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Direito das Obrigações: Conceito e Elementos

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DIREITO CIVIL: AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1
AULA 07 
 
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 (arts. 233 a 420, CC) 
 
��� Itens específicos previstos no edital que serão abordados nesta aula: 
Obrigações: modalidades das obrigações, transmissão, adimplemento, extinção e 
inadimplemento. 
Subitens: Direito das Obrigações. Teoria Geral. Conceito. Elementos Constitutivos. 
Classificação. Cláusula Penal. Adimplemento e Extinção das Obrigações. Pagamento. 
Direto e Indireto. Dação em Pagamento. Novação. Confusão. Compensação. 
Remissão das Dividas. Arras ou Sinal. Cláusula Penal. Extinção da obrigação sem 
pagamento. Execução forçada por intermédio do Poder Judiciário. Consequências da 
inexecução da obrigação por fato imputável ao devedor (mora, perda e danos e 
cláusula penal). Transmissão (cessão de crédito, cessão de débito e cessão do 
contrato). Declaração unilateral de vontade: promessa de recompensa, gestão de 
negócios, pagamento indevido e enriquecimento sem causa e títulos de crédito. 
 
Meus amigos e alunos 
Esta é a nossa última aula, completando, rigorosamente, o edital para o 
concurso do AFRFB. Espero ter correspondido a expectativa de vocês, que 
mesmo não me conhecendo pessoalmente confiaram em meu trabalho e nas 
aulas que seriam ministradas. Com certeza isso se deve à idoneidade do 
PONTO DOS CONCURSOS. Espero que estas aulas lhes tenham sido úteis e 
tenham trazido a carga de informações que vocês necessitam para que possam 
alcançar aquilo que almejam: o sucesso neste concurso. Recebam todos um 
grande abraço. Mais uma vez desejo tudo de bom para vocês. SUCESSO nesta 
empreitada que vocês se propuseram. 
 
Bem, hoje vamos analisar o Direito das Obrigações. Observem que há 
uma lógica em nosso estudo, seguindo a ordem do Código Civil. Vejamos: 
quem pode assumir uma obrigação? –As pessoas! (tema que foi visto em aula 
específica). Depois: o que pode ser objeto de uma obrigação? –Os bens! (que 
também já vimos em aula anterior). Finalmente: como as pessoas podem se 
relacionar para criar as obrigações? –Para responder a isso devemos saber o 
que foi visto na aula sobre fatos, atos e negócios jurídicos. Hoje, seguindo uma 
coerência lógica e encerrando o que o edital exige, veremos as obrigações 
propriamente ditas. Comecemos, então... 
CONCEITO DE OBRIGAÇÃO 
Em nosso dia-a-dia assumimos diversas “obrigações”. Com a nossa 
família ou com vizinhos, com a religião que adotamos, com nosso País, etc. 
Mas a obrigação que nos interessa é a “obrigação civil”, ou seja, ligada ao 
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direito. Todo direito traz a ideia de obrigação. Isto porque não existe direito 
sem obrigação e nem obrigação sem o correspondente direito. Em um 
conceito completo e técnico dizemos que: 
“Obrigação é a relação jurídica, de caráter transitória, 
estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste numa prestação 
pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, 
garantindo-lhe o adimplemento (cumprimento) através de seu patrimônio”... 
ufa! Mas em um conceito mais resumido podemos dizer que obrigação é o 
direito do credor contra o devedor! Ou seja, confere-se ao credor (sujeito 
ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de 
determinada prestação economicamente apreciável, sendo que no caso de 
descumprimento poderá o credor satisfazer-se no patrimônio do devedor (art. 
391, CC). Bem... com base nestes conceitos, veremos agora cada um dos 
elementos de uma obrigação. 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 
1. Elemento Pessoal ou Subjetivo. São os sujeitos (ou as partes) da 
obrigação: 
• Sujeito Ativo: é o credor, o beneficiário da obrigação; é a pessoa (física 
ou jurídica) a quem a prestação (positiva ou negativa) é devida, tendo o 
direito de exigir o seu cumprimento. 
• Sujeito Passivo: é o devedor; aquele que deve cumprir a obrigação, 
de efetuar a prestação, sob pena de responder com seu patrimônio. 
 Observação Cada um desses polos (ativo ou passivo) pode haver mais 
de um credor ou devedor: “A” e “B” são credores e “C” e “D” são devedores. E, 
como veremos, estas posições nem sempre são estáticas. Ex.: digamos que 
“A” pratique um ato ilícito contra “B”. “A” é o devedor.”B” é o credor. Aqui 
sabe-se exatamente quem é o credor e quem é o devedor. Mas em uma 
compra e venda... quem é quem? Aqui temos uma relação complexa; ambos 
são credores e devedores simultaneamente: o comprador é credor da coisa, 
mas é devedor do dinheiro; já o vendedor é credor do dinheiro, mas devedor 
da coisa... 
2. Elemento Material ou Objetivo. É o objeto de uma obrigação. Para a 
maioria da doutrina, o objeto da obrigação é a prestação imediata, que é 
sempre uma conduta humana. Esta pode ser positiva (ação: obrigação de dar 
ou fazer) ou negativa (omissão: obrigação de não fazer). Veremos esta 
classificação logo adiante de forma detalhada. Já o objeto mediato é o bem, 
propriamente dito. 
Exemplo: “A” deve entregar um quadro a “B”. O objeto imediato, que é a 
prestação; no caso é a obrigação de dar. Já o quadro é o bem sobre o qual 
recai o direito, sendo considerado como o objeto mediato. O objeto 
(prestação), para ser válido, deve ser lícito, possível (física e juridicamente), 
determinado ou determinável e economicamente apreciável 
(patrimonialidade). É admissível a obrigação que tenha por objeto um bem 
não econômico, desde que seja digno de tutela o interesse das partes. 
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3. Elemento Imaterial ou Vínculo Jurídico. É o vínculo que liga os sujeitos 
ao objeto da obrigação; é o elo que sujeita o devedor a determinada prestação 
(positiva ou negativa) em favor do credor. Ex.: um acidente de trânsito gera 
um ato ilícito; um acordo de vontades produz o contrato). Abrange o dever da 
pessoa obrigada (debitum) e sua responsabilidade em caso de não 
cumprimento (obligatio). 
FONTES DAS OBRIGAÇÕES 
Como surgem as relações concretas entre os particulares? Costuma-se 
dizer que a lei é a fonte primária ou imediata de qualquer obrigação 
(“Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer senão em virtude de lei”). Já 
as fontes mediatas seriam: 
• Negócio Jurídico Bilateral: duas pessoas criam obrigações entre si. 
Ex.: os contratos de uma forma geral (compra e venda; locação, etc.). É a 
principal e maior fonte de obrigação. 
• Negócio Jurídico Unilateral: nestes casos só há uma vontade, ou seja, 
apenas uma pessoa se obriga. Ex.: promessa de recompensa (perdeu-se 
cachorrinho... recompensa-se bem). Com isso eu me obrigo perante quem 
cumpre a tarefa. 
• Atos Ilícitos: quem comete um ato ilícito (art. 186, CC) fica obrigado a 
reparar o dano (art. 927, CC) dele decorrente. 
CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS OBRIGAÇÕES 
I. QUANTO À NATUREZA DO OBJETO 
A) Positivas 
1. Obrigação de Dar 
a) coisa certa 
b) coisa incerta 
2. Obrigação de Fazer 
a) fungível 
b) infungível 
B) Negativas 
1. Obrigação de Não Fazer 
II. QUANTO A SEUS ELEMENTOS 
A) Simples – um sujeito ativo, um sujeito passivo e um objeto. 
B) Compostas – pluralidade de objetos ou de sujeitos. 
1. Pluralidade de Objetos 
a) cumulativa 
b) alternativa 
2. Pluralidade de Sujeitos (Solidariedade) 
a) ativa 
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b) passiva 
III. QUANTO AOS ELEMENTOS ACIDENTAIS 
• puras e simples 
• condicionais 
• a termo 
• modais 
IV. OUTRAS MODALIDADES 
• líquidas ou ilíquidas 
• divisíveis ou indivisíveis 
• de resultado, ou de meio, ou de garantia 
• instantâneas, fracionadas, diferidas ou de trato sucessivo 
• principais ou acessórias 
• propter rem 
• naturais 
I. OBRIGAÇÃO POSITIVA DE DAR 
Obrigaçãode dar é aquela em que o devedor se compromete a 
entregar alguma coisa (certa ou incerta). A obrigação de dar confere ao credor 
somente o direito pessoal e não o direito real. Isto é, o contrato cria apenas 
a obrigação, mas não opera a transferência da propriedade. Esta somente se 
concretiza com a tradição (entrega - bens móveis) ou pelo registro (bens 
imóveis). Ela pode ser dividida em: a) específica: obrigação de dar coisa 
certa (ex.: uma joia, um carro, um livro, etc.); b) genérica: obrigação de dar 
coisa incerta (ex.: a obrigação de dar um boi, dentre uma boiada). Vejamos. 
A) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA (arts. 233/242, CC) 
O devedor se obriga a entregar uma coisa certa e determinada, 
perfeitamente individualizada, que possa ser diferenciada de outras da mesma 
espécie (ex.: a vaca Mimosa ou a camisa do Pelé), podendo ser móvel ou 
imóvel. 
���Regra básica: o credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que 
mais valiosa (art. 313, CC). Abrange a obrigação de transferir a propriedade 
(ex.: compra e venda), ou a de entregar a posse (ex.: locador ou comodante 
que deve entregar a coisa). 
Se a coisa a ser entregue tiver um acessório, a obrigação principal 
abrange também os acessórios, salvo se as partes estipularem de modo 
diverso (art. 233, CC). Ex.: vendo a chácara “Alegria”, mas estabeleço que 
posso retirar todos os bens móveis da chácara; vendo meu carro, mas 
estabeleço que posso retirar o “som” nele instalado. 
O devedor deve conservar adequadamente a coisa que irá entregar ao 
credor, bem como defendê-la contra terceiros, como se fosse sua. Mas mesmo 
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assim a coisa pode se perder. Até a entrega da coisa esta ainda pertence ao 
devedor. 
