permitissem uma melhor dinâmica de vivência para a família real.
A primeira grande mudança ocorre que a américa portuguesa é elevada à categoria 
de sede da monarquia lusitana e capital do Império Colonial. Uma vez que se torna sede 
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de uma monarquia, deve-se abrigar o monarca e sua família, para isso foi necessário 
que uma série de melhorias, benfeitorias e modernizações ocorressem tanto nas 
estruturas sociais, quanto nas estruturas políticas e econômicas. É nesse momento, 
que se tem o embrião da formação de fato de uma estrutura organizadada política 
pública na américa portuguesa.
Foram quatorze anos em que a família real portuguesa permaneceu na américa 
portuguesa, de 1908 a 1922, período que ficou marcado por esse conjunto de mudanças 
políticas.
Quando a família real retornou para Portugal, a monarquia lusitana tinha como 
intenção submeter novamente a américa portuguesa à categoria de colônia de 
exploração. Porém, esse projeto recolonizador português não é visto pelas classes 
dominantes brasileiras que se estabeleceram ao longo do tempo, e que ganharam 
maior notoriedade e poder, nos últimos quatorze anos.
Acontece que quando a família real portuguesa retornou a Portugal, o filho herdeiro 
do trono D. Pedro I, havia ficado na américa portuguesa, caso ocorresse uma nova 
investida napoleônica contra Portugal. Mas com o passar do tempo. D. Pedro I vai se 
alinhando e se aproximando das elites brasileiras e se afastando da coroa portuguesa. 
Após inúmeros conflitos com seu pai, o Rei D. João VI, que solicitava seu retorno, D. 
Pedro I sobre pressão das classes dominantes brasileiras, se opõe às pretensões da 
monarquia lusitana e dão início ao processo de independência.
Título: “Independência ou Morte” de Pedro Américo
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia_do_Brasil#/media/Ficheiro:Pedro_Am%C3%A9rico_-_Independ%C3%AAncia_ou_Morte_-_Google_Art_
Project.jpg 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia_do_Brasil#/media/Ficheiro:Pedro_Am%C3%A9rico_-_Independ%C3%AAncia_ou_Morte_-_Google_Art_Project.jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia_do_Brasil#/media/Ficheiro:Pedro_Am%C3%A9rico_-_Independ%C3%AAncia_ou_Morte_-_Google_Art_Project.jpg
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9.2 Período Monárquico - Brasil Império (1822 - 1889)
Com a Independência do Brasil, era necessário que se adotasse uma forma de 
governo para este novo país, nesse momento, começa ocorrer um pequeno embate 
entre as classes dominantes para a definição da forma de governo e do sistema 
político. Em meio a indefinição política que se tinha nesse momento histórico, boa 
parte das elites acreditavam que a figura de D. pedro I facilitaria a manutenção da 
unidade nacional, com isso, foi escolhido pela forma de governo monárquico,, onde 
D. Pedro I se tornou o primeiro imperador do Brasil. Além disso, foi definido que o 
imperador seria chefe de Estado e chefe de governo, escolhendo quem seriam os 
ministros entre os líderes dos partidos conservador e liberal.
Neste momento, também foi definido que a divisão do poder no Estado brasileiro 
se daria em quatro poderes: o Legislativo, o Executivo, o Conselho de Estado e o 
Moderador. Além disso, para que de fato se consolidasse a formação desse novo 
Estado, era necessário a elaboração de uma Constituição. Então em 1824 temos a 
primeira Constituição Brasileira, da qual fornecia as bases jurídico-legais do Estado 
brasileiro, além de conter todos os direitos civis e políticos. Porém cabe destacar, que 
pela estrutura altamente hierarquizada da sociedade brasileira, esses direitos não 
eram exatamente colocados em prática.
Nesse momento aqui, é importante fazermos uma pausa na perspectiva histórica 
da formação do Estado brasileira, e observar pelo menos duas importantes análises 
sobre esse processo.
Primeiramente abordaremos as contribuições do sociólogo e historiador, 
Oliveira Vianna. Segundo o autor, o Brasil era formado por vários núcleos privados 
e independentes, onde cada um destes núcleos tinha sua própria vida econômica, 
jurídica e moral. Dessa forma não existia uma unidade administrativa política no Brasil. 
Essa estrutura, segundo o pensador, presente desde a colonização do país, como 
comentamos anteriormente, impossibilitava a constituição de uma sociedade moderna.
Mediante a esses fatos, o autor defende a concepção de que somente um Estado 
forte e centralizado seria capaz de gerar um sentimento de pertencimento público, e 
colocar um fim nesses vínculos privados. E com isso, criar também um sentimento 
de identidade.
Outro sociólogo brasileiro importante na teorização do Estado brasileiro, é Sérgio 
Buarque de Holanda. Em sua obra, de 1936, “Raízes do Brasil”, onde explica que uma 
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das características que compõem o brasileiro é a propensão em sobrepor as relações 
familiares às relações profissionais, em outras palavras, Sérgio Buarque defende que 
culturalmente e historicamente, o brasilireiro sobrepõe à esfera privada sobre a esfera 
pública.
Além disso, vai afirmar que uma das características mais marcantes do povo 
brasileiro, é a dificuldade em cumprir os ritos e tradições sociais, que são rapidamente 
formais, e com isso, tem a dificuldade em separar o público do privado.
Nesse sentido, Sérgio Buarque vai evidenciar que as relações com o governo 
só aconteceriam através desse vínculos que beneficiam aqueles que possuem os 
contatos certos diante da autoridade pública. Ou seja, a estrutura política brasileira 
seria dominada pelos ritos e tradições privadas, do que pelas tradições públicas. Mais 
vale você ser amigo da autoridade, do que cumprir com todo o aparato burocrático.
É importante entendermos aqui, que esses traços da vida privada são característicos 
desse período monárquico, onde você tem o início da definição de um Estado brasileiro, 
mas que na prática, ele permanece fragmentado. Também vale destacar que esse 
traço da vida privada sobrepondo a vida pública tende a diminuir, mas ele nunca deixa 
de existir na vida política do Brasil.
9.3 Período Republicano (1889 - )
Título: “Proclamação da República” de Benedito Calixto
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Proclama%C3%A7%C3%A3o_da_Rep%C3%BAblica_do_Brasil#/media/Ficheiro:Proclama%C3%A7%C3%A3o_da_
Rep%C3%BAblica_by_Benedito_Calixto_1893.jpg 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Proclama%C3%A7%C3%A3o_da_Rep%C3%BAblica_do_Brasil#/media/Ficheiro:Proclama%C3%A7%C3%A3o_da_Rep%C3%BAblica_by_Benedito_Calixto_1893.jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Proclama%C3%A7%C3%A3o_da_Rep%C3%BAblica_do_Brasil#/media/Ficheiro:Proclama%C3%A7%C3%A3o_da_Rep%C3%BAblica_by_Benedito_Calixto_1893.jpg
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Em 1889, o Brasil deixa de possuir uma forma de governo monárquica e passa a 
assumir uma forma republicana, resultado de uma mobilização do exército e de civis 
defensores do republicanismo. Vale destacar aqui, que no final do segundo império, 
de D. pedro II, a monarquia perdeu as suas principais alianças - o exército, a Igreja e 
os cafeicultores - e que por sua vez, vão passar a apoiar o modelo republicano.
Vale ressaltar aqui, que está sendo adotado um modelo republicano, e não 
necessariamente um modelo democrático, que só vai aparecer no Estado brasileiro 
posteriormente.
Podemos dividir a república brasileira em seis momentos, dos quais, cada um 
apresentou características diferentes: Primeira República/República Velha (1889 - 
1930); Era Vargas (1930 - 1945); República Populista (1945 - 1964); Ditadura Militar 
(1964 - 1985) e; Nova República (1985 até a atualidade).
9.3.1 Primeira República/República Velha 
A Primeira República, também chamada de República Velha, é marcada pela 
consolidação das elites provinciais rurais, das quais, dentro do estudo da história, 
da sociologia e da ciência política do Brasil, ficaram conhecidas como oligarquias. 
Ou seja, o Estado Brasileiro ele assume um caráter não oficial, mas prático de uma 
república oligárquica.
Outra marca desse período histórico é o chamado coronelismo, onde o município 
passa a exercer um papel fundamental na manutenção do poder e no predomínio da 
esfera privada sobre a esfera pública. Isso se manifesta no chamado “voto de cabresto”, 
onde os coronéis abusavam de suas autoridades, compravam votos, e utilizavam da 
máquina pública para manipular as eleições e com isso, garantir a manutenção do 
poder.
Outracaracterística desse período é chamada política dos governadores, do qual 
se tratava de um acordo firmado durante o governo de Campos Sales, em que ele e 
as oligarquias estaduais se comprometem em manter uma relação de apoio mútuo, 
e com isso, uma manutenção do poder. 
Como pode-se notar, mediante a todas as características aqui mencionadas, que se 
criou na prática dentro da estrutura política brasileira da república velha, as condições 
para que durante seus quarenta anos de duração, ocorresse uma manutenção contínua 
do poder, tanto na escala federal quanto na escala estadual. Nesse sentido, é possível 
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dizer que na prática foi uma república oligárquica, pois, por mais que existisse a escolha 
de quem seria o líder, de quem iria ser o representante, sempre eram as mesmas 
pessoas dos mesmos grupos políticos.
9.3.2 A Era Vargas (1930 - 1945)
A chamada Era Vargas, é um excelente período para demonstrar que muitas vezes 
as definições estabelecidas oficialmente pela Constituição não são aplicadas na prática. 
Basicamente o que ocorre aqui, é que por mais que a Constituição previsse as eleições 
para a escolha do presidente, Getúlio Vargas vai permanecer no poder ao longo de 
quinze anos sem vencer uma eleição sequer. Vamos entender esse período histórico.
Na eleição de 1929, Getúlio Vargas representava a oposição às oligarquias que 
permaneceram no poder ao longo daqueles quarenta anos, a princípio Getúlio perde 
a eleição. Porém um conjunto de escândalos que iam desde uma possível fraude nas 
eleições até a morte do vice de Getúlio, João Pessoa, criaram as condições necessárias 
para que Vargas conseguisse articular um golpe de Estado no Brasil, tirando o atual 
presidente Washington Luís do poder, e impedindo que o vencedor das eleições, Júlio 
Prestes assumisse o governo. Mediante a essa instabilidade política, foi deliberado 
um governo provisório (1930 - 1934) do qual Getúlio Vargas seria presidente.
 No final do governo provisório foi desenvolvida uma nova Constituição, da qual 
previa novas eleições para representantes do legislativo, e estes por sua vez decidiram 
quem seria o novo presidente. Tudo isso com o discurso e a teoria afirmando que o 
Brasil era uma república democrática liberal. Resultado, Getúlio Vargas foi escolhido 
novamente para ser presidente, em um período que ficou conhecido como governo 
constitucional de Vargas (1934 - 1937).
Ao final de seu governo constitucional, deveriam ocorrer novas eleições, mas 
usando os conflitos políticos que ocorriam, sobretudo os ataques organizados pelos 
partidos comunistas, e principalmente a chamada Intentona Comunista liderada por 
Luís Carlos Prestes, Getúlio, afirmando ser uma necessidade de proteção do Estado, 
nãos só cancela as eleições, como também anula a Constituição de 1934 e fechou o 
Congresso. Dando início ao chamado Estado Novo (1937 - 1945).
O Estado Novo é marcado por um regime ditatorial de Vargas, onde através do uso 
da força e das distribuições de direitos estratégicos, e de mecanismos de controle, 
Getúlio constrói a legitimidade do seu poder por um determinado tempo. Nesse sentido, 
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o Estado Novo é marcado por: uma centralização do poder, onde Vargas buscou 
sempre enfraquecer o legislativo e Judiciário; a construção de políticas trabalhistas, 
sobretudo através do desenvolvimento da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), 
pois acreditava que o apoio dos trabalhadores era essencial para manutenção do seu 
poder e; a propaganda política, como uma ferramenta essencial nesse processo de 
legitimação e manutenção do poder.
Porém, nos últimos anos do chamado Estado Novo, sobretudo por influência do fim 
e da luta contra ditaduras européias durante a Segunda Guerra Mundial, fizeram com 
que cada vez mais crescessem o movimento contrário ao Estado Novo, que culminou 
nas eleições de 1945, onde Getúlio deixou o poder e se deu fim ao seu regime ditatorial.
Título: Propaganda Política do Estado Novo
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_Novo_(Brasil)#/media/Ficheiro:Propaganda_do_Estado_Novo_(Brasil).jpg 
9.3.3 República Populista (1945 - 1964)
Em linhas gerais a República Populista foi marcada por intensas tensões políticas 
e pela política desenvolvimentista do Brasil. O primeiro presidente eleito neste período, 
foi o candidato apoiado por Vargas, Eurico Gaspar Dutra. Em linhas gerais, seu governo 
foi marcado pela elaboração da constituição de 1946, que reestabelecia o caráter 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_Novo_(Brasil)#/media/Ficheiro:Propaganda_do_Estado_Novo_(Brasil).jpg
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republciano democrático ao Brasil. Além disso, se destaca pelo início das maiores 
aproximações diplomáticas do Brasil com os EUA.
Depois do governo Dutra, temos o retorno de Vargas, agora finalmente eleito. Esse 
governo ficou marcado pela forte atuação Getúlio em defesa do desenvolvimentismo 
industrial nacionalista, o desenvolvimento do capital brasileiro, onde criou importantes 
empresas como a Petróbras e a Vale do Rio Doce. Porém, em meio a inúmeras crises 
políticas e econômicas, culminou-se com o suícidio de Vargas.
Em seguida temos a eleição de Juscelino Kubitschek, que ficou marcado sobretudo 
pela construção da capital Brasília e pelo chamado Plano de Metas, do qual emplacou 
sua expressão “50 anos em 5”, onde, diferentemente de Vargas, acreditava que o 
processo de desenvolvimento do Brasil se daria através de uma maior abertura para 
o capital externo.
Em seguida temos a eleição de Jânio Quadros, que permaneceu apenas um ano no 
governo, sobretudo pelo fato de que não possuía uma base de sustentação política, 
sobretudo através da sua política externa independente, que desagradava ao mesmo 
tempo a direita e a esquerda.
Por fim, o último presidente da chamada República Populista, foi João Goulart, que 
por sua vez, foi eleito por meio do Parlamentarismo, pois os militares tinham medo 
de uma ascensão comunista. Mas no ano seguinte um plebiscito fez o Brasil retornar 
ao modelo presidencialista. Seu governo ficou marcado pela tentativa de realizar as 
chamadas Reformas de Base, que iam desde o âmbito da educação até o âmbito 
agrário. Isso criou descontentamento de setores da elite brasileira que culminaram 
no golpe de 1964.
9.3.4 Ditadura Militar (1964 - 1985)
Com o golpe de 1964, que assume o poder são os militares, dando início a um 
período que ficou conhecido como Ditadura Militar, onde os presidentes não tinham 
a legitimidade democrática de estar no poder, mas exerciam através da força. Outro 
destaque importante de ser feito aqui, como mencionado na aula anterior, é que 
continuava sendo uma república, ou seja, esses líderes continuavam sendo escolhidos, 
mas não em uma dimensão democrática.
Com o discurso de lutar contra o comunismo que avança no Brasil, a ditadura militar 
interrompeu a experiência democrática no país com o apoio de uma elite empresarial, 
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dos setores conservadores da Igreja e dos grandes produtores rurais. Por isso, para 
muitos historiadores, considera-se o termo mais adequado para esse período, a ditadura 
civil-militar. 
Politicamente falando, foi marcado fortemente por uma centralização do poder, ou 
seja, a destituição dos poderes legislativos e judiciário; pelo cerceamento dos direitos 
políticos e; pelo bipartidarismo, ou seja, apenas dois partidos eram considerados legais, 
o da situação (ARENA) e o da oposição (MDB).
Economicamente pelo chamado “milagre econômico”, onde houve um crescimento 
elevado da economia brasileira, com altas taxas de PIB, porém, esse crescimento teve 
como custo uma alta inflação e uma grande dívida externa.
A partir da década de 1980, as manifestações contra a ditaduramilitar se intensificam. 
Os problemas políticos e econômicos se agravam, de modo que passa a ser insustentável 
a continuidade. O movimento das Diretas Já, foi a “gota final” para os militares.
9.3.5 Nova República (1985 - Atual)
O primeira votação da nova república se deu de maneira indireta, através da escolha 
dos deputados, os congressistas, do qual foi escolhido Tancredo Neves, porém com sua 
morte repentina, não chegou a assumir a presidência, e com isso, o primeiro presidente 
brasileira da chamada redemocratização foi José Sarney. Depois dele tivemos até o 
momento, mais sete presidentes: Fernando Collor; Itamar Franco; Fernando Henrique 
Cardoso; Luis Inácio ‘Lula’; Dilma Rousseff; Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Essa nova fase democrática do Estado brasileiro tem sua maior expressão com 
a promulgação da Constituição de 1988. Nesse sentido podemos dizer que a Nova 
República Brasileira marca a consolidação do estado democrático de direito no país, 
através de elementos como as eleições regulares, pluralidade partidária, liberdade de 
expressão, igualdade jurídica etc.
Com isso, chegamos aqui, até o último elemento que vimos por último, em nossa 
aula anterior, o estabelecimento do Estado Brasileiro como um república, democrática, 
federativa, parlamentarista.
Aqui também, chegamos ao fim do nosso primeiro bloco de aulas desta disciplina. A 
partir de nossa próxima aula, deixaremos um pouco de lado o viés da ciência política, 
e focaremos para as lentes da economia. Até lá.
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CAPÍTULO 10
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
Por que é importante estudarmos economia? Para além da relação com o seu lado 
profissional que já foi abordado na introdução deste trabalho, é importante você ter 
em mente, que dentro de como a vida é estruturada hoje, não existe qualquer pessoa 
que diariamente não se relaciona com a economia. Quando você vai ao mercado 
e nota o aumento do preço de um determinado produto, ou quando tem que lidar 
com o desemprego, ou quando você nota que determinados ramos crescem mais 
do que outros dentro da sociedade, ou até mesmo quando você ouve falar sobre 
dívida externa ou sobre investimentos. Em todos esses elementos há uma coisa em 
comum, a economia.
