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Aula 05 - Parte 01

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CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL
TEORIA E EXERCÍCIOS 
PROF: DICLER FERREIRA 
1 
www.pontodosconcursos.com.br 
AULA 5 – 1ª parte - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
Introdução 
Um contrato é um vínculo jurídico entre dois ou mais sujeitos de direito
correspondido pela vontade, da responsabilidade do ato firmado, resguardado pela
segurança jurídica em seu equilíbrio social, ou seja, é um negócio jurídico bilateral ou
plurilateral. É o acordo de vontades, capaz de criar, modificar ou extinguir direitos. 
As cláusulas contratuais criam lei entre as partes, porém são subordinados ao
Direito Positivo. As cláusulas contratuais não podem estar em desconformidade com o
Direito Positivo, sob pena de serem nulas. 
No Brasil, cláusulas consideradas abusivas ou fraudulentas podem ser invalidadas
pelo juiz, sem que o contrato inteiro seja invalidado. Trata-se da cláusula geral rebus sic
stantibus (ou revisão judicial dos contratos), que objetiva flexibilizar o princípio da pacta
sunt servanda (força obrigatória dos contratos), preponderando, assim, a vontade
contratual atendendo à Teoria da Vontade. 
Princípios Contratuais
1) PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DE VONTADE: representa a liberdade das partes
estipulando o que lhes convier. Ou seja, as partes possuem a liberdade de escolher o tipo
de contrato, de escolher a pessoa com quem se irá contratar, de celebrar ou não o
contrato e de escolher o conteúdo do contrato, sem haver interferência estatal. Entretanto,
veremos que tal princípio é limitado. Um exemplo de limite está no art. 426 do CC ao
proibir a herança de pessoa viva como objeto de contrato. 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
2) PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA: significa que a autonomia de
vontade é relativa, pois está sujeita à lei e aos princípios da moral e da ordem pública, ou
seja, representa um limite à liberdade de contratar. Atualmente a intervenção do Estado
na vida contratual é tão intensa que pode ser facilmente notada em vários setores (ex:
telecomunicações, consórcios, seguros, sistema financeiro, etc.) que se configura um
dirigismo contratual. Ou seja, apesar das pessoas terem liberdade para contratar, devem
observar as normas (ex: Código de Defesa do Consumidor, Lei do Inquilinato, Lei da
Usura, etc.) imperativas (que ordenam algum ato) e proibitivas (que vedam algum ato)
impostas pelo Estado. 
3) PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO: tal conceito decorre da moderna concepção de
que o contrato resulta do consenso, do acordo de vontades, independentemente da
entrega da coisa. Os contratos são em regra consensuais, porém, são admitidas duas
exceções: 
 
 
 
 
 
 
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- nos contratos solenes ou formais, enquanto o ajuste não for reduzido a escrito, não
haverá uma formação válida; 
- nos contratos reais, que só se formam com a entrega da coisa, também não basta um
simples consenso entre os contratantes. 
4) PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS CONTRATOS: baseia-se na idéia de que os
efeitos do contrato atingem apenas as partes contratantes, ou seja, aqueles que
manifestaram a vontade em celebrá-lo. Entretanto, o referido princípio encontra exceções
expressamente consignadas em lei, tal como ocorre na estipulação em favor de terceiro
(será estudada no decorrer desta aula) e na convenção coletiva de trabalho (o acordo
feito pelo sindicato beneficia toda uma categoria). 
5) PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS (art. 427 do CC): representa
a força vinculante das convenções feitas pelas partes contratantes. Já sabemos que
ninguém é obrigado à contratar, mas se o fizer deverá cumprí-lo. Tal princípio tem dois
fundamentos: 
- necessidade de segurança nos negócios; 
- intangibilidade ou imutabilidade do conteúdo do contrato decorrente da convicção de que
o acordo faz lei entre as partes (pacta sunt servanda). 
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos
termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. 
Estudaremos no tópico “formação dos contratos” as situações detalhadas onde a proposta
perde a sua força vinculante e deixa de ser obrigatória. 
6) PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS (art. 421 do CC): o contrato por
ser um veículo de circulação de riqueza, centro da vida dos negócios e propulsor da
expansão capitalista possui uma função social que é promover a realização de uma
justiça comutativa, reduzindo as desigualdades substanciais entre os contratantes. 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função
social do contrato. 
Podemos afirmar que o princípio da função social do contrato consiste na prevalência do
interesse coletivo sobre os interesses individuais dos contratantes. 
7) PRINCÍPIO DA BOA-FÉ (art. 422 do CC): este conceito exigem que as partes se
comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a
formação e o cumprimento do contrato. Pode ser dividido em duas partes: boa-fé
subjetiva (concepção psicológica) e boa-fé objetiva (concepção ética). O quadro a seguir
faz uma diferenciação entre essas duas partes. 
 
 
 
 
 
 
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BOA-FÉ SUJETIVA BOA-FÉ OBJETIVA 
Trata-se de um estado psicológico de
inocência. É a boa-fé do: “eu não sabia”, ou
seja, o indivíduo ignora um possível vício. 
Exemplo: posse de boa-fé. 
É uma cláusula geral implícita em todos os
contratos, ela tem status principiológico, e
que se traduz em uma regra de conteúdo
ético e exigibilidade jurídica. 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato,
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
No dispositivo legal citado, o Código Civil consagra a boa-fé objetiva fundando-se em
uma regra de conteúdo ético. 
Classificação dos Contratos
1) CONTRATOS UNILATERAIS, BILATERAIS (sinalagmáticos) E PLURILATERAIS 
Nos contratos unilaterais, existe obrigação para apenas uma das partes. Pode ser
exemplificado pela doação pura, pelo depósito e pelo comodato. 
Nos contratos bilaterais ou sinalagmáticos, os dois contratantes possuem
responsabilidades recíprocas, ou seja, um com o outro, sendo esses reciprocamente
devedores e credores. Nesta espécie de contrato não pode um dos lados antes de
cumprir suas obrigações, exigir o cumprimento do outro. O nome provém do grego antigo
synallagma, que significa "acordo mútuo". 
Exemplo: na compra de um produto, o contratante (consumidor) e o contratado
(vendedor) combinam de acertar a quantia em dinheiro somente no término do serviço do
contratado (entrega do produto); o contratado só pode cobrar após entregar o produto e o
contratante só o paga ao receber o objeto negociado. 
Os contratos plurilaterais são aqueles que apresentam mais de duas partes, como nos
contratos de consórcio e de sociedade. 
2) CONTRATOS ONEROSOS E GRATUITOS 
Os contratos onerosos, são aqueles que as duas partes auferem vantagens – sendo
estes bilaterais - como exemplo, a locação de um imóvel; o locatário paga ao locador para
poder usar o bem, e o locador entrega o que lhe pertence para receber o pagamento. 
Nos contratos gratuitos, somente uma das partes obtém proveito, como na doação pura. 
Em regra os contratos gratuitos também são unilaterais e os contratos onerosos também
são bilaterais. 
3) CONTRATOS COMUTATIVOS E ALEATÓRIOS 
 
 
 
 
 
 
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O contrato comutativo é o que, uma das partes, além de receber prestação equivalente
a sua, pode apreciar imediatamente essa equivalência, como ocorre na compra e venda.
Ou seja, há prestação e contraprestação certas. 
Nos contratos aleatórios, as partes se arriscam a uma prestação inexistente ou
desproporcional, como exemplos, seguros, empréstimos.Simplificando, é o contrato de
decisões futuras onde há uma incerteza na contraprestação. 
Os arts. 458 a 461 do Código Civil tratam do assunto: 
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo
risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de
receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha
havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir. 
O art. 458 do CC corresponde à compra de uma “esperança”, quando o comprador
assume o risco da existência da coisa (ex: comprar a ninhada de uma cadela).Trata-se
de um contrato do tipo emptio spei. É um tipo de contrato aleatório em que um dos
contratantes, na alienação de coisa futura, toma a si o risco existente da coisa, ajustando
um preço, que será devido integralmente, mesmo que nada se produza sem que haja dolo
ou culpa do alienante. 
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente
a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o
alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que
a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. 
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o
alienante restituirá o preço recebido. 
O art. 459 do CC se assemelha ao dispositivo anterior, entretanto é assumido um risco
na quantidade da coisa e não na existência. Trata-se de contrato do tipo emptio rei
speratae onde se não vier nada, ou se nada for produzido, o preço não será devido.
Desta forma, se a cadela não der cria, o preço pago deve ser devolvido. Por outro lado, se
for esperado que a cria tenha 4 filhotes e tivermos apenas 2, nada poderá ser reclamado. 
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a
risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço,
posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato. 
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser
anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não
ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa. 
Os arts. 460 e 461 do CC tratam do risco da coisa já existentes, mas sujeitas a
perecimento ou depreciação. Como exemplo temos o risco assumido quando se compra
um produto com data de validade a vencer em breve dependendo do fim da greve da
Receita Federal. A incerteza decorre da possibilidade do produto vencer e ainda não ter
passado pelo desembaraço aduaneiro. 
 
