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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 PSICOMOTRICIDADE: CONCEITO E HISTÓRICO ................................... 4 2.1 Conceitos básicos ................................................................................ 5 2.2 Motricidade ........................................................................................... 6 2.3 Elementos da psicomotricidade ............................................................ 6 2.4 O papel do psicomotricista ................................................................... 8 3 A EVOLUÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE ................................................ 11 3.1 Estádio tônico-emocional (dos 6 aos 12 meses) ................................ 15 3.2 Estádio sensório-motor (dos 12 aos 24 meses) ................................. 19 3.3 Estádio projetivo (dos 2 aos 3 anos) .................................................. 24 3.4 Estádio personalístico (dos 3 aos 4 anos) .......................................... 26 4 A PSICOMOTRICIDADE EM DIFERENTES ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL .............................................................................. 29 4.1 A importância da psicomotricidade na educação infantil .................... 32 5 CORPO, MOVIMENTO E EXPRESSÃO .................................................. 35 6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFIA ................................................................. 39 3 1 INTRODUÇÃO O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 PSICOMOTRICIDADE: CONCEITO E HISTÓRICO Fonte: recon-rj.com A psicomotricidade se baseia em uma visão global da pessoa humana e, como ciência, busca integrar as diversas funções humanas: percepção, emoção, simbolismo, linguagem psicológica e movimento de movimento. Você aprenderá sobre os aspectos históricos da psicologia e alguns de seus conceitos. Também verificará quais são os objetos de pesquisa dessa ciência e a entenderá como uma abordagem transdisciplinar do movimento, dada sua aplicabilidade em diversas áreas do desenvolvimento humano (MIGUEL, 2019). Segundo Miguel 92019) psicomotricidade é uma ciência holística que busca conectar os aspectos emocionais, cognitivos e motores nas diversas etapas da vida do ser humano. Para memorizar o conceito, pode-se separar a palavra da seguinte forma: “psi” (aspectos emocionais) + “co” (aspectos cognitivos) + “motric” (aspectos motores) + “idade” (etapas da vida do ser humano). Assim, será mais fácil você se recordar de que a área de trabalho e intervenção do psicomotricista não se restringe somente a um único público-alvo. O trabalho pedagógico na idade pré-escolar é tão importante quanto o trabalho multiespecializado da psiquiatria do idoso. Além disso, conhecerá a importância da psicomotricidade aplicada à educação infantil. Por fim, você verá como a psicomotricidade atua no desenvolvimento integral do indivíduo em diferentes faixas etárias da vida (SANTOS, 2020). 5 2.1 Conceitos básicos A psicomotricidade é a ciência que estuda o homem e sua relação com seu corpo e movimentos, além de considerar as relações decorrentes da interação com outras pessoas e com o meio ambiente. Se a etimologia da palavra for avaliada (psi = emoção, co = percepção, motivação = movimento humano, idade = etapas da vida), entende-se o campo de pesquisa da psicologia quão abrangente pode ser. O estudo da psicologia tem um forte caráter educativo, pois é aplicado em escolas e salas de aula e em terapia intensiva, com o objetivo de melhorar o desenvolvimento de sujeitos que podem ou não relacionar-se, movimentar-se ou aprender nesses espaços. A pesquisa que deu origem ao campo da psicologia motora apresentou inicialmente uma abordagem de neuroimagem impressionante (SANTOS, 2020). De acordo com Santos (2020) em 1909, o neuropsiquiatra Ernest Dupré, figura de fundamental importância na área, afirmou a independência da debilidade motora de um possível correlato neurológico, apontando que, ainda assim, essa debilidade poderia causar alterações consideráveis em relação ao desenvolvimento humano. Em 1925, o médico e psicólogo Henri Wallon estudou o movimento humano, reconhecendo sua categoria fundante como instrumento na construção do psiquismo. Essa diferenciação permitiu a Wallon relacionar o movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo. Em 1935, Edouard Guilmain, neurologista, desenvolveu um exame psicomotor para fins de diagnóstico, recomendação da terapêutica e prognóstico. Em 1947, o psiquiatra Julian de Ajuriaguerra redefiniu o conceito de debilidade motora, considerando-a como uma síndrome com suas próprias particularidades. Foi quem delimitou com clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre os âmbitos neurológico e o psiquiátrico. Com essas novas contribuições, a psicomotricidade passou a se diferenciar de outras disciplinas, adquirindo sua própria especificidade e autonomia (SANTOS, 2020). Sabendo que as dificuldades motoras podem persistir mesmo quando as pessoas não apresentam déficits neurológicos, o uso do termo neuropsicologia foi reforçado em 1970, para explicar tais eventos no desenvolvimento, principalmente em crianças. Durante esta década, muitos autores definiram a psicologia como habilidades motoras relacionais, olhando para as conexões íntimas entre os aspectos afetivos e motores dos sujeitos. A partir daí, começa a ser definida a distinção entre 6 posturas restauradoras e terapêuticas. Ao se desligar da técnica instrumentalista e se ocupar do "corpo de um sujeito", a abordagem terapêutica dá, progressivamente, maior importância à relação entre mente e coração, bem como ao entendimento do sujeito como um todo. Tal entendimento perdura até os dias atuais (MIGUEL, 2019). 2.2 Motricidade A motricidade emergente do tônico não é construída como um edifício, de acordo com um plano de componente, mas sim, como substituto de seu próprio plano, isto é, a motricidade termina e diferenciada para dar origem a um desenvolvimento emocional e, mais tarde, desenvolvimento cognitivo (FONSECA, 2008). De acordo com Fonseca (2008) assim, a expressão motora ilustra uma alternância funcional: ou está orientada para o conhecimento interno (o conceito de espaço do ego subjetivo-emocional), ou está voltada para o conhecimento externo (o conceito de espaço sem percepção ego-objetiva), ou seja, o desenvolvimento psicomotor das crianças também reflete a herança da superioridade funcional entre três componentes: motor, afetivo e cognitivo. Cada um deles prevalece em um dos estágios de desenvolvimento que vimos acima. Os três nutrem um ao outro, a atividade de um impede o crescimento dos outros. Nesse contexto, o conceito de integração funcional entre os três universos – motor, afetivo e cognitivo. O ato motor, portanto,não pode ser visualizado em segmentos. Inseparáveis e originalmente cognitivas. Na sucessão das suas idades, ela é um único e mesmo ser em contínua metamorfose. 2.3 Elementos da psicomotricidade Segundo Fonseca (2008), são várias as classificações e as terminologias utilizadas para denominar as funções psicomotoras. De qualquer forma, os conceitos são basicamente os mesmos; o que muda é a forma de classificar e agrupar esses conceitos. As terminologias mais utilizadas no Brasil e os seus respectivos conceitos são apresentados a seguir. Esquema corporal: é o conhecimento preciso do próprio corpo e de suas partes, que permite ao sujeito relacionar-se com o espaço, os objetos e as pessoas ao seu 7 redor. As informações sensoriais ou cinéticas reforçam esse conhecimento sobre o corpo e, à medida que o corpo se desenvolve, ocorrem mudanças e ajustes no esquema corporal. Por exemplo, a criança percebe que a cabeça está acima do pescoço e sabe que ambos fazem parte de um todo maior, o corpo, como expõe Fonseca (2008). Imagem corporal: é a representação mental inconsciente que fazemos do nosso próprio corpo, formada a partir do momento em que esse corpo começa a ser desejado e, consequentemente, passa a desejar, bem como ser marcado por uma história singular e pelas inscrições materna e paterna. Um exemplo de como se dá sua construção é o estágio do espelho, que começa aos 6-8 meses de idade, quando a criança já se reconhece no espelho, sabendo que o que vê é sua imagem refletida. A imagem, portanto, vem antes do esquema — portanto, sem imagem, não há esquema corporal, conforme aponta Le Bouch (1992). Tônus: segundo Sampaio (2009), é a tensão fisiológica dos músculos que garante o equilíbrio estático e dinâmico, a coordenação e a postura em qualquer posição do corpo, seja estacionária ou em movimento. Exemplo: A maioria das pessoas com síndrome de Down tem tônus muscular diminuído, tônus diminuído ou maior estresse do que o normal, resultando em aumento da mobilidade e flexibilidade e diminuição da capacidade de manter o equilíbrio, a postura e a coordenação. Coordenação global ou motricidade ampla: é a ação simultânea de diferentes grupos musculares na execução de movimentos voluntários, amplos e relativamente complexos. Por exemplo, para andar, utilizamos a coordenação motora ampla, onde as extremidades superiores e inferiores se coordenam alternadamente para obter o movimento, segundo Le Bouch (1992). Habilidades motoras finas: a