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 Teoria e Prática da Narrativa Jurídica
 Unidades Dorival Caymmi e Niterói
Professora Valquiria Paladino
 Modalização da linguagem
1 – “Suponha que dois colegas, que passeavam juntos, encontram-se na rua com João, um amigo que há muito não viam. Este estava em um carro importado, grande, brilhante, muito bem cuidado, mas também muito antigo. Usava roupas caras, bonitas, mas com certo desleixo: gravata mal arrumada, colarinho não fechado. Seu semblante estava muito bom, jovial, mas sua barba estava por fazer e os cabelos, despenteados”. Vendo a mesma cena, cada amigo fez a seguinte descrição:
Primeiro
“Encontrei o João. Ele estava em um carro importado caríssimo, brilhante, bem cuidado, com bancos de couro lindos, um deslumbre. Seu rosto estava jovial, de quem se deu bem na vida, suas roupas eram finíssimas, num tom de desleixado, que dava certo ar de despreocupação.Sorridente, cumprimentou-me rapidamente, apressado para algum negócio, e pediu para que eu fosse conhecer seu escritório”.
Segundo
“Encontrei o João. Ele estava em um carro velho, daqueles grandalhões, que hoje em dia não valem centavo. Procurava cuidar do carro para dar uma valorizada, mas de longe se vê que não tem um tostão para comprar um carro novo, coitado. Seu aspecto era desleixado, a barba por fazer, a roupa amassada, mal arrumada, acho que suja até. Cumprimentou-me rapidamente e foi embora, fez um convite formal de que eu o visitasse”.
I - Com base nos textos acima, responda:
a) Qual dos dois procurou transmitir uma visão positiva a respeito de João?
b) O que se pode dizer a respeito do ponto de vista de cada um dos narradores?
c) Que recursos utilizaram os relatores para convencer o leitor ou ouvinte a respeito do seu ponto de vista?
d) É possível construir uma descrição (ou narração) totalmente imparcial da cena acima exposta? Por quê?
 
 Quando o operador do Direito passa a narrar os fatos, ele já está procurando desde logo convencer e persuadir o seu auditório, pois já é do nosso conhecimento que a tentativa de persuasão existe a partir da narração, uma vez que podemos selecionar, para a narrativa, fatos que procuram reforçar o convencimento do auditório.
 A partir da leitura dos textos abaixo, comente em 8 linhas a modalização da linguagem utilizada. 
O réu ameaçava a vítima que, aos gritos, clamava por não ser morta. Ele pediu as joias e, ao ouvir a negativa da vítima, que dizia não possuir nenhuma, não teve dúvida: com frieza desumana, puxou o gatilho do revólver encostado à cabeça da vitimada, prostrando-a no chão sem vida, de forma cruel, por motivo absolutamente fútil. (RODRÍGUEZ, 2002, p.178)
O réu, no intento de roubar, pediu à vítima joias e dinheiro. Assustado, temeroso e alterado, pois não é bandido profissional, mas incidentalmente cometendo aquele equívoco, ouviu a ríspida negação da vítima e, supondo tendo ela chance de reação que, por certo, poria sua vida em risco, em um ímpeto de emoção e medo, apertou o gatilho, temendo por sua sobrevivência.( RODRÍGUEZ, 2002, p.178)
Gabarito
	Têm-se, aqui, duas narrativas da mesma cena. Cada narrador a descreve exatamente como se tinha passado. Não é que um tenha visto uma coisa e o outro, outra diferente, ou seja, desviando-se da verdade. Não: cada um via a cena exatamente como se havia passado, mas cada um a descreveu com um ponto de vista diferente (acusatório e defensivo).
A partir da leitura dos textos abaixo, discorra sobre os efeitos de sentido extraídos da seleção vocabular e a intencionalidade do narrador em cada um deles. 
1) CAMELÔS INVADEM O CENTRO DA CIDADE E TUMULTUAM A VIDA DO PAULISTANO.
 Revoltados porque a Prefeitura resolveu retirá-los das ruas do centro da cidade, camelôs fizeram ontem manifestação agressiva, destruindo vitrines de lojas e tumultuando o centro da cidade, inclusive ferindo transeuntes. A polícia foi obrigada a apaziguar o tumulto, dispersando os manifestantes.
2) POLÍCIA AGRIDE MANIFESTANTES NO CENTRO DA CIDADE.
