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Código Logístico 59665 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6709-1 9 7 8 8 5 3 8 7 6 7 0 9 1 Auditoria Érico Eleuterio da Luz IESDE BRASIL 2021 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2021 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: echoevg/Shutterstock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ L994a Luz, Érico Eleuterio da Auditoria / Érico Eleuterio da Luz. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2021. 94 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6709-1 1. Contabilidade. 2. Auditoria. I. Título. 20-67934 CDD: 657.45 CDU: 657.6 Érico Eleuterio da Luz Mestre em Controladoria e Contabilidade pela Universidade Norte do Paraná (Unopar) e especialista em Finanças e Auditoria pela FAE/CDE. Bacharel em Ciências Contábeis pela Fundação de Estudos Sociais do Paraná (FESP) e em Direito pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), atuou como contador e controller em grandes empresas. Professor nas áreas de contabilidade e direito, em cursos de graduação e de pós-graduação. Coordenador do curso de Ciências Contábeis na FAE – Centro Universitário Franciscano e consultor empresarial. Autor de diversos livros de contabilidade, teoria da contabilidade e controladoria. Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO 1 Introdução à auditoria 9 1.1 Conceito, objetivo e evolução da auditoria 10 1.2 Tipos de auditoria 11 1.3 Órgãos reguladores e código de ética profissional 20 2 Planejamento, programas e normas de auditoria 26 2.1 Planejamento dos trabalhos de auditoria 27 2.2 Programas de auditoria 29 2.3 Normas de auditoria 35 3 Principais procedimentos de auditoria 40 3.1 Testes e procedimentos de auditoria 40 3.2 Principais procedimentos 45 3.3 Papéis de trabalho: conceito e técnicas 48 4 Relatórios e pareceres em auditoria 58 4.1 Relatórios e pareceres de auditoria 58 4.2 Tipos de pareceres 60 4.3 Parágrafo de ênfase e eventos subsequentes 69 5 Aplicações específicas da auditoria 74 5.1 Auditoria aplicada a operações societárias 74 5.2 Auditoria na abertura de capital e captação de recursos 83 5.3 Auditoria fiscal: importância e programas específicos 84 Gabarito 92 Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! Este livro trata de uma das técnicas mais importantes para gestão e controle de qualquer entidade, independentemente do porte ou da atividade que exerça. Como será visto ao longo da leitura dos capítulos que compõem a obra, a auditoria é, em essência, uma atividade que busca certificar as informações dos relatórios contábeis e contribui sobremaneira para a implementação e análise dos controles internos das organizações. Para cumprir sua tarefa, a auditoria deverá obedecer a um processo lógico, que tem início na análise holística da entidade, em seu histórico e principais aspectos do negócio, o que permitirá um planejamento adequado das áreas a serem auditadas, dos programas que serão formulados e dos procedimentos que serão aplicados. Com isso, compreende-se que essa atividade e suas diversas técnicas devem ser utilizadas sistematicamente pelos empreendimentos, a fim de que os proprietários e outros interessados (sócios e acionistas, credores, investidores diversos etc.) possam ter a segurança necessária nos sistemas de controle e nas informações oriundas dos relatórios contábeis. Os temas são abordados de maneira sequencial e lógica para que você possa compreender não apenas os conceitos fundamentais, mas também o roteiro da execução dos trabalhos de auditoria. É importante destacar que embora nem todos os profissionais de contabilidade atuem em auditoria, pode-se assegurar com razoável precisão que a aplicação de suas técnicas e seus procedimentos na rotina dos trabalhos contábeis será sempre de grande valia. Afinal, o que é a conciliação de contas (para se ater a apenas um exemplo) senão uma pequena auditoria em cada conta? A compreensão atualmente é de que a auditoria é uma atividade essencial para o aprimoramento da gestão empresarial e deveria ser mais utilizada pelas empresas. Por isso, procurou-se abordá- la de modo mais direto e dialógico, com o objetivo de facilitar o entendimento e a aplicação no dia a dia. APRESENTAÇÃOVídeo No Capítulo 1 são apresentados os conceitos iniciais, porém cruciais para iniciar o estudo do tema, como o surgimento e a evolução da técnica de auditoria. Também são vistas as características da auditoria externa ou independente e da auditoria interna, bem como os órgãos que regulamentam sua prática no Brasil. No Capítulo 2 destacam-se os aspectos mais relevantes no roteiro da preparação dos trabalhos de auditoria, abordando as etapas de planejamento e da estruturação dos programas de trabalho, e discorre-se sobre as principais normas de auditoria em vigor atualmente. No Capítulo 3 estão descritos os procedimentos mais comumente aplicados nos trabalhos de campo, os testes de auditoria e a natureza, a importância e a confecção dos papéis de trabalho. Essa é a etapa que configura a realização efetiva dos trabalhos, resultando no parecer, assunto do próximo capítulo. No Capítulo 4 é abordado o relatório com parecer de auditoria. Sempre com a preocupação de oferecer uma abordagem prática do assunto, nesse capítulo se encontram modelos reais dos quatro tipos de pareceres: sem ressalvas, com ressalvas, adverso de opinião e com abstenção de opinião. Também há considerações sobre o parágrafo de ênfase e os eventos subsequentes, pois são temas que permeiam a conclusão dos trabalhos do auditor. No Capítulo 5 são discutidas as denominadas reorganizações societárias (fusão, cisão e incorporação) e a contribuição da auditoria para a efetivação dessas operações de modo mais correto e seguro possível, no que diz respeito à contabilidade. Também há noções sobre o tema relacionado à auditoria fiscal. Percebe-se que a ordem de apresentação dos temas no livro segue a lógica de um trabalho de auditoria, com ênfase na auditoria independente. Reforça-se mais uma vez a importância da aplicação desses conceitos, seja como profissional que atua diretamente na atividade de auditor , seja como profissional de contabilidade, pois as técnicas de auditoria podem e devem ser objeto de estudo e aplicação – com destaque para a análise e a implementação de bons controles internos – em qualquer entidade. Boa leitura! Introdução à auditoria 9 1 Introdução à auditoria Neste capítulo se dará início aos estudos de auditoria, conhe- cendo sua origem e evolução ao longo da história. No início do século XX, houve um fortalecimento da auditoria, tendo em vista o surgimento e a evolução das grandes corporações, notadamente nos Estados Unidos. É fato que as organizações, à medida que cresciam em tamanho e complexidade, procuravam estabelecer formas de controle do seu patrimônio e das operações executadas, com vistas a assegurar: a) que seu patrimônioestaria protegido de perdas pela ausência de controles internos, por isso preocupavam-se desde o início com a ocorrência de fraudes e erros; e b) que seus relatórios contábeis haviam sido elaborados conforme as normas e os regulamentos contábeis vigentes, garantindo que essas demonstrações contábeis espelhem com fidedignidade a situação financeira do patrimônio. A primeira assertiva trata da auditoria interna, e a segunda refere-se à auditoria externa, também denominada auditoria in- dependente. A seguir, serão abordadas com mais detalhes as ca- racterísticas específicas da auditoria interna e externa, com um destaque especial para os chamados controles internos, conceitos fundamentais para que as organizações possam assegurar a eficá- cia no uso dos recursos. Outro tema de destaque neste momento inicial do estudo se- rão os diversos órgãos de classe que regulam a contabilidade e a auditoria no Brasil e estão intrinsecamente ligados, portanto, com a qualidade dos relatórios contábeis (que serão objetos da audito- ria externa). Bom estudo! 10 Auditoria 1.1 Conceito, objetivo e evolução da auditoria Vídeo A auditoria é uma das diversas técnicas da contabilidade que ser- ve para proporcionar controles suficientes para assegurar a eficácia dos processos operacionais e a fidedignidade das informações con- tábeis. Embora existam diversas abordagens da auditoria (que serão vistas mais adiante neste capítulo), sua origem se dá pela denomina- da auditoria das demonstrações contábeis. Esse aspecto é abordado por Araújo, Arruda e Barretto (2008, p. 1), quando afirmam que a audito- ria “inicialmente, foi utilizada pelos ingleses, para significar o conjunto de procedimentos técnicos utilizados para a revisão da escrituração e evidenciação dos registros contábeis”. Etimologicamente, ensinam os mesmos autores, a palavra auditoria origina-se do latim audire (ouvir). Teve, portanto, seu surgimento com a auditoria contábil, que consiste na aplicação de procedimentos específicos utilizados para que se obte- nha um parecer sobre os relatórios contábeis obrigatórios. Crepaldi e Crepaldi (2019, p. 3) conceituam auditoria como “o le- vantamento, estudo e avaliação sistemática das transações, procedi- mentos e operações, rotinas e das demonstrações financeiras de uma entidade”. A auditoria das demonstrações contábeis, dessa forma, compreende um conjunto de técnicas utilizadas para verificar se as de- monstrações contábeis expressam o mais verdadeiramente possível o valor do patrimônio da entidade, observando-se os ditames das nor- mas e regras contábeis. Historicamente, percebe-se que os proprietários e gestores que- riam assegurar aos investidores e demais interessados na situação econômica e financeira dos empreendimentos que as demonstrações contábeis refletissem adequadamente (conforme preconizado pelas normas e pelos princípios contábeis) a posição patrimonial, financeira, de resultado e geração de caixa relativos a esses empreendimentos. Embora a ideia de se registrar e acompanhar a situação econômica e financeira dos negócios seja tão antiga quanto a própria civilização, foi nos últimos séculos que a contabilidade assumiu um papel de rele- vante destaque, por conta, inclusive, da Revolução Industrial. Nota-se que a contabilidade numa concepção mais aproximada daquela que se pratica atualmente surgiu no século XV, e foi se desenvolvendo junto à economia. À época, a auditoria (ou algo próximo do que se vê atual- Introdução à auditoria 11 mente) limitava-se à aplicação de técnicas de verificação da correção dos registros contábeis. Entretanto, no século XIX, surgem as grandes corporações, que, pela necessidade de grandes aportes de recursos para financiamen- tos de seus investimentos, recorrem aos bancos e mercados de capi- tais. A ciência contábil, assim como todas as ciências, passou por uma grande evolução na era moderna, e foi uma das grandes responsáveis pelas revoluções industriais, assim como pelo aprimoramento do Esta- do moderno. As organizações se tornaram cada vez mais complexas, o volume da produção e do fluxo de capitais ficaram muito maiores, e surgiram cada vez mais normas que deveriam ser seguidas, como em relação aos impostos. Na era moderna, a auditoria não era mais um instrumento estático de observação, pois tornou-se um importante re- curso para orientar, interpretar e até mesmo prever fatos. Pode-se afirmar que a auditoria independente tem como propósi- to emitir uma opinião sobre a veracidade das informações que cons- tam nos relatórios contábeis. Para cumprir esse objetivo, a auditoria se vale de um processo em que são utilizados diversos procedimen- tos e técnicas previamente definidos na etapa de planejamento dos trabalhos, que asseguram a eficácia nas atividades e resultam na emissão do parecer de auditoria, no qual o auditor expressa sua opi- nião sobre a veracidade das demonstrações contábeis preparadas pela companhia auditada. O livro Auditoria contábil: enfoque teórico, normativo e prático aborda a audito- ria no contexto histórico, para que seja possível compreender seu sur- gimento e sua evolução como ferramenta de grande utilidade para o controle dos negócios. ARAÚJO, I. P. S.; ARRUDA, D. G.; BARRETTO, P. H. T. São Paulo: Saraiva, 2008. Livro 1.2 Tipos de auditoria Vídeo A auditoria não limita sua atuação à confirmação da qualidade e efetividade das demonstrações, tendo sua abrangência evoluída ao longo do tempo para atuar em diversas outras situações e de formas que a aproximam cada vez mais da gestão empresarial. Tem-se, assim, diversos enfoques da auditoria. Importante destacar o que afirmam Crepaldi e Crepaldi (2019) com relação aos reflexos da auditoria sobre a riqueza patrimonial. Segundo os autores, a proteção que a auditoria oferece à riqueza patrimonial, dando maior segurança e garantia aos administrado- res, aos proprietários, ao fisco e aos financiadores do patrimônio compreende cinco aspectos, são eles: 12 Auditoria Biw 3d s/S hu tte rrs toc k Aspecto administrativo: redução de ineficiência, negligência, incapacidade e improbidade de empregados e administradores. Aspecto patrimonial: maior controle dos bens, direitos e obrigações que constituem o patrimônio. Aspecto fiscal: permite um melhor cumprimento das obrigações fiscais, reduzindo o risco de autuações por parte do fisco por conta de erros no cumprimento dessas obrigações. Aspecto técnico: melhor utilização dos relatórios contábeis, com informações mais precisas e elaboradas conforme estabelecido pelas normas contábeis. Aspecto econômico e financeiro: proporciona uma gestão de recursos mais eficaz, oferecendo melhor rentabilidade e liquidez ao negócio. É necessário entender que todos os tópicos estão contidos em algu- ma das modalidades de auditoria que serão tratadas a seguir. 1.2.1 Auditoria interna A auditoria interna constitui-se de uma série de procedimentos executados para assegurar que a entidade auditada possua e cum- pra uma série de diretrizes de controles internos que visam à pro- teção do patrimônio da entidade. Normalmente, é executada por profissionais que integram o grupo de funcionários da empresa, po- rém ultimamente se tem visto a contratação de empresas de audito- ria para realizar esse trabalho. Almeida (2017, p. 29) esclarece que “surgiu o auditor interno como uma ramificação da profissão de auditor externo e, conse- quentemente, do contador”. O autor complementa que embora o auditor interno possa ser contratado como colaborador da empresa auditada, “não deve estar subordinado àqueles cujo trabalho exami- na”. A auditoria interna é uma atividade de apoio à gestão das enti- dades que verifica sistematicamente se as atividades executadas em cada área da organização observam o que foi definido pelas diretri- zes políticas e respeitam os procedimentos e controles previamente determinados. Introdução à auditoria 13 Geralmente, a auditoria interna executa seu trabalhoprocurando avaliar a adequação, pertinência, eficácia, integridade e confiabilidade dos registros e controles. Seu trabalho também consiste em avaliar a efetividade, oportuni- dade e qualidade do sistema de controle interno, cuja implementação e pertinência devem ser objetos de verificação sistemática por parte dos auditores internos, tendo em vista que as falhas, inobservâncias ou inexistências desses controles implicam sérios riscos de compro- meter os ativos. Por essa razão é imperativo que os controles inter- nos visem principalmente à proteção e à salvaguarda dos ativos do negócio. Ferreira (2009, p. 431) elenca os principais objetivos a serem cum- pridos pela auditoria interna: • Verificar se as normas relativas ao sistema contábil e de contro- les internos estão sendo cumpridas. • Promover medidas no sentido de fazer com que sejam cumpri- das as normas do sistema contábil e de controles internos. • Verificar a necessidade de aperfeiçoamento das normas relati- vas ao sistema contábil e de controles internos existentes. • Propor novas normas para o sistema contábil e de controles internos. Nesses objetivos está implícita a necessidade de que o auditor interno tenha liberdade e autonomia ao executar seu trabalho, não sendo recomendável haver restrições. O acesso a todas as áreas da empresa e a possibilidade de analisar todos os tipos de processos operacionais são requisitos indispensáveis para a qualidade e efeti- vidade do seu trabalho. Para Attiê (2007, p. 52), “a empresa, visando resguardar e salvaguardar seus interesses constitui, por política, a área de auditoria que tem por finalidade fornecer aos administrado- res, em todos os níveis, informações que os auxiliem a controlar as operações e atividades pelas quais são responsáveis”. No exercício constante da auditoria interna, percebe-se que essa técnica carrega consigo diversas vantagens, como sua regularidade (estar sempre sendo executada, proporcionando um acompanha- mento contínuo); a capacidade de ter profissionais com o domínio dos processos existentes, proporcionando um acompanhamento re- gular e com mais profundidade dos processos e das atividades; e a apresentação de menor custo em relação aos auditores externos. 14 Auditoria É possível dividir a auditoria interna em diversos enfoques, confor- me a área ou abrangência em que se dará sua atuação: Auditoria operacional: confere apoio à gestão empresarial assessorando as áreas para que ocorra um desempenho condizente com aquilo de que o negócio efetiva- mente necessita, por meio da verificação e aplicação de testes para certificação do cumprimento pelos departamentos e setores das medidas de controle, evitando ou minimizando a ocorrência de erros e irregularidades. Auditoria da qualidade: nessa atuação o auditor deve estar profundamente envolvi- do com os processos de qualidade e ter amplo conhecimento dos conceitos e das exi- gências dos mecanismos e procedimentos que representam as certificações emitidas pelos órgãos responsáveis pelas definições dos critérios e das exigências para que se obtenha tal certificação. O auditor interno, mais uma vez, deve contribuir avaliando sis- tematicamente os controles que assegurarão a qualidade exigida em cada processo. Auditoria de gestão: constitui-se numa perspectiva de auditoria que assessora a cúpula da empresa. Sua função é atuar nos níveis estratégicos, táticos e operacionais da organização, com o objetivo de levantar possíveis incongruências entre o que foi definido e o que está sendo efetivamente executado e, se for o caso, sugerir políticas, procedimentos e critérios de controle que possam aumentar a eficácia das operações. Auditoria de sistemas informatizados: usada em larga escala pelas empresas, especialmente as de grande porte e com médio nível de com- plexidade nas operações, essa auditoria atua na verificação e no acompa- nhamento de controles internos referentes aos sistemas informatizados. Trata-se, portanto, de uma atividade de auditoria altamente qualificada e sofisticada, sendo assim, os auditores não podem negligenciar o exame e a avaliação criteriosa desses sistemas, visando à segurança e à confiabili- dade das informações processadas e distribuídas pelos sistemas. Auditoria interna O objeto de análise e verificação constante da auditoria interna é o conjunto de controles internos, cuja implementação nas entidades se dá com o objetivo de proteger os ativos de manipulações, mau uso e até desvios. O sistema de controles internos existente, por- tanto, deve compreender uma série de medidas e procedimentos de observância obrigatória por todos os