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APG Climatério | Menopausa

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Anderson Soares 
Climatério 
 
CONCEITO 
Fase de transição entre o período reprodutivo e o 
não reprodutivo da mulher, caracterizado por 
uma gama de modificações endócrinas, 
biológicas e clínicas, compreendendo parte da 
menacme até a menopausa. 
MENOPAUSA: é definida como o último período 
menstrual, identificado retrospectivamente após 
12 meses de amenorreia. 
PERIMENOPAUSA: intervalo do início dos sintomas 
de irregularidade menstrual até o final do primeiro 
ano após a menopausa. 
MENOPAUSA 
É um evento fisiológico e inevitável que ocorre 
devido ao envelhecimento ovariano e sua 
consequente perda progressiva de função. 
Usualmente, ocorre de forma natural no final da 
quarta e início da quinta década de vida, com 
variações devidas a diferenças étnicas, regionais, 
ambientais e comportamentais, como o 
tabagismo. 
A idade média geral da menopausa no mundo foi 
descrita como 48,78 anos, variando entre 46 e 52 
anos. 
A menopausa ocorrida antes dos 40 anos é 
definida como menopausa precoce e, após os 55 
anos, como menopausa tardia 
CLASSIFICAÇÃO 
Stages of Reproductive Aging Workshop: STRAW + 10 
A classificação compreende a vida reprodutiva 
feminina desde a menarca e é dividida em três 
principais categorias (reprodutiva, transição 
menopausal e pós-menopausa) e suas 
subdivisões, totalizando 10 categorias descritas 
por uma terminologia-padrão. 
A base para diagnóstico e classificação nos 
estágios reprodutivos são as mudanças 
observadas no ciclo menstrual. Os sintomas 
apresentados e critérios de apoio descritos 
(contagem de folículos antrais, dosagem de 
hormônio antimülleriano (AMH), inibina B e 
hormônio folículo-estimulante – FSH) não são 
utilizados como critérios diagnósticos para 
mulheres saudáveis. Já para aquelas portadoras 
de síndrome de ovários policísticos e insuficiência 
ovariana primária ou para aquelas submetidas a 
procedimentos cirúrgicos capazes de alterar o 
ciclo menstrual sem determinar o esgotamento 
total dos hormônios ovarianos (ablação 
endometrial, ooforectomia unilateral ou 
histerectomia), o diagnóstico e a classificação 
devem ser realizados baseando-se nos critérios de 
suporte e sintomatologia, já que mudanças no 
ciclo menstrual podem ser explicadas pela 
patologia de base. 
Climatério 
menopausa 
Anderson Soares 
PATOGENIA 
A menopausa, apesar de poder ser influenciada 
pelo eixo hipotálamo hipofisário, é um evento 
ovariano secundário à atresia fisiológica dos 
folículos primordiais; sua ocorrência pode ser 
natural ou artificial, após procedimentos clínicos 
ou cirúrgicos que levem à parada da produção 
hormonal ovariana. 
A produção de folículos ovarianos pelas mulheres 
se inicia a partir da oitava semana de vida 
intrauterina por meio da rápida multiplicação 
mitótica das células germinativas. 
Já o envelhecimento do sistema reprodutivo 
inicia-se pouco tempo depois, ativando o 
processo de apoptose celular após atingir o 
número máximo de folículos primordiais – cerca de 
7 milhões –, por volta da vigésima semana de 
gestação. 
Até o nascimento, cerca de 70% do pool folicular 
será perdido por meio desse processo, e ao 
chegar à puberdade, fase em que os ovários se 
tornarão funcionalmente ativos, restarão em 
média 300 a 500 mil folículos. 
Até que seu número se esgote na pós-
menopausa, os folículos crescem e sofrem atresia 
de forma contínua. Esse processo é irrecuperável 
e ininterrupto, independentemente de situações 
como gravidez ou de períodos de anovulação. 
Dos milhões de folículos formados na vida 
intraútero, apenas 400 terão seu crescimento 
resultando em ovulação durante o menacme; o 
restante é perdido pelo processo de atresia. 
