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MECÂNICA DOS FLUIDOS Crisley de Souza Peixoto , 3 1 NTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS FLUIDOS A mecânica dos fluidos é a disciplina que tem por objetivo estudar o comportamento de fluidos tanto em repouso, estática dos fluidos, quanto em movimento, dinâmica dos fluidos. Este tema de estudo é fundamento de inúmeras aplicações científicas e tecnológicas e sua compreensão é importante em projetos e operações industriais. Além disso, o entendimento do comportamento de fluidos fornece uma visão diferente dos fenômenos que podem ser observados no cotidiano. Algumas áreas de aplicação da mecânica dos fluidos são as seguintes: projeto aerodinâmico de aviões (desde a concepção da geometria da asa até a interação fluido estrutura do ar e todo o corpo do avião), aerodinâmica de carros e foguetes, sistemas de propulsão, projeto e operação de turbinas eólicas e hidráulicas, projeto de embarcações, projeto de canais e barragens, tubulações e projetos hidráulicos residenciais e industriais, ar-condicionado e sistemas de refrigeração, sistemas de ventilação, transporte de petróleo e gás, bombas e compressores, entre outras. Ademais, fenômenos cotidianos têm sua compreensão fornecida pelo estudo de fluidos. É o caso do comportamento de sistemas biológicos: escoamento de sangue, sistemas urinário e respiratório, por exemplo. Ou quando se mistura o café com o leite, a movimentação dos componentes, a formação de vórtices de diferentes tamanhos, que favorece a mistura através do fenômeno de turbulência. A curva realizada por uma bola de futebol quando o chute impõe giro nesta. Em verdade, o projeto de bolas de futebol e golfe, por exemplo, exigem estudos aerodinâmicos. É importante ressaltar que neste curso os fluidos serão tratados como homogêneos, isto é, a composição química não se altera ao longo do fluido. , 4 Neste bloco será realizada uma introdução à mecânica dos fluidos. Serão apresentados conceitos fundamentais como a definição de fluido, abstrações utilizadas para estudar o comportamento de fluidos, propriedades de fluidos e suas unidades de medida, além da classificação do movimento de fluidos. Os conceitos a seguir pavimentam a compreensão do comportamento dos fluidos e servirão como base para os blocos seguintes. 1.1 Conceito de fluido e análise Neste subtema serão apresentados alguns conceitos iniciais e abordagens para avaliar o comportamento de fluidos. 1.1.1 O que é um fluido? Em geral, fluidos são líquidos ou gases e têm comportamento que é facilmente diferenciado de sólidos. Fluidos escoam e sólidos não. Porém, quais são as características físicas que distinguem fluidos e sólidos? Imagine um sólido em repouso, como na Figura 1.1-a. Suponha que este sólido está entre as palmas de suas mãos, uma embaixo e outra por cima, à sua frente. Com uma mão você empurra a superfície deste sólido, com a outra você puxa a superfície do sólido. O comportamento exibido por um sólido é o de ser deformado, como na Figura 1.1-b. O material sólido permanece coeso e em equilíbrio (somatório das forças é nulo), portanto devem existir forças internas ao sólido que equilibram as forças externas aplicadas. As forças aplicadas, em direções opostas tendem a rasgar ou cisalhar o material, portanto são conhecidas como forças de cisalhamento (ou tangenciais). Forças internas definidas sobre áreas são conhecidas como tensões. Dessa maneira, no exemplo de deformação do sólido surgem tensões de cisalhamento internas ao material. , 5 Fonte: elaborado pelo autor. Figura 1.1 – Sólido submetido a forças tangenciais. Se as forças aplicadas inicialmente forem retiradas, o sólido retorna ao seu estado inicial (Figura 1.1-a), a não ser que as forças tenham sido tão grandes que causem uma deformação permanente, mas é importante se ater a forças menores do que essas neste momento. Se as forças forem mantidas constantes, o sólido permanece na condição ilustrada na Figura 1.1-b, suportando as tensões de cisalhamento internas. Um fluido não exibe esse tipo de comportamento. Imagine agora um tanque com algum líquido, água, por exemplo. Este