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AS DIMENSÕES PROFISSIONAIS DO SERVIÇO 
 
 
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FACUMINAS 
 
 
 
A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um 
grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
 
A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos 
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, 
de publicação ou outras normas de comunicação. 
 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A formação profissional dos assistentes sociais brasileiros, desde meados da 
década de 1990, dispõe de um projeto pedagógico que contempla um conjunto de 
valores e diretrizes, que lhe dão a direção estratégica e contempla um determinado 
perfil de profissional. Como resultado das transformações sociais que se traduzem 
nas particularidades da profissão, bem como do investimento feito pelas entidades 
da categoria, no sentido da formação de uma massa crítica, o referido projeto 
estabelece ―as dimensões investigativa e interventiva como princípio formativo e 
condição central da formação profissional e da relação teoria e realidade‖ (ABESS, 
1997, p. 61). O perfil de profissional que nele se delineia prioriza a competência 
técnica, a crítica teórica e os compromissos ético-políticos. 
 
Netto assim o define: “intelectual que habilitado para operar numa área particular, 
compreende o sentido social da operação e a significância da área no conjunto da 
problemática social” (1996, p. 125-26). Este perfil de profissional, entre outras 
exigências, determina a necessidade de um sólido referencial teóricometodológico, 
que permita um rigoroso tratamento crítico-analítico, um conjunto de valores e 
 
 
 
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princípios sociocêntricos adequados ao ethos do trabalho e um acervo técnico-
instrumental que sirva de referência estratégica para a ação profissional. 
 
Daí a necessidade de formar profissionais capazes de desvendar as dimensões 
constitutivas da chamada questão sociais, do padrão de intervenção social do 
Estado nas expressões da questão social, do significado e funcionalidade das ações 
instrumentais a este padrão, presentes neste contexto a fim de identificar e construir 
estratégias que venham a orientar e instrumentalizar a ação profissional, permitindo 
não apenas o atendimento das demandas imediatas e/ou consolidadas, mas sua 
reconstrução crítica. 
 
 
assim, um papel decisivo na conquista de um estatuto acadêmico que possibilita 
aliar formação com capacitação, condições indispensáveis tanto a uma intervenção 
profissional qualificada, quanto à ampliação do patrimônio intelectual e bibliográfico 
da profissão. Nota-se uma significativa expansão dela nos últimos anos e um 
também significativo avanço na sua qualidade, a partir da adoção do referencial 
teórico-metodológico extraído da tradição marxista. 
 
O objetivo deste texto é demonstrar o estatuto de maioridade intelectual para a 
profissão: além de possibilitar aos seus protagonistas uma contribuição efetiva às 
diversas áreas de conhecimento, permitindo conectar (através de múltiplas mediações) 
às demandas da classe trabalhadora – precondição para a construção de novas 
legitimidades profissionais. Com base na natureza interventiva da profissão e do valor 
do conhecimento para ela, discutem-se, as modalidades, níveis e graus de abrangência 
do conhecimento. Consideram-se a investigação e a intervenção elementos que, 
embora de naturezas distintas, compreendem a dialética do modo de ser da profissão, 
claramente expresso nas competências/atribuições 
 
 
 
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profissionais. Do mesmo modo, afirmam-se a atitude investigativa e a pesquisa 
como parte constitutiva do exercício do assistente social, vislumbram-se os 
requisitos para o desenvolvimento da pesquisa científica, e, finalmente, o papel da 
investigação da realidade na formulação do projeto de intervenção e da intervenção 
propriamente dita. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RUMO À CONSOLIDAÇÃO DA MAIORIDADE ACADÊMICA 
E PROFISSIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No Brasil, como resultado da pesquisa científica e do seu reconhecimento pelas 
agências de fomento como área de produção do conhecimento, desde o final dos 
anos 1980, tem uma produção científica e bibliográfica própria, expandida cada vez 
 
 
 
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mais para outros países da América Latina, por eles reconhecida não apenas pela 
sua qualidade, mas pelo seu vetor radicalmente crítico da ordem social, que vem 
estabelecendo diálogo com importantes teóricos e intelectuais do país e fora dele. 
Se foi a recorrência às Ciências Sociais e à tradição marxista que possibilitou os 
avanços da pesquisa e da produção do conhecimento na área, coube a essa última 
fertilizar todas as polêmicas relevante: 
 
 das questões pertinentes à natureza e significado da profissão e de suas 
técnicas,

 às questões sobre o Estado,
 o significado das políticas sociais, o papel dos movimentos sociais e sua 
organização,

 os processos de efetivação da democracia e da cidadania (entre outros).
 
