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Aula 07 - Parte 02

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CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL
TEORIA E EXERCÍCIOS 
PROF: DICLER FERREIRA 
1 
www.pontodosconcursos.com.br 
AULA 7 – DIREITO DAS SUCESSÕES – 2ª parte 
 
MENSAGEM INICIAL 
Queridos alunos, em decorrência da extensão do assunto Sucessões (cerca de 240
artigos), a aula de hoje será direcionada para concursos públicos. Dessa forma, farei
uma abordagem aprofundada quando o assunto for relevante, por outro lado, teremos
uma abordagem superficial quando o assunto não for usual em provas de concursos
públicos. 
A palavra sucessão significa um ato pelo qual uma pessoa assume o lugar de
outra, substituindo-a na titularidade de determinados bens e direitos. No Direito Civil, o
vocábulo sucessões é utilizado para designar a sucessão causa mortis, ou seja, a
transmissçai do patrimônio do de cujus a seus sucessores. 
Ressalta-se que o direito de herança é um direito e garantia fundamental, pois está
disciplinado no art. 5º, XXX da CF. 
Art. 5º, XXX da CF - é garantido o direito de herança; 
Dessa forma, podemos definir o direito das sucessões como o conjunto de
princípios jurídicos que disciplinam a transmissão do patrimônio de uma pessoa que
morreu aos seus sucessores. 
O Código Civil trata do assunto divindindo-o em quatro partes: 
1) Sucessão em geral; 
2) Sucessão legítima; 
3) Sucessão testamentária; e 
4) Inventário e partilha. 
1) SUCESSÃO EM GERAL 
1.1) ABERTURA DA SUCESSÃO 
A sucessão se abre no exato instante da morte do de cujus acarretando uma 
transmissão automática da herança aos herdeiros legítimos e testamentários, sem haver
descontinuidade. Ou seja, mesmo que o herdeiro não tenha conhecimento da morte do
hereditando, ocorre a sucessão. 
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros
legítimos e testamentários. 
 
 
 
 
 
 
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O art. 1.784 do CC acolheu o princípio da “saisine”, segundo o qual o próprio
defunto transmite ao sucessor o domínio e a posse da herança. Conclui-se então que o
herdeiro torna-se dono no exato momento da abertura da sucessão e não no momento
posterior da partilha. Ou seja, a morte, a abertura da sucessão e a transmissão da
herança aos herdeiros ocorrem num só momento. 
 
Essa regra acarreta algumas conseqüências importantes: 
a) a verificação da legitimação para suceder ocorre no momento da abertura da sucessão,
devendo ser regida pelas leis em vigor no momento da abertura (art. 1.787 do CC); 
Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da
abertura daquela. 
b) se o herdeiro falecer após a abertura da sucessão, mas antes de ocorrer a partilha,
haverá direito de transmissão, ou seja, o herdeiro que falecer receberá a herança e
depois a retransmitirá novamente; e 
c) o valor dos bens do de cujus a serem inventariados é o valor que eles tinham por
ocasião da morte do autor da herança, pois é neste momento que ocorre a transmissão. 
Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido. 
 O local da abertura da sucessão pode não ser o mesmo local onde ocorreu a
morte do de cujus, pois o local da abertura da sucessão é o lugar onde o falecido teve
seu último domicílio, ou seja, o local onde o autor da herança, pela última vez,
estabeleceu residência com ânimo definitivo. 
 
Art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade. 
O art. 1.786 do CC menciona as duas formas de sucessão existentes no
ordenamento jurídico brasileiro. 
• Sucessão Legítima Æ é a que decorre por força exclusiva da lei; 
• Sucessão Testamentária Æ é a que toma por base as disposições de última
vontade feitas em testamento ou em codicílio pelo autor da herança. 
PRINCÍPIO
DA SAISINE 
A abertura da sucessão ocorre no
exato momento da morte do de cujus. 
LOCAL DA
ABERTURA DA
SUCESSÃO 
Lugar onde o falecido teve o
seu último domicílio. 
 
 
 
 
 
 
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Estas são as duas formas de sucessão causa mortis causa reconhecidas pelo
direito brasileiro, entretanto, isso não significa que a sucessão seja sempre legítima ou
sempre seja testamentária. 
Em determinadas circunstâncias, a sucessão pode ser, ao mesmo tempo, legítima
e testamentária, como no caso de o testamento não compreender todos os bens do
testador (art. 1.788), e de o testador só dispor da metade da herança, por ter herdeiros
necessários (art. 1.789). A sucessão legítima regulará a situação dos bens que não foram
mencionados no testamento e resolverá sobre o que vai caber aos herdeiros necessários,
respectivamente. 
Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros
legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no
testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado
nulo. 
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da
herança. 
Em se tratando da sucessão testamentária, se houver herdeiros necessários, o
testamento só pode fazer referência, no máximo, à metade dos bens do autor da herança,
pois a outra metade caberá a eles. 
O esquema gráfico a seguir mostra o caminho a ser seguido na hipótese de
existirem ou não herdeiros necessários. 
 EXISTEM 
HERDEIROS 
NECESSÁRIOS?
 
 
 
 
SIM NÃO 
 
 
O testamento só pode dispor, no
máximo, de 50% do patrimônio
que compõe a herança, pois os
outros 50% a lei atribui aos
herdeiros necessários. 
Neste caso o testamento pode
dispor da totalidade do patrimônio
que compõe a herança; situação
em que teremos apenas a
sucessão testamentária. 
 
 
 
 
Quem são os herdeiros necessários? 
A resposta é dada pelo art. 1.845 do CC. 
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o
cônjuge. 
Através do art. 1.846 do CC percebe-se que os herdeiros necessários possuem
direito à, pelo menos, metade do patrimônio que compõe a herança; 
 
 
 
 
 
 
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Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens
da herança, constituindo a legítima 
1.2) DA HERANÇA E DE SUA ADMINISTRAÇÃO 
. O art. 1.791 do CC consagra o princípio da indivisibilidade da herança. 
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os
herdeiros. 
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e
posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao
condomínio. 
Conclui-se que, através da abertura da sucessão, a herança, por força da saisine,
transmite-se, imediatamente, aos herdeiros. Mesmo que haja mais de um herdeiro, a
herança permanece como um todo unitário, e, até a partilha, o direito dos co-herdeiros,
quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, regulando-se pelas normas
relativas ao condomínio. Ou seja, antes da partilha nenhum herdeiro tem direito exclusivo
sobre um bem certo e determinado que integra a herança. 
Qualquer dos co-herdeiros pode exercer os seus direitos compatibilizando-os com
a situação de indivisibilidade e exercer atos possessórios, desde que não excluam os
direitos dos outros compossuidores. 
Art. 2.023. Julgada a partilha, fica o direito de cada um dos herdeiros circunscrito aos
bens do seu quinhão. 
Essa situação de co-propriedade perdura até a partilha. A partir do momento em
que esta é julgada, cessa, em regra, a indivisão e o direito de cada um dos herdeiros fica
circunscrito aos bens de seu quinhão (vide art. 2.023 do CC). A não ser, é claro, que na
partilha se decida que algum bem ficará em condomínio entre os herdeiros, mantendo-se,
portanto, o estado de comunhão. 
Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superioresàs forças da herança;
incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse,
demostrando o valor dos bens herdados. 
O art. 1.792 do CC demonstra que é a herança que responde pelo pagamento das
dívidas do falecido (conforme o art. 1.997 do CC). Ou seja, o herdeiro só responde intra
vires hereditatis (dentro das forças da herança). Ocorre uma separação entre os
patrimônios do autor da herança e do herdeiro. 
Art. 1.997. A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a
partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança
lhe coube. 
 