	Camelôs, que foram expulsos de seu local de trabalho nas ruas do centro da cidade, fizeram ontem manifestação na região central. A tropa de choque foi chamada para reprimir a manifestação, agredindo vários camelôs, que saíram feridos.
Gabarito
Nota-se que ambos os textos narram o mesmo evento: a manifestação dos camelôs e a repressão dos policiais. Entretanto, cada autor apresenta seu ponto de vista implícito mediante a utilização de dois procedimentos: a seleção vocabular e a seleção de fatos a serem narrados.
Percebe-se que não há diferença entre os fatos relatados, apenas o modo de ver ou o ponto de vista varia, escolhendo, cada um dos narradores, relatar aquilo que lhe parece mais relevante: nos fatos mais importantes - manifestação de camelôs em virtude de uma conduta da prefeitura e o chamado da polícia para pôr fim ao tumulto -, os textos coincidem. No entanto, fatos diferentes, atendendo à necessidade de comprovação do ponto de vista apresentado por cada um dos redatores, foram selecionados, mostrando o objetivo acusatório ou defensivo, sem, entretanto, enunciar que cada um deles narra os fatos da forma que lhe interessa ou que ambos fujam à verdade. 
Analise-se, então, a escolha lexical opositiva, apresentada em ambos os textos: “dispersa x agride”; “apaziguar o tumulto x reprimir a manifestação”; “os camelôs feriram transeuntes x a polícia feriu camelôs”.
Leia os textos abaixo:
Texto 1
 O comandante do policiamento de Belém, coronel PM Geraldo Magela, recuou e decidiu anteontem não cumprir a ordem judicial de despejo de 400 famílias sem-teto em Ananindeua, região metropolitana de Belém. Os cerca de mil sem-teto ocupam desde agosto uma área de 90 mil metros quadrados. Anteontem, os sem-teto se armaram com facões, paus e pedras e o coronel Magela ordenou a suspensão da operação. “Esperamos uma segunda ordem da Justiça”, disse Teodoro Nagano, gerente da empresa Agropel, que é proprietária da área.
“Cabia a mim avaliar a situação e preferi evitar o massacre”, disse Magela ao se reunir com a juíza Odete Silva e explicou os motivos do recuo. A juíza aguarda um relatório dos oficiais da Justiça.( Folha de São Paulo, l996 )
Texto 2
	Um grupo de 40 famílias de sem-teto ocupou o plenário da Câmara de Campinas (99 Km de SP) entre 14h e 21 h de ontem após ser desalojado de uma área invadida em abril deste ano por cerca de 600 pessoas. Os sem teto permaneceram no plenário da Câmara e só concordaram em deixar o local após o juiz Jamil Miguel, da 5.a Vara Civil de Campinas, anular liminar para reintegração de posse expedida ontem. (Folha de São Paulo, 2003 )
Gabarito
Percebe-se, nos textos acima, como é significativa a escolha desta ou daquela palavra e como esta escolha constrói sentidos distintos. Sabemos que a questão da “escolha” é consciente, diz respeito a um sujeito intencional. Dizer invadir ou dizer ocupar traz, necessariamente, diferentes efeitos de sentido, pois estas palavras trazem consigo uma memória discursiva distinta. 
No texto 1, há a presença do discurso jurídico- militar e a situação é de confronto, pois o vocabulário da notícia é jurídico-militar também: os sem-teto estão em operação de guerra, armam-se, o coronel suspende a operação, recua, evita um massacre. O coronel tem nome, o proprietário da área também. Os sem-teto são anônimos, sem voz. A notícia os silencia. Nota-se, portanto, as diferentes maneiras de funcionamento de uma prática discursiva que permite o apagamento de um sentido para os sem-teto, mas que, contraditoriamente, pela falta de sentido, mais possibilidades de sentido apresentam.
Também requer atenção o uso da palavra invadida. Aqui está-se dizendo invadir para não se dizer ocupar. Invadir é tomar à força; ocupar, no sentido jurídico, é o ato de apoderar-se legalmente, ter ou possuir por direito.
Desta forma, os sentimentos contra ou a favordos sem-teto vão se sedimentando; ressaltando, assim, como o funcionamento dos sentidos resulta da escolha lexical que corresponde ao ponto de vista do relator. 
Conclui-se, assim, que a seleção de fatos da narrativa forense, principalmente aqueles que dizem respeito ao reforço ou às circunstâncias juridicamente relevantes, deve ser feita de acordo com as intenções da argumentação (tese) daquele que a redige.
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