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HERMENEUTICA BIBLICA - AULA 3-Métodos e práticas de hermenêutica bíblica

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Hermenêutica bíblica
Aula 3: Métodos e práticas de hermenêutica bíblica
Apresentação
Estudar a Bíblia é ter a grande oportunidade de conhecer um universo repleto de muitas revelações,
curiosidades e conhecimento. Nossa jornada de pesquisa continua - e você está convidado a aguçar ainda
mais o desejo de aprendizado à luz da hermenêutica bíblica. É preciso frisar que ela permite uma análise do
texto bíblico sem perder de vista os aspectos históricos, gramaticais e contextuais, mantendo uma sintonia
estreita com a exegese bíblica. A hermenêutica bíblica preserva, dessa forma, o real sentido e signi�cado do
que está escrito.
Nesta aula, portanto, listaremos os vários métodos de interpretação e transmissão do conteúdo da Bíblia.
Além desse aprofundamento, veri�caremos sua aplicação na experiência e na prática da fé.
Objetivos
Decodi�car os vários métodos de interpretação e de transmissão do conteúdo da Bíblia;
Reconhecer a importância dos métodos de estudo bíblico e sua aplicação na experiência e na prática da
fé;
Identi�car que métodos proporcionam um estudo do texto bíblico segundo aspectos históricos,
gramaticais e contextuais.
Primeiras palavras
Há duas vertentes no estudo da Bíblia. A primeira a considera apenas obra literária. Já a segunda, apesar de
também reconhecer seu aspecto literário, a vê, acima de tudo, como um trabalho de fé.
Também podemos citar outras duas abordagens na análise do texto bíblico: a alegórica e a literal. Além disso, há
vários métodos de leitura da Bíblia. Veremos nesta aula os principais métodos e abordagens nos estudos da
hermenêutica bíblica em relação ao Texto Sagrado.
As duas vertentes da Bíblia
Bíblia enquanto obra
literária
Esta vertente considera a Bíblia
apenas uma obra literária da qual
é possível extrair os seguintes
elementos característicos:
Histórias interessantes;
Gêneros literários;
Expressões.

Bíblia: literatura
suplantada pela fé
Embora esta vertente também
reconheça o Texto Sagrado como
literatura, sua visão é de que ele é,
acima de tudo, uma obra de fé. A
preocupação é que o
reconhecimento literário da Bíblia
como uma grande obra não
embace sua principal essência:
ser um testemunho de fé.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Em relação a essas duas vertentes, destacam-se outros pontos fundamentais. É
o que veremos a seguir.
Pontos fundamentais da Bíblia enquanto obra literária e
literatura suplantada pela fé
Clique nos botões para ver as informações.
Ser uma obra literária de grande relevância faz a Bíblia ser valorizada, colocando-a também como fonte de
pesquisa nos meios acadêmicos não religiosos. Ao relatarem fatos, os escritores colocaram neles muitas
expressões, sentimentos, expectativas e um universo de muitas interpretações.
A Bíblia traz em si uma linguagem falada e escrita: ambas traduzem a história de muitos povos, muitas
personagens, diferentes lugares e diversas situações. Muitos autores, nos seus relatos, usam “formas”
diferenciadas na tentativa de atrair o leitor para as causas essenciais àqueles fatos. Há muitos aspectos
que envolvem a construção de um texto. Há, inclusive, aspectos de ordem linguística a marcar os relatos de
acordo com a situação exposta:
Orações;
Poemas;
Lamentos;
Louvores;
Medos;
Incertezas;
Vitórias.
Enquanto texto escrito, a Bíblia também pode ser de�nida por algumas características, como, por exemplo:
Vocabulário;
Expressões;
Sintaxe;
Sonoridade;
Imagens.
Em alguns relatos, tais expressões aparecerão de forma ainda mais intensa. Daremos três exemplos:
Gênesis, Livros Sapienciais e Apocalipse. O texto deles está carregado de diversas �guras de linguagem,
como, por exemplo:
Metáforas;
Catacrese;
Paradoxo;
Eufemismo;
Hipérbole.
