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Por: Taynara Freitas - MT3 Pr2 - Módulo Processo de Envelhecimento Incontinênci� Urinári� n� Id�s� 1) Entender a incontinência urinária (tipo, causas, etiologia, diagnóstico/quadro clínico). O que é? A incontinência urinária é uma condição altamente prevalente na população idosa. Considerada uma das grandes síndromes geriátricas, compromete a qualidade de vida dos indivíduos afetados, familiares e cuidadores, além de acarretar aumento dos custos em saúde e resultar em institucionalizações precoces. EPIDEMIOLOGIA A prevalência de incontinência urinária em idosos é variável por causa da heterogeneidade dessa população, pelas diferentes de�nições e questionários utilizados nos diferentes estudos. O sexo feminino é o mais acometido (para todas as faixas etárias estudadas) devido a causas anatômicas e que o envelhecimento aumenta tanto a prevalência quanto a gravidade dos casos. Tal condição atinge: ○ 30-60% das mulheres idosas; ○ 10-35% dos homens idosos; ○ 80% dos indivíduos institucionalizados. ~> A musculatura pélvica pode ser lesada ou enfraquecida e/ou os ligamentos podem sofrer estiramento excessivos (gestação, parto, cirurgias ginecológicas, de�ciência anatômica) Embora não tenha impacto direto na mortalidade, está associada a aumento no risco de ○ Quedas e fraturas; ○ Infecções do trato urinário recorrentes; ○ Celulites, úlceras de pressão; ○ Disfunções sexuais; ○ Distúrbios do sono; ○ Isolamento social, depressão; ○ Estresse do cuidador; ○ Institucionalização precoce. - Entretanto, a crença de que incontinência seria uma consequência natural e inevitável do envelhecimento explica em parte por que mais da metade dos idosos não procura auxílio médico (Wagg et al., 2015). CLASSIFICAÇÃO INCONTINÊNCIA URINÁRIA TRANSITÓRIA Caracteriza-se pela perda de urina precipitada por insulto psicológico, medicamentoso ou orgânico, que cessa ou melhora após o controle do fator desencadeante. Causas: ○ Delirium - estado confusional agudo caracterizado por �utuação da consciência e Por: Taynara Freitas - MT3 Pr2 - Módulo Processo de Envelhecimento desorientação, é uma síndrome cerebral orgânica de etiologia multifatorial extremamente prevalente entre idosos. Quando não reconhecida está associada a aumento da mortalidade. Incontinência pode ser seu primeiro sinal. ○ ITU - por causar in�amação da mucosa vesical e consequente aumento da aferência sensitiva, podem contribuir para bexiga hiperativa e incontinência urinária ○ Uretrite e vaginites atró�cas - causada pela carência de estrogénios em idosas, gerando irritação local e risco aumentado de infecções, bexiga hiperativa e incontinência urinária. Oitenta por cento das idosas que procuram auxílio médico especializado por incontinência têm evidências de vaginite atró�ca. ○ Restrição de mobilidade - artroses, paresias, imobilizações, outras como hipotensão postural e pós-prandial, calçados inapropriados e medo de cair podem di�cultar a chegada ao toalete e justi�car episódios de incontinência. ○ Aumento do débito urinário - ingesta excessiva de �uidos, diuréticos, distúrbios hidroeletrolíticos (hiperglicemia, hipercalcemia), insu�ciência cardíaca congestiva, insu�ciência venosa periférica, hipoalbuminemia. ○ Medicamentos - é a causa mais comum em idosos. ○ Impactação fecal - irritação local ou compressão direta sob a parede vesical. Implicada nas causas de incontinência em até 10% dos idosos hospitalizados e institucionalizados ○Distúrbios psiquiátricos - (depressão, demência, psicose) que podem interferir na capacidade do paciente em reconhecer e responder adequadamente à sensação de bexiga cheia. Um paciente com depressão grave, por exemplo, pode perder a motivação para procurar um local apropriado para urinar. INCONTINÊNCIA URINÁRIA ESTABELECIDA Incontinência urinária de estresse → Perda involuntária de urina que ocorre com o aumento da pressão