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aquicultura II

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V e t e r i n a r i a n D o c s 
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Aqüicultura 
 
 
Qualidade da Água 
Introdução: 
 -O manejo correto da qualidade da água é fundamental tanto para o sucesso da 
criação, como para preservação dos recursos hídricos; 
 -É importante conhecer e saber analisar os parâmetros de qualidade da água; 
Propriedades: 
 Físicas: temperatura, transparência e cor; 
 Biológicas: plâncton e organismos bentônicos; 
 Químicas: oxigênio, pH, salinidade, condutividade elétrica, alcalinidade, dureza 
e nutrientes (N, P, C, etc); 
01-Propriedades Físicas: 
 01.1-Temperatura: 
 -Um dos fatores mais importantes, pois todas as atividades fisiológicas 
dos peixes estão relacionadas com a temperatura; 
 -Efeito pronunciado sobre os processos químicos. A velocidade das 
reações duplica/triplica para cada aumento de 10ºC na temperatura; 
 -Espécies tropicais aceitam temperaturas entre 20 e 28ºC; 
 -A variação brusca na temperatura (> que 5ºC) pode matar os peixes e 
outros organismos aquáticos; 
 -Estratificação térmica: a água morna é menos densa que a água fria, 
então esta camada de água morda „flutua‟ sobre a camada inferior. 
 
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 01.2-Transparência: 
 -A turbidez da água pode ser provocada pelo plâncton ou por sólidos 
suspensos; 
 -Transparência ideal (verificar pelo uso de disco de Secchi): 
 -Policultivo integrado: entre 20 e 30cm; 
 -Monocultivo: entre 30 e 40cm; 
 01.3-Cor: 
 -É constituída por material sólido dissolvido e pode indicar a causa da 
turbidez; 
 -Colorações: 
 -Verde: excesso de algas; 
 -Marrom: excesso de argila; 
 -Transparente: pobre em nutrientes; 
 -Verde Pardacenta: coloração ideal; 
02-Propriedades Biológicas: 
 02.1-Plâncton: 
 -Composição: algas unicelulares (fitoplâncton), animais pequenos 
(zooplâncton) e bactérias (bacterioplâncton); 
 -Participam da cadeia de nutrientes; 
 02.2-Microalgas: 
 -Realizam fotossíntese; 
 -Retiram nutrientes (Ex.: N, P e C) da água; 
 -São fonte de ácidos graxos essenciais para espécies marinhas; 
 -Única fonte de alimentação para alguns microorganismos; 
 -Em condições favoráveis de luz e nutrientes ocorrem explosões 
populacionais de algumas espécies oportunistas; 
 -Algumas espécies produzem metabólitos tóxicos (Ex.: algas azuis – 
cianofíceas); 
 02.3-Zooplâncton: 
 
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 -Se alimentam de fitoplâncton e bacterioplâncton; 
 -Representantes: protozoários, rotíferos, cladóceros e copépodos; 
 02.4-Organismos Bentônicos: 
 -Bactérias decompositoras fazem a reciclagem de nutrientes; 
 -Ciclo do nitrogênio: Nitrosomonas e Nitrobacter; 
 -Fungos: crescem em solos ácidos e são indicadores de solos 
inadequados para a carcinocultura; 
 -Diatomáceas: microalgas com parede celular composta de sílica e são 
mais vulneráveis as enzimas digestivas do camarão; 
 -Macroinvertebrados: nematóides, anelídeos, poliquetas e bivalves. São 
fundamentais na alimentação do camarão (até 50% da alimentação do camarão); 
03-Propriedades Químicas: 
 03.1-Oxigênio: 
 -Fontes: difusão direta (o oxigênio atmosférico é absorvido na água 
principalmente pela mistura mecânica) e fotossíntese; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 -Concentração ideal: 5,0mg/L (mínimo de 3,0mg/L); 
 
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 -Relação oxigênio/temperatura: o consumo de oxigênio é mais alto em 
temperaturas elevadas e a solubilidade do oxigênio diminui com o aumento da 
temperatura; 
 -Variação da concentração de oxigênio ao longo do dia: 
 
 
 
 
 
 
 
 03.2-pH: 
 -Ideal: entre 6 e 9; 
 -A respiração, fotossíntese, adubação, calagem e poluição são fatores 
ligados a mudanças no pH; 
 -Logo pela manhã o pH é baixo pois o CO2 está em alta concentração; 
 -Variação do pH ao longo do dia: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 03.3-Condutividade Elétrica: 
 -Medida de disponibilidade de nutrientes (dissociação de substâncias 
orgânicas libera íons); 
 -Valores altos: indicam grau de decomposição elevado; 
 