O declínio paralelo da quantidade e qualidade 
dos folículos contribui para a diminuição da 
fertilidade. Além disso, o consumo do pool folicular 
com o passar dos anos determina alterações 
hormonais importantes, responsáveis pelas 
alterações fisiológicas características do período 
peri e pós-menopáusico. 
A transição menopausal é caracterizada pela 
irregularidade do ciclo menstrual devido à 
variabilidade hormonal e ovulação inconstante. 
A diminuição maciça do número de folículos 
ovarianos resulta na queda gradual da inibina B, 
que, por sua vez, desativa o feedback negativo 
sobre a hipófise, liberando a secreção de FSH na 
tentativa de aumentar o recrutamento folicular. 
O resultado dos níveis elevados de FSH é a 
aceleração da depleção folicular até o seu 
esgotamento. 
Enquanto houver folículos suficientes, a ovulação 
ainda é mantida e os níveis de estradiol 
permanecerão dentro da normalidade. A 
contínua perda da reserva folicular diminui os 
níveis de estradiol que não são mais suficientes 
para estimular o pico de hormônio luteinizante 
(LH), encerrando, assim, os ciclos ovulatórios. 
Sem a ovulação propriamente dita, não há 
produção de corpo lúteo e consequentemente 
de progesterona, além de os níveis de estradiol 
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não serem suficientes para estimular o endométrio, 
levando à amenorreia. 
Na pós-menopausa, na tentativa de estimular 
uma adequada produção de estradiol pelos 
ovários, a hipófise é ativada por picos de hormônio 
liberador de gonadotrofinas (GnRH) e secreta 
grandes quantidades de gonadotrofinas, levando 
as mulheres a um estado de hipogonadismo 
hipergonadotrófico. 
Devido à redução da resposta ovariana às 
gonadotrofinas, os níveis de FSH e LH são 
marcadamente elevados nos primeiros anos após 
a menopausa, decrescendo com o 
envelhecimento. 
O AMH, marcador do número de folículos 
ovarianos em crescimento, diminui para níveis 
indetectáveis na pós-menopausa. 
Em estudos recentes, o AMH tem-se mostrado um 
ótimo preditor do envelhecimento ovariano. 
Com a diminuição da massa folicular, ocorre 
relativo aumento no estroma ovariano, porção 
responsável pela produção de testosterona e 
androstenediona. 
De maneira geral, a síntese dos esteroides 
androgênicos está diminuída, porém a produção 
remanescente é suficiente para manter os ovários 
ativos. Esses androgênios, principalmente a 
androstenediona, servem como substrato para a 
aromatização periférica. 
A mulher pós-menopáusica não é totalmente 
desprovida de estrogênio, que segue sendo 
sintetizado em níveis muito menores. No ovário, a 
produção de estradiol é quase nula. Já, por meio 
da aromatização periférica da androstenediona 
no tecido adiposo, a produção da estrona é 
mantida e, mesmo em pequenas concentrações 
circulantes, passa a ser o principal estrogênio na 
pós-menopausa. 
Quanto à progesterona, não há mais produção. 
O diagnóstico do climatério é clínico, não 
havendo necessidade de dosagens hormonais 
para confirmá-lo quando há irregularidade 
menstrual ou amenorreia e quadro clínico 
compatível. Porém, níveis de FSH acima de 40 
mUI/mL e estradiol (E2) menores do que 20 pg/mL 
são característicos do período pós-menopáusico. 
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS 
Consequências do hipoestrogenismo 
As características individuais determinam perfis 
diferentes de biodisponibilidade de estrogênios 
com repercussões próprias no metabolismo e 
quadro clínico-laboratorial de cada paciente, 
podendo resultar no comprometimento da 
qualidade de vida. Apenas em torno de 15% das 
mulheres não apresentarão sintomas no período 
do climatério. 
 
Alterações do ciclo menstrual 
Alteração na intensidade do fluxo, na duração ou 
frequência da menstruação. 
