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Trato digestivo de ruminantes MORFOLOGIA VETERINÁRIA II ESTÔMAGO COMPOSIÇÃO DO ESTÔMAGO O estômago dos ruminantes domésticos é composto por quatro câmaras: rúmen, retículo, omaso e abomaso. O rúmen, o retículo e o omaso costumam ser referidos coletivamente como proventrículos, os quais possuem uma mucosa aglandular e são responsáveis pela destruição enzimática dos carboidratos complexos, especialmente a celulose, a qual constitui uma grande parte da dieta regular de ruminantes e a produção de ácidos graxos de cadeia curta com auxílio de microorganismos. A última câmara, o abomaso, possui uma mucosa glandular e é comparável ao estômago unicavitário dos outros mamíferos domésticos. DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO Todas as quatro câmaras derivam de uma construção gástrica fusiforme durante o desenvolvimento embrionário. No momento do nascimento, o abomaso é a maior parte do estômago, pois é a única parte com função imediata para a recepção e a digestão do leite, desviando os proventrículos. Após cerca de três semanas, quando o bezerro começa a ingerir alimentos sólidos, o rúmen e o retículo começam a apresentar um crescimento rápido. Por volta da oitava semana, eles já ultrapassaram o abomaso e por volta da 12ª semana, eles apresentam o dobro do tamanho. TOPOGRAFIA O estômago volumoso domina a topografia abdominal dos ruminantes. Ele ocupa quase a totalidade da metade esquerda do abdome e uma grande parte da metade direita. O rúmen situa-se na metade esquerda do abdômen, o retículo na parte cranial e o omaso, na metade direita. O rúmen e o retículo estão tão intimamente relacionados quanto à estrutura e função que eles também são chamados de compartimento ruminorreticular. A divisão dos dois é marcada por uma inflexão da parede, a qual se projeta internamente, a prega ruminorreticular. RÚMEN: Se parece com um saco grande e comprimido lateralmente que preenche quase toda da metade esquerda do abdômen. Possui uma face parietal, adjacente ao diafragma e à parede abdominal lateral esquerda e ventral, e uma face visceral, contra o fígado, os intestinos, o omaso e o abomaso. O rúmen é dividido em várias partes por inflexões das paredes, os pilares do rúmen, os quais se projetam para o lúmen. As partes do rúmen são: Saco ventral Saco dorsal Saco cranial ou átrio do rúmen Saco cego caudodorsal Saco cego caudoventral Os pilares principais do rúmen circundam todo o órgão, dividindo-o em sacos maiores dorsal e ventral, os quais são marcados externamente por sulcos longitudinais esquerdo e direito. A divisão do rúmen a partir do retículo é alcançada pela prega ruminorreticular e é uma inflexão da parede semelhante às subdivisões do rúmen. O saco ruminal ventral se prolonga cranialmente para formar o recesso do rúmen. A mucosa aglandular do rúmen consiste superficialmente de epitélio escamoso estratificado e forma papilas, o que confere à mucosa do rúmen sua aparência característica. As papilas ruminais são formações de tecido mole da lâmina própria e da submucosa e acredita-se que elas aumentem em sete vezes a área da superfície epitelial, o que é importante para a reabsorção dos ácidos graxos voláteis produzidos por fermentação microbiana e para reabsorção de água, das vitaminas K e B. Compartimentos do estômago do bovino (representação esquemática, vista lateral esquerda). RETÍCULO: Está intimamente relacionado ao rúmen no que se refere à estrutura e função, sendo chamado por alguns autores de compartimento combinado reticular. O retículo apresenta internamente um sulco, o qual é delimitado lateralmente pelos lábios direito e esquerdo. O sulco reticular vai desde a cárdia do rúmen até o óstio reticulomasal e é responsável pelo reflexo de fechamento da goteira esofágica no lactente, direcionando o leite diretamente para o sulco do omaso e, daí, para o abomaso, onde ocorrerá a digestão proteica do alimento. A mucosa reticular é aglandular e revestida com um epitélio estratificado, semelhante ao da mucosa do rúmen. Ela apresenta um padrão de fava característico formado por cristas que delineiam células de 4, 5 e 6 lados. O músculo liso da parede ruminorreticular se dispõe em duas camadas, uma camada externa mais fina e outra interna mais espessa. OMASO: Situa-se dentro da parte intratorácica do abdômen à direita do compartimento ruminorreticular. Ele tem o formato de uma esfera achatada bilateralmente no bovino e forma de feijão no caprino e no ovino. O omaso se comunica com o retículo pelo óstio reticulomasal e com o abomaso pelo óstio omasoabomasal. Este é acompanhado de cada lado por duas pregas mucosas. Acredita-se que tais pregas são capazes de fechar essa abertura para impedir o refluxo do abomaso para o omaso. As duas aberturas são conectadas pelo sulco omasal. As contrações do omaso são bifásicas. A primeira fase pressiona o alimento do canal omasal para os recessos omasais, onde ocorre a reabsorção de água. A segunda fase descarrega os conteúdos desidratados dos recessos omasais para o abomaso. ABOMASO: Corresponde ao estômago unicavitário dos outros mamíferos domésticos e, de forma análoga, pode ser dividido em fundo gástrico, corpo gástrico e piloro. Apresenta uma curvatura maior voltada para a direção ventral e uma curvatura menor voltada para a direção dorsal. É revestido por uma mucosa glandular que contém as glândulas gástricas próprias e as glândulas pilóricas. Durante o período de amamentação, o bovino produz renina, essencial para a digestão do leite. A posição e a relação do abomaso apresentam grande variação e dependem do grau de preenchimento dos proventrículos e de suas atividades. INTESTINO CÓLON DOS RUMINANTES O cólon se divide nos segmentos ascendente, transverso e descendente. O colo ascendente é o segmento mais longo. Após deixar o ceco, o colo ascendente forma a alça proximal do colo em forma de S. Ele então se estreita e gira ventralmente para formar uma espiral dupla ou alça espiral, a qual está em contato com o lado esquerdo do mesentério. INTESTINO DELGADO Duodeno: Curto e fixo, inicia-se no piloro e tem o comprimento de aproximadamente um metro. Jejuno e íleo: Ligados à parede abdominal pelo mesentério. São contínuos. O último metro corresponde ao íleo. REFERÊNCIAS KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H. G. Anatomia dos animais domésticos: texto e atlas colorido. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
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