 
 
 
 
 
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4) CONTRATOS CONSENSUAIS OU REAIS 
Contratos consensuais são os que se consideram formados pela simples proposta e
aceitação. Já os contratos reais, são os que se formam com a entrega efetiva do
produto, a entrega deste não é decidida no contrato, mas somente as causas do que irá
acontecer depois dessa entrega. 
Para exemplificar, estudaremos na próxima aula que a compra e venda é consensual, por
outro lado o depósito e o mútuo são reais. 
5) CONTRATOS NOMINADOS (TÍPICOS) E INOMINADOS (ATÍPICOS) 
Contratos nominados ou típicos são os regulamentados por lei. Alguns dos regidos
pelo Código Civil são: compra e venda, troca, doação, locação, empréstimo, depósito,
mandato, gestão, edição, representação dramática, sociedade, parceria rural, constituição
de renda, seguro, jogo e aposta, e fiança. Os contratos inominados ou atípicos (art. 
são contrários aos nominados, não necessitando de uma ação legal, pois estes não estão
definidas em lei, precisando apenas do conceito básico inerente aos contratos (ex: que as
partes sejam livres, que os produtos sejam lícitos, etc.). 
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais
fixadas neste Código. 
6) CONTRATOS SOLENES (formais) E NÃO SOLENES 
Contratos solenes são os que necessitam de formalidades nas execuções após ser
concordado por ambas as partes, dando a elas segurança e algumas formalidades da lei,
como na compra de um imóvel, sendo necessário um registro em cartório para que este
seja válido. Os contratos não solenes são aqueles que não precisam dessas
formalidades, necessitando apenas da aceitação de ambas as partes. 
7) CONTRATOS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS 
Os contratos principais são os que existem por si só, sendo independente de outros. Os
contratos acessórios são emendas do contrato principal, sendo que estes necessitam
do outro para existirem. 
Como exemplo temos o contrato de locação como principal e o contrato de fiança como
acessório. 
8) CONTRATOS PARITÁRIOS OU POR ADESÃO 
Os contratos paritários, são os que realmente são negociados pelas partes, discutindo e
montando-o dentro das formalidades da lei. Ou seja, há possibilidade de se negociar as
cláusulas contratuais. 
Já os contratos de adesão, se caracterizam por serem prontos por um a das partes e
aceitos pelas outras, sendo um pouco inflexíveis por excluir o debate ou discussão de
seus termos. Um exemplo comum é o contrato que você assina quando contrata uma 
 
 
 
 
 
 
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operadora de telefone móvel. VIVO, OI, TIM, CLARO, dentre outras, entregam ao cliente
um contrato pré-escrito. 
Os artigos 423 e 424 do CC tratam do contrato de adesão. 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou
contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. 
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. 
Creio ser interessante um exemplo para aplicação do art. 424 do CC. 
Imagine uma pessoa que vai ser fiador celebrando um contrato de fiança, Sabemos que a
fiança é um contrato acessório que garante um contrato principal. Caso o devedor do
contrato principal não pague a dívida, então o fiador poderá ser responsabilizado por ela.
Porém, na fiança existe um benefício de ordem, ou seja, a dívida deve ser cobrada
primeiro do devedor principal para, caso a obrigação não seja paga, ser cobrada do
fiador. 
Nos moldes desta situação, imagine que o contrato de fiança seja de adesão (sem
possibilidade de discutir as cláusulas) e uma das cláusulas estipule que o fiador renuncia
ao benefício de ordem e, por isso, a dívida possa ser cobrada diretamente dele. 
Através do art. 424 do CC conclui-se que a cláusula ora mencionada é nula, pois está
estipulando uma renúncia antecipada a um direito resultante do contrato de fiança. 
9) CONTRATOS DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA, DIFERIDA E CONTINUADA 
 Tal classificação leva em consideração o momento em que os contratos devem ser
cumpridos. 
São contratos de execução instantânea ou imediata aqueles que se consumam em um
só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração (ex: compra e venda à
vista). 
Os contratos de execução diferida também devem ser cumpridos em um só ato, mas
em um momento futuro (ex: entrega em determinada data). 
Já os contratos de trato sucessivo ou de execução continuada são os que se
cumprem por meio de atos reiterados (ex: prestação de serviços). 
O esquema gráfico a seguir permite uma visualização da classificação em pauta: 
 
 
 
 
 
 
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CONTRATO DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA 
CONTRATO DE EXECUÇÃO DIFERIDA
CONTRATO DE EXECUÇÃO CONTINUADA
10) CONTRATOS PRELIMINARES E DEFINITIVOS 
O contrato preliminar (pactumm de contrahendo) é o que tem por objeto a celebração de
um contrato definitivo. Ou seja, por meio de um contrato preliminar, as partes se
comprometem a celebrar, no futuro, um contrato definitivo. Pode-se dizer que o contrato
definitivo é o objetodo contrato preliminar. 
Os arts. 462 a 466 disciplinam o contrato preliminar. 
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos
essenciais ao contrato a ser celebrado. 
Pelo art. 462 do CC é possível concluir que ao celebrar um compromisso de compra e
venda de bem de bem imóvel de alto valor, por ser um contrato preliminar, pode ser
utilizado um instrumento particular como forma, apesar da compra e venda definitiva de
bem imóvel de alto valor necessitar de uma escritura pública como forma (vide art. 108 do
CC). 
celebração 
do contrato 
execução
imediata 
celebração 
do contrato 
execução
diferida
celebração 
do contrato 
execução continuada 
 
 
 
 
 
 
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Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo
antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das
partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para
que o efetive. 
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. 
De acordo com o art. 463 do CC, o contrato preliminar dá aos contratantes o direito de
exigir o contrato definitivo. 
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade
da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a
isto se opuser a natureza da obrigação. 
Através do art. 464 do CC, é possível que um contrato preliminar adquira, através de
sentença judicial, força de contrato definitivo. 
Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra
parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. 
A inexecução do contrato preliminar pode acarretar indenização por perdas e danos. 
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a
mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este,
no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor. 
 O contrato preliminar unilateral ou de opção é aquele onde apenas uma das partes é
obrigada a celebrar o contrato definitivo, ao passo que a outra o celebra se quiser. Dessa
forma, a parte obrigada deve manifestar prazo para a outra parte se manifestar. Decorrido
esse prazo o bem poderá ser alienado a terceiros. 
Formação e lugar dos Contratos
Os contratos são a convergência de duas vontades contrapostas: a parte que faz a
proposta (uma declaração receptícia – que precisa ser aceita) é a parte proponente ou
policitante e a parte que aceita é chamada de aceitante ou oblato. 
Os contratos reais formam-se com a entrega da coisa e os contratos formais, com a
realização da solenidade ou do instrumento próprio. Tratam-se das exceções ao princípio
do consensualismo. 
CONTRATO
PROPONENTE
OU
POLICITANTE 
ACEITANTE
OU 
OBLATO 
 
 
 
 
 
 
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São fases da formação dos contratos: 
1. negociações preliminares: são conversações anteriores à proposta que visam
preparar as bases do futuro contrato; 
2. proposta ou policitação ou oferta: é a declaração de vontade dirigida a alguém com
quem se quer contratar, contendo todas as cláusulas essenciais do negócio. Pode ser de
dois tipos: entre presentes e entre ausentes; 
O contrato celebrado pela internet é entre presentes ou entre ausentes? 
A pergunta não é simples, pois a doutrina diverge a respeito da resposta. Entretanto, para
efeitos de concurso público, sugiro pensar que as duas formas são possíveis. Ou seja, na
proposta feita pelo skype e pelo msn há possibilidade de aceitação imediata, portanto,
trata-se de uma proposta entre presentes. Por outro lado, a proposta feita por e-mail
costuma ser considerada entre ausentes. 
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se
também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação
semelhante; 
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar
a resposta ao conhecimento do proponente; 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo
dado; 
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a
retratação do proponente. 
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos
essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde
que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. 
Os arts. 428 e 429 do CC configuram exceções ao princípio da irrevogabilidade da
proposta, ou seja, são situações onde a proposta deixa de ser obrigatória. 
- PROPOSTA ENTRE PRESENTES: é aquela em que há possibilidade de
aceitação imediata, ou seja, há um contrato com declaração consecutiva,
independente dos contratantes estarem em um mesmo espaço físico. Como
exemplo temos duas pessoas contratando pelo telefone, uma em Porto Alegre-RS e
outra em Belém-PA. 
- PROPOSTA ENTRE AUSENTES: é aquela em que não há possibilidade de
aceitação imediata, ou seja, há um contrato com declarações intervaladas. Como
exemplo temos aquele que envia a proposta através de uma carta e a aceitação
também é enviada através de uma carta. 
 
