Prévia do material em texto
AULAS 04 A 07 DIREITO CIVIL I PROFª. MÁRCIA MAGALHÃES DAS PESSOAS LIVRO I O Código Civil disciplina as relações jurídicas privadas que nascem da vida em sociedade e se formam entre pessoas, não entre pessoas e animais ou entre pessoas e coisas. São as relações sociais, de pessoa a pessoa, física ou jurídica, que produzem efeitos no âmbito do direito. A Parte Geral contém três livros. O primeiro sobre as pessoas naturais e jurídicas; o segundo, relativo aos bens; e o terceiro, a respeito dos fatos jurídicos. INTRODUÇÃO “Pessoa” é o ente físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações, sendo sinônimo de sujeito de direito. Já “sujeito de direito” é aquele que é sujeito de um dever jurídico, de uma pretensão ou titularidade jurídica, que é o poder de fazer valer, através de uma ação, o não-cumprimento do dever jurídico, ou melhor, o poder de intervir na produção da decisão judicial” (Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil Brasileiro. V.1, 18 ed, Saraiva: São Paulo, 2002. (p.116). CONCEITO DE PESSOA Além das pessoas físicas ou naturais, passou-se a reconhecer, como sujeito de direito, entidades abstratas, criadas pelo homem, às quais se atribui personalidade. São as denominadas pessoas jurídicas, que assim como as pessoas físicas, são criações do direito. Pessoa Jurídica é uma entidade (empresa, sociedade, organização etc) formada por uma ou mais Pessoas Físicas, com propósitos e finalidades específicos, e direitos e deveres próprios e característicos CONCEITO DE PESSOA PESSOAS NATURAIS TÍTULO I Qual o conceito de personalidade jurídica? O conceito de personalidade está umbilicalmente ligado ao de pessoa. Todo aquele que nasce com vida torna-se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade. Esta é, portanto, qualidade ou atributo do ser humano. Pode ser definida como aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil. É pressuposto para a inserção e atuação da pessoa na ordem jurídica. PERSONALIDADE JURÍDICA Quando se adquire a personalidade jurídica? Existem três teorias sobre a aquisição da personalidade jurídica, são elas: Teoria natalista Teoria da personalidade condicional Teoria concepcionista A teoria adotada pelo Código Civil brasileiro é a teoria natalista. PERSONALIDADE JURÍDICA PERSONALIDADE JURÍDICA Teorias Natalista: afirma que a personalidade civil somente se inicia com o nascimento com vida Da personalidade condicional: sustenta que o nascituro é pessoa condicional, pois a aquisição da personalidade acha-se sob a dependência de condição suspensiva, o nascimento com vida, não se tratando propriamente de uma terceira teoria, mas de um desdobramento da teoria natalista, uma vez que também parte da premissa de que a personalidade tem início com o nascimento com vida Concepcionista: admite que se adquire a personalidade antes do nascimento, ou seja, desde a concepção, ressalvados apenas os direitos patrimoniais, decorrentes de herança, legado e doação, que ficam condicionados ao nascimento com vida PERSONALIDADE JURÍDICA De acordo com o sistema adotado, tem-se o nascimento com vida como o marco inicial da personalidade. Respeitam-se, porém, os direitos do nascituro, desde a concepção, pois desde esse momento já começa a formação do novo ser182. Ocorre o nascimento quando a criança é separada do ventre materno, não importando tenha o parto sido natural, feito com o auxílio de recursos obstétricos ou mediante intervenção cirúrgica. PERSONALIDADE JURÍDICA O essencial é que se desfaça a unidade biológica, de forma a constituírem mãe e filho dois corpos, com vida orgânica própria183, mesmo que não tenha sido cortado o cordão umbilical184. Para se dizer que nasceu com vida, todavia, é necessário que haja respirado. Se respirou, viveu, ainda que tenha perecido em seguida. Lavram-se, neste caso, dois assentos, o de nascimento e o de óbito (LRP, art. 53, § 2º). Não importa, também, tenha o nascimento sido a termo ou antecipado. PERSONALIDADE JURÍDICA Perante o nosso direito, qualquer criatura que venha a nascer com vida será uma pessoa, sejam quais forem as anomalias e deformidades que apresente187. Muitas vezes torna-se de suma importância saber