colaboradores. A inexistência de controles básicos, como o controle sistêmico e físico sobre ati- vos como dinheiro em caixa e mercadorias no estoque pode resultar em perdas ou uso inadequado desses elementos. Imoniana (2019, p. 153), destaca que o sistema de controles internos compreende “o plano de organização e todos os métodos e medidas coordenadas, aplicados em uma empresa, a fim de proteger seus bens, conferir a exatidão e a fidelidade de seus dados contábeis, promover a eficiên- Introdução à auditoria 15 cia operacional e estimular a obediência às diretrizes administrati- vas estabelecidas”. Alguns procedimentos de controles internos devem sempre ser observados, como a segregação de função (por exemplo, o funcionário que paga o fornecedor não deve ter acesso ao sistema contábil para efetuar registros contábeis). Os controles internos devem ser objeto de análise por parte dos auditores externos, com vistas à detecção de possíveis pontos frágeis, o que demandará a ampliação (aplicação de mais procedimentos) e ex- tensão (verificação mais completa de algumas operações) dos exames. Para selecionar as contas de receitas e despesas que serão analisa- das de maneira mais profunda, o auditor deve: Observar a natureza e a relevância das operações reconhecidas conta- bilmente e que afetaram o resultado, verificando se houve transações entre pessoas ligadas (sócios, diretores e administradores) e atentando para eventos incomuns (receitas e despesas extraordinárias) que de- mandarão atenção especial. Determinar a extensão do controle interno existente sobre as opera- ções, considerando que operações mais complexas e significativas nor- malmente requerem controles mais efetivos e rigorosos. Investigar o nível de controle estabelecido sobre as operações mais rele- vantes, a fim de se certificar de que aquelas contas com maiores valores, e portanto com maior risco, merecem mais e melhores procedimentos de controle. Analisar a extensão em que outros testes aplicados sobre as contas pa- trimoniais já forneceram subsídios para sua opinião sobre as contas de resultado. Dessa forma, o auditor não precisará aplicar os procedimen- tos na mesma extensão que foram aplicados nas contas patrimoniais. Por exemplo, ao auditar a conta de receita de vendas, saberá que vários procedimentos já foram aplicados na conta de clientes, que tem uma relação direta com essa conta de resultado (receita), implicando menor necessidade de testes. 1 2 3 4 Ok si Ok si /S hu tte rs to ck 16 Auditoria Almeida (2017) leciona que um bom sistema de controle interno funciona como uma “peneira” na detecção de erros ou irregularidades. Sendo assim, quando verificado que o conjunto de controles internos é satisfatório, o auditor reduzirá o volume e a amplitude dos testes de auditoria, mas caso não haja a confiança necessária nos controles, é imperativo que haja aumento nos testes. O autor evidencia um aspecto fundamental do controle interno, que é sua relação com o volume de testes numa auditoria, seja interna ou externa. Nesse sentido, quanto melhor o sistema de controle, melhor a confiabilidade que proporciona e menor será o volume de testes que precisará ser executado pelos profissionais numa auditoria. Ou seja, existe uma relação inversamente proporcional entre a qualidade do controle interno e o volume e a amplitudedos testes. Numa análise da prática da auditoria, o profissional deve avaliar a qualidade do controle interno, de acordo com um determinado roteiro: Estudo e análise do sistema de controle interno, utilizando técnicas usuais e sua experiência pro- fissional. Verificação da adequação do controle interno para a área ou o ativo respectivo. Avaliação da qualidade e pertinência do contro- le, no que diz respeito à possibilidade de revelar possíveis fraudes ou erros. Determinação de tipo, data e volume dos pro- cedimentos de auditoria que serão executados. Ta ra po ng S iri /S hu tte rs to ck Embora não exista um rol taxativo de controles internos, os mais comumente utilizados como objetos de testes pela auditoria são os controles internos contábeis e os administrativos. Os controles Introdução à auditoria 17 internos contábeis são procedimentos de autorização, verificação e aprovação de pagamentos, recebimentos e movimentação de recursos e, também, de segregação de funções, isto é, uma mesma pessoa não deve executar funções que sejam incompatíveis entre si, como ter acesso à execução de registros contábeis e custodiar ativos e controles sistêmicos, contábeis e físicos sobre ativos. Os controles internos administrativos são análises sistemáticas de processos, valendo-se de medidas estatísticas e outros procedimentos de controle de qualidade sobre processos referentes a produtos e serviços; treinamento de pessoal; e análises comparativas entre os dados reais e aqueles previstos no orçamento, seja em valores ou outras medidas que estejam disponíveis, como quantidade de material, tempo etc. Nos trabalhos de auditoria, uma das etapas mais relevantes será, desse modo, o teste dos controles internos, considerando-se que nor- malmente a ausência de controles causa falhas e ineficiências, resul- tando em perdas de recursos pela ocorrência de fraudes ou erros. Fraude constitui-se numa ação dolosa praticada com a intenção de benefício pessoal indevido e prejudicial à organização. A fraude é praticada com objetivos escusos. Já o erro configura um ato não intencional, decorrendo de negligência, imperícia ou imprudência da pessoa que o comete. Embora também não deva ser tolerado, não é praticado com a vontade de causar dano à organização. 1.2.2 Auditoria externa Também conhecida como auditoria contábil ou independente, nessa modalidade os auditores são contratados para emitirem um parecer acerca da qualidade das informações contábeis, ou seja, se os relatórios contábeis representam em todos os aspectos relevantes a situação econômica e financeira de determinado patrimônio. Imoniana (2019) assegura que o mercado de capitais se beneficia demasiadamente da auditoria externa tendo em vista que ela ajuda a sustentar um mercado eficiente, dando conforto aos seus participantes. O autor destaca um aspecto primordial na importância da auditoria independente, que é garantir a qualidade das informações contábeis elaboradas e divulgadas, dando segurança aos investidores de que há confiabilidade nessas informações. 18 Auditoria Quando a empresa contrata os serviços de auditoria externa, pos- sibilita, entre outros, uma elevada dose de confiabilidade para suas demonstrações contábeis, pois o parecer foi emitido por profissionais sem vínculo com a organização auditada. Graficamente, pode-se ilustrar as especificações das auditorias in- terna e externa, conforme seus objetos de estudo e aplicação das suas técnicas, da seguinte maneira: Auditoria Externa Objeto: demonstrações contábeis Objeto: controles e procedimentos internos Interna Muito embora possuam objetivos distintos de trabalho, tanto a au- ditoria interna como a externa têm uma relação de muita proximidade conceitual e de execução, pois se utilizam reciprocamente do resultado de seus trabalhos. A auditoria interna fornece à externa seu relatório de avaliação dos controles internos, e a externa fornece à auditoria in- terna suas conclusões sobre os testes que também efetua. Além disso, é comum a interna se utilizar das demonstrações contábeis e efetuar sobre esses relatórios diversos testes de auditoria. A Figura 1 apresenta as principais características e, portanto, di- ferenças entre a auditoria externa ou independente e auditoria in- terna. Fundamentalmente as diferenças levam em conta o objetivo de cada uma das espécies de auditoria, sua obrigatoriedade ou não e a relação com o auditado. Outra diferença que deve ser destacada é o produto final e a vinculação do auditor com esse produto (pare- cer ou relatório), pois enquanto o auditor externo emite e vincula-se juridicamente com o parecer, o auditor interno elabora um relatório de recomendações, com menor responsabilidade pelo seu conteúdo. Introdução à auditoria 19 Figura 1 Auditoria interna e externa Gr ap hi cc he nd ol /S hu tte rs to ck Objetivo Profissional Existência A quem interessa Produto final Auditoria externa Opinar sobre as demonstrações financeiras Independente com responsabilidade civil e contratação por período pré-determinado Obrigatória em determinadas empresas Empresa, órgãos governamentais, credores e investidores em geral Parecer sobre demonstrações financeiras Auditoria interna Assessorar a administração da empresa no efetivo desempenho de sua função Há relação de dependência com responsabilidades trabalhistas entre as partes Facultativa Empresa Relatório de recomendações/sugestões à administração Fonte: Adaptada de Almeida, 2017. As técnicas de auditoria se aplicam a todas as entidades (públicas, privadas, com ou sem fins lucrativos). A atuação da auditoria interna se dá principalmente na revisão e análise de processos operacionais (rotinas de vendas, por exemplo) e na averiguação da existência, per- tinência e confiabilidade dos controles internos existentes. Os profis- sionais que atuam como auditores internos executam trabalhos de testagem da qualidade e efetividade desses controles, sugerindo apri- moramento ou até mesmo a implantação de novos controles, quando necessário. Já a auditoria externa ou independente tem sua atuação voltada para a verificação das demonstrações contábeis e se estas es- tão conforme as premissas contábeis e representam adequadamente a situação financeira do patrimônio empresarial. Os auditores exter- nos se valem dos controles internos para efeito de planejamento da auditoria, pois o objetivo da auditoria externa é emitir um parecer sobre as demonstrações contábeis, e não atribuir juízo de valor sobre o sistema de controle interno. A obra Auditoria Interna traz uma abordagem robusta desse tipo de au- ditoria e seus principais enunciados, destacando sua estrutura, seus fun- damentos, suas técnicas e principais aplicações. ATTIÊ, W. São Paulo: Atlas, 2007. Livro 20 Auditoria 1.3 Órgãos reguladores e código de ética profissionalVídeo Existem diversos órgãos reguladores que se relacionam diretamente ou indiretamente com a auditoria, interna ou externa, seja disciplinan- do a atividade profissional ou estabelecendo diretrizes para o estudo e a aplicação de conceitos contábeis e de auditoria. Esses órgãos atuam na elaboração de normas contábeis e de auditoria, bem como no re- gistro e na fiscalização das atividades executadas pelos profissionais dessas áreas. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) é o órgão oficial que estabelece as normas brasileiras de contabilidade, atuando também na regulação e fiscalização do exercício profissional dos contadores. Sua configuração jurídica é de uma Autarquia Especial, enquadrando- se como pessoa jurídica de direito público. Sua criação se deu por meio do Decreto-Lei n. 9.295 de 27 de maio de 1946, e sua estrutura, sua organização e seu funcionamento são regulamentados atualmente pela Resolução CFC n. 1.370, de 8 de dezembro de 2011, que aprova o Regulamento Geral dos Conselhos de Contabilidade. A composição do CFC compreende a participação de um represen- tante de cadaestado e mais o Distrito Federal, no total de 27 conse- lheiros efetivos e igual número de suplentes. Essa autarquia possui as finalidades de orientar, normatizar e fiscalizar o exercício da profissão contábil, por intermédio dos Conselhos Regionais de Contabilidade, sendo incumbida também de estabelecer diretrizes acerca do cadastro de qualificação técnica e dos programas de educação continuada, bem como editar e aprovar as normas brasileiras de contabilidade. Outro órgão de relevante importância para a auditoria e contabili- dade é o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). O CPC teve sua criação baseada na necessidade da contabilidade brasileira de efetuar uma convergência com as normas internacionais de contabilidade, por- tanto era necessário estabelecer um órgão que centralizasse a emissão das normas de modo que o processo de convergência observasse o mais democrático processo na produção dessas informações, com a participação da classe contábil, dos auditores, das escolas de contabili- dade e com representantes do governo. Introdução à auditoria 21 Idealizou-se, dessa forma, o CPC, com a combinação de esforços das seguintes entidades: Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca); Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Nacional); B3 Brasil Bolsa Balcão; CFC; Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon); Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi); e entidades representativas de investidores do mercado de capitais. Criado pela Resolução CFC n. 1.055/2005, esse órgão tem como objetivo o estudo, o preparo e a emissão de documentos técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entida- de reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a con- vergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. (BRASIL, 2005) É importante destacar que o CPC é uma entidade de estudo e orientação, não possuindo poderes de regulação contábil, que são atribuições do CFC. Importa mencionar que em referência à atividade de auditoria in- dependente, a principal diretriz normativa está contida na Lei n. 6.404 (BRASIL, 1976), que em seu artigo 177, parágrafo 3º, estabelece que as companhias abertas (aquelas que possuem ações na bolsa de va- lores) devem ser auditadas por auditores independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – autarquia criada pela Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976, cujo objetivo é fiscalizar, norma- tizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil. As companhias consideradas – por força da Lei n. 11.638/2007 – sociedades de grande porte, ou seja, que possuírem ativo total su- perior a R$ 240 milhões ou receita bruta superior a R$ 300 milhões, também deverão contratar os serviços da auditoria independente. O artigo intitulado Controles internos: prevenção e gestão de riscos traz uma contribuição relevante para a compreensão do controle interno e sua impor- tância na gestão de riscos. Leitura interessante! Acesso em: 12 nov. 2020. http://www.portaldeauditoria.com.br/controles-internos/controles-internos.htm Artigo http://www.portaldeauditoria.com.br/controles-internos/controles-internos.htm 22 Auditoria O CFC aprovou, por meio da NBC PG 01 (CRC-PR, 2019), o Código de Ética Profissional do Contador, com a finalidade de estabelecer regras de conduta pessoal, profissional e nas suas relações com seus pares e a classe profissional. O documento reitera a importância da observação por parte dos contadores da necessária conduta ética, porém ressalta que, além do cumprimento dos preceitos dessa norma, os profissionais contábeis devem cumprir outras diretrizes emanadas pelas demais Normas Brasileiras de Contabilidade bem como pela legislação vigente. Beta S/A é uma empresa comercial de tamanho médio que está funcio- nando há mais de 20 anos. Há tempos figurando como a principal forne- cedora da região, a empresa tem apresentado nos últimos anos queda nas vendas e um crescente endividamento com os bancos. Os sócios da Beta S/A precisam urgentemente recuperar sua situação financeira para evitar uma possível descontinuidade do negócio e, para isso, pensaram em algumas alternativas. Uma possibilidade seria a obtenção de mais empréstimos bancários com amortização a longo prazo, porém logo per- ceberam que não havia linhas de crédito com esse perfil. Uma segunda possibilidade seria a venda de ativos imobilizados, no entanto essa estra- tégica reduziria a capacidade de vendas, com efeito contrário ao preten- dido, ou seja, aumentar a participação no mercado. Restou uma tercei- ra alternativa, que seria a entrada de um novo sócio no negócio. Dessa forma, a diretoria buscou um perfil no mercado e a proposta atraiu a Gama S/A, empresa em ótima situação financeira e com interesse em diversificar sua atividade. A Gama S/A aceitou comprar 30% das ações da Beta S/A, mas exigiu a contratação de uma empresa de auditoria, e só faria o investimento após analisar o respectivo parecer. Tendo em vista essa situação, Beta S/A contratou os serviços da firma de auditoria Auditores Associados Ltda., cujo contrato prevê a realização de auditoria externa com vistas à emissão de um parecer sobre suas demonstrações contábeis. O Balanço Patrimonial apresentado é relativo ao ano de 20X1 e apresen- ta a seguinte estrutura: Empresa: Beta S/A Balanço Patrimonial 20X0 VALOR 20X1 VALOR ATIVO Ativo Circulante 722.000 576.000 CÓD PT Caixa e Equivalentes de Caixa 158.000 100.000 A Clientes 360.000 280.000 B Estoques 204.000 196.000 D (Continua) Estudo de caso Introdução à auditoria 23 Ativo Não Circulante 843.000 859.000 Realizável a Longo Prazo 2.000 2.000 E Investimentos 60.000 66.000 F Imobilizado 780.000 790.000 G Intangíveis 1.000 1.000 H Total do Ativo 1.565.000 1.435.000 20X0 VALOR 20X1 VALOR PASSIVO Passivo Circulante 645.000 554.000 Fornecedores 213.000 123.000 AA Obrigações Fiscais 45.000 54.000 BB Financiamentos 387.000 377.000 CC Passivo Não Circulante 853.000 814.000 Empréstimos/Financiamentos 853.000 814.000 DD Patrimônio Líquido 67.000 67.000 Capital Social 50.000 50.000 EE Reservas 17.000 17.000 FF Total do Passivo 1.565.000 1.435.000 Após conhecer um pouco da história da empresa, a equipe de audi- toria contratada fará uma análise dos controles internos a fim de efe- tuar o planejamento dos trabalhos. Um aspecto de suma importância em qualquer trabalho de auditoria externa é a definição dos objetivos da auditoria, que se constitui em uma auditoria independente das de- monstrações contábeis da empresa Beta S/A para efeito de emissão de um parecer que foi solicitado pela empresa Gama S/A, pois é de seu interesse comprar parte das ações da empresa Beta S/A. 24 Auditoria CONSIDERAÇÕES FINAIS O conceito de auditoria surgiu há muito tempo, da necessidade que os investidores e proprietários tinham em verificar a eficácia no uso dos recursos, em vista de que, em decorrência da evolução dos empreendi- mentos, os proprietários precisavam verificar se suas políticas e decisões estavam sendo observadas pelos gestores. Seu surgimento e a consequente evolução de suas técnicas acompa- nham a evolução da sociedade e dos empreendimentos. Seja como uma verificação sistemática da observância de controles de- senvolvidos e implementação para proteção dos ativos (auditoria interna) ou aplicando técnicas específicas para verificação da adequação dos re- latórios contábeis, como representativos da situação econômica e finan- ceira dos patrimônios (auditoria externa), a auditoria é extremamente útil e seu estudo e sua aplicação tornam-se cada vez mais necessários para empreendimentos de qualquer porte. Um empreendimento adequadamente auditado garante aos seus pro- prietários, acionistas e credoresa transparência e efetividade das informa- ções contidas nos relatórios contábeis e também que os recursos não sejam objetos de erros ou fraudes, o que oferece a garantia de que a gestão está despendendo os esforços necessários para a continuidade do negócio. ATIVIDADES 1. O que diferencia a fraude do erro, no que diz respeito à abordagem da auditoria? 2. Qual é a característica fundamental da auditoria externa, em relação ao objeto de sua aplicação? 