 
 
 
 
 
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3. aceitação: é a adesão total à proposta, ou seja, uma resposta afirmativa a uma
proposta de contrato. 
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento
do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de
responder por perdas e danos. 
Em se tratando de contrato entre ausentes, se a resposta chegar ao proponente,
imprevisivelmente, de forma tardia e o objeto já tiver sido negociado, então o proponente
deverá avisar ao aceitante sobre a não conclusão do contrato, pois é possível que este
imagine que o contrato está celebrado e comece a realizar despesas necessárias ao
cumprimento. 
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações,
importará nova proposta. 
Para exemplificar a aplicação do art. 431 do CC, imagine uma proposta de venda de um
carro por R$ 10.000,00 e que o destinatário da proposta faça uma contra-proposta de
compra por R$ 9.000,00. Pelo fato de haver uma modificação, a contra-proposta
representa uma nova proposta de compra. 
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa,
ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando
a tempo a recusa. 
Pelo art. 432 do CC, o silêncio (falta de resposta), em regra, não configura uma aceitação
tácita, ou seja, a aceitação deve ser expressa; entretanto, temos duas exceções: 
- quando se tratar de negócios em que não se costuma exigir a aceitação expressa (ex:
um fornecedor costuma enviar os seus produtos a um determinado comerciante que lhe
paga em época oportuna, sem confirmar os pedidos e acarretando uma praxe comercial.
Caso o comerciante queira interromper este ciclo, deverá avisar ao fornecedor a recusa);
e 
- quando o proponente a tiver dispensado. 
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao
proponente a retratação do aceitante. 
Da mesma forma que o proponente (art. 428, IV do CC), o aceitante também pode se
retratar da aceitação quando o contrato for celebrado entre ausentes, desde que a
retratação chegue antes ou junto com a aceitação. 
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é
expedida, exceto: 
I - no caso do artigo antecedente; 
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; 
III - se ela não chegar no prazoconvencionado. 
 
 
 
 
 
 
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O art. 434 do CC levanta uma polêmica dentro da formação dos contratos. Tal polêmica
decorre da seguinte pergunta: 
Quando que se considera formado o contrato entre ausentes, no momento em que
a aceitação é expedida, ou quando a aceitação chega ao conhecimento do
proponente? 
Fundamentalmente, a doutrina criou duas teorias explicativas a respeito da formação do
contrato entre ausentes. 
1) TEORIA DA COGNIÇÃO: para os adeptos dessa linha de pensamento, o contrato
entre ausentes somente se consideraria formado, quando a resposta do aceitante
chegasse ao conhecimento do proponente. 
2) TEORIA DA AGNIÇÃO: dispensa-se que a resposta chegue ao conhecimento do
proponente. Subdivide-se em: 
2.1) SUB-TEORIA DA DECLARAÇÃO: o contrato se formaria no momento em que o
aceitante ou oblato redige ou datilografa a sua resposta. Peca por ser extremamente
insegura, dada a dificuldade em se precisar o instante da resposta. 
2.2) SUB-TEORIA DA EXPEDIÇÃO: considera formado o contrato, no momento em que
a resposta é expedida. 
2.3) SUB-TEORIA DA RECEPÇÃO: reputa celebrado o negócio no instante em que o
proponente recebe a resposta. Dispensa, como vimos, que leia a mesma. Trata-se de
uma sub-teoria mais segura do que as demais, pois a sua comprovação é menos
dificultosa, podendo ser provada, por exemplo, por meio do A.R. (aviso de recebimento),
nas correspondências. 
Mas, afinal, qual seria a teoria adotada pelo nosso direito positivo? 
No Direito brasileiro, a grande parte da doutrina entende que se deve aplicar a SUB-
TEORIA DA EXPEDIÇÃO e uma parte pequena sustenta que se deve aplicar a sub-teoria
da recepção. 
Para efeitos de concurso público, sugiro adotar a SUB-TEORIA DA EXPEDIÇÃO, pois é a
que está consagrada no art. 434, caput, do CC. 
Em todas as fases citadas (negociações preliminares, proposta e aceitação) deve ser
observado o princípio da boa-fé objetiva. 
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. 
Para finalizar este tópico, o art. 435 do CC estabelece o local da celebração do contrato. 
ALGUMAS QUESTÕES COMENTADAS PARA FIXAR
1. (FGV - FISCAL DE RENDAS – MS – 2006) É ato jurídico bilateral e sinalagmático: 
(A) doação. 
(B) promessa de recompensa. 
 
 
 
 
 
 
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(C) permuta. 
(D) comodato. 
(E) depósito gratuito. 
Conforme comentado na classificação dos contratos tipo I, o sinalagma se
caracteriza pela reciprocidade de direitos e obrigações. Desta forma, segue a análise
das alternativas: 
(A) ERRADA. A Doação é o contrato em que uma pessoa. por liberalidade, transfere do
seu patrimônio, bens ou vantagens para o de outra, que os aceita. Na doação não há
obrigações para o donatário (que recebe) e não há direitos para o doador (que doa). 
(B) ERRADA. Promessa de recompensa é a declaração de vontade, feita mediante
anúncio público, pela qual alguém se obriga a gratificar quem se encontrar em certa
situação ou praticar determinado ato, independentemente do consentimento do eventual
credor; obriga quem emite a declaração de vontade desde o instante em que ela se torna
pública, independentemente de qualquer aceitação, visto que se dirige a pessoa ausente
ou indeterminada, que se determinará no momento em que se preencherem as condições
de exigibilidade da prestação. Na promessa de recompensa só há obrigações para a
parte que promete. 
(C) CERTA. A permuta ou troca é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma
coisa por outra que não seja dinheiro. Trata-se de um contrato bilateral, oneroso,
comutativo, gerando, para cada contratante, a obrigação de transferir para o outro o
domínio da coisa objeto de sua prestação. Por ter como característica a reciprocidade de
direitos e obrigações, então a permuta é um ato jurídico bilateral e sinalagmático. 
(D) ERRADA. O comodato se define como o empréstimo gratuito de um bem que deve
ser restituído a seu dono após o uso. Por ser gratuito, gera obrigações para apenas uma
parte. 
(E) ERRADA. O depósito gratuito é o contrato pelo qual um dos contraentes (depositário)
recebe de outro (depositante) um bem móvel, obrigando-se a guardá-lo, temporária e
gratuitamente, para restituí-lo quando lhe for exigido. Por ser gratuito, gera obrigações
para apenas uma parte. 
Trataremos mais especificamente do depósito na aula seguinte. 
Gabarito: C 
2. (FGV - FISCAL DE RENDAS – RJ – 2008) Paulo emite proposta de venda de seu
carro a José. Pouco depois Paulo vem a falecer. Essa proposta: 
(A) é válida e eficaz. 
(B) é anulável e ineficaz. 
(C) perdeu validade com a morte do proponente. 
(D) perdeu eficácia com a morte do proponente. 
(E) torna-se inexistente, ante a morte do proponente.
Como assevera MARIA HELENA DINIZ, “a proposta, oferta ou policitação é uma
declaração receptícia de vontade dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende
celebrar o contrato), por força da qual a primeira manifesta a sua intenção de se 
 