É importante ter em mente também, que muito antes de existir o pensamento 
econômico, a teoria econômica e a ciência econômica, já existia a ação da economia. 
A partir do momento em que o ser humano necessitou viver em comunidade e com 
isso, precisou racionalizar e administrar os recursos que estavam à sua volta, para 
sanar as necessidades da sua sociedade, ele já estava fazendo economia. 
Nessa aula iremos trabalhar com conceitos e termos básicos e iniciais da Economia. 
Uma vez que este não é um curso voltado para formação mais aprofundada e sim, 
permitir um contato introdutório com esta área do conhecimento, os conceitos e termos 
trabalhados nesta aula se darão de forma mais resumida, de modos que permita que 
vocês estabeleçam um primeiro contato e se familiarize com eles, para que em um 
próximo contato, compreendam sobre o que está sendo abordado.
10.1 O Conceito de Economia
Quando olhamos pelo viés etimológico,a origem da palavra economia vem do grego 
oikonomia, onde oikos significa casa, e nomos significa lei, no pé da letra, seria a “lei da 
casa”, mas fazendo uma tradução de sentidos, seria “a administração da casa”, que 
mais tarde também seria entendido como “administração da coisa pública”.
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Assim como mencionamos como falamos sobre o conceito de Ciência Política, o 
conceito de Economia quanto área do conhecimento não é unânime, mas é possível 
de fazer uma panorama geral. 
Entende-se por Economia, como uma área do conhecimento que se deriva das 
ciências sociais aplicadas, que estuda a relação que os indivíduos e as sociedades 
estabelecem com os seus respectivos recursos produtivos - mão-de-obra, capital, 
recursos naturais etc-, principalmente os que são escassos, buscando a melhor 
distribuição dos mesmo a fim de sanar as necessidades humanas. Em outras palavras:
Define-se Economia como a ciência social que estuda de que maneira a 
sociedade decide (escolhem) empregar recursos produtivos escassos 
na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias 
pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades 
humanas. Ou seja, é a ciência social que estuda como a sociedade 
administra recursos produtivos (fatores de produção) escassos. 
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2014, p. 7).
A primeira coisa importante de mencionarmos aqui com base nessa conceituação é 
o fado de, por se tratar uma área do conhecimento que se deriva das ciências sociais 
aplicadas, significa que a economia não é completamente uma ciência exata, como 
também não é puramente uma ciência humana .E aqui já quebramos uma preposição 
dentro do senso comum relacionada a esta disciplina, que economia é matemática, 
na verdade o que ocorre, é que a matemática é apenas um instrumento que pode ser 
utilizado pela economia para alcançar seus objetivos.
Vamos analisar alguns termos dentro dessa conceituação, que eles possuem um 
significado relativamente parecido com o que é usado no cotidiano, mas que dentro 
da economia eles já carregam consigo algumas pressuposições, e é importante nos 
familiarizarmos ao longo destas aulas com estes termos. 
O primeiro deles é a escolha, que dentro da economia sempre está associada 
às alternativas e distribuição de resultados. Assim como na vida real, toda escolha 
pressupõe uma renúncia, ao optar por algo, você abre mão de uma outra coisa. 
Dentro da economia existe uma expressão que se chama o custo de oportunidade, 
que significa analisar as alternativas possíveis e averiguar qual delas vai lhe trazer 
maiores rendimentos.
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Título: Toda escolha dentro da economia carrega consigo o abandono de outra possível escolha
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/portas-escolhas-escolher-decis%c3%a3o-1767562/ 
Outro importante termo que aparece nessa conceituação, é a escassez, não significa 
necessariamente que todos os recursos sempre estiveram esgotados ao longo da 
história humana. A escassez aqui reside no fato dos recursos serem sempre limitados 
enquanto as vontades e as necessidades humanas são ilimitadas, em outras palavras, 
enquanto existir humanidade, irá existir demanda por esses recursos. E é apartir dessa 
questão da escassez, onde os recursos são limitados e as necessidade e vontades 
ilimitadas, é que nasce os chamados problemas econômicos fundamentais
ANOTE ISSO
Entende-se por Economia, como uma área do conhecimento que se deriva das 
ciências sociais aplicadas, que estuda a relação que os indivíduos e as sociedades 
estabelecem com os seus respectivos recursos produtivos - mão-de-obra, capital, 
recursos naturais etc-, principalmente os que são escassos, buscando a melhor 
distribuição dos mesmo a fim de sanar as necessidades humanas. Ou como de 
forma mais simples “é a ciência social que estuda como a sociedade administra 
recursos produtivos (fatores de produção) escassos. (VASCONCELLOS; GARCIA, 
2014, p. 7).”
10.2 Problemas Econômicos Fundamentais
Chamam-se de problemas econômicos fundamentais, as questões que servem 
como os fundamentos básicos para o desenvolvimento dessa área do conhecimento. É 
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possível afirmar que elas surgem antes mesmo do surgimento da economia enquanto 
ciência, uma vez que elas são resultados direto da questão da escassez. São elas: o 
que e quando produzir? como produzir? para quem produzir?
Com base na escassez, a humanidade precisa decidir o que ela vai produzir com 
aquele determinado recurso,e em que momento ela vai produzir, e ainda dentro disso, 
a quantidade que ela vai produzir. Nesse sentido, ela precisa refletir qual o produto final 
é mais importante para a utilização daquele recurso finito, qual é o momento certo 
de utilizar aquele recurso, e por fim, qual a quantidade correta para não comprometer 
este recurso. Todas essas questões se resumem em: o que e quando produzir?
Existem diferentes formas de se produzir, então não basta lidar com as questões acima, 
é necessário distinguir quais recursos serão utilizados para determinadas finalidades, 
e depois, como vai se produzir. Se pegarmos o mundo capitalista contemporâneo, o 
modo de se produzir pode definir um sucesso ou um fracasso. Aqui temos a segunda 
questão: como produzir?
Para além da reflexão sobre o que produzir com os recursos naturais e como 
será feita essa produção, uma vez que a quantidade produzida sempre será limitada 
enquanto a vontade humana é ilimitada, é extremamente importante a reflexão de 
como se distribuído esta produção. Para além disso:
A distribuição da renda dependerá não só da oferta e da demanda nos 
mercados de serviços produtivos, ou seja, da determinação dos salários, 
das rendas da terra, dos juros e dos benefícios do capital, mas também 
da reparação inicial da propriedade e da maneira como ela se transmite 
por herança. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014, p. 8).
Estes últimos elementos relacionados à distribuição podem ser resumidos na 
pergunta: para quem produzir? Então são estas as perguntas que passam a ser a 
norteadores para o desenvolvimento da necessidade de um pensar econômico. E a forma 
como cada grupo de indivíduos, e posteriormente as sociedades vão encontrar para 
superar os chamados problemas econômicos fundamentais, vai estar na organização 
econômica daquela sociedade, ou em outras palavras, no seu sistema econômico.
10.3 Sistemas Econômicos
Em linhas gerais, um sistema econômico é definido pela forma política, econômica 
e social em que um determinada sociedade se organiza. Desta forma, questões como 
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a organização da produção, a distribuição e o consumo, seja de bens ou de serviços, 
são definidas através do sistema econômico adotado.
Quando olhamos para o mundo contemporâneo, pode-se dizer que existem duas 
grandes teorias principais sobre sistemas econômicos - mas cabe destacar que houve 
outras formas de sistema econômico que também foram extremamente importantes 
para a história da humanidade. São elas, o sistema capitalista, também chamado 
de economia de mercado, e o sistema socialista, também chamado de economia 
centralizada.
Título: Guerra Fria como marco da disputa entre sistemas econômicos
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Fria#/media/Ficheiro:NATO_vs._Warsaw_(1949-1990).png 
Em linhas gerais o chamado sistema capitalista, ou economia de mercado, é 
aquele cuja a base da sua organização provém das chamadas forças do mercado, 
predominando as seguintes características: a) a propriedade privada dos meios de 
produção; b) livre iniciativa/livre mercado/“mão invisível”; c) a divisão do trabalho; d) 
a busca pelo lucro/mais-valia e; e) o Estado mínimo, ou a não intervenção do Estado 
na economia. 
Por sua vez, o sistema socialista, ou a economia centralizada, as principais 
questões econômicas, sobretudo as de caráter fundamental, são decididas por 
um órgão central de planejamento, predominando a propriedade pública/coletiva 
dos meios de produção. Nesse sentido, se defende um Estado forte, que intervém 
diretamente na economia. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Fria#/media/Ficheiro:NATO_vs._Warsaw_(1949-1990).png
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Em economias de mercado, a maioria dos preços dos bens, serviços e 
salários é determinada predominantemente pelo mecanismo de preços, 
que atua por meio da oferta e da demanda dos fatores de produção. Nas 
economias centralizadas, essas questões são decididas por um órgão 
central de planejamento, a partir de um levantamento dos recursos de 
produção disponíveis e das necessidades do país. Ou seja, grande parte 
dos preços dos bens e serviços, salários, cotas de produção e de recursos 
é calculada nos computadores desse órgão, e não pela oferta e demanda 
no mercado. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014, p. 9).
Atualmente existe um predomínio quase que unânime da utilização do sistema 
capitalista, onde restam pouquíssimos países que adotam oficialmente o sistema 
socialista, mas muitos deles, quando se olha para a realidade prática, acabam 
executando uma economia de mercado (caso da China, por exemplo).
10.4 Curvas de Possibilidades de Produção
Chamada também de fronteira de possibilidades de produção, tem como objetivo, 
expressar a capacidade máxima de produção de uma determinada sociedade, de 
acordo com os recursos ou fatores de produção que esta sociedade dispõe. Em outras 
palavras, “Trata-se de um conceito teórico com o qual se ilustra como a escassez 
de recursos impõe um limite à capacidade produtiva de uma sociedade, que terá de 
fazer escolhas entre diferentes alternativas de produção”. (VASCONCELLOS; GARCIA, 
2014, p. 9).
Quando se vai produzir determinado bem ou serviço, você precisa utilizar os seus 
fatores de produção (capital, recursos naturais e mão de obra), e mediante a isso, será 
necessário a realização de escolhas, por exemplo, se vai ter mais trabalho mecanizado, 
ou mais trabalho humano, se eu vou investir mais em recursos naturais ou em bens 
de capital de produção. Uma vez, como vimos anteriormente, que os recursos são 
escassos, é necessário realizar escolhas em busca da otimização da produção.
Utilizemos o exemplo realizado por Vasconcellos e Garcia (2014), para exemplificar 
melhor. Imagine uma sociedade hipotética, onde só existam duas opções de produção: 
máquinas ou alimentos. Mediante a isso, com base na capacidade produtiva daquela 
sociedade, demonstrasse 5 possibilidades entre inúmeras, de arranjos de produção. 
Observe a tabela abaixo: 
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Tabela 1 – Possibilidades de produção
Fonte: Vasconcellos e Garcia (2014, p.9)
A possibilidade A, trabalha com a possibilidade desta sociedade produzir apenas 
máquinas, que resultaria numa produção final de 25 milhares de máquinas e 0 toneladas 
de alimentos. Já a possibilidade E, trabalha com o oposto, a possibilidade dessa 
sociedade produzir apenas alimentos, gerando um total de 0 máquinas e 70 toneladas 
de alimentos. Enquanto isso, as possibilidades B, C e D buscam encontrar um equilíbrio 
entre a produção de máquinas e alimentos. Se transformarmos essa tabela num plano 
cartesiano, teremos o seguinte resultado: 
Figura 1 – Curva (ou fronteira) das possibilidades de produção
Fonte: Vasconcellos e Garcia (2014, p.10)
Nesse sentido, a curva formada a partir das informações das possibilidades ABCDE, 
revela a chamada curva (ou fronteira) das possibilidades de produção, que por sua vez, 
nos fornece as informações sobre as maneiras que aquela determinada sociedade 
poderia produzir em sua capacidade plena. Vale destacar aqui que o ponto F (e qualquer 
outro ponto inferior a curva), representa uma possibilidade onde a sociedade está 
produzindo de forma ociosa, onde seus fatos de produção estão sendo subutilizados. 
Já por sua vez o ponto G (e qualquer outro ponto superior a curva) representa uma 
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combinação impossível de produção, pois é superior a capacidade produtiva daquela 
sociedade.
Outro elemento importante a ser mencionado aqui é sobre os deslocamentos da 
curva de possibilidades de produção. Quando ocorre um deslocamento para direita, 
indica que está ocorrendo um crescimento produtivo daquela determinada sociedade, 
uma vez que esta passa a conseguir produzir mais. Isso pode ocorrerpor uma série 
de fatores como: aumento da disponibilidade dos fatores de produção; progresso 
tecnológico; maior eficiência produtiva; qualificação de mão-de-obra etc.
10.5 Fluxos Reais e Monetários
É muito provável que em algum momento da sua vida você já tenha ouvido aquela 
expressão bem usual “fazer a roda da economia girar”, de forma bem resumida, essa 
expressão se refere ao chamado fluxo real da economia. Para entendermos melhor 
do que se trata, novamente precisamos fazer um exercício imaginativo.
Pense em uma sociedade onde não ocorre interferência do Estado e nem ocorrem 
transações exteriores. Basicamente, o que irá compor economicamente esta sociedade 
seriam as famílias (unidades familiares) e as empresas (unidades produtoras), onde 
“as famílias são proprietárias dos fatores de produção e os fornecem às unidades 
de produção (empresas) no mercado dos fatores de produção”, afinal de contas, a 
força de trabalho da mão-de-obra, provém das famílias. Por sua vez, “As empresas, 
pela combinação dos fatores de produção, produzem bens e serviços e os fornecem 
às famílias no mercado de bens e serviços”. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014, p. 11). 
Isso se resume no seguinte gráfico:
Figura 2 – Fluxo real da economia
Fonte: Vasconcellos e Garcia (2014, p.11)
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No mundo real, teremos outros fatores atuando como Estado e o mercado externo, 
mas essa é uma forma reduzida para entendermos que dentro do fluxo real da economia, 
todos os setores possuem uma oferta e uma demanda. Porém, esse fluxo real da 
economia ele só passa de fato a funcionar, a partir do momento que tem a inserção 
da moeda como remuneradora dos fatores de produção e como forma de pagamento 
dos bens e serviços, e com isso, se tem o fluxo monetário da economia.
Figura 3 – Fluxo monetário da economia
Fonte: Vasconcellos e Garcia (2014, p.12)
É justamente quando somamos o fluxo real com o fluxo monetário que chegamos 
na “roda da economia”, que nos termos teóricos é o fluxo circular da renda.
Figura 4 – Fluxo circular da renda
Fonte: Vasconcellos e Garcia (2014, p.12)
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10.6 Bens de Capital, Bens de Consumo, Bens Intermediários e Fatores de Produção
Por fim, para finalizarmos a nossa aula de caráter introdutório, é importante 
diferenciarmos alguns conceitos: bens de capital, bens de produção, bens intermediários 
e fatores de produção.
No que se diz respeito aos bens de capital, em linhas gerais, são os elementos 
utilizados dentro do processo de fabricação que não se esgotam no processo produtivo, 
ou seja, para fabricar determinados bens ou serviços, não ocorre o esgotamento 
imediato dos bens de capital - esse esgotamento se dá a longo prazo, de acordo com 
a contínua utilização desse material. Nesse sentido, são considerados bens de capital: 
máquinas, equipamentos, ferramentas, instalações etc.
Os bens de capital são utilizados na fabricação de outros bens, mas não 
se desgastam totalmente no processo produtivo. É o caso, por exemplo, 
de máquinas, equipamentos e instalações. São usualmente classificados 
no alvo fixo das empresas, e uma de suas características é contribuir 
para a melhoria da produtividade da mão-de-obra. (VASCONCELLOS; 
GARCIA, 2014, p. 12).
Por sua vez, bens de consumo são aqueles que tem sua finalidade suprir 
diretamente as necessidades humanas, são as mercadorias que vão ser utilizadas 
pelos consumidores. Podendo ser subdivididas em bens de consumo duráveis (que 
não se esgota no instante que são utilizado/consumido) e bens de consumo não-
duráveis (que se esgota no instante que são utilizado/consumido)
Os bens de consumo destinam-se diretamente ao atendimento das 
necessidades humanas. De acordo com sua durabilidade, podem 
ser classificados como duráveis (por exemplo, geladeiras, fogões, 
automóveis) ou como não-duráveis (alimentos, produtos de limpeza). 
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2014, p. 9).
Os bens intermediários são aqueles que fazem parte do processo produtivo, mas 
diferentemente dos bens de capital, estes se esgotam no processo de produção, se 
trata de matéria-prima e insumos. 
Os bens intermediários são transformados ou agregados na produção 
de outros bens e são consumidos totalmente no processo produtivo 
(insumos, matérias-primas e componentes). Diferenciam-se dos bens 
finais, que são vendidos para consumo ou utilização final. Os bens de 
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capital, como não são “consumidos” no processo produtivo, são bens 
finais, e não intermediários. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014, p. 9).
E por fim, fatores de produção, também chamados de recursos de produção 
da economia, “são constituídos pelos recursos humanos (trabalho e capacidade 
empresarial), terra, capital e tecnologia” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014, p. 13). São 
os elementos fundamentais para o processo produtivo, que permitem que a produção 
ocorra.
Esta foi nossa primeira aula deste bloco de aulas dedicadas ao estudo da área do 
conhecimento da economia. Na nossa próxima aula falaremos um pouco sobre o 
desenvolvimento histórico do pensamento econômico.
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CAPÍTULO 11
HISTÓRIA DO PENSAMENTO 
ECONÔMICO - PARTE I
Olá, minha cara aluna e meu caro aluno. Em nossa última aula, demos início ao bloco 
de aulas dedicado ao estudo introdutório da área do conhecimento denominada de 
Economia. Por isso, foi importante que na aula anterior, trabalhássemos com alguns 
elementos, conceitos e termos, de forma mais simples, mas que permitam que vocês 
criem os fundamentos necessários, para a compreensão das próximas aulas, e também, 
de quando tiverem que lidar com assuntos econômicos em seu trabalho posteriormente.