3. Explique o que é controle interno, um conceito muito importante para a auditoria interna. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. São Paulo: Atlas, 2017. ARAÚJO, I. P. S.; ARRUDA, D. G.; BARRETO, P. H. T. Auditoria contábil: enfoque teórico, normativo e prático. São Paulo: Saraiva, 2008. ATTIÊ, W. Auditoria interna. São Paulo: Atlas, 2007. BRASIL. Lei das Sociedades por Ações. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 13 nov. 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm Introdução à auditoria 25 BRASIL. Resolução n. 1.055, de 7 de outubro de 2005. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 out. 2005. Disponível em: http://www.portaldecontabilidade.com.br/legislacao/cfc1055. htm. Acesso em: 27 jan. 2021. CORDEIRO, C. M. R. Auditoria interna e operacional. São Paulo: Atlas, 2013. CRC-PR – Conselho Regional de Contabilidade do Paraná. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PG 01, de 7 de fevereiro de 2019. Código de ética profissional do contador. Disponível em: https://www.crcpr.org.br/new/content/download/codigoEtica.pdf. Acesso em: 13 nov. 2020. CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. Auditoria contábil: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2019. FERREIRA, R. J. Manual de auditoria. Rio de Janeiro: Ferreira, 2009. IMONIANA, J. O. Auditoria: planejamento, execução e reporte. São Paulo: Atlas, 2019. http://www.portaldecontabilidade.com.br/legislacao/cfc1055.htm http://www.portaldecontabilidade.com.br/legislacao/cfc1055.htm https://www.crcpr.org.br/new/content/download/codigoEtica.pdf 26 Auditoria 2 Planejamento, programas e normas de auditoria Planejar consiste numa atividade de pensamento sobre o que poderá ocorrer no futuro, levando-se em consideração a situação analisada no presente. No entanto, é importante que se destaque que o planejamento não é um mero exercício de divagações ou adivinhações, ao contrário, essa atividade requer o domínio de técnicas e conceitos para ser realizada. Isso posto, é possível considerar que o planejamento é uma etapa fundamental no trabalho de auditoria. Assim, a execução dos trabalhos de auditoria, seja a externa ou a interna, prescinde de um adequado planejamento, sem o qual é quase certo que os objetivos pretendidos não serão atingidos. Qualquer trabalho de verificação e conferência deve ser objeto de uma sistematização das atividades, cujo início se dá na definição dos planos de trabalho. Neste capítulo serão vistas as tarefas que devem anteceder a efetiva realização dos procedimentos. Tão importante quanto o planejamento é a formalização dos programas de auditoria que serão utilizados, com vistas a comprovar que os testes aplicados serão efetivamente úteis para assegurar que a opinião do auditor é coerente com a verdade do que foi auditado. No planejamento se estabelecem os programas de auditoria, isto é, a definição dos procedimentos que serão utilizados para atingir os objetivos pre- viamente descritos no planejamento. Serão estudadas também as normas de auditoria, assunto es- pecial para a compreensão dos conceitos e das técnicas que deve- rão permear qualquer trabalho de auditoria. Bons estudos e aproveite! Planejamento, programas e normas de auditoria 27 2.1 Planejamento dos trabalhos de auditoria Vídeo A etapa de planejamento dos trabalhos é de fundamental relevância para o bom encaminhamento dos trabalhos de auditoria, pois de certa forma será o guia de execução dos procedimentos que serão aplicados. Franco e Marra (2001, p. 224) afirmam que “ao se iniciar qualquer trabalho de auditoria, este deve ser cuidadosamente planejado, tendo em vista seu objetivo. Os exames e verificações serão orientados con- forme o alcance verificado pela auditoria”. Os autores destacam a vin- culação direta entre o planejamento e o objetivo da auditoria, que deve servir de parâmetro para essa etapa inicial dos trabalhos. A esse respei- to, a NBC TA 300 (R1), do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), dis- põe que “o planejamento da auditoria envolve a definição de estratégia global para o trabalho e o desenvolvimento de plano de auditoria. Um planejamento adequado é benéfico para a auditoria das demonstra- ções contábeis de várias maneiras” (BRASIL, 2016). A normativa do CFC destaca as principais finalidades da atividade de planejamento, tais como auxiliar o auditor a dedicar atenção apro- priada às áreas importantes da auditoria e a identificar e resolver pro- blemas que possam surgir no decorrer dos trabalhos. Outra finalidade é auxiliar o profissional de auditoria na promoção de uma organização adequada do trabalho, de modo que haja eficácia e eficiência na reali- zação dos procedimentos. Ainda se pode destacar que um planejamen- to bem feito permite a seleção dos membros das equipes que atuarão em cada atividade e serão auditados conforme a necessidade de expe- riência profissional exigida em cada trabalho. Portanto, o planejamento tem importância estratégica para a reali- zação dos trabalhos de auditoria e o alcance de seus objetivos. É com base na definição do planejamento que serão pensados os programas de auditorias. Se o planejamento é importante em qualquer atividade, na audito- ria é uma fase imprescindível para a consecução dos trabalhos, pois a atividade do auditor consiste, como regra geral, em seguir um rotei- ro preestabelecido de procedimentos técnicos que serão definidos na fase de planejamento. Para efetuar o planejamento, é recomendável que o auditor desen- volva um conhecimento prévio sobre a entidade que será auditada, 28 Auditoria podendo pesquisar aspectos como: as atividades que são executadas pela auditada; sua estrutura organizacional e o sistema de informações gerenciais existente; as legislações a que está sujeita a entidade, entre outras informações que julgue necessárias e úteis, dadas as circuns- tâncias e o objetivo da auditoria. De posse dessas informações, os pro- fissionais poderão iniciar a definição dos programas de auditoria que serão aplicados. Além disso, o planejamento permite a fixação da relevância de cada procedimento que será empregado, além da verificação de áreas que requeiram prioridade no momento da realização dos testes. E, claro, facilita a racionalização dos trabalhos. Graficamente, é possível destacar as principais informações e con- dições para a elaboração do planejamento de auditoria, abordando os tópicos mais relevantes: Planejamento de auditoria Aspectos gerais Aspectos organizacionais Aspectos técnicos Conhecimentos de fatores econômicos Conhecimento das atividades da entidade Legislação aplicável Conhecimentos sobre o modelo de gestão Práticas operacionais da entidade Sistema contábil e de controles internos Complexidade das transações Práticas contábeis adotadas O auditor e a sua equipe devem se debruçar sobre a análise desses aspectos, pois esse conhecimento obtido será de grande valia para a defi- nição de um planejamento mais assertivo e que proporcionará o estabe- lecimento de programas de auditoria com vistas a alcançar os objetivos definidos. Para aprimorar seus conhecimentos sobre o conteúdo apresentado nesta seção, indicamos a leitura do livro Auditoria: um curso moderno e completo, que contribuirá de maneira especial para a compreensão do tema planejamento em audito- ria com enfoqueespecial. Vale a leitura! ALMEIDA, M. C. São Paulo: Atlas, 2017. Livro Planejamento, programas e normas de auditoria 29 2.2 Programas de auditoria Vídeo Os programas de auditoria representam a etapa subsequente à do planejamento e correspondem a uma série de procedimentos a serem aplicados de maneira que no conjunto possam expressar a opinião do auditor com a segurança necessária. O programa de auditoria compreende a estruturação do plano de trabalho que será executado nos exames em cada área da empresa auditada, e nessa etapa são definidos os procedimentos (testes de au- ditoria) que serão realizados. O encadeamento lógico das etapas de planejamento, do plano de trabalho e da realização dos testes permitirá o alcance dos objetivos, que consistem na emissão de um parecer que aponta se as demonstrações contábeis representam adequadamente a situação financeira do patrimônio da entidade objeto da auditoria. Crepaldi e Crepaldi (2019, p. 495) destacam que, ao planejar um pro- grama de auditoria, várias considerações básicas devem ser lembradas, além de sua importância ser levada em conta. Entre elas: “a responsabili- dade do auditor na apuração de qualquer erro ou irregularidade que afe- te os dados sob exame, e as formas em que o programa de auditoria pode ser modificado, em virtude das variações na eficiência do controle interno”. Extrai-se da afirmativa dos autores que o auditor deve ser muito cuidadoso ao definir os programas, pois é da sua responsabilidade a qualidade dos procedimentos que serão aplicados para a descoberta de falhas de controles internos que possam comprometer a fidedigni- dade das informações contábeis. O programa de auditoria compreende a etapa em que o auditor defi- nirá os trabalhos executados e os passos específicos a serem seguidos de acordo com o plano de auditoria. Como representam o detalhamento do que foi formalizado no planejamento, os programas devem compreen- der a definição do escopo adotado e os procedimentos a serem segui- dos, além de precisarem ser elaborados por cada área a ser auditada. Os programas de auditoria objetivam evidenciar os requisitos pla- nejados; estabelecer a extensão e as datas dos procedimentos a serem executados; definir a estimativa de horas por procedimentos a serem aplicados; controlar os passos dos programas realizados e a realizar; e evidenciar quem realizou os passos e registrar quem revisou os trabalhos. 