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Aula 01

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DIREITO CIVIL: AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 11
AULA 01 
DAS PESSOAS NATURAIS 
(arts. 1° ao 39; 70 a 78, CC) 
��� Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula: Pessoa 
Natural: conceito, capacidade e incapacidade, começo e fim, direitos da 
personalidade. 
Subitens: Pessoa Natural. Conceito. Personalidade: Início, Individualização e 
Término. Nascituro. Domicílio Civil. Residência. Direitos da Personalidade. 
Capacidade: classificação. Incapacidade. Emancipação. Registro e Averbação. 
Meus amigos e alunos. 
Recebi do Ponto dos Concursos a notícia de que nosso curso de Direito 
Civil está confirmado. Já enviamos a Aula Demonstrativa, que trata da 
LINDB. A aula de hoje trata das Pessoas Naturais. Vejamos agora o nosso 
cronograma completo para as próximas aulas: 
Aula 02 (26 de julho): Pessoa Jurídica: conceito, classificação, começo e fim de sua 
existência legal, desconsideração. 
Aula 03 (02 de agosto): Bens: das diferentes classes de bens. 
Aula 04 (09 de agosto): Fatos Jurídicos (1ª Parte): Ato Jurídico. Prescrição e 
Decadência. 
Aula 05 (16 de agosto): Fatos jurídicos (2ª Parte): Negócio Jurídico: conceito, 
classificação, elementos essenciais gerais e particulares, elementos acidentais, 
defeitos, nulidade absoluta e relativa, invalidade. 
Aula 06 (23 de agosto): Ato Ilícito. Responsabilidade Civil: reflexos no direito do 
trabalho. 
Aula 07 (30 de agosto): Obrigações: modalidades das obrigações, transmissão, 
adimplemento, extinção e inadimplemento. 
Comecemos... 
 
Após a análise da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que 
não faz parte do Código Civil, vamos analisar nesta aula o tema “Pessoas”, 
que é o primeiro ponto do Código Civil (Parte Geral). 
Podemos conceituar pessoa como sendo todo ente físico ou jurídico, 
suscetível de direitos e obrigações. É sinônimo de sujeito de direitos. No 
Brasil temos duas espécies de pessoas: naturais e jurídicas. Ambas possuem 
aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. Hoje veremos as Pessoas 
Naturais (termo mais técnico) ou físicas, analisando, basicamente, três 
aspectos: personalidade, capacidade e emancipação. 
DIREITO CIVIL: AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 22
PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL 
É o conjunto de caracteres próprios da pessoa, reconhecida pela ordem 
jurídica a alguém, sendo a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. 
É atributo da dignidade do homem. Prevê o art. 1° do Código Civil que: “Toda 
pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Assim, o conceito 
de Pessoa inclui homens, mulheres e crianças; qualquer ser humano sem 
distinção de idade, saúde mental, sexo, cor, raça, credo, nacionalidade, etc. 
Por outro lado exclui os animais (que gozam de proteção legal, mas não são 
sujeitos de direito), os seres inanimados, etc. 
���Concluindo: Pessoa Natural (ou Física) é o próprio ser humano. 
INÍCIO DA PERSONALIDADE 
Há muita polêmica doutrinária envolvendo o início da personalidade civil. 
São três as principais teorias sobre o tema: 
a) Teoria Concepcionista: a personalidade tem início com a concepção; 
ou seja, com a própria gravidez (momento em que o óvulo fecundado pelo 
espermatozoide se junta à parede do útero). 
b) Teoria Natalista: a personalidade se inicia a partir do nascimento da 
criança com vida. 
c) Teoria da Viabilidade: pressupõe a possibilidade de sobrevivência da 
criança. Países que adotam esta teoria entendem que se uma criança nasceu 
com uma doença que a levará a morte em poucos dias, não haverá a aquisição 
da personalidade. 
No Brasil a doutrina se manifesta de forma divergente, pois, se por um 
lado a lei estabelece que a personalidade civil tem início com o nascimento 
com vida, o mesmo dispositivo a seguir assegura ao nascituro direitos desde 
sua concepção. 
No concurso como eu faço? Em uma prova objetiva o aluno deve se 
limitar ao texto expresso da lei. Na omissão da banca opte pela teoria 
natalista que ainda é a mais aceita nos concursos. Em um prova dissertativa 
cite as três teorias, expondo que no Brasil há ferrenhos defensores da 
concepção e da natalidade, abordando os aspectos mais relevantes de cada 
uma. Lembrem-se: a tendência atual é proteger, cada vez mais, o nascituro e 
seus direitos desde a concepção. 
Analisando o texto legal, podemos afirmar que a personalidade da 
pessoa natural ou física inicia-se com o nascimento com vida, ainda que por 
poucos momentos. Esta é a primeira parte do art. 2° do CC. Se a criança 
nascer com vida, ainda que por um instante, já adquire a personalidade. 
Ocorre o nascimento quando a criança é separada do ventre materno 
(parto natural ou por intervenção cirúrgica), mesmo que ainda não tenha sido 
cortado o cordão umbilical. Além disso, é necessário que tenha respirado. Há 
nascimento e há parto quando a criança, deixando o útero materno, respira. 
Portanto... se o recém-nascido respirou... nasceu com vida. E é nesse 
DIREITO CIVIL: AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL 
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momento que a personalidade civil terá início em sua plenitude, com todos os 
efeitos subsequentes, conforme veremos. 
NASCITURO 
O termo nascituro significa “aquele que há de nascer”. É o ente que já 
foi gerado ou concebido, mas ainda não nasceu, embora tenha vida 
intrauterina e natureza humana. Tecnicamente (teoria natalista), ele não tem 
personalidade, pois ainda não é pessoa sob o ponto de vista jurídico. Mas 
apesar de não ter personalidade jurídica, a lei põe a salvo os direitos do 
nascituro desde a concepção. Trata-se da segunda parte do art. 2°, CC. Na 
realidade o nascituro tem uma expectativa de direito. Ex.: o nascituro tem o 
direito de nascer e de viver (o aborto, como regra é considerado como crime - 
arts. 124 a 127 do Código Penal). 
 Proteção ao nascituro. Ele é titular de direitos personalíssimos: vida (a lei 
proíbe o aborto, salvo raríssimas exceções), honra, imagem, etc.; tem direito à 
filiação, direito de ser contemplado por doação ou por testamento (legado ou 
herança) sem prejuízo do recolhimento do imposto de transmissão, pode ser 
nomeado curador para a defesa de seus interesses, etc. Além disso, o art. 8° 
do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n° 8.069/90 – ECA) determina 
que a gestante tem condições de obter judicialmente os alimentos para 
garantia do bom desenvolvimento do feto (alimentos gravídicos), adequada 
assistência pré-natal, como consultas médicas, remédios, etc. 
O principal direito do nascituro é o de ter direito à sucessão. Se ele já 
foi concebido no momento da abertura da sucessão (morte do de cujus) 
legitima-se a suceder de forma legítima (conferir arts. 1.784 e 1.798, CC). 
Também se legitimam a suceder por testamento “os filhos ainda não 
concebidos de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-
se a sucessão” (art. 1.799, I, CC). 
Por tal motivo, tendo já tantos “direitos”, é que está crescendo a teoria 
concepcionista, considerando o nascituro como sendo uma Pessoa Natural. 
Justifica-se esta posição porque somente uma pessoa pode ser titular de 
direitos... e o art. 2°, CC afirma que o nascituro tem direitos... logo, tendo 
direitos, ele já poderia ser considerado como tendo personalidade. A situação 
fica ainda mais definida (segundo os seguidores desta teoria) com o art. 542, 
CC que estabelece: “A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu 
representante legal”. 
Polêmicas à parte, o que se pode afirmar, sem medo de errar, é que o 
nascituro é titular de um direito eventual. Exemplo: homem falece 
deixando a esposa grávida. Não se pode concluir o processo de inventário e 
partilha enquanto a criança não nascer. O nascituro, nesta hipótese, tem 
direito ao resguardo à herança. Os direitos assegurados ao nascituro estãoem estado potencial, sob condição suspensiva: só terão eficácia se nascer 
com vida. A representação do nascituro se dá por intermédio de seus pais. 
Nascendo com vida, as expectativas de direito se transformam em direitos 
subjetivos e a sua existência, no tocante aos seus interesses, retroage ao 
momento de sua concepção. 
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� Mas há um problema, de ordem filosófica, religiosa e jurídica envolvendo o 
nascituro. Isto devido ao avanço da medicina, com as técnicas de fertilização in 
vitro. Indaga-se: qual o momento em que podemos usar o termo nascituro de 
uma forma técnica? Uma corrente afirma que a vida tem início legal no 
momento da penetração do espermatozoide no óvulo, mesmo que fora do 
corpo da mulher. Para outra corrente a vida somente teria início com a 
concepção no ventre materno (embora ainda não se possa considerar como 
sendo uma pessoa). Isto porque é com a nidação (fixação do óvulo fecundado 
no útero) que se garante eventual gestação e o nascimento. Portanto somente 
será considerado como nascituro, o óvulo fecundado que for implantado no 
útero materno. Assim, o embrião humano congelado não poderia ser tido como 
nascituro, embora tenha proteção jurídica como pessoa virtual, com uma carga 
genética própria. 
Com o objetivo de regulamentar o art. 225, §1°, inciso II da CF/88, foi 
editada inicialmente a Lei n° 8.974/95, proibindo e considerando como crime a 
manipulação genética de células humanas, a intervenção em material genético 
humano e a produção, guarda e manipulação de embriões humanos destinados 
a servir como material biológico disponível. No entanto foi aprovada a Lei n° 
11.105/05, dividindo opiniões: trouxe esperança para alguns e indignação para 
outros. Pela nova lei é permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização 
de células-tronco embrionárias, obtidas de embriões humanos produzidos por 
fertilização in vitro, desde que: a) sejam inviáveis, ou estejam congelados há 
três anos ou mais; b) haja consentimento dos seus genitores. 