 
 
 
 
 
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considerar vinculada se a outra parte aceitar.” Tal instituto é bem definido no art. 427 do
CC. 
Art. 427 do CC - A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não
resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. 
Depreende-se do dispositivo acima a força vinculante da oferta, ou seja, o
proponente responderá por perdas e danos se injustificadamente retirar a proposta.
Dessa forma, a obrigatoriedade da proposta consiste no ônus, imposto ao proponente, de
não a revogar por certo tempo a partir de sua existência, assegurando-se assim a
estabilidade das relações sociais. 
Entretanto, a lei abre várias exceções sobre a essa regra, conforme o art. 428 do
CC. 
Art. 428 do CC - Deixa de ser obrigatória a proposta: 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se
também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação
semelhante; 
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar
a resposta ao conhecimento do proponente; 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo
dado; 
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a
retratação do proponente. 
Percebe-se então, que a morte ou a interdição do policitante (aquele que fez a
proposta) não elimina a força obrigatória da proposta. Ou seja, mesmo com a morte de
Paulo, a proposta continua válida e eficaz, não perdendo a sua obrigatoriedade. 
Gabarito: A 
3. (NCE – ADVOGADO – CIA DOCAS DE SANTANA – 2007) Para efeito de formação
dos contratos, pode-se afirmar que a proposta: 
(A) não gera qualquer obrigação ao proponente; 
(B) somente gera obrigações para o proponente se feita a pessoa ausente; 
(C) somente gera obrigações para o proponente se feita a pessoa presente; 
(D) obriga, via de regra, o proponente; 
(E) equivale às negociações preliminares ou tratativas. 
Conforme os comentários da questão anterior, sabemos que a proposta possui
força vinculante e, nos termos do art. 427 do CC, obriga o proponente, apesar de
existirem algumas exceções. 
Gabarito: D 
 
 
 
 
 
 
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Estipulação em favor de terceiro
Por meio da estipulação em favor de terceiro uma parte contratante convenciona com o
devedor que o a vantagem resultante do contrato beneficiará um terceiro, alheio à relação
jurídica-base. Tal instituto constitui uma exceção ao princípio da relatividade dos
contratos. 
Como exemplo temos o seguro de vida onde o estipulante (segurado) convenciona com
um promitente (seguradora)uma vantagem em favor de terceiro (beneficiário). 
Os arts. 436 a 438 do CC tratam do assunto. 
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é
permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele
anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. 
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de
reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. 
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no
contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante. 
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de
última vontade. 
Promessa de fato de terceiro 
È possível que uma pessoa se comprometa para que terceiro pratique um determinado
ato. É o que ocorre com um empresário de um artista famoso que se compromete em
nome do renomado artista na realização de um show. 
Se o show não se realizar, desde que não haja caso fortuito ou força maior, responde o
empresário por perdas e danos. 
O assunto é tratado nos arts. 439 e 440 do CC. 
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos,
quando este o não executar. 
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do
promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo
regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus
bens. 
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este,
depois de se ter obrigado, faltar à prestação. 
 
Pelo art. 440 do CC, conclui-se que se o artista famoso pessoalmente se comprometer a
realizar o show, a responsabilidade desloca-se do empresário para ele. 
 
 
 
 
 
 
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Vícios redibitórios
São denominados vícios redibitórios os defeitos ocultos e de certa gravidade de uma
coisa que a tornem imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminuam o valor, como,
por exemplo, os defeitos de uma máquina ou a doença de um cavalo, que o comprador
normalmente não poderia ter percebido no momento da compra. 
Os arts. 441 a 446 do CC tratam de disciplinar o assunto. 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por
vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe
diminuam o valor. 
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. 
Através do art. 441 do CC, percebe-se que só pode haver vício redibitório quando se
tratar de contrato comutativo ou doações onerosas. Ou seja, é necessária a
contraprestação, não se configurando o vício redibitório em contrato gratuito. Aqui vale o
ditado que “cavalo dado não se olha os dentes”. 
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente
reclamar abatimento no preço. 
Percebe-se que duas situações podem ocorrer quando se configurar um vício redibitório: 
1) Rescisão contratual: através da ação redibitória o prejudicado pode rescindir o
contrato e exigir a devolução da importância paga. 
2) Abatimento no preço: através de uma ação estimatória (quanti minoris) pode
apenas pedir um abatimento no preço. 
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu
com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais
as despesas do contrato. 
Conforme foi estudado na aula de obrigações, quando há culpa do devedor, surge a
possibilidade de indenização por perdas e danos. Em se tratando de vício redibitório, é a
má-fé em omitir o vício ou defeito oculto que acarreta a indenização por perdas e danos. 
Veja a tabela a seguir: 
ALIENANTE CONHECIA O
VÍCIO OU DEFEITO OCULTO 
o prejudicado pode exigir a devolução da importância 
paga acrescida de perdas e danos 
ALIENANTE NÃO CONHECIA O
VÍCIO OU DEFEITO OCULTO 
o prejudicado pode exigir apenas a importância 
paga. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder
do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição. 
Aplicando o exemplo do cavalo com doença ao art. 444 do CC, caberá ao adquirente
provar que o vírus da doença que vitimou o animal já se encontrava encubado no
momento da entrega do animal. 
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no
prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da
entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à
metade. 
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo
contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e
oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. 
§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão
os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o
disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria. 
O art. 445 do CC estabelece prazos decadenciais para a propositura da redibição ou do
abatimento no preço. São prazos decadenciais: 
BEM 
MÓVEL 30 DIAS Contado da
entrega 
efetiva 
SE JÁ
ESTAVA 
NA POSSE
15 DIAS Contado da 
alienação 
↓1/2 BEM 
IMÓVEL 01 ANO 6 MESES 
O legislador entende que se o adquirente já estava na posse, já conhecia a coisa, então
deve ter um prazo menor para ingressar com ação contra o alienante. Como exemplo,
temos a pessoa que mora em um imóvel por comodato, sendo que o comodatário decide
adquirir o imóvel, será aplicado um prazo menor. 
No caso de animais, estabelece o art. 445, § 2º do CC que os prazos decadenciais
deverão ser regulados por lei especial ou, na falta desta, pelos usos locais. 
Evicção
Consiste na perda, pelo adquirente (evicto), da posse ou propriedade da coisa transferida,
por força de uma sentença judicial ou ato administrativo que reconheceu o direito anterior
de terceiro, denominado evictor. 
A seguir temos um gráfico esquemático ilustrando a evicção. Imagine que A venda uma
casa para B, sendo que o objeto da venda esteja sendo alvo de uma ação de usucapião
por parte de C. 
 
 
 
 
 
 
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A Î CASA Î B 
 
 
 C 
Os arts. 447 a 457 do CC tratam do assunto: 
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta
garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. 
A evicção só pode ocorrer em contratos onerosos, não sendo admitida em contrato
gratuito. Dessa forma, não há que se falar em evicção nos contratos de doação simples e
comodato (empréstimo gratuito de bens infungíveis). 
Analisando o final do art. 447 do CC, percebemos que a responsabilidade pela evicção
subsiste ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. Dessa forma, se uma
pessoa arrematar um determinado bem móvel em um leilão, ou bem imóvel em uma
praça, e, após a arrematação e expedição da carta (comprobatória de seu direito) vier a
ser demandada numa ação reivindicatória e sucumbir, então poderá exercer o seu direito
de regresso contra o devedor, de cujo patrimônio se originou o bem levado à hasta. 
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a
responsabilidade pela evicção. 
Desta forma, se uma pessoa, agindo de boa-fé, adquirir um bem e depois o perder para o
real proprietário, então, via de regra, poderá cobrar indenização do alienante.Entretanto,
essa responsabilidade do alienante pela evicção poderá ser reforçada (ex: indenização de
150% do valor pago), diminuída (ex: indenização de apenas 50% do valor pago) ou
excluída (isenta a responsabilidade do alienante), nos termos do art. 448 do CC. 
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se
der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube
do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. 
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era
alheia ou litigiosa. 
USUCAPIÃO 
PERSONAGENS: 
A: alienante 
B: adquirente ou evicto
C: evictor 
EVICÇÃO Î B perde a casa
em razão de uma sentença
judicial favorável a C. 
RESPONSABILIDADE PELA
EVICÇÃO Î A deve indenizar B
pelo prejuízo decorrente da
evicção. 
 
