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Teoria da Personalidade 
 
As teorias, discussões e controvérsias sobre a Personalidade foram temas sempre 
presentes em toda história da filosofia, psicologia, sociologia, antropologia e medicina 
geral. Entre tantas tendências,destaca-se um tronco ideológico, segundo o qual os seres 
humanos foram criados iguais quanto sua capacidade potencial. Neste caso, a ocorrência 
das diferenças individuais seria interpretada como uma decisiva influência ambiental 
sobre o desenvolvimento da Personalidade. 
 
De acordo com tal enfoque, havendo no mundo uma hipotética igualdade de 
oportunidades, todos seríamos iguais quanto as nossas realizações, já que, 
potencialmente somos iguais. Assim pensando, se a todos fossem dadas oportunidades 
iguais, como por exemplo oportunidades musicais ou artísticas, seria impossível 
destacar-se um Mozart ou Tchaicowski porque a potencialidade de todos seus colegas 
de classe seria a mesma. A única diferença entre Einsten e os demais teria sido uma 
simples questão de oportunidade e circunstâncias ambientais. Neste caso a 
Personalidade, a inteligência, a vocação e a própria doença mental seriam questões 
exclusivamente ambientais. 
 
A idéia de buscar fora da pessoa os elementos que explicassem seu comportamento a 
sua desenvoltura vivencial teve ênfase com as teorias de Russeau, segundo o qual era a 
sociedade quem corrompia o homem. Subestimou-se a possibilidade da sociedade 
refletir, exatamente, a totalidade das tendências humanas. Seres humanos que trazem em 
si um potencial corruptor o qual, agindo sobre outros indivíduos sujeito à corrupção, 
produzem um efeito corruptível. Ou seja, trata-se de um demérito tipicamente humano. 
 
Outra concepção acerca da Personalidade foi baseada na constituição biotipológica, 
segundo a qual a genética não estaria limitada exclusivamente à cor dos olhos, dos 
cabelos, da pele, à estatura, aos distúrbios metabólicos e, às vezes, às malformações 
físicas, mas também, determinaria às peculiares maneiras do indivíduo relacionar-se 
com o mundo: seu temperamento, seus traços afetivos, etc. 
 
As considerações extremadas neste sentido descartam qualquer possibilidade de 
influência do meio sobre o desenvolvimento e performance da personalidade e atribui 
aos arranjos sinápticos e genéticos a explicação de todas características da 
personalidade da pessoa. 
 
Buscando um meio termo, como apelo ao bom senso, podemos considerar a totalidade 
do ser humano como sendo um balanço entre duas porções que se conjugam de forma a 
produzir a pessoa tal como é: 
 
1- uma natureza biológica, tendo por base nossa natural submissão ao 
reino animal e nossa submissão também às leis da biologia, da genética e 
dos instintos. Assim sendo, os genes herdados se apresentam como 
possibilidades variáveis de desenvolvimento em contacto com o meio (e 
não como certeza inexorável de desenvolvimento); 
2- uma natureza existencial, suprabiológica conferindo à Personalidade 
elementos que transcendem o animal que repousa em nós. A pessoa, ser 
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único e individual, distinto de todos outros indivíduos de sua espécie, 
traduz a essência de uma peculiar combinação bio-psico-social. 
 
Desta forma, a Definição de Personalidade poderia ser esbouçada da seguinte maneira: 
 
"PERSONALIDADE É A ORGANIZAÇÃO DINÂMICA DOS TRAÇOS NO 
INTERIOR DO EU, FORMADOS A PARTIR DOS GENES PARTICULARES QUE 
HERDAMOS, DAS EXISTÊNCIAS SINGULARES QUE EXPERIMENTAMOS E 
DAS PERCEPÇÕES INDIVIDUAIS QUE TEMOS DO MUNDO, CAPAZES DE 
TORNAR CADA INDIVÍDUO ÚNICO EM SUA MANEIRA DE SER, DE SENTIR E 
DE DESEMPENHAR O SEU PAPEL SOCIAL". 
 
Portanto, o ser humano não pode ser considerado como um produto exclusivo de seu 
meio, tal como um aglomerado dos reflexos condicionados pela cultura que o rodeia e 
despido de qualquer elã mais nobre de sentimentos e vontade própria. Não pode, 
tampouco, ser considerado um punhado de genes, resultando numa máquina 
programada a agir desta ou daquela maneira, conforme teriam agido exatamente os seus 
ascendentes biológicos. Se assim fosse, passaria pela vida incólume aos diversos efeitos 
de suas vivências pessoais. Sensatamente, o ser humano não deve ser considerado nem 
exclusivamente ambiente, nem exclusivamente herança, antes disso, uma combinação 
destes dois elementos em proporções completamente insuspeitadas. 
 
Todas as vezes que colocamos lado a lado duas pessoas estabelecendo comparações 
entre elas, qualquer que seja o aspecto a ser medido e comparado, verificamos sempre a 
existência de diferenças entre ambas. Constatamos assim, as diferenças entre os 
indivíduos, as peculiaridades que os tornam únicos e inimitáveis. 
 
Por outro lado, podemos verificar também e paradoxalmente, outras características 
comuns a todos seres humanos, tal como uma espécie de marca registrada de nossa 
espécie. Desta feita, há elementos comuns e capazes de nos identificar a todos como 
pertencentes a uma mesma espécie, portanto, característicos da natureza humana e, a par 
destes elementos próprios da espécie, outros atributos capazes de diferenciar um ser 
humano de todos os demais. 
 
Para demonstrar didaticamente este duplo aspecto da constituição humana imaginemos, 
por exemplo, um enorme canteiro de rosas amarelas. Embora todos indivíduos do 
canteiro tenham características comuns e suficiente para considerá-los e identificá-los 
como sendo rosas amarelas, será praticamente impossível encontrar, entre eles, dois 
exemplares exatamente iguais. Portanto, todos possuem traços individuais; todos têm 
perfume, pétalas e espinhos. Uns, entretanto, têm mais perfume, pétalas de tonalidade 
diferente e espinhos mais realçados que outros. No ser humano normal também 
podemos encontrar como características universais a angústia, a ambição, o amor, o 
ódio, o ciúme, etc. Entretanto, em cada um de nós estes traços combinar-se-ão de 
maneira completamente singular. 
 
Desta forma, podemos afirmar que os seres humanos são essencialmente iguais e 
funcionalmente diferentes, ou seja, podemos nos considerar iguais uns aos outros 
quanto à nossa essência humana (ontologicamente), entretanto, funcionamos 
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diferentemente uns dos outros. Todas as tendências ideológicas que enfatizam a 
igualdade dos seres humanos, num total descaso para com as diferenças funcionais, 
ecoam aos ouvidos despreparados com eloqüente beleza retórica, romântica, ética e 
moral. Transportando tais ideais do papel para a prática, sucumbem diante de 
incontáveis evidências em contrário: não resistem à constatação das flagrantes e 
involuntárias diferenças entre os indivíduos, bem como não explicam a indomável 
característica humana que é a perene vocação das pessoas em querer destacar-se dos 
demais. 
 
Trataremos portanto, das semelhanças essenciais e das diferenças funcionais do ser 
humano. 
 
Semelhanças Essenciais 
A data do aparecimento do ser humano na face da Terra vai recuando no tempo à 
medida em que avançam os métodos das descobertas da arqueologia. A idéia de que o 
homem de Neanderthal tenha sido um ancestral do Homo sapiens tem sido cada vez 
mais contestada por antropólogos e palenteólogos, chegando-se a cogitar a tese de que 
há mais de cinco milhões de anos existiam homens capazes de fabricar utensílios e 
cultuar seus mortos. Contudo, apesar do homem ter conseguido modificar suas 
possibilidades de ação e seus modos de existência em poucos e recentes séculos de sua 
história, muitas atitudes e sentimentos do homem pré-histórico continuam permeando o 
ser humano moderno. 
 
É incontestável, sem dúvida, o grande salto dado por nossa performance mental, ainda 
que, desacompanhado de mudanças substanciais em nosso elemento biológico. Fomos 
capazes de saltar da pedra lascada ao micro-circuito integrado, do fogo à fusão nuclear 
e, sabe-se lá, até onde chegaremos mais. Apesar dissomuita coisa ficou indelevelmente 
impressa na maneira de ser do indivíduo moderno que remonta aos nossos irmãos das 
cavernas. 
 
atividade mental do ser humano contemporâneo é totalmente diferente daquela de 
nossos ancestrais, principalmente no que diz respeito à aquisição do conhecimento. 
Trata-se, conforme expõe Herreira com clareza, de uma espécie de destino biológico da 
espécie em sua jornada dirigida ao conhecimento, a qual se promove através da 
utilização progressiva dos ilimitados recursos do sistema nervoso humano(2). 
 
Entretanto, voltando à questão das coisas que temos em comum com nossos irmãos 
trogloditas, se há cinqüenta mil anos o homem ia à luta com sua clava, hoje ele se 
empenha no combate com sua arma automática. A motivação ou o sentimento (e muitas 
vezes o objetivo) desta desavença com o próximo são os mesmos, tanto na pré-história 
quanto hoje. Se em nossa pré-história nossos irmãos cultuavam seus mortos, julgando 
que se transformavam em deuses, hoje consola-nos a idéia de que eles vão à Deus 
depois de mortos. 
 
De acordo com Jung, nenhum biólogo pensaria em admitir que todo indivíduo adquire 
de novo seu modo geral de comportamento com o nascimento. Bem mais provável é 
que o jovem pardal teça seu ninho característico porque é um pássaro e não um coelho. 
Assim também, é mais provável que o homem nasça com sua maneira de comportar-se 
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especificamente humana e não com a do hipopótamo(3). Há então, elementos de notável 
semelhança na essência do ser humano, expressões e modos característicos da espécie. 
Podemos encontrar formas psíquicas no indivíduo que ocorrem não somente em seus 
ascendentes mais próximos, mas em outras épocas distantes de nós milhares de anos e 
às quais estamos ligados apenas pela arqueologia. Jung coloca entre estas Semelhanças 
Essenciais do ser humano, como sendo certas formas típicas de comportamento 
característico, os quais, ao se tornarem conscientes, assumem o aspecto de 
representações do mundo sob a denominação de ARQUÉTIPOS. 
 
Poderíamos ilustrar um pouco mais esta questão das Semelhanças Essenciais lembrando 
os INSTINTOS. Estes, aparecem como formas típicas de comportamento da espécie 
podendo, no ser humano, estar ou não associado à um motivo consciente. Freud chama 
atenção para estas características universais da pessoa: os INSTINTOS BÁSICOS. 
Enfatiza notadamente o instinto para a preservação da vida, tanto da vida individual, sob 
a forma de afastamento da dor (ou busca do prazer), quanto da vida da espécie, através 
da sexualidade. Ele cita ainda o instinto da morte, o qual, apesar de contestado por 
muitos autores, quando voltado para o exterior conduz à agressão. Pela teoria dos 
instintos, serão inúteis as tentativas do ser humano em livrar-se totalmente das 
inclinações agressivas, já que indispensáveis para a execução dos instintos(4). 
 