se o feto, que morreu durante o parto, respirou e viveu, ainda que durante alguns segundos, principalmente se, por exemplo, o genitor, recém-casado pelo regime da separação de bens, veio a falecer, estando vivos os seus pais. PERSONALIDADE JURÍDICA Se o infante chegou a respirar, recebeu, ex vi legis, nos poucos segundos de vida, todo o patrimônio deixado pelo falecido pai, a título de herança, e a transmitiu, em seguida, por sua morte, à sua herdeira, que era a sua genitora. Se, no entanto, nasceu morto, não adquiriu personalidade jurídica e, portanto, não chegou a receber nem a transmitir a herança deixada por seu pai, ficando esta com os avós paternos. O art. 1º do atual Código entrosa o conceito de capacidade com o de personalidade, ao declarar que toda “pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Afirmar que o homem tem personalidade é o mesmo que dizer que ele tem capacidade para ser titular de direitos. Pode-se falar que a capacidade é a medida da personalidade, pois para uns ela é plena e, para outros, limitada. CAPACIDADE JURÍDICA A que todos têm, e adquirem ao nascer com vida, é a capacidade de direito ou de gozo, também denominada capacidade de aquisição de direitos. Essa espécie de capacidade é reconhecida a todo ser humano, sem qualquer distinção. Estende-se aos privados de discernimento e aos infantes em geral, independentemente de seu grau de desenvolvimento mental. Podem estes, assim, herdar bens deixados por seus pais, receber doações etc. CAPACIDADE JURÍDICA Personalidade e capacidade completam-se: de nada valeria a personalidade sem a capacidade jurídica, que se ajusta assim ao conteúdo da personalidade, na mesma e certa medida em que a utilização do direito integra a ideia de ser alguém titular dele. Com este sentido genérico não há restrições à capacidade, porque todo direito se materializa na efetivação ou está apto a concretizar-se. CAPACIDADE JURÍDICA Nem todas as pessoas têm, contudo, a capacidade de fato, também denominada capacidade de exercício ou de ação, que é a aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil. Por faltarem a certas pessoas alguns requisitos materiais, como maioridade, saúde, desenvolvimento mental etc., a lei, com o intuito de protegê-las, malgrado não lhes negue a capacidade de adquirir direitos, sonega-lhes o de se autodeterminarem, de os exercer pessoal e diretamente, exigindo sempre a participação de outra pessoa, que as representa ou assiste. CAPACIDADE JURÍDICA CAPACIDADE JURÍDICA . Assim, os recém-nascidos e os amentais sob curatela possuem apenas a capacidade de direito, podendo, por exemplo, como já se afirmou, herdar. Mas não têm a capacidade de fato ou de exercício. Para propor qualquer ação em defesa da herança recebida, precisam ser representados pelos pais e curadores, respectivamente. Quem possui as duas espécies de capacidade tem capacidade plena. CAPACIDADE JURÍDICA . Quem só ostenta a de direito, tem capacidade limitada e necessita, como visto, de outra pessoa que substitua ou complete a sua vontade. São, por isso, chamados de “incapazes”. Capacidade não se confunde com legitimação. Esta é a aptidão para a prática de determinados atos jurídicos, uma espécie de capacidade especial exigida em certas situações. CAPACIDADE JURÍDICA Capacidade De direito (De gozo ou fruição) De fato (De exercício) Excepcional (Especial) (Entes despersonalizados) Aptidão genérica conferida pela ordem jurídica para adquirir direitos e contrair deveres Aptidão genérica conferida pela -ordem jurídica para, sozinho, adquirir direitos e contrair deveres Aptidão especial conferida pelo direito para adquirir direitos e contrair deveres DAS INCAPACIDADES No direito brasileiro não existe incapacidade de direito, porque todosse tornam, ao nascer, capazes de adquirir direitos (CC, art. 1º). Há, portanto, somente incapacidade de fato ou de exercício. Incapacidade, destarte, é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, imposta pela lei somente aos que, excepcionalmente, necessitam de proteção, pois a capacidade é a regra. Decorre aquela do reconhecimento da inexistência, numa pessoa, dos requisitos indispensáveis ao exercício dos seus direitos. DAS INCAPACIDADES