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Doenças intersticiais Introdução: • Sintomas mais frequentes: tosse, dispneia e sibilância • Avaliação clínica inicial: função pulmonar completa com difusão (redução da CVF – restrição), raio X, tomografia de alta resolução, gasometria arterial, exames laboratoriais autoimunes (descartar colagenoses – AR, Sjogren e esclerodermia), saturação de O2. • Padrões radiológicos: PIU (pneumonia intersticial usual) e PINE. • O sistema respiratório pode ser acometido em qualquer um de seus componentes: parênquima, vias aéreas, pleura, vasos e músculos respiratórios. • Doença de padrão restritivo. • A intensidade da dispneia se relaciona com o prognóstico na FPI. • Avaliar na anamnese: história ocupacional detalhada, tabagismo, avaliação para DRGE, uso de fármacos e doenças sistêmicas devem ser verificados rotineiramente na abordagem das doenças pulmonares intersticiais. • Baqueteamento digital e estertores de tipo velcro indicam em geral doença fibrosante. • Animais (calopsita, periquita, papagaio) – a proteína da pena causa pneumonite de hipersensibilidade. • Diferentes aspectos radiológicos e anatomopatológicos. Fibrose pulmonar idiopática: Pneumopatia intersticial crônica fibrosante de causa desconhecida; restrita aos pulmões. Acomete preferencialmente homens idosos com história atual ou pregressa de tabagismo (exposição de 30 anos/maço). Padrão radiológico e histológico = PIU (encaminhar ao pneumo) Tratamento = anti-fibróticos (Nintedanibe e pirfenidona) Prognóstico reservado (sobrevida de menos de 3 anos sem remédio) e de 5 anos com remédio. Fibrose na tomografia = faveolamento, bronquiectasias/bronquiolectasias de tração, espessamento septal interlobular irregular; predominância periférica e subpleural das alterações, em zonas inferiores e posteriores; opacidades em vidro fosco são raras. Exames a cada 2 ou 3 meses. Indicações de usar remédio: CVF <50% Pneumonia intersticial não específica: Padrão PINE (radiológico e histológico) como entidade específica. Acomete pacientes de 40 a 50 anos, sem predileção por sexo e sem associação com tabagismo. PINE padrão radiológico e padrão histológico Diferentes graus de inflamação e fibrose Celular (mais componente de vidro fosco) x fibrótica Investigar: exposições, drogas, colagenoses, HIV, tabagismo Tratamento: específico da causa; SE FOR idiopática: sem tratamento Radiologia: opacidades em vidro fosco; achados de fibrose; faveolamento é incomum; predominância em bases do pulmão e periférica nos campos pulmonares inferiores; regiões subpleurais preservadas. Doenças do tecido conjuntivo: São doenças heterogêneas, imunomediadas e sistêmicas que afetam diversos órgãos. Acometimento de parênquima, vias áreas, pleura, vasos e músculos respiratórios. Padrão PIU (mais comum na AR) e PINE (mais comum nas demais). Tratamento: específico da doença (tratar a doença de base). Doenças tabaco relacionadas: DPI: • Bronquiolite respiratória com DPI (BR-DPI) o Sintomas + alterações funcionais relevantes o TCAR = nódulos centrolobulares, áreas de vidro fosco e em mosaico, com predominância nos lobos superiores, e enfisema o LBA = compatível com macrófagos pigmentados e diferencial normal o Se o paciente parar de fumar pode reverter os achados tomográficos (observar regressão com a cessação do tabagismo por meio das provas funcionais e TCAR em 3 meses; se positivo, diagnóstico provável de bronquiolite respiratória. SE NÃO apresentar resposta, está indicado realizar biópsia. • Pneumonia intersticial descamativa (PID) o 90% relacionado com tabaco; 10% exposição no trabalho – carvão o Espessamento alveolar septal difuso, hiperplasia dos pneumócitos do tipo II e acúmulo intenso intra-alveolar de macrófagos o Radiologia: opacidades em vidro fosco bilaterais e simétricas o Se cessar o tabagismo para de evoluir a doença o Tratamento: cessar tabagismo/exposição, corticoterapia e avaliar transplante (nos casos de progressão). • Histiocitose pulmonar de células de Langerhans (HPCL) • Fibrose pulmonar idiopática (FPI) • Combinação de fibrose pulmonar com enfisema Sarcoidose: Doença sistêmica