1) Consequências jurídicas do perecimento (perda ou destruição total) da 
coisa: 
a) Sem culpa do devedor (caso fortuito ou força maior). Se a perda 
ocorreu antes da tradição resolve-se (extingue-se) a obrigação, para 
ambas as partes, que voltam à situação primitiva; se o vendedor já 
recebeu o preço da coisa que pereceu, deve devolvê-lo com correção 
monetária; o prejuízo é do vendedor. Se a perda ocorreu após a tradição o 
negócio está mantido e o prejuízo é do comprador. 
b) Com culpa do devedor. Indenização pelo valor da coisa (o equivalente 
em dinheiro) mais perdas e danos. 
2) Consequências jurídicas da deterioração (perda ou destruição parcial) da 
coisa antes da tradição (arts. 235/236, CC): 
a) Sem culpa do devedor. Credor escolhe: resolve-se a obrigação, com 
restituição do preço mais correção monetária ou pode receber a coisa no 
estado que está, com um abatimento proporcional no preço que se perdeu. 
b) Com culpa do devedor. Credor pode optar: extingue-se a obrigação 
pagando o devedor o equivalente em dinheiro mais perdas e danos ou 
recebe a coisa no estado em que se encontra recebendo uma indenização 
pelos prejuízos causados. 
Antes da tradição Sem culpa do 
devedor 
Com culpa do 
devedor 
Perda (extinção total) 
da coisa (art. 234, CC). 
Extingue a obrigação. 
Devolução da quantia 
paga. 
Indenização (valor da 
coisa) mais perdas e 
danos. 
Deterioração 
(extinção parcial) da 
coisa (arts. 235/236, 
CC). 
Extingue a obrigação 
ou abatimento propor- 
cional do preço. 
Indenização (valor da 
coisa) mais perdas e 
danos ou aceita a coisa 
mais perdas e danos. 
���Atenção: só haverá perdas e danos se houver culpa do devedor ��� 
A obrigação de dar a coisa certa se equipara à obrigação de 
restituir (ou de devolver). A obrigação de restituir se difere da obrigação de 
dar, pois nesta a coisa pertence ao devedor até a tradição (entrega), enquanto 
na obrigação de restituir a coisa pertence ao credor, apenas sua posse é que 
foi transferida ao devedor. Ex.: quando se aluga um carro, a locadora continua 
sendo proprietária dele; é apenas a posse que se transfere ao cliente. Então na 
locação o cliente/devedor tem a obrigação de restituir o bem ao locador após o 
prazo acertado, pois a propriedade já era do credor antes do surgimento da 
obrigação. Locação e empréstimo (comodato e mútuo) são exemplos de 
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obrigação de restituir, ficando a coisa em poder do devedor, mas mantendo o 
credor direito de propriedade sobre ela. 
���Importante ��� Tanto na obrigação de dar coisa certa, como na de restituir 
(locação, comodato e mútuo), aplica-se a regra res perit domino (ou seja, a 
coisa perece para o dono). No caso da restituição, como a coisa pertence ao 
credor, o extravio antes da devolução traz prejuízo ao próprio credor. Assim, 
se a obrigação for de restituir coisa certa e esta se perder antes da tradição, 
sem culpa do devedor, sofrerá o credor a perda e a obrigação se extinguirá, 
ressalvados os seus direitos até o dia da perda. Já na obrigação de dar o 
extravio antes da tradição traz prejuízo ao devedor, pois este ainda é o seu 
proprietário. 
 Cômodos (art. 237, CC): são as vantagens produzidas pela coisa. Até a 
tradição (entrega) a coisa pertence ao devedor, com todos os seus 
melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá pedir aumento no preço. Ex.: 
uma pessoa vende a vaca Mimosa, que antes da entrega deu uma cria. 
Observem que o devedor se obrigou a entregar a vaca, não sendo obrigado a 
entregar o bezerro. Surgem então duas opções: a) devedor entrega o filhote, 
podendo exigir um aumento no preço; b) se o credor não aceitar a pagar o 
aumento resolve-se (extingue-se) a obrigação. Neste caso não podemos dizer 
que o bezerro é um acessório; ele não acompanha o principal. Quanto aos 
frutos: os percebidos até a tradição pertencem ao devedor; já os pendentes 
pertencem ao credor (são acessórios que acompanham o principal). 
B) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA (arts. 243/246, CC) 
Coisa incerta indica que a coisa não é única, singular e exclusiva, como 
na obrigação de dar coisa certa. O objeto é indicado apenas de forma 
genérica no início da obrigação. No entanto ele deve ser determinável pelo 
gênero e quantidade (art. 243, CC), faltando determinar a qualidade. Ex.: 
entregar dez bois. Trata-se de uma obrigação de dar coisa incerta. A princípio 
parece ser uma obrigação de dar coisa certa. No entanto eu tenho uma boiada 
de mil bois e devo entregar dez! Quais os dez bois que eu irei entregar? Eles 
ainda não foram individualizados! Por isso chamamos de obrigação de dar a 
coisa incerta (ou genérica). Coisa incerta não quer dizer “qualquer coisa”. Mas 
sim coisa sujeita a determinação futura. Observem que já há determinação 
quanto ao gênero=bois. E também quanto à quantidade=dez. Falta 
individualizar quais os bois que serão entregues. A coisa está indeterminada, 
porém será suscetível de determinação futura; o estado de indeterminação é 
transitório. 
A individualização se faz pela escolha da coisa devida, pela média 
qualidade. Trata-se de um ato jurídico unilateral, também chamado de 
concentração, que se exterioriza pela pesagem, medição, contagem, etc. A 
escolha cabe, em regra, ao devedor (art. 244, CC) salvo se for estabelecido 
de modo diverso no contrato. Neste caso, por exceção, a escolha caberá ao 
credor ou a uma terceira pessoa estranha ao negócio. 
Realizada a escolha acaba a incerteza. A obrigação genérica, 
inicialmente de dar a coisa incerta, se transforma em obrigação de dar a coisa 
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certa (havendo a individualização da prestação), aplicando-se todas as regras 
que vimos mais acima (art. 245, CC). 
Segundo o art. 246, CC, antes da escolha não pode o devedor alegar 
perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito 
(genus nunquam perit: o gênero nunca perece). Os riscos correm por conta do 
devedor. Exemplo: se “A”deve mil laranjas a “B”, ele não pode deixar de 
cumprir a obrigação alegando que as laranjas que colheu se estragaram, pois 
‘mil laranjas são mil laranjas’. Se a plantação de “A” se perder ele pode 
comprar as frutas em outra fazenda para cumprir a obrigação assumida. No 
entanto, após a escolha, caso as laranjas se percam (ex.: incêndio no 
armazém) a obrigação se extingue, voltando as partes ao estado anterior, 
devolvendo-se eventual preço pago, sem se exigir perdas e danos. 
���Atenção!! ���Na falta de disposição contratual, estabelece a lei que o 
devedor não poderá dar a coisa pior, nem ser obrigado a prestar 
melhor (art. 244, CC). 
Obrigação Pecuniária 
Obrigação pecuniária ou obrigação de solver dívida em dinheiro é uma 
espécie de obrigação de dar que abrange prestação em dinheiro, reparação de 
danos e pagamento de juros. Segundo o art. 315, CC, o pagamento em 
dinheiro será feito em moeda corrente. Deve ser realizado no lugar do 
cumprimento da obrigação e pelo seu valor nominal, ou seja, em real (que é 
nossa unidade monetária atual). 
São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda 
estrangeira (chamamos isso de obrigação valutária – valutaria = valuta = 
divisa, moeda estrangeira), salvo os contratos e títulos referentes à 
importação e exportação (art. 318, CC). 
Outras formas de pagamento (ex.: cheque, cartão de crédito ou débito, 
etc.) são facultativas, podendo o comerciante (fornecedor) optar em não 
recebê-los. Alguns estabelecimentos colocam uma placa bem à mostra “não 
aceitamos cheques”. Isso é permitido? –Sim!! Trata-se de um risco que o 
comerciante está assumindo em não atrair clientes que iriam pagar com 
cheques. 
II. OBRIGAÇÃO POSITIVA DE FAZER (arts. 247/249, CC) 
Obrigação de fazer consiste na prestação de uma atividade (prestação 
de um serviço ou execução de uma tarefa) positiva (material ou imaterial) e 
lícita do devedor (ex.: trabalho manual, intelectual, científico ou artístico, 
etc.). Pergunto agora: o que ocorre quando o devedor não faz o que deveria 
fazer? Resposta: a impossibilidade do devedor de cumprir a obrigação de 
fazer, bem como a recusa em executá-la, acarretam o inadimplemento 
contratual (não cumprimento do contrato). Sim... mas e se eu desejo que o 
ato ou serviço seja realizado? Posso obrigá-lo a cumprir a tarefa? Vimos que 
nas obrigações de dar é possível a atuação do Estado no sentido de se obter a 
execução específica da obrigação, por meio das ações judiciais. Mas... e nas 
obrigações de fazer? Nestas, geralmente ocorre o contrário, porquanto é difícil 
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compelir compulsoriamente o devedor a realizar uma prestação que se 
obrigou, já que a nossa ordem jurídica repudia o emprego de força física 
para isso. Portanto, em primeiro lugar precisamos saber se o devedor agiu com 
culpa. Nos termos do art. 248, CC, se não houver culpa (força maior ou caso 
fortuito) resolve-se a obrigação sem indenização. Ex.: cantor que ficou afônico, 
mercadoria que deveria ser entregue não é mais achada no mercado, etc. 
Repõem-se as partes no estado anterior da obrigação. Por outro lado, se o 
próprio devedor criou a impossibilidade, ele responderá por perdas e danos. A 
recusa voluntária induz culpa do devedor. Mas a obrigação em si será 
cumprida? Resposta: depende se esta obrigação de fazer é fungível ou 
infungível. Vejamos. 
