Prévia do material em texto
Peixes12 Capítulo A carne de peixe é rica em proteínas: um filé de 100 g contém cerca de 20 g de pro- teínas, quantidade que equivale ao valor proteico de uma coxa de galinha ou três ovos. Ao comprar peixe em feiras ou mercados, é importante observar o seguinte: os olhos devem estar brilhantes, as escamas não devem se desprender com facilidade e a carne deve ser firme ao toque. Ao levantar os opérculos, as brânquias devem estar bem vermelhas. Esses cuidados são necessários pois o peixe tem uma carne facilmente perecível. O peixe deve ser consumido fresco, ou então conservado no congelador. 12.1 Peixes de Cananeia (SP), foto de julho de 2013. A questão é Que adaptações à vida aquática podem ser observadas na parte externa do corpo dos peixes? Como esses animais respiram dentro da água? Quais os dois tipos de esqueletos encontrados nos peixes? E a fecundação, ocorre sempre na água? C a rl o s E d u a rd o G o d o y /A c e rv o d o f o tó g ra fo 164 164_175_U03_C12_TELARIS_Ciencias7_Mercado2016.indd 164 5/8/15 4:20 PM 1 O corpo dos peixes Os peixes, assim como os demais vertebrados, possuem um esqueleto interno com uma coluna vertebral. A maioria dos peixes possui esqueleto formado por ossos e pertence à clas- se dos osteíctes. Veja exemplos desses peixes na figura 12.2. Osteícte vem de osteon, que significa ‘osso’, e ichthyes, que significa ‘peixe’. 12.2 Alguns peixes ósseos encontrados no litoral brasileiro com características interessantes. Moreia. O corpo é alongado, semelhante ao de uma cobra (mede de 1 m a 1,5 m de comprimento e ocorre em toda a costa brasileira). Poraquê, ou peixe-elétrico (2 m de comprimento), encontrado na Amazônia e em Mato Grosso; suas descargas elétricas paralisam os peixes de que se alimenta. H a ro ld o P a lo J r. /< k in o .c o m .b r> F a b io C o lo m b in i/ A c e rv o d o f o tó g ra fo Linguado. O corpo é achatado; vive no fundo do mar, camuflado. Os dois olhos ficam no lado de cima do corpo (de 30 cm a 50 cm de comprimento). F a b io C o lo m b in i/ A c e rv o d o f o tó g ra fo F re d e ri c P a c o re l/ G e tt y I m a g e s Peixe-voador (mede de 25 cm a 40 cm de comprimento), com nadadeiras que lhe permitem planar fora da água. G re go ry G. Dim ijian /Photor esearchers, Inc./Latinstock Cavalo-marinho macho com ovos no abdome (até 20 cm de comprimento). 165Unidade 3 • O reino animal L iv ro p a ra a n á lis e d o P ro fe s s o r. V e n d a p ro ib id a . 164_175_U03_C12_TELARIS_Ciencias7_Mercado2016.indd 165 5/8/15 4:20 PM Condricte vem de chondros, que quer dizer ‘cartilagem’, e ichthyes, que significa ‘peixe’. Condrictes são, portanto, os peixes cartilaginosos, ou seja, que possuem esqueleto de cartilagem. Mas existem também peixes que têm o esqueleto de carti- lagem (tecido de sustentação mais mole que o osso, encontrado, por exemplo, na orelha e no nariz dos seres humanos). Esses peixes, representados pelos tubarões e pelas raias, formam a classe dos condrictes. Veja a figura 12.3. Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo Norbert Wu/Minden Pictures/Latinstock Tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum; atinge até 4 m de comprimento). Foto de quimera (até 1 m de comprimento). Tubarão-marrom (Carcharhinus plumbeus; de 1,3 m a 2 m de comprimento). 12.3 Alguns condrictes encontrados no litoral brasileiro. Muitas raias apresentam espinhos com peçonha na cauda (50 cm a 1 m de comprimento). Brandon D. Cole/Corbis/Latinstock Mas existem também peixes que têm o esqueleto de carti- lagem (tecido de sustentação mais mole que o osso, encontrado, por exemplo, na orelha e no nariz dos seres humanos). Esses peixes, representados pelos tubarões e pelas raias, formam a . Veja a figura 12.3. Norbert Wu/Minden Pictures/Latinstock Carcharhinus plumbeus; Muitas raias apresentam espinhos com peçonha na cauda (50 cm a 1 m de comprimento). F a b io C o lo m b in i/ A c e rv o d o f o tó g ra fo 166 164_175_U03_C12_TELARIS_Ciencias7_Mercado2016.indd 166 5/8/15 4:20 PM Os peixes por fora Todos os peixes são aquáticos e apresentam no corpo uma série de adaptações à vida na água. Veja a figura 12.4. 