 
Além disso, a recorrência ao referencial marxista contribui com a própria valorização 
da pesquisa para a profissão (seus influxos são claros no atual projeto de formação 
profissional), credenciando seus intelectuais como interlocutores qualificados, cuja 
contribuição se espraia para várias áreas de conhecimento. 
 
Ao longo de pouco mais de 20 anos de existência, a pesquisa no Serviço Social 
vem enfrentando dificuldades de monta, as quais fogem aos objetivos deste artigo. 
Não obstante, vemos que ela detém todas as possibilidades que a habilitam a 
alcançar sua maturidade intelectual, já que seu debate vem sendo balizado por dois 
princípios que lhe dão a direção: rigor teórico-metodológico e pluralismo. 
 
 
Registra-se, também, que, na sua trajetória, o exercício sistemático da pesquisa 
científica expresso nas produções mais significativas da área e o seu reconhecimento 
pela comunidade acadêmica e profissional têm demonstrado a atualidade e 
 
 
 
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fecundidade da tradição marxista na apreensão das transformações em curso. Disto 
deriva algo extremamente relevante que nem sempre se evidencia no debate da 
categoria: se não se separa referencial teórico-analítico de estratégias 
sociopolíticas e profissionais, a legitimidade da direção estratégica é 
inquestionável, posto que a recorrência da nossa e de outras categorias 
profissionais pelas análises macroscópicas e totalizadoras oriundas do referencial 
marxiano, é notável. Tendo a crítica e criativa, facultam enriquecer os elementos da 
cultura profissional: 
 
 princípios,
 valores,
 objetivos,
 referencial teórico-metodológico,
 racionalidades,
 instrumental técnico-operativo,
 Estratégias e posturas, com novas determinações. Colocando um dos
desafios da formação profissional: criar uma cultura profissional que valorize 
a dimensão investigativa.

 
 
Quanto às exigências imediatas, a pesquisa do mercado de trabalho permite a análise 
crítica sobre os espaços sócio-ocupacionais do assistente social, sobre as demandas 
liberais/conservadoras que lhe chegam, sobre as competências e respostas 
profissionais, visando a construção de maneiras alternativas de responder a elas. 
 
Coloca a dimensão investigativa: ela é a dimensão do novo – questiona, 
problematiza, testa as hipóteses, permite revê-las, mexe com os preconceitos, 
estereótipos, crenças, superstições, supera a mera aparência, por questionar a 
 
 
 
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―positividade do real”. Permite construir novas posturas visando a uma 
instrumentalidade de novo tipo: mais qualificada, o que equivale a dizer: eficiente e 
eficaz, competente e compromissada com os princípios da profissão. Se o objetivo 
foi alcançado, fica claro que a pesquisa possibilita desenvolver competências 
profissionais em três níveis. No âmbito das competências teórico-metodológicas, 
através da pesquisa sólida e rigorosa, desenvolve-se a capacidade de o assistente 
social compreender seu papel profissional no contexto das relações sociais, como 
foi dito, numa perspectiva de totalidade social. No âmbito das competências 
políticas, a pesquisa permite que se apreenda a sociedade como um espaço de 
contradições, os interesses sociais e econômicos subjacentes aos projetos 
societários, partidários e profissionais. 
 
Ela indica os protagonistas da cena política, suas articulações e alianças e 
possibilita identificar aliados. Do mesmo modo, permite compreender o significado 
social e político das demandas e respostas profissionais. E não permite descuidar 
do estabelecimento de estratégias sociopolíticas e profissionais. 
 