Espécies: 
 Obrigação de Fazer Fungível: fungível quer dizer que a prestação do 
ato pode ser realizada pelo devedor ou por terceira pessoa, sem prejuízo 
para o credor (ex.: obrigação de pintar um muro – em tese qualquer 
pessoa pode pintar um muro, por isso é uma obrigação fungível). Se 
houver recusa ou mora (que é o atraso, a demora) no cumprimento da 
obrigação, sem prejuízo da cabível ação de indenização por perdas e 
danos, o credor pode mandar executar o serviço à custa do devedor. O 
credor está interessado no resultado da atividade do devedor, não se 
exigindo capacidade especial deste para realizar o serviço. Trata-se da 
aplicação do art. 249 do Código Civil e dos arts. 633 e 634 do Código de 
Processo Civil. 
 Obrigação de Fazer Infungível (personalíssima ou intuitu personae) – a 
prestação só pode ser executada pelo próprio devedor ante a sua natureza 
(aptidões ou qualidades especiais do devedor) ou disposição contratual; 
não há a possibilidade de substituição da pessoa que irá cumprir a 
obrigação, pois esta pessoa, contratualmente falando, é insubstituível. 
Ex.: contrato um artista famoso para pintar um quadro; ou um cirurgião 
especialista para realizar uma operação, etc. 
A recusa ao cumprimento da obrigação resolve-se, tradicionalmente, em 
perdas e danos (art. 247, CC), pois não se pode constranger fisicamente o 
devedor a executá-la. No entanto, atualmente, admite-se a execução 
específica da obrigação. Isto é, pode ser imposta pelo Juiz (e somente pelo 
Juiz), uma multa periódica, chamada de astreinte (observem o art. 461 e 
seu §4º do CPC). O inadimplemento de emitir declaração de vontade no caso 
de um compromisso de compra e venda dá ensejo à propositura de ação de 
adjudicação compulsória. 
 Resumindo: inadimplemento da obrigação de fazer 
A) Sem culpa do devedor → extinção da obrigação sem qualquer 
indenização; volta-se tudo ao estado anterior (devolve-se a importância 
recebida). 
B) Com culpa do devedor: 
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1) Prestação fungível → credor manda a obrigação ser realizada por 
terceiro e executa o devedor inicial, ressarcindo-se pelas despesas no 
cumprimento da obrigação, mais perdas e danos. 
2) Obrigação não fungível (ou infungível) 
a) indenização por perdas e danos. 
b) ação judicial requerendo o cumprimento da obrigação. Imposição de 
astreinte. Em algumas situações → adjudicação compulsória. 
 Distinção: obrigação de dar X obrigação de fazer 
Enquanto na obrigação de dar o objeto da prestação é a entrega de uma 
coisa, na obrigação de fazer o objeto da prestação é um serviço (ex.: ministrar 
uma aula, fazer um show, construir um muro, etc.). Na obrigação de dar o 
devedor não precisa fazê-la previamente, enquanto na obrigação de fazer o 
devedor deve confeccionar a coisa para depois entregá-la. Além disso, na 
obrigação de dar, que requer a tradição, a prestação pode ser fornecida por 
terceiro, estranho aos interessados, enquanto na obrigação de fazer, em 
princípio, o credor pode exigir que a prestação seja realizada exclusivamente 
pelo devedor. Concluindo e perguntando: se eu quero comprar um quadro e 
encomendo a um artista, a obrigação será de fazer ou de dar? Resposta: 
depende... se o quadro já estiver pronto a obrigação será de dar; se o artista 
ainda for confeccionar o quadro a obrigação será de fazer. 
III. OBRIGAÇÃO NEGATIVA DE NÃO FAZER (arts. 250/251, CC) 
Obrigação de não fazer é aquela pela qual o devedor se compromete a 
não praticar certo ato que até poderia livremente praticar se não houvesse se 
obrigado. Seu conteúdo é uma omissão ou abstenção, um ato negativo. Ex.: 
proprietário se obriga a não construir um muro acima de certa altura para não 
obstruir a visão do vizinho; inquilino se obriga a não trazer animais domésticos 
para o cômodo alugado, um comerciante se obriga a não se estabelecer em 
determinado bairro para não fazer concorrência a outro estabelecimento, etc. 
Estas obrigações podem ser bem variadas, mas é evidente que as imorais e 
antissociais, ou as que sacrifiquem a liberdade das pessoas são proibidas. Além 
disso, pode haver um limite temporal para a obrigação. 
Se a pessoa praticar o ato que se obrigou a não praticar, ela se tornará 
inadimplente e o credor poderá exigir o desfazimento do que foi realizado. 
Entretanto há casos em que somente resta o caminho da indenização. Ex.: 
pessoa se obriga a não revelar um segredo industrial.A obrigação de não fazer 
é sempre uma obrigação pessoal, devendo ser cumprida pelo próprio 
devedor (personalíssima e indivisível). Por isso se “A” se comprometer a não 
elevar o muro a certa altura e depois de algum tempo ele vender a 
propriedade, quem comprou não terá essa obrigação (a menos que se faça um 
novo contrato). Lembrando que o direito das obrigações vincula as pessoas 
entre si... A saída então é fazer uma servidão predial (direito das coisas). 
Neste caso todos os futuros proprietários estarão vinculados. Isto porque o 
direito das coisas vincula a pessoa à coisa (observem como o Direito das 
Coisas é “mais forte” que o Direito Obrigacional). E só para completar: e se a 
Prefeitura obrigar José a aumentar o muro por uma questão de urbanismo ou 
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segurança? Neste caso o muro deve ser erguido e a outra parte nada poderá 
fazer (o Direito Público predomina sobre o Direito Privado; é o chamado “Fato 
do Príncipe”, em alusão aos monarcas que governavam os países na Europa 
medieval). 
���Observação. Sempre que houver urgência na obrigação de fazer (art. 
249, parágrafo único, CC) ou na de não fazer (art. 251, parágrafo único, CC) 
credor pode mandar fazer ou desfazer independentemente de autorização 
judicial e sem prejuízo de posterior ressarcimento. 
 Resumindo: descumprimento da obrigação de não fazer 
A) Sem culpa (impossibilidade da abstenção do fato sem culpa do devedor: 
alteração de uma lei) → exoneração do devedor. 
B) Com culpa (inexecução culposa do devedor) → desfazimento do ato à 
sua custa e ressarcimento das perdas e danos ou reparação do prejuízo, 
ante a impossibilidade de desfazimento do ato. 
OBRIGAÇÕES QUANTO A SEUS ELEMENTOS 
1. OBRIGAÇÕES SIMPLES (ou singulares). São as que se apresentam 
com um sujeito ativo, um sujeito passivo e um único objeto, destinando-se a 
produzir um único efeito. 
2. OBRIGAÇÕES COMPOSTAS (complexas ou plurais). São as que 
apresentam uma pluralidade de objetos (obrigações cumulativas ou 
alternativas) ou uma pluralidade de sujeitos (obrigações solidárias – ativa ou 
passiva). 
a) Obrigações Cumulativas (ou conjuntivas): são as compostas pela 
multiplicidade de prestações. O devedor deve entregar dois ou mais 
objetos, decorrentes da mesma causa ou do mesmo título (ex.: obrigação de 
dar um carro e um apartamento) devidamente especificado. O inadimplemento 
de uma prestação envolve o descumprimento total da obrigação; o devedor só 
se desonera cumprindo todas as prestações. Dependendo de ajuste prévio 
entre as partes, o pagamento pode ser simultâneo (tudo de uma vez) ou 
sucessivo. Mas o credor não é obrigado a receber, nem o devedor a pagar por 
partes, se assim não se ajustou. 
b) Obrigações Alternativas (ou disjuntivas – arts. 252/256, CC): 
também são compostas pela multiplicidade de prestações heterogêneas, porém 
estas estão ligadas pela disjuntiva “ou”. Assim, embora a obrigação tenha 
duas ou mais prestações, apenas uma delas será cumprida como 
pagamento. O devedor se desonera com o cumprimento de qualquer uma 
delas. Ex.: obrigo-me a entregar um touro ou dois cavalos; vendo a casa por 
cem mil ou troco por dois terrenos na praia. 
Nas obrigações alternativas, a escolha, em regra, pertence ao 
devedor, se o contrário não for estipulado no contrato (pode ser do credor, de 
um terceiro ou até mesmo escolhido por sorteio). Comunicada a escolha 
(concentração), não se pode mais modificar o objeto. 
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Se uma das prestações não puder ser objeto de obrigação, ou se tornar 
inexequível, subsistirá o débito quanto à outra. Ex.: devo entregar um touro ou 
quatro cavalos; o touro morreu sem culpa das partes; deve-se então cumprir a 
obrigação que restou: a entrega dos cavalos. Se a impossibilidade for de todas 
as prestações (sem que haja culpa do devedor), resolve-se (extingue-se) a 
obrigação, sem que haja o dever de indenização. E se houver culpa do 
devedor? Neste caso, depende: Se a escolha cabia ao devedor, ficará ele 
obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou (mais perdas e 
danos). Mas se a escolha pertencia ao credor, pode ele (credor) exigir o valor 
de qualquer das prestações (mais perdas e danos). Não confundir com a 
obrigação de dar coisa incerta (nesta também há escolha), pois na alternativa 
há pelo menos dois objetos. 
 Resumindo a responsabilidade na obrigação alternativa 
A) Perecimento de uma das obrigações 
1) Escolha do devedor: havendo ou não culpa do devedor, subsiste o 
débito quanto à outra obrigação. 
2) Escolha do credor: a) não havendo culpa do devedor, subsiste o 
débito quanto à outra obrigação; b) havendo culpa do devedor o credor 
pode optar pela prestação subsistente ou o valor da que pereceu mais 
perdas e danos. 
B) Perecimento das duas obrigações 
1) Escolha do devedor: a) não havendo culpa do devedor, extingue-se 
a obrigação; b) havendo culpa do devedor, há indenização pelo valor da 
que se impossibilitou por último, mais perdas e danos. 