12.4 O formato do corpo e a presença de nadadeiras são características importantes para a vida aquática. opérculo nadadeiras dorsais abertura do ânus nadadeira anal escamas nadadeiras pélvicas nadadeira peitoral nadadeira caudal narina olho boca In g e b o rg A s b a ch /A rq u iv o d a e d it o ra A água opõe mais resistência ao movimento do corpo do que o ar. A forma hi- drodinâmica (corpo alongado e achatado lateralmente) da maioria dos peixes é justa- mente uma adaptação à vida aquática, pois diminui a resistência da água e facilita o deslocamento do animal. Outras adaptações à vida aquática são as nadadeiras e a cauda. Auxiliadas pelos movimentos sinuosos e ondulantes do corpo, elas impulsionam o peixe, dão equilíbrio e servem de freio para o movimento. Quase todos os peixes têm o corpo coberto por pequenas lâminas, chamadas de escamas. Elas são voltadas para a parte de trás do corpo do animal e encaixadas umas nas outras como as telhas de um telhado. Os peixes por dentro Quase todos os peixes possuem mandíbulas ou maxilas — peças de osso ou cartilagem, geralmente com dentes, com as quais o peixe morde e mastiga o alimento. Assim como os outros vertebrados, eles têm um crânio e uma coluna vertebral que dá sustentação ao corpo. Veja a figura 12.5. 12.5 Esqueleto de peixe (linguado; seu comprimento varia de 30 cm a 50 cm). Observe a coluna vertebral. F a b io C o lo m b in i/ A c e rv o d o f o tó g ra fo As escamas são cobertas por um líquido grosso (muco), produzido por glândulas da pele (é por isso que o peixe escorrega facilmente quando tentamos segurá-lo). O muco protege o peixe contra parasitas. Além de proteger o peixe, as escamas e o muco deixam o corpo dele bem liso, o que diminui o atrito com a água. Como se vê, as escamas e o muco também são adaptações à vida aquática. 167Unidade 3 • O reino animal L iv ro p a ra a n á lis e d o P ro fe s s o r. V e n d a p ro ib id a . 164_175_U03_C12_TELARIS_Ciencias7_Mercado2016.indd 167 5/8/15 4:20 PM O tubo digestório dos peixes possui duas aberturas (boca e ânus) e glândulas digestórias: o fígado e o pâncreas. Nos peixes ósseos, o tubo digestório termina no ânus. Nos peixes cartilaginosos, termina em uma abertura única, a cloaca, que serve também para os sistemas excretor e reprodutor. Veja a figura 12.6. coluna vertebral bexiga natatória bexiga urináriagônadaestômago fígado faringe coração brânquias cérebro medula espinal boca intestino ânus rim 12.6 Órgãos internos dos osteíctes. (Esquema simplificado. Cores fantasia.) In g e b o rg A s b a ch /A rq u iv o d a e d it o ra Você sabe dizer como o peixe consegue respirar dentro da água? Os peixes respiram por brânquias (também chamadas de guelras), que são lâmi- nas finas e cheias de pequenos vasos sanguíneos. A água, que contém oxigênio dis- solvido, entra pela boca do peixe e sai por aberturas existentes na faringe, as fendas branquiais. Ao sair, a água entra em contato com as brânquias. O oxigênio da água passa então para o sangue, e o gás carbônico passa do sangue para a água, que sai do corpo. Veja a figura 12.7. 12.7 Respiração branquial nos osteíctes: a água penetra na boca e passa pelas brânquias, formadas por filamentos sustentados pelos arcos branquiais por onde o sangue circula, recebendo o oxigênio da água e eliminando o gás carbônico. A água com gás carbônico é eliminada através do opérculo. (Os elementos ilustrados não estão na mesma escala; cores fantasia.) brânquias fluxo de água Foto de brânquias, sob o opérculo. Fabio C olombini/Acervodo fotógrafo 168 Capítulo 12 • Peixes 164_175_U03_C12_TELARIS_Ciencias7_Mercado2016.indd 168 5/8/15 4:21 PM Nos peixes ósseos, o bombeamento da água é auxiliado por uma espécie de