 
 
 
 
 
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Entretanto, quando houver cláusula expressa de exclusão da responsabilidade do
alienante, também deve ser analisado se o adquirente tinha ciência do risco da evicção.
Dessa forma, temos as seguintes “sentenças matemáticas”: 
a) cláusula expressa de exclusão da garantia + ciência específica do risco pelo
adquirente = isenção do alienante de toda responsabilidade (art. 457 do CC). 
b) cláusula expressa de exclusão da garantia – ciência do risco pelo adquirente ou
ter assumido o risco = responsabilidade do alienante apenas pelo preço pago pela
coisa evicta (art. 449 do CC). 
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição
integral do preço ou das quantias que pagou: 
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; 
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente
resultarem da evicção; 
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. 
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na
época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção
parcial. 
O dispositivo cuida da evicção total sofrida pelo adquirente, que teve a perda ou o
desapossamento da coisa de forma absoluta e estabelece os direitos do evicto. 
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja
deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. 
A deterioração da coisa evicta, em poder do adquirente, não afasta a responsabilidade
do alienante, respondendo por evicção total, exceto se houver ação dolosa do adquirente
(deterioração intencional do bem). Não poderá, assim, o alienante invocar a
desvalorização da coisa evicta, para reduzir o preço a restituir e/ou a indenização por
perdas e danos. 
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido
condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe
houver de dar o alienante. 
Caso o evicto já tenha sido compensado pelas deteriorações, então o alienante poderá
deduzir o valor dessas vantagens da quantia que teria de restituir-lhe. 
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a
evicção, serão pagas pelo alienante. 
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo
alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida. 
As benfeitorias são obras realizadas pelo homem na estrutura da coisa principal com a
intenção de conservação, melhoramento ou embelezamento. Estudamos que elas podem 
 
 
 
 
 
 
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ser necessárias, úteis ou voluptuárias na aula 2, entretanto os arts. 453 e 454 do CC 
tratam apenas das necessárias e úteis. 
Desta forma, imagine no exemplo gráfico dado que antes de B sofrer a evicção ele tivesse
realizado benfeitorias necessárias ou úteis na casa. Neste caso, se C (evictor) não
indenizar B (evicto) pelas benfeitorias, então a responsabilidade recai sobre A (alienante). 
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a
rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque
sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização. 
A evicção pode ser de dois tipos: total (perda de todo o bem) ou parcial (perda de
parte do bem). 
Em caso de evicção parcial (ex: reivindicação de parte de um terreno adquirido)
temos duas possibilidades: a evicção parcial ser considerável ou não considerável,, nos
termos do art. 455 do CC. 
A tabela a seguir ilustra as conseqüências da evicção parcial: 
EVICÇÃO
PARCIAL 
CONSIDERÁVEL 
Direitos do evicto: 
1. rescisão do contrato; ou 
2. restituição de parte do preço correspondente
ao desfalque sofrido. 
NÃO CONSIDERÁVEL 
Direito do evicto: 
1. indenização. 
Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente
notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como
lhe determinarem as leis do processo. 
Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta
a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar
de recursos. 
No art. 456 do CC foi abordado um aspecto processual do instituto da evicção. 
Contrato com pessoa a declarar
Pode alguém firmar um contrato, estipulando porém que outra pessoas, a ser indicada,
assumirá os direitos e obrigações decorrentes, em cinco dias ou no prazo acordado. È o
que se conclui analisando os arts. 467 e 468 do CC. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a
faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações
dele decorrentes. 
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da
conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado. 
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir
da mesma forma que as partes usaram para o contrato. 
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire
os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em
que este foi celebrado. 
É o que acontece quando A e B concluem entre si um contrato, estipulando porém
que C poderá substituir A, por indicação deste, dentro de certo prazo, no mesmo contrato. 
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários: 
I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la; 
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento
da indicação. 
Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação,
o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários. 
Conclui-se que o contrato valerá apenas entre os contratantes originários se não
for feita a indicação de C, se C não aceitar o combinado ou se C for incapaz/insolvente. 
MAIS ALGUMAS QUESTÕES COMENTADAS PARA FIXAR 
4. (FGV - AUDITOR – TCM-PA – 2008) Analise as afirmativas a seguir: 
I. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência o
princípio da boa-fé subjetiva. 
II. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência o
princípio da função social dos contratos. 
III. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência o
princípio da autonomia da vontade. 
IV. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência o
princípio da boa-fé objetiva. 
Assinale: 
A BCONTRATO 
C
CONTRATO CONTRATO 
possível
substituição 
 
 
 
 
 
 
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(A) se todas asafirmativas estiverem corretas. 
(B) se apenas uma afirmativa estiver correta. 
(C) se nenhuma afirmativa estiver correta. 
(D) se apenas duas afirmativas estiverem corretas. 
(E) se apenas três afirmativas estiverem corretas. 
A máxima do Direito Romano ainda vigente no Direito Brasileiro “nemo potest venire
contra factum proprium” significa que ninguém pode se opor a fato a que ele próprio
deu causa. 
Um dos grandes efeitos do princípio da boa-fé objetiva se traduz na proibição de que
uma parte se comporte de forma contraditória aos seus próprios atos anteriores. Ou seja,
não é lícito uma pessoa fazer valer um direito se contrapondo a uma conduta anterior
interpretada objetivamente segundo a lei, segundo os bons costumes e a boa-fé. 
Para exemplificar, temos o contrato de prestações periódicas com o pagamento sendo
feito, reiteradamente, em outro lugar, conforme o art. 330 do CC. 
Art. 330 do CC - O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir
renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato. 
Imagine que um credor concorde, durante um contrato de prestações periódicas, com o
pagamento em lugar diverso do convencionado. Posteriormente, ele não poderá
surpreender o devedor com a exigência literal do contrato. 
O assunto foi alvo de discussão na IV Jornada de Direito Civil do CJF e deu origem ao
Enunciado 362 que menciona o art. 422 do CC e dispõe que: 
Enunciado 362 – Art. 422. A vedação do comportamento contraditório (venire contra
factum proprium) funda-se na proteção da confiança, tal como se extrai dos arts. 187 e
422 do Código Civil. 
Art. 422 do CC - Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do
contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
Diante do que já foi explicado, percebe-se que apenas a afirmativa IV está correta. 
Gabarito: B 
5. (FGV - FISCAL DE RENDAS – RJ – 2009) A respeito dos contratos, analise as
afirmativas a seguir: 
I. No caso de redibição de contrato comutativo, sempre será devida reparação por
perdas e danos. 
II. A responsabilidade por evicção é cláusula essencial aos contratos onerosos e
não pode, portanto, ser excluída pelas partes, ainda que expressamente. 
III. A aceitação de proposta de contrato fora do prazo ou com modificações
configura nova proposta. 
Assinale: 
(A) se somente a afirmativa II estiver correta. 
 
 
 
 
 
 
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(B) se somente a afirmativa III estiver correta. 
(C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. 
(D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. 
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. 
Análise das afirmativas: 
I. ERRADA. A afirmativa trata dos vícios redibitórios (defeitos ocultos existentes em uma
coisa alienada). A base legal para a solução é o art. 443 do CC. 
Art. 443 do CC - Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que
recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor
recebido, mais as despesas do contrato. 
Ou seja, conclui-se que só haverá perdas e danos se houver má-fé por parte do vendedor
que conhecia o dano e se omitiu a respeito. 
II. ERRADA. A evicção é a perda da coisa, por força de decisão judicial, fundada em
motivo jurídico anterior, que a confere a outrem, seu verdadeiro dono, com o
reconhecimento em juízo da existência de ônus sobre a mesma coisa, não denunciado
oportunamente no contrato, conforme o art. 447 do CC. 
Art. 447 do CC - Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste
esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. 
Desta forma, se uma pessoa, agindo de boa-fé, adquirir um bem e depois o perder para o
real proprietário, então, via de regra, poderá cobrar indenização do alienante. Entretanto,
essa responsabilidade do alienante pela evicção poderá ser reforçada, diminuída ou
excluída, nos termos do art. 448 do CC. 
Art. 448 do CC - Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir
a responsabilidade pela evicção. 
III. CERTA. Já comentamos sobre a proposta nas questões 2 e 3. A afirmativa reflete o
art. 431 do CC. 
Art. 431 do CC - A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações,
importará nova proposta. 
A aceitação da proposta deve ser oportuna e conter adesão integral à oferta. Caso ocorra
manifestação fora do tempo, estará configurada uma nova proposta. 
Gabarito: B 
6. (NCE – PROCURADOR – PREF. DE VARZEA PAULISTA – 2006) O contrato
bilateral requer que as duas prestações sejam cumpridas simultaneamente, de 
 