Obra literária 
Essas �guras de linguagem não pretendem minimizar ou desvalorizar determinado relato. Elas representam,
na verdade, quão intensas e signi�cativas são as características literárias da narrativa bíblica.
 Figura: João na ilha de Patmos.
Sob essa perspectiva, a Bíblia será compreendida, valorizada e divulgada como uma “grande história de
amor entre Deus e o seu povo”. É a história da aliança, assim como foi narrado no livro de Gênesis:
"Estabelecerei a minha aliança como aliança eterna entre mim e você e os seus futuros descendentes, para
ser o seu Deus e o Deus dos seus descendentes. Toda a terra de Canaã, onde agora você é estrangeiro,
darei como propriedade perpétua a você e a seus descendentes; e serei o Deus deles. "De sua parte", disse
Deus a Abraão, "guarde a minha aliança, tanto você como os seus futuros descendentes. Esta é a minha
aliança com você e com os seus descendentes, aliança que terá que ser guardada: todos os do sexo
masculino entre vocês serão circuncidados na carne. Terão que fazer essa marca, que será o sinal da
aliança entre mim e vocês." (GÊNESIS, 17, 7-11)
Já a Pontifícia Comissão Bíblica da Igreja Católica a�rma que:
"A hermenêutica bíblica, se ela é da competência da hermenêutica geral de todo texto literário e histórico, é
ao mesmo tempo um caso único dentro dela. Suas características especí�cas vêm-lhe de seu objeto. Os
acontecimentos da salvação e sua realização na pessoa de Jesus Cristo dão sentido a toda a história
humana. As novas interpretações históricas só poderão ser descobertas e desdobramento dessas riquezas
de sentido. O relato bíblico desses acontecimentos não pode ser plenamente entendido só pela razão.
Pressupostos particulares comandam sua interpretação, como a fé vivida na comunidade eclesial e à luz do
Espírito. Com o crescimento da vida no Espírito cresce, no leitor, a compreensão das realidades das quais
fala o texto bíblico."" (LA SANTA SEDE, 1993)
Literatura suplantada pela fé 
A partir dessas duas vertentes, é possível concluir que, ao estudar a Bíblia, sempre é preciso ter em vista
que ela é simultaneamente tanto uma “obra literária” quanto a Sagrada Escritura.
 Figura: O conceito hebraico de universo: o mundo é um disco ou um
círculo sobre pilares. (Fonte: Jó 9:6, 38, 6; Sl 75,4; 104, 5, 1Sm 2,8)
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Atividade
1 - Modo de expressão ou interpretação que consiste em representar pensamentos, ideias e qualidades de forma
�gurada. Essa de�nição situa qual método de interpretação da Bíblia?
a) Alegórica
b) Literal
c) Teológica
d) Espiritual
e) Sociológica
O Texto Sagrado interpretado de duas formas
A interpretação alegórica
Além da literalidade, a abordagem alegórica aplica ao conteúdo do texto bíblico “algo a mais” em relação
àquilo que foi escrito. É como se seu autor quisesse expressar algo para além do que escreveu e, para isso, utiliza
uma linguagem �gurada.
1
"1. Modo de expressão ou interpretação que consiste em
representar pensamentos, ideias, qualidades sob forma
�gurada.
2. Método de interpretação aplicado por pensadores gregos
(pré-socráticos, estoicos etc.) aos textos homéricos, por meio
do qual se pretendia descobrir ideias ou concepções
�losó�cas embutidas �gurativamente nas narrativas
mitológicas.
3. Texto �losó�co escrito de maneira simbólica, com intuito
de apresentar tropologicamente ideias e concepções
intelectuais."
- BRAINLY, 2019
Acesse a opção a seguir que proporcionará a você algumas percepções sobre intepretação alegórica.
 Algumas percepções sobre interpretação alegórica
 Clique no botão acima.
