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TEORIGA GERAL DO PROCESSO
01. DO SURGIMENTO DOS CONFLITOS SOCIAIS.
O homem é por essência um ser insaciável estando sempre em busca de um determinado bem da vida para satisfazer uma necessidade pessoal.
De outro lado, é também intrínseca à realidade do homem a necessidade de viver em grupo, pois em coletividade o homem poderá desenvolver todas as suas virtudes.[1: Onde quer que se observe o homem, seja qual for a época e por mais rude e selvagem que possa ser na sua origem, ele sempre é encontrado em estado de convivência com os outros. De fato, desde o seu primeiro aparecimento sobre a Terra, surge em grupos sociais, inicialmente pequenos (família, clã, tribo) e depois maiores (aldeia, cidade, Estado). (BETIOLI, Antônio Bento. Introdução ao Estudo do Direito. 10ª edição. São Paulo: Saraiva, 2008, p.03).][2: “A própria vida em sociedade já constitui um processo de adaptação humana. Para atingir a plenitude do seu ser, o homem precisa não só da convivência, mas da participação na sociedade”. (NADER, Paulo. Introdução ao estudo do Direito. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 16).]
Diante dessa situação haverá um agrupamento de pessoas em que cada uma delas detém uma infinidade de necessidades. 
Thomas Robert Malthus em sua Teoria da População entende que ao alimento (bens) crescem em PA (progressão aritmética), enquanto a população cresce em PG (progressão geométrica), o que leva à existência de poucos bens para muitas pessoas que desejam os mesmos bens ao mesmo tempo.
A partir daí duas soluções são possíveis:
a) conflito – é uma resposta natural do homem em razão de sua sobrevivência, em que ele pretende obter o bem da vida com exclusão dos demais membros da comunidade. Tal postura levaria ao fim da sociedade.
b) cooperação – é uma resposta racional, com base na solidariedade, em que cada membro compartilharia no que fosse possível os poucos bens existentes.
Tal providência de cooperação como não é instintiva deveria ser idealizada, daí surgir o instrumento de controle social: o Direito.
Hoje o Direito é criado e imposto pelo Estado, sendo tal tarefa exercida por grandes órgãos constitucionais, os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
O objetivo do Estado em criar e impor o Direito é, portanto, assegurar a postura cooperativa em sociedade e evitar o surgimento dos conflitos sociais.
Todavia, acaso surjam os conflitos sociais (o que é inevitável), cumpre ao Estado regular a forma como os mesmos serão resolvidos, evitando-se assim o uso privado, injusto e desmedido da força.
02. DOS MEIOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS SOCIAIS.
A doutrina costuma identificar basicamente duas formas de solução de conflitos considerando como critério de classificação o titular do poder de decisão do conflito: a) autonomia ou forma homogênea e b) heteronomia ou forma heterogênea. 
A autonomia ou forma homogênea de solucionar o conflito se dá quando o mesmo é decidido pelas próprias partes envolvidas, o que poderá ocorrer nas hipóteses de autotutela e de autocomposição.
Já a heteronomia ou forma heterogênea ocorre quando um terceiro decide o conflito em substituição à decisão das partes nele envolvidas, o que poderá ocorrer na arbitragem e na jurisdição.
2.1. DA AUTOTUTELA.
Em sendo espécie de forma homogênea de solução de conflito social a decisão fica em poder das partes nele envolvidas, sendo que a vontade de uma das partes prepondera e elimina a da outra parte. Subdivide-se em: autotutela privada e pública. 
Nosso ordenamento jurídico adota a regra da vedação da justiça privada, ou seja, trata como ato ilícito a postura da parte usar a própria força para resolver o conflito social, tipificando-a no Código Penal Brasileiro como exercício arbitrário das próprias razões.[3: Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.]
A despeito da vedação da justiça privada impedindo o indivíduo a usar a própria força para resolver um dado conflito social, é certo que o legislador autorizou excepcionalmente a sua utilização desde que autorizada por lei, inclusive gerando verdadeira hipótese de atipicidade.
No caso da autotutela pública preza-se pelo interesse público, o que se dá exatamente no cumprimento da norma jurídica pela autoridade administrativa, que poderá usar a força estatal para impor ao particular a conduta devida (uso do poder de polícia com o atributo da auto-executoriedade do ato administrativo).
Neste caso a regra é o exercício da autotutela pública, sendo exceção sua vedação, o que no caso consistiria em hipóteses previstas na CF/88 em que o administrado público para agir deveria antes provocar a atividade jurisdicional a cargo do Poder Judiciário, o que chamamos de reserva de jurisdição.
2.2. DA AUTOCOMPOSIÇÃO.
Na autocomposição a solução vem da vontade de ambas as partes (forma homogênea), a partir de um processo de interação o que poderá ensejar três soluções possíveis:
Renúncia à pretensão – a parte que afirma ter pretensão (direito) abre mão por completo da mesma.
Reconhecimento da pretensão – a parte que resiste à pretensão renuncia por completo da resistência.
Transação – ambas as partes cedem em parte a pretensão e a resistência, chegando a um consenso.
Importa considerar que a autocomposição poderá ocorrer com a participação de um terceiro estranho ao conflito ou não, sendo que este terceiro não soluciona o conflito (pois se assim fosse seria forma heterogêna), mas tão somente aproxima as partes conflitantes e até sugere solução sem, contudo, impor tal solução às partes.
Este terceiro que funciona como instrumento da autocomposição atuará como mediador ou conciliador, podendo ser um particular ou mesmo um órgão estatal (como é o caso do juiz do Poder Judiciário, ou uma agência reguladora).
Quando o terceiro for o juiz (Estado) e a autocomposição ocorrer diante do mesmo e dentro de um processo judiciário, diz-se que houve um acordo judicial, o qual merece ser homologado por sentença. Neste caso, apesar de existir sentença, o juiz não julgou o conflito, mas tão somente homologou (verificação se a vontade das partes foi idônea) o acordo de vontades. 
A mediação e a conciliação são, portanto, a atividade desenvolvida por este terceiro que participa da solução do conflito sem decidi-lo, limitando-se apenas a aproximar as partes e sugerir soluções.
Há quem sustente que mediação e conciliação são sinônimas, enquanto outros doutrinadores fazem distinção entre elas, seja porque em um caso só haveria a aproximação das partes e na outra além da aproximação haveria a sugestão de solução.
2.3. ARBITRAGEM.
É uma forma heterogênea de solução dos conflitos sociais em que as partes voluntariamente escolhem resolvê-lo pela via da arbitragem (Lei 9.307/96) e através de um terceiro por elas escolhidos, o árbitro.
A arbitragem viola o art.5o, XXXV da CF/88?
Segundo o STF, não viola.
