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1 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA 10.ª e 11.ª CLASSES 2 3 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA ÍNDICE Prefácio ............................................................................................................................ 7 1- Conceitos Introdutórios ............................................................................................ 8 1.1- Introdução ........................................................................................................ 8 1.2 - Grandezas físicas .......................................................................................... 8 1.3 – Sistema de Unidades .................................................................................. 20 1.4 - Noções Básicas da Trigonometria ......................................................... 21 Parte 1: Mecânica ............................................................................................................... 25 Unidade 1- Movimento de uma Partícula Material ................................................. 26 1.1 - Ponto Material .......................................................................................................... 26 1.1.1 - Relatividade do movimento ................................................................. 27 1.2 - Trajectória .................................................................................................................. 27 1.3 - Deslocamento ........................................................................................................... 28 1.3.1- Origem dos Espaços .................................................................................. 28 1.4 - Velocidade .................................................................................................................. 29 1.4.1 - Velocidade Média ...................................................................................... 29 1.4.2 - Velocidade Instantânea .......................................................................... 33 1.5 - Movimento Rectilíneo e Uniforme ................................................................... 34 1.5.1- Aceleração ..................................................................................................... 39 1.6-Movimento rectilíneo .............................................................................................. 42 1.6.1- Movimento rectilíneo uniformemente variado............................. 42 1.6.2 - Queda de um Corpo ................................................................................. 51 1.6.3 - Ascensão de um Corpo ........................................................................... 53 1.7 - Movimento circular ................................................................................................ 56 1.7.1 - Movimento circular uniforme ............................................................. 57 1.8 - Movimento circular variado ............................................................................... 59 Unidade 2 - Interacções entre Corpos ............................................................................ 62 2.1- Força ............................................................................................................................ 62 2.2 - Leis de Newton......................................................................................................... 69 4 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA ÍNDICE 2.2.1 - Lei da Inércia .............................................................................................. 69 2.22 - Lei Fundamental da Dinâmica ............................................................ 71 2.2.3 - Lei da Acção e Reacção ........................................................................... 73 2.3 - Impulso e quantidade de movimento…………………………........... ............. 75 2.3.1- Impulso de uma Força ............................................................................. 81 Unidade 3 - Trabalho e Energia .......................................................................................... 84 3.1 - Trabalho de uma Força Constante ................................................................... 84 3.2 - Trabalho de uma Força Variável ....................................................................... 87 3.3 - Potência ....................................................................................................................... 89 3.4 - Energia potencial .................................................................................................... 91 3.4.1 - Energia Potencial Elástica ..................................................................... 92 3.5 - Energia Cinética - Teorema de Trabalho e Energia .................................. 96 3.6 - Lei de Conservação da Energia Mecânica ..................................................... 98 Parte 2: Fenómenos Térmicos…………………………………………... .................. 101 Unidade 1- Energia Térmica ................................................................................................ 102 1.1 Temperatura ................................................................................................................ 102 1.1.1 Escalas Termométricas ............................................................................. 103 1.1.2 -Relações entre as Escalas Termométricas ...................................... 104 1.2 - Dilatação dos Sólidos ............................................................................................. 107 1.2.1 -Dilatação Linear ......................................................................................... 107 1.2.2 - Dilatação Superficial ................................................................................ 110 1.2.3 -Dilatação Volumétrica .............................................................................. 111 1.3 - Transmissão de Calor ............................................................................................ 112 1.4 - Capacidade Calorífica ............................................................................................ 114 1.5 - Equilíbrio Térmico .................................................................................................. 118 Unidade 2 - Equação de Estado de um Gás Perfeito ............................................... 120 2.1 - Leis dos Gases……………………………………………………. ................................ 120 5 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA ÍNDICE 2.2 - Processo Isotérmico: Lei de Boyle – Mariotte ............................................ 124 2.3 - Processo Isobárico: (Gay-Lussac) .................................................................... 126 2.4 - Processo Isocórico : Lei de Jacques Charles .............................................. 129 2.5 - Cálculo Cinético da Pressão ................................................................................ 132 2.6 - Interpretação Cinética da Temperatura ........................................................ 133 2.7 - Dilatação dos Gases ................................................................................................ 137 2.7.1 - Energia Interna do Gás Perfeito .................................................................... 137 2.7.2 - Trabalho Realizado pelo Gás .......................................................................... 140 2.8 - Experiência de Joule .............................................................................................. 141 Unidade 3 - Termodinâmica ................................................................................................. 144 3.1 - Primeira Lei da Termodinâmica .......................................................................144 3.1.1 -Transformação Isotérmica ..................................................................... 144 3.1.2 - Transformação Isobárica ....................................................................... 145 3.1.3 - Transformação Isocórica ou Isométrica ......................................... 146 3.1.4 - Transformação Adiabática .................................................................... 146 3.1.5 - Transformações Cíclicas ........................................................................ 148 3.2 - A Segunda Lei da Termodinâmica ................................................................... 151 3.2.1 - Transformações Reversíveis ................................................................ 152 3.2.2 - Transformações Irreversíveis .............................................................. 152 3.3 - Máquinas Térmicas ................................................................................................ 154 3.3.1 - Rendimento de uma Máquina Térmica ........................................... 155 3.3.2 - O Ciclo de Carnot ....................................................................................... 156 3.4 - A Conservação da Energia ................................................................................... 158 3.5 - A Energia Térmica: Uma Energia “Degradada” .......................................... 159 Parte 3: Electrostática e Corrente Eléctrica contínua ...................... 63 Unidade 1- Interacção Electrostática .............................................................................. 164 1.1- Conceito de Cargas (Lei da Conservação da Carga) .................................. 164 1.2 -Lei de Coulomb - Permitividade Elétrica do Meio ..................................... 166 6 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA ÍNDICE 1.3 - Campo Electrostático ............................................................................................ 168 1.4 - Trabalho do Campo Eléctrico ............................................................................ 172 1.5 - Potencial Eléctrico .................................................................................................. 175 1.6 - Capacidade Eléctrica ............................................................................................. 175 1.6.1 - Condensadores (Capacitores) ............................................................. 178 1.6.2 - Energia do condensador carregado .................................................. 178 1.6.3 - Energia do condensador carregado .................................................. 179 Unidade 2 - Corrente Eléctrica Contínua ...................................................................... 182 2.1 - Corrente Eléctrica ................................................................................................... 182 2.1.1 - Mecanismo da Condução da Corrente Eléctrica .......................... 183 2.2 - Resistência de um Condutor Eléctrico (Resistividade) ........................ 186 2.3 - Lei de Ohm para Segmento de um Circuito ................................................. 189 2.4 - Trabalho e Potência Eléctrica ............................................................................ 192 2.5 - Energia dissipada num Condutor: Efeito Joule .......................................... 193 2.6 - Força Electromotriz (f.e.m. eResistência Interna) .................................... 194 2.8 - Leis de Kirchhoff ..................................................................................................... 204 Bibliografia ............................................................................................................................ 215 7 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Prefácio No quadro da Reforma Educativa na República de Angola, o Ministério da Educação através do INIDE, propôs a elaboração de manuais didácticos para o Subsistema do Ensino Técnico Profissional em Angola a fim de colmatar a falta de meios didácticos de ensino para corres- ponder às exigências e objectivos de um ensino segundo normas universais. É assim que um grupo de professores angolanos com larga experiência no ensino de Física, juntou esforços para elaborar o presente manual que, por certo, vai contribuir no aperfeiçoamento e melhoria do ensino da Física e regular os procedimentos didácticos de acordo com os objecti- vos superiormente preconizados pelo Estado Angolano através dos programas curriculares. A Física é uma das ciências que junto com a Química e a Matemática, constitui o núcleo e suporte fundamental para que os futuros profissionais nos mais diversos domínios da indústria estabelecem e articulam os seus conhecimentos técnicos científicos com a prá- tica quotidiana. Assim a Física para a Formação Técnica Profissional permite que os alunos construam os fundamentos dos seus conhecimentos numa base sólida para a descrição dos factos ou fenómenos naturais bem como na interpretação das mais diversas leis que regem a natureza, permitindo-lhes, deste modo, actuarem com racionalismo e rigor científico na busca de soluções para a resolução dos mais variados problemas do nosso quotidiano. A fechar podemos assegurar que este manual constituí um interactivo dinâmico na aborda- gem temática dos conceitos e leis o que confere uma larga abertura pragmática e específica na formação dos futuros profissionais em Angola. 8 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS 1. Conceitos Introdutórios 1.1. Introdução A inclusão do estudo de alguns conceitos, no inicio deste manual, tem como objectivo criar um suporte matemático e algébrico para melhor compreensão e interpretação em termos dimen- sionais dos fenómenos físicos bem como suas leis. Como é notório sem o estudo da matemá- tica e sua vinculação dialéctica ao estudo dos fenómenos Físicos seria difícil estabelecer a relação entre a lei e o fenómeno, em termos de grandeza e dimensão. Já Galileu reconhecera a importância de que se reveste a matemática no contexto do estudo dos fenómenos físicos, quando considerou a matemática como linguagem natural da Física. Isto só por si vem con- ferir maior quota a importância ao estudo prévio de algumas funções e operações matemá- ticas antes de se estudar concretamente os aspectos algébricos e matemáticos que circuns- crevem tais fenómenos físicos de uma forma geral e em particular dos fenómenos mecânicos. Assim estaremos em condições de criar as bases conceptuais para o estudo quantitativo do movimento mecânico, formulando de forma elementar as bases matemáticas sustentadoras. 1.2. Grandezas Físicas Grandeza física é toda propriedade ou característica de um fenómeno que é susceptível de ser medida e de se atribuir um valor numérico. Exemplos: Velocidade, deslocamento, força, tempo, massa, etc... Por sua vez as grandezas físicas são classificam-se em dois grupos que são: grandezas esca- lares e vectoriais. Grandezas Escalares São aquelas que podem ser determinadas somente pelo seu valor numérico e pela sua unidade. Exemplo: A massa, o espaço, o tempo, etc. 9 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Grandezas Vectoriais São aquelas, que para serem determinadas é necessário conhecer a direcção, sentido, valor numérico e unidade. Exemplo: deslocamento, velocidade, aceleração, etc. Define-se um vector, como um segmento de recta dirigido. Característica de um vector: • Origem; • Linha de acção; • Sentido; • Valor numérico; Normalmente, os vectores são representados graficamente por um segmento de recta terminada numa seta. A B Fig. 1 – Representação gráfica de um vector Operações com Vectores Como já anunciamos previamente, é possível somarmos ou subtrairmos vectores. Regra geral se os vectores estiveremaleatoriamente colocados o vector resultante obtém-se seguindo os seguintes passos: Escolhe-se um ponto arbitrário no espaço ou plano. • Faça coincidir a origem do vector com o ponto escolhido. • Para o segundo vector, a sua origem deve coincidir com a extremidade do pri- meiro vector. • Finalmente a resultante deve ser traçada coincidindo sua origem com a origem do primeiro e sua extremidade com a do segundo. 10 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 Intensidade: Direcção: mesma de x x x= + 1 2 e x x x= + 1 2 Sentido: mesmo de x x x= + 1 2 e x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 Intensidade: Direcção: mesma de x x x= + 1 2 e x x x= + 1 2 Sentido: mesmo sentido do vector de maior intensidad e x x x= − 1 2 Em caso de vectores ortonormados, (formam um ângulo entre si), o módulo do vector resultante, seu módulo obtém-se aplicando a lei dos cossenos ou pelo método do para- lelogramo. Se o ângulo for igual a 90° o termo 2abcosα se anula, e assim temos a regra de Pitágo- ras. • Quando dois vectores têm a mesma direcção e o mesmo sentido (α = 0), o vector resultante será: • Quando dois vectores tiverem a mesma direcção e os sentidos opostos (α = 180º), o vector resultante será: Soma de Dois Vectores Dados os vectores x x x= + 1 2 e x x x= + 1 2 . O vector soma de dois vectores pode ser obtido de duas maneiras. 1ª Transpõe-se paralelamente a si próprios ambos vectores de modo que as suas origens coincidam; o vector resultante da soma será a diagonal do paralelogramo que se obtém com base nos dois vectores iniciais (regra de paralelogramo). 11 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS x x x= + 1 2 B A x x x= + 1 2 O x (vector soma) 2ª Os vectores são transpostos a si próprios, de modo que, a extremidade de um seja a origem do outro; o vector resultante da soma dos dois, será o traçado entre a origem do primeiro e a extremidade do segundo. (método do triangulo) x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 (vector soma) x x x= + 1 2 Fig. 2 – Soma de vectores – regra do paralelogramo Fig. 3 – Soma de vectores – regra do triângulo Analiticamente, o vector soma é dado por: Intensidade (módulo) x x x x x= + + 1 2 2 2 1 2 2 cosα Esta expressão é obtida pela lei dos cossenos: Para o triângulo OAC da figura 2, vale: OC OA AC OA AC 2 2 2 2= + − . . .cosβ 12 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS OA x AC OB x OC x = = = = = °− = − 1 2 180β α β αcos cos Mas: OA x AC OB x OC x = = = = = °− = − 1 2 180β α β αcos cos Substituindo-se na Lei de Cossenos, obtém-se a expressão da intensidade do vector soma (resultante) x x x x x= + + 1 2 2 2 1 2 2 cosα Direcção: o vector resultante tem a direcção dada pela recta OC. Sentido: o vector resultante tem o sentido de O para C. Para o caso particular de dois vectores ortogonais entre si, basta aplicar o teorema de Pitágoras: Fig. 4 – Vectores ortogonais x x x x x x 2 1 2 2 2 1 2 2 2 = + = + x x x x x x 2 1 2 2 2 1 2 2 2 = + = + x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 13 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Exercícios de aplicação P1 – Determine o módulo de vector soma de dois vectores que formam entre si um ângulo 30º e cujos módulos são 7m e 4m. Dado cos30° = 0,86 x1 = 7m Dados x2 = 4m ⎧ ⎨ ⎩ α = 30° Resolução P2 – Determine a intensidade do vector soma de dois vectores perpendiculares entre si e cujos módulos são 3m e 4m. x1 = 3m Dados x2 = 4m ⎧ ⎨ ⎩ α = 90° Resolução x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 x x x x x x x x= + + = + + ° = 1 2 2 2 1 2 2 2 2 4 2 7 4 30 4 7 .cos . . .cos α 99 16 56 0 86 113 16 10 6 + + = = . , , , x x m Cálculo do módulo de x x x x x x x x= + + = + + ° = + 1 2 2 2 1 2 2 2 2 3 4 2 3 4 90 9 cos . . .cos α 116 24 0 9 16 25 5 + = + = = . x x x m Cálculo do módulo de x x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 14 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Diferença entre dois Vectores Dados os vectores x x x= + 1 2 e x x x= + 1 2 . O vector diferença é dado por x x x x B A = − = − 2 1 0 0( ) ( ) x x x= + 1 2 O A B x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 (vector diferença) Fig. 5 – Diferença de vectores Analiticamente, o vector diferença é dado pela lei dos cossenos para triângulo OAB: Intensidade: x x x x x= + − 1 2 2 2 1 2 2 cosα Direcção: da recta AB Sentido: de A para B Exercícios de aplicação P1 – Qual o módulo do vector diferença entre dois vectores que formam um ângulo de 30º entre si e cujos módulos são 3m e 8m? x1 = 3m Dados x2 = 8m ⎧ ⎨ ⎩ α = 30° 15 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Resolução x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 30° P2 – Determine o módulo do vector x x 1 2 − dos vectores abaixo: x1 = 5m Dados x2 = 2m ⎧ ⎨ ⎩ cos 135° = –0,7 Resolução x1 = 3m Dados x2 = 8m ⎧ ⎨ ⎩ α = 135° x x x x x x x= + − = + − ° = + 1 2 2 2 1 2 2 2 2 3 8 2 3 8 30 9 cos . . .cos α 664 6 8 0 8 73 38 4 34 6 5 8 − = − = ≅ . . , , , , x x x m Cálculo do módulo x x x x x x x x = + − = + − ° = 1 2 2 2 1 2 2 2 2 5 2 2 5 2 135 2 cos . . .cos α 55 4 20 0 7 29 14 43 6 5 + − − = + = = .( , ) , x x m Cálculo do módulo de x x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 135° x x x= + 1 2 x x x= + 1 2 135° 16 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Fig. 6 – Projecção de um vector sobre um eixo Produto de um número por um vector O produto de um número a por um vector x x x= + 1 2 , resultará em um outro vector x x x= + 1 2 , dado por: Intensidade: x2 = a. x1 Direcção: a mesma de x x x= + 1 2 Sentido: se a > o → mesmo de x x x= + 1 2 se a > o → contrário ao de x x x= + 1 2 Exercício de aplicação P1 – Dado o vector x x x= + 1 2 conforme indica a figura, obter os vectores 2 x x x= + 1 2 e –7 x x x= + 1 2 . x x x= + 1 2 x = 1m x x x= + 1 2 2 x x x= + 1 2 –7 x x x= + 1 2 |2 x x x= + 1 2 | = 2m |–7 x x x= + 1 2 | = 7m Projecção de um vector sobre um plano x x x= + 1 2 xx O x P P1 17 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Exercícios de aplicação P1 – Dado o vector x x x= + 1 2 conforme indica a figura, obter a intensidade da sua projecção no eixo horizontal (x) x = 4m Resolução Dados: x = 4m Cos 60° = ½ P2 – Dados os vectores a , b e c conforme indicam as figuras, obter as intensidades de suas projecções no eixo horizontal x Seja um vector x e um eixo. A projecção de x sobre o eixo x é feita projectando ortogo- nalmente as suas extremidades sobre o eixo considerado A sua intensidade é dada pelo produto do seu módulo pelo cosseno do ângulo adjacente. xx = x cos α x x x= + 1 2 x60° 60° x x x x x= + 1 2 x x x m x = ° = =cos .60 4 1 2 2 a 30° 45° b c a = 2m c = 2mb m= 2 xxx 18 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Fig. 7 – Decomposição dum Vector sobre os eixos x e y Resolução 30° 45° a a x b bx c ax a ax ax m = ° = = .cos . 30 2 3 2 3 bx b bx bx m = ° = = .cos . 45 2 2 2 1 cx c cxcx = ° = = .cos . 90 4 0 0 Decomposição dum Vector sobre dois Eixos Ortogonais Dado um vector x x x= + 1 2 e um sistema de dois eixos ortogonais x e y x P'' O α P P' x x x= + 1 2 x x x x x= + 1 2y Projectando-se ortogonalmente as extremidades do vector x x x= + 1 2 nos eixos x e y obtemos componentes rectangulares x x e yx . Analiticamente temos: o triângulo OP´P é rectângulo, portanto: cos cosα α α = = = = = = OP OP x x x x sen PP OP x x x xs x x y y eenα cos cosα α α = = = = = = OP OP x x x x sen PP OP x x x xs x x y y eenα ⇒ ⇒ 19 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Exercício de aplicação P1 – Determine o módulo das componentes rectangulares do vector x x x= + 1 2 de módulo 10 metros, conforme a figura. x x x= + 1 230° Resolução Pelo ponto de origem do vector x x x= + 1 2 , consideremos um sistema de eixos coordenados x e y, como mostra a figura. xy xx x y 30° Projectando o vector x x x= + 1 2 nos eixos x e y, temos: Componente segundo x Componente segundo y x x x x m x x x = ° = = cos . 30 10 3 2 5 3 x Xsen x x m y y y = ° = = 30 10 1 2 5 . P2 – Determine as componentes de um vector x x x= + 1 2 de módulo 4 metros, que forma um ângulo de 30º com a vertical. Resolução Projectando o vector x x x= + 1 2 nos eixos x e y temos: Dados: x = 4m α=60° 20 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Componente segundo x Componente segundo y x x x x m x x x = ° = = cos . 60 4 1 2 2 x xsen x x x m x m y y y y y = ° = = = = 60 4 3 2 2 3 2 1 7 3 4 . . , , x y 60° x x x= + 1 2 x x x x x= + 1 2y 1.3. Sistema de Unidades Medir uma grandeza física, significa compará-la à outra grandeza que se toma como uni- dade. A grandeza a medir e a unidade devem ser uniformes, isto é, grandezas da mesma espécie, limitando-se a ser diferentes somente pelo valor numérico. A unidade de uma grandeza física, é uma grandeza que tem um valor numérico igual a um. As unidades dividem-se em dois tipos: fundamentais e derivadas. A dimensão das unidades fundamentais é escolhida independentemente da dimensão das outras grande- zas. A dimensão das grandezas derivadas define-se segundo uma dependência entre esta grandeza e as outras. O conjunto das unidades fundamentais e derivadas que se encon- tram ligadas entre si, através de determinadas relações denomina-se sistema de unidades. 1) Sistema métrico – gravitatório (M. Kp.S) As unidades fundamentais são o metro (unidade de comprimento), o quilgrama – força (unidade de força) e o segundo (unidade de tempo). Unidades derivadas Unidade de superfície – a sua equação de definição é; S = C.L. Fazendo C = L = 1m, conclui-se a unidade de superfície é o metro quadrado (m2). Unidade de volume – a sua equação de definição é; V = CLH, fazendo C=L=H= 1m, conclui-se que a unidade de volume é o metro cúbico (m3) Unidade de velocidade – a sua equação de definição é; v s t = , fazendo S = 1m e t = 1s, conclui-se que a unidade da velocidade é o metro por segundo (m/s). 21 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Fig. 8 – Circunferência trigonométrica 2) Sistema C. G. S As unidades fundamentais são o centímetro (unidade de comprimento), o grama (unidade de massa) e o segundo (unidade de tempo). Unidades derivadas – obtêm-se a partir das equações de definição, como se fez para o sis- tema métrico – gravitatório. Unidade de superfície – é o centímetro quadrado (cm2) Unidade de volume – é o centímetro cúbico (cm3) Unidade de velocidade – é o centímetro por segundo (cm/s) O sistema M.K.S integra-se amplamente no sistema internacional (SI), que adopta mais quatro unidades fundamentais: o Ampère (A) – unidade de intensidade de corrente eléc- trica; o Kelvin (K) – unidade de temperatura termodinâmica; a candela (cd) – unidade da intensidade luminosa; o mole (mol) – unidade de quantidade de substância. 1.4. Noções Básicas da Trigonometria Circunferência trigonométrica Da figura 8 (circunferência trigonométrica), pode - se deduzir as relações fundamentais da trigonometria. seno, co-seno, tangente e co-tangente. A função seno vem da relação entre o componente coordenado y e o raio R, ou seja entre o cateto oposto Ry e a Hipotenusa R, ao passo que a função co-seno é a relação entre o com- ponente coordenado em x e o raio ou seja cateto adjacente Rx e a hipotenusa. R = 1 xx y y α sen y R y x R x tg y R sen g x y α α α α α α = = = = = = = = cos cos cot coosα αsen 22 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS sen y R x R tg y x g x y α α α α = = = = cos cot R A C B y x α Relações mais utilizadas sen a b c bc CAB c b a sen 2 2 2 2 2 2 1 2 2 2 α α+ = = + + = + cos cos (αα π α α π α + = + = − 2 2 ) cos cos( ) sen 23 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Valores de seno, cosseno, tangente e co-tangente de alguns ângulos 0º (0 rad) 0 1 0 1 0 -1 0 0 1 1 0 ∞ ∞ – ∞ 30º (π/6 rad) 45º (π/4 rad) 60º (π/3 rad) 90º (π/2 rad) 180º (π rad) senoÂngulo cos tg cotg 1 2 1 2 3 2 3 2 1 3 2 2 2 2 1 3 3 3 24 25 Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material UNIDADE 2 – Interacções entre Corpos UNIDADE 3 – Trabalho e Energia P A R T E I 26 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material PARTE 1: MECÂNICA Esta primeira parte do manual trata da análise dos movimen- tos, as variações de energia e as forças que actuam sobre um corpo. Unidade 1 MoviMento de uMa Partícula Material O objectivo desta unidade é de descrever as formas básicas do movimento mecânico e as leis que a regem. A palavra movimento está ligada à vida e tem várias formas de se manifestar, uma dessas formas é o movimento mecânico que descreve a mudança de posição dos corpos no tempo. A cinemática é a parte da Mecânica que se ocupa do estudo do movimento, suas formas e suas leis sem ter em conta as causas que os originam. 1.1. Ponto Material A Física recorre à uma linguagem própria para caracterizar alguns corpos. No estudo do movimento mecânico, considera-se ponto material, um corpo cujas dimensões podem ser despreza- das, no estudo de um determinado fenómeno, em relação a um determinado referencial. Ponto material é um corpo que possui uma quantidade de massa, mas suas dimensões são desprezáveis quando compa- radas às distâncias envolvidas no problema. Exemplo: a) O movimento de translação da Terra em torno do sol, pode ser considerado como movimento de um ponto material, enquanto o movimento de rotação da terra em torno do seu eixo já não. 27 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Fig. 1.1 – Vulola observando o movi- mento do comboio b) Um autocarro numa viagem de Caxito a Maquela do Zombo, em comparação à estrada, tem seu tamanho des- prezível, então, pode ser considerado um ponto material; mas quando este mesmo autocarro faz manobras em um estacionamento seu tamanho deixa de ser desprezível. 1.1.1. Relatividade do Movimento O movimento de um corpo tem sempre um significado rela- tivo. Por exemplo, uma pessoa sentada num comboio está em repouso, relativamente ao sistema material que constitui o comboio, mas está em movimento relativamente a qualquer sistema material considerado no exterior do comboio (estação do caminho de ferro, arvores etc). E qualquer destes sistemas de referência está em repouso relativamente a outros. O conceito de movimento ou repouso é relativo sempre a determinados corpos. Diremos assim, que umponto material está em movimento relativamente a um referencial ou sistema de referência, quando a sua posição em relação a este referencial, varia no decorrer do tempo. 