Somente por exceção expressamente consignada na lei é que se sonega ao indivíduo a capacidade de ação. Supre-se a incapacidade, que pode ser absoluta e relativa, conforme o grau de imaturidade, deficiência física ou mental da pessoa, pelos institutos da representação e da assistência. O art. 3º do Código Civil menciona os absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os seus direitos e que devem ser representados, sob pena de nulidade do ato (art. 166, I). DAS INCAPACIDADES Somente por exceção expressamente consignada na lei é que se sonega ao indivíduo a capacidade de ação. Supre-se a incapacidade, que pode ser absoluta e relativa, conforme o grau de imaturidade, deficiência física ou mental da pessoa, pelos institutos da representação e da assistência. O art. 3º do Código Civil menciona os absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os seus direitos e que devem ser representados, sob pena de nulidade do ato (art. 166, I). DAS INCAPACIDADES Incapacidade Absoluta A incapacidade absoluta acarreta a proibição total do exercício, por si só, do direito. O ato somente poderá ser praticado pelo representante legal do absolutamente incapaz. A inobservância dessa regra provoca a nulidade do ato, nos termos do art. 166, I, do Código Civil. Art. 3 o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) DAS INCAPACIDADES Incapacidade Relativa A incapacidade relativa permite que o incapaz pratique atos da vida civil, desde que assistido por seu representante legal, sob pena de anulabilidade (CC, art. 171, I). Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) DAS INCAPACIDADES Incapacidade Relativa Certos atos, porém, pode praticar sem a assistência de seu representante legal, como ser testemunha (art. 228, I), aceitar mandato (art. 666), fazer testamento (art. 1.860, parágrafo único), exercer empregos públicos para os quais não for exigida a maioridade (art. 5º, parágrafo único, III), casar (art. 1.517), ser eleitor, celebrar contrato de trabalho etc. CURATELA O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015) inova ao admitir a interdição de pessoa capaz. Dispõe, com efeito, o § 1º do art. 84 da referida lei: “Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei”. A expressão “quando necessário” abrange aqueles que, por causa permanente ou transitória, não puderem exprimir sua vontade (CC, art. 4º, III). Tutela: Um tutor é nomeado para proteger filhos menores em caso de morte dos pais ou perda do poder familiar.Art. 1.728 a 1766 do Código Civil. Curatela:Um curador é nomeado para proteger pessoas maiores de 18 anos que, por algum motivo, não tenham capacidade de tomar decisões. CURATELA O procedimento de curatela segue o rito estabelecido nos arts. 747 e s. do Código de Processo Civil, bem como as disposições da Lei dos Registros Públicos (Lei n. 6.015/73). É obrigatório o exame pessoal do interditando, em audiência, ocasião em que será minuciosamente interrogado pelo juiz “acerca de sua vida, negócios, bens, vontades, preferências e laços familiares e afetivos e sobre o que mais lhe parecer necessário para convencimento quanto à sua capacidade para praticar atos da vida civil, devendo ser reduzidas a termo as perguntas e respostas” (CPC, art. 751). MAIORIDADE A maioridade começa aos 18 anos completos, tornando-se a pessoa apta para as atividades da vida civil que não exigirem limite especial, como as de natureza política. Cessa a menoridade (art. 5º, caput) no primeiro momento do dia em que o indivíduo perfaz os 18 anos. Se nascido no dia 29 de fevereiro de ano bissexto, completa a maioridade no dia 1º de março. Se se ignora a data do nascimento, necessário se torna o exame médico. Na dúvida, porém, pende-se pela capacidade (in dubio pro capacitate). EMANCIPAÇÃO Clóvis define emancipação como a aquisição da capacidade civil antes da idade legal241. Consiste, desse modo, na antecipação da aquisição da capacidade de fato ou de exercício (aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil). Pode decorrer de concessão dos pais ou de sentença do juiz, bem como de determinados fatos a que a lei atribui esse efeito. O menor, sendo emancipado, deixa de ser incapaz. Porém, segundo o Enunciado