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1 A)Quatro a seis FUNDAMENTOS HISTÓRICOS CONCEITUAIS E ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho de um grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de cursos de Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma entidade capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior. O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de co- nhecimento, aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na sua formação continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos científicos, técnicos e culturais, que constituem patrimônio da humanidade, transmitindo e propagando os saberes através do ensino, utilizando-se de pu- blicações e/ou outras normas de comunicação. Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cul- tura, de forma confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética, primando sempre pela inovação tecno- lógica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cur- sos de qualidade. 3 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 1. ASPECTOS HISTÓRICOS DA PSICOPEDAGOGIA ..................... 4 2. ASPECTOS SOCIAIS NA EDUCAÇÃO ESCOLAR ....................... 7 3. ASPECTOS CULTURAIS NA EDUCAÇÃO ESCOLAR .................. 8 4. ASPECTOS ECONÔMICOS NA EDUCAÇÃO ESCOLAR ............. 9 5. ASPECTOS PEDAGÓGICOS ...................................................... 10 6. O PAPEL DA PSICOPEDAGOGIA NO CONTEXTO ATUAL ....... 11 6.1 Intervenção ................................................................................ 15 7. ASPECTOS DE FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO 17 7.1 Formação do psicopedagogo .................................................... 17 8. ÉTICA DO TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO ............................ 19 9. PSICOPEDAGOGO E OS NOVOS DESAFIOS ........................... 25 10. A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO – UMA REFLEXÃO .......... 31 11. REFERÊNCIAS: ........................................................................... 33 4 1. ASPECTOS HISTÓRICOS DA PSICOPEDAGOGIA A Psicopedagogia teve o seu início, na Europa, ainda no século XIX, quando surgiram as preocupações com os “problemas de aprendizagem”. Não obstante, a Argentina tem um valor e relevância na difusão do pensamento psicopedagógico, principalmente na epistemologia convergente, nos quais seus principais representantes são: Jorge Visca, Alicia Fernandez e Sara Paín. Também na Argentina, a Psicopedagogia tem o seu eixo teórico em três áreas da Psicologia, sendo elas: a Psicologia Genética (Jean Piaget), a Psicanálise (Freud) e a Psicologia Social (Pichon-Rivière). Mediante a isto, diversas outras teorias contribuíram e enriqueceram a teoria psicopedagógica, partindo disso, as autoras Ana Teberosky e Emília Ferreiro conceitual de maneira clara e objetiva a psicogênese da língua, teoria de Vygotsky. Bossa (2011) nos acrescenta que a origem do pensamento argentino acerca da Psicopedagogia está centrada na literatura francesa e se baseia em autores como Jacques-Marie Émile Lacan, Maud Ferreira Mannoni, Françoise Dolto, Julian de Ajuriaguerra, Enrique Pichon-Rivière, entre outros. Já no Brasil, os representantes importantes que contribuíram para o desenvolvimento da Psicopedagogia, são Maria Lúcia Weiss, Aglael Borges, Nadia Aparecida Bossa, Beatriz Judith Lima Scoz, Heloísa Maria Fortuna Padilha, entre outros.A psicopedagogia surgiu na fronteira entre as áreas da Educação e Saúde, sendo assim, Bossa (2011,p.19) afirma que, como produção do conhecimento, a psicopedagogia “[...] nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem [...], onde a preocupação encontra- se na maneira como o aluno lida com as facilidades e as dificuldades no aprendizado e como desenvolve o seu conhecimento”. Barbosa (2007, p.91, grifo do autor) explica que a psicopedagogia 5 [...] nasceu como uma área que possuía a missão de superar a “compartimentalização” do aprendiz, da sua forma de lidar com as facilidades e dificuldades para aprender e do conhecimento a ser aprendido. No seu trajeto, no entanto, não conseguiu evitar a contaminação pelo que já estava posto, pelas ciências que já possuíam seu estatuto estabelecido como tal, como a medicina, por exemplo. Como um irmão menor, chegando em uma família, a Psicopedagogia passou a fazer suas inserções usando instrumentos construídos por outras áreas do conhecimento, mas regidos pelo paradigma da disjunção, aquele que deveria ser superado na história humana, no momento de seu surgimento. Desde seu surgimento, a psicopedagogia buscou um campo de atuação próprio, bem como tentou construir seus instrumentos com foco no objeto de estudo. Claro (2018) expõe que a Europa é o berço da psicopedagogia, pois lá surgiram os primeiros centros de orientação educacional infantil, cujas equipes de atendimento eram compostas de médicos, psicólogos, educadores e assistentes sociais. Pöttker e Leonardo (2014,p. 87, grifo do autor) acrescentam que: [...] os primeiros passos da Psicopedagogia foram dados nos séculos XIX e XX na França, denominando-se “Pedagogia Curativa”, por influência de Janine Mery e George Mauco. Surgiu com o intuito de curar os problemas da educação advindos das transformações decorrentes da Revolução Industrial e da Revolução Francesa. Nos Estados Unidos, a preocupação com crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem se manifestou por volta da década de 1930, com o surgimento dos primeiros centros de reeducação para atendimento a delinquentes juvenis. (CLARO, 2018).Ainda os autores Pöttker e Leonardo (2014, p. 87) relatam que: No ano de 1956, foi fundada, em Buenos Aires, a primeira faculdade de Psicopedagogia. Por volta de 1970, foram criados, em Buenos Aires, os Centros de Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos atuavam, fazendo diagnóstico e tratamento. Isso acarretou uma mudança na abordagem da psicopedagogia argentina, que de reeducação passou para ter um carácter clínico. 