 
 
 
 
 
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O art. 1.793 do CC trata da cessão de direitos hereditários que consiste na transferência
que o herdeiro, legítimo ou testamentário faz a outrem de todo o quinhão hereditário ou de parte
dele. 
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-
herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública. 
§ 1o Os direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de substituição ou de direito
de acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente. 
§ 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer
bem da herança considerado singularmente. 
§ 3o Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer
herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade. 
A cessão da herança só será válida após a abertura da sucessão, pois, se a
cessão ocorrer antes da abertura da sucessão, ocorreria uma afronta ao art. 426 do CC,
que proibe a herança de pessoa viva figurar como objeto de contrato. 
Pelo fato do direito à sucessão aberta ser considerado por lei um bem imóvel, a
cessão da herança deverá observar a forma de escritura pública, mesmo que a herança
contrenha apenas direitos pessoais e bens móveis. 
Por fim, cabe salientar que o cessionário assume os direitos hereditários nas
mesmas condições jurídicas do cedente, pois passa a ser titular do quinhão ou legado,
apesar de não receber a qualidade de herdeiro. 
Art. 1.794. O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha
à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto. 
Através do art. 1.794 do CC é regulado o direito de preferência do co-herdeiro
na cessão onerosa de herança a estranho. Ou seja, até a partilha, o direito dos co-
herdeiros é indivisível, regulando-se pelas normas relativas ao condomínio. O co-herdeiro
não pode ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se outro co-
herdeiro a quiser, tanto por tanto. 
Sabemos então que pelo mesmo preço, outro co-herdeiro tem preferência na
aquisição da quota hereditária. Entretanto, não há que se falar em direito de preferência
se o co-herdeiro cede a sua quota hereditária a outro co-herdeiro. 
Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá,
depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e
oitenta dias após a transmissão. 
Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles se
distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias. 
O art. 1.795 do CC regula o exercício do direito de preferência do co-herdeiro. 
Art. 1.796. No prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão, instaurar-se-á
inventário do patrimônio hereditário, perante o juízo competente no lugar da sucessão,
para fins de liquidação e, quando for o caso, de partilha da herança. 
 
 
 
 
 
 
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Estudaremos mais adiante que o inventário é o processo judicial tendente à
relação, descrição, avaliação e liquidação de todos os bens pertencentes ao de cujus ao
tempo de sua morte, para partilhá-los e distribuí-los entre os seus sucessores. 
O art. 1.796 do CC determina que esse processo deve ser instaurado no prazo de
trinta dias após a abertura da sucessão, no lugar onde o falecido teve o seu último
domicílio. Entretanto, nos termos dos arts. 983 do CPC, o prazo para ser requerido o
inventário é de 60 dias, a contar da morte do de cujus, concluindo-se dentro de 12
meses subseqüentes ao seu requerimento. 
Art. 983 do CPC. O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60
(sessenta) dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses
subseqüentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento de
parte. (Redação dada pela Lei nº 11.441, de 2007).
Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá,
sucessivamente: 
I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da
sucessão; 
II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de
um nessas condições, ao mais velho; 
III - ao testamenteiro; 
IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos
antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao
conhecimento do juiz. 
Finalizando as disposições sobre a administração da herança. O art. 1.797 do CC
estabelece uma ordem de preferência para ser escolhido um administrador provisório da
herança, ou seja, aquele que irá administrar o patrimônio do de cujus até ser prestado o
compromisso do inventariante. 
1.3) DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA 
Através dos arts. 1.798 a 1.803 o Código Civil cuida da legitimidade necessária 
para que se possa invocar a titularidade da herança. 
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no
momento da abertura da sucessão. 
O art. 1.798 do CC trata da legitimação para suceder, ou seja, trata da qualidade
necessária para que alguém possa invocar a sua vocação hereditária ou o seu direito de
herdar por testamento. 
Percebemos que mesmo não tendo nascido no momento da abertura da
sucessão, o nascituro, por já ter sido concebido, poderá participar da sucessão,
desde que nasça com vida. 
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: 
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que 
vivas estas ao abrir-se a sucessão; 
 
 
 
 
 
 
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II - as pessoas jurídicas; 
III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma
de fundação. 
O art. 1.799 do CC trata da capacidade testamentária passiva. 
Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão
confiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz. 
§ 1o Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa cujo filho
o testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 
1.775. 
§ 2o Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, regem-se
pelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que couber. 
§ 3o Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com os
frutos e rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador. 
§ 4o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o
herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador,
caberão aos herdeiros legítimos. 
Ainda tratando da capacidade testamentária passiva, o art. 1.800 do CC
estabelece regras sobre a prole eventual de pessoa designada pelo testador. 
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: 
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, 
ou os seus ascendentes e irmãos; 
II - as testemunhas do testamento; 
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de
fato do cônjugehá mais de cinco anos; 
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer,
assim como o que fizer ou aprovar o testamento. 
O art. 1.801 do CC trata da incapacidade testamentária passiva relativa ao
estabelecer a impossibilidade de recebimento por via de testamento para determinadas
pessoas. 
Apontam-se, aqui, casos em que o testador não pode dispor em favor de
determinadas pessoas, em atenção à situação especial em que se encontram,
possibilitando influências, captação dolosa, sugestões, comprometendo a autonomia da
vontade do testador, tomando a disposição suspeita ou duvidosa. 
Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não
legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou
feitas mediante interposta pessoa. 
Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes,
os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder. 
 
 
 
 
 
 
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As cláusulas do testamento que beneficiem pessoas sem legitimidade para
suceder (art. 1.798 do CC) ou sem capacidade testamentária (art. 1.801 do CC) são
nulas. Ressalta-se que apenas a cláusula será nula e não todo o testamento. 
Art. 1.803. É lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o for do testador. 
A disposição testamentária em favor do filho da concubina, que não é filho do
testador casado, considera-se feita, de forma indireta, à própria concubina. Tal fato
infringe o art. 1.802, § único do CC. Por via do filho, pressupõe-se que o testador casado
quer beneficiar, realmente, a concubina. 
Entretanto, o filho da concubina pode ser filho, também, do testador. Se isso
acontecer, não há mais base ou motivo jurídico ou moral para a proibição. 
1.4) DA ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA 
 A aceitação da herança é o ato pelo qual o herdeiro concorda na transmissão dos
bens do de cujus, ocorrida por lei com a abertura da sucessão, confirmando-a. Vide art. 
1.804 do CC: 
Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde
a abertura da sucessão. 
Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia
à herança. 
Pode ser de três tipos: 
- expressa: quando ocorre por declaração escrita; 
- tácita: quando resulta de uma conduta própria do herdeiro; e 
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita;
quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. 
§ 1o Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado,
os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória. 
§ 2o Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança,
aos demais co-herdeiros. 
- presumida: quando o herdeiro permanece em silêncio após ser notificado, nos termos
do art. 1.807 do CC. 
Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança,
poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior
de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança
por aceita. 
A renúncia da herança é um ato jurídico unilateral em que o herdeiro declara
expressamente (não há renúncia tácita) que não quer a herança a que tem direito,
despojando-se de sua titularidade. Tal ato jurídico, nos termos do art. 1.806 do CC,
depende de forma especial (instrumento público ou termo judicial). 
Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento
público ou termo judicial. 
 