EMENTA: 1.Sentença estrangeira: laudo arbitral que dirimiu conflito entre duas sociedades comerciais sobre direitos inquestionavelmente disponíveis - a existência e o montante de créditos a título de comissão por representação comercial de empresa brasileira no exterior: compromisso firmado pela requerida que, neste processo, presta anuência ao pedido de homologação: ausência de chancela, na origem, de autoridade judiciária ou órgão público equivalente: homologação negada pelo Presidente do STF, nos termos da jurisprudência da Corte, então dominante: agravo regimental a que se dá provimento,por unanimidade, tendo em vista a edição posterior da L. 9.307, de 23.9.96, que dispõe sobre a arbitragem, para que, homologado o laudo, valha no Brasil como título executivo judicial. 2. Laudo arbitral: homologação: Lei da Arbitragem: controle incidental de constitucionalidade e o papel do STF. A constitucionalidade da primeira das inovações da Lei da Arbitragem- a possibilidade de execução específica de compromisso arbitral - não constitui, na espécie, questão prejudicial da homologação do laudo estrangeiro; a essa interessa apenas, como premissa, a extinção, no direito interno, da homologação judicial do laudo (arts. 18 e 31), e sua conseqüente dispensa, na origem, como requisito de reconhecimento, no Brasil, de sentença arbitral estrangeira (art. 35). A completa assimilação, no direito interno, da decisão arbitral à decisão judicial, pela nova Lei de Arbitragem, já bastaria, a rigor, para autorizar a homologação, no Brasil, do laudo arbitral estrangeiro, independentemente de sua prévia homologação pela Justiça do país de origem. Ainda que não seja essencial à solução do caso concreto, não pode o Tribunal - dado o seu papel de "guarda da Constituição" - se furtar a enfrentar o problema de constitucionalidade suscitado incidentemente (v.g. MS 20.505, Néri). 3. Lei de Arbitragem (L. 9.307/96): constitucionalidade, em tese, do juízo arbitral; discussão incidental da constitucionalidade de vários dos tópicos da nova lei, especialmente acerca da compatibilidade, ou não, entre a execução judicial específica para a solução de futuros conflitos da cláusula compromissória e a garantia constitucional da universalidade da jurisdição do Poder Judiciário (CF, art. 5º, XXXV). Constitucionalidade declarada pelo plenário, considerando o Tribunal, por maioria de votos, que a manifestação de vontade da parte na cláusula compromissória, quando da celebração do contrato, e a permissão legal dada ao juiz para que substitua a vontade da parte recalcitrante em firmar o compromisso não ofenem o artigo 5º, XXXV, da CF. Votos vencidos, em parte - incluído o do relator - que entendiam inconstitucionais a cláusula compromissória - dada a indeterminação de seu objeto - e a possibilidade de a outra parte, havendo resistência quanto à instituição da arbitragem, recorrer ao Poder Judiciário para compelir a parte recalcitrante a firmar o compromisso, e, conseqüentemente, declaravam a inconstitucionalidade de dispositivos da Lei 9.307/96 (art. 6º, parág. único; 7º e seus parágrafos e, no art. 41, das novas redações atribuídas ao art. 267, VII e art. 301, inciso IX do C. Pr. Civil; e art. 42), por violação da garantia da universalidade da jurisdição do Poder Judiciário. Constitucionalidade - aí por decisão unânime, dos dispositivos da Lei de Arbitragem que prescrevem a irrecorribilidade (art. 18) e os efeitos de decisão judiciária da sentença arbitral (art. 31).
(SE-AgR 5206, SEPÚLVEDA PERTENCE, STF)
Endossando os argumentos do STF pode-se ainda acrescer o seguinte:
Objetivo do Estado é o bem comum – art.3o, IV, da CF/88 – paz social;
A arbitragem, ao lado das demais vias de solução dos conflitos, vem favorecer o fim dos conflitos sociais, o que está de acordo com o objetivo estatal de alcançar o bem de todos.
Voluntariedade – direitos patrimoniais disponíveis – art.1º, da Lei 9.307/96 exige uma vontade sem vícios de pessoa capaz (de ambas as partes), o que será objeto da convenção de arbitragem, sendo que apenas os direitos patrimoniais disponíveis podem ser objeto da arbitragem.
Não se está excluindo das partes o acesso à justiça, elas é que renunciam tal via, não podendo, se não quiserem, ir para a jurisdição.
Apesar disso, o TST tem aceitado arbitragem para discutir conflitos trabalhistas:
RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA - PRELIMINAR DE NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. DISSÍDIO INDIVIDUAL - SENTENÇA ARBITRAL - VALIDADE - EFEITOS - EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO - ART. 267, VII, DO CPC.I -O art. 1º da Lei nº 9.307/96, ao estabelecer ser a arbitragem meio adequado para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis, não se constitui em óbice absoluto à sua aplicação nos dissídios individuais decorrentes da relação de emprego. II - Isso porque o princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas deve ser examinado a partir de momentos temporais distintos, relacionados, respectivamente, com o ato da admissão do empregado, com a vigência da pactuação e a sua posterior dissolução. III - Nesse sentido, sobressai o relevo institucional do ato de contratação do empregado e da vigência do contrato de trabalho, em função do qual impõe-se realçar a indisponibilidade dos direitos trabalhistas, visto que, numa e noutra situação, é nítida a posição de inferioridade econômica do empregado, circunstância que dilucida a evidência de seu eventual consentimento achar-se intrinsecamente maculado por essa difusa e incontornável superioridade de quem está em vias de o contratar ou já o tenha contratado. IV - Isso porque o contrato de emprego identifica-se com os contratos de adesão, atraindo a nulidade das chamadas cláusulas leoninas, a teor do 424 do Código Civil de 2002, com as quais guarda íntima correlação eventual cláusula compromissória de eleição da via arbitral, para solução de possíveis conflitos trabalhistas, no ato da admissão do trabalhador ou na constância do pacto, a qual por isso mesmo se afigura jurídica e legalmente inválida. V - Diferentemente dessas situações contemporâneas à contratação do empregado e à vigência da pactuação, cabe destacar que, após a dissolução do contrato de trabalho, acha-se minimizada a sua vulnerabilidade oriunda da sua hipossuficiência econômico-financeira, na medida em que se esgarçam significativamente os laços de dependência e subordinação do trabalhador face àquele que o pretenda admitir ou que já o tenha admitido, cujos direitos trabalhistas, por conta da sua patrimonialidade, passam a ostentar relativa disponibilidade. VI - Desse modo, não se depara, previamente, com nenhum óbice intransponível para que ex-empregado e ex-empregador possam eleger a via arbitral para solucionar conflitos trabalhistas, provenientes do extinto contrato de trabalho, desde que essa opção seja manifestada em clima de ampla liberdade, reservado o acesso ao Judiciário para dirimir possível controvérsia sobre a higidez da manifestação volitiva do ex-trabalhador, na esteira do artigo 5º, inciso XXXV da Constituição. VII - Tendo em conta que no acórdão impugnado não há nenhum registro sobre eventual vício de consentimento do recorrido, ao eleger, após a extinção do contrato de trabalho, a arbitragem como meio de composição de conflito trabalhista, uma vez que a tese ali sufragada ficara circunscrita à inadmissibilidade da solução arbitral em sede de dissídio individual, não se sustenta a conclusão ali exarada sobre a nulidade do acordo firmado pelas partes perante o Tribunal Arbitral. Recurso conhecido e provido. 
(RR - 144300-80.2005.5.02.0040 , Relator Ministro: Antônio José de Barros Levenhagen, Data de Julgamento: 15/12/2010, 4ª Turma, Data de Publicação: 04/02/2011.
