Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Desenvolvimento das Competências Socioemocionais Competências Socioemocionais: Propostas de Ensino e Design Thinking Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Rutinéia Cristina Martins Revisão Textual: Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Competências Socioemocionais na Base Nacional omum Curricular; • Competências Socioemocionais, BNCC e os Níveis de Ensino da Educação Básica; • O Design Thinking. Fonte: Getty Im ages Objetivos • Compreender como as competências socioemocionais são inseridas na Base Nacional Comum Curricular nas etapas da Educação Básica e formação docente; • Conhecer aspectos e compreender o Design Thinking como uma abordagem prática e criativa que pode ser apropriada pela educação para a resolução de problemas. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Competências Socioemocionais: Propostas de Ensino e Design Thinking UNIDADE Competências Socioemocionais: Propostas de Ensino e Design Thinking Contextualização Era a Chapeuzinho Amarelo. Amarelada de medo. Tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho. Já não ria. Em festa, não aparecia. Não subia escada, nem descia. Não estava resfriada, mas tossia. Ouvia conto de fada, e estremecia. Não brincava mais de nada, nem de amarelinha [...] (BUARQUE, 2019) . Chapeuzinho Amarelo conta a história de uma garotinha amarela de medo. Tinha medo de tudo, até do medo de ter medo. Era tão medrosa que já não se divertia, não brincava não dormia, não comia. Seu maior receio era encontrar o Lobo, que era capaz de comer duas avós, um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz e um chapéu de so- bremesa. Ao enfrentar o Lobo e passar a curtir a vida como toda criança, Chapeuzinho nos ensina uma valiosa lição sobre a coragem e superação do medo (BUARQUE, [s.d.]) . Chapeuzinho aprendeu a lidar com a emoção. Esse clássico da literatura infantil nos convida a tratar das competências socioemo- cionais e propostas de ensino. O que o currículo tem a oferecer para a educação das emoções? O Design Thinking pode fornecer ideias de como trabalhá-las? 6 7 Competências Socioemocionais na Base Nacional Comum Curricular A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é o documento mandatário na educação brasileira no que se refere à organização do currículo, aos objetos de conhecimento que cada aluno da educação básica deve ter acesso, sem distinção entre escolas públicas, privadas ou região do país. Todos os alunos devem aprender os mesmos conteúdos, havendo liberdade para a escolha dos métodos nas diversas realidades. Construir a BNCC foi um processo longo e democrático, que teve início com a promul- gação da Constituição de 1988, que prevê em seu artigo 210 (BRASIL, 2020): “[...]Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”. A seguir, é apresentada uma linha do tempo, em que se pode visualizar os documen- tos publicados no intuito de efetivar os dizeres desse artigo: Tabela 1 Ano Documento 1996 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/1996) 1997 Parâmetros Curriculares Nacionais 1998 Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil 2000 Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio 2010 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil 2011 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 anos 2012 Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa 2013 Pacto Nacional para o Fortalecimento do Ensino Médio 2015 I Seminário Interinstitucional para a elaboração da BNCC 2016 Primeira versão da BNCC 2017 Versão final da BNCC 2018 BNCC para o Ensino Médio Fonte: Elaborado pela autora, a partir da leitura de Brasil, 2020 Em 20 de dezembro de 2007, o Ministério da Educação, por intermédio do ministro Mendonça Filho, homologa a Base Nacional Comum Curricular – Portaria 1570/2017, promovendo uma alteração na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A ho- mologação do documento impulsiona o movimento de adequação de currículos e forma- ção de professores para implementar tal adequação. No texto da BNCC, há o compromisso explícito com a educação integral, tendo em vista que a Educação Básica, conforme o documento informa (BRASIL, 2017, p. 12), deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global, o que implica compreen- der a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento. Dessa forma, busca-se 7 UNIDADE Competências Socioemocionais: Propostas de Ensino e Design Thinking romper com visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. Crianças, jovens e adultos não são compreendidos apenas como alunos – alguém que, em tese, está no ambiente escolar para receber formação –, mas como seres integrais, ativos e dotados de razão e emoção. No documento, esses preceitos estão inseridos nas competências gerais da BNCC, entendidas como: [...] a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habi- lidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. (BRASIL, 2017, p.8) Tal conceito foi desenvolvido a partir da obra de Perrenoud, e adequado à realidade educacional e social do século XXI. Partindo dessa ideia, a educação socioemocional co- meça a ser inserida no currículo. Em meio a 10 competências gerais, pode-se classificar três delas como propostas para o desenvolvimento de competências socioemocionais. Tabela 2 Competências Socioemocionais no Âmbito das Competências Gerais Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza . Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. Fonte: BRASIL, 2017, p. 12 A primeira competência citada liga-se ao autoconhecimento, princípio da educação socioemocional, pois trata de habilidades que possibilitam ao indivíduo olhar para dentro de si e analisar-se: o que o faz feliz, triste, nervoso, até conseguir avaliar-se, realizando a autocrítica, fundamental para a convivência, principalmente na escola, em que se convive com grande diversidade de pessoas, com suas origens, histórias de vida, hábitos e valores. No exercício do diálogo, promove-se o debate de ideias, emque é possível conhecer e avaliar diversos pontos de vista, levando ao desenvolvimento da empatia, por poder ter acesso ao ponto de vista alheio, seus anseios e sentimentos. Assim, o preconceito é diminuído, facilitando a tolerância e o respeito entre pessoas que podem conviver juntas por muitos anos. Esse trabalho, que precisa ser ensinado e permeado de maneira trans- versal nas relações escolares, favorece que essa convivência seja pacífica e que haja cres- cimento pessoal, no conhecimento da cultura e modos de vida de indivíduos diferentes. 8 9 Figura 1 – Pessoas multicoloridas Fonte: Getty Images Autonomia, responsabilidade, flexibilidade e resiliência são consequências do traba- lho de desenvolvimento de competências socioemocionais realizado pela escola. Mas, como desenvolver tais competências em meio a um leque de objetos de conhecimento que precisam ser ensinados? A BNCC não aponta metodologias, mostra o que deve ser ensinado. Todavia, é sabido que as ações que envolvem a coletividade são fundamentais, uma vez que os conflitos surgidos entre um indivíduo e ele próprio e entre um indivíduo e outros, nascem das relações existentes entre as demais pessoas, sejam elas relações que envolvem opressão ou comparação. Competências Socioemocionais, BNCC e os Níveis de Ensino da Educação Básica Como a BNCC abrange os níveis de ensino da Educação Básica: Educação Infantil, Anos Iniciais do Ensino Fundamental, Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Mé- dio, foi possível mapear quais competências são propostas para cada etapa de ensino, estabelecendo uma relação entre elas. Educação Infantil Nessa etapa de ensino, direcionada para crianças de 0 a 5 anos e oferecida em cre- ches e pré-escolas, os eixos norteadores para o trabalho pedagógico são a interação e a brincadeira, conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (MEC, 2010). Partindo dos eixos estruturantes, a BNCC estabeleceu direitos de apren- dizagem no intuito de oferecer as condições para que as crianças aprendam em situa- ções nas quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes que as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre si, os outros e o mundo social e natural (BRASIL, 2017, p. 39) . 9 UNIDADE Competências Socioemocionais: Propostas de Ensino e Design Thinking A própria estruturação dos eixos propicia a construção de habilidades socioemocio- nais, posto que interagir e brincar com intencionalidade, ou seja, objetivos definidos para a ação, pressupõe que haja situações de obedecer regras, superar desafios, conhecer e con- viver na diversidade, sabendo esperar a sua vez de ser atendido em seus desejos e anseios. Figura 2 – Interação na creche Fonte: Getty Images Desta forma, são estabelecidos respeito e responsabilidade ao se obedecer regras, au- tonomia ao superar desafios, empatia e tolerância ao conhecer a diversidade, paciência ao aprender esperar a sua vez, dentre outras que podem nascer de diversos projetos e propos- tas. Por isso, no quadro a seguir, aponta-se a inter-relação entre os direitos de aprendizagem e as possibilidades de desenvolvimento de habilidades e competências socioemocionais. Tabela 3 Direitos de Aprendizagem Habilidades/Competências Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas. · Empatia · Tolerância · Altruísmo Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. · Empatia · Tolerância · Altruísmo · Autoconhecimento · Autonomia · Gestão das emoções · Intuição Criativa Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando. · Autonomia · Debate de ideias · Responsabilidade Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. · Intuição