n. 530, aprovado na VI Jornada de Direito Civil, “A emancipação, por si só, não elide a incidência do Estatuto da Criança e do Adolescente”. EMANCIPAÇÃO Emancipação Voluntária Judicial Legal Quando os pais ou responsáveis pelo menor autorizam. Quando um juiz autoriza, após ser ouvido o responsável pelo menor. Nesses casos é muito comum quando o menor não tem pais ou quando um deles não concorda com a emancipação. Quando um menor de 18 anos e maior de 16: a) se casar ou; b) passar para um concurso público efetivo ou; c) pela colação de grau em curso de ensino superior ou; d) por ter um estabelecimento civil ou comercial ou ter uma relação de emprego que lhe garanta sua subsistência. EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL Preceitua o art. 6º do Código Civil que “a existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva”. Somente com a morte real termina a existência da pessoa natural, que pode ser também simultânea (comoriência). Doutrinariamente, pode-se falar em: morte real, morte simultânea ou comoriência, morte civil e morte presumida. EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL Morte Real É aquela induvidosa, cuja prova se faz pelo atestado de óbito ou por justificação - quando há certeza da morte mas não foi encontrado o corpo. A morte real se dá com o óbito comprovado da pessoa natural e o critério jurídico de morte no Brasil é a morte encefálica (Lei 9.434/97 – Lei de Transplantes). EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL Morte simultânea ou comoriência E a ficção jurídica que diz que: Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros. presumir-se-ão simultaneamente mortos. O principal efeito e que não se transferem direitos e obrigações entre os falecidos. Assim, se marido e mulher sem descendentes e ascendentes, morrem em acidente de veículo, sem que se possa precisar quem morreu primeiro, os colaterais de cada família, do marido e da mulher, herdaram suas respectivas meações. EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL Morte civil É a ficção prevista no Art.1.816, do CC, segundo a qual, a uma pessoa viva é atribuído, intencionalmente. o status de morta para certos efeitos jurídicos. Diz o dispositivo: "São personalíssimos os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão". É quando o indivíduo (beneficiário) é excluso de receber a herança, como se ele "morto" fosse antes da abertura da sucessão. EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL Morte presumida com ausência Em relação ao ausente, está sóse presumirá nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva, isto é: 10 anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura de sucessão provisória; ou Provando-se que o ausente conta 80 anos de idade, e que de 5 datam a últimas notícias dele. EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL Morte presumida sem ausência Art. 72, I e II: I) for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida: II) desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até 2 anos após o término da guerra, desde que encerradas as buscas. DA AUSÊNCIA Ausente é a pessoa que desaparece de seu domicílio sem dar notícia de seu paradeiro e sem deixar um representante ou procurador para administrar-lhe os bens (CC, art. 22). Protege o Código, através de medidas acautelatórias, inicialmente o seu patrimônio, pois quer esteja ele vivo, quer esteja morto, é importante considerar o interesse social de preservar os seus bens, impedindo que se deteriorem, ou pereçam (arts. 22 a 25). DA AUSÊNCIA Prolongando-se a ausência e crescendo as possibilidades de que haja falecido, a proteção legal volta-se para os herdeiros, cujos interesses passam a ser considerados (arts. 25 a 38). esse respeito, observa Silvio Rodrigues que o ordenamento jurídico, em face da ausência, procura, “de início, preservar os bens deixados pelo ausente, para a hipótese de seu eventual retorno; ao depois, transcorrido um período de tempo, sem que o ausente regresse, o legislador, desacoroçoado de esperar sua volta, passa a cuidar do interesse de seus herdeiros”. DA AUSÊNCIA Constatado o desaparecimento do indivíduo, sem que tenha deixado procurador com poderes para