1.2. Trajectória Denomina-se trajectória ao caminho percorrido por um móvel em relação a um referencial adoptado. Fig. 1.2 – Trajectória da esfera em movimento y m x km 28 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material A trajectória pode ser: – Rectilínea – Curvilínea Imaginemos um helicóptero voando com uma velocidade constante. Se, num determinado instante ele largar um saco de arroz, este cairá segundo uma trajectória vertical em rela- ção ao piloto do helicóptero. Mas, para um observador fixo na Terra, a trajectória do saco será parabólica. 1.3. Deslocamento 1.3.1. Origem dos Espaços S3 S2 S1 P1 P2 P3 0 Origem dos Espaços Define-se origem dos espaços o ponto O (fixado arbitrariamente) em relação ao qual são medidos os espaços, ou seja: – no ponto P1 a distância do móvel à origem é s1 – no ponto P2 a distância do móvel à origem é s2 – no ponto P2 a distância do móvel à origem é s2 29 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material 0 P0 P1 P2 t = o (origem dos tempos) Seja um móvel descrevendo uma trajectória qualquer orien- tada ocupando as posições P01, P11, P2 ... etc. Pode-se definir também a origem dos tempos como sendo o instante em que começa a ser contado o tempo (t = 0) podendo ser fixado em qualquer posição do móvel. Por exemplo, quando o móvel na posição P0. Espaço Inicial so Define-se como espaço inicial (s0) a distância do móvel à ori- gem dos espaços no início da contagem dos tempos (t = 0). Se um móvel se movimenta em linha recta, a sua posição muda em cada instante e no final do movimento, a sua posição será diferente da posição inicial. A variação de posição do móvel neste intervalo de tempo é designada deslocamento. 1.4. Velocidade A velocidade é a relação entre a variação da posição no espaço em determinado intervalo de tempo, ou seja. É uma grandeza vectorial, ou seja possui direcção, sentido e módulo. No Sistema Internacional (S.I.), a unidade da velocidade é o m/s. Também utiliza-se o km/h como unidade da velocidade. A conversão entre o km/h e o m/s, que é dada pela seguinte relação: 1 1 1000 3600 km h m s = 30 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material A partir desta relação, é possível extrair o seguinte factor de conversão: m s km h . ,3 6 = e km h m s ÷ =3 6, 1.4.1. Velocidade Média Seja um móvel percorrendo a trajectória. O S1 S2 t1 t2 x2 x1 Seja também: �x x x= 2 1 – variação de posição [espaço (caminho) percor- rido] �t t t= 2 1– intervalo de tempo na variação Δs. Define-se velocidade escalar média, entre os instantes t1 e t2, à grandeza vm dada por: v x t x x t tm = = − − � � 2 1 2 1 (1.1) A velocidade média, indica o deslocamento que em média o corpo efectua por unidade do tempo. A velocidade média total não é sempre igual a média aritmé- tica das velocidades. Demonstremos isso algebricamente. 31 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Caso em que as distâncias são iguais, mas os tempos dife- rentes v s tm = (1) Espaço total: S = S1 + S2 (2) Tempo total: t t t= + 1 2 ; t s v t s v t s v s v s v s v1 1 1 2 2 2 1 1 2 2 1 2 2 2 = = = + = +,t s v t s v t s v s v s v s v1 1 1 2 2 2 1 1 2 2 1 2 2 2 = = = + = +, ⇒ (3) Substituindo (3) em (1), obtém-se v s s v s v m = + 2 2 1 2 (1.2) v v v v vm = + 2 1 2 1 2 Caso em que os tempos são iguais, mas distâncias dife- rentes. v s tm = (1) t t t 1 2 2 = = s v t 1 1 1 = . s v t 2 2 2 = . s s s= + 1 2 s t v v= +( ) 2 1 2 (2) 32 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Substituindo (2) em (1), obtém-se v t v v tm = +( ) 2 1 2 v t v v tm = +( ) 1 2 2 v v v m = + 1 2 2 (1,3) Exercícios de aplicação P1 – Um automóvel percorre uma distân- cia de 200 km, em 1h e 30min. Determine a velocidade média em km/h e em m/s. Dados s = 200 km t = 1h30 min = 1,5h P2 – Um automóvel moveu-se à velocidade de 40 km/h durante a primeira metade do caminho e à velocidade de 20 km/h durante a segunda metade. Achar a velocidade média do automóvel. Dados v1 = 40 km / h v2 = 20 km / h s s s 1 2 2 = = Resolução Resolução v s t v km h v km h m m m = = = 200 1 5 133 3 , , /v s t v km h v km h m m m = = = 200 1 5 133 3 , , /v s t v km h v km h m m m = = = 200 1 5 133 3 , , /⇒ ⇒ Para se obter a velocidade média em m/s, é preciso converter km em m e hora em segundo, v m s v m s m m = =133 3 1000 3600 37 03, . , /v m s v m s m m = =133 3 1000 3600 37 03, . , /⇒ Pela fórmula 1.2, temos v v v v vm = + 2 1 2 1 2 v km h m = + = 2 40 20 40 20 26 66 . . , /logo 33 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Exercícios propostos P1 – Um automóvel moveu-se à velocidade de 40 km/h durante a primeira metade do tempo e à velocidade de 20 km/h durante a segunda metade. Achar a velocidade média do automóvel. P2 – Um automóvel percorre 2 3 de um percurso com velo- cidade de 60 km/h e o restante com velocidade de 90 km/h. Determine a velocidade escalar média do automóvel, durante o percurso. P3 – Um móvel num troço inicial da estrada, desenvol- veu uma velocidade de 40 km/h, durante 2 horas, no troço seguinte, sua velocidade passou para 70 km/h, durante 1hora. a) Determine a distância total percorrida pelo móvel. b) Determine a velocidade média do móvel, durante o per- curso. R: v = 30 km/h R: 67,5 km/h a) R: s = 150 km/h b) R: v = 50 km/h 1.4.2. Velocidade Instantânea Tomando como referência o caso anterior de velocidade média verificamos que, à medida que se diminui o intervalo de tempo entre os instantes t1 e t2 ou seja, Δt tendo para zero, a veloci- dade média tende para a velocidade instantânea. Isto é, a velocidade instantânea é o limite para o qual tende a velocidade média, quando o intervalo de tempo Δt tende a zero. v v s tt m t = = → → lim lim � � � �0 0 (1.4) 34 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material 1.5. Movimento Rectilíneo e Uniforme Um dos movimentos mais simples que a cinemática estuda, é o movimento rectilíneo uniforme. Esse movimento raramente aparece na vida prática. Entretanto, o seu estudo serve de base para a compreensão de movimentos mais complexos como: • O movimento é rectilíneo porque a partícula percorre uma trajectória em linha recta. • O movimento é uniforme porque não há variação da velo- cidade. Movimento rectilíneo e uniforme é um movimento em que a partícula material descreve ou efectua deslocamentos/espa- ços iguais em intervalos de tempos iguais. Para determinar o deslocamento duma partícula material em movimento rectilíneo e uniforme, durante um certo intervalo de tempo Δ t precisamos saber o deslocamento da partícula durante aquele intervalo de tempo. A relação entre a variação do deslocamento e o intervalo de tempo, chama-se velocidade. v s t = � � (1.5) Onde Δ s = sf – s0 e Δ t = tf – t0 Em que s – posição final s0 – posição inicial t – tempo final t0 – tempo inicial Tendo em conta que no inicio da contagem do movimento o instante inicial é sempre igual a zero t0 = 0, vem: v s t = � � como Δ s = s – s0 e Δ t = t – t0 resulta: s = s0 + vt (1.6) Fig. 1.3 – Movimento rectilíneoe uni- forme 35 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Exercícios de aplicação P1 – Um automóvel que se desloca com movimento uniforme, percorre 80km em 2horas. Calcule: a) A velocidade do auto- móvel. b) A distância percor- rida pelo automóvel, em 5horas. Dados s = 80 km t = 2h Resolução a) b) s = v.t ⇒ s = 40km / h.5h ⇒ s = 200km v s t v km h v km h= = = 80 2 40 /v s t v km h v km h= = = 80 2 40 /v s t v km h v km h= = = 80 2 40 /⇒ ⇒ Exercícios propostos P1 – Um comboio percorreu, em movimento uniforme, 750 km durante 3 horas. Calcule: a) A velocidade do comboio. b) A distância percorrida pelo comboio em 0,5h. P2 – Um ponto material movimenta-se segundo a equação horária s = 30 – 5t (s em m e t em s) a) Sua posição inicial. b) Sua velocidade. c) Sua posição no instante 3 segundos. d) O deslocamento no fim de 6 segundos. e) O instante em que o móvel passa pela posição 20m. e) Esquematize o movimento num eixo orientado. a) R: v = 250 km/h b) R: s = 125 km a) R: s0 = 30 m b) R: v = –5m/s c) R: s3 = 15 m d) R: s6 = –30 m e) R: s20 = 2s 36 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material P3 – Um móvel desloca -se sobre uma recta e tem suas posições em função do tempo representadas pela equação s = 3+ 5t (s em m) Determine a velocidade média do móvel nos intervalos (0 a 6) s e (2 a 11) s. P4 – Um autocarro move com movimento uniforme à velocidade de 60 km/h. Com que velocidade deverá seguir outro automóvel que parte 15 minutos depois, para alcançar o depois de 210 km. P5 – Um avião passa sobre uma cidade com a velocidade de 400 km/h, que mantém durante o resto do percurso. Depois de 45 minutos passa um outro avião seguindo a mesma rota do primeiro com velocidade de 600 km/h. A que distância da refe- rida cidade o segundo avião ultrapassará o primeiro. R: vm = 5m/s para os dois intervalos Exercícios propostos R: v = 65 km/h R: 900 km Gráficos do movimento rectilíneo uniforme Para o movimento descrito neste capítulo podemos traçar os gráficos • Deslocamento – tempo O deslocamento e o tempo são grandezas directamente pro- porcionais. O gráfico é uma linha recta inclinada em relação ao eixo das abcissas. 0 s t 0 t s 37 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material • Velocidade – tempo Sendo a velocidade a mesma em qualquer instante, podemos dizer que o gráfico da velocidade em função de tempo é uma linha recta. O valor da velocidade mantém-se constante. O gráfico é uma linha paralela ao eixo das abcissas. v t v t Movimento progressivo Movimento regressivo Exercícios de aplicação P1 – Um móvel movi- menta-se segundo a equação: s = 4 + 3t (SI) Construa o gráfico de s = f (t) Resolução t s 0 4 1 7 s (m) t (s) 7 4 0 1 38 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material P1 – Um ponto material movimenta se em uma trajectória rectilínea e tem suas posições, em função do tempo dadas pelo gráfico. P2 – Dois móveis A e B percorrem uma recta com MU e têm suas posições, em função do tempo, dadas pelo gráfico: Exercícios propostos a) Construir o gráfico v = f (t) de todos os trechos; b) Interpretar o movimento; c) Qual o deslocamento do ponto material entre 26s e 30s? b) R: O ponto material par- tindo da posição 6m, atinge a posição 56m em l0s (movimento progressivo) na qual pára durante 8s. Em seguida retoma à origem (0 m) em 8s (movimento retró- grado). Chegando à origem, parte nova- mente com movi- mento progressivo. c) R: 4m a) R: 4s b) R: 13m Determine: a) O Instante do encontro; b) A posição no instante do encontro. 56 10 18 26 30 6 s (m) t (s)4 s(m) t(s) B 2 5 -3 9 A 39 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material 1.5.1. Aceleração Afirmamos sempre que um automóvel está a acelerar quando o valor da sua velocidade está a aumentar com o decorrer do tempo. O conceito de aceleração em Física é, porém, mais geral. Assim, dizemos que um móvel está a acelerar quando a sua veloci- dade varia, com o decorrer do tempo. Podemos definir a ace- leração como sendo a rapidez com que varia a velocidade no decorrer do tempo Fig. 1.4 – Automóvel acelerando 1.5.1.1 Aceleração Média Quando uma partícula material varia a sua velocidade de v0 a v durante o intervalo de tempo t0 a t, a aceleração média pode ser definida como sendo a relação entre a rapidez com que varia a velocidade e o tempo em que ocorreu essa variação. a v t = � � (1.7) onde Δ v = v – v0 e Δ t = t – t0 Unidade da aceleração SI: metro por segundo ao quadrado (m/s2) CGS: centímetro por segundo ao quadrado (cm/s2) 40 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Exercícios de aplicação P1 – A velocidade de um automóvel varia de 5 m/s para 15 m/s durante 4 segundos, determine a acelera- ção com que se move o automóvel. Dados v1 = 5m/s v2 = 15m/s t = 4s P3 – Um automóvel, partindo do repouso, desloca-se com uma aceleração uniforme de 150 cm/s2. Dentro de quanto tempo alcançará a velocidade de 15 m/s? Dados v1 = 0 t1 = 0 a = 150cm/s2 v2 = 15cm/s2 t2 = ? Resolução Resolução ⇒a v v t a m s m s s = = − 2 1 15 5 4 – / / � a v v t a m s m s s = = − 2 1 15 5 4 – / / � a = 2,5m / s2 P2 – Determinar a ace- leração escalar média do móvel que percorre a trajectória. O P1 P2 t =0 t1=2 v1=5 t2=3 v2=10 Temos: Como v1 = 0 e t1 = 0, vem logo a v t v v t tm = = − − = − − = = � � 2 1 2 1 10 5 3 2 5 1 5 a v v t t = 2 1 2 1 – – a v t t v a = =2 2 2 2a v t t v a = =2 2 2 2⇒ 2 2 15 1 5 10t m s m s s= = / , / 41 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Exercícios propostos P1 – A velocidade de um automóvel que se desloca com acele- ração uniforme, aumentou de15m/s para 25m/s, durante 6,25 segundos. Determine a aceleração com que se deslocou o auto- móvel, durante este aumento de velocidade. P2 – Um autocarro move-se com a velocidade de 10m/s, pára durante 4 segundos depois de começar a travar. Determine a aceleração com que o autocarro se deslocou durante a trava- gem. R: a = 1,6 m/s2 R: a = 2,5m/s2 1.5.1.2 Aceleração Instantânea A aceleração média nos informa de modo global a variação da velocidade da partícula e não nos diz como, de forma efectiva, ocorre essa variação em todos os trechos do movimento. Uma informação precisa sobre como ocorre a variação da velo- cidade em intervalos de tempo pequenos, só pode ser obtida através do estudo da aceleração instantânea. Dizemos que a aceleração no instante t é o limite para que tende a aceleração média, quando o intervalo de tempo tende para zero. a a A t o m = → lim � No caso do movimento rectilíneo (e só neste), como os valores das acelerações médias são dadas pela equação seguinte: a v tm = � � (1.8) 42 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material 1.6. Movimento Variado O movimento mais comum no nosso dia a dia, é o movimento variado. Nesse movimento, a partícula material descreve inter- valos de espaços diferentes em intervalos de tempo iguais. No movimento variado o módulo da velocidade aumenta uni- formemente com o decorrer do tempo. O movimento é cha- mado de acelerado quando o módulo da velocidade aumenta uniformemente com o decorrer do tempo. Assim, o sinal da velocidade coincide com o sinal da aceleração. No entanto, o movimento variado pode ser também retardado. O movimento é retardado quando o módulo da velocidade diminui uniformemente com o decorrer do tempo.Nesse caso, o sinal da velocidade não coincide com o sinal da aceleração. 1.6.1. Movimento Rectilíneo Uniformemente Variado Movimento rectilíneo uniformemente variado é aquele cuja trajectória é uma linha recta e sua aceleração é constante. at = k a v t = � � onde Δt = t – t0 sendo t0 = 0, vem v = v0 + a t (1.9) 43 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Função Horária do Espaço do Movimento Uniformemente Variado Analisemos o gráfico da velocidade de um móvel em movi- mento uniformemente variado V V A V0 t(s) base menor base maior 0 (m/s) A área (A) na figura representa, numericamente, o caminho percorrido pelo móvel durante o tempo t A = Δ S (1) onde Δ S = S – S 0 Δ S = S – S 0 Espaço inicial do móvel (instante zero) S = Espaço do móvel no instante genérico t Por outro lado, a área da figura (trapézio) corresponde a: A = {(base maior + base menor)/2}. Altura ⇒ A= +v v t 0 2 . (2) comparando (1) e (2) vem: (3)�S t t v v = + 0 . 44 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Mas v = v0 + a t, substituindo esse valor em (3), vem: �S v at v t v t at at = + + = + + 0 0 0 2 2 2 2 . �S v t at = + 0 2 2 s s v t a t− = + 0 0 2 1 2 (função horária do espaço para o MUV) s s v t at= + + 0 0 2 1 2 (1.10) Equação de Torricelli Existe um caso particular que tem servido para a resolução de pro- blemas em que a função do tempo é ignorada. Trata-se da equa- ção de Torricelli. A equação de Torricelli relaciona a velocidade com o espaço percorrido por um móvel. Ela é obtida eliminando o tempo entre as equações horária e das velocidades e dos espaços. s s v t at= + + 0 0 2 1 2 v = v0 + a t Isolando o tempo t na equação (1.9) obtemos: t v v a = − 0 Substituindo em (1.10) vem: s s v v v a a v v a s s v v v a a v = + − + − − = − + 0 0 0 0 2 0 0 0 2 2 1 2 1 2 ( ) −− + − = − + − + 2 2 2 0 0 2 2 0 0 0 2 2 0 0 2 v v v a s s v v v a v v v a 45 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Reduzindo ao mesmo denominador temos: 2 2 2 2 2 2 2 0 0 0 2 0 0 2 0 a s s a v v v v v v v v a a s s ( ) ( ) ( − = − + − + − )) ( ) = − + − + − = − + = 2 2 2 2 0 0 2 2 0 0 2 0 0 2 2 2 v v v v v v v a s s v v v vv a s s 0 2 0 2+ −( ) Mas s–s0 = Δs Logo v2 = v02 + 2aΔs (2.10) Equação de Torricelli Exercícios de aplicação P1 – Um motorista de um automóvel que se desloca a 10m/s viu o sinal vermelho do semá- foro e começou a redu- zir a velocidade, des- locando-se com uma aceleração de 5 m/s2. a) Que distância per- correu o automóvel durante os três pri- meiros segundos? b) Que distância per- correu o automóvel até imobilizar-se? Dados v0 = 10m / s a = 5m / s2 a) s = ? para t = 3s b) s = ? para v = 0 Resolução a) b) Como s v v a = +2 0 2 2 v s s m= → = − − → =0 0 100 2 5 10 .( ) s v t at= + 0 2 1 2 s = × + −10 3 1 2 5 9.( ). s s m= − → =30 22 5 7 5, , 46 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Exercícios de aplicação P2 – Um ponto mate- rial em movimento ad- quire velocidade que obedece à expressão v = 10-2t (t em s; v em m/s) Calcule: a) A velocidade inicial; b) A aceleração; c) A velocidade no ins- tante 6s; d) O instante em que o ponto material muda de sentido. Resolução A equação v = 10–2t é do 1º grau, portanto o movimento é uniformemente variado, logo por comparação: v = 10 – 2t v = v0+at a) v0 = 10m/s b) a = 2m/s2 c) Quando t = 6m/s v = 10 – 2t v = 10 – 2.6 v = 10 – 12 v = 2m/s (tem sentido contrário ao positivo da trajectória) d) O ponto material muda de sentido quando v = 0 v = 10 – 2t 0 = 10 – 2t → t = 5s P1 – Complete a tabela Exercícios propostos Equação do movimento S = 1 + 5t S = S = 2t2 + t + 1 Tipo de movimentoS0(m) V0(m/s) a (m/s 2) S (t = 2s) 3 2 2t R: 1m; 5m/s; 0m/s2; 11m; MRU 0m; 0 m/s; 3 m/s2; 6m; MRUV 1m; 1m/s; 4 m/s2, 11m; MRU 47 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material P2 – Um automóvel iniciou um movimento uniformemente retardado com velocidade de 12 m/s e percorreu 125 metros durante 80 segundos. Calcular: a) A aceleração do movimento; b) A velocidade depois de 30 segundos. a) R: 0,26 m/s2 b) R: 4,2 m/s Exercícios propostos P3 – Um móvel parte do repouso com movimento de acele- ração constante e igual a 5m/s2. Determine a velocidade e a distância percorrida pelo móvel no fim de 8 segundos. R: 40m/s e 160m Gráficos do movimento rectilíneo uniformemente variado Sendo a equação horária do movimento uniformemente variado do 2.º grau, o diagrama é uma parábola. s(m) 1000 500 t(s) 0 10 20 30 40 Fig. 1.5 – Gráfico do espaço 48 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Pode-se apresentar nas seguintes formas: • A recta tangente à parábola, no ponto em que ela corta o eixo dos eixos (t = 0), representa geometricamente a velo- cidade inicial, e a sua inclinação fornece o valor de com o seu sinal. Exercícios de aplicação P1 – A velocidade de um automóvel varia de 5 m/s para 15 m/s durante 4 segundos, determine a acelera- ção com que se move o automóvel. Dados v1 = 5m/s v2 = 15m/s t = 4s Resolução ⇒a v v t a m s m s s = = − 2 1 15 5 4 – / / � a v v t a m s m s s = = − 2 1 15 5 4 – / / � a = 2,5m / s2 a a 0 0t t Fig. 1.6 – a) Gráfico da velocidade b) Gráficos da aceleração a) b) v(m/s) 50 40 30 20 10 0 10 20 30 40 t(s) 49 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material P2 – Dado o gráfico da velocidade de um ponto material em função do tempo, que se desloca numa trajectória rectilínea. P1 – Gráfico representa a variação da velocidade de uma partí- cula que se move rectilineamente. a) Qual é a velocidade inicial e final da partícula. b) Qual é a aceleração da partícula no instante t = 2 s. c) Qual é a aceleração da partícula no instante t = 3 s. d) Como se chama este tipo de movimento e) Determine o deslocamento da partícula entre os instan- tes t = 0 s e t = 4 s. f) Se no instante inicial, a partícula se encontrava em X = 3 m. Qual será a sua posição no instante t = 4 s a) R: v0 = 10 m/s; v = 30 m/s b) R: 5 m/s2 c) R: 5 m/s2 d) R: MRUA e) R: 80m f) R: 83m Exercícios propostos v(m/s) t(s) 35 30 25 20 15 10 5 0 0 0.5 1 2 31.5 2.5 3.5 v(s/m) t(s)0 2 5 6 4 50 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material P3 – O gráfico abaixo representa a velocidade de um ponto material em função do tempo, que se desloca em uma trajectó- ria rectilínea. Exercícios propostos Calcule: a) As velocidades nos instantes 1 s e 5 s; b) O espaço percorrido no intervalo de 0s a 6 s; c) A velocidade média no intervalo de 1 s a 8 s; d) Construa o diagrama a = f(t). a) R: 4,5m/s e 6m/s b) R: 33m c) R: 5,75m/s d) R: a) R: 5m/s e 2m/s b) R: 19m c) R: 3,8 m/s d) R: Determine: a) As velocidades nos instantes 1 s e 4 s; b) O espaço percorrido no intervalo de 0s a 5s; c) A velocidade média no item anterior; d) Construa o diagrama a = f(t). a(m/s2) t(s) 5 2 1 -2 v(s/m) t(s) 186420 3 6 a(m/s2) t(s)18 -0,5 6 2 51 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material 1.6.2. Queda de um Corpo Queda livre é o movimento que consiste na queda dos corpos desprezando a resistência do ar. A aceleração da gravidade é considerada constante e repre- senta-se pela letra «g». Portanto oseu valor varia depen- dendo da altitude ou da latitude em que se realiza a medição. Tendo em conta o nível do mar e uma latitude de 45° o seu valor aproximado será g = 9,80665 m s2 Para esse caso teremos as seguintes equações de movimento: Equação da velocidade v = v0 + at v = v0 + gt Equação de Movimento s s v t a t t= + + 0 0 2 2 2 s s v t g t= + + 0 0 2 2 Equação de Torricelli v2 = v20 + 2aΔs v2 = v20 + 2gΔs Fig. 1.5 – Malenga deixa cair (aban- dona) um corpo 52 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Exercícios de aplicação P1 – Uma pedra foi solta do terraço de um edifí- cio de 180 m de altura. Considerando g = 10 m/s2, calcule: a) O tempo gasto pela pedra para chegar ao chão. b) A velocidade da pedra ao chegar ao chão. Dados h = 180m g = 10m / s2 a) t = ? b) v = ? Resolução a) b) ⇒t t s= =36 6t t s= =36 6 t m m s = = 2 180 10 360 10 2 . / Logo⇒h gt t h g = = 2 2 2 h gt t h g = = 2 2 2 ⇒ ⇒v gh v v m s= = = =2 2 10 180 3600 60. . /v gh v v m s= = = =2 2 10 180 3600 60. . /v gh v v m s= = = =2 2 10 180 3600 60. . / Exercícios propostos R: 4s R: 176 m e 58,8 m/s R: 52 m/s P1 – Deixou-se cair verticalmente um grave do topo de uma torre de 90 metros de altura. Calcular a duração da queda. P2 – Que espaço percorreria em 6 segundos, um objecto caindo livremente na vertical? Que velocidade teria ao fim desse tempo? P3 – Um objecto foi lançado verticalmente de cima para baixo, tendo gasto 4 segundos a percorrer uma distância de 200 metros. Calcular a velocidade inicial com que foi lançado. 53 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material 1.6.3. Ascensão de um Corpo Observa a figura acima. A mesma representa o lançamento vertical para cima de uma bola por um jovem. Desprezando a resistência do ar notamos o seguinte: • Ao subir a velocidade vai reduzindo até atingir a altura máxima. A velocidade escalar e a aceleração escalar devem ter sinais opostos. Este movimento de ascensão é um movimento uniforme- mente retardado e pode ser comparado ao movimento rectilíneo uniformemente variado estudado no capítulo anterior. Para este movimento a aceleração é negativa e durante este movimento a velocidade aumenta 9,8 em cada 1 segundo. • O corpo ao atingir a altura máxima, a sua velocidade é igual a zero. Segundo a análise do gráfico substituindo o espaço pela altura obtemos: h h v t gt= + − 0 0 2 1 2 (1.11) v = v0 – gt (1.12) Utilizando a equação de Torricelli e tendo em conta que a aceleração é negativa vem: v2 = v20 + 2aΔh Lançamento vertical Fonte: Livro Didático Público/SEED 54 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Como v = 0 vem 0 = v0 – 2g (hmax – h2) Se a velocidade inicial for V0 é possível determinar a altura máxima (Hmáx). hmax = v g 0 2 2 Trajectória orientada para cima, portanto y = –g Trajectória orientada para baixo, portanto y = –g y = +gy = –g Propriedades do Lançamento Vertical (Tempo de Subida e de Descida) A altura máxima atingida pelo corpo será: hmax = v g 0 2 2 (1.13) Tempo de subida: é o tempo gasto pelo corpo desde o ponto de partida até atingir a altura máxima. Sabendo que t0 = 0 e v0 ≠ 0, no ponto mais alto da trajectória obtemos: v = v0 + at Como v = 0 t v gs = 0 (1.14) onde t v gs = 0 e é o tempo de descida, o que significa que o tempo de subida e o de descida que o corpo leva a percorrer é igual. Isto é : ts = td 55 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Exercícios de aplicação P1 – Uma pedra lan- çada verticalmente para cima, alcança a altura de 30 m. Quanto tempo necessitará para alcan- çar essa altura? Dados h = 30m t = ? Resolução ⇒t h g t t s= = = = 2 2 30 10 6 2 49 . ; ,t h g t t s= = = = 2 2 30 10 6 2 49 . ; , P1 – Com que velocidade deve ser lançada uma pedra verti- calmente de baixo para cima para que atinja a altura de 70 m? Que tempo demora a subida? P2 – Lançou-se verticalmente uma bola que atingiu 10 metros de altura. Calcular: a) A velocidade inicial com que a bola foi lançada. b) O tempo que a bola leva a regressar ao ponto de partida. P3 – Uma pedra foi lançada horizontalmente do topo de uma torre de 30 m de altura, com uma velocidade de 20 m/s. Cal- cular: a) O tempo que demorou a queda. b) A distancia da base da torre ao ponto onde caiu a pedra. c) A velocidade total com que a pedra atingiu o solo. R: 37 m/s e 2 ,7 s a) R: 14 m/s2 a) R: 2,5 s b) R: 2,8 s b) R: 49 m b) R: 31 m/s Exercícios propostos 56 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material 1.7. Movimento Circular Em Engenharia e na natureza em geral aparece com muita frequência movimentos, cujas trajectórias são curvilíneas. As trajectórias dos planetas e satélites artificiais no espaço cós- mico, as trajectórias das peças das máquinas e mecanismos, são curvilíneas. Se define movimento circular como aquele cuja trajectória é uma circunferência. Uma vez situado a origem CO de ângu- los descrevemos o movimento circular mediante as seguintes grandezas. Posição angular, θ No instante t o móvel se encontra no ponto P. Sua posição angular é dada pelo ângulo θ, que faz o ponto P com o centro da circunferência C e o raio CO. O ângulo θ, é o quociente entre o comprimento do arco s e o raio da circunferência r, θ = s r . A posição angular é expressa em radianos. Velocidade angular, ω P O sr C 0 P P’ O t t’ 0’ C 0 57 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material No instante t' o móvel se encontrará na posição P' dada pelo ângulo θ'. O móvel deslocou-se Δθ = θ'–θ no intervalo de tempo Δt=t'–t compreendido entre t e t'. Se denomina velocidade angular ao quociente entre o desloca- mento angular e o intervalo de tempo. ω θ = � �t (1.15) A velocidade angular expressa-se em radianos por segundo (rad/s). Velocidade linear, v A velocidade linear, é calculada como a relação entre o compri- mento do arco s e o respectivo intervalo de tempo. v s t = (1.16) A velocidade linear é expressa em metros por segundos (ms–1). Substituindo na fórmula 2.17 o comprimento do arco, obtém-se: v r t v r= = θ ω, ⇒ v r t v r= = θ ω, (1.17) 1.7.1. Movimento circular uniforme Neste tipo de movimento, o módulo da velocidade é constante, mas a direcção varia constantemente. s = s0 + vt sendo s0 a posição da partícula no instante t = 0s Dividindo ambos os membros da expressão anterior pelo raio da trajectória, obtém-se: ϕ = ϕ 0 + ωt (1.18) sendo ϕ 0 o ângulo ao centro no instante t = 0s . Esta expressão é válida para s < 2 π r. v v v v Fig. 1.7 – Velocidade variável em direcção 58 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Período e Frequência No movimento circular uniforme, o corpo ao se deslocar per- corre a trajectória repetidas vezes, por isso é que este movi- mento também é considerado de periódico. O tempo que o corpo leva a dar uma volta completa chama-se período (T). O número de vezes que o corpo efectua por unidade de tempo chama-se Frequência (ƒ) f n t = � , (1.19) onde n é o número de voltas que o corpo dá e Δt, o tempo gasto para se dar aquelas voltas. Unidade da Frequência No Sistema Internacional a Frequência mede-se pelo inverso do segundo o que equivale a um Hz (Hertz) Convém recordar que sendo ro raio da trajectória e T o perí- odo do movimento (tempo que a partícula demora a descrever uma volta completa), podemos escrever v r T r f= = 2 2π π e como a frequência do movimento é f T Hz hertz= 1 ( ) ( ) podemos ainda escrever w = 2π f (1.20) Aceleração Centrípeta (Normal) A aceleração do movimento circular uniforme é centrípeta, isto é, perpendicular a velocidade do movimento, ao longo do raio em direcção ao centro da circunferência (trajectória). a v rc = 2 (1.21) A aceleração centrípeta pode ser igualmente expressa através da velocidade angular. Sabemos que v = ωr, substituindo v na fórmula anterior, obtemos: ac = ω2 r (1.22) Fig. 1.8 – Aceleração centrípeta ac ac ac ac R 59 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material 1.8. Movimento Circular Variado Aceleração angular, α Se denomina aceleração angular ao quociente entre a varia- ção de velocidade angular e o intervalo de tempo gasto para efectuar esta variação. A aceleração angular, que é responsá- vel pela variação da velocidade angular, é definida pela razão entre a variação da velocidade angular, e o intervalo de tempo gasto para efectuar esta variação. α ω = � �t Onde Δω = ω – ω0 e Δt = t – t0 α ω ω = − 0 0 t t– (1.23) 1.8.1. Movimento Circular Uniformemente Variado Um movimento circular uniformemente acelerado é aquele cuja aceleração α é constante. As equações do movimento circular uniformemente variado por analogia têm a mesma formulação que as equações do movimento rectilíneo uniformemente variado. α = constante ω = ω0 + at θ θ ω= + + 0 0 2 1 2 t at (1.24) Podemos afirmar, que o módulo da aceleração centrípeta depende da velocidade angular do corpo e do raio da trajec- tória. 