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 -Valores baixos: indica acentuada produção primária (algas e 
microorganismos aquáticos); 
 -Medida ideal: 0,02 – 0,1 – 0,1 μ.S/cm 
 03.4-Salinidade: 
 -Água doce pode conter até 1%o de salinidade; 
 -Água do mar tem cerca de 35%o; 
 -Tolerância a salinidade varia de acordo com a espécie. L. viannamei 
tolera variações na salinidade; 
 -Ponto Isosmótico: salinidade do meio interno é igual a do meio externo. 
O animal não gasta energia para fazer a osmorregulação; 
 -Salinidade entre 2 e 4%o apresenta bons resultados na larvicultura das 
espécies de peixe de água doce; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 03.5-Alcalinidade: 
 -É expressa em mg/L de carbonato de cálcio (CaCO3); 
 -Derivada principalmente da dissolução do calcário do solo; 
 
 
 -Medidas ideais: 
 -Água doce: acima de 20mg/L; 
 -Água salgada: 6.600 mg/L; 
 
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*Camarões necessitam de cálcio para a formação de seu exoesqueleto, por isso 
necessitam de alta alcanilidade; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 03.6-Amônia, Nitrito e Nitrato: 
 -Nitrogênio é um dos principais poluentes na aqüicultura; 
 -Nitrogênio na água pode aumentar devido a fertilização orgânica; 
 -Formas da Amônia: 
 -Ionizada: NH4
+
 
 -Não Ionizada: NH3; 
 -Os efeitos tóxicos estão relacionados com a forma não ionizada; 
 -A concentração de amônia não ionizada aumenta com o aumento da 
temperatura e do pH; 
 -Bactérias decompositoras aeróbicas oxidam os compostos nitrogenados; 
 -Amônia em nitrito (Nitrossomonas) e nitrito em nitrato (Nitrobacter); 
 -As plantas e algas utilizam melhor o nitrogênio na forma mineralizada 
(nitrato); 
 03.7-Fósforo: 
 -A maioria do fósforo está indisponível: adsorção ao colóide do solo e 
precipitação de compostos insolúveis; 
 -Disponibilidade de fósforo está relacionada com o pH (é menor em 
ambientes ácidos); 
 
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Eutrofização 
-80 a 85% nutrientes ração peletizada são eliminados na água na forma fezes e 
metabólicos; 
-Quantidade de matéria orgânica nos reservatórios é proporcional ao aumento 
taxas alimentação; 
-Acumulo matéria orgânica ração não consumida mais metabólicos produzidos, 
influi diretamente na densidade do fitoplâncton e turbidez água; 
-Ambiente eutrofizado favorece o crescimento de moluscos, mas eles podem 
ficar contaminados; 
-Estratificação térmica agrava o processo de eutrofização; 
Sistemas de Tratamento de Água 
01-Lagoa de Sedimentação: 
-Características: 
-Tanques para sedimentação dos detritos; 
-Reduz a velocidade do fluxo da água, retendo principalmente material em 
suspensão; 
-Tanques circulares com fundo cônico permitem o fluxo centrípeto da água e 
aumentam a velocidade de sedimentação, diminuindo o tempo de retenção; 
-O tamanho, tempo de retenção e profundidade de tanque de sedimentação 
devem ser considerados para aumentar a eficiência do sistema; 
-Periodicamente o sedimento deve ser removido. 
- Sistema barato e de fácil manejo. 
02-Recirculação de Água: 
-Características: 
-Sistema fechado de reaproveitamento da água; 
-Filtro mecânico e biológico; 
-Filtro biológico: fornecimento de substratos para o desenvolvimento de 
bactérias que promovem a decomposição da matéria orgânica; 
-Decomposição aeróbica; 
-Nitrosomonas e Nitrobacter; 
 