criativa · Gestão das emoções 10 11 Direitos de Aprendizagem Habilidades/Competências Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens. · Debate de ideias · Intuição criativa · Gestão das emoções Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário. · Autoconhecimento · Autoestima · Autocrítica · Empatia e tolerância Fonte: BRASIL, 2017, p. 40 Ensino Fundamental Com duração de 9 anos, o Ensino Fundamental atravessa quase uma década na vida das crianças, possibilitando a vivência de emoções variadas, pois ingressam no 1º ano com apenas 6 anos e encerram-no aos 14 anos, de modo que essa etapa marca a vivên- cia da infância, sua transição para a adolescência e vivência dessa. Como o currículo é organizado para atender à essa sequência de mudanças nas emoções? Diferente da Educação Infantil, em que todos os direitos de aprendizagem se relacionam às competências socioemocionais, no Ensino Fundamental, a pressão pelas aprendizagens cognitivas aumenta. Ainda assim, a BNCC aponta direcionamentos para a educação das emoções nas áreas de Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas: Tabela 4 Área Competências Habilidades Linguagens (Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Artes, Educação Física) Utilizar como diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, Libras e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao diálogo, à resolução de conflitos e à cooperação. · Debate de ideias · Empatia · Tolerância · PaciênciaUtilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, atuando criticamente frente a questões do mundo contemporâneo. Matemática Desenvolver e/ou discutir projetos que abordem, sobretudo, questões de urgência social, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários, valorizando a diversidade de opiniões de indivíduos e grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza. · Empatia · Tolerância · Paciência Interagir com seus pares de forma cooperativa, trabalhando coletivamente no planejamento e desenvolvimento de pesquisas para responder a questionamentos e na busca de soluções para problemas, de modo a identificar aspectos consensuais ou não na discussão de determinada questão, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles. 11 UNIDADE Competências Socioemocionais: Propostas de Ensino e Design Thinking Área Competências Habilidades Ciências da Natureza Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem- estar, compreendendo-se na diversidade humana, fazendo-se respeitar e respeitar o outro [...] · Autoconhecimento · Autonomia · Resiliência· Responsabilidade Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para tomar decisões frente a questões científico- tecnológicas e socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva, com base nos princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários. Ciências Humanas (História e Geografia) Interpretar e expressar sentimentos, crenças e dúvidas com relação a si mesmos, aos outros e às diferentes culturas, com base nos instrumentos de investigação das Ciências Humanas, promovendo o acolhimento e a valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. · Debate de ideias · Empatia · Tolerância · Paciência Construir argumentos com base nos conhecimentos das Ciências Humanas, para negociar e defender ideias e opiniões que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental, exercitando a responsabilidade e o protagonismo voltados para o bem comum e a construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva. Fonte: Elaborado pela autora, a partir da leitura de BRASIL, 2017 As habilidades se encaixam de acordo com a competência desenvolvida. Todavia, a observação nos mostra que as habilidades mais frequentes são a empatia e a tolerância, acompanhadas da paciência. Entende-se que a proposta das diversas áreas é fazer com as pessoas se conheçam mutuamente, compartilhem suas histórias, interesses e tolerem aquilo que as desagrada no outro. Ensino Médio Para tratar das competências socioemocionais no Ensino Médio, apresenta-se um projeto sobre bullying, elaborado por Barros (2017). Devido à sua extensão, não serão relatados aqui a introdução e justificativa, mas os objetivos e as atividades propostas para o projeto. E se fosse com você? Público-alvo: Alunos do Ensino Médio de uma escola técnico-profissionalizante. Duração: novembro de 2017 a novembro de 2018 Etapas: Elaboração e planejamento (novembro-dezembro/2017), janeiro a novem- bro/2018 (execução e avaliação) Objetivo Geral: Implementar ações de discussão, prevenção e combate ao bullying e ao ciberbullying. 