 
 
 
 
 
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Através do art. 1.808 do CC verificamos duas características importantes a
respeito da aceitação/renúncia da herança: 
I. Impossibilidade de aceitação ou repúdio parcial da herança; e 
II. Inadmissibilidade de aceitação ou renúncia sob condição ou termo. 
Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a
termo. 
§ 1o O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança;
ou, aceitando-a, repudiá-los. 
§ 2o O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário,
sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que
aceita e aos que renuncia. 
O art. 1.809 do CC trata da aceitação da herança pelos sucessores do herdeiro no
caso do herdeiro falecer antes de declarar se a aceita ou não. 
Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de
aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma
condição suspensiva, ainda não verificada. 
Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação,
desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a
primeira. 
A parte do quinhão hereditário daquele que repudiar (não aceitar) a herança será,
segundo o art. 1.810 do CC, transmitida aos demais herdeiros. Se o de cujus tinha quatro
filhos e um deles renuncia à herança, a quota do renunciante vai para os outros três
filhos. 
Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros
herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da
subseqüente. 
Se o herdeiro renuncia à herança, ninguém pode suceder no lugar dele, pelo
direito de representação que será estudado nos arts. 1.851 a 1856 do CC. Se o de cujus
tinha quatro filhos e um deles renuncia à herança, a quota do renunciante não pode
passar para os netos do de cujus. 
Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém,
ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe
renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por
cabeça. 
O art. 1.812 do CC prescreve o princípio da irrevogabilidade, tanto da aceitação
quanto da renuncia da herança. 
Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança. 
É possível, através do art. 1.813 do CC, que ocorra a aceitação da herança pelos
credores do herdeiro se este os prejudicar com a sua renúncia. 
Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança,
poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante. 
 
 
 
 
 
 
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§ 1o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao
conhecimento do fato. 
§ 2o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente,
que será devolvido aos demais herdeiros. 
1.5) DOS EXCLUIDOS DA SUCESSÃO 
Este tema da aula trata da indignidade, ou seja, uma pena civil que priva do
direito de herança não só o herdeiro, bem como o legatário que cometeu atos criminosos,
ofensivos ou reprováveis, taxativamente enumerados em lei, contra a vida, honra e
liberdade do de cujus. 
O assunto é abordado nos arts. 1.814 a 1.817 do CC: 
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: 
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou
tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge,
companheiro, ascendente ou descendente; 
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem
em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; 
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança
de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. 
Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de
indignidade, será declarada por sentença. 
Parágrafo único. O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-
se em quatro anos, contados da abertura dasucessão. 
Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro
excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da
sucessão. 
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à
administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à
sucessão eventual desses bens. 
Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de
boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da
sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de
demandar-lhe perdas e danos. 
Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos
que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das
despesas com a conservação deles. 
Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será
admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento,
ou em outro ato autêntico. 
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em
testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da
indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária. 
 
 
 
 
 
 
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1.6) DA HERANÇA JACENTE 
Diz-se jacente a herança quando o seu autor falece sem deixar testamento e
nem herdeiro legitimo notoriamente conhecido, conforme o art. 1.819 do CC. 
Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo
notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob
a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente
habilitado ou à declaração de sua vacância. 
Por força do princípio da saisine, desde a morte do transmitente, a herança
se transmite aos herdeiros legítimos e testamentários. Se, todavia, o de cujus não
deixou testamento e não há herdeiro legítimo notoriamente conhecido, instala-se uma
situação de crise que gera dúvidas e insegurança. Pelo fato dos bens da herança não
terem titular conhecido e atual, a lei intervém para que não haja usurpação de bens,
para que o patrimônio não se deteriore, não se perca, conservando-o, até o momento
de ser entregue, depois, a quem de direito, que, inclusive, pode ser o Estado, se a
herança for declarada vacante. 
Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão
expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira
publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança
declarada vacante. 
A arrecadação dos bens da herança e o inventário destes obedecerão ao
disposto no Código de Processo Civil, arts. 1.145 e seguintes. Em seguida, serão
expedidos editais, na forma da lei processual, tomando pública a arrecadação dos
bens e convocando os sucessores do finado para que venham a habilitar-se. 
Art. 1.821. É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas
reconhecidas, nos limites das forças da herança. 
Pelo art. 1.821 do CC, fica estabelecido o direito dos credores do de cujus também
se habilitarem no inventário ou promoverem ação ordinária de cobrança, pois a herança
responde pelas dívidas do falecido. 
Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que
legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os
bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se
localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União
quando situados em território federal. 
Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais
ficarão excluídos da sucessão. 
A sentença declaratória de vacância produzirá os seguintes efeitos: 
a) Devolução da herança à União, se os bens estiverem localizados em território
federal; ou aos Municípios/DF, se estiverem situados nas respectivas
circunscrições, conferindo a eles uma propriedade resolúvel; 
 
 
 
 
 
 
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b) Possibilidade de os herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge)
reclamarem os bens vagos, habilitando-se, legalmente, durante o prazo de cinco
anos da abertura da sucessão; após esse prazo o patrimônio irá se incorporar
definitivamente ao patrimônio público e nenhum herdeiro poderá mais reclamá-lo; 
c) Os herdeiros colaterais ficam excluídos da sucessão legítima até a declaração de
vacância, se não providenciarem a sua habilitação, passando a serem tidos como
renunciantes. 
Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta
desde logo declarada vacante. 
Por fim, o art. 1.823 do CC prevê a possibilidade de declaração imediata de
vacância da herança, ou seja, a herança não passa pela fase da jacência, que é
preliminar à declaração de vacância. 
Sobre as heranças jacente e vacante, temos, em regra, o seguinte: 
1.7) DA PETIÇÃO DA HERANÇA 
A ação de petição de herança (petitio hereditatis) é a que utiliza o herdeiro para
que se reconheça e tome efetiva esta sua qualidade, e, conseqüentemente, lhe sejam
restituídos, total ou parcialmente, os bens da herança, com os frutos, rendimentos e
acessórios. Nesta ação, o réu é a pessoa que não tem título legítimo de herdeiro e, não
obstante, possui bens da herança, total ou parcialmente. Tal ação pode ser utilizada, por
exemplo, quando a herança é recolhida por parentes mais afastados do falecido, e o
interessado é parente mais próximo, que se acha em classe preferencial; quando a
herança é distribuída entre os herdeiros legítimos, e aparece testamento do de cujus em
que outra pessoa é nomeada herdeira; quando o filho não reconhecido do de cujus
ingressa com ação investigatória, cumulada com a de petição de herança, etc. 
Os arts. 1.824 a 1.828 do CC tratam do assunto: 
Art. 1.824. O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o
reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de
parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua. 
Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos
herdeiros, poderá compreender todos os bens hereditários. 
HERANÇA 
JACENTE 
HERANÇA
VACANTE 
Não apareceram
herdeiros após serem
feitas as diligências. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 1.826. O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do acervo,
fixando-se-lhe a responsabilidade segundo a sua posse, observado o disposto nos
arts. 1.214 a 1.222. 
Parágrafo único. A partir da citação, a responsabilidade do possuidor se há de aferir
pelas regras concernentes à posse de má-fé e à mora. 
Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de
terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos
bens alienados. 
Parágrafo único. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro
aparente a terceiro de boa-fé. 
Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está
obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito
de proceder contra quem o recebeu. 
2) SUCESSÃO LEGÍTIMA. 
Já estudamos que a sucessão é aquela que decorre da lei. Ocorre tal tipo de
sucessão em caso de inexistência ou invalidade do testamento e, também, em relação
aos bens nele não compreendidos. 
2.1) A ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA 
O chamamento dos sucessores é feito de acordo com uma seqüência denominada
ordem de vocação hereditária. Trata-se de uma relação preferencial pela qual a lei chama
determinadas pessoas à sucessão hereditária. 
O chamamento é feito por classes, sendo que a mais próxima excluia mais
remota, vide art. 1.829 do CC: 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado
este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória
de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor
da herança não houver deixado bens particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais. 
 
