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Mediação de conflitos

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APS 1 - MEDIAÇÃO E SOLUÇÃO CONSENSUAL DE CONFLITOS 
 
 
 
 
1 – Elabore um ensaio científico que aborde os métodos de resolução de conflitos 
adotados no Brasil; (3,0) 
 
 
 
 O Direito brasileiro admite inúmeras formas de resolução de conflitos jurídicos. 
Dentre as variadas modalidades, existem as que os resolvem por meio consensual, em que 
as próprias partes chegam a um acordo recíproco na defesa de seus interesses. Existem, por 
outro lado, as que são resolvidas por outras pessoas que não as partes, solucionando o 
impasse por meio da decisão de um terceiro imparcial: o juiz de direito ou o juiz arbitral. 
No âmbito consensual, contemplam-se as espécies de negociação, mediação e conciliação. 
Quando, por sua vez, há a imposição de um terceiro imparcial, necessita-se da utilização da 
via judicial ou da arbitragem. 
 
 No tocante aos métodos de solução de conflito por meio consensual, a primeira 
espécie a ser destacada é a negociação. A negociação é uma medida consensual de 
resolução de conflitos muito efetiva para dirimir e extinguir de vez algum impasse. Isso 
porque, nela, são as próprias partes quem conseguem visualizar uma solução ao problema. 
Por esta razão, estando ambas satisfeitas por terem conseguido alcançar um meio termo 
que lhes fosse favorável, há menos chances que aquele litígio que surgiu inicialmente 
possa vir a ser novamente um problema. Não há a figura de um terceiro. As próprias partes 
são as condutoras do diálogo. 
 
 Nesta modalidade abordada, privilegia-se a existência do diálogo, do respeito e da 
empatia. Muitas circunstâncias conflitantes podem ser solucionadas quando as partes 
 
compreendem que possuem um interesse em comum: dar fim ao litígio. Colocar-se, 
portanto, no lugar da outra parte e tentar efetivamente chegar a um consenso, sem almejar 
se sobrepor ao outro e sim alcançar o êxito recíproco, faz com que toda a problemática 
existente chegue ao seu fim da forma mais razoável e saudável possível. 
 
 A mediação, tal como a negociação, é uma forma alternativa de resolução de conflitos 
em que se preconiza a auto composição. Ela tem legislação própria, a Lei nº 13.140/2015 e 
também foi inserida no Código de Processo Civil de 2015 como requisito obrigatório nos 
litígios e nas audiências. Como regra, a mediação abrange todas as controvérsias 
existentes, salvo se versarem sobre direitos indisponíveis, prevendo uma maior segurança 
às partes. 
 
 Nesta espécie, as partes também chegam de forma conjunta à solução do conflito, mas 
sob a orientação de um mediador. O mediador estará a todo o momento conduzindo a 
tentativa de acordo, de forma a manter um ambiente harmonioso e apaziguar eventuais 
brigas, todavia, sem dar qualquer sugestão. As próprias partes devem chegar, juntamente, a 
uma decisão. 
 
 A orientação dada pela lei é de que a mediação seja adotada quando as partes já tenham 
um vínculo anterior, pois o mediador, capacitado para tal, trabalhará não somente o 
problema, mas a relação em si. A origem da relação, os motivos do conflito e a 
possibilidade de se construir, ou reconstruir, a comunicação entre os particulares. 
 
 Muito se confunde os métodos da mediação e da conciliação, embora estes não sejam 
sinônimos por possuírem nuances diferentes. Também prevista na Lei 13.140/15 e no 
Código de Processo Civil de 2015, a conciliação é um método de solução de conflitos que 
institui a figura do conciliador. O conciliador, terceiro imparcial, possui a função de 
conduzir o diálogo entre as partes, mas, diferentemente do mediador, aquele possui a 
liberdade de dar orientações e sugestões para se chegar à resolução do impasse. 
Geralmente, a conciliação é utilizada quando as partes não possuem um vínculo anterior, 
portanto, não há de se falar em reconstruir a relação entre elas, uma vez que nunca 
existente. 
 