60 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material Exercícios de aplicação P1 – Uma partícula efectua 1200 rpm numa circunferência de 0,5 m de raio. Determine: a) A velocidade angular da partícula. b) A velocidade linear da partícula. Dados f rpm s Hz= =1200 1200 60 20 r = 0,5m a) ω = ? b) v = ? Resolução a) ω = 2π f → ω = 2π.20 ω = 40rad / s b) v = ωr → v = 40π.0,5 v = 20π m / s Exercícios propostos P1 – Um disco tem 3,2 m de diâmetro e gira com velocidade constante, efectuando 120 voltas por minuto. Calcular: a) A velocidade angular do disco. b) A velocidade linear dos pontos da periferia. P2 – Uma partícula tem movimento circular uniforme com velocidade de 3 m/s. o raio da trajectória é de 1,2 m. Calcular: a) A velocidade angular. b) A aceleração centrípeta. P3 – Que velocidade deve imprimir-se a uma partícula que se move sobre uma trajectória circular de 25 cm de diâme- tro, tenha uma aceleração centrípeta de 0,5 m/s2? Qual será a velocidade angular da partícula? a) R: 12,56 rad/s a) R: 2,5 rad/s b) R: 20 m/s b) R: 7 m/s2 R: 0,25 m/s e 2 rad/s 61 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1 – Movimento de uma Partícula Material P4 – Duas polias de raios r1 = 0,05 m e r2 = 0,1 cm, respectiva- mente, estão ligadas por uma correia. O período de rotação da polia de menor raio é igual a 0,5 s. A que velocidade se desloca a correia? Qual é o período de rotação da segunda polia. P5 – Uma partícula realiza um movimento circular uniforme de raio 5 m, completando uma volta em cada 5 s. Calcule a fre- quência e a velocidade angular do movimento. R: 0,2 Hz e 1,256 rad/s R: 0,6 m/s e 1s Exercícios propostos 62 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos Unidade 1i interacções entre corPos Na unidade anterior estudamos o movimento dos corpos mas, não nos debruçamos sobre as causas que originam este movi- mento. Nessa unidade vamos estudar o movimento dos corpos bem como as suas causas. 2.1. Força A palavra força é conhecida por nós desde a tenra idade. Ao falar- mos da força interpretamos de formas diferentes independente- mente dos efeitos apresentados. Um corpo pode pôr-se em movimento ou variar a sua velocidade caso o empurrarmos. No exemplo citado o corpo põe-se em movimento, muda de direc- ção ou pára sob a acção de outro corpo. A força é a expressão vectorial e completa da interacção entre dois corpos físicos Classificação das Forças As forças podem classificar-se em: 1. Forças de contacto quando as superfícies dos corpos intera- gem. Exemplo. • Força de atrito, • Força elástica, • Força de tensão 2. Forças de campo quando ocorrem à distância. Exemplos • Força nuclear (forte ou fraca), • Força electromagnética, • Força gravitacional. Fig. 2.1 – Kibato chutando uma bola 63 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos Fig. 2.2 – Bió equilibrando o seu peso Fig. 2.2 – Equilíbrio dinâmico Fig. 2.4 – Efeito de uma força Equilíbrio de uma Partícula Habitualmente distinguimos dois tipos de equilíbrio: Estático e dinâmico. Equilíbrio estático: observa-se quando a velocidade de um corpo é nula, o que significa que o corpo está em repouso em relação a um certo referencial. v = 0 equilíbrio estático Equilíbrio dinâmico: observa-se quando o corpo tem velocidade constante no decorrer do tempo. O que significa que a velocidade não é nula mas sim o corpo vai animado de movimento rectilí- neo e uniforme (MRU). V = constante ≠ 0 , equilíbrio dinâmico Efeito de uma Força Tal como já vimos não observamos a força mas conhecemos os seus efeitos. Uma força quando produz apenas deformação estamos em pre- sença do efeito estático da força, pois não se observa movimento. No caso da força produzir apenas uma aceleração podemos afir- mar que estamos em presença do efeito dinâmico. Por exemplo quando empurramos um móvel variamos a sua velocidade e consequentemente aplicamos uma força sobre ele. Deixando de aplicar a força automaticamente cessa a aceleração. Assim a força é a causa e a aceleração é o efeito. A força, é uma grandeza vectorial, pois para ser definida, é necessário ter em conta a direcção, sentido e intensidade ou valor numérico. Tem como unidade o Newton, no SI, e repre- senta-se pela letra N. Na técnica e na vida quotidiana empregam-se outras unidades de força, o Kilograma-força kgf. e o Dine. Onde 1kgf = 9,8 N e 1 dine = 10.–5 N. 64 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos A figura ao lado representa um dinamómetro que é o instru- mento utilizado para medir a intensidade de uma força pela deformação que produz num corpo elástico. Este instrumento consiste numa mola helicoidal de aço envol- vida por um protector. Na extremidade livre da mola há um ponteiro que se desloca ao longo de uma escala. A medida de uma força é feita por comparação da deformação por essa força com a de forças padrões. Força Resultante Constatamos geralmente que sobre um corpo não actua só uma força, mas várias. Observa a figura, a mesma representa forças actu- ando simultaneamente sobre o mesmo corpo. As forças têm direcções diferentes, mas a acção resultante é apenas efeito para um único fim. Este fenómeno ocorre como se o corpo tivesse uma única força. A soma de forças que acabam por produzir um efeito único denomina-se força resultante ou simplesmente resultante. FR = F1 ± F2 ± . . . ± Fn (2.1) Logo, a força resultante provoca a um corpo uma acção igual a provocada por várias forças que actuam simultaneamente sobre ele. Fig. 2.5 – Equilíbrio dinâmico Fig. 2.6 – Força resultante F'1 Escala 7kgf F'2 65 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos Exercícios de aplicação P1 – Considere um corpo de massa 2kg ini- cialmente em repouso sobre o qual actua hori- zontal de 5N. a) Represente todas as forças que actuam sobre o corpo. b) Calcule a aceleração adquirida pelo corpo. c) Determine a sua velo- cidade ao fimde 3s. d) Calcule a força que seria necessária para que atingisse a velo- cidade de 12ms–1 ao fim de 4s. Dados m = 2kg F = 5N Resolução a) c) d) RN P Fa F b) F ma a F m a N kg = → = → =. 5 2 a = 2,5m / s2 F = 5N v = ? t = 3s m = 2kg a = 2,5m / s2 F = m.a M.R.U.V. v = v0 + a.t Se v0 = 0 Logo v = a.t → v = 2,5m/s2.3s → v = 7,5m/s v = 12m / s t = 4s v at a v t a m s s = → = → =. /12 4 a = 3m / s F = m.a F = 2kg.3m / s2 F = 6N 66 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos Exercícios propostos R: F =30N R: FR = 1040N R: FR = 400N P1 – Sobre um corpo actuam forças dirigidas sob o ângulo de 90° uma relativa a outra. Uma força é igual a 40N. Qual o valor da outra força se a resultante é de 50N. P2 – Achar a resultante de duas forças de 600N cada uma apli- cadas a um corpo que formam um ângulo de 60° entre si. P3 – Determinar a resultante de três forças de 200N cada uma se a primeira e a segunda formam um ângulo de 30º e a segunda e a terceira formam um ângulo de 60°. Força de Atrito Uma das manifestações das interacções mecânicas é a força de atrito. A força de atrito aparece sempre que houver contacto entre os corpos, e está sempre orientada ao longo da superfície de contacto, e opõe-se ao movimento corpo. A força de atrito depende da natureza das superfícies que se encontram em contacto e das forças que se exercem sobre as superfícies onde surge o atrito (força normal à superfície). Fat = μN (2.2) Onde Fat = força de atrito μ = coeficiente de atrito (depende da natureza das super- fícies em contacto) N = força normal à superfície 67 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos A natureza da superfície em contacto é que definem o valor máximo ou mínimo do atrito. Assim sendo o atrito pode ser estático ou dinâmico. Logo para um valor máximo de atrito o seu coeficiente deno- mina-se estático e para o valor mínimo o coeficiente deno- mina-se cinético. Existe porém uma força máxima de atrito de repouso, mas quando a força paralela à superfície se torna maior que a força de atrito, o corpo adquire uma certa aceleração. Se numa superfície de um corpo em repouso actuar uma força orientada paralelamente à superfície de contacto dos corpos, então, o corpo só começará a mover quando a força atingir um determinado valor. O valor desta força determina o valor máximo da força de atrito estático. A força de atrito estático é a que nos impede de mover objecto pesados. Fig. 2.7 – Corpo em movimento no plano inclinado θ m2 m1 Exercícios de aplicação P1 – Um corpo é lan- çado horizontalmente sobre um plano hori- zontal com velocidade de 10ms–1 e para após percorrer 50m. Deter- mine o coeficiente de atrito relativo às super- fícies em contacto? Dados v0 = 10m / s s = 50m μ = ? v = ? Resolução s v v a = 2 0 2 2 – como v = 0, então a v s = − 0 2 2 a a a m s= − → = − → = 100 2 50 100 100 1 2 . – / Fa = μN, N = m.g → Fa = μ.m.g Fa = F → –μ.m.g = ma.a = − → = → = a g m s m s – / – / , 1 10 0 1 2 2 = − → = → = a g m s m s – / – / , 1 10 0 1 2 2 = − → = → = a g m s m s – / – / , 1 10 0 1 2 2 μ μ μ 68 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos Exercícios de aplicação P2 – Um ponto material de massa igual a 2kg esta apoiado numa superfí- cie horizontal perfeita- mente liso, em repouso uma força constante de intensidade 6N, paralelo ao apoio actua durante 10s, após as quais deixa de existir, determine: a) A aceleração nos 10s iniciais. b) A velocidade ao fim de 10s. Dados m = 2kg F = 6N t = 10s a) a = ? b) v = ? P3 – Um bloco de massa 10kg movimenta-se numa mesa horizontal sob acção de uma força horizontal de intensidade 30N, o coe- ficiente de atrito dinâmico entre o bloco e a mesa é de 0,20, sendo g=10m.s–2. Determine a aceleração do bloco. Dados m = 10kg F = 30N μ = 10s g = 10m/s2 Resolução Resolução a) b) F ma a F m = → =. v at v m s s v m s = → = = . / . / 3 10 30 2 a N kg a m s= → = 6 2 3 2 / F = ma, Fa = μ.N, N = P, P = m.g F –μP = m.a → a = F mg m −μ a a m s= − → = 30 0 2 10 10 10 1 2 , . . / 69 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos P1 – Dois blocos, de massa mA = 19kg e mB = 8kg, estão em repouso, encostados ao outro e apoiados sobre uma superfície plana horizontal cujo coeficiente de atrito cinético entre eles e a superfície é μc = 0,50. Num determinado instante, aplica-se, ao bloco A, uma força de módulo FA = 189N. Iniciado o movi- mento, calcule o módulo da força exercida pelo bloco A Sobre o B. (considere g = 10m.s–2). P2 – Um camião de frutas desloca-se em movimento rectilí- neo numa estrada horizontal, com velocidade uniforme igual a 20 m/s. O camião transporta, na carroçaria, uma caixa de man- gas de Lândana de massa total 30 kg. Ao ver um sinal de trânsito a 100m, o motorista começa a travar uniformemente, de modo a parar junto dele. (coeficiente de atrito cinético μc = 0,10). a) Faça um esquema das forças que actuam sobre a caixa durante a travagem. Calcule o módulo da componente da força que o chão da carro- çaria exerce sobre a caixa durante a travagem. R: F =60N R: F =56N Exercícios propostos 2.2. Leis de Newton 2.2.1. Lei da Inércia Antigamente os sábios sustentavam que o estado natural dos corpos era o repouso. Para que saíssem desse estado era necessária a acção de uma força e, quando essa força deixava de agir o movimento terminava e os corpos voltavam imedia- tamente ao seu estado natural, o repouso. Com a introdução de método experimental de Galileu o princípio de inércia hoje se pode definir da seguinte forma: Todo corpo continua no estado de repouso ou de movi- mento numa linha recta com velocidade escalar constante 70 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos a menos que seja obrigado a alterar esse estado pela acção de uma força resultante externa. Assim, se a força resultante sobre um corpo for nula, ele estará em repouso ou em movimento rectilíneo e uniforme. A tendência de um corpo manter seu estado de repouso ou de movimento rectilíneo com velocidade constante é chamada inércia. Por esse motivo, a primeira lei de Newton também é conhecida como princípio da inér- cia. A massa do um corpo é a medida da sua inércia. Assim, quanto maior for a massa de um corpo, maior é a sua inércia. A tendência de um corpo manter seu estado de repouso ou de movimento rectilíneo com velocidade constante é chamada inércia. Por esse motivo, a primeira lei de Newton também é conhecida como princípio da inércia. A massa do um corpo é a medida da sua inércia. Assim, quanto maior for a massa de um corpo, maior é a sua inércia. Os referenciais para os quais vale o princípio da inércia são chamados referenciais iner- ciais. A aplicação, num ponto material, de uma força ou de um sistema de forças cuja soma vectorial não é nula produz nele uma variação de velocidade. Exercícios de aplicação P1 – Conforme recolha de informações o uso do cinto de segurança é obrigatório para pre- venir lesões graves nos motoristas e passagei- ros no caso de aciden- tes. Explique a que lei da Física está isso rela- cionado. Resolução • No caso de acidente, os ocupantes dum carro que estive- rem sem cinto de segurança são atirados para frente. • A possibilidade de sair ileso dum acidente sem uso do cinto é de um por mil. • O uso do cinto de segurança reduz de 60% a 80% as mor- tes em choques frontais. 71 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos P1 – No espectáculo de circo o palhaço se coloca diante duma mesa com uma toalha. Sobre a toalha se coloca pratos e talhe- res. O palhaço puxa a toalha rapidamente damesa, mas os pratos e talheres permanecem sobre ela. Que lei de Newton explica este fenómeno? P2 – Porquê o cavaleiro é atirado para frente quando o cavalo pára, negando-se a saltar o obstáculo? Exercícios propostos 2.2.2. Lei Fundamental da Dinâmica A Lei da Inércia (1ª Lei de Newton) como já vimos estabelece o que ocorre com a um corpo na ausência das forças aplicadas sobre ele ou quando a resultante aplicada sobre ele é nula. A origem das forças que actuam sobre os corpos pode ter natureza gravitacional, electromagnética, nuclear, etc. As forças causam a aceleração dos corpos. A experiência mos- tra que as forças aplicadas sobre um corpo é a causa da sua aceleração. Quanto maior for a força F aplicada sobre um corpo de massa m, tanto maior será a sua aceleração a. Para corpos de massas diferentes, ao aplicarmos a mesma força, a aceleração será maior no corpo com menor massa e menor no corpo com menor massa. A relação quantitativa entre a força, a aceleração e a massa mencionada acima pode ser expressa da seguinte forma: F ~ a , para m = constante. A 2ª Lei da Newton é conhecida por Lei fundamental da Dinâmica e enunciada da seguinte maneira: A resultante das forças que actuam sobre um corpo é directa- mente proporcional à aceleração que esse corpo adquire. Fig. 2.8 – Força F aplicada sobre um corpo 72 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos Fr = M.a (2.3) No SI a unidade da força é obtida dessa equação e recebe o nome de Newton. 1Newton = 1kgms–2 Exercícios de aplicação P1 – Um ponto material de massa 200 kg des- loca-se com uma acele- ração constante durante 10 s percorrendo uma distancia de 500 m. Determine a força nela aplicada. Dados m = 200kg t = 10s s = 500m F = ? P2 – Um comboio de 20.000kg percorre 50m em M.R.U.V, a força aplicada a locomotiva é de 7,2kN. Determine a sua velocidade. Dados m = 20.000kg s = 50m F = 7,2kN v = ? Resolução Resolução s a t a s t a m s F ma F kg m s F = → = → = = → = 2 2 2 2 2 2 10 200 10 / . . / == 2000N F ma a F m a kN kg a m s s a = → = = → = = . , . , . / – 7 2 20 000 3 6 10 1 2 tt t s a v at v m s s v m s 2 1 2 2 2 3 6 10 17 6 12 → = = → = = , . / . , / – 73 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos P1 – Um bloco é lançado sobre um plano horizontal com velo- cidade de 30m/s, percorre 100 m até parar. Calcule o coefi- ciente de atrito dinâmico. P2 – Um corpo cai livremente de altura de 80 m. Qual é que seu deslocamento durante o último segundo da queda? P3 – Um corpo é lançado verticalmente para cima com a velo- cidade de 30 m/s. a) A que altura a sua velocidade será três vezes inferior do que a inicial? b) Quanto tempo passará até esse momento? P4 – Dois corpos de massas 0,3kg e 0,2 kg, ligados entre si por um fio inextensível de massa desprezível, são suspensos por uma roldana fixa. a) Com que aceleração se movem os corpos? b) Qual é a tensão no fio durante o movimento? P5 – Uma grua eleva uma carga de massa 1t. Qual é a tensão no cabo no inicio do levantamento se a carga se moveu com aceleração de 25m/s2? Exercícios propostos R: µ = 0,45 R: s = 35m a) R: h = 30m a) R: a = 2m/s2 b) R: t = 2s b) R: FT = 2,4N R: FT = 35kN 2.2.3. Lei da Acção e Reacção A experiência quotidiana nos mostra vários exemplos onde se manifesta a acção e reacção. Quando se mantém um corpo sobre uma mesa, este exerce sobre a mesa uma acção que é representada pelo seu peso, por outro lado, por parte da mesa há uma reacção que é repre- sentada pela oposição à deslocação do corpo. Quando puxamos uma mola, sentimos nas mãos a reacção desta. Se a mola partir-se, o repentino desaparecimento da reacção pode desequilibrar-nos. 74 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos Quando se dispara uma arma de fogo, a força propulsora (acção) do projéctil provoca uma reacção oposta que origina o recuo da arma. Todos estes exemplos permitem-nos formular o principio de acção e reacção segundo a qual: A qualquer acção opõe-se sempre uma reacção com a mesma direcção e intensidade, mas sentidos opostos. Geralmente a acção e a reacção têm pontos de aplicação dife- rentes. p-1 M M Fig. 2.9 – Acção e reacção Exercícios de aplicação P1 – Uma caixa de massa 50kg é erguida verticalmente para cima com aceleração de 1m/s2 dentro de um prédio. Considere g=10m a) Faça a configuração das forças que actuam sobre a caixa e cal- cule a sua intensidade durante a sua eleva- ção. b) Qual a intensidade da força exercida pela caixa sobre o piso do elevador. Dados m = 50kg a = 1m/s2 g = = 10m/s2 Resolução P m g P N F ma mg F kg m s N F r r r = → = = + → = + = . . . / 500 50 1 500 2 5550N 75 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos P1 – Consideremos um corpo de massa igual a 6kg em repouso sobre um plano horizontal liso. Aplica-se uma força horizontal F = 30N sobre o corpo. Admitindo-se g = 10m/s2, determine os módulos da. a) Aceleração do corpo. b) Reacção normal do plano de apoio. P2 – Tunga Muanza escolhe um corpo de massa igual a 2kg inicialmente colocado em repouso sobre um plano horizontal perfeitamente liso. Sobre o corpo passa a actuar uma força F de intensidade 16 N aplicada obliquamente 60° ao plano hori- zontal. (Dados g = 10m/s2 e ângulo 60°). Determine: os módulos da a) Aceleração do corpo. b) Reacção normal do plano de apoio. Exercícios propostos a) R: a = 5m/s2 a) R: a = 4m/s2 b) R: FNA= 60N b) R: FNA= 6,40N 2.3. Impulso e Quantidade de Movimento É sabido que as leis de Newton permitem resolver problemas sobre o movimento dos corpos. Em muitos casos é difícil cal- cular as forças que actuam sobre os corpos. Por exemplo, na colisão entre dois corpos, sabe-se que eles interactuam-se pela força de elasticidade, mas a determinação desta força por vezes é difícil. No caso simples da colisão entre duas esferas, a deformação de cada uma delas torna-se difícil definir, por- quanto não se sabe os valores das grandezas presentes na lei de Hooke (F = k x) nomeadamente a deformação x e a cons- tante de rigidez k. Para isso recorre-se à formulações simples da lei de movi- mento de Newton para resolução de problemas da Mecânica. 76 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos Impulso de uma força Partindo da lei de movimento, F = m.a (1) A aceleração caracteriza a rapidez com que varia a velocidade, ou seja, a v v t = – 0 (2) Substituindo o vector a em (1) vem: F m v v t = – 0 (3) Decompondo a fórmula (3) obtemos: F.t = m(v–v0) (2.4) Se considerarmos uma força constante F agindo num ponto material durante um intervalo de tempo = t – t0, teremos o impulso como sendo I = F. Δt (2.5) O vector impulso tem a mesma direcção e o mesmo sentido da força, e sua intensidade é determinada pela expressão (5), sendo F a intensidade da força e Δt, o intervalo de tempo em que esta força actua. No Sistema Internacional a unidade do Impulso é (N . s) A intensidade do Impulso é tanto maior quanto maior for a inten- sidade da força F e quanto maior for o intervalo de tempo Δt. Num gráfico F = f(t), o Impulso da força F corresponde nume- ricamente à área varrida pela figura geométrica. A F 0 t0 t1 t A= F(t0–t1) = F. Δt A = I 77 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos A propriedade anterior é válida mesmo que a força, mantendo a mesma direcção, varie com o tempo. Observando a fórmula (2.4), podemos deduzir o membro direito como sendo a expressão que representa a quantidade de movimento (ou momento linear) pois, envolve a massa e a variação da velocidade do corpo. p = m.(v–v0) Sendo Δv = v – v0, onde v e v0 representam a velocidade final e inicialdo corpo respectivamente. Então p = m.Δv (2.6) A quantidade de movimento é uma grandeza vectorial com a mesma direcção e o mesmo sentido do vector velocidade. Se um sistema de pontos materiais de massas m1, m2, …, mn, que em determinado instante apresentam velocidades respec- tivas, v1, v2, …, vn, então a quantidade de movimento do sistema representa – se da seguinte maneira: p = m1v1 + m2v2 + ... + mnvn p = p1 + p2 + ... + pn (2.7) No Sistema Internacional (SI), a unidade de medida da quan- tidade de movimento é o quilograma x metro por segundo: kg . m . s – 1. Fig. 2.10 – Atleta efectuando um salto 78 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos Exercícios de aplicação P1 – A massa de um caminhão é 5000 kg e descreve uma trajec- tória rectilínea e hori- zontal com velocidade de 25 m / s. Determine a quantidade de movi- mento: a) Do caminhão; b) Do caminhão com uma carga de 3000 kg de massa. Dados m = 5000kg v = 25m/s a) p= ? do camião b) v = ? do camião + carga Resolução a) o módulo da quantidade de movimento é: p = m.v p = 5000kg.25m/s p = 125000kg.m/s b) p = p1 + p2 p = m1 v1 + m2 v2 v1 = v2 → p = (m1 + m2).v p = (5000 + 3000).25 p = 200000kg.m/s Relação entre quantidade de movimento e impulso (teorema do impulso) A quantidade de movimento e o impulso de uma força são grandezas físicas que se relacionam. No caso de um jogador que aplica uma força F, durante o intervalo de tempo Δt, sobre a bola de massa m que se movimenta com a velocidade inicial v0, a acção da força causa na bola uma aceleração a, alterando a velocidade para v1. Assim podemos dizer que a força F foi a responsável pela alteração da quantidade de movimento da bola de p0 = m v0 para p1 = m v1. Daqui conclui-se que a acção da resultante das forças que agem num ponto material, durante um intervalo de tempo Δt, 79 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos b) 5 segundos depois teremos: p2 = m.v2 p2 = 0,4kg.7m/s p2 = 2,8kg.m/s c) Considerando que os vectores p1 e p2 têm a mesma direcção e o mesmo sentido, então I = p1 + p2 → I = 2 + 2,8 → I = 4,8N.s d) sendo imprime nele um impulso I, que corresponde à variação da quantidade de movimento nesse intervalo de tempo. p = p1 – p0 ou I = Δp (2.8) Essa expressão, conhecida pelo teorema do impulso, é válida para referenciais inerciais e é válida também quer para o movimento rectilíneo uniformemente variado, como para outros movimen- tos em qualquer trajectória. Exercícios de aplicação P1 – A massa de um corpo que se desloca em movimento rectilí- neo cuja resultante das forças se mantêm cons- tante é 0,4 kg. Se a velo- cidade inicial for 5 m / s, e passados 5 segundos essa velocidade sobe para 7 m / s, determine: a) A quantidade de movi- mento inicial do corpo; b) A quantidade de movi- mento do corpo passa- dos 5 segundos; c) O impulso da força resultante que sofre o corpos; d) A intensidade da força resultante agente no corpo. Dados m = 0,4kg v1 = 5m / s t = 5s v2 = 7m / s Resolução a) p = m.v1 p1 = 0,4kg.5m/s p1 = 2kg.m/s I F t F I t F N s s F N = → = = → = . , . , � � 4 8 5 0 96 80 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos Conservação da quantidade de movimento Existem várias situações, em que o conceito de quantidade de movimento é fundamental para o entendimento dos fenó- menos físicos envolvidos. Estudemos o conceito de quanti- dade de movimento no caso de interacções de curta duração entre corpos em que a resultante de forças externas é nula como acontece nas colisões e explosões. Quando duas esferas colidem, ocorre, durante a colisão, uma troca de forças num intervalo de tempo muito pequeno. A acção dessas forças causa variações das quantidades de movimento de mesma intensidade e de sentidos opostos, mantendo-se constante a quantidade de movimento do sis- tema. Se ocorrer variação de quantidade de movimento, tal facto dever-se-á à forças externas ao sistema (peso, atrito ou nor- mal). Assim, um sistema isolado é aquele cujas forças externas são nulas ou possuem intensidade muito menor quando compa- radas às forças internas ou ainda se a resultante das forças externas for nula. A quantidade de movimento total de um sistema se conserva se a resultante das forças externas que agem no sistema for nula. Este enunciado corresponde à lei da conservação da quantidade de movimento. 81 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos Exercícios de aplicação P1 – Um comboio de massa 10000kg atingiu a quantidade de movi- mento 2,0.105kg ms–1 ao fim de 2,0s, partindo do repouso. a) Qual foi a força resul- tante média que o acelerou? b) Qual foi o valor da ace- leração média? Dados m = 10000kg p = 2,105kg.m/s t = 2s a) Fm= ? b) am= ? Resolução a) b) F p t F kgms s F N m m m = → = = � � 2 10 2 1 10 5 1 5 . . – a F m a N kg a m s m m m m = → = = 1 10 1 10 10 5 4 2 . . / 2.3.1. Impulso de uma Força Da 2ª Lei vimos que a força F aplicada sobre um corpo de massa m imprime-lhe uma aceleração a. Da expressão F = ma teremos, para a v t = � � F m v t = � � (2.9) ou F∆t = m∆v (2.10) outra forma da expressão da 2ª lei 82 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos O produto da força pelo intervalo de tempo expressa uma nova grandeza física, chamada Impulso da força sobre o corpo. Caracteriza a força aplicada sobre um corpo durante um deter- minado intervalo de tempo. I = F∆t (2.11) (Impulso da força) O Impulso de uma força resultante, F, é devido à sua apli- cação a um corpo durante um intervalo de tempo, é igual à variação da quantidade de movimento desse corpo (m∆v) ocorrida nesse intervalo de tempo. No SI, a unidade do Impulso da força é obtida pelo produto da unidade de força N pela unidade de tempo s, isto é Newton. segundo (N.s). N.s = (kg.ms–2).s = kgms–1 Exercícios de aplicação P1 – Uma força F de intensidade 20N, direc- ção vertical e sentido ascendente é aplicada num ponto material durante 10s. Deter- mine a intensidade, a direcção e o sentido do impulso dessa força. Dados F = 20kg t = 10s I = ? Resolução I = F.t I = F.t I = 20.10 I = 200N.s 83 PARTE I – Mecânica UNIDADE 1I – Interacções entre Corpos P1 – Uma bola de massa 4kg é chutada contra uma parede com velocidade 15m Sabendo que esta retorna com mesma velocidade, qual o impulso aplicado pela parede a bola. P2 – Uma arma de massa 6kg dispara uma bala de massa 200g com a velocidade de 300m. Determine a velocidade de recuo da arma Exercícios propostos R: p = –120N.s R: v = –10m/s 84 PARTE I – Mecânica UNIDADE III – Trabalho e Energia Unidade 1i1 trabalho e energia 3.1. Trabalho de uma Força Constante A característica do movimento mecânico assenta (consiste) no conceito de trabalho mecânico ou trabalho de uma força. Na linguagem comum a palavra trabalho usa-se para exprimir qualquer actividade exercida por um indivíduo. Em Física o conceito de trabalho tem outro significado como veremos nos seguintes exemplos: Fig. 3.1 – Malenga levantando um objecto (a, b, c, d, e) Fig. 3.2 – Um avião a descolar a) d) b) e) c) Um menino levanta um objecto. Um avião a levantar voo; Estes exemplos mostram que o trabalho mecânico se realiza quando há deslocamento de um corpo sob a acção de uma força. 85 PARTE I – Mecânica UNIDADE III – Trabalho e Energia Fig. 3.3 – Malenga empurrando uma caixinha Se uma força aplicada a um corpo não produzir nele nenhum deslocamento, diz-se que o trabalho dessa forçaé nulo. Trabalho mecânico (W) é o trabalho realizado por uma força quando produz um deslocamento no corpo. 