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Aula 06 - Extra 02

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CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/
AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e 
AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 
1 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br 
AULA EXTRA – OBRIGAÇÕES: MODALIDADES DAS
OBRIGAÇÕES, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO, EXTINÇÃO E 
INADIMPLEMENTO. QUESTÕES SOBRE BENS E OBRIGAÇÕES. 
CONCEITO DE OBRIGAÇÕES 
O Código Civil não define a obrigação. A “obrigação” é definida pela 
doutrina: obrigação é vínculo jurídico entre um sujeito passivo
(devedor) e um sujeito ativo (credor), tendo como objeto um 
prestação. Essa prestação consiste em dar, fazer ou não fazer 
alguma coisa. Pode ser assim representada: 
OBJETO: 
SUJEITO PASSIVO PRESTAÇÃO SUJEITO ATIVO 
DEVEDOR CREDOR 
O VÍNCULO pode ser representado por esta “seta” acima. A obrigação
é um vínculo entre um devedor e um credor. Esse vínculo é jurídico
porque é regulado pela ciência do Direito. Por este vínculo jurídico o
devedor deve, tem como objeto uma prestação. Esta prestação pode 
ser de dar (alguma coisa, um bem), de fazer (realizar uma 
atividade), de não fazer (de se abster de praticar algo), etc. 
Assim, abre-se para o credor a prerrogativa de exigir (cobrar) seu 
crédito! 
CARACTERÍSTICAS: 
(a) patrimonialidade: sempre envolve patrimônio, direitos 
patrimoniais, seja em forma de bens, seja em espécie (dinheiro); 
(b) transitoriedade: a obrigação nasce com a finalidade de extinguir-
se, sempre, em algum momento toda a obrigação se extinguirá; 
CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/
AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e 
AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 
2 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br 
(c) pessoalidade: é relação jurídica entre pessoas, um vínculo que se 
estabelece sempre entre duas ou mais pessoas: credor e devedor; e 
(d) prestacionalidade: o objeto é sempre uma atividade, uma
prestação que pode ser de dar, fazer ou não fazer alguma coisa certa 
ou incerta. 
ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO: 
São dois os elementos obrigacionais: as partes e o objeto. 
Partes: 
a) Sujeito ativo (credor): titular do direito de exigir o objeto 
obrigacional. 
b) Sujeito passivo (devedor): titular da obrigação de entrega do
objeto obrigacional, ficando com o dever de cumprir a obrigação,
entregando para o credor aquilo a que se comprometeu. 
Objeto: o objeto é sempre uma prestação que se constitui em 
obrigação de dar (coisa certa ou incerta), de fazer ou de não fazer; 
Elemento abstrato: o vínculo obrigacional. 
Fontes das obrigações 
Fonte, juridicamente, significa origem, o lugar de onde provem algo. 
Ou seja, de onde nascem ou surgem as obrigações? 
São três as fontes que geram obrigações (deveres) jurídicas: 
a) Obrigações que derivam de vontade humana: oriundas de um ato 
jurídico lato sensu (negócio jurídico, ato jurídico stricto sensu); 
b) Obrigações que derivam de ato ilícito: seja pelo inadimplemento 
(total ou parcial) ou pelo cometimento de um delito; e 
c) Obrigações que derivam direta ou imediatamente da lei:
obrigações tributárias, administrativas; a lei diz que alguém é
devedor/credor. Nesse caso, a obrigação decorre de disposição de lei. 
CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/
AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e 
AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 
3 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br 
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES 
Obrigações contratuais e extracontratuais 
As obrigações contratuais são aquelas que se originam do 
descumprimento das cláusulas contratuais. 
As obrigações extracontratuais, por exclusão, são todas as obrigações 
que não se originam de descumprimento de contrato. 
Obrigações civis e naturais: 
Obrigações civis 
São obrigações que se caracterizam pela presença do débito que
podem ser exigível judicialmente. Uma vez não realizado o objeto da
prestação pelo devedor (inadimplemento), surge para ele 
responsabilidade, possibilidade de sua execução forçada via ação 
judicial; são ditas obrigações perfeitas ou civis. 
Obrigações naturais 
São obrigações (imperfeitas) não passíveis de serem judicialmente
exigíveis. Como assim? Imagine dois amigos numa mesa de bar. Eles
apostam no jogo de palitinhos, nesses moldes: quem perder em cada 
rodada do jogo, paga ao outro uma quantia “x”. 
O amigo perde, porém não paga a “B”. A “B” não é dado o direito de 
cobrar essa dívida judicialmente porque a dívida de jogo não 
comporta ser exigível judicialmente! 
Veja que se o amigo adimplir (pagar) espontaneamente, será sempre
tido por válido o pagamento, que não poderá ser devolvido, porém, 
uma vez não pago, não há como exigi-lo via judicial. 
Obrigações reais (Propter rem) 
São as obrigações que decorrem da propriedade sobre um bem. Isso
porque a obrigação segue o bem, a coisa. Quem adquire esse bem,
adquire automaticamente essa obrigação real, decorrente da coisa
(real = res = coisa). O adquirente do bem vai se tornar devedor,
mesmo sem querer, em decorrência de sua condição de dono desse
bem. 
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AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e 
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Exemplo: a lei determina que quem compra um apartamento com
dívida de condomínio assume esta obrigação, embora tenha sido o 
dono anterior que não pagou a taxa. 
A obrigação está vinculada à coisa, por isso chama-se obrigação real
(res = coisa). 
Esta vinculação da obrigação à coisa, qualquer que seja seu dono,
deriva da sequela, que é uma característica dos Direitos Reais.
Sequela significa seguir: a obrigação segue a coisa, não importa
quem seja seu dono. O proprietário da coisa assume a obrigação
automaticamente, apenas pelo fato de ter sucedido o dono-devedor 
anterior na propriedade da coisa. 
OBRIGAÇÕES DE DAR 
O Código Civil abre o título das obrigações tratando das
obrigações de dar (Arts. 233 a 246, do Código Civil): 
Ocorre quando o sujeito passivo (devedor) compromete-se a entregar 
ao sujeito ativo uma coisa que pode ser certa ou incerta. 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA 
(Arts. 233 a 242, do Código Civil) 
Coisa certa é aquela individualizada, detalhada, identificada
quanto a número, modelo, marca, etc. Exemplo: o devedor deve ao
credor o cavalo da raça quarto de milha de nome Neon, pedigree 
número 123. 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios
dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do
título ou das circunstâncias do caso. 
A obrigação de dar coisa certa abrange também os acessórios da
coisa, exceto se não houver possibilidade, ou o contrário tiverem 
ajustado as partes. 
OBRIGAÇÃO DE DAR 
DE RESTITUIR 
COISA INCERTA 
COISA CERTA 
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Perda da coisa certa: A perda coisa (bem) significa que essa coisa 
já não mais existe, significando sua extinção. 
Perda (extinguir)/Deterioração (avariar) - arts 234 e 238 
Perda é o desaparecimento completo da coisa para fins jurídicos
(incêndio, furto, morte de animal, etc). Sempre que ocorre a perda
ou deterioração do bem/coisa, deve-se identificar se houve ou não
culpa do devedor. 
Se a coisa se perde, sem culpa do devedor, antes da tradição
(entrega), ou pendente a condição suspensiva, resolve-se (extingue-
se) a obrigação (o devedor devolve o dinheiro ao credor). O único
prejudicado é o devedor (proprietário). No entanto, se houver culpa
do devedor, este responderá pelo valor equivalente mais perdas e
danos. 
Perda da coisa sem culpa do devedor: “A” se obriga a entregar um
cavalo à “B”. Antecipadamente “B” efetuou o pagamento; mas no dia
anterior ao da entrega, o cavalo morre. Neste caso haverá a
devolução do pagamento e resolve-se(extingue-se) a obrigação, sem
pagamento de indenização a título de perdas e danos. 