Didaticamente poderíamos considerar os Arquétipos e os Instintos como duas faces de 
uma mesma moeda; enquanto os Instintos trazem em seu bojo uma conotação biológica 
e que nos remete às sombras de nosso passado mais animalesco, os Arquétipos 
distinguem o ser humano num patamar mais elevado e diferenciado, ou seja, mais 
espiritualizado. 
 
Na filosofia, a busca de uma característica humana marcante foi vislumbrada por 
Schopenhauer como sendo a VONTADE. O fato de sentir e querer é a atitude mais 
básica que o ser humano conhece, portanto, comum a todos nós. Desta forma, o 
intelecto se coloca a serviço desta forma irracional, ou supra-racional, chamada 
Vontade. Posteriormente Nietzsche acrescentou à Vontade de Shopenhauer o PODER: 
motivação básica e universal entre os homens. A vontade do Poder serviu de orientação 
aos estudos de Alfred Adler para a compreensão psicodinâmica deste impulso natural, 
retirando do termo qualquer conotação mais pejorativa. Para Adler, o Poder atendia as 
mesmas exigências dos instintos básicos de Freud e a motivação da atitude humana 
estava firmemente atrelada à sua vontade do poder: poder sobre os demais semelhantes. 
 
Adler compara fenomenologicamente o poder aspirado pelo bandido que deseja ser o 
mais pérfido entre seus pares, com a aspiração de poder do indivíduo caridoso, 
manifestando sua pulsão de supremacia caridosa entre seus companheiros de autruísmo. 
Evidentemente não cabe aqui uma preocupação valorativa ou ética mas apenas a 
constatação do fenômeno. 
 
De qualquer forma, seja a necessidade íntima de um deus que conforta, seja nossa 
perene tendência em preservar a vida ou garantir a espécie, seja nossa constante busca 
do prazer, seja uma vontade que motiva ou um poder que estimula, podemos pensar 
sempre num elemento da Personalidade humana que tenha se perpetuado ao longo de 
nossa história. Trata-se de determinadas posturas existenciais diante da vida que 
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acompanham nossa espécie através de infindáveis gerações. São elas, verdadeiras 
TENDÊNCIAS NATURAIS do ser humano. 
 
Embora a essência destas Tendências Naturais pareça emancipada da situação temporal 
e ambiental atuais pelo fato de terem existido, de existirem e de continuarem existindo 
em qualquer momento de nossa história, suas manifestações comportamentais e 
emocionais deverão, em nome da normalidade psíquica, estar sempre vinculadas e 
adequadas ao modelo sócio-cultural e às possibilidades de ação de cada um. Portanto, 
não será a Tendência Natural pura e primitiva quem se manifestará na maneira de ser da 
pessoa, mas sim, estas mesmas tendências domesticadas e aculturadas. Uma conduta 
instintiva pura é praticamente impossível manifestar-se em condições psíquicas 
normais. Tais impulsos primitivos se diluem pelas pressões das circunstâncias e pelas 
peculiaridades afetivas de cada um e, se mascaram de tal forma, que acabam ficando 
dissimuladas pelo caráter do indivíduo(5). 
 
Durante toda sua existência o indivíduo é compelido a atender estas Tendências 
Naturais, basicamente as mesmas em todos nós, e as maneiras pelas quais tais 
tendências serão atendidas mostrará as diferenças entre as pessoas, entre as gerações e 
entre os povos. O instinto do Poder, por exemplo, pode se manifestar de diversas 
maneiras nas diferentes pessoas; prazer em ter poder, em sentir-se superior aos demais 
nos mais variados aspectos existenciais. Um monge poderia manifestar esta tendência 
buscando o prazer em sentir-se o mais humilde entre seus pares, superior a todos os 
demais em termos de humildade e abnegação. Sentiria uma satisfação suprema, perante 
Deus, ao saber-se o mais humilde entre os mortais. O intelectual conquistaria seu prazer 
percebendo-se o mais erudito em sua área, o poder do saber. O amante, através do poder 
de cativar, ou o poder material do rico, a autoridade do político, a coragem do soldado, 
o qual teme mais a opinião de seus camaradas que a arma do inimigo, e assim por 
diante. Enfim, a busca do prazer deve atender certos anseios pessoais em concordância 
com determinadas circunstâncias sócio-culturais mas, de qualquer modo, o fenômeno da 
busca do prazer com suas mais variadas apresentações é observado universalmente entre 
os homens. 
 
Para a manutenção de uma situação de equilíbrio entre o indivíduo e seu meio ou entre 
ele e si próprio é necessário um qlrelacionamento harmônico entre o peso de suas 
tendências, as possibilidades de seu espírito e as exigências de seu ambiente. Há um 
ditado que diz: quando a miséria entra pela porta da frente a virtude sai pela janela. Isso 
ilustra bem que o que poder acontecer quando o ambiente passa a significar uma ameaça 
à sobrevivência ou passa a favorecer uma perspectiva de dor e sofrimento. 
 
As situações de emergência são capazes de determinar atitudes primitivas, as quais 
convocam o indivíduo a desempenhar uma postura vivencial em direção à 
sobrevivência, atuação esta emancipada de considerações mais éticas e refinadas. Há, 
pois, uma tendênciaao aparecimento de comportamentos ditos primordiais sempre que 
houver uma flagrante ameaça aos instintos básicos do indivíduo, como se procedesse 
uma regressão ao estado biológico natural (predominantemente instintivo) ou uma 
espécie de desempenho vivencial comandado por um nível mais inferior de psiquismo e 
onde as considerações mais sublimes, do tipo moral e ético, ficassem protelados em 
benefício de considerações mais pragmáticas. 
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Outro provérbio que se presta a uma análise mais didática é aquele que se diz: pau que 
nasce torto, não tem jeito: morre torto. Isso diz respeito ao componente constitucional 
da pessoa. Neste caso, havendo um peso exagerado das tendências naturais, ou seja, não 
se conseguindo domesticar bem tais tendências, mesmo em situações onde não haja uma 
exigência importante, o indivíduo passa a conduzir-se pelos ditames de seus impulsos 
naturais e por suas paixões mais primitivas. É o nosso espírito, ou nossos sentimentos 
mais sublimes, ou ainda aquele nosso algo mais humano é quem exerce a atividade 
harmonizadora no relacionamento dito civilizado do homem com o ambiente em que 
vive. 
 
Os instintos aparecem sempre idênticos entre os indivíduos de uma mesma espécie, 
porém, apenas enquanto funcionam instintivamente. As tendências naturais 
compreendem instintos em sua essência mas o aparelho psíquico do ser humano tem por 
função a transformação da imagem instintiva original, de acordo com as imposições de 
sua cultura e de suas emoções. Desta forma, cada manifestação instintiva é peculiar a 
cada indivíduo, por causa da peculiaridade de seu padrão emocional, e será dissimulada 
pelas características de personalidade de cada um. Mas nem por isso pode-se anular o 
instinto básico original, ele é apenas transformado e adequado ao indivíduo e às 
exigências do sistema sócio-cultural. 
 
Os Arquétipos, vistos mais atrás, segundo a idéia de Jung, são uma força espiritual com 
o mesmo peso dos Instintos mas que, diferentes destes, governam a criação humana. 
Têm a mesma força de atuação sobre o psiquismo que os instintos, porém, ao invés de 
se manifestarem em todo reino animal superior, são exclusividade da espécie humana. 
Enquanto os instintos puros e primitivos arrastariam o homem à um nível mais 
biológico e animalesco, os arquétipos conduziriam-no à uma realização mais 
espiritualizada e humanizada. 
 
 
Diferenças Funcionais 
Ao lado das Tendências Naturais, capazes de identificar todos nós como pertencentes à 
mesma espécie, vamos encontrar as peculiaridades próprias e particulares com as quais 
cada um se apresentará e se relacionará com o mundo. Allport ilustra estas diferenças 
funcionais de cada um através de suas considerações sobre os TRAÇOS PESSOAIS; 
verdadeiros arranjos pessoais e constitucionais determinados por fatores genéticos, os 
quais, interagindo com o meio em maior ou menor intensidade, resultariam numa 
característica psíquica capaz de particularizar um indivíduo entre todos os demais de sua 
espécie(6). 
 
Entende-se os traços herdados como possibilidades de vir a ser e não como uma certeza 
de que será. Há uma quantidade enorme, ainda pouco delimitada pela genética, de traços 
possíveis de transmissão hereditária, porém, apenas parte desses traços se manifestarão 
no indivíduo. Esta maneira singular da pessoa interagir com seu mundo, decorrente de 
seus traços pessoais, pode ser chamada de DISPOSIÇÃO PESSOAL. 
 
Assim, conhece-se por Disposição Pessoal, a tradução no indivíduo da combinação 
particular de traços que se manifestam em sua personalidade, combinação esta só 
possível nele próprio. Desta feita, a Disposição Pessoal de um indivíduo confunde-se 
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com sua própria Personalidade, sua maneira particular de lidar com a vida, com o 
mundo e com suas próprias emoções. 
 
É possível, como mostraram inúmeros autores, agrupar indivíduos de acordo com 
determinadas características psíquicas mais ou menos comuns aos diversos grupos. 
Temos assim classificações que reconhecem os introvertidos, extrovertidos, sensitivos, 
pensativos, intuitivos, sentimentais ou, de outra forma, os explosivos, melancólicos, 
obsessivos, e assim por diante. Trata-se do reconhecimento de traços predominantes na 
personalidade ou na maneira de ser, de tal forma que permitem uma classificação. Isso 
não quer dizer, de forma alguma, que a Personalidade total dos indivíduos classificados 
desta ou daquela maneira seja idêntica em todos do mesmo grupo: entre todos 
introvertidos, cada qual dispõe de uma Personalidade peculiar e apenas manifestam em 
comum uma tonalidade afetiva depressiva com sua conseqüente apresentação social 
introvertida. 
 
Para abordar o problema das diferenças funcionais dos indivíduos, mais precisamente 
das personalidades peculiares de cada um, podemos considerar três critérios de 
observação: 
 
1- os Traços como Personalidade; 
2- o "eu" como Personalidade e; 
3- os Papéis Sociais como Personalidade. 
 
 
Os Traços Como Personalidade 
 
 
Nenhum ser humano mostrará Traços que já não existam em outros indivíduos, como 
uma espécie de patrimônio do ser humano, ou seja, à todos indivíduos de uma mesma 
espécie são atribuídos os traços característicos dessa espécie. Vimos isso no item 
anterior sobre as Semelhanças Essenciais. Entretanto, a combinação individual desses 
Traços em proporções variadas numa determinada pessoa caracterizará sua 
Personalidade ou sua maneira de ser (Diferenças Funcionais). 
 
