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AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INOVAÇÃO ABERTA E REDES 
COLABORATIVAS PARA 
INOVAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Aline Mara Gumz Eberspacher 
 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Aqui, você observará que a prática da inovação aberta é de longa data, que 
vivenciamos e compartilhamos informações constantemente para construir algo 
melhor. Veremos os seguintes tópicos. 
1. Inovação aberta: o que é? 
2. Open Innovation: uma nova forma de pensar 
3. Inovação interativa: conectando empresas e usuários 
4. Criação de valor na inovação 
5. Inovação aberta: a origem na cultura maker 
TEMA 1 – INOVAÇÃO ABERTA: O QUE É? 
O aumento da competitividade, a globalização, os avanços das tecnologias, 
as redes sociais mostram que busca da inovação extrapolou os limites físicos da 
organização. No início do século, o surgimento das indústrias tinha uma 
preocupação em desenvolver novos produtos dentro do limite físico da empresa. 
No decorrer do século XX, o desenvolvimento de novos produtos, a criação 
e as novas ideias eram originárias especificamente dos chamados “gênios da 
empresa”, do setor conhecido por Pesquisa e Desenvolvimento, chamados por 
nós como P&D, era de lá que surgiam as novidades e inovações que seriam 
lançados pela empresa. 
Entretanto, a competitividade e os desafios contemporâneos que a 
empresa enfrenta para sobreviver impulsionaram diferentes maneiras para buscar 
a inovação. O setor de P&D não consegue mais sozinho acompanhar as 
inovações do mercado concorrente e as demandas dos clientes. Esse modelo, na 
qual a inovação está focada em um único departamento, é chamado inovação 
fechada. 
As mudanças nos fatores estruturais da sociedade estimularam e 
possibilitaram o surgimento da inovação aberta, que é a capacidade de os setores 
de P&D conduzirem um processo de inovação com a participação de pessoas de 
dentro e de fora da organização. O modelo de inovação aberta pode contar com 
as mais variadas colaborações, como os clientes, os fornecedores, os 
especialistas etc. Em suma, todas as ideias são consideradas na inovação. Da 
mesma forma, a empresa também é mais flexível, disponibilizando e 
compartilhando seu conhecimento a outros. Scherler e Carlomagno (2016) 
 
 
3 
apresentam alguns fatores estruturais que estimularam a potencialização da 
inovação aberta. 
• Globalização que se fortaleceu com a abertura do mercado, a ascensão 
da economia dos países emergentes, o fortalecimento do comércio 
internacional e o aumento de empresas transnacionais atuando 
globalmente. 
• Conhecimento acessível pela mobilidade, pelo uso de informações e 
conhecimentos que transpassam as fronteiras nacionais, como a empresa 
brasileira Embraer pode aproveitar e usar o conhecimento desenvolvido por 
uma Universidade Indiana (EUA). 
• Tecnologia, com o avanço da Internet e o fortalecimento da tecnologia, é 
possível o compartilhamento de informações e o surgimento de ideias 
através de sites, redes sociais, portais de compartilhamentos, 
conhecimentos técnicos, entre outros. 
• Limitações do P&D, o setor de P&D não tem conseguido atender a 
demanda para ofertar inovação da empresa, mostrando sua limitação na 
capacidade inovadora. 
Podemos acrescentar a esses dados a mudança cultural, um novo modo 
de vida, na qual a sociedade compartilha mais informações; os dados estão mais 
disponíveis através de multiplataformas, um conceito de economia que gera 
benefícios a todos, como exemplos, podemos citar a economia colaborativa1 e a 
economia criativa2. 
TEMA 2 – OPEN INNOVATION: UMA NOVA FORMA DE PENSAR 
O conceito de inovação aberta tem como objetivo melhorar o 
desenvolvimento de produtos e serviços através do aumento da eficiência dos 
processos, no que se refere ao desenvolvimento e à inovação. Ela foi proposta e 
propagada pelo professor Henry Chesbrough, no seu livro Open Innovation: The 
New Imperative for Creating and Profiting from Technology (Inovação Aberta: 
Como criar e lucrar com a tecnologia), lançado em 2003. Hoje ele é diretor 
 
1 Para saber mais sobre Economia Colaborativa, veja: <https://www.iugu.com/blog/o-que-e-
economia-colaborativa>. Acesso em: 2 set. 2022. 
2 Para saber mais sobre Economia Criativa, veja: 
<https://www.bancopan.com.br/blog/publicacoes/entenda-o-que-e-economia-criativa-e-conheca-
exemplos.htm>. Acesso em: 2 set. 2022. 
 