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-Injeção de oxigênio pode aumentar eficiência do processo; 
-Pode contar com um sistema de raios ultravioleta; 
-Filtros individuais ou por baterias de tanques; 
-Limitações: alto custo de implantação, desconhecimento dos princípios do 
sistema, falta de capacitação, rações de baixa qualidade, design e dimensionamento 
inadequado e criação de espécies de alto valor agregado; 
03-Wet-lands construídos: 
-Características: 
-Visa recriar os processos naturais de tratamentode água (macrófitas e atividade 
microbiana) em um ambiente controlado; 
-Interação planta - microbiota – substrato; 
-Depuração por mecanismo de natureza física, química e biológica (filtração, 
sedimentação, absorção, adsorsão, biodecomposição); 
-Redução de nutrientes e metais pesados; 
-Eliminação de patógenos; 
-Tipos: fluxo superficial e fluxo subsuperficial; 
03.1-Wet-lands Superficial: 
-Maior tempo de residência da água; 
-Controle de mosquitos e insetos (pequenos peixes); 
-Menor preocupação com problema de colmatação; 
-Possibilidade de utilização de aeração ativa para melhorar a eficiência 
do sistema; 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 03.2-Wet-lands Subsuperficial: 
-Menor tempo de residência da água; 
-Sem grande controle de mosquitos; 
-Preocupação com colmatação (excesso de sólidos); 
-Possibilidade de aeração passiva para melhorar a eficiência do sistema; 
 
 
 
 
 
 
Ação das Macrófitas 
-Efeito de filtração; 
-Promoção da sedimentação de sólidos suspensos; 
-Reduz resuspensão dos sólidos sedimentados; 
-Proteção da superfície da água para reduzir o crescimento de algas; 
-Liberação de oxigênio na coluna d‟água; 
-Superfície para o desenvolvimento de biofilmes; 
-Suporte para microbiota; 
-Remoção e ciclagem de nutrientes. 
-Destinação das Macrófitas Retiradas: ornamental/arranjos, composição de 
ração, compostagem, produção de biogás/energia e construção civil. 
Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) 
 -1997: Lei nº 9.433/97 – Política Nacional de Recursos Hídricos; 
 -2000: Lei nº 9.984 – Agência Nacional das Águas (ANA) é responsável pela 
implantação e execução do PNRH; 
Política Nacional de Recursos Hídricos: 
 -A água é um bem de domínio público; 
 
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 -A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; 
 -Em situação de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo 
humano e dessentação de animais; 
 -A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das 
águas; 
 -A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação do PNRH; 
 -A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a 
participação do poder público, dos usuários e das comunidades; 
 -Objetivos: 
 -Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de 
água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; 
Outorga do Uso da Água 
 -Aqüicultura provoca impactos sobre a qualidade da água; 
 -A outorga é um processo administrativo mediante o qual o Poder Público 
outorgante, faculta ao outorgado o uso de recurso hídrico, por prazo determinado, nos 
termos e nas condições expressas no respectivo ato; 
 -Como solicitar: 
 -ANA (Agência Nacional das Águas); 
 -Formulário próprio para Aqüicultura (com dados do empreendimento, 
dados do responsável técnico e documentação específica); 
 -Enquadramento dos corpos d‟água: nível de qualidade a ser alcançado ou 
mantido em um segmento de corpo de água, ao longo do tempo; 
 -Piscicultura em águas doces: classe 2 (prioridade: abastecimento para consumo 
humano após tratamento convencional); 
 
 
 
 
 
 
 
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Boas Práticas de Manejo (BPM) 
 -Conjunto de ações concretas, objetivas e específicas que tem por finalidade 
aumentar e assegurar a sustentabilidade de um determinado sistema de produção; 
-O objetivo é garantir também a viabilidade como atividade econômica; 
-Existem normas especificas para cada tipo de atividade; 
Boas Práticas de Manejo de Viveiros 
 -Redução do escorrimento superficial causado pelas chuvas para o interior dos 
viveiros; 
 -Manejo dos viveiros para reduzir o volume de efluentes; 
 -Controle da erosão das bacias hidrográficas e dos diques dos viveiros; 
 -Manejo dos viveiros para evitar a erosão; 
 -Fertilização dos viveiros; 
 -Manejo da alimentação; 
 -Uso de agentes terapêuticos; 
 -Produtos para melhorar a qualidade da água; 
 -Manejo da mortalidade de peixes; 
 -Operações gerais e segurança dos trabalhadores; 
01-Calagem: 
 -No sistema intensivo pode ocorrer o acúmulo de matéria orgânica no fundo do 
viveiro prejudicando a qualidade da água. A decomposição de matéria orgânica provoca 
a diminuição do pH (quebra da molécula química, consumindo oxigênio e liberando 
íons hidrogênio e energia); 
 -A decomposição da matéria orgânica afeta o intercâmbio de nutrientes do 
sedimento para a coluna de água; 
 -Sedimentos ácidos interferem indiretamente na produção de plâncton e 
organismos bentônicos (suprimento inadequado de CO2 e bicarbonato); 
 -A calagem é uma técnica feita para elevar o pH e a fertilidade do viveiro, 
através do aumento da alcalinidade; 
*Alcalinidade: capacidade da água neutralizar a acidez (íons hidrogênio) pela ação do 
bicarbonato; 
 