capacidade de realizar movimentos coordenados usando pequenos grupos musculares das extremidades, conforme definido por Le Bouch (1992). Exemplos: escrever, costurar, datilografar Organização espaço-temporal: a capacidade de orientar com precisão no espaço e no tempo. Para isso, você deve ter o conceito de perto, longe, acima, abaixo, dentro, fora, ao lado, antes, depois (FONSECA, 2008). Pesquisadores estudam a organização espacial e a coordenação temporal separadamente. Fonseca (2008) cita como exemplo a brincadeira “Batatinha frita 1, 2, 3”. Ritmo: é a classificação constante e periódica de um ato motor. Para ter ritmo, é preciso ter organização espacial, segundo Fonseca (2008). Exemplo: pular corda. Lado direito: é a capacidade de sentir movimentos com os dois lados do corpo, ora o 8 direito, ora o esquerdo. Por exemplo, uma criança destra, mesmo que sua mão direita esteja ocupada, ainda pode abrir a porta com a mão esquerda. Isso é diferente da dominância lateral, que é a maior habilidade desenvolvida em um lado do corpo devido à dominância cerebral - ou seja, as pessoas dominantes do lado esquerdo do cérebro são mais propensas a desenvolver mais habilidades no lado direito do corpo e, portanto, têm o direito - a mão. Nos canhotos, ocorre o contrário porque o lado direito do cérebro é dominante, como mostrou Sampaio (2009). Equilíbrio: é a capacidade de se manter com base no suporte corporal reduzido, usando a combinação apropriada de ações musculares, quietude ou movimento. Um exemplo de equilíbrio dinâmico é andar em uma prancha e equilíbrio estático é sentar-se corretamente (MIGUEL, 2019). 2.4 O papel do psicomotricista Para o psicomotricista, o sujeito constitui sua unidade a partir das interações com o mundo exterior e nas ações do outro (mãe e agentes) em relação a ele. Portanto, a peculiaridade do psicólogo está na compreensão das origens do psiquismo e dos elementos básicos da construção da própria imagem e representação. Uma criança que consegue organizar o tempo e o espaço não será capaz de sentar em uma cadeira, concentrar-se, segurar um lápis com firmeza e reportar no papel o que tanto se esforçou para pensar (MIGUEL, 2019). Autores como Oliveira (2015) mostrou que o primeiro dicionário foi escrito sobre o corpo, reforçando assim a importância do movimento como base para outras novas aquisições das etapas do desenvolvimento humano. Para demonstrar isso, Le Boulch (1985) mostra que as ações predizem a fala, e que a fala é uma importante ferramenta de organização psicológica, pois é por meio da fala que a criança integra os fatos culturais ao seu desenvolvimento pessoal. Assim, mesmo a partir do momento das falhas no desenvolvimento motor dessas crianças, também são possíveis falhas na aquisição da linguagem oral e/ou escrita. Com isso, o psicólogo pode, antes de tudo, atuar na educação infantil, estimulando o desenvolvimento das crianças a partir das habilidades motoras e físicas, com vistas a melhorar os problemas sociais e afetivos. Tanto que alguns autores consideram a importância do trabalho do psicólogo durante os primeiros cinco 9 anos de vida de uma criança, como se houvesse uma espécie de “janela” aberta para o melhor desenvolvimento da criança nesse período. O Quadro abaixo apresenta os principais conhecimentos e aquisições psicomotoras em cada fase de desenvolvimento infantil. 10 Fonte: Adaptado de FONSECA, 2008 apud MIGUEL, 2019. Segundo a Associação Brasileira de Psicomotricidade (2019), as áreas de desempenho para o psicomotricista podem ser: educacional, institucional e clínica. Em afinidade aos eixos de atendimento, a associação destaca os descritos a seguir. Psicomotricidade educacional: atendimento voltado ao espaço escolar, podendo ser efetivado no nível da educação infantil e dos ensinos fundamental, médio e superior. Psicomotricidade hospitalar: em ambulatórios, UTIs, espaços de saúde e brinquedotecas, com vistas à reabilitação de alguma debilidade psicomotora. Psicomotricidade empresarial: atividades de ergopsicomotricidade, em que se localizam formas de aumentar aspectos motores dentro dos espaços de trabalho. Terapia psicomotora: prometida a indivíduos com particularidades em saúde mental e idade avançada, como é o caso dos idosos (MIGUEL, 2019). 11 3 A EVOLUÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE Fonte: https://recon-rj.com Para Wallon (1925, 1930, 1932, 1938, 1963, 1968, 1970), a evolução infantil faz parte de uma dialética do desenvolvimento que inclui muitos fatores: metabólicos, morfológicos, mentais, psicológicos, psicológicos, motores e psicossociais. Em aspectos psicomotores mais específicos, Wallon enfatizou as seguintes fases: impulsiva, emocional, sensório-motora, subjetividade, individualismo, puberdade e adolescência (FONSECA, 2008). Vamos considerar cada um deles brevemente. A fase impulsiva (infância) os movimentos e reflexos desta fase são simples descargas de energia muscular, em que os tônus e as respostas clônicas assumem a forma de contrações descoordenadas sem intenção, significado ou intenção, como um pedal. AVC e AVC dos primeiros meses. A ação, porém, carregava uma carga emocional alternada entre o estado de saúde e o estado de saúdedoente, a condição somática que, necessariamente, em seus estágios iniciais, se manifestaria na descarga motora não diferente (GUREWITCH, 1926 apud FONSECA, 2008). O funcionamento do bebê é completamente monopolizado por suas necessidades vegetativas primárias, ou seja, necessidades de sobrevivência, respiração, alimentação, eliminação, sono, afeto, segurança, etc. Nesta fase, o bebê tem habilidades motoras viscerais precisas e automáticas, como chupar e agarrar o seio, mas por outro lado, o bebê apresenta falta de jeito postural e proximidade. Observe, porém, que essas reações tônicas abruptas já são um conjunto de consciência (pré-consciência) e, portanto, constituem as verdadeiras representações anteriores ou mentais compartilhadas e geradas 12 Aos poucos, suas necessidades não são mais atendidas automaticamente, como no útero e nas primeiras semanas; no entanto, sua satisfação vem por meio de momentos de espera, dor, desconforto, inseguranças sobre a gravidade e muito mais sinais de hipertonicidade visceral difusa. A característica espiritual do comportamento do bebê nesse estágio é a união física e física com outras pessoas, especialmente a mãe, e, gradualmente, outras figuras familiares nas quais a criança é completamente dependente (FONSECA, 2008). Uma vez que o bebê não pode satisfazer de forma independente suas necessidades mais básicas de sobrevivência e segurança, porque ele tem uma deficiência motora persistente, seu ambiente social terá que interpretar e dar significado aos seus sinais e, ao mesmo tempo, terá que produzir relações relacionais. motores que respondem a eles. Assim, a comprovada força e força do adulto pode acessar, através da capacidade de relacionamento e resolução corporal ainda não alcançada pela criança imatura, a uma natureza emocional e emocional, toque verdadeiramente transcendental. Sem outro recurso que seu corpo e suas sensibilidades interiores, viscerais e interiores, o bebê humano expressa seu estado de felicidade ou desprazer por meio de tom e gestos aleatórios e em suas etapas (FONSECA, 2008). O corpo assume então, nesta fase, o núcleo importante e preferencial de onde emanam todos os processos de comunicação não-verbal, uma linguagem corporal infraestrutura complexa, da qual surgirão gestos simbólicos e, posteriormente, palavras. Ao longo do tempo, a interação entre a criança e o ambiente, mediada pelas ações intencionais dos outros, assume um poder inicial de comunicação. Ao adequar a motricidade emocional e o tom emocional à resposta do bebê, o adulto desenvolve um repertório comunicativo de reciprocidade emocional, pois, ao cuidar dele, ajudá- lo, abraçá-lo, apoiá-lo e controlá-lo, seus movimentos acabam atingindo a dimensão relacional certa. Significativo. Imersa na participação social, a criança ainda não possui qualquer delineamento físico ou mesmo pélvico entre ela e o outro, sendo, portanto, um apêndice social indivisível. Viver de forma síncrona, social, infantil, dependente das ações, posturas, atitudes e cuidados dos outros, previsivelmente por meio de uma riqueza de interações, relações e locomoção da vida real. É o surgimento da autopercepção (FONSECA, 2008). 