A primeira coisa que definimos foi o termo Economia, da qual segundo a grande 
maioria dos pensadores compreendem por uma área de conhecimento das ciências 
humanas aplicadas, que se dedica em estudar a relação dos indivíduos e das sociedades 
para com os recursos produtivos, uma vez que estes são escassos e as necessidades 
humanas são ilimitadas.
Dando sequência, abordamos que o pensar econômico ele muito anterior ao 
desenvolvimento da economia enquanto ciência, nesse sentido, é possível mencionar 
aquilo que é considerado os problemas fundamentais da economia, que seriam as 
primeiras perguntas que se desenvolveram da relação entre os recursos produtivos e 
a sociedade, que são: o que e quando produzir? como produzir? para quem produzir?
Essas perguntas, por mais simples que pareçam ser, servem como alicerce para o 
desenvolvimento daquilo que pode ser considerado o elemento de maior grandiosidade 
dentro da economia, que são os chamados sistemas econômicos, que em linhas gerais, 
é definido pela forma política, econômica e social em que um determinada sociedade 
se organiza. Dessa forma, dentre a teoria de sistemas econômicos já desenvolvidas, 
as mais famosas são a capitalista (economia de mercado) e a socialista (economia 
centralizada).
Também foi abordado sobre as curvas (fronteiras) de possibilidades de produção, da 
qual se trata de um gráfico, onde permite compreender as possibilidades de produção 
máxima de uma determinada sociedade. Em seguida, foi abordado sobre os fluxos 
reais e monetários, onde as dinâmicas de oferta e demanda são responsáveis pelo 
contínuo funcionamento da economia dentro da sociedade.
E por fim, abordamos alguns conceitos importantes como: bens de capital (aqueles 
que não se esgotam no momento da produção); bens de consumo duráveis (aqueles que 
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não se esgotam no momento do consumo); bens de consumo não-duráveis (aqueles 
que se esgotam no momento do consumo); bens intermediários (aqueles que se 
esgotam no momento da produção).
Na aulade hoje, assim como fizemos em relação à ciência política, iremos fazer 
um apanhado histórico do pensamento econômico, partindo desde a sua formação 
pré-científica, ou seja, de algumas contribuições e reflexões que vieram anteriores a 
consolidação da Economia como ciência, até o desenvolvimento das principais escolas 
econômicas: a escola clássica, a escola marxista e a escola neoclássica.
11.1 Fase Pré-Científica
Como já comentamos anteriormente, o pensamento econômico, ele é anterior ao 
desenvolvimento da Economia enquanto ciência, afinal de contas, esse é um processo 
que ocorre tardiamente na história da humanidade. Se pararmos para pensar, cerca de 
80% da história das sociedades humanas, se deram anterior ao processo de cientificação 
da economia. Então analisemos, mesmo que brevemente, como se dava um pouco o 
pensamento econômico dentro desse período.
Apesar de não ser completamente unânime, atribui-se a Aristóteles na Grécia 
Antiga, a primeira vez que se foi utilizado o termo economia, do qual buscava fazer 
apontamentos sobre a administração das finanças públicas. Neste mesmo sentido, 
outros pensadores gregos chegaram a tecer algumas palavras, como é o caso do seu 
discípulo Platão e de Xenofonte.
11.1.1 Economia Medieval
Título: Obra ‘Outubro’ (1510) de Breviarium Grimani, representando um feudo medieval
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Feudo#/media/Ficheiro:Breviarium_Grimani_-_Oktober.jpg 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Feudo#/media/Ficheiro:Breviarium_Grimani_-_Oktober.jpg
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Dando sequência ao longo da Idade Média (500 - 1000 d. C.), temos o desenvolvimento 
inicial do embrião que mais tarde chamaremos de economia. Em termos históricos, 
esse é um período caracterizado por uma nova concepção de vida, sobretudo no 
ocidente, totalmente conectado ao cristianismo, onde as igrejas e os mosteiros se 
tornam instituições extremamente poderosas. 
A Igreja Católica torna-se o maior agente de perpetuação da cultura, disseminação 
do saber e de desenvolvimento administrativo. Uma vez que o cristianismo condenava 
a acumulação de capital e a exploração do trabalho, é natural que neste período ocorra 
uma valorização do trabalho rural. Neste movimento, a Igreja acaba se tornando uma 
das grandes proprietárias de terra, em um contexto onde a terra tornou-se riqueza 
por excelência.
Com isso, temos o surgimento do chamado regime feudal, e da economia feudal, 
onde os senhores e os trabalhadores vivem diretamente do produto da terra. Nesse 
momento, marcado por uma política descentralizada, o rei não exercia poder sobre 
os feudos, onde o senhor feudal era quem de fato comandava.
Em linhas gerais o que ocorre é que, se tinham poucas pessoas que eram donos de 
grandes propriedades de terra, mas não tinham condições de utilizar e explorar toda 
esta terra, com isso, eles vão criar os vínculos servis, onde os servos vão trabalhar 
nesta terra em troca de subsistência. Dessa forma uma parte da produção ficava 
com o servo para sua subsistência, a grande parte ficava com o proprietário da terra. 
E durante quase mil anos, as dinâmicas econômicas permaneceram assim, até 
que chegou o momento, que este embrião passa a tomar forma mais próxima do que 
entendemos ser a economia, através do Mercantilismo.
11.1.2 Mercantilismo
Título: Quadro de Claude Lorrain representando um porto francês durante o Mercantilismo
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mercantilismo#/media/Ficheiro:Lorrain.seaport.jpg 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mercantilismo#/media/Ficheiro:Lorrain.seaport.jpg
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Com o “descobrimento” do chamado Novo Mundo, quando os europeus encontraram 
o território do continente americano, incluindo o Brasil, simultaneamente ocorre um 
processo na Europa de crescimento e desenvolvimento das cidades, do conglomerados 
urbanos, fazendo com que aquelas velhas relações medievais rurais, passem aos 
poucos serem mudadas para uma nova realidade urbana.
Nesse contexto histórico, passam a surgir duas noções que antes não possuíam 
a dimensão que passam a possuir, que são as idéias de comércio e produção. 
Somado a isso, ainda se tem cada vez mais o enfraquecimento do poder religioso, e 
a centralização do poder político, dando origem aos chamados Estados modernos, 
aos regimes absolutistas e as primeiras concepções capitalistas.
Pode-se dizer que o exercício do mercantilismo tornou-se predominante na Europa do 
século XV ao XVII, tendo como alicerce as relações comerciais em busca do aumento da 
riqueza. Para muitos historiadores e economistas, aqui que temos além da germinação 
da economia enquanto ciência, a germinação do modo de produção capitalista, onde as 
relações comerciais (por isso vai ser chamado muitas vezes de capitalismo comercial) 
são as responsáveis pela produção de mais-valia (lucro) e capital.
Para os pensadores mercantilistas o Estado, dentre suas inúmeras funções, a 
principal, era encontrar os meios necessários para acumular o máximo possível de 
riqueza, que naquela época, estava atrelado sobretudo à posse de ouro e prata (o 
chamado metalismo). Além disso, desenvolveram a tese da chamada balança comercial 
favorável, como uma fórmula para aumentar esse acúmulo, que consistia basicamente 
no fato de que um Estado deveria exportar mais do que importar, em outras palavras, 
vender mais do que comprar.
A partir do século XVI observa-se o nascimento da primeira escola 
econômica: o mercantilismo. Apesar de não representar um conjunto 
técnico homogêneo, o mercantilismo tenha algumas preocupações 
explícitas sobre a acumulação de riquezas de uma nação. Continha 
alguns princípios de como fomentar o comércio exterior e entesourar 
riquezas. O acúmulo de metais adquire grande importância, e aparecem 
relatos mais elaborados sobre a moeda. Considerava-se que o governo de 
um país seria mais forte e poderoso quanto maior fosse seu estoque de 
metais preciosos. Com isso, a política mercantilista acabou estimulando 
guerras, exacerbou o nacionalismo e manteve a poderosa e constante 
presença do Estado em assuntos econômicos. (VASCONCELLOS; 
GARCIA, 2014, p. 17).
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11.1.3 Os Fisiocratas
Tem seu início no século XVIII, diferentemente dos mercantilistas, não acreditavam 
que o desenvolvimento de uma determinada sociedade ou Estado estava conectado 
ao acúmulo de riquezas e ao comércio, acreditavam que a fonte do desenvolvimento 
estava na produção, para ser mais específico, na produção agrícola, pois é esta quem 
gera maior excedente. Por isso que muitos afirmam que os fisiocratas são uma resposta 
ao mercantilismo.
Aqui nos fisiocratas temos também, as primeiras concepções de desenvolvimento 
de uma teoria liberal econômica, uma vez que estes eram defensores radicais de um 
Estado mínimo, ou seja, de que o comércio fosse regulado pelo próprio mercado, e 
não pelo Estado.
 As teses liberais que vão surgir dentro da escola fisiocrata defendem a autonomia 
da economia, fazendo com que os agentes econômicos sejam movidos por desejos 
e busca pelo crescimento e desenvolvimento. Que através da ambição e da ganância 
individual traria-se benefícios para toda a sociedade. 
Título: Retrato de François Quesnay
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7ois_Quesnay#/media/Ficheiro:Quesnay_Portrait.jpg 
François Quesnay (1694 - 1774) é considerado o fundador da escola fisiocrata, 
sobretudo quando ele faz uma análise sistêmica da formação de uma economia no 
formato macro, ou seja, romper com a perspectiva tradicional de enxergar e compreender 
a economia como algo puramente local. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7ois_Quesnay#/media/Ficheiro:Quesnay_Portrait.jpg
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Para os fisiocratas, a riqueza consistia em bensproduzidos com a ajuda 
da natureza (fisiocracia significa “regras da natureza”) em atividades 
econômicas como a lavoura, a pesca e a mineração. Portanto, encorajava-
se a agricultura e exigia-se que as pessoas empenhadas no comércio 
e nas finanças fossem reduzidas ao menor número possível. Em um 
mundo constantemente ameaçado pela falta de alimentos, com excesso 
de regulamentação e intervenção governamental, uma economia com 
significativo desenvolvimento comercial e financeiro não se ajustava às 
necessidades da expansão econômica. Só a terra tenha capacidade de 
multiplicar a riqueza. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014, p. 17).
11.2 Escola Clássica
11.2.1 Adam Smith
Título: Retrato de Adam Smith
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Adam_Smith#/media/Ficheiro:AdamSmith.jpg 
Considerado o pai da escola clássica, e também por ser um dos primeiros pensadores 
integralmente científicos da economia, Adam Smith, com sua obra, é considerado um 
dos principais nomes da economia até hoje. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Adam_Smith#/media/Ficheiro:AdamSmith.jpg
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Uma das principais contribuições de Smith, são suas reflexões sobre a livre-
concorrência, do qual defendia que, diferentemente do mercantilismo onde se tinha 
a “mão visível” e reguladora do Estado controlando a economia, era necessário para 
que ocorresse um crescimento econômico da sociedade, o oposto, que a economia 
fosse guiada pela “mão invisível” do mercado, sem qualquer influência do Estado. 
Segundo ele, na medida em que todos os indivíduos e agentes econômicos buscam 
egoisticamente o lucro, eles acabam promovendo o bem estar da sociedade.
Isso ocorre, segundo o pensador, justamente pelo fato de que o mercado auto-
regularia o preço de acordo com as ofertas e demandas. “Defesa do mercado como 
regulador das decisões econômicas de uma nação traria muitos benefícios para a 
coletividade, independentemente da ação do Estado. É o princípio do liberalismo”. 
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2014, p. 18).
Em sua teoria do valor-trabalho, Smith defendia que a causa da riqueza das nações 
é o trabalho humano, e que a divisão do trabalho seria responsável pelo aumento 
produtivo do trabalho humano, nesse sentido, para o pensador, era inevitável que 
ocorresse um processo de especialização.
Mas qual seria a melhor forma de medir o valor de uma determinada mercadoria? 
De acordo com Smith, seria o tempo de trabalho necessário para produzir aquela 
determinada mercadoria. Porém, essa concepção seria um tanto ideal, aplicável numa 
sociedade primitiva, que não é o caso da sociedade de sua época. Segundo o autor, 
com o desenvolvimento de um modelo fabril e industrial de produção, se torna cada 
vez mais complexo medir com exatidão este valor. 
Além disso, Smith vai dar origem a dois termos que vão ser recorrentes no pensamento 
econômico que são as concepções de valor de uso e valor de troca. Valor de uso seria 
o quanto aquele determinado produto, mercadoria ou serviço nos tem utilidade, já o 
valor de troca, é qual o valor cambial dele, o valor em termos mercadológicos. Então 
o pensador vai citar o paradoxo da água e o diamante. Onde a água tem um valor 
de uso elevadíssimo, pois é necessária para a nossa sobrevivência, mas um valor de 
troca baixíssimo, já o diamante, tem um valor de uso extremamente inferior, mas tem 
um valor de troca extremamente elevado. 
Para Smith, restaria ao Estado o papel de garantir que os princípios liberais fossem 
garantidos, para que a economia pudesse continuar se desenvolvendo e com isso 
poder crescer. Nesse sentido, o Estado deve ser um agente ativo dentro da esfera 
política, mas deve ser inativo em relação à esfera econômica. 
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11.2.2 David Ricardo
Título: Retrato de David Ricardo
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/David_Ricardo#/media/Ficheiro:Portrait_of_David_Ricardo_by_Thomas_Phillips.jpg 
David Ricardo (1772 - 1823) é tido para muitos como o principal sucessor de Adam 
Smith, mesmo que contrarie em alguns momentos o outro pensador, é unânime que 
ambos são os pilares essenciais para a compreensão do liberalismo econômico.
Uma das principais contribuições de Ricardo consiste no aperfeiçoamento da 
teoria do valor do trabalho do Smith. Segundo o autor, a partir do momento que toda 
mercadoria possui um valor de uso, ou seja, uma utilidade, e um valor de troca, que é o 
valor do qual ela vai ser cambiada. E esse segundo valor, por sua vez, provém de duas 
origens: a) da sua escassez e b) da quantidade de trabalho socialmente empregado 
para a sua realização. 
Sendo assim, parte do que define o valor de uma mercadoria ou serviço para Ricardo, 
é a quantidade de trabalho socialmente empregado para a sua realização. Porém, ele 
vai dividir esse trabalho em dois tipos. O primeiro ele vai chamar de trabalho imediato, 
que é quando se tem a ação humana diretamente produzindo algo, e o segundo, 
trabalho mediato, que seria aquele onde se incorpora às máquinas. Vale ressaltar que 
Ricardo era um grande defensor da inserção das máquinas no processo produtivo, 
como instrumento de aumento da produção, consequentemente, redução do custo 
e aumento do lucro.
Ricardo também se destacou por seus estudos em relação aos comércios 
internacionais, onde desenvolveu sua teoria das vantagens comparativas. Uma vez 
que Ricardo era um grande defensor do livre-comércio, ele acreditava que cada país 
deveria se especializar naquilo que produziria de melhor, pois dessa forma, teoricamente, 
https://pt.wikipedia.org/wiki/David_Ricardo#/media/Ficheiro:Portrait_of_David_Ricardo_by_Thomas_Phillips.jpg
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seria bom para todos os países importadores, uma vez que haveria produtos no mundo 
inteiro a seu dispor a preços baixos.
Basicamente, toda a teoria do Ricardo parte do princípio que mantendo os preços 
baixos de produção, você consegue manter os preços das mercadorias baixos, e não só 
isso, consegue manter os salários baixos, pois o trabalhador mesmo recebendo pouco 
irá conseguir consumir pois o preço está baixo. Uma vez que a produção aumenta, 
o custo diminui, os salários se mantêm baixos, se tem um maior lucro, e esse lucro 
por sua vez, se tornaria novos investimentos, que fariam o custo reduzir mais e assim 
por diante. Esse seria o ciclo da economia para Ricardo.
11.2.3 Thomas Malthus
Título: Retrato de Thomas Malthus
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Malthus#/media/Ficheiro:Thomas_Malthus.jpg 
Thomas Malthus (1766-1834) foi um importante pensador econômico de sua época, 
porém pouco lembrado como um nome da escola clássica, isso porque as suas teorias 
extremistas acabaram, como diz o ditado, “envelhecendo mal”. 
Seus principais trabalhos giraram em torno das chamadas teorias da população, 
onde sempre se demonstrou preocupado com o crescimento exponencial da população, 
sobretudo, em relação à questão da subsistência populacional. Em linhas gerais, seu 
pensamento girava em torno do fato de que ele compreendia que a população cresce 
de forma geométrica, enquanto a produção de alimentos cresceria de forma aritmética.
Nesse sentido, uma vez que a produção de alimentos não acompanharia o crescimento 
populacional, nesse sentido, era necessário que a população fosse mantida sob controle. 
Porém, a grande polêmica que reside na teoria malthusiana, é que esse controle, 
segundo o autor, deveria ocorrer nas camadas mais pobres da população. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Malthus#/media/Ficheiro:Thomas_Malthus.jpg
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Na Inglaterra de sua época existia a chamada Lei dos Pobres, que consistia numa 
forma de assistencialismos as populações economicamente inferiores e as pessoas 
com deficiência física, que eram proibidas de trabalhar. Malthus afirmavaque essa lei 
era prejudicial à economia na medida que entre outros fatores, elevava o rendimento 
dos pobres, com isso aumentava a demanda por alimentos, e logo, aumentava os 
preços. Malthus também defendia concepções de que os mais pobres por não serem 
instruídos gastavam o seu dinheiro com coisas supérfluas.
Nesse sentido, as soluções que Malthus vai encontrar para a questão do crescimento 
populacional, entre elas, vai estar o fim das leis assistencialistas, da qual segundo eles, 
não tiravam os pobres da pobreza e ao mesmo tempo aumentava a necessidade por 
alimentos. Além disso defendia a chamada prudência no casamento, ou seja, o que 
chamamos hoje de controle de natalidade, que o número de filhos por casal fosse 
controlado.