 
4 
executivo do Center for Open Innovation da Universidade da Califórnia, em 
Berkeley, nos Estados Unidos3. 
Segundo Chesbrough4, a sociedade contemporânea oportuniza o 
conhecimento em todos os lugares, por isso ser aberto permite poupar dinheiro, 
tempo e compartilhar riscos. A inovação aberta incentiva a entrada e a saída de 
ideias. Ainda, segundo entrevista de Chesbrough, o compartilhamento deve 
ocorrer através de parceiros que ajudam a criar valor para seus produtos. Um 
exemplo é a IBM que doa algumas patentes de software, mas licencia outras, 
ganhando, com isso, muito dinheiro. 
Outro exemplo é a Intel, que atual com pesquisa de semicondutores nas 
universidades, mas a tecnologia dos chips pertence basicamente a ela. Ainda, um 
outro exemplo que vale citar, é P&G (Procter & Gamble) que compartilha a maioria 
das suas tecnologias, depois de três anos de ofertar seus produtos no mercado, 
ficando sempre a frente da concorrência. 
Segundo o professore Chesbrough, a decisão do que deve ser aberto ou 
fechado na organização vai depender da estratégia organizacional, da criação de 
valor para o mercado e da retenção de uma parte desse conhecimento. Podemos 
entender que a empresa compartilha e retém conhecimento conforme seus 
direcionamentos estratégicos. 
Chesbrough define de modo preciso que a inovação aberta é o oposto ao 
modelo tradicional, que é uma integração vertical, ou seja, as definições 
estratégicas são decididas hierarquicamente de cima para baixo e de modo 
fechado. Ainda, o pesquisador relata que no modelo fechado, a empresa tinha que 
buscar a autossuficiência, sendo responsável por todas as etapas do processo. 
Em exemplo de integração vertical, tradicional, é uma montadora de automóvel 
que comprava a fábrica de motores, de pneus e demais fornecedores, integrando 
no seu processo e sua estrutura. Atualmente, neste modelo, as empresas fazem 
suas parcerias, não sendo mais necessários fazer integração ou fazer tudo 
sozinho. 
 
 
 
 
3 Época Negócios. 2009. Entrevista. Disponível em: <https://leaneagil.com.br/inovacao-aberta-
henry-chesbrough/>. Acesso em: 2 set. 2022. 
4 Época Negócios. 2009. Entrevista. Disponível em: <https://leaneagil.com.br/inovacao-aberta-
henry-chesbrough/>. Acesso em: 2 set. 2022. 
 
 
5 
A seguir, duas imagens que refletem os dois modelos de inovação. 
Figura 1 – Processo do modelo de inovação fechada 
 
Fonte: Grizendi, 2011, p. 50. 
Figura 2 – Processo do modelo de inovação aberta 
 
Fonte: Grizendi, 2011, p. 51. 
2.1 Inovação fechada e aberta: princípios e diferenças 
A diferença entre a inovação fechada com relação a inovação aberta, é que, 
na primeira, o sucesso é de responsabilidade da empresa, através de suas 
próprias ideias, ações e estratégias, enquanto, na segunda, a construção de 
 
