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AULA 5.1 - CIRURGIA Doenças inflamatórias intestinais RESUMO AULA Aqui iremos abordar sobre a retocolite ulcerativa (RU) e doença de Chron (DC). Adotaremos essas siglas para agilizarmos. Epidemiologia - Maior incidência na América do Norte e países da Europa - RU ligeiramente mais prevalente - Maior incidência entre 20 e 40 anos de vida - Homens e mulheres igualmente. Mais na raça branca - História familiar= fator de risco - Influência ambiental - Curiosidade: a apendicectomia antes dos 20 anos tem efeito protetor na ocorrência da colite ulcerativa no futuro. Fisiopatologia: genética, ambiente e imunidade 30 genes específicos da DC 20 da RU ● Desequilíbrio imune entre a mucosa e microflora entérica = inflamação local ● Resposta imune desregulada e uma ação contra as bactérias não patogênicas comensais ● Ativa resposta imune e celular (células T) com liberação de interleucinas citotóxicas contra as células epiteliais (IL-13) ● Elevação do fator de necrose tumoral (TNF- alfa). Características de locais acometidos Doença de Crohn: em qualquer local do TGI, podendo ocorrer úlceras transmurais, mais comum no íleo distal e cólon proximal. Autores dizem que o Crohn atinge da boca ao ânus. Retocolite Ulcerativa: limita-se ao cólon e reto Ambas aumentam o risco de câncer colorretal. Patologia Retocolite ulcerativa inespecífica Inflamação e úlceras que se restringem a lâmina própria. Inicia-se no reto e pode acometer todo o cólon com padrão contínuo. Histologicamente: necrose, inflamação e abscessos → alteração da arquitetura das criptas → metaplasia de células de Paneth (epitélio do intestino delgado) 1. Imagem macroscópica, fonte: https://anatpat.unicamp.br/pecastgi23.html 2. Imagem histológica, fonte: https://anatpat.unicamp.br/lamtgi5.html Quadro clínico - Hematoquezia - Diarreia com muco - Tenesmo (sensação de evacuação incompleta) - Urgência para defecar - Dor abdominal - Constipação - Febre + fadiga + perda de peso - Períodos de remissão e exacerbação. Manifestações Extraintestinais - Artropatias: 20-25% (grandes articulações). Espondilite anquilosante - Oculares: 5% - uveíte, irite e conjuntivite https://anatpat.unicamp.br/pecastgi23.html https://anatpat.unicamp.br/lamtgi5.html - Alterações dermatológicas:10% eritema nodoso, pioderma gangrenoso. - Colangite esclerosante primária: 5% com grande risco de neoplasias de ducto biliares. Diagnóstico → Laboratorial - Biomarcadores: ANCA-p (anticorpo anticitoplasma de neutrófilo perinuclear) elevado em cerca de 70% dos doentes com RCUI - Outros: PCR; Dosagem de calprotectina (destruição de leucócitos, principalmente os neutrófilos) e lactoferrina (antiinflamatória) nas fezes; coprocultura para diagnóstico diferencial. → Imagens - RX simples abdome (pode haver dilatação das alças intestinais → megacólon tóxico) - Enema opaco com bário - Colonoscopia e biópsia. Doença de Crohn Patologia - Úlcera aftoide → úlcera transmural - Característica alternante de lesão e mucosa normal (saltadora) - Região ileocecal mais acometida, embora seja em todo o TGI - Pode desenvolver fissuras e fibrose (submuscular e muscular) - Parede firme e rígida Histológico: inflamação e abscessos nas criptas presença de granuloma não caseoso (sem necrose central). Estenose do ID. Fonte: https://anatpat.unicamp.br/pecastgi21.html Quadro clínico - 70% no íleo terminal e cólon proximal = dor em quadrante inferior direito (aqui não podemos confundir com apendicite a diferença é a presença de hematoquezia que na apendicite não se tem); - Diarreia - Hematoquezia - Fadiga - Perda de peso - Febre 2 - Distensão abdominal e náusea Cerca de 20 a 40% pode apresentar fístulas que podem ser classificadas em: - enterocutâneas - perineais - enteroentéricas - retovaginais - enterocolonicas - enterovesicais Manifestações clínicas - Fissuras - Abscessos - Fístulas - O reto costuma ser poupado - Acomete trato GI superior: disfagia, odinofagia, queimação retroesternal, dor epigástrica. Diagnóstico Imagem - Endoscopia e biópsia Histologia: infiltrado inflamatório da lâmina própria, distorção de criptas, granuloma não caseoso. No final desse documento tem-se uma tabela com as diferenças da doença de Crohn e colite ulcerativa. Tratamento clínico Ambas as doenças: - aminossalicilatos - corticoides - imunomoduladores - antibióticos - medicamentos biológicos: anti-TNF