 
 
 
 
 
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Observando-se em detalhe o art. 1.829 do CC, percebemos que se deve observar
o regime de casamento para saber se o cônjuge sobrevivente concorre com os
descendentes do falecido na sucessão. 
Para clarear o assunto, segue uma tabela: 
HIPÓTESES EM QUE O CÔNJUGE NÃO CONCORRE NA HERANÇA 
1. comunhão universal de bens; 
Neste caso, o cônjuge já terá direito à meação (50% dos bens comuns do
casal) e, por essa razão, não concorre com os demais herdeiros. 
2. separação obrigatória de bens; e 
Neste caso o cônjuge não tem direito a nada, mas essa posição é
discutida na doutrina. 
3. comunhão parcial, se não houver bens particulares do falecido. 
Se não existirem bens particulares do falecido, então é porque existem,
apenas, bens comuns, onde os cônjuges eram co-proprietários. Desta
forma, falecendo um deles, o outro continua exercendo a propriedade. 
1º) A sucessão do descendente 
Excetuando o direito de representação, os descendentes mais próximos excluem
os mais remotos, dessa forma, o filho (descendente em 1º grau) exclui o neto
(descendente em 2º grau). 
Os arts. 1.833 a 1.835 do CC tratam do assunto: 
Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais
remotos, salvo o direito de representação. 
Art. 1.834. Os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos à sucessão de
seus ascendentes. 
Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros
descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau. 
Percebe-se que a sucessão do descendente pode ocorrer de duas formas: 
a) Por cabeça: quando os descendentes estiverem no mesmo grau; e 
b) Por estirpe: quando os descendentes estiverem em graus diferentes.
Veja os exemplos gráficos na página seguinte: 
 
 
 
 
 
 
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Pai 
(falecido) 
FILHO 1 FILHO 2 FILHO 3 FILHO 4 
Os 4 filhos irão herdar por cabeça. 
 
PAI 
(falecido) 
 
 
 
 
FILHO 1 FILHO 2 FILHO 3 FILHO 4 
(já falecido)
 
 
 
 
 
 
NETO 1 NETO 2 
 
 
 Os filhos 1, 2 e 3 irão herdar por cabeça e os netos irão herdar por
estirpe (representação). 
 
 
 
2º) A sucessão do ascendente 
Cabe ressaltar que na linha ascendente nunca haverá o direito de representação.
Neste caso a sucessão será feita por linha: 
a) Materna: ascendentes da mãe que dividirão 50 % dos bens deixados pelo
falecido; e 
b) Paterna: ascendentes do pai que dividirão 50 % dos bens deixados pelo falecido. 
 
 
 
 
 
 
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 AVÔ 
50% 
 AVÓ 
50% 
 
 
 
 
 MÃE 
(já falecida) 
PAI 
(já falecido) 
 
 
 
 
 MORTO 
 
No caso cada um dos avós ficará com 50% da
herança. 
 AVÔ 
 
 
 MÃE 
(já falecida) 
 PAI 
 
 
 MORTO 
 
No caso o pai ficará com 100% da herança, pois ele
é ascendente mais próximo que o avô. 
3º) A sucessão do cônjuge 
 Aqui existem três possibilidade: 
a) Não existirem descendentes e ascendentes e, com isso, o cônjuge receber toda a
herança; 
b) O cônjuge concorrer com descendentes; e 
c) O cônjuge concorrer com ascendentes, se não houver descendentes. 
Não existindo descendentes ou ascendentes do de cujus, o cônjuge receberá
toda a herança, nos termos do art. 1.838 do CC. 
Art. 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por
inteiro ao cônjuge sobrevivente. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao
tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de
fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se
tornara impossível sem culpa do sobrevivente. 
Entretanto, segundo o art. 1.830 do CC, o cônjuge será excluído da sucessão em
duas hipóteses: 
a) Se estiver separado judicialmente; e 
b) Se estiver separado de fato do falecido há mais de dois anos, desde que tenha
sido culpado pela separação. 
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será
assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de
habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o
único daquela natureza a inventariar. 
Segundo o art. 1.831 do CC, está assegurado ao cônjuge o direito real de
habitação. 
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao
cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota
ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que
concorrer. 
Por outro lado, quando houver a concorrência do cônjuge com descendentes
(em primeiro lugar) ou ascendentes (em segundo lugar), temos o seguinte: 
a) Descendente concorrendo com o cônjuge: 
Reforçando a tabela feita por ocasião do art. 1.829, I do CC, temos que a
concorrência do cônjuge com descendente depende do tipo de regime de bens do
casamento. A tabela a seguir vai sanar qualquer dúvida ainda existente: 
HIPÓTESES DE NÃO CONCORRÊNCIA HIPÓTESES DE CONCORRÊNCIA 
Comunhão universal de bens Participação final nos aquestos 
Separação obrigatória de bens Separação convencional de bens 
Comunhão parcial de bens se não houver
bens particulares 
Comunhão parcial de bens se houver
bens particulares 
 
Segundo o art. 1.832 do CC, cabe ao cônjuge cota igual a dos descendentes que
sucederem por cabeça. Dessa forma, graficamente temos o seguinte: 
 
 
 
 
 
 
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 25% MARIA JOSÉ (de cujus) 
 
 
 
 
 25% FILHO 1 25% FILHO 2 25% FILHO 3 
 
Entretanto, ainda no art. 1.832 do CC, percebe-se que existe uma reserva legal
para o cônjuge, ou seja, ele não pode receber menos de 25% do valor da herança.
Vejamos um outro gráfico demonstrando a reserva legal do cônjuge: 
 25% MARIA JOSÉ(de cujus) 
 
 
 
 
18,75% FILHO 1 18,75% FILHO 2 18,75% FILHO 3 18,75% FILHO 4 
b) Ascendente concorrendo com o cônjuge 
Os ascendentes concorrem com o cônjuge sobrevivente, como já anunciara o
art. 1.829, II do CC, e essa concorrência não sofre as limitações, quanto ao regime de
bens do casamento, constantes no art. 1.829, I do CC, que só se aplicam no caso de
a concorrência ser entre descendentes e cônjuge sobrevivente. Vide art. 1.836 do CC: 
Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em
concorrência com o cônjuge sobrevivente. 
§ 1o Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo excluio mais remoto, sem
distinção de linhas. 
§ 2o Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha
paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna. 
Quando o cônjuge concorrer com ascendentes, a quota hereditária do cônjuge
variará, conforme as hipóteses mencionadas no art. 1.837 do CC. 
Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um
terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se
maior for aquele grau. 
Vejamos as possibilidades que podem ser inferidas do art. 1.837 do CC: 
 
 
 
 
 
 
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1a possibilidade: cônjuge concorrendo com um ascendente em 1o grau. 
 
 MÃE
1/2 
 PAI 
(falecido) 
 
 
 
 
 ESPOSA 
1/2 
 MARIDO 
(morreu) 
 
 
 
 
2a possibilidade: cônjuge concorrendo com dois ascendentes em 1o grau. 
 
 MÃE
1/3 
 PAI 
1/3 
 
 
 
 
 ESPOSA 
1/3 
 MARIDO
(morreu) 
 
 
 
 
3a possibilidade: cônjuge concorrendo com dois ascendentes em 2o grau. 
 