 
 O método mais utilizado atualmente para a solução de conflitos é a via judicial. Neste 
segmento, observa-se a presença de um terceiro imparcial, o juiz de direito, que impõe a 
sua decisão acerca do litígio apresentado. Uma vez levada a controvérsia à apreciação 
judicial, a sentença proferida tem caráter obrigatório, estando as partes vinculadas a 
obedecer aos termos nela impostos, sob pena de ser obrigado a cumpri-la coercitivamente. 
 
 O presente método, embora o mais usual e também garantido no ordenamento jurídico 
brasileiro, tende a não ser mais tão utilizado, mas tão somente nos casos que os métodos 
consensuais não puderem ser adotados ou não surtirem efeitos. O Judiciário sofre muitas 
críticas quanto à solução do impasse, tendo em vista a morosidade a qual os litigantes 
enfrentam na decisão de suas ações. Em razão disso, a lei, a doutrina e até mesmo a 
jurisprudência têm aconselhado e orientado os particulares a utilizarem meios alternativos 
de solução de conflitos. 
 
 A arbitragem foi inserida em nosso diploma civil como forma de resolução de 
conflitos no ano de 1996, por meio da Lei 9.307, e consolidada com o advento do Código 
de Processo Civil de 2015. A arbitragem é um instituto jurídico paralelo ao judiciário. Tal 
como este, ela prevê a figura de um terceiro imparcial que tem como função solucionar um 
conflito que foi levado até ele. Este terceiro imparcial, denominado juiz arbitral, possui 
autonomia para analisar e julgar o caso conforme o seu entendimento, atentando-se a 
motivar a sua decisão. 
 
 O Juízo Arbitral é paralelo ao Judiciário. Nesta jurisdição, vigora a autonomia da 
vontade. A arbitragem é método opcional, logo, os particulares podem tanto optar por ela 
de forma prévia, antes da existência do conflito, como depois, após o impasse já 
instaurado. 
 
 Depois de julgado o caso pelo juiz arbitral, eventual parte que se sentiu insatisfeita com 
a decisão não pode simplesmente ignorar a sentença, torná-la inválida e levar o caso para a 
via judicial. A sentença proferida pelo árbitro possui força legal e deve, também, ser 
obrigatoriamente cumprida pelas partes. 
 
 
 O objetivo em qualquer espécie de auto composição é visualizar a obtenção de 
interesses para ambas as partes. Esta possibilidade somente acontece quando ambas estão 
dispostas a ceder em algum aspecto. Se não existir tal consciência entre elas, quando ao 
menos uma delas visa somente ganhar sem oferecer algo em troca, fica insuscetível falar 
sobre acordo, uma vez que a solução nunca chegará e o litígio acabará sendo repassado à 
submissão do judiciário ou do juízo arbitral. 
 
 Os métodos alternativos de solução de conflitos possuem tamanha relevância que são 
objeto de leis esparsas, além de a conciliação e mediação terem sido inseridas como 
requisito obrigatório nas audiências, caso as partes, juntas, não se opuserem. 
 
 A importância é tamanha que a auto composição pode acontecer em qualquer fase 
processual, devendo, inclusive, ser incentivada pelos operadores do direito. O caráter 
essencial pode residir na obtenção mais célere da resolução do conflito, na busca pela 
autonomia privada ou pelo desafogamento do Judiciário. O importante é que a utilização 
de tais meios alternativos traz inúmeros benefícios aos particulares em desavença, ao 
judiciário e a toda a coletividade. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
 
 
GUERRERO, Luis Fernando. Os Métodos de Solução de Conflitos e o Processo Civil. 
 
 
MIKLOS, Jorge. Sophia. Mediação de Conflitos. 
 
 
ZAFFARI, E.K.; SCHOLZE, M.L. Solução de conflitos jurídicos.

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