11.2.4 Outros Teóricos da Escola Clássica
Antes de finalizarmos nossa aula, se faz importante mencionarmos outros dois 
pensadores da chamada escola clássica de economia. O primeiro deles é John Stuart 
Mill (1806-1873), que é visto como aquele responsável por fazer uma sintetização 
do pensamento econômico clássico. Em sua obra, “Princípios da Economia Política”, 
realizou basicamente um estudo da história do pensamento econômico até aquele 
momento, abordando temas que iam desde o Mercantilismo até os pensamentos de 
Adam Smith e Ricardo.
John Stuart Mill foi o sintetizador do pensamento clássico. Seu trabalho 
foi o principal texto utilizado para o ensino de Economia no fim do 
período clássico e no início do período neoclássico. Sua obra consolida 
o exposto por seus antecessores, e avança ao incorporar mais elementos 
instrucionais e ao definir melhor as restrições, vantagens e funcionamento 
de uma economia de mercado. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014, p. 18).
Por fim, cabe citar aqui Jean-Baptiste Say (1768-1832), e a sua teoria que leve o 
seu próprio nome, a Lei de Say (também conhecida como Lei dos Mercados), da qual 
afirma que um produto só pode ser comprado com o valor de um outro produto, ou em 
outras palavras, para comprar algo é necessário que antes eu tenha produzido algo.
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O economista francês Jean-Baptiste Say retomou a obra de Adam 
Smith, ampliando-a. Subordinou o problema das trocas de mercadorias 
a sua produção, e popularizou a chamada lei de Say: “a oferta cria 
sua própria procura”, ou seja, o aumento da produção transformar-
se-ia em renda dos trabalhadores e empresários, que seria gasta 
na compra de outras mercadorias e serviços. A lei de Say é um dos 
pilares da macroeconomia clássica, e só foi contestada em meados 
do século XX. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014, p. 19).
ANOTE ISSO
A Escola Clássica da Economia é responsável pela elaboração teórica do chamado 
liberalismo econômico, sobretudo através das contribuições de Adam Smith e 
David Ricardo. Ideias como a da livre concorrência, do livre mercado, da divisão do 
trabalho, e da teoria do valor, essenciais para o desenvolvimento e consolidação do 
capitalismo, surgiram nesta escola.
Em nossa próxima aula, daremos continuidade a história do pensamento econômico, 
abordando as escolas neoclássica, keynesiana e marxista. Até lá.
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CAPÍTULO 12
HISTÓRIA DO PENSAMENTO 
ECONÔMICO - PARTE II
Olá, aluno! Olá, aluna! Em nossa última aula começamos a falar sobre a história do 
pensamento econômico. Nela começamos a fazer uma perspectiva histórica sobre a 
relação entre a sociedade e o pensamento econômico. Lembrando que, como tenho 
insistido, o pensar as relações econômicas, sobretudo de produção, é anterior ao 
desenvolvimento da Economia enquanto ciência.
Os gregos antigos foram os primeiros a fazer apontamentos nesse sentido, para 
muitos se atribui a Aristóteles o primeiro uso do termo economia. Passado o tempo, 
pouco se preocupou em fazer análises e colocações sobre as relações produtivas, até 
que na Idade Média, começasse a perceber pequenas e sutis mudanças.
Dentro da lógica do pensamento cristão, uma vez que a Igreja passa a se tornar 
uma das principais, senão, a principal instituição desse período histórico, ocorre uma 
supervalorização do campo e uma desvalorização da economia comercial, uma vez 
que os juros não eram vistos com bons olhos pelos religiosos. Nesse momento, o 
maior símbolo de riqueza era a posse de terras.
 Passado cerca de mil anos dentro desta lógica, ocorre uma mudança mais 
profunda, e de maior valorização da esfera econômica, o chamado mercantilismo. 
Neste momento histórico marcado pela descoberta do novo mundo, dos regimes 
absolutistas, da formação dos Estados modernos e entre outros fatores, é marcado 
pela ascensão de um pensamento que associava o crescimento de um país ao seu 
acúmulo de dinheiro. Com isso, teorias como a da balança comercial favorável e do 
metalismo, passam a se desenvolver em defesa disso.
Passado anos após o advento do mercantilismo, surge uma escola de pensamento 
econômico, que começa a se aproximar de um desenvolvimento científico, mas ainda 
mantém um pé nas tradições antigas. A escola fisiocrata, sobretudo através da figura de 
François Quesnay, começa a criar os alicerces para o desenvolvimento do liberalismo, 
sobretudo através da defesa da defesa do Estado mínimo.
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Então, chegamos à chamada Escola Clássica, conhecida por ser a primeira escola 
econômica integralmente científica. O primeiro e principal nome desta escola é Adam 
Smith, do qual propôs importantes pensamentos para a economia como a ideia da 
autorregulação do mercado, a teoria do valor-trabalho e as ideias de valor de uso e 
valor de troca.
Em seguida abordamos aquele que é considerado o principal sucessor de Smith, 
David Ricardo, que dentre suas principais contribuições estão, a concepção de que o 
valor de um bem se dá pela sua escassez e pelo trabalho necessário em sua produção, a 
diferenciação entre trabalho mediato e imediato, e a teoria das vantagens comparativas.
Dando por sequência abordamos Thomas Malthus, considerado o mais ultrapassado 
dos pensadores da escola clássica de economia, uma vez que suas ideias consistiam 
na defesa de que o crescimento populacional era muito superior ao crescimento 
produtivo, com isso, se fazia necessário com que medidas radicais fossem realizadas 
para manter a estabilidade.
E por fim, mencionamos outros dois importantes pensadores, John Stuart Mill, 
responsável por fazer a síntese do pensamento da escola clássica, e Jean-Baptiste 
Say, que elaborou a chamada lei dos mercados ou lei de Say.
Na aula de hoje falaremos de outras três escolas importantes da economia, sendo 
elas a neoclássica, a keynesiana e a marxista.
12.1 Escola Neoclássica (Escola Marginalista)
A escola neoclássica se desenvolve em meados do final do século XIX, privilegiando 
aspectos da microeconomia em sua teoria, “pois a crença na economia de mercado 
e em sua capacidade auto-reguladora fez com que os teóricos econômicos não 
se preocupassem tanto com a política e o planejamento macroeconômico.” 
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2014, p. 19).
Como o próprio nome sugere, essa escola de pensamento econômico procura 
fazer uma reformulação, uma reconfiguração, uma repaginação da escola clássica, 
ou seja, aprofundar alguns elementos já trabalhados, e em outros casos, desconstruir 
e reconstruir novos conceitos, fazendo com que dessa forma, ocorra semelhanças e 
diferenças entre as duas escolas.
A Escola Neoclássica em alguns momentos também é chamada de Escola 
Marginalista. A principal preocupação desta escola residia na compreensão do 
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funcionamento do mercado, acreditando que o ser humano através da racionalidade 
poderia fazer com que a economia sempre encontrasse um ponto de equilíbrio. Nesse 
sentido, encontrar as causas da riqueza, se faz necessário para distribuir osrecursos, 
para com isso obter a maximização da utilidade.
Essa valorização da utilidade é vista sobretudo no abandono da teoria do valor-
trabalho e o surgimento da teoria do valor de utilidade, ou seja, o valor da mercadoria 
não se dava mais pelo trabalho necessário para realizá-la, mas sim proveniente da 
utilidade que aquele produto tem para com os consumidores
De acordo com os neoclássicos, dentro da sociedade existem os chamados “agentes 
econômicos”, onde alguns vendem a sua força de trabalho como forma de renda,e se 
tornam trabalhadores, enquanto outros, vão ser empresários que vão ter a sua fonte 
de renda baseado no lucro. Existe um rompimento com a concepção de que existem 
classes sociais.
12.1.1 Alfred Marshall
Título: Alfred Marshall
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Marshall#/media/Ficheiro:Alfred_Marshall.jpg 
A sua célebre obra “Princípios de Economia” é considerado um dos principais manuais 
sobre esta área do conhecimento até os dias de hoje, sobretudo para aqueles que 
desejam um estudo mais profundo dentro da perspectiva da microestrutura (elemento 
que estudaremos mais tarde). Durante muito tempo, foi considerado o principal texto 
econômico da Inglaterra. Nesta obra, Marshall é responsável por sintetizar boa parte 
do pensamento neoclássico. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Marshall#/media/Ficheiro:Alfred_Marshall.jpg
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Ao longo de suas obras Marshall exerceu um papel fundamental no que se diz 
respeito à utilização das ciências exatas como metodologia para o desenvolvimento 
da sua teoria econômica, se até então os pensadores articulavam mais a economia a 
política, Marshall se preocupou exclusivamente em questões relacionadas às esferas 
quantitativas dessa ciência.
Uma de suas contribuições é a teoria do equilíbrio parcial, onde defende a concepção 
de que, através do livre mercado e da livre concorrência, é possível chegar em um equilíbrio 
entre as empresas que ofertam determinado produto, para com os consumidores que 
procuram aquele mesmo produto. para isso ele desenvolveu o chamado diagrama de 
oferta e demanda, onde se tenha a linha do oferta e a linha da procura, o ponto onde 
as duas linhas se cruzam, seria o ponto de equilíbrio que o mercado deveria buscar, 
pois esse equilíbrio, faria com o preço fosse justo para o consumidor, e ofereceria 
lucro satisfatório ao produtor.
Nesse período, a formalização da análise econômica (principalmente 
a Microeconomia) evoluiu muito. O comportamento do consumidor 
é analisado em profundidade. O desejo do consumidor de maximizar 
sua utilidade (satisfação no consumo) e o do produtor de maximizar 
seu lucro são a base para a elaboração de um sofisticado aparato 
teórico. Com o estudo de funções ou curvas de utilidade (que 
pretendem medir o grau de satisfação do consumidor) e de produção, 
considerando restrições de fatores e restrições orçamentárias, é 
possível deduzir o equilíbrio de mercado. (VASCONCELLOS; GARCIA, 
2014, p. 19).
ANOTE ISSO
A Escola neoclássica, como o próprio nome sugere, ela deriva da escola clássica 
mas buscando reformular algumas idéias, sobretudo aquelas que foram 
confrontadas por outras correntes de pensamento. Nesse sentido cabe destacar 
alguns elementos como: o abandono da teoria do valor atrelado ao trabalho, e a 
utilização de uma teoria do valor pautada na utilidade; a utilização de uma nova 
metodologia mais profunda na utilização da matemática; a concepção de agentes 
econômicos e; a busca pelo equilíbrio entre a oferta e a procura.
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12.2 Escola Keynesiana
Título: John Maynard Keynes
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Marshall#/media/Ficheiro:Alfred_Marshall.jpg 
Como o próprio nome sugere, a escola keynesiana é proveniente dos pensamentos 
de John Maynard Keynes (19883 - 1946). Um pensador um tanto quanto complexo 
de se trabalhar e estudar, uma vez que quando saímos do meio acadêmico é comum 
que as pessoas cometam erros normativos relacionados a sua proposta. Isso se dá 
pelo fato de Keynes elaborar uma teoria que se localiza entre o pensamento clássico/
neoclássico liberal e entre o pensamento marxista (que veremos depois). 
É importante termos em mente que a teoria de Keynes é uma resposta direta ao 
momento histórico em que estava inserido, ou seja, a crise da bolsa de valores de 
Nova Iorque em 1929. Como decorrência dessa crise, tivemos o período chamado 
de Grande Depressão, marcado por uma queda brusca dos níveis de produção e dos 
altos índices de desemprego, que ano após ano ia reverberando em todo o mundo
ISTO ESTÁ NA REDE
“A Crise de 1929, também conhecida como Grande Depressão, foi uma forte 
recessão econômica que atingiu o capitalismo internacional no final da década de 
1920. Marcou a decadência do liberalismo econômico, naquele momento, e teve 
como causas a superprodução e especulação financeira.”
Para saber mais sobre a chamada Crise de 1929, acesse o link do Brasil Escola do 
UOL: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/crise29.htm 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Marshall#/media/Ficheiro:Alfred_Marshall.jpg
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/crise29.htm
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Mediante a essa crise, a teoria neoclássica que era a predominante daquele momento, 
e atrelada ao liberalismo, defendia que o Estado não interferisse na economia, que ele 
apenas se preocupasse em manter as contas públicas estabilizadas. 
Em oposição a esse pensamento, mas ainda dentro de uma perspectiva de economia 
de mercado, Keynes vai defender que o capitalismo ao longo da história sempre mostrou 
algumas falhas em sua aplicação, entre elas, a que ele mais destaca é a ausência do 
pleno emprego, ou em outras palavras, permitir que todas as pessoas aptas tenham 
acesso ao emprego. 
Keynes compreende que o capitalismo em sua estrutura, é um sistema instável, e 
acreditava que a chamada “mão invisível do mercado”, tão defendida pelos pensadores 
clássicos, não produzia uma harmonia, um equilíbrio.
Sendo assim, segundo Keynes, a economia capitalista como estava instaurada, 
sobretudo pelo liberalismo clássico, não teria essa tendência em alcançar o chamado 
pleno emprego. Segundo ele, a tendência do capitalismo seria manter um nível de 
atividade econômica abaixo do pleno emprego, sobretudo nos momentos de crise. Em 
outras palavras, o que o pensador defendia, é que da forma como estava estruturado, 
o desemprego era estrutural ao capitalismo.
A resposta de Keynes consiste basicamente em uma teoria em que defende a ação 
do Estado na economia, sobretudo no que diz respeito à garantia do pleno emprego. É 
através de medidas como o aumento do gasto público, diminuição da carga tributária, 
redução da taxa de juros, ampliação do crédito etc., que o Estado em momentos onde 
o setor privado retrai a sua demanda, deve compensar esse movimento. 
Basicamente o que Keynes defende, é que o Estado deveria desenvolver praticamente 
uma dívida pública nos momentos de crise, mas que depois, dado ao fato de que o 
Estado teria injetado esse dinheiro na economia, o crescimento econômico voltaria 
mais rápido e aconteceria de forma mais rápido, gerando as condições para que 
aquela dívida pública seja paga rapidamente.
Outro ponto de divergência entre Keynes e a escola clássica, é em relação a chamada 
Lei de Say, enquanto esta defendia, em linhas gerais, que a oferta cria sua própria 
procura, para Keynes:
um dos principais fatores responsável pelo volume de emprego é o nível 
de produção nacional de uma economia, determinado, por sua vez, pela 
demanda agregada ou efetiva. Ou seja, sua teoria inverte o sentido da lei 
de Say (a oferta cria sua própria procura) ao destacar o papel da demanda 
agregada de bens e serviços sobre o nível de emprego. (VASCONCELLOS; 
GARCIA, 2014, p. 20).
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ANOTE ISSO
A Escola keynesiana é fruto do seu momento histórico. A Crise de 1929, que 
deu origem à chamada Grande Depressão, colocou em xeque os ideais liberais 
levantados pela escola clássica de economia. Keynes, apesar de ainda elaborar uma 
teoria sobre um modelo de economia de mercado, defendia que o capitalismo, da 
forma que estava instaurado, possuía instabilidade estruturais, e que era necessário 
a atuação de um Estado mais forte, que atuasse sobretudo na garantia do emprego 
e na oferta dos serviços.
12.3 Escola Marxista
Título: Karl Marx
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx#/media/Ficheiro:Karl_Marx_001.jpg 
Diferentemente de todas as escolas estudadas até o momento, a grande característica 
da escola marxista, é que ela vai se debruçar em realizar a crítica a economia de 
mercado capitalista, e vai estruturar o caminho teórico da economia centralizada 
socialista. Como o próprio nome sugere, essa é uma escola econômica cuja a sua 
base de sustentação está nas contribuições teóricas de Karl Marx (1818 - 1883).
Apesar de ser praticamente oposto à escola clássica, Marx em alguns aspectos 
concorda com elementos desta escola, o principal caso, é a compreensão de que o 
trabalho é o responsável pela geração de riqueza. Adam Smith, como vimos na aula 
anterior, através da teoria do valor-trabalho, defendia que o trabalho empregado é que 
dispõe o valor da mercadoria.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx#/media/Ficheiro:Karl_Marx_001.jpg
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Um ponto importante para entendermos a escola marxista, e principalmente Marx, é 
que em toda sua teoria ele se respalda na concepção de classe e não de indivíduo, como 
fazem os neoclássicos por exemplo. Como vimos na aula de história do pensamento 
político, em que estudamos as contribuições de Marx para a política, vimos que o autor 
defende que o motor da história é a luta de classes, e que no mundo contemporâneo 
essa luta se dá entre a burguesia - donos dos meios de produção - em oposição aos 
trabalhadores - que vendem a sua força de trabalho.
Outro elemento importante a ser resgatado, já mencionado na aula política de 
Marx, é a inovação de seu método, de sua metodologia de pesquisa, o chamado 
materialismo histórico-dialético, que levou a Marx a entender a sociedade sustentada 
pelas relações econômicas. Nesse sentido, a análise marxista parte de uma visão em 
que as sociedades se organizam e se estruturam a partir do processo de produção. 
Entende-se aqui que o processo de produção envolve relações sociais de produção, 
que se estabelece entre pessoas que compõem a sociedade, e permite com que 
se encontre e compreenda as características da organização daquela sociedade, e 
com isso, pode-se entender quais são as relações de trabalho dominantes, como a 
propriedade atua dentro daquela sociedade, e entre outros elementos.
Sendo assim, existe uma infraestrutura no qual se estabelece os meios de produção, 
ou em outras palavras, a forma como uma sociedade produz os bens e os serviços, 
existe também, relações sociais produtivas que permitem com que se dê questões 
como a distribuição desta produção, e existem as superestruturas, que estão montadas 
acima da infraestrutura produtiva, que são os aspectos culturais, políticos, sociais e etc.
A análise histórica que os marxistas realizam toma como base, diversas etapas do 
desenvolvimento humano, cujo elemento central são os diferentes modos de produção, 
uma vez que consideram este a infraestrutura da qual estabelece uma sociedade. 