 
O senso comum de um sistema sócio-cultural costuma elaborar uma relação muito 
extensa de adjetivos utilizados para a argüição dos indivíduos deste sistema: sincero, 
honesto, compreensivo, inteligente, cálido, amigável, ambiciosos, pontual, tolerante, 
irritável, responsável, calmo, artístico, científico, ordeiro, religiosos, falador, excitado, 
moderado, calado, corajosos, cauteloso, impulsivo, oportunista, radical, pessimista, e 
por aí afora. Podemos considerar Traço Predominante da pessoa em apreço a 
característica que melhor à define, como se, entre tantos traços tipicamente e 
caracteristicamente humanos, este traço específico predominasse sobre os demais. 
 
Pois bem. É exatamente a predominância de alguns traços e a atenuação de outros que 
acaba por constituir a personalidade de cada um. Enfim, é como se o artista conseguisse 
extrair uma cor única e muito pessoal misturando uma série de cores básicas 
encontradas em todas as lojas de tintas. Como os traços básicos do ser humano são 
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infinitamente mais numerosos que as cores básicas do exemplo, as combinações entre 
esses traços será infinita, fazendo desse fato a infinita diversidade de personalidades. 
 
A combinação dos Traços resultará uma unidade funcional humana completamente 
distinta de todas os demais. É difícil pensar nestes Traços de outra forma, senão como 
uma certa inclinação inata submetida à influência agravante ou atenuante do meio, 
inclinação esta, responsável pela maneira como a pessoa se apresentará ao mundo ou ao 
convívio gregário. 
 
O "EU" Como Personalidade 
 
 
O "eu" é o ser total, essencial e particular de uma pessoa. Freqüentemente usado como 
sinônimo de Personalidade, diz respeito à consciência que o indivíduo tem do mundo e 
de si próprio. A compreensão da pessoa através do seu "eu" como Personalidade propõe 
a distinção entre aquilo que o indivíduo faz daquilo que ele pensa. 
 
Na abordagem do "eu" importa o elemento dinâmico da Personalidade, portanto, será de 
inestimável valor as considerações sobre as Representações Internas que o indivíduo 
tem acerca da Realidade Externa. Importa aqui as relações entre o sujeito e o objeto ou 
entre a pessoa e o mundo. Enquanto a observação dos Traços é uma tarefa mais objetiva 
e prática, as considerações sobre o "eu" são avaliações mais subjetivas. As 
características da Personalidade assim avaliada dizem respeitonão apenas ao modo 
como a pessoa se apresenta no mundo, conforme vimos em relação aos Traços, mas à 
maneira como a pessoa sente o mundo e se relaciona com ele. 
 
Muitos autores discorrem sobre esta forma de avaliação da Personalidade. Entre eles, 
Jung vê dois tipos de Disposição Pessoal pelas quais os indivíduos se caracterizarão no 
contacto com a realidade ou com o mundo objetivo: 
 
1- a maneira introvertida e; 
 
2- a maneira extrovertida (7). 
 
Além destas duas disposições básicas, reconhece ainda quatro funções associadas à elas: 
função pensamento, sentimento, sensação e intuição. Desta forma, o indivíduo pode ser 
considerado do tipo introvertido pensativo, ou sensitivo extrovertido e assim por diante. 
Pela tipologia psicológica de Jung são possíveis oito tipo psicológicos puros mas, 
normalmente, cada pessoa dispõe de duas funções predominantes, como por exemplo, o 
tipo extrovertido intuitivo-sentimental. Em sua obra Tipos Psicológicos este assunto é 
abordado detalhadamente e apresentado de maneira mais fácil do possa parecer nesse 
exemplo sumário. 
 
Outros autores consideram a Personalidade baseada no "eu" de maneira diferente. 
Entendem os indivíduos que contactam a realidade de maneira introvertida através de 
uma descrição mais diversificada e atribuindo-lhes outros predicados: tristes, inseguros, 
melancólicos, de tonalidade afetiva depressiva, e assim por diante. Na realidade, depois 
de compreender os conceitos da psicopatologia e psiquiatria de forma globalizada, 
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veremos que as diferentes abordagem são mais semânticas que ideológicas. Vale mais o 
conceito visto aqui que a classificação, propriamente dita. 
 
 
O Papel Social ComoPersonalidade 
 
Este tipo de consideração sobre a Personalidade ressalta o papel constituído pelos 
sentimentos, atitudes e comportamentos que a sociedade espera do ocupante de uma 
posição em algum lugar da estrutura social. As pessoas tendem adaptar-se ao papel a 
elas designado. As pessoas que encontram um padre pela frente têm expectativas 
comuns sobre como ele dever se comportar, da mesma forma que o doente tem 
expectativas diante de seu médico, este de seus clientes e assim por diante(8). 
 
Todos desempenham muitos papeis sociais, cada um a seu tempo. Papel de criança pré- 
escolar, de criança escolar, de universitário, de enamorado, de profissional, de traído, de 
cúmplice, etc. Há papeis de pai, de filho, de chefe, de subalterno, enfim, estamos 
sempre a desempenhar algum papel social. Jung chama de Persona esta nossa 
apresentação social. 
 
A palavra Persona, de origem grega, significa máscara, ou seja, caracteriza a maneira 
pela qual o indivíduo vai se apresentar no palco da vida em sociedade. Portanto, diante 
do palco existencial cada um de nós ostenta sua Persona mas há, porém, uma respeitável 
distância entre o papel do indivíduo e aquilo que ele realmente é, ou entre aquilo que ele 
pensa ou pensam que é e aquilo que ele é de fato. 
 
Na realidade, considerar a Personalidade através do papel social pode não refletir a 
verdade dos fatos. Mais apropriado seria argüirmos, pelos papeis sociais, a Persona de 
cada um. A abordagem mais adequada seria através dos Traços, de uma forma mais 
superficial e objetiva e/ou através do "eu", de maneira mais subjetiva e profunda. 
 
 
 
Personalidade: Ambiente ou Genética ? 
 
 
Há em biologia uma fórmula muito significativa e de validade indiscutível: FENÓTIPO 
= GENÓTIPO + AMBIENTE. Entende-se por Fenótipo o estado atual no qual se 
encontra o indivíduo aqui e agora, por Genótipo entende-se seu patrimônio genético e, 
em nosso caso, por Ambiente nos referimos às influências do destino sobre o 
desenvolvimento do ser. 
 
De maneira geral, o estado em que se apresenta o indivíduo num dado momento deve 
ser entendido como uma conjugação entre seu patrimônio genético e a influência 
ambiental a que se submeteu. Em outras palavras, uma somatória daquilo que ele trouxe 
para a vida com aquilo que a vida lhe deu. Podemos assim, considerar a Personalidade 
como sendo composta de elementos constitucionais ou genotípicos e de elemento 
ambientais ou paratípicos. Oresultado final do indivíduo, tal como se encontra no 
momento atual, será o seu fenótipo. 
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A discussão acerca da preponderância de elementos ambientais ou constitucionais na 
gênese da Personalidade é antiga, acirrada, infindável e inconclusiva. A tendência 
moderna e Politicamente Correta seria entender a pessoa como um resultado de 
influência preponderantemente ambiental mas, como o Politicamente Correto sempre se 
caracteriza por acentuada demagogia, melhor seria uma concepção mais sensata. 
 
A ciência médica, acostumada que está a considerar relacionamentos causais para os 
fenômenos que estuda, sente-se incomodada quando alguma tendência sociogênica 
atribui à delinqüência, por exemplo, um reflexo direto da pobreza (ambiental). Fosse 
assim, pelo menos em nosso meio, a delinqüência seria no mínimo milhares de vezes 
mais presente. É por causa de idéias assim que a sociedade reluta em entender a 
Depressão como um estado não necessariamente associado à alguma coisa má que tenha 
acontecido para a pessoa deprimida. A medicina psiquiátrica incomoda-se também 
diante de afirmações organogênicas sobre a inexorabilidade do comportamento 
agressivo como conseqüência irredutível de um bracinho longo de determinado 
cromossomo. 
 
Como contribuição à esta perpétua discussão, Smith propõe um modelo de quatro 
mecanismos de influência nos quais nos baseamos com alguma modificação(8). São 
eles: 
 
 
1 - Mecanismo Genético-Constitucional Direto 
 
 
O mecanismo genético direto sugere uma influência dos genes e/ou da constituição de 
maneira direta na formação da Personalidade. Neste caso, a influência ambiental é 
muito diminuta e a participação constitucional é quase absoluta. São poucas as situações 
que se enquadram neste mecanismo e a maioria delas refere-se aos casos de deficiência 
mental, como por exemplo, a Trissomia 21 ou Síndrome de Down, entre outras. 
 
De um modo geral, são situações onde o patrimônio genético determina uma 
configuração especial no indivíduo de natureza decididamente irreversível e imune às 
alternativas terapêuticas atuais (grife-se "atuais"). Diz-nos o bom senso que de acordo 
com os avanços dos conhecimentos da genética, tais situações tendem a rarear cada vez 
mais. A detecção precoce de genes anômalos ou patogênicos e o conhecimento acerca 
da penetrância de tais genes prometem um futuro mais otimista na área da genética e da 
concepção humana. Entretanto, atualmente tais procedimentos corretivos da formação 
constitucional desenvolvem-se, quase exclusivamente, na esfera da prevenção e não do 
tratamento. 
 
Falamos em Genético-Constitucionais e não apenas em Genéticos (como propunha 
Smith) devido às diferenças entre um acontecimento apenas genético e outro 
constitucional. Genético significa, em tese, hereditário. Constitucional, por sua vez, 
significa que faz parte da constituição da pessoa (inato), podendo ou não ser genético. A 
encefalopatia proporcionada pela toxoplasmose congênita, por exemplo, é 
constitucional mas não é genética. 
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2 - Mecanismo Genético-Constitucional Indireto 
 
 
Neste caso, muito embora os traços marcantes da Personalidade possam ser 
determinados por fatores genéticos e/ou constitucionais, a atuação decisiva do ambiente 
poder alterar o curso do desenvolvimento do indivíduo. Uma surdez congênita, por 
exemplo, capaz de determinar uma Personalidade peculiar em decorrência das 
importantes limitações de desenvolvimento, será marcadamente atenuada caso o 
enfermo possa dispor de recursos especializados de treinamento e educação. 
 
Os genes, neste caso, são herdados como possibilidades de se tornarem ou não 
determinantes de características na personalidade, dependendo dotipo de atuação 
ambiental. Um indivíduo que tenha em si uma potencialidade genética de ser alto, por 
exemplo, poder terminar seu desenvolvimento com baixa estatura se o meio não lhe 
fornecer condições adequadas de nutrição. 
 
Encontram-se, nesta possibilidade, os transtornos emocionais considerados endógenos 
pela psicopatologia. É o caso da esquizofrenia, por exemplo, que pode ou não se 
manifestar durante a vida do indivíduo apesar da probabilidade constitucional-genética. 
A eclosão franca da doença dependerá de um complexo conjunto de circunstâncias. 
Também a epilepsia poderia ser entendida através deste mecanismo, assim como outras 
condições psicopatológicas de comprovada concordância familiar. 
 
