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CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 1 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br AULA EXTRA – OBRIGAÇÕES: MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES, TRANSMISSÃO, ADIMPLEMENTO, EXTINÇÃO E INADIMPLEMENTO. QUESTÕES SOBRE BENS E OBRIGAÇÕES. CONCEITO DE OBRIGAÇÕES O Código Civil não define a obrigação. A “obrigação” é definida pela doutrina: obrigação é vínculo jurídico entre um sujeito passivo (devedor) e um sujeito ativo (credor), tendo como objeto um prestação. Essa prestação consiste em dar, fazer ou não fazer alguma coisa. Pode ser assim representada: OBJETO: SUJEITO PASSIVO PRESTAÇÃO SUJEITO ATIVO DEVEDOR CREDOR O VÍNCULO pode ser representado por esta “seta” acima. A obrigação é um vínculo entre um devedor e um credor. Esse vínculo é jurídico porque é regulado pela ciência do Direito. Por este vínculo jurídico o devedor deve, tem como objeto uma prestação. Esta prestação pode ser de dar (alguma coisa, um bem), de fazer (realizar uma atividade), de não fazer (de se abster de praticar algo), etc. Assim, abre-se para o credor a prerrogativa de exigir (cobrar) seu crédito! CARACTERÍSTICAS: (a) patrimonialidade: sempre envolve patrimônio, direitos patrimoniais, seja em forma de bens, seja em espécie (dinheiro); (b) transitoriedade: a obrigação nasce com a finalidade de extinguir- se, sempre, em algum momento toda a obrigação se extinguirá; CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 2 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br (c) pessoalidade: é relação jurídica entre pessoas, um vínculo que se estabelece sempre entre duas ou mais pessoas: credor e devedor; e (d) prestacionalidade: o objeto é sempre uma atividade, uma prestação que pode ser de dar, fazer ou não fazer alguma coisa certa ou incerta. ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO: São dois os elementos obrigacionais: as partes e o objeto. Partes: a) Sujeito ativo (credor): titular do direito de exigir o objeto obrigacional. b) Sujeito passivo (devedor): titular da obrigação de entrega do objeto obrigacional, ficando com o dever de cumprir a obrigação, entregando para o credor aquilo a que se comprometeu. Objeto: o objeto é sempre uma prestação que se constitui em obrigação de dar (coisa certa ou incerta), de fazer ou de não fazer; Elemento abstrato: o vínculo obrigacional. Fontes das obrigações Fonte, juridicamente, significa origem, o lugar de onde provem algo. Ou seja, de onde nascem ou surgem as obrigações? São três as fontes que geram obrigações (deveres) jurídicas: a) Obrigações que derivam de vontade humana: oriundas de um ato jurídico lato sensu (negócio jurídico, ato jurídico stricto sensu); b) Obrigações que derivam de ato ilícito: seja pelo inadimplemento (total ou parcial) ou pelo cometimento de um delito; e c) Obrigações que derivam direta ou imediatamente da lei: obrigações tributárias, administrativas; a lei diz que alguém é devedor/credor. Nesse caso, a obrigação decorre de disposição de lei. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 3 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES Obrigações contratuais e extracontratuais As obrigações contratuais são aquelas que se originam do descumprimento das cláusulas contratuais. As obrigações extracontratuais, por exclusão, são todas as obrigações que não se originam de descumprimento de contrato. Obrigações civis e naturais: Obrigações civis São obrigações que se caracterizam pela presença do débito que podem ser exigível judicialmente. Uma vez não realizado o objeto da prestação pelo devedor (inadimplemento), surge para ele responsabilidade, possibilidade de sua execução forçada via ação judicial; são ditas obrigações perfeitas ou civis. Obrigações naturais São obrigações (imperfeitas) não passíveis de serem judicialmente exigíveis. Como assim? Imagine dois amigos numa mesa de bar. Eles apostam no jogo de palitinhos, nesses moldes: quem perder em cada rodada do jogo, paga ao outro uma quantia “x”. O amigo perde, porém não paga a “B”. A “B” não é dado o direito de cobrar essa dívida judicialmente porque a dívida de jogo não comporta ser exigível judicialmente! Veja que se o amigo adimplir (pagar) espontaneamente, será sempre tido por válido o pagamento, que não poderá ser devolvido, porém, uma vez não pago, não há como exigi-lo via judicial. Obrigações reais (Propter rem) São as obrigações que decorrem da propriedade sobre um bem. Isso porque a obrigação segue o bem, a coisa. Quem adquire esse bem, adquire automaticamente essa obrigação real, decorrente da coisa (real = res = coisa). O adquirente do bem vai se tornar devedor, mesmo sem querer, em decorrência de sua condição de dono desse bem. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 4 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Exemplo: a lei determina que quem compra um apartamento com dívida de condomínio assume esta obrigação, embora tenha sido o dono anterior que não pagou a taxa. A obrigação está vinculada à coisa, por isso chama-se obrigação real (res = coisa). Esta vinculação da obrigação à coisa, qualquer que seja seu dono, deriva da sequela, que é uma característica dos Direitos Reais. Sequela significa seguir: a obrigação segue a coisa, não importa quem seja seu dono. O proprietário da coisa assume a obrigação automaticamente, apenas pelo fato de ter sucedido o dono-devedor anterior na propriedade da coisa. OBRIGAÇÕES DE DAR O Código Civil abre o título das obrigações tratando das obrigações de dar (Arts. 233 a 246, do Código Civil): Ocorre quando o sujeito passivo (devedor) compromete-se a entregar ao sujeito ativo uma coisa que pode ser certa ou incerta. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA (Arts. 233 a 242, do Código Civil) Coisa certa é aquela individualizada, detalhada, identificada quanto a número, modelo, marca, etc. Exemplo: o devedor deve ao credor o cavalo da raça quarto de milha de nome Neon, pedigree número 123. Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. A obrigação de dar coisa certa abrange também os acessórios da coisa, exceto se não houver possibilidade, ou o contrário tiverem ajustado as partes. OBRIGAÇÃO DE DAR DE RESTITUIR COISA INCERTA COISA CERTA CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 5 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Perda da coisa certa: A perda coisa (bem) significa que essa coisa já não mais existe, significando sua extinção. Perda (extinguir)/Deterioração (avariar) - arts 234 e 238 Perda é o desaparecimento completo da coisa para fins jurídicos (incêndio, furto, morte de animal, etc). Sempre que ocorre a perda ou deterioração do bem/coisa, deve-se identificar se houve ou não culpa do devedor. Se a coisa se perde, sem culpa do devedor, antes da tradição (entrega), ou pendente a condição suspensiva, resolve-se (extingue- se) a obrigação (o devedor devolve o dinheiro ao credor). O único prejudicado é o devedor (proprietário). No entanto, se houver culpa do devedor, este responderá pelo valor equivalente mais perdas e danos. Perda da coisa sem culpa do devedor: “A” se obriga a entregar um cavalo à “B”. Antecipadamente “B” efetuou o pagamento; mas no dia anterior ao da entrega, o cavalo morre. Neste caso haverá a devolução do pagamento e resolve-se(extingue-se) a obrigação, sem pagamento de indenização a título de perdas e danos. Perda da coisa com culpa do devedor: a culpa do devedor é tomada no sentido amplo (dolo ou culpa em sentido estrito). O dolo é a intenção de prejudicar alguém; a culpa decorre da negligência, imperícia e imprudência. Neste caso, se a coisa se perder com culpa do devedor, resolve-se a obrigação, porém cabe ao prejudicado uma indenização por perdas e danos. É o mesmo caso anterior da obrigação de entregar um cavalo; porém, aqui o devedor aplica, ele mesmo uma injeção no cavalo, que por imperícia, vem a falecer (por culpa do devedor). Nesse caso, ele pagará o valor equivalente mais perdas e danos. É importante saber que se a coisa/bem se perde após a tradição, o risco é do credor (comprador). Com a entrega o devedor ficou livre de todos os riscos. Se a coisa estava à disposição do adquirente (comprador), por conta deste correm os riscos, salvo se houve fraude ou negligência do devedor. Quando a coisa sofre danos sem desaparecer temos a deterioração. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 6 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Deterioração da coisa sem culpa do devedor (art.235 CC): se não há culpa do devedor não podemos falar de perdas e danos; neste caso o credor tem duas opções: ou resolve-se a obrigação (o devedor devolve o dinheiro ao credor sem perdas e danos), ou o credor fica com a coisa, no estado em que se encontrar, abatendo o valor do que se perdeu. Deterioração da coisa com culpa do devedor: (art. 236 CC) neste caso, se a deterioração da coisa foi por culpa do devedor, o credor terá a opção de exigir o equivalente à coisa, ou ficar com a coisa no estado que se encontrar, abatendo o preço da desvalorização em ambos os casos com perdas e danos. Veja o esquema abaixo: Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente (obrigação de dar coisa certa), a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição (entrega), ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. + Caso ocorra a perda (extinção da coisa; no exemplo do cavalo, ocorreu a morte) da coisa certa e ainda esteja pendente condição suspensiva, ou ocorre antes da tradição (entrega), sem culpa do devedor, a obrigação fica resolvida (extinta) para ambas as partes, sendo a perda considerada a causa de extinção da obrigação sem o correspondente pagamento. Ao contrário, se o devedor agiu com a culpa para a perda da coisa certa, este responderá pelo equivalente, acrescido de perdas e danos. Você aprendeu na aula sobre responsabilidade civil que o Código Perda da coisa certa Com culpa do devedor Sem culpa do devedor Resolve (extinção) a obrigação Perdas e danos Devedor paga o valor equivalente CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 7 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br exige, pelo menos a culpa, para que haja a responsabilidade civil (indenização por perdas e danos). Assim, todas as vezes que o devedor agir com culpa, pagará a indenização de perdas e danos. No exemplo do cavalo, se este morreu por culpa de devedor, este pagará o valor equivalente do cavalo (p. ex., R$ 200 mil reais, já que é um cavalo de raça + indenização de perdas e danos). Deterioração da coisa certa: Na deterioração, a coisa, o bem ainda existe, porém está deteriorada. Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos. ou ou Com a deterioração da coisa certa, a coisa certa continua a existir, porém danificada, depreciada. Observa-se se houve ou não culpa do devedor pela deterioração da coisa. Deterioração da coisa certa Com culpa do devedor Sem culpa do devedor Perdas e danos Exige o equivalente Credor Resolver a obrigação Aceita a coisa abatida do valor Credor Aceita a coisa no estado CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 8 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Se o sujeito passivo não concorreu com culpa no fato, o credor ficará com a opção de resolver (tornar extinta) a obrigação ou aceitar a coisa no estado em que se encontrar, desde que abatido o preço equivalente à deterioração. Se a coisa certa se deteriorou por culpa do devedor, o credor poderá, de forma facultativa, exigir o equivalente à coisa ou aceitá-la no estado em que se encontra, podendo reclamar em ambos os casos indenização por perdas e danos. Melhorias ou melhoramentos na coisa (no bem): Art. 237. Até a tradição (entrega) pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. Os melhoramentos que se acrescentem à coisa certa antes da entrega (tradição) pertencem ao sujeito passivo que, ao entregar a coisa para o sujeito ativo, poderá exigir aumento do preço em decorrência destes melhoramentos, podendo resolver-se a obrigação se o credor não anuir com o acréscimo do preço. Os frutos já colhidos (percebidos) pertencerão ao devedor; os frutos pendentes (ainda não colhidos) terá direito o credor. OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR (DEVOLVER) Agora se trata da obrigação de restituir: o devedor tem que devolver alguma coisa ao credor. Exemplo: “A” empresta um livro ao seu amigo “B”. “B”, sujeito passivo (devedor) tem a obrigação de devolver o livro ao sujeito ativo “A” (credor), que possui o direito de exigi-lo. Segue a mesma sistemática da obrigação de dar coisa certa. Obrigações de restituir: Vou iniciar com um exemplo: o inquilino tem a obrigação de restituir o imóvel ao final do contrato. A obrigação de restituir tem como objetivo a transferência temporária da coisa para uso ou fruição (gozo). CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 9 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Pelo art. 241 haverá lucro para o credor se o devedor não participou das reformas do imóvel, por exemplo, se quem asfaltou foi a Prefeitura. Nesse caso, o lucro é para o credor. O lucro será para o devedor se participou com seu trabalho (Art. 242 CC). Perda (desaparecer/extinguir) e Deterioração (danificar/deteriorar): Perda da coisa sem culpa do devedor na obrigação de restituir coisa certa: art. 238 - o credor suportará a perda da coisa; ele nada poderá exigir do devedor (a coisa perece para o dono - “res perit domino”) - Ex: “A” empresta um veículo à “B” e este é assaltado; nesse caso “A” perde a coisa, suportará o prejuízo sem exigir nada do devedor. Se na vigência de uma locação o imóvel for destruído sem culpa do devedor, o credor não será restituído - art. 238. Perda da coisa com culpa do devedor na obrigação de restituir coisa certa: art. 239: o devedor responderá pelo equivalente (sem restituir a coisa no estado que se encontrar) da obrigação mais perdas e danos. A resolução acontece com perdas e danos. Ex. se no caso do empréstimo do veículo, “B” causa acidente vindo o veículo a ter perda total, terá que pagar o valor equivalente ao veículo mais perdas e danos. Deterioração da coisa sem culpa do devedor na obrigação de restituir: (art. 240 CC) segue o mesmo raciocínio da perda semculpa, a coisa perece para o credor, a única possibilidade que o credor tem será a de exigir a coisa no estado em que se encontrar. O credor pode exigir o equivalente ou aceitar a coisa no estado que se encontrar, com direito a reclamar, em qualquer das duas hipóteses, indenização das perdas e danos. Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos. Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 10 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização. Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé. Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa- fé ou de má-fé. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA (Arts. 243 a 246, do Código Civil) Coisa incerta é tudo aquilo que não pode ser individualizado, mas que deve ser ao menos indicado quanto a seu gênero e quantidade. Exemplo: “A” se obriga perante a “B” a dar 200 kg (quantidade) de café (gênero). Note que inicialmente a coisa é incerta porque no momento da obrigação somente se ajusta o gênero e a quantidade. No momento em que a qualidade (café união) é escolhida, a coisa passa a ser certa. E daí em diante se rege pelas regras da obrigação de dar coisa certa. Na obrigação de dar coisa incerta, como regra, o devedor é quem deve fazer a escolha a qualidade (marca, modelo) da coisa que será entregue ao credor e, neste caso, aplica-se o princípio da equivalência, segundo o qual não se pode entregar a pior coisa quando se está obrigado a entregar melhor. Porém, as partes podem ajustar que a escolha seja efetuada pelo credor. Quando a escolha couber ao devedor, enquanto este não designar qual coisa irá entregar, não poderá ser alegada a perda ou a deterioração da coisa, ainda que decorrentes de força maior ou caso fortuito. Isso porque o gênero nunca perece. Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 11 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor (regra), se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente (rege-se pelas obrigações de dar coisa certa). Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. A norma do art. 246 ocorre porque o gênero NUNCA se perde totalmente. É o caso do devedor que alega que não pode entregar o café da marca “X” porque esta marca está em falta no mercado. Essa escusa (desculpa) não é admitida, tendo em vista que outras marcas estão disponíveis, tendo, então que cumprir a obrigação! OBRIGAÇÕES DE FAZER (Arts. 247 a 249, do Código Civil) Ocorre quando o devedor compromete-se para com o credor a fazer (a realizar) determinado fato, atividade, ato. A obrigação de fazer poder ser personalíssima e não personalíssima. Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos. Obrigação de fazer personalíssima: A obrigação de fazer ajustada sobre as qualidades da pessoa; assim não pode ser realizada por terceira pessoa. Exemplo: contratação de um show a ser realizado por um cantor famoso ou a pintura de um quadro por um pintor famoso. Assim, a obrigação infungível ou personalíssima não admite que terceiro a cumpra no lugar do devedor, porque ele devedor é quem deverá cumpri-la pessoalmente. Caso a obrigação personalíssima se torne impossível de cumpri-la, sem que o devedor tenha concorrido com culpa, estará ela resolvida, extinguindo-se a obrigação sem o pagamento. Porém, se o devedor tenha concorrido com culpa para impossibilidade da prestação, este deverá arcar com as perdas e danos. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 12 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Obrigação de fazer personalíssima ou infungível: Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível. Obrigação de fazer não personalíssima ou fungível: A obrigação de fazer não personalíssima permite que o devedor se obrigue, mas admite que ela possa ser cumprida por terceira pessoa no lugar do devedor. Assim, a obrigação pode ser executada por terceiro, e o credor pode mandar executar a obrigação à custa do devedor e, caso este se recuse ou se constitua em mora, de ainda pleitear perdas e danos. Em caso de urgência no cumprimento da obrigação de fazer não personalíssima (fungível), o credor, independentemente de autorização judicial, poderá executá-la ou mandar um terceiro fazê- lo, sendo ressarcido posteriormente. Obrigação de fazer fungível: Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER (Arts. 250 a 251, do Código Civil) Ocorre quando o devedor compromete-se perante o credor a não fazer (a não realizar, a se abster) determinada coisa ou a não praticar determinando ato. Se o devedor descumprir a obrigação, praticando o ato que se comprometeu a não praticar, o credor poderá exigir que o devedor desfaça-o, sob pena de mandar o credor desfazê-lo à custa do devedor, sem prejuízo das perdas e danos. Entretanto, em caso de comprovada urgência, o credor poderá desfazer ou mandar que terceiro desfaça o ato independentemente de autorização judicial, sendo ressarcido do devido. Mas a obrigação de não fazer ficará resolvida para ambas as partes se tornar-se CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 13 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br impossível, para o devedor, abster-se do ato. Isto, da mesma forma, consistirá em causa de extinção da obrigação sem o pagamento. Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS (Arts. 252 a 256, do Código Civil) Conceito: são aquelas obrigaçõesque têm por objeto duas ou mais prestações, porém apenas uma deverá ser cumprida. Tal obrigação dará a opção ao devedor ou credor de escolher pela obrigação a ser cumprida. São aquelas nas quais existe mais de um modo pelo qual a prestação pode ser cumprida pelo devedor (Art. 252). Este se exonera ao prestar qualquer delas. Exemplo: o devedor ou paga o cavalo ou paga os R$ 200 mil. Concentração: chama-se concentração o ato de escolha da coisa/bem. Regra geral, a escolha caberá ao devedor se não se estipulou outra forma, não podendo este, contudo, cumprir parcialmente uma ou outra. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação, ou se tornar inexequível, subsistirá o débito em relação à outra (Art. 253). Regra: Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. § 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. § 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas (exemplo: aluguel), a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 14 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br § 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. § 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes. Para que a obrigação seja alternativa, esta deve vir expressa no contrato, ou seja, ela não se presume. A condição terá que estar expressa que é uma coisa ou outra; a conjunção OU deverá constar no contrato. Após a escolha/concentração a obrigação passa a ser a de Dar Coisa Certa, de Fazer ou Não Fazer. Impossibilidade de cumprimento da obrigação alternativa Impossibilidade de cumprimento de UMA das prestações: Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra. Ex. “A” deve entregar a “B” um cavalo ou um terreno. Se o cavalo morre, “A” deve entregar o terreno. Impossibilidade de cumprimento de NENHUMA das prestações com escolha do Devedor - art. 254: Devolve-se o valor da última prestação + Perdas e Danos. Art. 254: Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determina. Impossibilidade de cumprimento de UMA das prestações por culpa do devedor + com escolha do Credor - art. 255: O credor escolhe o valor de qualquer uma das prestações + Perdas e Danos. Art. 255: Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 15 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. Impossibilidade