30 Auditoria A etapa da definição de quais procedimentos específicos serão exe- cutados em cada área é determinante para a concretização de um tra- balho de qualidade na auditoria. Nesse sentido, é importante destacar alguns aspectos que devem nortear a escolha desses procedimentos: Observar o que foi definido como objetivo do trabalho e procurar per- manecer dentro desse escopo. O conjunto de procedimentos escolhido deve favorecer a obtenção das provas que conduzirão ao resultado do trabalho. Analisar detalhadamente os objetivos do exame para que haja coe- rência entre eles e os procedimentos que serão utilizados. Considerar que poderão ocorrer erros, e isso comprometerá o resul- tado dos exames, portanto deve haver uma supervisão clara sobre os trabalhos que implicam a realização dos procedimentos. Ok si Ok si /S hu tte rs to ck Como se constituem em autênticos planos de trabalhos que serão executados em campo, devem compreender: • A definição do objetivo do exame na área específica: por exem- plo, na auditoria dos estoques, incluindo-se o acompanhamento do respectivo inventário físico. • O tipo, a extensão e a profundidade do exame: no caso dos esto- ques, o saldo constante no Balanço Patrimonial será confrontado com o valor que consta no relatório de controle. • Os pontos de controle interno a serem revisados: nesse caso, o auditor deve verificar o sistema de controle interno que está vin- culado aos estoques. • Os procedimentos a serem adotados e o responsável pela audi- toria dessas contas. Planejamento, programas e normas de auditoria 31 2.2.1 Programas para contas do ativo Ao elaborar os programas de auditoria para qualquer elemento contábil ou área da entidade auditada, o profissional deve sempre le- var em conta os objetivos a serem atingidos, e não é diferente para as contas do ativo, passivo e resultado. Para as contas do ativo, recomenda-se a observação de alguns aspectos que, dentre outros, assegurarão a definição de programas que terão efetividade para que o resultado pretendido seja alcançado. Primeiramente, é importante destacar que, para a caracterização de um elemento como ativo, deve-se verificar a existência da posse ou propriedade desse ativo por parte da empresa. Outro aspecto re- levante é averiguar se é possível atribuir-lhe um valor monetário, pois a propriedade e a avaliação monetária são aspectos que permitem a classificação do elemento como ativo contábil da entidade auditada. Porém, na realização da auditoria dos ativos é essencial que a auditoria se assegure de que o elemento está classificado corretamente nas con- tas contábeis que melhor retratem a sua natureza e a sua utilidade. A maioria dos ativos, requer também esclarecer, só poderão ser desta- cados em notas explicativas, como é o caso, por exemplo, da composi- ção dos estoques, do imobilizado e de outros ativos. Testes também deverão ser efetuados para se assegurar da exis- tência física e da qualidade (estado em que se encontram) dos ativos. Ativos que proporcionam ganhos (como as aplicações financeiras) re- querem testes para verificar se essas receitas financeiras foram reco- nhecidas pela contabilidade no momento oportuno (competência). Para os ativos realizáveis (casos de clientes a receber e estoques), é importante que se apliquem procedimentos de auditoria, visando à certificação de que os valores que constam no balanço têm razoável potencial de ocorrência, ou seja, são necessários testes para verificar se esses ativos estão a valor provável de realização ou se serão necessários ajustes em provisões para perdas. Também é necessário que o auditor verifique e efetue testes nas depreciações, nas amortizações ou nos eventos, que significam ajustes e eventuais riscos de perdas de ativos e, portanto, devem ser reconhe- cidos pela contabilidade e mencionados em notas explicativas. 32 Auditoria Graficamente, pode-se demonstrar alguns critérios para elabo- ração dos programas de auditoria dos elementos do ativo, como segue: Programas de auditoria – Contas do ativo Padrões Verificação dos controles internos Confirmação de existência física Verificação do reconhecimento e mensuração monetária Nos programas de auditoria das contas do ativo, é fundamental que o auditor se certifique da existência e efetividade dos controles internos existentes sobre cada um dos seus elementos. Nos valores a receber dos clientes, por exemplo, é importante que haja uma in- tegração entre o sistema contábil e o sistema de gestão financeira, a fim de que todas as movimentações nos recebíveis sejam imediata- mente reconhecidas na contabilidade de maneira automática, sem a necessidade de quaisquer ajustes manuais. A confirmação física é outro procedimento que deve constar nos programas para quase a totalidade dos elementos do ativo, incluin- do as contas componentes do caixa e os equivalentes de caixa, sem descuidar dos estoques e dos ativos imobilizados. Outro procedimento que deve estar na formulação dos progra- mas de auditoria é aquele que diz respeito à verificação dos critérios utilizados pela contabilidade para reconhecer e mensurar (atribuir valor monetário) os ativos. A verificação dos ajustes por prováveis perdas nos créditos com clientes, a apropriação correta das despesas do exercício seguinte pagas antecipadamente e a utilização de critérios de depreciação que melhor espelhem o desgaste dos ativos imobilizados são exem- plos de critérios contábeis de reconhecimento e mensuração que devem ser objetos de observação e testes para a devidavalidação de seus valores. O livro Auditoria contábil é de importante contribui- ção para a compreensão dos temas abordados neste capítulo, especial- mente o Capítulo 12, que detalha o tema “Progra- mas de auditoria para contas do ativo” e merece uma leitura atenta. FRANCO, H.; MARRA, E. São Paulo: Atlas, 2001. Livro Planejamento, programas e normas de auditoria 33 2.2.2 Programas para contas do passivo Com relação às contas do passivo, os programas de auditoria de- vem assegurar, entre outros, que os controles internos existentes são suficientes para garantir a contabilização correta de todas as obriga- ções, no momento certo e no valor adequado; todos os eventos que geram passivos foram reconhecidos contabilmente, mesmo que na forma de provisões; e as obrigações pendentes no passivo são efeti- vamente devidas e estão classificadas contabilmente de modo correto, incluindo o cálculo e a contabilização de juros passivos no caso de dívi- das onerosas. Observe graficamente alguns critérios para elaboração dos progra- mas de auditoria dos elementos do passivo. Programas de auditoria – Contas do passivo Verificação dos controles internos Exame dos documentos Verificação do reconhecimento e mensuração monetária Para as contas do passivo, também é fundamental a análise da qualidade dos controles internos para evitar fraudes e erros, porém essas contas requerem uma cuidadosa análise dos contratos e docu- mentos que suportam as operações que compõem os saldos das con- tas. Programar a circularização dos fornecedores é um procedimento que deve constar nos programas formulados, bem como a verificação de possíveis situações que possam ensejar o surgimento de passivos contingentes. É importante também a atenção do auditor para a análise dos cri- térios de reconhecimento e mensuração dos elementos que compõem esse grupo do Balanço Patrimonial. 2.2.3 Programas para contas do patrimônio líquido Para formular os programas de auditoria das contas do patrimônio líquido, é indicado que o auditor proceda uma análise dos documentos 34 Auditoria que configuram a estrutura societária, bem como observe as altera- ções ocorridas nas relações societárias que possam se destacar. Dentre as ações que podem ser executadas na auditoria e, portan- to, devem estar nos programas de auditoria para esse grupo do Balan- ço Patrimonial, podem ser destacadas as seguintes: Biw 3d s/S hu tte rrs toc k Determinar se as ações (no caso de sociedades anônimas) ou quotas (sociedade limitada) têm comprovação de autorização e emissão. Verificar o cumprimento das principais normas que constam no instrumento de constituição da sociedade e se as respectivas alterações foram observadas por sócios e sociedade. Determinar se os elementos que formam o patrimônio líquido estão corretos tanto na classificação contábil quanto nos valores monetários. Assegurar-se de que a entidade auditada mantém de maneira organizada e atualizada os principais documentos e atas e livros societários. Nas contas do patrimônio líquido, a auditoria destaca mais os aspectos formais da documentação, embora isso não implique dar menor importância para os programas que serão estabelecidos para essa área. 2.2.4 Programas de auditoria para contas do resultado Normalmente o auditor, ao executar os procedimentos de auditoria para as contas do ativo e passivo, indiretamente já efetua uma verifica- ção nas contas de resultado, visto que essas representam as contrapar- tidas daquelas contas do Balanço Patrimonial. De qualquer forma, não deve se descuidar de uma análise criteriosa dos movimentos e saldos dessas contas de receitas, custos e despesas. Sendo assim, os programas formulados para as contas de resultado devem ter como objetivos: Planejamento, programas e normas de auditoria 35 • Verificar se todos os eventos que geraram receitas, custos e des- pesas foram comprovados por documentação hábil e reconheci- dos nas contas contábeis corretas. • Verificar se foram feitas todas as apropriações de despesas e re- ceitas que foram diferidas de períodos anteriores, como despe- sas antecipadas e receitas realizadas no período atual, mas que decorrem de contratos de períodos anteriores. • Assegurar que as contas de receitas, despesas e custos foram re- conhecidas contabilmente conforme os princípios e as normas contábeis. • Determinar se as receitas, custos e despesas foram classificadas nas rubricas contábeis corretas e se possíveis informações com- plementares foram incluídas nas notas explicativas. A análise das contas de resultado pode ser realizada por um pro- cedimento preliminar denominado auditoria analítica, por meio da qual a auditoria executa uma análise financeira da empresa e po- derá detectar variações significativas e comportamentos fora de um padrão, o que será de fundamental importância para a definição dos programas de auditoria para essas contas da demonstração do re- sultado do exercício. 