 
6 
ideias, ações estratégias é discutida coletivamente, mantendo o espírito de 
colaboração, compartilhando novos conhecimentos. Segundo Rodrigues et al 
(2010), na inovação aberta, todas as ações permitem utilizar o máximo de 
potencial da organização e aumentam o retorno financeiro das partes envolvidas. 
Observe, a seguir, conforme nos mostra Chesbrough (citado por Grizendi, 
2011, p. 52), os princípios da inovação aberta são muito diferentes da inovação 
fechada. O que se destaca é que a organização reconhece que tem necessidade 
de buscar novas ideias, levando conhecimentos internos para fora e trazendo os 
de fora para dentro. 
Princípios da inovação fechada Princípios da inovação aberta 
As pessoas talentosas do setor trabalham para 
nós 
Nemtodas as pessoas talentosas do setor 
trabalham para nós. Necessitamos trabalhar 
com pessoas talentosas dentro e fora da 
empresa. 
Para lucrar com o P&D, nós devemos 
pesquisar e desenvolver nós mesmos. 
P&D externo pode criar valor significativo. P&D 
interno é necessário para garantir uma porção 
desse valor. 
Se nós mesmos realizarmos nossas 
pesquisas, conseguiremos chegar primeiro ao 
mercado. 
Nós não temos que, necessariamente, originar 
a pesquisa para obter lucro com ela. 
A empresa que levar primeiro a inovação para 
o mercado, será vencedora. 
Construir um melhor modelo de negócio é 
melhor que levar primeiro para o mercado. 
Se criarmos as maiores e melhores ideias no 
nosso setor, seremos vencedores. 
Se nós fizermos o melhor uso de ideias 
internas e externas, seremos vencedores. 
Devemos proteger nossa Propriedade 
Intelectual (PI) de maneira que os nossos 
competidores não se beneficiem com as 
nossas ideias. 
Devemos nos beneficiar de outros usos de 
nossas Propriedade Intelectual (PI) e devemos 
adquirir PI sempre que for vantajoso para 
nosso modelo de negócios. 
Fonte: Grizendi, 2011, p. 52. 
TEMA 3 – INOVAÇÃO INTERATIVA: CONECTANDO EMPRESAS E USUÁRIOS 
A transformação de ideias em produtos, serviços ou mesmo processos 
permitem o aprimoramento, passando por vária etapas organizacionais. Desta 
forma, a inovação não é um ato único, isolado, mas uma ação colaborativa que 
perpassa vários ambientes da empresa e transcorre diversas instituições. 
Bessan e Tidd (2013) destacam que a inovação é realizada conforme o 
ambiente social (uma influência direta do ambiente externo) e provocam 
alterações sociais, trazendo mudanças de comportamento. 
Kolbe (2021) esclarece que as inovações de produtos, serviços e 
processos são denominadas inovações tecnológicas, pois são utilizados recursos 
científicos, baseados no conhecimento e na tecnologia. Estes, normalmente, são 
 
 
7 
desenvolvidos pelas universidades, institutos de pesquisa ou mesmo as 
empresas. 
A palavra inovação normalmente nos remete a inovação produtos, algo 
tangível, que o mercado e o consumidor conseguem reconhecer e identificar que 
houve mudanças. Entretanto, observe na tabela a seguir, apresentada por Rocha 
et al (2019), que a inovação aberta na organização pode ocorrer de diversas 
maneiras: 
Autor Tipologia Descrição 
 
Schumpeter (1988); OCDE 
(2006); Akcigit (2010); 
Imbuzeiro (2014); Koc e 
Bozdag (2017). 
 
 
Inovação radical 
Inovação incremental 
 
Inovações radicais 
produzem mudanças 
fundamentais nas 
atividades de uma 
organização e grandes 
desvios nas práticas 
existentes, ao passo que 
as inovações incrementais 
representam um menor 
grau de desvio das atuais 
práticas de uma 
organização. Inovações. 
 
Christensen, Johnson e 
Rigby (2002); Besanko et al 
(2010) 
 
Inovação disruptiva 
Inovações que permitem a 
entrada de novos 
participantes no mercado, 
a partir de soluções 
simples, com rápido 
crescimento mercadológico 
Schumpeter (1988); OCDE 
(2006); Silva, 
Weschenfelder e Esteves 
(2014); Heidenreich e 
Kraemer (2016); Jacobs et 
al., (2016). 
 
Inovação de 
produto/serviço 
Introdução de 
produtos/serviços novos ou 
significativamente 
melhorados em termos de 
suas características ou 
utilização pretendida 
OCDE (2006); Tidd, 
Bessant e Pavitt (2008); 
Forsman (2011); Ruzzier, 
Hojnik e Lipnik (2013); 
Imbuzeiro (2014). 
 