Por fim, mas não menos importante, no nível das competências técnicooperativas, 
a pesquisa desenvolve a capacidade de investigar as instituições, seus usuários, as 
demandas profissionais, os recursos institucionais, as agências financiadoras, o 
orçamento. Permite preparar respostas qualificadas às demandas institucionais, 
organizacionais ou dos movimentos sociais, vislumbradas no projeto de intervenção 
profissional. Pela via da pesquisa é facultado ao profissional formular respostas que 
não apenas atendam às demandas, mas que, compreendendo o conteúdo político 
delas e o contemplando, ele possa reconstruí-las criticamente. 
 
 
 
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QUAL A RELAÇÃO ENTRE POSTURA TELEOLÓGICA 
E INSTRUMENTALIDADE? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No trabalho o homem desenvolve capacidades, que passam a mediar sua relação 
com outros homens. Desenvolve também mediações, tais como a consciência, a 
linguagem, o intercâmbio, o conhecimento, mediações estas em nível da 
reprodução do ser social como ser histórico, e, portanto, postas pela práxis. Isso 
porque, o desenvolvimento do trabalho exige o desenvolvimento das próprias 
relações sociais e o processo de reprodução social, como um todo, requer 
mediações de complexos sociais tais como: a ideologia, a teoria, a filosofia, a 
política, a arte, o direito, o Estado, a racionalidade, a ciência e a técnica (Lessa, 
1999; Guerra, 2000). Tais complexos sociais (que Lukács chama de mediações de 
 
 
 
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“segunda ordem”, já que as de primeira ordem referem-se ao trabalho) tem como 
objetivo proporcionar uma dada organização das relações entre os homens e 
localiza-se no âmbito da reprodução social. 
 
O que ocorre com a instrumentalidade com a qual os homens controlam a natureza 
e convertem os objetos naturais em meios para o alcance de suas finalidades, é que 
ela é transposta para as relações dos homens entre si, interferindo em nível da 
reprodução social. Mas isso só ocorre em condições sócio-históricas determinadas. 
Nestas, os homens tornam-se meios/instrumentos de outros homens. O exemplo 
mais desenvolvido de conversão dos homens em meios para a realização de fins de 
outros homens é o da compra e venda da força de trabalho como mercadoria, de 
modo que a instrumentalidade, convertida em instrumentalização das pessoas, 
passa a ser condição de existência e permanência da própria ordem burguesa, via 
instituições e organizações sociais criadas com este objetivo. 
 
 
Pelas suas características, o processo produtivo capitalista detém a propriedade de 
converter as instituições e práticas sociais em instrumentos/meios de reprodução do 
capital. Isso se dá por meio de profundas e substantivas transformações societárias, 
as quais não poderão ser tratadas neste texto. Cabendo apenas sinalizar que num 
determinado tipo de sociedade, a do capital, ―o trabalhador deixa de lado suas 
necessidades enquanto pessoa humana e se converte em instrumentos para a 
execução das necessidades de outrem‖ (Lessa, 1999). (Sobre a reificação das 
relações sociais no capitalismo maduro ver Netto, 1981). Em que condições 
sóciohistóricas a instrumentalidade como condição necessária da relação 
homemnatureza se converte em instrumentalização das pessoas? 
 
 
 
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SERVIÇO SOCIAL E INSTRUMENTALIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A questão social esta sendo entendida como ―expressão do processo de formação 
e desenvolvimento da classe operária e do seu ingresso no cenário da sociedade, 
exigindo seu reconhecimento enquanto classe por parte do empresariado e do 
Estado‖, (Iamamoto e Carvalho, 1982: 77; Ver também Netto, 1992 e, 
especialmente, 2001). 
 