 AVÔ 
1/4 
 AVÓ 
1/4 
 
 
 
 
 MÃE 
(já falecida) 
 PAI 
(já falecido) 
 
 
 
 
 ESPOSA 
1/2 
 MARIDO 
(morreu) 
 
 
 
4º) A sucessão dos colaterais 
Na falta de herdeiros necessários, serão chamados a suceder os herdeiros facultativos
(parentes em linha colateral até o 4º grau). Os parentes de 2º grau são os irmãos, os de 3º grau
são os tios e sobrinhos, os de 4º grau são os primos, os tios-avós e os sobrinhos-netos,
atendendo-se ao princípio de que os mais próximos excluem os mais remotos. Vide arts. 1.839 e 
1.840 do CC. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 
1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau. 
Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos,
salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos. 
Sobre a sucessão entre irmãos unilaterais (um dos pais apenas em comum) com
irmãos bilaterais, vejamos o art. 1.841: 
Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos
unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar. 
Neste dispositivo legal o legislador buscou tratar com igualdade os iguais e com
desigualdade os desiguais. Graficamente temos o seguinte: 
 PAI 
(já falecido) 
 MÃE 
(já falecida) 
 2º MARIDO
DA MÃE 
 
 
 
 
 IRMÃO 1 
(morreu) 
 IRMÃO 
BILATERAL 
 IRMÃO 
UNILATERAL 
 
 
 2/3 da herança 1/3 da herança 
Conclui-se que o irmão bilateral irá herdar o dobro do que herdar o irmão unilateral 
Art. 1.842. Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão, em partes iguais, os
unilaterais. 
Por outro lado, se houverem apenas irmãos unilaterais concorrendo à herança,
todos herdarão em partes iguais. 
Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios. 
§ 1o Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos, herdarão por
cabeça. 
§ 2o Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um
destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles. 
§ 3o Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais,
herdarão por igual. 
Já estudamos que os sobrinhos são parentes em 3º grau, desta forma, na falta de
herdeiros necessários e de irmãos, os sobrinhos serão chamados à sucessão do de
cujus, e, na falta destes, os tios. Embora os tios também sejam parentes em 3º grau, a lei
dá preferência aos sobrinhos. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum
sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao
Distrito Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando
situada em território federal. 
Não havendo herdeiros necessários ou facultativos, não pode a herança ficar sem
dono e se tornar uma res nullius, desta forma, o Poder Público será chamado, em último
lugar à sucessão do de cujus. 
2.2) A SUCESSÃO NA VIGÊNCIA DA UNIÃO ESTÁVEL 
 
As famílias constituídas pelo afeto, pela convivência, são merecedoras do
mesmo respeito e tratamento dados as famílias originárias do matrimônio. A
discriminação entre elas ofende, inclusive, fundamentos constitucionais. 
O art. 1.790 do CC trata da sucessão na vigência da união estável. 
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto
aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições
seguintes: 
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei
for atribuída ao filho; 
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do
que couber a cada um daqueles; 
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. 
2.3) OS HERDEIROS NECESSÁRIOS 
O herdeiro necessário é o ascendente, o descendente e o cônjuge do de cujus
(desde que preenchidas certas condições), sendo que a eles é pertencente a legítima
(porção de bens que o testador não pode dispor por estar reservada aos herdeiros
necessários). 
 Os parentes em linha colateral até o 4º grau são chamados de herdeiros
facultativos. 
O herdeiro necessário só poderá ser afastado da sucessão por indignidade ou por
deserdação. 
Os arts. 1.845 a 1.850 tratam do assunto. 
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o
cônjuge. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens
da herança, constituindo a legítima. 
Art. 1.847. Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da
sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em seguida,
o valor dos bens sujeitos a colação. 
Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador
estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade,
sobre os bens da legítima. 
§ 1o Não é permitido ao testador estabelecer a conversão dos bens da legítima em
outros de espécie diversa. 
§ 2o Mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os
bens gravados, convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados
nos ônus dos primeiros. 
Art. 1.849. O herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte disponível, ou
algum legado, não perderá o direito à legítima. 
Art. 1.850. Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta que o testador
disponha de seu patrimônio sem os contemplar. 
2.4) O DIREITO DE REPRESENTAÇÃO 
Ocorre o direito de representação quando a lei chama alguém a suceder em lugar
de parente mais próximo(já falecido) do autor da herança, vide art. 1.851 do CC. 
Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do
falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse. 
Pode-se dizer que os representantes não herdam por direito próprio, pois os bens
do acervo hereditário se transmitem por estirpe. 
Trata-se de uma relativização da regra de que o grau mais próximo exclui o mais
remoto. São requisitos para ocorrer o direito de representação: 
a) Que o representado tenha falecido antes do representante, salvo as hipóteses de
ausência (desaparecimento do domicílio sem notícias do paradeiro), indignidade e
deserdação (arts. 1.814 e 1.816 do CC); 
b) Que o representante seja descendente do representado; 
c) Que o representante tenha legitimação para herdar do representado, no momento 
da abertura da sucessão; 
 
 
 
 
 
 
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d) Que não haja descontinuidade no encadeamento dos graus entre representante e
representante e representado, como exemplo, não pode o neto ter preferência
sobre o pai, se este estiver vivo, a fim de representá-lo na herança do avô; e 
e) Que reste, no mínimo, um filho do de cujus ou, na linha colateral, um irmão do 
falecido. 
Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na
ascendente. 
Para haver representação será preciso que o representante descenda do
representado. Não haverá representação na linha ascendente; dessa forma, se o de cujus
morre sem deixar cônjuge sobrevivente e sem descendência, sua herança irá para os
ascendentes, mas não por representação. 
O gráfico na pagina a seguir ilustra a representação na linha descendente: 
Imagine que João, pai de Mário e Zeca (falecido antes de João). Zeca, por sua
vez, deixou dois filhos que ainda estão vivos. O diagrama representa a situação: 
 JOÃO 
 
 
 50% MARIO ZECA (já falecido) 
 
DIREITO DE
REPRESENTAÇÃO
EM LINHA RETA 
DESCENDENTE 
 
 
 25% FILHO 1 25% FILHO 2 
Ou seja, em princípio, caso Zeca fosse vivo, João deixaria metade da sua herança
para Mario e a outra metade para Zeca. Entretanto, como Zeca faleceu antes do pai, os
seus filhos possuem o direito de representá-lo na herança (direito de representação em
linha reta). Assim, a metade que caberia a Zeca é dividida pelos seus filhos, ficando com
25% do total cada um. 
Temos também o direito de representação em linha transversal, conforme
preconiza o art. 1.853 do CC: 
Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor
dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem. 
Segue diagrama para visualizar a aplicação do art. 1853 do CC: 
 
 
 
 
 
 
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PAIS 
(já falecidos) 
 
 
 
 
IRMÃO 1 
(morreu) 
 IRMÃO 2
1/3 
sucessão 
por cabeça
IRMÃO 3
1/3
sucessão 
por cabeça 
IRMÃO 4 
(já falecido)
 
 
 DIREITO DE 
REPRESENTAÇÃO 
EM LINHA
TRANSVERSAL 
OU COLATERAL 
 
 FILHO 1
1/6
sucessão 
por estirpe 
 FILHO 2
1/6 
sucessão
por estirpe 
 
 
Imagine que na situação representada o irmão 1 faleça sem ter herdeiros
descendentes (não possui filhos, netos, ...) ou ascendentes (já faleceram seus pais, avós,
...). Dessa forma, observando a ordem de vocação hereditária apresentada sua herança
será dividida pelos irmãos, entretanto, o irmão 4, pai de dois filhos, faleceu antes dele. 
Diante do contexto apresentado, caberá 1/3 da herança para cada um dos irmãos
e, os seus sobrinhos, dividirão a parte que caberia ao seu pai, ou seja, cada um ficará
com 1/6 da herança. 
Art. 1.854. Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o
representado, se vivo fosse. 
Estabelecido o direito de representação, a estirpe vai suceder aquilo que o parente
pré-morto sucederia se estivesse vivo. Ou seja, tem o representante os mesmos direitos
(e deveres), nem mais, nem menos, do que teria o representado. 
Art. 1.855. O quinhão do representado partir-se-á por igual entre os representantes. 
Os representantes herdam o quinhão que seria do representado e esse quinhão
será repartido entre eles, igualmente. 
Art. 1.856. O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão
de outra. 
O fato de alguém ter renunciado à herança de uma pessoa não inibe o
renunciante de representar o falecido na sucessão de outra pessoa. Dessa forma, o
que renunciou à herança do pai, morrendo, depois, o avô, está autorizado a
representar o pai, pré-defunto, na sucessão do avô. 
 