Algumas percepções sobre interpretação alegórica
Assim como a mitologia grega cuidou para que os seus mitos fossem compreendidos para além do que
estava escrito, a interpretação alegórica da Bíblia faz o mesmo ao importar essa prática. Orígenes
a�rmava que:
"[...] há realidades cujo signi�cado não pode ser
adequadamente explicado por nenhuma exposição da
língua humana, mas que são a�rmadas mais por um ato de
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0123/aula3.html
Figura: A Criação de Adão, de Michelangelo (Fonte: Wikimedia)
simples inteligência do que pelas qualidades das palavras.Deve-se conservar essa regra para a compreensão das
divinas Escrituras, ou seja, avaliar o que é dito não pela baixa
qualidade das expressões, mas pela divindade do espírito
santo que lhe inspirou a redação. [...] Dissemos tudo isso
para mostrar que a �nalidade �xada pelo poder divino que
nos deu as santas Escrituras não é compreender somente o
que a letra apresenta, pois, às vezes, o que é tomado à letra
não é verdade e chega a ser incoerente e impossível; mas
que certas coisas foram entretecidas na trama da história
que aconteceu e da legislação que é útil em sentido literal.
Porém, ninguém suspeite, generalizando, que dizemos que
nada é história porque alguns acontecimentos não
aconteceram e que nenhuma legislação é para cumprir à
letra só porque algumas determinações não são razoáveis e
são impossíveis. Pelo contrário: é preciso dizer que a
verdade histórica de alguns fatos é clara."
- ORÍGENES, 2012, Livro IV, IV, p. 316
Santo Agostinho é o mais reconhecido pensador que defendeu a alegoria como interpretação: “Em todo caso,
todo aquele que nas Escrituras entende de modo diferente ao do autor sagrado engana-se em meio mesmo da
verdade, visto que as Escrituras não mentem”(AGOSTINHO, 2003, p. 78)
Já Dockery argumenta que Agostinho:
javascript:void(0);
"Alegorizou cada detalhe em João 2.1-11 na história do
casamento em Caná. Os seis potes de água representavam
as seis eras de Adão a Cristo, enquanto as duas ou três
medidas indicavam toda a humanidade; as duas medidas
indicavam a circuncisão e a incircuncisão, e as três medidas
eram vistas como os três �lhos de Noé, os ancestrais da raça
humana. Talvez a interpretação alegórica mais famosa de
Agostinho tenha sido seu entendimento da história do bom
samaritano. (Lucas 10.39) Agostinho “não hesitava em
colocar mais de uma interpretação em um texto” desde que
o propósito do intérprete fosse a “construção do amor”. O
objetivo da interpretação bíblica – �gurada ou literal –
consistia, para Agostinho, “em aumentar o amor a Deus e ao
próximo”."
- DOCKERY, 2005, p. 140
Em A cidade de Deus, Santo Agostinho justi�ca a importância da alegoria:
"Ninguém deve, todavia, pensar que tais coisas foram
escritas à toa, que aqui se deve buscar unicamente a
verdade histórica, sem nenhuma signi�cação alegórica, ou
que, pelo contrário, negando a historicidade, se diga serem
puras alegorias, que, sejam quais forem, não contêm
nenhuma profecia da Igreja. [... A tal ponto é assim que, nas
predições já historicamente cumpridas na descendência
carnal de Abraão, investigam o sentido alegórico que há de
realizar-se na descendência espiritual dele. Alguns, levados
por semelhante afã, pensaram não haver nos referidos livros
nada predito e já realizado ou realizado sem predição que
não diga ou insinue alguma relação, alegórica, é verdade,
mas relação, com a soberana cidade de Deus e com seus
�lhos, peregrinos na terra."
- AGOSTINHO, 1990, parte II, XVII, p. 276
A interpretação literal
Ao estudar a Bíblia, o método escolhido deve levar em
conta que “o relato bíblico desses acontecimentos
não pode ser plenamente entendido só pela razão”.
(SANTOS, 2016)
Embora não possa �car de fora da interpretação sob
o risco de se tornar apenas uma aceitação literal, a
razão também não pode ser colocada acima da
representação de fé.
 Figura: O dilúvio, de Michelangelo Buonarroti, na Capela Sistina
O que seria, então, uma análise literal da Bíblia?