Há uma lei regulando de forma razoável a forma como o conflito será solucionado pela via da arbitragem. Devido processo legal – Lei 9.307/96.
Obs: A arbitragem que ocorrer sem observar a lei da arbitragem será passível de nulidade, devendo ser ajuizada ação anulatória junto ao Poder Judiciário.
O Poder Judiciário não pode analisar o conflito já resolvido na via da arbitragem, mas poderá analisar a arbitragem em si, além de adotar medidas de força, tais como a execução da sentença arbitral e medidas cautelares – (art.7o; art.22, §§2o e 4o; ART.25; art.31; art.32 e art.33 e parágrafos). 
Não cabe recurso da sentença arbitral nem dentro da arbitragem, nem para o Poder Judiciário (não pode rever o mérito).
2.4. JURISDIÇÃO.
É uma das formas heterogêneas de solução dos conflitos sociais em que o terceiro que resolve o conflito é o próprio Estado.
É ainda uma das funções políticas do Estado cuja finalidade é manter a eficácia do direito (material e processual) em última instância (última palavra) no caso concreto, inclusive recorrendo à força, se for necessário.
2.4.1. Finalidade:
- aspecto político - função política do Estado – uso legítimo da força (art.2º da CF).
- aspecto social ou sociológico – solução dos conflitos sociais - o bem comum – pacificaçãosocial.
- aspecto jurídico – interpretação e aplicação do ordenamento jurídico.
2.4.2. Características:
- Inobservância do direito (lesão ou ameaça a direito);
- Lide – conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida (CARNELUTTI);
“É preciso perceber que a jurisdição sempre atua em uma situação concreta; mesmo nos processos objetivos de controle de constitucionalidade, há uma situação concreta, embora não relacionada a qualquer direito individual, submetida à apreciação do Supremo Tribunal Federal, em que se discute a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de algum específico ato normativo”. (DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil – volume 01. 7ª edição. Editora: Podivm, 2007, p.65).
- Inércia da jurisdição;
Art. 2o do CPC - Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais.
- Coisa julgada – atributo das decisões jurisdicionais de mérito – estabilidade das relações jurídicas (CALAMANDREI);
“Diz-se que a decisão judicial é ato jurídico que contém uma norma jurídica individualizada, ou simplesmente norma individual, definida pelo Poder Judiciário, que se diferencia das demais normas jurídicas (leis, por exemplo) em razão da possibilidade de tornar-se indiscutível pela coisa julgada material”. (DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil – volume 01. 7ª edição. Editora: Podivm, 2007, p.65).
- Substitutividade – CHIOVENDA - “parece-nos que o que é característica da função jurisdicional seja a substituição por uma atividade pública de uma atividade privada de outrem” – (DA SILVA, Ovídio A. Batista. Curso de Processo Civil, volume 01, São Paulo: RT, 2000, p.27.)
Legislação X Jurisdição
Normas gerais e abstratas X normas específicas e concretas
Administração X Jurisdição
Tutela de interesses públicos X tutela de interesses particulares
Parcialidade X imparcialidade
Atua de ofício X só age quando provocado
Não faz coisa julgada X faz coisa julgada
2.4.3. Espécies de Jurisdição:
Há várias jurisdições? Não, o poder é um só, e a função jurisdicional também o é, agora o exercício desta função é especializado de acordo com certos critérios.
Jurisdição comum e especial: competência em razão da matéria e da pessoa.
Comum: estadual e federal. OBS: Justiça Federal é especial em relação à Justiça Estadual.
Especial: União – Trabalho, Militar e Eleitoral; Estado – Militar.
Jurisdição civil e penal: relaciona-se a norma que rege o bem objeto do conflito.
Civil: é extrapenal.
Jurisdição superior e inferior: competência hierárquica ou funcional.
Organização judiciária para preservar o duplo grau de jurisdição e a jurisdição extraordinária.
Jurisdição contenciosa e voluntária: 
Contenciosa: verdadeira jurisdição – há lide – partes e processo – coisa julgada.
Voluntária: falsa jurisdição – não há lide – há interessados e procedimento – não há coisa julgada. É uma administração pública de interesses privados. Nem é jurisdição, nem é voluntária.
Contudo – ler art.1º do CPC.
Jurisdição de direito e de equidade:
Equidade – uso excepcional – ex: art.127 do CPC, juizados especiais art.6º e 25 da lei 9.099/95, art.8º da CLT, art108, IV, do CTN.
 
2.4.4. Princípios inerentes à jurisdição.
Depois de verificado o conceito de jurisdição, assim como suas características, importa agora analisar os chamados princípios inerentes à jurisdição. 
Obs. A depender da doutrina utilizada há uma variação sobre o assunto.
a) Juiz Natural – um dos mais importantes princípios referentes à jurisdição e ao processo. Retira seu fundamento direto do texto constitucional.
Art.5º, XXXVII, da CF – “não haverá juízo ou tribunal de exceção”.
Art.5º, LIII, da CF – “Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”.
O Princípio do Juiz Natural afigura-se sob quatro aspectos:
a) Investidura – só quem foi legitimamente investido na condição de magistrado exercerá a jurisdição.
b) Competência – por uma questão de divisão de trabalho, a norma jurídica atribui a cada órgão jurisdicional o poder de julgar alguns casos, mas não todos. É o limite do exercício da jurisdição.
c) Imparcialidade – somente a pessoa física que não tenha envolvimento com as partes e com o objeto da causa tem condições de julgar a causa.
d) Juízo prévio aos fatos – não se pode designar ou criar órgão para julgar certa demanda após os fatos que a ensejaram.
b) Inércia – já foi vista como característica da jurisdição e constitui-se em verdadeiro princípio. A jurisdição só atua quando for provocada pela parte interessada (Princípio da Demanda).
c) Substitutividade – o órgão jurisdicional substitui as partes na solução do conflito, segundo Chiovenda.
d) Aderência ao território – territorialidade. 
 Considerando que a jurisdição é reflexo do exercício do poder político estatal (soberania) ela só atua no âmbito do território nacional. 
Obs. Para a jurisdição brasileira atuar fora do território nacional é necessário a concordância do outro ente soberano.
e) Indelegabilidade – o juiz não pode delegar atribuições, pois só ele foi investido na jurisdição.
f) Inevitabilidade- a vontade da decisão judicial se impõe, querendo ou não as partes (independe da vontade das mesmas).
g) Inafastabilidade- em tese, qualquer lesão ou ameaça a direito poderá ser apresentada ao Poder Judiciário para apreciação (art.5º, XXXV, da CF/88). 
Por outro lado, uma vez provocada a jurisdição, o juiz não se eximirá em dar a resposta jurisdicional (art.126 do CPC).
2.4.5. PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
Considerando que uma vez provocado o órgão jurisdicional não se eximirá de apresentar uma resposta à provocação, a prestação jurisdicional consiste nessa resposta.
