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Conteúdo: MORFOLOGIA DA LÍNGUA INGLESA Julice Daijo Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 D132m Daijo, Julice. Morfologia da língua inglesa / Julice Daijo. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 99 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-110-5 1. Morfologia. 2. Língua inglesa. I. Título. CDU 81’366 Revisão técnica: Monica Stefani Bacharela em Letras – habilitação português/inglês (UFRGS) Mestra em Letras – Literaturas de língua inglesa/literatura australiana (UFRGS) Doutora em Letras – Literaturas de língua inglesa/estudos de tradução (UFRGS) Iniciais_Morfologia da língua inglesa.indd 2 07/07/2017 11:02:44 Noções básicas de morfologia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identi� car a morfologia como conceito central da linguística. Classi� car as estruturas das palavras de acordo com conceitos da morfologia. Organizar o processo de classi� car morfemas. Introdução Você sabia que a morfologia é paradoxalmente a mais antiga e a mais recente subdivisão da gramática? Também conhecida como o estudo da estrutura interna e a relação entre palavras, a morfologia é a mais antiga devido a uma das primeiras provas históricas que a humanidade tem sobre o estudo da gramática serem listas escritas em argila, datadas de aproximadamente 1600 a.C. Essas listas foram estudadas e registradas por linguistas, que, na época, nem imaginavam ser hoje considerados morfologistas. Por outro lado, ela é considerada a subdivisão mais recente da gramática devido à palavra morfologia ter sido, de fato, inventada na segunda metade do século XIX. Antes disso, não havia a necessidade para um termo tão específico devido ao nome gramática também englobar o escopo da morfologia. Curiosamente, os termos fonologia e sintaxe já existiam há séculos antes do termo morfologia. Neste capítulo, você vai estudar as noções básicas da morfologia do inglês, identificar a morfologia como uma subdivisão da gramática e sua importância e classificar as estruturas e processos de análise de palavras na língua inglesa. U N I D A D E 1 U1_C01_Morfologia da língua inglesa.indd 11 06/07/2017 17:01:01 O que é morfologia? A morfologia é uma subdisciplina da linguística (ciência que estuda línguas) – junto com a fonética, a fonologia, a sintaxe, a lexicologia e a semântica (Figura 1) – que estuda a estrutura interna das palavras, ou seja, como as palavras são formadas, e como elas interagem entre si. Outra definição de morfologia é: a disciplina que abrange a parte da lin- guística responsável por analisar e estudar as palavras, ou seja, como são formadas, seus significados e suas funções, quando agrupadas em sentenças e/ou combinadas entre si. Existem indícios da morfologia datados de 1600 a.C., em um dos primeiros estudos feitos nas primeiras línguas registradas na antiga Mesopotâmia (hoje, partes da Turquia, Síria e Iraque). O estudo da formação de palavras existe, de forma geral, em línguas vivas, escritas ou faladas, inclusive na língua de sinais, e em registros de determinadas línguas mortas, como sumério e acádio. Cada idioma possui sua morfologia específica, ou seja, algumas línguas apresentam certas regras em comum, outras, a ausência total de normas ou, ainda, diferentes princípios que não se aplicam ao português ou ao inglês. Assim, para interpretar essas diferenças morfológicas, temos duas maneiras: a primeira, é pelo estudo da estrutura interna das palavras, ou seja, das partes que as compõem. A segunda maneira é pela perspectiva da sabedoria científica, e aí a morfologia pode ser vista como uma ciência. Por exemplo, podemos analisar a morfologia da linguagem dos anos 1980 (como as pessoas falavam nos anos 1980, quais eram as gírias usadas nessa década, quais palavras foram acrescentadas ao idioma, etc.) a morfologia do espanhol ou, ainda, as mudanças gramaticais que o português do Brasil sofreu (algumas palavras perderam o trema, outras, o hífen, e assim por diante). Com a chegada da tecnologia, a morfologia do português do Brasil ganhou várias novas palavras: deletar, gugar e lincar, por exemplo, mas como isso impactou nossa sociedade? Esse conhecimento vai além do estudo da estrutura interna das palavras – que foi a primeira definição de morfologia anteriormente – e passa a ser uma ciência que estuda o comportamento das palavras, que está diretamente ligado à história, às decisões políticas