13 O motivo do outro e o que emana de si mesmo acabará por materializar todas as formas de expressão interativa, compreensão, intenção, significado e transcendência. Acabam sendo uma fase inicial, onde se formarão os primeiros vínculos da criança e a primeira rede de relações e afetos. A alternância de relações e interações entre a criança e os adultos que mais de perto a ajudam e cuidam permitirá à criança, pouco a pouco, distinguir-se deles segundo suas próprias ações; a origem do ego está enraizada no outro, daí a importância das interações iniciais que os adultos têm com os bebês, baseadas quase que inteiramente em processos corporais, associação, interação, imitação de gestos e movimentos, que expressam seus sentimentos e intenções relacionais. O outro é, portanto, o construtor de si mesmo (desempenhando assim o papel de mãe-filho), na medida em que é gradualmente penetrado e encarnado como um parceiro duradouro (FONSECA, 2008). O eu e o outro, numa relação dialética, dão origem ao início da vida espiritual, as ações de um levam à formação da vida espiritual no outro, numa dualidade de contrários a singularidade juntos. Portanto, o outro é visto como um estranho necessário para a formação do eu. A autoafirmação busca sua afirmação no outro, daí a importância da basicidade do outro na formação da motricidade do eu. Nesse sentido, o pensamento valão considera o recém-nascido como um ser muito social. É social não como resultado de contingências externas ou extrassomáticas, mas como consequência de uma necessidade interna e intrassomática, ou seja, genética, biológica e neurológica, integra os movimentos dos outros como primeira modalidade de comunicação com o meio, e é a sua transformação em gestos úteis e significativos que preparará e possibilitará os primeiros sucessos no seu desenvolvimento (FONSECA, 2008). Como autor de sua própria ação e objeto da ação do outro, o bebê humano passa de uma indiferença física para uma identidade de si mesmo, de interações motoras com adultos que acabam por moldar seu self e fundamentar a formação de sua consciência que emerge de uma consciência social e coletiva. A construção do eu nesta fase é, portanto, de superioridade afetiva centrípeta, pois resulta da ação e emoção do outro sobre si mesmo. Para Wallon, é um processo corporal centrípeto que obriga a consciência do bebê a recorrer às mudanças interoceptivas e proprioceptivas que acompanham as carícias, formas de apreensão e manipulação do adulto (o holding e o handling de Winnicott, 1969, 1971, 1972 apud FONSECA, 2008). 14 A atividade centra-se essencialmente nas sensações internas, viscerais, tónicas e musculares e desta integração sensorial, fruto da interação que faz com os adultos experientes que o rodeiam e envolvem, tais sensações corporais surgem de determinados substratos, distúrbios neurológicos que eles diferenciam em gostos e desgostos, são convertidos em sensações afetivas. Enquanto as habilidades motoras do bebê são ativadas por sensações interoceptivas e proprioceptivas, as respostas afetivas e interativas ainda estão em sua infância, mas a incubação relacional revertida pelos adultos acabará por levar aos laços e apegos mútuos e íntimos que mais tarde nas outras fases ocorrerão (FONSECA, 2008). O bem-estar do bebê é, portanto, uma consequência das sensações dos órgãos internos que transmitem ao seu cérebro as excitações provenientes de seus intestinos, como sensações de fome ou sede, não exógenas por causa de sua quietude próprio movimento, evocará respostas gratificantes hedônicas e tônicas que acabarão por se transformar em sensações afetivas cada vez mais diferenciadas. De uma função motora exógena tendendo a uma autógena, a atividade do bebê, também garantida pela maturação dos centros reticular e cerebelar, torna-se mais dependente da sensibilidade proprioceptiva, já mais intimamente relacionada às funções motoras dos vertebrados e às habilidades ou adquire outros elementos de locomoção, como o engatinhar e o movimento quadrúpede, que estarão envolvidos na conquista do espaço, primeiro do próprio espaço corporal e da cobertura da pele (egocêntrica) e depois do espaço corporal que a circunda (alocêntrica) integrados, eles não surgem mais dos intestinos, com o advento das habilidades motoras autogênicas, as extremidades que geram as informações sensoriais estão nos músculos, tendões e articulações, as habilidades motoras passam então a ser o foco de interesse da atividade e bem-estar do bebê (FONSECA, 2008). Com a função motora autógena melhor organizada em termos de segurança do equilíbrio e suporte adicional da cabeça e do corpo, o conhecimentoe a exploração do mundo exterior produzirão um tipo muito sensível outro importante, a sensibilidade de escalabilidade, um tipo de sensibilidade que ainda gagueja aqui e lá. Fases baseadas em descargas motoras serão afuniladas e corrigidas porque causarão o surgimento do primeiro sistema motor inibitório que aparecerá muito mais tarde no desenvolvimento mental da criança, por meio de muitas e inicialmente, daí surgirão 15 as conquistas de vida dos médiuns, e daí uma simbiose entre as sensações dentro e fora do corpo. Ele ainda não diferencia suas sensações proprioceptivas e não possui o equipamento motor para satisfazê-las, então ao longo de seu desenvolvimento psicomotor ele passa de uma simbiose fisiológica para uma simbiose afetiva, caracterizada pelo estágio inicial do psiquismo, composto por um Interpsiquismo que resulta levará a manifestações de reciprocidade afetiva e contágio emocional entre o bebê e os outros, que por sua vez será a origem de seu intrapsiquismo complexo e personalizado processos dialéticos de gratificação-frustração que eventualmente formam associações entre respostas motoras e estímulos sensoriais e entre a construção de adaptações e o recebimento e satisfação de necessidades. Os impulsos orgânicos que emanam de seu corpo acabam por gerar formas de impacto no ambiente emanadas de seu cérebro, ou seja, de um fator psíquico e de um esquema de consciência e psiquismo composto por uma dialética integrada entre fatores biológicos, viscerais e orgânicos e sociais, afetivos e fatores culturais (FONSECA, 2008). 3.1 Estádio tônico-emocional (dos 6 aos 12 meses) A partir da incoordenação inicial, da incompetência e da agitação motora acima mencionada, a consciência esboça suas primeiras aquisições, embora ainda sincronizadas e confusas, anunciando o surgimento do movimento vital, ou seja, o movimento em direção a algo e a um fim (WALLON, 1928 apud FONSECA, 2008). O movimento acaba sendo uma das formas de comunicação mais importantes na vida psíquica do bebê, pois se relaciona e interage com ele e por meio dele com o meio externo, seja ele coisas ou pessoas. Com um corpo que comunica através de gestos e de mímica, ainda consequentemente não verbal, a criança de tenra idade utiliza o seu corpo total e os seus gestos como percepções mentais, justamente porque acabam comprovando o significado intrínseco de sua atividade internalizada, antes que ela seja ampliada e expressada. Baseada em movimentos de equilíbrio e respostas compensatórias da gravidade, sentidos gerados a partir do tônus, sulcos e pele e essencialmente do sistema vestibular e do pequeno cérebro, a criança se desenvolve a partir de uma atitude sentada do chamado, da fama (puxar o corpo para longe do corpo, em que 16 recebe muito), quando com o corpo, já alto com o corpo alto no chão, devido ao efeito da dinâmica de apoio das mãos (FONSECA, 2008). Nesta linha de hierarquia integrada de habilidades motoras, a criança atinge um deslocamento dinâmico diferente de seu corpo e outra complexidade de gestão de objetos. No desenvolvimento de treinamento e retenção, que ilustram o caminho filogenético das habilidades motoras da espécie humana, homo habilis, quando a criança já está controlando a posição sentada e os objetos manipulantes com as mãos, ocorre outra medida de desenvolvimento psicomotor. Como aquisição fundamental de sua identidade, esse psicomotor não apenas gerará a busca pela segurança gravitacional bípede, mas também mudará significativamente sua autoimagem e abrirá o espaço que explora. A terceira etapa desta organização do motor é caracterizada por reações expressivas e pós-imicosas, incluindo protolagens, incluindo prontas, capacidades de reflexão e sequência de gestos e transportadora da transcendência motora, uma vez que são suas próprias configurações e integradas e embutidas posições sociais. As habilidades motoras que resultam da dupla atividade muscular, tônica (consistência e forma) e clônica (alongamento e encurtamento), neurossensorial combinada, superam gradativamente as descargas motoras da etapa anterior e iniciam gestos mais coordenados, precisos e perfeitos com capacidade de projetar falante. A maturação e o meio exterior, enriquecidos pela sua influência mútua, vão promovendo o potencial exploratório e expressivo da criança. A fase impulsiva é gradualmente eliminada em favor de um estágio emocional-adicional mais experimental na coerência cultural. Portanto, a excitação é maior que a inibição e, portanto, há um exagero das funções tônicas (FONSECA, 2008). O movimento repete as primeiras relações com o mundo externo expressas, já nos esboços e tentativas das atitudes posturais em que se baseia, por um lado, atitudes que quase mudaram relações circulares entre as habilidades motoras e sensibilidade e, por outro lado, é sinal de que se aproximam as primeiras manifestações espirituais permanentes. No entanto, a emoção continua sendo o único gatilho real e quase único para a ação, ou seja, uma forma pré-linguística de real significado afetivo e intersocial, na medida em que as expressões. A expressão emocional depende das relações com os outros, especialmente com a mãe, que é, de fato, um adulto socializado com sua 17 cultura e emissor particulares. Só assim entenderemos como Wallon (1930, 1950, 1963) considera a criança como uma entidade social, genética e biologicamente. Interações entre adultos e crianças, com gestos, carícias, atitudes, imitações, endereços, abraços, interações e muito mais dor, etc. Nesse diálogo complementar e físico, de natureza relacional e emocional, podem surgir certos graus e variações, filtradas - e até integradas - em termos de seletividade emocional, principalmente pelo prazer visceral que provocam ou não. Uma linguagem emocional começa lentamente, com características não verbais e não simbólicas, mas tem grande relevância social, pois uma nova dimensão de sociabilidade começa a ser considerada. Nascidas de sensações corporais puras, as emoções básicas são paralelas somáticas, epidérmicas e táteis, cinéticas e extra-sensoriais, relacionais e sociais, pois a criança não consegue se estimular, gostar nem perceber tais efeitos por meio de habilidades motoras involuntárias e primitivas (FONSECA, 2008). Na verdade, a principal fonte de afeto (Zazzos, 1975) é o que dá às crianças gestos, posturas e expressões corporais chorosas que têm um forte efeito estimulante emocional, que tem um efeito vinculante, forte aderência emocional, e esse final é importante e indispensável. O bebê é uma espécie de especialista emocional, pois suas atividades acabam afetando as atividades dos outros ao seu redor; afeta o adulto porque o infecta e exige que ele satisfaça suas necessidades. Os bebês influenciam seu ambiente, neste caso, os adultos experientes ao seu redor, graças a essa estratégia ancestral de interação, obtêm respostas para satisfazer suas necessidades. A vida espiritual é criada por essa interação relacional, entre o experiente e o inexperiente, e então se forma, dando origem ao sentido de subjetividade e individualidade da criança. Nesse aspecto, entre muitos outros, Wallon se aproxima de Vygotsky (1978, 1993). Graças a muitas interações e trocas com os adultos, os bebês fazem conexões e aprendem com as situações ao redor, sua atenção seletiva começa a prever efeitos, as primeiras pistas cognitivas começaram a aparecer, os primeiros comportamentos voluntários e as primeiras características de uma habilidade motora planejada começaram a tomar forma e aparecem, as pré-competências das atividades circulares foram estabelecidas (FONSECA, 2008). Os efeitos visuais e auditivos reunidos à motricidade instigam a criança à repetição com objetivo de reprodução de consequências e de suas variantes. A mão 18 atrai o olho ao manipular objetos,a voz atrai o ouvido quando produz balbucio, entonação ou prosódia lúdica, a explosão de novos comportamentos psicomotores permite a sua repetição através da coordenação integrada (equifinalidade) dos motores perceptivos que em outro aspecto mais relacionada à constituição do esquema corporal, a criança também recorre a atividades circulares ao vivenciar e estimular as zonas erógenas de seu corpo, interessando-se particularmente em palpar e tocar os orifícios corporais para obter efeitos hedônicos na pele. Das mãos e pés na boca à exploração dos genitais e muito mais, os conceitos e percepções corporais decorrentes dessas respostas circulares predizem as seguintes fases motoras e projetivas. Apesar de buscar relações com o mundo exterior ao seu redor, a criança nesta fase parece estar mais interessada na presença humana, nas vozes e na motricidade, mesmo quando os objetos não estão presentes. mediada por adultos. A correlação entre a função tônica e a emoção é vista por Wallon (1931, 1932b, 1970) como essencial neste estádio de desenvolvimento psicomotor; por isso, a tonicidade é um dos embasamentos da teoria original da psicomotricidade. As emoções, reguladas e moldadas pela função dos tônus, com complexas cadeias neurais de funções localizadas preferencialmente na substância reticular, acabam sendo resultado de uma dialética de interações que trabalham com a atividade visceral e a atividade muscular relacionada implicam, por isso, que os tônus seja a matéria-prima da vida emocional, a partir da qual é inculcada na postura e nos motivos da criança. O aumento dos tônus (hipertonicidade) e o seu escoamento ou redução (hipotonicidade) refletem nuances da vida afetiva da criança, traçam a sua história singular e, nas palavras de Wallon (1970), vão esculpindo o corpo (WALLON, 1970 apud FONSECA, 2008). Caricias e trauma, uma voz tranquila e doce, gritos ou uivos, alegrias e tristeza, etc, são vivenciados no corpo da criança e absorvidos pela dinâmica do som; sua inter-relação complementar é profunda e projeta as manifestações emocionais como suporte essencial para futuras apropriações sensório-motoras e projetivas. A análise das emoções permite verificar que são antigos mas fundamentais padrões de sensibilidades e movimentos, e daí o papel relevante da emoção no desenvolvimento global do sistema neuromuscular da criança, capaz de construir o que aqui se considera como posturas, atitudes e gestos entre realidade e representação, estruturas intermediárias que afetam dialeticamente o desenvolvimento emocional e intelectual. Opostos, antagonismos e até conflitos emocionais se alternam e oscilam muitas vezes, segundo a visão dialética de Wallon, 19 entre as diferentes etapas de seu desenvolvimento, ele não defende um desenvolvimento linear contínuo, gradual; ao contrário, suas visões são dialéticas, espirais, intermitentes. Nessa linha de pensamento, os papéis emocionais centrados na criança dão lugar a uma fase mais cognitiva e descentralizada de aquisição da realidade. Pode-se dizer que após a construção do eu vem a construção da realidade (FONSECA, 2008). A partir de uma dimensão centrípeta e subjetiva do ser, a criança chega a uma dimensão centrífuga e objetiva da realidade, as funções tônico-emocionais darão lugar às funções sensório-motoras e projetivas com o meio, ocorrerá uma mudança significativa, a atividade do o aspecto intracorpóreo emocional e afetivo dá lugar a uma atividade extracorpórea exploratória. Das sensibilidades interoceptivas e proprioceptivas, a criança passa a ser projetada nas sensibilidades exteroceptivas, passando de uma função motora global e indiferenciada para uma função motora cada vez mais sutil e sinérgica. Assim, em Wallon (1930, 1950, 1956, 1963, 1970) é a tonicidade que transforma o fisiológico em psicológico, daí sua relação com as emoções, que são simultaneamente comportamento motor e comportamento social nas fases iniciais, ou seja, são primeiros comportamentos solidários antes de serem solitários, construídos antes de serem autoconstruídos, aluno de Wallon, a emoção é um fator de desorganização do comportamento, mas nas crianças, a emoção é um fator de organização, comunicação e expressão ( WALLON, 1970 apud FONSECA, 2008). 3.2 Estádio sensório-motor (dos 12 aos 24 meses) A relação da criança com o ambiente se multiplica e, assim, a partir dos estágios iniciais de impulsividade e dependência dos outros, aumenta a maturidade de sua organização sensorial, comportamental e emocional. O outro é um novo layout que se adapta às suas necessidades. A subjetividade é capaz de dominar as emoções, a conexão entre movimento e experiência sensorial fica mais clara, ao mesmo tempo em que promove novas dimensões de diferença entre as crianças e o mundo exterior, um continente que vale a pena explorar, explorar e curar, não apenas no movimento, e espiritualmente, justamente porque motor habilidades ativam representações e ideias sobre as coisas, elas serão o prelúdio da atividade simbólica (FONSECA, 2008). 20 A expressão do psicomotor começa a ganhar mais sentido e sentido, e é aqui que uma das passagens mais relevantes da biologia e da sociobiologia se torna mais precisa na percepção e os movimentos realizados tendem a ser repetitivos, o que vai fazer gestos e eliminar gestos inúteis ou atividade sintética. Aqui vemos Wallon (1958, 1969, 1970) analisando ações e gestos como expressões para outras pessoas e objetos, ou seja, como linguagem não verbal e emocional. A linguagem corporal sofisticada é bem desenvolvida e suportada muito antes do esboço falado. Antes de se tornar simbólica, a construção da realidade é não-simbólica, tônica e sensório- motora (FONSECA, 2008). A criança é estruturada em repetição e reprodução de ações e objetivo de conhecer o propósito de saber e antecipar, estar ciente de seus propósitos. Em oposição ao estádio impulsivo e emocional, mais subjetivo e centrípeto, com predomínio afetivo, o estádio sensório-motor, mais objetivo e centrífugo, marca a superação definitiva da gravidade em termos de macromotricidade; daí a fase de exploração da realidade exterior que caracteriza este período em termos também micromotores (FONSECA, 1999 apud FONSECA, 2008). O efeito da própria ação ou comportamento torna-se uma autocontração de sua coordenação e aprendizado. A insistência da criança na realidade nesse período também pode ser explicada por seus instintos de indagação, exploração e curiosidade, além do acréscimo de prelúdio ao simbolismo e à representação, componentes fundamentais da construção da realidade (Dantas, 1992; Galvão, 2000). . Enfrente objetos e manipule não apenas suas propriedades, mas também suas partes do corpo. A criança manipula objetos manipulando a si mesma, tornando os objetos uma parte interna de seu corpo e de todo o seu ser. A relação sujeito-objeto desempenhou um papel primitivo no pensamento de Walloon precisamente porque ambos se tornaram dialeticamente necessários e complementaram o surgimento de sistemas funcionais básicos do desenvolvimento psicomotor (FONSECA, 2008). Por meio da manipulação de objetos, a criança alcança efeitos que a despertam emocionalmente e a encantam como