 
 
 
 
 
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forma que nenhum dos contratantes poderá, antes de cumprir sua obrigação, exigir
o implemento do outro, devido a: 
(A) Emptio spei; 
(B) Emptio rei speratae; 
(C) Obrigação propter rem; 
(D) Exceptio adimpleti contractus; 
(E) Exceptio non adimplenti contractus. 
Análise das alternativas: 
(A) ERRADA. Emptio spei é um tipo de contrato aleatório em que um dos contratantes,
na alienação de coisa futura, toma a si o risco existente da coisa, ajustando um preço,
que será devido integralmente, mesmo que nada se produza sem que haja dolo ou culpa
do alienante. Este instituto está previsto no art. 458 do CC. 
Art. 458 do CC - Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros,
cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de
receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha
havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir. 
Corresponde à compra de uma “esperança”, quando o comprador assume o risco da
existência da coisa (ex: comprar a ninhada de uma cadela). 
(B) ERRADA. O conceito de emptio rei speratae se assemelha ao da alternativa anterior,
entretanto, aqui o risco é na quantidade, então se não vier nada, ou se nada for
produzido, o preço não será devido. O instituto é tratado no art. 459 do CC: 
Art. 459 do CC - Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o
adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o
alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que
a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. 
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o
alienante restituirá o preço recebido. 
(C) ERRADA. A obrigação propter rem é aquela em que o devedor, por ser titular de
direito sobre a coisa, fica sujeito a uma prestação que não é proveniente de manifestação
expressa ou tácita de sua vontade. É o que ocorre com aquele que compra um imóvel e
assume a obrigação sobre todos os IPTUs atrasados do imóvel, pois a obrigação de
pagar o IPTU fica vinculada ao imóvel. 
(D) ERRADA. A exceptio adimplenti contractus, exceção do contrato cumprido, prevê
que mesmo ocorrendo o cumprimento das cláusulas estipuladas no contrato, o aspecto
oneroso será mantido. 
(E) CERTA. A exceptio non adimplenti contractus está prevista no art. 476 do CC,
trata-se da exceção de contrato não cumprido. 
Art. 476 do CC - Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida
a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. 
 
 
 
 
 
 
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Ou seja, em decorrência dos contratos bilaterais ou sinalagmáticos gerarem
reciprocamente direitos e obrigações para ambas as partes, então uma das partes não
pode exigir da outra o cumprimento de cumprir com a sua obrigação. E, linguagem
simples, eu não posso cobrar o bem se eu não paguei. 
Gabarito: E 
7. (FGV - FISCAL DE RENDAS – RJ – 2008) Quanto ao contrato de execução
contínua, é correto afirmar que: 
(A) as prestações vencidas e não pagas produzemefeitos ex tunc. 
(B) a prescrição atinge por igual todas as parcelas do contrato. 
(C) não há liberação de uma das partes, se a outra não pode cumprir o contrato. 
(D) pode ser exigido o cumprimento das prestações de forma simultânea. 
(E) a nulidade do contrato de prestação contínua não afeta seus efeitos já
produzidos. 
O contrato de execução continuada ou de trato sucessivo é aquele satisfeito mediante
prestações reiteradas, nos termos do que foi convencionado. São exemplo deste tipo de
contratos os de locação, os de fornecimento de água, gás, eletricidade, etc. 
Análise das alternativas: 
(A) ERRADA. As prestações vencidas e não pagas produzem efeitos ex nunc, ou seja,
não retroage e, conseqüentemente, não afeta os efeitos que já foram produzidos. Vamos
pensar em um caso prático usando o “bom senso”: imagine um contrato de fornecimento
de energia elétrica, se, após 1 ano de contrato, o consumidor deixar de pagar a conta, a
cobrança não pode incidir sobre as prestações que foram pagas. 
(B) ERRADA. Ainda pensando no fornecimento de energia elétrica, as parcelas possuem
data de vencimento diferente, mês a mês, ou seja, a prescrição das parcelas ocorrerá em
datas diferentes. 
(C) ERRADA. A alternativa tem como tema a exceção do contrato não cumprido tratada
no art. 477 do CC. 
Art. 477 do CC - Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes
contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa
a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe
incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de
satisfazê-la. 
Dessa forma, se uma das partes não puder cumprir o contrato, a outra está
liberada da sua prestação. 
(D) ERRADA. A característica do contrato de trato sucessivo é a periodicidade das
prestações, e não a simultaneidade. 
(E) CERTA. Conforme os comentários da alternativa (A). 
Gabarito: E 
 
 
 
 
 
 
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Extinção e rescisão contratual 
O contrato extingue-se através de duas formas: a forma normal ocorre com o seu
cumprimento; já a forma anormal ocorre sem que as obrigações tenham sido cumpridas. 
Sobre as causas de extinção anormal, podemos separá-las em anteriores ou
contemporâneas ao contrato (ex: nulidades e anulabilidades estudadas na aula 3) e em
supervenientes (destroem os efeitos do contrato após ele ter se formado). 
A tabela a seguir enumera e sintetiza as causas anormais de extinção dos contratos. 
CAUSAS ANORMAIS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO 
ANTERIORES OU CONTEMPORÂNEAS SUPERVENIENTES 
NULIDADES (arts. 166 e 167 do CC);
ANULABILIDADES (art. 171 do CC);
REDIBIÇÃO (vícios redibitórios). 
RESCISÃO; 
RESOLUÇÃO; 
RESILIÇÃO; 
MORTE DO CONTRATANTE, nos
contratos personalíssimos. 
Sobre as causas anteriores ou contemporâneas, estudamos os vícios que são capazes de
invalidar os negócios jurídicos. Pelo fato do contrato também ser um negócio jurídico, tais
vícios também podem extinguir um contrato invalidando-o totalmente (nulidade) ou
parcialmente (anulabilidade). 
Nos arts. 472 a 480 do CC (reproduzidos após a tabela a seguir) temos disposições legais
relativas às causas supervenientes anormais de extinção do contrato. 
Inicialmente faz-se necessário distinguirmos as diferenças entre os termos rescisão,
resilição e resolução. A tabela a seguir mostra que a rescisão (que é o gênero) possui as
seguintes espécies: resolução (extinção do contrato por descumprimento do devedor,
podendo ser com culpa ou sem culpa) e resilição (dissolução por vontade bilateral –
também chamada de distrato - ou unilateral, quando admissível por lei, de forma expressa
ou implícita, pelo reconhecimento de um direito potestativo). 
RESCISÃO 
RESILIÇÃO RESOLUÇÃO 
Ocorre quando há o desfazimento de um
contrato por simples manifestação de
vontade de uma ou de ambas as partes. 
Ocorre quando houver um inadimplemento,
ou seja, quando uma das partes não
cumprir o contrato. 
 