e à sociedade. Morfologia da língua inglesa 12 U1_C01_Morfologia da língua inglesa.indd 12 06/07/2017 17:01:01 Formas de analisar a estrutura interna das palavras Na morfologia da língua inglesa, as palavras são estudadas de duas formas: pela estrutura fonológica das palavras ou pelas variações sistemáticas com mudanças semânticas. Toda palavra possui uma composição interna, e nesta, existe uma estrutura fonológica, ou seja, uma sequência de sons sem significados individuais, mas que possuem valor de contraste. A morfologia usa essa estrutura para analisar a formação de vocábulos. Por exemplo, a palavra say tem a transcrição fonética /seI/, e o fonema /s/, apesar de não expressar significado algum, tem valor contrastivo, pois, sem o som /s/, não seria possível diferenciar say de, por exemplo, may, way, bay e day. Outra forma de analisar a estrutura interna de palavras é pelas variações sistemáticas que apresentam mudanças semânticas, isto é, a morfologia estuda a estrutura interna das palavras pelas variações na forma e no signi- ficado que acontecem de modo ordenado e metódico em diferentes palavras. Por exemplo, as palavras cats, nights, pencils e speakers compartilham o final fonológico do som /s/ e também o componente semântico de multiplicidade, representado pelo acréscimo da letra [s] no final da palavra, ou seja, sempre que essas palavras forem representar “mais de um”, serão acrescidas da letra Figura 1. Mapa das disciplinas e subdivisões da linguística. Fonte: WEEDWOOD (2002. p.11). fonética fonologia sintaxe morfologia lexicologia semântica linguística do texto neurolinguística aná lise da con ver saç ão análise do discurso lin gu íst ic a hi st ór ic a psicolinguística pra gm átic a so ci ol in gu íst ic a 13Noções básicas de morfologia U1_C01_Morfologia da língua inglesa.indd 13 06/07/2017 17:01:03 [s] com o som /s/ em posição final, sistematicamente. Porém, palavras como blitz, box, nice e lapse não possuem essa sistemática de multiplicidade, apesar de terminarem com o som /s/. Palavras como days, que apresentam as duas características anteriores – ou seja, estrutura fonológica contrastiva e variação sistemática com mudanças semânticas – simultaneamente são chamadas de palavras complexas. Classificação das estruturas das palavras “Palavras” podem ser defi nidas como qualquer sequência de letras que cor- respondam a um signifi cado ou uso gramatical, como, por exemplo, that, the, mountain, drank, worked e English, inclusive os artigos a e an. Dessa forma, podemos dizer que existem duas classifi cações importantes de palavras em morfologia que nos ajudam a organizar as palavras em duas categorias: a primeira é chamada de lexema (lexeme). Um lexema representa um grupo de palavras derivadas de sua forma lexical original; e a segunda, denominada forma de palavras (word form), são palavras concretas, ou seja, todo e qualquer conjunto de letras, separado por espaços. Porém, quando o conteúdo de um dicionário é organizado por seu autor, não são criadas entradas para todas e cada uma das formas de palavras de um idioma. Se assim fosse, os dicionários teriam vários volumes e seriam muito repetitivos em qualquer língua. Mesmo em formas gramaticais diferentes, como lives, lived e living, o verbo possui o mesmo significado: viver/morar. Assim, sua definição permanece a mesma, mudando apenas sua forma (presente, passado, gerúndio, etc.). Buscando evitar os grandes volumes e facilitara vida do autor e dos usuários dos dicionários, essas formas são representadas somente por uma palavra: live, que é um lexema, pois, nessa forma de representação, estão excluídas todas as suas variações gramaticais. Morfologia da língua inglesa 14 U1_C01_Morfologia da língua inglesa.indd 14 06/07/2017 17:01:03 Lexemas e forma de palavras Em morfologia, os lexemas são representados, por convenção, com fonte em letras maiúsculas diminuídas e representam um conjunto de forma de palavras, que, por sua vez, também pode ser chamado de paradigma (paradigm). O nome lexema se originou do nome “dicionário mental” que temos em nossas mentes, conhecido pelos linguistas como lexicon. Um conjunto de lexemas relacionados entre si é chamado de família de palavras (word families) (por exemplo, read, readable, unreadable, reader, readability e reread). Essas derivações de um lexema – no caso, read – também são chamadas de lexemas complexos (complex lexemes). As formas de palavras, ao contrário