autodescoberta, repetindo e automatizando os mesmos gestos, pois produzem sensações viscerais e musculares prazerosas e avassaladoras de autoconsciência. Para obter os mesmos efeitos, a criança parece realizar ações repetitivas e sustentadas em objetos que parecem imutáveis, mas que, em última análise, formam a base para a construção de circuitos sensório-motores altamente originais energeticamente e movê-los para persegui-los visualmente e 21 audivelmente; deixa de reproduzir os mesmos gestos, sacode os objetos em busca de novas fontes de informação. Com os objetos, a criança coordena ações com sensações, adaptando o gesto aos seus efeitoscaracterísticos, uma espécie de gênese do conhecimento que emerge de sua ação digital, sua percepção visuo-espacial e rítmica auditivo, sua percepção, sua linguagem, a descoberta do suas propriedades e Características, o aguçamento de sua sensibilidade, o planejamento de seus gestos, etc., suas habilidades motoras mais organizadas, pensadas e percebidas. Sentir, agir e perceber se fundem em um ato global inseparável. A manipulação e a coordenação olho-mão são essenciais para explorar o espaço como campo de visão. Através do aperto visual da mão, descubra-se como um arquiteto de unidades funcionais e de mente, e ao mesmo tempo a primeira conquista do espaço externo. e o início de uma nova aprendizagem; o fascínio do objeto de compromisso com a criança é uma simbiose de movimento, emoção e cognição. Ele quer movê-los e senti-los muito antes de reconhecê-los ou percebê-los. Objetos, uma vez aprendidos visualmente, são primeiro agarrados da mesma maneira com ambas as mãos. Posteriormente, a criança aprende o uso inteligente das mãos, o que requer divisão funcional essencial e controle manual das mãos para desenvolver habilidades motoras finas mais funcionais e complexas. Uma mão para a função de iniciativa e outra para a função auxiliar, onde gradualmente, cada mão continua a realizar seu papel e transmite uma indicação de especialização neurofuncional e interfêmica (FONSECA, 2008). As possibilidades exploratórias desta fase são enriquecidas pela novidade da marcha bípede e assimétrica, que obviamente favorece sua relação com o mundo exterior, desde que as condições ecológicas permitam sua postura, ampliando seus poderes de investigação e modificação do ambiente. O ambiente, permite o acesso a novos meios de interação com os objetos e com o espaço circundante, nomeando-os, identificando-os, localizando-os e diferenciando-os, usando a marcha bípede, para explorar o espaço geocêntrico. Sua ação não é mais imediata, o espaço não é mais concreto e o tempo não está mais presente (DANTAS, 1992 apud FONSECA, 2008). O reconhecimento espacial dos objetos permite que a criança desenvolva uma inteligência prática e uma inteligência de situações - uma verdadeira inteligência quinestésica e corporal, segundo Gardner (1998) - de grande importância para o desenvolvimento de capacidades não verbais da linguagem, encontrando um novo encorajamento para sua diferenciação progressiva. 22 Wallon (1963, 1969, 1970), em seu trabalho original, é basicamente preocupado com movimentos, primeiro como smoothies e cãibras difusas, como chorar, como chorar e chorar, que atuam prematuramente como descarga de motor puro, em sistemas sensoriais neurofuncionais e em entidades mentais, que produzem uma significativa relação com a participação (Leroi-Gourhan, 1964; Fonseca, 1995). Motricidade grossa e fina, macro e micromotora, respectivamente, e linguagem, um movimento oral que dá às crianças a oportunidade de se projetarem em um mundo de símbolos. A partir dessas ferramentas psicomotoras, ele se projeta no mundo exterior por meio de gestos evocativos e, nessa interação dinâmica, extrai e capta relações originais e monetárias e novos significados. A atividade mental da organização interna será projetada para fora com base na atividade motora. O pensamento inicial da criança, imaturo, vago, requer gestos para se expressar, e as ferramentas verbais ainda não foram integradas; os gestos, considerados ferramentas não verbais, serão utilizados para transmitir suas ideias e conceitos (FONSECA, 2008). O gesto precede a palavra, abre o caminho e a representa e pode substituí-la perfeitamente quando sua memória ainda não está acessível ou integrada. Tenha em mente que sua imaginação e representação ainda são limitadas e experiencialmente limitadas. A exuberância dos gestos é característica da pobreza de instrumentos verbais também em adultos, principalmente se forem analfabetos. A falta de instrumentos simbólicos cria a necessidade de se comunicar por meio de gestos, daí o papel destes nas histórias infantis e até nos jogos simbólicos. Graças à função simbólica, a criança pode integrar, construir e representar o espaço em que os objetos são colocados e distribuir provisoriamente as ações projetadas com ele, relacionando-se com a realidade não apenas de forma direta, concreta e dinâmica, mas também indireta forma representa, abstrato e simbólico. Com tais dispositivos hipercinéticos ou hipercinéticos (Fonseca, 197 a, 197 c, 1977c, 1999) a criança pode e pode distinguir objetos de si mesma e dos outros, separá-los e apanhá-los de si mesma, é necessário formar-se fisicamente, um Wallon (1931, 1955, 1956) refere-se a esta fase sensório-motora como a fase da individualização progressiva da criança, durante a qual a sua verdadeira expressão a liberta da confusão indiscriminada, da distinção entre a criança e a realidade que nela encontra um estágio inicial de desenvolvimento. 23 Neste período de exploração do mundo exterior acaba de haver também uma descoberta do mundo interior, uma consciência corporal separando o eu do não-eu, algo erigindo uma fronteira espiritual do ser no interior da pele e do seu envolvimento, onde o unidade de sua pessoa As relações entre ações e sensações, por extensão e distanciamento para dentro, com tanto esplendor na interação com o mundo exterior, através do estabelecimento de uma miríade de informações dentro e fora do corpo, centrípeta e centrífuga, proprioceptiva e exteroceptiva, devem se unir para garantir fluxo de informação harmonioso e integrado, ou seja, um processo que produz uma totalidade significativa de experiência que distingue o que pertence ao mundo exterior e o que pertence ao próprio corpo da criança (FONSECA, 2008). Neste aspecto especial da consciência do corpo, embora Wallon não faça uma referência significativa, o sistema vestibular é um papel crucial na transição e diferenciação entre os dois mundos intraomáticos e extrásicos. É a relação entre a pessoa da criança e sua imagem que Wallon (1931, 1932, 1956, 1963) descreveu incomparavelmente como a percepção da imagem no espelho também aparecendo nesse estágio. Ao tomar consciência de sua própria imagem refletida no espelho, a criança revela a compreensão de que sua imagem corporal pertence ao plano de sua expressão mental e integra sensações, percepções e emoções, como também demonstrou magistralmente Lacan (1949). Reconhecer que a imagem do seu corpo está no próprio espelho e está relacionada que não é uma aquisição cognitiva insignificante, uma vez que a falta de tal reconhecimento é identificável em crianças autistas, que requer este sistema funcional por trás da formação da UE (que a si mesmo do autores pretendidos). Com base nesta compreensão do Eu, Wallon, muito antes, aproxima-se da designada teoria da mente avançada por vários estudiosos do autismo e das psicoses infantis (Baron-Cohen, 1995; Tustin, 1987) Wallon descreve que as crianças aos 6 meses são insensíveis às suas imagens no espelho, depois percebem-nas, interessam-se pelos movimentos que fazem à sua frente e tentam sem sucesso captar a sua própria imagem apesar de já as terem necessidade de perceber com um ano de idade, quando a criança vê sua imagem no espelho, ela toca e se vira como se fosse tocar sua imagem, brinca com ela e faz brincadeiras de pantomima e interação. Seu interesse, inicialmente no espelho e mais tarde em sua pintura, divulga a passagem de uma fase animística em uma fase instrumental; e pouco a pouco a 24 criança recria seu reflexo no espelho, beija-o e acaricia-o, dá-lhe vida própria, percebe-o como dois personagens desempenhando o mesmo papel e acessa sua auto-imagem, a verdadeira percepção cognitiva multicomponente do corpo em sua unidade pessoal, em seu eu total e personalista, um eu psíquico que, embora permanecendo sincrético,passa à etapa seguinte, a um enriquecimento cada vez mais diferenciado de si (FONSECA, 2008). 