alfa e anti-interleucina Na fase aguda: ● 40% dos pacientes respondem bem ● 30% resposta mediana e pode precisar de cirurgias no futuro, sendo 50% no primeiro ano e 75% em 5 anos de evolução ● 30% necessitam de cirurgia de emergência Fase aguda: devemos usar de medidas gerais e retirar o paciente desse sofrimento agudo no PS: - hidratação (reposição volêmica) - corrigir distúrbios eletrolíticos (magnésio, sódio, potássio) - corrigir a anemia (transfusão) - nutrição parenteral (não pode alimentar o paciente por boca) - estado pré-trombótico (heparina corre risco de sangramento) Controlar processo inflamatório e induzir remissão - Ácido aminossalicílico (mesalazina): via tópica e oral 2 a 4 g/dia - corticoides: prednisona (VO) 40mg/ dia por 8 semanas ou hidrocortisona (EV) - Imunossupressores: azatioprina 1,5 a 2,5 mg/kg/dia ou ciclosporina (60% eficiente na fase aguda, não mantém remissão) - Imunomodulador: anticorpos monoclonais → infliximabe (EV) 5mg/kg (70% de eficácia), adalimumabe (subcutânea)- 160mg Na fase crônica - mesalazina - sulfassalazina - metotrexato - azatioprina (requer controle de função hepática e renal, leucopenia) - ciclosporina - tacrolimus- eficaz a curto prazo, muitos efeitos colaterais - infliximab Metas - Manter a remissão livre de corticosteróides - prevenir internações - evitar cirurgias - promover cicatrização da mucosa - melhorar a qualidade de vida - evitar desabilidade Diagnóstico diferencial ● Colites infecciosas: Clostridium difficile, CMV, micobactérias, Treponema ● Colite isquêmica ● Colite medicamentosa. 3 Colite isquêmica - Ocorre principalmente em idosos, com a seguinte clínica: dor abdominal, diarreia com sangue, febre baixa, náuseas e vômitos. - 80% → resolve-se clinicamente, 20% → cirurgia de emergência (50% → mortalidade) - Diagnóstico por tomografia, angio TC e colonoscopia. Colite Pseudomembranosa ● Clostridium difficile: bacilo anaeróbio Gram+ ● Hospitalar: pacientes debilitados, uso de ATB (Cefalosporinas e Fluoroquinolonas) ● Modificação da flora normal intestinal ● Transmissão oral-fecal ● Esporos permanecem em objetos por meses Diagnóstico: Imunoensaio para toxinas A e B nas fezes ou PCR ● Outros: RX , CT e Colonoscopia Tratamento Clínico Descontinuar medicamentos que alteram o trânsito intestinal, como: ● Anticolinérgicos ● Antidiarreicos ● Opiáceos ● Antinflamatórios não hormonal Risco de dilatação do Cólon (Megacólon Tóxico) Não confundir com o megacólon chagásico. Classificação de Montreal : extensão e gravidade da RCUI -E1 (proctite) - inflamação limitada ao reto; -E2 (do lado esquerdo, distal) - inflamação limitada ao ângulo esplênico; -E3 (pancolite) - inflamação se estende até a flexura esplênica proximal; -S0 (remissão) - sem sintomas; -S1 (leve) – quatro ou menos evacuações por dia (com ou sem sangue), ausência de sintomas sistêmicos, marcadores inflamatórios normais; -S2 (moderada) - quatro a seis evacuações por dia, sinais mínimos de sintomas sistêmicos; -S3 (grave) - seis ou mais evacuações sanguinolentas por dia, FC =90bpm, temperatura = 37,5°C, hemoglobina <10,5g/L E = extensão S = gravidade NÃO É PARA DECORAR SÓ SABER O NOME DA CLASSIFICAÇÃO!!! Tratamento Cirúrgico: Indicação Indica-se em duas situações na emergência e na que é não responsiva ao tratamento clínico (eletivo). EMERGÊNCIA : ● Colite fulminante com toxicidade sistêmica ● Megacólon Tóxico ● Perfuração ● Sangramento ● Colite grave não responsiva à máxima terapêutica médica ELETIVO - Doença crônica não responsiva ao tratamento clínico - Diagnóstico de carcinoma associado - Fibrose crônica → abdômen agudo obstrutivo - uso crônicode corticoides Complicações sistêmicas: pioderma gangrenoso, eritema nodoso. TRATAMENTO CIRÚRGICO Colectomia subtotal ou segmentar + ileostomia (é uma abertura criada cirurgicamente para desviar o fluxo do intestino delgado); 4 Colectomia total + anastomose ileorretal (quando não há comprometimento do reto); Proctocolectomia amputativa + ileostomia definitiva= (é a retirada dos cólons e reto por laparotomia + fechamento externo do canal anal + ileostomia definitiva); Proctocolectomia total + abaixamento endoanal do íleo. Colectomia subtotal + ileostomia - paciente sem melhora clínica - dilatação do cólon (megacólon tóxico) - perfuração/ peritonite - hemorragia grave Ileostomia Complicação: pioderma 5 6
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