2.3 Normas de auditoria Vídeo O estudo das normas de auditoria é muito importante, pois são essas regras emanadas dos órgãos que regulam a atividade de contabilidade e auditoria no Brasil, como o CFC, que orientam a atuação dos auditores e a execução da auditoria. Essas normas dividem-se em dois grupos: as Normas Profissio- nais (NBC PA), que estabelecem regras de exercício profissional, e as Normas Técnicas (NBC TA), que estabelecem conceitos doutrinários, regras e procedimentos aplicados de contabilidade. As normas profissionais dizem respeito à pessoa do auditor e estabelecem diretrizes relacionadas com a necessária independência que deve existir entre auditor e auditado. Regulam também a obrigatoriedade de revisão dos trabalhos pelos pares e a necessária submissão dos profissionais aos exames de qualificação técnica. Dessa forma, as normas profissionais procuram assegurar o perfil do 36 Auditoria auditor como o de um profissional altamente técnico, para garantir a qualidade nos trabalhos. As Normas Técnicas de auditoria conduzem o exercício efetivo da atividade nos trabalhos de campo e estabelecem diretrizes que regulam aspectos como os objetivos gerais do auditor independente e a obrigatoriedade da condução dos trabalhos de auditoria conforme as normas específicas, a documentação, o planejamento e a execução dos procedimentos e da avaliação dos riscos de auditoria. O auditor deve ter profundo conhecimento das normas técnicas para poder atuar sempre em conformidade com os termos que essas diretrizes normativas estabelecem. Planejamento e programas de auditoria Ao efetuar o planejamento da auditoria da Beta S/A, os auditores inde- pendentes consideraram a sua situação financeira bem como a existên- cia e a efetividade do sistema de controles interno. A equipe de auditoria optou por efetuar um questionário geral de controle interno para fins de verificação da existência e efetividade desse sistema de controles. De maneira geral, foram feitos os seguintes questionamentos: • As atribuições e as responsabilidades de funcionários, seções, divisões, departamentos e gerência estão claramente definidas nos manuais in- ternos da organização? • Os procedimentos das principais atividades da empresa (vendas, recebi- mentos, compras, pagamentos, salários, registros contábeis etc.) estão definidos nos manuais internos da organização? • A empresa utiliza um manual de contabilidade (estrutura das contas, quando cada conta deve ser debitada e creditada, modelos padroniza- dos das demonstrações contábeis e dos relatórios gerenciais internos e práticas contábeis utilizadas) a fim de permitir o registro ordenado e consistente de suas transações? • A empresa usa um sistema orçamentário (receitas, despesas, compras de matérias-primas e bens do imobilizado etc.)? • Os sistemas de controle (fornecedores, contas a receber, controle patrimonial, folha de pagamento etc.) estão integrados com o siste- ma contábil? • A empresa aplica a segregaçãode função? Ou seja, colaboradores que custodiam ativos e manipulam valores financeiros não têm acesso aos registros contábeis? Tendo recebido respostas positivas, os auditores concluíram a existência, qualidade e efetividade dos controles internos. Em seguida, a equipe de auditoria efetuou os programas de trabalho considerando os saldos exis- tentes e os riscos envolvidos em cada conta. Os programas para as contas do ativo procuraram assegurar a observância das normas contábeis de reconhecimento e avaliação dos elementos, a classificação contábil correta e a existência dos itens que constam do Balanço Patrimonial na data base dos exames. (Continua) Estudo de caso Uma obra de destaque da área é o Manual de auditoria e revisão de demonstrações financeiras, que enfatiza com muita propriedade as normas do auditor independente. LONGO, C. G. São Paulo: Atlas, 2015. Livro Planejamento, programas e normas de auditoria 37 1. Caixa e Equivalentes de Caixa – Saldo em 31/12/20X1 – R$ 100.000,00 a) Contagem física b) Conferência de saldos de bancos com extratos bancários c) Análise de conciliações bancárias d) Exame de escrituração 2. Clientes – Saldo em 31/12/20X1 – R$ 280.000,00 a) Confirmação do saldo contábil com o relatório analítico de clientes b) Circularização c) Inspeção de documento – pedido de vendas e nota fiscal d) Análise da carteira para teste do valor de perda provável com clientes 3. Estoques – Saldo em 31/12/20X1 – R$ 196.000,00 a) Confirmação de saldo b) Contagem física c) Inspeção de documento – nota fiscal de entrada 4. Imobilizado – Saldo em 31/12/20X1 – R$ 790.000,00 a) Confirmação de saldo b) Inspeção física c) Teste de depreciação de alguns itens Na definição dos programas a serem executados nas contas do passivo, a equipe de auditoria procurou assegurar que os valores que constam do Balanço Patrimonial na data base dos testes são aqueles devidos efe- tivamente aos credores. Os auditores também objetivaram assegurar que os passivos estão corretamente classificados na contabilidade e tes- tar a existência de possíveis contingências trabalhistas ou fiscais (situa- ções que, embora não reconhecidas como passivos na data da auditoria, podem vir a ser exigidas pela empresa auditada no futuro, como uma autuação fiscal). Portanto, para as contas do passivo foram feitos os seguintes programas de auditoria: 1. Fornecedores – Saldo em 31/12/20X1 – R$ 123.000,00 a) Confirmação de saldo b) Circularização c) Exame de escrituração d) Inspeção documental 2. Financiamentos – Saldo em 31/12/20X1 – R$ 377.000,00 a) Confirmação de saldo b) Circularização com bancos c) Conferência de cálculo dos encargos financeiros d) Exame de escrituração e) Inspeção documental – contrato de financiamento (Continua) 38 Auditoria 3. Empréstimos e financiamentos – Longo prazo – Saldo em 31/12/20X1 – R$ 414.000,00 a) Confirmação de saldo b) Circularização com bancos c) Conferência de cálculo dos encargos financeiros d) Exame de escrituração A equipe de auditoria é da opinião de que os programas definidos para as principais contas do ativo e passivo são necessários e suficientes para validar, após a aplicação dos procedimentos de auditoria, a opinião do auditor, que será formalizada no parecer de auditoria. CONSIDERAÇÕES FINAIS A auditoria é uma atividade de grande relevância para os interessa- dos num determinado patrimônio conseguirem se assegurar de que os recursos estão sendo adequadamente gerenciados, além da confirmação de que os relatórios contábeis expressam de maneira clara e verdadeira, conforme as normas e regras contábeis, a situação financeira e econômi- ca de um determinado patrimônio. Como uma atividade que se propõe a assegurar a efetividade de re- latórios e controles internos, ela deve ser executada sempre com muito rigor e observar padrões de procedimentos e testes. Por essa razão, a fase de planejamento dos trabalhos é imprescindível para garantir que os objetivos previamente definidos sejam atingidos no momento da realiza- ção dos procedimentos. A sistematização das atividades de auditoria e a condução das ações conforme roteiros previamente estabelecidos são essenciais para a qua- lidade dos trabalhos dos auditores, e estes estão sujeitos à observância das respectivas normas de auditoria. Essas regras de conduta profissional estabelecem diversas premissas, desde aspectos relacionados à pessoa do auditor até a definição de como deverão ser conduzidos os trabalhos de auditoria, visando à emissão de um parecer ou relatório que contenha sempre de modo claro e transparente a expressão da verdade sobre o patrimônio auditado. O roteiro dos trabalhos de auditoria deve ser observado com rigor por parte dos profissionais, seja o auditor interno ou externo, pois é garantia de efetividade e confiabilidade na execução dos procedimentos necessá- rios para fundamentar o relatório ou parecer. Planejamento, programas e normas de auditoria 39 ATIVIDADES 4. Descreva o objetivo do planejamento na atividade de auditoria. 5. Em decorrência do planejamento, são formulados os programas na atividade de auditoria. Em que consistem esses programas? 6. Qual é o objetivo das normas de auditoria? REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. São Paulo: Atlas, 2017. BRASIL. NBC TA 300 - Planejamento da Auditoria de Demonstrações Contábeis. 