3.3 Estádio projetivo (dos 2 aos 3 anos) A percepção dos objetos e sua descoberta por sua manipulação (Wallon 1958, 1959, 1959, 1963, 1969) permite a organização da primeira representação, as verdadeiras intenções de gestos e veículos com base nas associações sensoriais mais adquiridas. A ação não é apenas uma mera estrutura de execução ou expressão, mas também uma fonte de estimulação mental. A criança só percebe os objetos quando atua sobre eles com corpo, tato e cinemática. Assim, o passo da ação para o pensamento é o começo. Para a consciência, nesta fase a postura adquire sua verdadeira autonomia, sua suficiência adaptativa, correspondendo a uma garantia gravitacional contemplada emocionalmente no mundo, dando-lhe maior disponibilidade para a conquista do real, sem que sua apropriação não seja internalizada ou assimilada, como podemos ver facilmente em crianças com atrasos no desenvolvimento ou disfunção cerebral. Também nesta visão de Wallonia estende o gesto que significa palavras e faz com que a ação estendida e o início da objetivação marcasse novo aprendizado de aprendizado. Com esta não metamorfose, mas já psicomotora, a identificação comum da marcação e atenção envolvida na aquisição social elementar, higiene, alimentos e roupas dedutíveis (FONSECA, 2008). A imitação como relação envolvente e psicomotora ao invés de um gesto de impostos ou recados produz uma espécie de impregnação de atitudes e atitudes, um desperdício integrado de gestos e ações que tendem a se tornar a imagem mental relacionando habilidades motoras à representação. Ação Imaginativa Ao imitar padrões sociais, a criança reproduz e modifica padrões sociais incubando-os fisicamente e construindo imagens mentais contextuais, interagindo, construindo e exibindo um sentimento geral. 25 Quando a simulação é usada, um pensamento que é suportado por gestos está movendo os itens e lembrando novas situações sem realmente presente para comunicar a criança com base em comportamentos sem objetos reais. A partir desta fase a criança pode dar sentido aos símbolos e signos, ou seja, pode encontrar a sua representação para um objeto e um signo para a sua representação, a palavra assume assim o gesto, a representação e a multiplicação; começando com uma linguagem corporal, a criança (na verdade como nossos ancestrais) começa a usar uma linguagem falada, o primeiro sistema simbólico (FONSECA, 2008). A linguagem torna-se gradativamente a ferramenta de pensamento da criança, a ferramenta por excelência de sua atividade mental, mas para chegar a esse nível o vocabulário gestual deve se diversificar motores, a criança integra os modelos sociais que se manifestam em sua participação contextualizada. Criando simulações, mímicas, ecomíticas, ecolalia, ecocinese, ecoprática, d. H. Sequências de ações mais ou menos complexas, mais ou menos integradas e controladas pelo sistema nervoso, a criança pode, quando não tem sujeitos ou objetos, torná-los presentes, restaurá-los, lembrá-los e devolvê-los ao lugar. de sua ação e, portanto, de sua imaginação de sujeitos e objetos que estão física e sensualmente ausentes, mas mentalmente (re)presentes (FONSECA, 2008). A transição da sensibilidade para a psicomotora agora é segura e integrada. O motor visual da criança neste estágio torna-se tanto uma ação quanto uma visualização mental, uma infraestrutura espiritual básica, pois seus gestos se tornam uma ferramenta essencial para projetar suas ideias. Então ele conduz à ideia somente quando se deixa guiar por ela. O domínio do gesto é o oposto da psicologia, daí o sentido motor ideal para passar a lei da demanda cerebral em constante relação com o ambiente e o contexto social está inserido. Com base nessa hipótese, Wallon abordou sua teoria da herança psicogênica. Para ele, a criança é uma unidade social orgânica. Orgânicos, porque ocorrem processos psicológicos e complexos, motores alternativos e dialéticos, como acabei de analisar, para que as competências do motor não possam ser separadas da função psicológica global e evolutiva da criança (FONSECA, 2008). 26 3.4 Estádio personalístico (dos 3 aos 4 anos) A etapa do individualismo visa a pessoa, a autorrealização e basicamente a construção da personalidade, onde a consciência corporal é adquirida gradativamente em relação às etapas anteriores e a aquisição da linguagem torna-se o principal componente integrador. A passagem do motor atua sobre o ato mental apaixonado por Gnosia e o reconhecimento do corpo, um representante experiente, e integrado, ou seja, uma integração sensorial e perceptual de experiências experientes se materializou pela motocicleta, seletivamente pela capacidade da capacidade do autor de a criança. A emergência de um espaço subjetivo espiritualmente integrado com uma fronteira unificada e percebida como um todo, como a pele, acaba por criar na criança uma região corporal que une suas partes em um modelo próprio, uma construção única a ela sujeito tem a capacidade de perceber e representar (FONSECA, 2008). Ao tornar-se autoconsciente, a criança acaba se distinguindo dos demais e reconhecendo sua própria personalidade. Um corpo tende a um ego telepático, um sujeito social autônomo e individualizado, pronto para se reafirmar e enfrentar problemas e conflitos. A transição do estágio sensório- motor para o estágio objetivo, e daí para o estágio do individualismo (no sentido da origem da personalidade), exige uma alternância de funções, um tipo de dependência da vida espiritual com preponderância das emoções, preferencialmente focando na construção de uma imagem pessoal, uma imagem que necessariamente evoque um novo ponto de partida e um novo ciclo de desenvolvimento psicomotor (WALLON, 1970, 1970 apud FONSECA, 1989, 1999). A origem da personalidade da criança, com foco nas habilidades motoras exploratórias e relacionais, dinamismo e interação social, como vimos em etapas anteriores, tende a traçar um padrão espiritual sobre o corpo da criança, um espaço próprio que é compreendido de forma singular no tempo cinestésico; ou seja, um espaço emocional construído com sentido de reciprocidade, interdependência e significado relacional personalizado, no qual o outro espaço permanece um parceiro inseparável em termos de representação moral. O padrão do outro é, portanto, tão importante quanto uma experiência individual. A incubação e incorporação de diferentes componentes sociais são expostos às crianças como modelos mentais previstos para representá-las, modelos também internalizados em sua imagem corporal, para permissão de construir e reproduzir um projeto e objetivo, mesmo que necessário, muitas vezes (palicinésias, nos termos wallonianos) (FONSECA, 2008). 27 Assim, as atividades motoras dos outros parecem dotadas de uma importância interna e interpsicológica que as transcende, na medida em que é impossível reduzi- las a simples manifestações biológicas, pois acabam por construir a imagem espiritual de uma autobiografia multifacetada com elementos individuais e sociais. Assim como as habilidades motoras não podem ser reduzidas a ações musculares, também as imagens mentais do corpo não podem ser reduzidas a eventos neurais, que estão mais ou menos localizados na região apical do cérebro, onde imagens como So, que tende a se concentrar em fenômenos neurais. Nesse estágio, a inteligência expressa por motivos e emoções, por meio de sua manifestação, torna-se fonte de conhecimento, pois é construída com base em dois componentes espirituais, ideias e atuação. As habilidades motoras não podem mais ser explicadas por mero comportamento motor específico, mas podem ser imaginadas e engendradas por meio de processos mentais e procedimentos representacionais baseados na imagemcorporal individual, relações sociais, conquista e conflito, contradição e crise afirmativa surgem e aparecem repetidamente, eles são modificados apenas por diferentes nuances emocionais, como veremos nesta fase e talvez ainda mais na puberdade. As distâncias espaciais não são mais estranhas, as diretrizes estão ligadas ao seu corpo esquemático e imaginário, e os veículos começam a mudar de acordo com desejos, motivos e preferências intrínsecos. O espaço torna-se uma realidade independente e ao alcance da própria imaginação da criança; de uma dimensão não central, o espaço torna-se potencialmente explorado e navegável numa dimensão não central, que agora pode ser representada graficamente. A fase do individualismo ou individualismo, claramente visível nos desenhos do corpo humano e do próprio, representa essa dinâmica interativa da história da criança, a referência à terceira pessoa do singular passa a utilizar os pronomes pessoais da primeira pessoa, "eu" e O "eu", meu "eu", usado para designar a si mesmo, expressa claramente uma evolução não só da psique, mas também da linguagem e da própria consciência, que buscam um lugar e uma afirmação pessoal (FONSECA, 2008). A busca de perpetuidade, privilégio e posse apropriada que caracteriza esse estágio de desenvolvimento é caracterizada por três estágios distintos: oposição, sedução e identificação. Crise de oposição, vivida simultaneamente de forma intensa ou disfarçada, visando à autodistinção, em que a criança gosta de passear na chuva, 28 pela necessidade de experimentar, até mesmo como ela pode ser impactada se vê em suas fases de negação e confirmação, muitas vezes associadas a momentos de confronto e negatividade. A distinção entre nós e os outros é normal, a posse de objetos ou brinquedos característicos desta fase descreve o desejo de posse e pode ilustrar um sentimento de competição ou contenção que se observa em muitas situações do jogo, muitas vezes metabólicos emocionalmente fortes. As mentiras, o uso de violência, ciúme ciumento, fantasias e complicações são misturados para dar uma faceta diferente de sua personalidade, que está em construção: a sensação de que os outros gostam de brincar agora, às vezes timidez, interpessoal riso e show divertido. A idade de "Não", "Eu não quero", "Eu não quero": "Eu não quero" começa a se referir à procura de apoio e reforço de outros em busca de auto-confirmação