de lexemas, são concretas e podem ser pronunciadas e usadas em escrita. Toda forma de palavra pertence a um lexema. Por exemplo, a forma de palavra written pertence ao lexema write. A diferença principal entre forma de palavra e lexema pode ser explicada da seguinte forma: toda forma de palavra carrega o significado de seu lexema – por exemplo, as palavras writing ou wrote, do lexema write, expressam o mesmo significado de “escrever”, porém no gerúndio e no passado, respec- tivamente. Por outro lado, cada lexema tem um sentido independente – por exemplo, a palavra writer, apesar de derivar de write, tem outra significação, isto é, “pessoa que escreve”, e não o verbo “escrever”, outro motivo pelo qual cada lexema é considerado uma entrada distinta nos dicionários. Assim, classificamos a morfologia de duas formas: a morfologia infle- xional, que estuda a relação de lexemas e formas de palavras; e a morfologia derivacional, que estuda a relação de lexemas e famílias de palavras. Para saber mais sobre a terminologia usada na morfologia do inglês, e analisar mais exemplos relacionados aos itens mencionados, leia The Grammar of Words (BOOIJ, 2005). 15Noções básicas de morfologia U1_C01_Morfologia da língua inglesa.indd 15 06/07/2017 17:01:03 Morfemas Os morfemas (morphemes) são as menores partes individuais, ou constituintes, de uma palavra que carregam um signifi cado. Diferentemente das sílabas, os morfemas expressam um sentido lexical ou gramatical, sendo denominados morfemas léxicos e morfemas gramaticais. Veja os exemplos no Quadro 1: eat eat-s eat-er eat-able wash wash-es wash-er wash-able believe believ-es believ-er believ-able un-believ- able Quadro 1. Como os morfemas são os menores elementos em uma análise morfológica, eles podem ser definidos como átomos morfológicos (HASPELMATH, 2002). A frase “Jack found an unbelievable cameleon” pode ser organizada, para fins de análise, de várias formas. Observe que a frase está dividida em partes que carregam um significado: Jack / found an unbelievable cameleon, ou Jack / found / an unbelievable cameleon, ou Jack / found / an / unbelievable cameleon, ou Jack / found / an / unbelievable / cameleon, ou Jack / found / an / un / believ / able / cameleon. Porém, divisões além destas nos levariam a obter partes sem significado, como cam / e / leon. Nenhum desses segmentos apresenta um aspecto que carregue significado, como carisma, leão, camélia, etc. Dessa forma, po- demos chamar as palavras que não podem ser divididas em morfemas de monomorfêmicas. Alguns morfemas apresentam significados muito claros e concretos – por exemplo, un-, treasure e eat –, e outros, significados mais abstratos e difíceis de se associar um significado que não seja gramatical. Um exemplo seria o morfema -able, que pode ser associado a “possível de fazer” ou “capaz de passar pelo processo de”. Morfologia da língua inglesa 16 U1_C01_Morfologia da língua inglesa.indd 16 06/07/2017 17:01:04 Correlação entre afixos, bases, radicais e raiz Chamamos de afi xo (affi x) o menor morfema abstrato atrelado a um morfema maior, ou base (base), que carrega um signifi cado concreto. Os afi xos são con- siderados prefi xos (prefi x) quando são acrescentados no início de uma forma de palavra (por exemplo: UN-do) e sufi xos (suffi x) quando são adicionados ao fi nal do morfema concreto (por exemplo: wonder-FUL), ou ambos (como em UN-reli-ABLE). Os afi xos acrescentados às suas bases também podem ser classifi cados como lexemas derivados. Quando uma base for uma “forma de palavra inflexionada”, ela também pode ser chamada de radical (stem). Bases ou radicais podem ser complexos por carregarem vários afixos ao mesmo tempo, como, por exemplo, em acti- vity: -ity é um sufixo junto à base active, que, por sua vez, carrega o sufixo -ive em sua base. Quando uma base não pode ser dividida em mais morfemas para fins de análise, ela é chamada de raiz (root). Por exemplo, na palavra adaptability, adapt é a raiz (e base de adaptable); e adaptable é a base de adaptability, que não pode ser considerada uma raiz, já que carrega morfemas menores. A língua inglesa possui alguns morfemas cuja classificação é um tanto confusa, já que podem ser raízes ou afixos. Por exemplo, democrat, aristocrat, bioengineering. Bioethics e geography. Nessas palavras, os elementos “bio-” e “-crat” podem ser considerados afixos, já que não são lexemas independentes; por outro lado, carregam