1 Joule é o trabalho realizado por uma força de 1 newton que actua na mesma direcção e sen- tido de um deslocamento de l metro Consideremos as seguintes situações: 1ª Situação: A força e o deslocamento têm a mesma direcção O trabalho da força F no deslocamento (s) de AB é dado pela expressão: W = F.s (3.1) Esse trabalho corresponde à energia transferida ao corpo pela força nele aplicada supondo ideal o sistema, ou seja, sem perdas de energia. Quando a força tiver a mesma direcção e o mesmo sentido do deslocamento, o trabalho dessa força denomina-se trabalho motor (W> 0). Se, pelo contrário tiver a mesma direcção mas sentido oposto ao do deslocamento, então denomina-se trabalho resistente (W < 0). No Sistema Internacional o trabalho mede-se em Nm 1 Nm = 1 J No Sistema CGS o trabalho mede-se em Dina. Centímetro 1 dine.cm = 1 Erg 1 J = 105 dine.102 cm 1 J = 107 dine.cm 1 J = 107 erg 86 PARTE I – Mecânica UNIDADE III – Trabalho e Energia No Sistema Técnico o trabalho mede-se em Cavalo - Vapor (CV) e Horse – Power (HP) O Cavalo Vapor corresponde à potência necessária para erguer a de m um corpo de massa 75 kg em 1 segundo num local onde g = 9,8 m/s2 1 CV = 735 W 1 HP = 746 W 2ª Situação: A força e o deslocamento não têm a mesma direcção (formam um ângulo entre SI) O trabalho da força F no deslocamento (s) de AB é dado pela expressão: WAB = F.s cos α (3.2) O trabalho é uma grandeza escalar. Por isso pode ser posi- tivo (0° ≤ α < 90°) ou negativo (90° < α ≤ 180°). Quando a força for perpendicular à direcção do deslocamento, o trabalho da força F é nulo, pois cos 90° = 0. Fig. 3.4 – Ritinha puxando um car- rinho amarrado a uma corda Exercício de aplicação P1 – Tunga Muanza eleva um corpo de massa 20kg a uma altura de 3m durante 10s. Qual será o valor da força que ele deve exercer para que o corpo suba com veloci- dade constante sabendo que a aceleração da gra- vidade é de 10ms–2. Que trabalho se realiza? Dados m = 20kg s = 3m t = 10s F= ? W = ? Resolução F = m.g → F = 20kg.10m.s–2 F = 200N W = F.s.cosα W = 200N.3m.cos00 W = 600J 87 PARTE I – Mecânica UNIDADE III – Trabalho e Energia P1 – Que grandezas caracterizam o trabalho mecânico? Define-as. P2 – Um corpo de massa 6kg é lançado horizontalmente com a velocidade de 20m/s sobre uma superfície plana horizontal. (Considere g = 10m/s2 e sem atrito). a) Calcule o trabalho realizado pela força até o corpo atingir o repouso. b) Determine o trabalho realizado pela força peso e pela reacção normal do apoio durante todo o percurso. Exercícios propostos a) R: W = 1200J b) R: Wp = WN = 0 3.2. Trabalho de uma Força Variável Suponhamos um corpo de massa m que se desloca de um ponto A (nível alto) para um ponto B (nível baixo), seguindo uma trajectória qualquer. Sendo P o peso do corpo e s o seu deslocamento entre os pon- tos A e B, o trabalho realizado pela força peso tem a seguinte expressão: WAB = P.s cos α WAB = P.h WAB = m.g.h (3.3) Independentemente do caminho a percorrer, o trabalho da força peso não depende da trajectória entre os pontos de partida e de chegada. Por isso a força peso é uma força conservativa. Se, pelo contrário o deslocamento se efectuar do ponto B para o ponto B, ou seja, durante a subida, o trabalho da força peso é negativo WAB = P.h WAB = m.g.h Fig. 3.5 – Corpo deslocando de baixo para cima 88 PARTE I – Mecânica UNIDADE III – Trabalho e Energia Exercício de aplicação P1 – Calcula o traba- lho realizado por uma pedra que possuí uma massa de 2kg quando a mesma e atirada para cima atingindo uma altura de 8 metros, cuja aceleração e de 10m.s–2. Dados W = ? m = 2kg h = 8m g = 10m.s Resolução W = m.g.h W = 2kg.10m.s–2.8m W = 160J Exercícios propostos P1 – Um bloco com 4kg, inicialmente em repouso, é puxado por Panzo António com uma força constante ao longo de uma distância de 15m, sobre uma superfície plana, lisa e horizontal, durante 2s. Qual o trabalho realizado por essa força. P2 – Uma gota de chuva de massa igual a 0,1g cai no ar com velocidade constante de 1m/s, percorrendo assim uma distân- cia de 100m. A aceleração da gravidade no local é 10m/s–2. a) Qual o trabalho realizado pela força peso durante a queda? b) Qual o trabalho executado pelas forças de resistência do ar nessa queda? R: W = 2J a) R: W = 0,10J b) R: W = – 0,10J 89 PARTE I – Mecânica UNIDADE III – Trabalho e Energia 3.3. Potência Vimos que as forças realizam um trabalho sobre os corpos. As máquinas são engenhos concebidos para realizar diferentes tipos de trabalho. Qualquer máquina realiza um determinado volume de trabalho num determinado tempo. A potência é a rapidez com que é realizado o trabalho. Quanto menor for o tempo para realizar o mesmo trabalho, maior a potência desenvolvida e vice-versa. A potência P de uma máquina é igual à razão entre o trabalho W realizado e o intervalo de tempo t durante o qual ele foi rea- lizado. P W t = , para W F s P F s t = → =. . Sendo v s t P F v= → = . (3.4) onde F é a força e v a velocidade. No sistema SI a unidade de potência é Watt (W) 1W = 1J/1s Em engenharia emprega-se frequentemente uma unidade equivalente à 1000W designado Quilowatt (KW) ou 1.000. 000 W, Megawatt (MW). Outras unidades diferentes do SI são: – Horse – Power (HP), 1HP = 746 W (Inglaterra) – Cheval – vapeur (Cv), 1Cv = 735 W (França) 90 PARTE I – Mecânica UNIDADE III – Trabalho e Energia Exercício de aplicação P1 – Costuma-se medir a potência de um carro pela velocidade máxima que ele é capaz de atin- gir em 10s de movi- mento, em linha recta, a partir do repouso. Para um certo carro, essa velocidade máxima é 108km/h. Nessa situa- ção: a) Qual o valor dessa velo- cidade máxima, em metros por segundo? b) Calcule a aceleração média do carro nesse trecho, em metros por segundo ao quadrado. c) Sabendo-se que a massa do carro é 1000kg, aproximadamente, cal- cule a potência média (em watt s) que ele desenvolve nesse tre- cho, desprezando-se os atritos. d) Qual a potência do carro no instante 10s? Dados t = 10s v = 108km/h a) v = ? b) am = ? c) m = 1000kg, Pm = ? d) P = ? Resolução a) v = 108km/h = 108/3,6 = 30m/s d) P = F.v → P = 3000.30 = 9.104Watts c) Pm = ? Força média que o carro desenvolve Fm = m.a → Fm = 1000.3 = 3000N Deslocamento nesse trecho v2 = v20 = + 2as 302 = 02 + 2.3.s = 150m Trabalho da força F W = F.d → W = 3000.150 W = 4.5.105N Potência média P W t P Watts m m = → = = 4 5 10 10 4 5 10 5 4 , . , . b) a v t a m s m m = → = = 30 10 3 2 / 91 PARTE I – Mecânica UNIDADE III – Trabalho e Energia P1 – A propaganda de um automóvel diz que ele consegue atingir a velocidade de 108km/h numa recta horizontal de 150m, partindo do repouso. Sendo 1200kg a massa de auto- móvel, determine a potência que ele desenvolve. P2 – Uma máquina realiza um trabalho de 2400J em 15s. Determine a potência média desta máquina. P3 – Um guindaste foi projectado para suspender vertical- mente um fardo de massa igual a 3.103 kg, à altura de 10m, no intervalo de tempo de 30s. A aceleração da gravidade no local é 9,8m/s2. Calcule a potência d média deve desenvolver. Exercícios propostos R: P = 54kW R: P = 160 W R: P = 9,8.103 W 3.4. Energia potencial Chama-se energia potencial a que depende da posição mútua dos corpos ou das posições relativas de um mesmo corpo. A energia potencial é uma forma de existência da energia mecânica quando está armazenada, podendo a qualquer momento manifestar-se, transformando-seem outra forma de energia. Por exemplo, sob a forma de movimento. A ener- gia hidráulica e a nuclear é exemplos de existência de energia potencial visto que são energias que estão em potência ou armazenadas. A energia potencial só depende das posições inicial e final. Por esse motivo é associada ao trabalho das forças conservativas. OBS: conservativa quer dizer que durante o movimento de um corpo sujeito a esse tipo de força não há perca de energia completa. 92 PARTE I – Mecânica UNIDADE III – Trabalho e Energia Tipos de energia potencial Energia potencial gravitacional: é a energia que os siste- mas possuem perto da superfície da terra. Representa-se mediante a seguinte fórmula: Ep = m.g.h. (3.5) onde: m, é a massa do corpo; g, aceleração gravitacional e h, a altura. g = cte e tem o valor de 9,8 ms–2 Para grandes distâncias muito longe da superfície da terra, ex: satélites artificiais ou naturais, … etc. a energia gravitató- ria representa-se mediante a seguinte fórmula: E G M m Rg = − 1 2 . (3.6) onde G é a constante universal gravitacional, M1 a massa da terra, m2, massa do corpo ou satélite, R distância tomada desde o centro da terra até o corpo, relativo ao referencial, neste caso tomado da terra. 3.4.1. Energia Potencial Elástica É a energia de uma mola que possui elasticidade ou corda que está esticada. A mola é um corpo que apresenta comportamento ideal para se estudar esse tipo de energia. Pois toda a energia que ela recebe para se deformar realmente armazena, assim que a energia potencial acumulada nessa mola representa-se pela seguinte fórmula: E kx elas = 2 2 (3.7) Onde x representa a deformação (contracção ou distensão) sofrida pela mola e k é a constante elástica que mede o grau de dificuldade para o corpo se deformar; depende do material de fabrico da mola. 93 PARTE I – Mecânica UNIDADE III – Trabalho e Energia Pela equação da energia potencial elástica, podemos notar que quanto maior for a deformação e quanto maior for a dificul- dade para o corpo se deformar (k), maior será a quantidade de energia potencial elástica que essa mola armazenará. A energia em todos esses casos esta sendo utilizada para deformar um corpo. Assim como nos exemplos citados, sempre que um corpo for deformado e mantém a capacidade de diminuir essa deforma- ção voltando ou não a forma original, dizemos que esse corpo armazenou um tipo de energia chamada energia potencial elástica. Exemplos de ocorrências Fig. 3.6 – a) Mola distendida; b) Mulher puxando uma corda de arco e flecha a) b) A designação potenial é devida ao facto de o corpo ser esti- cado ou comprimido poder adquirir movimento espontâneo após ser libertado. A denominação elástica vem do facto de a capacidade de deformar e voltar a forma inicial, chamada elasticidade. Tal como já fizemos referência no tema anterior a energia potencial gravitacional é também uma energia arma- zenada, e, associa-se a um corpo devido a sua posição em rela- ção a outros corpos ou mesmo em relação a terra. 94 PARTE I – Mecânica UNIDADE III – Trabalho e Energia Uma bola a ser abandonada de uma altura H a partir do ponto A até ao ponto B que pode ser considerado como a Terra. Á medida que a bola cai a energia potencial vai diminuindo e aumenta a energia cinética, assim como a sua velocidade. Quando uma mola elástica é esticada ou comprimida, a força necessária para o efeito aumenta à medida que a mola aumenta ou diminui de comprimento. Segundo a Lei de Hook cujo gráfico se apresenta, o trabalho da força F aplicada na mola e produz nela uma deformação x, pode ser calculado em função da área do triângulo destacado na figura. A = W = (base.altura) / 2 = (x.k.x)/2 W kx = 2 2 (3.8) Fig. 3.7 – Mola em distensão F(x) Xx kx 0 Fig. 3.8 – Lei de Hook 95 PARTE I – Mecânica UNIDADE III – Trabalho e Energia Exercício de aplicação P1 – Qual será a energia potencial elástica arma- zenada numa mola de constante elásti ca K = 250N.m–1 quando estica 20cm? Dados Eelas = ? k = 250 N.m–1 x = 20cm = 0,2m Resolução E kx E elas elas = → = 2 2 250 0 04 2 . , E J elas =5 Se a mola for distendida (aumento de comprimento) ou compri- mida (redução de comprimento) o trabalho da força elástica de restituição será positivo. Tal como a força peso, a força elástica é também uma força con- servativa. P1 – Uma bala de revolver é disparada verticalmente para cima e atinge altura máxima de 4000m acima do ponto de disparo. Considere g = 10m/s2 e despreze a resistência do ar, determine a velocidade com que a bala saiu do cano do revolver. P2 – A massa do martelo de um bate-estacas é 200kg e ele cai de 2m de altura sobre a estaca. Suponha o sistema conserva- tivo e adopte g = 10m/s2. a) Qual a energia potencial inicial do martelo, em relação à estaca? b) Qual a velocidade do martelo no instante do impacto? Exercício proposto R: V = –282 m/s a) R: Ep = 4000J b) R: v = m/s 96 PARTE I – Mecânica UNIDADE III – Trabalho e Energia 3.5. Energia Cinética – Teorema de Trabalho e Energia A velocidade de um ponto material varia por acção da força aplicada. O trabalho da força aplicada está relacionado com a variação da velocidade do ponto material. Esta relação expressa-se mediante a energia cinética do ponto material. Para determinar a energia cinética de um ponto material calculemos o pri- meiro trabalho realizado para variar a velocidade do ponto material de massa m desde v1 até v2. Para isso apliquemos ao ponto material uma força constante paralela ao vector velocidade v1, força que em certo intervalo de tempo, varia a velocidade desde v1 até v2. Neste inter- valo de tempo, o ponto material per- corre uma distância s, e a força realiza o trabalho. w = F.s (3.9) O espaço percorrido pelo ponto material é dado por s v v a = − 2 2 1 2 2 (3.10) A força dada por F = m.a (3.11) Substituindo as equações (3.10) e (3.11) na equação (3.9), obtemos W ma v v a = − 2 2 1 2 2 Donde W mv mv = −2 2 1 2 2 2 (3.12) Fig. 3.9 – Meninos observando a corrente da água do rio Kuanza 97 PARTE I – Mecânica UNIDADE III – Trabalho e Energia Assim temos o trabalho da força que é igual a variação da grandeza mv 2 2 , que se denomina energia cinética. Designando energia cinética por Ec: E mv c = 2 2 (3.13) A energia cinética é função do movimento. Em Física ener- gia cinética de um ponto material define-se como sendo a metade do produto da massa pelo quadrado da velocidade. A energia cinética de um sistema é igual ao somatório das ener- gias cinéticas de todas as partículas constituintes do sistema. E mv c = ∑ 1 2 2 (3.14) Exercícios de aplicação P1 – Uma bala de uma espingarda, de massa 20g, tem a velocidade 200m/s quando atinge uma parede e nela pe- netra 25cm, até parar. a) Qual a energia ciné- tica da bala ao atingir a parede? b) Qual a intensidade da força de resistência da parede sobre a bala, supondo-a constante? Dados m = 20g = 2.10–2kg Ec = 400J s = 25cm = 2,5.10–1m a) Ec = ? b) F= ? Resolução a) b) E mv E v m s E J C C C = → = = = . . . / –2 2 2 2 10 40000 2 200 400 W = Ecf – Eci → F.s = Ecf – Eci F.2,5.10–1 = 0 – 400 F = 1600N 98 PARTE I – Mecânica UNIDADE III – Trabalho e Energia Exercícios propostos P1 – Raquel puxa uma caixa de massa de 10kg ao longo de 8m de uma superfície horizontal onde o atrito é desprezável. A força exercida pela Raquel é horizontal, tem intensidade de 1200N e a caixa inicialmente estava em repouso. a) Determine o trabalho realizado pela Raquel? b) Calcule a energia cinética final da caixa. Compare esse valor com o trabalho realizadopela Raquel? P2 – Um carro percorre uma curva plana, horizontal e circular, de raio igual 1km, com a energia cinética constante igual a 2.105J. a) Calcule a força resultante actuando sobre o carro? b) Qual o trabalho da força resultante sobre o carro ao per- correr ¼ de circunferência? a) R: W = 9600J; o trabalho reali- zado causará uma variação de veloci- dade da caixa b) R: W = 9600J; W ≠ Ecf pois Ecf = 0 a) R: F = 400N b) R: W = 0J 3.6. Lei de Conservação da Energia Mecânica Energia mecânica é a soma da energia cinética com a energia potencial que uma partícula tem num dado instante. Exemplo: uma bola solta do alto, durante a descida vai perdendo ener- gia potencial e vai ganhando energia cinética. A soma destas energias em cada instante é constante e denominamos de energia mecânica. Num sistema conservativo, a energia mecânica total perma- nece constante, qualquer que seja a transformação do sistema. 99 PARTE I – Mecânica UNIDADE III – Trabalho e Energia P1 – Uma mola de constante elástica 3200N/m mostra-se comprimida de 0,2m contra o chão. Sobre ela, repousa um bloco de massa M = 2kg. A mola é solta e arremessa o bloco verticalmente. Qual é o módulo da velocidade do bloco quando este atingir uma altura de 2,4m? Com relação à posição inicial, despreze todas as forças dissipativas e considere g = 10 m/s2. Exercício proposto R: v = 4 m/s Exercício de aplicação P1 – O recorde olím- pico de salto com vara é aproximadamente 6m de altura. Considerando que o atleta tenha conse- guido transformar toda a sua energia cinética da corrida de impulso para o salto em energia potencial gravitacional ao transpor o obstáculo, calcule a sua velocidade imediatamente antes de fincar a vara no solo para iniciar o salto? Dados g = 10m / s2 h = 6m Ec = Ep v = ? Resolução mv mgh v gh v v m s 2 2 2 2 10 6 11 = = = = . . / 100 101 Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica UNIDADE 2 – Equação de Estado de um Gás Perfeito UNIDADE 3 – Termodinâmica P A R T E I I 102 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica PARTE 1I: FENÓMENOS TÉRMICOS Unidade 1 EnErgia Térmica Fig. 1.1 – Águas termais do Chilesso (Andulo) Encontramo-nos, a todo instante da vida, em contacto com outros corpos que nos dão a sensação de quente ou frio. Estas sensações nos transmitem as primeiras noções da energia térmica. 1.1. Temperatura Sempre que falamos de temperatura de um corpo, fazemos referência ao nível de vibração das suas moléculas. A temperatura, porém, pode ser medida de várias maneiras. Obtêm-se essas temperaturas de maneira indirecta, por com- paração. Tal processo só é possível porque certas grandezas 103 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica das substâncias, a exemplo do comprimento de uma barra, o volume de um gás ou o brilho da luz emitida por um sólido muito quente, variarem com a temperatura. Medida a variação sofrida por uma das grandezas, podemos avaliar a tempera- tura de um corpo. É com base na variação dessas grandezas que são construídos os termómetros, dispositivos capazes de medir a temperatura dos corpos. Para que possam indicar a variação de temperatura dos diferen- tes corpos, é preciso que os termómetros sejam graduados. E essa graduação é feita de acordo com várias escalas termométricas. 1.1.1. Escalas Termométricas Para o efeito é necessário estabelecer os seus pontos fixos, atribuir aos mesmos e dividir em partes iguais o intervalo entre eles, seguindo o seguinte: Escolhemos determinados fenómenos físicos, que podem ser repetidos em condições idênticas quantas vezes forem neces- sárias. São exemplos de pontos fixos: • (PG) Ponto de Gelo → corresponde à temperatura do gelo que se transforma em água quando submetida à pressão de uma atmosfera. • (Pv) Ponto de Vapor → corresponde à temperatura da água fervente que se transforma em vapor quando sub- metida à pressão de uma atmosfera. Depois dessa operação atribuir-se-lhes valores numéricos e, a seguir, divide-se o intervalo entre eles em partes iguais. As diferentes escalas dependem dos valores atribuídos a esses pontos e as divisões feitas entre eles. Dentre as escalas conhecidas, as mais utilizadas são: • Celsius [°C] • Fahrenheit [F] • Kelvin [K] 104 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica Analisando cada escala que segue Escala Célsius Esta escala foi estabelecida pelo físico sueco Anders Celcius. Ele atribuiu o valor zero ao ponto correspondente à tempe- ratura do gelo e o valor 100 ao ponto de vapor. Divide-se esse intervalo em 100 partes iguais. Cada uma dessas partes cor- responde à variação de um grau Celsius. Escala Fahrenheit Esta escala foi elaborada pelo físico alemão Daniel Fahrenheit, e é muito usada nos países da língua inglesa. De acordo com esta escala Fahrenheit, o ponto de gelo cor- responde ao número 32 e o ponto de vapor ao número 212. O intervalo entre esses números está dividido em 180 partes iguais (212-32). Cada uma dessas partes corresponde à varia- ção de um grau Fahrenheit. Escala Kelvin A escala Kelvin foi criada pelo físico inglês Lord Kelvin e é muito usada em pesquisas científicas. Esta escala é conhecida também por Escala Absoluta ou termodinâmica. O seu ponto de gelo cor- responde ao número 273 e o seu ponto de vapor ao número 373. 1.1.2. Relações entre as Escalas Termométricas Para percebermos melhor as relações existentes entre as várias escalas vamos considerar a seguinte situação: 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 °C 32 212 °F Fig. 1.2 – Termómetro com escala Celsius Fig. 1.3 – Termómetro com escala Fahrenheit Fig. 1.4 – Comparação entre escalas termométricas Pv (ponto de vapor) 100 212 373 C – 0 F–32 K–273 273320 KFC X 100 100180 PG (ponto de gelo) (temperatura em cada escala) 105 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica Sendo a temperatura igual, o mercúrio sofrerá a mesma dilata- ção em todos os termómetros ainda que cada um esteja a mar- car um valor diferente, devido a cada termómetro associar um valor correspondente, na sua escala. Os segmentos que corres- pondem à varia de temperatura (PV – PG) são iguais para todos termómetros e os que correspondem à dilatação do mercúrio, a partir do ponto de gelo (X – PG), também são iguais. Pode- mos, desta feita estabelecer as seguintes relações: X P P P C F KG V G − − = = − = − 100 32 180 273 16 100 , (1.1) Desde que conheçamos PG e PV podemos, consequentemente, estabelecer correspondência entre quaisquer escalas. Exercícios de aplicação P1 – A temperatura de um doente regista no termómetro 40°C. Determine o valor dessa temperatura nas escalas Fahrenheit e Kelvin. Resolução Para resolver esse problema, basta aplicar as fórmulas 1.1 relacionando a escala Fahre- nheit com Celsius: Relacionando a escala Kelvin com a Celsius: Resposta: nas escalas Fahrenheit e Kelvin, a temperatura do doente será respectivamente igual a: 104° e 313K. F C F C F F − = − = = + = 32 180 100 32 100 180 180 40 100 32 10 . . 44°F K C K C K C K − = − = − = = + 273 16 100 100 273 100 100 273 40 2 , . 773 16 313 , K K= 106 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica Exercícios propostos R: T = 293°K R: t = 540 R: t = 113°F e t = 318°K P1 – Assinale com F ou V as seguintes afirmações: a) Temperatura e o grau de agitação térmica das moléculas de um corpos. b) Dois sistemas estão em equilíbrio térmico com um ter- ceiro, logo eles estão em equilíbrio entre si. c) Um dos pontos fixos da escala termodinâmica e o ponto de gelo que deve ser obtido sob pressão de 2 Atm na escala Célsius corresponde 0 C̊ na escala Fahrenheit corresponde a 32 °F e na escala Kelvin a 27. d) Quanto maior for a massa de um corpo tanto maior será suatemperatura. e) O zero absoluto (0° K = – 273 °C) é o estado de agitação que encontramos os corpos. P2 – Três corpos em contacto entre si estão em equilíbrio tér- mico. Nessa situação podemos afirmar: a) Os três corpos apresentam-se no mesmo estado físico. b) A temperatura dos três corpos é a mesma. c) O calor contido em cada um deles é o mesmo. d) O corpo de maior massa tem mais calor que os outros dois. e) Nenhuma das respostas anteriores. P3 – Converta 68 °F para a escala Kelvin. P4 – Uma massa de gás varia a sua temperatura entre 300 °K para 600°K. Quanto será essa variação na escala Fahrenheit? P5 – Que valores são lidos nos termómetros Fahrenheit e Kelvin se o termómetro Célsius lê 45 °C? 107 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica 1.2. Dilatação dos Sólidos 1.2.1. Dilatação Linear A maior parte dos sólidos dilata-se quando aquecida. Suponha que uma barra de determinado material tenha comprimento L0 à temperatura inicial e que, quando a temperatura cresce, ΔT, o comprimento aumentará de ΔL. A experiência mostra que se ΔT não for muito grande, ΔL será directamente propor- cional a ΔT. Certamente, ΔL também será proporcional a L0. Se duas barras do mesmo material sofrerem a mesma variação de temperatura, mas uma for o dobro da outra, então, a varia- ção do comprimento desta também será o dobro da outra. Introduzindo uma constante de proporcionalidade α (que é diferente para materiais diferentes), pode se resumir nesta relação. ΔL = α L0 ΔT ou L = L0 (1 + α ΔT) (1.2) A constante α que caracteriza as propriedades da expansão térmica de um dado material, é chamada coeficiente de dila- tação linear. Para materiais que não têm direcções preferenciais, cada dimensão varia de acordo com Equação 5.2. Assim, L pode representar a espessura da barra, a aresta lateral de uma tira comprida ou o diâmetro de um furo no material. Existem alguns casos excepcionais. A madeira, por exemplo, expande- se de modo diferente no sentido das fibras e no sentido trans- versal e elas; monocristais de alguns materiais podem ter diferentes propriedades ao longo de eixos cristalinos dife- rentes. Deve-se enfatizar que a proporcionalidade directa expressa em 5.2 não é exacta, mas aproximadamente correcta para variações de temperatura suficientemente pequenas. Para qualquer temperatura, pode-se definir um coeficiente de dilatação térmica pela seguinte equação: α = 1 L l T� . (1.3) 108 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica Neste caso, observa-se que (α), para um dado material, varia ligeiramente em função de transferência inicial e com a varia- ção de temperatura. É, entrançando, boa, podendo-se igno- rar estas variações. Valores médios de para vários materiais estão listados na tabela (1-1): Li Ti Tf Lf Figura 1 L L=Lf-Li Barra de metal Barra de metal Material α (°C) Alumínio Latão Cobre Vidro Aço Invar Quartzo (fundido) 2,4×10–5 2,0×10–5 1,7×10–5 0,4-0,9×10–5 1,2×10–5 0,09×10–5 0,04×10–5 Tabela (1-1) – Coeficiente de Dilatação Linear Fig. 1.5 – Barra metálica em dilatação 109 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica Exercícios de aplicação P1 – Uma barra de aço de 20.000 mm está sub- metida a uma tempera- tura de 0 °C. Determine o comprimento dessa barra quando for aque- cida a 100 °C. Dados l0 = 20000mm t0 = 00C Δt = 1000C α = 12.10–6/ 0C P2 – Uma chapa de cobre de forma rectan- gular com as dimensões de 0,5m x 2m e encon- tra-se submetida a tem- peratura de 20 °C. Qual é o aumento da área sofrido por essa chapa quando a sua tempe- ratura atingir 100 °C? (α = 17.10–6 °C–1). Dados S0 = 1m2 t0 = 200C t = 1000C α = 17.10–6 0C–1 Resolução Resolução Δl = αl0 Δt Δl = 12.10–6/ 0C.20000mm.100 °C Δl = 24mm l = l0 + Δl l = 20000mm + 24mm l = 20024mm ΔS= βS0 Δt AS = 2.17.10–6 0C–1.1m2.(100 – 20) °C ΔS = 34.10–6 .80m2 → ΔS = 2,72.10–3 m2 110 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica Exercícios propostos P1 – O gráfico representa a variação do comprimento de uma barra homogénea. Qual é o valor do coeficiente de dilatação linear do material? P2 – Uma barra de cobre de 2 m de comprimento à temperatura de 24 oC tem coeficiente de dilatação linear 1,7 x 10–5 oC–1. Em que temperatura a barra terá 1 mm a menos de comprimento? P3 – Uma placa metálica aquece-se de 0 oC a 50 oC e sua área altera-se em 1000 cm2 para 1000,8 cm2. Calcule o coeficiente linear médio da placa. R: α = 5 x 10–5 oC–1 R: t = –5,4 oC R: α = 8.10–6 oC–1 X 2,02 2 0 200 t(°C) 1.2.2. Dilatação Superficial A dilatação superficial de um corpo é aquela em que predo- mina a variação em duas dimensões e calculada através da seguinte equação: ΔS= β.S0.Δt dilatação superficial S = S0 + βS0 Δt S = S0 (1 + βΔt) (1.4) Superfície total após dilatação Sabendo β = 2α coeficiente de dilatação superficial em relação a linear Logo S = S0 (1 + 2α.Δt) (1.5) 111 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica R: A = 2,4.10–5m2 Isto explica a razão pela qual a sua superfície é composta de dois lados ou linhas (comprimento vezes comprimento). No entanto, nalguns corpos, nenhuma das suas dimensões pode ser descurada, pois a sua dilatação altera não apenas o seu com- primento ou a sua superfície, mas também o seu volume. É o caso, por exemplo, de um cubo, de um paralelepípedo ou de uma esfera. Nestes casos, temos que considerar as três dimensões, pois o corpo sofre uma dilatação volumétrica. P1 – Uma chapa quadrada de ferro tem 3 m de lado a 20 °C. Sabendo que o coeficiente de dilatação linear do ferro e 12 x 10–6 °C–1 , Calcule a área dessa chapa num local cuja a tempe- ratura é de 95 F? Exercício proposto 1.2.3. Dilatação Volumétrica O aumento de temperatura normalmente causa um aumento no volume tanto dos sólidos como dos líquidos. A experiência mostra que, se a variação de temperatura Δt não for dema- siado, o aumento de volume ΔV será aproximadamente pro- porcional á variação de temperatura. Ela também será pro- porcional ao volume inicial V0. Como na dilatação linear A relação pode ser expressa assim: ΔV = γ.V0. Δt (1.6) A constante, γ que caracteriza as propriedades de dilatação volumétrica de um dado material, é chamada coeficiente de dilatação volumétrica. Assim como coeficiente de dilatação volumétrica γ varia ligei- ramente. Para muitas substâncias γ decresce quando a tem- peratura diminui, aproximando de zero. É interessante notar que, quanto maior for o ponto de fusão de um metal, menor será o seu coeficiente de dilatação volumétrica. 112 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica Exercícios propostos P1 – Um recipiente de ferro tem um coeficiente de dilatação linear de 12 . 10–6 °C–1. Se estiver a 0 °C totalmente cheio de um liquido cujo volume e de 120 cm3. Ao ser aquecido o conjunto a 200 °C extravasam 12 cm3 de liquido. Determine o coeficiente de dilatação real do líquido? P2 – Um recipiente de vidro tem capacidade C de 91000 cm3 a 0 oC e contem a essa temperatura 90000 cm3 de mercúrio. A que temperatura o recipiente estará completamente cheio de mercúrio? P3 – O volume de um bloco metálico sofre um aumento de 0,4% quando sua temperatura varia de 200 oC. Qual e o coeficiente de dilatação linear desse metal? P4 – Um recipiente de cobre tem a capacidade de 2500 cm3 a 0 oC. Calcule sua capacidade a 100 oC. Dados coeficiente de dilatação linear do cobre e de 17.10–6 oC–1. P5 – Um tanque de aço de forma cilíndrica tem um volume de 50 m3 a temperatura de oC, calcule o seu volume a 100 oC, α = 12 . 10–6 oC–1. P6 – Um recipiente de cobre com capacidade de 3000 cm3 a 0 oC tem coeficiente de dilatação superficial de 34 . 