 
3 - Mecanismo Ambiental Geral 
 
 
O ambiente em caráter geral, dentro do espaço sócio-cultural a que pertence o 
indivíduo, pode favorecer o desenvolvimento de alguns traços peculiares na forma de 
relacionamento para com o mundo. Os estímulos, as solicitações, as oportunidades de 
treinamento, as normas de convivência, enfim, todo o patrimônio oferecido à pessoa 
através do sistema sócio-cultural e ambiental poderão determinar modalidades 
características da pessoa existir. 
 
 
Será sobre as potencialidades constitucionais que o ambiente desempenhará uma ação 
modeladora da Personalidade, ou seja, o ambiente poderá alterar os rumos do 
desenvolvimento geral conferindo uma determinada maneira do indivíduo ser. Em 
termos psicopatológicos podemos alocar aqui alguns transtornos ditos neuróticos, com 
notável predominância dos elementos existenciais sobre os constitucionais. 
 
 
4 - Mecanismo Ambiental Específico 
 
 
Encontramos aqui os elementos ambientais relacionados especificamente a 
determinados aspectos do desenvolvimento da Personalidade como, por exemplo, a 
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O estudo da personalidade nos últimos anos é de tão grande significado social, que está 
hoje em pleno desenvolvimento. No entanto, apesar de seu grande avanço, o que se 
conhece sobre personalidade ainda é insuficiente para atender às exigências práticas que 
são colocadas em proporções cada vez menores pelo mundo contemporâneo. 
 
A palavra personalidade, evidentemente, não se constitui em um termo desconhecido, 
porquanto vem sendo usada indevidamente para determinar os traços que nos tornam 
agradáveis as outras pessoas. Gostamos ou admiramos. O indivíduo que “tem 
personalidade” , prontamente afirmamos que ele é dinâmico, amigo, simpático. Assim, 
alguém tem personalidade, quando “impressiona fortemente” a seus semelhantes. 
 
Por outro lado, somos indiferentes ou não toleramos o indivíduo que não “tem 
personalidade” porque, pelo menos para nós ele é irritante ou desagradável. Chega-se 
mesmo a dizer que uma pessoa que passa desapercebida, apática na vida em comum, 
“não tem personalidade”. Existem correntes da Psicologia que estudam a formação da 
Personalidade mas por outro lado há correntes da mesma que negam a existência de tal 
conceito. 
 
 
desnutrição, o alcoolismo, certas infecções, intoxicações, etc. São intercorrências 
ambientais que atuam na Personalidade especificamente neste ou naquele aspecto, como 
pode ser o caso de um traumatismo craniano, após o qual o indivíduo tenha passado a 
apresentar convulsões ou demenciação. 
 
 
 
Neste caso podemos detectar UM elemento ambiental específico e responsável pela 
alteração no rumo do desenvolvimento da Personalidade. Isso quer dizer que sem este 
fator ambiental específico a Personalidade tomaria outro rumo e o indivíduo apresentar- 
se-ia na vida com outra performance existencial. 
 
Embora a proposta esquematizada por Smith possa facilitar uma reflexão acerca do 
problema ambiente-constituição na gênese da Personalidade ou, mais além, na gênese 
dos transtornos da Personalidade, isso não deve ser tomado como uma questão 
hermética. Tanto para o desenvolvimento da Personalidade normal, quanto da 
patológica ou da não-normal, sempre iremos nos defrontar com uma condição 
multifatorial. Uma conjunção de vários destes mecanismos de influência. 
 
Na psicopatologia a idéia de causalidade deve ser vista com muita prudência. Nenhuma 
situação de desenvolvimento da Personalidade poderá ser determinada, exclusivamente, 
por este ou por aquele mecanismo proposto por Smith, antes disso, o que se vê com 
mais freqüência é sim uma conjunção de mais de um deles. 
 
Como se vê, atualmente o mais sensato seria admitir uma natureza bio-psico-social para 
como origem da Personalidade e o peso com que cada qual desses elementos participam 
na maneira como a pessoa É hoje, aqui e agora, será extremamente variável e 
individual. 
 
 
 
 
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• Nos fatores biológicos estão: o sistema glandular e o sistema nervoso. 
• Entre os fatores psicológicos estão: o grau e as características de inteligência, 
as emoções, os sentimentos, as experiências, os complexos, os 
condicionamentos, a cultura, a instrução, os valores e vivências humanas. 
• Nos grupos sociais, como a família,a escola, a igreja, o clube, vizinhança, 
processa-se a interação dos fatores sociais. 
Componentes da Personalidade (Temperamento e Caráter) 
 
Sendo a personalidade, o que distingue uma pessoa da outra, a mesma encontra-se 
apoiada em herança biológica e na ação ambiental. 
 
Os fatores biológicos, principalmente o sistema glandular e o sistema nervoso 
determinam no indivíduo o temperamento, que é constituído de impulsos naturais. Ser 
agressivo ou não ser agressivo, ser irrequieto ou indolente, ser emotivo ou não emotivo, 
ter reações primárias ou secundárias, podem ter traços temperamentais. 
 
Assim, o indivíduo nasce com determinado temperamento, mas fatores ambientais 
podem modificá-lo até certo ponto. Assim, a educação pode manter domínio e controle 
sobre o temperamento; a alimentação; as doenças; o clima; os acontecimentos e outros 
fatores causam algumas transformações nos traços temperamentais. 
 
A vida ensina o homem a controlar ou a estimular seu temperamento. Todo tipo 
temperamental tem seus aspectos positivos e aspectos negativos. Conhecendo-se bem, o 
homem pode dominar os aspectos negativos e estimular e desenvolver os aspectos 
positivos. O temperamento é parte da personalidade, e, esta não se reduz àquele. A 
personalidade é o todo; o temperamento é um aspecto desse todo. Portanto, o 
temperamento é um aspecto inato, biológico da personalidade. As qualidades que estão 
relacionadas com o temperamento incluem entre outras, excitabilidade, irrascibilidade, 
impulsividade, receptividade (sensibilidade), reserva, passividade, otimismo, 
pessimismo,vivacidade e letargia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que seria então Personalidade? 
 
A personalidade é uma estrutura interna, formada por diversos fatores em interação. 
Não se reduz a um traço apenas, como a autodeterminação ou um valor moral. Pode ser 
muito ou pouco valorizada. Não importa. Uma pessoa mesmo sem valores, mal 
formada, com falhas morais ou limitações psicológicas, não deixa de ter personalidade 
porque tem uma estrutura interna, embora defeituosa. 
 
Também, a personalidade não é a simples soma ou justaposição de elementos, mas um 
todo organizado e individual, produto de fatores biopsicossociais. 
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• Pelo Id o empregado deixaria de comparecer ao trabalho num belo dia 
ensolarado, dedicando-se a uma aprazível atividade de lazer: uma pescaria, um 
cinema, etc. 
• O Ego aconselharia prudência e buscaria uma oportunidade adequada para essas 
atividades. 
 
 
O princípio e valores do homem constituem seu Caráter. Caráter é um termo que 
etimologicamente significa “gravar”. Mas esse conceito sofreu total evolução. Hoje, 
caráter significa padrão de valores da personalidade. É constituído de valores morais e 
sociais. Adquiri-se o caráter na família, na escola e na sociedade em geral. Como diz 
ALLPORT (1979), caráter é a personalidade valorizada. Nesse sentidoo caráter é um 
aspecto da personalidade. Quando se diz que uma pessoa tem uma personalidade sem 
caráter, está se referindo à sua aceitabilidade moral e social. Portanto, o caráter se 
origina a partir de fatores como: integridade, fidedignidade e honestidade. Está 
associado àquelas nossas ações que satisfazem ou deixam satisfazer os padrões aceitos 
da sociedade e que são, conseqüentemente, julgados como “certos” ou “errados”. 
 
Estrutura e dinâmica da personalidade (segundo a teoria psicanalítica) 
 
Id – O id é a fonte da energia psíquica (libido). É de origem orgânica e hereditária.O id 
é formado por instintos, impulsos organicos e desejos inconscientes, ou seja, pelo que 
Freud designa como pulsões. Está relacionado a todos os impulsos não civilizados, de 
tipo animal, que o indivíduo experimenta. . Não tolera tensão. Se o nível de tensão é 
elevado, age no sentido de descarregá-la. É regido pelo princípio do prazer. Sua função 
e procurar o prazer e evitar o sofrimento. Localiza-se na zona inconsciente da mente. O 
Id não conhece a realidade objetiva, a "lei" ética e social, que nos prende perante a 
determinadas situações devido as conclusões da interpretação alheia. Por isso surge o 
Ego. 
 
Ego – Significa “eu” em latim. E responsável pelo contato do psiquismo com o mundo 
objetivo da realidade. O Ego atua de acordo com o princípio da realidade. Estabelece o 
equilíbrio entre as reivindicações do Id e as exigências do superego com as do mundo 
externo. É o componente psicológico da personalidade. As funções básicas do Ego são: 
a percepção, a memória, os sentimentos e os pensamentos. Localiza-se na zona 
consciente da mente. 
 
Superego – Atua como censor do Ego. É o representante interno das normas e valores 
sociais que foram transmitidos pelos pais através do sistema de castigos e recompensas 
impostos à criança. Ele é estruturado durante a fase fálica, quando ocorre o Complexo 
de Édipo. É nesse momento que a criança começa a internalizar os valores e as normas 
sociais. São nossos conceitos do que é certo e do que é errado. O Superego nos controla 
e nos pune (através do remorso, do sentimento de culpa) quando fazemos algo errado, e 
também nos recompensa (sentimos satisfação, orgulho) quando fazemos algo meritório. 
O Superego procura inibir os impulsos do Id, uma vez que este não conhece a 
moralidade. É o componente social da personalidade.As principais funções do Superego 
são: inibir os impulsos do id (principalmente os de natureza agressiva e sexual) e lutar 
pela perfeição. 
 
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Os três sistemas da personalidade não devem ser considerados como fatores 
independentes que governam a personalidade. Cada um deles têm suas funções próprias, 
seus princípios, seus dinamismos, mas atuam um sobre o outro de forma tão estreita que 
é impossível separar os seus efeitos. 
 
Níveis de Consciência da Personalidade 
 
Para Freud, os três níveis de consciência são: consciente, pré-consciente e 
inconsciente. 
 
Consciente – inclui tudo aquilo de que estamos cientes num determinado momento. 
Recebe ao mesmo tempo informações do mundo exterior e do mundo interior. 
 
Pré-consciente – (ou sub-consciente) – se constitui nas memórias que podem se tornar 
acessíveis a qualquer momento, como por exemplo, o que você fez ontem, o teorema de 
Pitágoras, o seu endereço anterior, etc. É uma espécie de “depósito” de lembranças a 
disposição, quando necessárias. 
 
Inconsciente – estão os elementos instintivos e material reprimido, inacessíveis à 
consciência e que podem vir à tona num sonho, num ato falho ou pelo método da 
associação livre. Os processos mentais inconsciente desempenham papel importante no 
funcionamento psicológico, na saúde mental e na determinação do comportamento. 
 