Essa irregularidade reflete os ciclos anovulatórios 
cada vez mais comuns e, por consequência, as 
alterações no padrão de secreção tanto do 
estrogênio quanto da progesterona tendem a se 
iniciar com encurtamento dos ciclos e progredir 
para períodos de amenorreia cada vez mais 
longos até a parada total. 
A amenorreia prolongada é característica da 
deficiência de estrogênio. O padrão de fluxo 
menstrual também pode variar, sendo comum 
ocorrersangramento aumentado. Nessa fase, o 
desenvolvimento de patologias orgânicas como 
miomas e pólipos é favorecido e, nos casos de 
sangramento uterino intenso, é mandatória a 
investigação e exclusão de patologias 
endometriais, com atenção às hiperplasias 
endometriais e ao carcinoma de endométrio. 
Sintomas vasomotores 
Episódios de fogachos e suores noturnos, 
resultando no sintoma mais comum da transição 
menopausal e pós-menopausa inicial. 
O fogacho se manifesta como uma súbita 
sensação de calor intenso que se inicia na face, 
pescoço, parte superior dos troncos e braços, e se 
generaliza; além disso, é seguida por 
enrubecimento da pele e subsequente sudorese 
profusa. Observa-se aumento do fluxo sanguíneo 
cutâneo, taquicardia, aumento da temperatura 
da pele devido à vasodilatação e, 
eventualmente, palpitações. 
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Há aumento de risco cardiovascular, ósseo e 
cognitivo. 
A redução dos níveis séricos estrogênicos provoca 
alterações em neurotransmissores cerebrais 
causando instabilidade no centro termorregulador 
hipotalâmico, tornando-o mais sensível a 
pequenos aumentos da temperatura corporal 
relacionados a alterações intrínsecas e 
ambientais. Outros fatores parecem estar 
relacionados, entre eles as alterações nas 
concentrações hormonais e nos sistemas 
serotoninérgico, noradrenérgico, opioide, adrenal 
e autonômico. 
Cada episódio dura aproximadamente de 2 a 4 
minutos e ocorre diversas vezes no decorrer do 
dia. É particularmente comum à noite, 
prejudicando a qualidade do sono e contribuindo 
para irritabilidade, cansaço durante o dia e 
diminuição na capacidade de concentração. 
Alterações no sono 
Distúrbios do sono, incluindo menor duração, 
aumento nos episódios de despertar noturno e 
menor eficácia do sono, estão presentes em até 
metade das mulheres na pós-menopausa, com 
ênfase ao período perimenopáusico, devido às 
flutuações hormonais. 
Os fogachos têm papel definido no quadro 
clínico, pois os episódios noturnos aumentam o 
número de despertares noturnos, contribuindo 
para um sono de menor qualidade. Porém, além 
da percepção das alterações no sono, há 
evidências objetivas por meio da polissonografia 
comprovando alterações no padrão sonográfico 
dessas mulheres. 
A menor duração do sono é responsável por 
sequelas orgânicas como aumento da 
prevalência de hipertensão e diabetes mellitus. 
Além disso, consequências psicológicas são 
evidentes, acarretando cansaço e prejudicando 
as atividades diárias. Depressão e ansiedade 
também estão correlacionadas. 
Alterações do humor 
Os sintomas depressivos são relatados por 65% a 
89% das mulheres que buscam atendimento no 
período do climatério. A variação dos níveis 
séricos de estrogênio parece estar mais associada 
com efeitos depressivos do que com a própria 
concentração hormonal absoluta. 
As mudanças evidentes desse período, a perda 
da capacidade reprodutiva e o próprio 
envelhecimento propiciam distúrbios psicológicos 
associados, que também podem contribuir para o 
quadro depressivo ou ansiolítico. 
 Alterações cognitivas 
Durante a transição menopausal, há marcado 
aumento nas queixas referentes ao declínio das 
funções cognitivas, com ênfase nas queixas de 
diminuição da atenção e alterações da memória. 