Desta forma, cada infraestrutura geraria superestruturas diferentes. 
Sendo assim, se teria o chamado comunismo primitivo, onde não existia a noção 
de propriedade, depois o modo de produção antigo, das primeiras civilizações, onde 
se tem um predomínio da mão-de-obra escrava. Depois o feudalismo, onde se tem a 
dominância de um trabalho compulsório por meio das relações de servidão, a noção 
de propriedade atrelada à tradição. E por fim, se tem o modo de produção capitalista, 
marcado pelo trabalho assalariado e a propriedade privada dos meios de produção.
Porém Marx, devido a sua análise histórica e dialética, ou seja, ele compreende o 
mundo em constante movimento, em outras palavras, o desenvolvimento humano, e 
consequentemente, o desenvolvimento dos modos de produção seria contínuo. 
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Fazendo um parênteses rápido, a dialética que Marx utiliza aqui provém de Hegel, 
onde entende que toda tese possui uma antítese, e no embate desses opostos surge 
uma síntese, que passa a ser uma nova tese, que terá uma nova antítese, que vai 
gerar uma nova síntese, que se torna uma nova tese e assim por diante. Dando um 
exemplo de forma simplificada mas compreensível, é como se os senhores feudais 
fossem uma tese, que tinha como antítese os seus servos, que gerou como síntese, 
as relações capitalistas, onde a nova tese são os donos dos meios de produção e 
sua antítese, os trabalhadores.
Nesse sentido, Marx defende que dentro da continuidade do processo de 
desenvolvimento humano, deve se ter uma nova síntese, uma nova etapa, da qual, 
para o pensador, a principal característica deveria residir em uma sociedade onde se 
tem a superação da exploração do homem pelo próprio homem. Mas como ocorre 
essa exploração do homem pelo homem dentro do capitalismo?
Segundo os marxistas, dentro do capitalismo se tem a formulação de um novo tipo 
de mercadoria, a chamada mercadoria de trabalho, a força de trabalho. Segundo os 
teóricos liberais clássicos, principalmente John Locke, que já estudamos, todo homem 
nasce com uma propriedade, a de seu corpo, e ele pode vender a força do seu corpo 
em troca de um salário, e é basicamente assim que funciona o trabalho assalariado. 
Porém, o que Marx constata ao fazer a sua análise desse tipo de relação de trabalho, 
é que os salários não remuneram a totalidade do valor do trabalho produzido pelos 
trabalhadores no processo produtivo. Existe uma parcela do da produção, que não vai 
para o trabalhador, que é o que o Marx vai denominar de mais-valia. Nesse sentido, é 
estrutural do capitalismo que se tenha um exército industrial de reserva, ou em outras 
palavras, um bom número de desempregados, para que o valor de troca da força de 
trabalho possa permanecer baixo, e com isso manter elevada a taxa de mais-valia.
O conceito da mais-valia utilizado por Marx refere-se à diferença entre o 
valor das mercadorias que os trabalhadores produzem em dado período 
de tempo e o valor da força de trabalho vendida aos empregadores 
capitalistas, que a contratam. Os lucros, juros e aluguéis (rendimentos 
de propriedades) representam a expressão da mais-valia. Assim sendo, o 
valor que excede o valor da força de trabalho e que vai para as mãos do 
capitalista é definido por Marx como mais-valia. Ela pode ser considerada 
o valor extra que o trabalhador cria, além do valor pago por sua força de 
trabalho. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014, p. 21).
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Em linhas gerais, no que se diz respeito a análise econômica de Marx, dentro do 
modo de produção capitalista existem contínuas contradições como o excesso de 
produção, a queda da rentabilidade, a lei de tendência a queda da taxa de lucro, o 
desemprego, o aumento da desigualdade social etc. que levariam esse sistema ao 
colapso.
A resposta de Marx, é o surgimento de um novo modo de produção que seja pautado no 
trabalhador, onde todos, sejam trabalhadores, sem distinção e desigualdade trabalhista, 
e para isso ele defende a elaboração de uma economia centralizada socialista, e 
posteriormente, o comunismo. Como já foi abordado estes aspectos na aula sobre 
pensamento político, não estenderemos mais por aqui.
ANOTE ISSO
Em síntese a escola marxista ao adotarcomo metodologia o materialismo histórico-
dialético, encontra análises e respostas distintas das escolas anteriores, por mais 
que ocorram pequenas concordâncias. De acordo com esta análise, o processo 
evolutivo das sociedades se dá através dos diferentes meios de produção que esta 
adota, uma vez que para esses pensadores, é o modo de produção a infraestrutura 
que sustenta as demais estruturas como política, cultura etc. O modo de produção 
capitalista é o estágio atual desse desenvolvimento, mas não seria o último. 
Para os marxistas o capitalismo possui contradições dentro de sua própria 
estrutura, e que o movimento da história revela que em algum momento esse 
modo de produção deve ser superado, e do qual, o autor defende que a principal 
característica do próximo modo de produção deve ser a superação da exploração 
do homem pelo homem.
Com isso terminamos as nossas aulas sobre história do pensamento econômico. 
Em nossa próxima aula iremos abordar os princípios introdutórios da chamada 
Microeconomia. Até a próxima aula.
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CAPÍTULO 13
A MICROECONOMIA E 
A MACROECONOMIA
Olá, aluna! Olá, aluno! Nesta aula vamos abordar uma das subáreas presentes 
dentro da economia, a microeconomia. E com isso vamos abordar outros elementos 
de extrema importância sobre o pensamento econômico. Mas antes disso, vamos fazer 
uma pequena revisão de nossa última aula, onde finalizamos a história do pensamento 
econômico, com o estudo das escolas neoclássica, keynesiana e marxista.
Como consta em seu próprio nome, a escola neoclássica é uma remodelagem do 
pensamento da escola clássica, buscando adaptar alguns conceitos e até mesmo 
superar alguns dos quais já consideravam atrasados. A principal diferença entre as 
duas escolas, é que os neoclássicos abandonam a teoria do valor-trabalho e adotam 
a teoria do valor utilidade. Além disso, podemos destacar: a utilização de uma nova 
metodologia mais profunda na utilização da matemática; a concepção de agentes 
econômicos e; a busca pelo equilíbrio entre a oferta e a procura.
Dando sequência, adentramos a escola keynesiana de John Keynes, da qual é uma 
resposta direta ao seu momento histórico. Quando esta teoria passa a ser elaborada, 
ela está inserida no contexto histórico da Grande Depressão, onde o capitalismo 
pautado no liberalismo clássico é entendido como fracassado. Nesse sentido, Keynes 
defende que esta antiga escola do pensamento produz um capitalismo onde possui 
instabilidades intrínsecas, como por exemplo, a ausência do pleno emprego. Nesse 
sentido, o pensador defende a necessidade de um Estado dentro do capitalismo, que 
atue de forma mais forte, onde garanta o pleno emprego e as condições para que as 
pessoas tenham acesso aos bens e aos serviços.
E por fim, estudamos a escola marxista, da qual, apesar de apresentar algum ou 
outro elemento de semelhança com as demais escolas econômicas, é a que mais 
diverge das demais, uma vez que faz a defesa da economia centralizada. Ao utilizar 
como metodologia de análise o materialismo histórico dialético, compreende que 
o que modela as sociedades ao longo da história é o modo de produção que elas 
adotam. Desta forma, o modo de produção seria a infraestrutura que sustenta as 
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demais superestruturas. Ao analisar os modos de produção ao longo da história, Marx 
percebe uma constante, em que sempre ocorreu a exploração do homem pelo homem, 
e defende que a superação do modo de produção capitalista, deve ser respaldada na 
superação desta exploração.
Na aula de hoje faremos a introdução de duas sub-áreas extremamente importantes 
dentro da economia, a microeconomia e a macroeconomia. Na verdade, são duas 
perspectivas diferentes de se olhar para a realidade econômica, fazendo com que 
se produzam interesses e perguntas diferentes, e consequentemente, respostas e 
análises distintas.
13.1 O Que é Microeconomia?
Título: A “mão-invisível” do mercado que regula a oferta e a demanda
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/m%c3%a3o-marionete-boneco-pol%c3%adtico-alex-784077/ 
A primeiro momento aqui, cabe compreendermos os aspectos gerais da 
microeconomia, para posteriormente abordarmos alguns temas específicos de uma 
forma mais profunda. Também chamada de teoria dos preços, e entenderemos melhor 
isso mais pra frente, a microeconomia, como o próprio nome sugere, estuda os aspectos 
micro, de menor escala dentro da economia. Entenda, não é porque é micro que não 
seja de extrema importância.
Nesse sentido, de uma forma mais simples e resumida, pode-se dizer que o estudo da 
microeconomia consiste em analisar e entender o comportamento econômico individual 
e particular dos agentes presentes na economia, deixando de lado os chamados agentes 
https://pixabay.com/pt/photos/m%c3%a3o-marionete-boneco-pol%c3%adtico-alex-784077/
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externos (ou macros), e focando nos mercados específicos e nas ações dos produtores 
e consumidores. Com isso, boa parte do estudo microeconômico se concentra na 
compreensão da formação dos preços no mercado, por isso, a teoria dos preços.
A teoria microeconômica não deve ser confundida com economia 
de empresas, pois tem enfoque distinto. A Microeconomia estuda 
o funcionamento da oferta e da demanda na formação do preço 
no mercado, isto é, o preço obtido pela interação do conjunto de 
consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado 
bem ou serviço. Do ponto de vista da Administração de Empresas, 
que estuda uma empresa específica, prevalece a visão contábil 
financeira na formação do preço de venda de seu produto, baseada 
principalmente nos custos de produção, enquanto na Microeconomia 
predomina a visão do mercado como um todo. (VASCONCELLOS; 
GARCIA, 2014, p. 27).
Mediante a tudo isso, a microeconomia se dá como base na relação entre compradores 
e produtores, no comportamento empresarial, na produção empresarial, na oferta de 
trabalho dos trabalhadores e qual o valor em troca que eles desejam receber etc. Nesse 
sentido, é possível notar, que por mais que se realize um recorte individual e muitas 
vezes específico e pequeno, não significa que a microeconomia não seja importante, 
muito pelo contrário.
No que se diz respeito a perspectiva do consumidor, a microeconomia vai trabalhar 
com situações problemas que partem de princípios, entre eles: Como o indivíduo 
toma a decisão de compra? O que afeta a decisão do indivíduo comprar? Como o 
indivíduo administra sua restrição de renda? Já na perspectiva do produtor, as situações 
problemas norteadoras serão: O que produzir? Quanto produzir? Como eu escolho o 
nível de produção?
Sendo assim, dentro da microeconomia, é extremamente importante não perdermos 
de vista o seguinte elemento: o papel do mercado, uma vez que este vai ser entendido 
como o responsável pela interação entre os produtores e os consumidores, ou seja, 
se tem empresas/firmas que oferecem e indivíduos que procuram, mediante a isso 
se tem o desenvolvimento de um ponto de equilíbrio que vai determinar o preço, e o 
regulador desta relação, deste equilíbrio, vai ser mercado. Note que a noção aqui é 
claramente baseada na concepção de “mão invisível”de Adam Smith.
Estudaremos posteriormente a macroeconomia, mas é interessante termos em 
mente, que esta é o agregado de todos os agentes econômicos que compõem a 
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microeconomia, em outras palavras, se pegarmos cada peça desse quebra-cabeça 
que a microeconomia estuda e juntamos, estaremos formando a macroeconomia.
Dentro da microeconomia, uma distinção importante que deve se estabelecer é 
entre preço nominal e preço real, onde o primeiro diz respeito ao preço absoluto, ao 
preço em moeda corrente, de uma determinada mercadoriaou serviço no momento 
em que se realiza a venda, em outras palavras, o preço que está ali no produto quando 
você vai comprar ele. Já o segundo, diz respeito ao preço da mercadoria em relação 
a uma medida agregada de preços, ou também definido, como o preço em moeda 
constante, levando em consideração uma série de fatores, que fazem com que se tenha 
um parâmetro do preço daquele determinado produto para com o resto da economia.
13.1.1 O Mercado
Título: O mercado: procura e oferta
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/ma%c3%a7%c3%a3s-mercado-do-agricultor-comprar-1841132/ 
Em linhas gerais, o mercado se define por uma área geográfica onde compradores e 
vendedores se interagem e determinam o preço de um determinado produto ou de um 
conjunto de produtos. É importante aqui, fazer um breve parênteses sobre a diferença 
entre indústrias e mercados. De forma bem didática, as indústrias são aquelas que ofertam 
produtos para os mercados, que esse por sua vez, ofertam produtos ao consumidor.
Quando se realiza uma análise sobre o mercado, ou sobre determinado mercado, é 
importante saber que existem alguns parâmetros que devem ser tomados previamente. 
Dando um exemplo, o comportamento do consumidor referente a um mercado de alimentos 
(bens necessários à sobrevivência) é diferente do comportamento de um mercado de cultura 
https://pixabay.com/pt/photos/ma%c3%a7%c3%a3s-mercado-do-agricultor-comprar-1841132/
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(bens supérfluos). Ou seja, esses parâmetros prévios são as características individuais 
que cada mercado apresenta. Dentro do próprio mercado de alimentos, você vai ter uma 
diferença drástica entre o mercado de arroz e o mercado de caviar, por exemplo.
Um conceito importante dentro das noções básicas de mercado, que é o de 
arbitragem, consiste no ato de você comprar um produto em baixo preço em um 
determinado local, e vendê-lo a um preço mais alto em outro local. Nesse sentido, 
é interessante que se evite que ocorra uma distorção muito grande entre os preços 
de diferentes locais geográficos, pois caso contrário, os indivíduos abandonaram o 
mercado local e buscaram o outro mercado.
Por exemplo, se o ouro for muito mais barato no Chile do que no Brasil, compensa 
ao brasileiro comprar esse produto e trazer ao país, por mais que tenha custos de 
transporte. Por isso é necessário que o Brasil crie mecanismos para romper com 
essa arbitragem, seja através do equilíbrio dos preços ou da imposição de impostos.
Quando se trata de mercados, podemos dividi-los em dois blocos, os mercados 
competitivos e os mercados não-competitivos. O primeiro se caracteriza por lidar 
com um grande número de compradores e vendedores, ou seja, nenhum dos agentes 
econômicos presentes neste mercado, consegue individualmente influenciar o preço 
de um produto. Os produtos agrícolas são grandes exemplos disto. Se ele baixar muito 
o preço, ele não dá conta da demanda e não consegue extrair o lucro necessário, e 
se ele aumentar muito o preço, ele perde na concorrência.
Já no segundo caso, temos mercados onde os produtores, uma vez que são poucos, 
conseguem individualmente influenciar no preço do mercado. Um exemplo disso é a 
OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), que através de um sistema 
de cartel e aliança entre os principais produtores de petróleo, consegue influenciar 
qual vai ser o preço da mercadoria no mercado.
Nos mercados competitivos, existe um estabelecimento do preço que vai ser vendido. 
Por exemplo, se você vai até uma loja, lá está o preço do produto pré-determinado, 
que vai ser o mesmo para qualquer pessoa que for comprar ali. Já nos mercados 
não-competitivos, por possuir essa influência sobre o preço das mercadorias, o preço 
da mercadoria pode ser distinto de um consumidor para com o outro.
Outra questão importante envolvendo o mercado é a extensão de um mercado, 
ou em outras palavras, quais são os vendedores e compradores que devem ser 
incluídos em um determinado mercado? Para poder chegar o mais próximo possível 
da compreensão da extensão do mercado, é necessário traçar as suas fronteiras, e 
para isso é necessário levar alguns elementos em consideração.
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Um deles é as fronteiras geográficas. Então por exemplo, um mercado de ingressos 
de futebol para assistir um jogo do São Paulo no Morumbi, ou do Corinthians em 
Itaquera, ou do Palmeiras no Allianz Parque. A grande maioria dos consumidores são 
pessoas da capital e do estado de São Paulo, ou seja, vão existir pessoas fora desse 
limite, mas elas são tão minoritárias, que não são o público alvo. 
Outro elemento importante é o leque de produtos. Peguemos o exemplo do 
combustível. Quando você vai abastecer seu carro você pode optar por gasolina comum, 
aditivada, diesel ou etanol. Um posto que oferece todos esses tipos de combustível, 
ele tem um alcance, uma fronteira, uma extensão de mercado maior, do que aquele 
que oferece apenas um tipo de produto.
ANOTE ISSO
Em linhas gerais podemos afirmar que a microeconomia é uma subárea do 
conhecimento dentro da economia da qual se dedica ao estudo do comportamento 
econômico individual e particular dos agentes econômicos, tanto os que produzem 
como os que consomem. Nesse sentido, se realiza um recorte menor e localizado, 
mas não menos importante. Dentro da microeconomia teremos destaque de temas 
como: o mercado, a teoria do consumidor, a questão da demanda etc.
13.2 O Que é Macroeconomia?
Título: A questão do desemprego como um dos principais debates macroeconômicos
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/escultura-arte-linha-de-p%c3%a3o-bronze-18198/ 
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Se em algum momento da sua vida você já se perguntou porque existe desemprego ou 
porque existe inflação, ou até mesmo se questionou sobre qual é o papel do governo na 
administração destas questões? Qual os efeitos das relações econômicas internacionais? 
Quais são as forças econômicas e sociais que determinam o crescimento de longo 
prazo de um Estado? Por que umas economias crescem mais do que outras? Tem 
como evitar uma crise econômica? Todas essas questões fazem parte da chamada 
macroeconomia.
Em linhas gerais a determinação de variáveis como: produção, renda, consumo, 
emprego, inflação, juros, câmbio, etc. e a maneira como elas se comportam ao longo 
do tempo consistem no objeto de estudo, dessa subárea da economia chamada de 
macroeconomia. Observe que, enquanto a microeconomia se preocupa em fazer um 
recorte menor e local, a macroeconomia estabelece um recorde maior e abrangente.