líquido está, inicialmente, em repouso e você resolve colocar uma placa plana sobre o líquido. A Figura 1.2-a ilustra uma região do tanque em que é possível ver o líquido em contato com a placa plana e o fundo do tanque. Fonte: elaborado pelo autor. Figura 1.2 – Fluido submetido a forças tangenciais. , 6 Quando uma força é aplicada na placa, como na Figura 1.2-b, ela se move e arrasta o fluido em contato. O fluido em contato com a placa segue com a mesma velocidade da placa e o fluido em contato com o fundo continua com a velocidade do fundo do tanque, em repouso para um observador parado em frente. Isso ocorre por conta da condição de não deslizamento ou princípio da aderência, que afirma que a região do fluido em contato com o sólido assume a mesma velocidade do sólido. Essa afirmação é verificada experimentalmente (FOX et al., 2018; BRUNETTI, 2008). Neste experimento, o fluido também se deforma como pode ser visto na Figura 1.2-b através das setas (que indicam a velocidade do fluido). Existirão também tensões de cisalhamento internas que reagem aos esforços externos. Porém, se as forças forem retiradas, o fluido não retorna ao estado inicial. Se a força imposta na placa for constante o fluido não mantém forma constante, mas continua se deformando continuamente. Por menor que seja a força sobre a placa, o fluido continuará em movimento, se deformando. Por isso, diz-se que o fluido escoa e o sólido não. Em outras palavras o fluido não é capaz de equilibrar forças de cisalhamento ou tensões de cisalhamento, este tem que entrar em movimento, escoar. Por fim, perceba que conjuntos de sólidos em partículas de certa maneira podem escoar. É o caso da areia na ampulheta, escoamento de grãos, carvão e biomassa em silos, por exemplo. Porém, o comportamento desse escoamento é semelhante em alguns aspectos e muito diferente em outros, existem interações entre partículas e não um contínuo como no fluido. 1.1.2 Sistema e volume de controle Duas formas diferentes de avaliar fluidos podem ser classificadas como análise em sistema e análise em volume de controle. Um sistema fechado (a partir de agora será conhecido como sistema) é uma porção de massa fixa selecionada para avaliação. Não só a quantidade de massa que está sob análise não muda, mas também a sua qualidade, ou seja, mantêm-se as mesmas moléculas, o que claramente é uma abstração. , 7 Já o volume de controle ou sistema aberto é um volume ou região arbitrária, fixa ou variável, definida por quem está realizando a análise. Essa região representa algo real como um tanque, Figura 1.3, por exemplo. A superfície que delimita o volume (linha pontilhada) é conhecida como superfície de controle. O fluido pode entrar e/ou sair dessa região dependendo do fenômeno em estudo. Fonte: elaborado pelo autor. Figura 1.3 – Tanque com entrada e saídas de fluido. 1.1.3 Fluido como um contínuo Todos conhecem fluidos como contínuos ao menos em escala macroscópica, porém os fluidos também são formados por átomos e moléculas. A mecânica dos fluidos clássica, estudada aqui, trata o fluido como um contínuo, ou seja, as propriedades variam de maneira suave de ponto a ponto e não se consideraas complexas interações atômicas. Uma importante propriedade na mecânica dos fluidos é a massa específica que é, basicamente, o quanto de massa existe em um determinado volume. Ao avaliar um gás, por exemplo, a massa específica pode mudar não só no tempo, mas também no espaço. Isso ocorre, por exemplo, em uma câmara com pistão em movimento, como dentro de um motor a combustão interna de um carro. Quer-se conhecer quanto vale a massa específica em um ponto. Porém, um ponto não é algo físico, assim, um volume de controle pequeno 𝒅𝑽 é definido para avaliar essa propriedade. A massa específica no ponto é definida como massa específica média do pequeno volume 𝒅𝑽 e o valor deste volume deve ser tal que a massa específica , 8 represente bem a propriedade no ponto. O volume ideal é conhecido como volume representativo 𝒅𝑽∗. Define-se propriedades como densidade, temperatura, velocidade, pressão e outras, que podem variar continuamente de ponto a ponto e por isso diz-se que o fluido