intra-abdominal (tosse, espirro, atividade física) na ausência de contrações vesicais. ○ Mulher: ocorre por hipermobilidade uretral e de�ciência es�ncteriana intrínseca. Fatores de risco: obesidade, partos vaginais, hipoestrogenismo e cirurgias. ○ Homem: incomum, e ocorre de�ciência es�ncteriana intrínseca secundária a cirurgias prostáticas, traumas pélvicos e lesões neurológicas. Incontinência urinária de urgência → É o tipo mais comum nos idosos. Caracteriza-se pela perda de urina precedida ou acompanhada de um desejo imenso de urinar (urgência). ○ Ocorre devido a hiperatividade do detrusor levando a contrações involuntárias durante a fase de enchimento vesical. ○ Causas: transtornos neurológicos, anormalidades vesicais e idiopáticas. ○ Pode ou não haver comprometimento da contratilidade da bexiga: a Por: Taynara Freitas - MT3 Pr2 - Módulo Processo de Envelhecimento hiperatividade do detrusor + hipocontratilidade é mais comum em idosos frágeis. ○ Bexiga hiperativa: urgência com ou sem incontinência, frequência elevada (>/= 8 micções em 24h) e noctúria (>/= 2 micções por noite). Incontinência urinária por hiper�uxo ou transbordamento → mais comum em homens. ○ Ocorre devido a inabilidade de esvaziamento vesical devido a hipocontratilidade do músculo detrusor, a obstruções uretrais ou ambos ○ Causas: HPB, cirurgias anti-incontinência ou prolapsos genitais graves, impactação fecal, cistopatia diabética e medicamentos anticolinérgicos. Incontinência urinária mista → Coexistência de mais de um tipo e incontinência. Comum nos idosos, principalmente entre mulheres. Incontinência urinária funcional → Atribuído a fatores externos. ○ Causas: comprometimento cognitivo, fatores ambientais, limitações físicas e psíquicas. FISIOLOGIA DA MICÇÃO O trato urinário inferior tem duas funções opostas: armazenamento e eliminação da urina e isso vai acontecer harmonicamente por causa da integração dos eventos musculares e neurológicos. Controle involuntário: A bexiga suporta até 500 mL de urina, e enquanto ela enche os músculos �cam relaxados e o esfíncter �ca comprimido. Quando a musculatura da bexiga está cheia, ela contrai e o esfíncter relaxa pra urina sair. Controle voluntário - sistema nervoso central: A capacidade de segurar o xixi para ir em outro momento. O SNC age no nervo pudendo fazendo com que o esfíncter seja comprimido e isso é feito pelo SN autônomo simpático (relaxamento da bexiga) e parassimpático (mantém a contração da bexiga). O controle da bexiga é feito principalmente pelos nervos compostos na região sacral S2 e S3 (nervos simpático) que �cam ligados à bexiga que determinam a distensão quando a bexiga já está cheia e manda o sinal para o cérebro, para que a gente sinta a vontade de urinar. O sistema parassimpático é localizado na região lombar, na L2 e se liga à bexiga, mas não estão responsáveis pela sensação da micção, mas provocam a sensação de dor e queimação e em relação à alguma alteração urinária. Por: Taynara Freitas - MT3 Pr2 - Módulo Processo de Envelhecimento FISIOPATOGENIA Um conjunto de fatores colabora para a IU, mas os principais são os efeitos do envelhecimento na bexiga, diminuição da pressão uretral e distúrbios no assoalho pélvico. Na bexiga, observamos aumento das contrações desinibidas do músculo detrusor, aumento do volume residual (50 a 100 mL), aumento da frequência urinária, diminuição da capacidade elástica e diminuição da velocidade do jato urinário. Na uretra, a diminuição da pressão ocorre pela diminuição da ação muscular es�ncteriana, diminuição da aposição úmida das paredes mucosas, diminuição da complacência e elasticidade, além da diminuição da vascularização peri-uretral. No assoalho pélvico, podemos ter atro�a muscular, alteração do tecido conectivo, lesões no nervo pudendo e estiramento ou esforço excessivo. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de IU é eminentemente clínico. Com uma boa anamnese e exame físico conseguimos fechá-lo. Porém, algumas medidas podem ser tomadas para estrati�car a causa dessa IU, o que irá interferir diretamente no tto. De maneira geral, pacientes com IU devem ser avaliados de acordo com sua história clínica,de forma particularizada. Algumas opções de exames são sumário de urina (EAS) para detectarmos possíveis alterações na �ltração e/ou trajeto de urina, urocultura para investigar infecções, glicemia e per�l endócrino para possíveis causas endócrinas, função renal, dosagem de vit B12 (delirium) e PSA. A avaliação do volume pós-residual é de suma importância, além de um estudo urodinâmico completo. Uma medida simples e que deve ser empregada a todos os pacientes com suspeita de IU é o diário miccional. Nesse diário, o paciente irá anotar todas as vezes que urinar, dizendo o horário, a quantidade, se teve urgência ou não, quanto de água bebeu, se conseguiu chegar ao banheiro, dispneia, polaciúria, após esforços, volume perdido, intervalo entre as micções. Isso é importante para termos certeza da classi�cação da IU e podemos estrati�car o tto. EXAME FÍSICO O exame físico deve ser completo e incluir: ○ Avaliação cognitiva, da mobilidade e funcionalidade do paciente ○ Exame neurológico detalhado que inclua avaliação de re�exos, sensibilidade, integridade das vias sacrais (re�exo bulbocavernoso) ○ Toque retal para avaliação do tônus es�ncteriano, presença de massas, fecalomas (em ambos os sexos) e avaliação prostática em homens ○ Exame pélvico, inspeção de prolapsos e atro�a genitais em mulheres ○ Teste de estresse: simples, pode ser realizado no consultório e pode documentar incontinência urinária de estresse. A paciente deve estar na posição supina, com a bexiga cheia e tossir vigorosamente. Se ocorrer perda simultânea sugere de�ciência es�ncteriana intrínseca, se a perda ocorrer alguns segundos após sugere contração detrusora induzida pela tosse. Por: Taynara Freitas - MT3 Pr2 - Módulo Processo de Envelhecimento Exames laboratoriais Todos os pacientes com queixa de incontinência urinária devem realizar um sumário de urina para investigação de sinais de infecção, hematúria e glicosúria. Pacientes selecionados deverão realizar dosagem de eletrólitos, glicemia, ureia e creatinina de acordo com a suspeita clínica. Medida do volume residual pós-miccional A medida do volume residual pós-miccional é útil para excluir retenção urinária signi�cativa. Pode ser realizada por cateterização vesical ou ultrassonogra�a. Embora não seja necessária em todos os pacientes, aqueles com alto risco de retenção urinária como os portadores de diabetes, doenças neurológicas, sinais de hesitação miccional, antecedentes de retenção urinária e uso de anticolinérgicos devem realizá-la. A Sociedade Internacional de Continência recomenda a medida do volume residual pós-miccional (VRPM) por um método não invasivo antes da introdução de tratamento farmacológico ou cirúrgico. Um valor maior que 200 mℓ está associado a esvaziamento vesical inadequado e o paciente deve ser encaminhado ao especialista (Gibbs et al., 2007). Estudo urodinâmico É um exame caro e invasivo; tem como objetivo avaliar a qualidade das contrações vesicais e dos esfíncteres uretrais. Compreende as seguintes etapas: cistometria, medida da pressão de perda sob esforço e uro�uxometria. Embora seguro, não existem evidências de que o diagnóstico urodinâmico altere o desfecho no tratamento de idosos frágeis. As últimas diretrizes recomendam avaliação urodinâmica antes de procedimentos cirúrgicos ou minimamente invasivos do trato urinário inferior (Wagg et al., 2015) ou na avaliação de sintomas de bexiga hiperativa após falha no tratamento inicial (Wood e Ouslander, 2004). Cistoscopia Deve ser realizada quando houver suspeita de fístulas ou de outras patologias associadas (presença de hematúria, dor ou desconforto pélvico) (Bettez et al., 2012). Por: Taynara