2) Escolha do credor: a) não havendo culpa do devedor extingue-se a 
obrigação; b) havendo culpa do devedor há indenização pelo valor de 
qualquer uma das obrigação mais perdas e danos. 
c) Obrigações Facultativas: são variantes das obrigações alternativas, 
aceitas pela doutrina, mas não previstas em lei. A obrigação inicialmente é 
simples (há apenas uma prestação), mas há a possibilidade do devedor 
substituir o objeto. Ex.: quem encontra coisa perdida deve restituí-la ao 
dono, sendo que este fica obrigado a recompensar quem a encontrou. No 
entanto o dono pode, ao invés de pagar a recompensa, simplesmente 
abandonar a coisa, e aí quem encontrou a coisa poderá ficar com ela. Pagar a 
recompensa é a prestação principal do devedor; o abandono da coisa é 
prestação facultativa do dono. O abandono não é obrigação, mas faculdade do 
dono. Outro exemplo: agência de viagens que oferece determinado brinde, 
mas se reserva no direito de substituí-lo por outro. Na obrigação facultativa 
(ao contrário da alternativa) o credor não opção, só podendo exigir a prestação 
principal; somente o devedor é pode optar pela prestação facultativa. 
d) Obrigações Solidárias (arts. 264 a 285, CC): ocorre quando há 
pluralidade de credores ou devedores (ou de ambos), sendo que eles têm 
direitos e/ou obrigações pelo total da dívida. Havendo vários devedores cada 
um responde pela dívida inteira, como se fosse um único devedor. O credor 
pode escolher qualquer um e exigir a dívida toda. Mas se houver vários 
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credores, qualquer um deles pode exigir a prestação integral, como se fosse 
único credor (art. 264, CC). Nota-se, portanto, três espécies de obrigações 
solidárias: 
• Solidariedade Ativa: pluralidade de credores. Ex.: na conta bancária 
“e/ou” qualquer correntista é credor solidário dos valores depositados e 
pode exigir do banco a entrega de todo o numerário. Outro exemplo: 
mandato outorgado a vários advogados, sendo que qualquer um deles 
poderá exigir os honorários integralmente do cliente. Observem também o 
art. 2° da lei de locações (Lei n° 8.245/91). 
• Solidariedade Passiva: pluralidade de devedores. Ex.: o credor pode 
demandar tanto o devedor principal, como o seu avalista, pois ambos são 
devedores solidários. Exemplo de solidariedade passiva decorrente de lei: 
art. 585, CC: “Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente 
comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com 
o comodante”. 
• Solidariedade Mista (ou recíproca): neste caso há uma pluralidade de 
devedores e de credores. 
���Regra básica: “A solidariedade não se presume, 
resultando da lei ou da vontade das partes” (art.265, 
CC). 
1) SOLIDARIEDADE ATIVA 
• Cada um dos credores pode exigir a prestação por inteiro (art. 267, CC). 
Ou seja, o devedor não pode pretender pagar a dívida ao credor 
demandante de forma parcial (apenas a sua quota-parte), sob a alegação 
de que deveria ratear a quantia entre os demais credores. Ele deve pagar 
tudo a quem lhe exigir a prestação. 
• Cada um dos credores poderá promover medidas assecuratórias do direito 
do crédito e constituir o devedor em mora, sem o concurso dos demais 
credores. 
• Qualquer um dos credores poderá ingressar em juízo visando à satisfação 
patrimonial; mas só poderá executar a sentença o próprio credor-autor, e 
não outro estranho à lide. 
• Se um dos credores se tornar incapaz, este fato não influenciará a 
solidariedade prevista. 
• Enquanto não for demandado por algum dos credores, o devedor pode 
pagar a qualquer um (art. 268, CC). 
• O pagamento feito a um dos credores extingue inteiramente a dívida, o 
mesmo ocorrendo em caso de novação, compensação e remissão. 
• A conversão da prestação em perdas e danos não extingue a solidariedade; 
ela continua existindo para todos os efeitos (art. 271, CC). Os juros de 
mora revertem em proveito de todos os credores. 
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• O credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido o pagamento 
responde aos outros pela parte que lhes caiba (art. 272, CC). 
• O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, 
entretanto o julgamento favorável aproveita-lhes, exceto se baseado em 
exceção pessoal ao credor que o obteve (art. 274, CC). Isto quer dizer que 
se uma ação entre um dos credores solidários e o devedor for julgado 
procedente, esta decisão é extensível aos demais credores (isto porque 
satisfaz o interesse dos demais credores solidários, sem causar prejuízo 
injustificado ao devedor, pois ele teve oportunidade de se defender no 
primeiro processo); no entanto se este credor perdeu a demanda esta 
decisão não é extensiva aos demais credores solidários (evitando-se, assim, 
que estes sejam afetados pela inépcia ou pouca diligência do credor 
acionante na condução do processo – ou mesmo evitando-se um possível 
conluio do credor perdedor da ação e o devedor). 
• Não importará renuncia à solidariedade a propositura de ação pelo credor 
contra um ou alguns dos devedores (art. 275, parágrafo único, CC). 
Extinção da solidariedade 
• Se os credores desistirem dela (da solidariedade) pactuando que o 
pagamento da dívida será pro rata (ou seja, por rateio), cada credor será 
responsável por sua quota. 
• Se um dos credores falecer seu crédito passará a seus herdeiros sem a 
solidariedade (salvo se a prestação for indivisível – ex.: entregar um 
cavalo). 
2) SOLIDARIDADE PASSIVA 
• O credor pode escolher qualquer devedor para cumprir a prestação; pode 
exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente o 
valor da dívida comum; se o pagamento for parcial, mantém-se a 
solidariedade passiva quanto ao remanescente (art. 275, CC). 
• Morrendo um dos devedores solidários, a dívida se transmite aos seus 
herdeiros, mas cada herdeiro só responde por sua quota da dívida, salvo se 
indivisível a obrigação; neste caso, todos os herdeiros reunidos são 
considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores 
(art. 276, CC). Ex.: A, B e C são devedores solidários. “A” faleceu deixando 
dois filhos (D e F). Pergunta-se: os filhos de “A” continuam devedores 
solidários? Resposta: se o objeto da prestação for divisível (dinheiro), 
extingue-se a solidariedade e cada um responde apenas com seu quinhão 
na herança; se o objeto for indivisível (um touro reprodutor) a solidariedade 
permanece. Isso ocorre não pela solidariedade em si, mas pela 
indivisibilidade 
• O pagamento parcial feito por um devedor ou a remissão (perdão da dívida) 
obtida só aproveitam aos demais devedores pelo valor pago ou relevado 
(art. 277, CC). 
• Nenhuma cláusula estipulada entre um devedor e o credor pode agravar a 
situação dos demais devedores, sem o consentimento deles (art. 278, CC). 
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• Impossibilitando-se a prestação: a) sem culpa dos devedores → extingue a 
obrigação; b) por culpa de um devedor → a solidariedade continua para 
todos; todos os devedores continuam com a obrigação e responderão pelo 
equivalente em dinheiro; mas só o devedor culpado responderá pelas 
perdas e danos (art. 279, CC). 
• Todos os devedores respondem pelos juros de mora, ainda que a ação 
tenha sido proposta contra um, mas o culpado responde aos outros pelo 
acréscimo (art. 280, CC). 
• Propondo a ação contra um devedor, o credor não fica inibido de acionar os 
demais. 
• O devedor demandado pode opor as exceções (formas de defesa) pessoais 
e as comuns a todos; porém não pode opor as pessoais de outro devedor 
(art. 281, CC). Ex.: A e B devem para C. No entanto C também deve para 
B. Por este dispositivo, somente B pode alegar a compensação, pois esta é 
considerada como uma "exceção pessoal". E continuando: B não pode 
alegar a eventual compensação entre A (o outro devedor) e C, pois esta é 
uma exceção pessoal de A e não de outro devedor. 
• Se o credor renunciar à solidariedade em favor de um ou de alguns 
devedores, só poderá acionar os demais abatendo o valor do débito a parte 
ou àqueles correspondentes, entretanto, se um dos coobrigados for 
insolvente, o rateio da obrigação atingirá também o exonerado da 
solidariedade (art. 282, parágrafo único, CC). Ex.: “A” é credor de “W”, “X”, 
“Y”, “Z”, no valor de 200 (50 cada devedor) sendo que ele renuncia à 
solidariedade em relação a “W”. Neste caso “A” somente pode demandar 
“X”, “Y” e “Z” solidariamente por 150. “A” continua credor de “W” no valor 
de 50. Mas sem a solidariedade. Vejam que houve renúncia à solidariedade. 
E não renúncia ao crédito. 
• O devedor que paga toda a dívida tem o direito de regresso, isto é, pode 
exigir a quota dos demais devedores, rateando-se entre todos, o quinhão do 
insolvente, se houver; presumem-se iguais as partes de cada devedor; essa 
presunção admite prova em contrário (juris tantum - art. 283, CC). 
• Se a dívida interessa apenas a um dos devedores, responde este perante o 
qual a paga. Ex.: avalista que paga uma nota promissória; como garantidor 
da obrigação, ele deve ser reembolsado pelo total pago; neste caso não se 
fala em quotas (art. 285, CC). 
Extinção da solidariedade 
• Morrendo um dos codevedores, desaparece a solidariedade em relação 
a seus herdeiros, embora continue a existir quanto aos demais 
coobrigados. 
• Renúncia total do credor. 
 Observação 
Se um devedor solidário for demandado sozinho em um processo de 
conhecimento (réu), poderá, no prazo da contestação, trazer os demais 
devedores a este processo (no polo passivo da lide), utilizando-se do instituto 
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“chamamento ao processo”, que é uma forma de intervenção de terceiros 
provocada a fim de que a sentença disponha sobre a responsabilidade de todos 
os envolvidos. Assim, o devedor que quitar a dívida ficará sub-rogado nos 
direitos do credor, podendo exigir dos demais a respectiva cota (arts. 77 a 80, 
CPC). 
OUTRAS IMPORTANTES MODALIDADES DE OBRIGAÇÃO 
A) Obrigações quanto ao Conteúdo (de resultado, meio ou garantia). 