12 13 Objetivos Específicos: • Identificar precocemente casos de bullying; • Criar espaços no interior da escola para escuta e discussão sobre o tema; • Mobilizar os discentes à reflexão sobre bullying, por meio das artes; • Literatura e concursos; • Orientar os pais sobre a temática; • Estimular a empatia, respeito às diferenças, solidariedade, visando uma cultura de paz; • Mobilizar professores a trabalhar o tema em sala de aula; • Esclarecer aos alunos o que é bullying e ciberbullying e as consequências na vida dos outros; • Desestimular a prática do bullying e ciberbullying no ambiente escolar. Sequência de atividades • Trabalhar com alunos (rodas de conversa, cine debate, teatro, concurso de fra- ses, redação, cartazes, com premiação, exposição dialogada, distribuição de folders sobre bullying no intervalo, pelos próprios alunos, líderes); • Trabalhar com os professores (exposição dialogada, distribuição de cartilha, sugestão de trabalhar como tema transversal, ex.: disciplina de português, estudar, discutir um texto sobre o assunto); • Trabalhar com os pais (palestra); • Concurso de frases para conscientização e ao combate ao bullying na escola, em português, inglês, espanhol e libras (parceria com professores de idiomas). Nome do aluno e turma. As melhores frases nas quatro línguas serão fixadas nos corredores da escola e os alunos receberão premiação. A escolha será feita por uma comissão composta de professores, técnico administrativo e alunos. O projeto, ação de prevenção ao acontecimento do bullying, ilustra bem o que é a o desenvolvimento das competências socioemocionais na escola: apresentar o problema presente na sociedade, proporcionar situações em que os alunos conheçam o assunto, tenham a oportunidade de vivenciar outros pontos de vista, colocando-se no lugar do outro, favorecendo o altruísmo e a solidariedade. Essa ação pode ser vinculada à com- petência da área de Linguagens no Ensino Médio (BRASIL, 2017, p.490): Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diver- sidades e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer natureza. 13 UNIDADE Competências Socioemocionais: Propostas de Ensino e Design Thinking Figura 3 Fonte: Getty Images No Ensino Médio, as competências socioemocionais são reduzidas. Podemos supor que se presume que a maior parte delas já foi construída na Educação Infantil e Ensino Fundamental, etapas das quais vemos algumas habilidades juntas para construir com- petências de nível médio. Por conta disso, nessa etapa, foram selecionadas as seguin- tes competências, respectivamente vinculadas às áreas de Matemática (BRASIL, 2017, p.536) e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (BRASIL, 2017, p. 570): Propor ou participar de ações para investigar desafios do mundo con- temporâneo e tomar decisões éticas e socialmente responsáveis, com base na análise de problemas sociais, como os voltados a situações de saúde, sustentabilidade, das implicações da tecnologia no mundo do trabalho, entre outros, mobilizando e articulando conceitos, procedi- mentos e linguagens próprios da Matemática. Na área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, as competências referem-se a identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Hu manos. Essa ideia se completa com outra competência do Ensino Médio: Par- ticipar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade (BRASIL, 2017, p. 570) . A BNCC propõe também o protagonismo juvenil, que exige o desenvolvimento da autonomia e responsabilidade, dentre outras habilidades. Esse protagonismo deve ser favorecido pela área de Ciências Humanas e Sociais aplicadas, possibilitando que os estudantes sejam capazes de mobilizar diferentes linguagens, valorizar os trabalhos de campo como entrevistas, observações, consultas a acervos históricos etc.) e consigam recorrer a diferentes formas de registros e engajar-se em práticas cooperativas, para a formulação e resolução de problemas (BRASIL, 2017, p.564) . 14 15 Qual a Origem do Termo Bullying? O termo bullying surgiu na Noruega, na década de 80. Ele vem da palavra inglesa bully, que significa ameaçar, intimidar, amedrontar e afins. O primeiro a relacionar a palavra ao fenômeno foi Dan Olweus, professor da Universidade da Noruega. O pesquisador criou os primeiros critérios para identificar o bullying. Suas pesquisas permitiram diferenciar a prá- tica de bullying de outros atos similares. O estudo reuniu aproximadamente 84 mil estu- dantes, quase quatrocentos professores e cerca de mil pais de alunos. O objetivo era avaliar as ocorrência e as formas pelas quais o bullying se apresentava na vida escolar dos alunos de seu país. O bullying se caracteriza por atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repeti- tivas, que ocorrem sem uma motivação aparente. O ato pode ser feito por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, intimidando ou agredindo outra pessoa que não tem a possibilidade ou capacidade de se defender. Existem dois tipos de bullying: • Bullying direto, comum entre os agressores masculinos; • Bullying indireto, comum entre mulheres