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-Há aumento da disponibilidade de carbono para a fotossíntese (bicarbonato 
reage com a água, liberando CO2), diminuição da turbidez e quantidade de material em 
suspensão, aumento da disponibilidade do fósforo pelo aumento do pH do sedimento e 
eliminação das bactérias patogênicas e benéficas; 
-Quando realizar: 
 -Desinfecção e correção de pH; 
 -Viveiros com alcalinidade total menor que 20mg/L; 
 -Deve realizar a avaliação de vários parâmetros como: pH, matéria 
orgânica, nutrientes, carbonatos e bicarbonato e bacteriologia; 
-Materiais utilizados: 
 -Rochas calcárias moídas: Calcita (CaCO3), Magnesita (MgCO3) e 
Dolomita (CaCO3.MgCO3); 
 -Outros: conchas moídas, cal virgem (CaO), cal hidratada (Ca(OH)2) e 
óxidos/hidróxidos de magnésio; 
-Classificação das rochas calcárias pela concentração de MgO: 
 -Calcíticos (menos de 5%); 
-Magnesianos (5 a 12%); 
 -Dolomíticos (acima de 12%); 
*Óxidos de cálcio (CaO) e magnésio (MgO) tem poder de neutralização mais 
alto que o calcário e reagem mais rápido. 
-Tipos de Calagem: 
01.1-Calagem no Fundo: 
-O calcário dolomítico é o mais recomendado; 
 
 
 
 
 
 
-Deve-se primeiramente fazer a raspagem do lodo do fundo; 
 
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-Aplicar o calcário sobre fundo úmido; 
-Solos muito ácidos, esperar 2 a 3 semanas para encher novamente; 
-Em 30/40 dias, deve-se verificar a necessidade de nova aplicação; 
01.2-Calagem de Superfície: 
-Aplicável em regiões com baixa alcalinidade e dureza; 
-Quantidade: 50kg/ha/semana; 
01.3-Calagem para Redução da Turbidez: 
 -Aplicar 1.000 a 2.000kg/ha de CaCO3 ou 250 a 400kg/ha de Al2(SO4)3; 
 -Cuidado com pH e alcalinidade total; 
02-Adubação de Viveiros: 
 -Visa estimular a produtividade primária e disponibilizar alimento natural aos 
peixes; 
 -Tem-se economia de ração; 
 -Nitrogênio e fósforo são nutrientes limitantes; 
 -Tipos de fertilizantes: químicos ou orgânicos; 
 -A disponibilidade dos nutrientes também depende de boas concentrações de pH, 
alcalinidade e oxigênio dissolvido; 
02.1-Fertilizantes Orgânicos: 
 -Aproveitamento de fontes orgânicas de nutrientes: agricultura, aves, bovinos e 
suínos; 
 -Podem ser frescos ou previamente curtidos; 
 -Fração orgânica serve de substrato para o desenvolvimento de bactérias e 
protozoários que são fonte de proteínas para os outros organismos; 
02.2-Fertilizantes Químicos: 
 -A maioria dos adubos NPK utilizados na agricultura podem ser usados; 
 -Tem-se resposta mais rápida que adubos orgânicos; 
 -No ambiente marinho, raramente o potássio é limitante, mas é necessário no 
cultivo em águas salobras; 
 
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 -Uréia é um adubo nitrogenado barato, mas pode levar ao aumento da 
concentração de amônia; 
 -Fertilizantes a base de nitrato são mais eficientes e caros; 
 -Excesso de fosfatos pode atrapalhar na calcificação do exoesqueleto do 
camarão; 
 -Adubação no Preparo do Viveiro: 
 -Deve ser feito 7 a 15 dias após a calagem; 
 -Deve-se fechar a entrada de água e deixar o nível de água a 1/3 ou 1/2 
dacapacidade do viveiro, para permitir que o fertilizante haja mais rápido; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 -Adubação de Manutenção: 
 -Uso de fertilizantes orgânicos frescos; 
 -Modelo vertical chega a ser 20% mais eficiente que o horizontal; 
 -O excesso de matéria orgânica pode ser prejudicial; 
03-Probióticos: 
 -Faz-se a inoculação de microorganismo vivos no viveiro; 
 -Na carcinocultura, há melhora da produtividade e qualidade da água; 
 -Bokashi: significa composto orgânico em japonês. É obtido da fermentação de 
farelos com o auxílio de microorganismos 
04-Desinfetantes: 
 -Realizada entre dois ciclos de cultivo; 
 