É a resposta do Estado-Juiz à demanda ainda que não sendo deferida a tutela pretendida pelo autor (tutela jurisdicional), podendo, pois, traduzir a decisão que encerra a discussão com ou sem análise do mérito. Nesse sentido:
“A essa prestação jurisdicional que ultrapassa a simples resposta ao direito de ação para definir ou satisfazer o direito material dá-se o nome de tutela jurisdicional. Assim, diferencia-se a prestação jurisdicional da tutela jurisdicional, haja vista que esta só será concedida àquele (autor ou réu) que efetivamente seja titular do direito subjetivo, ao passo que aquela é inexorável, desde que haja provocação do Estado para tal fim”. (DONIZETTI, Elpídio. O Novo Processo de Execução, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p.04).
2.4.6. TUTELA JURISDICIONAL (ART.2º DO CPC).
A parte deduz a pretensão em juízo, afirmando, pois a ameaça ou violação a um direito subjetivo, esperando assim receber a tutela de seu suposto direito através da função jurisdicional. Assim, pede uma tutela jurisdicional apta a satisfazer seu suposto direito, cabendo ao Estado, acaso o autor tenha razão, deferir tal tutela nos moldes requeridos.
“Mas a iniciativa do processo é, ao mesmo tempo, também um direito da parte, ou seja, o direito de provocar o exercício da jurisdição com referência a uma situação jurídica em que ela é interessada, visando a obter do juiz a proteção de um interesse próprio ameaçado ou violado, ou a satisfação de um direito próprio que se afirma insatisfeito. (...) Naturalmente, só tem direito à tutela jurisdicional aquele que tem razão, não quem ostenta um direito inexistente. Mas a única maneira de assegurar a quem tem razão a possibilidade de impor o reconhecimento desta em juízo consiste em permitir que todos tragam suas demandas aos tribunais, incumbindo a estes a tarefa de examiná-las e afinal acolhê-las ou rejeitá-las, conforme sejam procedentes ou improcedentes”. (LIEBMAN, Enrico Tullio. Manual de Direito Processual Civil. 3ª edição, vol.I, 2005, p.19)”. 
É o exercício da jurisdição sob medida,a pedido do usuário do serviço jurisdicional (o jurisdicionado), pressupondo uma decisão de mérito favorável ao autor.
2.4.7. DA CLASSIFICAÇÃO DAS TUTELAS JURISDICIONAIS.
“Sabe-se que não existe apenas um tipo de processo. A tutela jurisdicional se apresenta de várias formas, com conteúdo diverso, tudo em função da natureza do direito a ser protegido. A modalidade de tutela processual depende única e exclusivamente do tipo de proteção de que o direito material necessita”. (BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tutela Cautelar e Tutela Antecipada: tutelas sumárias e de urgência. 3ª edição. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 13).
“Sendo várias necessidades de proteção que o direito subjetivo pode apresentar, diversas hão de ser também as respostas do órgão jurisdicional, dando lugar ao surgimento de mais de uma modalidade típica de tutela jurisdicional”. (GUERRA, Marcelo Lima. Direitos Fundamentais e a Proteção do Credor na Execução Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p.18)
Há a tutela jurisdicional: de direito processual (provimento judicial – pedido imediato) e de direito material (pedido mediato - bem da vida).
a) Tutela de direito material – visa a proteger o suposto direito violado.
A tutela de direito material é obtida através do reconhecimento via jurisdição do direito do autor e da autorização do uso da força estatal em seu proveito.
A depender do direito material violado cabe ao autor pedir uma tutela específica ao seu direito.Exemplos:
Tutela de reintegração – após lesionado o direito busca-se retornar ao estado anterior (status quo ante).
Tutela de ressarcimento – após lesionado o direito, e em havendo prejuízo (dano), busca-se compensar financeiramente o prejuízo sofrido.
Tutelas preventivas - evitam a lesão atuando no âmbito da simples ameaça – tutelas de urgência e tutela inibitória. 
Tutelas de urgência – buscam impedir os efeitos devastadores resultantes da demora prestacional sobre o direito pretendido (podem vir através de medidas cautelares ou tutelas antecipadas).
Tutela Inibitória – antes da lesão ao direito, ou mesmo quando este já lesionado, busca-se evitar o ilícito ou impedir sua continuidade, independendo de prejuízo (dano). 
Tutela individual – protege-se direito subjetivo individual.
Tutela coletiva – protege-se direito subjetivo de grupo. 
3.0. TEORIA GERAL DO PROCESSO.
É o estudo dos princípios e regras referentes ao exercício da jurisdição, do direito de ação/defesa. Traz um estudo básico das normas processuais o que servirá para futuramente entender qualquer ramo do direito processual (civil, penal, trabalhista, etc).
A TGP tem como objeto de estudo, portanto: a jurisdição, a ação (reação) e processo.
4.0. NORMA DE DIREITO MATERIAL E NORMA DE DIREITO PROCESSUAL.
“O direito material ou substancial é formado por um conjunto de regras abstratas de conduta, destinadas à solução de conflitos de interesses entre pessoas, determinando qual deve prevalecer e conferindo situação de vantagem ao seu titular (...). Já o direito processual é constituído por normas que regulamentam os diversos mecanismos estatais destinados à atuação das regras substanciais, naquelas situações concretas em que os destinatários não se subordinam espontaneamente ao comando delas emergente”. (BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tutela Cautelar e Tutela Antecipada: tutelas sumárias e de urgência. 3ª edição. São Paulo: Malheiros, 2003, p.11).
- Norma jurídica processual – trata do exercício da função jurisdicional, do direito de ação e reação. É aquela que estabelece as formas através das quais o Estado regula e soluciona os conflitos sociais gerados a partir da violação ao direito (material e/ou processual). 
O Direito Processual, portanto, é o conjunto de normas jurídicas (regras e princípios) que regulam o exercício do direito de ação e de defesa e da própria jurisdição.
Inicialmente o Direito Processual não tinha autonomia em relação ao Direito Material, sendo um mero capítulo deste (não havia disciplina jurídica própria; não havia princípios e regras próprias; não havia sequer autonomia legislativa). Era uma coisa só o Direito Material (direito substantivo) e o Direito Processual (direito adjetivo) – unicidade entre direito material e processual.
Depois, houve um enorme avanço em relação ao Direito Processual o que culminou em sua autonomia em relação ao Direito Material (passou a existir a disciplina de Direito Processual; foram estabelecidos regras e princípios próprios, havendo criação de códigos de processo; há autonomia legislativa). O problema é que o avanço gerou uma independência tão grande que o processo terminou desvirtuando-se para se torna um fim em si mesmo, desvencilhando-se por completo do direito material (dualidade entre direito processual e material).
Para mudar isso, atualmente há uma corrente doutrinária que defende a autonomia entre o direito processual e o direito material, mas sem que eles sejam completamente desligados um do outro, ou seja, o direito processual não pode esquecer que ele regula um meio ou um instrumento de garantia do direito material. Esta é a fase instrumentalista do direito processual.
4.1. NORMA PROCESSUAL.
- Atualmente, entende-se que a norma jurídica é o gênero de onde se extraem as regras e os princípios.
- O Princípio processual e/ou a regra processual podem ou não estar na Constituição. 
- Quando estiverem na CF/88 são chamados de princípios constitucionais processuais, quando estiverem na lei são chamados de princípios processuais legais.
4.2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PROCESSUAIS.