é contínuo. Essa hipótese é conhecida como hipótese do contínuo e é suficiente para a maior parte das aplicações de mecânica dos fluidos na engenharia (FOX et al., 2018). Perceba que não é preciso conhecer o tamanho do volume mencionado, desde que a hipótese seja verdadeira. Em todas as aplicações deste curso, a hipótese do contínuo é válida. Portanto, é possível definir a massa específica em qualquer ponto. Em coordenadas cartesianas (𝒙,𝒚, 𝒛), e em qualquer instante 𝒕 a massa específica é: 𝝆(𝒙,𝒚, 𝒛, 𝒕) = 𝒍𝒊𝒎 𝒅𝑽→𝒅𝑽∗ 𝒅𝒎 𝒅𝑽 (1) Em que 𝒅𝒎 é a massa contida no pequeno volume 𝒅𝑽. Propriedades definidas em qualquer ponto no espaço muitas vezes são conhecidas como campos. Como a massa específica é uma quantidade escalar, é um campo escalar. Se a densidade é constante no espaço e no tempo pode-se definir uma densidade de todo o fluido em análise. A massa específica da água, por exemplo, que é constante, seria: 𝝆 = 𝒎 𝑽 (2) Em que 𝒎 é a massa de fluido contida no volume 𝑽. No Sistema Internacional (SI), a massa específica tem unidade: 𝒌𝒈 𝒎𝟑 , no sistema CGS: 𝒈 𝒄𝒎𝟑 . , 9 1.2 Conceitos fundamentais Após uma compreensão inicial sobre fluidos, neste subtema serão apresentados mais propriedades e conceitos fundamentais associados aos fluidos. 1.2.1 Campo de velocidade Definidos alguns conceitos iniciais é possível avançar para outras grandezas e conceitos importantes para a compreensão da mecânica dos fluidos. O campo de velocidade é um campo vetorial definido como: 𝑽��⃗ (𝒙,𝒚, 𝒛, 𝒕) = 𝒖 �̂� + 𝒗𝒋̂ + 𝒘𝒌� (3) A velocidade é uma quantidade vetorial, pois exige módulo, direção e sentido para ser completamente definida. Em coordenadas cartesianas, 𝒖, 𝒗, 𝒘 representam as componentes dessa velocidade nas direções 𝒙, 𝒚, 𝒛, respectivamente. O campo de velocidades define um vetor velocidade em cada ponto (𝒙,𝒚, 𝒛) e instante 𝒕. No campo de velocidades, não se acompanha uma partícula de fluido em toda a sua trajetória. Em verdade, várias partículas diferentes passam por este ponto. O que se conhece é o valor da velocidade nos pontos observados. O campo de velocidade assim como o campo de massa específica são propriedades avaliadas em referenciais Eulerianos. Neste referencial selecionam-se regiões específicas no espaço, como pontos ou volumes de controle e mede-se o valor da propriedade naquela região. Em referenciais Lagrageanos se acompanha a partícula e suas propriedades enquanto ela se movimenta, utiliza-se a noção de sistema para cada partícula. O referencial Euleriano tem mais aplicações na engenharia, pois é mais simples de se utilizar na prática. Referenciais Lagrangeanos são utilizados somente em situações mais específicas ou muitas vezes na teoria quando se imagina uma partícula de fluido como um volume representativo e se avalia o comportamento descrito por ela. , 10 Se nenhuma propriedade do fluido, seja massa específica, velocidade, temperatura e outras, varia no tempo, diz-se que o escoamento está em regime permanente, caso contrário está em regime transiente. 1.2.1.1 Linhas de corrente A forma mais comum de visualização do movimento de fluidos se dá através das chamadas linhas de corrente. Linhas de corrente são linhas tangentes aos vetores do campo de velocidades em cada ponto e instante. São similares a linhas de força em campos eletromagnéticos, mas no movimento de fluidos se observa a velocidade. Em túneis de vento, onde se avalia, por exemplo, aerodinâmica de asas de aviões e carros, utiliza-se fumaça para identificar as linhas de corrente, Figura 4, ou fumaça e lasers. Ao visualizar as linhas de corrente rapidamente se tem uma descrição qualitativa do escoamento do fluido. Figura 1.4 – Linhas de corrente em volta de carro do tipo Fórmula 1. , 11 1.2.2 Forças que atuam em um fluido Em um fluido atuam basicamente dois tipos de forças: forças de volume ou forças de campo e forças de superfície. No primeiro tipo, as forças atuam em cada elemento de fluido. Em outras palavras atuam em cada ponto do fluido. Exemplos são: força gravitacional ou eletromagnética (quando o fluido está carregado, por exemplo). Em fluidos, muitas vezes, as grandezas são avaliadas por unidade de volume. Um