Inovação de processos 
Referem-se às mudanças 
na forma em que os 
produtos ou serviços são 
criados e entregues 
Kimberly (1981); Evan 
(1996); Aravind (2012); 
Ayhan e Oztemel (2014); 
Hamidi e Benabdeljlil, 
(2015); Jacobs et al, (2016) 
Inovação 
organizacional/gerencial/ 
administrativa 
Criação e implementação 
de novas práticas, 
processos, estruturas e/ou 
técnicas de gestão, que 
contribuem para maior 
organização, eficiência e 
desempenho dos negócios. 
OCDE (2006); Takahashi 
(2012); Imbuzeiro (2014). 
Inovação 
 
Inovação de marketing 
Mudanças na concepção e 
promoção do produto, seja 
por alterações 
significativas no desenho 
ou embalagem, 
posicionamento, alcance 
 
 
8 
de novos mercados, 
promoção e preço 
Tidd, Bessant e Pavitt 
(2008) 
 
Inovação de posição 
Introdução de mudanças 
no contexto em que 
produtos ou serviços são 
lançados no mercado 
Tidd, Bessant e Pavitt 
(2008) 
 
Inovação de paradigma 
Mudanças nos modelos 
mentais implícitos que 
orientam o que a empresa 
faz. 
Agarwal e Brem (2012); 
Radjou e Prabhu (2013); 
Tiwari; Kalogerakis; 
Herstatt (2014). 
 
Inovação frugal 
Produzir, redesenhar e 
desenvolver produtos e 
processos a um custo 
mínimo. 
Fonte: Rocha et al, 2019. 
3.1 Inovação aberta: tecnologia e processo 
É mais visível para a sociedade, e o mercado consumidor, identificar 
quando a empresa oferece um produto inovador (palpável), algo que possa ser 
consumido diretamente. Porém, essa inovação permeia por diversos setores da 
organização, se destacando no marketing, que apresenta o resultado para a 
sociedade. 
Entretanto, diversas são as demandas e as possibilidades de realizar a 
inovação. Podemos citar como exemplo a inovação na melhora de processo, que 
otimiza o tempo dos colaboradores, e aprimoram a produtividade ofertando mais 
resultados financeiros. Essa melhora demanda um estudo do tempo, do processo, 
e registro das ações. 
Ainda, a inovação pode atender uma demanda específica do cliente, com 
a participação dele no encontro da solução. Melhorar o processo, agilizar as 
formas de arquivar informações, pensar em novos produtos, ofertar novas e 
diferenciadas embalagem por meio de um material inovador e sustentável, propor 
modelos de mapas mentais com a equipe para mudar o mindset, são alguns dos 
exemplos que podem ocorrer na inovação aberta. O importante é identificar 
oportunidades para inovar e obter melhorias. 
A tecnologia tem avançado significativamente, trazendo mudanças ao 
cotidiano. A Internet, com as redes sociais, é uma fonte de ideias para a inovação 
aberta, por meio do intenso compartilhamento de conhecimento e informação. No 
contexto interno, na gestão da organização, a tecnologia pode auxiliar no TI, nos 
treinamentos, na comunicação, no controle. É necessário ter objetividade no que 
se pretende inovar e qual resultado alcançar, para que não seja “mais do mesmo”, 
uma repetição sem resultado efetivo da organização. 
 
 
9 
Saiba mais 
Para saber mais assista o vídeo a seguir. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=d9oAIsEBclI>. Acesso em: 2 set. 2022. 
TEMA 4 – CRIAÇÃO DE VALOR NA INOVAÇÃO 
A pesquisadora digital Martha Gabriel5 fala que o Brasil é um país 
conhecido por ser muito criativo. Entretanto, ela também relata que somos um 
país pouco inovador. Significa que somos criativos, mas poucos inovadores, 
porque a criatividade é uma inspiração, um momento de uma ideia maravilhosa. 
Mas para essa ideia dar resultado e ser inovadora, ela precisa ser lapidada, 
trabalhada, por meio de uma estratégia, com determinação e persistência para 
alcançar o resultado desejado. 
“Talento é 1% inspiração e 99% transpiração” (Thomas Edison), então, 
somente uma boa ideia não resolve, ela tem que criar valor. O professor Philip 
Kotler6, referência em marketing, diz que a inovação deve ser inalcançável, pois 
se a empresa inovar terá muitos fracassos, mas se não inovar estará fora do 
mercado, como aconteceu com a Kodak, Blockbuster entre outros. E, ainda, ele 
orienta que a empresa chame seus consumidores (clientes e usuários) para 
produzir o produto com a empresa. 
Ele defende a cocriarão dos produtos da empresa junto com os 
consumidores, que são os que mais entendem da necessidade do produto 
ofertado. Essa realidade já é praticada pela Harley Davison, Lego, GM entre 
outras, e essas já são empresas referências. 
Dentro dessa realidade, observamos que o século XXI tem sido marcado 
pelas mudanças no comportamento do consumidor, fazendo as empresas 
buscaremnovas oportunidades de criação de valor com a inovação em seus 
produtos. 
Há um “conceito estabelecido” que inovar algo é criar alguma coisa 
totalmente do zero. Isso não é verdade! A inovação não é um processo 
embrulhado, fechado, que ninguém tem acesso, como se fosse uma caixa preta 
 