Perda da coisa com culpa do devedor: a culpa do devedor é tomada
no sentido amplo (dolo ou culpa em sentido estrito). O dolo é a
intenção de prejudicar alguém; a culpa decorre da negligência,
imperícia e imprudência. Neste caso, se a coisa se perder com culpa
do devedor, resolve-se a obrigação, porém cabe ao prejudicado uma
indenização por perdas e danos. É o mesmo caso anterior da
obrigação de entregar um cavalo; porém, aqui o devedor aplica, ele
mesmo uma injeção no cavalo, que por imperícia, vem a falecer (por
culpa do devedor). Nesse caso, ele pagará o valor equivalente mais
perdas e danos. 
É importante saber que se a coisa/bem se perde após a tradição, o
risco é do credor (comprador). Com a entrega o devedor ficou livre
de todos os riscos. 
Se a coisa estava à disposição do adquirente (comprador), por conta
deste correm os riscos, salvo se houve fraude ou negligência do
devedor. 
Quando a coisa sofre danos sem desaparecer temos a deterioração. 
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Deterioração da coisa sem culpa do devedor (art.235 CC): se não
há culpa do devedor não podemos falar de perdas e danos; neste
caso o credor tem duas opções: ou resolve-se a obrigação (o devedor
devolve o dinheiro ao credor sem perdas e danos), ou o credor fica
com a coisa, no estado em que se encontrar, abatendo o valor do que
se perdeu. 
Deterioração da coisa com culpa do devedor: (art. 236 CC) neste
caso, se a deterioração da coisa foi por culpa do devedor, o credor
terá a opção de exigir o equivalente à coisa, ou ficar com a coisa no
estado que se encontrar, abatendo o preço da desvalorização em
ambos os casos com perdas e danos. 
Veja o esquema abaixo: 
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente (obrigação de dar coisa
certa), a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da
tradição (entrega), ou pendente a condição suspensiva, fica
resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar
de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais
perdas e danos. 
+ 
Caso ocorra a perda (extinção da coisa; no exemplo do cavalo,
ocorreu a morte) da coisa certa e ainda esteja pendente condição 
suspensiva, ou ocorre antes da tradição (entrega), sem culpa do
devedor, a obrigação fica resolvida (extinta) para ambas as partes,
sendo a perda considerada a causa de extinção da obrigação sem o 
correspondente pagamento. 
Ao contrário, se o devedor agiu com a culpa para a perda da coisa
certa, este responderá pelo equivalente, acrescido de perdas e danos.
Você aprendeu na aula sobre responsabilidade civil que o Código 
Perda da coisa certa 
Com culpa do devedor 
Sem culpa do devedor 
Resolve (extinção) 
a obrigação 
Perdas e danos 
Devedor paga o valor
equivalente 
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exige, pelo menos a culpa, para que haja a responsabilidade civil
(indenização por perdas e danos). Assim, todas as vezes que o 
devedor agir com culpa, pagará a indenização de perdas e danos. 
No exemplo do cavalo, se este morreu por culpa de devedor, este
pagará o valor equivalente do cavalo (p. ex., R$ 200 mil reais, já que 
é um cavalo de raça + indenização de perdas e danos). 
Deterioração da coisa certa: Na deterioração, a coisa, o bem ainda 
existe, porém está deteriorada. 
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado,
poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa,
abatido de seu preço o valor que perdeu. 
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o
equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com
direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das
perdas e danos. 
ou 
ou 
Com a deterioração da coisa certa, a coisa certa continua a existir,
porém danificada, depreciada. Observa-se se houve ou não culpa do 
devedor pela deterioração da coisa. 
Deterioração da
coisa certa 
Com culpa do devedor 
Sem culpa do devedor 
Perdas e danos 
Exige o 
equivalente 
Credor 
Resolver a
obrigação 
Aceita a
coisa abatida
do valor 
Credor 
Aceita a 
coisa no 
estado 
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Se o sujeito passivo não concorreu com culpa no fato, o credor ficará
com a opção de resolver (tornar extinta) a obrigação ou aceitar a
coisa no estado em que se encontrar, desde que abatido o preço 
equivalente à deterioração. 
Se a coisa certa se deteriorou por culpa do devedor, o credor poderá,
de forma facultativa, exigir o equivalente à coisa ou aceitá-la no
estado em que se encontra, podendo reclamar em ambos os casos 
indenização por perdas e danos. 
Melhorias ou melhoramentos na coisa (no bem): 
Art. 237. Até a tradição (entrega) pertence ao devedor a coisa,
com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá
exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o
devedor resolver a obrigação. 
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo
ao credor os pendentes. 
Os melhoramentos que se acrescentem à coisa certa antes da
entrega (tradição) pertencem ao sujeito passivo que, ao entregar a
coisa para o sujeito ativo, poderá exigir aumento do preço em
decorrência destes melhoramentos, podendo resolver-se a obrigação 
se o credor não anuir com o acréscimo do preço. 
Os frutos já colhidos (percebidos) pertencerão ao devedor; os frutos 
pendentes (ainda não colhidos) terá direito o credor. 
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR (DEVOLVER) 
Agora se trata da obrigação de restituir: o devedor tem que devolver
alguma coisa ao credor. Exemplo: “A” empresta um livro ao seu 
amigo “B”. “B”, sujeito passivo (devedor) tem a obrigação de
devolver o livro ao sujeito ativo “A” (credor), que possui o direito de
exigi-lo. Segue a mesma sistemática da obrigação de dar coisa certa. 
Obrigações de restituir: 
Vou iniciar com um exemplo: o inquilino tem a obrigação de restituir
o imóvel ao final do contrato. A obrigação de restituir tem como
objetivo a transferência temporária da coisa para uso ou fruição
(gozo). 
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Pelo art. 241 haverá lucro para o credor se o devedor não participou
das reformas do imóvel, por exemplo, se quem asfaltou foi a
Prefeitura. Nesse caso, o lucro é para o credor. O lucro será para o
devedor se participou com seu trabalho (Art. 242 CC). 
Perda (desaparecer/extinguir) e Deterioração (danificar/deteriorar): 
Perda da coisa sem culpa do devedor na obrigação de restituir
coisa certa: art. 238 - o credor suportará a perda da coisa; ele nada
poderá exigir do devedor (a coisa perece para o dono - “res perit 
domino”) - Ex: “A” empresta um veículo à “B” e este é assaltado;
nesse caso “A” perde a coisa, suportará o prejuízo sem exigir nada do
devedor. Se na vigência de uma locação o imóvel for destruído sem
culpa do devedor, o credor não será restituído - art. 238. 
Perda da coisa com culpa do devedor na obrigação de restituir
coisa certa: art. 239: o devedor responderá pelo equivalente (sem
restituir a coisa no estado que se encontrar) da obrigação mais
perdas e danos. A resolução acontece com perdas e danos. Ex. se no
caso do empréstimo do veículo, “B” causa acidente vindo o veículo a
ter perda total, terá que pagar o valor equivalente ao veículo mais
perdas e danos. 
Deterioração da coisa sem culpa do devedor na obrigação de
restituir: (art. 240 CC) segue o mesmo raciocínio da perda semculpa, a coisa perece para o credor, a única possibilidade que o
credor tem será a de exigir a coisa no estado em que se encontrar. 
O credor pode exigir o equivalente ou aceitar a coisa no estado que
se encontrar, com direito a reclamar, em qualquer das duas
hipóteses, indenização das perdas e danos. 
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa
do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a
obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da
perda. 
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este
pelo equivalente, mais perdas e danos. 
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor,
recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se
por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. 