tampa, o opérculo, que cobre as brânquias. Quando a água en- tra pela boca do peixe, o opérculo está fechado. Depois, a boca se fecha, os opérculos se abrem e a água é forçada a sair, passando pelas brânquias. Reveja a figura 12.7. Alguns peixes que nadam rapidamente, como o atum e o tubarão- -branco, usam o próprio impulso do corpo para fazer a água entrar pela boca e passar pelas brânquias. Existe um grupo de peixes, porém, que possui pulmão: são os peixes pulmonados. Esses peixes possuem brânquias reduzidas, insuficientes para a sua respiração. Faz parte desse grupo a piramboia, peixe que pode medir mais de 1 metro de comprimento e é encontrado na América do Sul. Na épo- ca das secas, a piramboia escava tocas no leito seco dos rios, respirando apenas pelo pulmão. No Brasil, esse peixe aparece na Amazônia e em Mato Grosso. Veja a figura 12.8. A maioria dos peixes ósseos possui um órgão chamado de bexiga natatória. Trata-se de um saco que armazena gás e pode aumentar ou diminuir de volume. A bexiga natatória ajuda o peixe a flutuar, permitindo que ele mantenha o equilíbrio em diferentes profundidades sem fazer mui- to esforço. Os peixes cartilaginosos não possuem bexiga natatória, mas seu fígado acu- mula gordura, o que ajuda na flutuação. Os peixes possuem um coração com duas cavidades: um átrio e um ventrí- culo. Quando se contrai, o coração manda sangue cheio de gás carbônico para as brânquias. Nas brânquias, o gás carbônico do sangue passa para a água, e o oxigênio contido nelas passa para o sangue, que se transforma em sangue oxigenado. O sangue oxigenado é levado para todo o corpo, deixando o oxigênio nas célu- las e recebendo delas o gás carbônico. Esse sangue, rico em gás carbônico, volta ao coração para ser bombeado para as brânquias. Observe a figura 12.9. A excreção é feita por um par de rins, que retira do sangue do animal as subs- tâncias tóxicas (como a amônia) produzidas pelas células do corpo e regula a quan- tidade de água e de sais minerais eliminados pela urina. 12.8 Um peixe com pulmão, a piramboia (Lepidosiren paradoxa; chega a 1,20 m de comprimento). F a b io C o lo m b in i/ A c e rv o d o f o tó g ra fo 12.8 Um peixe com pulmão, a piramboia (Lepidosiren paradoxa; chega a 1,20 m de comprimento). F a b io C o lo m b in i/ A c e rv o d o f o tó g ra fo Piramboia vem da língua tupi: pi’rá, que significa ‘peixe’, e mboy, ‘cobra’. aorta dorsal brânquias aorta ventral ventrículo átrio veia capilares artéria In g e b o rg A s b a ch /A rq u iv o d a e d it o ra 12.9 Esquema simplificado da circulação dos peixes. As estruturas representadas em vermelho levam sangue rico em oxigênio para as partes do corpo. As representadas em azul levam sangue pobre em oxigênio para as brânquias. (Os elementos da ilustração não estão na mesma escala. Cores fantasia.) 169Unidade 3 • O reino animal L iv ro p a ra a n á lis e d o P ro fe s s o r. V e n d a p ro ib id a . 164_175_U03_C12_TELARIS_Ciencias7_Mercado2016.indd 169 5/8/15 4:21 PM Como outros vertebrados, os peixes têm órgãos para a visão, a audição, o olfato, o tato e o paladar. Os olhos são semelhantes aos dos demais vertebrados e permitem a forma- ção de imagens. O olfato costuma ser bem desenvolvido. Nas narinas, na boca e em outras partes do corpo, há receptores químicos que acusam a presença de partículas dissolvidas na água. Por baixo da pele, em cada lado da cabeça e do corpo, os peixes possuem uma linha — chamada de linha lateral — formada por canais que se comunicam com o exterior por pequenos poros. A linha lateral capta vibrações na água e indica que há outros animais nas proximidades. O sistema nervoso dos peixes, formado pelo encéfalo (protegido pelo crânio) e pela medula espinal (protegida pela coluna vertebral), recebe os estímulos captados pelos órgãos dos sentidos. Ele envia mensagens para os músculos do corpo, levan- do-os a se contrair. Desse modo, controla as reações do animal aos estímulos. A temperatura do corpo da maioria dos peixes acompanha mais ou menos a temperatura da água: quando ela está mais quente, a temperatura do corpo desses animais aumenta; quando esfria, a temperatura diminui. Por isso, dizemos que esses animais são ectotérmicos, isto é, seu corpo é aquecido com fontes externas de calor. No capítulo 15 você vai ver que as aves e os mamíferos mantêm a tempera- tura do corpo constante, independentemente da temperatura ambiente. São, por isso, chamados endotérmicos. 