A primeira questão importante que precisamos ter em mente quando se fala em 
macroeconomia, é que se parte do pressuposto que o conjunto dos elementos da economia 
operam de uma forma onde o resultado é muito mais do que a simples soma dos elementos, 
ou seja, a macroeconomia busca entender o comportamento da economia como um 
todo, e não de suas partes. Ou seja, enquanto a microeconomia está preocupada com o 
indivíduo e a empresa, a macroeconomia está preocupada com o comportamento de um 
grande agregado de indivíduos e de um grande agregado de empresas.
Dentro da macroeconomia, é possível realizar a análise de cinco tipos de mercados: 
os mercados de bens e serviços, o mercado de trabalho, o mercado cambial, o mercado 
monetário e o mercado de títulos, que por sua vez, a soma dos dois últimos resulta 
no chamado mercado financeiro. Mas porque a macroeconomia faz a análise desses 
diferentes mercados? 
Em linhas gerais, a análise macroeconômica tem o objetivo de compreender como 
é possível determinado Estado - seja um país, um estado ou um município, ou uma 
região etc. - pode prosperar, em outras palavras, que tipo de conjunto de políticas 
econômicas um governo deveriacolocar em prática para gerar crescimento econômico. 
 Durante muito tempo, acreditou-se que era possível desenvolver uma fórmula para 
o crescimento econômico e para o desenvolvimentismo, a fim de que permitisse com 
que os países menos desenvolvidos pudessem utilizar dessas políticas para que ao 
longo prazo eles se tornassem países desenvolvidos. Porém, ficou claro que não 
existe uma fórmula mágica para o desenvolvimentismo, o que existe, são práticas 
consideradas saudáveis para todos os países.
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Nesse sentido, é necessário que Estado encontre a sua própria fórmula, uma vez que 
cada Estado possui características e condições específicas, que não são reproduzíveis 
em outras localidades. Seja as diferenças de tamanho de território, se possui saída 
para o mar, quais são os seus vizinhos, ou até mesmo, como se deu a formação de 
cada Estado e de cada nação.
Mediante a todos elementos, é necessário compreender que existem diferentes 
pontos de vista para explicar e estudar os fenômenos macroeconômicos, ou seja, 
sabe todas aquelas perguntas levantadas anteriormente da qual a macroeconomia 
tenta responder? não existem respostas únicas para elas
13.2.1 A História da Macroeconomia
Como se trata de um estudo introdutório, com o objetivo de realizar um primeiro 
contato para oferecer as condições básicas necessárias para um entendimento inicial 
sólido sobre a macroeconomia, não realizaremos um estudo profundo e complexo 
de todas as escolas teóricas aqui presentes. Dedicaremos a três grandes momentos 
históricos para a macroeconomia: a) a publicação da teoria geral de Keynes; b) a 
ascensão dos chamados novos clássicos em 1970/1980 e; c) a crise de 2008.
Título: John Maynard Keynes
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Marshall#/media/Ficheiro:Alfred_Marshall.jpg 
Em 1936 temos o primeiro grande marco do pensamento macroeconômico, como 
dito anteriormente, se trata da publicação da Teoria Geral do Emprego, do Juros e da 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Marshall#/media/Ficheiro:Alfred_Marshall.jpg
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Moeda de John Keynes. Esse livro é caracterizado por ser a primeira realização de 
uma análise sistemática do desempenho da economia em seu agregado, por isso é 
considerado o marco do surgimento da macroeconomia moderna.
Para entendermos melhor a importância da obra de Keynes, é interessante notarmos 
alguns elementos. Antes de sua publicação, as chamadas questões macroeconômicas 
(desemprego, juros, inflação etc.) já eram discutidas, porém, a visão predominante 
acreditava que as economias de mercado tinham capacidade de alocar de maneira 
eficiente todos os recursos disponíveis e alcançar o pleno emprego, concepção que se 
apoiava nas idéias da “mão-invisível” do mercado e na Lei de Say, que já mencionamos 
em outra aula, que afirmava que a oferta cria a sua própria demanda.
Nesse sentido, os pensadores partiam do pressuposto que a questão do emprego 
e da produção já estão resolvidas, fazendo com que a maioria dos economistas se 
debruçassem muito mais nos problemas macroeconômicos do que nos problemas 
macroeconômicos. 
Com a publicação da Teoria Geral do Emprego, do Juros e da Moeda, John Keynes, 
como até vimos previamente, acaba fazendo um análise nova, onde compreende que 
a economia monetária de produção é inerentemente instável, ou seja, não a enxerga 
como uma economia que vai alcançar necessariamente o pleno emprego. 
Essa instabilidade seria resultado da incerteza sobre o futuro que condiciona 
as expectativas dos agentes e, por consequência, de suas decisões de consumo e 
investimento. Isso gera uma flutuação da demanda, que por sua vez, gera equilíbrios 
instáveis, com a presença de desemprego. Ou seja, o que Keynes afirma é que o pleno 
emprego é apenas uma possibilidade dentre muitas outras que podem gerar de uma 
economia. Onde o pensador destaca que o pleno emprego seria extremamente raro, 
e que o habitual seriam ciclos econômicos de bonanza e de crise.
Desta forma, Keynes afirma que uma vez que a economia está sujeita a ciclos 
econômicos é necessário desenvolver fórmulas e técnicas para amenizar os ciclos de 
crise através de políticas públicas, em outras palavras, como já vimos em nossa aula 
de pensamento econômico, diferentemente dos economistas clássicos liberais, Keynes 
propõe uma maior atuação do Estado na condução da economia ao pleno emprego.
Dessa forma, a teoria macroeconômica passa a evoluir e ser construída em cima da 
defesa ou das críticas à Teoria Geral de Keynes. Uma vez que o modelo keynesianista 
apresentou um resultado imediato satisfatório para crise de 1929, é natural que as 
primeiras décadas pós Teoria Geral tenham sido de predominância de aprovação e 
concordância, gerando a chamada síntese neoclássica. 
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Porém os anos de 1970 marcaram uma ruptura com a teoria e a política keynesiana, 
primeiro como resultado imediato da crise do petróleo que colocou em xeque essa 
política econômica nos EUA, e segundo, que se tem início do crescimento teórico dos 
chamados novos clássicos. 
Um dos principais nomes dos novos clássicos do pensamento macroeconômico, 
Robert Lucas, aperfeiçoou a chamada ideia de expectativas adaptativas, onde 
compreendia-se que os agentes econômicos viam o passado recente para fazer 
expectativas do futuro, e passou a defender a concepção de expectativas racionais, 
onde os agentes econômicos passam a observar a economia monetária e as condições 
macroeconômicas para fazer uma previsão mais realista, de modo que a política 
monetária teria um impacto muito maior.
Título: Ronald Reagan e Margareth Thatcher
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/dd/President_Ronald_Reagan_Meeting_with_Prime_Minister_Margaret_Thatcher_at_10_Downing_
Street_in_London%2C_England.jpg 
Com isso, pode-se dizer que os anos 1970 e 1980 foram marcados por um novo 
pensamento macroeconômico, que coincidiu com o retorno do conservadorismo no 
poder político, agora figurado pelo neoliberalismo, que reformulou as ideias do liberalismo 
clássico, e que foi concretizado na prática pelas políticas públicas sobretudo de Ronald 
Reagan nos EUA e de Margareth Tatcher no Reino Unido. Esse contexto histórico foi 
marcado por uma contínua desregulamentação e liberalização dos mercados que 
permaneceu sem muita contestação até a crise de 2008.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/dd/President_Ronald_Reagan_Meeting_with_Prime_Minister_Margaret_Thatcher_at_10_Downing_Street_in_London%2C_England.jpg
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/dd/President_Ronald_Reagan_Meeting_with_Prime_Minister_Margaret_Thatcher_at_10_Downing_Street_in_London%2C_England.jpg
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A crise financeira global de 2008 
foi um novo marco para as reformulações do pensamento macroeconômico, onde 
ocorreu um relativo reconhecimento de que as políticas colocadas em prática dos anos 
1970 e 1980 contribuíram com as origens e os desdobramentos da crise financeira 
internacional de 2008, em outras palavras, a crise de 2008 seria resultado dessas 
políticas neoliberais.
Nesse contexto, as teorias de Keynes voltaram a ser revisitadas com o objetivo de 
combater os efeitos da crise, entendendo sobretudo a concepção de que o Estado 
teria um papel fundamental nesse processo.
Quando observamos a evolução do debate macroeconômico, é notável que uma 
pergunta pode possuir diferentes respostas por pontos de vista distintos, mas ao mesmo 
tempo, sempre existe um grupo dominante da qual exerce maior influência sobre aquele 
período histórico. Outro elemento interessante, é que as teorias macroeconômicas 
possuem um respaldo no mundo real, uma vez que as teorias dominantes passam a 
ser aquelasque são consideradas bem sucedidas na prática, e passam a entrar em 
xeque quando na prática elas entram em crise.
ANOTE ISSO
Em linhas gerais podemos afirmar que a macroeconomia é uma subárea do 
conhecimento dentro da economia da qual se dedica ao estudo da ciências 
econômicas por um foco mais amplo, analisando a determinação e o 
comportamento de grandes agregados: desemprego, renda, produção, taxa de juros 
etc. 
Na nossa próxima aula, chegaremos ao penúltimo capítulo, do qual se debruçaram 
ao estudo de uma importante teoria que se localiza dentro do debate macroeconômico, 
mas que necessita de uma aula exclusiva para a sua explicação, a teoria do consumidor.
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CAPÍTULO 14
TEORIA DO CONSUMIDOR
Olá, meu caro aluno! Olá, minha cara aluna! Em nossa última aula falamos sobre 
os princípios e noções introdutórias da microeconomia e da macroeconomia. Na 
aula de hoje falaremos de um assunto extremamente interessante que pertence a 
microeconomia, mas que necessita de uma aula exclusiva, que é a chamada teoria 
do consumidor.
Vamos relembrar um pouco da nossa última aula. Começamos definindo que 
microeconomia se dedica ao estudo dos comportamentos econômicos no âmbito 
individual ou particular, se preocupando principalmente com as questões que envolvem 
o consumidor e o produtor. 
Em seguida falamos sobre a importância do mercado dentro da perspectiva 
microeconômica, uma vez que este é entendido como a área geográfica onde 
consumidores e vendedores se encontram e determinam o preço de um produto ou 
de um conjunto de produtos. A microeconomia permite reflexões importantes sobre o 
mercado, como o comportamento do consumidor mediante a especificidade de cada 
mercado, além disso, sobre a extensão e abrangência de mercado.
Dando sequência, olhamos a economia por um outro viés, o da macroeconomia, 
que diferentemente do ponto de vista anterior, se preocupa com os comportamentos 
econômicos dos grandes agregados, ou seja, tenta entender a economia como um 
todo. Nesse sentido, a macroeconomia tem como interesse compreender assuntos 
como: taxa de juros, taxa de câmbio, desemprego etc.
Para finalizar nossa última aula, traçamos o panorama histórico do pensamento 
macroeconômico, que teve seu início com a publicação da obra Teoria Geral do Emprego, 
do Juros e da Moeda de John Keynes, uma vez que o autor realiza uma análise macro 
da situação de seu país naquele momento histórico, propondo uma série de medidas 
para conter a crise. Posteriormente, na década de 1970 se tem os chamados novos 
clássicos, que trazem uma nova perspectiva macroeconômica que vai ser atrelada 
à política neoliberal. E por fim, o último grande marco para a macroeconomia foi a 
crise de 1008, que colocou em xeque a teoria dos novos clássicos e resgatou alguns 
elementos da teoria keynesiana.
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Como dito anteriormente, nessa aula vamos trabalhar a teoria do consumidor, um 
assunto relativamente denso, cheio de gráficos e tabelas de explicação, mas é um 
assunto extremamente interessante. Dividiremos nossa aula em duas partes para 
entendermos melhor essa teoria. A primeira vai se dedicar às chamadas preferências 
do consumidor, e a segunda, as restrições orçamentárias.
14.1 As Preferências do Consumidor
Para entendermos a chamada teoria do consumidor, começaremos abordando 
as chamadas preferências do consumidor, e para isso, é importante entendermos o 
termo, cesta de mercadorias, cujo significado está muito próximo ao que a expressão 
indica, um conjunto de bens que podem ser formadas diferentes combinações, e os 
consumidores vão analisar qual combinação lhe é mais interessante.
Quando vamos analisar as preferências do consumidor neste sentido, encontramos 
três pressupostos, três premissas, que são elas: a) as preferências são completas; b) 
as preferências são transitivas e; c) os consumidores sempre preferem quantidades 
maiores de uma mercadoria. Vamos analisar cada uma delas.
O que significa que as preferências são completas? Numa situação onde o consumidor 
terá que optar entre a cesta A e a cesta B, o consumidor tem a capacidade de preferir 
a cesta A em relação a cesta B, ou que prefere a cesta B em relação a cesta A, ou até 
mesmo, que ele é indiferente em relação a cesta A e a cesta B. A premissa de uma 
preferência é completa, parte do pressuposto que o consumidor pode ter a capacidade 
de definir com clareza a sua preferência. Em outras palavras, o consumidor pode 
comparar e ordenar todas as cestas do mercado de acordo com seu interesse.
Qual é a concepção por trás da transitividade das preferências? Se um consumidor 
prefere uma cesta de bens A em relação a uma cesta de bens B, e ainda, prefere a 
cesta de bens B em relação a cesta de bens C, é possível concluir através do princípio 
da transitividade que o consumidor em questão prefere a cesta A do que a cesta C. 
Por fim, temos a premissa de que o consumidor sempre prefere quantidades maiores 
de uma mercadoria, que consiste exatamente nisso que a frase exprime.
Com base nesse nestes elementos é possível desenvolver o que é chamado de curva 
de indiferença, da qual representa as combinações de cestas das quais proporcionam o 
mesmo grau de satisfação ao indivíduo consumidor, ou em outras palavras, diferentes 
combinações de mercadorias em diferentes cestas podem fornecer o mesmo nível 
de satisfação ao consumidor. Observe a tabela e o gráfico abaixo:
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Tabela 2 – Tabela de Preferências do Consumidor
Fonte: autor.
Figura 5 – Gráfico de Preferências do Consumidor
Fonte: autor.
Observando a tabela, notamos seis tipos diferentes de cestas, onde cada uma 
delas envolvem rearranjos diferentes entre as mercadorias alimento e as mercadorias 
vestimentas. Se transformarmos essas informações da Tabela 2 em um gráfico, temos 
a Figura 5. 
Tomando como base o pressuposto das quantidades, e utilizando a cesta A como 
preferência, podemos notar que a zona em vermelho no gráfico, representa todas as 
possibilidades em que terão uma maior quantidade de mercadorias que a cesta A, por 
sua vez, a área em verde, se localiza todas as possibilidades de cestas que apresentam 
uma quantidade inferior de mercadorias que a cesta A. Logo qualquer cesta da zona 
vermelha é preferível à cesta A, e a cesta A, é preferível a qualquer cesta que esteja 
na zona verde.
Uma vez que as preferências são completas e o consumidor consegue estabelecer 
as preferências dele em relação ao conjunto de cestas. Quando olhamos para a Figura 
5, todas as possíveis cestas que se encontram na curva roxa U1, apresentam os 
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mesmo níveis de satisfação em relação a quantidade de mercadorias, ou seja a cesta 
B, a cesta A e a cesta C, apresentam a mesma quantidade de mercadorias, logo a 
mesma quantidade de satisfação, por isso, elas fazem parte da curva de indiferença. 
Por sua vez, todas as cestas que estão abaixo da curva, no caso do exemplo a 
cesta F e a cesta E, apresentam níveis inferiores de satisfação, já as cestas que estão 
acima da curva apresentam uma satisfação maior, no caso do exemplo, a cesta D. 
Uma coisa importante de se notar e mencionar aqui, é que a curva de indiferença 
sempre vai possuir uma declividade da esquerda para a direita, justamente por causa 
do princípio de que os consumidores sempre procuram maiores quantidades. Além 
disso, se torna padrão, de que qualquer cesta que se encontra acima e à direita da 
curva de indiferença é preferida a qualquer cesta de mercado localizada na curva.
Além da curva de indiferença, é possui elaborar um mapa de preferência, que seria 
um conjunto de curvas das quais descrevem as preferências dos consumidores de 
acordo com as possibilidades de cestas existentes,observe o gráfico abaixo
Figura 6 – Gráfico do Mapa de Indiferença
Fonte: autor.
O que é importante sabermos aqui, é que as linhas dentro de um mapa de indiferença, 
elas não podem se cruzar, pois caso isso ocorra, estará violando a premissa inicial de 
que o consumidor sempre prefere maiores quantidades.
Tomando como base a curva de indiferença, podemos chegar em um novo conceito 
extremamente importante, que é a taxa marginal de substituição (TMS), da qual consiste 
em compreender, o quanto eu necessito abrir mão de uma determinada mercadoria, 
para conseguir mais de outra mercadoria. Observemos a figura abaixo: 
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Figura 7 – Gráfico da Taxa Marginal de Substituição
Fonte: autor.
Supondo que o eixo vertical Y seja vestimentas, e o eixo horizontal X seja alimentos, 
a cesta A é composta por 16 vestimentos e 1 alimento. Se você deseja diminuir a 
quantidade de vestimentas e aumentar o de alimentos, escolhendo a cesta B, a sua 
taxa marginal de substituição é de 6, ou seja, você precisa abrir mão de 6 unidades 
de vestimentas, para ganhar 1 unidade de alimento. Por sua vez, a taxa marginal de 
substituição da cesta B em relação à cesta C é 4. Nota-se aqui, que a taxa marginal 
de substituição é decrescente ao longo da curva de indiferença.
Como se calcula a taxa marginal de substituição? Em linhas gerais, é a razão entre 
a variação de uma mercadoria dividida pela variação da outra mercadoria. Como 
mostra a imagem abaixo:
Título: Cálculo da Taxa Marginal de Substituição (TMS)
Fonte: autor.
Somando as concepções que aprendemos sobre as curvas de indiferença às 
concepções da taxa marginal de substituição, é possível notar, que as curvas de 
indiferença são convexas. A ideia da convexidade parte do princípio que na medida 
em que se consomem maiores quantidades de uma mercadoria, existe uma tendência 
e uma resistência cada vez maior de renunciar a quantidades da outra mercadoria.