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 -Tratamentos: 
 -Antissépticos: inibem o crescimento de microorganismos; 
 -Desinfetantes: combatem os microorganismos indesejáveis; 
 -Esterilizantes: eliminação completa dos organismos; 
 -Cloro: bastante utilizado na carcinocultura e é utilizado somente antes do 
povoamento; 
05-Aeração Mecânica: 
 -Aumentar disponibilidade de oxigênio dissolvido nas horas mais críticas do dia; 
-Ligado entre meia noite e sete horas da manhã; 
-Utilizar quando oxigênio dissolvido for menor que 2 mg/L de manhã e quando a 
taxa de alimentação for elevada; 
-Possível aumentar a produtividade do viveiro; 
-Em regiões de clima temperado a aeração é utilizada durante o dia para quebrar 
estratificação térmica; 
-Cuidados com erosão do solo, instalar longe da margem e onde a profundidade 
seja de no mínimo 1,0 m; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Carcinocultura em Água Doce 
Biologia: 
 -Gênero Macrobrachium com mais de 120 espécies; 
 -Algumas espécies necessitam água salobra para fecharem o ciclo de vida; 
 -3 espécies nativas com potencial: M. amazonicum, M. carcinus e M. 
acanthurus. 
 -Ciclo de vida: ovo  larva  pós-larva  adulto 
Espécies 
01-Camarão Gigante da Malasia (Macrobrachium rosenbergii) 
 -Espécie exótica; 
 -Temperatura ideal: acima de 25ºC; 
 -Tamanho máximo: 32 cm e 500g; 
 -Crescimento rápido, pode chegar até 60g após 6 meses de cultivo (media 25 a 
30g); 
 -Hierarquia social, tamanho dos animais é bastante heterogêneo; 
 -Garra azul: dominante (se reproduz); 
 -Garra vermelha: pode ser reproduzir; 
 -Sem garras: submissos e não se reproduzem 
*Deve-se fazer despescas parciais, retirando os camarões machos de garra azul, para 
que os outros possam se desenvolver; 
02-Camarão Canela (Macrobrachium amazonicum) 
 -Encontrado da Venezuela até o estado do Paraná. Ocorre quase em todo país, e 
não existe o problema de introdução de espécie exótica; 
 -Tem-se produção de pós-larvas e pilotos de engorda no Pará; 
 -Tamanho pequeno (cerca de 12 cm); 
 -Pós-larvas e juvenis podem ser comercializados como isca para pesca; 
 
 
Machos 
 
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Reprodução de Camarões de Água Doce 
 -Reprodutores são mantidos em viveiros externos na densidade de 5 
indivíduos/m²; 
Larvicultura 
 -Sistema intensivo; 
 -10.000 larvas por fêmea; 
 -Larvas são coletas em tanques de eclosão e transferidas para tanques de cultivo; 
 -Tamanho dos tanques variado (1 a 10m²); 
 -Dependência de água salobra; 
 -Importante: controle da qualidade da água e medidas de higiene; 
 -Sistemas de produção: aberto, fechado e de águas verdes; 
*Normalmente os sistemas fechados são adotados em regiões mais distantes do litoral 
para economizar água salgada; 
01-Sistema de Abastecimento Fechado: 
 -Tem-se circulação constante de água através de um filtro biológico; 
 -Produtividade: 60 a 80 pós-larvas por litro de água; 
 -Ciclo: 25 a 30 dias; 
 -Deve-se fazer a alimentação com náuplios de artêmia durantes os 10 primeiros 
dias; 
 -Ração fresca: lula, filé de peixe, leite em pó, farinha de trigo, premix com 
vitaminas e minerais, ovos e óleo de peixe; 
Cultivo de Artêmia 
 -Alta tolerância ambiental: temperatura (entre -18ºC e 40ºC) e salinidade (entre 
12 e 34ppm); 
 -Tempo de ciclo: 30 dias; 
 -Náuplio de artêmia é a larva recém-eclodida (400μm). Possui vitelo rico em 
nutrientes. Utilizar náuplios recém eclodidos na larvicultura; 
-Duas vias de reprodução, em condições normais fêmeas são ovovivíparas; 
-Em estresse produzem cistos; 
 