2 A reprodução dos peixes Na maioria dos osteíctes, as fêmeas e os machos lançam os gametas (esper- matozoides e óvulos) na água. O encontro do espermatozoide com o óvulo se dá fora do corpo da fêmea. Esse tipo de fecundação é chamado de fecundação externa. Em geral, um grande número de gametas é produzido, porém muitos se perdem na água, sem que ocorra o encontro entre eles. Além disso, muitos filhotes são de- vorados assim que se formam. Em algumas espécies ocorre a fecundação interna: os espermatozoides são depositados dentro do corpo da fêmea, onde ocorre a fecundação do óvulo. Nesse caso, depois da fecundação, as fêmeas lançam o ovo na água com uma reserva de alimento. O embrião se desenvolve fora do corpo da mãe, à custa dessa reserva de ali- mento. Essas espécies são chamadas de ovíparas. Em outras espécies, o embrião permanece no corpo da mãe e se alimenta das reservas nutritivas do ovo. Nesse caso, o filhote sai do corpo da mãe completamen- te formado. São as espécies chamadas de ovovivíparas, que incluem a maioria dos tubarões e algumas espécies de osteíctes. Em alguns casos, o embrião se desenvolve dentro do útero e recebe alimento diretamente do sangue da mãe, por meio de um órgão chamado de placenta. Essas espécies, chamadas de vivíparas, são encontradas também entre os tubarões. Do ovo da maioria dos peixes sai um filhote parecido com o adulto: é o alevino. Ectotérmico vem de ectos, que quer dizer ‘fora’, e thermos, ‘calor’. Ovíparo é um termo de origem latina: ovi quer dizer ‘ovo’, e parere, ‘dar à luz’. Ovovivíparo vem de vivus, uma palavra de origem latina que significa ‘vivo’. Portanto, ovovivíparos são os animais que dão à luz ovos com filhotes já formados. Como você verá mais adiante, isso acontece também com os anfíbios e os répteis. Nós, os mamíferos, também somos, quase todos, vivíparos. 170 Capítulo 12 • Peixes 164_175_U03_C12_TELARIS_Ciencias7_Mercado2016.indd 170 5/8/15 4:21 PM 3 A evolução dos peixes Os fósseis mais antigos de peixes datam de cerca de 500 milhões de anos. Esses peixes eram desprovidos de mandíbulas e pertenciam ao grupo dos ostracodermos. Eles foram suplanta- dos pelo grupo dos placodermos, que possuíam mandíbulas e uma armadura óssea. Ainda hoje existem peixes sem mandíbulas, que pertencem ao grupo dos agna- tos. Nesse grupo se encontram as lampreias (figura 12.11). Quando a lampreia se ali- menta de outros peixes, sua boca funciona como uma ventosa: ela gruda na presa, faz um buraco em sua pele com a língua e suga seu sangue. 12.11 Na foto, lampreia (Petromyzon marinus; cerca de 1 m de comprimento) e ilustração da boca do animal mostrando os dentes e a língua. (Ilustração sem escala. Cores fantasia). D e re k M id d le to n /M in d e n P ic tu re s /L a ti n s to ck In g e b o rg A s b a ch /A rq u iv o d a e d it o ra e pertenciam ao grupo dos ostracodermos. Eles foram suplanta- dos pelo grupo dos placodermos, que possuíam mandíbulas e uma armadura óssea. Ainda hoje existem peixes sem mandíbulas, que pertencem ao grupo dos agna- tos. Nesse grupo se encontram as lampreias (figura 12.11). Quando alampreia se ali- Bothriolepis (cerca de 30 cm de comprimento). Cladoselache: media cerca de 1 m. Christian Darkin/SPL/Latinstock Christian Darkin/SPL/Latinstock Pteraspir (cerca de 20 cm de comprimento). Dorling Kindersley/Getty Im ages Hemicyclaspis (cerca de 13 cm de comprimento). D e a P ic tu re L ib ra