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MÓDULO ÉTICA PROFISSIONAL

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1 
 
CCuurrssoo aa DDiissttâânncciiaa:: 
 
 
PPrrooggrraammaa ddee 
EExxcceellêênncciiaa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MMÓÓDDUULLOO ÉÉTTIICCAA PPRROOFFIISSSSIIOONNAALL 
 
Arquiteto Jaime Pusch 
Castro - 2010 
 
 2 
MMÓÓDDUULLOO ÉÉTTIICCAA PPRROOFFIISSSSIIOONNAALL 
 
As informações contidas nesse estudo nos possibilitarão a familiarização com esse 
tema, que é bem interessante, bem como entender qual deve ser o comportamento de um 
profissional quando se deparar com situações comuns do nosso cotidiano. 
Vale lembrar que esse assunto dificilmente é abordado nos cursos de graduação, mas 
torna-se cada vez mais importante em nosso mundo competitivo. 
Este material foi elaborado pelo Arquiteto Jaime Pusch. 
 
Acesse o currículo: 
http://creaweb.crea-pr.org.br/pro-crea/arquivosAula/curso11/modulo1/aula2/cv_jaime_puch.html 
E a bibliografia recomendada: 
http://creaweb.crea-pr.org.br/pro-crea/arquivosAula/curso11/modulo1/aula2/a1_bibliografia.html 
 
Serão abordados os seguintes assuntos em nosso curso: 
• que é ética 
• que é responsabilidade 
• que é deontologia 
• Reflexões e informações importantes 
 
Abordaremos neste módulo a visão da ética e da responsabilidade do profissional no 
campo da edificação, frente ao seu produto e ante as suas relações humanas e laborais. 
É importante entendermos alguns conceitos para o desenvolvimento do assunto. 
 
Há duas ciências que tratam das relações humanas, seja das pessoas entre si e 
destas com as coisas: o Direito e a Ética. Não fica de fora desta apreciação o ato de 
projetar ou executar edifícios. A parametrização e o controle da conduta humana se dá 
pela norma, quer seja ela a norma ética ou a jurídica. Ambas afetam de forma decisiva a 
concepção e execução de uma edificação. 
 
Assim, tanto um projeto como sua execução em si, além de ter todas as 
 
 3 
características técnicas, tais como planificação, controle, etc., não pode se esquecer das 
relações humanas tratadas no Direito e na Ética. 
 
Para complementar esse raciocínio, vamos compreender o que é ÉTICA. 
 
O QUE É ÉTICA 
 
A Ética se apresenta como um nicho do conhecimento humano no campo da 
Filosofia . Debruça suas atenções sobre este universo do pensamento humano, buscando 
estabelecer os liames das inter-relações do homem. Procura conceituar valores morais, 
condutas e diretrizes comportamentais para o homem. 
 
Trata-se de um ramo das ciências humanas que tem por alvo o elemento humano 
sempre em mutação. A Ética é intimamente ligada à Moral, mas com ela não se confunde. 
Ocupa-se a Ética, em sentido amplo, da conduta humana perante o ser e seu semelhante, 
enquanto a Moral investiga os valores espirituais manifestos pelo indivíduo. 
 
Ética - parte da Filosofia que trata da conduta humana em sociedade. 
Moral - parte da Filosofia que trata dos valores espirituais do homem. 
 
Etimologicamente, a palavra Ética deriva do grego antigo éthos. Primitivamente, 
traduzia a idéia de morada, lugar de se viver ( ethé ), após, passou a ter o sentido daquilo 
que o homem traz dentro de si, a sua atitude de raiz psíquica. Nesta fase, a palavra evolui 
de um significado material para um espiritual, conservando uma certa similaridade com o 
conceito latino posterior de Moral. Mas Aristóteles tem um entendimento mais específico: 
é o modo-de-ser e o caráter do indivíduo, passando a ter a conotação de conduta, ação 
perceptível e apreciável que modernamente ainda se conserva. 
 
Moral deriva do latim mos, moris. Seu significado traduz a ampla idéia de uso, 
costume, comportamento, estado das coisas, direito, modo de vestir-se, preceito, desejo. 
 Com o tempo, passou a definir a personalidade formal de cada um no processo de 
 
 4 
assimilação dos valores espirituais comungados com o coletivo. 
 