É uma tendência conhecida como literalismo bíblico, que compreende o relato “ao pé da letra” sem reconhecer
nele possíveis �guras e linguagem. A expressão latina ipsis litteris (em português, “pelas mesmas letras”)
signi�ca “literal”. Trata-se, portanto, do estabelecimento de que um texto será �el em sua narração, tendo ocorrido
o que de fato está escrito.
Vamos ler e interpretar agora o relato do dilúvio no Livro de
Gênesis? Acesse a opção a seguir
 Dilúvio no Livro de Gênesis
 Clique no botão acima.
Dilúvio no Livro de Gênesis
O Senhor disse a Noé: “Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque te reconheci justo diante dos meus
olhos, entre os de tua geração. 2.De todos os animais puros tomarás sete casais, machos e fêmeas, e
de todos os animais impuros tomarás um casal, macho e fêmea; 3.Das aves do céu igualmente sete
casais, machos e fêmeas, para que se conserve viva a raça sobre a face de toda a terra. 4.Dentro de sete
dias farei chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites, e exterminarei da superfície da
terra todos os seres que eu �z”. 5.Noé fez tudo o que o Senhor lhe tinha ordenado. 6.Noé tinha
seiscentos anos quando veio o dilúvio sobre a terra. 7.Para escapar à inundação, entrou na arca com
seus �lhos, sua mulher e as mulheres de seus �lhos. 8.Dos animais puros e impuros, das aves e de tudo
que se arrasta sobre a terra, 9. entraram na arca com Noé um casal macho e fêmea, como o Senhor
tinha ordenado a Noé. 10.Passados os sete dias, as águas do dilúvio precipitaram-se sobre a terra.
11.No ano seiscentos da vida de Noé, no segundo mês, no décimo sétimo dia do mês, romperam-se
naquele dia todas as fontes do grande abismo, e abriram-se as barreiras do céu. 12.A chuva caiu sobre a
terra durante quarenta dias e quarenta noites. 13.Naquele mesmo dia, entrou Noé na arca com Sem,
Cam e Jafé, seus �lhos, sua mulher e as três mulheres de seus � lhos; 14.e com eles os animais
selvagens de toda a espécie, os animais domésticos de toda a espécie, os répteis de toda a espécie que
se arrastavam sobre a terra, e tudo o que voa, de toda a espécie, todas as aves e tudo o que tem asas.
15.De cada espécie que tem um sopro de vida um casal entrou na arca com Noé. 16.Eles chegavam,
macho e fêmea, de cada espécie. Como Deus tinha ordenado a Noé. E o Senhor fechou a porta atrás
dele. 17.O dilúvio caiu sobre a terra durante quarenta dias. As águas incharam e levantaram a arca, que
foi elevada acima da terra. 18.As águas inundaram tudo com violência e cobriram toda a terra, e a arca
�utuava na superfície das águas. 19.As águas engrossaram prodigiosamente sobre a terra e cobriram
todos os altos montes que existem debaixo do céu; 20.e elevaram-se quinze côvados acima dos montes
que cobriam. 21.Todas as criaturas que se moviam na terra foram exterminadas: aves, animais
domésticos, feras selvagens e tudo o que se arrasta na terra, e todos os homens. 22.Tudo o que respira
e tem um sopro de vida sobre a terra pereceu. 23.Assim foram exterminados todos os seres que se
encontravam sobre a face da terra, desde os homens até os quadrúpedes, tanto os répteis como as
aves do céu, tudo foi exterminado da terra. Só Noé �cou e o que se encontrava com ele na arca. 24.As
águas cobriram a terra pelo espaço de cento e cinquenta dias. (GÊNESIS, 7,1-24)
Segundo a interpretação literal para o estudo da Bíblia, todos os acontecimentos narrados no texto
também seriam literais.
Atenção
Ao questionar um relato literal, a interpretação hermenêutica da Bíblia não nega a mensagem que os textos
bíblicos transmitem, pois eles são, antes de qualquer coisa, mensagens de fé. Em cada texto, em cada narrativa,
há uma comunicação divina que precisa ser recebida, entendida e vivenciada.