1) Obrigações de Resultado (ou de fim): quando só se considera 
cumprida com a obtenção de um resultado, geralmente oferecido pelo próprio 
devedor. Ex.: contrato de transporte (levar o passageiro a seu destino são e 
salvo); a doutrina costuma também citar o exemplo do médico especialista em 
“cirurgia plástica-estética”. Na obrigação de resultado o devedor respondeindependentemente de culpa (há, portanto, responsabilidade objetiva). Ou seja 
o credor deve apenas provar que o resultado não foi atingido. Porém, é 
possível a demonstração de que o resultado não foi alcançado por fator alheio 
à atuação do devedor (ex.: caso fortuito, força maior, culpa exclusiva do 
credor, etc.), o que excluiria sua responsabilidade. 
2) Obrigações de Meio (ou de diligência): quando o devedor só é 
obrigado a empenhar-se para conseguir o resultado, mesmo que este não seja 
alcançado. Ex.: o advogado em relação ao cliente; ele não se obriga a vencer a 
causa, mas trabalhar com empenho para ganhá-la. Se o resultado visado não 
for alcançado só poderá ser considerado o inadimplemento do devedor se se 
provar a sua falta de diligência (ou seja, a sua culpa: responsabilidade 
subjetiva). O mesmo ocorre com um médico para salvar a vida de um 
paciente. 
3) Obrigações de Garantia: seu objetivo é a estipulação de uma 
garantia pessoa em um contrato (ex.: fiança). 
B) Obrigações quanto à Divisibilidade 
1) Obrigações Divisíveis (art. 257, CC): são as que comportam 
fracionamento, quer quanto à prestação, quer quanto ao próprio objeto sem 
prejuízo de sua substância ou de seu valor. Havendo pluralidade de credores 
ou devedores será feito um rateio (ou concurso) entre eles (“as partes se 
satisfazem pelo concurso”). A obrigação presume-se dividida em tantas 
partes iguais e distintas, quantos forem os credores ou devedores. 
2) Obrigações Indivisíveis (art. 258 CC): são aquelas em que a 
prestação é única. Devido à convenção das partes (ex.: pagamento à vista) ou, 
dada a natureza do objeto (ex.: um cavalo, um touro), não admitem cisão na 
prestação. Ainda que o objeto seja divisível (ex.: dinheiro) não pode o credor 
ser obrigado a receber em partes, se assim não se ajustou. 
Regras aplicáveis às obrigações indivisíveis: 
• Havendo dois ou mais devedores cada um será obrigado pela dívida toda. O 
devedor que paga a dívida inteira sub-roga-se no direito do credor, havendo 
ação de regresso em relação aos demais coobrigados. 
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• Havendo pluralidade de credores, o devedor (ou devedores) somente se 
desobrigará pagando a todos conjuntamente ou a um dos credores, dando 
este caução (garantia) de ratificação dos outros credores. 
• Caso somente um dos credores receba toda a dívida, os demais poderão 
exigir deste a parte que lhes cabia em dinheiro. 
• No caso de remissão (perdão) por parte de um dos credores, a obrigação 
não ficará extinta em relação aos demais, que poderão exigir as suas 
quotas, descontada a parte remitida. 
• Se o objeto vier a perecer por culpa do devedor, a obrigação passa a ser de 
perdas e danos. Neste caso o objeto perde a indivisibilidade e passa a ser 
divisível, pois o objeto primitivo (indivisível) será substituído pelo 
equivalente em dinheiro, mais perdas e danos (que é divisível). Se houver 
culpa de todos os devedores, responderão todos por parte iguais; se a culpa 
for só de um, somente este responderá pelas perdas e danos. 
• As obrigações de dar e fazer podem ser divisíveis ou indivisíveis. Já as de 
não fazer somente podem ser indivisíveis. 
 Exemplo Clássico. Imaginem que “A” e “B” se obrigam a entregar a “C” 
um touro reprodutor, premiado em exposições. Esta é uma obrigação divisível 
ou indivisível? É indivisível, claro! Pois um touro reprodutor não pode ser 
dividido, dada a sua natureza. E a obrigação de entregar o touro é solidária? 
Como vimos anteriormente a solidariedade não se presume! Ela deve estar 
expressa na lei ou no contrato (vontade das partes). Como a pergunta nada 
menciona sobre a solidariedade, devemos entender que a obrigação é apenas 
indivisível (e não solidária). Desta forma, se o examinador deseja perguntar 
algo sobre a solidariedade, deve deixar isto bem claro na questão. E se o touro 
morrer antes da entrega, por culpa do devedor? Como vimos, a obrigação de 
entregar o touro que morreu será substituída pela indenização (dinheiro – que 
é divisível) e por tal motivo a obrigação passará a ser divisível. 
 Solidariedade X Indivisibilidade 
a) Na indivisibilidade, se ocorrer a conversão em dinheiro, ela deixa de 
existir (a obrigação passa a ser divisível). No entanto se a obrigação é solidária 
e a coisa pereceu, a solidariedade continua. Ex.: um boi (objeto de uma 
obrigação solidária) morreu; neste caso a obrigação se transforma em 
dinheiro; o credor continua com a possibilidade de exigir a quantia integral de 
qualquer um dos devedores. No caso da indivisibilidade as perdas e danos só 
podem ser exigidas do culpado pelo perecimento do objeto (arts. 263, §2°, 
CC); já na solidariedade a prestação e as perdas e danos podem ser exigidas 
de qualquer um dos codevedores, mas quem pagou tem ação de regresso 
contra os demais, acrescido, contra o culpado das perdas e danos (arts. 271 e 
279, CC). 
b) A solidariedade está baseada em relação jurídica subjetiva, resultante 
da lei ou da vontade das partes, trazendo maior garantia ao credor; já a 
indivisibilidade está baseada em relação jurídica objetiva, em razão da 
natureza indivisível do objeto da prestação. 
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c) A solidariedade cessa com a morte, não se transmitindo aos 
sucessores; já a obrigação indivisível se transmite aos sucessores tal como 
pactuada (ou seja, a obrigação, mesmo com a morte de um dos contratantes, 
não se desnatura; continua sendo indivisível). 
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES 
A) QUANTO AOS ELEMENTOS ACIDENTAIS 
1) Obrigações Puras e Simples: são as que não estão sujeitas a 
nenhum elemento acidental, como a condição, o termo ou o encargo. 
2) Obrigações Condicionais: são as que contêm cláusula que 
subordina seu efeito a evento futuro e incerto (ex.: eu lhe darei um carro se 
você entrar em uma universidade pública). 
3) Obrigações a Termo: são aquelas que contêm cláusula que 
subordina seu efeito a evento futuro e certo (ex.: eu lhe darei um carro no fim 
deste ano) 
4) Obrigações Modais: são as oneradas de um encargo, um ônus à 
pessoa contemplada pela relação jurídica (ex.: dou-lhe dois terrenos, mas em 
um deles deve ser construída uma escola). 
B) QUANTO À AUTONOMIA DE EXISTÊNCIA (INDEPENDÊNCIA) 
1) Obrigações Principais: são as que independem de qualquer outra 
para ter validade (ex.: compra e venda, locação, etc.); são dotadas de vida 
própria e autònoma. 
2) Obrigações Acessórias: são as que têm sua existência subordinada 
a outra relação jurídica (ex.: a fiança é uma obrigação acessória em relação ao 
contrato de locação; da mesma forma a multa contratual é acessória em 
relação a uma obrigação qualquer, etc.). A extinção, ineficácia, nulidade ou 
prescrição da obrigação principal reflete-se na acessória. Lembre-se da regra 
segundo a qual o acessório segue a sorte do principal (princípio da gravitação 
jurídica). O inverso, porém, não é verdadeiro, pois se houver algum vício na 
obrigação acessória, em nada afetará a principal. 
C) QUANTO À LIQUIDEZ 
1) Obrigações Líquidas: são aquelas certas quanto à existência e 
determinadas quanto ao objeto. Ex.: entregar uma casa; entregar R$1.000,00, 
etc. Nelas se acham especificadas, de modo expresso, a quantidade, a 
qualidade e a natureza do objeto devido. O inadimplemento de obrigação 
positiva e líquida constitui o devedor em mora de pleno direito se não for 
cumprida no prazo (falaremos da mora ainda nesta aula). 
2) Obrigações Ilíquidas: são aquelas incertas quanto à sua 
quantidade; dependem de uma apuração prévia, posto que o montante da 
prestação ainda é indeterminado. 
D) QUANTO AO MOMENTO PARA O CUMPRIMENTO 
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1) Obrigações Instantâneas:são as que são cumpridas no momento 
em que o negócio é celebrado (ex.: compra e venda à vista). 
2) Obrigações Fracionadas: quando o objeto do pagamento é 
fracionado em prestações. A obrigação de pagar o preço é uma só, mas a 
execução de cada uma delas é feita ao longo do tempo (ex.: compro um 
terreno por 10 mil, pagando mil por mês, durante dez meses). 
3) Obrigações Diferidas: quando a execução é realizada em um único 
ato, porém em momento posterior ao surgimento da obrigação (ex.: compra e 
venda com pagamento à vista, mas a entrega da coisa se dará em 30 dias). 
4) Obrigações de Trato Sucessivo (ou periódicas ou execução 
continuada): quando o cumprimento se dá por meio de subvenções periódicas 
(se protrai no tempo), resolvendo-se em intervalos de tempo (regulares ou 
não). Ex.: obrigação do inquilino em pagar aluguel; a do condômino em pagar 
as despesas condominiais. Quando uma parcela é paga a obrigação está 
quitada. Mas neste instante inicia-se a formação de outra prestação que 
deverá ser paga no fim do próximo período. 
Observação. A doutrina, além de todas estas espécies de obrigações, ainda 
acrescenta outras: 
• Obrigações Propter Rem: são obrigações híbridas, ou seja, parte 
direito real, parte direito pessoal (alguns autores as chamam de 
reipersecutórias ou ambulatórias). Elas recaem sobre uma pessoa (daí ser 
um direito pessoal), mas por força de um direito real (como por exemplo, a 
propriedade). O devedor não se obriga por sua vontade, mas sim por ser 
proprietário do bem. Ex.: obrigação de um proprietário de não prejudicar a 
segurança, sossego e saúde dos vizinhos; a do condômino de contribuir 
para a conservação da coisa comum ou de não alterar a fachada externa do 
edifício; adquirente de imóvel hipotecado de pagar o débito que o onera, 
etc. Os exemplos mais comuns são os das taxas de condomínio e do 
pagamento do IPTU. 