ÉTICA PROFISSIONAL 
 
Podemos selecionar, segundo uma qualidade comum, um subsistema do grande 
sistema social, destacando grupos segundo suas peculiaridades étnicas, culturais, 
geográficas, lingüísticas e assim ao infinito. 
 
Da mesma forma, pode-se dar também pela qualidade da inserção do indivíduo no 
processo econômico, pela característica comum da sua especialização produtiva. Assim, 
identificamos um subconjunto que é o universo profissional, onde todos os seus 
componentes possuem uma característica identificadora similar que é sua profissão . 
 
Para o nosso caso, temos nesse grupo engenheiros e arquitetos projetistas u 
executores de edifícios. As ligações éticas desses indivíduos para com o grupo maior, a 
sociedade, continuam a se verificar, mas novos laços éticos serão verificados e só estão 
presentes entre os elementos deste grupo. Além da ética geral, será observável uma ética 
específica. 
 
O QUE É RESPONSABILIDADE 
 
As relações interpessoais, quer sejam de um indivíduo para com outro, para com a 
sociedade ou para com o estado, são geradoras de obrigações. Quando estabelecida 
uma relação regida por um pacto, normalizada ética ou juridicamente, vem como 
conseqüência uma ou mais obrigações para as partes. 
 
Obrigação: relação pela qual alguém deve dar, fazer ou se abster de fazer algo 
para outrem. 
 
No plano ético, a obrigação é exigível pelo ditame moral, por dever de consciência. 
 Já no plano jurídico, a obrigação é exigível por força de lei, desde que seu objeto 
 
 5 
seja lícito e possível. Este dever é tutelado pelo poder judiciário, instrumento do Estado 
para dizer o direito (jurisdição). 
 
As obrigações têm três elementos: 
 Subjetivo - os sujeitos, as pessoas envolvidas na obrigação; 
 Objetivo - , que é o objeto, a prestação, ou seja, a coisa ou a ação que configura a 
materialidade da obrigação; 
 Vínculo - que é a própria essência, a razão de ser da obrigação. 
 
Uma obrigação pode ser: 
 • Unilateral – É a obrigação do pai em manter o filho, de pagar tributos, de prestar 
serviço militar, de votar, de fazer uma doação prometida. 
 • Recíproca - Comprar e vender, permutar, prestar um serviço sob remuneração, 
que gera obrigações simultâneas a ambos os sujeitos. 
 
No caso de obrigações recíprocas temos o devedor (aquele que tem o dever de 
obrigação) e o credor ( aquele que tem o direito de receber a prestação). 
 
O vínculo, de caráter jurídico, possui dois aspectos a saber: dever e 
responsabilidade. 
 
Dever: É o cerne da obrigação, é o motor do cumprimento da obrigação do 
devedor ao credor. A obrigação quando cumprida voluntariamente, realizado o dever de 
moto próprio pelo devedor, cessa sem nenhuma sanção. 
Dever - ação voluntária de pagamento da prestação de uma obrigação. 
 
Responsabilidade: Quando o devedor não cumpre o dever, tornando-se 
inadimplente de sua obrigação, ele gera o direito ao credor de exigi-la e solicitar a tutela 
jurídica para o cumprimento da obrigação. O devedor responde pelo descumprimento da 
prestação e o expõe à sanção da lei. É condição sine qua non para a responsabilidade o 
descumprimento de um dever. 
 
 6 
Responsabilidade - é a condição do sujeito que em descumprimento de dever 
expõe-se à reparação coercitiva. 
 
Além da lei e da manifestação da vontade das partes, outra fonte de obrigação é o 
ato ilícito. Como vimos, a conduta humana é balizada pela norma. No mundo ético, não é 
próprio falar-se de ato ilícito, mas de condutas reprováveis moralmente. Já no jurídico, a 
conduta reprovada pela lei é a danosa e exclui da licitude toda a ação que possa causar 
dano à pessoa ou à sociedade e seus bens. O autor do ato ilícito responde pelo dano 
causado por sua conduta e tem a obrigação de repará-lo e submete-se à sanção que a 
lei determinar . 
 
Ato ilícito - conduta contrária à norma que viola direito ou produz dano ao terceiro. 
 
O autor do ato ilícito é então também responsável pela obrigação, tanto quanto o 
inadimplente de dever. A culpa é o descumprimento do dever ou o ato ilícito causado por 
indivíduo. É culpado aqueleque, por ação ou omissão, por vontade, imperícia, negligência 
ou imprudência realiza conduta que causa dano e quando assumida por vontade para 
produzir o resultado do ato ilícito, chama-se dolo. 
 