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Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou
acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o
credor, desobrigado de indenização. 
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor
trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código 
atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de
má-fé. 
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do
mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-
fé ou de má-fé. 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA 
(Arts. 243 a 246, do Código Civil) 
Coisa incerta é tudo aquilo que não pode ser individualizado, mas que
deve ser ao menos indicado quanto a seu gênero e quantidade.
Exemplo: “A” se obriga perante a “B” a dar 200 kg (quantidade) de 
café (gênero). 
Note que inicialmente a coisa é incerta porque no momento da
obrigação somente se ajusta o gênero e a quantidade. No momento
em que a qualidade (café união) é escolhida, a coisa passa a ser
certa. E daí em diante se rege pelas regras da obrigação de dar coisa 
certa. 
Na obrigação de dar coisa incerta, como regra, o devedor é quem
deve fazer a escolha a qualidade (marca, modelo) da coisa que
será entregue ao credor e, neste caso, aplica-se o princípio da
equivalência, segundo o qual não se pode entregar a pior coisa 
quando se está obrigado a entregar melhor. 
Porém, as partes podem ajustar que a escolha seja efetuada pelo 
credor. 
Quando a escolha couber ao devedor, enquanto este não designar
qual coisa irá entregar, não poderá ser alegada a perda ou a
deterioração da coisa, ainda que decorrentes de força maior ou caso 
fortuito. Isso porque o gênero nunca perece. 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e
pela quantidade. 
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Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a
escolha pertence ao devedor (regra), se o contrário não resultar
do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será
obrigado a prestar a melhor. 
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na
Seção antecedente (rege-se pelas obrigações de dar coisa certa). 
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda
ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso
fortuito. 
A norma do art. 246 ocorre porque o gênero NUNCA se perde
totalmente. É o caso do devedor que alega que não pode entregar o
café da marca “X” porque esta marca está em falta no mercado. Essa
escusa (desculpa) não é admitida, tendo em vista que outras marcas
estão disponíveis, tendo, então que cumprir a obrigação! 
OBRIGAÇÕES DE FAZER 
(Arts. 247 a 249, do Código Civil) 
Ocorre quando o devedor compromete-se para com o credor a fazer
(a realizar) determinado fato, atividade, ato. A obrigação de 
fazer poder ser personalíssima e não personalíssima. 
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do
devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele,
responderá por perdas e danos. 
Obrigação de fazer personalíssima: 
A obrigação de fazer ajustada sobre as qualidades da pessoa;
assim não pode ser realizada por terceira pessoa. Exemplo:
contratação de um show a ser realizado por um cantor famoso ou a 
pintura de um quadro por um pintor famoso. 
Assim, a obrigação infungível ou personalíssima não admite que
terceiro a cumpra no lugar do devedor, porque ele devedor é quem 
deverá cumpri-la pessoalmente. 
Caso a obrigação personalíssima se torne impossível de cumpri-la,
sem que o devedor tenha concorrido com culpa, estará ela resolvida,
extinguindo-se a obrigação sem o pagamento. Porém, se o devedor
tenha concorrido com culpa para impossibilidade da prestação, este 
deverá arcar com as perdas e danos. 
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Obrigação de fazer personalíssima ou infungível: Art. 247.
Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que
recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível. 
Obrigação de fazer não personalíssima ou fungível: 
A obrigação de fazer não personalíssima permite que o devedor se
obrigue, mas admite que ela possa ser cumprida por terceira pessoa 
no lugar do devedor. 
Assim, a obrigação pode ser executada por terceiro, e o credor pode
mandar executar a obrigação à custa do devedor e, caso este se 
recuse ou se constitua em mora, de ainda pleitear perdas e danos. 
Em caso de urgência no cumprimento da obrigação de fazer não
personalíssima (fungível), o credor, independentemente de 
autorização judicial, poderá executá-la ou mandar um terceiro fazê-
lo, sendo ressarcido posteriormente. 
Obrigação de fazer fungível: Art. 249. Se o fato puder ser
executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à
custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da
indenização cabível. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor,
independentemente de autorização judicial, executar ou mandar
executar o fato, sendo depois ressarcido. 
OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER 
(Arts. 250 a 251, do Código Civil) 
Ocorre quando o devedor compromete-se perante o credor a não 
fazer (a não realizar, a se abster) determinada coisa ou a não
praticar determinando ato. 
Se o devedor descumprir a obrigação, praticando o ato que se
comprometeu a não praticar, o credor poderá exigir que o devedor
desfaça-o, sob pena de mandar o credor desfazê-lo à custa do 
devedor, sem prejuízo das perdas e danos. 
Entretanto, em caso de comprovada urgência, o credor poderá
desfazer ou mandar que terceiro desfaça o ato independentemente
de autorização judicial, sendo ressarcido do devido. Mas a obrigação
de não fazer ficará resolvida para ambas as partes se tornar-se 
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impossível, para o devedor, abster-se do ato. Isto, da mesma forma, 
consistirá em causa de extinção da obrigação sem o pagamento. 
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa
do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou
a não praticar. 
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara,
o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à
sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou
mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem
prejuízo do ressarcimento devido. 
OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS 
(Arts. 252 a 256, do Código Civil) 
Conceito: são aquelas obrigaçõesque têm por objeto duas ou mais
prestações, porém apenas uma deverá ser cumprida. Tal obrigação
dará a opção ao devedor ou credor de escolher pela obrigação a ser
cumprida. 
São aquelas nas quais existe mais de um modo pelo qual a
prestação pode ser cumprida pelo devedor (Art. 252). Este se
exonera ao prestar qualquer delas. Exemplo: o devedor ou paga o 
cavalo ou paga os R$ 200 mil. 
Concentração: chama-se concentração o ato de escolha da
coisa/bem. Regra geral, a escolha caberá ao devedor se não se
estipulou outra forma, não podendo este, contudo, cumprir
parcialmente uma ou outra. Se uma das duas prestações não puder
ser objeto de obrigação, ou se tornar inexequível, subsistirá o débito 
em relação à outra (Art. 253). 
Regra: Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao
devedor, se outra coisa não se estipulou. 
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma
prestação e parte em outra. 
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas (exemplo:
aluguel), a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. 
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§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo
unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado
para a deliberação. 
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não
puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre 
as partes. 
Para que a obrigação seja alternativa, esta deve vir expressa no
contrato, ou seja, ela não se presume. A condição terá que estar
expressa que é uma coisa ou outra; a conjunção OU deverá constar
no contrato. 
Após a escolha/concentração a obrigação passa a ser a de Dar Coisa
Certa, de Fazer ou Não Fazer. 
Impossibilidade de cumprimento da obrigação alternativa 
Impossibilidade de cumprimento de UMA das prestações: Art.
253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de
obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à 
outra. 
Ex. “A” deve entregar a “B” um cavalo ou um terreno. Se o cavalo
morre, “A” deve entregar o terreno. 
Impossibilidade de cumprimento de NENHUMA das prestações
com escolha do Devedor - art. 254: Devolve-se o valor da última
prestação + Perdas e Danos. 
Art. 254: Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir
nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha,
ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se
impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determina. 
Impossibilidade de cumprimento de UMA das prestações por
culpa do devedor + com escolha do Credor - art. 255: O credor
escolhe o valor de qualquer uma das prestações + Perdas e Danos. 
Art. 255: Quando a escolha couber ao credor e uma das
prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor
terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da
outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as 
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prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o
valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e
danos. 
Impossibilidade de cumprimento de AMBAS as prestações por
culpa do devedor + com escolha do Credor - art. 255: 
Art. 255: Quando a escolha couber ao credor e uma das
prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor
terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da
outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as
prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o
valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e
danos. 