Os Mecanismos de Defesa da Personalidade 
 
As frustrações e os conflitos, dependendo da sua quantidade e freqüência, podem causar 
prejuízos sérios à estrutura e à saúde da personalidade. Frustrações e conflitos podem 
acontecer a cada momento. A condução atrasa, o café está frio, o vendedor da loja não 
nos atende direito, o livro que queríamos comprar está esgotado, um encontro que está 
sendo esperado é cancelado etc. Assim, o homem não pode ficar olhando de frente, 
vivenciando em profundidade suas frustrações e fracassos. Desse modo poderia chegar à 
beira da autodestruição. Para evitar que isto aconteça, mobiliza seus mecanismos de 
defesa. 
 
Para Freud a defesa é a operação pelo qual o Ego exclui da consciência conteúdos 
indesejáveis. São vários os mecanismos. Os principais são: 
 
Racionalização – consiste em justificar de forma mais ou menos lógica e ética a própria 
conduta. Apresenta-se como um esforço defensivo para manter o auto-respeito. É 
provavelmente um dos mecanismos menos inconscientes. Por ele, arranjamos desculpas 
e explicações que nos inocentem de erros e fracassos. A criação de um “bode 
expiatório” é também racionalização. Dar uma desculpa para inocentar nosso “eu” ou 
jogar a culpa em outro tem a mesma finalidade: aliviar da “culpa”, ou de algo que nos 
inferiorize diante de nós e dos outros. Isto é tão antigos quanto Adão e Eva. Depois de 
• O Superego diria ser inaceitável faltar com um compromisso assumido, por 
exemplo, com o supervisor ou colegas de trabalho. 
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cometido seu “pecado original”, para livrar seu “eu” da culpa. Adão optou por um 
“bode expiatório”, culpando sua mulher, Eva. Esta, por sua vez, optou pela desculpa: 
“fui tentada pelo diabo, em forma de serpente”. Costuma-se ouvir de pessoas demitidas 
“afinal, aquela empresa estava realmente em decadência”; depois das mudanças de 
Administração, ficou mesmo impossível trabalhar lá; somente o pessoal menos 
qualificado permaneceu.” Reconhecer nossa irracionalidade, ainda quando nos é 
incômoda, ajuda a superá-la. Nem a conduta e nem os impulsos das pessoas são sempre 
racionais. 
 
Projeção – consiste em atribuir a outros as idéias e tendências que o sujeito não pode 
admitir como suas. Sem que percebamos, muitas vezes, vemos nos outros defeitos que 
nos são próprios Podem servir como exemplos: o aluno que se sente frustrado pela 
reprovação nos exames, põe-se a dizer que o professor é incapaz. O marido infiel que 
desconfia da esposa. 
 
Repressão – é o processo pelo qual se afastam da consciência conflitos e frustrações 
demasiadamente dolorosos para serem experimentados ou lembrados, reprimindo-os e 
recalcando-os para o inconsciente. Vivências que provocam sentimentos de culpa são 
esquecidas. Muitos casos de amnésia (excluídas as causas orgânicas) podem ser 
explicados através deste mecanismo. Esquecemos o que é desagradável. 
 
Deslocamento – Na tentativa de ajustar nosso comportamento e eliminar as tensões, 
muitas vezes, não podendo descarregar nossa agressão na fonte de frustração (um chefe, 
a organização, etc), passamos a agredir terceiros que não têm nada a ver com o caso. É 
bom lembrar que a toda ou a quase toda frustração corresponde agressão. 
 
Regressão – significa voltar a comportamentos imaturos, característicos de fase de 
desenvolvimento que a pessoa já passou. A criança de cinco anos que, após o 
nascimento de um irmão, volta a chupar o dedo, molhar a cama e falar como bebê, é um 
exemplo de regressão. Dessa maneira, reage melhor à frustração. É o caso do 
funcionário que, diante do chefe, assume comportamento menos adulto. 
 
Somatização - o conflito se transforma numa perturbação fisiológica. Por exemplo, 
numa fiscalização, o funcionário foi apanhado em flagrante falta. A partir daí, por 
ocasião dos períodos de fiscalização, adoece, passa mal, sente vômitos etc. 
 
Distúrbios da Personalidade 
 
A melhor maneira de definir “distúrbio” é caracterizá-lo como deficiência psicológica 
com repercussão na área emocional e interpessoal. Este termo caracteriza uma faixa que 
vai desde formas neuróticas leves até a loucura, na plenitude do seutermo. Normal seria 
aquela personalidade com capacidade de viver eficientemente, manter relacionamento 
duradouro e emocionalmente satisfatório com outras pessoas, trabalhar produtivamente, 
repousas e divertir-se, ser capaz de julgar realisticamente suas falhas e qualidades, 
aceitando-as. A falha de uma ou outra dessas características pode indicar a presença de 
uma deficiência psicológica ou “distúrbio” da personalidade. 
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Classificamos distúrbios da personalidade em 3 grandes tipos básicos: 
 
1º Tipo: Neuroses 
 
É a existência de tensão excessiva e prolongada, de conflito persistente ou de uma 
necessidade longamente frustrada, é sinal de que na pessoa se instalou um estado 
neurótico. A neurose determina uma modificação, mas não uma desestruturação da 
personalidade e muito menos de perda de valores da realidade. Costuma-se catalogar os 
sintomas neuróticos em certas categorias, como: 
 
a) Ansiedade - a pessoa é tomada por sentimentos generalizados e persistente de 
intensa angústia sem causa objetiva. Alguns sintomas são: palpitações do coração, 
tremores, falta de ar, suor, náuseas. Há uma exagerada e ansiosa preocupação por si 
mesmo. 
 
b) Fobias – uma área da personalidade passa a ser possuída por respostas de medo e 
ansiedade. Na angústia o medo é difuso e quando vem à tona é sinal de que já existia, há 
longo tempo. Se apresenta envolta em muita tensão, preocupação, excitação e 
desorganização do comportamento. Na reação fóbica, o medo se restringe a uma classe 
limitada de estímulos. Verifica-se a associação do medo a certos objetos, animais ou 
situações. 
 
c) Obsessiva-Compulsiva: A Obsessão é um termo que se refere a idéias que se 
impõem repetidamente à consciência. São por isto dificilmente controláveis. A 
compulsão refere-se a impulsos que levam à ação. Está intimamente ligada a uma 
desordem psicológia chamada transtorno obsessivo-compulsivo. 
 
2º Tipo: Psicoses 
 
O psicótico pode encontrar-se ora em estado de depressão, ora em estado de extrema 
euforia e agitação. Em dado momento age de um modo e em outro se comporta de 
maneira totalmente diferente. Houve uma desestruturação da sua personalidade. O dado 
clínico para se aferir à psicose é a alteração dos juízos da realidade. O psicótico passa a 
perceber a realidade de maneira diferente. Por isso, faz afirmações e tem percepções não 
apoiadas nem justificadas pelos dados e situações reais. Nas psicoses, além da alteração 
do comportamento, são comuns alucinações (ouvir vozes, ter visões e delírios). Pode ser 
possuído por intensas fantasias de grandeza ou perseguição. Pode sentir-se vítima de 
uma conspiração assim como se julgar milionário, um ser divino, etc. As Psicoses se 
manifestam como: 
 
a) Esquizofrenia - apatia emocional, carência de ambições, desorganização geral da 
personalidade, perda de interesse pela vida nas realizações pessoais e sociais. 
pensamento desorganizado, afeto superficial e inapropriado,riso insólito, bobice, 
infantilidade, hipocondria, delírios e alucinações transitórias. 
 
b) Maníaca-depressiva – caracteriza-se por perturbações psíquicas duradouras e 
intensas, decorrentes de uma perda ou de situações externas traumáticas. O estado 
maníaco pode ser leve ou agudo. É assinalado por atividade e excitamento. Os maníacos 
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são cheios de energia, inquietos, barulhentos, falam alto e têm idéias bizarras, uma após 
outra. O estado depressivo, ao contrário, caracteriza-se por inatividade e desalento. Seus 
sintomas são: pesar, tristeza, desânimo, falta de ação, crises de choro, perda de interesse 
pelo trabalho, por amigos e família, bem como por suas distrações habituais. Torna-se 
lento na fala, não dorme bem à noite, perde o apetite, pode ficar um tanto irritado e 
muito preocupado. 
 
c) Paranóia – caracteriza-se sobretudo por ilusões fixas. É um sistema delirante. As 
ilusões de perseguição e de grandeza são mais duradouras do que na esquizofrenia 
paranoide. Os ressentimentos são profundos. É agressivo, egocêntrico e destruidor. 
Acredita que os fins justificam os meios e é incapaz de solicitar carinho. Não confia em 
ninguém 
 
d) Psicose alcoólica – é habitualmente marcada por violenta intranqüilidade, 
acompanhada de alucinações de uma natureza aterradora. 
 
e) Arteriosclerose Cerebral – evolui de um modo semelhante a demência senil. O 
endurecimento dos vasos cerebrais dá lugar a transtornos de irrigação sangüínea, as 
quais são causa de que partes isoladas do cérebro estejam mal abastecidas de sangue. Os 
sintomas são, formigamento nos braços e pernas, paralisias mais ou menos acentuadas, 
zumbidos no ouvido, transtorno de visão, perturbações da linguagem em forma de 
lentidão ou dificuldade da fala. 
 
3º Tipo: Psicopatias 
 
Os psicopatas não estruturam determinadas dimensões da personalidade, verificando-se 
uma espécie de falha na própria construção. Os principais sintomas das psicopatias são: 
Diminuição ou ausência da consciência moral. O certo e o errado; o permitido e o 
proibido não fazem sentido para eles. Desta maneira, simular, dissimular, enganar, 
roubar, assaltar, matar, não causam sentimentos de repulsa e remorso, em suas 
consciências. O único valor para eles é seus interesses egoístas: Inexistência de 
alucinações; ausência de manifestações neuróticas; falta de confiança; Busca de 
estimulações fortes; Incapacidade de adiar satisfações; Não toleram um esforço rotineiro 
e não sabem lutar por um objetivo distante; Não aprendem com os próprios erros, pelo 
fato de não reconhecerem estes erros; Em geral, têm bom nível de inteligência e baixa 
capacidade afetiva; Parecem incapazes de se envolver emocionalmente. Não entendem 
o que seja socialmente produtivo. 
 
Esquema de Desenvolvimento de Erik Erikson 
Confiança X Desconfiança (até um ano de idade) 
 
Durante o primeiro ano de vida a criança é substancialmente dependente das pessoas 
que cuidam dela requerendo cuidado quanto a alimentação, higiene, locomoção, 
aprendizado de palavras e seus significados, bem como estimulação para perceber que 
existe um mundo em movimento ao seu redor. O amadurecimento ocorrerá de forma 
equilibrada se a criança sentir que tem segurança e afeto, adquirindo confiança nas 
pessoas e no mundo. 
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Autonomia X Vergonha e Dúvida (segundo e terceiro ano) 
 
Neste período a criança passa a ter controle de suas necessidades fisiológicas e 
responder por sua higiene pessoal, o que dá a ela grande autonomia, confiança e 
liberdade para tentar novas coisas sem medo de errar. Se, no entanto, for criticada ou 
ridicularizada desenvolverá vergonha e dúvida quanto a sua capacidade de ser 
autônoma, provocando uma volta ao estágio anterior, ou seja, a dependência. 
 