6 Bossa (2011) menciona que, na Argentina, a atuação psicopedagógica é efetivada nas áreas da Educação e da Saúde. Na área da Educação, o psicopedagogo coopera para a diminuição do fracasso escolar, em relação tanto ao sujeito quanto à instituição. Assim, presta assessoria aos pais, aos professores e aos gestores educacionais e auxilia na elaboração dos planos de recreação, propondo atividades que desenvolvam a criatividade, o juízo crítico e a cooperação entre os alunos. Nas instituições educativas, o psicopedagogo atua ainda com orientação vocacional. Na área da Saúde, segundo Claro (2018, p. 62) “[...] o psicopedagogo atende em consultórios particulares e instituições de saúde, hospitais públicos e particulares”. Sua função é reconhecer e atuar sobre as alterações da aprendizagem sistemática e/ou assistemática. Procura-se reconhecer as alterações da aprendizagem sistemática, utilizando-se diagnóstico na identificação dos múltiplos geradores desse problema e, fundamentalmente, busca- se descobrir como o sujeito aprende. (BOSSA, 2011, p. 42). NoBrasil, assim como na Europa e na Argentina, segundo Silva (2012) o problema de aprendizagem foi entendido, por muito tempo, como sendo originado por fatores orgânicos. Silva (2012, p.22) descreve que “[...] ainda nos dias atuais, a primeira atitude dos educadores e dos familiares de crianças com problemas de aprendizagem é recorrer ao médico. Logo, essa figura continua tendo uma grande importância nas decisões das famílias”. No Brasil, a psicopedagogia foi fortemente tomada tanto pelas experiências argentinas como pelas francesas. Pöttker e Leonardo (2014, p. 87) retratam que “[...] no contexto educacional que originou o surgimento da Psicopedagogia foi semelhante ao desses países, ou seja, as situações de fracasso escolar”. Claro (2018, p. 64) apresenta que: [...] o aspecto que motivou o surgimento da psicopedagogia no país, tal qual em outros lugares, foi o fracasso escolar. Nas décadas de 1970 e 1980, o índice de crianças que apresentavam dificuldades de 7 aprendizagem era muito alto e não havia profissionais capacitados nas escolas para atender a essa demanda, porque o pedagogo não dava conta de resolver essa carência. Bossa (2011) acrescenta descrevendo que neste período começa a se configurar uma nova teoria sobre o entendimento do fracasso escolar. O enfoque passou, então, a ser a visão sociopolítica, na qual o problema de aprendizagem passa a ser entendido enquanto problema de ensino. Sendo assim, do ponto de vista de Scoz (1991), a psicopedagogia preocupa-se com o processo de aprendizagem com as suas dificuldades, e em uma ação profissional deve sintetizar, de forma integrada, conhecimentos de diferentes áreas do conhecimento. Para tanto, a autora enfatiza a importância de o profissional da educação ter acesso às informações de diferentes ciências (pedagogia, psicologia, sociologia, psicolinguística), de forma a aprofundar os conhecimentos, vinculando-os à realidade educacional, de forma a ter uma visão global do aluno. E o maior desafio das escolas, na concepção da psicopedagogia, é buscar caminhos que possibilitem ao educador rever a própria prática e descobrir alternativas possíveis para melhorar sua ação. 2. ASPECTOS SOCIAIS NA EDUCAÇÃO ESCOLAR Somos todos seres sociais, pois estamos inseridos em sociedade, e ela sempre apresenta desafios e inovações. Tais desafios chegam até as escolas, ou seja, estão presentes no cotiadiano escolar. As mudanças sociais são visíveis e interferem muito no contexto escolar. Hoje as mães estão todas no mercado de trabalho, e por conta desse fator os filhos têm que ter mais autonomia, o que é uma valia para a educação, a partir do ponto em que esse contexto fica bem definido, ou pode ser uma dificuldade, quando os filhos não assumem as suas responsabilidades e o processo de ensino fica prejudicado. 8 Também nos deparamos com a necessidade de as instituições escolares abordarem questões referentes a religião, gênero, étnico racial, inclusão no dia a dia das instituições; se esses assuntos não forem esclarecidos, pode haver um desgaste muito grande em relação aos aspectos sociais. Os aspectos sociais estão presentes na educação escolar desde a Educação Infantil; por conta disso, o aluno de hoje é muito mais participativo. Ele expõe as suas opiniões, além de trazer novas questões para dentro da escola. A escola é parte integrante da sociedade; ao discutir assuntos pertinentes, a sociedade faz com que o debate fique cada vez mais rico. 3. ASPECTOS CULTURAIS NA EDUCAÇÃO ESCOLAR Os aspectos culturais têm grande relevância dentro das instituições escolares; nesses ambientes, encontramos uma grande variedade de práticas culturais, pois cada criança vem de casa com certa criação, com hábitos e valores que são herdados culturalmente, de acordo com seus familiares. Ao chegarmos às instituições, nos deparamos com tal diversidade. Sendo assim, convivemos nos ambientes escolares com situações que envolvem muitas vezes mudanças de atitudes dos alunos diante de diferentes culturas. Com a globalização, os conteúdos são muito explorados nas mídias; vivemos diretamente com os acessos culturais, e precisamos acima de tudo respeitar e entender um ao outro a cada dia. Nesse sentido, também aprendemos novas culturas e ampliamos nossos coonhecimentos. 9 Quando nos referimos ao acesso a novos caminhos, principalmente em relação aos aspectos culturais, temos que considerar que se trata de um aspecto saudável para a aprendizagem enquanto formação humana. 