 
 
 
 
 
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3) SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA 
A sucessão testamentária é aquela pela qual uma pessoa, ainda em vida, dispõe
de seus bens, no todo ou em parte, para que tal manifestação de última vontade produza
efeitos para depois de sua morte. 
O documento desse negócio jurídico unilateral é o testamento que, embora seja
produzido ainda em vida pelo testador, terá os efeitos patrimoniais e reais apenas depois
da morte do autor. 
3.1) CAPACIDADE PARA TESTAR 
A capacidade testamentária ativa é o conjunto de condições necessárias para que
alguém possa, juridicamente, dispor de seu patrimônio por meio de testamento. Para que
o testador possa testar, será preciso discernimento e compreensão do que representa o
ato e manifestação exata do que pretende. 
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não
tiverem pleno discernimento. 
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos. 
Através do art. 1.860 do CC, percebe-se que a idade mínima para testar é 16
anos; ou seja, os relativamente incapazes por motivos de idade podem fazer um
testamento. Entretanto, as outras causas de incapacidade impedem a capacidade
testamentária ativa, tais como: 
a) Menores de 16 anos; e 
b) Desprovidos de discernimento por estarem impossibilitados de emitir a vontade de
forma livre (ex: hipnotismo, arteriosclerose, sonambulismo, embriaguez completa,
etc.). 
Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem
o testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade. 
Segundo o art. 1.861 do CC, a capacidade ou a incapacidade do testador deve ser
verificada na data em que foi outorgado o testamento, aplicando-se a regra tempus regit
actum. Se era capaz o testador no momento em que testou, se estava são de espírito,
apresentando o discernimento necessário para saber e compreender o que fazia, o
testamento não ficará prejudicado na sua validade se, depois, o testador vier a sofrer de
uma doença mental, perdendo completamente a razão. 
 
 
 
 
 
 
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3.2) TESTAMENTO 
Na sucessão testamentária o falecido expressa a sua vontade através de um
testamento ou codicílio. Dessa forma, nos arts. 1.862 e 1.886 do CC, o legislador
enumerou as espécies de testamentos existentes: 
Art. 1.862 do CC - São testamentos ordinários:
I - o público; 
II - o cerrado; 
III - o particular. 
Art. 1.886 do CC - São testamentos especiais:
I - o marítimo; 
II - o aeronáutico; 
III - o militar. 
Segue esquema gráfico: 
TESTAMENTO 
 
- ORDINÁRIO 
- público 
- cerrado ou secreto 
- particular ou hológrafo 
 
- ESPECIAL 
- marítimo 
- aeronáutico
- militar 
As hipóteses de testamentos mencionadas no Código Civil estão no gráfico acima.
Entretanto, no art. 1.863 do CC, temos uma hipótese de testamentoproibido. 
Art. 1.863 do CC - É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco
ou correspectivo. 
O testamento conjuntivo ou de mão comum é aquele feito por mais de uma pessoa
no mesmo instrumento. A proibição deste tipo de testamento se relaciona com o fato do
legislador entender que o testamento é um ato personalíssimo e que não pode ser feito
por duas pessoas. Nestes termos, temos as seguintes situações de testamento
conjuntivo: 
- testamento simultâneo: A e B nomeiam, no mesmo testamento, C como
herdeiro; 
 
 
 
 
 
 
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- testamento recíproco: A nomeia B como herdeiro e B nomeia A como herdeiro,
no mesmo testamento; e 
- testamento correspectivo: A deixa sua casa para B e B deixa sua casa para A
em um mesmo instrumento. 
O que é proibido é a possibilidade de um mesmo testamento conter dois atos
personalíssimos. Utilizando o testamento correspectivo como exemplo, nada impede que
A deixe sua casa para B e vice-versa, desde que as disposições sejam em documentos
diferentes. 
Art. 1.887. Não se admitem outros testamentos especiais além dos contemplados
neste Código. 
Não há outros testamentos especiais, além dos contemplados no Código Civil.
Aliás, não há, também, outros testamentos ordinários. Só é testamento, só pode valer e
ter eficácia como testamento, o que a lei diz que testamento e na forma e com as
solenidades rigorosamente prescritas. 
Nos arts. 1.857 a 1.859 do CC, o legislador apontou algumas características gerais
para os testamentos: 
Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus
bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. 
§ 1o A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento. 
§ 2o São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que
o testador somente a elas se tenha limitado. 
O art. 1.857 do CC indica algumas características interessantes sobre o
testamento, vejamos: 
- qualquer pessoa com discernimento e com mais de 16 anos pode testar; 
- a metade pertencente aos herdeiros necessários, se houver (legítima), não pode ser
incluída no testamento; e 
- o testamento também pode conter matéria extrapatrimonial, tal como reconhecimento de
filho, nomeação de tutor para filho menor, disposição do próprio corpo para fins
altruísticos e de pesquisa, etc. 
Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer
tempo. 
O testamento é um negócio jurídico personalíssimo (apenas pode ser realizado
pelo testador), unilateral (representa a manifestação de vontade de uma pessoa),
formal ou solene (depende de forma) e revogável (pode ser mudado a qualquer
tempo). 
Art. 1.859. Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento,
contado o prazo da data do seu registro. 
 
 
 
 
 
 
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Não se pode questionar a validade do testamento em vida do testador. O
testamento é negócio jurídico mortis causa. Somente com a abertura da sucessão é que a
alegação da invalidade do testamento pode ser apresentada. Este artigo estabelece prazo
de caducidade, portanto, prazo de decadência, para que seja impugnada a validade do
testamento. 
3.3) TESTAMENTOS ORDINÁRIOS 
O testamento será ordinário quando puder ser adotado por qualquer pessoa capaz
e em qualquer condição. 
a) Testamento Público 
O testamento público é o lavrado pelo tabelião ou por seu substituto legal em livro
de notas, de acordo com a declaração de vontade do testador, exarada verbalmente,
perante o mesmo oficial e na presença de duas testemunhas idôneas ou desimpedidas.
Pode ser escrito manual ou mecanicamente ou ser feito pela inserção da declaração de
vontade em partes impressas de livro de notas, cujos espaços em branco vão sendo
contemplados pelo tabelião, conforme as declarações feitas pelo testador, desde que
todas as páginas sejam rubricadas pelo testador. 
Os arts. 1.864 a 1.867 do CC tratam do assunto. 
Art. 1.864. São requisitos essenciais do testamento público: 
I - ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de
acordo com as declarações do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou
apontamentos; 
II - lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas
testemunhas, a um só tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e do
oficial; 
III - ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas
testemunhas e pelo tabelião. 
Parágrafo único. O testamento público pode ser escrito manualmente ou
mecanicamente, bem como ser feito pela inserção da declaração de vontade em
partes impressas de livro de notas, desde que rubricadas todas as páginas pelo
testador, se mais de uma. 
Art. 1.865. Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu
substituto legal assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo,
uma das testemunhas instrumentárias. 
Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se
não o souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas. 
Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta,
duas vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das
testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção
no testamento. 
 
