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Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental PROF. ENF. ESP. BIANCA ALVARES DA SILVA CURSO: ENFERMAGEM 6° SEMESTRE TRANSTORNOS PSICÓTICOS E ESQUIZOFRENIA – Cuidados de Enfermagem Após a aula os alunos devem ser capazes de: • Descrever sinais e sintomas da Psicose • Conhecer os transtornos psicóticos • Descrever as ações de enfermagem nos quadros agudos desses transtornos. • Descrever ações de enfermagem no acompanhamento desses pacientes na comunidade. • Discutir os desafios atuais da assistência ao portador de psicose e esquizofrenia. Objetivos da aula: PSICOSE Quando uma pessoa está psicótica ela avalia incorretamente a exatidão de suas percepções e pensamentos e faz inferências incorretas acerca da realidade externa, até mesmo diante da evidência contrária. Os sintomas de psicose são agrupados em cinco categorias principais da função cerebral: 3. Emoção 4. Comportamento 5. Socialização (relacionamento) 1. Cognição 2. Percepção Delírio Alucinação 1) Pensamentos desorganizados – não se entende bem o que a pessoa psicótica está dizendo, não faz sentido o que ela diz. Pode haver dificuldade de concentração. Os pensamentos podem estar acelerados ou muito lentos. 1) Delírios ou crenças falsas – delírio é uma alteração do conteúdo do pensamento. Há delírios de grandeza (“Eu sou o presidente do país.”), de ciúme (“Todos me traem.”), de perseguição (“Você [dizendo para o médico] está aqui para me matar!”), místicos (“Eu sou Jesus Cristo.”), etc. A pessoa crê ser isto real. E nada a convence de que não é. 3) Mudança de sentimentos – ocorrem sem razão aparente. Sensação de isolamento do mundo, estranheza, como se tudo se movesse em câmara lenta, e ora muito alegre, ora deprimido demais, ou sem nenhuma emoção, como se fosse uma máquina. 2) Alucinações – são alterações da percepção. O psicótico vê coisas, ouve vozes ou sons, sente sabores que não existem na realidade. Pode ouvir vozes de perseguição, ver um animal querendo atacá-lo que não existe naquele ambiente. 4) Mudança de comportamento – a pessoa pode estar acelerada e agitada, andando de lá para cá o tempo todo, ou extremamente parada (catatonia), passando horas e dias sentada sem fazer nada com olhar perdido. Pode ficar rindo sem motivo. A mudança do comportamento depende de outras alterações, por exemplo, se a pessoa tem alucinação auditiva de que uma voz está lhe dizendo para fugir, ela ficará muito inquieta e irá querer sair correndo. Ou pode estar muito assustada e não conseguir dormir. Outros param de comer porque há no delírio a ideia de que colocaram veneno na comida. 5 - Socialização (relacionamento) – dificuldade para estabelecer uma relação de confiança; os delírios podem alterar as relações interpessoais já estabelecidas; tendência ao isolamento. 1) Causas orgânicas: 1. Intoxicações por drogas, álcool, medicamentos 2. Transtornos metabólicos 3. Neoplasias cerebrais Há alteração da consciência, desorientação, alterações da memória, da atenção, alucinações, “delirium”. 2) Causas não-orgânicas (funcionais) – Esquizofrenia, Transtorno Afetivo Bipolar , Depressão (nos casos mais graves) ESQUIZOFRENIA É um transtorno psiquiátrico grave, complexo e muitas vezes debilitante. Representa um dos principais problemas de saúde pública da atualidade. É um transtorno psiquiátrico - Crônico - Incapacitante - Incurável Início: antes dos 25 anos. Raro - antes dos 15 e depois dos 50 anos. Sem predileção por COR, SEXO e CLASSE SOCIOCULTURAL Não há diferença na prevalência de homens e mulheres 4º Lugar em termos de ônus da doença (depressão, uso de álcool e