4. ASPECTOS ECONÔMICOS NA EDUCAÇÃO ESCOLAR Os aspectos econômicos também se fazem presentes nas instituições de ensino. Elas estão em contato com o mundo; assim, Medonça (2009, p.8) nos esclarece que muitas vezes o “insucesso escolar, além de se apresentar como um problema social constitua também um problema econômico cuja resolução constitui um autêntico desafio para todas as nações ao nível de seus responsáveis políticos”. A economia e a política estão sempre em contato. Os aspectos políticos, principalmente em relação às políticas públicas educacionais, são marcantes na área educacional, principalmente quando ocorre a não aprendizagem de maneira satisfatória, e existe a necessidade de recursos para a efetivação da aprendizagem. Muitas vezes, descobrimos os limites do sujeito que busca construir o conhecimento de uma determinada realidade; a complexidade da realidade apresenta um caráter histórico. Pode, ainda, ser potencializada pela forma específica com que os homens produzem a vida, como vivida na sociedade de classe. Quando explicitamos nossas concepções de realidade, de conhecimento, e os pressupostos da educação, é essencial considerar os profissionais, que são ao mesmo tempo técnicos e dirigentes; o trabalho dialético entre prática social e do conhecimento; o trabalho pedagógico não fragmentado; a articulação dialética entre o sujeito que aprende e o sujeito da aprendizagem; a superação de simples justaposição de disciplinas e conteúdos no suposto trabalho 10 interdisciplinar; o desenvolvimento de uma consciência crítica da realidade social, cultural, econômica e pedagógica. Somente dessa forma, segundo Santomé (1998, p.59), iremos “Formar indivíduos com uma visão mais global da realidade, víncular a aprendizagem a situações e problemas reais, trabalhar a partir da pluralidade e da diversidade, preparar para aprender toda a vida”. 5. ASPECTOS PEDAGÓGICOS A escola é uma instituição dentro da qual ocorre a educação formal; é nela que os trabalhos do docente acontecem; é lá que os conteúdos são transmitidos para os alunos. Os aspectos pedagógicos são tratados a partir de planejamento, pois podemos afirmar que a escola é uma instituição que depende do trabalho docente. O plano de trabalho da sala de aula sempre é um aspecto a ser considerado; porém, em algumas situações cabe ao professor adaptar a prática pedagógica para garantir a aprendizagem de todos os alunos ali matriculados. A cada início de ano, o professor faz um planejamento para o ciclo letivo e para a série em que vai desempenhar a sua função. Neste trabalho, cabe ao professor melhor organização dos conteúdos trabalhados. Além do planejamento, temos as disciplinas, que são vistas como uma forma organizada, delimitada, dentro da qual se concentra uma determinada matéria. Para Sodré (1998,p. 59), “ as disciplinas não são corpos eternos e imutáveis, mas fruto de um determinado vir a ser histórico. Estão em constante transformação e evolução, frutos das contingênciasque modelam e condicionam a mentalidade e os ideais dos homens e mulheres que constroem e reconstroem os conhecimentos. 11 6. O PAPEL DA PSICOPEDAGOGIA NO CONTEXTO ATUAL Caro(a) aluno(a), para iniciar a nossa discussão deste tópico, precisamos refletir sobre a definição da palavra “psicopedagogia”. O Dicionário Michaelis (2019) registra que, etimologicamente, este é um vocábulo composto do grego psykhē+o+pedagogia “aplicação de conhecimentos da psicologia às práticas educativas”. O conceito remete a duas grandes áreas do conhecimento, sendo elas: psicologia e pedagogia as quais têm como foco de estudo o sujeito. Conforme o Projeto de Lei da Câmara nº 31, de 2010, no qual dispões sobre a regulamentação do exercício da atividade de Psicopedagogia, deixa claro que poderão exercer a atividade os portadores de diploma em curso de graduação em Psicopedagogia e/ou Psicologia, Pedagogia ou Licenciatura, bem como o curso de especialização em Psicopedagogia, com duração mínimo de 600 (seiscentas) horas. Ainda no referido projeto em seu Art. 4º explicita quais são as atividades e atribuições do psicopedagogo. A Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) foi criada em 12 de novembro de 1980 e, com ela, a psicopedagogia começou a se estruturar como uma profissão à parte, agregando, além da psicologia e da pedagogia, outras áreas do conhecimento. Para isso, era necessário que os interessados realizassem uma pós-graduação lato sensu. Aos poucos, as ofertas dos cursos de especialização se proliferaram em todo o território nacional, e atualmente o curso como graduação vem ganhando forças. De acordo com Lemos (2007, p.73), [...] a psicopedagogia se ocupa do estudo do processo de aprendizagem humana, de forma preventiva e terapêutica. Entretanto, ainda que 12 o enfoque da psicopedagogia seja os problemas de aprendizagem, é necessário que se ocupe do processo de aprendizagem como um todo, a fim de descobrir as barreiras que impedem ou atrapalham o aprendiz de se autorizar a saber. Segundo a ABPp (2011, s/p.), a psicopedagogia atua no campo da “[...] Educação e Saúde que se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando, procedimentos próprios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos”. É importante enfatizar que se trata de uma área do conhecimento que possibilita ao profissional atuar tanto na clínica quando na instituição. Dessa forma, propõe integrar, de forma coerente, conhecimentos e princípios de diferentes áreas das ciências humanas.Complementamos nossa reflexão sobre o conceito de psicopedagogia com a explanação de Barbosa (2007, p.91), que assim a define: [...] a área do conhecimento que se propõe estudar o ser cognoscente e seu processo de aprender, compreendendo-o como um ser constituído de três grandes dimensões: a Racional, a Relacional e a Desiderativa e do funcionamento decorrente das relações dessas três dimensões, que acontecem num corpo físico e biológico, bem como num contexto cultural próprio. Assim, no processo de construção do conhecimento é preciso compreender que o sujeito é dotado de razão, que expressa seus desejos, suas ânsias e suas vontades, mas é na troca com o outro e com o meio cultural que se “faz” humano. Segundo a autora Claro (2018, p.20) “A psicopedagogia estuda as formas como o sujeito aprende e de que maneiras essa aprendizagem ocorre, bem como os fatores que provocam alterações no ato de aprender, a fim de preveni- las e tratá-las”. Nesse sentido, a psicopedagogia para Weiss (2012, p.6) “[...] busca a melhoria das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagens de alunos e aducadores”. 