administrar os seus bens e sem que dele haja notícia, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador (CC, art. 22). Também será este nomeado quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes (art. 23). PESSOAS JURÍDICAS TÍTULO II O atual Código Civil Brasileiro foi instituído pela Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, entrando em vigor após um ano de vacatio legis, para a maioria da doutrina, em 11 de janeiro de 2003. Pessoa jurídica Pessoas coletivas Pessoas morais Pessoas fictícias ou abstratas PESSOA JURÍDICA Pessoa jurídica não se confunde com seus membros . Pessoa Jurídica “Conjunto de pessoas ou de bens dotado de personalidade jurídica própria e constituído na forma da lei para a consecução de fins comuns. São entidades a que a lei confere personalidade, capacitando-as a serem sujeitos de direitos e obrigações.” Carlos Roberto Gonçalves PESSOA JURÍDICA Teorias que tentaram afirmar e justificar a existência da pessoa jurídica: Teoria Negativista Teoria Afirmativista Teoria da Ficção Teoria da Realidade orgânica Teoria da Realidade Técnica TEORIAS Teoria Negativista Negava a existência da pessoa jurídica. Teoria Afirmativista Desdobra-se em outras três correntes: teoria da ficção; teoria da realidade objetiva; teoria da realidade técnica Teoria da Ficção Reconhece a existência da pessoa jurídica, contudo se trata de uma mera produção do direito- sem existência social – Savigny. TEORIAS Teoria da Realidade orgânica - Otto Gierke. Afirma que a pessoa jurídica é um ente real, distinto dos indivíduos que a compõem. A pessoa jurídica tem uma personalidade real, dotada de vontade própria e capaz de cometer infrações penais. Teoria da Realidade Técnica A pessoa jurídica tem existência social, atividade social , mas é fruto do Direito. TEORIAS Qual a teoria adotada pelo Código Civil? Art.45 CC O Código Civil adotou a teoria da realidade técnica. É uma junção de outras duas teorias, a teoria da ficção, idealizada por Savigny e a teoria da realidade orgânica, criada por Otto Gierke. TEORIAS TEORIA DA FICÇÃO TEORIA DA REALIDADE ORGÂNICA TEORIA DA REALIDADE TÉCNICA Teoria da ficção As pessoas jurídicas são criadas por uma ficção legal; Teoria da realidade orgânica Identidade organizacional própria . REQUISITOS PARA A CRIAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA Vontade Humana Criadora Objeto lícito Ato Constitutivo CRIAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA CRIAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA Sujeitos de direitos Personalidade jurídica Pessoa natural Pessoa jurídica Nascimento com vida Registro Sem personalidade jurídica Nascituro Massa falida Espólio Condomínio Órgãos públicos Sociedade irregulares/ fato A aquisição da pessoa jurídica de direito privado: Registro dos atos constitutivos Efeitos ex nunc Natureza constitutiva. Art. 45, do CC. AQUISIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Obs.: três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Presentação - pessoa jurídica Por não poder atuar por si própria, a pessoa jurídica deve ser presentada por uma pessoa natural, exteriorizando sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais. AQUISIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA O art. 47 do Código Civil Teoria intra viris societatis e ultra vires societatis A teoria intra viris societatis ocorrerá quando a pessoa natural que a administra, o sócio, atua de acordo com o previsto no ato constitutivo. O ato ultra vires societatis ocorrerá quando o sócio extrapola os poderes que lhes foram concedidos por meio do contrato social, como consequência, o próprio sócio responde pelos atos praticados e não haverá vinculação da pessoa jurídica. AQUISIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA Art. 48 CC – A pessoa natural é a indicada no ato constitutivo da pessoa jurídica. Omissão - presentação será exercida por seus diretores. Administração coletiva - as decisões serão tomadas pela maioria dos votos, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral? Súmula 227 STJ Honra objetiva ( reputação social) | Honra subjetiva? Enunciados: 142;143;144 AQUISIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA ESPÉCIES DE PESSOA JURÍDICA Função e capacidade Pessoa jurídica de Direito Público Pessoa jurídica de Direito Privado Externo Interno Sociedades Associações Sindicatos Partidos políticos Órgão religiosos Corporações (fins e objetivos próprios) Fundação Conjunto de bens arrecadados com finalidade e interesse social. União, Estados, DF Municípios, autarquias, associações públicas. (ART 41 CC) Pessoa jurídica nacional É a organizada conforme a lei brasileira e que tem no Brasil a sua sede principal e os seus órgãos de administração. Pessoa jurídica estrangeira É aquela formada em outro país, e que não poderá funcionar no Brasil sem autorização do Poder Executivo, interessando também ao Direito Internacional. NACIONALIDADE DA PESSOA JURÍDICA Corporação É o conjunto de pessoas que atua com fins e objetivos próprios. São corporações as sociedades, as associações, os partidos políticos e as entidades religiosas. Fundação É o conjunto de bens arrecadados com finalidade e interesse social. ESTRUTURA INTERNA Pessoa jurídica de direito público É o conjunto de pessoas ou bens que visa atender a interesses públicos, sejam internos ou externos. o art. 41 do CC/2002 são pessoas jurídicas de direito público interno: União, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios, os Municípios, as autarquias, as associações públicas e as demais entidades de caráter público em geral. FUNÇÕES E CAPACIDADE 58 Pessoas jurídicas de direito público externo OsEstados estrangeiros e todas as pessoas regidas pelo direito internacional público. Art. 42 do CC Pessoa jurídica de direito privado É a pessoa jurídica instituída pela vontade de particulares, visando a atender os seus interesses. FUNÇÕES E CAPACIDADE Art. 44 do CC + Leis10.825/2003 e 12.441/2011: Fundações; Associações; Sociedades (simples ou empresárias); Partidos políticos; Entidades religiosas; e Empresas individuais de responsabilidade limitada. FUNÇÕES E CAPACIDADE Art. 46 do cc A denominação da pessoa jurídica, os fins a que se destina, identificação de sua sede, tempo de duração e o fundo social, quando houver. O nome e individualização dos fundadores e instituidores, bem como dos seus diretores. O modo de administração e representação ativa e passiva da pessoa jurídica. REQUISITOS PARA REGISTRO A previsão quanto à possibilidade ou não de reforma do ato constitutivo, particularmente quanto à administração da pessoa jurídica. A previsão se há ou não responsabilidade subsidiária dos membros da pessoa jurídica. As condições de extinção da pessoa jurídica e o destino de seu patrimônio em casos tais. REQUISITOS PARA REGISTRO Entes despersonalizados não têm personalidade jurídica. São conjuntos de bens ou de pessoas que não têm personalidade própria, tais como: a família; a massa falida; o espólio; a herança jacente; a sociedade de fato; e a irregular. ENTES DESPERSONALIZADOS 63 Família É mero conjunto de pessoas não possuindo sequer legitimidade ativa ou passiva, no campo processual. Espólio É o conjunto de bens formado com a morte de alguém, em decorrência da aplicação do princípio saisine (art. 1.784 do CC). Possui legitimidade, devendo ser representado pelo inventariante. Não deve ser considerado uma pessoa jurídica. ENTES DESPERSONALIZADOS Sociedade irregular É o ente despersonalizado constituído por empresas que possuem estatuto ou contrato social que não foi registrado. Exemplo: uma sociedade anônima não registrada na Junta Comercial estadual. Condomínio É o conjunto de bens em copropriedade, com tratamento específico no livro que trata do Direito das Coisas. ENTES DESPERSONALIZADOS ART. 53, CC União de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Uma diretoria, uma presidência, um conselho fiscal e um conselho administrativo; Assembleia geral -Art. 59 do Código Civil Destituição de administradores e a alteração de estatuto Quórum será previamente estabelecido no estatuto DAS ASSOCIAÇÕES 66 Art. 56, CC Qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário - (intuito personae) Estatuto - pode autorizar a transmissão. “a exclusão do associado só é admissível havendo justa causa Art 57, CC (aplicação da eficácia horizontal dos direitos fundamentais) DAS