10–6 oC–1. Calcule a capacidade do recipiente a 80 oC? R: γ = 5,36 .10–4 oC–1 R: α = 6,7 .10–6 oC–1 R: V = 2512,75 cm3 R: V = 50,18 m3 R:3012,24 cm3 1.3. Transmissão de Calor No estudo precedente sobre a temperatura, discutiu-se o conceito de temperatura em relação ao equilíbrio térmico. Quando dois corpos que não estão inicialmente em equilíbrio térmico são colocados em contactos ou são separados por uma parede diatérmica, suas temperaturas variam até que eles atinjam o equilíbrio térmico, pode-se, agora, examinar a 113 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica natureza da interacção que ocorre entre os corpos durante a sua aproximação ao equilíbrio térmico. Uma discussão quan- titativa leva ao conceito de calor, objecto no presente estudo. Suponha que dois sistemas, A e B, sejam postos em contacto; a temperatura de A é mais alta que a de B. Quando o equilíbrio térmico é alcançado, verifica-se que a temperatura de A diminui e de B aumentou. Foi, assim, natural para primeiros investigadores nesse campo, supor que A perdeu alguma coisa e que “essa alguma coisa” flui para Benquisto e se processam variações de tempe- ratura. É comum fazer-se referência a um fluxo, transmissão ou referência de calor de A para B. Pensou-se, inicialmente, que o processo de transferência de calor fosse de um fluxo de um fluido invisível e sem peso, cha- mado calórico, mas o trabalho de Court Rumford (1753-1814) e de Sir James Prescott Joule (1818-1889) estabeleceu decisi- vamente que o fluxo de calor é uma transferência de energia. Chama-se fluxo de calor o processo de transferência de energia que ocorre exclusivamente em virtude de dife- renças de temperaturas. Assim, se a chama quente de um bico de busen estiver em contacto com um sistema formado de água e vapor de água, a água é convertida em vapor a tem- peraturas e pressões altas. Sob essas condições, o vapor é capaz de realizar mais trabalho que antes (atingindo a lâmina de uma turbina, por exemplo). Certamente, a transferência de energia também pode ocorrer sem fluxo de calor. Num compressor de ar, um pistão móvel pressiona uma massa de ar, realizando trabalho sobre esta, á medida que comprime a volumes menores. Neste estado, comprimido, o gás é capaz de realizar mais trabalho do que antes e, consequentemente, ganhar energia. Finalmente, num compressor de ar, este e o pistão encontram- se em temperaturas diferentes, podendo ocorrer um fluxo de calor entre o pistão e o ar. Este é um exemplo de processo que envolve dois tipos de transferência de energia simultane- amente: fluxo de calor e realização de trabalho. 114 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica 1.4. Capacidade Calorífica Suponha que uma pequena quantidade de calor Q, seja trans- ferida entre um sistema e sua vizinha. Se o sistema sofrer uma mudança de temperatura ΔT, a capacidade calorífica especi- fica, ou calor específico, c, do sistema, é definida como: C Q t = � � (1.7) Ou seja, o calor Q, necessário para aumentar de ΔT a tempera- tura da massa m do material é O calor específico da água será aproximadamente 4,19 J• g –1 (°C) –1, 4190 J • kg –1 (°C) –1, 1 cal •g –1 •(°C)–1, ou 1 BTU •1b –1 •(°F) –1. Uma unidade de massa frequentemente usada, por conveni- ência, é a molécula-grama, ou mais precisamente, o mol, defi- nida como o número de gramas igual a massa molecular. Para calcular o número de moles, n, divide-se a massa em gramas pelo peso molecular; assim, n = m0M. obtém-se: M Q n tC = � � (1.8) O produto Mc é chamado capacidade calorífica molar. Por definição, C M Q n t Q nC T c = = = � � � � A capacidade calorífica molar de água é aproximadamente 75,3 J • mol –1 • (°C) –1 ou 18 cal • mol –1 • (°C) –1 Se o calor específico de um material for constante numa faixa de temperatura de T1 a T2, então, a quantidade total de calor 115 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica que deve ser fornecida a um corpo de massa m para variar sua temperatura será Q = m.c.(T2–T1) (1.9) Se T2 for maior que T1, Q será negativo, indicando transferên- cia de calor para fora do corpo em vez de para dentro dele. A tabela apresenta valores representativos de calor específico de algumas substâncias. Tabela (5-1) – Calores Específicos e Capacidades Caloríficas Molares Médias de Metais Metal Específico J•g –1 • (ºC) –1 M, g • mol–1 Molar C = Mc J•mol–1 (ºC) Intervalo de Temperatura,ºC Berílio Alumínio Ferro Cobre Prata Mercúrio Chumbo 1,97 0,91 0,47 0,39 0,234 0,138 0,130 9,01 27,0 55,9 63,5 108 201 207 17,7 24,6 26,3 24,8 25,3 27,7 26,9 20-100 17-100 18-100 15-100 15-100 0-100 20-100 Figura 1.6 mostra que a variação de calor específico da água com a temperatura. Pode-se observar que quantidade de calor necessária para 14,5º C para 15,5º C a temperatura de 1 g de água é, 1 Cal a 15 °C = 4,186 J Caloria principal Caloria IT Caloria 15° Caloria termoquímica 4,22 4,21 4,20 4,19 4,18 4,17 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 t , º C Ca lo r e sp ec ífi co da á gu a, J • g –1 . (C °) –1 Fig. 1.6 – Calor específico da água em função da temperatura 116 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica Exercícios de aplicação P1 – O calor especifico de uma substancia e de 0,5 cal/g °C. Se a tempe- ratura de 4 g dessa subs- tancia se eleva 10 °C, qual será a Quantidade de calor absorvida? Dados c = 0,5cal / g . °C m = 4g Δt = 10 °C P2 – Calcule a quanti- dade de emergia neces- sária para elevar a tem- peratura de um material cujo calor especifico e de 0,412 cal/g C de 40 C para 100 C, sabendo que sua massa e de 5 Kg? Dados c = 0,412cal / g . °C m = 5000g Δt = 60 °C Resolução Resolução O calor específico ou a capacidade calorífica molar de uma substância não são as únicas propriedades físicas cuja deter- minação experimental requer a medida de uma quantidade de calor. Condutividade térmica, calores de fusão, vaporização, combustão, solução, e reacção, são exemplos de outras dessas propriedades, chamadas propriedades térmica da matéria. O campo da física e da físico-química que lida com medidas de propriedades térmicas é chamado de calorimetria. Q = c.m.Δt Q = 0,5.4.10 Q = 20cal Q = c.m.Δt Q = 0,412.5000.60 Q = 123,6kcal 117 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica Exercícios de aplicação P3 – Um bloco de cobre c = 0,094 cal/g oC de 1,2 kg e colocado num forno ate atingir o equilíbrio térmico. Nessa situação o bloco recebe 12972 cal. Qual a variação de tempera- tura sofrida pelo bloco? Dados c = 0,094cal / g . °C m = 1,2kg Q = 1297cal Resolução Q c m t t Q c m t t C = = → = = ° . . . , . , � � � � 1297 0 094 1200 11 5 Exercícios propostos P1 – Veja a tabela com cinco elementos e suas respectivas mas- sas e calores específicos. Diga qual deles tem maior capacidade térmica? P2 – Uma placa de cobre de 2cm de espessura e 1m2 de área possui faces com temperaturas de 100 oC e 20 oC. Calcule a quantidade de calor que atravessa a placa em uma hora. (Dados Kcu = 9,2.10–2 kcal/s.m. oC). Metal C (cal/g°C) M(g) Alumínio Chumbo Cobre Prata Ferro 0,217 0,031 0,093 0,056 0,113 100 500 300 400 200 R: Cobre R: Q = 132,5.104 kcal 118 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica Exercícios propostos P3 – O calor específico do ferro e igual a 0,110 cal/g C. Deter- mine a temperatura final de uma massa de 400 g de ferro a tem- peratura de 20 C após ter cedido 600 calorias? P4 – Um corpo de 250 g de massa a temperatura inicial de 10 C e aquecido durante 5 minutos por uma fonte de potencia constante que lhe fornece 700 cal/ min. Ao final desse tempo a temperatura do corpo e de 80 C. Qual e o valor do calor espe- cifico da substancia do corpo? R: t = 6,36 oC R: c = 0,2 cal/g oC 1.5. Equilíbrio Térmico Trocas de Calor Chamamos de calorímetro um tipo de recipiente que termica- mente isoladoentre as trocas e o seu conteúdo e o meio exterior. Num sistema de vários corpos, termicamente isolados do meio externo, a soma das quantidades de calor por eles trocados é igual a zero. Qcedido + Qrecebido = 0 Para um sistema de n corpos Q1 + Q2 + ... + Qn = 0 (1.10) Essa equação também é conhecida por equação de equilíbrio térmico. Fig. 1.7 – Cafeteira com água em ebulição 119 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1 – Energia Térmica Exercícios de aplicação P1 – Determine a capa- cidade térmica de um calorímetro contendo 200g de água a 15°C que, tendo recebido mais 90g de água fer- vendo, tem a tempera- tura final de equilíbrio térmico igual a 36°C. Note: A temperatura da H2O fervendo é de 100°C e as temperaturas inicial e final do calorímetro são iguais às da água contida nele. Dados C = ? mágua = 200g t1 = 150C máguaferver = 90g t2 = 360C Resolução Exercícios propostos P1 – Uma vasilha adiabática contém 100g de água a 20°C. Mis- turando 250g de ferro a 80°C a temperatura atinge 33°C. Deter- mine o calor específico do ferro. (Cágua = 1cal/g°C). P2 – Uma dona de casa mistura, numa garrafa térmica, 100 ml de água a 25°C com 200ml de água a 40°C. A temperatura final dessa mistura logo após atingir o equilíbrio térmico, é, em graus célsius, de a) 29 b) 32 c) 35 d) 38 R: Cfe = 0,11cal/g°C Como Para o calorímetro temos Qcal = C.Δt Logo observando a equação térmica temos Qcal + Qfria + Qquente = 0 (36 – 15).C + 200.1.(36 – 15) + 90.1 (36 – 100) = 0 21.C + 4200 – 5760 = 0 C = 74.3cal / °C C Q t = � 120 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito Unidade 1i Equação dE EsTado dE um gás PErfEiTo 2.1. Leis dos Gases Para o estudo do comportamento dos gases adoptou-se o modelo do gás perfeito ou ideal que deve obedecer as seguintes caracte- rísticas: • Suas partículas ou moléculas movem-se caoticamente ou desordenadamente segundo as leis da mecânica clássica; • Suas partículas não interagem entre si ou seja seus cho- ques são desprezáveis. • Os choques contra as paredes de recipientes que os contêm são perfeitamente elásticos; • Suas moléculas têm dimensões próprias e desprezáveis. As grandezas macroscópicas que caracterizam o estado de um gás são denominadas parâmetros termodinâmicos do gás. Os parâ- metros termodinâmicos mais importantes do gás são o volume, a pressão e a temperatura. A relação existente entre os valores, dos vários parâmetros ter- modinâmicos no inicio e no final do processo constitui a chamada lei dos gases. A lei dos gases que estabelece a relação entre os três parâmetros fundamentais do gás chama-se lei geral dos gases perfeitos. Na prática, durante um processo termodinâmico há sempre variação de pelo menos dois parâmetros. Lei geral dos gases perfeitos A lei geral dos gases perfeitos estabelece a relação entre os três parâmetros fundamentais do gás. PV T = constante (2.1) 121 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito Os valores de P, V e T correspondem a um único estado do gás, a lei geral dos gases perfeitos pode ser enunciada da seguinte forma: para uma massa constante de gás, a razão entre o produto da pressão pelo volume e a temperatura do gás permanece constante. Equação de Mendeleev – Clapeyron (ou equação de estado do gás perfeito) PV m M RT= (2.2) m: massa do gás M: massa molar do gás R: constante universal dos gases [R = 8,31 J/(mol.K)] A constante universal dos gases R, deriva da equação dos gases perfeitos: R pV nT = E definida para o valor R joule mol K = 8 31, . Partindo do exemplo, 1 mol de qualquer gás (n= 1mol), à tem- peratura de 0°C (ou seja, T = 273K) e à pressão p = 1atm, ele ocupa um volume V = 22,4 litros. Assim R atmlitro mol K = 0 082, . . Dependendo da unidade de p, V, T, que frequentemente, para p é expresso em Nm–2 e V, em m3. Nestas condições R N m m mol k R j mol k R kN = = = 8 31 8 31 3 2 , . . . , . 122 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito R, representa fisicamente a energia devida a uma mole de um gás. Os processos termodinâmicos do gás, em que a massa do gás e um dos parâmetros permanecem constante, denominam-se isoprocessos. Já que os parâmetros termodinâmicos que determinam o estado de um gás são três, teremos três processos distintos. Exercícios de aplicação P1 – Determine a pres- são que sofre 6 mole de um gás perfeito que ocupa 25,4 l de volume a 27°C. É dada a constante universal dos gases perfeitos R = 0,082 atm. l /mol.K. Dados n = 6mols V = 25,4l T = 27 °C = 300K R = 0,082atm.l/mol.K P2 – Determine o volume molar de um gás perfeito sob condições normais de pressão e temperatura. É dado R = 0,082 atml/mol.K. Dados P = 1atm T = 273K n = 1mol Resolução Resolução PV nRT P nRT V P P atm = = → = = 6 0 082 300 25 4 5 8 . , . , , pV nRT V nRT p V V l = = → = = 1 0 82 273 1 22 4 . , . , 123 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito Exercícios de aplicação P3 – 60 gramas de gás oxigénio, ocupa um volume de 8 litros à temperatura de 25°C. Qual é a pressão no interior do recipiente (1 mol de O2 = 32 g e R = 0,082 atm. l /K.mol). Dados m = 60g V = 8l T = 273 + 25 = 298K R = 0,082atm.l/K.mol M = 32g/mol P4 – A massa de um certo gás ocupa o volume de 30 litros sob pressão de 5 atm e a 27°C. Sendo R = 0,082 atm. l /mol.K, determine: a) O número de mols do gás; b) A massa do gás, sendo M = 20 g? Dados V = 30l p = 5atm R = 0,082atm.l/K.mol T = 273 + 27 = 300K Resolução Resolução pV nRT n pV RT n n mol = = = → = 5 30 0 082 300 6 . , . pV nRT n m M p mRT MV p p at = = = → = = 60 0 082 298 32 8 5 8 . , . . , mm M g mol n m M m nM m m g = = → = = → = 20 6 20 120 / . . a) b) 124 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito Exercícios propostos P1 – O Mauro Barros incumbiu a sua filha de encher uns bidões para fazer gelo. A filha, no entanto, pôs 100g de água, inicialmente a 20o C, num dos bidões e o colocou no congela- dor, regulado para manter a temperatura, no interior, a –19oC, sempre que a porta estiver fechada. No entanto, a porta ficou tanto tempo aberta que a temperatura do ar dentro do conge- lador chegou a –3o C. Sabendo que a pressão atmosférica local é 1atm, o calor espe- cífico de água 1 calg–1.oC, o calor latente de solidificação da água 80calg–1, e considerando que o ar no interior do congela- dor é um gás ideal, determine: a) A quantidade de calor que a água do bidão deve perder para que se converta totalmente em gelo a 0oC? b) A pressão no interior do congelador imediatamente após a filha ter fechado a porta. R: t = 6,36 oC b) R: p = 0,94atm a) R: Q = 10kcal 2.2. Processo Isotérmico: Lei de Boyle – Mariotte Se a temperatura, T, de uma dada massa gasosa, for mantida constante, o volume, V, deste gás será inversamente proporcional à pressão, p, exercida sobre ele, ou seja, o produto da pressão pelo volume de um gás é constante. pv = cte (2.3) Lei de Boyle-Marriote Sendo T = constante ΔT = 0 Sofrendo o gás uma transformação que passa de um estado para outro, então p1V1 = p2V2 = Constante 125 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito Apresentando o gráfico pV O gráfico descreve a relação entre a pressão e o volume. Quer dizer que existe uma relação inversamente proporcional entre si. Em virtude de estar descrevendo uma transformação isotér- mica esta curva é também denominada isotérmica do gás. P p2 p1 v1 v2 B v(l) Exercícios de aplicação P1 – Um gás perfeito ocupa 24 litros de vo- lume a pressão de 3 atmosferas. Que volume ocupará esse gás se hou- ver um aumento isotér- mico de 6 atmosfera de pressão? Dados V1 = 24l p1 = 3atm p2 = 6atm Resoluçãop V p V V p V p V V l 1 1 2 2 2 1 1 2 2 2 3 24 6 12 = = → = = . . 126 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito Exercícios propostos P1 – A SONANGOL construiu um reservatório para abastecer o município de Cazenga contendo 10kg de gás sob pressão de 10.106 Nm–2. Retirou-se, no entanto, uma quantidade m de gás do reservatório, mantendo-se a temperatura constante. Sabendo-se que a pressão caiu para 2,5.106 Nm–2, determine a quantidade m de gás que se retirou do reservatório. P2 – Existindo 5 moles de um gás ideal a uma temperatura constante de 27oC e ocupando um volume de 16,4 litros. Qual é a pressão exercida por essa quantidade de gás? (dados R = 0,082 atm.l/K.mol9. R: m = 7,5kg R: p = 7,5atm 2.3. Processo Isobárico: Gay-Lussac Se tomarmos um dado volume de gás a uma certa temperatura inicial e o aquecermos sob pressão constante até uma outra temperatura final, a dilatação observada será a mesma, qual- quer que seja o gás usado na experiência, isto é, o valor do coefi- ciente de dilatação volumétrica é o mesmo para todos os gases. Uma transformação, em que o volume do gás varia com a temperatura, enquanto a pressão é mantida constante (isobá- rica → isos = igual; baros = pressão), V T = constante (Lei de Gay-Lussac) (2.4) Sendo p = constante Δp = 0 Sofrendo o gás uma transformação que passa de um estado para outro, então verifica-se V T V T 1 1 2 2 = = constante 127 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito Fig. 2.1 – Gráfico da pressão em função da temperatura Fig. 2.2 – Gráfico do volume em função da temperatura Apresentando o gráfico pV Enquanto o gráfico V-T de que se estabelecem acções funcio- nais, sob pressão constante, o volume de um gás é directa- mente proporcional à sua temperatura absoluta, ou seja Quanto à influência da temperatura na densidade, já que o volume duma certa massa de gás, à pressão constante, varia com a temperatura, é claro que a densidade do gás ( ρ = m V ) terá valores diferentes para diferentes valores da tempera- tura. Baseando-se nas conclusões a que chegámos a respeito da transformação isobárica, podemos deduzir que, para uma certa massa m do gás, teremos: • Duplicando T → V duplica ⇒ ρ fica dividido por 2 • Triplicando T → V triplica ⇒ ρ fica dividido por 3 • Quadruplicando T → V quadruplic ⇒ ρ fica dividido por 4 P P = constT1 V1 V2 V T2 > T1 T2 V T 128 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito Conclusão ρ~ 1 T Isto é, sendo mantida constante a pressão de uma dada massa gasosa, sua densidade varia em proporção com a temperatura absoluta. Exercícios de aplicação P1 – Um gás perfeito ocupa 40 litros de vo- lume a temperatura de 67 °C e sob pressão de 4 atmosferas: a) Que volume ocupará esse gás se houver um aumento isobárico de 6 atmosfera de pres- são à temperatura de 420°C? Dados V1 = 40l p1 = 4atm T1 = 67°C Resolução p V T p V T V p V T p T V 1 1 1 2 2 2 2 1 1 2 2 1 2 4 40 420 . . . . . . . = → = = 66 67 167 2 . → =V l a) para p2 = 6atm T2 = 420° C Exercício proposto P1 – A BP – Angola estabeleceu um sistema gasoso que se encontra, inicialmente, a 40oC e a uma pressão de 8,4.104 Nm–2. Fornecendo-se uma quantidade de calor de 4.103 cal para esse sistema e mantendo-se à pressão constante o seu volume varia de 0,2m3. De acordo com a primeira lei da Termodinâ- mica, determine a variação de temperatura sofrida pelo gás. (dados: 1 cal = 4,2 J). R: ∆T = 0 129 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito 2.4. Processo Isocórico: Lei de Jacques Charles Se o volume é mantido constante, a transformação é chamada isocórica ou isovolumétrica, cuja expressão matemática é: P T const= . (2.5) Sendo, V = const. Sofrendo o gás uma transformação que passa de um estado para outro, então verifica-se P T P T 1 1 2 2 = = constante Apresentando o gráfico pV p B A p2 p1 T1 T2 T Gráfico P – T Analisando o comportamento do gás a volume constante Amedeo Avogadro estabeleceu, com base em duas amostras, o seguinte enunciado: Volumes iguais, de gases diferentes, à mesma temperatura e pressão contêm o mesmo número de moléculas. Segundo Avogadro, estas duas amostras gasosas, ocupando volumes iguais, sob a mesma pressão e temperatura, têm o mesmo número de moléculas. Conhecida a lei de Avogadro pode se determinar o número de moléculas existentes numa dada massa do gás. Por exemplo, tomemos 1 mol de vários 130 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito gases diferentes (2g de H2, 32g de O2, 28g de N2, etc.). Dos nos- sos conhecimentos de Química, sabemos que o número de moléculas, em cada uma dessas amostras é o mesmo. Este número é denominado número de Avogadro e é represen- tado por N4. O cientista Jean-Baptiste Perin, no início do século 20, reali- zou uma série de experiências, procurando determinar o valor de N4 , concluindo que este valor estaria compreendido entre 6,5.1023 e 7,2.1023 moléculas em cada mol. Posteriormente medidas mais precisas mostraram que o valor NA é mais pró- ximo de 6,02.1023 moléculas/mol. Quanto à densidade ρ e à massa molecular M, tomando duas massas gasosas, ocupando ambas o mesmo volume, a mesma pressão e temperatura pela Lei de Avogadro conclui-se que ρ ∼ M. Isto é, a densidade de um gás directamente proporcional à sua massa molecular. Considerando que ρ ~ pM T Sendo m a massa da amostra gasosa, sabendo que ρ = m V Logo m V pM T ~ ou pV m M T~ ( pV m M T~ )pV m M T~ O quociente pV m M T~ , entre a massa do gás e sua massa molecular, fornece-nos o número de moles, n, da amostra. Introduzindo na relação anterior, a constante de proporcionalidade, a desig- narmos por R, obteremos a equação a seguir: pV = R ( pV m M T~ )pV m M T~ pV = nRT A pressão, p, o volume V e a temperatura absoluta T, duma dada massa, contendo n mole do gás, estão relacionadas pela equação pV = nRT denominada equação de estado de um gás ideal ou perfeito. 131 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito A presente equação pode tomar a forma pV T nR= Para uma dada massa de gás (n = constante), como R também é constante, concluímos que pV T = constante (2.6) Assim se a massa gasosa passar de um estado para outro estado, podemos relacionar estes dois estados pela seguinte equação: PV T PV T 1 1 1 2 2 2 = A equação é para o gás perfeito, podendo ser aplicada, com boa aproximação, a uma gás qualquer desde que a sua tem- peratura não seja muito baixa e sua pressão não seja muito elevada. Exercícios propostos P1 – O senhor Rufino Quissonde calibrou os pneus do seu carro à temperatura de 27oC. Depois de rodear bastante, ao medir novamente a pressão, encontrou um resultado de 20% superior ao valor da calibragem inicial. Supondo invariável o volume das câmaras, determine a temperatura que o ar com- primido deve ter atingido. P2 – Um vaso, hermeticamente fechado, contém 10 litros de um gás perfeito a 30o C suportando uma pressão de 2 atm. A temperatura do gás é elevada até atingir 60o C a) Calcule a pressão final do gás. b) Esboce o gráfico pressão x temperatura da transformação mencionada. R: t = 87oC a) R: p = 2,2 atm 132 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito 2.5. Cálculo Cinético da Pressão A pressão que um gás exerce sobre as paredes do recipiente que o contém é devido às incessantes e contínuas colisões das moléculas do gás contra as paredes do recipiente. Usando a faculdade das leis da mecânica para as colisões das molécu- las contra as paredes do recipiente, os físicos obtiveram uma expressão matemática, relacionando a pressão exercida por um gás com as seguintesgrandezas: N → número total das moléculas no recipiente V → volume do recipiente mo → massa de cada molécula p N V v om= 1 3 2 → média dos quadrados da velocidade das moléculas. p N V v om= 1 3 2 (p NV vom= 13 2) p NV vom= 13 2 (2.7) Significa que • p ∼ N → à quanto maior for o número total de moléculas, maior será o número de colisões contra as paredes e, portanto, maior será a pressão exercida pelo gás. • p V ~ 1 → à quanto maior for o volume do recipiente, maior será a distância que a molécula terá que percorrer para colidir contra as paredes e, consequentemente, menor será o número de colisões, isto é, menor será a pressão exercida pelo gás. • p ∼ mO → à quanto maior for a massa de uma molécula, maior será a sua quantidade de movimento e, assim, maior será a força que ela exerce ao colidir contra a parede do recipiente. • p ∼ v–2 → à quanto maior for v–2, mais rapidamente as molé- culas estarão em movimento. Nestas condições, maior será a força que cada molécula exercerá ao colidir contra a parede e, além disso, maior será o número de colisões. 133 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito 2.6. Interpretação Cinética da Temperatura A temperatura absoluta T, de um gás está relacionada com a energia cinética média de suas moléculas. A expressão: p N V v om= 1 3 2 (p NV vom= 13 2) p NV vom= 13 2 Pode ser escrita p vNmo= 1 3 2 Comparando-a com a equação de estado de um gás ideal, p.V = nRT Obtemos p N V v om= 1 3 2 (p NV vom= 13 2) p NV vom= 13 2 = nRT Sendo NA (número de Avogadro) o número de moléculas que existe em 1 mol e sendo n o número de moles que corresponde a N moléculas, e N = nNA Levando este valor de N à igualdade anterior, virá 1 3 2nNmv nRT= ou mv R N T A 2 3= (mv R N T A 2 3= ) mv RN T A 2 3= Dividindo os dois membros desta igualdade por 2, teremos 1 2 3 2 2mv R N T A = ( 1 2 3 2 2mv R N T A = ) 12 322mv RN TA= 134 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito Nesta equação representa o termo do lado esquerdo a energia cinética média das moléculas (Ec ), enquanto R N A do segundo membro é constante, sabendo que tanto R quanto NA são constantes. Este quociente é muito importante, é represen- tado por k e denominado constante de Boltzmann, em home- nagem a Ludwig Boltzmann, físico austríaco do século XIX. Então k R N k k J K A = = = − − − 8 31 6 02 10 1 38 10 23 23 1 , , . , . . Chegando-se assim à seguinte expressão E R N TC A = 3 2 (E RN TC A = 3 2 ) E R N TC A = 3 2 E kTC = 3 2 (2,7) Logo, Ec = f (T) 135 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito P1 – Uma pessoa afirma que colocou 3,5 moles de um gás (comparando-se com gás ideal) num reci- piente de volume igual a 8 litros e que, após o estado de equilíbrio, a temperatura do gás era de 27°C e sua pressão 5 atm: a) Poderiam estar cor- rectas as medidas feitas por esta pes- soa? b) Se, após uma veri- ficação, constatou- se que os valores de p, V e T estavam correctos, qual o número real de moles do gás coloca- dos no recipiente? Dados n = 3,5 moles R = 0,082atm.litro /mol.K V = 8 litros Exercícios de aplicação Resolução a) b) Sabemos que um gás ideal, num certo estado, obedece à equação pV = nRT. Com os dados fornecidos T 0 27 + 273 = 300K p = 5atm 5 8 3 5 0 082 300atm litros mol atmlitro mol K . , . , . . .≠ KK atmlitro atmlitro40 0 861 40. , .≠ Como pV não é igual a nRT, concluímos que as medidas realizadas pela pessoa não podem estar correctas, isto é, não é possível, a qualquer gás (ideal), apresentar-se num estado com aqueles valores de p, V, n, T. Da equação de estado obtemos n pV RT n pV RT atm litros mol K atmlit = = = 5 8 0 082 . . . , . rros K n moles . , 300 1 6= Logo, no recipiente havia 1,6 moles do gás e não 3,5 moles como a pessoa havia afirmado. Observe que usa- mos o valor R = 0,082 atm.litro/mol.K, uma vez que o valor de p foi fornecido em atmosferas e de V em litros. 136 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito Exercícios de aplicação Resolução a) b) c) Sabemos que E kT k J K T C K E C C = = = ° + = = − − 3 2 1 30 10 27 273 300 23 1 . , . . 33 2 1 38 10 300 6 2 10 23 21 . , . . , . − −= J K K E JC A expressão E kTC = 3 2 . nos mostra que a energia ciné- tica média das moléculas só depende da temperatura, não dependendo da natureza do gás. Como o O2 e o H2 estão à mesma temperatura, o valor de Ec é o mesmo para os dois gases. Como devemos ter E mv v E m v v C C = = = = − − 1 2 2 2 6 2 10 3 3 10 1 9 1 2 21 27 . , . , . , . 00 3m s/ P2 – Um recipiente contém H2 a 27°C. a) Qual é a energia cinética média de suas moléculas? b) Qual seria a Ec para as moléculas de O2 à mesma temperatura da questão anterior? c) Sabendo que a massa de uma molécula de H2 é 3,3.10–23kg, qual deve ser a sua velocidade para que ela tenha uma ener- gia cinética igual ao valor médio calcu- lado no ponto 2.1? Dados R = 0,082atm.litro /mol.K n = 3,5 moles 137 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito Exercício proposto P1 – Uma botija de gás contém 32g de CO2, a uma temperatura de 127°C. Determine: a) A massa molecular do CO2. b) O número de moles. c) A velocidade de suas moléculas. d) A energia cinética do gás. a) R: 44g.mol–1 b) R: n = 8 c) R: v = 476m.s–1 d) R: Ec = 39840J 2.7. Dilatação dos Gases Conforme procedimento adoptados ao estudo da dilatação dos sólidos e líquidos consideramos a temperatura como parâ- metro fundamental para alteração das suas dimensões. Quer dizer, alterando a temperatura, provocamos a mudança nas dimensões da substância em estado sólido ou líquido. Isto sig- nifica a relegar a pressão a uma função secundária, partindo do pressuposto de não ter valores elevadíssimos. Analisando este aspecto, do comportamento de um gás, verifi- camos que as variações de pressão podem provocar variações apreciáveis no seu volume e na sua temperatura. Estudando experimentalmente o comportamento de uma dada massa de gás, os físicos verificaram que seria possível expressar este com- portamento através de relações matemáticas simples entre a sua pressão, p, seu volume, V, e sua temperatura, T. Uma vez que sejam conhecidos os valores dessas grandezas (massa, pressão, volume e temperatura), a situação em que o gás se encontra fica definida ou, noutras palavras, fica definido o seu estado. Provocando-se uma variação numa dessas grandezas, verifica-se que as outras também se modificam e estes novos valores carac- terizam uma transformação ao passar de um estado para outro. 2.7.1. Energia Interna do Gás Perfeito O gás perfeito define-se, como sendo o gás onde as forças de atracção entre as moléculas são totalmente inexistentes, e as moléculas podem ser consideradas como pontos materiais sem estrutura interna. Isto significa que as moléculas do gás 138 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito perfeito não possuem energia potencial. Deste modo, a ener- gia interna do gás perfeito é igual à soma das energias cinéti- cas média das moléculas que constituem o gás. Como os pontos materiais não possuem movimento de rota- ção, para os gases monoatómicos, as moléculas efectuam somente movimentos de translação. Deste modo a energia interna de um gás perfeito monoató- mico é dada por: U m M RT= 3 2 (2.7) Onde m: massa do gás perfeito M: massa molar do gás R: constante universal dos gases T: temperatura Para o gás perfeito biatómico U m M RT= 5 2 (2.8) Para um gás poliatómico U m M RT= 3 (2.9)Exercícios de aplicação P1 – Numa transfor- mação de um mol de gás ideal monoatómico a volume constante, enquanto a temperatura se eleva de 27oC a 50oC, qual será a variação de energia interna do gás em calorias? Dados 1cal = 4,2l R J mol K = 8 31, . T1 = 27 + 273 = 300K T2 = 50 + 273 = 323K Resolução Cálculo da variação de energia � � � U nR T T U U J = − = − = 3 2 3 2 1 8 31 323 300 286 2 1 ( ) . . , .