13 Logo, o foco de estudo da psicopedagogia segundo Claro (2018, p.21) é “a aprendizagem”, no qual “[...] é um processo contínuo de construção de conhecimentos e está presente na vida do sujeito desde a mais tenra idade”. Para tanto, devemos falar sobre a aprendizagem, na concepção de Diaz (2011, p.83), a aprendizagem é: [...] um processo mediante o qual o indivíduo adquire informações, conhecimentos, habilidades, atitudes, valores, para construir de modo progressivo e interminável suas representações do interno (o que pertence a ele) e do externo (o que está “fora” dele) numa constante inter-relação biopsicossocial com seu meio e fundamentalmente, através da ajuda proporcionada pelos outros. Para o referido autor supracitado, no processo de aprendizagem, sempre há uma autoconstrução de informações, de habilidades, de atitudes, a qual modificou o que foi anteriormente aprendido. Dessa forma, “[...] o ato de aprender é constituído pela integração de dados oferecidos pelo meio e de dados construídos pelo sujeito aprendiz. Aprender significa transformar. Toda aprendizagem provoca mudança no comportamento do sujeito”. (CLARO, 2018, p. 21). Com relação à ação psicopedagógica, teoricamente, ela deve ser pautada pela prevenção do fracasso escolar e das dificuldades que envolvem tanto educandos como educadores. No entanto, as autoras Barone; Martins e Castanho (2011), alertam que a psicopedagogia historicamente vem se consolidando como área interdisciplinar voltada prioritariamente para a compreensão e a intervenção nos processos de aprendizagem de indivíduos e grupos, nos vários contextos sociais, culturais e institucionais em que a aprendizagem ocorre. Assim, é importante que o fazer psicopedagógico leve em consideração a autora do pensamento por parte do sujeito, observe a maneira como ele constrói seu conhecimento, de que maneira ele analisa, organiza e identifica as fontes de informação e, ainda, de que forma ele constitui sua identidade como sujeito de aprendizagem. (CLARO, 2018, p.22). 14 Nesse sentido, caro(a) estudante o objetivo de estudo da psicopedagogia deve ser compreendido sob dois enfoques: o preventivo e o terapêutico. O enfoque preventivo consiste em saber como se dá o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social do sujeito. Já o terapêutico se concentra em identificar, analisar e construir procedimentos metodológicos que possibilitem diagnosticar e tratar as dificuldades de aprendizagem. Para tanto, status interdisciplinar da psicopedagogia exige do profissional um aprofundamento em áreas de estudo que antes pareciam distantes das explicações que se buscavam para as dificuldades encontradas no processo de aprendizagem, bem como demanda uma transformação que vai além da configuração do papel profissional do psicopedagogo, atingindo níveis de sua estrutura afetiva cognitiva e social. (OLIVEIRA, 2014). O Psicopedagogia para poder melhor exercer o seu ofício, passou a estudar as características da aprendizagem humana, tentando, segundo Bossa (2011) entender as seguintes questões: como se aprende; como está aprendizagem varia evolutivamente; como a aprendizagem está condicionada; que fatores condicionam a aprendizagem; como se produzem as alterações na aprendizagem e por fim como reconhecer as alterações verificadas na aprendizagem. A autora Oliveira (2014, p. 12) descreve que: O alicerce da prática psicopedagógica não é formado apenas pelo conhecimento teórico sobre psicologia da aprendizagem, psicologia genética, teorias da personalidade, pedagogia, fundamentos da biologia, linguística, psicologia social, filosofia, ciências neurocognitivas, masprincipalmente pela capacidade de articular esses conhecimentos e manter o compromisso ético e social na prática e na investigação científica do processo de aprendizagem. Portanto, o psicopedagogo no contexto atual exerce função essencial neste processo, pois cabe ao mesmo diferenciar as situações sejam elas facilitadoras ou as que dificultam para que as pessoas possam estar resgatando seu processo de aprendizagem, incluindo sua história de vida, parte esta de 15 grande importância para o psicopedagogo, por ser algo fundamental quando este lida diretamente com a pessoa. 6.1 Intervenção Imagem: 01 A intervenção baseia-se nas diversas atividades que o profissional trabalha com paciente, a fim, de intervir diretamente no processo de aprendizagem do mesmo. Rubinstein (2003), diz que nós devemos procurar verificar como o paciente interage com as atividades que lhe são propostas. Há diversos tipos de atividades, diversas maneiras para conduzir a intervenção do sujeito, e não requer muito mistério, muito material específico, pode ser através de simples recursos, jogos, brincadeiras, desenhos, escrita, conversa, dentre outros. Devemos estar atentos ao problema do paciente, pois cada um tem suas particularidades, e cada intervenção deve respeitar os limites e os desejos do mesmo. Paín (1985, p. 74) diz que “Nem sempre é fácil determinar o sentido do problema de aprendizagem no quadro total, nem a opção terapêutica é tão clara”. 16 O objetivo do tratamento é que a criança evolua no aspecto em que se encontra em defasagem, e normalmente as crianças que são encaminhadas para um atendimento psicopedagógico apresentam problemas na escola. Porém, toda a família é beneficiada com tratamento do paciente, pois muitas vezes o que desencadeia o problema está na família, e no sujeito age apenas como um sintoma. O tratamento psicopedagógico adquire sentido na ação institucional. Isto permite uma rápida orientação destinada aos pais, seja para seu ingresso num grupo, seja para uma terapia familiar ou de casal; garante um bom controle do aspecto orgânico e neurológico, oferece possibilidades de diálogo quando o paciente recebe mais de uma atenção e assegura a complementação integrada de outras técnicas pedagógicas, sejam elas expressivas, ocupacionais, etc (PAÍN, 1985, p. 75). Paín (1985), diz que há seis passos importantes neste processo: • Organização prévia da tarefa; • Graduação; • Autoavaliação; • Historicidade; • Informação; • Indicação. O que se deve haver é a finalidade de auxiliar o paciente no seu processo de aprendizagem, eliminando o que atrapalha e mostrando-lhe que sempre é possível vencer as barreiras. 