Na perimenopausa, 44% das mulheres reportam 
esquecimento; curiosamente, na perimenopausa 
tardia e na fase pós-menopausal esse percentual 
cai para 41%. No menacme, 31% das mulheres 
apresentam essa queixa. 
Também há queixas de piora na perda de 
memória verbal, processamento rápido das 
informações e demência. 
O envelhecimento de forma isolada não explica 
as alterações percebidas no período peri e pós-
menopáusico de forma completa. Sabe-se que o 
estrogênio tem papel modulatório nos sistemas 
neurotransmissores, influenciando o desempenho 
nas tarefas de aprendizagem e memória. Sua 
ação no hipocampo e lobo temporal também já 
é conhecida. 
Apesar de o hipoestrogenismo estar intimamente 
relacionado a essas alterações, a fase de 
transição – caracterizada por oscilações nos níveis 
hormonais – parece ser a mais sintomática, já que, 
após o período de piora da performance 
cognitiva na perimenopausa, se observa o retorno 
da capacidade usual no período pósmenopausa. 
Parece que o efeito da deficiência estrogênica na 
memória e outras funções cognitivas não são 
permanentes nas mulheres após menopausa 
natural. Para aquelas que sofreram menopausa 
artificial, devido à queda abrupta níveis séricos 
dos hormônios ovarianos (incluindo androgênios), 
os efeitos na cognição são mais importantes e 
parecem responder à TH quando iniciada no 
momento da ooforectomia. 
Alterações em pele e fâneros 
O ganho de peso costuma ser erroneamente 
associado à menopausa, enquanto as mudanças 
hormonais estão, na verdade, relacionadas ao 
aumento da circunferência e da gordura 
abdominal e total, mesmo em mulheres magras. O 
padrão de distribuição da gordura passa de 
ginecoide para androide, propiciando o acúmulo 
na região abdominal. A quantidade de gordura 
visceral também aumenta. A circunferência 
abdominal retrata a quantidade de gordura 
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visceral e subcutânea e se correlaciona com o 
risco de doença cardiovascular e dislipidemia. 
A pele também sofre alterações devidas à 
deficiência estrogênica. Os anos de menopausa 
se correlacionam de forma altamente significativa 
com o declínio do colágeno e espessura da pele, 
com ênfase para os primeiros cinco anos após a 
menopausa, resultando no aumento da flacidez e 
das rugas e diminuição da elasticidade da pele. 
Os anos de menopausa foram mais importantes 
do que a idade cronológica no que se refere à 
influência nos parâmetros da pele. A pele seca é 
condicionada ao envelhecimento. O cabelo 
passa a ser mais fino e pode aumentar o padrão 
de queda relacionada à transição menopausal e 
o status pós-menopáusico. 
Em relação a alterações oculares, uma das 
queixas mais comuns associada à menopausa é a 
síndrome do olho seco, caracterizada por irritação 
ocular, secura, pressão, sensação de corpo 
estranho, aspereza e queimação, assim como 
fotofobia; esses sintomas parecem estar 
relacionados tanto à redução dos níveis de 
estrogênio, quanto à de androgênios. 
A transição menopausal também parece atuar de 
forma importante no desencadeamento do 
declínio auditivo relacionado à idade em 
mulheres saudáveis. 
Alterações atróficas 
A síndrome geniturinária da menopausa (SGM), 
também conhecida por atrofia vulvovaginal 
(AVV), compreende alterações histológicas e 
físicas da vulva, vagina e trato urinário baixo 
devidas à deficiência estrogênica. 
O quadro atrófico decorre dos baixos níveis 
sistêmicos do estrogênio. O envelhecimento 
também parece contribuir para o quadro, porém 
seu papel ainda não está bem claro. 
A vulva perde tecido adiposo dos grandes lábios 
e a pele está mais fina e plana, com rarefação dos 
pelos. Os pequenos lábios perdem tecido e 
pigmentação; quando intensa, a atrofia pode 
resultar em coalescência labial. 