5 TEDx Talks. A lagarta e a borboleta: da criatividade à inovação – Martha Gabriel at 
TEDxJardim das Palmeiras. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=d9oAIsEBclI>. 
Acesso em: 2 set. 2022. 
6 PORTAL Administradores. Três lições de Marketing de Philip Kotler. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=qYsifboNgS8>. Acesso em: 2 set. 2022. 
 
 
10 
que de lá saem várias soluções. Ao contrário, a inovação é um processo claro, 
compreensível e entendível. 
Por isso, observa-se que a inovação vem de uma transformação e uma 
combinação do que já existe. Não é simplesmente uma cópia, mas é combinar 
produtos/serviços já existentes, adaptando aos novos contextos e demandas 
sociais, agregando novos valores aos produtos existentes. 
Retomando Kotler (2021), o pai do marketing, para o cliente, a criação de 
valor é a solução que a empresa oferece para atender às suas expectativas. É 
agregar resultados que devem ser percebidos nos produtos ou nos serviços, 
trazendo um efeito financeiro significativo. Para trazer resultado eficazes, esse 
diferencial competitivo deve ser identificado pelos consumidores. 
A criação de valor na inovação empresarial pode ser facilitada através de 
algumas etapas a seguir7. 
• Analise os concorrentes e descubra seus diferenciais competitivos: 
observar o que os concorrentes fazem e identificar possibilidades do que 
implantar na sua empresa (copiar o que é bom). Lembre-se que “o diabo 
mora nos detalhes”, então pense nos pequenos detalhes que podem 
melhorar a sua relação com seu consumidor (oferecer brindes, prazos de 
entregas, processo mais ágil...). 
• Identifique e tenha aderência às tendências do mercado: identificar 
oportunidades nas tendências do mercado para promover sua marca, 
através de campanhas de saúde (outubro rosa, novembro azul), feriados e 
festas nacionais, entre outros. 
• Acompanhe seu cliente no pós-venda: pesquisas demonstram que 80% 
dos clientes que tiveram suas reclamações atendidas voltam a comprar na 
empresa. Cuide do seu cliente! 
• Identifique as necessidades e os problemas do seu consumidor: ao 
comprarmos algo, buscamos resolver um problema. Quando a empresa 
oferta solução, ela agrega valor ao produto e/ou serviço. 
• Diferencie sua marca: dê personalidade a sua marca com aderência ao 
público consumidor. Cuide da tipologia, das cores e mensagem proposta. 
 
7 CASA Da Consultoria. Criação de valor empresarial: valor percebido no produto e serviço. 
Disponível em: <https://casadaconsultoria.com.br/criacao-de-valor-empresarial/>. Acesso em: 2 
set. 2022. 
 