�Importância de se nascer com vida � 
Como vimos, o nascituro tem apenas expectativa de vida e é 
importante que nasça vivo, nem que seja por um segundo. Se nascer vivo, 
adquire personalidade. Será um sujeito de direitos e obrigações. No entanto, 
caso nasça morto, nenhum direito terá adquirido e/ou transmitido. Observem. 
 Demonstração Ordem de vocação hereditária 
1. Descendentes (em concorrência com o 
cônjuge sobrevivente): filhos, netos, bisnetos, 
etc. 
2. Ascendentes (em concorrência com o 
cônjuge sobrevivente): pais, avós, bisavós, 
etc. 
3. Cônjuge sobrevivente. 
4. Colaterais até o 4° grau: irmãos, sobrinhos, 
tios, primos, etc. 
Levando em consideração o quadro demonstrativo acima, suponhamos 
que X comprou um apartamento e a seguir se casou com Y pelo regime de 
separação parcial de bens. Faleceu um ano depois, deixando viúva grávida, 
pais vivos e apenas aquele apartamento para ser partilhado. Para saber quem 
será o proprietário do imóvel devemos aguardar o nascimento de Z. Não se 
A B 
X Y 
Z 
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pode fazer a partilha antes de seu nascimento. Vejamos as situações que 
podem ocorrer a partir daí. 
 Situações 
1) Se Z (filho de X - descendente) nascer morto, o apartamento irá para 
A e B, que são os pais (ascendentes) de X (observe o quadro da ordem de 
vocação hereditária). Neste caso Y (que é o cônjuge sobrevivente) também 
terá direitos sucessórios, pois atualmente é considerado herdeiro necessário e 
concorre com os ascendentes do falecido. 
2) Se Z (descendente) nascer vivo, herdará o imóvel, em concorrência 
com sua a mãe Y, pois como vimos atualmente o cônjuge é considerado 
herdeiro necessário e também concorre na herança com os descendentes do 
falecido. Observem que neste caso os pais de X nada herdarão. 
3) Se Z nascer vivo e logo depois morrer, os bens irão todos para sua 
mãe. Isto porque inicialmente Z herdará parte dos bens de seu pai; no 
instante em que nasceu vivo, ele foi um ‘sujeito de direito’. Morrendo a seguir, 
transmite tudo o que recebeu a seus herdeiros. Como não tinha descendentes 
e nem cônjuge (até porque era recém-nascido) e seu pai já havia falecido, seu 
único herdeiro será o ascendente remanescente, ou seja, sua mãe. Neste caso 
A e B nada herdarão. 
É necessário dizer ainda, que todo nascimento deve ser registrado, 
mesmo que a criança tenha nascido morta ou morrido durante o parto. Se for 
natimorta, o assento será feito no “Livro C Auxiliar". Neste livro irá constar 
apenas: “o natimorto de Dona Fulana...”. Ou seja, pela nossa lei não se dá 
nome ao natimorto. No entanto, parte da doutrina entende que o “natimorto 
tem humanidade” e por isso teria direito a um nome. Sobre o tema, temos o 
Enunciado 01 da I Jornada de Direito Civil do STJ: “A proteção que o Código 
confere ao nascituro alcança o natimorto, no que concerne aos direito da 
personalidade, tais como o nome, imagem e sepultura”. 
Por outro lado, é inquestionável que se a criança nasceu viva e logo 
depois morreu (chegou a respirar), serão feitos dois registros: o do 
nascimento (constando o nome da criança, pois naqueles poucos segundos a 
criança teve personalidade) e logo depois o de óbito. 
 Observações 
01) Durante nosso curso, às vezes, vamos mencionar a expressão 
“Jornadas do STJ”. Na realidade estas “jornadas” foram encontros de 
pessoas ligadas ao Direito Civil, promovidas pelo Centro de Estudos Judiciários 
do Conselho da Justiça Federal, sob os auspícios do Superior Tribunal de 
Justiça em que foram aprovados alguns enunciados, que têm sido acolhidos 
pelo mundo jurídico. Quando nos referirmos a elas, vamos mencionar que 
jornada foi essa e o número do enunciado (como fizemos acima). 
02) Segundo a doutrina, nascituro é uma expressão mais ampla do que 
feto, pois este seria o nascituro somente depois que adquiriu a forma 
humana. 
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03) É importante salientar que a expressão natimorto não é considerada 
juridicamente técnica. O vocábulo é composto pelas palavras latinas natus 
(nascido) e mortus (morto), não tendo previsão no Código Civil. Possui um 
duplo sentido. Os dicionários jurídicos conceituam o natimorto como sendo 
"aquele que nasceu sem vida OU aquele que veio à luz, com sinais de vida, 
mas, logo morreu". Portanto, qualquer uma dessas situações está correta para 
conceituar natimorto. 
DIREITOS DE PERSONALIDADE (arts. 11 a 21, CC) 
Adquirindo personalidade (aptidão para adquirir direitos e contrair 
obrigações), o ser humano adquire o direito de defender o que lhe é próprio, 
como sua integridade física ou corporal (vida, corpo, órgãos, voz, imagem, 
liberdade, identidade, alimentos, etc.), intelectual (liberdade de pensamento, 
autoria científica, artística e intelectual, etc.), moral (honra, segredo pessoal 
ou profissional, privacidade, imagem, opção religiosa, sexual, etc.). Os direitos 
de personalidade são subjetivos e seu titular pode exigir de todos que tais 
direitos lhe sejam respeitados. Por isso dizemos que eles são erga omnes 
(extensíveis a todos). 
O art. 227 da Constituição Federal dispõe sobre os deveres da Família, 
da Sociedade e do Estado em relação à criança e ao adolescente, disposições 
completadas com a Lei n° 8.069/90 – ECA. Observem que a relação dos 
direitos de personalidade não é taxativa, mas apenas exemplificativa. 
Lembrem-se: a dignidade é um direito fundamental, previsto em nossa 
Constituição, que também prevê que são invioláveis a intimidade, a vida 
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito de 
indenização pelo dano material ou moral decorrente dessa violação (confiram 
tambémo art. 5°, inciso X, CF/88). 
Estabelece o art. 11, CC que com exceção dos casos previstos em lei, 
os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não 
podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Assim, nem mesmo o 
agente pode renunciar a estes direitos, colocando-se em uma situação de risco 
e renunciando expressamente qualquer indenização futura decorrente de uma 
lesão a estes direitos. No entanto neste caso, levando-se em consideração o 
art. 945, CC, pode haver uma redução na indenização. 
Sobre o tema, vejamos o Enunciado 04 da I Jornada de Direito Civil do 
STJ: “Art. 11: o exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação 
voluntária, desde que não seja permanente nem geral”. 
Apesar do Código fazer referência a apenas três características a respeito 
do direito de personalidade, a doutrina lhe dá maior extensão, afirmando que 
eles são: 
• Inatos: os direitos de personalidade já nascem com o seu titular e 
acompanham até sua morte; alguns direito ultrapassa o evento morte 
(honra, memória, imagem, direitos autorais, etc.). 
• Absolutos: são opostos contra todos (erga omnes), que devem 
respeitá-los. 
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• Intransmissíveis: pertencem de forma indissolúvel ao próprio titular. 
Neste tópico, cabe uma observação: embora estes direitos sejam 
intransmissíveis em sua essência, os efeitos patrimoniais dos direitos 
de personalidade podem ser transmitidos. Ex.: a autoria de uma obra 
literária é intransmissível; porém podem ser negociados os direitos 
autorais sobre esta obra (ex.: cessão da imagem mediante retribuição 
financeira). 
• Indisponíveis: não podem ser cedidos, a título oneroso ou gratuito a 
terceiros. 
• Irrenunciáveis: nem mesmo o seu titular pode abrir mão destes 
direitos. 
• Imprescritíveis: valem durante toda vida, não correndo os prazos 
prescricionais; podem ser reclamados judicialmente a qualquer tempo; 
não se extinguem pelo não-uso ou pelo decurso de tempo. 
• Impenhoráveis: se não podem ser objeto de cessão ou venda, também 
não pode recair penhora sobre os mesmos. 
• Inexpropriáveis: ninguém pode removê-los de uma pessoa. 
���Atenção ��� Já vi provas de concursos em que foram colocadas algumas 
das expressões acima nas alternativas e a afirmação foi considerada como 
errada. Isto porque apesar de serem consideradas corretas pela doutrina, não 
estavam previstas expressamente na lei. Portanto, cuidado... leiam bem o 
cabeçalho da questão e comparem bem as alternativas. Se houver 
ambiguidade, fique com o texto expresso da lei. 
 Vamos acompanhar os próximos dispositivos a respeito 
O art. 12 e seu parágrafo, CC prevê a possibilidade de exigir que cesse 
lesão a direito da personalidade, por meio de ação própria, sem prejuízo da 
reparação de eventuais danos materiais e morais suportados pela pessoa. 
A lei prevê também a possibilidade de defesa do direito do morto, por meio de 
ação promovida por seus sucessores, ou seja, pelo cônjuge sobrevivente, 
parentes em linha reta (descendentes ou ascendentes) e os colaterais até 
quarto grau (irmãos, tios, sobrinhos, primos, etc.). Aliás, estes parentes 
podem pedir indenização em nome próprio, se provaram que os efeitos do ato 
ilícito repercutiram também em suas pessoas. Ou seja, o ato envolve 
determinada pessoa (que no caso já faleceu), mas também pode causar 
sofrimento a outras pessoas a ela ligadas por estreitos laços de parentesco que 
não foram diretamente atingidas. É o que se chama de dano reflexo (ou por 
ricochete). 