Freitas - MT3 Pr2 - Módulo Processo de Envelhecimento 2) Compreender as consequências da incontinência urinária nos idosos. Relação da IU com a infecção urinária: ○ Uma das causas mais comuns da IU é a infecção urinária ○ Infecção urinária: pode acometer bexiga, uretra e rins; sintomas principais são poliúria, ardência e dor ao urinar, esvaziamento incompleto da bexiga; ○ Público feminino: proximidade com o canal uretral, vagina e ânus; tem uretra menor (entre 3 e 5 cm) ○ Fisiopatologia da infecção urinária: - ITU NÃO COMPLICADA: sem anormalidade estrutural ou funcional do trato urinário; - ITU COMPLICADA: quando causa anormalidade estrutural do aparelho urinário ou funcional e obstrução do �uxo urinário, comorbidades que aumentem os riscos e instrumentação ou cirurgia recente no trato urinário. Impactos psicossociais da IU no idoso: ○ Lesões perineais ○ Quedas e fraturas ○ Úlceras de pressão ○ Prejuízo do sono ○ Infecções urinárias ○ Isolamento social ○ Depressão ○ Conotação de maus hábitos de higiene ○ Mal estar ○ Perda da autoestima ○Consequências psicológicas, sociais, ocupacionais, domésticas e sexuais ○ Demora a procurar ajuda ○Sentimentos de ansiedade, receio, preocupação, frustração ○ Sentimento de impotência e auto exclusão do convívio social. IMPACTO DO ENVELHECIMENTO NA FISIOLOGIA URINÁRIA A continência é uma condição multifatorial que depende da integridade não apenas do TUI e seu controle neurológico, como também de cognição, mobilidade, destreza manual e motivação. Além disso, comorbidades clínicas e medicamentos também podem in�uenciar a continência. ○ Aumento nas �bras de colágenos na bexiga, acarretando diminuição da sua elasticidade; ○ Os receptores de pressão também se alteram, explicando o surgimento de contrações intempestivas durante a fase do enchimento vesical; ○ Hiperatividade do detrusor; ○ A uretra torna-se mais �brosa, menos �exível e perde densidade muscular, com consequente falha es�ncteriana; ○ Na mulher, ocorre o hipoestrogenismo, com atro�a e ressecamento que predispõem a infecções e irritação dos receptores de pressão; ○ Períneo fragilizado; ○ Diminuição do número de néfrons e da secreção do ADH contribuem para maior frequência urinária; ○ No homem, a HPB ou adenoma de próstata pode causar jato fraco, gotejamento, aumento da frequência e noctúria. Por: Taynara Freitas - MT3 Pr2 - Módulo Processo de Envelhecimento 3) Conhecer os efeitos da iatrogenia medicamentosa/patológica/cirúrgica no idoso e a conduta a ser seguida ○ Pode ser consequência de diagnósticos incorretos por apresentações atípicas ○ Pode se manifestar de modo atípico ○ Mais frequente em idoso ○ Um dos 07 gigantes da geriatria: iatrogenias, incontinências, incapacidade comunicativa, insu�ciência familiar, insu�ciência cognitiva, imobilidade e instabilidade postural; ○ ‘’Síndrome não punível, caracterizada por um dano inculpável, no corpo ou na saúde do paciente, consequente de uma aplicação terapêutica, isenta de responsabilidade pro�ssional’’ ○ Qualquer prejuízo ao paciente não decorrente da sua doença, mas de qualquer intervenção da equipe de saúde - pode estar certa ou errada, justi�cada ou não, esperada ou inesperada. Quando suspeitar de um efeito adverso medicamentoso no idoso? ○ Confusão mental ○ Declínio funcional ○ Dé�cit cognitivo ○ Distúrbios comportamentais ○ Sintomas depressivos ○ Tontura ○ Alteração de marcha e equilíbrio ○ Quedas repetidas ○ IU ou I fecal ○ Síndrome extrapiramidal Deve-se pensar sempre nos princípios bioéticos: bene�ciência e não-male�cência. CONDUTA NECESSÁRIA Diferente de erro médico alguns erros médicos passam despercebidos, mas alguns causam alguma iatrogenia. Tipos: ○ Por ação: diagnóstico, tto, prevenção ○ Por omissão: diagnóstico, prevenção e tto ○ Por comunicação: de�ciência do paciente e do pro�ssional, conteúdo e modo de dar más notícias, gra�a.
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