 
11 
• Tenha um plano estratégico para a criação de valor: tenha um 
cronograma envolvendo todos os colaboradores no processo. Lembrando 
que a inovação demanda trabalho. 
Saiba mais 
Para saber mais, assista ao vídeo a seguir. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=IhpTfJ6e0Cg>. Acesso em: 2 set. 2022. 
TEMA 5 – INOVAÇÃO ABERTA: A ORIGEM NA CULTURA MAKER 
Para identificar o que hoje é chamado de inovação aberta, vamos resgatar 
alguns movimentos culturais e sociais que permitiram o avanço desse modelo de 
inovação, que teve seus primórdios na cultura maker. 
Kolbe (2021) relata que a cultura maker teve sua origem no DIY (Do It 
Yourself), na linha do faça você mesmo, que iniciou na década de 1950 através 
de pequenos consertos residenciais. Nos anos 1970, essa cultura se espalhou 
através da arte. 
Aqui se destaca a arte dos punks, movimento artístico contracultura que foi 
fundamental para a disseminação do DIY. A cultura punk se difundiu através da 
música e da sua ideologia, que era contra o autoritarismo, era a favor da liberdade 
anárquica e contra o consumismo8. 
Esse movimento na contracultura estimulou as bandas punks a produzirem 
seus próprios discos e shows, saindo do controle das grandes produtoras 
musicais, nasce então a cultura zine9. 
O movimento maker é uma extensão do DIY. As pessoas sempre tiveram 
vontade de fazer as coisas com as mãos, por conta própria, mas faltava um 
elemento transformador, as ferramentas digitais. 
A diferença entre cultura maker e DIY são os recursos. A cultura maker 
começou e surgiu na indústria da tecnologia, através das feiras makers no início 
de 2006. Esses eventos reuniam engenheiros, cientistas e estudantes, todos os 
que desejavam realizar algo com as mãos. 
 
8 PUNK. O que é o punk. Disponível em: <https://www.significados.com.br/punk/>. Acesso em: 2 
set. 2022. 
9 É uma proposta para artistas independentes poderem através da autopublicação expandir sua 
criatividade, conhecer pessoas e principalmente, dizer o que precisa ser dito através das diversas 
formas de expressar a arte como forma de resistência! 
 
 
12 
Tanto a cultura maker como o DIY se destacam pela autonomia e permitem 
realizar desejos pelas próprias mãos. As ferramentas tecnológicas têm 
impulsionado essas transformações culturais pelas impressoras 3D, softwares, 
entre outros, que não estão mais limitados as grandes organizações. 
Um aspecto importante na cultura maker é o fator colaborativo Aevo (citado 
por Kolbe, 2021). A cooperação é vital para impulsionar novas ideias, aliado ao 
cenário digital, através de arquivos, esquemas e códigos que podem ser 
compartilhados e modificados online. 
Face a essa nova realidade, as empresas começaram a encontrar 
dificuldade no controle do capital intelectual. A solução encontrada foi se adaptar 
para gerenciar os novos projetos, saindo da inovação fechada para a inovação 
aberta. Dentro desse novo contexto, podemos entender que a cultura maker é a 
nova revolução industrial. 
5.1 Inovação aberta: permeando pela ciência 
Além das situações citadas anteriormente, outros movimentos culturais, 
artísticos e tecnológicos também compartilham da abertura e disseminação de 
conhecimento, comunicação e informação. 
No campo da pesquisa cientifica, o movimento ciência aberta10 é um termo 
guarda-chuva que engloba as práticas de abertura e compartilhamento de dados 
científicos, estimulando e favorecendo a vida do pesquisador. 
Ainda, tem o projeto ciência cidadã11, que consiste em uma parceria entre 
os amadores e os cientistas na coleta de dados para a pesquisa científica. Há uma 
colaboração entre os pesquisadores profissionais para aumentar a participação 
do público em geral. Esse projeto envolve muito “curiosos e amantes” da área 
ambiental, onde “qualquer pessoa em qualquer lugar pode submeter as suas 
informações através de internet mediante aplicativos e celulares. Uma ferramenta 
científica eficiente, que gera muitos dados com pouco investimento” (SIBBR). 
Esse modelo de pesquisa possibilita desenvolver os chamados cidadãos 
cientistas, que são os voluntários que documentam e registram ao redor do mundo 
 
10 RNP. O que é Ciência Aberta e como ela pode facilitar a vida de cientistas. Disponível em: 
<https://www.rnp.br/noticias/o-que-e-ciencia-aberta-e-como-ela-pode-facilitar-vida-de-cientistas>. 
Acesso em: 2 set. 2022. 
11 SIBBr. Ciência cidadã. Disponível em: 
<https://sibbr.gov.br/cienciacidada/oquee.html?lang=pt_BR>. Acesso em: 2 set. 2022. 
 