Impossibilidade de cumprimento de TODAS as prestações +
SEM culpa do devedor - art. 256: Se todas as prestações se
tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a
obrigação. Se ambas tornarem-se impossíveis devolve-se o valor da
coisa e resolve-se a obrigação. 
Obrigação Cumulativa (Conjuntiva): 
São aquelas que possuem em sua prestação vários objetos ou
várias obrigações que deverão ser cumpridas integralmente,
sem exclusão de qualquer uma delas, sob pena de se haver por não
cumprida (o devedor continuará inadimplente ou em mora). Exemplo:
“A” deve o cavalo e o terreno. Só se desobriga pagando as duas
coisas. 
Obrigação Facultativa: 
É aquela que, tendo por objeto uma só prestação, concede ao
devedor a faculdade de substituí-la por outra. Essa faculdade ou
opção pode derivar de convenção especial (acordo) ou de expressa
disposição de lei (art. 157, § 2°): 
Art. 157, § 2°: Não se decretará a anulação do negócio, se for
oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar
com a redução do proveito. 
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Exemplo: alguém faz um consórcio de uma moto, porém ao ser
contemplado pode escolher um carro. 
Distinção entre obrigação alternativa e obrigação facultativa: Na
alternativa, a obrigação se extingue com a entrega de um dos dois ou
mais objetos existentes. Há pluralidade de objetos e todos são
devidos até que se entregue um deles. Na facultativa existe um
objeto devido apenas e o devedor pode exonerar-se dela oferecendo
outro no lugar daquele. Não pode ser obrigado pelo credor a dar
outro bem. 
Ocorrendo o perecimento sem culpa do devedor, nas obrigações
alternativa (todos os objetos sem culpa) e facultativa serão extintas
as obrigações. 
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
(Arts. 257 a 263, do Código Civil) 
Uma primeira informação: a divisibilidade/indivisibilidade diz
respeito, está relacionada ao objeto da prestação. A solidariedade
diz respeito aos sujeitos da relação obrigacional (sujeito ativo 
credor e sujeito ativo devedor). 
Obrigações divisíveis 
São aquelas que podem ser executadas parceladamente, ou seja,
em prestações (Art. 257). Exemplo: o devedor deve R$ 10.000,00; 
paga em cinco parcelas iguais de R$ 2.000,00. Exemplo: o devedor 
deve 200 kg de café e paga em quatro prestações de 50kg. 
Você aprendeu na aula sobre bens que um bem divisível é aquele que
pode, admite ser fracionado e que cada fração/porção conserva a
substância do todo. Na obrigação divisível, o objeto da prestação 
pode ser paga em parcela. 
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em 
obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas
obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou 
devedores. 
Exemplo: se “A” deve R$ 30,00 aos credores “B”, “C” e “D”, e sendo
divisível a obrigação, isto pressupõe que “B”, “C” e “D” têm direito a 
receber de “A”, R$ 10,00 cada um. 
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SOLIDARIEDADE X INDIVISIBILIDADE 
Subjetiva: a solidariedade ocorre
entre os sujeitos da relação
jurídica. 
Objetiva: a (in) divisibilidade diz
respeito ao objeto da prestação. 
Origem na lei ou no contrato: a
solidariedade não se presume. 
Origem na natureza da obrigação
(é a própria natureza). 
Cada devedor paga por inteiro
porque deve por inteiro. 
Na indivisibilidade cada devedor
paga por inteiro porque a
coisa/bem não pode ser dividida:
cavalo. 
Converte-se em perdas e danos e
o vínculo se mantém (os
atributos permanecem). Art. 271.
Convertendo-se a prestação em
perdas e danos, subsiste, para
todos os efeitos, a solidariedade. 
Converte-se em perdas e danos e
desaparece a indivisibilidade (os
atributos não permanecem). Art.
263. Perde a qualidade de
indivisível a obrigação que se
resolver em perdas e danos. §1o
Se, para efeito do disposto neste
artigo, houver culpa de todos os
devedores, responderão todos
por partes iguais. § 2o Se for de
um só a culpa, ficarão
exonerados os outros,
respondendo só esse pelas
perdas e danos. 
Obrigações indivisíveis: 
São aquelas que não admitem pagamento em parcelas por sua
natureza, por motivos de ordem econômica, ou dada a razão 
determinante do negócio jurídico (Art. 258). 
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por
objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por
sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão
determinante do negócio jurídico. 
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não
for divisível (indivisível), cada um será obrigado pela dívida
toda. 
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Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito
do credor em relação aos outros coobrigados. 
Para exemplificar o art. 259, imagine três devedores que devem o
cavalo ao credor. O cavalo é um bem indivisível. Assim, cada um dos
devedores está obrigado a dívida inteira (cavalo), já que este não 
pode ser dividido. 
Do mesmo modo, se a pluralidade for de credores e a obrigação for
indivisível, cada credor pode exigir a dívida inteira. Aos demais
credores assistirá o direito de exigir do credor que receber a
prestação por inteiro, a parte que lhes cabia no total em dinheiro. 
Veja o artigo 260 e 261: 
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um
destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se
desobrigarão, pagando: 
I - a todos conjuntamente; 
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. 
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por
inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele
em dinheiro a parte que lhe caiba no total. 
PERDÃO (REMISSÃO) DA DÍVIDA: Art. 262. Se um dos credores
remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros;
mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor
remitente. 
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de
transação, novação, compensação ou confusão. 
O art. 263 dispõe: 
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se
resolver em perdas e danos. 
Vou explicar o passo a passo deste artigo: imagine uma prestação
indivisível: a obrigação de entregar o cavalo. Se a obrigação se
resolve em perdas e danos (indenização) significa que o cavalo
morreu, já não existe, houve, portanto, a perda (perecimento) do
objeto da prestação. O artigo diz que “perde a qualidade de indivisível
(se torna divisível), a obrigação que se resolver em perdas e danos”. 
Isso decorre do fato da indenização por perdas ser prestação paga
em dinheiro e dinheiro é divisível (salvo se se ajustar que a prestação 
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em dinheiro será indivisível). A obrigação indivisível perde tal
característica se for resolvida em perdas e danos. 
§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos
os devedores, responderão todos por partes iguais. 
§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros,
respondendo só esse pelas perdas e danos. 
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 
(Arts. 264 a 285, do Código Civil) 
A solidariedade no direito das obrigações ocorre quando, em
decorrência da mesma relação jurídica, a obrigação estabelece-se
entre dois ou mais credores (solidariedade ativa) ou dois ou mais
devedores (solidariedade passiva), tendo cada um deles (credor)
direito a exigir a dívida toda ou a ela ficando obrigado 
(devedores), respectivamente (Art. 264). 
Imagine três credores solidários “A”, “B” e “C” e um devedor “D”. O
devedor deve R$ 9.000,00. Pela solidariedade ativa, cada um dos
credores (tanto o credor “A”, como o credor “B” e o “C”) pode exigir 
do devedor a dívida inteira (R$ 9.000,00). Como assim, o devedor
deve R$ 9.000,00 e vai pagar R$ 27.000,00? Não! não vai pagar mais
do que o débito. Todos os credores podem cobrar o valor total, mas
quando o primeiro deles receber repassa a cota parte de cada um dos
outros credores. Pela solidariedade, os credores ganham tempo e 
praticidade ao cobrar seu crédito. 
A solidariedade pode ser mista, situação em que existirão vários
credores e vários devedores na mesma obrigação. Porém, a
solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade
das partes (Art. 265). Ou seja: a lei diz que alguém, que
determinada pessoa é responsável ou esta pessoa por vontade
própria assume, se torna solidariamente obrigado a uma determinada
prestação. Se determinada obrigação nada disser a respeito da
solidariedade é porque ela não é solidária, porque esta não se 
presume, devendo estar expressa. 