 
 
 
 
 
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Percebe-se nos arts. 1.866 e 1.867 do CC que o surdo e o cego podem fazer um
testamento público. 
b) Testamento Secreto ou Cerrado 
O testamento cerrado é escrito com caráter sigiloso, feito pelo testador ou por
alguém a seu rogo, e por aquele assinado, completado por instrumento de aprovação
lavrado pelo tabelião ou seu substituto legal em presença de duas testemunhas idôneas. 
Compõe-se o testamento cerrado de duas partes: a cédula ou carta testamentária,
propriamente dita, com as disposições de última vontade, escritas pelo testador, ou por
outra pessoa, a rogo do testador, e por este assinada, e o auto ou instrumento de
aprovação, exarado posteriormente, pelo tabelião. 
Os arts. 1.868 a 1.875 do CC abordam o tema: 
Art. 1.868. O testamento escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e por
aquele assinado, será válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal,
observadas as seguintes formalidades: 
I - que o testador o entregue ao tabelião em presença de duas testemunhas; 
II - que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja aprovado;
III - que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas
testemunhas, e o leia, em seguida, ao testador e testemunhas; 
IV - que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo
testador. 
Parágrafo único. O testamento cerrado pode ser escrito mecanicamente, desde que
seu subscritor numere e autentique, com a sua assinatura, todas as paginas. 
Art. 1.869. O tabelião deve começar o auto de aprovação imediatamente depois da
última palavra do testador, declarando, sob sua fé, que o testador lhe entregou para
ser aprovado na presença das testemunhas; passando a cerrar e coser o instrumento
aprovado. 
Parágrafo único. Se não houver espaço na última folha do testamento, para início da
aprovação, o tabelião aporá nele o seu sinal público, mencionando a circunstância no
auto. 
Art. 1.870. Se o tabelião tiver escrito o testamento a rogo do testador, poderá, não
obstante, aprová-lo. 
Art. 1.871. O testamento pode ser escrito em língua nacional ou estrangeira, pelo
próprio testador, ou por outrem, a seu rogo. 
Art. 1.872. Não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou
não possa ler. 
Art. 1.873. Pode fazer testamento cerradoo surdo-mudo, contanto que o escreva
todo, e o assine de sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas
testemunhas, escreva, na face externa do papel ou do envoltório, que aquele é o seu
testamento, cuja aprovação lhe pede. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 1.874. Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o
tabelião lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi
aprovado e entregue. 
Art. 1.875. Falecido o testador, o testamento será apresentado ao juiz, que o abrirá e
o fará registrar, ordenando seja cumprido, se não achar vício externo que o torne
eivado de nulidade ou suspeito de falsidade. 
c) Testamento Particular 
O testamento particular ou hológrafo é o mais simples das formas ordinárias de
testamento. Pode ser escrito de próprio punho ou elaborado por processo mecânico: 
Se o testamento particular for escrito do próprio punho, deve ser lido e assinado
“por quem o escreveu”, na presença de, pelo menos, três testemunhas, que o devem
subscrever “Quem o escreveu” só pode ser o testador, pois, durante a discussão do
projeto, não foi aceita a sugestão de o testamento particular ser escrito por outra pessoa,
a rogo do testador. 
Se o testamento particular for elaborado por processo mecânico (datilografia,
computação) não poderá conter rasuras ou espaços em branco, e o documento,
igualmente, deverá ser assinado pelo testador, depois de ser lido na presença de, pelo
menos, três testemunhas, que o subscreverão. 
Os arts. 1.876 a 1.880 do CC tratam do tema. 
Art. 1.876. O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante
processo mecânico. 
§ 1o Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e
assinado por quem o escreveu, na presença de pelo menos três testemunhas, que
o devem subscrever. 
§ 2o Se elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em
branco, devendo ser assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelo
menos três testemunhas, que o subscreverão. 
Art. 1.877. Morto o testador, publicar-se-á em juízo o testamento, com citação dos
herdeiros legítimos. 
Art. 1.878. Se as testemunhas forem contestes sobre o fato da disposição, ou, ao
menos, sobre a sua leitura perante elas, e se reconhecerem as próprias assinaturas,
assim como a do testador, o testamento será confirmado. 
Parágrafo único. Se faltarem testemunhas, por morte ou ausência, e se pelo menos
uma delas o reconhecer, o testamento poderá ser confirmado, se, a critério do juiz,
houver prova suficiente de sua veracidade. 
Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento
particular de próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser
confirmado, a critério do juiz. 
Art. 1.880. O testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira, contanto
que as testemunhas a compreendam. 
 
 
 
 
 
 
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3.4) CODICILIOS 
O codicílio é um ato de última vontade pelo qual o disponente traça diretrizes
sobre assuntos pouco importantes, despesas e doações de pequeno valor. 
Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu,
datado e assinado, fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas
de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente,
aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas ou jóias, de pouco
valor, de seu uso pessoal. 
Art. 1.882. Os atos a que se refere o artigo antecedente, salvo direito de terceiro,
valerão como codicilos, deixe ou não testamento o autor. 
Art. 1.883. Pelo modo estabelecido no art. 1.881, poder-se-ão nomear ou
substituir testamenteiros. 
Art. 1.884. Os atos previstos nos artigos antecedentes revogam-se por atos iguais, e
consideram-se revogados, se, havendo testamento posterior, de qualquer natureza,
este os não confirmar ou modificar. 
Art. 1.885. Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do mesmo modo que o testamento
cerrado. 
Percebe-se que o objeto possível de codicilo é bastante limitado. Mas o Código
não fixou um critério rígido, quantitativo, aplicável a todos os casos, estabelecendo
uma fração ou percentual para as disposições codicilares. Fala a lei em esmolas “de
pouca monta”, legado de móveis, roupas ou jóias “de pouco valor”. Adota, pois, um
critério subjetivo. O valor permitido nas deixas codicilares é uma questão de fato, a
ser apurada e verificada em cada caso concreto, pelo juiz. 
3.5) TESTAMENTOS ESPECIAIS 
O testamento especial é o permitido somente a certas e determinadas pessoas,
colocadas em circunstâncias particulares, designadas em lei. Além dessas formas de
testamento ocorrer de forma extraordinária, a lei contém exceções de ordem formal, no
que atina à redução de requisitos para a sua elaboração e à eliminação de solenidades. 
a) Testamento Marítimo e Testamento Aeronáutico 
A pessoa tripulante ou passageiro que estiver em viagem, seja ela marítima,
fluvial, lacustre, a bordo de navio nacional, seja ele de guerra ou mercante, pode testar
perante o comandante, por forma que corresponda ao testamento público ou ao cerrado. 
 
 
 
 
 