- são normas constitucionais, tendo, pois, supremacia;
- são, no mais das vezes, direitos fundamentais, sendo, pois, preservados pelas cláusulas pétreas;
- traduzem cláusulas abertas (não contemplam hipótese fática bem definida, aplicando-se a uma quantidade indefinida de situações), destinadas a consecução de certos fins ou à implementação de certos valores, atualizando o texto constitucional.
- influenciam o exercício das funções estatais (legislativa, executiva e jurisdicional), como parâmetro constitucional de controle;
- orientam, pois, a criação do Direito (leis), a interpretação do Direito e atuam ainda na integração do Direito. 
 
4.2.1. ACESSO À JUSTIÇA – ART.5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
No mesmo dispositivo há: o direito de pedir a tutela jurisdicional (direito de ação) e o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional.
“Pode-se afirmar, com apoio na moderna doutrina processual, que a ação configura direito ou poder vinculado não a direito substancial existente, mas apenas afirmado”. (BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tutela Cautelar e Tutela Antecipada: tutelas sumárias e de urgência. 3ª edição. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 67).
a) Vedação, como regra, da autotutela privada – vedação da Justiça Privada.
b) Não há exclusão de dos outros meios de solução dos conflitos sociais: autotutela, autocomposição e arbitragem. Não há monopólio da jurisdição como técnica de pacificação social, podendo esta via ser renunciada em alguns casos.
c) Não havendo renúncia da via jurisdicional pelas partes ou não sendo esta possível, não se poderá excluir lesão ou ameaça a direito da apreciação do Poder Judiciário – Inafastabilidade do Controle Jurisdicional (Princípio da Jurisdição Una ou Unicidade da Jurisdição).
d) Tutelas preventivas (evitam a lesão atuando no âmbito da simples ameaça) – tutelas de urgência e tutela inibitória. 
e) Tutelas: individual e coletiva. A tutela coletiva (a segunda onda de Acesso à Justiça – Mauro Cappelletti).
4.2.2. DEVIDO PROCESSO LEGAL (ART.5º, LIV). 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; 
a) Aspecto Material – o Estado para atuar em face do cidadão deverá fazê-lo de forma a importunar menos e de forma considerada adequada ao grupo social. A Razoabilidade e a Proporcionalidade são princípios implícitos na CF/88 (apesar de explícitos na Lei do Processo Administrativo Federal): 
Razoabilidade– Origem Inglesa / EUA (Due process of law). Atuação segundo aquilo que é aceito como adequado ao consenso do grupo (razão do homem médio). 
Proporcionalidade – Origem Alemã. Para alguns decorre do Estado Democrático de Direito, para outros do devido processo legal. 
b) Aspecto Formal – O Estado para agir em face de seus súditos não poderá fazê-lo de qualquer forma, mas de acordo com a forma e limites previsto na norma jurídica.
 4.2.3. JUIZ NATURAL (ART.5º, XXXVII E LIII). 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; 
O juiz natural envolve, pois, os seguintes aspectos:
Investidura – só pode prestar a jurisdição quem for nomeado legitimamente magistrado (concurso ou indicação para compor tribunal).
Competência – a norma jurídica divide o exercício da jurisdição, de forma que só o juízo que detém autorização normativa para processar e julgar a causa é que poderá atuar. 
Imparcialidade – o membro do juízo deverá manter eqüidistância das partes e do objeto da causa.
Prévio – não se pode criar juízo de encomenda para julgar causas. Os critérios têm que ser gerais.
4.2.4. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA (ART.5º, LV).
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
Contraditório – binômio: informação (ciência, audiência e comunicação) / oportunidade de participação (influenciando a decisão judicial). 
Uma decorrência inevitável do Pacto Democrático – Processo Dialético.
Ampla Defesa – concretização da participação (aspecto do contraditório), com os meios criados pela lei.
 
“Convém lembrar, ainda, que a ampla defesa é direito fundamental de ambas as partes, consistindo no conjunto de meios adequados para o exercício do adequado contraditório. Trata-se do aspecto substancial do contraditório”. (DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil – volume 01. 7ª edição. Editora: Podivm, 2007, p.48).
	INQUÉRITO POLICIAL. SIGILO. OPONIBILIDADE.
	A Turma concedeu a ordem, facultando aos recorrentes acesso aos autos do inquérito policial para extração de cópias e anotações, não obstante não se aplique o princípio do contraditório ao inquérito, na fase investigatória, da apuração de delitos contra ordem tributária (CPP, art. 20). Precedente citado do STF: HC 82.354-PR, DJ 24/9/2004. RMS 16.665-PR, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 14/3/2006.
4.2.5. IGUALDADE (ART.5º, “CAPUT” E INCISO I). Art.125, I, do CPC.
Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
“O princípio da igualdade, longe de pretender conferir tratamento substancialmente idêntico a todas as pessoas, entes, sujeitos e organismos, leva em conta as diversidades de cada um, tomando como parâmetro a notória e antiga lição de Aristóteles, segundo quem a igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais”. (DA CUNHA, José Leonardo Carneiro. A Fazenda Pública em Juízo. São Paulo: Dialética, 2007, p.30).
O Estado deverá observar a paridade de armas.
a) Hipossuficiente – o mais fraco deverá contar com instrumentos processuais idôneos a superar a insuficiência real. Ex: Necessitado, Idoso, Consumidor, Empregado, Mulher, etc.
b) Interesse Relevante – a depender do interesse protegido este merece proteção adequada frente a interesses privados. Ex: Defensoria Pública, Ministério Público, Fazenda Pública.
PROCESSO CIVIL – INTIMAÇÃO – PRERROGATIVAS DA FAZENDA PÚBLICA – IGUALDADE DAS PARTES – ASSIMETRIA DE RELAÇÕES - LEI 11.033/2004.
1. Dentre os princípios constitucionais que regem a relação processual está o da igualdade entre as partes, o qual não afasta as prerrogativas de partes em circunstâncias especiais, tais como: Ministério Público, Defensoria Pública e Fazenda Pública, abrangendo também as autarquias e as fundações públicas.
2. A intimação pessoal instituída para estas entidades não desequilibra a relação, na medida em que representam elas a coletividade ou o interesse público.
3. A Corte Especial, em recente decisão, interpretando a regra que ordena a intimação da Fazenda Pública, deixou sedimentado que tal ato processual se realiza por oficial de justiça, contando-se o prazo da juntada do mandado, devidamente cumprido.
4. A Lei 11.033/2004, reguladora do mercado financeiro, em seu art.20, introduziu sorrateiramente dispositivo que privilegia os Procuradores da Fazenda, estabelecendo que eles são intimados com vista aos autos.
5. A sistemática do novo tipo de intimação, além de desigualar o tratamento das partes, estabelecendo o odioso privilégio em favor de uma categoria de representantes da Fazenda Pública, os Procuradores da Fazenda, desorganiza e dificulta a atividade cartorária.
6. Dispositivo legal, (art. 20 da Lei 11.033/2004) que se choca com o princípio constitucional da igualdade das partes.
7. Incidente de inconstitucionalidade acolhido.
(EDcl no REsp 531.308/PR, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/03/2005, DJ 04/04/2005 p. 262)
Obs. Lei dos Juizados não autoriza tais prerrogativas.