( ) 139 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito P2 – Uma transforma- ção, conforme o grá- fico em baixo, na qual 100 moles do gás ideal monoatómico rece- bem do meio exterior uma q de calor igual a 1,80.106J. (Dados R = 8,31J/mol.K). Determine: a) O trabalho realizado pelo gás; b) A variação de energia interna do gás; A tem- peratura do gás no estado 1. Dados R J mol K = 8 31, . n = 100moles Q = 1,8.106J P p2 p1 v1 v2 B v(l) Exercícios de aplicação Resolução W W J = + = ( ). . ( – ) , . 3 6 10 2 1 2 4 5 10 5 5 a) sendo Q J Q W U U Q W U = = + → = − = − 1 8 10 1 8 10 4 5 6 6 , . , . , . � � � 110 13 5 105 5→ =�U J, . b) 140 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito Exercícios propostos P1 – Na figura presente o gráfico p x V de um gás, partindo do ponto A para o ponto B, e depois um processo isovolumétrico, atingindo o ponto C, que situa sobre a mesma isoterma que A calcule: a) O trabalho realizado pelo gás ao final do processo ABC. b) Calor recebido pelo gás ao final do processo ABC. P2 – Um gás ideal monoatómico é comprimido adiabatica- mente, sofrendo uma variação de temperatura de 600k. Admi- tindo que n = 3 moles, CV = 3cal/mol.K, R = 2cal/mol.K e 1 cal = 4,2 J, determine: a) A quantidade de calor trocada nessa transformação. b) A variação da energia interna do gás em Joules. a) R: W = 8.105 J a) R: Q = 0J b) R: W = 8.105 J b) R: 22680J p(atm) 6 3 2 4 A B C TB VB TA=200k 2.7.2. Trabalho Realizado pelo Gás Um gás comprimido ao dilatar-se pode realizar trabalho. Consideremos o gás contido num cilindro munido de um êmbolo móvel. O êmbolo permanecerá em repouso enquanto a pressão do ar (pressão atmosférica) for igual a pressão no interior do cilindro. Suponhamos que a pressão do ar e do gás tomam o valor p, a temperatura do gás o valor T. Aquecendo lentamente o gás no interior do cilindro, até uma temperatura T2, o gás dilatar-se-á, segundo um processo 141 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito 2.8. Experiência de Joule A energia interna de um corpo pode variar também com a rea- lização de trabalho mecânico, isto é, disso se pode obter ener- gia calorífica. Exemplo: observa-se um aquecimento em pregos quando são martelados. isobárico, e o êmbolo deslocar-se-á da posição inicial para a final por um valor Δl, logo o gás realizará trabalho. A força res- ponsável por este trabalho é igual a p.S donde S é a superfície da secção transversal do cilindro. Conforme os conhecimentos da mecânica o trabalho reali- zado por uma força é dado por; W = FΔl Mas F = p.S logo W = pSΔl Como S.Δl é igual à variação do volume do gás durante o aque- cimento isobárico de T1 a T2, obtemos W = p(V2 – V1) V0 V t S S Fig. 2.3 – Gás comprimido Exercícios propostos P1 – Um balão vazio tem volume desprezável e cheio pode atingir 4.10–3 m3. Qual o trabalho realizaria o ar contra a atmos- fera para encher este balão, à temperatura ambiente. P2 – Num cilindro, o vapor entra sob pressão constante de 50Nm–2, empurrando o pistão, cuja área é de 100cm2 , num percurso de 50cm. Qual o trabalho realizado pelo vapor nesse percurso. R: W = 400J R: W = 2500J 142 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito Como com a realização de trabalho mecânico se pode obter energia a calorífica; levanta-se a seguinte questão: o trabalho mecânico realizado e a quantidade de calor produzida são proporcionais? James Joule, na tentativa de encontrar res- posta para esta questão, realizou uma série de experiências ao longo das quais obteve uma resposta afirmativa. Na experiência de Joule é determinado o equivalente mecâ- nico do calor expresso na relação entre a unidade de energia joule e a unidade de calor caloria. Um recipiente isolado termicamente, contendo uma certa quantidade de água, com um termómetro para medir sua temperatura, um eixo com umas paletas que é colocada em movimento pela acção de um peso, conforme ilustrado na figura demonstra que o peso, que se move com velocidade praticamente constante, perde energia potencial. Como con- sequência, a água é agitada pelas paletas e aquecida devido a fricção. Se o bloco de massa M desce uma altura h, a energia potencial diminui em Mgh. Com esta experiência Joule conseguiu demonstrar que a quantidade de calor libertada por atrito é directamente pro- porcional ao trabalho mecânico realizado. Joule deduziu que a diminuição de energia potencial pro- porciona o aumento de temperatura da água. A constante de proporcionalidade (o calor específico de água) é igual a 4.186 J/(g °C). Portanto, 4.186 J de energia mecânica elevam a temperatura de 1g de água em 1° C. Entretanto, na prática, é até hoje usada uma outra unidade de calor, muito antiga (da época do calórico), denominada 1 caloria = 1cal. Por definição, 1 cal é a quantidade de calor que deve ser transferida a 1 grama de água para que sua temperatura se eleva a 1°C. Joule, no entanto, estabeleceu, nas suas experiências a relação entre estas duas unidades, encontrando 1 cal = 4,18 j 143 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE 1I – Equação de Estado de um Gás Perfeito Seja M a massa do bloco que pende e h seu deslocamento ver- tical • m a massa de água do calorímetro • T0 a temperatura inicial da água e T a temperatura final • g = 9.8 m/s2 a aceleração da gravidade A conversão de energia mecânica em calor é expressa pela seguinte equação: Em = Q ou Mgh = mc(T-T0) Logo o calor específico da água é expresso em J kg K. C Mgh m T T = ( – ) 0 144 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica Unidade 1i1 TErmodinâmica 3.1. Primeira Lei da Termodinâmica Analisando a transformação isobárica de uma certa massa gasosa, a energia térmica ∆Q, fornecida pelo meio exterior através do aquecimento, teve dupla finalidade: a) Aumentar a energia interna do sistema através de um aumento da energia cinética média, e, consequente- mente, da temperatura; b) Realizar um trabalho sobre o meio exterior, deslo- cando o êmbolo E numa distância d. Esta transformação é regida pela Primeira Lei da Termodinâ- mica, que na realidade é a Lei da Conservação da Energia. Esta lei diz-nos: A quantidade de Energia Térmica (∆Q) trocada entre o sistema e o meio é igual a soma da variação de sua ener- gia interna (∆U) com o trabalho realizado no sistema (W). Matematicamente, a expressão da primeira lei é a seguinte: ∆Q = ∆U + W (3.1) Para melhor fixação desta lei, vamos analisá-la nas transfor- mações de gases ideais. 3.1.1. Transformação Isotérmica Nesta transformação, a temperatura se mantém constante. Como a variação de Energia Interna depende directamente da variação da temperatura se ∆T = 0 teremos ∆U = 0. Assim, a expressão da primeira lei adquire a seguinte fórmula: ∆Q = ∆U + W ∆Q = 0 + W ∆Q = W 145 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica Essa forma nos permite que: Numa transformação isotérmica a energia térmica é totalmente utilizada na realização do trabalho. Exercício proposto Exercício proposto P1 – Um gás mantido a temperatura constante, tem pressão inicial p e volume inicial V. Determine o acréscimo percentual da pressão quando o volume é reduzido de 20%. P1 – Um cilindro de paredes rígidas e êmbolo móvel sem atrito, contém um certo gás no seu interior. Quando a tempe- ratura é 27°C, o volumeocupado pelo gás é 5 litros. Qual deve ser a temperatura para que o volume do gás seja de 8 litros, mantendo a pressão constante. R: p´ = 1,25p logo a pressão aumenta 25%. 3.1.2. Transformação Isobárica Neste caso há uma variação de temperatura e uma variação de volume. A variação de temperatura produz uma variação de energia interna ΔU; a variação do volume produz um trabalho. Assim, a Primeira Lei pode ser escrita da seguinte forma: ∆Q = ∆U + W Analisando a expressão acima, podemos concluir que: Numa transformação isobárica, a quantidade de calor trocada entre o meio e o sistema é sempre maior que o trabalho realizado. R: T = 480K 146 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica 3.1.3. Energia Potencial Elástica Neste caso, o volume permanece constante; ocorre apenas variação de temperatura e pressão. Assim sendo, e se não hou- ver variação de volume, não haverá trabalho realizado (W = 0). Pela Primeira Lei da Termodinâmica, temos então: ∆Q = ∆U + W ∆Q = ∆U + 0 ∆Q = ∆U A partir disso, podemos concluir que: Numa transformação isométrica, a variação da energia interna do sistema, é igual à quantidade de calor que o sistema troca com o meio exterior. 3.1.4. Transformação Adiabática Uma transformação é Adiabática quando o sistema não troca calor com o meio exterior. Experimentalmente, pode-se rea- lizar uma transformação Adiabática isolando o sistema ter- micamente do meio exterior ou efectuando a transformação Exercícios de aplicação P1 – Um gás contido a volume constante, tem pressão inicial e tempe- ratura inicial T = 27o C. Determine, na escala Célsius, a temperatura em que esse gás exer- cerá o dobro da pressão. Dados T = 27°C = 300K TC = ? P = 2p Resolução O gás evolui do estado (p, V, 300) para estado (2p, V, T1). Como a transformação é isométrica, temos p T p T p p T T K T T K C C = → = → = = − → = 1 1 1 300 2 600 600 273 327 147 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica Exercícios de aplicação P1 – Num processo adiabático, não exis- tem trocas de calor entre o sistema termo- dinâmico e sua vizi- nhança, ou seja: Q = 0. Considerando como sistema termodinâ- mico um gás ideal, con- tido num recipiente de paredes termicamente isoladas, perguntamos o que acontece com a temperatura do gás ideal, quando sofre uma compressão adia- bática. Resolução Uma transformação adiabática temos o trabalho conver- tido em energia e vice-versa. Pela primeira Lei da Termo- dinâmica: W = – ∆U Quando há uma compressão V < V1 e W < 0 Logo, pela expressão anterior, concluímos que ∆U > 0, e, consequentemente, ∆T > 0. Ou seja, nesse processo, a temperatura aumenta. rapidamente. Como a transmissão de calor é lenta, qualquer transformação realizada com rapidez pode ser considerada Adiabática. Se a transformação é Adiabática, portanto ΔQ = 0. Então, pela Primeira Lei da Termodinâmica, temos: ∆Q = ∆U + W 0 = ∆U + W W = – ∆U Ora, podemos afirmar: Numa transformação Adiabática, todo o trabalho realizado corresponde à variação da energia interna do sistema, uma vez que não há troca de energia com o meio exterior. 148 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica Exercício proposto P1 – Um gás ideal monoatómico é comprimido adiabati- camente sofrendo uma variação ode temperatura de 600K. Sabendo que n = 3 moles, cv = 3cal/mol.K, R = 2 cal/mol.K e 1cal = 4,2J, determine: a) A quantidade de calor trocada nessa transformação. b) A variação de energia interna do gás, em joules. c) O trabalho realizado sobre o gás. a) R: Q = 0 b) R: ∆U = 22680J c) R: W = – 22680J 3.1.5. Transformações Cíclicas No estudo que fizemos até agora, analisamos transformações de massas gasosas isotérmicas, isobáricas, isométricas e adia- báticas. Continuando o estudo dessas transformações, vamos analisar agora as transformações cíclicas. Chamamos de transformação cíclicas, ou simplesmente ciclo, ao conjunto de transformações por que passa certa massa gasosa, no qual a situação final do gás é exactamente igual à situação inicial. No gráfico fig. 3.1 acima apresentamos um ciclo, constituído por uma transformação isométrica, (AB), uma isobárica (BC), outra isométrica (CD) e outra isobárica (DA). Vamos analisar cuidadosamente cada transformação: a) Como a temperatura inicial é igual à final, podemos afir- mar que num ciclo não há variação da energia interna do sistema. Entre A e B e entre C e D, o trabalho reali- zado é nulo (transformação isométrica). b) O trabalho realizado na expansão BC (fig. 3.2 a) é maior que o trabalho realizado na compressão DA (fig. 3.2 b). A diferença entre esses trabalhos corresponde à área interna, mostrada na (fig. 3.2 c). P P2 P1 V1 V2 V B A C D Fig. 3.1 – Transformação cíclica 149 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica Fig. 3.2 – Expansão e compressão Fig. 3.3 – Transformação cíclica, operando em sentido contrário P B C P2 P1 WBC V1 V2 V A P B A C P2 P1 V1 V2 V D WDA A P B CP2 P1 WBC WBC V1 V2 V D a) b) c) Aplicando a Primeira Lei da Termodinâmica ao ciclo, temos: ∆U = 0 e W > 0 Assim ∆Q = ∆U + W ∆Q = W Esse resultado diz-nos que, durante um ciclo, a energia tro- cada em forma de calor entre o meio exterior e o sistema é igual ao trabalho realizado na transformação. Como o trabalho é positivo, conclui-se que o sistema perdeu energia. Em outras palavras, o sistema recebeu calor e forneceu trabalho. Houve, portanto, transformação de calor em trabalho. Consideramos agora uma transformação cíclica, operando em sentido contrário à que acabamos de ver isto é, sofrendo a transformação no sentido anti-horário: P B C P2 P1 WBC V1 V2 V A P B A C P2 P1 V1 V2 V D WDA A P B CP2 P1 WBC WBC V1 V2 V D 150 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica Esse resultado mostra-nos que o sistema (gás) recebeu ener- gia do meio, embora a sua energia interna não tenha sofrido variação. Em outras palavras, houve conversão de trabalho em calor. Vamos agora resumir as ideias sobre uma transformação cíclica: a) Sempre que ocorrer uma transformação em ciclo, não haverá variação de energia interna do sistema, pois a temperatura final é igual à inicial. b) Num gráfico pressão x volume, sempre que um ciclo for percorrido no sentido horário, haverá um trabalho positivo do sistema, isto é, o sistema (gás) fornece tra- balho ao meio exterior. Como exemplo desse tipo de ciclo, podemos mencionar as transformações realiza- das pelas máquinas térmicas. c) Sempre que a transformação se verificar no sentido anti-horário, haverá trabalho negativo, isto é, o meio exterior estará a realizar trabalho sobre o sistema. O sistema receberá energia e haverá transformação de trabalho em calor. Tal transformação ocorre, por exem- plo, num refrigerador. W > 0 V1 V2 V P W < 0 V1 V2 V P Fig. 3.4 – Gráfico P – V de um ciclo percorrido no sentido horário Fig. 3.5 – Gráfico P – V de um ciclo percorrido no sentido anti-horário Exercícios de aplicação P1 – Uma amostra de gás perfeito sofre uma expansão de 2.10–3m3 à pressão constante de 1,2.105N/m2. Qual o trabalho realizado pelo gás nessa transforma- ção? Dados ∆V = 2.10–3 m3 p = 1,2.105 N / m2 Resolução W = p. ∆V W = 1,2.105 .2.10–3 → W = 240J 151 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica Exercício proposto P1 – Um gás perfeito descreve o ciclo ABCDA, como indica a figura. Determine o trabalho que o sistema troca com o meio nas transformações: a) AB. b) BC. c) CD. d) DA. e) ABCDA. a) R: WAB= 6J b) R: WBC = 0 c) R: WCD = – 2J d) R: WDA = 0J e) R: WABCDA= 4J P P2 P1 V1 V2 V D CB A 3.2. A Segunda Lei da Termodinâmica No capítulo anterior analisamos a relação entre trabalho e calor. Contudo, em nenhum momento determinamos em que condições as transformações de trabalho em calor e as trans-formações de calor em trabalho são possíveis. A segunda Lei da Termodinâmica vem completar a Primeira, determinando em que condições as transformações entre sis- temas podem ser realizadas. Entretanto, antes de enunciarmos a Segunda Lei, vamos anali- sar, através de algumas situações reais, os conceitos de trans- formações reversíveis e irreversíveis. 152 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica 3.2.1. Transformações Reversíveis Imaginemos um corpo que cai de uma certa altura sobre uma “cama elástica”. Imaginemos também que possamos desprezar todos os atritos. Neste caso, ao atingir a cama elástica, o corpo é impulsionado de volta, atingindo, praticamente, a posição inicial. Nesse processo de queda e volta, não houve variação da energia mecânica do sistema. A queda é, então, uma trans- formação reversível, pois há grande possibilidade de ocorrer o movimento inverso, isto é, a volta do corpo às condições ini- ciais. Se analisou cuidadosamente a situação exposta, deve ter observado que trabalhamos em condições ideais. Na realidade não existem transformações reversíveis, pois o atrito quase sempre está presente durante as transformações. 3.2.2. Transformações Irreversíveis Vamos analisar agora outra transformação. Um bloco de massa usada por pedreiros é lançado do alto da rampa. Enquanto a massa cai, a sua energia potencial vai se transformando em energia cinética. Porém, a energia mecânica do sistema man- tém-se constante. Quando a massa atinge o solo, a sua energia mecânica trans- forma-se noutra forma de energia, a energia interna. É por isso que a temperatura do corpo e a do chão aumentam. É possível fazer com que a energia térmica gerada no impacto da massa com o chão se reúna novamente e faça a massa subir até a posição inicial? Não. Pois o caso contrário não ocorrerá. Neste caso, dizemos que a queda é uma transformação irreversí- vel. Da mesma forma, quando você toma o seu café pela manhã, o leite e o café estão, inicialmente, separados. Deitando o café no leite, eles se misturam: ocorre uma transformação. Nesse caso também não ocorrerá uma transformação inversa, ou seja, do café separar-se espontaneamente do leite. Essa transformação é irreversível. Fig. 3.6 – Transformação reversível Fig. 3.7 – Transformação irreversível 153 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica Quando soltamos uma bola de ténis de uma certa altura, a bola bate no chão e salta diversas vezes; a cada salto a bola atinge uma altura menor, até parar. Isso significa que a sua energia mecânica se transforma em calor. É altamente improvável que a energia térmica se reuna para fazer com que a bola realize a transformação inversa. Além desses três exemplos, pode lembrar-se de outros seme- lhantes, onde se observa a transformação de energia mecânica em calor e nos quais não ocorre transformações irreversíveis. Observe que a transformação inversa não ocorre experimen- talmente, mas teoricamente ela é possível. O calor passa espontaneamente de um corpo de maior tempe- ratura para um corpo de menor temperatura. A Segunda Lei da Termodinâmica refere-se exactamente a este tipo de transformação. De acordo com essa lei, as trans- formações naturais, espontâneas, realizam-se de acordo com um sentido preferencial. Assim, para um corpo que se encon- tra no alto de uma rampa, o sentido preferencial, natural, é o da descida da rampa. Assim, uma vez solto, o corpo descerá até o ponto mais baixo. Para faze-lo subir seria necessário um agente externo, pois o corpo não subiria espontaneamente. Da mesma forma que examinamos essas transformações, você poderá examinar outras transformações semelhantes. No entanto, a conclusão é uma só: As transformações espontâneas são irreversíveis. Observando o sentido da transferência espontânea da energia térmica de um sistema para outro, Rudolf Clausius enunciou a Segunda Lei da Termodinâmica: O calor passa espontaneamente de um corpo de maior tempe- ratura para um corpo de menor temperatura. Veja que nesse enunciado fica evidente o sentido preferencial do processo, o qual é determinado pela diferença de temperatura. Nós sabemos pelas nossas próprias vivências que é relati- vamente fácil transformar energia mecânica ou eléctrica em calor: atirar as mãos, esfregar dois corpos, entortar um arame, transformação não-espontânea transformação espontânea Fig. 3.8 – Transformação espontânea e não espontânea 154 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica acender uma lâmpada e1éctrica, etc. O inverso, isto é, trans- formar o calor em trabalho, muito difícil pois são necessá- rias condições especiais. Essa dificuldade levou Sadi Carnot a enunciar de outra forma a Segunda Lei da Termodinâmica: Só é possível transformar calor em trabalho quando dis- pomos de duas fontes com temperaturas diferentes. Esse enunciado, que parece evidente, pode ser comprovado quando estudarmos as máquinas térmicas. 3.3. Máquinas Térmicas Uma máquina térmica é um sistema que, recebendo energia como calor, é capaz de realizar trabalho. Consideramos a expansão isotérmica de um gás contido num cilindro munido de um êmbolo móvel (fig. 3.9): o gás recebe energia como calor e realiza trabalho ao empurrar o êmbolo. Se a sua energia interna não variar (ΔU = 0), toda a energia que vai recebendo como calor é convertida em trabalho: ΔU = 0 ⇔W + Q = 0 ⇔ W = –Q Mas, para que isto continuasse a acontecer, o cilindro deveria ter um comprimento infinito, o que não é possível. Se quere- mos uma produção contínua de trabalho, temos de fazer voltar o gás ao estado inicial? Fazendo-o ceder alguma energia como calor a outro sistema à temperatura mais baixa: o gás contrai- se e a pressão atmosférica obriga o êmbolo a voltar à posição inicial. Diz-se que o gás realizou um ciclo. Neste caso, a ener- gia interna do gás no estado final é igual à energia interna no estado inicial. Isto significa que, se o gás receber a energia Q1, como tem de ceder a energia Q2, apenas a diferença Q1– |Q2| se converte em trabalho: ΔU = 0 ⇔W + Q1+ Q2 Fig. 3.9 – Gás contido num cilindro munido de um êmbolo Fig. 3.10 – Sistema de refrigeração 155 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica Fig. 3.11 – Sistema termodinâmico Fig. 3.12 – Máquina térmica Atendendo à convenção de sinais, W < 0, Q1 > 0 e Q2 < 0 |W| = |Q1| – |Q2| (3.2) É, portanto, impossível converter completamente calor em trabalho. Ao sistema termodinâmico que, uma máquina térmica, sofre transformações, chama-se agente de transformaçãos. 3.3.1. Rendimento de uma Máquina Térmica Sabemos que é impossível mover um conjunto de pás ligadas a um eixo, através de uma corrente de água entre dois reser- vatórios, se ambos estiverem no mesmo nível (a menos que se usem processos externos de compressão num dos reserva- tórios). Para que haja realização de trabalho, é preciso que os dois reservatórios se encontrem em níveis diferentes. Desse modo, a água correrá do reservatório de nível mais alto para o mais baixo, movendo as pás e realizando o trabalho. Em Termodinâmica, acontece algo semelhante. A experiência de muitos anos mostrou que uma máquina térmica, como um motor de explosão ou um motor a vapor, só transforma calor em trabalho, operando em ciclos nas seguintes condições: a) A máquina térmica opera entre duas fontes térmicas de diferentes temperaturas, uma quente e a outra fria. A máquina retira calor da fonte quente (Q1), transforma parte desse calor em trabalho (W) e rejeita a outra parte (Q2) para a fonte fria. Q1 Q2 W térmica fonte friafonte quente 156 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica b) Esta máquina opera em ciclos. Como pode verificar, a quantidade de calor Q1 é sempre maior que a quanti- dade Q2. Assim, podemos definir uma nova grandeza: o rendimento de uma máquina. η = trabalho realizado pela máquina quantidade de caalor retirado da fonte quente η = W Q1 (3.3) SendoW = Q1 – Q2, pela Lei da Conservação da Energia, temos η = −Q Q Q 1 2 1 (3.4) Ou ainda η η = − = − Q Q Q Q Q Q 1 1 2 1 2 1 1 3.3.2. O Ciclo de Carnot Estudando as máquinas térmicas, Carnot descobriu um ciclo de quatro transformações reversíveis duas isotérmicas e duas adiabáticas que proporcionam o máximo rendimento térmico para uma máquina. O esquema abaixo apresenta o Ciclo de Carnot. T1 a temperatura da fonte quente e T2 a da fonte fria. P V A B D C T2 T1 Fig. 3.13 – Ciclo de Carnot 157 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica Analisemos cada uma das transformações do ciclo: AB – Nessa transformação, o gás sofre uma expansão, rece- bendo calor da fonte Q1 e realizando trabalho; sua tem- peratura, porém, mantém se constante. BC – Nessa transformação, o gás sofre uma expansão adiabá- tica; sua temperatura diminui, mas não ocorre troca de calor com o meio exterior. CD – Nessa transformação, o gás sofre uma compressão, a temperatura constante. O meio exterior realiza trabalho sobre o gás, sem que haja variação de temperatura. O gás rejeita calor (Q2) para o meio exterior; este calor não se transforma em trabalho. DA – Ocorre uma compressão adiabática, completando se o ciclo. Com relação ao Ciclo de Carnot, é importante que você saiba o seguinte: a) Uma máquina que opera dentro do Ciclo de Carnot tem o máximo rendimento. Ou seja, nenhuma máquina tér- mica operando em ciclos pode ter rendimento superior ao de uma máquina de Carnot. b) O rendimento de uma máquina de Carnot depende das temperaturas das fontes quente e fria. Carnot demons- trou que a quantidade de calor que é retirada da fonte quente (Q1) e a que é rejeitada para a fonte fria (Q2) são proporcionais às temperaturas absolutas das fontes. ou seja Q Q T T 2 1 2 1 = como η =1 2 1 – , Q Q então η =1 2 1 – T T (3.5) c) Na expressão η =1 2 1 – T T , quanto menor for a temperatura T2 (fonte fria), maior será o rendimento, pois menor se torna a razão T T 2 1 . Assim, quando a temperatura T2 atingisse zero K (zero absoluto), teríamos um rendi- mento 100%. No entanto, isso é impossível, pois con- traria a Segunda Lei da Termodinâmica. 158 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica Exercícios de aplicação Resolução a) Q1 = W + Q2 → W = Q1 – Q2 W = 600J – 300J → W = 300J c) Cálculo do trabalho durante 8 ciclos 1 300 8 ____________ ____________ x x = 2400J Cálculo da potência P W t P J s P Watts = → = = � 2400 1 2400 P1 – Um motor eléc- trico efectua 8 ciclos por segundo. Em cada ciclo, ele retira 600J de uma fonte quente e cede 300J a uma fonte fria. Determine: a) O trabalho realizado pelo motor em cada ciclo. b) O Rendimento de cada ciclo. c) A potência máxima do motor. Dados Número de ciclos = 8 Δt = 1s Q1 = 600J Q2 = 300J a) W = ? b) W = ? c) η = ? b) η η η = → = = = W Q J J 1 300 600 0 5 50, % 3.4. A Conservação da Energia Algumas ideias relativas à energia nos acompanharam cons- tantemente nestes estudos de Física, tanto em mecânica como em Electricidade e em Termonologia. Neste tema faremos, então, uma síntese de todos os assuntos que estudamos a res- peito da energia e de suas leis. 159 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica A Primeira Lei da Termodinâmica refere-se à conservação da energia em todos os tipos de transformação. Esse princípio é sintetizado na equação: ΔQ = AU + W A Segunda Lei da Termodinâmica completa a primeira, pois indica-nos que as transformações ocorrem de acordo com um sentido preferencial. Assim, embora a Primeira Lei afirme que a quantidade de energia que passa de um corpo para outro é constante, não levando em conta o sentido da transferência, a Segunda Lei afirma que o calor passa espontaneamente de um corpo de maior temperatura para outro de menor tem- peratura. Dessa forma, embora não contrarie a Primeira Lei, é impossível a transformação inversa, isto é, é impossível o calor passar de um corpo de menor temperatura para outro de maior temperatura. 3.5. A Energia Térmica: Uma Energia “Degradada” Durante os estudos da Física, observamos que é muito comum ocorrer a transformação da energia mecânica ou eléctrica em energia térmica, mas raramente ocorre o inverso, ou seja, raramente o calor se transforma em outra forma de energia. Vejamos alguns exemplos: Um automóvel andando a uma velocidade de 80 km/h tem uma grande energia cinética. Quando o carro é travado e pára, sua energia cinética se reduz a zero. Sabemos pelo Principio da conservação da Energia que a energia cinética do carro não pode se perder. Onde estará ela? Será que essa energia pode ser utilizada para realizar trabalho? É evidente que não pois a energia cinética se transformou em energia térmica e, dessa forma, não, podemos utilizá-la para realizar trabalho. Dizemos, então, que a energia cinética que se apresentava “organizada” 160 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica e disponível para o trabalho se “degradou”, isto é, se transfor- mou numa forma de energia não disponível para a realização de trabalho: a energia térmica. O mesmo ocorre quando você dispõe de um tanque de água a 100 ≠C e outro a 0 °C. Devido à diferença de temperatura, a energia "organizada", isto é concentrada na água quente, pode ser utilizada, ao passar para o tanque frio, para a realização de um trabalho numa máquina térmica que opere entre duas fon- tes de temperaturas, diferentes. No entanto, se misturarmos as duas quantidades de água, embora a quantidade de energia continue a mesma, a disponibilidade desta energia para a rea- lização de trabalho deixa de existir. Analisando esses exemplos, podemos introduzir aqui, embora muito superficialmente, a noção de entropia. Esta grandeza depende apenas do estado inicial e do estado final de um sis- tema. A variação dessa grandeza entre estes estados é que irá determinar o sentido em que um processo natural evolui. Essa grandeza foi introduzida em 1865 pelo físico Alemão Rudolf Clausius e chama-se entropia, palavra que em grego significa «capacidade de se modificar internamente». Esta grandeza que se representa pela letra S, foi definida de tal forma que a sua variação, ΔS, é: • ΔS = 0 em processos reversíveis; nestes, a entropia do sistem a e sua vizinhança mantém-se; • ΔS > 0 em processos irreversíveis; nestes, a entropia do sistema e sua vizinhança aumenta; • S < 0 é impossível; a entropia de um sistema e sua vizi- nhança nunca pode diminuir. A entropia está associada à existência de uma tendência espontânea para que todas as transformações se realizem no sentido de um aumento “desordem” do sistema. Assim, um pedaço de gelo tem uma estrutura organizada. Deixando o gelo em condições normais de temperatura e pressão, sua tendência é derreter-se, isto é, assumir uma estrutura mais 161 PARTE II – Fenómenos Térmicos UNIDADE III – Termodinâmica desorganizada, a forma líquida. Quando a água for deixada em condições normais, a sua tendência espontânea é passar para o estado gasoso, ou seja, evaporar. Esse estado caracteriza-se por uma maior desordem molecular. Resumindo, podemos dizer que: Esses processos espontâneos de transformação são irreversí- veis, pois, embora a energia se mantenha constante, ela é cada vez menos disponível. Existe uma tendência espontânea para que todas as transformações se realizem no sentido de um aumento da entropia. 