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CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 1 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL –AFRF AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT DIREITO CIVIL AULA 01 – DAS PESSOAS: Pessoa Natural: conceito, capacidade e incapacidade, começo e fim, direitos da personalidade. Pessoa Jurídica: conceito, classificação, começo e fim de sua existência legal, desconsideração. Pessoa Natural: conceito, capacidade e incapacidade, começo e fim, direitos da personalidade. Bom dia, boa tarde, boa noite! Tudo bem com você? Ficou alguma dúvida sobre a aula “prescrição e decadência”? Você pode tirá-las no fórum. Preparado para a aula de hoje? A partir desta, vou acrescentando às questões referentes a este tema, questões sobre o tema da aula anterior para que você possa ir fixando. Então vamos lá! O Título I do Código Civil brasileiro trata do tema “Das Pessoas”, dividindo-o em: “Das Pessoas Naturais” e “Das Pessoas Jurídicas”. Vou esgotar o tema Pessoas Naturais, iniciando do zero e abordando o modo como é cobrado pela ESAF, as pegadinhas, cascas de bananas, bem como a doutrina pesada sobre o tema! Após, esgotarei nos mínimos detalhes a Pessoa Jurídica com todas as inovações que modificaram artigos do Código Civil. Este tópico serve de base para o Direito Empresarial. Aqui situa-se o nascedouro acerca do empresário bem como do direito societário. Então vamos lá. Mãos à obra! CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 2 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br PERSONALIDADE - PESSOA FÍSICA NATURAL Ser pessoa é ter personalidade. Ter personalidade significa ser pessoa. A pessoa natural é todo “ser humano”, sujeito de direitos e obrigações. Mas, juridicamente, a partir de quando se é considerado pessoa? Qual o momento, qual o marco a partir do qual se é considerado pessoa? A partir de qual momento a ciência do Direito considera alguém como pessoa? Essa pergunta é importante para concurso porque aqui não se leva em consideração o que nenhuma outra ciência aceita como sendo o marco inicial para alguém ser considerado pessoa. E a prova tentar te empurrar para essas opções. Aqui, leva-se em consideração somente a ciência jurídica e nada mais. Juridicamente, ser pessoa, ter personalidade só depende de: NASCER COM VIDA! Para ser considerado PESSOA NATURAL basta NASCER COM VIDA, basta que o homem exista. A personalidade é atributo de qualquer pessoa; é o atributo necessário para ser sujeito de direito: ser sujeito de direitos é ter a capacidade para adquirir direitos e deveres (obrigações) na ordem civil. SER PESSOA É TER PERSONALIDADE TER PERSONALIDADE É SER PESSOA Ser PESSOA, a PERSONALIDADE civil da pessoa começa do NASCIMENTO COM VIDA. Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 3 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Todo homem é dotado de personalidade, isto é, sujeito de direitos e deveres/obrigações. Professora e como se constatar aqueles casos em fica dúvidas: 1) Nasceu, respirou durante 1 segundo e morreu, ou 2) Já nasceu morto? O nascimento se constata com a respiração (docimásia hidrostática de Galeno). Enfim: para ser pessoa, ter personalidade é necessário nascer COM VIDA (Teoria Natalista). Antes disso, juridicamente não é considerado pessoa. Porém, o Código Civil brasileiro protege desde a concepção aquele que está Cuidado! Várias são as pegadinhas e cascas de bananas acerca da personalidade da pessoa natural. Exemplo: A personalidade tem início: a) Com o nascimento. b) A partir da concepção. c) Com o nascimento com vida. d) A partir da capacidade de exercício. A questão induz o candidato ao erro, levando-o a pensar que basta nascer para ser considerada pessoa. Como você aprendeu, não basta nascer. Tem que nascer com vida! E você pode perguntar: Professora, e por acaso tem alguém que nasce morto? Sim, tem! O “natimorto”, aquele que é expulso do ventre materno, morto. Natimorto é a expressão jurídica dada ao feto que morreu dentro do útero ou durante o parto, ou seja, quando ocorre óbito fetal. Óbito fetal é a morte de um produto da concepção ocorrida antes da expulsão ou de sua extração completa do corpo materno, independentemente da duração da gestação. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 4 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br sendo gerado no ventre materno. Veja que eu não chamei de pessoa o ser que está sendo gerado no ventre materno. E por que o CC protege aquele ser que está sendo gerado no ventre materno? Porque ele é futura pessoal em potencial; há uma expectativa de que em breve será pessoa. Nesse caso já recebe proteção da lei. Antes do nascimento não há personalidade, mas a lei, todavia, lhe resguarda os direitos do NASCITURO. NASCITURO: É o que está sendo gerado no ventre materno. O NASCITURO é o que está por nascer, mas já se encontra concebido no ventre materno. É o ente concebido, mas ainda não nascido. A Lei atribui direitos ao nascituro (protege, põe a salvo os seus direitos) desde a concepção. Vou aprofundar a questão: Várias teorias explicam a personalidade. A Teoria Natalista prega que a aquisição da personalidade ocorre com o nascimento com vida. A Teoria Concepcionista divide a personalidade jurídica em formal e material: a aquisição da personalidade jurídica formal ocorre com a concepção e a personalidade jurídica material com o nascimento com vida. Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Veja a POSIÇÃO DA BANCA ESAF: Questão 01. (ESAF/PFN/2005) A lei confere personalidade jurídica material ao nascituro. (Errada). Veja que a ESAF considerou que o nascituro NÃO possui personalidade jurídica material. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 5 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Do art. 2o extrai-se dois enunciados: 1) "A personalidade civil do homem começa com o nascimento com vida", e 2) "A lei põe a salvo desde a concepção os direitos do nascituro". Interprete-se assim: o nascituro não possui personalidade, apesar de ser protegido por direitos, dos quais necessariamente, ainda, não pode ser titular. Várias teorias explicam a personalidade. A Teoria Natalista prega que a aquisição da personalidade ocorre com o nascimento com vida. A Teoria Concepcionista divide a personalidade jurídica em formal e material: a aquisição da personalidade jurídica formal ocorre com a concepção e a personalidade jurídica material com o nascimento com vida. O artigo é claro e transparente: Ao nascituro é assegurada a proteção de direitos de “nascituro”, dele enquanto nascituro. E quanto aos direitos da pessoa natural, somente lhe é assegurado o direito à vida. Não sendo pessoa, o nascituro possui mera expectativa de direitos, direitos CONDICIONAIS, em potencial. Só adquire esses direitos SE NASCER COM VIDA! O NASCITURO possui direitos CONDICIONAIS (CONDIÇÃO SUSPENSIVA), só os adquirindo SE nascer COM VIDA. Por exemplo: o nascituro poderia receber uma doação. Nesse caso o contrato de doação é realizado entre o doador e o represente do nascituro. Um futuro tio (futuro padrinho) do nascituro doaria um imóvel (terreno) ao nascituro. Essa doação seria condicional:será concretizada a depender do nascimento com vida! A doação sob condição suspensiva é plenamente válida (admitida pelo direito brasileiro), mas como doação condicional somente se concretizará a depender de acontecimento futuro e incerto (nascimento com vida). Ao nascituro é assegurado o direito personalíssimo como direito à vida (direito à realização do exame de DNA, para efeito de aferição de paternidade, o direito à proteção pré-natal, direito a alimentos, por não ser justo que a genitora suporte todos os encargos da gestação sem a colaboração econômica do seu companheiro reconhecido), direito a doação condicional, direito de ser beneficiado por herança, de ser-lhe nomeado curador para a defesa de seus interesses. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 6 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br CAPACIDADE Leia assim: A capacidade é medida da personalidade. Como assim? A lei afirma que toda pessoa, seja natural ou jurídica, é sujeito de direitos e deveres e por isso, é capaz, possui capacidade para adquirir direitos e deveres (obrigações) na ordem civil. Pessoa é a característica do indivíduo dotado de personalidade. Todo direito pressupõe um titular que possa exercê-lo. Pessoa é ente a que se atribue direitos e deveres. Todo ente humano é pessoa. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Não somente as pessoas naturais podem adquirir direitos e contrair obrigações, mas certas pessoas, como a pessoa jurídica, a qual a lei atribuiu personalidade jurídica, também são sujeitos de direitos, vindo a ter capacidade para aquisição de direitos e deveres. Mas, em que medida essa pessoa sujeito de direitos e deveres é capaz de por si só (sozinho) adquirir e exercer esses direitos de deveres? Em que medida a pessoa pode exercer pessoalmente os atos da vida civil, isto é, adquirir direitos e contrair deveres em nome próprio? Assim, a doutrina divide a capacidade em duas espécies: CAPACIDADE DE DIREITO OU DE GOZO: é a capacidade genérica para adquirir direitos e deveres. A capacidade de direito ou de gozo decorre unicamente e automaticamente da personalidade. CAPACIDADE CAPACIDADE de FATO, de EXERCÍCIO ou de AÇÃO CAPACIDADE de DIREITO ou de GOZO Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Art. 1o Toda pessoa (natural e jurídica) é capaz (possui capacidade) de adquirir direitos e deveres na ordem civil. Toda pessoa é sujeito de direito. Ser sujeito de direitos significa ser capaz de adquirir direitos e deveres (obrigações). CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 7 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br A capacidade de direito ou de gozo é a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações e depende somente do nascimento com vida, de ser pessoa, ter personalidade. Adquirida a personalidade, a pessoa passa a atuar, na qualidade de sujeito de direito (pessoa natural ou jurídica), praticando atos e negócios jurídicos. A capacidade de direito é atributo inerente à pessoa, ocorrendo imediatamente no momento da aquisição da personalidade. A capacidade de direito ou de gozo é própria de todo ser humano, que a adquire assim que nasce (começa a respirar) e só a perde quando morre; Em face do ordenamento jurídico brasileiro a personalidade se adquire com o nascimento com vida, ressalvados os direitos do nascituro desde a concepção. A pessoa pode ter a capacidade de direito ou de gozo (capacidade genérica para adquirir direitos e contrair obrigações) sem, necessariamente ter a capacidade de fato, de exercício ou de ação. Porém, a pessoa que possua somente a capacidade de direito não pode exercitar por si só os atos da vida civil. Quando o CC diz no art. 1o que “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres” afirma que o fato de ser pessoa, ter nascido com vida, ter personalidade, possui automaticamente a capacidade genérica para adquirir direitos e deveres. CAPACIDADE DE FATO ou EXERCÍCIO ou de AÇÃO: é a aptidão para adquirir e exercer pessoalmente (por si só) direitos e deveres, praticar sozinho todos os atos da vida civil. Quando se adquire a capacidade de fato, reúne-se os dois atributos (capacidade de direito e capacidade de fato) e a pessoa passa a ter a capacidade civil plena. A capacidade civil plena ocorre aos 18 anos, desde que a pessoa não esteja incapacidade por outros motivos elencados na lei. A capacidade de fato condiciona-se a existência da capacidade de direito. Pode-se ter capacidade de direito sem capacidade de fato (adquirir o direito e não poder exercê-lo por si). NASCIMENTO COM VIDA = PERSONALIDADE = CAPACIDADE DE DIREITO ou de GOZO. A CAPACIDADE DE DIREITO ou de GOZO PRESSUPÕE (tem como requisito) unicamente a PERSONALIDADE, o NASCIMENTO COM VIDA. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 8 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Nascimento 16 anos 18 anos Para se ter a capacidade de fato, de exercício ou de ação, necessariamente, deve ter personalidade, já é pessoa, possui capacidade de direito ou de gozo. Veja agora a sequência: Pois bem! Se nem todas as pessoas possuem a capacidade plena, se nem todos podem exercer pessoalmente os atos da vida civil, diz-se que estes são incapazes. O CCC trata das incapacidades nos arts. 3o e 4o. Veja as pegadinhas da ESAF: A capacidade de gozo pressupõe a Capacidade de fato (falsa). A capacidade de fato pode subsistir sem a capacidade de gozo (falsa) A capacidade de fato, de exercício ou de ação pressupõe a capacidade de direito ou de gozo, que pressupõe a personalidade (verdadeira). NASCIMENTO COM VIDA = PERSONALIDADE = CAPACIDADE DE DIREITO ou de GOZO. CAPACIDADE DE FATO PRESSUPÕE A CAPACIDADE DE DIREITO, que PRESSUPÕE A PERSONALIDADE. A CAPACIDADE DE DIREITO ou de GOZO NÃO PRESSUPÕE (não possui como requisito) A CAPACIDADE DE FATO (porque esta só se adquire posteriormente a depender de certos requisitos). PERSONALIDADE CAPACIDADE DE DIREITO ou de GOZO CAPACIDADE DE FATO, DE EXERCÍCIO ou DE AÇÃO Relativamente Incapaz Absolutamente Incapaz Capacidade Plena (caso não seja acometido das deficiências) CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 9 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br INCAPACIDADE INCAPACIDADE ABSOLUTA: A pessoa NÃO possui aptidão para exercer pessoalmente (por si só, sozinho) os atos da vida civil. Falta de aptidão para praticar pessoalmente atos da vida civil. Não possuem a capacidade de fato, de exercício ou de ação. Só possuem a capacidade de direito ou de gozo. Capacidade Limitada é a do à quando do INCAPAZ (possui somente a capacidade de direito), e necessita de outra pessoa que a substitua, auxilie e complete a sua vontade. Ao absolutamente incapaz é dado um REPRESENTANTE. O suprimento da incapacidade absoluta se dá através da REPRESENTAÇÃO. Os menores de 16 anos são representados por pais ou tutores. Os enfermos ou deficientes mentais, privados de discernimento serão representados por seus curadores. O representante pratica o ato pelo incapaz. Caso o incapaz venha a praticar o ato, este é NULO de pleno direito, NULIDADE ABSOLUTA. Para qualquer questão literal, você vai decorar assim: INCAPACIDADE RELATIVA: o relativamente incapaz está disciplinado no art. 4o. RELATIVA – art. 4o ABSOLUTA – art. 3o INCAPACIDADE Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmenteos atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. São absolutamente incapazes: Os menores de dezesseis anos e NÃO (vocábulo “NÃO”) CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 10 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Note que o CC “espalhou” os deficientes mentais, tanto no rol dos absolutamente quanto nos relativamente incapazes. Veja que o art. 3 e 4 contemplam os deficientes mentais. Como fazer para não errar nenhuma questão literal? Você já sabe que os absolutamente incapazes são: os menores de 16 anos (<16) e o NÃO. Não: o absolutamente incapaz NÃO possui discernimento, NÃO pode exprimir sua vontade. É o enfermo ou o deficiente que NÃO (NUNCA) tem discernimento para praticar atos da vida civil. Mesmo que transitoriamente NÃO (NUNCA) pode exprimir sua vontade. Note que o relativamente incapaz é o deficiente mental que tem o discernimento reduzido. Responda uma coisa: Quem tem discernimento reduzido, tem algum discernimento? Tem sim! Tem discernimento, porém reduzido. O absolutamente incapaz NÃO possui discernimento, NÃO pode exprimir sua vontade, enquanto que o relativamente possui discernimento reduzido. O relativamente incapaz é o excepcional sem desenvolvimento mental completo. Ele possui algum desenvolvimento mental, só não é completo. O absolutamente NÃO possui desenvolvimento mental. Ao relativamente incapaz é dado um ASSISTENTE. Supre-se a incapacidade relativa pela ASSISTÊNCIA. O relativamente incapaz pratica certos atos, sendo-lhe exigido que seja assistido, que o assistente ratifique (confirme) a prática do ato. Caso o relativamente incapaz pratique o ato sem assistência, o ato será ANULÁVEL. Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 11 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br ÉBRIO HABITUAL: é a pessoa que vive em estado de embriaguez eventual reduzindo-o, sem o privar totalmente, a capacidade de discernimento do homem. PRÓDIGO: É aquele que desordenadamente gasta e destrói (dilapida) seu patrimônio, reduzindo-se à miséria por sua culpa. A incapacidade do pródigo é apenas para os atos que dizem respeito à alienação (transferência) do seu patrimônio. Para os outros atos ele é plenamente capaz. Vale lembrar que, para que seja declarada qualquer espécie de incapacidade, faz-se necessário um processo de interdição, em que o Juiz declare se a pessoa é absolutamente ou relativamente incapaz. INDIO, AUSENTE, SURDO MUDO: Cuidado com essas pessoas: INDIO, AUSENTE e SURDO MUDO. Veja que o Art. 4o Parágrafo único dispõe que a capacidade dos índios será regulada por legislação especial. O CC não inseriu o índio nem como absolutamente nem como relativamente incapaz. E você ABSOLUTAMENTE INCAPAZ RELATIVAMENTE INCAPAZ REPRESENTANTE Incapaz pratica o ato sendo ASSISTIDO pelo ASSISTENTE Pratica o ato pelo incapaz Se o incapaz praticar o ato O ato será NULO Se o incapaz praticar o ato sem ASSISTÊNCIA O ato será ANULÁVEL Art. 4o Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 12 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br também não pode inseri-lo! A capacidade do índio será regulada pela legislação especial e essa legislação não está no seu edital! Para qualquer questão literal e para toda e qualquer alternativa que coloque essas pessoas como absolutamente ou relativamente incapaz, a alternativa estará errada. O surdo mudo é capaz, desde que saiba exprimir sua vontade, desde que tenha discernimento. A mesma coisa se diga para o ausente. Mas preste atenção para as questões do tipo: O surdo mudo que não tem discernimento é absolutamente incapaz (correto). O surdo mudo que não sabe exprimir sua vontade é absolutamente incapaz (correto). Nesses casos ele é incapaz porque “cai” na nossa regra do “NÃO”. Ele não possui discernimento, não sabe exprimir sua vontade e não pelo fato de ser surdo mudo. Legitimidade (legitimação) é a aptidão para a prática de determinados atos processuais. Só os plenamente capazes (maiores de 18 anos, desde não acometidos das enfermidades e deficiências mentais) as possuem. Consiste em saber se uma pessoa tem, no caso concreto, CAPACIDADE para praticar PESSOALMENTE atos processuais (em juízo). A falta de legitimação não retira a capacidade e pode ser suprida. Questão 02. (ESAF/Analista de Controle Externo/2006/TCU) Aponte a opção falsa. a) A capacidade de fato é a aptidão de exercer por si os atos da vida civil. b) O portador de doença neurológica degenerativa progressiva por não ter discernimento é tido como absolutamente incapaz. c) A capacidade dos índios, pela sua gradativa assimilação à civilização, deverá ser regida por leis especiais. d) Admite-se a morte presumida sem decretação de ausência, em casos excepcionais (p. ex. naufrágio), para viabilizar o registro de óbito, resolver problemas jurídicos gerados com o desaparecimento e regular a sucessão causa mortis. e) A curatela é um instituto de interesse público, ou melhor é um munus público, cometido por lei a alguém somente para administrar os bens de pessoa maior que, por si só, não está em condições de fazê-lo, em razão de enfermidade mental ou de prodigalidade. Comentários: CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 13 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br A alternativa “a” está correta. A capacidade de fato é a aptidão de exercer por si os atos da vida civil. A alternativa “b” está correta. O portador de doença neurológica degenerativa progressiva por não ter discernimento é tido como absolutamente incapaz. Cai no bizu do “NÃO”. Ele não é incapaz por ter doença neurológica, mas por NÃO ter discernimento. A alternativa “c” está correta. Art. 4o Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. A alternativa “d” está correta. Admite-se sim a morte presumida sem decretação de ausência (art. 7o). Tratarei do tema no tópico “fim da personalidade”. A alternativa “e” está errada. Tutor se dá ao menor ante a ausência dos pais e curador se dá à pessoa maior incapaz ou enfermo. A curatela é um instituto de interesse público, ou melhor é um munus público, cometido por lei a alguém não somente para administrar os bens de pessoa maior que, por si só, não está em condições de fazê- lo, em razão de enfermidade mental ou de prodigalidade, mas para praticar todos os atos da vida civil até e enquanto durar a incapacidade. Gabarito: e MAIORIDADE (CAPACIDADE PLENA) EMANCIPAÇÃO MODO DE SUPRIR A INCAPACIDADE PARA OS MENORES A emancipação é o modo de suprimento da incapacidade para o menor. É, em outras palavras, tornar um menor, maior. Ou seja: com a emancipação o menor se torna maior, capaz plenamente e, portanto, habilitado a praticar pessoalmente os atos da vida civil. A emancipação é irrevogável, irretratável. Uma vez tornado maior nãopode voltar a ser menor. Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 14 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Art. 5o. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: Voluntária: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou / Judicial: por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; Legal: II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. EMANCIPAÇÃO Legal Judicial Voluntária Inciso I: concessão dos pais ou de um deles na falta de outro, mediante instrumento público, independente de homologação judicial, desde que o menor haja completado 16 anos completos. Inciso I: concedida pelo juiz, ouvido o tutor, se o menor contar com 16 anos completos. II: casamento; III: exercício de emprego público efetivo; IV: colação de grau em curso de ensino superior; V: estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 15 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Pegadinhas: A concessão dos pais ou de um deles na falta de outro, mediante instrumento particular, independente de homologação judicial, desde que o menor haja completado 16 anos completos (falso). A concessão dos pais ou de um deles na falta de outro, mediante instrumento público e dependente de homologação judicial, desde que o menor haja completado 16 anos completos (falso). A concessão dos pais ou de um deles na falta de outro, mediante instrumento público, independente de homologação judicial, desde que o menor haja completado 16 anos incompletos (falso). EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA EMANCIPAÇÃO JUDICIAL Inciso I: concessão dos pais ou de um deles na falta de outro, mediante instrumento público, independente de homologação judicial, desde que o menor haja completado 16 anos. A emancipação é concedida pelos pais. Na falta (morte) de um deles é concedida pelo outro. Caso haja conflito entre os pais, será levado ao Juiz para decisão. Três informações importantíssimas para concurso: 1) A emancipação concedida pelos é realizada mediante instrumento público e não instrumento particular. Os pais vão ao Cartório e emancipam o filho (a), declaram suas vontades em emancipar o filho. 2) A emancipação concedida pelos pais independente de homologação judicial, ou seja, não há necessidade de se levar o documento do Cartório para o Juiz homologar. O documento já se traduz na própria emancipação. Não teria sentido sair do Cartório e levar para o Juiz homologar. Seria, nesse caso, emancipação judicial e não voluntária. 3) A emancipação voluntária requer que o menor tenha 16 anos completo. Inciso I: concedida pelo juiz, ouvido o tutor, se o menor contar com 16 anos completos. Também aqui se exige que o menor tenha 16 anos completos. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 16 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Questão 03. (ESAF/AFC/CGU/2008) Analise os itens a seguir e marque com V a assertiva verdadeira e com F a falsa, assinalando ao final a opção correspondente. ( ) Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil. ( ) Os recém-nascidos e os amentais possuem a capacidade de direito e de fato ou de exercício, visto que podem herdar. ( ) Presume-se a morte, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão provisória. ( ) Os atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação serão registrados em registro público. a) V, V, F, V b) F, V, F, V c) F, F, V, F d) V, F, F, F e) F, F, F, F Comentários: O Item I está errado. Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; EMANCIPAÇÃO LEGAL Veja as pegadinhas: Inciso II: O casamento é hipótese de emancipação e mesmo que venha a se separar logo após, não retroage a emancipação. III: exercício de emprego público efetivo. As bancas costumam cobrar assim: “cargos em comissão” (errado). IV: colação de grau em curso de ensino superior. As bancas costumam cobrar assim: “colação de grau em ensino médio” (errado). São duas as hipóteses: V: estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. As bancas não costumam abordar o que seria a economia própria. Pressupõe que a pessoa possa suprir sua sobrevivência. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 17 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. O Item II está errado. Os recém-nascidos (menores de 16 anos) e os amentais (deficientes mental sem discernimento) somente possuem a capacidade de direito. O Item III está errado. Presume-se a morte, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva – art. Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. O tema será tratado no tópico “fim da personalidade”. O Item IV está errado. Art. 10. Far-se-á averbação (e não registro) em registro público: II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação. Gabarito: e Questão 04. (ESAF/SEFAZ/PI/2001) Assinale a opção falsa. a) A proteção jurídica dos incapazes realiza-se por meio da representação ou assistência. b) O instituto da incapacidade visa proteger os que são portadores de uma deficiência jurídica apreciável. c) A legitimação é a posição das partes, num ato jurídico, negocial ou não, concreto e determinado, em virtude da qual elas têm competência para praticá-lo. d) A capacidade é a regra e a incapacidade é a exceção. e) A capacidade de gozo é a aptidão para exercer por si os atos da vida civil. Comentários: A alternativa “a” está correta. Supre-se a incapacidade por meio da representação (absolutamente incapaz) ou assistência (relativamente incapaz). A alternativa “b” está correta. A incapacidade visa proteger os que são portadores de uma deficiência jurídica apreciável (que pode ser medida, podendo ser absoluta ou relativa). A alternativa “c” está correta. Legitimidade é a aptidão para a prática de atos processuais e decorre da capacidade de fato. Possui legitimidade para a prática de atos processuais a pessoa maior de CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 18 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br idade. A legitimação é a posiçãodas partes, num ato jurídico, negocial ou não, concreto e determinado, em virtude da qual elas têm competência para praticá-lo. A alternativa “d” está correta. A capacidade é a regra porque basta ser pessoa, nascer com vida, ter personalidade para que se tenha a capacidade de direito ou de gozo, aptidão genérica para adquirir direitos e deveres. A incapacidade é a exceção. Somente as pessoas elencadas nos arts. 3o e 4o a possuem. A alternativa “e” está errada. A capacidade de fato, exercício ou de ação é a aptidão para exercer por si os atos da vida civil. A capacidade de direito ou de gozo é a aptidão genérica para adquirir os atos da vida civil. Gabarito: e Questão 05. (ESAF/TRT 7a Região/Juiz Substituto/2005) Os usuários de psicotrópicos, que sofram redução na sua capacidade de entendimento, não poderão praticar atos na vida civil sem assistência de um curador, desde que interditos. Comentários: Note que a questão diz “sofram redução na sua capacidade“, ou seja, a pessoa não está totalmente privada da sua capacidade. Os usuários de psicotrópicos, que têm a capacidade de entendimento reduzida, se forem interditados, são considerados relativamente incapazes, necessitando de assistência para que sejam assistidos na prática dos atos da vida civil. Gabarito: correta. Questão 06. (ESAF/CGU/Correição/2006) A condenação criminal acarreta incapacidade civil. Comentários: A capacidade é a medida da personalidade. Mesmo o preso possui os direitos decorrentes da personalidade, possuindo também capacidade. Além disso, a condenação criminal não é causa de incapacidade civil. Gabarito: errada. SENILIDADE: senilidade significa velhice, idade avançada. A senilidade (velhice) não significa incapacidade. A pessoa senil é plenamente capaz. Ela pode ser incapaz por algum motivo dos arts. 3o e 4o, mas não por velhice. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 19 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br EXTINÇÃO (FIM) DA PERSONALIDADE (Pessoa Natural) O início da personalidade da pessoa natural ocorre com o nascimento com vida. O término, o fim da existência da pessoa natural se dá com a morte (Art. 6º CC). A morte causa os seguintes efeitos: extinção do poder familiar, dissolução do vínculo conjugal, abertura da sucessão dos bens, extinção de contrato personalíssimo, dentre outros. A pessoa natural e, portanto, a personalidade se extinguem com a morte. A personalidade acompanha o indivíduo durante toda sua vida, tendo início com o nascimento e tem fim com sua morte. A personalidade do indivíduo extingue-se com a morte. A das pessoas jurídicas, com a sua dissolução e liquidação. A morte se prova com a Certidão de Óbito e para se ter esta certidão, necessário que se tenha um corpo. O Direito brasileiro admite vários tipos de morte: MORTE REAL: É a morte natural e se prova com a Certidão de Óbito. Necessita-se de um corpo para que seja expedida a Certidão de Óbito. MORTE PRESUMIDA: Nem sempre as pessoas morrem de morte natural. Algumas vezes são vítimas de desastre, por exemplo, Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. MORTE COMORIÊNCIA ou MORTE SIMULTÂNEA PRESUMIDA REAL COM Decretação de Ausência – art. 22 SEM Decretação de Ausência – Art. 7º CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 20 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br naufrágio; outras vezes desaparecem se tornando ausente, enfim, nesses casos não é possível encontrar o corpo do morto. Nesses casos é necessário que se faça o que se chama JUSTIFICAÇÃO DE ÓBITO, que consiste num processo (procedimento de justificação) requerendo-se a decretação da morte presumida. Presumida porque se presume que a pessoa esteja morta. O Direito civil brasileiro admite a decretação da morte presumida com ou sem decretação de ausência. Conforme ressaltado, há casos em que não foi possível encontrar o cadáver (corpo) como também não há testemunhas que presenciaram ou constataram a morte, mas é extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida. Nesses casos, não há certeza da morte, porém, se houver um conjunto de circunstâncias que levem à presunção de que a pessoa que estava em perigo de vida possa estar morta, a lei autoriza ao Juiz a declaração da morte presumida. Note que nas hipóteses acima a pessoa não estava ausente; por isso, se quer que se declare a morte sem decretação de ausência. A pessoa estava em perigo de vida ou na guerra (e ou desapareceu durante a guerra ou foi feito prisioneiro e não foi entrado até dois anos após o término da guerra). A declaração judicial de morte presumida é somente