um significado concreto e poderiam ser raízes quando combinados com outras partes, formando palavras compostas. Você pode aprender mais sobre outros tipos de afixos na enciclopédia Britannica online, disponível no link ou código a seguir: https://goo.gl/hpLSqo 17Noções básicas de morfologia U1_C01_Morfologia da língua inglesa.indd 17 06/07/2017 17:01:04 https://goo.gl/hpLSqo Operações morfológicas As palavras são criadas o tempo todo, afi nal consideramos que todo idioma é uma língua viva que sofre várias mudanças e atualizações constantemente. Quando uma nova palavra é criada, podemos dizer que ela passou por um processo em tempo real, ou diacrônico, ou por um processo virtual, sincrô- nico. Por exemplo, a palavra read teoricamente sempre existiu, registrada em 888 d.C., mas o adjetivo readable foi registrado pela primeira vez em 1570. Dessa forma, em algum momento da história, para criar a palavra readable, alguém acrescentou – able a read e criou um novo lexema. Sendo assim, podemos dizer que a palavra readable foi diacronicamente derivada de read e sincronicamente derivada também de read. A maioria das palavras em inglês foi segmentada de raízes e afi xos, ou seja, passaram por um processo de afi xação ou composição (HASPELMATH, 2002), que são consideradas as principais operações morfológicas na formação de palavras, também chamadas de operações concatenativas. Para ver mais detalhes das operações morfológicas além das operações concatenativas, consulte “Understanding Morphology” (HASPELMATH, 2002, cap. 2, p. 22). Morfologia da língua inglesa 18 U1_C01_Morfologia da língua inglesa.indd 18 06/07/2017 17:01:04 1. Qual das alternativas abaixo apresenta a definição de morfologia? a) Morfologia é a disciplina da linguística que estuda a estrutura das frases, observando a disposição das palavras e a relação lógica entre elas. b) Morfologia é como a análise sintática: estuda a relação das palavras com outras palavras. c) Morfologia é uma subdisciplina da linguística que estuda a estrutura das palavras e suas correlações, é uma ciência que estuda a formação de palavras. d) Morfologia é uma subdisciplina da linguística que é classificada em morfologia derivacional, morfologia inflexional e morfologia livre. e) Morfologia é a disciplina dedicada ao estudo dos fonemas. 2. O que são palavras complexas na morfologia do inglês? a) Palavras que apresentam apenas um morfema. b) Palavras que apresentam estruturas fonológicasque possuem valor de contraste, como em nut, but, gut. c) Palavras que apresentam estruturas variáveis, como o ‘s’ do plural, que carregam um significado. d) Palavras com estruturas sistemáticas que trazem variações semânticas e estruturas fonológicas que possuem valor de contraste. e) Palavras que possuem sons individuais e claros que as diferenciam de outras por uma letra 3. Quais das afirmações abaixo estão corretas sobre os termos ‘raiz’ e ‘radical’ em morfologia? a) São termos da morfologia que são sinônimos e intercambiáveis. b) Raiz é a base de uma palavra, radical é um afixo, ou seja, um sufixo ou prefixo. c) Não é possível subdividir uma raiz em mais morfemas, em um radical isso é possível. d) Não é possível quebrar um radical em morfemas menores, mas em uma raiz isso é possível. e) Radical é a base de uma palavra, raiz é um radical sem afixo. 4. Quantos morfemas há em cada uma das seguintes palavras: unpresentable, running, unhappier, apple? a) 3, 2, 3, 1. b) 2, 2, 3,1. c) 3, 3, 3, 2. d) 3, 2, 2, 0. e) 2, 2, 3, 0. 5. Escolha a alternativa que apresente exemplos de palavras com sufixo, com prefixo e um lexema (nesta ordem): a) Island, ant, husband. b) Played, contradictory, paper. c) Unfair, sleeping, friendship. d) Ugly, unkind, tal. e) Unemployed, miscalculated, wrote. 19Noções básicas de morfologia U1_C01_Morfologia da língua inglesa.indd 19 06/07/2017 17:01:05 BOOIJ, G. The grammar of words. Oxford: Oxford University Press, 2005. HASPELMATH, M. Understanding morphology. [S.l.]: Arnold, 2002. WEEDWOOD, Barbara. História concisa da Linguística. SP: Parábola, 2002. P.11 Leituras recomendadas MEYER, C. F. Introducing English linguistics. Cambridge: Cambridge University, 2002. ROSA, M. C. Introdução à morfologia. [S.l.]: Contexto, 2000. Morfologia da língua inglesa 20 U1_C01_Morfologia da língua inglesa.indd 20 06/07/2017 17:01:05 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
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