Muitos estudiosos, ao longo da história, se dedicaram intensamente a seus estudos na tentativa de compreender
os relatos bíblicos. Foi um trabalho árduo de muitos hermeneutas, conforme sinaliza a Pontifícia Comissão
Bíblica da Igreja Católica:
"A atividade da exegese é chamada a ser repensada
levando-se em consideração a hermenêutica �losó�ca
contemporânea, que colocou em evidência a implicação da
subjetividade no conhecimento, especialmente no
conhecimento histórico. A re�exão hermenêutica teve nova
força com a publicação dos trabalhos de Friedrich
Schleiermacher, Wilhelm Dilthey e, sobretudo, Martin
Heidegger. Na trilha desses �lósofos, mas também
distanciando-se deles, diversos autores aprofundaram a
teoria hermenêutica contemporânea e suas aplicações à
Escritura. Entre eles mencionaremos especialmente Rudolf
Bultmann, Hans GeorgGadamer e Paul Ricceur."
- LA SANTA SEDE, 1993
 Figura: La lectrice (em português, a leitora),
pintura a óleo (1770–1772) de Jean-Honoré
Fragonard. (Fonte: Wikmedia)
Atividade
2 - Estabelecimento de que um texto bíblico é �el em sua narração, tendo ocorrido o que de fato está escrito.
Compreende o relato “ao pé da letra”, não reconhecendo que pode haver nele �guras de linguagem. É, portanto,
ipsis litteris (“pelas mesmas letras”, em português). Isso signi�ca:
a) Um relato alegórico
b) Uma análise literal
c) Uma síntese teológica
d) Um texto literário
e) Uma narrativa sociológica
Métodos de leitura da Bíblia
Eles são muitos. É preciso, de início, compreender o que é um método .
Listaremos a seguir alguns tipos de método que organizam e sistematizam a leitura dos textos bíblicos
2
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Método fundamentalista
Não há abertura de interpretação. O texto deve ser entendido ao “pé da letra”, pois, tratando-se da palavra de
Deus, não há dúvidas quanto à sua autenticidade. A Bíblia é o único fundamento, a única fonte de fé e a única
verdade.
Método cientí�co histórico-crítico
Sem macular a Bíblia como palavra de Deus, este método busca compreender os sentidos que o autor quis
transmitir ao escrever o texto, contextualizando-os para que a vontade de Deus se atualize no “tempo que se
chama hoje”.
Análise retórica
A “ nova retórica ” tem razão ao chamar a atenção para a capacidade persuasiva e convincente da
linguagem. A Bíblia não é simplesmente a enunciação de verdades. Trata-se de uma mensagem dotada de
uma função de comunicação em um certo contexto, uma mensagem que comporta um dinamismo de
argumentação e uma estratégia retórica.
3
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https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0123/aula3.html
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0123/aula3.html
Análise narrativa
A análise narrativa traduz uma nova maneira de apreciar o alcance dos textos. Enquanto o método histórico-
crítico considera, antes de tudo, o texto como uma “janela” que permite algumas observações sobre uma ou
outra época (não apenas sobre os fatos narrados, mas também sobre a situação da comunidade para a qual
eles foram contados), na análise narrativa sublinha-se o texto como um “espelho” que estabelece uma certa
imagem do mundo.
Análise semiótica
A abordagem semiótica deve ser aberta à história: primeiramente, àquela dos atores dos textos; em
seguida, à de seus autores e de seus leitores. O risco é grande entre os utilizadores deste tipo de análise: eles
podem estagnar em um estudo formal do conteúdo sem transmitir a mensagem dos textos.
Método sociológico
Este método surge de uma leitura da Bíblia pelos seguintes canais:
Ver;
Julgar;
Agir.
Leitura orante da Bíblia (lectio divina)
Somos chamados, neste método, a fazer uma experiência de espiritualidade a partir do texto bíblico. Deus e
o seu Filho Jesus falaram conosco no texto bíblico. Ele não é uma leitura qualquer: é a leitura das Sagradas
Escrituras. Somos convidados, portanto, ao mergulho profundo na oração.