ry /D e A g o s ti n i/ G e tt y I m a g e s 12.10 Alguns representantes dos ostracodermos (gêneros Hemicyclaspis e Pteraspir) e dos placodermos (gêneros Dunkleosteus, Cladoselache e Bothriolepsis). (Os elementos da figura não estão na mesma escala; cores fantasia.) Dunkleosteus: um dos maiores peixes da época; chegava a medir 9 m. D e a P ic tu re L ib ra ry /D e A g o stini/G etty Im ages Nas rochas da região do Ceará há muitos fósseis de peixes. Veja a figura 12.12. Nas rochas da região do Ceará há muitos fósseis 12.12 Fóssil de peixe (Vinctifer comptoni) de 110 milhões de anos encontrado na Chapada do Araripe (CE). F a b io C o lo m b in i/ A c e rv o d o f o tó g ra fo 171Unidade 3 • O reino animal 164_175_U03_C12_TELARIS_Ciencias7_Mercado2016.indd 171 5/8/15 4:21 PM Ciência e ambiente O fim da pesca em escala industrial A pesca em escala industrial utiliza grandes navios pesqueiros capazes de localizar os cardu- mes por satélite ou sonar. Esses navios fazem a captura com imensas redes de arrasto e já reduziu em 90% a quantidade dos grandes peixes. Isso sig- nifica que esses peixes estão sendo explorados acima de sua capacidade de reprodução. Veja a fi- gura 12.13. Essas grandes redes de arrasto, puxadas junto ao fundo do mar, acabam capturando também mo- luscos, crustáceos e peixes pequenos demais para o comércio. O impacto das redes é muito grande, fazendo com que esses animais morram esmagados na própria rede ou no convés dos barcos muito antes de serem devolvidos ao mar. É por essas razões que a pesca em escala industrial deve ser repensada. A pesca pode e deve ser feita; afinal, os peixes são importantes para a alimentação humana. Mas tem de ser realizada de forma controlada, sem ameaçar as espécies. Muitos cientistas pedem que a indústria de pesca diminua em 50% o número de peixes capturados por ano e que sejam estabelecidas áreas de proteção ma- rinha ao redor do mundo. É preciso também estimular a aquicultura — criação de peixes, moluscos, crustá- ceos, rãs e algas. 12.13 Barco pesqueiro no mar do Norte, equipado com redes de arrasto (nas laterais do barco). Enquanto o barco se desloca, arrasta as redes atrás dele, capturando peixes e outros animais marinhos. D ir k W ie rs m a /S c ie n c e P h o to L ib ra ry /L a ti n s to ck Mundo virtual Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais <www.icmbio.gov.br/cepta> Site que apresenta notícias, imagens e projetos relacionados à pesquisa e conservação de peixes continentais brasileiros. Coleção Ictiológica do LEP <specify.lep.ufrrj.br/> Banco de dados do Laboratório de Ecologia de Peixes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que contém aproximadamente 3 000 lotes de cerca de 300 espécies de peixes de habitat dulcícolas, salobros e marinhos dos estados do sudeste brasileiro. Acesso em: jan. 2015. R e p ro d u ç ã o /< w w w .i c m b io .g o v .b r/ c e p ta > 172 Capítulo 12 • Peixes 164_175_U03_C12_TELARIS_Ciencias7_Mercado2016.indd 172 5/8/15 4:21 PM Atividades De olho no filme Veja o filme (animação) Procurando Nemo (Dis- ney/Pixar, 2003, tempo de duração: 101 minutos). O filme conta a história de um peixe-palhaço que se torna órfão de mãe e cujo pai, Marlin, assume sua educação. Chega o momento de Nemo ir à escola e o peixi- nho, desobedecendo seu pai, vai mais longe do que deveria, nas águas distantes do recife de co- ral onde a comunidade vivia, e é caçado por um mergulhador que o coloca em um aquário. Seu pai, então, empreende uma longa viagem pelo oceano enfrentando todos os medos que tinha de sair das proximidades de sua casa, para achar seu filho. Nessa viagem é ajudado por vários bi- chos, inclusive um grupo de tartarugas marinhas. Também enfrenta a travessia através de um gru- po de perigosas águas-vivas. Enquanto isso, Nemo participa da vida do aquário, onde os seres que ali habitam são tristes e querem voltar para o mar. Trabalhando as ideias do capítulo 