A solidariedade pode ser pura e simples ou estar sujeita à condição, 
ao prazo ou ao encargo (Art. 266). 
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Características da solidariedade: 
1. A prestação é única ou “unidade na prestação”: qualquer que 
seja o número de devedores e credores o débito/crédito é
sempre único; 
2. Pluralidade e Independência do vínculo: o vínculo que une os
devedores é um e o que une os credores é outro. Não há
vínculo entre devedores e credores, apenas entre si. O credor
está para exigir dos devedores solidários e os devedores estão
para cumprir com os credores solidários; 
3. Unidade de causa: a causa é única. A dívida solidária é
suportada por igual por todos os devedores. O contrato é um só
para todos: credores e devedores. Todos os devedores
assumem a dívida de uma só vez quando assinam o contrato. 
4. Dívidas solidárias: a origem é comum: três irmãos que vão ao
banco pedir um empréstimo; 
5. Dívida “In solidum”: Pela dívida in solidum não existe
solidariedade entre os devedores porque não existe uma origem
comum na obrigação. Embora ligados por um mesmo fato, os
liames que unem os devedores ao credor são independentes.
Suponhamos um caso de incêndio em uma fábrica segurada,
causada por culpa de terceiro. Tanto a seguradora como o
Terceiro (autor do incêndio) devem à vítima a indenização pelo
prejuízo; a seguradora no limite do contrato e o agente pela
totalidade. A vítima pode reclamar a indenização de qualquer
um deles e o pagamento efetuado por um libera o outro
devedor. Porém, não existe solidariedade entre os devedores
porque não existe uma causa comum, uma origem comum na
obrigação. A responsabilidade da seguradora tem origem no
contrato e a do terceiro decorre do ato ilícito - art. 186. 
Solidariedade Ativa 
Conceito: Havendo vários credores, pode cada um exigir do devedor
comum a prestação por inteiro; e o devedor se libera da dívida
pagando a qualquer um dos credores. 
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Ocorre quando cada um dos credores tem o direito de exigir do
devedor o cumprimento da obrigação por inteiro, denominado 
de direito individual de persecução (Art. 267). 
Aqui cada um dos credores pode exigir do devedor o objeto da
prestação por inteiro, não porque este seja indivisível, mas porque 
assim foi ajustado. 
O devedor de obrigação solidária, enquanto não for demandado,
poderá pagar a qualquer dos credores (Art. 268). Neste caso, o
pagamento efetuado pelo devedor a qualquer dos credores solidários
extinguirá a obrigação (Art. 269), o mesmo ocorrendo em caso de 
novação, de compensação ou de remissão (Art. 272). 
Efeitos da solidariedade:1. A vantagem é que qualquer credor pode exigir a 
totalidade da dívida: 
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do
devedor o cumprimento da prestação por inteiro. 
2. Quanto ao Pagamento e Remissão (Perdão): Arts. 268, 269 
e 272: 
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não
demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá
este pagar. 
Ex. Se “D” cobrar judicialmente “C”, este terá que pagar
preferencialmente a “D”, que recebe em nome de todos os credores.
Caso nenhum dos credores cobrem de “C”, este poderá pagar a
qualquer um dos credores. 
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a
dívida até o montante do que foi pago. 
Ex. Se “A” pagou R$ 100,00 a “B” de uma dívida de R$250,00,
continua devendo R$150 aos credores. 
Art. 272. O credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido
o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba. 
Ex. Se o credor “X” perdoar a dívida completa, “Y” não vai pagar 
nada a nenhum credor; porém “X” responderá perante com o débito
perante os outros credores (pagará a quota parte de cada um). Caso 
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“X” dê a remissão (perdão) a “Y” de sua quota parte, “Y” responderá
perante os outros credores pelo restante do crédito. 
3.Quanto às Perdas e Danos (Art. 271): Subsiste a 
solidariedade: 
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste,
para todos os efeitos, a solidariedade. 
Caso a prestação converta-se em perdas e danos, subsistirá a
solidariedade e em favor de todos os credores, correndo, inclusive,
juros de mora (Art. 271). Veja a comparação entre o art. 271 e o art. 
263, muito cobrados em concurso: 
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se
resolver em perdas e danos. (Aqui trata da obrigação indivisível). 
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos,
subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. (Aqui trata da
obrigação solidária). 
Lembra do exemplo do cavalo (obrigação indivisível) que morreu e a
prestação se converteu em perdas e danos? Pois bem! Perdas e
danos é dinheiro; dinheiro é bem divisível. Ou seja: perde a
indivisibilidade (se torna divisível) a obrigação que se converte em
perda e danos. 
Já na solidariedade, raciocine: mesmo que o objeto da prestação se
converta em perdas e danos, em absolutamente nada interfere na
solidariedade; isso porque a solidariedade recai sobre os sujeitos
(ativo e/ou passivo) e não sobre o objeto da prestação. 
4. Quanto às Exceções Pessoais: 
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as
exceções pessoais oponíveis aos outros. 
Exceção significa defesa pessoal. É matéria de Defesa. 
5. Julgamento: O julgamento desfavorável a um credor não
prejudica os demais. Se for favorável beneficia os demais. 
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não
atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos
que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve. 
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6. Morte (Art. 274 e 270): 
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros,
cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito
que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível. 
Credores solidários 
E F G G Herdeiros de G (H I J K) 
Solidariedade Passiva 
Conceito: Ocorre quando cada um dos devedores solidários poderá
ser demandado para cumprir a integralidade da obrigação assumida
por todos. É a que obriga todos os devedores ao pagamento total da
dívida; reforça o vínculo e facilita o adimplemento. 
Efeitos da Solidariedade Passiva: 
1. Pagamento Total e Parcial: 
O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos
devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento
tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados 
solidariamente pelo resto (Art. 275). 
Cada um dos herdeiros só terá
direito a exigir e receber a
quota do crédito que
corresponder ao seu quinhão 
hereditário, salvo se a
obrigação for indivisível. 
Morreu deixando herdeiros: H, I, J e K) 
Cada um deles só pode exigir a quota do crédito que corresponder
ao seu quinhão de herança (a sua própria quota parte), salvo se a
obrigação for indivisível (entrega de um cavalo). 
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Importante ressaltar que não significa que o credor renunciou a
solidariedade à propositura de ação pelo credor contra um ou alguns 
dos devedores (Art. 275, parágrafo único). 
Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum
destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu
quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível, mas todos
reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação 
aos demais devedores (Art. 276). 
O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por
ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à
concorrência da quantia paga ou relevada (Art. 277). Qualquer
cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos
devedores solidários o credor, não poderá agravar a posição dos 
outros sem consentimento destes (Art. 278). 
O credor tem o direito de exigir e receber de um ou alguns dos
devedores a dívida comum, e, ocorrendo impossibilidade do
cumprimento da prestação por culpa de um dos devedores, subsistirá
aos demais o encargo de pagar o equivalente, porém, por perdas e 
danos só responderá o culpado (Art. 279). 
Caso seja proposta uma ação contra um dos obrigados, todos
responderão pelos juros de mora, mas aquele que der causa à
situação responderá aos demais pela obrigação acrescida (Art. 280). 
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns
dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o
pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam
obrigados solidariamente pelo resto. 
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a
propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. 
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a
remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão
até à concorrência da quantia paga ou relevada. 
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a
exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se
igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se
iguais, no débito, as partes de todos os codevedores. 
Art. 284. No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão
também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que
na obrigação incumbia ao insolvente. 
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Exemplos: 
 Se existem três devedores e um deles paga toda a dívida, todos
se exoneram e o que pagou tem direito de regresso contra os outros
dois. 