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-300 cistos/náuplios a cada 5 dias; 
-Quantidade de náuplios por grama de cisto – ideal são mais de 300.000 
náuplios/grama; 
-Eclosão em tanques cilíndricos cônicos translúcidos ou brancos; 
-Salinidade entre 22 e 25‰; 
-Máximo de 2 gramas de cisto para cada litro de água; 
-Mecanismo fisiológico da eclosão é disparado pela luz; 
-Eclosão em cerca de 24 horas; 
-Temperatura influência na eclosão; 
*Água salgada: água dos tanques de desova e eclosão deve ter salinidade de 5‰ e 
larvas recém eclodidas devem ser cultivadas em salinidades de 12‰. Propriedade a 
menos de 600 km do litoral compensa buscar água do mar no litoral; 
Engorda de Camarão de Água Doce 
 -Normalmente sistema semi-intensivo em viveiros escavados; 
-Separação em diferentes fases: 
1. Monofásico: apenas um tipo de viveiro onde é feito o povoamento com 
pós-larvas recém metamorfoseadas. Ciclo de seis meses e baixa produtividade 
(1000 a 1500 kg/ha/ano); 
2. Bifásico: recria (2 meses) e engorda (4 meses). Peso médio de 25 a 30 
gramas, com produtividade de 2000 kg/ha; 
3. Trifásico: sistema de alta tecnologia onde a recria é dividida em duas 
fases. A produtividade pode a chegar a mais de 2500 kg/ha; 
 -Manejo da Engorda: 
-8 a 10 camarões/m2; 
-Manejo de calagem e adubação para estimular a produtividade primária; 
-Controle da qualidade da água; 
-Abrigos para os animais na época da muda; 
-Gradeamento: separação dos animais por tamanho melhora a 
produtividade; 
Recria de Camarão de Água Doce 
 
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 -Pós-larvas recém metamorfoseadas até o peso médio de 2 gramas; 
-Cultivo pode ser feito em viveiros, tanques-rede, tanques internos; 
-Sistema bifásico: 2 meses e 70-200 pós-larvas por m²; 
-Sistema trifásico: berçários primários com altas densidades (4 a 8 pós-larvas/L) 
durante 15 a 20 dias; 
Alimentação de Camarão de Água Doce 
 -No primeiro mês os camarões se alimentam principalmente do alimento natural; 
-Alimentação natural corresponde de 40-60% da alimentação; 
-Ração com 35% de proteína bruta para juvenis e 25% para a terminação; 
-Proteína de origem vegetal; 
-Fornecimento pode ser feito a lanço ou em bandejas de alimentação; 
 -Substrato Artificial: 
-Camarões ocupam o fundo e precisam de área disponível; 
-Substratos podem aumentar a área em até 100%; 
-Produtividade de até 3000 kg/ha e diminuição do tempo de cultivo; 
-Substrato é colonizado por microrganismos (perifiton), melhorando a 
qualidade da água e disponibilizando mais alimento para os animais 
Despesca de Camarão de Água Doce 
 -Crescimento heterogêneo; 
-Despescas seletivas, utilizando rede com malha de 18-25mm; 
-Método tradicional a primeira despesca ocorre de cinco seis meses após a 
estocagem. Sétimo ou oitavo mês despesca total; 
-Método continuo o viveiro permanece cheio por 2 a 3 anos e são feitos novos 
povoamentos a cada despesca; 
-Imediatamente após a despesca, deve-se dado o choque térmico nos camarões, 
para preservas as características da carne; 
Policultivo com Peixes 
 -Tipos de produção: monocultivo de tilápias, policultivo de carpas e policultivo 
com peixes de corte ou ornamentais em gaiolas; 
 