Culpa - elemento subjetivo do ato ilícito onde o agente é responsabilizado pelo 
dano causado. Dolo - vontade consciente de produzir resultado ilícito. 
 
Qualquer profissional qualificado e habilitado para o exercício de profissão 
regulamentada é detentor de uma gama de conhecimentos técnicos, artísticos e 
científicos. Na sua prática profissional está implícita a obrigação de bem usá-los. É um 
dever seu a aplicação das melhores soluções técnicas para a consecução de seus 
serviços e obras. O descuido da conduta técnica com qualquer procedimento de seu 
domínio intelectual gera descumprimento de dever de ofício e o torna responsável técnico 
pelas conseqüências. 
 
Responsabilidade técnica - é a responsabilidade decorrente da não prestação de 
 
 7 
dever de arte, ofício ou profissão técnica que cause lesão a direito ou dano a terceiro. 
 
O que é deontologia? Na prática, um problema surge: Como a Ética, a Moral e o 
Direito podem estabelecer diretrizes concretas de comportamento do homem? Esta 
questão remete à normativa de condutas, à padronagem de procedimentos, ao 
estabelecimento de parâmetros, limites e modos de fazer. Este é o objeto da Deontologia. 
A palavra foi criada por Jeremy Bentham a partir de radicais gregos: déon + ontos + logos 
(deon – dever; ontos – ser; logos - conhecimento). Do grego, temos o radical déiontos, 
que significa necessidade. É o campo da Filosofia que volta sua atenção sobre os 
deveres do homem, sobre a sua conduta necessária. 
 
Deontologia - ciência do campo da ética que estuda os sistemas de moral, 
tratando do dever. 
 
A importância da Deontologia fica evidente quando visamos chegar ao sistema de 
normas profissionais e aos deveres do profissional ante seu labor, seu grupo social 
específico e a sociedade. Em cada momento o profissional se deparará com normas, que 
estarão, além de recomendando atitudes e vedando condutas reprováveis, apontando 
para o que deve ser feito. 
 
Deontologia profissional - O indivíduo, além dos deveres morais e jurídicos 
impostos a comunidade, assume deveres de ordem profissional específica. O subsistema 
profissional tem inter-relações internas, e é parte integrante e interage com o sistema 
social. Neste aspecto, o circuito ético interno da profissão reflete e tem interesse para a 
comunidade social em geral. O que faz ou deixa-se de fazer na prática profissional afeta a 
todo o conjunto de indivíduos, a toda a sociedade. 
 
A partir desta consideração, podemos ensaiar o grande princípio da ética 
profissional: O exercício de uma profissão é voltado para a satisfação dos interesses do 
homem e da sociedade. Considerando os preceitos da ética, podemos montar um quadro 
de deveres e estabelece-los em três ordens: 
 
 8 
 Primeira – Os deveres para com o usuário, beneficiário ou consumidor (deveres 
com a sociedade). 
 Segunda – Os deveres com os demais agentes da produção, os outros 
profissionais e os colegas (deveres de classe). 
 Terceira – Os deveres com a própria profissão, o cuidado com a própria ferramenta 
intelectual, o campo prático de saber que lhe titula. 
 
Nem por isso tais deveres seriam divisíveis em três grupos deontológicos distintos, 
mas devem ser observados tanto no trato com a profissão, com os demais agentes de 
produção, bem como, com os beneficiários do processo. 
 
Deveres profissionais fundamentais: 
• Conhecimento - o profissional deve conhecer todos os fundamentos científicos, 
técnicas e métodos que fazem o conteúdo de seu ofício. Esse domínio o distingue do 
leigo a quem presta uma utilidade. A formação intelectual adequada e continuada, na 
teoria e na prática, é o fator qualificador do profissional. 
• Serviço - a profissão é um instrumento de serviço da humanidade. O profissional é um 
agente da profissão . Seu objetivo é servir à humanidade, tanto no plano individual 
como no social, mesmo sendo a profissão a fonte de sustento do indivíduo. 
• Identidade - profissional e profissão são elementos de um corpo único. Sem vocação, 
a atividade escolhida não será fonte de prazer. Sem prazer, o produto não trará a 
marca da personalidade do produtor, não terá expressão como arte. A qualidade será 
meramente formal, talvez eficaz, mas não apresentará superação. O homem que 
ostenta um título profissional representa a própria profissão em seu contexto cultural e 
em sua dinâmica histórica. 
• Dedicação - a especialidade a que se propõe é prioritária no cotidiano do profissional. 
Sua colocação nas estruturas de produção faz de sua atividade não só fonte de seu 
sustento como seu mister maior. A ostentação de um título profissional obriga a 
aplicação do tempo e do intelecto do profissional com prioridade à sua profissão. 
• Autocrítica - o primeiro avaliador do trabalho de um profissional é ele próprio . Antes de 
submetê-lo à apreciação de terceiros ele deve apreciá-lo. A convicção de prestação de 
 