Iniciativa X Culpa (quarto e quinto ano) 
 
Durante este período a criança passa a perceber as diferenças sexuais, os papéis 
desempenhado por mulheres e homens na sua cultura (conflito edipiano para Freud) 
entendendo de forma diferente o mundo que a cerca. Se a sua curiosidade “sexual ” e 
intelectual, natural, for reprimida e castigada poderá desenvolver sentimento de culpa e 
diminuir sua iniciativa de explorar novas situações ou de buscar novos conhecimentos. 
 
Construtivismo X Inferioridade (dos 6 aos 11 anos) 
 
Neste período a criança está sendo alfabetizada e frequentando escola (s), o que propicia 
o convívio com pessoas que não são seus familiares, o que exigirá maior sociabilização, 
trabalho em conjunto, cooperatividade, e outras habilidades necessárias em nossa 
cultura. Caso tenha dificuldades o próprio grupo irá criticá-la, passando a viver a 
inferioridade em vez da construtividade. 
 
Identidade X Confusão de Papeis (dos 12 aos 18 anos) 
 
O jovem experimenta uma série de desafios que envolve suas atitudes para consigo, 
com seus amigos, com pessoas do sexo oposto, amores e a busca de uma carreira e de 
profissionalização. Na medida que aspessoas à sua volta ajudam na resolução dessas 
questões desenvolverá o sentimento de identidade pessoal, caso não encontre respostas 
para suas questões pode se desorganizar, perdendo a referência. 
 
Intimidade X Isolamento (jovem adulto) 
 
Nesse momento o interesse, além de profissional, gravita em torno da construção de 
relações profundas e duradouras, podendo vivenciar momentos de grande intimidade e 
entrega afectiva. Caso ocorra uma decepção a tendência será o isolamento temporário 
ou duradouro. 
 
Produtividade X Estagnação (meia idade) 
 
Pode aparecer uma dedicação a sociedade à sua volta e realização de valiosas 
contribuições, ou grande preocupação com o conforto físico e material. 
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Definição 
 
Encontrar uma exata definição para termo personalidade não é uma tarefa simples. O 
termo é usado na linguagem comum - isto é, como parte da psicologia do senso comum 
- com diferentes significados, e esses significados costumam influenciar as definições 
científicas do termo. Assim na literatura psicológica alemã persönlichkeit costuma ser 
usado de maneira ampla, incluindo temas como inteligência; o conceito anglófono de 
personality costuma ser aplicado de maneira mais restrita, referindo-se mais aos 
aspectos sociais e emocionais do conceito alemão. 
 
Carver e Scheier dão a seguinte definição: "Personalidade é uma organização interna e 
dinâmica dos sistemas psicofísicos que criam os padrões de comportar-se, de pensar e 
de sentir característicos de uma pessoa". Esta definição de trabalho salienta que 
personalidade : 
• é uma organização e não uma aglomerado de partes soltas; 
• é dinâmica e não estática, imutável; 
• é um conceito psicológico, mas intimamente relacionado com o corpo e seus 
processos; 
• é uma força ativa que ajuda a determinar o relacionamento da pessoa com o 
mundo que a cerca; 
• mostra-se em padrões, isto é, através de características recorrentes e 
consistentes 
• expressa-se de diferentes maneiras - comportamento, pensamento e emoções. 
 
 
 
 
 
 
 
 Asendorpf complemente essa definição. Para ele personalidade são as perticularidades 
 pessoais duradouras, não patológicas e relevantes para o comportamento de um 
Integridade X Desesperança (velhice) 
 
Se o envelhecimento ocorre com sentimento de produtividade e valorização do que foi 
vivido, sem arrependimentos e lamentações sobre oportunidades perdidas ou erros 
cometidos haverá integridade e ganhos, do contrário, um sentimento de tempo perdido e 
a impossibilidade de começar de novo trará tristeza e desesperança. 
 
Personalidade é o conjunto de características psicológicas que determinam a 
individualidade pessoal e social de alguém. A formação da personalidade é processo 
gradual, complexo e único a cada indivíduo. O termo é usado em linguagem comum 
som o sentido de "conjunto das características marcantes de uma pessoa", de forma que 
se pode dizer que uma pessoa "não tem personalidade"; esse uso no entanto leva em 
conta um conceito do senso comum e não o conceito científico aqui tratado. 
 
O presente artigo descreve uma série de características que foram tratadas como 
componentes da personalidade. Para uma introdução às diferentes teorias que procuram 
explicar o desenvolvimento e a estrutura da personalidade, ver o artigo Teoria da 
personalidade. 
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• Os traços de personalidade são relativamente estáveis no tempo; 
• As diferenças interpessoais são variações frequentes e normais - o estudo das 
variações anormais é objeto da psicologia clínica (ver também transtorno mental 
e transtorno de personalidade) 
• A personalidade é influenciada culturalmente. As observações da psicologia da 
personalidade são assim ligadas apenas à população em que foram feitas; para 
uma generalização de tais observações para outras populações é necessária uma 
verificação empírica. 
Aspectos da personalidade 
 
Personalidade é, como se viu, um conceito complexo, com várias facetas. A seguir serão 
apresentados alguns aspectos que costumam ser considerados como partes da 
personalidade ou que a influenciam de maneira especial. Os parágrafos individuais são 
apenas indroduções mínimas aos assuntos relacionados e ligações são oferecidas para 
artigos onde cada um dos temas é tratado com mais profundidade. 
 
Forma física e personalidade 
 
A relação entre forma física e personalidade estimula a imaginação de filósofos e 
pensadores desde a antiguidade. Kretschemr propôs nos anos 20 do século XX uma 
classificação dos tipos físicos que, supunha ele, estavam relacionados com diferentes 
transtornos mentais, posteriormente com diferentes temperamentos. Ele classifica três 
tipo físicos: 
1. Tipo longilíneo ou leptossômico, de corpos delgados, ombros estreitos, peito 
aplainado, rosto alargado e estreito, membros longos e delgados. Teria uma 
maior tendência para a esquizofrenia e um temperamento mais sensível; 
 
1. Tipo atlético ou muscular, de sistema ósseo e muscular desenvolvidos, ombros 
largos, cadeiras estreitas e pescoço grosso. Teria tendência para a epilepsia e um 
temperamento intermediário entre os outros dois; 
 
1. Tipo brevelíneo ou pícnico, de rosto arredondado, abdome saliente, membros 
curtos. Tenderia à ciclotimia e a um temperamento mais tranquilo. 
A relação correlativa entre essas características foi inicialmente empiricamente 
comprovada. Análises posteriores mais exatas, que levavam em conta outras variáveis - 
como a idade - e usavam métodos mais objetivos, acabaram por derrubar a teoria de 
Kretschmer. 
 
No entanto a possibilidade de haver uma real relação entre forma física e características 
psicológicas não é improvável, mas não de maneira direta, como pensava Kretschmer. 
A forma física pode, (1) através de um processo de autopercepção, ser considerada 
positiva ou negativa e, assim, influenciar a autoestima, influenciando assim os traços de 
 
 
 
 
 
 
 
indivíduo em uma determinada população. Esta definição acrescenta àquela de Carver e 
Scheier alguns pontos importantes[1]: 
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Temperamento designa as disposições do indivíduo ligadas à forma do 
comportamento, principalmente as ligadas aos "três As da personalidade": afetividade, 
ativação (excitação) e atenção . 
 
Competências ou habilidades 
 
Competências ou habilidades são traços da personalidade que exprimem a capacidade 
de alguém de alcançar determinada realização ou desempenho. 
 
Inteligência 
 
Inteligência é um construto complexo que descreve a capacidade intelectual do 
indivíduo. 
 
Criatividade 
Criatividade, apesar ser um termo muito difundido e discutido, é um construto de 
difícil definição, porque cada autor parece defini-lo de uma maneira diferente. Alguns 
autures chegam mesmo a se perguntar se criatividade não seria um conjunto de traços de 
personalidade ao invés de um só Guilford (1950) define criatividade como a capacidade 
de pensar divergentemente, ou seja, de encontrar soluções diferentes e novas para um 
problema, em oposição ao pensamento convergente que encontra soluções para 
problemas para os quais há apenas uma resposta correta. Já Russ (1993) trabalha com 
um conceito mais amplo, que inclui traços afetivos do indivíduo, como a tolerância de 
ambiguidade, a abertura diante de novas experiências, grande números de interesses e 
baixa tendência para o uso de mecanismos de defesa. 
 
Competência social e inteligência emocional 
 
 
 
 
 
 
 
 O termo competência social, na psicologia do senso comum normalmente entendido 
 como a capacidade de lidar com outras pessoas, é de difícil definição, por conter dois 
 componentes distintos, que têm entre si uma correlação muito pequena: a capacidade 
comportamento; pode ainda (2) influenciada pela percepção que a pessoa tem de si, 
influenciar os motivos e interesses da pessoa, influenciando assim também as 
tendências de comportamento da pessoa. No entanto não apenas a autopercepçãopode 
influenciar a autoestima e os interesses de alguém; o juízo de outras pessoas e a reação 
destas desempenham também um importante papel nesse processo, de forma que as 
características de comportamento estáveis (assim a personalidade) são influenciadas 
indiretamente e de quatro maneiras diferentes pela forma física. 
 
Temperamento 
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de defender e/ou de impor os próprios interesses e a capacidade de construir 
relacionamentos. 
 
Inteligência emocional é um termo problemático. Ele foi definido de diferentes formas 
por diferentes autores (Salovey & Mayer, 1990; Mayer et al. 2000; Van der Zee et al., 
2002) e em todas as suas definições não representa uma atividade intelectual - ou seja, 
não corresponde à idéia de inteligência (ver acima). O termo "inteligência emocional" 
refere-se sobretudo a determinadas competências no lidar com emoções que, apesar de 
serem estáveis na personalidade do indivíduo, costumam variar de acordo com as 
emoções envolvidas - ou seja a pessoa pode saber lidar bem com a emoção medo, mas 
não com a raiva[1]. 
 
Disposições ligadas à ação 
Necessidades, motivos e interesses 
 
Enquanto "temperamento" refere-se à forma do comportamento ou da ação, 
necessidades, motivos e interesses dizem respeito à direção da ação, ou seja, aos seus 
objetivos - estando assim intimamente ligados à motivação. As pessoas variam com 
relação ao significado pessoal de diferentes necessidades, que determinam, por sua vez, 
suas ações e seu comportamento. Motivos são disposições ligadas ao valor atribuído às 
consequências dos atos - como por exemplo a "busca de sucesso" ou a "evitação de 
fracassos" podem ser fins mais ou menos desejáveis - e são fruto de uma interação entre 
necessidades e pressões externas. Interesses também incluem uma valoração, mas 
direcionadas para a ação em si, independente do resultado - por exemplo jogar xadrez 
ou escrever na wikipédia podem ser consideradas ações mais ou menos agradáveis, 
independentemente do sucesso atingido. 
 