 Se existem três devedores e um deles paga a dívida
parcialmente, todos ficam responsáveis pelo restante. 
 Se numa dívida de R$ 300,00 com três devedores, um deles se
torna insolvente, os outros dois devedores terão que pagar toda a
dívida: 
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos
devedores, responderá este por toda ela para com aquele pagar. 
Numa dívida de R$300,00 “A” foi exonerado por “D” (credor), e “C”
ficou insolvente. Se “C”fica insolvente, “A” volta a ser devedor
juntamente com “B”. 
2. Renúncia (Art. 282): 
Se a solidariedade for legal, a renúncia poderá dar-se verbalmente ou
por escrito ou pela renúncia tácita (atos inequívocos que ensejam
renúncia ao benefício). 
Para que o credor possa demandar os codevedores solidários
remanescentes, cumprirá abater no débito a quantia que foi
perdoada. 
Ex. A, B e C são devedores solidários de D pela quantia de R$ 
30.000,00. “D” renuncia a solidariedade em favor de “A”, perdendo
então o direito de exigir dele uma prestação acima de sua parte no
débito: R$ 10.000,00. 
Nesse caso, ”B” e “C” responderão solidariamente por R$ 20.000,00,
abatendo da dívida inicial de R$ 30.000,00 a cota de “A” (R$ 
10.000,00). 
Assim, os R$ 10.000,00 restante só poderá ser reclamado daquele
que se beneficiou da renúncia da solidariedade. 
Se a renúncia for total ou absoluta extinguir-se-á a obrigação
solidária passiva, surgindo em seu lugar uma obrigação conjunta, em 
que cada devedor responderá tão somente por sua parte, pois o 
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débito será rateado entre os codevedores, visto que a obrigação
torna-se pro rata em relação a todos (art.282). 
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de
alguns ou de todos os devedores. 
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais
devedores, subsistirá a dos demais. 
Art. 284. No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão
também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que
na obrigação incumbia ao insolvente. 
Ex. Se numa dívida de R$300 “A” foi exonerado por “D” (credor), e 
“C” ficou insolvente. Se “C” fica insolvente, “A” volta a dever junto 
com “B”. 
A renúncia equivale a exoneração; a remissão equivale ao perdão. 
3. Cláusula Adicional (Art. 278): 
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional,
estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá
agravar a posição dos outros sem consentimento destes. 
Não tem efeito, eficácia, qualquer cláusula, condição ou obrigação
adicional que agrave a posição dos outros devedores, se realizada
sem consentimento. 
Ex: Caso exista uma dívida de 12 meses a 2% e “A” vai ao banco e 
negocia esta dívida a 36 meses a 10% , isto é numa condição pior
que a anteriormente contratada, essa nova negociação ela passa a
não valer para “B” e “C”, salvo se “B” e “C” der consentimento. 
4. Impossibilidade da Prestação (Art. 279 CC) 
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos
devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o
equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. 
Ex. Os devedores não puderam entregar a coisa/bem por culpa de
“C”. A obrigação permanece para os três e “C” responde por perdas e
danos. 
5. Juros da Mora (Art. 280 CC) 
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda
que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado 
responde aos outros pela obrigação acrescida. 
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Ex: “A” deu ensejo q que o pagamento fosse realizado em atraso
gerando juros de mora. Nesse caso, todos os devedores (“A”, “B” e 
“C”) pagam e “B” e “C” cobram (têm direito de regresso) de “A”. 
6. Exceções Pessoais – (Matéria de Defesa) - (Art. 281): 
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que
lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as
exceções pessoais a outro codevedor. 
O devedor “C” ao se defender num processo pode por como meio de
defesa contra o credo “X” as exceções (defesas) que lhe forem 
pessoais (as que dizem respeito a ele e ao credor), como também as
defesas comuns (defesas que digam respeito, que sejam comuns a
todos os devedores), mas “C” não pode alegar como defesa, por
exemplo, uma dívida que o credor “X” tenha para com o devedor “B”. 
7. Morte (Art. 276 ): 
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros,
nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que
corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor
solidário. 
Legislação das Obrigações Solidárias 
Seção I - Disposições Gerais 
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre
mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou
obrigado, à dívida toda. 
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da
vontade das partes. 
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos
cocredores ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em
lugar diferente, para o outro. 
Seção II - Da Solidariedade Ativa 
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do
devedor o cumprimento da prestação por inteiro. 
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Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o
devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. 
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a
dívida até o montante do que foi pago. 
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros,
cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito 
que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível. 
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste,
para todos os efeitos, a solidariedade. 
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o
pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba. 
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as
exceções pessoais oponíveis aos outros. 
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não
atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos
que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve. 
Seção III - Da Solidariedade Passiva 
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns
dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o
pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam
obrigados solidariamente pelo resto. 
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a
propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. 
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros,
nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que
corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor
solidário em relação aos demais devedores. 
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a
remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão
até à concorrência da quantia paga ou relevada. 
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Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional,
estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá
agravar a posição dos outros sem consentimento destes. 
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos
devedores solidários, subsiste para todos, o encargo de pagar o 
equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. 
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda
que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado
responde aos outros pela obrigação acrescida. 
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções quelhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as
exceções pessoais a outro codevedor. 
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de
alguns ou de todos os devedores. 
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais
devedores, subsistirá a dos demais. 
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a
exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se 
igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se
iguais, no débito, as partes de todos os codevedores. 
Art. 284. No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão
também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que
na obrigação incumbia ao insolvente. 
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos
devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar. 
Outras modalidades de obrigações 
Obrigações de meio, de resultado e de garantia 
Nas obrigações de resultado a execução considera-se atingida
quando o devedor cumpre objetivo final; nas de meio, a
inexecução caracteriza-se pelo desvio de certa conduta ou
omissão de certas precauções a que alguém se comprometeu, 
sem se cogitar do resultado final. 
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Obrigações de meio 
Nas obrigações de meio deve se aferir se o devedor empregou boa
diligência no cumprimento da obrigação. Ele não possui
obrigação de atingir um resultado “tal”. O descumprimento deve ser
examinado na conduta do devedor, de modo que a culpa não pode
ser presumida; o credor há de prová-la. Exemplos: contrato de
prestação de serviços advocatícios, contrato de prestação de serviços 
médicos. 
Obrigações de resultado 
Nas obrigações de resultado deve ser aferido se o resultado
desejado foi alcançado. Só assim a obrigação será cumprida. Sua
inexecução implica falta contratual. Aqui, há a presunção de culpa,
presume-se a culpa. Exemplos: contrato de transporte, contrato de 
reparação de um bem. 
Obrigações de garantia 
A obrigação de garantia é a que se destina a propiciar maior
segurança ao credor, ou eliminar risco existente em sua posição,
mesmo em hipóteses de fortuito (eventualidade) ou força maior,
dada a sua natureza. É subespécie de obrigação de meio. É o caso do 
contrato de seguro. 
Obrigações de execução instantânea, diferida e continuada 
Obrigação de execução instantânea 
É a obrigação cuja contraprestação por parte do devedor é
simultânea (ao mesmo tempo) à prestação efetuada pelo credor.
Exemplo: contrato de compra e venda à vista. O comprador paga e o 
vendedor entrega o bem, a coisa. 
Obrigação de execução diferida 
É o tipo de obrigação cuja contraprestação a adimplida pelo devedor
é diferida no tempo (pro futuro, mas de uma só vez) em relação à 
prestação efetuada pelo credor. Exemplo: contrato de compra e 
venda com pagamento do valor total para 30 dias. 