Observe novamente a Figura 7. Quanto mais se consome alimentos, menos o indivíduo 
está disposto a abrir mão de vestimentas, pois cada vez mais, ela vai se tornando 
escassa. Ou seja, cada vez mais, a taxa marginal de substituição vai diminuindo. 
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Outros elementos interessantes para abordarmos aqui são os substitutos perfeitos 
e os complementos perfeitos. Dois bens que são substitutos perfeitos são aqueles 
cuja a taxa marginal de substituição de um bem pelo outro é constante, permanece 
sempre a mesma, observe o gráfico abaixo: 
Figura 8 – Gráfico dos Substitutos Perfeitos
Fonte: autor.
Neste caso, os produtos sucos de uma uva e suco de laranja são substitutos 
perfeitos, pois a taxa marginal de substituição é constantemente 1. Nesse caso, em 
que se tem substitutos perfeitos, a curva de indiferença vai ser uma linha reta.
Por outro lado, os produtos que são complementos perfeitos, são aqueles que 
partem do princípio que você não pode consumir determinado bem, se não consumir 
simultaneamente o outro bem, ou seja, você apenas consome os bens de forma 
conjunta. Pense, no seguinte exemplo, um sapato direito e um sapato esquerdo, você 
só consome os dois simultaneamente. Isso faz com que a curva de indiferença de 
produtos complementares seja um ângulo reto, como no gráfico abaixo.
Figura 8 – Gráfico dos Complementos Perfeitos
Fonte: autor.
Para finalizarmos as questões referentes às preferências do consumidor, é necessário 
falarmos sobre o conceito de utilidade. Que em linhas gerais significa o grau de 
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satisfação que uma pessoa teve ao consumir determinada cesta de mercado. E, dentro 
das preferências do consumidor, é possível desenvolver fórmulas para averiguar a 
utilidade de cada cesta para cada consumidor. Vamos dar um exemplo. 
Digamos que para determinado consumidor, a utilidade do alimento (A) é o dobro 
da função da vestimenta (V), sendo assim, a função que teremos será U (A, V) = A + 
2V. Observe a tabela abaixo: 
Tabela 3 – Tabela de Utilidade
Fonte: autor.
Observando a tabela, podemos notar que a utilidade da cesta A é de 14, da cesta B 
é 14 e da cesta C é 12. Nesse sentido, é possível concluir que para este determinado 
consumidor, existe uma indiferença em relação à utilidade das cestas A e B, porém 
ambas possuem maior utilidade do que a cesta C. Outro detalhe importante que temos 
que ter em mente, é que, as possibilidades de cestas de mercadorias que se encontram 
dentro da mesma linha de indiferença, possuem a mesma razão de utilidade.
Porém, é extremamente complexo fazer essa formulação sobre o quão mais satisfeito 
um produto exerce sobre o outro para o consumidor, ou seja, é extremamente difícil 
estabelecer uma quantificação da satisfação. Nesse sentido, é demasiadamente 
trabalhoso estabelecer uma ordem cardinal de utilidade, ou seja, de descrever o quanto 
uma cesta de mercado é mais preferível do que outra.
Mas se torna um tanto menos penoso, quando estabelecemos uma ordem ordinal, 
ou seja, aquilo que dentro da teoria do consumidor chama-se de função de utilidade 
ordinal, que consiste em colocar as cestas de mercado em ordem decrescente de 
preferência mas sem indicar exatamente o quanto uma é mais preferível do que a outra. 
14.2 As Restrições Orçamentárias
A primeira distinção que temos de tudo isso que foi abordado nessa aula quando 
se olha para prática, é que o comportamento do consumidor não é determinado 
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exclusivamente por suas preferências. E por que isso ocorre? Pois existe um outro 
fator extremamente importante no comportamento do consumidor que é as restrições 
orçamentárias, que consiste nas limitações que o indivíduo possui de consumir 
determinados bens e serviços.
Para entendermos melhor isso, precisamos compreender a linha de orçamento, 
indica todas as combinações entre duas mercadorias para as quais o total de dinheiro 
gasto é igual a renda total. Voltemos aos nossos exemplos envolvendo alimentos e 
vestimentas.
Observe a seguinte hipótese. A é a quantidade de alimentos e V a quantidade de 
vestimentas. Pa é o preço dos alimentos e Pv o preço das vestimentas. Por sua vez, Pa(A) 
é a quantidade de dinheiro gasto com alimentos e Pv(V) a quantidade de dinheiro gastos 
com vestimentas. Logo a linha de orçamento pode ser descrita como: Pa(A) + Pv(V) = I, 
onde I é a renda total do consumidor. Sendo assim, observe a tabela e o gráfico abaixo:
Tabela 4 – Tabela de Restrições Orçamentárias
Fonte: autor.
Figura 8 – Gráfico de Restrições Orçamentárias
Fonte: autor.
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Com base nessas informações podemos definir a chamada inclinação da linha 
orçamento, que consiste na divisão entre a quantidade de um determinado produto 
pela quantidade correspondente do outro produto, que vai ser igualmente resultante, 
da divisão do preço de um produto pela divisão do preço do outro produto, em nosso 
exemplo seria: Inclinação = ΔV/ΔA = - ½ = - Pa/Pv.
Outra informação importante que a inclinação da linha de orçamento nos oferece é 
a indicação da proporção segundo a qual pode-se substituir uma mercadoria pela outra 
sem afetar-se a quantidade total de dinheiro gasto, em outras palavras, a proporção 
de quanto se pode substituir um produto pelo outro sem alterar o total gasto.
Dando sequência, temos alguns efeitos que ocorrem que impactam diretamente 
a questão orçamentária, o primeiro deles, são os efeitos das modificações na renda, 
onde um aumento da renda causa um deslocamento paralelo na linha de orçamento 
para a direita, e uma redução na renda, para a esquerda (em situações onde os preços 
continuam constantes).
E também se tem os efeitos proveniente das modificações no preço, ou seja, se 
o preço de umadeterminada mercadoria aumenta, a linha de orçamento sofre uma 
rotação à esquerda em torno do intercepto da outra mercadoria, por outro lado, se o 
preço diminui, rotaciona-se para a direita. Observe os gráficos abaixo, onde o primeiro 
mostra os efeitos da modificação de renda e o segundo, de preço:
Figura 9 e 10 – Gráfico de Efeitos na Modificação de Renda e de Preço
Fonte: autor.
Uma vez que compreendemos as preferências do consumidor e entendemos as 
restrições, podemos chegar mais próximo da escolha do consumidor. Basicamente, 
podemos afirmar que os consumidores escolhem combinações que maximizam sua 
satisfação doda os limites orçamentários que ele possui, em outras palavras, dentro 
do seu limite de gastos, ele vai escolher a cesta de mercadoria que lhe oferece maior 
satisfação.
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Neste sentido, a cesta de mercadorias ideal para o consumidor, vai ser aquela que 
satisfaz duas condições: 1) ela está situada sobre a linha de orçamento (o que significa 
que o consumidor deve possuir renda suficiente para consumir aquela cesta) e 2) deve 
fornecer ao consumidor sua combinação preferida de bens e serviços. 
Mas como podemos sintetizar essa escolha? Basicamente através de uma correlação 
entre a curva de indiferença e a linha orçamentária. Nesse sentido, é possível concluir 
que, maximização da satisfação do consumidor vai se dar onde a taxa marginal de 
substituição vai ser a razão dos preços das mercadorias, em termos matemáticos: 
TMS = Pa/Pv. Com isso, a cesta ideal vai ser aquela que vai estar na tangência entre 
a linha orçamentária (azul) e a curva de indiferença (vermelha) da seguinte forma:
Figura 11 – Gráfico da Escolha do Consumidor
Fonte: autor.
Com isso finalizamos nossa aula de teoria do consumidor. A nossa próxima aula, 
não será somente a última deste bloco voltado para economia, mas também a última 
de nosso curso, onde debateremos a formação histórica econômica do Brasil.
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CAPÍTULO 15
FORMAÇÃO 
ECONÔMICA DO BRASIL
Olá, minha cara aluna! Olá, meu caro aluno! Chegamos à nossa última aula do curso 
de Ciência Política e Economia, espero que tenha sido uma jornada, na medida do 
possível, prazerosa para vocês. Desejo que esse curso lhe forneça subsídios básicos e 
teóricos para as diferentes situações que colocaram vocês de frente com as ciências 
políticas e econômicas, tanto na vida pessoal de vocês, mas principalmente, no futuro 
de suas carreiras profissionais.
Em nossa última aula, abordamos a chamada teoria do consumidor. Nela demos 
início definindo que para compreendermos esta teoria é necessário dividi-la em dois 
elementos: as preferências do consumidor, e as restrições orçamentárias.
No que se diz respeito às preferências do consumidor, demos início definindo os 
pressupostos básicos sobre a preferência dos consumidores: as preferências são 
completas, transitivas e o consumidor sempre opta por maiores quantidades. Em 
seguida, trabalhamos com a noção de cestas de mercadorias, que consiste nas 
múltiplas possibilidades de combinação de diversas mercadorias.
Dando sequência estabelecemos a chamada curva de intolerância, que se trata de 
uma curva dentro do gráfico de possibilidades de cestas, onde todas as combinações 
que se encontram sobre aquela linha, representam o mesmo grau de satisfação ao 
consumidor, fazendo com que ele seja indiferente em relação a uma ou outra.
Outro conceito importante trabalhado aqui foi o de taxa marginal de substituição 
(TMS), que mostra o quanto é necessário abrir mão de uma determinada mercadoria, 
para conseguir mais da outra mercadoria. E concluiu-se que o valor do TMS é igual a 
razão entre a variação de uma mercadoria, dividida pela variação da outra mercadoria. 
TMS = Δx/Δy.
Porém, para finalizar as preferências dos consumidores, falamos sobre a questão 
da utilidade, onde para cada consumidor, uma determinada mercadoria satisfaz mais 
às suas necessidades do que outra mercadoria, em outras palavras, ele pode preferir 
abrir mão mais de uma mercadoria do que outra.
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Porém, o consumidor não pode simplesmente, na grande maioria dos casos, 
optar pela cesta platônica, pela cesta dos sonhos, por assim dizer. Existe a restrição 
orçamentária, que é o limite de gasto que ele possui para comprar aquela cesta. Para 
elaborarmos a chamada linha orçamentária em um gráfico, é necessário traçar as 
possibilidades de arranjos de mercadorias cuja soma resulte na restrição orçamentária. 
Px(X) + Py(Y) = I (restrição orçamentária).
Por fim, para encontrarmos a cesta ideal para o consumidor, é necessário encontrar 
aquela que se encontra na tangência entre a linha orçamentária e a curva de intolerância. 
O modo mais fácil de conseguir isso, é através do fato, como demonstrado na aula 
passada, que a cesta ideal é aquela cujo TMS é igual a divisão entre o preço das duas 
mercadorias. Ou seja, TMS = Px/Py.
Na aula de hoje, para finalizarmos as noções básicas de economia, se faz importante 
compreendermos a história e formação econômica de nosso país, o Brasil. Com isso 
dividiremos a nossa aula em algumas etapas: 
15.1 O Ciclo do Pau-Brasil
Título: “Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro no ano de 1500”
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil_Col%C3%B4nia#/media/Ficheiro:Desembarque_de_Pedro_%C3%81lvares_Cabral_em_Porto_Seguro_em_1500_by_
Oscar_Pereira_da_Silva_(1865%E2%80%931939).jpg 
A formação econômica do Brasil pode ser dividida em ciclos, sobretudo no 
seu início, onde se tinha a dominância de uma determinada mercadoria, que era 
produzida e vendida em maior escala do que as demais. Quando se trata do Brasil 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil_Col%C3%B4nia#/media/Ficheiro:Desembarque_de_Pedro_%C3%81lvares_Cabral_em_Porto_Seguro_em_1500_by_Oscar_Pereira_da_Silva_(1865%E2%80%931939).jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil_Col%C3%B4nia#/media/Ficheiro:Desembarque_de_Pedro_%C3%81lvares_Cabral_em_Porto_Seguro_em_1500_by_Oscar_Pereira_da_Silva_(1865%E2%80%931939).jpg
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Colônia, do período anterior a Independência, pode-se dizer que houveram quatro 
principais ciclos: o do pau-brasil, da cana-de-açúcar, do ouro e do café.
Antes de adentrarmos propriamente a questão do pau-brasil, é importante 
mencionar que em algum momento vão ocorrer similaridades com nossa aula da 
formação política do Estado brasileiro, uma vez que política e economia caminham 
de mãos dadas dentro da constituição de um Estado.
É importante lembrarmos alguns aspectos anteriores à chegada dos portugueses 
nas terras que posteriormente chamamos de Brasil. Portugal e Espanha eram 
consideradas as principais potências mundiais do século XV, junto à Inglaterra. 
Num contexto dominado por uma política econômica mercantilista, que o metalismo 
e a balança comercial favorável, as expansões marítimas tinham como objetivo, 
procurar novas rotas até o ocidente e sobretudo, o acúmulo de capital proveniente 
do comércio.
Nesse sentido, um fator que vai determinar a distinção do processo de colonização 
da américa portuguesa para com a américa espanhola, é que os espanhóis 
encontraram metais preciosos em seus territórios ‘descobertos’ rapidamente, 
enquanto os portugueses demoraram muito tempo para achar no território brasileiro. 
Com isso, como já mencionado na aula de formação do Estado brasileiro, os 30 
primeiros anos de América portuguesa são basicamente um abandono por parte 
de Portugal.
E é neste contexto histórico que temos o desenvolvimento do ciclo do pau-brasil, 
marcado por ser uma árvore localizada na costa litorânea brasileira, na qual sua 
extração não dependia de uma mão-de-obra fixa, sendo na grande maioria das 
vezes extraídas pelos indígenas em troca de pequenos utensíliosportugueses, e que 
tinha como finalidade comercial o mercado externo. Com isso, essa primeira relação 
comercial econômica da américa portuguesa, consistia apenas nos portugueses 
vindo até o território brasileiro, extraindo o pau-brasil, e voltando para a Europa 
para vendê-lo.
Como vimos anteriormente, a colonização em termos de povoamento do território 
brasileiro, vai apenas se inicia através das políticas das capitanias hereditárias. 
Que apesar da grande maioria das capitanias fracassaram em seus propósitos 
de forma plena, propuseram uma maior expansão de povoamento no território da 
américa portuguesa.
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15.2 O Ciclo da Cana-de-Açúcar
Título: Retrato de um Engenho de Açúcar em Pernambuco
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_a%C3%A7%C3%BAcar#/media/Ficheiro:Frans_Post_-_Engenho_de_Pernambuco.jpg 
As primeiras noções que precisamos ter com o desenvolvimento do ciclo da cana-
de-açúcar, é que a dinâmica da relação entre américa portuguesa e Portugal mudam. 
Se trata de uma economia agora que necessita de uma política de povoamento, que 
precisa de investimentos capital, é a replicação de uma experiência que já era bem 
sucedida nas colónias portuguesas africanas, e que vai passar ser mais sucedida 
aqui, e por fim, é um produto que necessita de uma vasta mão-de-obra, de forma 
completamente intensa.
Aqui, se tem a gamificação do Brasil como um produtor de commodities, onde vai 
se imperar os grandes latifúndios e a monocultura. Além disso, ao transportar esse 
modelo de produção para a américa portuguesa, os portugueses trazem também 
o mesmo modelo de mão-de-obra, o modelo escravista. Nesse contexto, por mais 
que a produção seja voltada exclusivamente para o mercado externo, uma vez que 
se tem um maior povoamento, se torna necessário o desenvolvimento inicial de um 
mercado interno.
Não demorou muito para que o Brasil se tornasse o maior produtor mundial de cana-
de-açúcar, durante pelo menos 100 anos pode-se dizer que se estabelece basicamente 
uma hegemonia neste sentido. Porém quando os holandeses passam a articular a 
produção de açúcar com os povos das antilhas e também se inicia a produção deste 
tempero via beterraba na Europa, a américa portuguesa vai perdendo sua completa 
dominância, apesar de continuar sendo um ponto de referência. Porém, uma nova 
descoberta mudaria os trilhos dos caminhos tomados pelos portugueses aqui neste 
território.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_a%C3%A7%C3%BAcar#/media/Ficheiro:Frans_Post_-_Engenho_de_Pernambuco.jpg
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15.3 O Ciclo do Ouro
Título: Retrato da Lavagem do Ouro em Minas Gerais
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_ouro#/media/Ficheiro:Rugendas_-_Lavage_du_Mineral_d’Or_-_pres_de_la_Montagne_Itacolumi.jpg 
Quando os portugueses notam a necessidade de um constante crescimento de 
investimento na produção agrícola da américa portuguesa, começam simultaneamente 
a ocorrer as conversas sobre a existência de ouro no interior do território, fazendo com 
que os portugueses de fato encararam esse processo de interiorização do território 
em busca desse ouro, sobretudo através do formato das chamadas expedições.
Quando os portugueses chegam no território que hoje é o estado de Minas Gerais, 
encontram um conjunto vasto de metais preciosos, principalmente o ouro. Logo, aquilo 
que a coroa portuguesa desejava alcançar desde o início, finalmente é encontrando, e 
dessa forma começa um processo de exploração em larga escala, que vai colocar o 
ouro como a principal mercadoria da américa portuguesa por um determinado período.
Porém, a estrutura produtiva do ouro é diferente das até então adotadas. Sendo a 
principal divergência o fato dela não necessitar de um investimento inicial tão alto, e 
gerar um produto extremamente mais valioso no mercado externo. Por mais que a 
grande parte da mão-de-obra continue sendo a escrava, você tem um desenvolvimento 
organizacional distinto, surgindo novas figuras, como os burocratas. 