1. No caderno, identifique as afirmativas corretas. a ) Tubarões e raias possuem esqueleto ósseo. b ) A maioria dos peixes respira por pulmões. c ) As brânquias absorvem o oxigênio dissolvido na água e eliminam o gás carbônico do sangue dos peixes. d ) A maioria das espécies de peixes pertence ao grupo dos osteíctes. e ) Ao contrário dos artrópodes, o esqueleto dos peixes é interno (endoesqueleto). f ) Na fecundação externa, o encontro do esper- matozoide e do óvulo ocorre fora do corpo da fêmea, na água. g ) Tubarões e raias possuem opérculo. h ) Os peixes ovíparos apresentam fecundação interna. i ) Os peixes não possuem sistema circulatório. j ) Alguns peixes possuem pulmões. 2. Cite duas adaptações do corpo dos peixes que facilitam o seu deslocamento na água. 3. Como a piramboia, um peixe brasileiro, consegue respirar mesmo nas épocas em que o rio seca? 4. Um aluno afirmou que mesmo que a temperatura da água aumente de 4 oC para 24 oC, a temperatu- ra do corpo do peixe não varia. O aluno está certo? Justifique sua resposta. 5. Qual é a diferença entre um peixe ovíparo e um peixe vivíparo? 6. Sobre a bexiga natatória, responda: a ) Qual a função da bexiga natatória na maioria dos peixes? b ) Peixes cartilaginosos não possuem bexiga, mas acumulam gordura no fígado. Como esse fato compensa a ausência da bexiga natatória? 7. Na foto abaixo de um robalo (até 1 m de compri- mento), podemos ver um órgão que aparece como uma faixa mais escura ao longo do corpo do animal. Como se chama esse órgão e qual sua função? 12.14 Robalo (Centropumus undecimalis; até 1 m de comprimento). F a b io C o lo m b in i/ A c e rv o d o f o tó g ra fo 173Unidade 3 • O reino animal L iv ro p a ra a n á lis e d o P ro fe s s o r. V e n d a p ro ib id a . 164_175_U03_C12_TELARIS_Ciencias7_Mercado2016.indd 173 5/8/15 4:21 PM Pense um pouco mais 1. Se os peixes forem consumidos em uma veloci- dade maior que a de sua reposição natural, seus estoques podem diminuir e até chegar ao fim. Por isso, é importante que certo número de filhotes consiga crescer e se reproduzir. Em alguns casos, porém, a pesca é feita com imensas redes de ar- rasto, que pegam peixes pequenos demais para o comércio. Esses peixes acabam morrendo esma- gados na própria rede ou no convés dos navios antes de serem devolvidos ao mar. Alguns países proíbem o uso de redes com malhas muito finas na pesca. Qual é a razão dessa proibição? 2. Por que os peixes de fecundação externa produ- zem, em geral, mais óvulos que os de fecundação interna? 3. Se taparmos as narinas dos peixes, eles deixam de respirar e morrem? Justifique sua resposta. 4. A foto ao lado mostra camarões (cerca de 7 cm) comendo restos de comida na boca de uma moreia (1 m a 1,5 m de comprimento). Que tipo de relação ecológica é essa? Que benefícios ela traz ao peixe e aos camarões? 12.15 Camarões (Lysmata amboinensis) e moreia (Gymnothorax ocellatus) nas ilhas Salomão, Oceania. 5. Muitos peixes apresentam a parte dorsal escura e a ventral, clara. Por que isso constitui uma boa camu- flagem no ambiente aquático? (Imagine-se no fun- do da água olhando para cima e imagine-se também na parte de cima, agora olhando para baixo.) Atividade em grupo Escolham um dos temas a seguir para realizar a pesquisa. Para os dois primeiros temas, peçam o auxílio dos professores de Ciências e de Geografia. Depois que todos os grupos tiverem realizado suas pesquisas,organizem uma exposição para a co- munidade escolar. 1. Façam uma lista de peixes marinhos que se encontram nas águas brasileiras. Escolham al- guns deles e pesquisem, em livros, CD-ROMs, na internet, etc., as características interessan- tes que eles possuem. 2. Façam uma lista com alguns peixes encontra- dos nos rios e lagos brasileiros. Escolham al- guns deles e pesquisem, em livros, CD-ROMs, na internet, etc., as características interessan- tes que eles possuem. Depois de ver o filme: 1. Tente identificar os grupos a que pertencem os animais que aparecem no filme. 