ASSOCIAÇÕES Obs.: Em uma associação – sem fins lucrativos não existe entre os associados direitos e obrigações recíprocos Sociedade Tem fins lucrativos. Associação Conjunto de pessoas Fundação Conjunto de bens. DAS ASSOCIAÇÕES Associação Associados devem ter iguais direitos; Estatuto Poderá instituir categorias com vantagens especiais. Mesma categoria de sócios NÃO pode haver diferenciação entre eles. DAS ASSOCIAÇÕES Cobrança de taxa de manutenção criada por associações de moradores? Bairro de uma cidade a questão é simples: Quem não se associa não pode ser obrigado a pagar a referida taxa. Condomínio de fato/ irregular Art. 5°, incisos II e XX Vedação adesão compulsória à associação. DAS ASSOCIAÇÕES Massa falida – é o conjunto de bens formado com a decretação de falência de uma pessoa jurídica. Não constitui pessoa jurídica, mas mera arrecadação de coisas e direitos. Sociedade de fato – são os grupos despersonalizados presentes nos casos envolvendo empresas que não possuem sequer constituição (estatuto ou contrato social), bem como a união de pessoas impedidas de casar, nos casos de concubinato, nos termos do art. 1.727 do CC. GRUPOS DESPERSONALIZADOS . São bens arrecadados e personificados, em atenção a um determinado fim. ART.62 CC- fundações criação: Escritura pública ou testamento. Elementos afetação de bens livres; especificação dos fins; previsão do modo de administrá-las; elaboração de estatutos com base em seus objetivos e submetidos à apreciação do Ministério Público que os fiscalizará ( facultativo, no ato de instituição). DAS FUNDAÇÕES PARTICULARES As fundações surgem com o registro de seus estatutos no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. As fundações devem ter fins nobres, distantes dos fins de lucro próprios das sociedades. Enunciado n. 8: “A constituição de fundação para fins científicos, educacionais ou de promoção do meio ambiente está compreendida no CC, art. 62, parágrafo único”. DAS FUNDAÇÕES PARTICULARES 73 A Lei 13.151/2015 alterou o parágrafo único do art. 62 do CC ampliando os fins nobres das fundações, na linha do que constava do último enunciado doutrinário. DAS FUNDAÇÕES PARTICULARES Altera os arts. 62, 66 e 67 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, o art. 12 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, o art. 1º da Lei nº 91, de 28 de agosto de 1935, e o art. 29 da Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009, para dispor sobre a finalidade das fundações, o prazo para manifestação do Ministério Público sobre suas alterações estatutárias e a remuneração dos seus dirigentes; e dá outras providências. 74 Ato constitutivo – registro – personalidade AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE Cartório de Registro de Imóveis Junta Comercial Registro especial Associações e fundações (estatutos) Sociedade Simples (Contrato social) Sociedades empresárias (Contrato social) Cooperativas e sociedades Anônimas (estatutos) Partido político (TSE) Sindicatos (Ministério da Justiça) Art. 75 do CC Domicílio Sede jurídica, local em que responderá pelos direitos e deveres assumidos. Art. 75, § 1.º, do CC Domicílio no lugar onde funcionam as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial nos seus estatutos. DO DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA Pessoa jurídica de direito privado - extinção Corporações Por dissolução deliberada de seus membros, por unanimidade e mediante distrato, ressalvados os direitos de terceiros e da minoria. Quando for determinado por lei. Em decorrência de ato governamental. No caso de termo extintivo ou decurso de prazo. Por dissolução parcial, havendo falta de pluralidade de sócios. Por dissolução judicial. EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA Art. 69 do CC. Finalidade Tornando-se ilícita, impossível ou inútil, ou vencido o prazo de sua existência - o órgão do MP, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção. Patrimônio Salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, incorpora-se em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. DISSOLUÇÃO DAS FUNDAÇÕES (88) 2137-0279 | (88) 9 9245-2413 @unintaitapipoca www.faculdadeuninta.com.br/itapipoca OBRIGADA!