de cumprimento de AMBAS as prestações por culpa do devedor + com escolha do Credor - art. 255: Art. 255: Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. Impossibilidade de cumprimento de TODAS as prestações + SEM culpa do devedor - art. 256: Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação. Se ambas tornarem-se impossíveis devolve-se o valor da coisa e resolve-se a obrigação. Obrigação Cumulativa (Conjuntiva): São aquelas que possuem em sua prestação vários objetos ou várias obrigações que deverão ser cumpridas integralmente, sem exclusão de qualquer uma delas, sob pena de se haver por não cumprida (o devedor continuará inadimplente ou em mora). Exemplo: “A” deve o cavalo e o terreno. Só se desobriga pagando as duas coisas. Obrigação Facultativa: É aquela que, tendo por objeto uma só prestação, concede ao devedor a faculdade de substituí-la por outra. Essa faculdade ou opção pode derivar de convenção especial (acordo) ou de expressa disposição de lei (art. 157, § 2°): Art. 157, § 2°: Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 16 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Exemplo: alguém faz um consórcio de uma moto, porém ao ser contemplado pode escolher um carro. Distinção entre obrigação alternativa e obrigação facultativa: Na alternativa, a obrigação se extingue com a entrega de um dos dois ou mais objetos existentes. Há pluralidade de objetos e todos são devidos até que se entregue um deles. Na facultativa existe um objeto devido apenas e o devedor pode exonerar-se dela oferecendo outro no lugar daquele. Não pode ser obrigado pelo credor a dar outro bem. Ocorrendo o perecimento sem culpa do devedor, nas obrigações alternativa (todos os objetos sem culpa) e facultativa serão extintas as obrigações. OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS (Arts. 257 a 263, do Código Civil) Uma primeira informação: a divisibilidade/indivisibilidade diz respeito, está relacionada ao objeto da prestação. A solidariedade diz respeito aos sujeitos da relação obrigacional (sujeito ativo credor e sujeito ativo devedor). Obrigações divisíveis São aquelas que podem ser executadas parceladamente, ou seja, em prestações (Art. 257). Exemplo: o devedor deve R$ 10.000,00; paga em cinco parcelas iguais de R$ 2.000,00. Exemplo: o devedor deve 200 kg de café e paga em quatro prestações de 50kg. Você aprendeu na aula sobre bens que um bem divisível é aquele que pode, admite ser fracionado e que cada fração/porção conserva a substância do todo. Na obrigação divisível, o objeto da prestação pode ser paga em parcela. Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. Exemplo: se “A” deve R$ 30,00 aos credores “B”, “C” e “D”, e sendo divisível a obrigação, isto pressupõe que “B”, “C” e “D” têm direito a receber de “A”, R$ 10,00 cada um. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 17 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br SOLIDARIEDADE X INDIVISIBILIDADE Subjetiva: a solidariedade ocorre entre os sujeitos da relação jurídica. Objetiva: a (in) divisibilidade diz respeito ao objeto da prestação. Origem na lei ou no contrato: a solidariedade não se presume. Origem na natureza da obrigação (é a própria natureza). Cada devedor paga por inteiro porque deve por inteiro. Na indivisibilidade cada devedor paga por inteiro porque a coisa/bem não pode ser dividida: cavalo. Converte-se em perdas e danos e o vínculo se mantém (os atributos permanecem). Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. Converte-se em perdas e danos e desaparece a indivisibilidade (os atributos não permanecem). Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. §1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. § 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. Obrigações indivisíveis: São aquelas que não admitem pagamento em parcelas por sua natureza, por motivos de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico (Art. 258). Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível (indivisível), cada um será obrigado pela dívida toda. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 18 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados. Para exemplificar o art. 259, imagine três devedores que devem o cavalo ao credor. O cavalo é um bem indivisível. Assim, cada um dos devedores está obrigado a dívida inteira (cavalo), já que este não pode ser dividido. Do mesmo modo, se a pluralidade for de credores e a obrigação for indivisível, cada credor pode exigir a dívida inteira. Aos demais credores assistirá o direito de exigir do credor que receber a prestação por inteiro, a parte que lhes cabia no total em dinheiro. Veja o artigo 260 e 261: Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. PERDÃO (REMISSÃO) DA DÍVIDA: Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão. O art. 263 dispõe: Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. Vou explicar o passo a passo deste artigo: imagine uma prestação indivisível: a obrigação de entregar o cavalo. Se a obrigação se resolve em perdas e danos (indenização) significa que o cavalo morreu, já não existe, houve, portanto, a perda (perecimento) do objeto da prestação. O artigo diz que “perde a qualidade de indivisível (se torna divisível), a obrigação que se resolver em perdas e danos”. Isso decorre do fato da indenização por perdas ser prestação paga em dinheiro e dinheiro é divisível (salvo se se ajustar que a prestação CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 19 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br em dinheiro será indivisível). A obrigação indivisível perde tal característica se for resolvida em perdas e danos. § 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. § 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS (Arts. 264 a 285, do Código Civil) A solidariedade no direito das obrigações ocorre quando, em decorrência da mesma relação jurídica, a obrigação estabelece-se entre dois ou mais credores (solidariedade ativa) ou dois ou mais devedores (solidariedade passiva), tendo cada um deles (credor) direito a exigir a dívida toda ou a ela ficando obrigado (devedores), respectivamente (Art. 264). Imagine três credores solidários “A”, “B” e “C” e um devedor “D”. O devedor deve R$ 9.000,00. Pela solidariedade ativa, cada um dos credores (tanto o credor “A”, como o credor “B” e o “C”) pode exigir do devedor a dívida inteira (R$ 9.000,00). Como assim, o devedor deve R$ 9.000,00 e vai pagar R$ 27.000,00? Não! não vai pagar mais do que o débito. Todos os credores podem cobrar o valor total, mas quando o primeiro deles receber repassa a cota parte de cada um dos outros credores. Pela solidariedade, os credores ganham tempo e praticidade ao cobrar seu crédito. A solidariedade pode ser mista, situação em que existirão vários credores e vários devedores na mesma obrigação. Porém, a solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes (Art. 265). Ou seja: a lei diz que alguém, que determinada pessoa é responsável ou esta pessoa por vontade própria assume, se torna solidariamente obrigado a uma determinada prestação. Se determinada obrigação nada disser a respeito da solidariedade é porque ela não é solidária, porque esta não se presume, devendo estar expressa. A solidariedade pode ser pura e simples ou estar sujeita à condição, ao prazo ou ao encargo (Art. 266). CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 20 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Características da solidariedade: 1. A prestação é única ou “unidade na prestação”: qualquer que seja o número de devedores e credores o débito/crédito é sempre único; 2. Pluralidade e Independência do vínculo: o vínculo que une os devedores é um e o que une os credores é outro. Não há vínculo entre devedores e credores, apenas entre si. O credor está para exigir dos devedores solidários e os devedores estão para cumprir com os credores solidários; 3. Unidade de causa: a causa é única. A dívida solidária é suportada por igual por todos os devedores. O contrato é um só para todos: credores e devedores. Todos os devedores assumem a dívida de uma só vez quando assinam o contrato. 