2. Pesquise que tipo de troca de favores ocorre entre os peixes-palhaços e as anêmonas. Pes- quise também como esses peixes conseguem viver entre as anêmonas, que produzem uma toxina em seus tentáculos, sem se queimar. 3. Tem uma cena em que o tubarão Bruce sente o cheiro do sangue e vai atrás de Marlin e Dore. Tubarões realmente podem sentir o cheiro do sangue? 4. Em um certo momento do filme, uma lula lança jatos de tinta. Por que ela faz isso? Qual a van- tagem disso para a lula? C h r is N e w b e rt /M in d e n P ic tu r e s /L a ti n s to c k 174 Capítulo 12 • Peixes 164_175_U03_C12_TELARIS_Ciencias7_Mercado2016.indd 174 5/8/15 4:21 PM Aprendendo com a prática Reúnam-se em grupos e, com a ajuda do profes- sor, sigam as orientações abaixo para realizar esta atividade. Primeira etapa 1. Cada membro do grupo deve ter em mãos lápis, borracha e papel de desenho. 2. Individualmente, desenhem — sem consultar ne- nhuma fonte que não seja a memória — um peixe visto externamente. Não se esqueçam de indicar o nome das partes principais do corpo do animal (escrevam os nomes de que se lembrarem). 3. Guardem o desenho e preparem-se para a próxima tarefa: trabalhar com o peixe real. Segunda etapa Material • Um peixe fresco, que pode ser adquirido em mer- cados municipais ou em feiras livres. (Peçam ao comerciante um peixe que ainda tenha escamas, barbatanas e órgãos internos intactos.) • Tesoura de pontas finas ou faca. • Luvas de látex. • Pinças de dissecção. • Panos absorventes (limpos). • Uma bandeja retangular de plástico (ou uma forma de bolo). • Lápis, borracha e papel de desenho. Procedimentos 1. O professor vai pôr o peixe deitado lateralmente na bandeja. Vocês não devem encostar os dedos no animal, pois podem se ferir com as espinhas. É melhor tocá-lo com um lápis ou uma espátula de madeira. 2. Observem o peixe e façam um desenho que re- presente todas as características externas obser- vadas. Depois, comparem esse desenho com o que fizeram anteriormente, de memória, e confi- ram o que faltou desenhar no primeiro. 3. Verifiquem se o peixe está fresco (olhos brilhan- tes e transparentes, brânquias vermelhas, pele firme e elástica, que não se desmancha ao ser tocada com o lápis ou a espátula, e sem cheiro desagradável). 4. Levantem um dos opérculos com a pinça e obser- vem as brânquias do animal. Como elas são? Que cor elas têm? Por que são dessa cor? 5. O professor vai enfiar um lápis pela boca do peixe e mostrar que ele sai pela abertura das brânquias. Por que isso acontece? 6. O professor vai abrir o ventre do peixe com uma tesoura ou uma faca e expor os órgãos internos do animal. Procurem identificar alguns órgãos, dese- nhar o peixe em corte e indicar com legendas os órgãos que foram identificados pelo grupo. 7. Verifiquem se na região em que vocês moram existe alguma instituição educacional (universida- de, museu ou centro de ciências) que trabalhe com peixes ou mantenha uma exposição sobre esses animais. Se for possível, façam uma visita ao local. Outra opção é pesquisar na internet sites de uni- versidades, museus, etc. que disponibilizem uma exposição virtual sobre o tema. 3. Pesquisem quais são os peixes mais vendidos em um supermercado ou uma peixaria. Com- parem os preços dos diversos peixes com os de outros dois alimentos que também são ricos em proteínas: o frango e a carne. Pesquisem também quais são os sinais de que o peixe está fresco e quais devem ser os cuidados para conservá-los em casa. Por fim, procurem algu- ma receita de um prato típico do estado em que vocês moram no qual os peixes sejam o prin- cipal ingrediente. 4. Pesquisem o que é piracema e como o ser humano tem interferido nesse processo natural. 175Unidade 3 • O reino animal L iv ro p a ra a n á lis e d o P ro fe s s o r. V e n d a p ro ib id a . 164_175_U03_C12_TELARIS_Ciencias7_Mercado2016.indd 175 5/8/15 4:21 PM