Convicções ligadas à ação 
 
Os motivos são, como visto, disposições ligadas ao valor dado às consequências de uma 
ação. Eles estão assim intimamente ligados às expectativas do indivíduo com relação a 
suas ações. Há diferentes estilos de expectativas (al. Erwartungsstile), como por 
exemplo é o caso de a pessoa ser mais ou menos pessimista ou otimista. Durante a 
realização de uma atividade agem os chamados mecanismos de controle da ação (al. 
Handlungskontrolle), que têm por objetivo, por assim dizer, proteger a ação contra 
intenções concorrentes. Aqui podem manifestar-se diferentes estilos de controle da 
ação. Por exemplo, pessoas perseverantes são capazes de "desligar" por algum tempo 
outras atividades a fim de alcançar um determinado resultado enquanto pessoas menos 
perseverantes distraem-se mais facilmente. Quando a ação atinge o seu resultado 
surgem juízos relacionados a sua causa: por que determinada coisa aconteceu? A esse 
tipo de juízo dá-se o nome de atribuição. Também quanto à atribuição há diferentes 
estilos - por exemplo algumas pessoas tendem a colocar a culpa sempre nos outros ou a 
se sentir sempre reponsáveis. Esses três grupos de características da personalidade 
(estilos de expectativas, de controle da ação e de atribuição) foram chamados por 
Asendorpf convicções ligadas à ação 
 
superação (coping) 
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Por postura de valores (Werthaltungen) entende-se a tendência individual de se 
julgarem detrminados objetivos (ex. liberdade, igualdade) ou disposições de ação (ex. 
honestidade, prestatibilidade) como desejáveis ou indesejáveis. Entre os diferentes tipos 
de postura e as disposições de comportamento correspondentes há uma relação de 
correlação - ou seja, pessoas que valorizam novidades (postura) tendem a ser curiosas 
(disposição de comportamento); pessoas ansiosas (disposição de comportamento) 
costumam valorizar a segurança (postura). 
 
Atitude 
 
 
 
 
O termo coping foi gerado no contexto da pesquisa sobre o estresse e designa os 
mecanismos que auxiliam o indivíduo a superar uma situação estressante. Lazarus 
(1966) diferencia entre dois tipos de coping: coping orientado para o problema, que é 
a busca de uma modificação da situação que causa o estresse, e coping intrapsíquico, 
que é praticamente uma mudança na maneira da pessoa lidar com a situação - quer por 
uma mudança na maneira de lidar com a situação ou com as emoções provocadas pela 
situação (ex. técnicas de relaxamento, tentativa de ver o lado positivo da situação, etc.). 
Por exemplo uma pessoa estressada por morar em más condições, em uma rua 
barulhenta e não conseguir dormir pode tentar resolver esse problema mudando de casa 
(coping orientado para o problema) ou, por exemplo, tentar aprender alguma forma de 
relaxar apesar do barulho ou começar a direcionar sua atenção para os bons amigos que 
moram no bairro e os bons momentos vividos na casa (coping intrapsíquico). 
Posteriormente um terceiro tipo de coping, o "coping por expressão emocional" foi 
acrescentado, que é uma mudança na forma da reação emocional ao estresse - ex. sorrir 
quando se está triste. 
 
Essas três categorias de coping reúnem uma série de diferentes formas de lidar com uma 
situação de estresse. Dentre essas inúmeras formas o indivíduo tende a esolher e dar 
preferência a algumas - a esse traço da personalidade se dá o nome de estilo de coping. 
 
Disposições ligadas à valoração (ou ao juízo de valor) 
 
Temperamento, competências e as disposições ligadas à ação são traços de 
personalidade ligados ao comportamento. Um outro grupo de traços está ligado às 
particularidades da valoração ou do juízo de valor. Valorar um objeto da percepção ou 
imaginário é dar-lhe um valor e esse valor gera preferências - e estas podem tornar-se 
relevantes para o comportamento. 
 
Postura 
 
 
 
 Atitude designa as particularidades individuais na valoração de objetos específicos, 
 quer da percepção, quer da imaginação. As atitudes influenciam não o comportamento 
 diretamente em uma dada situação, mas o comportamento em uma série de situações 
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Eu designa a instância interna da pessoa que é responsável pela ação e pelo 
conhecimento; mim (inglês me) (ou si-mesmo quando dito na terceira pessoa) designa a 
parte interna da pessoa que é objeto do conhecimento, ou seja, aquilo que eu sei sobre 
mim. Esse conhecimento tem, por sua vez, duas parte: uma descritiva, a autoimagem, e 
outra valorativa, a autoestima (ver abaixo). A autoimagem, essa descrição de si mesmo 
que cada um faz, é também disposicional, ou seja, é uma tendência relativamente 
estável que a pessoa tem de se ver de uma determinada maneira em determinadas 
situações. Ela é composta tanto de conhecimento universal, que diz respeito a todas as 
pessoas que são como eu (estudantes são críticos, brasileiros são simpáticos, etc.), como 
de conhecimento individual, ou seja, relativo somente a mim (eu tenho medo de altura, 
sou bom esportista, etc.). Como se vê esse conhecimento também é influenciado por 
preconceitos e idéias préconcebidas. 
 
A autoestima, como parte valorativa do conhecimento de si mesmo, ou sejo, o juízo 
que eu faço sobre mim mesmo, pode ser concebida como a atitude de uma pessoa sobre 
si mesma e assim também uma característica da personalidade, se bem que menos 
estável do que a autoimagem por ser sensível a variações do humor. A autoestima é uma 
característica situação-específica, ou seja, ela varia de acordo com a situação: eu posso 
estar satisfeito comigo mesmo quando estou na universidade, mas insatisfeito quando 
estou na quadra de esportes. 
 
Aspectos disposicionais da dinâmica da autoestima 
 
Outros aspectos disposicionais ligados à autoestima são as chamadas cognições ligadas 
a si mesmo: autopercepção, a percepção do próprio corpo e do próprio 
comportamento; a memória de si, as recordações ligadasà própria pessoa e às 
experiências feitas no passado; o reflexo social, ou seja, a opinião que nós pensamos 
que outras pessoas têm a nosso respeito, e a comparação social, ou seja, a autoestima 
não é apenas baseada na nossa percepção de nós mesmo, mas também na percepção que 
diferentes. Assim uma pessoa com uma atitude positiva com relação a uma alimentação 
saudável pode gostar de comer frituras (comportamento isolado), mas pode cozinhar ela 
própria, comprar alimentos naturais e integrais e fazer cursos sobre a alimentação (série 
de situações). Atitudes coletadas através de perguntas não influenciam o 
comportamento real quando tal comportamento é socialmente desejável ou indesejável. 
Assim, pessoas com atitudes preconceituosas contra um determinado grupo de pessoas 
talvez não se comporte de acordo com essa atitude por ser um tal comportamento 
socialmente condenado[1]. 
 
Como se vê, a principal diferença entre postura e atitude é o grau de abstração dos 
objetivos a que se referem, referindo-se a atitude a elementos mais concretos. No 
entanto a difereça entre "mais" e "menos" concreto é uma diferença quantitativa e assim 
a distinção entre as duas disposições nem sempre é clara. 
 
Disposições ligadas à própria pessoa 
"eu", "mim" e "autoimagem" 
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1. Quanto maior o intervalo entre a primeira e a segunda medição, maior a 
mudança - ou seja, os traços da personalidade se modificam com o passar do 
tempo; 
2. Em diferentes áreas da personalidade a estabilidade também é diferente - por 
exemplo: durante a vida a inteligência tem uma estabilidade muito alta; já o 
temperamento tem uma estabilidade mediana enquanto a autoestima pode variar 
muito. 
 
 
nós fazemos dos outros a nosso redor. Um dos motivos mais descritos na literatura 
psicológica é o motivo de aumento da autoestima: todas as pessoas desejam ter uma 
autoestima positiva e têm assim uma tendência a se supervalorizar. Essa tendência é 
normal e saudável até um determinado ponto, em que passa a ser socialmente 
condenada. Nesse momento, caracterizado pela falta de empatia, hipersensibilidade com 
relação a críticas e variações do humor, essa tendência recebe o nome de narcisismo - 
mas não se trata ainda do trantorno de personalidade narcísico, mas ainda de uma 
variação normal da personalidade. 
 
Um outro processo importante ligado ao conceito de si mesmo é a autorepresentação. 
O sociólogo E. Goffman comparou o comportamento social a um teatro público, em que 
nós nos representamos a nós próprios. Essa representação tem um determinado fim: a 
administração da própria imagem, ou seja, cada um procura controlar a impressão que 
ele provoca sobre os outros. 
 
Momentos há em que temos a nossa atenção voltada para nós mesmo. A esse estado 
normalmente curto dá-se o nome de autoreflexão (al. Selbstaufmerksamkeit). Alguns 
autores puseram-se a questão, se há uma disposição em direção a uma autoreflexão mais 
ou menos forte. A essa disposição Asendorpf deu o nome de autoconsciência (al. 
Selbstbewusstheit). Esta é por sua vez composta de três fatores (Feingstein et al., 1975): 
(i) autoconsciência privada, ou seja, a tendência de pensar muito sobre si mesmo; (ii) 
autoconsciência pública, em outras palavras, a tendência de se preocupar sobre a 
impressão que se causa sobre outros, e (iii) ansiedade social, que é a tendência a ter 
medo em situações sociais. 
 
 
 
O bem-estar designa a parte subjetiva da saúde mental. Apesar de ser também 
influenciado por fatores externos ao indivíduo e de suas capacidades, o bem-estar 
representa também um determinado traço da personalidade relativamente independente 
de tais fatores[1]. 
 
Desenvolvimento da personalidade 
A estabilidade da personalidade 
 
A pesquisa empírica conseguiu determinar quatro pincípios para descrever a 
estabilidade dos traços de personalidade 
 
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Não apenas os traços individuais tendem a se tornar cada vez mais estáveis - o perfil 
geral da personalidade também tende a uma crescente estabilidade. 
 
 
 
 
Transtorno de personalidade 
Os Transtornos de Personalidade, também referidos como Perturbações da 
Personalidade, formam uma classe de doença mental que se caracteriza quando os 
traços de personalidade de um indivíduo causam tamanha inaptidão de lidar de forma 
regular com determinadas situações e passam a prejudicá-lo e incomodá-lo e, talvez 
mais comumente, seus familiares e pessoas próximas. 
Critérios do DSM-IV-TR 
 
Transtornos de personalidade fazem parte do Eixo II do manual psiquiátrico DSM-IV- 
TR, da Associação Americana de Psiquiatria. 
 