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01-Policultivo com Tilápia: 
-Tilápia é a espécie principal, não a gasto com a alimentação do camarão; 
-Tilápia habita a coluna d‟água e explora pouco o fundo; 
-Densidade de estocagem: 4 camarões/m² e 2 tilápias/m² 
-Quando forem utilizados juvenis de camarões o povoamento com tilápia pode 
ser feito no dia seguinte; 
-Quando forem utilizadas pós-larvas o povoamento com tilápia ocorre de 30-60 
dias após o camarão; 
-Substrato reduz conflitos entre as espécies, camarõessão sensíveis na época da 
muda; 
-Produção de tilápia se mantém com uma produção adicional de 400-800 kg de 
camarões com peso médio de 20 a 35 gramas; 
-Vantagens: 
 -Camarões consomem resíduos orgânicos: reciclagem de nutrientes e 
diminuição da carga de poluentes; 
-Viveiros mais equilibrados ecologicamente; 
-Produção de maior quantidade de animais com a mesma quantidade de 
água e ração; 
-Produtividade dos peixes pode aumentar; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Malacocultura 
Definição 
 Cultivo de moluscos bivalves (ostras, mexilhões e vieiras) 
Introdução 
 -Santa Catarina: apresenta condições ideais para esse tipo de cultivo. Apresenta 
baias e enseadas com baixa profundidade (3 a 8m), temperatura da água entre 16 e 
30ºC, valores adequados de clorofila, boa qualidade de água e baixa população 
bacteriana. 
 -Ostreicultura: cultivo de ostras; 
 -Mitilicultura: cultivo de mexilhões/mariscos; 
 -Pectinicultura: cultivo de vieiras; 
 -Espécies nativas com potencial: almeja, berbigão e Mytilus edulis platensis; 
Vantagens 
 -Não há necessidade de aquisição de extensões de terra; 
-Não é necessária alimentação artificial; 
-Estruturas e materiais de baixo custo; 
-Pouca chance de aparecimento e disseminação de doenças; 
-Possibilidade de policultivo com carcinocultura e outras produções aquícolas; 
Requisitos para a Atividade: 
 -Condições de abrigo compatível; 
-Ausência de maré vermelha (saxitoxina); 
-Salinidade adequada para a espécie escolhida; 
-Produção primária; 
-Profundidade propícia (sistema adotado); 
-Isenção de poluentes químicos e nos limites aceitáveis de poluição orgânica – 
Resolução CONAMA nº357/2005; 
-Concordância com as normas de segurança e navegação; 
-Temperatura ideal entre 24 a 26ºC (15 a 32ºC); 
 
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-Atividade turística; 
-Proximidade de mercado; 
-Vias e condições de acesso; 
-Ponto de apoio em terra; 
-Segurança; 
Escolha do local e instalação do cultivo 
 -Dois sistemas: flutuante e suspenso fixo; 
01-Sistema Flutuante: 
 -Feito por long-line (espinhel) ou balsas; 
 -Profundidade: 4 a 40 metros; 
-Uso do long-line está difundido em todos os continentes menos na Europa; 
-O manejo do cultivo realizado em long-line precisa ser realizado com 
embarcações - “Balsa de serviço” 
02-Sistema Suspenso Fixo: 
 -Recomendado para locais com até 4 metros de profundidade e mar calmo; 
 -Estrutura é feita de bambu ou tubos de PVC com concreto; 
03-Sistema Contínuo de Cordas: 
 -Cordas de 500 a 1000 metros quadrados penduradas em alças de até 6 metros; 
-Cultivo mecanizado – manejo rápido e maior produtividade; 
-Mexilhões jovens são automaticamente resemeados; 
-Redução da mão-de-obra; 
Espécies Cultivadas 
01-Mexilhões: 
 -Família Mytilidae e gênero Mytilus, Perna e Mystella; 
*Brasil: espécie utilizada é Perna perna; 
 -Sementes: 
 
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 -Podem ser obtidas por: coleta nos costões, coleta artificial ou produção 
em laboratório. Na extração no costão tem-se contaminação organismos competidores, 
reduzido potencial de crescimento, danos no ecossistema e estoque limitado. 
 -Podem ser usados coletores de sementes e devem ser colocados nos 
meses de fevereiro, maio e setembro (meses onde se tem maior quantidade de liberação 
de gametas); 
 -Cultivo de sementes em laboratório. O estresse ambiental estimula a 
desova e deve-se alimentar as larvas com microalgas; 
 -Semeadura: (ensacamento) 
 -Separação e limpeza das sementes; 
-Densidade – 1,5 a 2,0 kg de sementes/metro linear de corda 
(Aproximadamente 500 a 700 sementes); 
-Ensacador rudimentar feito com um tubo de PCV de 15 cm de diâmetro 
adaptado a um funil para ensacar as sementes; 
 -Manejo: 
 -Visitas diárias; 
 -Vistoria mais apurada em épocas de mal tempo; 
 -Controle das incrustações; 
 -Produtividade: 
 -Em corda: aproximadamente 10kg/m 
 -Comercialização: 
-Modelo de pequena produção rural, mão-de-obra familiar 
-Comercialização principalmente local; 
-Poucos produtores possuem SIF para atingir mercado nacional; 
-Problema: capacidade de armazenagem e estocagem; 
-Demanda por técnicas de processamento: enlatado, meia concha, cozido 
descascado, etc. 
02-Ostras: 
 -Espécie cultivada: Crassostrea sp principalmente Crassostrea gigas (ostra 
japonesa), a qual tem um rápido crescimento, mas requer temperaturas baixas (ideal 
 