Obrigação de execução continuada 
É o tipo de obrigação cuja contraprestação a ser adimplida pelo
devedor é continuada (periódica, em prestações: aluguel) no tempo 
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em relação à prestação efetuada pelo credor. Exemplo: contrato de 
locação. 
Obrigações puras, condicionais e a termo 
Obrigação pura 
Trata-se das obrigações que não estão sujeitas à condição, à termo
ou à encargo. O credor pode exigir o cumprimento imediato, com o 
vencimento da obrigação. 
Obrigação condicional 
A condição subordina a obrigação a evento futuro e incerto. 
Exemplo: recebimento de um prêmio a quem ganhar uma 
competição. 
Obrigação a termo 
O exercício do direito do credor será realizado no futuro, não 
impedindo a aquisição do direito, cuja eficácia fica apenas suspensa. 
Obrigações líquidas e ilíquidas 
Obrigações líquidas 
A obrigação é líquida quando é certa, quanto à sua existência, e
determinada, quanto ao seu objeto: permite a imediata identificação
do objeto da obrigação, sua qualidade, sua quantidade e sua 
natureza. Sabe-se o valor exato, por exemplo. 
Obrigações ilíquidas 
A obrigação é ilícita quando depende de prévia apuração para a
verificação de seu exato objeto ou quantia. Se se trata de apuração 
em dinheiro, é seu exato montante que deve ser apurado. 
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TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 
A obrigação se constitui (sujeito ativo – objeto da prestação – sujeito
passivo), porém admite alteração, como por exemplo, a transferência
de sujeito. 
A transmissão (cessão) da obrigação representa sucessão ativa
(credor) ou passiva (devedor). Ainda que haja a transmissão da
obrigação, em nada altera a substância da relação jurídica, que
permanecerá igual, porque impõe a mesma relação jurídica
transmitida ao novo sujeito (cessionário); este (cessionário) deriva do
sujeito primitivo (cedente). 
A transmissão da obrigação pode ocorrer por cessão de crédito,
assunção de dívida e cessão de contrato. A cessão de crédito é a
transferência à terceiro de crédito contra o devedor; a assunção de
dívida é a transferência de débito a terceiro; e a cessão de contrato 
se trata da transferência inteira de créditos e débitos, de direitos e
obrigações derivados de um contrato bilateral já ultimado, mas de
execução não concluída. 
CESSÃO DE CRÉDITO 
Imagine a seguinte situação: o cliente (devedor) realizou uma
compra numa empresa (credora) para pagamento em 30 dias.
Imagine que a empresa credora necessite de liquidez imediata.
Assim, a empresa (cedente) cede seu crédito a uma factoring
(cessionária), que lhe adianta o dinheiro, descontando juros e taxa de
administração. Isso é a cessão de crédito, que pode ser representada 
pelo desenho: 
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CONTRATO DE COMPRA E VENDA 
CREDOR DEVEDOR 
CEDENTE CEDIDO 
CEDE SE CREDITO 
FACTORING (CESSIONÁRIA) - Terceiro 
CONCEITO: É a mudança do sujeito ativo da obrigação. Ocorre
entre o credor e terceiro, alheio ao negócio jurídico inicial. É o
negócio jurídico onde o credor de uma obrigação, chamado
cedente, transfere a um terceiro, chamado cessionário, sua 
posição ativa na relação obrigacional independentemente da
autorização do devedor que se chama cedido. 
Cessão de Crédito: É um negocio jurídico bilateral onde o credor
transfere a terceiro seu direito de credito contra o devedor (o
devedor é notificado da cessão de crédito e transmite o valor direto
para o cessionário). 
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a
natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a
cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de
boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. 
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Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito
abrangem-se todos os seus acessórios. 
O devedor (cedido) não participa necessariamente da cessão. Sua
anuência é dispensada. Ele tem apenas o direito de ser
NOTIFICADO (INFORMADO) da cessão. 
Decore bem isso para a prova: o credor deve NOTIFICAR o devedor
da cessão (transferência) do crédito. Decore: NÃO HÁ
NECESSIDADE DO CONSENTIMENTO (ANUÊNCIA) DO
DEVEDOR. 
O devedor não é parte do negócioentre cedente e cessionário, e deve
ser notificado para efetuar o pagamento. Ou seja, se faz necessária a
escritura pública para ser eficaz (ou particular com procuração). O
devedor precisará apenas ter ciência. O negócio jurídico só será
eficaz após a comunicação formal (notificação= tomar ciência formal
da cessão): 
Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia (não produz
eficácia) em relação ao devedor, senão quando a este
notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito
público ou particular, se declarou ciente da cessão feita. 
Ou seja, se faz necessária a escritura pública para ser eficaz (ou
particular com procuração). O devedor precisará apenas ter ciência. O
negócio jurídico só será eficaz após a comunicação formal
(notificação= tomar ciência formal da cessão). 
Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter
conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no
caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário
que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação
cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá
a prioridade da notificação. 
Pelo artigo 292, o devedor deve pagar ao cessionário; porém, se ele
paga ao cedente porque ainda não tinha conhecimento da cessão do
crédito (não tinha sido notificado), o pagamento é considerado válido.
No caso de ter sido feito mais de uma cessão, também é válido o
pagamento por parte do devedor a quem lhe apresente o título de
cessão. 
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Se o devedor foi notificado e mesmo assim paga ao credor primitivo
não se desobrigará quanto ao cessionário, pois quem paga mal, paga
duas vezes. 
Tanto o cedente quanto o cessionário podem notificar o devedor.
Caso a obrigação seja solidária, todos os codevedores devem ser
notificados. A notificação pode ser expressa ou presumida. A
expressa é a comunicada pelo credor. A presumida é a que resulta da
espontânea declaração de ciência do devedor. 
Partes: 
a) Credor = cedente; 
b) Terceiro = cessionário; 
c) Devedor = cedido. 
Classificação: 
1) Onerosa : venda do crédito a um terceiro (no exemplo da
factoring). 
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se
responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do
crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe
cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. 
Ex: a empresa troca o cheque pré datado de seu cliente na factoring;
esta desconta a taxa de juros, de administração e adiante o restante
do valor à empresa. 
A transferênc ia (cessão do crédito) pode ser onerosa ou 
gratu ita: o t e r c e i r o p o de c o mp r a r o c r é d i t o o u 
s i mp l e s me n t e ganhá-lo (doação) do cedente. 
2) Cessão Gratuita: não há contraprestação por parte do
cessionário. Ex: doação. 
a) Convencional ou voluntária: decorre do acordo de 
vontades. Emana da vontade livre do cedente e do cessionário,
podendo ser onerosa ou gratuita. 
b) Le g a l / n e c e s s á r i a : o c o r r e por força da lei;
i m p o s t a p e l a l e i . Toda cessão de crédito depende de um
acordo de vontade (o que for expresso na lei é legal ou necessária). 
Deve estar escrita, expressa; se não expressa, será voluntária. 
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3) Ju d i c i a l : d e t e r m i n a da p e l o J u i z . 
São exemplos de cessão legal: as sub-rogações do art. 346, inc. II; o
devedor solidário que paga toda a dívida (art.283), o fiador que
também paga toda a dívida (art. 831); o mandante, em favor de
quem são transferidos os créditos adquiridos pelo mandatário (art.
668); as cessões dos acessórios (art.287); etc. 
Quando a cessão é legal, o cedente não responde pela existência do
crédito, pois ele não concorreu com a transferência. Esta foi imposta
pela lei. Sendo assim, seria ilógico obrigá-lo por algo que não foi feito
por ele. A cessão pode ainda ser judicial. Ela o é sempre que for
determinada pelo juiz. 
A cessão legal e a judicial não necessitam de nenhuma exigência a
mais do que as que naturalmente dispõe. Quando o cedente responde
apenas pela existência do crédito e não pela solvência do devedor,
acessão é chamada de pro soluto. 