O corpo, como projeção física da individualidade humana, é inalienável. 
O art. 13 e seu parágrafo único, CC prevê o direito de disposição de partes, 
separadas do próprio corpo em vida para fins de transplante, ao prescrever 
que, “salvo por exigência médica, é defeso (proibido) o ato de disposição do 
próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, 
ou contrariar os bons costumes. O ato previsto neste artigo será admitido para 
fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial” (conferir com o art. 
199, §4°, CF/88). Em hipótese alguma será admitida a disposição onerosa de 
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órgãos, partes ou tecido do corpo humano. É possível, também, com objetivo 
científico ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em 
parte, para depois da morte, podendo essa disposição ser revogada a qualquer 
momento (art. 14 e seu parágrafo único, CC). 
 Resumindo. A disposição sobre o próprio corpo: a) é proibida quando 
importar diminuição permanente da integridade física (salvo por exigência 
médica), ou contrariar os bons costumes; b) é válida com o objetivo científico 
ou altruístico, para depois da morte, ou, em vida, para fins de transplante. O 
Código Civil adotou o chamado princípio do consenso afirmativo (termo 
usado pela doutrina e que caiu em alguns concursos), segundo o qual o titular 
do direito pode manifestar sua vontade em ser doador de órgãos, mas a 
qualquer tempo pode revogar esta intenção. 
���OBSERVAÇÃO��� A Lei 9.434/97 (regulamentada pelo Decreto 2.268/97 e 
posteriormente alterada pela Lei 10.211/01) trata do assunto, estabelecendo 
as regras para transplantes. Permite-se a doação voluntária nas seguintes 
hipóteses: a) órgãos duplos (rins) e b) partes recuperáveis de órgão (fígado) 
ou de tecido (pele, medula óssea), sem que sobrevenham mutilações ou 
deformações. 
O art. 15, CC trata do direito do paciente, proibindo que uma pessoa 
seja constrangida a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a 
intervenção cirúrgica. Trata-se do princípio da autonomia do paciente (ou 
consentimento esclarecido). Não há mais a chamada supremacia do interesse 
médico-científico, que se invocava em nome da coletividade, em face ao 
interesse individual. Atribui-se à pessoa a opção ao tratamento médico ou 
intervenção cirúrgica para corrigir ou atenuar determinado mal ou doença. 
Todo procedimento médico deve ser precedido de esclarecimentos e 
concordância do paciente. O direito não pertence ao médico, à ciência, ou à 
família, mas, exclusivamente, ao paciente que após ser informado do seu 
estado de saúde e das alternativas terapêuticas, decidirá se se submete ou não 
ao tratamento ou à intervenção cirúrgica. Mesmo que saiba ou tenha 
consciência de que isso abreviará a sua expectativa da vida. Excetuam-se 
algumas hipóteses (ex.: a pessoa não consegue expressar a sua vontade) em 
que o direito se desloca para a família do enfermo. E em situações extremas, à 
presença do estado de necessidade, em evidente risco de vida, pode o médico 
realizar a intervenção necessária sem o consentimento de quem de direito. 
Notem agora que os artigos de 16 a 19 do Código Civil tutelam o 
direito ao nome (falaremos sobre ele logo adiante, em um item especial) e 
contra o atentado de terceiros, expondo-o ao desprezo público, ao ridículo, 
acarretando dano moral ou patrimonial. 
O art. 20, CC tutela, de forma autônoma, o direito à imagem e os 
direitos a ele conexos (art. 5°, XXVIII, letra “a”, CF/88). Dividem-se em a) 
imagem-retrato: é a representação física da pessoa, implicando o 
reconhecimento de seu titular por meio de fotografia, escultura, desenho, 
pintura, interpretação dramática, cinematográfica, televisiva, sites, etc.; b) 
imagem-atributo: refere-se ao conjunto de caracteres e qualidades 
cultivadas pela pessoa, como a habilidade, competência, lealdade, etc.; é a 
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repercussão social da imagem. A redação do dispositivo é um pouco confusa. E 
os examinadores aproveitam isso para exigir questões sobre o tema. Por isso, 
vamos aprofundar. 
O direito à imagemse refere ao direito de ninguém ver seu rosto 
estampado em público ou comercializado sem seu consenso e o de não ter sua 
personalidade alterada, material ou intelectualmente, causando dano à sua 
reputação. Como normalmente ocorre, há certas limitações ao direito de 
imagem, com dispensa da anuência para sua divulgação. Vejamos algumas 
situações: a) pessoas famosas (ex.: artistas, políticos, etc.), pois elas têm sua 
imagem divulgada em razão de sua atividade; mas mesmo assim, não pode 
haver abusos, pois a sua vida íntima deve ser preservada; b) necessidade de 
divulgação da imagem por questões de segurança pública (ex.: publicação da 
fotografia de um perigoso marginal procurado pela polícia); c) quando se 
obtém uma imagem, mas a pessoa é tão somente parte do cenário, pois o que 
se pretende divulgar é o acontecimento em si (ex.: um congresso, uma 
exposição de objetos de arte, a inauguração de uma obra pública, um hotel ou 
um restaurante, reportagens sobre tumultos, enchentes, shows, etc.). Há 
diversas decisões de que não cabe direito de imagem em fotografia de 
acontecimento carnavalesco, pois a pessoa que dele participa, de certa forma, 
“renuncia a sua privacidade”. Na prática todas estas questões são delicadas. 
Caberá ao Juiz, diante de um caso concreto, decidir se houve abuso e se há 
direito à indenização. Recomendamos o aluno, para fins de concurso, 
novamente se ater ao texto legal. 
 O titular de um direito de personalidade, quando este for violado, 
poderá pleitear reparação de danos morais e patrimoniais. E se ele já for 
falecido o direito será exercido pelo cônjuge, ascendente ou descendente 
(trata-se do art. 20, parágrafo único, CC). Ficou famoso um caso em que 
uma empresa elaborou um “álbum de figurinhas” estampando a fotografia de 
jogadores de futebol. Como no caso havia o intuito de lucro da empresa e não 
houve o consentimento dos atletas, concluiu-se que foi uma prática ilícita, 
sujeita à indenização. A Súmula 221 do STJ estabelece que é cabível a 
reparação do dano decorrente de publicação da imprensa, tanto do autor do 
escrito, quanto do proprietário do veículo de divulgação. 
Finalmente, no art. 21, CC, nossa legislação tutelou o direito à 
intimidade (art. 5°, X, CF/88), prescrevendo que a vida privada da pessoa 
natural é inviolável (ex.: inviolabilidade de domicílio, de correspondência, 
bancário, conversas telefônicas, etc.), prevendo a possibilidade de se requerer 
medidas visando a proteção (impedir ou fazer cessar) dessa inviolabilidade. 
���OBSERVAÇÕES��� 
01) Recomendamos o aluno uma atenção especial comparativa entre os 
arts. 12 e 20, CC. Observem que o primeiro é genérico (direitos da 
personalidade em geral) e o segundo é específico em relação ao direito de 
imagem, sendo que neste os colaterais foram excluídos. Além disso, embora o 
dispositivo não especifique, entende a doutrina que o companheiro(a) também 
é parte legítima. 
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02) O Código Civil não exauriu a matéria referente aos direitos de 
personalidade. O tratamento é bem genérico e a enumeração exposta é 
meramente exemplificativa, deixando margem para que se estenda a 
proteção a situações não previstas expressamente, acompanhando, assim, a 
rápida evolução dos costumes do mundo atual. 
03) Embora agora não seja o momento de aprofundar, mas é 
interessante deixar claro que a Pessoa Jurídica também pode ser titular de 
direitos de personalidade no tange à honra, imagem e nome, pois o art. 52, CC 
estabelece que “aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos 
direitos da personalidade”. 
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL 
Individualiza-se a pessoa natural de três formas: nome, estado e 
domicílio. Vejamos cada um deles. 
A) NOME 
É o sinal exterior pelo qual se designa e se reconhece uma pessoa. É 
pelo nome que ela fica conhecida no seio da família e da comunidade em que 
vive. Prevê o art. 16, CC que toda pessoa tem o direito ao nome, nele 
compreendido o prenome e o sobrenome. Trata-se de direito inalienável (não 
pode ser vendido), imprescritível (não correm prazos prescricionais) e 
personalíssimo, essencial para o exercício de direitos e cumprimento das 
obrigações. Há uma proteção especial da lei em relação ao nome, mediante as 
ações judiciais. A lei protege a honra da pessoa, proibindo que o seu nome 
seja usado ou empregado em situações agressivas à intimidade de quem se vê 
exposto à veiculação pública que provoque depreciação ética, moral ou 
jurídica, mesmo que a intenção na publicação ou representação não revele 
intuito difamatório (art. 17, CC). O nome é um direito da personalidade, que 
também é conferido às pessoas jurídicas, pois estas também têm direito ao 
nome. São elementos constitutivos do nome: 
• Prenome  é o nome individual, próprio da pessoa, que pode ser simples 
(ex.: João, José, Rodrigo, Laura, Aparecida, etc.) ou composto (ex.: José 
Carlos, Antônio Pedro, Ana Maria, etc.). 
• Patronímico  ou nome de família, ou apelido de família, ou 
simplesmente sobrenome  identifica a procedência da pessoa, o tronco 
familiar do qual provém, indicando sua filiação ou estirpe, podendo também 
ser simples ou composto. 
• Agnome  é o sinal distintivo entre pessoas da mesma família com 
nomes iguais, que se acrescenta ao nome completo (ex.: Júnior, Filho, Neto, 
etc.). 