 
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O registro do testamento será feito no diário de bordo, que funciona, então, como
livro de notas.Temos, assim, o testamento marítimo equiparável ao testamento público e o
testamento marítimo semelhante ao testamento cerrado. 
Ao comandante do navio são atribuídas funções notariais, ou seja, ele exercerá o
papel de tabelião. 
Art. 1.888. Quem estiver em viagem, a bordo de navio nacional, de guerra ou
mercante, pode testar perante o comandante, em presença de duas testemunhas, por
forma que corresponda ao testamento público ou ao cerrado. 
Parágrafo único. O registro do testamento será feito no diário de bordo. 
Da mesma forma que o art. 1.888 do CC prevê a figura do testamento marítimo, o
art. 1.889 do CC prevê a figura do testamento aeronáutico. 
Art. 1.889. Quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou
comercial, pode testar perante pessoa designada pelo comandante, observado o
disposto no artigo antecedente. 
Os arts. 1.890 a 1.892 do CC também tratam do assunto: 
Art. 1.890. O testamento marítimo ou aeronáutico ficará sob a guarda do
comandante, que o entregará às autoridades administrativas do primeiro porto ou
aeroporto nacional, contra recibo averbado no diário de bordo. 
Art. 1.891. Caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o testador não morrer
na viagem, nem nos noventa dias subseqüentes ao seu desembarque em terra,
onde possa fazer, na forma ordinária, outro testamento. 
Os testamentos ordinários não estão sujeitos à prescrição. Só pelo passar do
tempo, por mais tempo que passe, não caducam, embora possam ser revogados e
perder eficácia por outras razões. Os testamentos especiais, ao contrário,
caracterizam-se por perderem a eficácia se o testador não morrer na circunstância
que justificou a outorga do testamento privilegiado, nem depois de certo tempo (90
dias), quando podia ter testado, na forma ordinária. 
Art. 1.892. Não valerá o testamento marítimo, ainda que feito no curso de uma
viagem, se, ao tempo em que se fez, o navio estava em porto onde o testador
pudesse desembarcar e testar na forma ordinária. 
Se, no curso de uma viagem, o navio estava em porto onde o testador pudesse
desembarcar e testar na forma ordinária, não valerá o testamento marítimo feito nesse
período. A forma especial de testamento não pode ser usada ao livre querer do
interessado. Havendo meios e condições para a realização do testamento ordinário,
não se tem a faculdade de optar pela forma privilegiada sob pena de nulidade desta.CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL
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b) Testamento Militar 
O testamento militar é utilizável não apenas pelos militares, propriamente ditos
(ex: soldados, praças, oficiais, etc.), como, também, por todos os assemelhados ou
assimilados, por todos os que se acham a serviço das Forças Armadas, ou que a elas
se agregam, como voluntários, diplomatas, correspondentes de guerra, capelães,
pastores, médicos, enfermeiros, domésticos, prisioneiros, reféns, etc. Todos estão
mais ou menos expostos à mesma situação dramática. Todos estão submetidos aos
mesmos riscos e perigos, às mesmas dificuldades e incertezas. 
É preciso, porém, que as Forças Armadas (constituídas pela Marinha, pelo
Exército e pela Aeronáutica) estejam mobilizadas, tanto para a guerra externa quanto
para a interna, isto é, em campanha, dentro do País como em praça sitiada, ou que
esteja com as comunicações cortadas. 
Vejamos os arts. 1.893 a 1.896 do CC: 
Art. 1.893. O testamento dos militares e demais pessoas a serviço das Forças
Armadas em campanha, dentro do País ou fora dele, assim como em
praça sitiada, ou que esteja de comunicações interrompidas, poderá fazer-
se, não havendo tabelião ou seu substituto legal, ante duas, ou três testemunhas, se o
testador não puder, ou não souber assinar, caso em que assinará por ele uma delas.
§ 1o Se o testador pertencer a corpo ou seção de corpo destacado, o testamento será
escrito pelo respectivo comandante, ainda que de graduação ou posto inferior. 
§ 2o Se o testador estiver em tratamento em hospital, o testamento será escrito pelo
respectivo oficial de saúde, ou pelo diretor do estabelecimento. 
§ 3o Se o testador for o oficial mais graduado, o testamento será escrito por aquele
que o substituir. 
Art. 1.894. Se o testador souber escrever, poderá fazer o testamento de seu punho,
contanto que o date e assine por extenso, e o apresente aberto ou cerrado, na
presença de duas testemunhas ao auditor, ou ao oficial de patente, que lhe faça as
vezes neste mister. 
Parágrafo único. O auditor, ou o oficial a quem o testamento se apresente notará, em
qualquer parte dele, lugar, dia, mês e ano, em que lhe for apresentado, nota esta que
será assinada por ele e pelas testemunhas. 
Art. 1.895. Caduca o testamento militar, desde que, depois dele, o testador esteja,
noventa dias seguidos, em lugar onde possa testar na forma ordinária, salvo se
esse testamento apresentar as solenidades prescritas no parágrafo único do artigo
antecedente. 
Da mesma forma que o testamento marítimo e o aeronáutico possuem “prazo de
validade” o testamento militar também possui. 
Art. 1.896. As pessoas designadas no art. 1.893, estando empenhadas em combate,
ou feridas, podem testar oralmente, confiando a sua última vontade a duas
testemunhas. 
Parágrafo único. Não terá efeito o testamento se o testador não morrer na guerra ou
convalescer do ferimento. 
 
 
 
 
 
 
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Este artigo mantém em nosso direito o testamento nuncupativo militar, ou
testamento de viva voz, oral. Trata-se da única exceção à regra de que os testamentos
devem ser celebrados por escrito. Fora esse caso, não há mais a possibilidade de
testamento oral. 
3.6) DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS 
As disposições patrimoniais do testador podem ordenar que o sucessor receba a
universalidade da herança ou quota-parte (ideal, abstrata) dela, ou estabelecer que o
sucessor ficará com um bem individualizado, definido, destacado do acervo, ou
quantia determinada. 
No primeiro caso, a disposição é a título universal, e o nomeado é herdeiro; no
segundo caso, a disposição é a título singular ou particular, e o beneficiado é legatário.
Os sucessores, então, podem ser de dois tipos: herdeiros ou legatários. 
Art. 1.897. A nomeação de herdeiro, ou legatário, pode fazer-se pura e simplesmente,
sob condição, para certo fim ou modo, ou por certo motivo. 
A nomeação pura e simples é a que não impõe qualquer ônus, encargo ou
obrigação ao herdeiro ou legatário, tomando-se eficaz desde a morte do testador. Para a
nomeação condicional, devem ser observados os arts. 121 a 130 do CC, que regulam a
condição, ou seja, a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes,
subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. 
Art. 1.898. A designação do tempo em que deva começar ou cessar o direito do
herdeiro, salvo nas disposições fideicomissárias, ter-se-á por não escrita. 
Não se pode nomear herdeiro a partir de certo tempo, exceto quando se tratar de
substituição fideicomissária (vide arts. 1.951 a 1.960 do CC). 
Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações
diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador. 
Na interpretação do testamento deve-se buscar a real vontade do testador. 
Art. 1.900. É nula a disposição: 
I - que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que este disponha,
também por testamento, em benefício do testador, ou de terceiro; 
II - que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar; 
III - que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade a
terceiro; 
IV - que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do legado; 
V - que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e 1.802. 
No art. 1.900 do CC, temos hipóteses em que a disposição testamentária será
considerada absolutamente nula. 
Art. 1.901. Valerá a disposição: 
 
 
 
 
 
 
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I - em favor de pessoa incerta que deva ser determinada por terceiro, dentre duas ou
mais pessoas mencionadas pelo testador, ou pertencentes a uma família, ou a um
corpo coletivo, ou a um estabelecimento por ele designado; 
II - em remuneração de serviços prestados ao testador, por ocasião da moléstia de
que faleceu, ainda que fique ao arbítrio do herdeiro ou de outrem determinar o valor
do legado. 
Através do art. 1.901 do CC, percebe-se que é possível a indeterminação relativa
do herdeiro ou legatário e a fixação do valor do legado por terceiro. 
Art. 1.902. A disposição geral em favor dos pobres, dos estabelecimentos particulares
de caridade, ou dos de assistência pública, entender-se-á relativa aos pobres do lugar
do domicílio do testador ao tempo de sua morte, ou dos estabelecimentos aí sitos,
salvo se manifestamente constar que tinha em mente beneficiar os de outra
localidade. 
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, as instituições particulares preferirão sempre
às públicas. 
Se o testador não especificar de onde são os pobres, ou onde estão os
estabelecimentos particulares, ou os de assistência pública, é que vigorará a presunção
deste artigo, de que são os do lugar do domicilio do testador, ao tempo de sua morte. 
Na dúvida quanto às instituições de caridade ou de assistência que serão
beneficiadas, dar-se-á, sempre, preferência às particulares, que, segundo o legislador,
precisam de mais apoio e recursos do que as entidades públicas. 
Art. 1.903. O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa
legada anula a disposição, salvo se, pelo contexto do testamento, por outros
documentos, ou por fatos inequívocos, se puder identificar a pessoa ou coisa a que o
testador queria referir-se. 
O erro, tanto na designação da pessoa do herdeiro ou do legatário (error in
personam) como em relação à coisa legada, é causa de nulidade relativa da disposição
testamentária. 
Através dos arts. 1.904 ao 1.907 do CC, o legislador estabeleceu algumas regras
para a divisão da herança no caso do testamento omitir algumas informações. São elas: 
- pluralidade de herdeiros nomeados sem menção da parte de cada um (art. 1.904 do
CC); 
Art. 1.904. Se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar

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