para buscar satisfação e narcisista A satisfação corresponde a desapontamentos que muitas vezes não atendem às expectativas. A competição indiferenciada e o ciúme podem então produzir medos, sofrimentos, frustrações, arrogância despreocupada, embora não complexa, mas difícil de desvendar no desenvolvimento posterior. A fase seguinte, a identificação, caracteriza o personalismo da criança. Suas fantasias são modelos a serem reprimidos, para quem desejo pode apropriar-se de suas qualidades e características, substituí-las por táticas de ganância mais ou menos internalizadas e externalizadas, copiar, apropriar-se e reproduzir modelos, tornando-se a nova manifestação de sua pessoa, ávida por desenvolver suas habilidades ampliadas (FONSECA, 2008). A identificação da criança, que integra a imitação das etapas anteriores que é renovada com a possibilidade de expandir seus processos de aprendizagem, é a partir das figuras e caracteres observados que desenvolve sua criatividade pessoal e lhes dá várias impressões dispersas. De acordo com o local, na família e em outros grupos sociais, em que pode ser integrado à prevenção, por exemplo, a criança sua personalidade de acordo com o papel atribuído a ele, um parceiro para novas oportunidades de coexistência aprenderem as regras de camaraderia. A confiança, devido às diferenças e contradições e complementos entre si, ocorre neste estágio de evolução, neste 29 estágio de evolução, entre mim e o outro, que estabelecerá, o outro interior, o consumado. Pistão, este interior, a quem trazemos, também chamamos a idade, nada mais do que um duplo i, o parceiro permanente que desempenha o papel dos mediadores, confiança, censura, etc., que implica uma individualização progressiva da consciência, o A criança também é modelada pelo meio ambiente, ou seja, por consciência coletiva. A infância prolongada, atributo essencialmente humano (), permite que a consciência individual da criança seja moldada pelos mais velhos, pelas instituições de uma sociedade humana, estável e segura (FONSECA, 1989, 1999 apud FONSECA, 2008). Embora a criança ainda esteja na fusão da consciência, ela se aproxima do padrão mais objetivo e lógico, não responde mais às impressões atuais, mas a imagens e representações de processos sociais e confunde diferentes níveis de conhecimento, pois apesar de uma inclinação e prazer, em que a função simbólica não atinge a dimensão categórica dos passos, ou sua ação voluntária é impulsionada pela instabilidade e alguma persistência diante das atividades centrípetas e subjetivas da infância, sem fronteiras e outro caminho objetivo (FONSECA, 2008). 4 A PSICOMOTRICIDADE EM DIFERENTES ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL Fonte: https://bebemamae.com 30 O trabalho psicomotor vem recebendo cada vez mais destaque no ensino infantil. Via de regra, tal relevância está centrada no fato de que o trabalho pedagógico pode prevenir ou até mesmo amenizar problemas atrelados à aprendizagem. Tendo- se em vista que o desenvolvimento da criança ocorre de maneira gradativa ao longo de seu crescimento, concomitantemente à sua capacidade de se adaptar diante das suas necessidades básicas cabe ao psicomotricista observar justamente os estágios de desenvolvimento infantil e adequar a tal demanda o trabalho pedagógico, tendo como base a psicomotricidade (AQUINO et al., 2012), Diante desse cenário, neste capítulo, serão apresentados os estágios de desenvolvimento infantil de acordo com a teoria de Henri Wallon, a qual o psicomotricista poderá levar em consideração ao sistematizar o ensino, a fim de otimizar a sua intervenção. Diferentemente de outros pensadores da educação, em suas proposições, Wallon questionou a visão linear do desenvolvimento infantil, bem como a abordagem psicométrica adotada. Para ele, o educador, ao mensurar, quantificar e avaliar a inteligência infantil por meio de testes, nem sempre alcançará um resultado fidedigno à realidade, pois esses instrumentos são limitados (FREITAS; ALMEIDA; TALAMONI, 2020). Nesse sentido, Wallon acredita que o desenvolvimento humano é um processo marcado por avanços, recuos e contradições (FREITAS; ALMEIDA; TALAMONI, 2020). Em geral, para Wallon, o desenvolvimento infantil tem como foco a afetividade, ou seja, a capacidade humana de ser influenciado pelo mundo exterior e interior. É a partir desse pressuposto que o autor estruturou a teoria dos estágios do desenvolvimento infantil. A Tabela 2 a seguir apresenta alguns aspectos da epistemologia de Wallon relativos aos estágios do desenvolvimento infantil (SANTOS, 2020). 31 Estágios de desenvolvimento infantil de acordo com Henri Wallon Fonte: Adaptado de FREITAS, ALMEIDA e TALAMONI (2020). 32 Um aspecto importante a ser destacado no que tange aos estágios de desenvolvimento infantil propostos por Wallon é que a idade não é o indicador principal. A entrada em uma nova faixa etária não significa necessariamente que a criança tenha aprendido todos os pressupostos do período anterior, ou mesmo que desconheça os novos elementos que serão incorporados no período seguinte. Portanto, essas categorias devem ser tomadas apenas como guia, com atenção especial à caracterização das áreas funcionais. Afinal, o objetivo não é apenas passar no curso, mas garantir, por meio de um ensino direcionado e codificado, o aprendizado das crianças desdecedo (SANTOS, 2020). As crianças agem desde cedo. Agora que você identificou os estágios de desenvolvimento de acordo com a teoria de Henri Wallon, lembre-se: [...] para Wallon o desenvolvimento não se encerra no estágio da adolescência, mas permanece em processo ao longo de toda a vida do indivíduo. Afetividade e cognição estarão, dialeticamente, sempre em movimento, alternando-se nas diferentes aprendizagens que o indivíduo incorporará ao longo de sua vida (FREITAS; ALMEIDA; TALAMONI, 2020, p. 272). Assim, o educador na educação infantil tem uma missão sólida, por um lado ele deve orquestrar sua prática docente para se adequar ao que os documentos oficiais da educação nacional, como Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2017). Por outro lado, ciente dos estágios de desenvolvimento infantil, o educador precisa atrelar a problematização dos objetivos de aprendizagem dispostos nos diferentes Campos de Experiências da BNCC para a educação infantil às técnicas psicomotoras, a fim de não enfatizar apenas um aspecto do desenvolvimento, seja ele afetivo, cognitivo ou motor. Portanto, eles devem combinar a sinergia entre esses aspectos do desenvolvimento para a prática pedagógica para permitir a aprendizagem de crianças (SANTOS, 2020). 4.1 A importância da psicomotricidade na educação infantil Atualmente, a educação infantil tem sido moldada para tratar a criança como o centro do processo de ensino-aprendizagem. Perante essa moderna campanha, é preciso reconhecer que nem sempre a infância foi tratada sob esse prisma. Por vezes, as crianças foram tidas como adultos em miniatura, ou até mesmo foram desvalorizadas em suas expressões próprias do mundo infantil, quando, na verdade, 33 esses pequenos ávidos por aprender estão em contínua descoberta de si e do entorno que os cerca. Em contrapartida, hoje, o professor que está alocado no ensino infantil é tido apenas como um facilitador da aprendizagem. Não seria essa uma visão reducionista demais do seu valoroso papel de cuidar e educar as crianças? Diante desse contexto de prática profissional, nesta seção, será apresentada a importância da psicomotricidade para o desenvolvimento integral das crianças, bem como a preciosa oportunidade que o profissional de educação física tem em mãos para sistematizar o ensino por intermédio da teoria e das técnicas psicomotoras. Primeiramente, faz-se necessário pensar acerca do papel da psicomotricidade na ampliação integral das crianças desde a mais tenra idade. Uma vez ciente de que diferentes grupamentos etários estão presentes na educação infantil (Figura), o educador precisa direcionar a sua prática pedagógica às necessidades e etapas do desenvolvimento do aluno (SANTOS, 2020). O tão falado desenvolvimento integral da criança seria, portanto, a demonstração da difícil equação entre propostas de ensino e realidade escolar, entre teorias e técnicas pedagógicas. No exercício, trata-se de trabalhar a criança como um todo, sem privilegiar as partes, na procura pela sinergia no aprendizado. Grupamentos etários das crianças no ensino infantil. Fonte: Adaptada da BNCC (BRASIL, 2017). Eis aí o papel singular da psicomotricidade, ciência aplicada que aglutina não somente os aspectos emocionais e cognitivos, mas também leva em consideração a contribuição dos aspectos motores na dinâmica do processo de ensino-aprendizagem (AQUINO et al., 2012). Nesse sentido, para o educador no ensino infantil, a atividade psicomotora é uma ferramenta que pode ser acoplada à engrenagem de ensino, a fim de polir a pedra preciosa da aprendizagem. No entanto, para que a boa semente das técnicas psicomotoras cresça e dê frutos, é necessário que o psicomotor cerque sua área de intervenção com criatividade 34 e ludicidade, nesse sentido a ludicidade é a chave entre o mundo real e a imaginação para a criança e essa abordagem não só desperta a criança para a aula, mas também estimula sua espontaneidade e participação (CIPRIANO; MOREIRA, 