Porém, se o cedente, além de responder pela existência, deve cobrir
a dívida em caso de insolvência do devedor: a cessão é pro solvendo. 
Esse tipo de cessão deve estar expressamente estipulada no
contrato, nunca podendo ser presumida: "Salvo estipulação em
contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor" (art.
296). 
Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do
devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os
respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e
as que o cessionário houver feito com a cobrança. 
Exemplo: se o cedente vende um crédito de R$ 10.000,00 que possui
com terceiro para o cessionário no valor de R$ 8.000,00
responsabilizando-se pela insolvência, caso esta aconteça, o cedente
irá reembolsar o cessionário em R$ 8.000,00 acrescidas as despesas. 
O que se indeniza é apenas o interesse contratual negativo, e não o
crédito do cessionário. Porém, podem as partes convencionar que o
cedente deve responder pela quantia total do crédito, e não somente 
a negociada. 
4) P r o s o l v e n d o : N a c e s s ã o p r o s o l v e n d o o 
c e d e n t e r e s p o n d e também pela solvência do devedor, 
então se C não pagar a dívida (ex: o cheque não tinha 
fundos), o cessionário poderá executar o cedente, mas 
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primeiro deve o cessionário cobrar do cedido para depois cobrar
do cedente. 
5) P r o s o l u t i o : o cedente responde pela existência e
lega l idade do crédito, mas não responde pe la so lvênc ia 
do devedor (ex: A cede um crédito a B e precisa 
garant ir que e s t a d í v i d a e x i s t e , n ã o é i l í c i t a , 
m a s n ã o g a r a n t e q u e o devedor/cedido C vai pagar a
dívida; trata-se de um risco que B a s s u m e ) . 
N a c e s s ã o p r o s o l v e n d o o c e d e n t e r e s p o n d e 
também pela solvência do devedor, então se C não pagar a 
dívida (ex: o cheque não tinha fundos), o cessionário poderá 
executar o cedente. Mas primeiro deve o cessionário cobrar do
cedido para depois cobrar do cedente. 
Quando a cessão é onerosa, o cedente sempre responde pro soluto.
Do mesmo modo, se a cessão foi gratuita e o cedente a g i u d e 
m á - f é ( e x : d a r a t e r c e i r o u m c h e q u e s a be n do qu e é 
falsificado gera responsabilidade do cedente; porém se o c e de n t e 
n ã o s a b i a d a i l e g a l i d a de n ã o r e s po n de n e m p r o 
so luto, a f ina l fo i doação mesmo - 295); mas o cedente 
só responde pro so lvendo se est iver expresso no 
contrato de cessão. 
Requisitos da Validade 
Subjetivos: partes capazes para, respectivamente, alienar e
adquirir. Qualquer pessoa que estiver na livre administração dos seus
bens (cedente e cessionário). 
Objetivos: O objeto da cessão (crédito) deve ser material e
juridicamente possível. Qualquer crédito (lícito). 
Requisitos Formais: A cessão, em regra, tem forma livre (arts. 288
e 289); porém para ter eficácia (produzir efeitos) em relação à
terceiros deve ser celebrada por instrumento público ou particular.
Não se exige nenhuma formalidade entre o cedente do crédito e o
cessionário, p ode n d o s e r i n c l u s i v e v e r b a l , m a s pa r a 
t e r e f e i t o contra terceiros deve ser feita por escrito (288): 
Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um
crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou 
instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do art. 654. 
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Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer
averbar a cessão no registro do imóvel. 
Cessões Múltiplas: prevalece a tradição (entrega) - art. 291: 
Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a
que se completar com a tradição do título do crédito cedido. Ou seja:
prevalece (tem direito no dia do vencimento) à cessão é quem está
de posse do título de crédito. 
Atos Conservatórios: Art. 293. Independentemente do
conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os
atos conservatórios do direito cedido. 
Exceção Pessoal (qualquer matéria de defesa): contra credor e
contra terceiro: Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as
exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em
que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. 
Se nada opôs na hora contra o cedente, não poderá mais fazer. Já as
exceções cabíveis ao cessionário ou à natureza da obrigação podem
ser opostas a qualquer momento, mesmo que não tenham sido feitas
na altura da notificação. 
Num contrato bilateral, caso o cedente não tenha cumprido a
obrigação, pode o devedor exigir o cumprimento pelo cessionário
para que, então, efetue o pagamento. 
Responsabilidade do Cedente = existência do crédito (art.295,
296 e 297): O cedente se responsabiliza com o cessionário apenas
pela existência do crédito e não pela solvência do devedor
(adimplemento do crédito). Observação: “A” se responsabiliza
perante o “B” pela existência do crédito, não pela solvência
(adimplemento) do crédito, salvo se houver disposição escrita,
expressa. 
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se
responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do
crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe
cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. 
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde
pela solvência do devedor. 
Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do
devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os 
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respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e
as que o cessionário houver feito com a cobrança. 
Ex. Eu me comprometi com o cheque de outrem (sua solvência). A
factoring vai cobrar e no caso do devedor não pagar, eu serei
responsabilizado pelo principal mais juros e despesas de cobrança. 
A lei proíbe a cessão de alguns créditos, como por exemplo, o 
crédito penhorado (298): Art. 298. O crédito, uma vez penhorado,
não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da
penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica
exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de
terceiro. 
Uma vez penhorado, o crédito deixa de fazer parte do patrimônio da
pessoa. Por isso, não pode ser objeto de cessão. 
Se o crédito for penhorado não poderá ser transmitido a terceiros,
não poderá ocorrer a cessão. O devedor que pagar, não tendo
notificação dela, fica exonerado. Os direitos de terceiro subsistem
somente contra o credor. 
Legislação 
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a
natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a
cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de
boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. 
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito
abrangem-se todos os seus acessórios. 
Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um
crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou
instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do art. 654. 
Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer
averbar a cessão no registro do imóvel. 
Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a
que se completar com a tradição do título do crédito cedido. 
Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento
da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma
cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título 
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de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de 
escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação. 
Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo
devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito
cedido. 
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe
competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter
conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. 
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se
responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do
crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe
cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. 
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde
pela solvência do devedor. 
Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do
devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os
respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e
as que o cessionário houver feito com a cobrança. 
Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser
transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o
devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado,
subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro. 
ASSUNÇÃO DE DÍVIDA 
Assunção da Dívida (ou cessão de débito): É o negócio jurídico 
bilateral, por meio do qual terceiro assume a responsabilidade da
divida contraída pelo devedor originário, sem que a obrigação deixe
de ser ela própria. (é a mesma dívida). É a alteração do sujeito
passivo da obrigação, também conhecida como assunção de dívida. 
A assunção da dívida acarreta somente na mudança do polo passivo
obrigacional. Todos os encargos e acessórios são mantidos, sendo
repassados para o novo devedor. É necessária a concordância
expressa do credor. 
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Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com
o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor
primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o
credor o ignorava. 
Partes: credor, devedor, terceiro (assuntor). 
Devedor primitivo Credor 
Transfere a dívida CONSENTIMENTO DO CREDOR 
Terceiro (assuntor), novo devedor que assume a obrigação do devedor primitivo. 
Extinguem-se as garantias especiais (aval, fiança, penhor, hipoteca de terceiro) – art. 300: 
Característica: Só pode ser feita com a anuência expressa do credor.
O terceiro, que recebe a dívida responde pelos encargos
obrigacionais, inclusive os acessórios. 
A anuência do credor é indispensável, pois se presume que ele vê na
figura do devedor a certeza de que este tem idoneidade patrimonial
para solver a dívida. 
Uma troca

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