A vagina passa a ser mais curta e estreita, 
diminuindo suas rugosidades, principalmente na 
ausência de atividade sexual. O epitélio vaginal 
torna-se fino, e a lubrificação resultante de 
estímulo sexual está prejudicada em decorrência 
da diminuição da secreção glandular. Também se 
apresenta bastante friável, com sangramento ao 
toque e vulnerável a traumas. 
O pH vaginal está alcalino, reduzindo o número de 
lactobacilos na flora, propiciando infecções e 
vaginite atrófica. 
A uretra é hiperemiada e proeminente. 
Essas alterações anatômicas resultam em 
sintomas genitais (ressecamento, ardência e 
irritação), sintomas sexuais (ausência de 
lubrificação, desconforto ou dor – dispareunia, 
piora da função sexual) e sintomas urinários 
(urgência miccional, disúria, infecções recorrentes 
do trato urinário, piorada incontinência urinária 
preexistente). 
Devido à deficiência estrogênica, o agravamento 
das distopias genitais é facilitado. Outra 
consequência importante é a disfunção sexual, 
reflexo dos quadros de dispareunia e 
ressecamento vaginal. 
A vascularização vaginal é reduzida e a 
lubrificação não é efetiva. Apesar do papel 
fundamental na fisiopatologia, o 
hipoestrogenismo não é fator isolado na causa 
das disfunções sexuais da mulher climatérica. 
Efeitos psicológicos também são comuns. A 
maioria das pacientes com sintomas da SGM 
apresenta dificuldades ao reportar o tema. Ainda, 
grande parte das mulheres acometidas têm baixo 
entendimento dessa afecção e suas 
consequências. 
Alterações ósseas e articulares 
A osteoporose é uma doença sistêmica 
caracterizada pela diminuição da densidade 
óssea e alterações em sua microarquitetura, 
levando à fragilidade e predispondo a fraturas por 
baixo impacto. 
O equilíbrio entre formação e reabsorção óssea 
está afetado, resultando em perda de massa 
óssea de forma acelerada. O hipoestrogenismo 
tem papel importante nesse mecanismo. Sua 
importância está na altíssima frequência em que 
ocorre e nas graves consequências relacionadas 
às fraturas osteoporóticas – altos custos, dor 
crônica, deformidades, limitações na mobilidade, 
consequências psicológicas e morte. 
Aos 50 anos, 1/3 das mulheres terão uma fratura. 
Sua prevalência e incidência aumentam de forma 
exponencial com a idade. Existem outros fatores 
de risco envolvidos além do status menopausal: 
sexo feminino, idade avançada, etnia branca ou 
oriental, baixo IMC, história pessoal ou familiar de 
fratura, baixa densidade mineral óssea (DMO), uso 
de glicocorticoide oral, tabagismo, abuso de 
Anderson Soares 
bebidas alcoólicas, sedentarismo e baixa ingestão 
de cálcio. 
As fraturas mais comuns nas mulheres pós-
menopáusicas são do rádio distal (fratura de 
Colles), coluna vertebral e do fêmur proximal. 
Além das alterações ósseas, as alterações 
articulares fazem parte das queixas comuns das 
mulheres de meia-idade. Cerca de 50% a 60% das 
mulheres nesse período referem dor ou rigidez 
articular, porém parece que os sintomas são 
relacionados ao status menopausal. 
Receptores de estrogênio foram isolados nas 
articulações e sabe-se que sua ação nesses 
tecidos protege a estrutura biomecânica. 
Evidências sugerem que o estrogênio exerce 
efeitos positivos sobre o metabolismo dos ossos, 
dos músculos e da sinóvia, que, em conjunto, 
melhoram a saúde das articulações. 
Alterações cardiovasculares e metabólicas 
Doenças cardiovasculares (DCV), especialmente 
o infarto do miocárdio (IM), são as principais 
causas de morte em mulheres com mais de 50 
anos no Brasil e no mundo. 