2016). Diante desse cenário, qual é a importância da psicomotricidade para a educação física escolar no ensino infantil? De acordo com Aquino et al. (2012, p. 256): (SANTOS, 2020). [...] a psicomotricidade e a educação física estão intimamente interligadas, uma vez que são duas metodologias que visam a trabalhar com o corpo em movimento proporcionando à criança o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo social, por meio das atividades motoras. Por meio do movimento, a criança desenvolve a cognição, já que as experiências corporais modificam o intelecto, a vida afetiva e as ações motoras do indivíduo (AQUINO et al, 2012 p.256 apud SANTOS, 2020). Assim, é no mínimo questionável quando nos deparamos com práticas educativas no ensino infantil que impõem a restrição do movimento humano sob a prerrogativa de facilitar o aprendizado (AQUINO et al., 2012). Assim que as práticas sublinhavam a necessidade de ainda ficar quieta por um longo período de tempo, mas na verdade isso é que este é o sucesso do aluno da escola? Há quem diga que: “A exigência de contenção motora está baseada na ideia de que o movimento impede a concentração e a atenção da criança, prejudicando a aprendizagem [...]” (AQUINO et al., 2012, p. 247). É claro que uma total algazarra em sala de aula denota, no mínimo, a ausência do docente; se porventura este estiver presente, possui nota zero de intencionalidade pedagógica, não é mesmo? Nesse sentido, se o movimento é um aliado do desenvolvimento dos aspectos emocionais e cognitivos, por que não o ordenar de modo a alcançar tal êxito? É por isso que o papel do educador no ensino infantil vai muito além de vigiar as crianças enquanto elas brincam (SANTOS, 2020). Para ser bem-sucedida, a pedagogia deve ter objetivos claros de longo, médio e curto prazo, para que a educação infantil não seja apenas um hobby da criança, mas um investimento, o aprendizado pode contribuir muito para outras etapas da escolarização. Nessa visão, destaca-se a relevância dos educadores que atuam no campo da educação infantil, desde educadores a especialistas em educação física, buscando aprofundar o conhecimento dos mesmos sobre teoria e técnicas psicomotoras por meio de formação continuada. De acordo com Aquino et al. (2012), a psicomotricidade é uma valiosa ferramenta que poderá auxiliar no desenvolvimento 35 das potencialidades e/ou diminuir as defasagens das crianças, de modo a estimular o desenvolvimento integral dos alunos (SANTOS, 2020). Nesse sentido, pode-se concluir que a psicomotricidade é uma ferramenta que pode ser aplicada na educação infantil, visando contribuir para o desenvolvimento integral das crianças. O educador negociado com esse público poderia otimizar o desenvolvimento de elementos psicomotoras para estimular a aprendizagem, não apenas aspectos emocionais e cognitivos, mas também os motores. Quanto à linguagem corporal, cabe destacar o papel do profissional de educação física no ensino infantil, uma vez que tanto a psicomotricidade quanto à educação física escolar convergem para o mesmo objeto de trabalho: o corpo em movimento. Assim, os educadores poderão utilizar a teoria e as técnicas psicomotoras nas diferentes fases do desenvolvimento da criança, para adequar as propostas educativas às realidades escolares, bem como aos limites e potencialidades do aluno (SANTOS, 2020). 5 CORPO, MOVIMENTO E EXPRESSÃO Fonte: barcelonasuperficies.com O ser humano, por sua natureza, por meio do seu corpo, se manifesta, se expressa, se relaciona, vive e convive, ou seja, se relaciona com o mundo. É muito corriqueiro pensar o corpo somente com uma visão do aspecto biológico, ou como algo plausível de ser fragmentado. Para que você compreenda melhor a temática, iniciaremos tentando definir corpo e corporeidade para, somente após conhecer os 36 diferentes conceitos,estabelecer a relação entre corpo, movimento e expressão. (PRIESS, 2018). Segundo fontes de estudos da história da humanidade, o homem é um ser que está em pleno processo de evolução, em que nossos ancestrais eram “homens macaco”, que andavam em “quatro patas” e movimentavam-se basicamente para a sua sobrevivência, na busca de alimentos e da sua própria defesa. Sendo assim, no percurso histórico da humanidade, o ser humano apresenta inúmeras variações na concepção e no tratamento de seu corpo, bem como nas formas de se comportar corporalmente, que revelam as relações do corpo com um determinado contexto social. Dependendo do período histórico, a concepção e a imagem do corpo mudaram, tanto que a cultura do corpo no Oriente difere da do Ocidente nas tradições místicas - há respeito pela sua fisicalidade - enquanto a segunda (Ocidente), que tem suas raízes na antiguidade grega, tem uma visão dualista do homem - corpo e mente - e valoriza a razão em detrimento da emoção (GONÇALVES, 1994 apud (PRIESS, 2018). Apostando definir as diversas terminologias, é aceitável afirmar que as palavras corpo e corporeidade estão intimamente ligadas e são indissociáveis. Segundo Prado (2017), o corpo humano integra as dimensões da materialidade — ossos, músculos, hormônios, fezes, sangue, etc. — e da imaterialidade — emoções, criatividade, ludicidade, etc. Sendo assim, observa-se que a corporeidade é o corpo vivo, vivenciado. É, então, a mente e o corpo conectados, envolvendo dimensões fisiológicas, afetivas e emocionais, ou seja, o conjunto do corpo “físico”, suas emoções, seus sentimentos e suas relações. De acordo com Gonçalves (1994), o homem apresenta inúmeros caminhos desde o início para criar e tratar o corpo, com técnicas em vista das técnicas em relação a: a) movimentos como andar, correr, nadar, pular, entre outros; b) movimentos corporais expressivos, como expressões faciais, posturas e gestos; c) a ética corporal que abrange ideias e sentimentos sobre a aparência, como vergonha, pudor, ideias e estereótipos de beleza; d) controle de estruturas dos impulsos e das necessidades. Esses aspectos podem ter uma classificação diferente conforme o contexto sociocultural, a religião, o sexo, a classe social, entre outros. 37 Entendendo o corpo, então só é possível para as experiências e experiências criadas em relacionamentos com você, com os outros e com o mundo. Essa capacidade de cada pessoa sentir e apossar-se do seu próprio corpo como meio de manifestação e interação com o mundo chamamos de corporeidade. E qual a relação entre corpo e movimento? É praticamente impossível falar em corpo sem relacionar com movimento. Quando refletimos em movimento, tende a vir em nossa mente a ação de arrasto, ou seja, de mudança, saída de um estado para outro, no caso, do nosso corpo. Já o movimento para a criança nos anos iniciais acontece por meio do corpo e por ele que ela interage, experimenta, reconhece o mundo em seu entorno (PRIESS, 2018). O bebê aprende a comunicar-se com os pais pelos movimentos faciais, podendo ser inicialmente um sorriso, ou choro, ou por diferentes tipos de expressões de aceitação ou negação. É nesse momento que o ser humano já começa o reconhecimento de seu corpo, aumentando a percepção dos mais diferentes sentidos, dos aspectos intelectual, espacial, afetivo, social, entre outros. Portanto, corpo, movimento e expressão são aspectos indissociáveis, ou seja, é praticamente impossível pensar em um aspecto sem relacionar com qualquer um dos outros. Na educação física, especificamente, o trabalho por meio do corpo, do movimento e da expressão é imprescindível. O indivíduo age no mundo por meio de seu corpo, mais especificamente por meio do movimento. É o movimento corporal que permite às pessoas se comunicarem, cogitarem, aprenderem, sentirem o mundo e serem sentidos. A expressão corporal e a linguagem corporal são uma forma de comunicação não verbal, na qual o indivíduo se expressa utilizando o seu corpo, por expressões faciais, posturas corporais, gestos e outras manifestações corporais. O método de expressão corporal/linguagem corporal é anterior à linguagem verbal e pode ser analisado ainda hoje como uma das mais importantes formas de comunicação do ser humano. Estudos afirmam que a comunicação não verbal, por meio da expressão corporal, representa aproximadamente 93% de toda a comunicação humana, ou seja, o nosso corpo, como um todo, “fala” (PIRES, 2012 apud PRIESS, 2018). A expressão corporal e a linguagem corporal por muitos momentos se A expressão corporal e a linguagem corporal são muitas vezes confundidas e tão entrelaçadas que é difícil distingui-las ou identificá-las individualmente. A expressão corporal refere-se a diferentes formas de expressão corporal que são bastante comuns em atividades rítmicas, danças, jogos, esportes e atividades físicas em geral. Já a linguagem corporal pode demonstrar alguns comportamentos e traços da 38 personalidade da pessoa. Como exemplo, podemos citar pessoas que ficam movimentando com frequência determinada parte do corpo (como os pés, ao estar sentado) e esse movimento pode estar relacionado ao estado de ansiedade ou nervosismo da pessoa no momento (PRIESS, 2018). 39 6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFIA AQUINO, M. F. S. et al. A psicomotricidade como ferramenta da educação física na educação infantil. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v. 4, n. 14, p. 245–257, 2012. 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