e crianças, causandoo isolamento social da vítima. Pode ser caracterizado por ameaças ou violência, física ou sexual. Para identificar o bullying, primeiro você precisa identificar quem está sendo o alvo. Na maioria das vezes, costuma ser uma criança com baixa autoestima, mais retraída na escola ou/e em casa (NASCIMENTO, 2019). O Design Thinking O Design Thinking é uma forma de abordagem tomada do campo do design e adaptada às empresas e corporações. Literalmente, o termo significa “pensamento do design” ou “pensar como designer” (MEU SUCESSO, 2014). O termo foi popularizado pelo empresá- rio norte-americano Tim Brown, que acreditava que todos deveriam pensar como designers, no sentido de procurar um novo desenho para suas empresas e, por conseguinte, para suas vidas. Significa a busca de um novo modelo. E como isso se relaciona à educação? E ao desenvolvi- mento de competências socioemocionais? Um designer enxerga o espaço à sua volta de manei- ra abrangente e globalizante, ainda que percebendo as mínimas potencialidades. Da mesma maneira, acontece com a proposta de educação socioemocional, que enxer- ga o indivíduo em seus aspectos cognitivos, emocionais e estéticos, avaliando como essas influências refletem na personalidade do indivíduo. Esse conhecimento favorece a construção da empatia, possibilitando a identificação de problemas, principalmente no que se refere aos sentimen- tos e emoções. Figura 4 – Desenho do pensamento Fonte: Getty Images 15 UNIDADE Competências Socioemocionais: Propostas de Ensino e Design Thinking O Design Thinking pode ser considerado uma abordagem, maneira de interpretar uma situação, ou mesmo uma metodologia, pois segue passos para o alcance de resul- tados inovadores, os quais Moretto (2014) chama de fases: descoberta, interpretação, ideação, experimentação e evolução. Ou seja, inicia-se com a descoberta de um proble- ma ou inquietação, algo que precisa ser resolvido. Para que se resolva, há a necessidade de se interpretar a situação, ver quais as dificuldades e possibilidades. O passo seguinte, a ideação, refere-se ao processo criativo de se pensar uma solução para o problema, planejar como ela pode ser efetivada até que ocorra a experimentação da nova solução para o antigo problema. A evolução acontece quando se avalia as aprendizagens obtidas através da ação, o conhecimento ou o produto novo que se obteve. Vejamos como isso acontece na educação, por meio do exemplo trazido por Gonsales1 (2012, p. 2). O problema/desafio dado foi: Como a sala de aula poderia ser repensada para atender às necessidades dos meus alunos? Michel, um professor de ensino fundamental de Campos do Jordão, no estado de São Paulo, percebeu que nunca tinha perguntado a seus alunos o que poderia tornar a sala de aula mais agradável. Ele decidiu conversar diretamente com os estudantes para encontrar o melhor projeto para o ambiente. Com base nas ideias dos estudantes, ele pôde redesenhar a sala de aula para atender às necessidades e aos desejos deles. Ele colocou os murais de recados mais embaixo, para os alunos poderem de fato visualizar o conteúdo que ele passou horas montando, e criou um canto mais confortável para o estudo individu- al. Seus alunos estão mais comprometidos e se movem com mais flui- dez pelos espaços da classe. Agora, Michael consegue envolver seus alunos de maneira mais efetiva na construção de sua aprendizagem. Está usando o design para re-imaginar sua sala de aula pelo olhar de seus alunos. No exemplo, o professor passou pelo percurso metodológico do Design Thinking e com suas ideias fez as modificações necessárias, fazendo uso de poucos recursos e valorizando a criatividade na organização do espaço. Conforme Gonsales (2012, p. 8), Design Thinking é uma ação criativa e leva educadores a entender que o ato de criar um ambiente de aprendizagem realmente eficaz é uma arte ao mesmo tempo reflexiva e intencional. Esse ambiente de aprendizagem não se restringe ao espaço físico, pode-se redesenhar a organização temporal e as relações humanas existentes no grupo. É um movimento que mexe com a criatividade e as emoções tanto de professores, que buscam a solução e vibram internamente quando a encontram, como dos alunos que participam ativamente das descobertas e concretização de objetivos. Desta ma- neira, é favorável ao desenvolvimento de competências socioemocionais, uma vez que trabalha com a intuição criativa, a gestão das emoções e do intelecto, desenvolvendo a autonomia, empatia e responsabilidade para participar e criar soluções que beneficiam a coletividade. 1 Exemplo adaptado à realidade dos alunos, retirado da obra coordenada por Gonsales (2012, p.2). 