17 7. ASPECTOS DE FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO Imagem: 02 7.1 Formação do psicopedagogo “Formação” é um vocábulo abrangente. Neste contexto, a palavra vai além de crescimento físico. Para tanto, vamos recorrer ao Dicionário Houaiss (2018): vocábulo de origem latina formatione que corresponde ao “ato, efeito ou modo de formar, constituir (algo); criação, construção, constituição”, ao “conjunto de conhecimentos e habilidades específicos a um determinado campo de atividade prática ou intelectual” e, ainda, ao “conjunto de cursos concluídos e graus obtidos por uma pessoa”. 18 Imagem: 03 Conforme a Classificação Brasileira de Ocupações - CBO do Ministério do Trabalho são os códigos cadastrados de todas as profissões e ocupações brasileiras. A atividade de Psicopedagogo é uma das atividades classificada sob o número 2394-25: “Programadores, Avaliadores e Orientadores de Ensino, da qual fazem parte além do psicopedagogo os coordenadores pedagógicos, orientadores educacionais, supervisores de ensino, pedagogos e professores de recursos audiovisuais”. (BRASIL,2019). De acordo com a ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia) a formação do profissional da Psicopedagogia deve orientar-se pelos seguintes princípios norteadores: a) conscientização da diversidade, respeitando as diferenças de natureza cultural e ambiental, de gêneros, de faixas geracionais, de classes sociais, de religiões, de necessidades especiais, de orientação sexual, entre outras; b) priorização de ações que envolvam os direitos humanos visando uma sociedade inclusiva e equânime, com ênfase nas potencialidades do sujeito da aprendizagem; 19 c) valorização do pensamento reflexivo, crítico e transformador; d) conscientização do trabalho coletivo pautado pela ética e sigilo profissional; e) respeito aos saberes específicos das áreas afins e dos profissionais. Ainda segundo ABPp “o Psicopedagogo é o profissional habilitado para atuar com os processos de aprendizagem junto aos indivíduos, aos grupos, às instituições e às comunidades”. Sendo assim, como já estamos estudando ao longo da disciplina, constatamos que a formação do profissional é multidisciplinar e, assim, se assenta sobre diversas ciências: ► Sob o ponto de vista filosófico, seu embasamento deve lhe permitir encontrar as ideias de homem, de sociedade e educação implícitas em cada teoria psicopedagógica; ► Sua formação sociológica deve facilitar a compreensão do tempo e do espaço sociocultural e econômico que influenciam o fenômeno educacional dos indivíduos pertencentes às classes socioeconômicas mais baixas; ► O conhecimento de técnicas e métodos, relativos ao desenvolvimento das operações lógicas do pensamento e à aquisição das habilidades básicas psicomotoras e linguísticas é indispensável a este profissional da área psicopedagógica. Daí a importância de conhecimentos psicolinguísticos, neurológicos e outros. (PORTAL EDUCACIONAL, 2019). 8. ÉTICA DO TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO A palavra ética, etimologicamente, é derivada do grego ethike e pode ser entendida como o “conjunto de princípios, valores e normas morais e de conduta 20 de um indivíduo ou de um grupo social ou de uma sociedade” (MICHAELIS, 2019). A Ética é a parte da filosofia que busca refletir sobre o comportamento humano, tendo como objeto de estudo “o bem e o mal”; “o certo e o errado”. Segundo Cortella (2010, p. 106), “A ética é o conjunto de princípios e valores da nossa conduta na vida junta. Portanto, ética é o que faz a fronteira entre o que a natureza manda e o que nós decidimos. A ética é aquilo que orienta a sua capacidade de decidir, julgar, avaliar”. Considera-se, então, que ética é um conjunto de princípios que conduzem e orientam o homem à ação moralmente correta. Como disciplina teórica, Claro (2018) descreve que: [...] a ética tem por intuito investigar o comportamento do sujeito e suas relações consigo e com o outro com base nos seguintes princípios: justiça, moral, dever, liberdade, responsabilidade, virtude e valor, ou seja, entende-se que, por meio da ética, o ser humano procura maneiras mais apropriadas de agir, de viver e de conviver. As profissões também são regidas por normas e regras específicas. Há, por exemplo, a ética médica, a ética jurídica, a ética do psicopedagogo. Assim, a ética profissional “abrange todos os setores profissionais da sociedade” e tem como objetivo “interrogar mais amplamente o papel social da profissão, sua responsabilidade, sua função, e sua atitude frente a riscos e ao meio” (MICHAELIS, 2019). Sá (2013) destaca que ter ética profissional e cumprir com todas as atividades e obrigaçõesestabelecidas à profissão são princípios indispensáveis para manter uma sociedade organizada, ou seja, é necessário que cada sujeito cumpra com seu papel na sociedade. No que diz respeito ao psicopedagogo, sua ética é baseada em um conjunto de regras de conduta moral e deontológica que norteiam os prossionais da área psicopedagógica e estão descritas no Código de Ética do Psicopedagogo, aprovado pela Associação Brasileira de Psicopedagogia 21 (ABPp) em 1996, sendo reformulado e aprovado em assembleia geral em 5 de novembro de 2011. Segundo ABPp o código de ética tem o propósito de estabelecer e orientar parâmetros que norteiam a profissão. Dessa forma, busca manter a boa conduta do profissional, estabelecendo diretrizes para o exercício da função. Atualmente, com a evolução que vem ocorrendo em meio à sociedade, o código de ética também passou por mudanças. Código de Ética do Psicopedagogo