O pseudônimo (em latim: nome falso) consiste no nome atrás do qual 
se abriga um autor de obra cultural ou artística, para o exercício desta 
atividade específica (ex.: cantor, ator, autor de um livro, etc.). A lei prevê, de 
forma expressa, como um direito inerente à personalidade (art. 19, CC), 
gozando da mesma proteção que se dá ao nome, quando usado para 
finalidades lícitas. 
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 Em regra o nome é imutável. No entanto o princípio da inalterabilidade 
do nome sofre diversas exceções em casos justificados. A lei e a 
jurisprudência admitem a retificação ou a alteração de qualquer dos seus 
elementos. No entanto na prática há um maior rigor quanto à modificação do 
prenome e um menor rigor em relação ao sobrenome. A propósito, vejam a 
alteração que a Lei n° 9.708/98 fez na Lei de Registros Públicos (LRP – Lei n° 
6.015/73), em especial no art. 58: “O prenome será definitivo, admitindo-se, 
todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios”. O parágrafo único 
deste mesmo dispositivo estabelece outra possibilidade: “A substituição do 
prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça 
decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em 
sentença, de Juiz competente, ouvido o Ministério Público”. Outro exemplo é o 
previsto no art. 56 da própria LRP que permite que o interessado, no primeiro 
ano, após completar a maioridade civil, altere seu nome, desde que não 
prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada 
pela imprensa. No entanto o art. 57 determina que qualquer alteração 
posterior de nome, somente será feita por exceção e motivadamente, após 
audiência do Ministério Público, e por sentença do Juiz a que estiver sujeito o 
registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração na imprensa. 
Vejamos outras situações: 
• quando expuser seu portador ao ridículo ou situações vexatórias. 
• quando houver evidente erro gráfico (ex.: Nerson, Osvardo, etc.). 
• quando causar embaraços comerciais e/ou morais  trata-se da 
homonímia (ou homônimo). 
• com uso prolongado e constante de um nome diverso do que figura no 
registro  admite-se a alteração do nome adicionando-se o apelido ou 
alcunha (ex.: Edson Pelé Arantes do Nascimento, Luiz Inácio Lula da 
Silva, etc.). 
• com o casamento – atualmente o art. 1.565, §1°, CC permite que 
qualquer dos nubentes acrescente ao seu, o sobrenome do outro. 
• coma união estável  a lei permite que os conviventes adotem o 
patronímico de seus parceiros, desde que haja concordância recíproca. 
• adoção, reconhecimento de filho, divórcio, serviço de proteção de 
vítimas e testemunhas, tradução de nomes estrangeiros, etc. 
B) ESTADO 
O estado é definido como sendo o modo particular de existir, ou seja, a 
soma de qualificações de uma pessoa na sociedade. Apresenta três aspectos: 
 Individual (ou físico)  são as características pessoais: idade, 
sexo, saúde mental e física, altura, peso, etc. 
 Familiar  indica a situação que a pessoa ocupa na família: a) 
quanto ao matrimônio (solteiro, casado, viúvo, divorciado); b) 
quanto ao parentesco consanguíneo (pai, mãe, filho, avô, irmão, 
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primo, tio, etc.); c) quanto à afinidade (sogro, sogra, genro, nora, 
cunhado, etc.). 
 Político  identifica a pessoa a partir do local em que nasceu ou 
de sua condição política dentro de um País: nacional (nato ou 
naturalizado), estrangeiro, apátrida. Obs.: já vi cair em concurso a 
expressão heimatlos (origem alemã) que significa apátrida. 
O estado é regulado por normas de ordem pública. É irrenunciável, pois 
não se pode renunciar aquilo que é uma característica pessoal. É uno e 
indivisível, pois ninguém pode ser simultaneamente casado e solteiro; maior e 
menor, etc. Por ser um reflexo da personalidade, é inalienável, não podendo 
ser objeto de comércio. Trata-se de um direito indisponível (não se transferem 
as características pessoais) e imprescritível (o decurso de tempo não faz com 
que se percam as qualificações pessoais). As ações tendentes a afirmar, obter 
ou negar determinado estado, também chamadas de ações de estado (ex.: 
investigação de paternidade, divórcio, etc.). Estas ações são 
personalíssimas. 
C) DOMICÍLIO 
O conceito de domicílio surge da necessidade legal que se tem de fixar 
as pessoas em determinado ponto, onde possam ser encontradas para 
responder por suas obrigações. Distinção: 
 Residência  é o lugar em que o indivíduo se estabelece 
habitualmente, com a intenção de permanecer, mesmo que dele se ausente 
temporariamente; trata-se de uma situação de fato. 
 Domicílio  é a sede da pessoa, tanto física como jurídica, onde se 
presume a sua presença para efeitos de direito e onde exerce ou pratica, 
habitualmente, seus atos e negócios jurídicos. É o lugar onde a pessoa 
estabelece sua residência com ânimo definitivo de permanecer; trata-se de 
um conceito jurídico. Possui dois elementos: 
a) Objetivo: é o estabelecimento físico da pessoa; a fixação da 
residência. 
b) Subjetivo: é a intenção, o ânimo de ali permanecer em definitivo (a 
doutrina chama isso de animus manendi). Se uma pessoa viajou de 
férias para a praia, evidentemente que seu domicílio não foi alterado, 
pois falta a intenção de permanecer definitivamente neste local. 
���Regra Básica: O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela 
estabelece a residência com ânimo definitivo (art. 70, CC). É também 
domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à 
profissão, o lugar onde esta é exercida (art. 72, CC). 
 Outras Regras 
A) Uma pessoa pode residir em mais de um local, tomando apenas 
um como sendo o centro principal de seus negócios; este local então será o 
seu domicílio. Mas se a pessoa tiver várias residências, onde alternadamente 
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viva, sem que se possa considerar uma delas como sendo o seu centro 
principal, o domicílio pode ser qualquer delas →→→ o Brasil adotou o sistema da 
pluralidade domiciliar (art. 71, CC). 
B) Pode ocorrer que uma pessoa não tenha uma residência habitual; ela 
não tem um ponto central de negócios. O exemplo clássico é o dos circenses e 
ciganos que a cada momento estão em uma localidade diferente (a doutrina os 
chama de adômidas). O domicílio destas pessoas então será o lugar onde elas 
forem encontradas (art. 73, CC). É o chamado domicílio aparente ou 
ocasional. Trata-se de uma ficção jurídica, uma hipótese de aplicação da 
Teoria da Aparência, pois todo sujeito necessita de um local para ser 
encontrado e ter um domicílio. 
Espécies de Domicílio 
1) Domicílio Voluntário  escolhido livremente pela própria vontade do 
indivíduo e por ele pode ser modificado (geral: art. 70, CC) ou estabelecido 
conforme interesses das partes em um contrato (especial: art. 78, CC). 
2) Domicílio Legal ou Necessário  é a lei que determina o domicílio, em 
razão da condição ou situação de certas pessoas. Deixa de existir a liberdade 
de escolha do domicílio. Observem o art. 76, CC. Assim: 
 Incapazes (qualquer tipo de incapacidade): os incapazes têm por 
domicílio o de seus representantes legais (pais, tutores ou curadores). 
 Servidor Público: seu domicílio é o lugar onde exerce 
permanentemente sua função. 
 Militar em serviço ativo: o domicílio do militar do Exército é o lugar 
onde está servindo; o da Marinha ou da Aeronáutica é a sede do 
comando a que se encontra imediatamente subordinado. Aplica-se este 
dispositivo, por analogia, também aos Policiais Militares estaduais. O 
militar reformado (aposentado) não tem mais este domicílio. 
 Preso: é o lugar onde a pessoa cumpre a sentença (não se aplica ao 
preso provisório; é necessário que haja uma decisão condenatória). 
 Marítimos (são os oficiais e tripulantes da marinha mercante): marinha 
mercante é a que se ocupa do transporte de passageiros e mercadorias. 
O domicílio legal é no lugar onde estiver matriculado o navio. 
��� Observação: o art. 77, CC ainda traz uma situação especial para o 
Agente Diplomático do Brasil que, citado no estrangeiro, alega 
extraterritorialidade, sem indicar seu domicílio no país; neste caso poderá ser 
demandado no Distrito Federal ou no seu último domicílio. 
3) Especial  O domicílio voluntário especial merece um destaque à 
parte. Segundo a doutrina ele pode ser subdividido: a) domicílio contratual 
(art. 78, CC): local especificado no contrato para o cumprimento das 
obrigações dele resultantes; b) domicílio (ou foro) de eleição ou cláusula 
de eleição de foro (previsto no art. 111 do Código de Processo Civil): escolhido 
pelas partes para a propositura de ações relativas às obrigações. Quando se 
tratar de ação que verse sobre imóveis a competência é a da situação da coisa. 
Há uma forte corrente jurisprudencial negando o foro de eleição nos 
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contratos de adesão, “quando constitui um obstáculo à parte aderente, 
dificultando-lhe o comparecimento em juízo”. Trata-se de uma orientação do 
STJ, que entende ser cláusula abusiva, pois ela prejudica o consumidor, uma 
vez que o obriga a responder ação judicial em local diverso de seu domicílio 
(“é nula a cláusula que não fixar o domicílio do consumidor”). Lembrando que 
contrato de adesão (ou por adesão) é aquele que já está pronto, elaborado de 
forma unilateral. Ou você assina (adere) o contrato da forma como que ele foi 
redigido ou o mesmo não sai. Não é possível ficar discutindo cláusulas 
contratuais. Por tal motivo a tendência é não ser possível colocar o foro ou 
domicílio de eleição no contrato (até porque ele não foi eleito; foi imposto por 
uma das partes). 
Domicílio Pessoa Natural – Resumo 
Regra = lugar onde estabelecer residência com ânimo definitivo 
(muda-se o domicílio transferindo a residência). 
Quando possui diversas residências = qualquer delas será o domicílio. 