TAB) 20 a 50% tentam o suicídio e 10% detêm sucesso. Diagnóstico: História psiquiátrica e Exame do estado mental Fatores predisponentes: BIOLÓGICOS 1- Genética 1% - população 2,5% - parente em segundo grau 15% - um dos pais biológicos 35% - ambos os pais 10% - 14% - gêmeos fraternos 50% - gêmeos idênticos funcionais e límbico: jamais se 2 – Neurobiologia Anormalidades anatômicas, neuroquímicas no cérebro. Córtex pré-frontal e córtex desenvolvem completamente. Estudos por imagem: volume cerebral diminuído. e funcionamento Estudos neuroquímicos: alterações de numerosos sistemas de neurotransmissores: dopamina, norepinefrina, serotonina, glutamato e GABA. Foco: Córtex frontal: sintomas negativos Sistema límbico: sintomas positivos Sistema neurotransmissor: conecta essas regiões (dopaminérgico e serotonérgico) Drogas que alteram a mente como as anfetaminas e cocaína, aumentam os níveis cerebrais de dopamina e produzem psicose. As drogas antipsicóticas convencionais exercem seus efeitos terapêuticos pelo bloqueio dos receptores de dopamina. Fases da esquizofrenia Idade 0 Demora para ficar em pé Anda com 1,5 anos Fala aos 2 anos Timidez Poucas amizades Dificuldades escolares 13 14 - 17 Psicose 18 - 15 Piora do desempenho e Abandono escolar Agressividade com colegas e familiares Isolamento social Sintomas de depressão Delírios e alucinações Embotamento afetivo –volitivo Inicio do tratamento 35 - 65 Disfunção sócio- ocupaciona Pré mórbido Prodrômico Progressivo Crônico Sintomas: Positivos: delírios, alucinações, desorganização do pensamento Negativos: diminuição da vontade e da afetividade, o empobrecimento do pensamento e o isolamento social Cognitivos: dificuldade de atenção, concentração, compreensão e abstração Afetivos: depressão, desesperança, e as idéias de tristeza, ruína e, inclusive autodestruição. Problemas relacionados à socialização Isolamento e abstinência social Autoestima baixa Inadequação social Desinteresse pelas atividades de lazer Confusão na identidade sexual Isolamento pelos outros decorrente do estigma Qualidade de vida diminuída Tipos mais comuns: PARANÓIDE: mais comum, extrema desconfiança, idéias delirantes persecutórias; SIMPLES: menos evidente, comprometimento da afetividade (embotamento); HEBEFRÊNICA: –Hebe– deusa da juventude, mais maligna; CATATÔNICA: comprometimento dos movimentos, atenção para estupor e excitação catatônica; INESPECÍFICA: apenas sintomas negativos. FARMACOLÓGICO PSICOSSOCIAL Objetivo: Aliviar sintomas, prevenir recaídas e melhorar condições de vida TRATAMENTO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 1952 - Primeira droga antipsicótica Clorpromazina Depois: Haloperidol, Tioridazina. ANTIPSICÓTICOS TťPICOS: Clorpromazina – baixa potência ---- dosagem maior Para o mesmo efeito Haloperidol – alta potência ---------- dosagem menor Efeitos colaterais: sedação hipotensão sintomas extrapiramidais vários outros efeitos. Nome Genérico Comercial Equivalência na dosagem da droga (MG) Faixa de dosagem de manutenção (MG/DIA) Drogas típicas Clorpromazina (Amplictil) 100 300-1400 Tioridazina (Melleril) 100 300-800 Mesoridazina (Serentil) 50 100-500 Trifluoperazine (Stelazine) 5 10-80 Flufenazina (Anatensol) 2 4-5 Tiotixeno (Navane) 4-5 10-60 Haloperidol (Haldol) 2 5-50 Loxapina (Moban) 10-15 25-250 Drogas atípicas Clozapina (Leponex) 100 300-600 Risperidona (Risperdal) - 4-6 Olanzapina (Zyprexa) 10 5-20 Drogas Antipsicóticas TRATAMENTO PSICOSSOCIAL Psicossocial Psicoterapias As modalidades psicoterapêuticas mais empregadas são: cognitivo-comportamental, terapia de grupo, treinamento para habilidades sociais, terapia