• Obrigações Naturais (também chamadas de imperfeitas ou incompletas): 
são aquelas em que o credor não possui instrumento judicial para exigir a 
prestação do devedor. A dívida existe: há um credor e um devedor, mas 
falta a garantia jurídica por meio da qual o devedor seria compelido a 
pagar. O devedor só paga se quiser, pois não há um direito de ação 
protegendo o credor. No entanto, tais obrigações podem gerar efeitos, 
pois se o devedor capaz pagar a dívida, o pagamento é considerado válido 
e irretratável, sendo que ele não pode pedir de volta o que foi pago. Ex.: 
dívida prescrita; dívidas resultantes de jogo e apostas não permitidas 
legalmente (arts. 814 e 815, CC): seu pagamento não é obrigatório; mas 
se o devedor pagar... valeu. 
CLÁUSULA PENAL (arts. 408/416, CC) 
É a penalidade imposta pela inexecução parcial ou total da obrigação 
(infração contratual) ou pela mora (atraso ou demora) no cumprimento da 
obrigação. É pactuada pelas partes no caso de violação do contrato, motivo 
pelo qual é também chamada de multa contratual ou convencional. Trata-
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se de obrigação acessória que visa garantir o cumprimento da obrigação 
principal, bem como fixar o valor de eventuais perdas e danos no caso de 
eventual descumprimento (caráter condicional). Pode ser estipulada no próprio 
contrato ou em ato posterior. Para se exigir a multa não é necessário que o 
credor alegue prejuízo; ela decorre do próprio descumprimento do contrato. 
Funções 
• Coerção: intimida o devedor a saldar a obrigação principal para não ter que 
pagar a acessória; possui caráter preventivo, pois reforça o vínculo 
obrigacional e a necessidade de cumprir a obrigação. 
• Ressarcimento: pré-fixação das perdas e danos no caso de 
inadimplemento da obrigação; caráter repressivo. 
Espécies 
• Compensatória: estipulada para a hipótese de total inadimplemento 
(inexecução) da obrigação – art. 410, CC. 
• Moratória: estipulada para evitar o retardamento culposo no cumprimento 
da obrigação ou em segurança especial de outra cláusula determinada – art. 
411, CC. 
Limite 
 O limite da cláusula penal compensatória é o valor da obrigação 
principal (art. 412, CC). Tal valor não pode ser excedido. Se um eventual 
excesso estiver estipulado em um contrato, o Juiz determinará a sua redução. 
Algumas leis limitam ainda mais o valor da cláusula penal moratória. Ex.: 10% 
da dívida ou do valor da prestação em atraso no compromisso de compra e 
venda de imóveis loteados; 02% da dívida em contratos sob a égide do Código 
de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90); 02% da dívida em condomínio 
edilício, etc. 
 Se houver o cumprimento parcial da obrigação ou se o valor da 
penalidade for manifestamente excessivo o valor pode ser reduzido 
equitativamente pelo Juiz (vide art. 413, CC - Princípio da Função Social do 
Contrato), daí se dizer que há uma “imutabilidade relativa” quanto ao seu 
valor. 
 Cláusula Penal X Perdas e Danos 
 Diferem-se porque na cláusula penal o valor é antecipadamente pactuado 
pelos próprios contratantes. Nas perdas e danos o valor será fixado pelo Juiz 
com base nos prejuízos alegados e provados (danos emergentes e/ou lucros 
cessantes). 
 Cláusula Penal X Arras 
 A cláusula penal é exigível em caso de inadimplemento ou mora; as arras 
(ou sinal) são pagas por antecipação, servindo para garantir o cumprimento do 
contrato. A cláusula penal pode ser reduzida pelo Juiz; já o valor das arras 
pode ser pactuado livremente pelas partes. 
Cláusula Penal nas Obrigações Indivisíveis e Divisíveis 
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Referindo-se à obrigação indivisível, e existindo mais de um devedor, 
incorrendo um devedor em falta, todos estarão incorrerão na pena (ex.: dois 
locatários do mesmo imóvel; se um deles transgredir o contrato, os dois serão 
penalizados). A pessoa que não for culpada terá direito de ação regressiva 
contra o que deu causa à aplicação da pena. 
Referindo-se à obrigação divisível, e existindo mais de um devedor, 
incorrendo apenas um devedor em falta, só ele responde e incorre na pena 
(ex.: dois compradores de uma boiada, metade para cada um, atrasando um 
no pagamento quanto a sua quota, somente ele responderá pela penalidade). 
PERDAS E DANOS (arts. 402/405, CC) 
Perdas e danos constituem o equivalente do prejuízo ou dano suportado 
pelo credor, em virtude do devedor não ter cumprido, total ou parcialmente a 
obrigação, expressando-se em uma soma de dinheiro correspondente ao 
desequilíbrio sofrido pelo lesado. Abrange: 
• Danos Emergentes (ou Positivos): trata-se do prejuízo real e efetivo 
no patrimônio de um dos contratantes. 
• Lucros Cessantes (ou frustrados) ou Danos Negativos: trata-se do 
lucro que o contratante deixou de auferir, em razão do descumprimento 
da obrigação pelo devedor. 
Em qualquer das duas situações acima é necessária a comprovação do 
nexo de causalidade entre a inexecução da obrigação pelo devedor e os 
eventuais prejuízos. 
As perdas e danos também incluem atualização monetária segundo os 
índices oficiais, cláusula penal (se houver previsão no contrato), juros, custas e 
despesas processuais, além dos honorários advocatícios. Os juros de mora 
devem ser contados desde a citação inicial no processo. 
DOS EFEITOS DAS OBRIGAÇÕES 
Constituída a obrigação, deverá ser cumprida, de modo que o credor 
poderá exigir a prestação e o devedor terá o dever de efetuá-la. 
O Código Civil estabelece algumas regras gerais sobre a extinção das 
obrigações, e sobre as consequências de sua inexecução, que é o 
descumprimento da obrigação ou inadimplemento. 
Regra geral: “A obrigação, não sendo personalíssima, opera 
entre as partes e entre seus herdeiros”. 
Isto quer dizer que, em regra, as obrigações se transferem aos 
herdeiros (ou seja, elas se transmitem aos sucessores em caso de morte do 
devedor), que deverão cumpri-las até o limite das forças da herança,salvo 
quando se tratar de obrigação personalíssima, isto é, contraída em 
atenção às qualidades especiais do devedor (ex.: obrigação de um pintor 
famoso que faleceu sem realizar a obra: por ser uma obrigação 
personalíssima, não se transmite aos seus herdeiros). 
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EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
I. PAGAMENTO DIRETO (arts. 304 a 333, CC) 
As obrigações extinguem-se normalmente pelo pagamento direto. 
Pagamento é sinônimo de solução, cumprimento, adimplemento, 
implemento, execução, etc. O pagamento deve ser realizado no tempo, forma 
e lugar previstos no contrato. São seus requisitos essenciais: 
a) existência de um vínculo obrigacional, decorrente da lei ou de um 
negócio jurídico, pois o pagamento pressupõe a existência de uma dívida. 
b) animus solvendi (intenção de solver, de pagar), pois o pagamento é 
execução voluntária. 
c) cumprimento exato do que é devido: o devedor exonera-se da obrigação 
entregando efetivamente a coisa devida (obrigação de dar), ou praticando 
determinada ação (obrigação de fazer), ou abstendo-se de certo ato 
(obrigação de não fazer). Como vimos, o credor não pode ser compelido a 
receber coisa diversa da pactuada mesmo que mais valiosa (art. 313, CC) e o 
devedor não pode compelir o credor a receber em partes aquilo que foi 
convencionado de ser pago por inteiro (art. 314, CC), da mesma forma que o 
devedor deve satisfazer a execução pelo modo devido, pontualmente e no 
lugar determinado. 
d) presença da pessoa que efetua o pagamento (solvens) e da pessoa que 
recebe o pagamento (accipiens). 
Vejamos agora os elementos que compõe o pagamento: 
A) ELEMENTOS SUBJETIVOS DO PAGEMENTO: solvens e accipiens. 
1) SOLVENS – É a pessoa que deve pagar; geralmente é o próprio devedor, 
principalmente se a obrigação for personalíssima. No entanto, o pagamento 
também pode ser realizado por outras pessoas que não o devedor. Vejamos: 
• Qualquer pessoa interessada na extinção da dívida. Trata-se, 
evidentemente de um interesse jurídico-patrimonial. O “interesse” é 
usado em sentido técnico. Ou seja, qualquer pessoa que eventualmente 
possa ser responsabilizada pelo débito. O exemplo clássico é o do fiador 
que acaba pagando a dívida para não agravar sua responsabilidade no 
futuro (como multas, juros, etc.). Pagando, o fiador se sub-roga nos 
direitos do credor, sendo-lhe transferidos todos os direitos, ações e 
garantias do primitivo credor (arts. 304 e 346, CC). Outros exemplos: 
sublocatário que paga a dívida do inquilino principal perante o locador 
(pois caso contrário será ele quem sofrerá o despejo), avalista, 
coobrigado, herdeiro, adquirente de imóvel hipotecado, etc. 
• Terceiro não interessado (juridicamente). É aquele que não está 
vinculado à relação obrigacional existente entre credor e devedor (embora 
possa ter um interesse moral ou afetivo: pai que paga a dívida do filho). 
Situações: 
A) Se o terceiro age em seu próprio nome tem direito ao 
reembolso do que pagou (art. 305, CC), por meio de uma ação 
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movida contra o devedor (chamada de in rem verso), mas não se sub-
roga nos direitos de credor. Por outro lado, o credor não pode 
recusar o pagamento de terceiro, mesmo sendo do terceiro 
desinteressado (salvo se houver cláusula expressa proibindo ou nas 
obrigações intuitu personae, ou seja, personalíssimas). Mesmo que o 
devedor se oponha ao pagamento por parte do terceiro, este pode ser 
feito. Ou seja, a oposição do devedor não impede ou invalida o 
pagamento. 