caracterizada pela presença anatomopatológica de granulomas de células epiteliais não caseosos; Interação entre fatores genéticos e ambientais pela cascata de respostas inflamatórias Mais comum em mulheres; acima de 40 anos Alterações de pele (eritema nodoso); olhos (uveíte); rim (hipercalcemia); fígado; cardíaco EXAMES a serem realizados/solicitados: • Exame físico detalhado; • Radiografia simples e TCAR do tórax • Função pulmonar: espirometria, DLCO e troca gasosa após exercício • Hemograma completo • Bioquímica sanguínea: cálcio sérico, enzimas hepáticas, ureia e creatinina • Urina tipo I • Urina de 24h: calciúria • Imunoeletroforese de proteínas • Avaliação cardíaca: ECG, Holter de 24h e ecocardiograma • Exame oftalmológico • PPD LBA (lavado broncoalveolar): predomínio linfocítico BTB (biópsia transbrônquica): granulomas não necróticos Tratamento: corticoide (curso de 0,5 a 1mg/kg de 1 a 3 meses, se resposta mantém por 1 ano); pode evoluir para remissão espontânea; metrotrexate; imunossupressão Peribroncovascular = lembrar de sarcoidose (tá no interstício, região de fissuras ou subpleural) Na radiologia • Nódulos pequenos, bem definidos, ocorrendo em distribuição perilinfática. • Nódulos grandes (> 1 cm), massas ou áreas de consolidação, frequentemente com broncograma aéreo • Aumento ganglionar, usualmente simétrico, e calcificação puntiforme ou em casa de ovo • Sarcoidose com fibrose CLASSIFICAÇÃO: Pneumonite de hipersensibilidade: Doenças pulmonares causadas pela inalação de vários materiais antigênicos, que são usualmente orgânicos O tabagismo exerce uma função protetora contra o desenvolvimento de PH Investigar exposição (a mofo, calopsitas, trabalho no campo) Pode se subdividir em: 1. Aguda = sintomas pouco tempo após a exposição; sintomas semelhantes a quadro gripal 2. Subaguda = exposição menos intensa, mas contínua; dispneia, tosse, perda de peso, mal- estar 3. Crônica = exposição longa; dispneia, baqueteamento digital LBA: predomínio linfocítico Biopsia: PINE, pneumonia intersticial bronquiolocêntrica, PIU; Tratamento: • Cessar tabagismo • Corticoterapia • Imunossupressão Radiologia (aguda/subaguda) = opacidades em vidro fosco difusas; opacidades nodulares centrolobulares pequenas e mal definidas; áreas de atenuação em mosaico; áreas de aprisionamento aéreo (os pretos da radiologia); Radiologia (crônica) = achados compatíveis com fibrose; nódulos centrolobulares ou opacidades em vidro fosco superpostos. Diagnóstico anatomopatológico: De todas as doenças intersticiais. • Broncoscopia com lavado broncoalveolar: o Diagnóstico ▪ Proteinose alveolar ▪ Pneumocistose, infecção por CMV, fungos e micobacterioses ▪ Carcinoma bronquíolo-alveolar difuso ▪ Hemorragia alveolar difusa ▪ Pneumonia eosinofílica o Diagnóstico altamente sugestivo quando associado a dados clínicos e tomográficos ▪ Pneumonite de hipersensibilidade: linfocitose, células plasmáticas e macrófagos xantomatosos ▪ Sarcoidose: linfocitose associada com relação CD4/CD8 > 3,5 ▪ Bronquiolite respiratória + doença pulmonar intersticial: macrófagos com inclusões tabágicas, sem outras células específicas ▪ Pneumonia em organização criptogênica: celularidade mista com predomínio de linfócitos, macrófagos xantomatosos, relação CD4/CD8 reduzida RESULTADO DA BRONCOSCOPIA COM LAVADO BRONCOALVEOLAR: - Linfócitos Neutrófilos Eosinófilos Observação FPI N +++ + Exclusão de outras doenças PINE crônica ++ (celular) +++ + Exclusão de outras doenças Colagenoses + + Exclusão de outras doenças Sarcoidose +++ + (fibrose) N CD4/CD8 > 3,5 PH +++ + (hiperaguda/crônica) N CD4/CD8 < 1 + mastócitos • Broncoscopia com biópsia transbrônquica• Broncoscopia com criobiopsia • Biopsia cirúrgica CONTRAINDICAÇÕES PARA BIÓPSIA CIRÚRGICA: • Pulmão “terminal” (em geral, faveolamento difuso) • Disfunção pulmonar acentuada o CVF < 50% previsto o VEF < 1L o DLCO < ou = 30% previsto o PaO2 < 50- 55mmHg o PaCO2 elevada o Uso crônico de O2 • Presença de hipertensão pulmonar • Elevado risco cardiovascular • Uso de imunossupressores • Suspeita de exacerbação de fibrose pulmonar idiopática
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