familiar. Aspecto cognitivo: identificar e modificar formas distorcidas e não realistas de pensar. Aspecto comportamental: ajudar o indivíduo a interromper comportamentos alterados e substituí- los por comportamentos mais saudáveis. Cuidados de Enfermagem Identificação de necessidades - diagnósticos Intervenção Avaliação da intervenção Identificação de necessidades Coleta informações: história do adoecimento, estrutura familiar e rede social, uso de medicamentos. Faz o exame do estado mental Observa o comportamento Identifica potencialidades: redesocial presente, expressão de afeto presente, inteligência preservada, Diagnósticos de Enfermagem Diagnóstico de Enfermagem – Sensopercepção alterada Comportamentos - Comunicação prejudicada (respostas inadequadas), sequenciamento desordenado do pensamento, alterações súbitas de humor, falta de concentração, desorientação, para de falar no meio da frase , inclina a cabeça para o lado como se estivesse ouvindo. Diagnósticos de Enfermagem Diagnóstico de Enfermagem – Processos de pensamento alterados Comportamentos - Pensamento delirante, incapacidade de concentração, vontade prejudicada, incapacidade de resolver problemas, obstrair ou conceituar, desconfiança extrema dos outros, interpretação errada do ambiente. Diagnósticos de Enfermagem Diagnóstico de Enfermagem – Isolamento Social Comportamentos - Afastamento, afeto triste ou aborrecido, dilema necessidade-medo, preocupação com os próprios pensamentos, expressão de sentimento de rejeição ou de solidão impostos por outros, taciturno, procura ficar sozinho. Diagnósticos de Enfermagem Comportamentos - linguagem corporal agressiva (ex. punhos e mandibula fechados, marchar, agressão posição catatonica,ameaçadora), alucinações de comando, verbal, excitação reações de raiva, história de violencia, atos evidentes e agressivos, destruição direcionada para objetos no ambiente. Diagnóstico de Enfermagem – Risco de violência: autodirigida ou dirigida para outros Diagnósticos de Enfermagem Comportamentos - neologismos, salada de associação frouxa de ideias, palavras, associações auditivas, ecolalia, verbalizações que refletem pensamento concreto, contato visual precário, dificuldade de expressar pensamentos verbalmente, verbalização inapropriada. Diagnóstico de Enfermagem – Comunicação verbal prejudicada Diagnósticos de Enfermagem Diagnóstico de Enfermagem – Déficit de autocuidado Comportamentos - Dificuldade para realização de tarefas associadas à higiêne: vestir, comer , ir ao banheiro. Planejamento/Implementação Estabelecer metas de curto, médio e longo prazo. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM - HOSPITAL Restauração das respostas neurobiológicas adaptadas, oferecendo paciente. também segurança e bem estar ao Observar fatores ambientais de segurança. Manter paciente sob constante vigilância e explicar com cuidado todas as ações envolvendo o paciente Ajudar o paciente a reduzir a ansiedade e sentirem- se seguros e aceitos. Planejamento para alta hospitalar. MANEJO DOS DELÍRIOS Estabelecer confiança: comunicação não verbal. Abordar paciente com calma, empatia e contato visual não-ameaçador. Utilizar frases claras, diretas e simples. Não tentar uma explicação lógica para o delírio. Não subestimar o poder de um delírio e a incapacidade do paciente de diferenciar o delírio da realidade. Examinar o conteúdo e os deflagradores ambientais da experiência delirante. BARREIRAS Tornar-se ansioso e evitar a pessoa Reforçar o delírio Tentar provar que a pessoa está errada Fixar limites irreais Incorporar-se no sistema delirante Ser inconsistente na intervenção Ver primeiro o delírio