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abaixo de 24ºC). A espécie nativa é a Crassostrea rhizophorae (Ostra do Mangue) e 
tem distribuição ao longo do litoral, principalmente norte e nordeste do Brasil. 
*O cultivo da ostra nativa é recomendado em travesseiros; 
 -Esta espécie é cultivada em lanternas fixas em long-lines. Não é indicada para 
regiões estuarinas e mangues. 
 -Reprodução é feita apenas em laboratório; 
 -Sementes: 
 -Ostra japonesa e a nativa são reproduzidas pela UFSC e UNIVALI; 
 -Engorda: 
 -Duração: 6 a 10 meses; 
 -Cultivo: em lanternas ou travesseiros. O cultivo em lanternas é 
recomendado para águas profundas sem correnteza forte, precisam ficar na vertical. 
Cultivo de ostra exótica e vieiras em regiões costeiras e baias. E o cultivo em 
travesseiros é recomendado para regiões de mangue com grandes variações de marés e 
em áreas rasas. Os travesseiros ficam fixos horizontalmente a mesas feitas de 
vergalhões de aço de construção 16mm; 
*Vantagens do Travesseiro: menor custo, durabilidade 4 vezes maior (cerca de 8 anos), 
facilidade de manejo, resiste as fortes correntes, permite instalação em águas rasas e 
produz ostras de melhor qualidade; 
**No travesseiro devem recobertas com outra tela de plástico (malha de 8 mm), para 
ficarem protegidas da ação dos predadores e, também, da radiação solar; 
***Crescimento heterogêneo - importante classificar as ostras com uma peneira a cada 
45 dias; 
 -Resíduos: mais de 70% do peso dos animais pode corresponder a concha. As 
conchas podem ser usadas para artesanato, impermeabilizante de solo, agricultura, 
construção civil e aditivo de indústria química (PVC); 
03-Vieiras: 
 -Espécie cultivada: Nodipecten nodosus 
 -Sementes: 
 -Sementes podem ser coletadas com uso de coletores em baias, quando 
existe uma população natural em fase reprodutiva. No Brasil a espécie cultivada não 
forma grandes bancos naturais, é encontrada em baixas densidades em ambiente de mar 
aberto e não possui sincronia reprodutiva; 
 
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-Dependência da produção de sementes em laboratório (UFSC); 
 -Engorda: 
 -Tradicionalmente cultivo suspenso; 
-Cultivo em currais de fundo – japoneses; 
-Poucos trabalhos sobre a engorda; 
Depuração de Bivalves 
 -A contaminação microbiológica e química não pode ser detectada pelo visual e 
odor; 
 -A contaminação microbiológica pode ser eliminada pelo processo de 
depuração; 
Técnicas 
 01-Cloração: antes de chegar aos tanques, a água do mar é tratada com gás 
cloro, sendo depois submetida à aeração para que o gás evapore. Desvantagens: perigo 
da manipulação do cloro e sabor desagradável; 
 02-Ozonização: mesmo procedimento, utilizando-se gás ozônio em vez de cloro. 
A desvantagem nesse caso fica por conta do alto custo do ozônio. Alterações na textura 
dos tecidos dos mexilhões, tornando-os ressecados; 
 03-Irradiação: água do mar, após ser previamente filtrada, circula por uma 
unidade esterilizadora contendo lâmpadas de raios ultravioleta, antes de ser introduzida 
no tanque de depuração. Apesar do elevado custo de implantação, esse método 
apresenta-se como o mais recomendável. 
Maricultura Integrada 
 -Cultivos experimentais com macroalgas e com polvos; 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Referências Bibliográficas 
Material de Aqüicultura: Prof. Dr. Thiago El Hadi Perez Fabregat – CAV/UDESC

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