regulamenta as seguintes situações: ● Princípios da psicopedagogia; ● Formação do psicopedagogo; ● Exercício das atividades psicopedagógicas; ● Responsabilidades; ● Instrumentos; ● Publicações científicas; ● Publicidade profissional; ● Honrários; e ● Disposições gerais. Logo, no exercício da profissão, o psicopedagogo, investido de adequada formação, não pode cobrar honorários de serviços não realizados nem assinar procedimentos psicopedagógicos que não tenha pessoalmente executado. O psicopedagogo não pode perder de vista que o objetivo de seu trabalho é a aprendizagem em todas as suas nuances. O Código de Ética do Psicopedagogo, no Capítulo I, composto de quatro artigos, dispõe sobre os princípios que regem a profissão. Averiguemos, cada um deles: Artigo 1º A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a 22 escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando procedimentos pró- prios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos. Parágrafo 1º A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento, relacionada com a aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre os processos de aprendizagem e as suas dificuldades. Parágrafo 2º A intervenção psicopedagógica na Educação e na Saúde se dá em diferentes âmbitos da aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre o institucional e o clínico. Artigo 2º A Psicopedagogia é de natureza inter e transdisciplinar, utiliza métodos, instrumentos e recursos próprios para compreensão do processo de aprendizagem, cabíveis na intervenção. Desta forma, o psicopedagogo pode atuar tanto na área da saúde quanto na área da educação, desde que em ambas o objeto de estudo seja a aprendizagem e os fatores que interferem nesse processo. O artigo 3ª do Código de Ética do Psicopedagogo estabelece os objetivos do trabalho do psicopedagogo: a) promover a aprendizagem, contribuindo para os processos de inclusão escolar e social; b) compreender e propor ações frente às dificuldades de aprendizagem; c) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia; d) mediar conflitos relacionados aos processos de aprendizagem. 23 Como é possível perceber, a aprendizagem é o objeto de estudo da psicopedagogia, no qual é um fator a ser considerado nas atividades psicopedagógicas, no que se refere à proposição de ações e à mediação de conflitos correlacionados. Um objetivo que também merece atenção concerne ao fato de o psicopedagogo também atuar como pesquisador. O artigo 4º do Código de Ética do Psicopedagogo ressalta o envolvimento do psicopedagogo, juntamente com outros profissionais, em projetos nas áreas da educação e saúde: “O psicopedagogo deve, com autoridades competentes, refletir e elaborar a organização, a implantação e a execução de projetos de Educação e Saúde no que concerne às questões psicopedagógicas”. O Capítulo IV do Código de Ética do Psicopedagogo, em seu artigo 11º, estabelece as responsabilidades a serem assumidas pelo profissional da psicopedagogia: Artigo 11º São deveres do psicopedagogo: a) manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que tratem da aprendizagem humana; b) desenvolver e manter relações profissionais pautadas pelo respeito, pela atitude crítica e pela cooperação com outros profissionais; c) assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e nos parâmetros da competência psicopedagógica; d) colaborar com o progresso da Psicopedagogia; e) responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornecer definição clara do seu parecer ao cliente e/ou aos seus responsáveis por meio de documento pertinente; f) preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos; 24 g) manter o respeito e a dignidade na relação profissional para a harmonia da classe e a manutenção do conceito público. São várias as responsabilidades atribuídas ao psicopedagogo, no qual envolvem formação continuada, relações interpessoais, ética com o paciente, necessidade de só prestar atendimento quando se sentir apto, de zelar pelo nome da profissão, entre outros. O Capítulo III do Código de Ética do Psicopedagogo, em seu artigo 6º ao 10º, cuida do exercício das atividade do psicopedagogo: Artigo 6º Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais graduados e/ou pós-graduados em Psicopedagogia – especialização “lato sensu” - e os profissionais com direitos adquiridos anteriormente à exigência de titulação acadêmica e reconhecidos pela ABPp. É indispensável ao psicope- dagogo submeter-se à supervisão psicopedagógica e recomendável proces-so terapêutico pessoal. Parágrafo 1º O psicopedagogo, ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-lo de acordo com as normas do Estatuto da ABPp e os princípios deste Código de Ética. Parágrafo 2º Os honorários deverão ser tratados previamente entre o cliente ou seus res-ponsáveis legais e o profissional, a fim de que: a) representem justa contribuição pelos serviços prestados, considerando condições socioeconômicas da região, natureza da assistência prestada e tempo despendido; b) assegurem a qualidade dos serviços prestados. 25 Um dos pontos definidos no Código de Ética diz respeito ao sigilo profissional, ou seja, o profissional não deve revelar fatos que comprometam a intimidade dos sujeitos. Entretanto, ressalta em seu artigo 7º que o psicopedagogo está imposto a respeitar o sigilo profissional, “protegendo a confiadencialidade dos dados obtidos em decorrência do exercício de sua atividade e não revelando fatos que possam comprometer a intimidade das pessoas, grupos e instituições sob seu atendimento”. Dessa forma, destaca-se a importância de conhecer o código de ética, e suas regulamentações, pois elas apresentam com propósito os parâmetros que os profissionais devem seguir. Vale lembrar que existem vários códigos de ética em meio a tantas profissões e todos possuem o mesmo propósito, o de conduzirem uma boa conduta do profissional e do cidadão. 