e depois a pessoa MANEJO DAS ALUCINAÇÕES Compreender as características da alucinação e identificar o nível de ansiedade relacionado: Amplos sorrisos ou risadas aparentemente inadequados. Move os lábios sem emitir qualquer som. Movimentos oculares rápidos. Respostas verbais mais lentas, como que preocupado com alguma coisa. Silencioso. Sinais mais intensos de ansiedade do sistema nervoso autônomo, como taquicardia, taquipnéia e elevação da pressão sanguínea. Alcance da atenção começa a estreitar-se. Preocupado com a experiência sensorial, podendo perder a capacidade de diferenciar entre alucinação e realidade. As instruções dadas pela alucinação serão seguidas, em vez de haver objeção a elas. Dificuldade em relacionar-se com outras pessoas. O alcance da atenção é de apenas alguns segundos ou minutos. Sintomas físicos de ansiedade grave como perspiração, tremores, incapacidade de seguir instruções. Comportamento aterrorizado, na forma de pânico. Forte potencial para suicídio ou homicídio. Atividade física que reflete o conteúdo da alucinação, como violência, afeto, retraimento ou catatonia. Incapaz de responder a instruções complexas. Incapaz de responder a mais de uma pessoa. Ajudá-los a aumentar a consciência quanto a esses sintomas para que possam distinguir entre o mundo da psicose e o mundo vivenciado pelos outros. Escutar e observar. Discussão interativa das alucinações – honestidade, franqueza e sinceridade. 1. Manter o contato visual; 2. Falar de forma simples; 3. Em um tom de voz mais alto que o habitual; 4. Chamar o paciente pelo nome e usar o toque físico. QUATRO PRINCIPIOS BÁSICOS - FASE AGUDA: Promover atividades que exijam a atenção para habilidades físicas e que ajudem o paciente a usar seu tempo construtivamente. Reconheça e reforce aspectos saudáveis e positivos da personalidade. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM – Na Comunidade Pessoa com diagnóstico Família da pessoa com diagnóstico Recursos na Comunidade Educação do paciente e da família Habilidade para o enfrentamento dos sintomas psicóticos Manejo da recaída Explicar sobre os medicamentos usados Observar comportamento Garantir adesão ao tratamento; Tratamento psicossocial RECAÍDA E MEDICAMENTOS Cafeína e nicotina podem afetar a ação dos medicamentos psicotrópicos Sem o medicamento: taxa de recaída de 60 a 70% nos primeiros anos após o diagnóstico. Pacientes fiéis ao regime farmacológico: recaída cai para 15,7% com uma combinação de medicamentos, educação em grupo e apoio. Mesmo com apoio, educação e adesão – pode ocorrer recaída. Recursos na Comunidade Educar a comunidade sobre os transtornos mentais Vencer o estigma Promover a inclusão do portador de transtorno mental em equipamentos comunitários Promover a inclusão pelo trabalho REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FUKUDA, Ilza Marlene Kuae; STEFANELLI, Maguida Costa; ARANTES, Evalda Cançado (Orgs). Enfermagem psiquiátrica em suas dimensões assistenciais. 2.ed. Barueri, SP: Manole, 2017. GORENSTEIN, Clarice; WANG, Yuan-Pang; HUNGERBÜHLER, Ines (Orgs). Instrumentos de avaliação em saúde mental. Porto Alegre : Artmed, 2016. Kaplan HI, Sadock BJ. Compêndio de Psiquiatria: ciências comportamentais, psiquiatria clínica. 6 ed. Porto Alegre (RS): Artes Médicas; 1993. Bras Psiquiatria 1982; 4(13):46-9. MASTROROSA, Fernanda Micheleti; PENHA, Luciana Goes. Enfermagem em clínica psiquiátrica. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014. RODRIGUES, A. R. F. Enfermagem Psiquiátrica em Saúde Mental: Prevenção e intervenções. São Paulo: E.P.U. 1996. 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