16 17 Gonsales (2012) ilustra como deve ser o percurso do Design Thinking na sala de aula: Tabela 5 Fase Atividade Descoberta · Contar histórias; · Procurar por significados; · Estruturar oportunidades. Interpretação · Gerar e refinar ideias. Ideação · Formular projetos e obter feedbacks. Experimentação · Colocar em prática; · Acompanhar o aprendizado; · Avançar. Evolução · Melhoria da escola. A seguir, é apresentado um projeto de décadas atrás, mas que em seu momento histórico foi uma maneira inovadora de amenizar alguns problemas e dar experiência a jovens universitários. Programa Universidade Solidária O Programa Universidade Solidária, concebido pelo governo para engajar estudantes uni- versitários em programas voltados para as comunidades carentes no País, teve início em janeiro de 1976, com um projeto piloto que incluiu a visita, durante três semanas, de mil estudantes da região Centro-Oeste, acompanhados de 100 professores, a municípios da região Nordeste e do Vale do Jequitinhonha, no Estado de Minas Gerais. para coordenar as ações voltadas para os municípios mais pobres do País. Estudantes e professores universitários deixam suas cidades nas férias de verão e passam três semanas em contato com um Brasil que, para muitos, é desconhecido: o Brasil das pequenas cidades, das populações que sofrem muito mais intensamente com as desigual- dades sociais e para as quais é essencial levar, também, informações sobre saúde, educação e organização comunitária. Com o Universidade Solidária o Governo pretende mobilizar estudantes e professores para a participação voluntária e solidária em ações de combate à pobreza e à exclusão social. Deseja, ademais, estimular a participação da sociedade em ações que valorizem o sentido da cidadania, promovam melhor qualidade de vida e articulação entre atores do Estado e da sociedade como um todo, para ações solidárias de enfrentamento dos problemas sociais da população brasileira. O Universidade Solidária atua em sentido de mão-dupla. Os estudantes vão a essas comu- nidades ensinar e aprender. Ao levar informação, o estudante volta com novas experiências e uma visão mais apurada da realidade brasileira, essencial para sua formação profissional (BRASIL, 1997). 17 UNIDADE Competências Socioemocionais: Propostas de Ensino e Design Thinking Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Chapeuzinho Amarelo BUARQUE, F. Chapeuzinho Amarelo. 40. Ed. São Paulo: Autêntica. Design thinking para educadores GONSALES, P. (Coord.). Design thinking para educadores. Tradução: Bianca Santana, Daniela Silva, Laura Folgueira. São Paulo: Instituto Educadigital, 2012. Vídeos Psicologia da Educação − aula 21 − Design thinking e educação em valores. ARAÚJO, U. Psicologia da Educação: aula 21: Design thinking e educação em valores. São Paulo: UNIVESP, 2015. https://youtu.be/Sc80ojwSz8o Leitura Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília: MEC, 2017. RASIL. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília: MEC, 2017. Brasília: MEC, 2017. https://bit.ly/3aEdo5T 18 19 Referências BARROS, M. E se fosse com você? projeto de prevenção e combate ao bullyng e ciberbullying no IFCE campus Iguatu-CE. Iguatu-CE: IFCE, 2017, 10 f. Disponí- vel em:<https://ifce.edu.br/iguatu/links-diversos/pdfs/PROJETODECOMBATEAO- BULLIYNG.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2020. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base: histórico. MEC, 2020. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/historico>. Acesso em: 18 fev. 2020. ________. Programa Universidade Solidária. Brasil, 1997. Disponível em: <http:// www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_ obra=84397>. Acesso em: 20 fev. 2020. BUARQUE, C. Chapeuzinho Amarelo. São Paulo: Autêntica, 2019. Disponível em: <https://grupoautentica.com.br/yellowfante/livros/chapeuzinho-amarelo/1801>. Acesso em: 20 fev. 2020. BUARQUE, F. Livraria Curitiba: Chapeuzinho Amarelo. [s.d.]. Disponível em: <livrarias- curitiba.com.br/chapeuzinho-amarelo-autentica-lv412017/p. >Acesso em: 20 fev. 2020. GONSALES, P. (Coord.). Design thinking para educadores. Tradução: Bianca Santana, Daniela Silva, Laura Folgueira. São Paulo: Instituto Educadigital, 2012. MEC (Ministério da Educação e Cultura), SEB (Secretaria de Educação Básica). Dire- trizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010. MORETTO, T. Conheça a abordagem e utilize o Design Thinking para educadores. Sala Aberta, 11 dezembro 2014. Disponível em: <https://salaaberta.com.br/conheca-a- abordagem-e-utilize-o-design-thinking-para-educadores/>. Acesso em: 20 fev. 2020. NASCIMENTO, T. Bullying: o que realmente significa o termo bullying? Segredos do mundo, 18 março 2019. Disponível em: <https://segredosdomundo.r7.com/bullying/>. Acesso em: 20 fev. 2020. O que é design thinking? conceitos e definições. Meu sucesso, 14 julho 2014. Disponível em: <https://meusucesso.com/artigos/inovacao-e-tecnologia/o-que-e-design-thinking- conceitos-e-definicoes-132/>. Acesso em: 20 fev. 2020. 19
Compartilhar