 9 
uma utilidade em seus aspectos múltiplos , metodológicos, técnicos, científicos, 
artísticos deve ser, sem complacência submetido ao crivo próprio. A prática da 
autocrítica impede de o profissional ir além dos seus limites pessoais, evitando 
exorbitâncias, imperícias, imprudências e erros. A reflexão sobre seu próprio trabalho é 
fator motivador da busca da melhoria pessoal e do incremento de qualidade em seu 
serviço. 
• Qualidade - a especialização por si só aponta na melhor qualidade de um produto em 
relação à não-especialização. O resultado do serviço do profissional necessariamente 
é melhor que o do não-profissional. O especialista tem o dever de produzir um serviço 
que almeje progressivamente a melhoria de qualidade do seu produto e do seu meio. 
• Perícia - pressupõe-se que o especialista é perito em sua especialidade. Ele é 
detentor dos conhecimentos necessários ao desempenho de seu ofício. Tais 
conhecimentos, porém, são limitados. O profissional é perito no que sabe, não 
devendo ir além destes limites, mesmo que as circunstâncias legais ou contratuais 
sejam complacentes. Dentro de seus limites intelectuais, deve agir com o máximo 
denodo e destreza . 
• Competência - entenda-se competência não só no sentido vulgar de habilidade, 
destreza, perícia. Competência é a capacidade de competir. Em um mundo com 
tendências liberalizantes, mais que um direito, competir é um dever. Entende o 
pensamento liberal que a livre competitividade promove o desenvolvimento. Se o 
profissional é um agente de desenvolvimento, seu dever é ser competitivo. 
Competência é procurar oferecer produtos e serviços melhores que os correntemente 
ofertados. Competência é superar as marcas anteriormente ou usualmente 
conseguidas. Competência é, minimizando os recursos, otimizar os resultados. 
• Sociabilidade - não se pode esquecer que o profissional faz parte de pelo menos dois 
grupos sociais: a sociedade e o grupo de sua especialidade, a sua classe profissional. 
Os conhecimentos de sua profissão, além de serem um patrimônio de toda a 
humanidade, são compartilhados pelos membros de sua classe. Numa perspectiva 
histórica, estes conhecimentos são o produto do acúmulo do trabalho de milhares de 
homens e mulheres que nos antecederam. Muitos deles, não raramente, vindos desde 
tempos imemoriais. O profissional é apenas um elemento deste complexo cultural, 
 
 10 
embora o represente pessoalmente. A postura social do indivíduo deve superar seu 
egoísmo. É seu dever compor e participar tanto de sua sociedade como de sua classe 
com espírito cooperativo, desenvolto e integrado. 
 
A Deontologia (do grego deon – dever; ontos - ser; logos – conhecimento) nos mostra 
que o profissional tem deveres com a sociedade, com a sua classe e profissão. Ele deve 
primar pelos deveres fundamentaisda profissão que são: Conhecimento, Identidade, 
Dedicação, Serviço, Qualidade, Autocrítica, Perícia, Competência e Sociabilidade. Agora 
que já compreendemos os fundamentos da moral e da ética e seus desdobramentos, 
vamos analisar e fazer uma reflexão sobre como ocorrem na nossa sociedade. 
 
REFLEXÃO E INFORMAÇÕES IMPORTANTES 
 
Atribuição e capacidade de projetar. 
 
Por força de resoluções do CONFEA, amparadas em legislação federal, todo 
profissional tem como competência fazer projetos e executar obras. Ser projetista ou 
executor em sua modalidade é uma forma de atribuição natural. 
 