É no estágio monopolista do capitalismo, dadas às características que lhe são 
peculiares, que a questão social vai se tornando objeto de intervenção sistemática e 
contínua do Estado. Com isso, instaura-se um espaço determinado na divisão social 
e técnica do trabalho para o Serviço Social (bem como para outras profissões). A 
utilidade social de uma profissão advém da necessidade social. Numa ordem social 
constituída de duas classes fundamentais (que se dividem em camadas ou 
segmentos) tais necessidades, vinculadas ao capital e/ou ao trabalho, são não 
apenas diferentes, mas antagônicas. A utilidade social da profissão está em 
responder às necessidades das classes sociais, que se transformam, por meio de 
muitas mediações, em demandas para a profissão. Estas são respostas qualificadas 
 
 
 
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e institucionalizadas, para o que, além de uma formação social especializada, 
devem ter seu significado social reconhecido pelas classes sociais fundamentais 
(capitalistas e trabalhadores). 
 
Considerando que o espaço sócio-ocupacional de qualquer profissão, neste caso do 
Serviço Social, é criado pela existência de tal necessidade social e que historicamente a 
profissão adquire este espaço quando o Estado passa a interferir sistematicamente nas 
refrações da questão social, institucionalmente transformada em questões sociais 
(Netto, 1992), através de uma determinada modalidade histórica de enfrentamento das 
mesmas: as políticas sociais, pode-se conceber que as políticas e os serviço sociais 
constituem-se nos espaços sócio-ocupacionais para os assistentes sociais. 
 
As políticas sociais, além de sua dimensão econômico-política (como mecanismo de 
reprodução da força de trabalho e como resultado das lutas de classes) 
constituemse também num conjunto de procedimentos técnicooperativos, cuja 
componente instrumental põe a necessidade de profissionais que atuem em dois 
campos distintos: o de sua formulação e o de sua implementação. É neste último, no 
âmbito da sua implementação, que as políticas sociais fundam um mercado de 
trabalho para os assistentes sociais. 
 
 
Com a complexificação da questão social e seu tratamento por parte do Estado, 
fragmentando-a e recortando-a em questões sociais a serem atendidas
pelas 
políticas sociais, instituiu-se um espaço na divisão sócio-técnica do trabalho para um 
profissional que atuasse na fase terminal da ação executiva das políticas sociais, 
instância em que a população vulnerabilizada recebe e requisita direta e 
imediatamente respostas fragmentadas através das políticas sociais setoriais. É 
nesse sentido que as políticas sociais contribuem para a produção e reprodução 
 
 
 
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material e ideológica da força de trabalho (melhor dizendo, da subjetividade do 
trabalhador como força de trabalho) e para a reprodução ampliada do capital. 
 
Como resultado destas determinações no processo de constituição da profissão, a 
intencionalidade dos assistentes sociais passa a ser mediada pela própria lógica da 
institucionalização, pela dinâmica da instauração da profissão e pelas estruturas em que 
a profissão se insere, as quais, em muitos casos, submetem o profissional, melhor 
dizendo, os assistentes sociais ―passam a desempenhar papéis que lhes são alocados 
por organismos e instâncias (...)” próprios da ordem burguesa no estágio monopolista 
(Netto, 1992: 68), os quais são portadores da lógica do mercado. 
 
Assim, o assistente social adquire a condição de trabalhador assalariado com todos 
os condicionamentos que disso decorre. Por isso é importante, na reflexão do 
significado sócio-histórico da instrumentalidade como condição de possibilidade do 
exercício profissional, resgatar a natureza e a configuração das políticas sociais que, 
como espaços de intervenção profissional, atribuem determinadas formas, 
conteúdos e dinâmicas ao exercício profissional. 
 
A este respeito, considerando a natureza (compensatória e residual) e o modo de 
se expressar das políticas sociais (como questão de natureza técnica, fragmentada, 
focalista, abstraída de conteúdos econômico-políticos) estas obedecem e produzem 
uma dinâmica que se reflete no exercício profissional através de dois movimentos: 
1) interditam aos profissionais a concreta apreensão das políticas sociais 
como totalidade, síntese da articulação de diversas esferas e determinações 
(econômica, cultural, social, política, psicológica), o que os limita a uma intervenção 
microscópica, nos fragmentos, nas refrações, nas singularidades; 
 
 
 