B) Se o terceiro não interessado age em nome e por conta do 
devedor, há uma subdivisão. Em algumas situações ele age assim, 
representando o devedor. Vamos supor que eu viaje e deixe uma 
pessoa encarregada de pagar o condomínio em meu nome ou que haja 
uma imobiliária que paga ao locador a dívida de uma locação que está 
sob sua administração. Nestas hipóteses não há um interesse (jurídico) 
daquele que pagou a dívida (pois não são fiadores, coobrigados, etc.). 
Mesmo assim, quem pagou tem direito ao reembolso da quantia paga 
(embora não haja a sub-rogação). Já em outras situações, o terceiro age 
por mera liberalidade (isso deve ficar expresso no documento), como se 
fosse uma doação. Nestas hipóteses não poderá reaver o que pagou. 
E se o devedor se opuser ao pagamento do terceiro não 
interessado? Neste caso, segundo parte da doutrina o terceiro não teria direito 
algum. No entanto, a teoria majoritária é que mesmo havendo oposição, o 
terceiro que pagou em nome do devedor continuaria com o direito de 
reembolso. Isso é assim baseado no princípio da proibição do 
enriquecimento sem causa; nosso Código não admite o ganho de uma 
pessoa em detrimento de outra, sem que haja uma justificativa legal. 
No entanto, não haverá reembolso ao terceiro (seja interessado ou não) 
se o devedor tinha meios de evitar a cobrança (art. 306, CC). Ou seja, por 
algum motivo (prescrição, pagamento anterior, compensação, etc.), se o 
credor cobrasse a dívida do devedor, não iria conseguir o seu intento. Não há 
cabimento algum exigir do devedor que reembolse o terceiro uma quantia que 
ele não pagaria ao credor, caso fosse acionado. Além disso, em qualquer 
hipótese o pagamento de terceiro não pode piorar a situação do devedor. 
Exemplo: se o terceiro paga a dívida antes do vencimento, somente poderá 
exigir do devedor eventual reembolso da quantia paga após o vencimento da 
dívida 
2) ACCIPIENS – É a pessoa a quem se deve pagar. Em regra é o credor. O 
credor não é obrigado a aceitar pagamento parcial. O pagamento deve ser 
feito ao(s): 
• Credor, propriamente dito. 
• Representantes legais (ex.: pais, tutores, curadores) ou convencionais 
(mandatários com poderes especiais para receber o pagamento) do 
credor. 
• Sucessores do credor (ex.: herdeiros, legatários, etc.). 
Fora daí, o pagamento só vale se o credor ratificar (confirmar) o 
recebimento ou se este, comprovadamente, reverter em seu proveito (art. 
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308, CC). O pagamento também não valerá se: a) o devedor efetua o 
pagamento a credor incapaz de quitar (ex.: absolutamente incapaz); b) o 
credor estiver impedido legalmente de receber (ex.: crédito penhorado). 
 Lembrem-se do brocardo: "Quem paga mal ... paga duas vezes" 
 Há uma exceção a esta regra: o pagamento feito de boa-fé ao credor 
putativo (onde há uma suposição de legitimidade) é válido, ainda que 
provado depois que ele não era credor verdadeiro (art. 309, CC). Ou seja, se o 
devedor, agindo de boa-fé, paga para uma pessoa a quem aparentava ser 
credor (mas não o era), o pagamento, ainda que feito de forma errônea, é 
considerado válido. Ex.: herdeiro aparente, herdeiro excluído posteriormente 
da sucessão por indignidade, procurador cujo mandato foi revogado sem 
conhecimento de terceiros, etc. Exigem-se dois requisitos: a) accipiens tinha 
aparência de verdadeiro credor; b) boa-fé do solvens. 
A) ELEMENTOS OBJETIVOS: objeto e prova do pagamento (arts. 
313/326, CC). 
O objeto do pagamento é a prestação. Pelo art. 313, CC o credor 
pode se negar a receber outra prestação da que lhe é devida, mesmo que mais 
valiosa. Já pelo art. 314, CC o credor não é obrigado a receber, nem o devedor 
a pagar em partes, salvo previsão expressa no contrato, mesmo que o objeto 
seja divisível. A entrega, quando é feita em dinheiro faz-se em moeda corrente 
e pelo valor nominal (art. 315, CC: princípio do nominalismo). Na hipótese de 
pagamento de prestações sucessivas, é lícito convencionar o aumento 
progressivo no valor destas prestações (art. 316, CC). O art. 318, CC 
determina que são nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda 
estrangeira, bem como paracompensar a diferença entre o valor desta e o da 
moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial (ex.: 
contratos referentes a importação e exportação de mercadorias). 
Pelo princípio da justiça contratual pode o Juiz corrigir o valor da 
prestação, para mais ou para menos, quando verificar que há uma 
desproporção significativa entre o valor vigente quando do negócio e aquele 
verificado quando do cumprimento da obrigação (art. 317, CC). 
O devedor que paga tem direito à quitação, fornecida pelo credor (art. 
319, CC). A quitação é a prova efetiva de que houve o pagamento; é um 
documento pelo qual o credor reconhece que recebeu o pagamento e exonera 
o devedor da obrigação. Trata-se do que conhecemos por recibo. Se o credor 
promover a cobrança judicial da dívida, cabe ao devedor o ônus de demonstrar 
que o pagamento foi realizado. A quitação pode ser dada por instrumento 
particular (ainda que a obrigação resulte de instrumento público), devendo 
ter os elementos do art. 320, CC (valor e espécie de obrigação, identificação 
de quem está pagando, tempo, lugar, assinatura do credor ou de quem o 
represente, etc.). No entanto estes elementos não são essenciais; ainda que 
eles faltem, valerá a quitação se houver prova de que o valor foi revertido 
para o credor. 
Se o credor não der a quitação, o devedor pode exigi-la judicialmente. 
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A regra é que a quitação da última prestação ou quota periódica faz 
presumir a quitação das anteriores, salvo prova em contrário (art. 322, CC). 
Trata-se de uma presunção relativa, que admite prova em contrário (juris 
tantum). Por isso, no caso de pagamento de despesa condominial do último 
mês, não se presume a quitação dos meses anteriores. 
C) Do Lugar do Pagamento (arts. 327/330, CC) 
Lugar do pagamento é o local estabelecido para o cumprimento da 
obrigação. Onde o pagamento deve ser feito? Estabelece o art. 327, CC que 
“efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes 
convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza 
da obrigação ou das circunstâncias”. 
Como no Código Civil predomina a autonomia das vontades, na prática o 
lugar do pagamento é o estipulado no próprio título constitutivo do 
negócio jurídico (princípio da liberdade de escolha). Ou seja, o próprio 
contrato estipula o domicílio onde devem se cumprir as obrigações e se 
determina a competência do juízo onde eventual ação será proposta em caso 
de descumprimento do contrato (vejam, também, o art. 78, CC). Mas se o 
contrato for omisso o lugar será no domicílio do devedor (art. 327, CC). Se 
forem designados dois ou mais lugares para o pagamento é o credor quem 
escolherá em qual deles a prestação será realizada. E se o pagamento consistir 
na entrega de imóvel (ou em prestações relativas a imóvel), este deverá ser 
feito no lugar onde estiver situado o bem (art. 328, CC). 
O art. 329, CC prevê que ocorrendo motivo grave (a lei não diz quais 
são eles) para que não se efetue o pagamento no lugar pactuado, o devedor 
poderá fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor. Com isso, está se 
mitigando a força obrigatória de um contrato, em razão do princípio da função 
social do contrato. 
���Importante ��� O pagamento reiteradamente feito em outro local faz 
presumir que o credor renunciou ao previsto no contrato (art. 330, CC). Trata-
se de outra presunção relativa (admite prova em contrário), relativizando mais 
uma vez a rigidez do contrato. A doutrina chama este fenômeno de supressio, 
ou seja, para o credor há a perda de um direito (no caso do pagamento ser 
feito no local combinado), pelo seu não exercício durante certo tempo, não 
mais podendo exercê-lo. Por outro lado, essa inércia do credor faz surgir um 
direito subjetivo ao devedor de efetuar o pagamento em outro local, diverso do 
pactuado (surrectio). Se de um momento para outro o credor passar a exigir 
do devedor comportamento diverso (pagamento no local anterior) e/ou 
rescisão contratual por descumprimento de cláusula contratual, estará violando 
o princípio da boa-fé objetiva. A doutrina chama isso de nemo potest venire 
contra factum proprium, que significa que ninguém pode se opor a fato a que 
ele próprio deu causa. 
Sobre o local do pagamento existem duas situações. A primeira quando 
se paga no domicílio do devedor (neste caso dizemos que a dívida é quérable) 
e a outra quando se paga no domicílio do credor (dizemos que a dívida é 
portable). Vejamos: 
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 QUÉRABLE (quesível: deriva do verbo latino quaerere=procurar →→→ o 
credor “procura” o devedor para receber): quando o pagamento se faz no 
domicílio do devedor. Quando não houver nada estipulado, há uma 
presunção de que o pagamento é quesível (esta é a regra geral), uma 
vez que deve ser procurado pelo credor no domicílio do devedor, salvo se 
o contrato, nas circunstâncias, a natureza da obrigação ou a lei 
impuserem em contrário. 
 PORTABLE (portável): quando se estipula expressamente no contrato 
que o local do cumprimento da obrigação é o domicílio do credor (ou de 
uma terceira pessoa); o devedor deve levar o título e oferecer o 
pagamento nesse local (o devedor porta o título e o paga no domicílio do 
credor). 
 Observação Para não confundir as situações, recomendo a memorização 
do seguinte esqueminha: 
= Q.D.  P.C. = 
(Quérable → Devedor – Portable → Credor) 
D) Tempo do Pagamento (arts. 331/333, CC) 
Quando deve ser feito o pagamento? O momento em que se pode 
reclamar a dívida chama-se vencimento, que é o momento a partir do qual se 
verifica a exigibilidade da obrigação (princípio da pontualidade). A data do 
pagamento também pode ser fixada livremente pelas partes no 
contrato. A regra é de que o credor não pode cobrar a dívida antes do 
vencimento, nem o devedor pagar após a data prevista (sob pena de mora - 
atraso). O devedor também não pode forçar o credor a receber antes do 
vencimento. 