admitida em casos excepcionais, “para viabilizar o registro do óbito, resolver problemas jurídicos gerados com o desaparecimento e regular a Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, SEM decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha (guerra) ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. MORTE PRESUMIDA SEM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 21 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br sucessão causa mortis, apenas depois de esgotadas todas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do óbito” (Maria Helena Diniz). Observe que na questão 02 (ESAF/Analista de Controle Externo/2006/TCU, fl. 12), a ESAF adotou o pensamento de Maria Helena Diniz. O Direito brasileiro admite e autoriza ao Juiz a declarar de morte presumida em duas hipóteses: quando for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida e quando alguém, desaparecido em campanha (guerra) ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Perigo de vida é situação extremamente subjetiva e por isso as bancas não costumam colocar situações abordando constituem ou não essa situação; elas costumam cobrar de maneira literal. MORTE PRESUMIDA COM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA AUSENTE é aquele que desapareceu de seu domicílio sem dele haver deixado notícia: Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. O Direito brasileiro também admite a decretação da morte presumida COM decretação de ausência. Aqui se declara a ausência e a morte presumida. Observação: note que na decretação da morte presumida SEM decretação da ausência, se sabe onde a pessoa estava antes da provável morte: estava em perigo de vida ou em campanha (guerra). Aqui não se sabe onde ela está. Veja: a pessoa desapareceu (sumiu) e dentro de determinadas circunstância (que iremos ver em seguida) será decretada sua ausência bem como a morte presumida. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 22 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br PROCEDIMENTO para a DECRETAÇÃO da MORTE PRESUMIDA COM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA PRIMEIRA FASE: CURADORIA DOS BENS DO AUSENTE O curador administra os bens do ausente Art. 22.Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará (por SENTENÇA) a ausência, e nomear-lhe-á curador. Quem é o curador? Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. § 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. § 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. § 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores. O juiz também arrecadará os bens do ausente, entregando a administração deles para o curador; mandará publicar editais durante um ano, reproduzidos de dois em dois meses, anunciando a arrecadação e chamando o ausente a entrar na posse dos bens. Após um ano (se ele não deixou representante ou procurador para administrar os bens) da publicação do primeiro edital, ou três anos se deixou procurador, permanecendo a ausência, segue o procedimento para a segunda fase (art. 26 do CC). Requerimento de qualquer INTERESSADO ou do Ministério Público ao Juiz para que este declare a ausência O art. 22: O ausente possui bens, não constituiu representante, procurador ou mandatário antes de seu desaparecimento, com poderes suficientes e sem impedimento, para administrar todos os seus bens. Haverá um patrimônio com titular, mas sem ninguém que administre os bens. Nesse caso, qualquer interessado, (não precisa ser parente ou herdeiro) ou o Ministério Público poderão requerer ao juiz que declare a ausência e nomeie curador para administrar os bens do ausente. Juiz SENTENÇA: Declara a ausência + Nomeia curador. O mesmo acontece se o ausente deixar representante que se recuse ou não possa exercer ou continuar o mandato (seja pelo término do prazo do mandato, seja por não serem os poderes deferidos ao mandatário suficientes para a administração de todo o seu patrimônio), enfim, ocorrendo qualquer dessas hipóteses, o Juiz poderá declarar a ausência e lhe nomear curador, conforme o art. 23 do Código Civil: “Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes”. DESAPARECENDO A PESSOA DO SEU DOMICÍLIO CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 23 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Desaparecimento 1 ano (se não deixou procurador) ou 3 anos (se deixou Procurador) Interessados requerem a Abertura da Sucessão Provisória SEGUNDA FASE: SUCESSÃO PROVISÓRIA Imissão dos herdeiros na posse dos bens Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão (SUCESSÃO PROVISÓRIA). Quem são os INTERESSADOS? Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados: I - o cônjuge não separado judicialmente; II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas. Conta-se um prazo ou outro: o prazo de UM ANO conta-se da arrecadação dos bens do ausente (ele não deixou procurador) ou o prazo de TRÊS ANOS ocorre para o caso do ausente antes do desaparecimento, constituir representante, e este efetivamente o representar, caso em que não será nomeado curador dos bens do ausente. Art. 28. § 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente. Com a sucessão provisória ainda não há a declaração definitiva da morte, bem como NÃO há a transferência dos bens para o patrimônio dos herdeiros porque não se ainda certeza da morte. O §1º do art. 28 do Código Civil determina que se após o prazo de um ou três anos, caso não haja interessados na sucessão provisória, ou se havendo interessados, nenhum deles a requerer, cabe ao Ministério Público requerê-la ao juiz competente. Juiz = SENTENÇA SUCESSÃO PROVISÓRIA Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeitos (trânsito em julgado) após 180 dias (contados da publicação), prazo concedido ao ausente para, caso tenha ciência, apareça. Após o prazo, quando passará em julgado, é possível proceder à abertura de testamento, se houver, e ao inventário e à partilha de bens, como se morto estivesse o ausente. § 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823. Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 24 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br SUCESSÃO PROVISÓRIA IMISSÃO (“entrada”) DOS HERDEIROS NA POSSE DOS BENS: Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. § 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia. § 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína. Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas. Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente. Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos. Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria.Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo. Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono. A sucessão provisória cessa com o aparecimento do ausente, com a prova da sua existência com vida, ou com a sua transformação em sucessão definitiva. Se o ausente aparecer, mandar notícias suas, ou se lhe provar a existência, cessarão para logo as vantagens dos sucessores provisórios, ficando, obrigados a tomar as medidas assecuratórias necessárias, até a entrega dos bens ao ausente. Com a abertura da sucessão provisória, os herdeiros poderão ficar na posse dos bens (não será transferida a propriedade ainda). A posse tem a finalidade de resguardar os bens do ausente. Os ascendentes (pais, avós) e descendentes (filhos, netos) e o cônjuge não necessitam prestar garantias. Os imóveis do ausente só poderão ser alienados (transferidos, vendidos) por ardem do Juiz e mesmo assim para evitar a ruína. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 25 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br + TERCEIRA FASE: SUCESSÃO DEFINITIVA Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções (garantias) prestadas. Sentença Abertura Sucessão Provisória 180 dias Trânsito em julgado Sentença Abertura Sucessão Definitiva 10 anos OU Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. Ausência (Desaparecimento) Últimas notícias 5 anos 80 anos CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 26 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Explicando: São duas as hipóteses em que pode ser decretada a abertura da sucessão definitiva: 1) Após o trânsito em julgado (180 dias) da sentença que decretou a abertura da sucessão provisória, os interessados poderão requerer a abertura da sucessão definitiva. 