É interessante que com a expansão do ciclo do ouro para o interior do território da 
américa portuguesa, o povoamento que se concentrava no litoral passa a adentrar o 
interior também.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_ouro#/media/Ficheiro:Rugendas_-_Lavage_du_Mineral_d'Or_-_pres_de_la_Montagne_Itacolumi.jpg
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15.4 O Ciclo do Café
Título: Escravos fotografados em uma fazenda de café
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_caf%C3%A9#/media/Ficheiro:Slaves_working_on_a_coffee_plantation_02.jpg 
O último ciclo dentro do Brasil Colônia, ou seja, que vai fazer parte da formação 
econômica deste país, é o ciclo do café. Então é importante termos em mente aqui, que 
ao longo desses 250 anos de américa portuguesa, se desenvolveu aqui uma economia 
baseada em commodities com o principal objetivo de abastecer o mercado externo.
É importante ter claro também, que o fim de um ciclo e o início de outro, não significa 
que extingue por completo o anterior, apenas ocorre uma mudança, essencial, naquele 
que se torna o principal produto dentro da economia da américa portuguesa. 
O ciclo do café vai ser extremamente importante para o Brasil, não só pelo fato de 
que ele vai se localizar nessa transição da política da colônia para o Brasil enquanto 
Estado independente, mas também, pelo fato que ele reformula a organização produtiva 
do país, sobretudo no que diz respeito a constituição de uma dinâmica de um mercado 
interno. Vale destacar também, que vai ser sobre as bases do café, que vão se criar 
as riquezas necessárias para dar início ao processo de industrialização do país.
Após o início do esgotamento do ouro no Brasil, começa a se ter a necessidade 
da produção de uma nova mercadoria, o café enquanto bebida, passava a se tornar 
cada vez mais importante nos EUA e na Europa, carregando consigo todo um status 
social. Observando essa crescente demanda, e notando que a planta se adaptou com 
facilidade em determinadas regiões do país, sobretudo na região sudeste, faz com 
que o café seja essa escolha.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_caf%C3%A9#/media/Ficheiro:Slaves_working_on_a_coffee_plantation_02.jpg
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Outra mudança produtiva importante que ocorre dentro do ciclo do café, é a abolição 
da escravatura e a necessidade da substituição pela mão-de-obra assalariada, que 
inicialmente vai ser utilizado os imigrantes, para suprir essa demanda de trabalho.
É possível notar o sucesso do ciclo do café no Brasil, visto que o país chegou a ser 
responsável por cerca de 45% das exportações de café do mundo, isso faz com que o 
Brasil consiga exercer um caráter quase que monopolista da determinação do preço 
do café. O que é interessante aqui, é que justamente por já possuir uma burguesia 
nacional, é que o direcionamento econômico dos interesses internacionais do café, 
não vão ser pautados em Portugal, mas sim, no Brasil.
Porém chega o momento em que a produção de café brasileira se torna muito grande, 
e somado ao fato de que cada vez mais aparecem outros produtores de café no mundo, 
começa ocorrer um prelúdio de uma crise de superprodução no Brasil. O governo 
brasileiro começa a comprar o café excedente para não falir os cafeicultores, porém 
já vai avisando para diminuírem a produção, e com isso vai surgindo a necessidade 
de aplicar esse capital que eles recebiam dessas vendas em outra área. E com isso, 
os cafeicultores do sudeste começam a investir na industrialização.
15.5 Industrialização
Título: Interior de uma Indústria do brasil em 1880
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5b/Fabrica_brasil_1880.jpg 
O processo de industrialização no Brasil ele se passa a intensificar de fato junto 
com a entrada do períodorepúblicano. Porém, não somente a transição de parte do 
capital proveniente do café para o investimento em indústrias que vai conduzir esse 
processo. Existem outros fatores que auxiliam nisso.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5b/Fabrica_brasil_1880.jpg
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Desde a Lei Eusébio de Queiroz, que proibia o tráfico negreiro no Brasil, os cafeicultores 
precisam remanejar aquele capital que era destinado ao investimento em escravos. 
Se uma parte ia para a nova mão-de-obra assalariada, a outra parte se destinava ao 
processo de industrialização. Esse processo passou a ganhar mais intensidade com 
a aprovação da Tarifa Alves Branco, que em busca de fortalecer a balança comercial 
brasileira, colocaram um imposto sobre o produto importados, fazendo com os 
cafeicultores deixassem de importar produtos de luxos e utilizassem este capital 
para incentivo industrial interno.
O processo de industrialização no Brasil toma outro rumo com a crise de 1929 e 
a Grande Depressão. Com a queda da bolsa de valores de Nova Iorque, os EUA, que 
eram os maiores consumidores de café brasileiro do mundo na época, precisaram 
revisar os seus gastos. Em um momento histórico do qual consideram uma das piores 
crises econômicas de todos os tempos, era inevitável que alguns cortes de gastos 
fossem realizados.
O café, como dito anteriormente, estava atrelado naquele momento histórico possuía 
uma outra dimensão do que possui outra, em outras palavras, era muito mais atrelado 
a um status. Em qualquer momento que exige corte de gastos é normal que deixe 
de consumir os considerados bens supérfluos, e mantenham os bens necessários. 
Nesse sentido, o café é deixado de lado momentaneamente, fazendo com que os EUA 
continue importando apenas 10% do que tradicionalmente importava.
15.6 Desenvolvimentismo
Título: Getúlio Vargas e Juracy Montenegro, primeiro presidente da Petrobras.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Petrobras#/media/Ficheiro:Presidente_Get%C3%BAlio_Vargas_recebe_em_audi%C3%AAncia_Juracy_Montenegro_
Magalh%C3%A3es,_primeiro_presidente_da_Petrobr%C3%A1s.tif 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Petrobras#/media/Ficheiro:Presidente_Get%C3%BAlio_Vargas_recebe_em_audi%C3%AAncia_Juracy_Montenegro_Magalh%C3%A3es,_primeiro_presidente_da_Petrobr%C3%A1s.tif
https://pt.wikipedia.org/wiki/Petrobras#/media/Ficheiro:Presidente_Get%C3%BAlio_Vargas_recebe_em_audi%C3%AAncia_Juracy_Montenegro_Magalh%C3%A3es,_primeiro_presidente_da_Petrobr%C3%A1s.tif
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Com a crise de 1929, foi necessário que o Brasil substituísse os bens de consumo 
importados, por bens de consumo nacionais, sobretudo os de caráter não-durável. 
Nesse sentido uma série de políticas públicas passam a ser adotadas como forma 
de incentivo ao processo de industrialização.
O principal nome político desse desse contexto histórico é Getúlio Vargas, onde 
ao longo dos seus 20 anos na presidência do Brasil, adotou uma política focada na 
industrialização do país, regulamentando o trabalho urbano e destinando grandes 
verbas para a indústria de base. Seu intuito era fazer a transição de um país de base 
agrícola para um país de base industrial.
A Era Vargas teve como consequência no setor industrial o desenvolvimento de 
importantes estatais em diversos setores como: petroquímica (Petrobrás), mineração 
(Companhia Vale do Rio Doce), siderurgia (Companhia Siderúrgica Nacional), bens de 
capital (Fábrica Nacional de Motores) e elétrica (Companhia Hidrelétrica de São Francisco). 
Esse contexto também foi marcado por outras grandes modificações; a substituição 
da mão-de-obra europeia pela mão-de-obra brasileira; um intenso processo de êxodo 
rural; o processo de modernização das capitais brasileiras, entre outros elementos.
15.7 Internacionalização
Com o governo de Juscelino Kubitschek e o seu famoso Plano de Metas que prometia 
avançar “50 anos em 5”, teve-se um novo momento na política econômica brasileira. 
Para alcançar esse objetivo o governo colocou em prática medidas de atração do 
capital externo, sobretudo através de incentivos tarifários, creditícios, fiscais e cambiais. 
Nesse sentido, se constituiu uma ampla implantação industrial de bens de consumo 
duráveis pautados no capital externo, um grande exemplo disso, foi a entrada de 
muitas empresas automobilísticas. 
A economia brasileira é sustentada em um tripé econômico: o capital privado 
nacional, o capital privado internacional e o Estado. Os primeiros constituídos por 
empresas genuinamente brasileiras, são justamente aqueles que aproveitaram o início 
da industrialização no processo de substituição das importações, dominando os bens 
de consumo não-duráveis e o setor têxtil.
No que diz respeito ao capital privado internacional, é constituído na sua grande 
maioria por multinacionais, sobretudo aquelas que adotam o modelo fordista-keynesiano 
de produção, se concentrando sobretudo nas indústrias de bens de consumo duráveis 
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e de bens de capital. Por fim, o estado continuava incentivando as indústrias de base 
decorrente do modelo varguista. 
Pode-se dizer, que apesar de ainda exercer um papel primário dentro da divisão 
internacional do trabalho, neste momento histórico o Brasil consegue consolidar de 
fato sua transição de um país predominantemente agrário para um país industrializado.
Com a entrada dos militares no poder se acentua ainda mais o processo de 
internacionalização da economia brasileira, basicamente em um movimento onde 
o Estado brasileiro investia cada vez mais em infraestrutura convencendo o capital 
externo a vir para o país, É nesse período que ocorre o chamado “milagre econômico” 
onde as taxas de crescimento do país foram elevadíssimas.
Porém esse crescimento teve seu custo. Além da crescente dívida externa, gerou-se 
aquilo que os economistas chamam de dependência econômica. Em outras palavras, 
o que aconteceu é que o Brasil se abriu tanto para as empresas privadas externas 
que a economia brasileira passou a depender delas e da tecnologia do exterior para 
o seu desenvolvimento econômico.
Quando o Brasil adentra aos anos 1980, o país era a oitava economia do mundo, 
mas ainda assim continuava sendo um país subdesenvolvido em termos industriais, 
marcado por inúmeros problemas sociais e a dependência financeira de países mais 
ricos. Muito disso se explica pelo fato do Brasil ser um país de industrialização tardia.
15.7 Modernização
Os anos 1990 foram marcados pela entrada do modelo neoliberal no Brasil, e com 
isso, ocorreu um processo chamado de modernização das indústrias brasileiras, com o 
objetivo de tentar tirar esse atraso industrial. O Brasil, sobretudo através de uma maior 
abertura econômica, de certa forma conseguiu modernizar seus parques industriais 
e melhorar sua produção interna. Atrelado a isso ocorreu um intenso processo de 
privatização das empresas estatais, um dos principais exemplos foi a Companhia 
Vale do Rio Doce, que se tornou a atual Vale.
Dentro desse processo, no início dos anos 1990 ocorreu também a redução drástica 
de impostos sobre produtos importados, que a primeiro momento foi uma faca de dois 
gumes para economia brasileira, uma vez que facilitava a modernização das indústrias, 
mas ao mesmo tempo incentivava os consumidores a comprar produtos importados.
Por mais que o Brasil tenha se modernizado, esse processo ainda não rompeu com 
a dependência do país para com as economias mundiais.
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CONCLUSÃO
Como já dito no final da última aula, chegamos ao fim do nosso curso. Espero que 
o caminho até aqui, na medida do possível, tenha sido proveitoso. Sei que alguns se 
familiarizarão mais e outros menos com o assunto, mas espero que todos tenham 
saído com a compreensãointrodutória do conhecimento político e econômico.
Porém, gostaria de incentivá-los a não terminarem seus estudos sobre estas duas 
áreas aqui. Não estou dizendo que você precisa fazer um estudo radical sobre política 
e economia, mas sempre que possível, tente buscar um pouco mais de conhecimento 
nesta área, garanto para você que dentro da profissão que vocês escolheram nunca 
vai ser demais esses estudos. E aqui, aproveito para relembrar e reforçar aquilo que 
disse na introdução deste trabalho para vocês, a formação de vocês quanto cidadãos 
é extremamente importante.
Para aqueles que se identificaram mais com o assunto e até mesmo visam seguir 
este caminho dentro do jornalismo, vejam essa disciplina como os primeiros passos de 
um caminho que vocês estão a percorrer, ou seja, todos os demais passos dependem 
destes primeiros, mas se não continuar caminhando, estes primeiros passos serão 
em vão. por isso incentivo vocês de uma forma especial, a continuarem estudo e 
pesquisando sobre esses assuntos.
Foi um prazer poder acompanhá-los nesse caminho, e espero, que todos vocês, 
independente dos que irão seguir nesta área ou não, de trabalharem com política/
economia ou não, possam continuar e terminar essa jornada.
“Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: ‘Proibido cantar’. 
Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: 
‘É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagens’. 
Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca.”
(Eduardo Galeano)
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ELEMENTOS COMPLEMENTARES
LIVRO
Título: O Livro da Política
Autor: Vários Autores
Editora: Globo Livros
Sinopse: A Globo Livros lança formato reduzido de O livro 
da política título da coleção As grandes ideias de todos 
os tempos. Com o mesmo conteúdo da publicação 
anterior, o livro mostra os conceitos que moldam a 
arte da política, compreendida aqui não só como o jogo 
disputado nos gabinetes do poder representativo, mas 
sobretudo como atividade inerentemente humana. Uma 
prática que, desde a antiguidade da China e da Grécia, 
leva os homens a desenvolverem ideias essenciais para reconhecer a primazia do bem 
coletivo sobre o anseio individual. Assim como os outros títulos da série, a obra traça 
a evolução do pensamento político a partir de grandes máximas que entraram para a 
posteridade, em ordem cronológica. O livro lança um olhar panorâmico: analisa não 
só as reflexões dos grandes teóricos, mas também as opiniões de quem fez política 
na prática. Pensadores como Confúcio, Platão, Tomás de Aquino, Maquiavel, Hobbes, 
Rousseau, Marx, Weber, Hannah Arendt, Noam Chomsky e o brasileiro Paulo Freire 
(entre muitos outros) dividem espaço, aqui, com líderes políticos do porte de Abraham 
Lincoln, José Martí, Gandhi, Lênin, Churchill, Che Guevara e Nelson Mandela, só para 
citar alguns.
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Título: Formação Econômica do Brasil
Autor: Celso Furtado
Editora: Companhia das Letras
Sinopse: A tese de doutoramento sobre a economia 
colonial, defendida na Sorbonne em 1948, e o primeiro 
ensaio sobre a economia brasileira contemporânea, escrito 
no ano seguinte, são o ponto de partida do livro mais 
conhecido de Celso Furtado, publicado em 1959: Formação 
econômica do Brasil. Quando o escreveu, na Inglaterra, 
Furtado imaginava explicar o Brasil para os estrangeiros. 
Acabou explicando para os brasileiros.
Título: O Livro da Economia
Autor: Vários Autores
Editora: Globo Livros
Sinopse: Escrito por um grupo de economistas, professores, 
jornalistas e analistas financeiros, O livro da economia 
apresenta as bases do pensamento que pautou a evolução 
e as diversas teorias da economia em todo o mundo. Numa 
escrita ágil, o livro aborda a história de como a humanidade 
criou e entendeu o dinheiro, o comércio, a especulação, as 
crises econômicas a partir dos principais nomes desta 
ciência. Fartamente ilustrado, O livro da economia é dividido em seis partes: “Iniciem 
o comércio (400 a.C.-1770)”, “A Era da Razão (1770-1820)”, “Revoluções industrial e 
econômica (1820-1929)”, “Guerra e depressões (1929-1945)”, “Economia no pós-guerra 
(1945-1970)” e “Economia contemporânea (1970-presente)”. Cada uma delas destaca 
teorias econômicas dos mais renomados pensadores, de Aristóteles a John Maynard 
Keynes, passando por Max Weber, John Stuart Mill, Vilfredo Pareto, Joseph Schumpeter 
e Paul Krugman. É possível entender, assim, a “mão invisível do mercado” de Adam Smith 
ou o “valor-trabalho” de Karl Marx, por exemplo. Mas também saber do surgimento do 
primeiro banco (Florença, 1397), das primeiras cédulas impressas (Banco da Escócia, 1696), 
da criação do FMI (1944) e do nascimento dos Tigres Asiáticos (acordo Japão-Coreia do 
Sul, 1965), além do impacto do vapor e dos computadores em importantes revoluções 
na história econômica humana. O livro da economia traz também glossário de termos 
específicos e apêndice com informações sobre outros economistas e suas contribuições 
ao estudo dessa área do conhecimento.
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FILME
Título: Trabalho Interno
Ano: 2010
Sinopse: A crise financeira mundial que aconteceu 
em 2008, causou a perda de milhões de empregos 
e casas e mergulhou os Estados Unidos em uma 
profunda recessão econômica. Matt Damon narra um 
documentário que fornece uma análise detalhada dos 
elementos que levaram ao colapso e identifica peças-
chave do mundo financeiro e político. O diretor Charles 
Ferguson realiza uma gama de entrevistas e traça a 
história dos Estados Unidos para a China, para a Islândia 
e para outros mercados financeiros mundiais.
Título: Getúlio
Ano: 2013
Sinopse: A intimidade de Getúlio Vargas (Tony Ramos), 
então presidente do Brasil, em seus 19 últimos dias 
de vida. Pressionado por uma crise política sem 
precedentes, em decorrência das acusações de que teria 
ordenado o atentado contra o jornalista Carlos Lacerda 
(Alexandre Borges), ele avalia os riscos existentes até 
tomar a decisão de se suicidar.
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Título: Capitalismo: Uma História de Amor
Ano: 2009
Sinopse: Michael Moore apresenta uma análise de 
como o capitalismo corrompeu os ideais de liberdade 
previstos na Constituição dos Estados Unidos, visando 
gerar lucros cada vez maiores para um grupo seleto 
da sociedade, enquanto que a maioria perde cada vez 
mais direitos.
WEB
[Fazer um texto de apresentação do link com até 03 linhas ou 250 caracteres].
<http://www.abc.com.br>
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	Introdução a Ciência Política
	O Conceito de Poder
	O Conceito de Estado
	A História do Pensamento Político - I
	A História do Pensamento Político - II
	As Funções do Estado
	As Formas de Estado e os Sistemas de Governo
	As Formas de Governo
	A Formação do Estado Brasilero
	Introdução a Economia
	História do Pensamento Econômico - Parte I
	História do Pensamento Econômico - Parte II
	A Microeconomia e a Macroeconomia
	Teoria do Consumidor
	Formação Econômica do Brasil

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