Tanto atribuição como a capacidade impõe fronteiras à primariamente livre e 
ilimitada ação que a pessoa, no exercício de uma profissão, tem para ir ao seu meio e 
agir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Primeiramente, tentemos deixar clara a diferença entre atribuição e capacidade 
 
 11 
 
Atribuição Capacidade 
Faculdade de fazer Poder de fazer 
Limitação externa do profissional Limitação que tem dentro de si 
Lei impõe limite Habilidade e conhecimento impõe limite 
Nivela a todos pela média Individualiza o profissional, destacando 
de acordo com a sua criatividade 
Genérica e abstrata Individualizada e verificada na prática 
 
Este aparente conflito conceitual entre o que posso fazer e o que me deixam fazer 
se resolve pela via ética. É necessário, no entanto, assumir uma conduta razoável 
atendendo aos próprios limites. É um postulado ético que as nossas profissões se 
caracterizam pelos “resultados sociais, econômicos e ambientais do trabalho que 
realizam” (CEP, art. 4º). 
 
Isto quer dizer que temos compromisso com os resultados, desde a concepção de 
um projeto de edifício, até sua realização e uso final. E os resultados só podem ser 
atingidos se empregarmos toda nossa capacidade de realização naquilo a que nos 
dedicamos. Assim como, se limitarmos nossa dedicação dentro dos parâmetros exigidos 
em lei. A profissão se realiza pelo alcance dos resultados propostos, através do emprego 
da capacidade individual, dentro das atribuições legais. 
 
Um outro conceito interessante para esta reflexão é o que diz que não deve o 
profissional“aceitar trabalho, contrato, emprego, função ou tarefa para os quais não tenha 
a devida qualificação” (CEP, art.10, II, ‘a'). Qualificação é exatamente estar preparado e 
habilitado para o exercício de uma profissão. 
 
Estar preparado tanto no sentido de ter sido educado para tal, como no de ter o 
poder pessoal de resolução. Estar habilitado é preencher os requisitos formais da 
regulamentação da profissão, entre eles, a observância das atribuições profissionais de 
sua modalidade. No efetivo exercício ético profissional não só é suficiente o gozo das 
 
 12 
faculdades delegadas pelas atribuições profissionais, como é necessária real capacidade 
de desempenho de suas tarefas . 
 
Regulação e controle da atividade projetiva e executiva 
 
Poder de polícia. 
Assunto do Direito Administrativo que se torna interessante para o posicionamento 
do profissional ante a administração pública. O poder de polícia emerge da tensão entre a 
autoridade da administração pública e a liberdade individual. Seu objetivo é fazer valer a 
supremacia do interesse coletivo sobre o do indivíduo. 
 
Os órgãos públicos exercem esse poder de defesa dos interesses da sociedade e 
do Estado, impondo normas de conduta formal ao indivíduo. Cada órgão público é dotado 
de autoridade sobre uma determinada esfera de competência. A lei dispõe sobre a 
competência do órgão como forma de limitar sua ação autoritária em defesa da 
coletividade. 
 
Ainda que o instituto do poder de polícia vise a proteção e a incolumidade social, os 
direitos individuais devem ser respeitados. O poder de polícia não é arbitrário, devendo 
ser exercido dentro do princípio da legalidade. Ato da administração pública no exercício 
de seu poder de polícia que fira a esfera de direitos subjetivos é passível de exame pelo 
Poder Judiciário. 
 
Em nosso universo profissional diversos são os organismos da administração que 
detêm o poder de polícia sobre nossa atuação. O Município com suas posturas, a Polícia 
Militar com sua vigilância da ordem pública, os organismos de preservação ambiental, as 
instituições de saúde pública, etc. Neste complexo destaca-se o CREA, com poder de 
polícia sobre a prática formal específica das profissões convergentes para o projeto 
edilício. 
 
 
 
 13 
Dano: Há dois conceitos de dano. 
 
No Direito Civil, dano é o prejuízo ou a perda de um bem juridicamente protegido. 
No Direito Penal, é a destruição, inutilização ou deterioração de coisa alheia. É o 
resultado de conduta que muda, num bem de terceiro, o seu estado de indene (in + dene 
= sem dano ). O bem a que se refere à lei tem alcance não só a bem material ( patrimonial 
), mas também o bem pessoal, moral ou estético (extra-patrimonial). O dano ocorre em 
duas condições: provocado na esfera jurídica de terceiro e ser resultante de ato ilícito. A 
pessoa que lhe deu causa, culposa ou dolosamente, responde pelo dano. A conseqüência 
do ato é a obrigação civil de repará-lo, restaurando o seu estado primitivo de indene 
através da indenização 
 
No Campo Penal, dano é tipificado como crime, respondendo o autor com a pena a 
ele cominada. O agente causador do dano é por ele responsável. Se decorrente de 
procedimento próprio de profissão, arte ou ofício, surge o responsável técnico, cabendo 
penalidade administrativa. 
 