Quanto às relações concernentes à profissão = lugar onde a profissão 
é exercida. 
Quanto às relações concernentes à profissão em lugares diversos = 
cada um deles constituirá domicílio. 
Sem residência habitual = lugar onde for encontrada. 
Agente diplomáticodo Brasil citado no estrangeiro = poderá ser 
demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território 
brasileiro onde o teve. 
Domicílio Necessário 
Incapaz = representante ou assistente. 
Servidor público = onde exercer permanentemente suas funções. 
Militar (em geral) = onde servir. 
Militar da Marinha ou Aeronáutica = sede do comando a que se 
encontrar imediatamente subordinado. 
Marítimo = onde o navio estiver matriculado. 
Preso = onde estiver cumprindo a sentença. 
FIM DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL 
A existência da pessoa natural termina com a morte (art. 6°, CC). 
Verificada a morte de uma pessoa, desaparecem, como regra, os direitos e as 
obrigações de natureza personalíssima (ex.: dissolução do vínculo matrimonial, 
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relação de parentesco, etc.). Já os direitos não personalíssimos (em especial os 
de natureza patrimonial) são transmitidos aos seus sucessores. 
Num sentido genérico podemos dizer que há três espécies de morte: a) 
real; b) civil; c) presumida. A doutrina acrescenta também a hipótese da Lei n° 
9.140/95 que reconheceu como mortos, para todos os efeitos legais, os 
“desaparecidos políticos”. 
MORTE REAL  A personalidade civil termina com a morte física, deixando o 
indivíduo de ser sujeito de direitos e obrigações. No momento do falecimento a 
pessoa deixa de ser um sujeito de direitos e obrigações. A morte real se dá 
com o óbito comprovado da pessoa natural. A regra geral é que inicialmente se 
exige um atestado de óbito (para isso é necessário o corpo), que irá 
comprovar a certeza do evento morte, devendo o mesmo ser lavrado por 
profissional registrado no Conselho Regional de Medicina. Com este documento 
é lavrada a certidão de óbito, por ato do oficial do registro civil de pessoa 
natural, sendo esta a condição para o sepultamento. Na falta do corpo, 
recorre-se aos meios indiretos de comprovação morte real (também chamada 
de justificação judicial de morte real). Isto está disciplinado no art. 88 da Lei 
n° 6.015/73 (Lei de Registros Públicos): "Poderão os juízes togados admitir 
justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágios, 
incêndio, terremoto ou outra qualquer catástrofe, quando estiver provada a 
sua presença no local do desastre e não for possível encontrar o cadáver para 
exame". Se um avião explode matando todos os passageiros, há o óbito 
comprovado de todos; entretanto, pode ser que não tenhamos os corpos de 
todos os passageiros. Mesmo assim podemos dizer que houve a morte real, 
pela justificação judicial: não foram encontrados todos os corpos, mas há 
certeza da morte de todos. 
MORTE CIVIL  A morte civil era a perda da personalidade em vida. A pessoa 
estava viva, mas era tratada como se estivesse morta. Geralmente era uma 
pena aplicada a pessoas condenadas criminalmente, em situações especiais. 
Atualmente, pode-se dizer ela não existe mais. No entanto, há resquícios de 
morte civil. Ex.: exclusão de herança por indignidade do filho, “como se ele 
morto fosse” (vejam esta expressão no art. 1.816, CC); embora viva, a pessoa 
é ignorada para efeitos de herança. 
MORTE PRESUMIDA  Ocorre quando não se consegue provar que houve a 
morte real. O tema é tratado inicialmente pelos arts. 6° e 7°, CC. 
• O art. 6°, CC é genérico: trata da morte presumida, “quanto aos 
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão 
definitiva”. 
• O art. 7°, CC é bem específico: citando situações em que se declara a 
morte presumida, sem decretação de ausência. 
Vejamos primeiro o art. 6°, CC, que é bem mais complexo, pois exige 
a declaração de ausência, que está prevista nos arts. 22 a 39, CC. Ausência é 
o desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio. A pessoa que deixa de dar 
notícias de seu paradeiro por um longo período de tempo, sem deixar um 
representante (procurador) para administrar seus bens (art. 22, CC). Os 
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efeitos da morte presumida são patrimoniais (protege-se o patrimônio do 
ausente) e alguns pessoais (ex.: o estado de viuvez do cônjuge do ausente). A 
ausência só pode ser reconhecida por meio de um processo judicial 
composto de três fases: a) curadoria de ausentes; b) sucessão provisória; c) 
sucessão definitiva. Vejamos. 
PRIMEIRA FASE: Declaração de Ausência. Ausente uma pessoa, 
qualquer interessado na sua sucessão (e até mesmo o Ministério Público) 
poderá requerer ao Juiz a declaração de ausência e a nomeação de um 
curador, obedecendo a ordem do art. 25, CC. Trata-se da curadoria dos bens 
do ausente. Os bens são arrecadados e entregues ao curador apenas para os 
mesmos sejam administrados (não há efeitos pessoais). Durante um ano (no 
caso do ausente não deixar representante ou procurador) devem-se expedir 
editais convocando o ausente para retomar a posse de seus haveres. Com a 
sua volta opera-se a cessação da curatela, o mesmo ocorrendo se houver 
notícia de seu óbito comprovado. No entanto, se o ausente deixou um 
representante para cuidar de seus interesses, aquele prazo (de um ano) eleva-
se para três anos. É o que diz o art. 26, CC. 
SEGUNDA FASE: Sucessão Provisória. Se o ausente não comparecer 
no prazo (um ou três anos, dependendo da hipótese), poderá ser requerida e 
aberta a sucessão provisória e o início do processo de inventário e partilha 
dos bens. No processo de ausência a sentença do Juiz é dada logo no início do 
processo, para que se inicie a sucessão provisória. Mas esta sentença 
determinando a abertura da sucessão ainda não produz efeitos de imediato. O 
art. 28, CC prevê uma cautela a mais. Ou seja, concede um prazo de mais 
180 dias para que o ausente reapareça e tome conhecimento da sentença que 
determinou a abertura da sucessão provisória de seus bens. Assim, a sentença 
somente irá produzir efeitos após 180 dias de sua publicação na imprensa. 
Trata-se, digamos, de uma “última chance” que se dá ao ausente. Após este 
prazo, a ausência passa a ser presumida. Nesta fase cessa a curatela dos 
bens do ausente. É feita a partilha dos bens deixados e agora são os herdeiros, 
de forma provisória e condicional (e não mais o curador) que irão administrar 
os bens, prestando caução (ou seja, dando garantias de que os bens serão 
restituídos no caso do ausente aparecer). No entanto, se estes herdeiros forem 
descendentes, ascendentes ou cônjuge do ausente, não necessitam prestar a 
caução. 
Nesta fase os herdeiros ainda não têm a propriedade; exercem apenas a 
posse dos bens do ausente. Apenas se antecipa a sucessão, sem delinear 
definitivamente o destino dos bens desaparecido. Por isso os sucessores ainda 
não podem vender os bens. Os imóveis somente podem ser vendidos com 
autorização judicial. A sucessão provisória é encerrada se o ausente retornar 
ou se comprovar a sua morte real. Convém acrescentar que o descendente, o 
ascendente e o cônjuge (herdeiros necessários) que forem sucessores 
provisórios do ausente e estiverem na posse dos bens terão direito a todos os 
frutos e rendimentos desses bens. Ex.: Uma pessoa foi considerada “ausente”; 
era proprietário de duas casas e uma fazenda. Seu filho entrou na posse dos 
bens: mora em uma das casas, alugou a outra e tornou a fazenda 
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extremamente produtiva. Se seu pai retornar posteriormente, o filho não será 
obrigado a restituir os aluguéis que recebeu com a casa e nem o que lucrou 
explorando a fazenda. Já os demais sucessores (ex.: irmãos, tios, sobrinhos, 
etc.) terão direito somente à metade destes frutos ou rendimentos. 
TERCEIRA FASE: Sucessão Definitiva. Após 10 (dez) anos do trânsito 
em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória, semque o 
ausente apareça, será declarada a morte presumida. Nesta ocasião 
converte-se a sucessão provisória em definitiva. Os sucessores deixam 
de ser provisórios, adquirindo a propriedade plena (ou o domínio) e a 
disposição dos bens recebidos. Porém esta propriedade é considerada 
resolúvel. Isto é, se o ausente retornar em até 10 (dez) anos seguintes à 
abertura da sucessão definitiva terá direito aos bens, mas no estado em que se 
encontrarem. Ou então terá direito ao preço que os herdeiros houverem 
recebido com sua venda. Se regressar após esse prazo (portanto após 21 anos 
de processo), não terá direito a mais nada. 
É interessante acrescentar que o art. 38, CC possibilita se requerer a 
sucessão definitiva provando-se que o ausente conta com 80 anos de idade e 
que de cinco datam as últimas notícias dele. 
É nesta fase (na sucessão definitiva – ou seja, até 10 anos após o 
trânsito em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória) que 
também se dissolve a sociedade conjugal, considerando-se rompido o 
vínculo matrimonial. É o que prevê o art. 1.571, §1° do CC. Neste caso o 
cônjuge será considerado viúvo (torna-se irreversível a dissolução da 
sociedade conjugal), podendo se casar novamente. 
No entanto este cônjuge não precisa esperar tanto tempo para se casar 
novamente. Mesmo antes de ser considerado viúvo ele pode ingressar com um 
pedido de divórcio, atualmente, com a edição da Emenda Constitucional n° 
66/2010, muito mais simples e sem necessidade de aguardar prazos. 
Divorciada, a pessoa já está livre para convolar novas núpcias. 