exemplo é a massa específica que é a massa dividida pelo volume. A força gravitacional ou peso é avaliada como peso específico: 𝜸��⃗ = 𝒎𝒈��⃗ 𝑽 = 𝝆𝒈��⃗ (4) O peso específico é uma grandeza vetorial, pois é uma força. No SI, tem unidade 𝑵 𝒎𝟑 . Se a massa específica varia de ponto a ponto, o peso específico também será definido para cada ponto. Assim, substitui-se a expressão acima pela versão de campo que pode variar em (𝒙,𝒚, 𝒛, 𝒕), assim como foi realizado com a massa específica em seção anterior. As forças de superfície são forças nas quais ocorre o contato de superfícies seja sólido sólido, sólido fluido ou mesmo fluido fluido. Exemplos comuns são forças devido pressão, atrito, entre outras. Forças de superfície geram tensões, que são efeito de forças internas geradas através da aplicação de forças externas. Como mencionado na definição de fluido, forças internas aplicadas em determinadas áreas (superficiais) são tensões. Matematicamente define-se, para cada ponto no fluido: 𝝉 = 𝒍𝒊𝒎 𝒅𝑨→𝟎 𝒅𝑭 𝒅𝑨 (5) , 12 𝒅𝑭 é uma força pequena e 𝒅𝑨 é uma área pequena. A tensão é uma grandeza escalar que no SI, tem unidade Pascal: Pa = 𝑵 𝒎𝟐 . Se a tensão for constante pode ser avaliada como força total sobre área total, simplesmente. Quando o fluido está em repouso, as únicas tensões não nulas são iguais a um termo já bem conhecido, a pressão. Quando o fluido se move, as tensões normais se tornam mais complexas e representam também as tensões relacionadas à deformação do fluido. As tensões de cisalhamento comentadas na definição de fluido são tensões tangenciais. 1.2.3 Viscosidade dinâmica e cinemática Voltando à Figura 1.2-b, mostrada na seção 1.1.1, sobre a definição de fluido, é possível avaliar mais uma propriedade fundamental de fluidos, a viscosidade. A viscosidade é uma grandeza que mede a resistência ao escoamento de fluidos, é a resistência do fluido a ser deformado por tensões de cisalhamento, é semelhante ao atrito, em fluidos. Ela está relacionada ao quão difícil é movimentar entre si camadas adjacentes de fluido. Quando forças são aplicadas, o fluido se deforma e escoa, mas com resistência, quantificada pela viscosidade. Em geral, a taxa de deformação de um fluido é medida com base em quanto a geometria do fluido se modifica. Em fluidos a quantidade que mede o quanto um fluido se deforma é o gradiente de velocidades, que é a taxa de variação da velocidade no espaço. No exemplo da Figura 1.2-b, é: 𝒕𝒂𝒙𝒂 𝒅𝒆 𝒅𝒆𝒇𝒐𝒓𝒎𝒂çã𝒐 = 𝒅𝒖𝒅𝒚 (6) Cuja unidade no SI é 𝟏 𝒔 . Em fluidos conhecidos como Newtonianos, a viscosidade é o parâmetro de proporcionalidade entre tensões de cisalhamento e as taxas de deformação. Para o exemplo da Figura 1.2-b, a relação pode ser escrita como: , 13 𝝉𝒚𝒙 = 𝝁 𝒅𝒖 𝒅𝒚 (7) Em que 𝝉𝒚𝒙é a tensão avaliada em uma área cujo vetor perpendicular a essa área tem a direção y, oriunda de forças na direção x, as direções podem ser visualizadas na Figura 1.2-b. Para avaliar a expressão acima, Equação (7), imagine o mesmo experimento realizado no tanque com a placa plana na seção 1.1.1. Suponha que ao invés de água utiliza-se mel, mas aplicando a mesma força, vai ser possível observar que o mel se desloca bem menos, se deforma menos. A taxa de deformação ou gradiente de velocidade será menor. Para forças iguais as mesmas tensões são geradas, portanto, segundo a Equação (7), a viscosidade tem que ser maior. O mel é dito ser mais viscoso do que a água. Ao realizar uma análise dimensional na Equação (7), observa-se que no SI a unidade de viscosidade é 𝒌𝒈 𝒎.𝒔 ou 𝑷𝒂. 𝒔. Existem também outras unidades comuns como 𝑷𝒐𝒊𝒔𝒆. Muitas vezes, quando ao realizar cálculos, surge outra propriedade que é a razão entre a viscosidade dinâmica e a massa específica, conhecida como viscosidade cinemática. Medida em 𝒎 𝟐 𝒔 no SI ou 𝑺𝒕𝒐𝒌𝒆, comumente. O termo viscosidade está bem presente no cotidiano e também na engenharia. Um exemplo é a viscosidade de óleos lubrificantes utilizados em automóveis. A viscosidade é um dos parâmetros mais importantes na seleção de um óleo para lubrificação adequada de peças mecânicas. É importante ressaltar que tanto a massa específica quanto a viscosidade são propriedades