Contrato 
 
Define-se contrato como "o acordo de vontades para o fim de adquirir, resguardar, 
modificar ou extinguir direitos". O ato contratual não deve ser confundido com seu 
instrumento, eis que este é o assento documental formal do acordo de vontades, mesmo 
porque, contratos verbais não instrumentados são possíveis. A validade de um contrato 
exige certos requisitos: 
• As partes - Deve haver um contratante e um contratado. 
• A capacidade contratual - Os sujeitos contratantes devem ser capazes para sua 
realização 
• O objeto - Deve existir um objetivo. Mais que existente, o objeto deve ser lícito, possível 
e determinado. 
• A forma - Certos tipos de contrato são executados segundo uma forma legal e deve ser 
a prescrita ou não proibida em lei. É um ato jurídico privado, mas regulado em lei. 
 
 14 
 
Propriedade intelectual 
 
Quando falamos em propriedade, nos vem à mente a idéia de bens imobiliários 
(terra, suas plantações, edificações, objetos móveis palpáveis). Estes bens são materiais. 
Há outra gama de bens não materiais que sujeitam-se à relação de propriedade que no 
entanto não são palpáveis. São os chamados bens incorpóreos ou imateriais. 
 
Aos bens decorrentes da produção literária, científica, artística ou aqueles da 
tecnologia que objetivam invenção, desenho ou modelo industrial, estabelece-se a relação 
de propriedade intelectual com seu criador. É uma forma de direito dominial que se origina 
da geração, da criação de bem incorpóreo. Um livro que você tenha em mãos é sua 
propriedade, enquanto livro-objeto. Já a literatura, a criação das idéias que ele transmite 
são propriedade do autor. 
 
Para os profissionais de nossa esfera projetiva, este conceito se torna importante 
na relação com o cliente. Um edifício é propriedade do cliente que o mandou executar. 
Mas, a idéia de sua concepção, o desenvolvimento tecnológico para sua realização são 
propriedades intelectuais do profissional. 
 
Em última análise, um projeto é de propriedade do profissional que o elabora. O 
cliente tem o direito contratual de sua realização no plano de sua propriedade material. Os 
direitos de autoria, de marcas e de invenção são o vínculo de domínio do autor com a 
produção intelectual. 
 
Direito de construir 
 
Construir é conseqüência lógica do direito de propriedade. É forma de fruição da 
propriedade imobiliária, o solo, sendo o edifício acessório patrimonial do principalque é o 
imóvel. Constitucionalmente, há um limitador para o direito de propriedade, qual seja, o 
interesse social. Estes limites se encontram na legislação ordinária, na forma dos direitos 
 
 15 
de vizinhança e na regulamentação administrativa. Antecedem à prática construtiva certas 
faculdades dos vizinhos e do interesse coletivo, dispostos em regras administrativas, que 
condicionam sua execução. O projetista da edificação deve, ao servir seu cliente 
proprietário e titular deste direito, estar atento aos interesses dos vizinhos e às 
determinações administrativas. As penalidades pela transgressão vão desde multas 
pecuniárias, ao embargo e até ao confisco e à demolição compulsória, havendo ainda a 
eventual obrigação de indenização por danos. O projetista pode ser responsabilizado se 
der causa ao fato ilícito. 
 
Concursos e licitações 
 
A administração pública vale-se, na prestação de serviços públicos, da prerrogativa 
de contratar profissionais para desenvolverem tarefas como agentes da administração, ou 
na prestação eventual de serviços. Oferecem-se oportunidades para os profissionais de 
engenharia e de arquitetura e de todas as outras profissões de prestarem serviços ao 
poder público, quer seja ele Federal, Estadual ou Municipal, quer seja do Executivo, do 
Legislativo ou do Judiciário. A administração é sempre um potencial consumidor de 
serviços profissionais. Há duas formas de prestação de serviços à administração: 
 
Funcionário público - Profissional pessoalmente desempenha atividade técnica 
permanente. 
 