Salvo disposição em contrário, não se ajustando uma data determinada 
para o pagamento, o credor pode exigir seu cumprimento imediatamente 
(satisfação imediata). No entanto a doutrina entende que a expressão 
“imediatamente” (do art. 331, CC) não deve ser entendida “ao pé da letra”, 
pois às vezes é necessário que haja um certo tempo (por menor que ele seja) 
para que a prestação seja cumprida. E isso irá depender da natureza do 
negócio, do lugar onde será cumprida a obrigação (que muitas vezes pode ser 
diverso do local da celebração) ou de suas circunstâncias. É o que se chama de 
“tolerância de prazo moral ou razoável”. Como o vencimento é uma data que 
favorece o devedor ele pode optar por pagar antes do vencimento. Já as 
obrigações condicionais comprem-se na data do implemento da condição. 
O credor não pode exigir o pagamento antes do vencimento (sob as 
penas do art. 939, CC). No entanto, admite-se a cobrança antecipada da dívida 
em situações excepcionais, previstas no art. 333, CC: 
• Abertura de concurso creditório, ou seja, uma ação de execução contra 
o devedor (insolvência civil), ou quando ele falir, etc. 
• Se os bens dados em garantia real (hipoteca, penhor ou anticrese) forem 
penhorados em uma ação de execução por outro credor. 
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• Se cessarem ou tornarem-se insuficientes as garantias reais ou 
fidejussórias e o devedor se negue a reforçá-las. Melhor esclarecendo: 
Garantia Real é o penhor, a hipoteca e a anticrese. Garantia 
Fidejussória é o mesmo que garantia pessoal, ou seja, a fiança e o aval. 
MORA (arts. 394/401, CC) 
Uma obrigação surge para ser cumprida. E o modo normal de seu 
cumprimento é o pagamento. Havendo o pagamento,a obrigação se extingue 
de forma normal. No entanto, às vezes, a obrigação não se desenvolve 
normalmente e o devedor deixa de cumprir a prestação devida. Trata-se do 
inadimplemento (não cumprimento) da obrigação, que pode ser: 
a) Absoluto ou Definitivo (arts. 389 e 395, parágrafo único, CC): 
quando o cumprimento se torna impossível ou quando houver a perda do 
interesse do credor (já que neste caso o pagamento se tornou inútil para ele). 
Havendo o inadimplemento total o devedor responderá com todos os seus 
bens (art. 391, CC) pelas perdas e danos (danos emergentes e lucros 
cessantes – art. 402, CC), juros, atualização monetária, custas, honorários de 
advogado e a cláusula penal (se houver previsão expressa no contrato). 
b) Relativo: quando ainda é possível e útil a realização da prestação. 
Neste caso estamos diante da mora. Assim, mora é o retardamento ou o 
imperfeito cumprimento da obrigação, desde que não tenha ocorrido caso 
fortuito ou força maior. Dispõe o art. 394, CC: 
“Considera-se em mora o devedor que não efetuar o 
pagamento e o credor que não o quiser recebê-lo no tempo, lugar e 
forma que a lei ou a convenção estabelecer”. 
Situações 
O não cumprimento de obrigação positiva (dar ou fazer) no dia do seu 
vencimento constitui em mora o devedor (art. 397, CC) de imediato. Não 
havendo um prazo determinado para o dia do vencimento é necessária uma 
interpelação judicial ou extrajudicial (art. 397, parágrafo único, CC). 
Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em 
mora desde que o praticou (art. 398, CC). Ou seja, desde o momento da 
prática do evento danoso, independentemente de qualquer notificação ou 
interpelação judicial. 
Já na hipótese de obrigação negativa (não fazer) considera-se o 
devedor em mora no dia em que executar o ato de que deveria se abster (art. 
390, CC). 
Devemos lembrar que, nos termos do art. 396, CC não havendo fato ou 
omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora. 
Tanto o devedor, quanto o credor podem incidir em mora. Vejamos: 
 1) Mora do Devedor (mora solvendi ou debitoris). Ocorre quando o 
devedor não cumpre, por culpa sua, a prestação devida na forma, tempo e 
lugar estipulados. Neste caso, os principais efeitos da mora são: 
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responsabilização por todos os prejuízos causados ao credor, que pode exigir 
além da prestação propriamente dita, também os juros moratórios, a correção 
monetária, a cláusula penal (se houver previsão expressa) e a reparação de 
qualquer outro dano ou prejuízo que porventura tenha sofrido. A mora do 
devedor pode ser dividida em: 
1.1) Mora ex re: decorre de fato previsto em lei ou em contrato. 
Quando a obrigação é positiva (dar, fazer) e líquida (certa quanto à 
existência e determinada quanto ao valor), com data fixada para o 
pagamento, o seu não cumprimento (inadimplemento) implica na mora do 
devedor de forma automática, sem necessidade de qualquer providência 
do credor. O simples não pagamento no dia determinado já é o suficiente 
para a caracterização da mora de pleno direito (art. 397, caput, CC). 
1.2) Mora ex persona: quando não houver estipulação de uma data 
certa para a execução da obrigação, a mora depende de uma providência 
do credor (ex.: interpelação judicial ou extrajudicial, notificação, etc.) do 
credor, conforme o art. 397, parágrafo único, CC. 
2) Mora do Credor (arts. 394, segunda parte e 400, CC – mora 
accipiendi ou creditoris) - Como vimos, o credor também pode incidir em 
mora. Ela ocorre quando o credor se recusa aceitar o adimplemento 
(cumprimento) da obrigação no tempo, lugar e forma devidos, sem ter um 
motivo justo para assim proceder. A mora do credor subtrai o devedor, isento 
de dolo, à responsabilidade pela conservação da coisa. Isto é, se o credor não 
quiser aceitar a coisa e esta vier a estragar, o devedor não responderá por 
estes danos. Além disso, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas 
na conservação da coisa, e o sujeita a recebê-la pela sua mais alta estimação, 
se o seu valor oscilar entre o tempo do contrato e o do pagamento. 
Acrescente-se que a mora do credor possibilita a ação de consignação em 
pagamento (falaremos sobre isso logo adiante, ainda na aula de hoje) da coisa 
pelo devedor. 
���Observação ��� Quando as moras são simultâneas, ou seja, mora do 
devedor e mora do credor ao mesmo tempo (ex.: nenhum dos contratantes 
comparece ao local escolhido para o pagamento), uma elimina a outra, como 
se nenhuma das partes houvesse incorrido em mora. A doutrina chama isso de 
“compensação dos atrasos”. 
Juros Moratórios (arts. 406/407, CC) 
 Juros são os frutos ou rendimentos do capital empregado. Eles são 
considerados como bens acessórios. Há duas espécies de juros: 
1) Juros Compensatórios: decorrem de uma utilização consentida do 
capital alheio. É o empréstimo de dinheiro a juros. Normalmente é objeto de 
convenção (contrato) entre os interessados, como ocorre no mútuo 
feneratício (empréstimo de dinheiro a juros). Ainda que o mutuário pague em 
dia, quando devolver o empréstimo deve pagar os juros pela remuneração do 
uso do dinheiro. 
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2) Juros Moratórios: constituem uma pena imposta ao devedor pelo 
atraso no cumprimento da obrigação, atuando como se fosse uma 
indenização. São devidos a partir da constituição em mora, 
independentemente da alegação de prejuízo. Podem ser convencionais ou 
legais. 
Ocorrem os juros moratórios convencionais no caso em que as partes 
estabelecem a taxa de juros (até 12% anuais ou 1% ao mês – era a 
sistemática do art. 192, §3° da CF/88 que foi revogado pela Emenda 
Constitucional n° 40/03). 
Já os juros moratórios legais ocorrem quando as partes não os 
convencionam. Mas, mesmo não convencionados os juros moratórios são 
devidos, na taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos 
devidos à Fazenda Nacional (art. 406, CC: trata-se da taxa SELIC). Seja em 
um caso, seja noutro, ainda não há um consenso sobre qual o critério a ser 
utilizado diante da redação do art. 406, CC. Saliente-se que o Superior 
Tribunal de Justiça (STJ) tem entendido que o critério correto é o que consta 
do art. 161, §1° do Código Tributário Nacional (1% ao mês). Por isso 
entendemos que esta questão não pode cair em concurso por ser muito 
polêmica. Se cair a sugestão é de se adotar a posição do STJ. 
Purgação da Mora (art. 401, CC) 
Purgar (ou emendar) a mora é neutralizar os efeitos da mora. Ou seja, a 
parte que incorreu em mora, corrige, sana a sua falta, de forma voluntária, 
cumprindo a obrigação que fora anteriormente descumprida. Deve ressarcir, 
também, os eventuais prejuízos causados à outra parte. 
Purgação da mora feita pelo devedor: é a oferta da prestação (ou 
seja, o pagamento da dívida principal), acrescida da importância dos prejuízos 
ocorridos até o dia deste pagamento (juros, correção monetária, multa, 
honorários advocatícios, etc.). 
Purgação da mora feita pelo credor: quando este se oferece para 
receber o pagamento, sujeitando-se aos efeitos da mora já ocorridos. Há casos 
em que a lei permite ao devedor a purgação da mora para impedir que o 
contrato seja resolvido (extinto), desde que o faça durante o prazo de resposta 
da ação judicial proposta pelo credor. Ex.: ação de despejo – art. 62 da Lei do 
Inquilinato. 
ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA 
Enriquecer sem causa é enriquecer de forma repentina e sem motivo 
plausível (sem trabalhar, sem herdar, etc.). Ele é proibido em nosso direito, 
baseado no princípio da equidade. O pagamento indevido (será visto logo 
adiante) é uma de suas espécies. Atualmente várias ações têm o objetivo de 
evitar o locupletamento (enriquecimento ilícito) de coisa alheia. Uma delas 
é a ação de repetição de indébito no caso de pagamento

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