Os principais fatores de risco para DCV incluem a 
presença de aterosclerose de grandes vasos, 
história familiar de DCV, hipertensão arterial (HAS), 
tabagismo, diabetes e a chamada síndrome 
metabólica (SM) – obesidade central, resistência à 
insulina, hipertrigliceridemia e dislipidemia (Lobo, 
2008). 
No período pós-menopáusico, devido ao 
hipoestrogenismo, o perfil hormonal das mulheres 
passa a ser androgênico e a prevalência da SM 
aumenta, o que pode explicar de forma parcial o 
aumento da incidência de DCV após a 
menopausa. 
Devido ao novo perfil hormonal, perde-se a 
atividade protetora do estrogênio para eventos 
endoteliais e há o desenvolvimento de 
componentes da SM. 
Observa-se aumento da adiposidade central 
(intra-abdominal), mudança para um perfil 
lipídico e lipoproteico mais aterogênico, com o 
aumento da concentração de colesterol total à 
custa da lipoproteína de baixa densidade (LDL), 
dos triglicerídeos (TG) e da redução de 
lipoproteína de alta densidade (HDL), o principal 
preditor para eventos isquêmicos cardíacos. 
Também se observa aumento da glicemia e dos 
níveis de insulina. A transição menopáusica por si 
só é fator de risco para a síndrome, 
independentemente de idade, hábitos de vida e 
composição corporal. 
CAUSAS DA MENOPAUSA PRECOCE 
• Anomalias genéticas: os cromossomos, 
incluindo os cromossomos sexuais, podem ser 
anômalos. As anomalias nos cromossomos 
sexuais incluem a síndrome de Turner, 
distúrbios que conferem um cromossomo Y 
(que normalmente atingem apenas os 
homens) e a síndrome do cromossomo X frágil. 
• Doenças autoimunes: o corpo produz 
anticorpos anormais que atacam os tecidos 
do corpo, incluindo os ovários. Alguns 
exemplos disso são a tireoidite, o vitiligo e 
a miastenia grave. 
• Distúrbios metabólicos: A doença de 
Addison e o diabetes são alguns exemplos. 
• Infecções virais: A caxumba é um exemplo. 
• Quimioterapia para tratamento de câncer 
• Radioterapia 
• Retirada cirúrgica dos ovários: Cirurgia para 
remover ambos os ovários (ooforectomia 
bilateral) acaba com a menstruação e causa 
a menopausa. 
• Extração cirúrgica do útero: A cirurgia para 
retirar o útero (histerectomia) acaba com a 
menstruação, mas não causa a maioria dos 
outros sintomas da menopausa, desde que os 
ovários estejam funcionando. 
• Toxinas: o tabaco é um exemplo. 
Terapêutica hormonal 
Dentre os principais benefícios para o uso da TH, 
podemos destacar o tratamento dos sintomas 
vasomotores e da atrofia vulvovaginal e a 
prevenção da osteoporose e fraturas 
osteoporóticas, que são indicações consagradas. 
RISCOS: 
O uso da TH estroprogestativa é limitado pelo 
aumento do risco de câncer de mama em três a 
cinco anos, enquanto a terapia estrogênica 
isolada teria maior período de uso com 
segurança. 
Tromboembolismo venoso. Embora raro em 
mulheres até 60 anos de idade, o risco 
relacionado à TH para eventos tromboembólicos 
venosos graves aumenta com a idade e está 
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/anomalias-cromoss%C3%B4micas-e-gen%C3%A9ticas/s%C3%ADndrome-de-turner
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/anomalias-cromoss%C3%B4micas-e-gen%C3%A9ticas/s%C3%ADndrome-do-x-fr%C3%A1gil
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-hormonais-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-da-tireoide/tireoidite-de-hashimoto
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-da-pele/dist%C3%BArbios-de-pigmenta%C3%A7%C3%A3o/vitiligo
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/nervo-perif%C3%A9rico-e-dist%C3%BArbios-relacionados/miastenia-grave
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-hormonais-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-da-gl%C3%A2ndula-adrenal/doen%C3%A7a-de-addison
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-hormonais-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-da-gl%C3%A2ndula-adrenal/doen%C3%A7a-de-addison
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-hormonais-e-metab%C3%B3licos/diabetes-mellitus-dm-e-dist%C3%BArbios-do-metabolismo-da-glicose-no-sangue/diabetes-mellitus-dm
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/infec%C3%A7%C3%B5es-virais-em-beb%C3%AAs-e-crian%C3%A7as/caxumba
Anderson Soares 
associado positivamente com obesidade e 
trombofilias. 