Autônomo ou empresa - Presta serviço específico sem vínculo empregatício. Em 
ambos os casos, a prestação se dá por via contratual. Uma difere da outra pela forma de 
acesso. 
 
No vínculo como empregado público, o profissional é selecionado por concurso 
público. Convocado por edital, as regras são preestabelecidas, a matéria de conteúdo a 
ser examinada é definida e a igualdade de condições entre os candidatos é assegurada. 
É selecionado o que apresentar melhor preenchimento de requisitos, o mais capaz. Na 
modalidade de serviços eventuais, seleciona-se por licitação. Nesta forma de acesso, em 
 
 16 
tudo semelhante ao concurso, seleciona-se o que oferecer melhores condições de 
execução do objeto desejado, destacando-se melhor preço e técnica. 
 
Os concursos de projetos para obras de maior repercussão atendem à formalidade 
licitatória. Há, no entanto, um dispositivo legal que prevê dispensa de licitação para 
serviços de pequena monta ou de que só haja um profissional disponível para prestá-lo. 
 De qualquer forma, a prestação de serviços técnicos à administração se dá pela 
competição com igualdade de condições. 
 
Nomeação direta - A pessoa é designada pela autoridade para o desempenho de 
determinada função em caráter pessoal, os chamados cargos em confiança ou 
comissionados. Têm função política e são sempre desempenhadas em caráter precário. 
 
Erro técnico: Juridicamente o erro é um vício da vontade consistente na percepção 
falsa da realidade, quando há um descompasso entre o que se quer fazer e o que 
efetivamente acontece no mundo real. É um vício de vontade aparente no resultado, 
decorrente de incúria com norma ou preceito de arte, profissão ou ofício. Ocorre quando o 
agente, pessoa habilitada para determinada prática, age com dolo, imprudência, 
negligência ou imperícia. Processualmente, só pode se dar mediante perícia técnica 
elaborada por profissionais que tenham o domínio de conteúdo da questão. O juiz tem a 
prerrogativa de julgar e, como leigo na questão técnica, vale-se da perícia como meio de 
prova. 
 
O erro técnico se manifesta por resultado diverso do esperado, normalmente com 
dano , patrimonial ou extrapatrimonial. Quem pratica ato viciado, mediante erro, é 
responsável pelos danos a que der causa. No erro técnico, além das responsabilidades 
civis e criminais, tem o agente ainda a responsabilidade técnica. Sujeita-se, além das 
penalidades previstas na lei civil e penal , às sanções administrativas. 
 
No caso de engenheiros e arquitetos, quando praticado erro técnico, além das 
reparações indenizatórias e da submissão a penas criminais, responde ante o órgão 
 
 17 
administrativo que tiver poder de polícia sobre a prática de sua profissão. Neste caso, o 
erro técnico pode ser apreciado e penalizado pelo CREA, desde que haja legislação 
específica que contemple a ocorrência em questão. O erro técnico, se não tem origem no 
projeto, é decorrente de inobservância executiva de alguma prescrição contida nele. 
 
Direito do consumidor 
 
A Constituição Federal de 1988 consagra o cidadão como consumidor de bens e 
serviços e titular de direitos específicos nesta especial relação econômica. Dentro do 
Direito Civil, a matéria é já objeto de codificação distinta. Como cidadão, o profissional é 
consumidor e titular destes direitos. Mas, ao prestar serviços ou fornecer bens de sua 
produção técnica é encarregado de obrigações face ao consumidor. O serviço técnico tem 
o mesmo enfoque que qualquer outro serviço à luz do Código de Defesa do Consumidor . 
O consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço 
como destinatária final. Os produtos são quaisquer bens móveis ou imóveis, materiais ou 
imateriais. Os serviços são quaisquer atividades fornecidas ao mercado de consumo, 
mediante remuneração, exceto as de caráter trabalhista (lei específica).Verifica-se que 
aqueles postulados que já tínhamos como sendo do compromisso ético destas profissões, 
aqui é norma legal de cumprimento coercitivo. 
 
E assim, finalizamos o módulo de ETICA e RESPONSABILIDADE. 
 
Como pudemos constatar ao longo desse estudo, o bom profissional sempre será 
distinguido não somente pelas suas qualidades técnicas e criatividade, mas também pela 
ética e por sua responsabilidade com toda a sociedade e, em especial seus clientes, que 
no final das contas são o seu maior patrimônio.

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