162 163 Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática UNIDADE 2 – Corrente Eléctrica Contínua P A R T E I II 164 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática PARTE I1I: ELECTROSTÁTICA E CORRENTE ELÉCTRICA CONTÍNUA Unidade 1 Interacção electrostátIca A electrostática baseia-se em dois princípios fundamentais, a saber: – Princípio daatracção e repulsão. – Princípio da conservação das cargas eléctricas. 1.1. Conceito de Cargas (Lei da Conservação da Carga) Todos os corpos são formados de átomos. Cada átomo é cons- tituído por um grande número de partículas elementares, das quais as principais são os electrões, os protões e os neutrões. Embora hoje existam modelos mais complexos para explicar como essas partículas distribuem-se no átomo, ficaremos, para simplificar, com o modelo planetário proposto pelo Rutherford. Segundo esse modelo, os protões e os neutrões estão fortemente coesos numa região central chamada núcleo, enquanto os electrões giram ao redor do núcleo (como os pla- netas ao redor do sol), constituindo a electrosfera. A Electrostática é a parte da física que estuda as propriedades e a acção mútua (interacção) das cargas eléctricas em repouso, em relação a um sistema inercial de referência. elétron práton neutron Fig. 1.1 – Modelo de atómico de Rutherford 165 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática Por meio de experiências constata-se que os protões se repe- lem, o mesmo acontece com os electrões. Para explicar essas ocorrências, estabeleceu-se que protões e electrões possuem uma propriedade física à qual se deu o nome de Carga eléc- trica. As características e propriedades da carga eléctrica: – Existem dois tipos de carga eléctrica, positiva e negativa. – Cargas eléctricas do mesmo tipo repelem-se, de tipos diferentes atraem-se. – Em todo átomo, o número de electrões é igual ao número de protões, ou seja, todo átomo é electricamente neutro. A carga eléctrica (q) se conserva, isto é, a carga eléctrica total de um sistema electricamente isolado é constante (afirma- ção conhecida também como Princípio da Conservação da Carga Eléctrica) e é quantizada, isto é, qualquer carga pelo seu módulo é um múltiplo da carga eléctrica elementar – a carga e do electrão (q = ne). A carga eléctrica q é uma grandeza física que determina a intensidade das interacções electromagnéticas. A grandeza carga eléctrica ou quantidade de electricidade é representada por q. A carga eléctrica do protão é igual em módulo à carga eléctrica do electrão, constituindo a menor quantidade de carga encontrada na natureza, cujo valor determinado experimentalmente é: e = 1,6.10–19C No SI, a carga q tem como unidade o coulomb (símbolo: C) O coulomb é uma unidade de carga muito grande – a carga eléc- trica de uma nuvem de tempestade, por exemplo, tem apenas algumas centenas de coulombs. Por essa razão, quase sempre nos referimos a submúltiplos do coulomb, como o microcou- lomb, µC (10–6C), o nanocoulomb nC (10–9 C), e o picocoulomb, pC (10–12C). 166 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática 1.2. Lei de Coulomb – Permitividade Elétrica do Meio Por volta de 1775, algumas evidências experimentais con- venceram o físico-químico inglês Priestley de que a interac- ção eléctrica deveria ser descrita por uma lei semelhante à da interacção gravitacional – a atracção ou repulsão entre cargas eléctricas deveria ser também directamente proporcional ao produto das cargas eléctricas, grandeza equivalente à massa na interacção gravitacional, e inversamente proporcional à distância. Dez anos depois, em 1785, o físico Charles Augustin de Coulomb comprovou experimentalmente a previsão teó- rica de Priestley, num resultado que conhecido como Lei de Coulomb: A intensidade das forças de interacção (F) entre dois corpos pontuais imóveis de cargas eléctricas q 1 e q 2 é directamente proporcional ao produto dos módulos des- sas cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância (r) entre eles. Matematicamente, a Lei de Coulomb é expressa na forma: F k q q r = 1 2 2 (1.1) Onde q1 e q2 são as cargas; r é a distância entre as cargas; e k é o coeficiente de proporcionalidade que é numericamente igual à força de interacção das cargas unitárias que se locali- zam a uma distância igual à unidade de comprimento. O valor de k para o vácuo (vazio) torna-se: k N m C0 9 2 2 9 10= . . 167 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática A constante de proporcionalidade, k, é designada constante de Coulomb ou constante electrostática e o seu valor depende do meio onde se dá a interacção; não é uma cons- tante universal como acontece com a constante de gravitação G (constante de gravitação universal). Por exemplo, verifica-se experimentalmente que duas cargas pontuais de 1C, colocadas à distância de 1m, dentro de água (pura), se repelem com uma força eléctrica de intensidade X vezes inferior àquela com que as mesmas cargas se repelem no vácuo. Portanto, a constante de Coulomb para a água é 80 vezes menor do que a constante de Coulomb para o vácuo, k0. Cada meio é, então, caracterizado pela sua permitividade, ε, sendo: k = 1 4πε A permitividade eléctrica do meio, ε, traduz a interferência do meio nas interacções electrostáticas e é constante para cada meio. Quanto maior é a permitividade eléctrica de um meio, menor o valor de k e, consequentemente, menor é a intensi- dade da força eléctrica entre as duas cargas eléctricas. No vácuo, a permitividade eléctrica, ε0, é mínima, sendo o seu valor: ε 0 2 2 1 2 8 854188 10= . . – – C N m A permitividade eléctrica do ar (PTN) é praticamente igual ao vácuo, embora ligeiramente superior. εr = 1,0005 ε0 É habitual comparar-se a permitividade eléctrica de um meio,ε, com a permitividade eléctrica do vácuo, ε0, através da permitividade relativa, εr, que se define pelo quociente: ε ε εr = 0 168 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática 1.3. Campo Electrostático O campo electrostático é o meio material que permite a inte- racção electrostática. É representado por E e é uma grandeza vectorial cuja direcção e sentido é a da força. Por definição E F q = 0 (1.2) Onde F é a força electrostática, qo é a carga de prova No SI a unidade do campo electrostático é o N/C Exercícios de aplicação P1 – Calcule a intensi- dade de força coulom- biana entre duas cargas eléctricas iguais a 1C, situadas no vácuo e a 1m de distância. A cons- tante electrostática é k0 = 9.109 N.m2/C2? Dados q1 = q2 = IC r = 1m k N m C = 9 109 2 2 . . P2 – Um corpo inicial- mente neutro é electri- zado com carga Q = 32 µC. Qual o número de elec- trões retirados do corpo? Dados Q = 32mC m = ? Resolução Resolução Pela lei de Coulomb F k q q r F F N = = = 1 2 2 9 2 9 9 10 1 1 1 9 10 . . Q n e n Q e n n = = → = = . . , . – – 32 10 1 610 2 10 6 19 14 169 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática Linhas de Força O conceito de linhas de força tem como finalidade representar o cmpo electrostático através de diagramas. As linhas de forças são traçadas de tal modo que, em cada ponto, o vector E seja tangente a elas, é possível determinar a direcção e o sentido do campo num ponto, quando se conhe- cem as linhas de força que passam por este ponto. As linhas de força são traçadas mais próximas uma das outras nas regiões onde o campo eléctrico é mais intenso, e obser- vando a operação entre estas linhas, é possível obter infor- mações sobre o módulo do vector campo electrostático. Em cada ponto do espaço onde existe carga tem um vector E , cujo módulo diminui à medida que nos afastamos da carga. As linhas de força dos campos que acabamos de estudar apresentam uma configuração própria e simples. Outras Exercícios propostos P1 – Num ponto M do espaço é colocada uma carga q = 2.10 –6 C e fica sujeita a uma força eléctrica F = 10 N, para o norte. Neste caso, calcule a intensidade e o sentido do campo eléctrico. P2 – Sobre uma carga de 4 C, localizada em um ponto P, actuauma força de 8 N. Se trocarmos a carga de 4 C por uma outra de 5 C, qual será a intensidade da força sobre essa carga quando no ponto P? P3 – Um partícula cuja carga eléctrica é q = 3.10–8 C, posta no ponto P que se encontra a 3 m de uma carga Q, no vácuo, sofre a acção de uma força de módulo F = 1,5.10–2 N. a) Qual será o módulo do campo eléctrico em P? b) Admitindo-se que esse campo eléctrico se deve exclusiva- mente a Q, qual o valor de Q? R: E = 5.106 N/C, para o norte b) R: Q = 5.10–4C ou Q = - 5.10–4C a) R: E = 5.105 N/C R: F = 10 N 170 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática distribuições de cargas criam campos cujas linhas de força podem representar formas como as representadas nas figuras 1.2 (a) e (b). Fig. 1.2 – Linhas de força do campo eléctrico Fig. 1.3 – Configurações das linhas de força do campo eléctrico Fig. 1.4 – Linhas de força do campo eléctrico (a) E3 E2 E1 (b) l i n h a s d e f o r ç a Consideremos o caso de linhas de forças do campo uni- forme duas placas, paralelas, separadas por uma distância pequena em relação às dimensões de placas. Se colocarmos uma carga de prova positiva Q2, num ponto P1 situado entre as placas, esta carga ficará sujeita à acção de uma força F , devido ao campo eléctrico criado pelas placas no espaço entre elas. Deslocando-se a carga Q2 para outro ponto qualquer entre as placas verifica-se que irá actuar sobre Q2 uma força F do mesmo módulo, mesma direcção e mesmo sentido que aquela que actuava quando Q2 se encontrava em 171 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática Fig. 1.5 – Campo eléctrico uniforme Fig. 1.6 – Campo eléctrico criado por uma carga pontual P1. Concluímos que o campo eléctrico existente entre as placas tem, em qualquer ponto, o mesmo módulo, a mesma direcção e o mesmo sentido. Um campo como este é denominado uniforme. Campo Eléctrico Criado por Carga Pontual Consideremos uma carga pontual Q1, no ar, e um ponto situado a uma distância R desta carga, fig. 1.6. Se colocarmos uma carga de prova Q2 neste ponto P, ela fica sujeita a uma força eléctrica F, cujo módulo poderá ser calculado pela lei de Coulomb, isto é, F k Q Q r = 0 1 2 2 sendo E F Q = 2 , obtém-se E k Q r = 0 1 2 (1.3) Portanto, esta expressão permite-nos calcular a intensidade do campo num certo ponto, quando conhecemos o valor da carga pontual que criou este campo e a distância do ponto para esta carga. Analisando as expressões do campo de uma carga pontual, podemos tirar as seguintes conclusões: • A carga não aparece nessa expressão porque a inten- sidade de campo eléctrico num ponto não depende da carga de prova. • A intensidade E, num dado ponto, é directamente propor- cional à carga que cria o campo. Vide o, gráfico da fig.1.7. Quer dizer que fazendo variar o valor de Q1, a intensidade do campo no ponto P, referido na fig.1.7, variará de tal modo que o gráfico E×Q terá o aspecto apresentado na fig.1.8; • A expressão do campo eléctrico mostra-nos também, que o campo eléctrico de uma carga pontual Q1,o seu valor torna-se tanto menor quanto maior for a distância r, entre o ponto e a carga Q1; poisE r ~ 1 2 E E k Q r = 0 1 2 Q1 r P E+ Fig. 1.7 – Dependência da carga e campo eléctrico E QE~ Qa 172 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática A intensidade do campo é inversamente proporcional ao quadrado da distância r. Daí resulta o gráfico, fig. 1.8. 1.4. Trabalho do Campo Eléctrico Quando um campo eléctrico realiza um trabalho WAB sobre uma carga de prova positiva Q, que se desloca de um ponto A para um ponto B, a diferença de potencial VAB entre estes pontos é obtida dividindo-se o trabalho realizado pelo valor da carga que foi deslocada, isto é: V W AB AB Q = (1.4) WAB = F.d ou WAB = QEd (1.5) A d.d.p. entre as placas comportar-se-á, conforme a fig. 1.9, isto é: V W Q QEd Q V Ed AB AB AB = = = (1.6) A d.d.p. acima calculada, é de grande utilidade porque permite- -nos também calcular o valor do campo eléctrico, assim: E V d = � Quando a força eléctrica, não é constante, o cálculo do traba- lho só pode ser feito usando-se métodos matemáticos. Assim: V k Q r = 0 (1.7) Valor de potencial obtido de uma referência dum ponto afas- tado da carga Q ou valor de potencial em relação a um ponto no infinito. Fig. 1.9 – Campo eléctrico uniforme no interior de duas placas Fig. 1.8 – Dependência campo eléc- trico distância E r E~ 1 r b - + + + + + + + + + + - - - - - - - - - - -+ E d A + Q B -+ 173 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática P1 – Suponha que, na figura abaixo, uma carga positiva Q = 2.10–7C se desloca de A para B e que o trabalho realizado pela força eléctrica, sobre ela, fosse WAB = 5.10–3J. a) Qual é a diferença de potencial VAB entre A e B? b) Se uma carga positiva Q = 9.10–6C for aban- donada no ponto A da mesma figura, qual será o trabalho que a força eléctrica reali- zará sobre essa carga ao deslocá-la de A para B? Dados WAB = 5.10–3J Q = 2.10–7C a) VAB = ? b) WAB = ? Exercícios de aplicação Resolução - + + + + + + + + + + +- - - - - - - - - - - -+ E d A + Q B a) b) A d.d.p. entre A e B é dada por V W AB AB Q J C = = − − 5 10 2 10 3 7 . . Da expressão V W Q W QV AB AB AB AB = = . Como a d.d.p. já foi determinada, temos W C J C W J AB AB = = 6 10 2 5 10 15 10 6 4 2 . , . . – 174 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática P1 – Uma carga pontual Q estabelece, no ponto A, o campo eléctrico E , como mostra a figura. a) Sendo d a distância entre A e B, a voltagem entre esses pontos poderia ser calculada por VAB = Ed? Explique? b) A expressão V W QAB AB= poderia ser usada para calcular essa diferença de potencial? P2 – a) Calcule, em V/mm, a inclinação do gráfico obtido no exercício anterior. b) Expresse, em V/mm e em N/C, a intensidade do campo entre as placas. Exercícios de aplicação ResoluçãoP1 – Suponha que na figura abaixo o valor da carga Q1 seja 2μC. Suponha, ainda, que as distâncias da carga Q1 aos pontos A e B sejam rA = 20 cm e rB = 60 cm. Calcular a d.d.p. (VAB). Dados Q1 = 2mC = 2.10–6C rA = 20cm = 2.10–1m rB = 60cm = 6.10–1m Q A q B F V r V V V V A A A A B k Q k = → = = = 1 1 9 10 2 10 2 10 9 6 1 4 9 10 . . . – – . QQ r V V V B B B → = = 9 10 2 10 6 10 9 6 1 4 3 10 . . . – – . A d.d.p. entre A e B será: V V V V V V V V AB A B AB AB = − = = 9 10 3 10 6 10 4 4 4 . – . . Exercícios propostos BAQ E d 175 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática 1.5. Potencial Eléctrico Conhecemos já uma grandeza que por depender unicamente da localização do ponto (grandeza posicional) caracteriza o campo electrostático – o vector campo eléctrico. Este se associa a cada ponto uma grandeza vectorial à força por uni- dade de carga colocada no ponto. De modo idêntico iremos associar a cada ponto do campo uma grandeza escalar que só depende da posição da carga. A energia potencial de um sistema campo – carga não pode caracterizar esta grandeza escalar, uma vez que depende da carga colocada no ponto. No entanto, se considerarmos a ener- gia potencial por unidade de carga, obteremos uma grandeza posicional escalar, que já permite caracterizar o campo nesse ponto. A essa grandeza chamaremos potencial eléctrico. Esta grandeza designa-se por V e poderemos escrever: V E Q p= (1.8) sendo Ep a energia potencial eléctrica. Unidade SI de V V E P J C volt p = = = 1 1 1 [ ] [ ] [ ] Desta expressão resulta a unidadeS.I. do potencial eléctrico – volt (joule por Coulomb). Como a energia potencial eléctrica é: E k Q Q rp = 1 2 (1.9) e o potencial eléctrico num ponto à distância r da carga fonte de campo Q1 será: V k Q Q r Q = 1 2 2 176 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática logo: V k Q r = 1 (1-10) Sendo o trabalho realizado pelas forças do campo ao deslocar a carga Q2 entre dois pontos igual à variação de energia poten- cial dos sistema temos W A→B = ΔEp logo W A→B = EpA– EpB (1-11) A Assim dividindo esta expressão por Q (carga criadora de campo) obtemos o trabalho realizado por unidade de carga W Q E Q E Q A B pA pB→ = − logo W Q V V VA B A B → = − = � em que VA – VB = ΔV é a diferença de potencial eléctrico entre os pontos A e B. Utilizando estas expressões podemos definir diferença de potencial entre dois pontos e potencial num ponto. A diferença de potencial eléctrico entre dois pontos do campo é o trabalho realizado pelas forças do campo no transporte da carga unitária de um ponto para o outro. 177 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática Exercícios propostos P1 – Qual o trabalho necessário para levar uma carga de 500.10–12 C de um ponto situado a 20 m de uma carga de 1.000 µC a um ponto a 2m dela? Considere as cargas no vácuo (kO = 9.109 N.m2 / C2). P2 – Determine o trabalho das forças de campo eléctrico de uma carga puntiforme Q = 5µC para transportar outra carga punti- forme q = 2.10–2 µC de um ponto A a outro ponto B, distantes 1 m e 2 m da carga Q, respectivamente. (Dado kO = 9.109 N.m2 / C2). P3 – Uma objecto de pequenas dimensões, com uma carga eléctrica Q, cria um potencial igual a 1000 V, nume ponto A, a uma distância de 0,1 m. Determine o valor. a) Do campo eléctrico no ponto A. b) Do potencial e do campo eléctrico em um ponto B, que dista 0,2 m do objecto. b) R: V = 500 V; E = 2,5.103N/C a) R: E = 104N/C R: W = –2.10–3J R: W = 4,5.10–4J 1.6. Capacidade eléctrica Consideremos dois condutores, inicialmente neutros, quando são carregados, um deles adquire a carga +|q| e o outro –|q|. Entre os condutores surge um campo eléctrico e cria-se uma diferença de potencial (tensão). A medida que a tensão aumenta, o campo eléctrico entre os condutores intensifica-se. A grandeza física que caracteriza a capacidade de dois condu- tores acumular carga eléctrica, denomina-se Capacidade eléc- trica (c), e é medida pelo quociente da carga (q) de um dos condutores pela diferença de potencial (U) entre os condutores C q U = (1.12) 178 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática No Sistema Internacional de Unidades (SI), a unidade de capa- cidade eléctrica é o farad (F). O farad é uma unidade de medida considerada muito grande para circuitos práticos, por isso, são utilizados valores de capacidade expressos em microfarads (μF), nanofarads (nF) ou picofarads (pF). 1.6.1. Condensadores (Capacitores) Capacitor, (condensador), é um componente que armazena energia num campo eléctrico, acumulando um desequilíbrio interno de carga eléctrica. Os formatos típicos consistem em dois eléctrodos ou placas que armazenam cargas opostas. Estas duas placas são condutoras e são separadas por um isolante ou por um dieléctrico. A carga é armazenada na superfície das placas, no limite com o dieléc- trico. Devido ao facto de cada placa armazenar cargas iguais, porém opostas, a carga total no dispositivo é sempre zero. Quando uma diferença de potencial U = E.d é aplicada às pla- cas do condensador simples, surge um campo eléctrico entre elas. Este campo eléctrico é produzido pela acumulação de uma carga nas placas. Segundo a forma das superfícies condutoras, os condensado- res podem ser de placas paralelas, condensadores cilíndricos ou condensadores esféricos. 1.6.2. Energia do condensador carregado Para carregar um condensador, é necessário realizar traba- lho na separação das cargas positivas das negativas. A energia armazenada num condensador é igual ao trabalho feito para carregá-lo, e é dada pela seguinte fórmula: W qU = 2 (1.13) Substituindo na fórmula (1.13) a carga ou a diferença de potencial pela fórmula (1.12) da capacidade do condensador, tem-se: W qU q C CU = = = 2 2 2 2 2 (1.14) 179 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática 1.6.3. Energia do condensador carregado Num circuito de condensadores montados em paralelo todos estão sujeitos à mesma diferença de potencial (tensão). Para calcular a sua capacidade total: C1 = C1+ C2+ ... + Cn (1.15) A carga para os capacitores em série é a mesma, porém cada capacitor terá uma queda de tensão (diferença de potencial entre seus terminais) diferente. A soma das diferenças de potencial (tensão) é igual a diferença de potencial total. Para calcular a capacidade total: 1 1 1 1 1 2t nC C C C = + + +... (1.16) Na associação mista de capacitores, tem-se capacitores asso- ciados em série e em paralelo. Nesse caso, o capacitor equi- valente deve ser obtido, resolvendo-se o circuito em partes, conforme a sua configuração. Por isso, calcule, antes associa- ção de capacitores em série para após efectuar o cálculo dos capacitores em paralelo ou vice-versa. Fig. 1.10 – Capacitores associados em paralelo Fig. 1.11 – Capacitores associados em série C1 C2 Cn C1 C2 Cn Exercícios de aplicação P1 – Um condensador ligado aos terminais de uma pilha de 1,5 V adquire carga de 3 μC. Determine a sua capa- cidade. Dados U = 1,5V q = 2 μC c = ? Resolução c q U c C V c F = → = = 3 1 5 2 µ µ , 180 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática P2 – Um condensador, ligado aos terminais de uma bateria de 12 v, armazena carga de 50 nC. Determine. a) A capacidade do condensador; b) A energia armaze- nada. Dados U = 12V q = 50nC = 5.10–8C a) C = ? b) W = ? P3 – Dois condensa- dores C1 = 20μF e C2 = 60μF estão associados em série. Aplicou-se aos terminais da asso- ciação uma ddp igual a 6 V. Determine. a) A capacidade total; b) A carga total; c) A ddp em cada con- densador. Dados C1 = 20mF C2 = 60mF U = 6V a) Ct = ? b) q1 = ? c) U1 = ? U2 = ? Exercícios de aplicação Resolução Resolução a) a) c) b) b) C q U C nC V c nF = → = = 50 12 4 2, 1 1 1 1 1 20 1 60 1 4 60 15 1 2 C C C C C C F t t t t = + → = + → = = µ U q C U C F U V U q C U C t t 1 1 1 1 2 1 2 90 20 4 5 90 6 = → = → = = → = µ µ µ , 00 1 5 2µF U V→ = , q C U q F V q C t t t t = → = → =. .15 6 90µ µ W qU W C V W J = → = = 2 5 10 12 2 3 10 8 7 . . . – – 181 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1 – Interacção Electrostática P4 – Dois condensa- dores C1 = 20μF e C2 = 60μF estão associados em paralelo. Aplicou-se aos terminais da asso- ciação uma ddp igual a 6 V. Determine. a) A capacidade total; b) A carga acumulada em cada condensador; c) A carga total. Dados C1 = 20mF C2 = 60mF U = 6V a) C1 = ? b) q1 = ? q2 = ? c) qt = ? Exercícios de aplicação Resolução a) b) c) C C C C F F C F t t t = + → = + → = 1 2 20 60 80µ µ µ q C U q F V q C q C U q F 1 1 1 1 2 2 2 20 6 120 60 = → = → = = → = . . . . µ µ µ 66 360 2 V q C→ = µ q q q q C C q C t t t = + → = + → = 1 2 120 360 480µ µ µ Exercícios propostos P1 – Um condensador ligado a uma bateria de 12V adquire carga de 4 nC. Qual a carga acumulada pelo mesmo condensa- dor quando ligado a uma bateria de 24V? P2 – Dois condensadores C1 = 3μF e C2 = 6μF estão associados em série. Aplicando-se uma ddp aos seus terminais, o conden- sador C1 acumula uma carga igual a 12 μC. Determine: a) A carga acumulada por C2. b) A ddp em cada condensador. c) A capacidade total.P3 – Dois condensadores C1 = 10000pF e C2 = 1500pF estão associados em paralelo. Qual é a carga acumulada pelo segundo condensador, sabendo que a carga do primeiro é igual a 6μC? a) R: q2 = 12μC b) R: U1 = 4V e U2 = 2V c) R: Ct = 2μF R: q = 8 nC R: q2 = 3.10–7C 182 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua Unidade 1i corrente eléctrIca contínua Fig. 2.1 – Linha de transportação de energia eléctrica 2.1. Corrente Eléctrica A corrente eléctrica é o movimento ordenado de cargas eléc- tricas. Protões (p) e electrões (e) apresentam uma propriedade não manifestada pelos neutrões, denominada carga eléctrica. Convencionou-se que os protões apresentam carga eléctrica positiva (+) e os electrões carga eléctrica negativa (–). Quando em presença dos seguintes casos, Fig. 2.2 – Principio de atracão e de repulsão P P E E P E Repulsão Atracção 183 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua • Um átomo electricamente neutro apresenta um número de protões igual ao número de electrões e não manifesta propriedades eléctricas. • Se o átomo perder um ou mais electrões de sua electros- fera, o número de protões no núcleo passa a predominar, o átomo passa a manifestar propriedades eléctricas, tor- nando-se ião positivo. • Se o átomo receber electrões na sua electrosfera, ele pas- sará a manifestar comportamento eléctrico oposto ao anterior, tornando num ião negativo. A carga eléctrica do protão é igual em módulo à carga eléctrica do electrão, constituindo a menor quantidade de carga encon- trada na natureza. O seu valor é denominado carga eléctrica elementar e representada por e, de valor experimentalmente determinado: e = 1,6.10–19C 2.1.1. Mecanismo da Condução da Corrente Eléctrica Chama-se condutor eléctrico a todo o meio que permite a movimentação de cargas no seu inte- rior. Se essa movimentação relativa não ocorrer, o meio constituirá um isolador eléctrico. Condutores eléctricos mais comuns: a) Metais Esses possuem grandes quantidades de electrões livres, constituindo a denominada nuvem electró- nica, com ligação fraca com o núcleo e com uma certa liberdade que lhes confere condutibilidade. Nos condutores metálicos Tomemos para estudos dois condutores nas con- dições que se apresentam nas fig.2.3 a) e 2.3 b). Fig. 2.3 a), b) – Linhas de força do campo eléctrico criado VA< VB A A B B Condu- tores Campo eléctricio criado por dois condutores, A e B, quando isolados a) b) A BC G VA< VB 184 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua A fig. 2.3a mostra o que se passa com as linhas de campo quando se colocam dois condutores isolados, enquanto na fig. 2.3 b) ocorre a deformação do campo eléctrico e quando se ligam os dois condutores por um fio condutor C: as linhas de campo eléctrico concentram-se quase todas no interior e à superfície do fio. O campo eléctrico torna-se particularmente intenso no fio condutor, e praticamente inexistente fora desse fio. Os electrões de condução passam a sofrer os efeitos da actua- ção de forças eléctricas F, e são opostamente orientadas para o sentido do campo eléctrico, pois: F Q E eE �� �� �� = = −. (2.1) onde Q= e = módulo da carga de electrão e E = campo eléctrico Os electrões de condução são arrastados lentamente para o sentido oposto ao do campo eléctrico E . Em síntese • Num condutor metálico, a corrente eléctrica estacioná- ria consiste no arrastamento lento de electrões no sen- tido oposto ao do campo eléctrico estabelecido no con- dutor, quer à superfície quer no interior do condutor, com a velocidade da ordem de mm/s. • Os electrões deslocam-se quer à superfície quer no inte- rior dos fios condutores, onde o campo eléctrico não só não é nulo como até é particularmente intenso. A velo- cidade com que, na ligação do circuito, se estabelece e propaga o campo eléctrico é da ordem de 200.000 km/s. b) Electrolíticos Nos condutores electrolíticos Num condutor electrolítico há dois fluxos de carga eléctrica de sentidos opostos; as cargas positivas, transportadas pelos catiões, fluem no sentido do campo eléctrico; as cargas nega- tivas, transportadas pelos aniões, fluem no sentido oposto ao do campo eléctrico. 185 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua Fig. 2.4 – Corrente nos electrólitos + + + + ++ + + + + - - - - - - -- - CuSO4 (aquoso) A (+)C (-) G A = ânodo C = cátodo } Eléctrodos O sulfato de cobre é um exemplo de condutor electrolítico de uma substância química, cuja solução aquosa é boa condutora da corrente eléctrica, a que se chama condutor electrolítico. Os catiões e os aniões movem-se caótica e desordenadamente, na ausência da corrente eléctrica. Quando se fecha o circuito e passa corrente eléctrica, esses iões orientam-se. É assim que surgem dois fluxos, conforme referido atrás.. c) Gasosos Nos condutores gasosos Nas descargas eléctricas através dos gases, os portadores de carga são os iões positivos, resultantes da ionização ou do arranque de um metal por emissão fotoelectrónica ou termoe- lectrónica, quando ocorrem. No entanto, o papel dos electrões é mais importante do que o dos iões. Considerando as forças eléctricas de igual intensidade a actuar nuns e noutros, tem-se F m a F m a e e e ião = ⋅ = ⋅− − − ( )e sendo m m e ião− 〈〈 logo v v e ião− 〈〈 186 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua Significando assim a importância ou o factor decisivo no que respeita a intensidade de corrente. Quanto ao sentido de arrastamento de electrões cumpre-se seguir o conceito: • Ao sentido em que são arrastados os electrões chama-se sentido real ou sentido electrónico da corrente (no caso dos condutores electrolíticos e gasosos, embora os dois sentidos sejam opostos na migração dos portadores de carga). • Ao sentido oposto ao sentido electrónico ou seja do pólo positivo para o pólo negativo no circuito exterior ao gerador chama-se sentido convencional (conforme o físico francês Ampère e outros fundadores da teoria electromagnética). 