 
 
13 
os padrões ecológicos, como o monitoramento das espécies, a propagação de 
doenças infecciosas, as tendências populacionais, alteração climáticas. Projetos, 
como na observação de pássaros, os dados informacionais são alimentados por 
não especialistas, permitindo a todos os interessados ter acesso às informações. 
5.2 Exemplo prático: picolés do Brasil12 
A Lowko Sorvetes foi uma das participantes do Programa Scale-Up 
Endeavor13, na edição de 2020. Ela se juntou com as empresas Ambev, Cargil e 
GPA, parceiras da Endeavor, para lançar um picoléde frutas de sabores 
inovadores e baixa caloria – a linha Lowko Pops14, picolé feito em parceria com a 
Do Bem15 (uma marca da Ambev). 
A parceria aconteceu através de compartilhamento de dados e de pesquisa 
de mercado. A GPA ofereceu à Lowko os seus dados (informações) referente à 
categoria de mercado, em relação a sabores, hábitos de consumo e o perfil dos 
consumidores. E dispôs uma equipe para auxiliar na ideação, na proposta de valor 
e testes com futuros consumidores para analisar a intenção de compra. 
A Cargil também participou do processo, viabilizou uma equipe de 
colaboradores com know-how para auxiliar tecnicamente na escolha dos 
principais ingredientes. 
A Ambev também apoiou desde o início, através da sua marca Do Bem. E 
forneceu apoio na fase técnica para encontrar fornecedores parceiros e os canais 
de entrega do produto. 
Segundo o site da Endeavor, 
essa história é a prova que a colaboração entre players gera eficiência 
e redução de custos, diminuindo o tempo de entrada de novas 
tecnologias no mercado. E, como consequência, revoluciona indústrias 
tradicionais, acelerando o crescimento do país. 
 
 
12 ENDEAVOR. Inovação Aberta para revolucionar o mercado de picolés do Brasil. 
Disponível em: <https://endeavor.org.br/open-innovation/inovacao-aberta-para-revolucionar-o-
mercado-de-picoles-do-
brasil/?gclid=CjwKCAjw3qGYBhBSEiwAcnTRLglgEl33gHt2_3sz_ATBOC0zW1bRx_dR0D75N4b
7HFWVvTU-uNMj6RoCfEEQAvD_BwE>. Acesso em: 2 set. 2022. 
13 O Scale-Up Endeavor é o programa de aceleração das empresas que mais crescem no Brasil. 
14 LOWKO Sorvetes. Disponível em: <https://www.lowko.com.br/>. Acesso em: 2 set. 2022. 
15 AMBEV. Disponível em: <https://www.ambev.com.br/marcas/sucos/do-bem/>. Acesso em: 2 
set. 2022. 
 
 
14 
Saiba mais 
Para saber mais assista ao vídeo a seguir. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=4WN3qOpAzd4>. Acesso em: 2 set. 2022. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
BALESTRIN, A.; VERSCHOORE, J. Redes de Cooperação Empresarial. Porto 
Alegre: Grupo A, 2016. 
BESSANT, J.; TIDD, J. Inovação e Empreendedorismo. Porto Alegre: Grupo A, 
2019. 
BRAGA, A. C. et al. Cocriação de Valor: conectando a empresa com os 
consumidores através das redes sociais e ferramentas colaborativas. São Paulo: 
Grupo GEN, 2014. 
CHESBROUGH, H.; VANHAVERBEKE, W.; WEST, J. Novas fronteiras em 
inovação aberta. São Paulo: Editora Blucher, 2017. 
DOS WANDERLEY, A. R. M. C.; BONACIN, R.; SANTOS, M. Hackathon: 
soluções inteligentes e práticas colaborativas. São Paulo: Editora Saraiva, 2021. 
GRIZENDI, E. Manual de orientações gerais sobre inovação. Brasília: 
Ministério das Relações Exteriores, 2011. Disponível em: 
<http://redsang.ial.sp.gov.br/site/docs_leis/pd/pd9.pdf>. Acesso em: 2 set. 2022. 
KOLBE JUNIOR, A. Startups e a Inovação Aberta. Curitiba: Contentus, 2021. 
KOTLER, P. Marketing para o século XXI. Alta Books: Rio de Janeiro, 2021. 
ROCHA, R. O.; OLAVE, M. E. L.; ORDONEZ, E. D. M. Estratégias de inovação 
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