9. PSICOPEDAGOGO E OS NOVOS DESAFIOS Primeiramente vamos conhecer sobre o perfil profissional do psicopedagogo. Dando início com a seguinte pergunta: Você já pensou como é caracterizado esse profissional? Historicamente demarcado pelos estudos médicos e pedagógicos (BASTOS, 2015), os problemas de aprendizagem, atualmente, são observados pela ótica da psicopedagogiae constitui-se de estruturas interdisciplinares contribuídas de outros campos do conhecimento. Quando se trata do perfil profissional que corresponde ao conjunto de habilidades e características que o profissional deve possuir para desempenhar sua profissão, o psicopedagogo é o profissional que se preocupa com os processos de aprendizagem nos múltiplos espaços educativos. O psicopedagogo faz parte do grupo de profissionais que estão habilitados para o trabalho no processo de ensino e aprendizagem, no espaço escolar ou não, cujo foco corresponde a investigar os problemas de 26 aprendizagem e assegurar a qualidade de educação e da aprendizagem humana. Sendo assim, a seguinte pergunta é: Você sabe a função do psicopedagogo? O profissional psicopedagogo é indicado para assessorar e esclarecer a escola a respeito de diversos aspectos do processo de ensino e aprendizagem e tem atuação preventiva e terapêutica/clínica. Vários autores consideram não existir distinção espacial para a ocorrência de ambas, pois há momentos em que se utilizam, no mesmo espaço, tanto uma ação preventiva quanto uma ação terapêutica. (BOSSA, 2011; BASTOS, 2015). Para tanto, o trabalho do psicopedagogo se caracteriza como prática clínica e prática institucional. Enquanto prática clínica, pode ser entendida como uma atuação pautada na investigação de problemas de aprendizagem e entraves no processo de ensino- aprendizagem de modo terapêutico. Já como prática institucional, cria mecanismos para facilitar a construção da aprendizagem evitando entraves no ato de aprender junto a instituições diversas, como escolas, empresas, ONGs, serviços públicos, entre outros. (BOSSA, 2011). No processo de trabalho do psicopedagogo, ele deverá desenvolver atividades relacionadas ao estudo da aprendizagem humana, refletindo como os indivíduos aprendem, quais fatores podem condicionar a sua aprendizagem, reconhecendo esse processo e buscando meios para prevenção e tratamento. Ou seja, seu foco está nas dificuldades de aprendizagem, e para o alcance dos objetivos, é necessário se envolver com a concepção de aprendizagem de modo amplo. Sendo assim, sua função e contribuição está estritamente ligada a auxiliar o sujeito no desenvolvimento de uma aprendizagem fluída e significativa, despertando o desejo de aprender e realçando as potencialidades do sujeito, utilizando as mais diversas técnicas, estratégias e metodologias educativas em uma relação integrativa entre a comunidade, família e instituição escolar ou acadêmica. 27 Na escola, o psicopedagogo poderá contribuir no esclarecimento de dificuldades de aprendizagem, não se remete apenas a deficiência do aluno, mas sim em relação a problemas escolares, tais como: método de ensino; relação professor e aluno; dentre outros. Frente ao cenário do século XXI, a autora Masini (2006, p. 257) informa que é indispensável a Psicopedagogia caracterizar-se como a área que: ● estuda as relações envolvidas em situações do aprender, para nelas resgatar o que emerge da vida de crianças, jovens e adultos - de suas impressões, sentimentos, dúvidas valores, elaborações; ● cuida para não perder o que sucede, ao buscar os significados de situações do aprender para os que dela participam e assim contribuir para que cada um amplie e aprofunde seus próprios significados; ● Esforça se para não enfeitar nem mascarar os encontros e desencontros do sujeito consigo mesmo, com o outro e com o próprio contexto social, dissimulando fealdades e tornando inexpressivas as situações. Um dos desafios do psicopedagogo segundo as autoras Tostes; Bellan; Gurnhak; Silva (2016) estão na análise e no entendimento das necessidades individuais de cada aprendiz e suas possíveis dificuldades de desenvolvimento intelectual. Outro desafio que as autoras Tostes; Bellan; Gurnhak; Silva (2016) é da profissão que ainda não é obrigatória nas escolas, já é um desafio. E quando o psicopedagogo consegue trabalhar em uma escola, deste momento começam os desafios e processos escolares. O trabalho psicopedagógico segundo Scoz (2011, p. 150), [...] pode contribuir muito, auxiliando os educadores a aprofundarem seus conhecimentos sobre as teorias de ensino/aprendizagem e as recentes contribuições de diversas áreas do conhecimento, redefinindo- as e sintetizando-as numa ação educativa. Este trabalho levaria o educador a olhar-se como “aprendente” e como “ensinante”, conectando-o com as próprias inseguranças, com as angústias de 28 conhecer e desconhecer, fazendo-o redimensionar seus modelos de aprendizagem e o seu vínculo com os alunos. (grifo do autor). Assim, para que ocorra aprendizagem no contexto educacional é necessário que se tenha ensino de qualidade, onde os recursos, abordagens e técnicas são primordiais e indispensáveis para a garantia de um ensino de excelência, a autora Scoz (2011, p. 152) acrescenta informando que, a “[...] psicopedagogia pode transformar-se numa área capaz de oferecer contribuições afetivas para entender os problemas educacionais”, auxiliando as instituições de ensino nos trabalhos realizados. Agora caro (a) estudante que já conhecemos sobre o perfil profissional do psicopedagogo e as suas principais funções, seguiremos estudando sobre as habilidades e competências. Sabemos que o mercado de trabalho necessita de um conjunto de conhecimentos e aptidões de cada área profissional para desenvolvimento produtivo. Nesse sentido, a terceira pergunta é: Quais são as habilidades e competências requeridas do psicopedagogo? Avaliemos o quadro a seguir. Habilidades e Competências do Psicopedagogo ● Planejar, intervir e avaliar o processo de aprendizagem, nos variados con- textos, mediante a utilização de instrumentos e técnicas próprios da Psico- pedagogia; ● Utilizar