 Resumindo 
a) Ausência (curadoria dos bens do ausente): 01 ou 03 anos, 
dependendo da hipótese (com ou sem representante), arrecadando-se os 
bens que serão administrados por um curador. 
b) Sucessão Provisória: é feita a partilha de forma provisória, 
aguardando-se 10 anos. 
c) Sucessão Definitiva: na abertura já se concede a propriedade plena e 
se declara a morte (presumida) do ausente. Seu cônjuge é reputado 
viúvo. Aguardam-se mais dez anos. 
d) Fim. 
 
 
 
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Vejamos no gráfico abaixo, a demonstração das fases do processo. 
Desaparecimento Início do Processo Morte Presumida Fim 
 
1 (3) anos 10 anos 10 anos 
Ausência Sucessão Sucessão 
 Curadoria Provisória Definitiva 
 
A hipótese do art. 7°, CC, é bem mais fácil, pois permite a declaração 
da morte presumida sem decretação de ausência. Isto é assim para 
melhor viabilizar o registro do óbito, resolver problemas jurídicos e regular a 
sucessão causa mortis. Vejamos as duas situações excepcionais: 
 For extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida. 
 Pessoa desapareceu em campanha ou feito prisioneiro e não foi 
encontrado até dois anos após o término da guerra. 
A declaração de ausência nestes casos somente poderá ser requerida 
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar 
a data provável do falecimento. Com a declaração de ausência nas hipóteses 
previstas, abre-se a sucessão definitiva. O patrimônio do “morto presumido” se 
transforma em herança, sendo que os herdeiros já podem ter a posse dos 
bens. 
COMORIÊNCIA 
Comoriência é o instituto pelo qual se considera que duas ou mais 
pessoas morreram simultaneamente, sempre que não se puder averiguar qual 
delas pré-morreu, ou seja, quem morreu em primeiro lugar. Art. 8°, CC: “Se 
dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo 
averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão 
simultaneamente mortos”. Ex.: um avião caiu e todos os passageiros 
faleceram no acidente; nesse caso vamos presumir que todos eles morreram 
no mesmo momento. Comoriência também é chamada de morte simultânea. 
Trata-se de uma presunção relativa (juris tantum), ou seja, que admite 
prova em contrário. 
 Aplica-se o instituto da morte simultânea sempre que houver uma 
relação de sucessão hereditária entre os mortos. Se não houver esta 
relação também não haverá qualquer interesse jurídico na questão. A 
consequência prática é que se os comorientes forem herdeiros uns dos 
outros, não haverá transferência de direitos entre eles; um não sucederá o 
outro. 
 Exemplo: vamos supor que um casal esteja viajando de carro e sofre um 
acidente. Eles não têm descendentes e nem ascendentes. Mas cada um tem 
um irmão. Se ficar provado que o marido ou a mulher faleceu primeiro no 
acidente, não haverá comoriência. No momento da morte do primeiro cônjuge 
toda a herança se transmite para o outro cônjuge. E com a morte deste toda a 
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herança será transmitida somente para o irmão do que morreu por último. Mas 
se não se conseguir demonstrar quem morreu primeiro, aplica-se a 
comoriência. Neste caso, a herança de ambos é dividida à razão de 50% para 
os herdeiros de cada cônjuge (os irmãos), se o regime de bens do casamento 
for o da comunhão universal. 
� Questão Polêmica � E se duas pessoas falecerem em locais diferentes, mas 
nas mesmas circunstâncias de tempo? Há autores que defendem a posição de que 
somente haverá comoriência se as mortes se derem no mesmo acontecimento, lugar 
e tempo. Outros (Maria Helena Diniz) afirmam: "Embora o problema da comoriência 
tenha começado a ser regulado a propósito de caso de morte conjunta no mesmo 
acontecimento, ele se coloca, como se pode ver da redação do art. 8° do Código Civil, 
com igual relevância em matéria de efeitos dependentes de sobrevivência, nos 
casos de pessoas falecidas em lugares e acontecimentos distintos, mas em datas 
e horas simultâneas ou muito próximas. A expressão “na mesma ocasião” não requer 
que o evento morte se tenha dado na mesma localidade; basta que haja inviabilidade 
na apuração exata da ordem cronológica dos óbitos”. 
EFEITOS DO FIM DA PERSONALIDADE 
São efeitos do fim da personalidade: dissolução do vínculo conjugal e 
do regime matrimonial; extinção do poder familiar; extinção dos contratos 
personalíssimos, etc. Outro efeito de suma importância é a extinção da 
obrigação de prestar alimentos com o falecimento do credor. Observem que o 
credor é a pessoa que estava recebendo a pensão alimentícia; morrendo não 
faz mais jus ao benefício e este não se transmite a seus herdeiros. No entanto, 
no caso de morte do devedor (que é a pessoa que paga a pensão 
alimentícia), os herdeiros deste assumirão a obrigação até as forças da 
herança. Trata-se de uma inovação do atual Código, tratada no Direito das 
Sucessões. 
A morte não aniquila com toda a vontade do de cujus, que pode 
sobreviver por meio de um testamento. Ao cadáver é devido respeito; os 
militares e os servidores públicos de uma forma geral podem ser promovidos 
post mortem; permanece o direito à imagem, à honra, aos direitos autorais, 
etc. 
CAPACIDADE 
Embora baste nascer com vida para se adquirir a personalidade, nem 
sempre se terá capacidade. Costuma-se dizer que a personalidade é a 
potencialidade resultante de um fato natural (nascer com vida); já na 
capacidade temos os limites desta potencialidade. A capacidade pode assim 
ser classificada: 
• Capacidade de direito ou de gozo (ou de aquisição de direito): 
própria de todo ser humano; inerente à personalidade. Adquire-se com o 
nascimento com vida e extingue-se com a morte. É a capacidade para 
adquirir direitos e contrair obrigações. "Toda pessoa é capaz de direitos 
e deveres na ordem civil" (art. 1°, CC). 
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• Capacidade de fato ou de exercício da capacidade de direito: 
é a capacidade de exercitar por si mesmo os atos da vida civil, 
independentemente de assistência ou representação.Toda pessoa natural tem capacidade de direito; é inerente à 
personalidade. Quem tem personalidade (está vivo) tem capacidade de direito. 
Mas essa pessoa pode não ter a capacidade de fato, pois pode lhe faltar a 
plenitude da consciência e da vontade, limitando o exercício (e não o gozo) 
dos direitos. 
���No Brasil não existe a incapacidade de direito. 
A capacidade de direito não pode ser negada ao indivíduo, mas pode 
sofrer restrições quanto ao seu exercício. Ex.: o “louco”, por ser pessoa 
(ele está vivo, possui personalidade), tem capacidade de direito, podendo 
receber uma doação; porém não tem capacidade de fato, não podendo vender 
o bem que ganhou. 
Quem possui as duas espécies de capacidade (de direito e de fato) tem a 
chamada capacidade plena. (capacidade plena = capacidade de direito + 
capacidade de fato). 
Quem só possui a de direito tem a chamada capacidade limitada. A 
incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil (em outras 
palavras: é uma restrição ao poder de agir). Visa proteger os que são 
portadores de alguma deficiência jurídica apreciável, graduando a forma de 
proteção: pode ser absoluta ou relativa. Veremos todas as hipóteses mais 
adiante. 
 Por ora fiquemos com o seguinte resumo: 
• Incapacidade Absoluta → Pessoas completamente privadas 
(proibição total) de agir na vida civil. A deficiência pode ser suprida (o 
ato pode ser praticado) pela representação. Ou seja, os 
representantes legais é que vão praticar o ato em nome do incapaz, 
pois este não manifesta a sua vontade. A falta de representação no ato 
acarreta a nulidade absoluta (ato nulo) do mesmo. 
• Incapacidade Relativa → Pessoas relativamente incapazes, ou 
seja, que podem atuar na vida civil, embora com restrições. A 
deficiência pode ser suprida pela assistência. Ou seja, o próprio 
incapaz decide se pratica ou não o ato, manifestando sua vontade. Se 
praticar o ato, deve ser assistido por seu representante legal (que 
apenas irá presenciar o ato e assinar, junto com o incapaz, a 
documentação pertinente). A falta de assistência no ato acarreta a 
nulidade relativa (ato anulável) do mesmo. 
CAPACIDADE DE FATO 
Capacidade é a regra; incapacidade é a exceção. Ou seja, toda 
pessoa tem a capacidade de direito, sendo presumida a capacidade de fato. A 
incapacidade não restringe a personalidade ou a capacidade de direito; ela 
apenas limita o exercício pessoal e direto dos direitos. E essa limitação 
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deve ser sempre interpretada de forma restritiva. Somente através de 
exceções prevista em lei (ordem pública) o indivíduo pode ser privado da 
capacidade de fato. Vejamos. 
A) ABSOLUTAMENTE INCAPAZES (art. 3°, CC) 
Ocorre quando houver proibição total do exercício do direito do incapaz, 
acarretando, em caso de violação, a nulidade absoluta do ato jurídico (art. 
166, I, CC). Os absolutamente incapazes possuem direitos, mas estes não 
podem ser exercidos pessoalmente. Há uma restrição legal ao poder de agir 
por si. Por isso estes indivíduos devem ser representadas. São eles: 
1) Os menores de 16 (dezesseis) anos (critério etário)  Também 
chamados de menores impúberes. Devem ser representados por seus pais 
ou, na falta deles, por tutores. O legislador entende que, devido a essa tenra 
idade, a pessoa ainda não atingiu o discernimento pleno para distinguir o que 
pode ou não fazer. 
2) Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o 
necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil  São as 
pessoas que, por motivo de ordem patológica ou acidental, congênita ou 
adquirida, não estão em condições de reger sua própria pessoa ou administrar 
seus bens. Abrange pessoas que têm desequilíbrio mental (ex.: demência, 
paranoia, psicopatas, etc.). Para que seja declarada a incapacidade absoluta 
neste caso, é necessário um processo de interdição. Trata-se de uma 
medida de proteção, em que o Poder Judiciário declara se determinada pessoa 
tem ou não a plena capacidade para gerir seus próprios negócios. Pode ser 
total ou parcial, dependendo da hipótese concreta. Trata-se de um 
procedimento especial de jurisdição voluntária (não há bem uma disputa 
entre as partes, porém a intervenção do Juiz é necessária, exercendo-se a 
jurisdição no sentido de simples administração). A jurisdição voluntária se 
contrapõe à jurisdição contenciosa (que é caracterizada pela disputa entre 
duas ou mais partes, que pleiteiam providências opostas ao Juiz). O rito é 
previsto pelo Código de Processo Civil e a sentença (de natureza declaratória) 
deverá ser registrada no Registro Civil das Pessoas Naturais. 
Em regra, só depois de decretada a interdição é que se recusa a 
capacidade de exercício, sendo nulo qualquer ato praticado pela pessoa 
interditada, ainda que a outra pessoa não saiba da interdição. Isto porque há 
uma presunção da publicidade da sentença de interdição e conhecimento geral. 
Se o ato praticado pelo enfermo mental foi antes de sua interdição, em regra 
não se anula o negócio. No entanto, jurisprudência e a doutrina admitem a 
produção retroativa dos efeitos da interdição em hipóteses especiais. 
Nosso direito não admite os chamados “intervalos lúcidos”. Ou seja, se a 
pessoa praticou o ato após a sua interdição, este ato é considerado nulo, não 
se aceitando a demonstração de que naquele momento, embora interditada, a 
pessoa estava lúcida. 
3) Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir 
sua vontade  O exemplo clássico deste item é o da pessoa que sofreu um 
acidente e “está em coma no hospital”. Mas a expressão é genérica e muito 
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abrangente. Pode incluir também o surdo-mudo, desde que ele não possa 
manifestar sua vontade de forma alguma. Se puder exprimir sua vontade, 
pode ser considerado relativamente capaz ou até plenamente capaz, 
dependendo do grau de sua expressão, embora estejam impedidos de praticar 
atos que dependam de audição (ex.: testemunha em testamento). O 
dispositivo pode incluir, também, as pessoas que perderam a memória, 
embora de forma transitória e outros casos análogos. 
���IMPORTANTE ��� O Código Civil não estende a incapacidade: a) ao 
cego, que somente terá restrição aos atos que dependem da visão, como 
testemunha ocular de um fato, testemunha em testamentos, etc.; além disso, 
o cego somente poderá fazer testamento da forma pública; b) ao analfabeto; 
e c) a senilidade ou senectude (pessoa com idade avançada), por si só, não 
é causa de restrição da capacidade. 
B) RELATIVAMENTE INCAPAZES (art. 4º, CC) 
Trata-se de uma situação intermediária entre a incapacidade total e a 
capacidade plena. A incapacidade relativa diz respeito àqueles que podem 
praticar por si os atos da vida civil, desde que assistidos por seus 
representantes legais. O efeito da violação desta norma é gerar a 
anulabilidade (ou nulidade relativa) do ato jurídico (art. 171, I, CC), 
dependendo da iniciativa do lesado. Certos atos a pessoa já pode praticar sem 
assistência e são considerados válidos. Há outras hipóteses em que o ato pode 
ser ratificado ou convalidado pelo representante legal, posteriormente. A 
grande diferença entre os absolutamente incapazes e os relativamente 
incapazes é que no primeiro caso a pessoa não pode praticar o ato, por isso ela 
será representada; já na segunda hipótese a pessoa pratica pessoalmente o 
ato, sua vontade é levada em conta, mas não pode praticar este ato sozinha, 
sendo necessária a assistência. Se houver um conflito de interesses entre o 
incapaz e o assistente, o Juiz lhe nomeará um curador especial. São eles: 
1) Maiores de 16 anos e menores de 18 anos  Também chamados 
de menores púberes. Afirma a doutrina que a sua pouca experiência e 
insuficiente desenvolvimento intelectual não lhes possibilitama plena 
participação na vida civil. Eles somente poderão praticar certos atos mediante 
assistência de seus representantes, sob pena de anulação. No entanto há 
atos que o relativamente incapaz pode praticar mesmo sem assistência. Ex.: 
casar (necessitando neste caso apenas de uma autorização de seus pais); 
fazer testamento (art. 1.860, parágrafo único, CC); servir como testemunha 
(art. 228, I, CC), inclusive em atos jurídicos e testamentos; aceitar mandato 
(ser mandatário); ser eleitor, etc. 
O menor, entre 16 e 18 anos, não pode, para eximir-se de uma 
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela 
outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, espontaneamente se declarou maior 
(art. 180, CC). Explicando: Em um contrato, um rapaz com 17 anos se 
passou por maior de 18 anos e assumiu determinada obrigação. Depois, para 
não cumprir esta obrigação, alegou ser menor e revelou sua idade verdadeira. 
Pela lei o menor não poderá fugir desta obrigação, pois conscientemente 
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declarou-se maior (não se pode, para eximir de uma obrigação, alegar sua 
própria torpeza). 
2) Ébrios habituais (alcoólatras), os viciados em tóxicos, e os 
que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido  Nestes 
casos também deve haver um processo de interdição, onde o Juiz irá 
estabelecer os limites da curatela (maior ou menor dependendo do grau de 
comprometimento mental do interditado). A dependência por álcool ou drogas 
faz com que a pessoa seja considerada relativamente incapaz. No entanto se o 
grau de dependência atingir níveis excepcionais, essa pessoa poderá ser 
considerada absolutamente incapaz. 
3) Excepcionais, sem desenvolvimento mental completo  Trata-
se de uma expressão de caráter genérico, abrangendo as pessoas portadoras 
de alguma anomalia psíquica que apresentam sinais de desenvolvimento 
mental incompleto. Neste caso também é necessário um processo regular de 
interdição. O exemplo clássico da doutrina são os portadores da “Síndrome de 
Down”. 
4) Pródigos  são os que dilapidam os seus bens ou seu patrimônio, 
fazendo gastos excessivos e anormais, podendo chegar à miséria. Trata-se de 
um desvio de personalidade e não de uma alienação mental propriamente 
dita. O exemplo clássico é o da pessoa viciada em jogos de azar, que de forma 
compulsiva, dissipa seu patrimônio. Neste caso a pessoa deve ser interditada 
para a sua própria proteção, e, em seguida, nomeia-se um curador para 
cuidar de seus interesses. O pródigo interditado não pode (sem assistência): 
emprestar, transigir, dar quitação, alienar (ou seja, vender, doar, etc.), 
hipotecar, agir em juízo (vejam o art. 1.782, CC). Como ele fica privado 
somente dos atos que possam comprometer seu patrimônio, ele pode: exercer 
atos de mera administração, exercer profissão, etc. O pródigo poderá até se 
casar. No entanto se houver necessidade de pacto antenupcial haverá 
assistência de um curador, pois o ato nupcial pode envolver disposição de 
bens. 
���Atenção��� Índios  O atual Código Civil afirma que a capacidade dos 
índios (chamados pela legislação anterior de silvícolas) será regulada por meio 
de lei especial (art. 4°, parágrafo único, CC). A Lei n° 6.001/73 (Estatuto do 
Índio) coloca o índio e sua comunidade, enquanto não integrado à comunhão 
nacional, sob o regime tutelar. O órgão que deve assisti-los é a FUNAI. 
TUTELA E CURATELA 
A tutela é um instituto de caráter assistencial que tem por finalidade 
substituir o poder familiar. Protege o menor (impúbere ou púbere) não 
emancipado e seus bens, se seus pais falecerem ou forem suspensos ou 
destituídos do poder familiar, dando-lhes representação ou assistência no 
plano jurídico. Pode ser oriunda de provimento voluntário, de forma 
testamentária, ou em decorrência da lei. Observem que o tutor pode 
representar o incapaz (se este for menor de 16 anos) ou assisti-lo (se ele for 
maior de 16, porém menor de 18 anos). O tutor pode realizar quase todos os 
atos em nome do menor (não poderá emancipá-lo, pois isso depende de 
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sentença judicial). Observem que poder familiar e tutela são institutos que se 
excluem. Somente se o menor não tiver pais é que será nomeado o tutor. 
 Já a curatela é um encargo público (também chamado de munus) 
previsto em lei e que é dado para pessoas maiores, mas que não estão em 
condições de realizar os atos da vida civil pessoalmente, geralmente em razão 
de alguma enfermidade, deficiência mental ou prodigalidade. O curador além 
de administrar os bens do incapaz, deve, também, reger e defender a pessoa. 
Decorre de nomeação pelo Juiz em decisão prolatada em processo de 
interdição. 
 Segundo o art. 1.634, V, CC, compete aos pais, quanto à pessoa dos 
filhos menores representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e 
assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o 
consentimento. Segundo o art. 1.747, I, CC, compete ao tutor representar o 
menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-lo, após essa 
idade, nos atos em que for parte. O curador também pode representar ou 
assistir o curatelado, dependendo se ele é absoluta (ex.: deficiência mental) ou 
relativamente incapaz (pródigo). 
 Resumindo 
• Tutela: amparo a menores órfãos ou com pais suspensos ou 
destituídos do poder familiar. 
• Curatela: amparo a maiores sem condições de praticar atos da 
vida civil. 