2.2. Resistência de um Condutor Eléctrico (Resistividade) A resistência de um condutor (metálico, electrolítico ou gasoso) é uma grandeza macroscópica que traduz a oposição deste condutor ao movimento dos portadores de carga. Consideremos condutores feitos do mesmo material, mas que diferem pelos comprimentos e pelas áreas das secções trans- versais. É possível estabelecer uma lei, segundo a qual a resistência eléctrica R. de fios condutores de dado material é directa- mente proporcional ao comprimento do fio e inversamente proporcional à área A de secção transversal do fio: R A = ρ (2.3) A constante de proporcionalidade ρ é denominada resistivi- dade eléctrica do material de que é feito o fio. A M G I I II I I R S. C S. R Fig. 2.5 – Sentidos real e convencio- nal da corrente eléctrica 187 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua No Sistema Internacional de unidades (SI), a unidade de resis- tividade é o ohm × metro (Ω . m), Assim, da equação anterior, obtemos: � ρ[ ] = R[ ] ⋅ A[ ] [ ] = Ω m2[ ] m[ ] = Ω⋅m Observemos que se tivermos um fio de comprimento = 1m e secção transversal de área A = 1m2 a resistividade ρ será numericamente igual à resistência eléctrica. Por isso, pode- mos dizer que a resistividade mede numericamente a resis- tência eléctrica por unidade de comprimento e por unidade de área de secção transversal. Outras unidades, não pertencentes ao SI, também costumam ser usadas. As mais comuns são: � ( Ω× mm2 m ), Ω× cm( )⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ Quanto melhor condutor for o material do fio, tanto menor será a sua resistividade. Por isso, osmetais são, de um modo geral, as substâncias com menores resistividades. A resistividade de um material depende da temperatura, aumentando quando se aquece o condutor, na maior parte dos casos. Assim, quando a temperatura de um fio condu- tor aumenta, geralmente sua resistência aumenta em vista ao aumento da resistividade da substância que o constitui. A variação da resistência por dilatação térmica do fio pode ser desconsiderada. Experimentalmente, é possível verificar que a resistividade de um dado material varia com a temperatura obedecendo à equação: ρ = ρ0 (1 + a Δt θ) (2.4) ρ = resistividade da substância final ρ0 = resistividade inicial da substância Δt = variação da temperatura a = coeficiente de dilatação da substância 188 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua Como os efeitos da dilatação não desprezáveis, a equação anterior pode ser estendida para os valores da resistência de um fio condutor desse material. Assim: Realmente, sendo ρ ρ 0 0= = R A RA e , vem RA R A t = +( )0 1 α θ� logo R R t= +( ) 0 1 α θ� (2.5) R0 = Resistência do fio na temperatura inicial, t0 R = Resistência do fio na temperatura final, t Para os metais puros, verifica-se que a resistividade aumenta com o aumento da temperatura. Esses materiais apresentam coeficiente de temperatura a positivo. Há materiais, como grafite, em que a resistividade diminui quando a temperatura aumenta, tendo pois coeficiente de temperatura a negativo. Fisicamente, explica-se o aumento da resistividade e da resis- tência eléctrica dos metais com a temperatura pelo aumento da agitação térmica dos átomos que constituem o metal, acarre- tando um aumento no número de choques entre as cargas em movimento e as outras partículas constituintes do fio condutor. Na grafite, o aumento da agitação existe, mas é compensado ou superado pelo aumento da quantidade de electrões - livres, o que acarreta uma diminuição na resistividade e na resistência eléctrica. Em certas ligas metálicas, como a constantana, a manganina e o nicromo, esses dois efeitos praticamente se equilibram e como resultado a resistividade do material não varia com a temperatura: seu coeficiente de temperatura é praticamente nulo. Tais materiais, por possuírem tais característica, costu- mam ser usados como padrões de resistência. 189 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua Quadro 1 – Valores da resistividade e coeficiente de temperatura de algumas substâncias a 20ºC Material Prata Cobre Alumínio Ferro Platina Chumbo Tungsténio Mercúrio Constantana Manganina Nicromo Grafite 0,0159 0,0170 0,0270 0,0970 0,0980 0,02100 0,0550 0,9500 0,49 0,48 1,12 0,4 a 0,7 0,0040 0,0040 0,0036 0,0050 0,0039 0,0042 0,0048 0,0009 Menor que 10–5 Menor que 10–5 0,00017 -2.10–4 a –8.10–4 [ρ] = [Ω mm2] m [a] = [0C–1] A tabela acima fornece, para algumas substâncias, valores da resistividade a 20°C e o respectivo coeficiente de temperatura. 2.3. Lei de Ohm para Segmento de um Circuito Para resistência pura, a d.d.p., U e a intensidade da corrente i são directamente proporcionais: U = Ri R é uma constante de proporcionalidade, e uma característica do resistor denominada resistência eléctrica. Unidade no SI de Resistência � R[ ] = U[ ] i[ ] = 1volt 1ampére = 1ohm 1Ω = 1V 1A (SI) 190 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua U i θ Fig. 2.6 – Característica corrente – tensão do resistor Óhmico Todo resistor que obedece a lei de Ohm é denominado resistor óhmico, apresentando as características ilustradas no gráfico da fig. 2.6. Nesse gráfico, a tangente do ângulo θ de inclinação da recta mede numericamente a resistência eléctrica do condutor: tg Cateto oposto Cateto adjacente U i tg R θ θ = = = Nas resistências óhmicas, alterando-se a d.d.p., modifica-se a intensidade de corrente, mas a resistência eléctrica R U i = permanece constante. Resistências há em que, alterando-se a d.d.p., em suas extremi- dades, altera-se a intensidade de corrente, mas as suas gran- dezas não variam proporcionalmente. Tais resistências não obedecem à lei de Ohm, sendo denominados resistências não- óhmicas, tal como ilustra o gráfico da fig. 2.7. Se chamarmos de resistência eléctrica dos resistores não-óhmi- cos a razão entre a d.d.p., e a intensidade de corrente, observa- remos que essa resistência eléctrica não se mantém constante, isto é, seu valor depende da d.d.p. aplicada. Assim R U i R U i 1 1 1 2 2 2 = = Com R1 ≠ R2 Fig. 2.7 – Característica da resistên- cia não - Óhmica U U2 U1 i1 i2 i0 191 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua Exercícios propostos P1 – O cobre tem uma resistividade a 20°C de 1,7.10–8Ω.m. Cal- cule a resistência de um fio de cobre de 1 m de comprimento e 0,2 cm2 de área de secção transversal nessa temperatura. P2 – Aplicando uma ddp de 12 V em um resistor ôhmico, ele é percorrido por uma corrente de 3 A. Determine a resistência do resistor e a corrente quando a ele se aplicar uma ddp de 10V. P3 – Um chuveiro possui uma resistência 10Ω. Qual será a corrente, quando ligado a 220V? R: 8,5.10–4Ω R: R = 4Ω; i = 2,5A R: i = 22A P1 – Uma resistência óhmica é percorrido por uma corrente eléc- trica de intensidade 5A, quando submetida a uma d.d.p. de 100V. Determine. a) A resistência eléc- trica da resistência; b) A intensidade de cor- rente que percorre a resistência quando é submetida a uma d.d.p. de 250V. Dados i = 5A U = 100V a) U = ? b) I = ? U = 250V Exercícios de aplicação Resolução a) Pela lei de Ohm, U = R.i R U i R V A = → = 100 5 R = 20Ω b) i U R i V = → = 250 20Ω i = 12,5A 192 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua 2.4. Trabalho e Potência Eléctrica Durante o deslocamento da carga q no interior do condutor o campo eléctrico realiza um trabalho sobre a carga, que se designa por trabalho da corrente eléctrica. Se durante o intervalo de tempo ∆t a carga q atravessar a secção do condutor, a força eléctrica que age em q será F = qE. Assim o campo eléctrico realiza o trabalho W = Fs, sendo s o módulo do deslocamento da referida carga. Para F = qE, teremos W = qEs Sendo a energia eléctrica U = Es , uma vez que a intensidade da corrente I q t = , este trabalho é igual a W = IUt. Assim o trabalho da corrente eléctrica num circuito é igual ao produto da intensidade da corrente I pela tensão U e pelo intervalo de tempo ∆t, durante o qual o trabalho foi realizado. Se a tensão for expressa através da intensidade da corrente, ou a intensidade da corrente através da tensão com base na Fig. 2.8 – Gerador eléctrico 193 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua lei de Ohm para um sector do circuito, teremos três fórmulas equivalentes para o trabalho da corrente: W = IUt (2.6) W = I2 Rt W U t R = 2 Cada fórmula é adaptada para cada de ligação de condutores (série ou paralelo). Qualquer aparelho eléctrico consome uma certa quantidade de energia por unidade de tempo. Deste modo a par do traba- lho da corrente, importa conhecer a potência correspondente a cada aparelho eléctrico. A potência da corrente é igual ao quociente do trabalho da cor- rente realizado durante um determinado intervalo de tempo. P W t IU= = Substituindo as fórmulas equivalentes do trabalho, obtemos: P = IU (2.7) P = I2 R P U R = 2 2.5. Energia Dissipada num Condutor: Efeito Joule Sempre que passa corrente num circuito há desenvolvimento de calor. Este calor é devido ao choque dos electrões livres con- tra os átomos do condutor no seu movimento. Os átomos em virtude disso entramem movimento, o qual gera calor. Deste modo os electrões perdem uma parte da sua energia, a qual se converteu em calor. 194 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua O fenómeno do desenvolvimento de calor num condutor pela passagem da corrente eléctrica chama-se efeito joule. Efeito Joule (lei de Joule) é uma lei física que expressa a rela- ção entre o calor gerado e a corrente eléctrica que percorre um condutor em determinado tempo. O nome é devido a James Prescott Joule (1818-1889) que estudou o fenómeno em 1840. Q = I2. R.t (2.8) onde: • Q é o calor gerado por uma corrente constante percor- rendo uma determinada resistência eléctrica por deter- minado tempo. • I é a corrente eléctrica que percorre o condutor com determinada resistência R. • R é a resistência eléctrica do condutor. • t é a duração ou espaço de tempo em que a corrente eléctrica percorreu ao condutor. Aplicações do efeito Joule – Há casos em que o efeito Joule resulta em pura perda. É o que acontece no transporte de energia eléctrica a longa distância, visto que neste caso o desenvolvimento de calor nos cabos não é aproveitado. Mas as aplicações práticas importantes do efeito Joule são várias – lâmpadas eléctricas de incandescência, aparelhos de aqueci- mento, ferros de engomar, ferros de soldar, etc. 2.6. Força Electromotriz (f.e.m. e Resistência Interna) O gerador eléctrico é um dispositivo que fornece energia as cargas elementares para que essas se mantenham em circula- ção. Quer dizer que o gerador eléctrico mantém a d.d.p. entre os pontos do circuito, para que a corrente eléctrica circule. Assim define-se: Gerador eléctrico como o dispositivo que converte ener- gia eléctrica noutras formas de energia. 195 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua O gerador pode ser ideal ou real: Ideal: Quando não apresenta resistência eléctrica interna, (r = 0); quer dizer que não há dissipação de ener- gia no interior do circuito, transferindo-se integral- mente toda a energia eléctrica gerada às cargas, A B R ε i i + – Fig. 2.9 – Gerador em série com uma resistência Fig. 2.10 – Circuito gerador – resistor A d.d.p. nos seus terminais (A e B) corresponde à sua força electromotriz (f.e.m.). Real: Quando, percorrido por corrente eléctrica, vai man- tendo entre os seus terminais uma d.d.p. (U) menor que essa força electromotriz (f.e.m.) ε, ocorrendo assim uma queda (dissipação) de potencial (ri) dentro do próprio gerador. Nos terminais do gerador a d.d.p. corresponde a taxa de eleva- ção de potencial que realmente ocorreu: U = ε – ri (2.9) Equação característica do gerador eléctrico. Desta equação, conclui-se que a d.d.p., nos terminais do gera- dor real só é igual à força electromotriz ε, quando é nula a intensidade da corrente (i = 0). E isso só ocorre se o gerador não estiver ligado a nenhum circuito, e é por isso, que essa d.d.p. é chamada também tensão em aberto do gerador. Circuito gerador-resistor. Lei de Pouillet O cálculo da d.d.p., nos terminais do resistor é feito pela lei de Ohm, e conforme figura ao lado, temos: U = Ri ε r i i R 196 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua No entanto, nos pólos do gerador, a d.d.p. é dada por: U = ε– ri Igualando as duas equações resultantes, obtém-se: Ri r i Ri ri i R r i R r = = + = +( ) = + ε ε ε ε – . (2.10) Essa equação, que nos dá a intensidade de corrente que per- corre um circuito simples do tipo gerador-resistor, e que tra- duz matematicamente a Lei de Pouillet. Contudo, no circuito externo, em vez de um único resistor, pode- mos ter uma associação de resistores, representando, nesse caso, R, a resistência eléctrica do resistor equivalente à associação. P1 – Um gerador eléc- trico possui f.e.m. 30 V e resistência interna 2Ω. Determine: a) A tensão nos seus terminais, quando atravessado por uma corrente eléctrica de intensidade 5A; b) A intensidade da cor- rente eléctrica que é atravessada quando a tensão nos seus ter- minais é de 12V. Dados ε = 30V r = 2Ω i = 5A Exercícios de aplicação Resolução a) b) U ri U V= − → = −ε 30 2 5 20A U V→ =Ω. U V U ri i U r i V V i A = = − = − → = − = 12 30 12 2 9 ε ε Ω 197 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua Exercícios de aplicação Resolução P2 – A curva caracte- rística de um gerador é apresentada na figura abaixo. Determine a f.e.m., a resistência in- terna e a intensidade da corrente de curto- -circuito do gerador. P3 – No circuito esque- matizado na figura abaixo tem-se um resistor ligado aos terminais de um gera- dor. Determine: a) A intensidade da cor- rente que atravessa o circuito; b) A d.d.p. no resistor U[V] 24 0 4 θ i[A] Do gráfico concluímos que ε = 24V O coeficiente linear da recta é ICC = 4A abcissa do ponto onde a recta intercepta o eixo dos i; A resistência interna é unicamente igual à tangente do ângulo, θ: tg Cateto oposto Catetoadjacente t V A θ θ = = = 24 4 6 r = 6,0Ω i ε = 25V r = 2Ω r = 3Ω ii i Dados ε = 25V r = 2Ω R = 3Ω Resolução a) i R r i V = + → = + ε 25 3 2Ω Ω i = 5A b) U = R.i U = 3Ω.5A U = 15V 198 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua P1 – Determine a f.e.m. e a resistência interna do gerador equivalente à seguinte associação. P2 – Determine a f.e.m. e a resistência interna equivalente a seguinte associação do gerador: Exercícios propostos 3,0Ω 3,0Ω 3,0Ω 12V 12V 12V A B A B6,0V 12V 12V1,0Ω 1,0Ω 2,0Ω Potência de um gerador Designando por potência de um gerador a energia a transfor- mar, de uma forma não eléctrica, por unidade de tempo, rela- cionando-a com a f.e.m., essa potência gasta é o que se chama, vulgarmente, por potência de um gerador. Considerando que a energia transformada em forma eléctrica, por um gerador, é: Ee = εg it Vem P E t E it t E i P i g e g g g g = = = = ε (2.11) A potência fornecida pelo gerador à linha ou potência útil. 199 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua Tendo-se E U it P P E t U it t P P U i u g linha u U g linha u g = = = = = = Unidade SI da P � P[ ] = ΔW[ ] Δt[ ] = ε[ ] i[ ] P[ ] = 1J 1s = 1V[ ] 1 A[ ] = 1Watt = 1W Associação de geradores em série Os geradores associados em série são percorridos pela mesma corrente eléctrica Q = i.t → =i Q t . y U1 U2 U i x 1 2 n rn r2r1 i ε ε ε Fig. 2.11 – Geradores associados em série Fig. 2.12 – Gerador equivalente da associação em série O gerador equivalente é per- corrido por corrente da mesma intensidade que a associação e mantém entre os seus pólos a mesma d.d.p. que na associação, fig. 42.1 rssε yx U 200 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua Nesse exemplo, o pólo positivo do primeiro e negativo do último são os pólos da associação. É propriedade fundamental da associação em série: A intensidade de corrente é a mesma em todos os geradores. Sendo n geradores de f.e.m. ε1, ε2... εn e resistência internas r1, r2 ... rn associados em série, a d.d.p. nos geradores associados é: U = U1 + U2... + Un Com a equação característica para os valores da d.d.p. εs– rs.i = (ε1– r1) + (ε2– r2) + ... + (εn– rn) Gerador equivalente εs– rs.i = (ε1– r1) + ... + (r1+ r2 + ... + rn).i εs = ε1 + ε2 + ... + εn Portanto, a associação em série de geradores produz um aumento n a f.e.m. e na resistência interna. No caso de n geradores iguais, com força electromotriz ε e resistência interna r, temos: εs = nε Rs = nr Associação de geradores em paralelo Neste tipo de associação, todos os pólos positivos dos gerado- res sãoligados entre si. Os geradores associados em paralelo mantêm em conjunto uma d.d.p. i n i n i n i n r r r yx ε ε ε Fig. 2.13 – Geradores associados em paralelo 201 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua O gerador equivalente, percorrido por corrente de intensidade igual à da associação, mantém a mesma d.d.p., : Fig. 2.14 – Gerador equivalente da associação em paralelo εp rp yx U Sendo (i) a intensidade da corrente que atravessa a associação, em cada um dos geradores a intensidade de corrente é i n . Os geradores associados mantêm, em conjunto, uma d.d.p., entre os terminais da associação. Para o gerador equivalente vem: U = εp – rpi Para cada gerador associado vem: U r i n = −ε Igualando as duas expressões, obtemos: ε ε p p r i r i n − = − Fazendo a identidade entre os termos do primeiro e do segundo membro, vem: ε ε p p r r n = = Concluindo que a associação de geradores ligados em paralelo a f.e.m. se mantém, havendo diminuição na resistência interna. 202 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua P1 – A f.e.m. de um dado motor é 12V acoplado a uma roda R. Sabendo que a intensidade da cor- rente eléctrica que o ali- menta é 0,01A, que ener- gia mecânica fornece à roda R durante 10s de funcionamento? Dados ε = 12V i = 0,01A t = 10s P2 – Ligando-se um resistor a uma tensão de 110V, uma secção recta é atravessada pela carga de 2,7 C em 10s. Qual é a intensidade da corrente que atravessa esse resis- tor quando se liga a uma tensão de 40,7V? Dados U = 110V Q = 2,7C t = 10s P3 – Determine a força electromotriz e a resis- tência interna do gerador equivalente à seguinte associação de pilhas: 10 pilhas iguais, cada uma de força electromotriz ε = 1,5V e resistência r = 0,10Ω, ligadas em série. Dados n = 10 r = 0,1Ω ε = 1,5V Exercícios de aplicação Resolução Resolução Resolução ε ε εε ε ε ε = → = = = → = E Q E Q i t E V A s E Wa . . . . , . ,12 0 01 10 1 2 ttt i Q t i C s i A = → = = 2 7 10 0 27 , , Se U V R V i U R i V i A = = = → = → = 40 7 407 40 7 407 0 1 , , , Ω εs = n.ε→ εs= 10.1,5V εs = 15V rs = n.r→ rs = 10.0,1Ω rs = 1Ω 203 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua P4 – Determine a força electromotriz e a resistência interna do gerador equivalente à associação de 10 pilhas iguais, cada uma de força electromotriz ε = 1,5V e resistência interna r = 0,10Ω, liga- das em paralelo. Exercícios de aplicação Resolução A força electromotriz εp do gerador equivalente à associa- ção é dada por εp = ε portanto εp = ε = 1,5V A resistência interna rp do gerador equivalente à associa- ção vale: r r np = Sendo r = 0,10Ω, n = 10 logo; r p = 0 10 10 , Ω→rp = 0,01Ω Exercícios propostos P1 – Considere o circuito esquematizado na figura. Deter- mine: a) A intensidade de cor- rente através do gera- dor; b) A leitura do amperíme- tro A, suposto ideal. P2 – Determine a força electromotriz e a resistência interna do gerador equivalente à associação de 10 pilhas iguais, cada uma de força electromotriz E = 1,5 V e resistência interna r = 0,10Ω, ligadas em paralelo. P3 – Para o circuito esquematizado, determine: a) A intensidade de cor- rente através dos gera- dor; b) A intensidade de cor- rente através dos resi- tores de 6,0 e 8,0 Ω . 2,0Ω 1,0Ω 6,0Ω 6,0Ω12Ω 12V 6,0V A 1,5Ω 3,0Ω 3,0Ω 20V 20V 3,0Ω 6,0Ω 8,0Ω 204 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua 2.8. Leis de Kirchhoff Vimos que os circuitos eléctricos simples, com único percurso para a corrente eléctrica, do tipo gerador - resistor ou gera- dor – resistor – receptor é facilmente resolvido passando pela aplicação da lei de Pouillet: i R r r = − + + ε ε ' ' Porém se o circuito for mais complexo, incluindo vários per- cursos fechados, a resolução torna-se mais complicada, sendo útil, nesses casos, a aplicação de certas regras especiais conhe- cidas como Leis de Kirchhoff. Antes, porém, da sua abordagem teremos em conta algumas convenções para a determinação da polaridade e d.d.p. dos elementos de um circuito. Polaridade e d.d.p. dos elementos de circuito Gerador e receptor ideal O gerador eléctrico é um dispositivo que fornece energia às cargas eléctricas elementares para que essas se mantenham a circular. Isto quer dizer que o gerador eléctrico mantém a d.d.p. entre os pontos do circuito, para que a corrente eléctrica circule. A energia eléctrica fornecida às cargas, o gerador obtém-na a partir de outras formas de energia, enquanto o receptor e qual- quer dispositivo eléctrico que, ao ser atravessado pela corrente eléctrica, transforma a energia eléctrica noutra forma de ener- gia, que não seja exclusivamente a térmica. É evidente que, em qualquer receptor, há também a conversão de energia eléctrica em energia térmica, por efeito Joule, razão pela qual dizemos que o receptor tem resistência interna (r). No receptor ocorrem duas quedas de potencial no sentido da corrente. Para indi- car a ocorrência dessa queda, representamos o receptor com dois pólos, um positivo, de maior potencial, e outro negativo, de potencial mais baixo, circulando a corrente do pólo positivo para o pólo negativo, figura 2.15. + A B Fig. 2.15 – Gerador 205 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua A: pólo positivo → potencial menor. B: pólo negativo → potencial eléctrico maior. Assim VB – VA = +ε VA – VB = –ε Havendo, por isso, de adoptar um sentido de percurso (α), estabelecendo a seguinte regra: A d.d.p. pode ser: +ε ou –ε, valendo o sinal da entrada no sen- tido do percurso (α) adoptado. +A ε a B + ε a B a) b) Fig. 2.16 – Geradores com respectivos sinais de entrada, a) positivo b) negativo a) α entra pelo pólo positivo: VB – VA = +ε b) α entra pelo pólo negativo: VA – VB = –ε Resistores Para os resistores, a polaridade é dada pelo sentido da corrente. A corrente eléctrica tem o sentido do pólo positivo para o pólo negativo. A d.d.p. pode ser + Ri ou – Ri, valendo, também o sinal de entrada no sentido do percurso (α) adoptado. Fig. 2.17 – Resistor com respectivos pólos + A B R i 206 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua Fig. 2.18 – Resistores com respectivos sinais de entrada, a) positivo b) negativo + A B R i a + A B R i a α entra pelo pólo positivo V A – VB = + R.i α entra pelo pólo negativo V B – VA = – R.i Cálculo da d.d.p. num trecho do circuito Para o cálculo da d.d.p. entre os extremos deste trecho de cir- cuito, devemos proceder da seguinte maneira: • Marcar as polaridades de todos os elementos. • Adoptar um sentido de percurso (α). Adoptando de A para B, obtemos VA – VB e de B para A obtemos VB – VA. i + + + A BRr1 ε1 a ε2 Fig. 2.19 – Trecho de um circuito A d.d.p. total entre os extremos do circuito é igual à soma algé- brica das d.d.p. em todos elementos. Para cada d.d.p. vale o sinal de entrada no sentido do circuito adoptado. Assim, conforme a figura 2.15, temos; V V r i R i r i B A − = − + + + 1 1 2 2 . . .ε ε 207 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua P1 – Para o trecho de circuito abaixo, calcule a d.d.p entre os pontos A e B. Dados r1=2Ω, r2=1Ω, r3=1,5Ω, R=3Ω, ε1=5V, ε2=10V, ε3=20V Exercícios de aplicação Resolução Marcamos as polaridades em sentido de percurso α (de A para B). Temos Logo: Então: VA – VB = 25V A r1=2Ω r2=1Ω R=3Ω I = 4A ε1=5V ε2=10V ε3=20V r3=1,5Ω B A r1 r2 R I ε1 ε2 ε3r3 B + – + – + – + – + – + – + – a V V r i r i R i r i A B − = + + + + + −1 1 2 2 3 3 . . . .ε ε ε VB – VA = 2Ω.4A + 5V + 1Ω.4A + 10V + 3Ω.4A + 1,5Ω.4A – 20V 208 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua Exercícios de aplicação P2 – Considere o trecho do circuito representado a seguir e determine: a) i3; b) VA – VC ; a) VD – VC Dados r1=2Ω, r2=3Ω, R=8Ω, ε1=20V, ε2=10V, i1=5A, i2=2A, A r1=2Ω r2=3ΩB D R=8Ωi1= 5A i2= 2Ai3 ε1=20V ε2=10V C Resolução a) b) O percurso α adoptado tem sentido de A para B e para C: c) O percurso β tem o sentido de D para B e para C. i i i i A A i A 3 1 2 3 3 5 2 7 = + = + = A r1 r2 a B D R=8Ωi1 i2 β i3 ε1 ε2 C + – – + – + + – Logo: VA – VC = r1. i1 – ε1 + ε2 – r2. i2 VA – VC = 2Ω.5A – 20V + 10V – 3Ω.2A VA – VC = – 6V Logo: VD – VC = R. i3 + ε2 – R2. i2 VD – VC = 8Ω.7A + 10V – 3Ω.2A VD – VC = – 52V 209 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua Exercícios propostos P1 – No trecho de circuito representado ao lado qual a d.d.p. entre os pontos A e B? P2 – No trecho de circuito ao lado esquematizado, calcule: a) A d.d.p. entre os pontos A e B; b) A intensidade de corrente i3. c) A d.d.p. entre os pontos B e D. 5,0Ω 3,0Ω 3,0Ω 20V B 10V A i = 2,0A Primeira Lei de Kirchhoff ou Lei dos Nós Num circuito eléctrico, chama-se nó ou nodo um ponto comum a três ou mais condutores. Lei dos nós ou nodos: A soma algébrico das intensidades de corrente que ocorrem num modo é nula, considerando-se positivas as que se aproxi- mam e negativas as que se afastam do modo. A i2 i1 i3ε1 ε2 C D B E Fig. 2.20 – Circuito ramificado 210 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua Existem dois nós (nodos): B e E Nestes nós a corrente eléctrica se distribui assim: no nó B, Sendo i1 = i2+ i3 assim i1 – (i2+ i3) = 0 i1 se aproxima e uma vez, que o valor algébrico de soma de i2 com i3 corresponda ao valor i2, i3 estes afastam-se. Segunda Lei de Kirchhoff ou Lei das Malhas Numa malha qualquer a soma algébrica das f.e.m. é igual à soma algébrica das quedas de tensão nos vários ramos que consti- tuem a malha. Note bem: Num circuito eléctrico chama-se ramo todo o trecho do circuito que vai de nó a nó. Assim, analisando-se da figura anterior, temos três ramos: 1. BE 2. BCDE 3. BAFE A cada ramo corresponde uma intensidade de corrente eléc- trica. 211 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua P1 – Utilizando a segunda lei de Kirchhoff, determine a intensidade de corrente no circuito esquematizado na figura abaixo. A seguir calcule a d.d.p entre os pontos A e B. Exercícios de aplicação Resolução Para aplicação da segunda lei de Kirchhoff devemos: adoptar um sentido para a cor- rente eléctrica; adoptar um sentido de per- curso; e marcar as polaridades. Para o cir- cuito em questão. Temos: Afastando-se de A e percorrendo-se a malha (trajectória) no sentido horário, temos: ε1 + r1 . i+ R1 i – ε3 + r3 . i + r2 i – ε2 = 0 i = 2,5A Se i resultante for negativo significa que o sentido da corrente é contrário ao sentido adoptado. Para o cálculo da d.d.p. entre os pontos A e B, vamos percorrer o trecho de circuito indicado na figura a seguir: r1=2Ω r3=3Ω r1=2Ω R1=3Ω ε1=25V ε2=25V ε3=30V r1 r3 r2 R1 i i i ε1 a ε3 ε2 + – + – + – – + r1 + R1 + r3 + r2 i (r1 + R1 + r3 + r2 ) = ε2 + ε3 – ε1 → ε2 + ε3 – ε1 2Ω + 3Ω + 3Ω + 2Ω 10Ω i = (20V + 30V) 25V = 25V VA – VB = ε1 + r1. i + R1 i – ε3 VA – VB = + 25Ω + 2Ω.2,5A + 3Ω.2,5A – 30V VA – VB = 7,5V i = 2,5 A R1 B A i a ε3 ε1 r1 + – – + + – + – 212 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua Exercícios propostos P1 – Utilizando a segunda lei de Kirchhoff para o circuito gerador-receptor esquematizado, prove que: i E E R r r = − + + (Lei de Pouillet) P2 – Utilizando a segunda Lei de Kirchhoff, determine a inten- sidade de corrente no circuito. A seguir, calcule a d.d.p. entre os pontos A e B. P3 – No circuito da figura E1 = 24V, E2 = 12V e R = 6,0Ω. Deter- mine as intensidades de corrente em todos os ramos do cir- cuito. i i i E R r E' r' i 3,0Ω 2,0Ω 2,0Ω 13V 8,0V 6,0V 7,0V A 1,0Ω 1,0Ω E1 E2 R R R 213 PARTE III – Electrostática e Corrente Eléctrica Contínua UNIDADE 1I – Corrente Eléctrica Contínua Exercícios propostos P4 – Para o circuito da figura em baixo determine as intensi- dade de corrente em todos os ramos. 4,0Ω 4,0Ω 2,0Ω2,0Ω 3,0Ω 60V 60V 214 215 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA 1. Física, História e cotidiano, de José Roberto Bonjorno, Regina Azenha Bonjorno 2. Valter bonjorno, Clinton Marcico Ramos, 9º ano de escolaridade, FTD (EDITORA) M. Margarida R. D. Rodrigues Fernando Morão Lopes Dias, Porto Editora 3 Física, Ciências Físico – químicas, 10º Ano Maria Teresa Marques de Sá, Texto Editora, Portugal 4. Manual de física, 9ª classe Angola 5. Maria da Graça Breganha Jesus Joaquim Baptista Eu e a Física 9º ano Noémia Maciel, Ana Miranda, Porto Editora 6. I. K. Kikóine, A. K. Kikóine, Física 2, Editora Mir Moscovo 1996 7. José A. Teixeira, Curso de física, Tomo I – 6º Ano, Porto Editora 8. Física Mecânica volume 1 segundo grau / Avelino Alves Filho, Edson Ferreira de Oliveira e José Luís de Campos Robortella, Editora: Ática, 1984-1985 9. Física Clássica, volumes I, II, III, IV e V / Caio Sérgio Calçada e José Luís Sampaio, Editora: Atual, 1985 10. Física Aula por Aula, volume I / Cláudio Xavier e Benigno Barreto, Edi- tora: FTD, 2008 11. Física: história e cotidiano volume único / José Roberto Bonjorno…, Editora: FTD, 2005 12. Física volume único / António Máximo e Beatriz Alvarenga, Editora: Scipione, 1997 14. Física Fundamental Novo: Volume único, 2º Grau José Roberto Bon- jorno et al. São Paulo: FTD, 1999 BIBLIOGRAFIA 216 15. Física Aula por Aula, Vol. 1, 1ª edição Cláudio Xavier da Silva Benigno Barreto. São Paulo: FTD, 2008 16. OS fundamentos da Física, Vol. 3, 7ª edição revista e ampliada Francisco Ramalho Ju, Nicolau Gilberto Ferraro, Paulo António de Toledo Soares São Paulo: Moderna, 1999 17. Manual de Física 9ª Classe, Maurício José Barros, Luanda: Livraria Men- sagem, 2003 18. Manual de Física 10ª Classe, Maurício José Barros, Luanda: Livraria Mensagem, 2003 19. Guias – Cursos pró encuentros- Foc IV, Ernesto de la Torre García, Fran- cisco Hernández, Habana: Editorial de libros para la educación, 1981 20. Física: História e cotidiano: mecânica 1, José Roberto Bonjorno et al. São Paulo: FTD, 2003 MANUAL DE FÍSICA PARA FORMAÇÃO MÉDIA TÉCNICA BIBLIOGRAFIA livro1 livro2 livro3