Art. 9º da Lei 10259/01- Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a citação para audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de trinta dias.
4.2.6. MOTIVAÇÃO E PUBLICIDADE (ART.93, IX).
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; 
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos:
I - em que o exigir o interesse público;
Il - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante do desquite.
-O jurisdicionado (titular do poder político) precisa ter acesso aos atos praticados pelo Estado-Juiz – Regime Democrático.
-Ao mesmo tempo, a fundamentação (argumentação) é instrumento hoje essencial para o legítimo exercício da jurisdição, pois, possibilita controle pelas partes na via recursal e do povo em geral (mídia).
4.2.7. DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO (ART.5º, LXXVIII). 
Segurança (devido processo legal) X justiça (resposta a tempo).
“A partir do momento em que se reconhece a existência de um direito fundamental ao processo, está-se reconhecendo, implicitamente, o direito de que a solução do conflito deve cumprir, necessariamente, uma série de atos obrigatórios, que compõem o conteúdo mínimo do devido processo legal. A exigência do contraditório, o direito à produção de provas e aos recursos, certamente, atravancam a celeridade, mas são garantias que não podem ser desconsideradas ou minimizadas. É preciso fazer o alerta, para evitar discursos autoritários, que pregam a celeridade como valor insuperável. Os processos da Inquisição poderiam ser rápidos. Não parece, porém, que se sente saudades deles”. (DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. 7ª edição. Editora: Podivm, 2007, p.41).
4.3. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL.
O direito (fim) se manifesta através das normas (instrumento).As normas são a fonte onde vamos encontrar o direito.
O ordenamento jurídico considera como formas de expressão do direito: a lei, a analogia, o costume e os princípios gerais do direito (art.3º da LICC c/c art.126 do CPC).
Lei: Constituições, Leis Orgânicas e as espécies do art.59 da CF/88. Regimento Interno do STF recebido como lei.
Competência para legislar sobre: direito processual (União – art.22, I, da CF/88) e procedimento (concorrente – art.24, XI, da CF/88), juizados (concorrente – art.24, X, da CF/88, organização judiciária (cada um define a sua – ex: art.125, §1º da CF/88).
Há lacunas legais, mas o ordenamento é pleno.
FORMAS DE INTEGRAÇÃO do ordenamento jurídico: analogia, costumes e princípios gerais do direito.
 
Súmulas – são fontes formais, pois obrigam os tribunais.
Jurisprudência e doutrina – não são vinculantes.
4.4. INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL.
Interpretar a norma jurídica é examinar o dispositivo legal ou os dispositivos legais e extrair daí o comando normativo (a essência).
Hermenêutica Jurídica é a ciência ou o conjunto de técnicas aptas a uniformizar a interpretação da norma jurídica.
Métodos: gramatical (literal), lógica (teleológica), histórico-evolutivo e sistemática.
4.5. A LEI PROCESSUAL NO TEMPO.
Princípios: não-retroatividade (segurança jurídica) e aplicação imediata da lei nova (presunção de que é melhor). Art.5º, XXXVI, da CF/88.
A lei processual tem aplicação imediata, mesmo no processo pendente. O que não pode é mexer em ato processual já praticado que produziu efeitos.
OBS: A lei nova não incide em prazo já em curso.
Perguntas: 
A) Eu sofri violação a meu direito de intimidade em 1999, momento em que eu tinha todas as condições para ajuizar ação na Justiça, contudo não o fiz, em 2000, surge uma lei nova que cria uma nova condição, a qual não tenho como satisfazer para ajuizar a ação. Qual a lei que devo me submeter para ajuizar a ação já depois de 2000?
B) Sofri decisão desfavorável publicada em maio de 2002, da qual caberia um recurso no prazo de 10 dias. Antes de interpor o recurso, no 2ºdia do prazo de 10 dias surge nova lei que diz que o prazo do mesmo recurso agora é de 48 horas. Qual lei devo aplicar para recorrer?
5.0. DIREITO DE AÇÃO.
Tem previsão no art.5º, XXXV, da CF/88 – Princípio do Acesso à Justiça – nenhuma lesão ou ameaça a direito será afastada da apreciação do Poder Judiciário. 
É o direito de pedir ao Estado-Juiz o exercício da função jurisdicional, para através dela, ver a suposta pretensão afirmada pelo autor deferida, superando assim a resistência do réu.
O direito de ação não se resume a apresentar a petição inicial, sendo, na verdade, mais que isso, pois é o direito de o autor apresentar sua pretensão ao juiz (tese) buscando convencê-lo de que tem razão, portanto, poderá peticionar, recorrer, falar no processo, etc. 
5.1. NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DE AÇÃO.
a) Teoria Imanentista ou Clássica ou Civilista -
Ação era igual ao direito material, não havia autonomia. A ação seria o próprio direito material em reação. Logo: não havia ação se não houvesse direito material. 
b) Windscheid – Muther.
Discussão que relevou: o direito de ação é movido em face do Estado, mas as conseqüências atuarão no réu.
Inicia-se a distinção entre direito material violado e o direito de ação.
c) Direito Autônomo: o direito de ação não se confunde com a pretensão (direito material violado).
c.1. Direito Autônomo e Concreto: direito de ação só existe se a sentença for favorável.
c.2. Direito Autônomo e Abstrato: o direito de ação existe mesmo que a sentença seja negando o direito material.
c.3. Teoria Eclética ou Mista. É predominante. Liebman – direito à sentença de mérito – condições da ação.
5.2. ELEMENTOS IDENTIFICADORES DA AÇÃO
Toda ação (causa, demanda, lide, processo) tem uma identificação, uma espécie de impressão digital que é formada por certos elementos: partes, pedido e causa de pedir.
A identificação dos elementos da ação é útil para solucionar: competência, conexão, continência, litispendência, coisa julgada, congruência entre pedido e decisão, etc.
A) PARTES: sujeito ativo e passivo - quem pede, e em face de quem se pedem os efeitos da tutela jurisdicional.
B) PEDIDO: é o que o autor busca obter quando procura o Poder Judiciário.
Pedido Imediato: provimento jurisdicional.
Pedido Mediato: bem da vida veiculado no direito de ação.
C) CAUSA DE PEDIR: causas ou motivos que o autor considera com justificadores de sua pretensão.
Há duas teorias que tentam explicar o conceito de causa de pedir:
SUBSTANCIAÇÃO: exposição dos fatos constitutivos do direito ou da situação jurídica afirmada (fatos mais fundamentos jurídicos). É a tese mais aceita.
INDIVIDUAÇÃO: individualização da relação jurídica substancial. Não interessam os fatos, mas os fundamentos jurídicos.
5.3. CONDIÇÕES DA AÇÃO
As condições da ação decorrem da adoção por nosso CPC de 1973 da Teoria Eclética de Liebman para explicar a natureza jurídica do direito de ação.
Segundo Liebman existem requisitos mínimos para se chegar ao provimento jurisdicional (análise de mérito), são exatamente as condições da ação. 
Assim, para ele, a não comprovação da existência de todas as condições da ação importaria em não se resolver o mérito da demanda, o que equivaleria a não ter direito de ação.