que variam com temperatura e pressão. Dependendo da situação, a variação é pequena e pode ser desconsiderada, porém para mudanças de pressão e/ou temperatura consideráveis essas propriedades se alteram e isso deve ser contabilizado (FOX et al., 2018). , 14 1.3 Classificação do movimento de fluidos Se o fluido estiver em repouso, ele é classificado como estático. Porém, se está em movimento, existem várias possibilidades de comportamento. A figura abaixo ilustra uma possível classificação da dinâmica dos fluidos. Fonte: FOX et al., 2018, p. 36 Figura 1.5 – Possível classificação da dinâmica dos fluidos. Fluidos não viscosos são conhecidos como superfluidos. Porém, em termos de modelo, quando a viscosidade não tem muita influência no fenômeno, se considera a viscosidade como nula, o fluido é dito ser invíscido ou ideal. Se um fluido não é considerado viscoso, seu escoamento pode ser compressível ou incompressível, interno (dentro de um tubo, por exemplo) ou externo (em volta de uma asa de um avião, por exemplo). Um fluido incompressível é um fluido cuja massa específica pode ser considerada constante, pois não varia consideravelmente sob aplicação de pressão, é uma propriedade do material. Água, óleo, mel são exemplos de fluidos incompressíveis. Já em fluidos compressíveis, a massa específica varia significativamente, gases, por exemplo. , 15 Todo fluido incompressível gera escoamentos incompressíveis, mas fluidos compressíveis também podem produzir escoamentos incompressíveis (como boas aproximações). Isto quer dizer que fluidos compressíveis podem escoar de maneira incompressível. Isto parece confuso, mas de um lado tem-se uma propriedade do material sob aplicação de pressão, de outro o comportamento da massa específica durante o escoamento. De início, o que se pode afirmar é que a compressibilidade do escoamento não é uma propriedade somente da massa específica e sim do gradiente de velocidade, a taxa de deformação do fluido. Fluidos viscosos, além de poderem ser compressíveis, incompressíveis, internos e externos, podem ser também laminares ou turbulentos. Uma situação cotidiana em que esses últimos regimes de escoamento podem ser observados é quando se abre a torneira de casa. Na medida em que se abre a válvula da torneira aumenta-se a vazão de água. No início observa-se um fio de água bem homogêneo e suave, com camadas de fluido comparáveis a lâminas sobrepostas, este regime é conhecido como escoamento laminar. Quando se aumenta a vazão, começam a surgir flutuações no movimento do fluido, de comportamento aleatório, este regime é conhecido como turbulento (FOX et al., 2018). Muitas vezes é possível até ver uma parte laminar e outra turbulenta e uma região de transição. Ao diminuir a vazão e fechar a válvula, o fluido passa por um processo de relaminarização e volta a ser laminar. Conclusão Em geral, fluidos são tratados como substâncias contínuas que, diferentemente de sólidos, não suportam tensões de cisalhamento e por isso escoam. As forças atuantes em fluidos, que causam o seu movimento ou mantêm seu equilíbrio são divididas em forças de volume e forças superficiais. Quando o fluido escoa, existe resistência ao seu escoamento, quantificada pela viscosidade. O movimento do fluido pode ser visualizado através das linhas de corrente que representam de certa maneira o campo de velocidades do fluido. , 16 Um fluido pode ser avaliado através da abordagem de sistema ou de volume de controle, em referenciais Lagrangeanos ou Eulerianos, porém o referencial Euleriano é mais utilizado por ser mais simples e por ser, muitas vezes, suficiente. O estudo de fluidos é complexo, mas é fundamental, pois explica vários fenômenos presentes na natureza e possui vasta aplicação na indústria, além de ser tema bastante ativo em desenvolvimento científico e tecnológico. REFERÊNCIAS BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. Recurso online. WETMORE, K. Soaring Above. Ilinois Tech Magazine, 2015. Disponível em: https://magazine.iit.edu/summer-2015/soaring-above. Acesso em: ago. 2019. FOX, R. W. et al. Introdução à mecânica dos fluidos. 9. ed. São Paulo: LTC, 2018. Recurso online.