19 ago. 2016. Disponível em: https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTA300(R1).pdf. Acesso em: 27 jan. 2021. CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. Auditoria contábil: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2019. FRANCO, H.; MARRA, E. Auditoria contábil. São Paulo: Atlas, 2001. IMONIANA, J. O. Auditoria: planejamento, execução e reporte. São Paulo: Atlas, 2019. https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTA300(R1).pdf 40 Auditoria 3 Principais procedimentos de auditoria Neste capítulo, você terá a oportunidade de estudar os princi- pais procedimentos que comumente são utilizados na execução dos trabalhos de auditoria, além de ter contato com os conceitos e as características dos papéis de trabalho. Esses assuntos estão objetivamente vinculados à fase de realização efetiva dos trabalhos dos profissionais de auditoria, com vistas à elaboração de um pare- cer na conclusão desses trabalhos. A escolha dos procedimentos adequados para cada conta contábil a ser auditada deve ser uma preocupação constante dos auditores, pois eles serão determinantes para a validação de sua opinião constante do parecer. Os papéis de trabalho igualmente desempenham uma função fundamental para a clareza e a qua- lidade dos trabalhos de auditoria, uma vez que representam a comprovação da execução dos procedimentos utilizados, e estes devem estar demonstrados claramente nos papéis de trabalho. Assim, tanto os procedimentos de auditoria quanto os papéis de trabalho representam recursos essenciais à execução do trabalho do auditor, para que impere a qualidade e a transparência, visando ao cumprimento dos objetivos dos trabalhos de auditoria. 3.1 Testes e procedimentos de auditoria Vídeo Os procedimentos de auditoria compreendem as técnicas utilizadas pelos auditores para a verificação da conformidade, pertinência e as- sertividade de controles internos e informações contábeis. Na auditoria externa, os procedimentos são executados para que se possa verifi- car se os relatórios contábeis expressam com fidedignidade a posição Principais procedimentos de auditoria 41 financeira da entidade (representada pelo Balanço Patrimonial), bem como as variações relativas ao resultado (Demonstração do Resultado do Exercício) e a geração de caixa (Demonstração do Fluxo de Caixa) em determinado período base. Dessa forma, a aplicação dos procedimentos de auditoria propor- cionará ao auditor a formação de opinião sobre as demonstrações fi- nanceiras que são objetos de exame. O conjunto de demonstrações contábeis examinadas compreende os seguintes elementos: Biw 3d s/S hu tte rst oc k BalançoPatrimonial Demonstração de Resultado do Exercício Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Notas Explicativas Demonstração do Valor Adicionado Demonstração do Fluxo de Caixa Crepaldi e Crepaldi (2019) ensinam que, para atingir seu objetivo – emitir a opinião –, o auditor externo ou independente precisa planejar seu trabalho de maneira adequada, proceder à avaliação do sistema de controle interno e à revisão analítica das contas do ativo, do passi- vo, das receitas e das despesas. Esse planejamento permitirá que se estabeleça a natureza, a oportunidade (datas) e a extensão dos proce- dimentos de auditoria. Esses procedimentos compreendem os testes substantivos e testes de observância, conforme ilustra o esquema a seguir. Testes de observância Existência, efetividade e continuidade dos controles internos. Testes substantivos Suficiência, exatidão e validade das informações contábeis. Procedimentos de auditoria 42 Auditoria É importante destacar que os dois tipos de testes devem ser apli- cados com o maior rigor possível, pois é a combinação de ambos que dará ao auditor externo a confiabilidade necessária em relação às informações constantes dos relatórios contábeis. 3.1.1 Testes de observância Os testes de observância representam um importante meio de verifi- cação quanto à existência e à efetividade dos controles internos. Também servem como meio de garantir a exatidão e a veracidade das informações contábeis, bem como promovem igualmente a eficiência das operações. Imoniana (2019) afirma que os controles internos compreendem, entre outros: a proteção dos ativos contra mau uso e desvios; a obten- ção de informações contábeis adequadas, visto que elas promovem a implementação de sistemas de controle gerencial, como contas a rece- ber, contas a pagar, controle patrimonial, além de proporcionar a efi- ciência operacional e estimular a obediência a regras e procedimentos definidos pela gestão da empresa. Percebe-se, portanto, que esses controles devem ser permanente- mente avaliados e testados pela auditoria por meio da observação (por isso são chamados de testes de observância), porque assim o profis- sional de auditoria verifica se as normas e os procedimentos forma- lizados no sistema de controle interno estão sendo obedecidos pelos colaboradores em suas respectivas áreas. Em outras palavras, ele anali- sa se os procedimentos do controle interno estão funcionando e sendo cumpridos. No caso dos recebíveis da empresa, é possível considerar que um controle essencial é a integração do sistema contábil com o sistema de gestão de contas a receber. Dessa forma, a cada venda efetuada, por exemplo, o sistema de contas a receber procede a uma entrada com todas as informações sobre o cliente, o número do documento fiscal, o prazo etc. Esses lançamentos devem ter a correspondência imediata no sistema contábil, ou seja, a integração permite a interface dos siste- mas sem a necessidade de ajustes manuais. Nesse caso, o auditor deve verificar se existe a integração e eventualmente fazer um teste para observar um lançamento. Vale recordar brevemente o conceito de controle interno, que corresponde ao plano de organização e a todo o conjunto coordenado de métodos e medidas existentes na empresa com a finalidade de proteger os ativos. Lembre-se Principais procedimentos de auditoria 43 Por esta razão é que os auditores farão os testes observância: para assegurar a existência, a efetividade e a continuidade dos con- troles internos. 3.1.2 Testes substantivos Os testes substantivos são aqueles que efetivamente serão utiliza- dos pelo auditor para a verificação de suficiência, exatidão e validade das informações constantes nos relatórios contábeis. Eles têm como objetivo, assim, assegurar ao auditor a formação de sua opinião refe- rente à qualidade dos relatórios contábeis como modelos de represen- tação da situação financeira da empresa. Para Crepaldi e Crepaldi (2019, p. 318): o objetivo dos testes substantivos é certificar-se da correção de um ou mais dos seguintes pontos: 1. existência – se o componente patrimonial existe em certa data; 2. direitos e obrigações – se efetivamente existentes em certa data; 3. ocorrência – se a transação de fato ocorreu; 4. abrangência – se todas as operações estão registradas; e 5. mensuração, apresentação e divulgação – se os itens estão avaliados, divulgados, classificados e descritos de acordo com os Princípios de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade. Os testes substantivos são classificados em: a) testes de transações e saldos e b) procedimentos de revisão analítica. Observe-os no esque- ma a seguir. Testes de transações e saldos Existência, efetividade e continuidade dos controles internos. Procedimentos de revisão analítica Análise econômico-financeira da entidade. Testes substantivos 44 Auditoria 3.1.1.3 Testes de transações e saldos Pode-se dizer, então, que os testes substantivos servem para validar os saldos que constam nas demonstrações contábeis. Os valores presentes nessas demonstrações são um dos focos princi- pais do trabalho do auditor, por isso é crucial que ele analise sua consistência e sua correspondência com a realidade. Nesse exer- cício, o auditor pode confirmar com as instituições bancárias se os saldos apresentados nas demonstrações são correspondentes (checando os dados presentes no Balanço Patrimonial) ou se os dados de vendas do período são compatíveis com os documentos – como os recibos emitidos e o controle de estoque, que atestam essas vendas (checando os saldos do resultado do exercício). 3.1.1.4 Procedimentos de revisão analítica Os procedimentos de revisão analítica são um tipo de teste substantivo que busca efetuar uma análise sobre os elementos que compõem os relatórios contábeis, visando verificar e analisar as relações existentes entre eles. Na análise econômico-financeira poderão ser detectadas variações ou participações que vão chamar a atenção dos auditores. Um alto endividamento da empresa pode conduzir os trabalhos a exames mais detalhados dos passivos fi- nanceiros e à correspondente despesa financeira no resultado. Um aumento considerável em uma despesa vai indicar ao auditor a necessidade de averiguações mais cuidadosas na estrutura de resultados. Desse modo, nesses procedimentos, o profissional de auditoria procura verificar tendências com comportamentos fora de um pa- drão e, para isso, procede à análise de variações e composições de valores de ativo, passivo, receita e despesa, aplicando os índices mais comumente utilizados em trabalhos de análise financeira. Situações verificadas e que demandem uma atenção maior se- rão investigadas para que se comprovem as causas e talvez condu- zam a exames minuciosos na realização dos testes. É interessante notar que, embora o trabalho de auditoria independente não se paute pela detecção de fraudes e erros, se estas ocorrerem, a re- visão analítica será muito útil para sua descoberta e investigação. O livro Auditoria contábil: teoria e prática trata com muita propriedade e didática do assunto relacionado aos procedi- mentos de auditoria. Com rigor técnico e aprimora- do, o tema é abordado em detalhes da página 296 à 326. Vale a leitura para aprimoramento do conceito e das aplicações de cada tipo de procedi- mento de auditoria. CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2019. Livro Principais procedimentos de auditoria 45 3.2 Principais procedimentos Vídeo Existem diversos procedimentos substantivos que podem ser apli- cados nos trabalhos de auditoria, e a escolha daqueles que serão uti- lizados considera principalmente, entre outros, os seguintes aspectos: Biw 3d s/S hu tte rst oc k O objetivo da auditoria O elemento que será objeto dos testes O conhecimento por parte do auditor da entidade que será auditada O conhecimento da análise