C) CAPACIDADE PLENA 
A incapacidade termina, via de regra, ao desaparecerem as causas que a 
determinaram. Assim, nos casos de loucura, da toxicomania, etc., cessando a 
enfermidade que a determinou, pode-se levantar a interdição, cessando a 
incapacidade. Já em relação à menoridade, a incapacidade cessa quando o 
menor completar 18 anos (art. 5°, caput, CC). Dessa forma, torna-se apto a 
exercer pessoalmente todos os atos da vida civil sem necessidade de ser 
assistido por seus pais. Além disso, o menor pode adquirir a capacidade civil 
plena pela emancipação, que veremos a seguir. 
 Fim da Incapacidade: a) levantamento da interdição; b) maioridade (18 
anos); c) emancipação. 
���Cuidado��� Não confundir capacidade civil com imputabilidade (ou 
responsabilidade) penal, que também se dá aos 18 anos completos. E nem 
com a capacidade eleitoral que se inicia, facultativamente, aos 16 anos. 
EMANCIPAÇÃO 
Emancipação é a aquisição da capacidade plena antes dos 18 anos, 
habilitando o indivíduo para todos os atos da vida civil. 
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Características: a) pura e simples (não se admitem condições ou termos); b) 
irrevogável (uma vez concedida os pais não podem mais revogar); c) definitiva 
(se a pessoa se divorciar a emancipação continua). 
���Atenção ��� 
01) Em casos raros a emancipação pode ser anulada (ex.: foi baseada 
em documentos falsos). Nestes casos, lembrem-se que anular (cancelar ato 
inválido) é diferente de revogar (cancelar um ato válido). 
02) Emancipar não significa “tornar-se maior”; a emancipação não é 
causa de maioridade. Na realidade ela é causa de cessação de incapacidade ou 
de antecipação da capacidade de fato (ou de exercício). Por isso é que se 
justifica o fato de uma pessoa poder vender sua casa (tem capacidade para 
tanto) e não pode tirar carteira de habilitação (o art. 140 do Código de 
Trânsito Brasileiro exige que para a condução de veículos automotores o 
condutor seja penalmente imputável; o menor, embora emancipado, continua 
sendo menor, principalmente para fins penais, permanecendo como 
inimputável). 
Adquire-se a emancipação (art. 5°, parágrafo único, CC): 
1) Pela concessão dos pais ou apenas de um deles na faltado 
outro (emancipação parental ou voluntária)  os pais reconhecem que seu 
filho já tem maturidade suficiente para reger sua pessoa e seus bens. Deve ser 
concedida pelos pais por instrumento público (escritura) e posteriormente 
registrada no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais, não sendo 
necessária a homologação do Juiz. O menor deve ter, no mínimo, 16 anos 
completos. É necessária a anuência de ambos os pais. Na falta de um deles 
(morte ou interdição) permite-se que somente o outro conceda. 
2) Por Sentença do Juiz  ocorre em duas hipóteses: a) quando um 
dos pais não concordar com a emancipação, contrariando a intenção do outro 
(conflito de vontades entre os pais); b) quando o menor estiver sob tutela. O 
tutor não pode emancipar o menor. Evita-se, assim, a emancipação destinada 
apenas para livrar o tutor do encargo. Neste caso a emancipação deve ser feita 
pelo Juiz, se o menor tiver 16 anos, ouvido o tutor, com a participação do 
Ministério Público, depois de verificada a conveniência para o bem do menor. 
3) Pelo casamento  a idade nupcial (ou idade núbil) do homem e da 
mulher é de 16 anos. O art. 1.517, CC exige a autorização de ambos os pais, 
enquanto não atingida a maioridade. Caso os pais não consintam com o 
casamento, ou em havendo divergência entre eles, a autorização poderá ser 
suprida pelo Juiz. Após a celebração do casamento, os cônjuges, mesmo que 
menores, são considerados emancipados. O divórcio, a viuvez e mesmo a 
anulação do casamento não implicam no retorno à incapacidade. No entanto o 
casamento nulo pode fazer com que se retorne à situação de incapaz. Mas há 
uma exceção: se o casamento for contraído de boa-fé. Nesta hipótese o ato 
produzirá efeitos de um casamento válido e a pessoa será considerada 
emancipada. 
Somente em casos excepcionais admite-se o casamento de quem ainda não 
alcançou a idade núbil (16 anos). Ex.: gravidez. Digamos que uma jovem de 
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15 anos engravidou de seu namorado que tem 23 anos e uma situação 
financeira confortável. Eles querem se casar. Mas a jovem ainda não tem a 
idade núbil. Neste caso exige-se uma sentença judicial de suprimento de 
idade. 
4) Pelo exercício de emprego público efetivo  excluem-se os 
diaristas, contratados e os nomeados para cargos em comissão. Há 
entendimento que deve ser funcionário da administração direta (excluindo-se, 
assim, os funcionários de autarquias). Há pouca aplicação prática deste 
dispositivo, pois os editais de concursos públicos exigem que o candidato 
tenha, no mínimo, 18 anos completos. 
5) Pela colação de grau em curso de ensino superior  também há 
pouca aplicação prática devido às particularidades de nosso sistema de ensino. 
6) Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de 
relação de emprego, desde que em função deles, o menor tenha 
economia própria  é necessário que o menor tenha no mínimo 16 anos 
completos, pois já revelaria suficiente amadurecimento. Na prática há certa 
dificuldade para se provar o que seja "economia própria" Ex.: pessoas que com 
16 anos e que já é um artista expondo obras em galerias mediante 
remuneração; jogador de futebol profissional, etc. 
 Vamos agora fornecer alguns conceitos rápidos e quadrinhos para 
melhor fixar a matéria 
 Pessoa: é o ente físico ou jurídico suscetível de direitos e obrigações. 
 Pessoa natural (ou física): é o ser humano, considerado como sujeito de 
direitos e obrigações. 
 Personalidade Jurídica: aptidão genérica para adquirir direitos e 
contrair obrigações. 
 Direitos da Personalidade: direitos subjetivos da pessoa de defender o 
que lhe é próprio 
 Capacidade: medida jurídica da personalidade; maior ou menor extensão 
dos direito de uma pessoa. 
 Incapacidade: restrição legal ao exercício de atos da vida civil. Divide-se 
em absoluta e relativa 
 Cessação da Incapacidade: quando o menor atinge 18 anos e pela 
emancipação. 
 Emancipação: formas de se adquirir a capacidade civil plena antes da 
maioridade. 
INCAPACIDADE 
ABSOLUTA (art. 3°, CC) RELATIVA (art. 4°, CC) 
1. Menores de 16 anos. 
2. Enfermidade ou deficiência mental 
sem discernimento para a prática de 
1. Maiores de 16 e menores de 18 
anos. 
2. Ébrios habituais, viciados em 
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atos. 
3. Não puderem exprimir a vontade, 
mesmo que por causa transitória. 
tóxico e deficiência mental 
(discernimento reduzido). 
3. Excepcionais, sem 
desenvolvimento mental completo. 
4. Pródigos. 
 
EMANCIPAÇÃO (art. 5°, parágrafo único, CC) 
1. Concessão dos pais (na falta de um, só a do outro), por instrumento 
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, 
ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos. 
2. Casamento. 
3. Exercício de emprego público efetivo. 
4. Colação de grau em curso de ensino superior. 
5. Estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de 
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos 
completos tenha economia própria. 
 
REGISTRO e AVERBAÇÃO 
O último tópico desta aula diz respeito ao registro. Ele é o meio 
técnico de prova legal do estado da pessoa (registro das pessoas) ou da 
situação dos bens (registro imobiliário). Em relação às pessoas serve para 
preservar eventual direito de terceiros; para que estes saibam com quem 
estão se relacionando (se a pessoa é solteira ou casada; incapaz e interditada 
ou plenamente capaz, etc.). Na realidade, o registro das pessoas naturais é um 
resumo de toda nossa vida, espelhando os fatos jurídicos relativos à vida 
em sua dinâmica. Segundo o art. 9°, CC devem ser registrados no Registro 
Público: 
• nascimentos, casamentos e óbitos. 
• emancipação por outorga dos pais ou por sentença do Juiz. 
• interdição por incapacidade absoluta ou relativa. 
• sentença declaratória de ausência e de morte presumida. 
 A lei também prevê a averbação de outros fatos importantes no 
Registro Público. Trata-se do art. 10, CC. Lembrando que averbação, nestes 
casos, apenas esclarece alguma eventual modificação ou complemento no 
estado de uma pessoa. Vejamos as hipóteses: 
• sentenças que decretam a nulidade ou anulação do casamento, 
bem como separação judicial, restabelecimento da sociedade 
conjugal (entende parte da doutrina que estes dois últimos itens 
estariam revogados em virtude da EC n° 66/2010; de qualquer 
forma não se exige mais a separação para a efetivação do divórcio) 
e divórcio. 
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• atos judiciais ou extrajudiciais que declaram ou reconhecem a 
filiação. 
Obs.: o dispositivo ainda tinha mais um inciso, que tratava sobre a adoção. Ou 
seja, a adoção era averbada no registro de nascimento. No entanto este item 
foi revogado, pois a adoção agora é regulada pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA), sendo que não é mais feita a averbação, mas sim o 
cancelamento do registro anterior e a abertura de um novo registro. Os dados 
sobre o processo de adoção mantém-se sob sigilo, mas ficam armazenados, 
sendo que só o adotado poderá ter acesso aos mesmos. 
Vamos dar um exemplo para deixar bem clara a distinção entre o 
Registro e a Averbação. Duas pessoas se casam. Pelo art. 9°, CC deve ser 
lavrado o registro, ou seja, a certidão de casamento. Posteriormente estas 
pessoas se divorciam. Pelo art. 10, CC esta situação deve ser averbada no 
próprio registro de casamento, pois modifica o registro anterior. Como regra o 
registro é o ato principal e a averbação representa um ato secundário que 
modificou o principal. 
Meus Amigos e Alunos. Após apresentar a matéria em aula, sempre faço um 
quadro sinótico que é o resumo da matéria dada. Este

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