 
 
 
 
 
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Não interessa mais o vínculo contratual. Interessa o vínculo contratual. 
A resilição pode ser de dois tipos: 
- BILATERAL: é o DISTRATO (art. 472 do
CC), que deve ser celebrado através da
mesma forma do contrato original. 
- UNILATERAL (art. 473 do CC): é a
DENÚNCIA que deve ser notificada para a
outra parte. 
Aplica-se, especialmente, a contratos de
atividades ou serviços por tempo
indeterminado. 
A resolução pode decorrer de uma
cláusula expressa ou tácita (art. 474 do
CC). 
- CLÁUSULA EXPRESSA: normalmente,
os contratos trazem uma cláusula
resolutiva expressa dizendo que se não for
cumprido algo determinado o contrato se
resolve.Ou seja, o descumprimento
provocará uma resolução imediata. 
- TÁCITA: sem a cláusula resolutiva, o
inadimplemento demanda uma notificação
para a resolução. 
Ex: terminar um contrato de linha de celular
ou de canal por assinatura. 
Ex: alugar um apartamento e não pagar as
parcelas de aluguel. 
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato. 
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o
permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte. 
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito
investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá
efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos
investimentos. 
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de
interpelação judicial. 
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se
não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização
por perdas e danos. 
Outro assunto muito cobrado em prova de concurso é a exceção do contrato não
cumprido (exceptio non adimpleti contractus) que é um meio de defesa pelo qual a parte
demandada pela execução de um contrato pode argüir que deixou de cumprí-lo pelo fato
da outra ainda não ter satisfeito a prestação correspondente. Vide arts. 476 e 477 do CC. 
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua
obrigação, pode exigir o implemento da do outro. 
Diante disso, imagine que você contrate um pintor para pintar a sua casa e que fique
convencionado o pagamento da metade no início do serviço e a outra metade ao final do
serviço. Se o pintor pedir a metade restante no meio da pintura, sem ter cumprido com a
sua parte, você em sua defesa, para não pagar a 2a metade, alega a exceção do contrato
não cumprido. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes
diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação
pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que
aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la. 
Caso o contrato seja celebrado, mas haja fundado receio de seu futuro descumprimento,
por força da diminuição posterior do patrimônio da parte contrária, é preciso que se faça
algo para resguardar o interesse dos contratantes. 
Ou seja, o art. 477 do CC representa uma forma de proteção aos interesses daquele que,
por força da relação obrigacional, deve cumprir a prestação antes da parte contrária que
teve o patrimônio diminuído. 
O tema do quadro a seguir costuma ser abordado em provas de concursos: 
CLÁUSULA SOLVE ET REPETE Î decorre do princípio da autonomia de vontade e
significa uma cláusula inserida no contrato que obriga o contratante a cumprir a sua
obrigação, mesmo diante do descumprimento da do outro, para que possa questionar o
descumprimento e exigir perdase danos. Ou seja, trata-se de uma renúncia ao direito de
opor a exceção do contrato não cumprido. 
Para finalizar a parte teórica de hoje vamos abordar a TEORIA DA IMPREVISÃO
consagrada nos art. 478 a 480 do CC. 
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma
das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra,
em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir
a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da
citação. 
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar
eqüitativamente as condições do contrato. 
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá
ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a
fim de evitar a onerosidade excessiva. 
Tal teoria consiste no reconhecimento de que a ocorrência de um acontecimento novo e
imprevisível, com impacto na base econômica do contrato, justificaria a sua revisão ou
resolução. Entretanto, para que tal acontecimento influencie as bases do contrato, o
contrato deve ser de execução continuada ou de trato sucessivo, ou seja, de médio
ou longo prazo, uma vez que se mostraria inútil nos de consumação instantânea. 
Conclui-se que está implícito na teoria da imprevisão a cláusula REBUS SIC
STANTIBUS (“enquanto as coisas ficarem como estão”) que defende a permanência do
equilíbrio contratual durante todo o período em que for celebrado. 
Um exemplo seria o caso do empreiteiro com dificuldades de concluir a obra contratada,
em razão de uma alta exagerada e imprevisível do custo dos materiais. 
 
 
 
 
 
 
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Nos termos do art. 479 do CC, depreende-se o princípio da conservação do negócio
jurídico desde que se reestabeleça o equilíbrio contratual perdido com o acontecimento
extraordinário e imprevisível. 
Por fim temos a possibilidade de revisão do contrato no art. 480 do CC. 
Antes da nossa tradicional lista de exercícios da banca CESPE/UnB, temos duas
questões muito interessante:. 
8. (FGV - JUIZ SUBSTITUTO – TJ-MS – 2008) Celebrado contrato de promessa de
compra e venda de imóvel, e estando o devedor em dificuldades financeiras e
objetivando não mais prosseguir na respectiva execução, poderá no tocante à
avença postular: 
(A) rescisão. 
(B) resolução. 
(C) resilição. 
(D) revisão. 
(E) revogação. 
A questão apresenta nas suas alternativas conceitos que são bastante confusos e
discutidos na doutrina sobre a extinção ou alteração de contratos. 
Já estudamos no decorrer da aula a diferença entre a rescisão, a resolução e a
resilição. 
Sobre a questão, a jurisprudência do STJ considera ser possível a resilição
unilateral do compromisso de compra e venda por iniciativa do promitente comprador se
ele não reúne mais as condições econômicas de suportar o pagamento das prestações, o
que enseja retenções pelo promitente vendedor de parte das parcelas pagas para
compensá-lo pelos custos operacionais da contratação. 
Entretanto é interessante comentarmos o instituto abaixo: 
- revogação: consiste em uma modalidade de desfazimento de determinado negócio
jurídico, por iniciativa de uma das partes isoladamente. É o exemplo da resilição unilateral
aplicável a algumas modalidades contratuais, tal como o mandato e a doação. 
Gabarito: C 
9. (CESGRANRIO - ADVOGADO – Secretaria Municipal de Saúde – SEMSA –
Prefeitura de Manaus-AM – 2005) A extinção de um contrato de compra e venda que
tem por objeto bem móvel, celebrado por instrumento público: 
(A) se dá automaticamente, pois é nulo de pleno direito em função da forma de
celebração. 
(B) tem de ocorrer por distrato celebrado por instrumento público. 
(C) pode ser requerida por qualquer das partes, pois é anulável em função da forma
de celebração. 
(D) pode se dar por distrato celebrado por instrumento particular. 
 
 
 
 
 
 
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(E) só pode se dar por distrato celebrado por instrumento particular se houver a
concordância do comprador, pois, em caso contrário, será o distrato celebrado por
instrumento público. 
A questão tem como base legal os arts. 108 e 472 do CC. 
Art. 108 do CC - Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à
validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário
mínimo vigente no País. 
Art. 472 do CC - O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato. 
Os negócios jurídicos (art. 108 do CC) que envolvam bens imóveis cujo valor não
seja maior que 30 salários mínimos e bens móveis de qualquer valor, em regra, não
necessitam de escritura pública por serem não solenes. 
Dessa forma, nos termos do art. 472 do CC, para ocorrer a extinção de um
contrato de compra e venda de bem móvel também não será exigível a escritura pública,
bastando apenas o instrumento particular. Entretanto, nada impede que o distrato ocorra
através de escritura pública. 
Gabarito: D 
OUTRAS QUESTÕES COMENTADAS PARA FIXAR
10. (FGV/ISS-Angra dos Reis-RJ/Auditor-Fiscal/2010) Em relação aos contratos, é
correto afirmar que 
(A) há limitações legais ao princípio da liberdade de contratar em razão do princípio
da moralidade. Como exemplo, temos a nulidade da compra, por servidores
públicos, em geral, de bens e direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que
estejam sob sua administração direta ou indireta, mesmo que a alienação ocorra em
hasta pública. 
(B) nos casos de onerosidade excessiva superveniente, à parte prejudicada cabe a
possibilidade de resolver o contrato judicialmente, mas não de pleitear a sua
revisão. 
(C) na evicção, em contrato paritário, as partes podem acordar, expressamente, a
exclusão da responsabilidade pela evicção. A consequência desta cláusula é a
assunção integral do risco da evicção pelo evicto, que abre mão do direito de
receber o preço que pagou pela coisa evicta. 
(D) na ambiguidade ou contradição das cláusulas de contrato de adesão, a
interpretação adotada será favorável ao aderente, exceto se este apôs qualquer
cláusula no contrato em questão. 
(E) nos contratos de consumo, o produtor responde objetivamente pelos produtos
postos em circulação, mas o fornecedor de serviços responde sempre que
verificada a existência da sua culpa. 
 