métodos, técnicas e instrumentos que tenham por nalidade a pes- quisa e a produção de conhecimento na área; ● Participar na formulação e na implantação de políticas públicas e privadas em educação e saúde relacionadas à aprendizagem e à inclusão social; ● Articular a ação psicopedagógica com profissionais de áreas a ns, para atuar em diferentes ambientes de aprendizagem; ● Realizar consultoria e assessoria psicopedagógicas; 29 ● Exercer orientação, coordenação, docência e supervisão em cursos de Psi- copedagogia; ● Atuar na coordenação e gestão de serviços de Psicopedagogia em estabe- lecimentos públicos e privados. Quadro: 01 Nesse contexto, Santos (2012, p. 2) apresenta sobre o psicopedagogo não basta ter o conhecimento e o domínio teórico, “[...] já que seu exercício é metateórico e supõe, por parte do profissional, uma percepção refinadamente seletiva e crítica. Mais ainda, a capacidade de juntar e processar saberes, na medida de cada caso, para dar conta de cada um. [...]”. A partir das considerações do autor, entendemos que o trabalho do psicopedagogo necessita, além das habilidades e competências, um sentimento transformador e o desejo de uma intervenção social. Segundo a reflexão de Bossa (2011), a partir das autoras Fernandéz e Paín, quando o problema provém de causas externas, o trabalho é preventivo, enquanto na intervenção em problemas cujas causas estão ligadas à estrutura individual e familiar do sujeito, o trabalho é terapêutico. Sendo assim, a Psicopedagogia caracteriza-se pela intencionalidade do trabalho do psicopedagogo em espaços estruturais de um mesmomecanismo de ordem, função ou objetivo social, pautado nas concepções de valores, regras, filosofia, ideologia e cultura, tais como: empresas, hospitais, ONGs, escolas e indústrias. Na concepção de Fogali (1988, citada por BOSSA, 2011, p.87) a psicopedagogia pode contribuir trabalhando vários aspectos, na natureza da instituição, sendo eles: • Psicopedagogia familiar, ampliando a percepção sobre os processos de aprendizagem de seus filhos, resgatando a família no papel educacional, complementar à escola, diferenciando as múltiplas formas de aprender, respeitando as diferenças dos filhos. 30 • Psicopedagogia empresarial, ampliando formas de treinamento, resgatando a visão do todo, as múltiplas inteligências, trabalhando a criativida- de e os diferentes caminhos para buscar saídas, desenvolvendo o imaginário, a função humanística e dos sentimentos na empresa, ao construir projetos e dialogar sobre eles. • Psicopedagogia hospitalar, possibilitando a aprendizagem, o lúdico e as oficinas psicopedagógicas com os internos. • Psicopedagogia escolar, priorizando diferentes projetos. • Diagnóstico da escola. • Busca da identidade da escola. • Definições de papéis na dinâmica relacional em busca de funções e iden-tidades, diante do aprender. • Instrumentalização de professores, coordenadores, orientadores e dire-tores sobre práticas e reflexões diante de novas formas de aprender. • Reprogramação curricular, implantação de programas e sistemas avaliativos. • Oficinas para vivência de novas formas de aprender. • Análise de conteúdo e reconstrução conceitual. • Releitura, ressignificando sistemas de recuperação e reintegração do aluno no processo. • O papel da escola no diálogo com a família. Caro (a) estudante aprendemos que o psicopedagogo é o profissional habilitado para proporcionar ações relacionadas ao desenvolvimento da aprendizagem humana, e que sua atuação pode ser de modo institucional ou clínico. Sendo assim, a Psicopedagogia no espaço clínico trata de compreender o motivo da não aprendizagem do sujeito sobre determinado aspecto, assim 31 como investigar ações para que ele possa reconhecer-se como sujeito ativo da aprendizagem e ser capaz de desenvolvê-la. (BASTOS, 2015). Na concepção de Bastos (2015, p. 31) na clínica psicopedagógica “cada paciente é singular, possui um estilo próprio de aprender ou de não aprender”, estabelecendo “transferência com o psicopedagogo que necessita se tornar uma referência imprescindível para despertar seu desejo de aprender”. Assim, quando o atendimento clínico é demandado, faz-se necessário que o psicopedagogo tenha um olhar e uma escuta sensível para esse contexto de diagnóstico, auxílio, acompanhamento e ações, que envolverá os pais, os responsáveis, o próprio sujeito e a instituição de ensino. 10. A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO – UMA REFLEXÃO Imagem: 04 O que nos parece importante refletir é que todos – psicopedagogos ou educadores – saibam perceber o fenômeno “aprendizagem” de forma mais 32 ampla e que sejam sensíveis para captar e considerar as relações significativas que o aluno busca no meio ( suas necessidades) para a sua auto-realização. Desta forma, consideramos o trabalho psicopedagógico com características terapêuticas quando leva o indivíduo a construir e reorganizar a sua própria personalidade, o seu “ser no mundo”. Mas, não podemos deixar de acrescentar que a atuação do psicopedagogo tem suas fronteiras, diferenciando- se de uma “psicoterapia”, quando delimita seu espaço com a preocupação pedagógica de propiciar ao aluno a melhor utilização da linguagem e a elaboração cognitiva das informações específicas, com a finalidade de que este indivíduo possa concretizar e satisfazer as suas necessidades, atuando no mundo em que vive. Existe, ainda, um longo caminho a percorrer para fazermos a história da psicopedagogia. Como deve ter ficado claro para você, esta ciência está dando seus passos iniciais, mas ao utilizar-se dos fundamentos já estabelecidos por outras ciências como base para sua formulação teórioco-prática, estes passos apresentam-se fortes e resolutos, com o propósito de firmar-se no campo científico e profissional como uma atividade que congrega os fenômenos da Educação. 33 11. REFERÊNCIAS: BASTOS, Alice Beatriz B. Izique. Psicopedagogia clínica e institucional: diagnóstico e intervenção. 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