Doenças da vesícula biliar. 
REGIMES TERAPÊUTICOS 
A TH pode ser dividida em duas categorias: 
terapêutica estrogênica isolada e terapêutica 
estroprogestacional (terapêutica combinada). 
A terapia estrogênica isolada é empregada em 
mulheres histerectomizadas. A adição do 
progestagênio para pacientes com útero é 
necessária para proteção endometrial, 
contrabalançando os efeitos proliferativos do 
estrogênio e diminuindo, dessa forma, os riscos de 
hiperplasia e câncer endometrial. 
Na TH sistêmica, os estrogênios frequentemente 
empregados na TH são os ECs e o E2, na forma de 
17-β-estradiol micronizado ou o valerato de 
estradiol. O E2 pode ser empregado por via oral, 
transdérmica (adesivo) ou percutânea (gel), 
enquanto o EC apenas na via oral. 
 
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 
Os estrogênios podem ser administradospor via 
oral e não oral (via transdérmica, percutânea e 
vaginal). 
Na via oral, o estrogênio é absorvido pelo trato 
digestório, atingindo o fígado pelo sistema porta 
para, após, atingir os órgãos-alvo pela circulação 
sistêmica. Esse caminho é denominado de 
primeira passagem hepática. O fígado metaboliza 
o estrogênio absorvido, transformando-o em 
estrogênios menos potentes ou inativos. Como 
consequência, há menor biodisponibilidade, 
necessitando-se de doses maiores pela via oral 
que pela via transdérmica ou percutânea. Na via 
oral, os níveis hepáticos elevados de estrogênios 
ativam algumas vias metabólicas, resultando no 
aumento da globulina carreadora dos hormônios 
sexuais (SHBG), o que pode reduzir níveis séricos 
das frações livres do androgênio, assim como há 
aumento nos valores séricos de triglicerídeos e da 
lipoproteína de alta densidade (HDL) e redução da 
lipoproteína de baixa densidade (LDL). Pode 
ocorrer também estimulação do sistema renina-
angiotensina e de fatores de coagulação. 
A via vaginal é a primeira opção de tratamento 
na atrofia vulvovaginal para efeitos locais dos 
estrogênios. Embora o efeito seja 
predominantemente local, os ECs e o estriol 
podem apresentar absorção a depender da dose 
e do tempo de uso. A absorção do promestrieno 
não é considerada significante clinicamente. A 
terapia estrogênica vaginal consiste em uma dose 
diária de ataque, seguida por redução de duas a 
três vezes por semana até alcançar a mínima 
dose que mantenha a integridade vaginal. Pode 
ser usada durante um a três meses para alívio dos 
sintomas, embora eles possam reaparecer após a 
cessação do tratamento. Como os dados de 
segurança endometrial de longo prazo não são 
disponíveis, o uso de curta duração de estrogênio 
vaginal deve ser empregado conforme a 
necessidade da paciente. Com a terapia 
estrogênica tópica, não é preciso associar 
progestagênios para proteger o endométrio e 
nem recomendar monitoração endometrial, pois 
as baixas doses das preparações vaginais não 
apresentam absorção sistêmica significativa. 
 
 
REFERÊNCIAS 
FERNANDES, Cesar Eduardo, SÁ, Marcos Felipe 
Silva de, SILVA FILHO, Agnaldo Lopes da. Tratado 
de ginecologia Febrasgo. - 1. ed. - Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2019. 
PASSOS, Eduardo Pandolfi [et al.] Rotinas em 
ginecologia. – 7. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2017.

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