Critérios gerais de diagnóstico 
 
O diagnóstico de um transtorno de personalidade deve satisfazer os critérios abaixo, 
juntamente com os critérios específicos do transtorno em consideração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Muitos traços da personalidade são tanto mais instáveis quanto mais instável é o 
ambiente social - assim mudanças bruscas no ambiente podem trazer consigo 
mudanças na personalidade da pessoa; 
4. Na infância, quanto mais cedo é feita a primeira medição, mais instáveis são os 
traços da personalidade - isto é, com o aumento da idade há uma tendência de 
estabilização das características da personalidade, se bem que na puberdade 
possa haver alguns momentos passageiros de instabilidade. Duas razões são 
apresentadas para esse aumento na estabilidade da personalidade: 
 
• 
1. No decorrer do desenvolvimento a autoimagem torna-se cada vez mais 
estável - o conhecimento que a criança tem de si mesma cresce com o 
tempo e, se o ambiente for relativamente estável, também a estabilidade 
nas formas de reação a ele cresce; 
2. Com o aumento da idade aumenta também a possibilidade de a criança 
modificar o seu ambiente a fim de que ele de adeqúe à própria 
personalidade - a criança pode escolher as atividades que lhe agradam, os 
amigos, etc. 
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1. cognição (percepção de si mesmo, dos outros ou de eventos) 
2. afeto (o alcance, a intensidade, a maleabilidade e a conveniência das respostas 
emocionais) 
3. funcionamento interpessoal 
4. controle do impulso 
• Transtorno de personalidade esquizóide - Indivíduos isolados 
socialmente, não expressam ou vivenciam emoções como alegria ou 
raiva, frios emocionalmente, indiferentes e não fazem questão de manter 
laços afetivos com outras pessoas, sendo assim, vistos como 
independentes emocionalmente. (Não confundir com depressão nervosa.) 
 
• Transtorno de personalidade esquizotípica - Pessoas com as mesmas 
características ao esquizóide, contudo, estão próximas à esquizofrenia, 
 
 
 
 
 
B. O comportamento é inflexível e invasivo, com alcance em ampla gama de situações 
pessoais e sociais. 
 
C. O comportamento leva clinicamente a um significante desconforto e prejuízo nas 
áreas de funcionamento social e ocupacional, ou outra área importante de 
funcionamento. 
 
D. O padrão é estável, de longa duração e deve iniciar, pelo menos, na adolescência ou 
início da idade adulta. 
 
E. O comportamento não pode ser identificado como uma manifestação ou 
conseqüência de outra doença mental. 
 
F. O comportamento não pode ser identificado como uma manifestação ou 
conseqüência de causas fisiológicas como abuso de substâncias ou uma condição 
médica geral tal como dano cerebral. 
 
Pessoas menores de idade que alcancem o critério de um transtorno de personalidade 
não são, usualmente, diagnosticadas como tendo tal transtorno, ainda, elas podem 
receber um diagnóstico correlacionado. Para se diagnosticar um individuo menor de 
idade com um transtorno de personalidade, os sintomas devem estar presentes por, pelo 
menos, um ano. O transtorno de personalidade anti-social não pode, por definição, ser 
diagnosticado em pessoas menores de 18 anos. 
 
Lista de transtornos de personalidade definidos no DSM-IV-TR 
 
Cluster/Grupo A (transtornos excêntricos ou estranhos) Os indivíduos que estão neste 
grupo,costumam ser apelidados como esquisitos, isolados socialmente, frios 
emocionalmente, inexpressivos, distantes e muito desconfiados. Este grupo está mais 
propenso aos transtornos psicóticos. 
 
A. Comportamento e experiências que se desviam consideravelmente do que a cultura 
vigente espera. Esse padrão é manifestado em duas (ou mais) áreas seguintes: 
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Cluster/Grupo B (transtornos dramáticos, imprevisíveis ou irregulares) As outras 
pessoas costumam perceber um quê de anormal no comportamento dos indivíduos que 
compoem este grupo, frequentemente sendo apelidados como "problemáticos". Nele, 
estão presentes os indivíduos que são vistos aos olhos de outros como "doidos", 
manipuladores, rebeldes, com tendência a quebrar regras e rotinas, estressados, "maus", 
inconstantes, impulsivos, dramáticos, sedutores, imprevisíveis, egoístas e muito 
imaturos emocionalmente. Neste grupo, os sintomas inflexíveis dos distúrbios afetam 
muito mais as pessoas em sua volta, do que o próprio indívidúo. Este grupo está mais 
propenso à depressão. 
• Transtorno de personalidade anti-social - Indivíduos insensíveis, não se 
importam com sentimentos alheios, são fingidos, mentirosos, frios 
emocionalmente, manipuladores a fim de conseguirem apenas bens 
materiais, egoístas, impulsivos, agressivos, e frequentemente entram no 
mundo das drogas e alcoolismo, cometem crimes e delitos, sem sentir 
culpa ou remorso. 
 
• Transtorno de personalidade histriônica - São pessoas muito emotivas, 
hipersensíveis, carentes de afeto, exageradas, superficiais, 
emocionalmente instável, dramáticas, impacientes, infantis, muito 
preocupadas com a aparência física (vaidosos) e com notável tendência a 
exigir excessivamente atenção para si. Expressam suas emoções de 
forma exagerada, podendo ter rompantes de choro ou raiva por coisa 
mínima. São muito manipuladores, controlando pessoas e circunstâncias 
para conseguirem atenção. Fazem uso da manipulação emocional e 
sedutora, frequentemente vestindo-se sexualmente provocante 
encantando e seduzindo pessoas do sexo oposto. Podem ser vistas como 
"camaleões sociais", pois estão constantemente mudando. (Não 
confundir com Transtorno Afetivo Bipolar) 
 
• Transtorno de personalidade limítrofe - Indivíduos muito impulsivos, 
inconstantes, com pensamento extremo "preto ou branco", apaixonam-se 
por uma pessoa, para logo em seguida odiá-la, por temerem o abandono; 
com notável tendência a terminar relacionamentos, de forma raivosa. 
Suas relações são frequentemente intensas mas sempre confusas e 
instáveis. Essas pessoas têm profundos sentimentos de raiva e vazio 
crônico, são emocionalmente instáveis com surtos de carência afetiva. 
Além disso, elas têm tendência suicida e, a fim de se libertarem do 
 
 
 
 
 
desconfiados, podem acreditar que tem poderes especiais, são 
supersticiosos, com comportamento muito excêntrico. (Não confundir 
com esquizofrenia, embora sejam próximos.) 
 
• Transtorno de personalidade paranóide - São pessoas desconfiadas em 
excesso, não conseguem confiar em outros, achando sempre que vão ser 
passados para trás ou que estão tramando e conspirando algo contra ele. 
São frios emocionalmente e podem se manter distantes às outras pessoas 
por conta da desconfiança. (Não confundir com esquizofrenia ou delírio.) 
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Cluster/Grupo C (transtornos ansiosos ou receosos) Os indivíduos que compoem este 
grupo são vistos como medrosos, ansiosos, frágeis, dependentes, fóbicos e com 
tendência a serem submissos, organizados, obedientes e, ao contrário do grupo B, 
evitam quebrar regras ou rotinas. Neste grupo, frequentemente os traços inflexíveis dos 
transtornos prejudicam muito mais o próprio indivíduo, do que as pessoas à sua volta. 
Este grupo está mais propenso aos transtornos de ansiedade. 
• Transtorno de personalidade dependente - Pessoas muito dependentes 
emocionalmente e fisicamente, sempre dependendo de outras pessoas 
para fazerem alguma coisa. Elas não conseguem viver só e estão sempre 
à procura de um relacionamento íntimo para se manterem dependente. 
Com frequência, são submissos às pessoas por quais mantêm um laço 
dependente, podendo demonstrar muita empatia ou altruísmo por outras 
pessoas e pouca preocupação consigo mesmo. Com medo da perda e 
abandono, esses indivíduos pensam muito mais nas outras pessoas do 
que em si mesmo, deixando de fazer coisas que gostam, para satisfazer 
aos outros. Por isso, a insatisfação é constante e o sentimento crônico de 
tristeza é comum nessas pessoas. (Não confundir com distimia) 
 
• Transtorno de personalidade esquiva - Indivíduos que são 
excessivamente tímidos, com grande ansiedade na vida social, sendo que 
frequentemente carregam um sentimento de inferioridade em relação as 
outras pessoas. Podem ter uma baixa auto-estima e temem serem 
ridicularizados ou criticados. Na realidade, anseiam contato íntimo entre 
as pessoas, mas com medo de serem ridicularizados, se isolam 
socialmente. Eles podem evitar festas, lugares cheios de pessoas e outras 
 
 
 
 
 
sentimento de vazio, podem engajar-se em comportamentos compulsivos 
como auto-mutilação, comer compulsivo, direção imprudente etc. São 
pessoas irritadiças quando estão sós e se sentem merecedoras de 
cuidados e atenção. Muitas vezes não conseguem controlar fortes 
emoções como agressividade, demonstrando notáveis explosões de 
rebeldia e podem ser manipuladoras, sobretudo porque temem o 
abandono, fazendo esforços excessivos para evitá-lo. (Não confundir 
com Transtorno Afetivo Bipolar) 
 
• Transtorno de personalidade narcisista - Pessoas arrogantes, orgulhosas e 
que se acham superiores e mais especiais que os outros. Esses indivíduos 
passam uma grande impressão de que são metidos, egoístas ou 
antipáticos, sendo que demonstram pouca empatia para com outros, não 
se importando com sentimentos alheios e podem ser frios 
emocionalmente de tão orgulhosos. Eles frequentemente se acham "os 
melhores", "os mais lindos", "os mais ricos" etc. e exigem ser atendidos 
pelos melhores médicos, pelos melhores professores etc. por causa de 
sua suposta "superioridade". Eles frequentemente podem se cuidar em 
excesso para mostrar às outras pessoas o quanto eles são mais bonitos e 
anseiam por elogios não para receber atenção, e sim apenas para 
alimentar seu próprio ego superior. 
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ocasiões sociais que poderão ser o centro das atenções, sendo que muitas 
vezes não têm amigos. Por vezes, carregam grande sofrimento pois têm 
uma grande vontade de se relacionar com outros, mas não conseguem. 
(Não confundir com depressão nervosa, fobia social e transtorno de 
ansiedade generalizada.) 
 
• Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva - São pessoas 
excessivamente organizadas, temendo descuidos, desorganizações, 
sujeira ou qualquer outra forma de "bagunça". Elas primorizam o correto 
e organizado, podendo gastar muito tempo trabalhando ou estudando, 
deixando de lado relacionamentos, diversão e lazer. Além disso, elas 
tendem a fazer seus deveres a sós porque temem que outras pessoas não 
vá fazer corretamente. Nos seus relacionamentos, eles podem ser um 
pouco distantes ou isolados e aparentar frieza emocional. (Não confundir 
com Transtorno obsessivo-compulsivo [TOC])

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