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relação entre filosofia e psicologia

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Existe uma relação muito forte entre a filosofia e a psicologia, sendo elas as ciências humanas mais próximas. Os primeiros estudos sobre o psiquismo e a alma foram realizados pela Filosofia Grega, que observava atentamente as atividades humanas e a manifestação da alma; justo que a psicologia tenha se tornado uma ciência independente a partir da filosofia. A etimologia da palavra Psicologia ressalta o desejo que há tanto na Filosofia quanto na Psicologia que é: conhecer “o que é o homem”. A saber, a Psicologia busca estudar a pessoa humana, principalmente sua dimensão interior. Assim como o pensamento filosófico: “No campo filosófico, a interrogação sobre o homem torna-se o tema dominante na época da sofística antiga (séc. V a.C.) e, a partir de então, acompanha todo o desenvolvimento histórico da Filosofia Ocidental...”. Assim se expressa uma primeira relação entre o estudo da psicologia e o pensamento filosófico. O pensador Immanuel Kant, filósofo moderno do século XVIII ressalta na obra Crítica da Razão Pura que todo interesse de seu pensamento está nas questões: “Que posso saber? Que devo fazer? Que posso esperar?” Essas perguntas são unificas em uma só na obra Lógica: “o que é o homem?”.
Filosofia e psicologia estudam os seres humanos e os seus comportamentos. Ambas apresentam semelhanças e diferenças, chegando inclusive a encontrar diferentes interpretações para os mesmos atos. Assim, o método que cada uma utiliza vai condicionar as respostas que elas nos oferecem. Ainda assim, ambas compartilham, em algumas ocasiões, teorias e resultados que a outra ciência integra no seu próprio repertório de conhecimentos.
Da para se dizer que a psicologia e a filosofia mantêm entre si uma relação de “amor e ódio”. No ponto de vista dos primeiros psicólogos experimentais, a influência da filosofia era um mal a ser afastado por impedir os avanços conceptuais e operacionais da investigação científica. No ponto de vista dos filósofos, os psicólogos estavam à deriva, sem clareza de objeto e método. A generalização é um problema, já que os primeiros passos da psicologia experimental foram dados por médicos que também eram filósofos. Dentro da psicologia existem uma variedade de temas de estudos, aderidos pela filosofia, como por exemplo: sensação, percepção, inteligência e memória. Apesar de ambas compartilharem muitos temas de estudo, cada uma tem um ponto de vista diferente. Inclusive, até mesmo usando as mesmas teorias nos campos de estudo, a filosofia e a psicologia muitas vezes não concordam em suas conclusões. 
As relações entre a psicologia e a filosofia foram revistas em 1973 pelo psicólogo e historiador Benjamin B. Wolman (1908-2000) em um estudo. Wolman inicia suas considerações com as definições de ciência e de filosofia. O termo ciência é apresentado como tendo duas conotações: "a busca do conhecimento e os resultados desta busca" (p. 22). O termo filosofia é então definido como o amor à sabedoria, sendo que sabedoria é conhecimento em oposição à ignorância. Como rainha soberana da sabedoria, a filosofia reinou na Grécia Antiga e na Idade Média, prescrevendo regras para o conhecimento humano. Para Wolman, as idéias revolucionárias que trouxeram a psicologia definitivamente para o lado da ciência vieram da teoria da evolução e das grandes descobertas da neurofisiologia. Tais movimentos romperam as barreiras artificiais entre o humano e o resto da natureza.
Filósofos e teólogos tomaram a humanidade fora de contexto, mas a biologia, a fisiologia, a neurologia e a moderna psicologia veem os humanos como parte e parcela do mundo orgânico. Meditações sobre a natureza da alma, da psique, da mente e assim por diante estão sendo substituídas por observações e experimentos sobre o comportamento dos organismos vivos, incluindo o comportamento humano. 
Quando se fala na relação entre psicologia e filosofia, a fenomenologia e o existencialismo aparecem como referências obrigatórias nos nomes de Brentano, Husserl, Jaspers, Heidegger, Sartre e Merleau-Ponty. Tais abordagens foram responsáveis por uma reaproximação temática entre a psicologia e a filosofia, nos meados do século XX, com repercussão no campo da psicopatologia, da psicoterapia e da pesquisa qualitativa. Não seria surpresa afirmar que o diálogo entre psicólogos e filósofos continua animador, justamente, em torno dos conceitos fenomenológicos de experiência consciente e intencionalidade. A surpresa deste diálogo entre psicólogos e fenomenólogos está no seu objetivo: a naturalização da fenomenologia. O mais surpreendente é que esses diálogos, fundamentados em pesquisa empírica e análise filosófica, estão trazendo contribuições importantes para uma compreensão mais articulada e integrada da teoria psicológica.
Wittgenstein (1996) em uma passagem célebre, apontou que “existem na Psicologia métodos experimentais e confusão conceitual” (p. 206). Harré e Secord (1972) reclamaram da ingenuidade conceitual dos psicólogos e da sua tendência a substituir discussões conceituais por definições operacionais e experimentos, lamentando que a precisão de significado dos conceitos não seja tão valorizada no campo. Alston (1985) destacou que a análise conceitual é uma parte importante de qualquer empreendimento intelectual, e a relação entre filosofia analítica e teoria psicológica pode render frutos para a área em análise.

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