4
A seguir conheça peculiaridades sobre alguns desses métodos.
Um olhar sobre alguns métodos de leitura da Bíblia
Clique nos botões para ver as informações.
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0123/aula3.html
O método cientí�co histórico-crítico perfaz um mergulho profundo no texto a �m de que dele seja feita uma
releitura que evoque vários aspectos, situações, sentimentos, contextos e vivências que possam ser
compreendidas em sua essência. Dessa forma, espera-se que o Texto Sagrado seja �elmente interpretado e
divulgado.
Também chamado de alta crítica, o método histórico-crítico de interpretação não é aceito pelos
protestantes, pois eles compreendem que o conceito de sola scriptura (somente a escritura, em português)
tem primazia em relação a qualquer releitura ou interpretação textual. As Escrituras, portanto, interpretam
as próprias Escrituras. Elas são su�cientes, funcionando como única fonte de doutrina.
Por outro lado, a Igreja Católica Apostólica Romana (1993) defende que a interpretação da Bíblia realizada
por ela elucida que
Método cientí�co histórico-crítico 
"O método histórico-crítico é o método indispensável para o
estudo cientí�co do sentido dos textos antigos. Como a
Santa Escritura, enquanto “Palavra de Deus em linguagem
humana”, foi composta por autores humanos em todas as
suas partes e todas as suas fontes, sua justa compreensão
não só admite como legítimo, mas pede a utilização deste
método."
- LA SANTA SEDE, 1993
As análises retóricas têm, contudo, seus limites. Quando elas se contentam em ser descritivas, seus
resultados têm muitas vezes um interesse unicamente estilístico. Fundamentalmente sincrônicas, elas não
podem ter a pretensão de constituir um método independente e autossu�ciente.
Sua aplicação aos textos bíblicos levanta mais de uma questão: os autores desses textos pertenciam aos
ambientes mais cultos? Até que ponto eles seguiram as regras de retórica para compor seus escritos? Qual
retórica é mais pertinente para a análise de tal escrito determinado: a greco-latina ou a semítica? Não se
arrisca quem atribui a certos textos bíblicos uma estrutura retórica elaborada demais?
Tais questões — e outras — não devem dissuadir o emprego desse tipo de análise. Na verdade, elas nos
convidam a não recorrer à análise retórica sem algum tipo de discernimento a lhe servir de freio ou balanço.
Análise retórica 
Este mundo é o do “relato”, que exerce sua in�uência sobre a maneira de ver do leitor e o leva a adotar
certos valores em vez de outros. A tal gênero de estudo tipicamente literário associou-se a re�exão
teológica, que, levando em consideração as consequências que a natureza de relato e de testemunho da
Santa Escritura representa para a adesão de fé, deduz disso uma hermenêutica de tipo prático e pastoral.
Reage-se, dessa maneira, contra a redução do texto inspirada em uma série de teses teológicas formuladas
muitas vezes segundo categorias e linguagem não escriturísticas.
Análise narrativa 
O método sociológico foi criado em 1960 pelo cardeal Joseph Leo Cardijn. Em 15 de maio de 1961, o Papa
João XXII reconheceu o�cialmente este método. Em discurso ao Concílio Vaticano II, o cardeal Cardijn
insistia na importância desse legado:
Aos delegados do primeiro congresso internacional da Juventude Católica Operária, em 1935, Joseph Leo
Cardijn também disse que
Método sociológico 
"Tenho demonstrado con�ança na liberdade [dos jovens] de
forma a melhor educar essa liberdade… Ajudei-os a ver,
julgar e agir por si mesmos, mediante a realização de ações
sociais e culturais próprias, obedecendo livremente às
autoridades, a �m de se tornarem testemunhas adultas de
Cristo e do Evangelho, conscientes de suas
responsabilidades por seus irmãos e irmãs em todo o
mundo."
- OBSERVATÓRIO DA EVANGELIZAÇÃO, 2019
"[...] Líderes e membros devem aprender a ver, julgar e agir.
Ver o problema para julgar a situação presente, os
problemas, as contradições, as demandas. Agir com vistas à
conquista do seu destino temporal e eterno."
- INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS, 2019
Somos chamados, neste método, a fazer uma experiência de espiritualidade a partir do texto bíblico. Deus e
o seu Filho Jesus falaram conosco no texto bíblico. Ele não é uma leitura qualquer: é a leitura das Sagradas
Escrituras. Somos convidados, portanto, ao mergulho profundo na oração.
Leitura orante da Bíblia (lectio divina) 
Dom Orani João Tempesta, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), postula que
"A lectio divina é uma expressão latina já presente e
consagrada no vocabulário católico, que pode ser
traduzida como “leitura divina”, “leitura espiritual”, ou
ainda, como ocorre hoje em nosso país e em vários
escritos atuais, como “leitura orante da Bíblia”. Ela é
um alimento necessário para a nossa vida espiritual.
A partir deste exercício, conscientes do plano de Deus
e da Sua vontade, pode-se produziros frutos
espirituais necessários para a salvação. A lectio divina
é deixar-se envolver pelo plano da Salvação de Deus.
Os princípios da lectio divina foram expressos por
volta do ano 220 e praticados por monges católicos,
especialmente as regras monásticas dos santos:
Pacômio, Agostinho, Basílio e Bento. O tempo diário
dedicado à lectio divina sempre foi grande e no
melhor momento do dia. A espiritualidade monástica
sempre foi bíblica e litúrgica. A sistematização do
método da lectio divina, nós encontramos nos
escritos de Guigo, o Cartucho, por volta do século XII."
- TEMPESTA, 2010
Figura: Diagrama da leitura orante ou lectio divina.
Atividade
ENUNCIADO
a) Leitura orante da Bíblia (lectio divina).
b) Científico histórico-crítico.
c) Fundamentalista.
d) Sociológico: ver, julgar e agir.
e) Alegórico.
Notas
Alegoria1
Signi�ca, em resumo, a existência de “outro sentido”. Há, no entanto, diversos signi�cados para tal palavra. Três
deles serão apresentados a seguir: o primeiro da lista é sua de�nição formal; os seguintes, dois conceitos ligados
à �loso�a.
Método2
1. Procedimento, técnica ou meio de fazer alguma coisa, de acordo com um plano.
2. Processo organizado, lógico e sistemático de pesquisa, instrução, investigação, apresentação etc.
Nova retórica3
As análises retóricas têm, contudo, seus limites. Quando elas se contentam em ser descritivas, seus resultados
têm muitas vezes um interesse unicamente estilístico. Fundamentalmente sincrônicas, elas não podem ter a
pretensão de constituir um método independente e autossu�ciente.
Sua aplicação aos textos bíblicos levanta mais de uma questão: os autores desses textos pertenciam aos
ambientes mais cultos? Até que ponto eles seguiram as regras de retórica para compor seus escritos? Qual
retórica é mais pertinente para a análise de tal escrito determinado: a greco-latina ou a semítica? Não se arrisca
quem atribui a certos textos bíblicos uma estrutura retórica elaborada demais?
Semiótica4
Se a análise semiótica não se perder nos mistérios de uma linguagem complicada, sendo, em vez disso,
ensinada em termos simples, com seus elementos principais, ela pode dar aos cristãos o gosto de estudar o
texto bíblico e descobrir algumas de suas dimensões de sentido, mesmo que eles não possuam todos os
conhecimentos históricos que se relacionam à produção do texto e a seu mundo sociocultural. Seu estudo pode,
assim, mostrar-se útil na própria pastoral para uma certa apropriação das Escrituras em ambientes não
especializados.
Referências
_______. A interpretação da Bíblia na Igreja. Pontifícia Comissão Bíblica. In: La santa sede. 15 abr. 1993. Disponível
em:
//www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.html.
Acesso em: 10 abr. 2019.
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Sobre os métodos de estudo da Bíblia, leia este  documento da Pontifícia Comissão Bíblica sobre a
interpretação do Texto Sagrado na Igreja.
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Detalhes sobre a leitura orante da Bíblia.
Métodos de estudo bíblico.
A interpretação da Bíblia na Igreja.
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