2) Pode-se requerer a qualquer tempo a abertura da sucessão definitiva (não necessita esperar 10 anos do trânsito em julgado da sentença que decretou a abertura da sucessão provisória) quando o ausente possui oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. Ocorrida qualquer das hipóteses, os interessados (art. 27) poderão requerer a abertura da sucessão definitiva. Poderão também requerer também o levantamento das garantias prestadas. Os sucessores que capitalizaram metade dos frutos e rendimentos terão direito a resgatá-los. Sentença Abertura Sucessão Definitiva 10 anos AUSENTE REGRESSA até 10 anos após a decretação da abertura da Sucessão Definitiva: Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, AUSENTE NÃO REGRESSA até 10 anos após a decretação da abertura da Sucessão Definitiva: Art. 39. Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, Os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal. O ausente, os descendentes ou ascendentes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 27 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Decretada a abertura da sucessão definitiva, o CC ainda concede um prazo de 10 anos para a volta do ausente. Garante ao ausente que regressar nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou qualquer de seus herdeiros (que só aparecerem nesse momento), o direito aos bens existentes. Mas terão os bens no estado em que se acharem (veja que já se passou muito tempo desde o início do processo), ou terão os bens sub-rogados (substituídos no caso, por exemplo, de ter sido vendido um imóvel para evitar a ruína e ter comprado outro bem) em seu lugar, ou ao preço (dinheiro aplicado proveniente da venda do bem) que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. Terá o mesmo direito o ascendente ou descendente do ausente, que aparecer até dez anos após a abertura da sucessão definitiva. Após 10 anos da abertura da sucessão definitiva, se o ausente, ou qualquer de seus herdeiros regressarem, não terão direito a mais nada. Nesse caso, os bens serão transferidos, nessa ordem: a) Município ou Distrito Federal: se o bem estiver situado em Município será transferido para esse Município. Se estiver localizado no Distrito Federal, será transferido para o Distrito Federal (isso porque o DF não é dividido em Municípios); ou b) União: caso o bem esteja localizado em Território, será transferido para a União. Atualmente o Brasil não possui Território Federal, mas a CF permite que seja criado. Veja a sequência da decretação da morte presumida com decretação da ausência: Fases: 1) Curadoria dos bens do ausente: o curador administra os bens do ausente. 2) Sucessão provisória os herdeiros se imitem na posse dos bens do ausente. 3) Sucessão definitiva os herdeiros adquirem a propriedade dos bens do ausente. É na abertura da sucessão definitiva que o ausente é declarado morto. ATENÇÃO! O Estado NÃO concorre aos bens do ausente. As bancas costumam colocar alternativa contemplando o Estado (errado). CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 28 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Observe: DESAPARECIDO Requerimento de qualquer INTERESSADO ou do Ministério Público ao Juiz para que este declare a ausência. Juiz SENTENÇA: Declara a AUSÊNCIA e nomeia CURADOR SENTENÇA: efeito (trânsito em julgado): 180 dias Art. 22 3 anos (se não deixou procurador) 1 ano (se não deixou procurador) Interessados requererem a abertura da Sucessão Provisória Juiz sentença: Abertura da Sucessão Provisória Herdeiros: Imissão na posse A qualquer tempo: Ausente conta com 80 anos + Últimas notícias datam de 5 anos 10 anos após o trânsito em julgado OU Interessados requerer e o Juiz decreta Abertura da Sucessão Definitiva Ausente retorna Ausente NÃO retorna 10 anos Recebem só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub- rogados em seu lugar, ou o preço. Os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 29 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br COMORIÊNCIA ou MORTE SIMULTÂNEA: Existem situações em que duas ou mais pessoas em razão do mesmo evento (causa) vêm a falecer na mesma ocasião,porém não se sabe ao certo a ordem cronológica de qual delas faleceu primeiro. Nesses casos, resolve-se com uma fórmula simples: presumir-se-ão simultaneamente mortos. Exemplo: pai e filho viajam de carro; ocorre um acidente; os dois vêm a falecer, porém não se sabe quem precedeu ao outro (quem faleceu primeiro). Qual a importância prática disso? No exemplo acima, caso o pai venha a falecer primeiro que o filho, haverá transmissão de bens e direitos para o filho e, embora este venha a falecer minutos depois recebeu bens/direitos do pai, bem como os transmitirá aos seus herdeiros. Para que ocorra a comoriência ou morte simultânea é necessário que se materialize cumulativamente os seguintes requisitos: a) Duas ou mais pessoas b) Morte na mesma ocasião c) Dúvidas acerca de quem faleceu primeiro Nesse caso: presumir-se-ão simultaneamente mortos e NÃO haverá transmissão de bens e direitos. REGISTRO CIVIL E AVERBAÇÃO Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. NÃO há TRANSMISSÃO DE BENS e DIREITOS entre os COMORIENTES. Art. 9o Serão registrados em registro público: I - os nascimentos, casamentos e óbitos; II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 30 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br O registro civil é a instituição administrativa que tem por objetivo imediato a publicidade dos fatos jurídicos de interesse das pessoas e da sociedade. Sua função é dar autenticidade, segurança e eficácia aos fatos jurídicos de maior relevância para a vida e os interesses dos sujeitos de direito. Registro civil é a perpetuação, mediante anotação por agente autorizado, dos dados pessoais dos membros da coletividade e dos fatos jurídicos de maior relevância em suas vidas, para fins de autenticidade, segurança e eficácia. Tem por base a publicidade, cuja função específica é provar a situação jurídica do registrado e torná-la conhecida de terceiros. AVERBAÇÃO (Modificação / Alteração) Decorar os arts. 9o e 10 porque as bancas trocam as hipóteses. Questão 07 (ESAF/2010/SMF-RJ/Fiscal de Rendas) Assinale a opção correta. a) O registro da pessoa jurídica declarará o modo por que se ministra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente. b) A capacidade de fato ou de exercício é inerente a todo o ser humano, já que é a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. c) As pessoas com mais de 70 anos são consideradas relativamente incapazes, pois a lei presume que elas não têm o necessário discernimento para praticar os atos da vida civil. d) O recém-nascido, por não poder exercer pessoalmente os atos da vida civil, não pode ter direitos e obrigações de qualquer espécie. e) Os funcionários públicos consideram-se domiciliados no lugar onde exercem suas funções, mesmo que periódicas ou temporárias. Comentários: Gabarito: a Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 31 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Questão 08. (ESAF/2009/Receita Federal/Auditor Fiscal da Receita Federal) Se uma pessoa, que participava de operações bélicas, não for encontrada até dois anos após o término da guerra, configurada está a: a) declaração judicial de morte presumida, sem decretação de ausência. b) comoriência. c) morte civil. d) morte presumida pela declaração judicial de ausência. e) morte real. Comentários: Art. 7º. Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Morte Presumida: Via Sentença declaratória de falecimento, sem o cadáver. Comoriência ou morte simultânea: Pessoas que morreram simultaneamente. Declaração de Ausência: formalização de desaparecimento de alguém que não indicou seu paradeiro. Sem o cadáver. Morte Real: Via certidão de óbito. Com o cadáver. A morte presumida sem decretação de ausência quando: - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; - se alguém desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Gabarito: a Questão 09. (ESAF/2006/CGU/Analista de Finanças e Controle/Área Correição) Assinale a opção verdadeira. a) O estado civil é uno e indivisível, pois ninguém pode ser simultaneamente casado e solteiro, maior e menor, brasileiro e estrangeiro, salvo nos casos de dupla nacionalidade. b) Artista plástico menor, com 16 anos de idade, que, habitualmente, expõe, mediante remuneração, numa galeria, não adquire capacidade. c) A condenação criminal acarreta incapacidade civil. d) A capacidade de exercício pressupõe a de gozo e esta não pode subsistir sem a de fato ou de exercício. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 32 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br e) Se alguém desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o termino da guerra, seus parentes poderão requerer ao juiz a declaração de sua ausência e nomeação de curador. Comentários: São dois os critérios para atribuição de nacionalidade primária (originária: resultado do fato natural: o nascimento): Origem sanguínea - ius sanguinis: funda-se no vínculo do sangue, segundo o qual será nacional todo aquele que for filhos de nacionais, independente do local de nascimento. Origem territorial - ius solis: atribui à nacionalidade a quem nasce no território do Estado que o adota, independentemente da nacionalidade dos ascendentes. O Brasil adota o critério ius solis, enquanto outros países, como a Alemanha, adota o critério ius sanguinis. Portanto, filho de alemães, nascidos no Brasil são alemães natos e brasileiros natos. O ESTADO CIVIL (solteiro, casado, viúvo, separado judicialmente ou divorciado) cria direitos e deveres específicos; assim como o parentesco, que dá nascimento a deveres e direitos, nos campos do direito de família e das sucessões. O ESTADO INDIVIDUAL pode ser encarado sob o aspecto da idade (maiores ou menores); do sexo (homens e mulheres) e da saúde (do ponto de vista da saúde mental, que pode tornar a pessoa relativa ou absolutamente incapaz e, conforme certos defeitos físicos, como cegueira, surdo-mudez etc., inibir o indivíduo para certos e determinados atos da vida civil). O estado, portanto, qualifica a pessoa dentro da sociedade. Quando desejamos situar uma pessoa, diferençando-a de outra, devemos verificar sua qualificação, isto é, o status, nessas três esferas, ocupado pelo indivíduo na sociedade." A individualização é o modo particular da pessoa existir. Aspectos do estado da pessoa natural são: individual, familiar e político. O estado individual é o modo de ser da pessoa quanto à idade, sexo, cor, altura, saúde, etc. Vale salientar que algumas dessas particulares (idade e saúde) exercem influência sobre a capacidade civil (maioridade e menoridade). O estado familiar é que indica a situação da pessoa na família em relação ao matrimônio(solteiro, casado, separado, divorciado, viúvo) CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 33 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br e ao parentesco consanguíneo (pai, filho, irmão) ou afim (sogro, genro, etc.). O estado político é a qualidade jurídica que decorre da posição do indivíduo na sociedade política, podendo ser nacional, podendo ser nato (art. 12, I, Constituição Federal) ou naturalizado (art. 12, II, a, Constituição Federal) ou estrangeiro (art. 12, II, b, Constituição Federal). Alternativa “d” está errada: Evite a confusão: Capacidade de direito ou de gozo e Capacidade de fato ou de exercício. A segunda não subsiste sem a primeira (e não o contrário, como na alternativa). Capacidade de direito = capacidade de gozo. Todos possuem. Capacidade de exercício = capacidade de fato. Nem todos possuem. Portanto, a capacidade de exercício/fato pressupõe a existência da capacidade de direito/gozo, e esta subsiste de qualquer forma, pois todos, sem exceção, a possuem. Atenção! Alternativa “b” está errada = pegadinha. Nessas condições, ele não adquire a EMANCIPAÇÃO. Pela emancipação uma pessoa incapaz torna-se capaz. Da forma como a alternativa foi exposta, presume-se que o artista plástico com 16 anos de idade que habitualmente expõe, mediante remuneração, possui economia própria, enquadrando-se em uma das possibilidade previstas no art. 5º, parágrafo único, V, CC: cessação da incapacidade pela existência de relação de emprego que proporcione economia própria para o mnenor com 16 anos completos. A alternativa "e" está errada porque a ação proposta não é a declaratória de ausência, mas sim a de "justificação de óbito". A alternativa “a” está correta: O estado é indivisível porque, apesar de serem muitas suas designações, não pode ser considerado a não ser em seu conjunto. Assim, uma pessoa não se considera solteira e casada ao mesmo tempo. O estado civil é uno e indivisível, pois ninguém pode ser simultaneamente casado e solteiro, maior e menor, brasileiro e estrangeiro, salvo nos casos de dupla nacionalidade. A alternativa “c” está errada. A condenação criminal não está prevista nos arts. 3º (incapacidade absoluta) e 4º (incapacidade relativa) do CC. A alternativa “e” está errada: Se alguém desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o termino da guerra, seus parentes poderão requerer ao juiz a declaração de CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 34 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br sua ausência e nomeação de curador. Será declarada a morte presumida, sem decretação de ausência (art. 7º, CC). Nesse caso, será aberta a sucessão definitiva. Gabarito: a Questão 10. (ESAF/2006/MTE/Auditor Fiscal do Trabalho) Assinale a opção falsa. a) A proteção jurídica dos incapazes realiza-se por meio da representação ou assistência, o que lhes dá segurança, quer em relação a sua pessoa, quer em relação ao seu patrimônio, possibilitando-lhes o exercício de seus direitos. b) A morte presumida pode dar-se com ou sem decretação da ausência. c) A senilidade, por si só, não é causa de restrição da capacidade de fato, porque não pode ser considerada equivalente a um estado psicopático. d) O assento da sentença de interdição no registro de pessoas naturais e a publicação editalícia não são dispensáveis para lhes assegurar eficácia erga omnes. e) Em relação à menoridade, a incapacidade cessa quando o menor completar 18 anos ou for emancipado. Comentários: A alternativa “a” está correta: A proteção jurídica dos incapazes realiza-se por meio da representação (absolutamente incapaz) ou assistência (relativamente incapaz). A alternativa “b” está correta: A morte presumida pode dar-se com ou sem decretação da ausência. Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear- lhe-á curador, caso em que SERÁ DECRETADA A MORTE PRESUMIDA COM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA. A alternativa “c” está correta: A senilidade, por si só, não é causa de restrição da capacidade de fato, porque não pode ser considerada equivalente a um estado psicopático. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 35 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br A alternativa “d” está falsa: não há necessidade de publicação no processo de interdição, apenas o assento no registro de pessoas naturais. Segundo o art. 1.184 do CPC, a sentença de interdição produz efeitos desde logo, apesar de sujeita a assentamento em registro e de publicação editalícia e em imprensa local. Aí está o erro. A expressão erga omnes, de origem latina (latim erga, "contra", e omnes, "todos"), é usada principalmente no meio jurídico para indicar que os efeitos de algum ato ou lei atingem todos os indivíduos de uma determinada população ou membros de uma organização, para o direito internacional. A alternativa “e” está correta: Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. EMANCIPAÇÃO: Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Gabarito: d DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE CONCEITO: são atributos (prerrogativas) inerentes à própria qualidade (essência) de ser pessoa. O fato de ser pessoa, ter personalidade, nascer com vida já se atribui os direitos de personalidade. São direitos que decorrem da Constituição (art. 5º, caput, que consagra alguns dos direitos fundamentais da pessoa natural): direito à vida, liberdade, honra, vida privada, intimidade, imagem, ao nome, etc. Uma das principais mudanças do CC 2002 consiste na inserção de um capítulo próprio, a tratar dos direitos da personalidade (arts. 11 a 21). O Código Civil de 2002 trouxe um capítulo especialmente tratando dos direitos de personalidade, muito cobrado em concurso público! CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 36 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Os direitos da personalidade podem ser conceituados como sendo aqueles direitos inerentes à pessoa e à sua dignidade e formado por cinco ícones principais: vida/integridade física, honra, imagem, nome e intimidade. Essas cinco expressões-chave demonstram a concepção dos direitos de personalidade. Não só a pessoa natural possui os direitos de personalidade, mas também a pessoa jurídica, regra expressa do art. 52 do CC, que confirma o entendimento jurisprudencial já existente, pelo qual a pessoa jurídica poderia sofrer um dano moral, em casos de lesão à sua honra objetiva, com repercussão social (súmula 226do STJ). Protege três princípios básicos constitucionais: o princípio da dignidade da pessoa humana, da igualdade e da solidariedade. Direitos da Personalidade X Direitos Fundamentais Direitos da Personalidade: criados para proteger os indivíduos de si mesmos e de terceiros (direito privado). Direitos Fundamentais: criados para proteger os indivíduos do Estado (direito público). CARACTERÍSTICAS: Os direitos de personalidade são: ABSOLUTOS, Intransmissíveis, Irrenunciáveis, não podem sofrer limitação voluntária. CUIDADO! Absolutamente TODAS as bancas de concursos têm como verdadeiro que os direitos de personalidade são ABSOLUTOS! E você pode estar se perguntando: “mas o meu professor de constitucional disse que não existe direito absoluto”. O seu professor de constitucional está corretíssimo! Mas lembre-se que você está na prova de Direito Civil. Vamos ver porque eles são absolutos, bem como verificar as outras características. ABSOLUTO: são oponíveis contra todos (erga omnes), impondo à coletividade o dever de respeitá-los; INDISPONIBILIDADE: nem por vontade própria do indivíduo o direito da personalidade pode mudar de titular. IMPRESCRITIBILIDADE: inexiste um prazo para seu exercício, não se extinguindo pelo seu não-uso. IMPENHORABILIDADE: os direitos da personalidade não são passíveis de penhora. VITALICIEDADE: são inatos e permanentes, acompanhando a pessoa desde seu nascimento até sua morte. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 37 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br GENERALIDADE: os direitos da personalidade são outorgados a todas as pessoas, pelo simples fatos de existirem; EXTRAPATRIMONIALIDADE: não possuem conteúdo patrimonial direto, aferível objetivamente. ILIMITADO: em regra é ilimitado, NÃO podendo sofrer limitação voluntária, salvo quando a lei dispuser que pode sofrer limitação. Veja que a regra é: os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Exceção: somente por LEI, só a lei pode excepcionar os direitos da personalidade podem ser transmissíveis e renunciáveis, podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Mesmo que a pessoa queira voluntariamente renunciar a tais direitos, tal renúncia NÃO valerá; valerá em casos excepcionais, por exemplo num acordo sobre direitos patrimoniais. O art. 12 trata da prevenção e reparação integral dos direitos de personalidade, caso haja ameaça ou lesão a estes direitos. Note que é possível cumular o pedido para que cesse a ameaça ou lesão à direitos de personalidade com o pedido de perdas e danos: Art. 11. (Exceção): Com exceção dos casos previstos em lei, (regra): os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e (+) reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. Ameaça CESSAR ou + (e) perdas e danos Lesão CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 38 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Cuidado! As bancas costumam colocar uma alternativa assim: Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, ou reclamar perdas e danos (falsa). Veja que em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo (cessação da ameaça ou lesão a direito + perdas e danos), o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. O parágrafo único do art. 12 consagra o direito do morto, prevendo a legitimidade de seus ascendentes, descentes e cônjuge e colaterais até o quarto grau de pleitearem indenização de perdas e danos em caso de dano à personalidade de pessoa falecida. Cuidado! As bancas costumam colocar uma alternativa assim: Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo (cessação da ameaça ou lesão a direito + perdas e danos), o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o terceiro grau ou segundo grau (falso). Regra: é defeso (proibido) o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Segunda exceção: diz respeito à disposição (poder dispor) do corpo: exigência médica e transplante. O art. 13 veda a disposição de partes do próprio corpo, salvo por exigência médica, mas desde que tal disposição não traga inutilidade do órgão ou contrarie os bens costumes. No caso dos transexuais para que eles possam ter o seu bem estar garantido, é permitido a dispor do corpo, podendo realizar a cirurgia para mudança de sexo. Garante-se, assim, a dignidade da pessoa humana sem nenhuma discriminação. O transplante de órgãos é válido e permitido, desde que de órgão Art. 13. (Exceção): Salvo por exigência médica, (Regra): é defeso (proibido) o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 39 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br duplos. A lei especial vai regular o transplante. Terceira exceção à disposição dos direitos de personalidade: objetivo científico, ou altruístico (convicções filosóficas, religiosas). O art. 15 contempla os direitos do paciente dispondo que ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Os arts. 16 ao 19 cuidam da proteção ao nome e ao pseudônimo (apelido) da pessoa natural. O nome é o sinal que representa a pessoa e é direito inerente a qualidade da personalidade. Nome da pessoa: Nome da pessoa natural é o sinal exterior mais visível de sua individualidade, sendo através dele que a identificamos no seu âmbito familiar e no meio social. Nome é marca indelével do indivíduo, como um atributo de sua personalidade. O nome civil É matéria de ordem pública – todo nascimento deve ser registrado no Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais. Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico (convicções filosóficas, religiosas), a disposição (requisitos): gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. Disposição do corpo é válida – três requisitos: 1) Objetivo científico, ou altruístico (convicções filosóficas, religiosas). 2) Disposição gratuita. As bancas costumam colocar uma alternativa “disposição onerosa” (paga) = falsa. 3) Disposição após a morte, não em vida. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFT – BANCA ESAF 40 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br O nome da pessoa só pode alterado por determinação da lei e somente podem justificar-se por um motivo realmente relevante, como por exemplo: o nome
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