Hoje em dia, a doutrina mais moderna entende que a ausência de uma ou mais condições da ação (carência de ação) não indica a ausência do direito de ação em si, mas seu exercício de forma irregular, assim, houve direito de ação, só não foi bem exercitado. Seriam as condições da ação assim, uma espécie de triagem a fim de condicionar o exercício do direito de ação, separando as situações em que há exercício irregular daquelas em que o exercício é regular.
Há, porém, quem entenda que as condições da ação não se justificam, pois, quando analisadas pelo julgador importariam em exame de mérito, daí não se poder falar em extinção do processo sem análise de mérito. Assim, segunda tal doutrina, não haveria a tal triagem. Essa doutrina é minoritária e não teve sucesso, pois, apesar de tudo, o art.3º e art.267, VI, do CPC trazem expressas as condições da ação, não podendo o julgador deixar de adotá-las. 
Modernamente, há uma teoria que tenta “salvar” a teoria das condições da ação a fim de colocá-la como verdadeira triagem, é a Teoria da Asserção. 
Pela Teoria da Asserção (asserção significa afirmação) o juiz ao analisar as condições da ação deverá tomar como verdadeiras as afirmações feitas pelo autor em sua petição inicial, não sendo necessária, pois, a produção de provas daquilo que ele alega.
Obs. As condições da ação são matéria de ordem pública, devendo o juiz analisar de ofício e qualquer tempo e grau de jurisdição.
5.3.1. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO
A situação afirmada pelo autor, em tese, deve ser protegida pelo ordenamento jurídico pátrio.
Na verdade, a impossibilidade não é apenas do pedido, mas da combinação entre ele e a causa de pedir.
5.3.2. INTERESSE PROCESSUAL OU DE AGIR
Para configurar o interesse de agir devem estar presentes os seguintes aspectos:
a) Necessidade – deve o autor evidenciar que precisa da jurisdição (isso porque tem lide e não pode usar a autotutela, nem houve autocomposição, nem se procurou a arbitragem. Ou ainda, no caso de não haver lide, a lei exigir a busca da jurisdição, a exemplo da jurisdição voluntária).
b) Utilidade – além de ser necessária a jurisdição, deve a tutela jurisdicional para ser deferida ser útil ao autor, devendo observar, pois, se o que o autor pede ainda tem sentido prático (ex: pedir para participar de concurso público quando o mesmo já terminou).
c) Adequação – deve-se observar que a via processual utilizada deve ser adequada à tutela pretendida. Ex. Não se pode usar mandado de segurança para cobrar valores atrasados, pois, ele não funciona como ação de cobrança. 
5.3.3. LEGITIMIDADE PARA CAUSA
Em regra, as mesmas pessoas envolvidas na relação de direito material devem ser aquelas a se envolverem na relaçãode direito processual.
OBS: É exceção à regra a legitimação extraordinária – substituição processual – art.6º do CPC, em que quem pede (autor) o faz em nome de outra pessoa envolvida na relação de direito material.
5.4. CARÊNCIA DE AÇÃO – art.267, VI, do CPC.
É a ausência de uma ou mais condições da ação, o que tem por conseqüência a extinção do feito sem análise do mérito.
6.0. PROCESSO.
6.1. CONCEITO.
- Do latim – procedere. Seguir adiante, marchar em frente.
- é o instrumento através do qual se exercem a jurisdição, o direito de ação e de reação.
- é a série de operações praticadas pelos órgãos judiciários, com a necessária participação das partes, tendentes a realizar o direito no caso concreto e em última instância.
- Processo = procedimento + interação entre os sujeitos do processo.
6.2. CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO:
Complexidade – o processo é uma atividade, portanto, sugere a prática de mais de um ato.
Dimensão temporal – essa atividade desenvolve-se no tempo.
Interdependência dos atos – a atividade é composta uma série lógica de atos, em que um ato propicia o próximo, criando uma relação entre eles.
Progressividade – os atos avançam para um fim.
6.3. TEORIAS SOBRE A NATUREZA JURÍDICA DO PROCESSO.
A atividade complexa aqui chamada de processo recebeu ao longo da evolução do Estado um tratamento diferenciado, podendo assim em se falar em algumas teorias que buscaram explicar no que consiste essa atividade.
A) PROCESSO COMO CONTRATO
Liga-se à idéia romana do processo (litiscontestatio) – nessa teoria o processo é uma atividade dependente da vontade das partes litigantes, havendo manifestação da vontade das partes para submeter o conflito ao Estado, e vontade para aceitar a decisão. O processo seria um fenômeno do Direito Privado.
Tem valor apenas histórico, pois hoje é superada pela publicização da justiça (inevitabilidade da jurisdição ou justiça pública).
B) PROCESSO COMO QUASE-CONTRATO
Apesar de o processo iniciar pela manifestação da vontade comum das partes litigantes em submeter o conflito ao Estado, tal decisão inicial já induz à aceitação da decisão imposta por força de lei. Tal teoria ainda tenta enquadrar o processo no Direito Privado.
Tem valor apenas histórico, pois hoje é superada pela publicização da justiça (inevitabilidade da jurisdição). 
C) RELAÇÃO JURÍDICA (BULOW)
Há no processo uma relação jurídica entre as partes e o Estado-Juiz, a qual não se confunde com a relação de direito material. A relação processual é regida pela norma processual e é composta por pelo menos três sujeitos: autor, réu e Estado-Juiz.
Em havendo relação jurídica entre os sujeitos processuais, há um vínculo jurídico que os une criando direitos e deveres entre eles. Ainda é adotada hoje em dia.
D) PROCESSO COMO SITUAÇÃO JURÍDICA (GOLDSCHMIDT)
Não há relação jurídica, pois não há direito e deveres, mas tão somente faculdades, ônus, poderes, os quais deflagram situações jurídicas entre os sujeitos do processo. Ainda é adotada hoje em dia.
6.4. O PROCEDIMENTO
- é o conjunto de normas que estabelecem as condutas a serem observadas no desenvolvimento da atividade processual pelos sujeitos do processo: juiz, autor e réu, e, bem assim, pelos auxiliares da justiça e os terceiros que, eventualmente, sejam chamados a participar da atividade processual. (José de Albuquerque Rocha).
- é o conjunto de normas que condicionam o processo, definindo os poderes e deveres das partes; quais são os atos processuais (sua forma e a sequência lógica), como e quando devem ser praticados; etc.
- é a forma de expressão do processo.
Autos – é a materialização dos documentos que consubstanciam os atos procedimentais.
6.5. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS.
Como se disse há no processo uma relação jurídica travada entre as partes e o Estado-Juiz, a qual não se confunde com a relação de direito material. A relação processual é regida pela norma processual e é composta por pelo menos três sujeitos: autor, réu e Estado-Juiz.
A exemplo, da relação jurídica de direito material que detém certos pressupostos para existir e produzir validamente seus efeitos legais (ex: contrato – capacidade das partes, forma não vedada por lei e objeto lícito), o que mesmo se pode aferir da relação processual.