 
 
 
 
 
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Análise das alternativas: 
(A) CERTA. A nulidade da compra referida na alternativa está prevista no art. 497, II do
CC. 
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta
pública: 
[...]. 
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que
servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta; 
A restrição legal imposta decorre de preceitos éticos nas relações jurídicas, por razões de
ofício ou de profissão e, ainda, em face do princípio constitucional da moralidade na
Administração Pública e, uma vez transgredidas, tomam o ato nulo pleno jure. 
(B) ERRADA. É possível também a revisão judicial do contrato para restabelecer o seu
equilíbrio, conforme preconiza o art. 479 do CC. 
(C) ERRADA. A característica principal da evicção é a sua ocorrência em contratos
onerosos e não em contratos paritários, conforme o art. 477 do CC. 
(D) ERRADA. Se o contrato é de adesão, não há como o aderente apor cláusulas, o que
acontece somente nos contratos paritários. 
(E) ERRADA. A alternativa trata da responsabilidade civil nas relações de consumo.
Estudamos o assunto na aula 3 (3ª parte) e percebemos que a responsabilidade tanto do
fornecedor como do produtor é do tipo objetiva (independe de culpa),entretanto, em se
tratando de profissionais liberais, vige a responsabilidade subjetiva (depende da
comprovação de culpa por parte do profissional). 
Gabarito: A 
11. (FGV/OAB/Exame da Ordem/2010.2) Durante dez anos, empregados de uma
fabricante de extrato de tomate distribuíram, gratuitamente, sementes de tomate
entre agricultores de uma certa região. A cada ano, os empregados da fabricante
procuravam os agricultores, na época da colheita, para adquirir a safra produzida.
No ano de 2009, a fabricante distribuiu as sementes, como sempre fazia, mas não
retornou para adquirir a safra. Procurada pelos agricultores, a fabricante recusou-
se a efetuar a compra. O tribunal competente entendeu que havia responsabilidade
pré-contratual da fabricante. A responsabilidade pré-contratual é aquela que: 
(A) deriva da violação à boa-fé objetiva na fase das negociações preliminares à
formação do contrato. 
(B) deriva da ruptura de um pré-contrato, também chamado contrato preliminar. 
(C) surgiu, como instituto jurídico, em momento histórico anterior à
responsabilidade contratual. 
(D) segue o destino da responsabilidade contratual, como o acessório segue o
principal. 
 
 
 
 
 
 
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A situação narrada no enunciado da questão está violando o princípio da boa-fé objetiva,
pois o fabricante vinha tendo um determinado comportamento e, sem nenhum aviso,
passou a ter um comportamento contraditório. 
Trata-se do já estudado brocado nemo potest venire contra factum proprium (proibição
ao comportamento contraditório). 
Gabarito: A 
12. (FGV/OAB/Exame da Ordem/2010.2) Por meio de uma promessa de compra e
venda, celebrada por instrumento particular registrada no cartório de Registro de
Imóveis e na qual não se pactuou arrependimento, Juvenal foi residir no imóvel
objeto do contrato e, quando quitou o pagamento, deparou-se com a recusa do
promitente-vendedor em outorgar-lhe a escritura definitiva do imóvel. 
Diante do impasse, Juvenal poderá 
(A) requerer ao juiz a adjudicação do imóvel, a despeito de a promessa de compra e
venda ter sido celebrada por instrumento particular. 
(B) usucapir o imóvel, já que não faria jus à adjudicação compulsória na hipótese. 
(C) desistir do negócio e pedir o dinheiro de volta. 
(D) exigir a substituição do imóvel prometido à venda por outro, muito embora
inexistisse previsão expressa a esse respeito no contrato preliminar. 
O assunto abordado nesta questão é contrato preliminar. Tal espécie de contrato, nos
termos do art. 462 do CC não exige a forma do contrato definitivo. Por isso, não há
problemas pelo fato da promessa de compra e venda ter sido celebrada através de um
instrumento particular e, pelo fato de haver provas da quitação do pagamento, Juvenal
poderá requerer ao juiz a adjudicação do imóvel. 
Gabarito: A 
 
 
 
 
 
 
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Lista dos exercícios apresentados no decorrer da aula
1. (FGV - FISCAL DE RENDAS – MS – 2006) É ato jurídico bilateral e sinalagmático: 
(A) doação. 
(B) promessa de recompensa. 
(C) permuta. 
(D) comodato. 
(E) depósito gratuito. 
2. (FGV - FISCAL DE RENDAS – RJ – 2008) Paulo emite proposta de venda de seu
carro a José. Pouco depois Paulo vem a falecer. Essa proposta: 
(A) é válida e eficaz. 
(B) é anulável e ineficaz. 
(C) perdeu validade com a morte do proponente. 
(D) perdeu eficácia com a morte do proponente. 
(E) torna-se inexistente, ante a morte do proponente.
3. (NCE – ADVOGADO – CIA DOCAS DE SANTANA – 2007) Para efeito de formação
dos contratos, pode-se afirmar que a proposta: 
(A) não gera qualquer obrigação ao proponente; 
(B) somente gera obrigações para o proponente se feita a pessoa ausente; 
(C) somente gera obrigações para o proponente se feita a pessoa presente; 
(D) obriga, via de regra, o proponente; 
(E) equivale às negociações preliminares ou tratativas. 
4. (FGV - AUDITOR – TCM-PA – 2008) Analise as afirmativas a seguir: 
I. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência o
princípio da boa-fé subjetiva. 
II. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência o
princípio da função social dos contratos. 
III. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência o
princípio da autonomia da vontade. 
IV. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essência o
princípio da boa-fé objetiva. 
Assinale: 
(A) se todas as afirmativas estiverem corretas. 
(B) se apenas uma afirmativa estiver correta. 
(C) se nenhuma afirmativa estiver correta. 
(D) se apenas duas afirmativas estiverem corretas. 
(E) se apenas três afirmativas estiverem corretas. 
5. (FGV - FISCAL DE RENDAS – RJ – 2009) A respeito dos contratos, analise as
afirmativas a seguir: 
I. No caso de redibição de contrato comutativo, sempre será devida reparação por
perdas e danos. 
II. A responsabilidade por evicção é cláusula essencial aos contratos onerosos e
não pode, portanto, ser excluída pelas partes, ainda que expressamente. 
 
 
 
 
 
 
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III. A aceitação de proposta de contrato fora do prazo ou com modificações
configura nova proposta. 
Assinale: 
(A) se somente a afirmativa II estiver correta. 
(B) se somente a afirmativa III estiver correta. 
(C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. 
(D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. 
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. 
6. (NCE – PROCURADOR – PREF. DE VARZEA PAULISTA – 2006) O contrato
bilateral requer que as duas prestações sejam cumpridas simultaneamente, de
forma que nenhum dos contratantes poderá, antes de cumprir sua obrigação, exigir
o implemento do outro, devido a: 
(A) Emptio spei; 
(B) Emptio rei speratae; 
(C) Obrigação propter rem; 
(D) Exceptio adimpleti contractus; 
(E) Exceptio non adimplenti contractus. 
7. (FGV - FISCAL DE RENDAS – RJ – 2008) Quanto ao contrato de execução
contínua, é correto afirmar que: 
(A) as prestações vencidas e não pagas produzem efeitos ex tunc. 
(B) a prescrição atinge por igual todas as parcelas do contrato. 
(C) não há liberação de uma das partes, se a outra não pode cumprir o contrato. 
(D) pode ser exigido o cumprimento das prestações de forma simultânea. 
(E) a nulidade do contrato de prestação contínua não afeta seus efeitos já
produzidos. 
8. (FGV - JUIZ SUBSTITUTO – TJ-MS – 2008) Celebrado contrato de promessa de
compra e venda de imóvel, e estando o devedor em dificuldades financeiras e
objetivando não mais prosseguir na respectiva execução, poderá no tocante à
avença postular: 
(A) rescisão. 
(B) resolução. 
(C) resilição. 
(D) revisão. 
(E) revogação. 
9. (CESGRANRIO - ADVOGADO – Secretaria Municipal de Saúde – SEMSA –
Prefeitura de Manaus-AM – 2005) A extinção de um contrato de compra e venda que
tem por objeto bem móvel, celebrado por instrumento público: 
(A) se dá automaticamente, pois é nulo de pleno direito em função da forma de
celebração. 
(B) tem de ocorrer por distrato celebrado por instrumento público. 
(C) pode ser requerida por qualquer das partes, pois é anulável em função da forma
de celebração. 
(D) pode se dar por distrato celebrado por instrumento particular. 
 
 
 
 
 
 
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PROF: DICLER FERREIRA 
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(E) só pode se dar por distrato celebrado por instrumento particular se houver a
concordância do comprador, pois, em caso contrário, será o distrato celebrado por
instrumento público. 
10. (FGV/ISS-Angra dos Reis-RJ/Auditor-Fiscal/2010) Em relação aos contratos, é
correto afirmar que 
(A) há limitações legais ao princípio da liberdade de contratar em razão do princípio
da moralidade. Como exemplo, temos

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