4. Dívidas solidárias: a origem é comum: três irmãos que vão ao banco pedir um empréstimo; 5. Dívida “In solidum”: Pela dívida in solidum não existe solidariedade entre os devedores porque não existe uma origem comum na obrigação. Embora ligados por um mesmo fato, os liames que unem os devedores ao credor são independentes. Suponhamos um caso de incêndio em uma fábrica segurada, causada por culpa de terceiro. Tanto a seguradora como o Terceiro (autor do incêndio) devem à vítima a indenização pelo prejuízo; a seguradora no limite do contrato e o agente pela totalidade. A vítima pode reclamar a indenização de qualquer um deles e o pagamento efetuado por um libera o outro devedor. Porém, não existe solidariedade entre os devedores porque não existe uma causa comum, uma origem comum na obrigação. A responsabilidade da seguradora tem origem no contrato e a do terceiro decorre do ato ilícito - art. 186. Solidariedade Ativa Conceito: Havendo vários credores, pode cada um exigir do devedor comum a prestação por inteiro; e o devedor se libera da dívida pagando a qualquer um dos credores. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 21 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Ocorre quando cada um dos credores tem o direito de exigir do devedor o cumprimento da obrigação por inteiro, denominado de direito individual de persecução (Art. 267). Aqui cada um dos credores pode exigir do devedor o objeto da prestação por inteiro, não porque este seja indivisível, mas porque assim foi ajustado. O devedor de obrigação solidária, enquanto não for demandado, poderá pagar a qualquer dos credores (Art. 268). Neste caso, o pagamento efetuado pelo devedor a qualquer dos credores solidários extinguirá a obrigação (Art. 269), o mesmo ocorrendo em caso de novação, de compensação ou de remissão (Art. 272). Efeitos da solidariedade:1. A vantagem é que qualquer credor pode exigir a totalidade da dívida: Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro. 2. Quanto ao Pagamento e Remissão (Perdão): Arts. 268, 269 e 272: Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. Ex. Se “D” cobrar judicialmente “C”, este terá que pagar preferencialmente a “D”, que recebe em nome de todos os credores. Caso nenhum dos credores cobrem de “C”, este poderá pagar a qualquer um dos credores. Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. Ex. Se “A” pagou R$ 100,00 a “B” de uma dívida de R$250,00, continua devendo R$150 aos credores. Art. 272. O credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba. Ex. Se o credor “X” perdoar a dívida completa, “Y” não vai pagar nada a nenhum credor; porém “X” responderá perante com o débito perante os outros credores (pagará a quota parte de cada um). Caso CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 22 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br “X” dê a remissão (perdão) a “Y” de sua quota parte, “Y” responderá perante os outros credores pelo restante do crédito. 3.Quanto às Perdas e Danos (Art. 271): Subsiste a solidariedade: Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. Caso a prestação converta-se em perdas e danos, subsistirá a solidariedade e em favor de todos os credores, correndo, inclusive, juros de mora (Art. 271). Veja a comparação entre o art. 271 e o art. 263, muito cobrados em concurso: Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. (Aqui trata da obrigação indivisível). Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. (Aqui trata da obrigação solidária). Lembra do exemplo do cavalo (obrigação indivisível) que morreu e a prestação se converteu em perdas e danos? Pois bem! Perdas e danos é dinheiro; dinheiro é bem divisível. Ou seja: perde a indivisibilidade (se torna divisível) a obrigação que se converte em perda e danos. Já na solidariedade, raciocine: mesmo que o objeto da prestação se converta em perdas e danos, em absolutamente nada interfere na solidariedade; isso porque a solidariedade recai sobre os sujeitos (ativo e/ou passivo) e não sobre o objeto da prestação. 4. Quanto às Exceções Pessoais: Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. Exceção significa defesa pessoal. É matéria de Defesa. 5. Julgamento: O julgamento desfavorável a um credor não prejudica os demais. Se for favorável beneficia os demais. Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 23 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br 6. Morte (Art. 274 e 270): Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. Credores solidários E F G G Herdeiros de G (H I J K) Solidariedade Passiva Conceito: Ocorre quando cada um dos devedores solidários poderá ser demandado para cumprir a integralidade da obrigação assumida por todos. É a que obriga todos os devedores ao pagamento total da dívida; reforça o vínculo e facilita o adimplemento. Efeitos da Solidariedade Passiva: 1. Pagamento Total e Parcial: O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto (Art. 275). Cada um dos herdeiros só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. Morreu deixando herdeiros: H, I, J e K) Cada um deles só pode exigir a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão de herança (a sua própria quota parte), salvo se a obrigação for indivisível (entrega de um cavalo). CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 24 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Importante ressaltar que não significa que o credor renunciou a solidariedade à propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores (Art. 275, parágrafo único). Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível, mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores (Art. 276). O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada (Art. 277). Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes (Art. 278). O credor tem o direito de exigir e receber de um ou alguns dos devedores a dívida comum, e, ocorrendo impossibilidade do cumprimento da prestação por culpa de um dos devedores, subsistirá aos demais o encargo de pagar o equivalente, porém, por perdas e danos só responderá o culpado (Art. 279). Caso seja proposta uma ação contra um dos obrigados, todos responderão pelos juros de mora, mas aquele que der causa à situação responderá aos demais pela obrigação acrescida (Art. 280). Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores. Art. 284. No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 25 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Exemplos: Se existem três devedores e um deles paga toda a dívida, todos se exoneram e o que pagou tem direito de regresso contra os outros dois. Se existem três devedores e um deles paga a dívida parcialmente, todos ficam responsáveis pelo restante. Se numa dívida de R$ 300,00 com três devedores, um deles se torna insolvente, os outros dois devedores terão que pagar toda a dívida: Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele pagar. Numa dívida de R$300,00 “A” foi exonerado por “D” (credor), e “C” ficou insolvente. Se “C”fica insolvente, “A” volta a ser devedor juntamente com “B”. 2. Renúncia (Art. 282): Se a solidariedade for legal, a renúncia poderá dar-se verbalmente ou por escrito ou pela renúncia tácita (atos inequívocos que ensejam renúncia ao benefício). Para que o credor possa demandar os codevedores solidários remanescentes, cumprirá abater no débito a quantia que foi perdoada. Ex. A, B e C são devedores solidários de D pela quantia de R$ 30.000,00. “D” renuncia a solidariedade em favor de “A”, perdendo então o direito de exigir dele uma prestação acima de sua parte no débito: R$ 10.000,00. Nesse caso, ”B” e “C” responderão solidariamente por R$ 20.000,00, abatendo da dívida inicial de R$ 30.000,00 a cota de “A” (R$ 10.000,00). Assim, os R$ 10.000,00 restante só poderá ser reclamado daquele que se beneficiou da renúncia da solidariedade. Se a renúncia for total ou absoluta extinguir-se-á a obrigação solidária passiva, surgindo em seu lugar uma obrigação conjunta, em que cada devedor responderá tão somente por sua parte, pois o CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 26 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br débito será rateado entre os codevedores, visto que a obrigação torna-se pro rata em relação a todos (art.282). Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais. Art. 284. No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. Ex. Se numa dívida de R$300 “A” foi exonerado por “D” (credor), e “C” ficou insolvente. Se “C” fica insolvente, “A” volta a dever junto com “B”. A renúncia equivale a exoneração; a remissão equivale ao perdão. 3. Cláusula Adicional (Art. 278): Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes. Não tem efeito, eficácia, qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional que agrave a posição dos outros devedores, se realizada sem consentimento. Ex: Caso exista uma dívida de 12 meses a 2% e “A” vai ao banco e negocia esta dívida a 36 meses a 10% , isto é numa condição pior que a anteriormente contratada, essa nova negociação ela passa a não valer para “B” e “C”, salvo se “B” e “C” der consentimento. 4. Impossibilidade da Prestação (Art. 279 CC) Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. Ex. Os devedores não puderam entregar a coisa/bem por culpa de “C”. A obrigação permanece para os três e “C” responde por perdas e danos. 5. Juros da Mora (Art. 280 CC) Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 27 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Ex: “A” deu ensejo q que o pagamento fosse realizado em atraso gerando juros de mora. Nesse caso, todos os devedores (“A”, “B” e “C”) pagam e “B” e “C” cobram (têm direito de regresso) de “A”. 6. Exceções Pessoais – (Matéria de Defesa) - (Art. 281): Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor. O devedor “C” ao se defender num processo pode por como meio de defesa contra o credo “X” as exceções (defesas) que lhe forem pessoais (as que dizem respeito a ele e ao credor), como também as defesas comuns (defesas que digam respeito, que sejam comuns a todos os devedores), mas “C” não pode alegar como defesa, por exemplo, uma dívida que o credor “X” tenha para com o devedor “B”. 7. Morte (Art. 276 ): Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário. Legislação das Obrigações Solidárias Seção I - Disposições Gerais Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. Seção II - Da Solidariedade Ativa Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 28 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba. Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve. Seção III - Da Solidariedade Passiva Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores. Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 29 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes. Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos, o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções quelhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor. Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais. Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores. Art. 284. No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar. Outras modalidades de obrigações Obrigações de meio, de resultado e de garantia Nas obrigações de resultado a execução considera-se atingida quando o devedor cumpre objetivo final; nas de meio, a inexecução caracteriza-se pelo desvio de certa conduta ou omissão de certas precauções a que alguém se comprometeu, sem se cogitar do resultado final. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 30 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Obrigações de meio Nas obrigações de meio deve se aferir se o devedor empregou boa diligência no cumprimento da obrigação. Ele não possui obrigação de atingir um resultado “tal”. O descumprimento deve ser examinado na conduta do devedor, de modo que a culpa não pode ser presumida; o credor há de prová-la. Exemplos: contrato de prestação de serviços advocatícios, contrato de prestação de serviços médicos. Obrigações de resultado Nas obrigações de resultado deve ser aferido se o resultado desejado foi alcançado. Só assim a obrigação será cumprida. Sua inexecução implica falta contratual. Aqui, há a presunção de culpa, presume-se a culpa. Exemplos: contrato de transporte, contrato de reparação de um bem. Obrigações de garantia A obrigação de garantia é a que se destina a propiciar maior segurança ao credor, ou eliminar risco existente em sua posição, mesmo em hipóteses de fortuito (eventualidade) ou força maior, dada a sua natureza. É subespécie de obrigação de meio. É o caso do contrato de seguro. Obrigações de execução instantânea, diferida e continuada Obrigação de execução instantânea É a obrigação cuja contraprestação por parte do devedor é simultânea (ao mesmo tempo) à prestação efetuada pelo credor. Exemplo: contrato de compra e venda à vista. O comprador paga e o vendedor entrega o bem, a coisa. Obrigação de execução diferida É o tipo de obrigação cuja contraprestação a adimplida pelo devedor é diferida no tempo (pro futuro, mas de uma só vez) em relação à prestação efetuada pelo credor. Exemplo: contrato de compra e venda com pagamento do valor total para 30 dias. Obrigação de execução continuada É o tipo de obrigação cuja contraprestação a ser adimplida pelo devedor é continuada (periódica, em prestações: aluguel) no tempo CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 31 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br em relação à prestação efetuada pelo credor. Exemplo: contrato de locação. Obrigações puras, condicionais e a termo Obrigação pura Trata-se das obrigações que não estão sujeitas à condição, à termo ou à encargo. O credor pode exigir o cumprimento imediato, com o vencimento da obrigação. Obrigação condicional A condição subordina a obrigação a evento futuro e incerto. Exemplo: recebimento de um prêmio a quem ganhar uma competição. Obrigação a termo O exercício do direito do credor será realizado no futuro, não impedindo a aquisição do direito, cuja eficácia fica apenas suspensa. Obrigações líquidas e ilíquidas Obrigações líquidas A obrigação é líquida quando é certa, quanto à sua existência, e determinada, quanto ao seu objeto: permite a imediata identificação do objeto da obrigação, sua qualidade, sua quantidade e sua natureza. Sabe-se o valor exato, por exemplo. Obrigações ilíquidas A obrigação é ilícita quando depende de prévia apuração para a verificação de seu exato objeto ou quantia. Se se trata de apuração em dinheiro, é seu exato montante que deve ser apurado. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 32 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES A obrigação se constitui (sujeito ativo – objeto da prestação – sujeito passivo), porém admite alteração, como por exemplo, a transferência de sujeito. A transmissão (cessão) da obrigação representa sucessão ativa (credor) ou passiva (devedor). Ainda que haja a transmissão da obrigação, em nada altera a substância da relação jurídica, que permanecerá igual, porque impõe a mesma relação jurídica transmitida ao novo sujeito (cessionário); este (cessionário) deriva do sujeito primitivo (cedente). A transmissão da obrigação pode ocorrer por cessão de crédito, assunção de dívida e cessão de contrato. A cessão de crédito é a transferência à terceiro de crédito contra o devedor; a assunção de dívida é a transferência de débito a terceiro; e a cessão de contrato se trata da transferência inteira de créditos e débitos, de direitos e obrigações derivados de um contrato bilateral já ultimado, mas de execução não concluída. CESSÃO DE CRÉDITO Imagine a seguinte situação: o cliente (devedor) realizou uma compra numa empresa (credora) para pagamento em 30 dias. Imagine que a empresa credora necessite de liquidez imediata. Assim, a empresa (cedente) cede seu crédito a uma factoring (cessionária), que lhe adianta o dinheiro, descontando juros e taxa de administração. Isso é a cessão de crédito, que pode ser representada pelo desenho: CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 33 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br CONTRATO DE COMPRA E VENDA CREDOR DEVEDOR CEDENTE CEDIDO CEDE SE CREDITO FACTORING (CESSIONÁRIA) - Terceiro CONCEITO: É a mudança do sujeito ativo da obrigação. Ocorre entre o credor e terceiro, alheio ao negócio jurídico inicial. É o negócio jurídico onde o credor de uma obrigação, chamado cedente, transfere a um terceiro, chamado cessionário, sua posição ativa na relação obrigacional independentemente da autorização do devedor que se chama cedido. Cessão de Crédito: É um negocio jurídico bilateral onde o credor transfere a terceiro seu direito de credito contra o devedor (o devedor é notificado da cessão de crédito e transmite o valor direto para o cessionário). Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 34 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios. O devedor (cedido) não participa necessariamente da cessão. Sua anuência é dispensada. Ele tem apenas o direito de ser NOTIFICADO (INFORMADO) da cessão. Decore bem isso para a prova: o credor deve NOTIFICAR o devedor da cessão (transferência) do crédito. Decore: NÃO HÁ NECESSIDADE DO CONSENTIMENTO (ANUÊNCIA) DO DEVEDOR. O devedor não é parte do negócioentre cedente e cessionário, e deve ser notificado para efetuar o pagamento. Ou seja, se faz necessária a escritura pública para ser eficaz (ou particular com procuração). O devedor precisará apenas ter ciência. O negócio jurídico só será eficaz após a comunicação formal (notificação= tomar ciência formal da cessão): Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia (não produz eficácia) em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita. Ou seja, se faz necessária a escritura pública para ser eficaz (ou particular com procuração). O devedor precisará apenas ter ciência. O negócio jurídico só será eficaz após a comunicação formal (notificação= tomar ciência formal da cessão). Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação. Pelo artigo 292, o devedor deve pagar ao cessionário; porém, se ele paga ao cedente porque ainda não tinha conhecimento da cessão do crédito (não tinha sido notificado), o pagamento é considerado válido. No caso de ter sido feito mais de uma cessão, também é válido o pagamento por parte do devedor a quem lhe apresente o título de cessão. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 35 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Se o devedor foi notificado e mesmo assim paga ao credor primitivo não se desobrigará quanto ao cessionário, pois quem paga mal, paga duas vezes. Tanto o cedente quanto o cessionário podem notificar o devedor. Caso a obrigação seja solidária, todos os codevedores devem ser notificados. A notificação pode ser expressa ou presumida. A expressa é a comunicada pelo credor. A presumida é a que resulta da espontânea declaração de ciência do devedor. Partes: a) Credor = cedente; b) Terceiro = cessionário; c) Devedor = cedido. Classificação: 1) Onerosa : venda do crédito a um terceiro (no exemplo da factoring). Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. Ex: a empresa troca o cheque pré datado de seu cliente na factoring; esta desconta a taxa de juros, de administração e adiante o restante do valor à empresa. A transferênc ia (cessão do crédito) pode ser onerosa ou gratu ita: o t e r c e i r o p o de c o mp r a r o c r é d i t o o u s i mp l e s me n t e ganhá-lo (doação) do cedente. 2) Cessão Gratuita: não há contraprestação por parte do cessionário. Ex: doação. a) Convencional ou voluntária: decorre do acordo de vontades. Emana da vontade livre do cedente e do cessionário, podendo ser onerosa ou gratuita. b) Le g a l / n e c e s s á r i a : o c o r r e por força da lei; i m p o s t a p e l a l e i . Toda cessão de crédito depende de um acordo de vontade (o que for expresso na lei é legal ou necessária). Deve estar escrita, expressa; se não expressa, será voluntária. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 36 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br 3) Ju d i c i a l : d e t e r m i n a da p e l o J u i z . São exemplos de cessão legal: as sub-rogações do art. 346, inc. II; o devedor solidário que paga toda a dívida (art.283), o fiador que também paga toda a dívida (art. 831); o mandante, em favor de quem são transferidos os créditos adquiridos pelo mandatário (art. 668); as cessões dos acessórios (art.287); etc. Quando a cessão é legal, o cedente não responde pela existência do crédito, pois ele não concorreu com a transferência. Esta foi imposta pela lei. Sendo assim, seria ilógico obrigá-lo por algo que não foi feito por ele. A cessão pode ainda ser judicial. Ela o é sempre que for determinada pelo juiz. A cessão legal e a judicial não necessitam de nenhuma exigência a mais do que as que naturalmente dispõe. Quando o cedente responde apenas pela existência do crédito e não pela solvência do devedor, acessão é chamada de pro soluto. Porém, se o cedente, além de responder pela existência, deve cobrir a dívida em caso de insolvência do devedor: a cessão é pro solvendo. Esse tipo de cessão deve estar expressamente estipulada no contrato, nunca podendo ser presumida: "Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor" (art. 296). Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança. Exemplo: se o cedente vende um crédito de R$ 10.000,00 que possui com terceiro para o cessionário no valor de R$ 8.000,00 responsabilizando-se pela insolvência, caso esta aconteça, o cedente irá reembolsar o cessionário em R$ 8.000,00 acrescidas as despesas. O que se indeniza é apenas o interesse contratual negativo, e não o crédito do cessionário. Porém, podem as partes convencionar que o cedente deve responder pela quantia total do crédito, e não somente a negociada. 4) P r o s o l v e n d o : N a c e s s ã o p r o s o l v e n d o o c e d e n t e r e s p o n d e também pela solvência do devedor, então se C não pagar a dívida (ex: o cheque não tinha fundos), o cessionário poderá executar o cedente, mas CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 37 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br primeiro deve o cessionário cobrar do cedido para depois cobrar do cedente. 5) P r o s o l u t i o : o cedente responde pela existência e lega l idade do crédito, mas não responde pe la so lvênc ia do devedor (ex: A cede um crédito a B e precisa garant ir que e s t a d í v i d a e x i s t e , n ã o é i l í c i t a , m a s n ã o g a r a n t e q u e o devedor/cedido C vai pagar a dívida; trata-se de um risco que B a s s u m e ) . N a c e s s ã o p r o s o l v e n d o o c e d e n t e r e s p o n d e também pela solvência do devedor, então se C não pagar a dívida (ex: o cheque não tinha fundos), o cessionário poderá executar o cedente. Mas primeiro deve o cessionário cobrar do cedido para depois cobrar do cedente. Quando a cessão é onerosa, o cedente sempre responde pro soluto. Do mesmo modo, se a cessão foi gratuita e o cedente a g i u d e m á - f é ( e x : d a r a t e r c e i r o u m c h e q u e s a be n do qu e é falsificado gera responsabilidade do cedente; porém se o c e de n t e n ã o s a b i a d a i l e g a l i d a de n ã o r e s po n de n e m p r o so luto, a f ina l fo i doação mesmo - 295); mas o cedente só responde pro so lvendo se est iver expresso no contrato de cessão. Requisitos da Validade Subjetivos: partes capazes para, respectivamente, alienar e adquirir. Qualquer pessoa que estiver na livre administração dos seus bens (cedente e cessionário). Objetivos: O objeto da cessão (crédito) deve ser material e juridicamente possível. Qualquer crédito (lícito). Requisitos Formais: A cessão, em regra, tem forma livre (arts. 288 e 289); porém para ter eficácia (produzir efeitos) em relação à terceiros deve ser celebrada por instrumento público ou particular. Não se exige nenhuma formalidade entre o cedente do crédito e o cessionário, p ode n d o s e r i n c l u s i v e v e r b a l , m a s pa r a t e r e f e i t o contra terceiros deve ser feita por escrito (288): Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do art. 654. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 38 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do imóvel. Cessões Múltiplas: prevalece a tradição (entrega) - art. 291: Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido. Ou seja: prevalece (tem direito no dia do vencimento) à cessão é quem está de posse do título de crédito. Atos Conservatórios: Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido. Exceção Pessoal (qualquer matéria de defesa): contra credor e contra terceiro: Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. Se nada opôs na hora contra o cedente, não poderá mais fazer. Já as exceções cabíveis ao cessionário ou à natureza da obrigação podem ser opostas a qualquer momento, mesmo que não tenham sido feitas na altura da notificação. Num contrato bilateral, caso o cedente não tenha cumprido a obrigação, pode o devedor exigir o cumprimento pelo cessionário para que, então, efetue o pagamento. Responsabilidade do Cedente = existência do crédito (art.295, 296 e 297): O cedente se responsabiliza com o cessionário apenas pela existência do crédito e não pela solvência do devedor (adimplemento do crédito). Observação: “A” se responsabiliza perante o “B” pela existência do crédito, não pela solvência (adimplemento) do crédito, salvo se houver disposição escrita, expressa. Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor. Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 39 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança. Ex. Eu me comprometi com o cheque de outrem (sua solvência). A factoring vai cobrar e no caso do devedor não pagar, eu serei responsabilizado pelo principal mais juros e despesas de cobrança. A lei proíbe a cessão de alguns créditos, como por exemplo, o crédito penhorado (298): Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro. Uma vez penhorado, o crédito deixa de fazer parte do patrimônio da pessoa. Por isso, não pode ser objeto de cessão. Se o crédito for penhorado não poderá ser transmitido a terceiros, não poderá ocorrer a cessão. O devedor que pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado. Os direitos de terceiro subsistem somente contra o credor. Legislação Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios. Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do art. 654. Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do imóvel. Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido. Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 40 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação. Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido. Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor. Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança. Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro. ASSUNÇÃO DE DÍVIDA Assunção da Dívida (ou cessão de débito): É o negócio jurídico bilateral, por meio do qual terceiro assume a responsabilidade da divida contraída pelo devedor originário, sem que a obrigação deixe de ser ela própria. (é a mesma dívida). É a alteração do sujeito passivo da obrigação, também conhecida como assunção de dívida. A assunção da dívida acarreta somente na mudança do polo passivo obrigacional. Todos os encargos e acessórios são mantidos, sendo repassados para o novo devedor. É necessária a concordância expressa do credor. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 41 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. Partes: credor, devedor, terceiro (assuntor). Devedor primitivo Credor Transfere a dívida CONSENTIMENTO DO CREDOR Terceiro (assuntor), novo devedor que assume a obrigação do devedor primitivo. Extinguem-se as garantias especiais (aval, fiança, penhor, hipoteca de terceiro) – art. 300: Característica: Só pode ser feita com a anuência expressa do credor. O terceiro, que recebe a dívida responde pelos encargos obrigacionais, inclusive os acessórios. A anuência do credor é indispensável, pois se presume que ele vê na figura do devedor a certeza de que este tem idoneidade patrimonial para solver a dívida. Uma troca
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