RELAÇÃO PROCESSUAL X RELAÇÃO MATERIAL
Sujeitos: Estado, autor e réu---------------------------Agente e o lesado
Objeto: atividade jurisdicional--------------------------Bem da vida
Direito Público--------------------------------------------Direito Público ou Privado
6.5.1. CONCEITO.
A lei processual então impõe certos requisitos obrigatórios para que a relação processual se forme e se desenvolva validamente, de forma que uma relação sadia leva ao objetivo esperado, a análise do mérito pela decisão final – são os pressupostos processuais.
A ausência de um ou mais pressupostos processuais provoca o fim da discussão judicial, encerrando o processo sem análise de mérito.
Os pressupostos processuais são previstos então em norma processual de ordem pública, sendo de observância obrigatória, podendo ser alegada a sua inobservância a qualquer tempo e grau de jurisdição e reconhecida de ofício pelo julgador.
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS – são requisitos mínimos para formação e continuidade válida da relação processual.
Obs. Apesar do fenômeno da carência de ação (ausência das condições da ação) trazer consequência idêntica à ausência de pressuposto processual, qual seja, a extinção do processo sem análise do mérito, o fato é que aquele fenômeno relaciona-se ao exercício do direito de ação e este à formação e desenvolvimento da relação processual.
6.5.2. CLASSIFICAÇÃO.
A doutrina costuma adotar duas classificações para o assunto: a) pressupostos de existência e de validade; b) pressupostos subjetivos e objetivos, sendo esta última mais didática.
a) Pressupostos de existência – devem existir antes de a relação jurídica iniciar. Inicia-se a relação jurídica com a petição inicial.
-órgão jurisdicional – investidura.
- sujeito de direito – capacidade de parte.
b) Pressupostos de desenvolvimento válido – devem existir durante a prestação jurisdicional, até que esta se encerre (decisão final).
- competência do órgão jurisdicional
- imparcialidade (sem impedimento).
- capacidade processual – capacidade de estar em juízo.
6.5.2.1. Pressupostos subjetivos – dizem respeito aos sujeitos do processo: juiz e partes.
a) juiz – investidura, competência absoluta, imparcialidade (impedimento).
Em razão do princípio do juiz natural o jurisdicionado tem direito de ver sua pretensão analisada por um órgão do Poder Judiciário que seja prévio ao fato objeto da lide, ou seja, exista previsto em lei ou na Constituição Federal antes mesmo da ocorrência do fato provocador do conflito, sendo preenchido por juiz devidamente investido na jurisdição, ou seja, que tenha sido nomeado de forma legítima pelo Tribunal que ele integra. 
Ademais, tal órgão deverá ter o poder de julgar exatamente a causa que lhe é submetida, ou seja, deverá ser competente para processar e julgar a causa. 
Além de competente para julgar, o juiz deverá ser imparcial, ou seja, não poderá estar envolvido demasiadamente com as partes ou interessado no objeto da causa. 
A lei define as situações em que o juiz pode estar com a imparcialidade comprometida, são os casos de impedimento e de suspeição, a serem observadas de ofício pelo julgador ou mediante provocação das partes através de veiculação de exceção. 
b) parte – capacidade de ser parte, capacidade processual e capacidade postulatória.
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CAPACIDADE DE SER PARTE - poderá ser parte na ação (autor e réu) qualquer pessoa, ou seja, quem detiver personalidade jurídica, que no caso de pessoa natural se dará com o nascimento com vida, e das pessoas jurídicas, com o registro de seus atos constitutivos no cartório competente.[4: Art. 2o do Código Civil - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.]
Há pequenas exceçõesà regra da necessidade de personalidade jurídica para ser parte no processo, existindo, por vezes, autorizações legais para certos entes não personalizados funcionarem como parte no processo, a exemplo, o Ministério Público; o espólio; a massa falida; a Câmara dos Deputados, etc. É o que se chama de capacidade formal ou judiciária.
Além disso, em algumas ações especiais, como no mandado de segurança, figurará como parte normalmente a autoridade coatora, que é verdadeiro órgão da Administração Pública. 
CAPACIDADE PROCESSUAL - é a capacidade de exercitar atos processuais por si só. Tem relação com a chamada capacidade de exercício ou de fato do Direito Civil. Assim, os incapazes absoluta ou relativamente devem ser representados ou assistidos na prática de atos processuais. [5: Art. 7o do CPC - Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo.][6: Art. 8o do CPC - Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil.]
CAPACIDADE POSTULATÓRIA - a lei atribui a certas pessoas habilitadas a capacidade de postularem ao Poder Judiciário (jus postulandi). É também chamada de representação verdadeiramente processual.
A capacidade de postulação consiste em apresentar formalmente a pretensão ao Poder Judiciário, o que exige um conhecimento técnico indispensável ao êxito da demanda, razão pelo que a lei achou por bem atribuir tal poder a pessoas especializadas, o advogado (aqui em sentido amplo a envolver todas as procuraturas).
Assim, o advogado é indispensável à administração da justiça (art.133 da CF/88), só sendo dispensável em casos excepcionais, tais como: em habeas corpus; nas ações ajuizadas na Justiça do Trabalho; nos juizados especiais até vinte salários mínimos; na revisão criminal, momento em que o jus postulandi é atribuído excepcionalmente às partes. 
6.5.2.2. Pressupostos objetivos – dizem respeito ao objeto da demanda, seja comparando-a com outra demanda, seja em relação a si mesma.
a) Intrínsecos – são referentes à própria causa, dizendo respeito à observância do devido processo legal. 
Ex. Litisconsórcio necessário; taxa judiciária; depósito em ação rescisória, etc.
b) Extrínsecos – são inerentes à demanda, mas comparadas a outras demandas. NÃO HAVER: coisa julgada, litisconsórcio, preempção. 
O objetivo do Estado-Juiz é resolver os conflitos dando a última palavra sobre o assunto, trazendo de volta a paz social. Assim, o legislador impõe como pressuposto processual a necessidade de não se submeter ao Poder Judiciário mais de uma vez a mesma lide, pois aquele órgão constitucional não pode dar duas soluções ao mesmo caso, o que causaria insegurança jurídica (possibilidade de decisões conflitantes), além de fomentar o conflito, em vez de cessá-lo.
Uma ação é identificada pelos seus elementos: partes, pedido e causa de pedir. Uma ação é idêntica à outra quando coincidem todos os elementos da ação.[7: Art.301, § 2o , do CPC - Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido]
Se a ação idêntica é ajuizada quando a anterior já transitou em julgado com decisão de mérito, dá-se a coisa julgada, devendo ser a segunda extinta sem resolução de mérito (art.267, V, do CPC).
A perempção se dá quando o autor por negligência dá causa por três vezes a extinção do feito na forma do art.267, III, do CPC, perdendo assim de vez o direito de ação em relação àquela específica lide.[8: art.268 do CPC - Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fundamento previsto no no III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.]
6.6. CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS.
Essa classificação se dá de acordo com o tipo de provimento ou tutela jurisdicional que se busca, podendo ser:
PROCESSO DE CONHECIMENTO – objetiva que o juiz conheça do suposto direito violado para ao final declarar se ele existe ou não.
PROCESSO DE EXECUÇÃO – objetiva que o juiz torne concreto e real o direito já reconhecido em favor de alguém. 
PROCESSO CAUTELAR – objetiva proteger o direito a ser discutido em processo executivo ou de conhecimento.

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