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2) exigem dos profissionais a adoção de procedimentos instrumentais, de 
manipulação de variáveis, de resolução pontual e imediata. (ver Netto, 1992 e 
Guerra, 1995). Quais os vínculos entre as políticas sociais e o Serviço Social? Neste 
contexto, assim entendida a utilidade social da profissão, vinculada às políticas 
sociais, a instrumentalidade do Serviço Social pode ser pensada como uma 
condição sócio-histórica da profissão em três níveis: 
 
1. da instrumentalidade do Serviço Social face ao projeto burguês, o que 
significa a capacidade que a profissão porta (dado ao caráter reformista e integrador 
das políticas sociais) de ser convertida em instrumento, em meio de manutenção da 
ordem, a serviço do projeto reformista da burguesia. Neste caso, dentro do projeto 
burguês de reformar conservando, o Estado lança mão de uma estratégia histórica 
de controle da ordem social, qual sejam, as políticas sociais, e requisita um 
profissional para atuar no âmbito da sua operacionalização: os assistentes sociais. 
Este aspecto está vinculado a uma das funções que a ordem burguesa atribui à 
profissão: reproduzir as relações capitalistas de produção. 
 
2. da instrumentalidade das respostas profissionais, no que se refere à sua 
peculiaridade operatória, ao aspecto instrumental-operativo das respostas 
profissionais frente às demandas das classes, aspecto este que permite o 
reconhecimento social da profissão, dado que, por meio dele o Serviço Social pode 
responder às necessidades sociais que se traduzem (por meio de muitas 
mediações) em demandas (antagônicas) advindas do capital e do trabalho. Isto 
porque as diversas modalidades de intervenção profissional tem um caráter 
instrumental, dado pelas requisições que tanto as classes hegemônicas quanto as 
classes populares lhe fazem. Nesta condição, no que se refere às respostas 
profissionais, a instrumentalidade do exercício profissional expressa-se: 
 
 
 
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2.1. nas funções que lhe são requisitadas: executar, operacionalizar, 
implementar políticas sociais; a partir de pactos políticos em torno dos 
salários e dos empregos (do qual o fordismo é exemplar) melhor dizendo, no 
âmbito da reprodução da força de trabalho 
 
2.2. no horizonte do exercício profissional: no cotidiano das classes 
vulnerabilizadas, em termos de modificar empiricamente as variáveis do 
contexto social e de intervir nas condições objetivas e subjetivas de vida dos 
sujeitos (visando a mudança de valores, hábitos, atitudes, comportamento de 
indivíduos e grupos). É no cotidiano — tanto dos usuários dos serviços 
quanto dos profissionais — no qual o assistente social exerce sua 
instrumentalidade, o local em que imperam as demandas imediatas, e 
consequentemente, as respostas aos aspectos imediatos, que se referem à 
singularidade do eu, à repetição, à padronização. 
 
 
O cotidiano é o lugar onde a reprodução social se realiza através da reprodução 
dos indivíduos (Netto, 1987), por isso um espaço ineliminável e insuprimível. As 
singularidades, os imediatismos que caracterizam o cotidiano, que implicam na 
ausência de mediação, só podem ser enfrentados pela apreensão das mediações 
objetivas e subjetivas (tais como valores éticos, morais e civilizatórios, princípios e 
referências teóricas, práticas e políticas) que se colocam na realidade da 
intervenção profissional. 
 
2.3. nas modalidades de intervenção que lhe são exigidas pelas demandas das 
classes sociais. Estas intervenções, em geral, são em nível do imediato, de natureza 
manipulatória, segmentadas e desconectadas das suas determinações estruturais, 
apreendidas nas suas manifestações emergentes, de caráter microscópico. Nestes 
 
 
 
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três casos (2.1, 2.2, 2.3) são respostas manipulatórias, fragmentadas, imediatistas, 
isoladas, individuais, tratadas nas suas expressões/aparências (e não nas 
determinações fundantes), cujo critério é a promoção de uma alteração no contexto 
empírico, nos processos segmentados e superficiais da realidade social, cujo 
parâmetro de competência é a eficácia segundo a racionalidade burguesa . 
 
São operações realizadas por ações instrumentais, são respostas 
operativoinstrumentais, nas quais impera uma relação direta entre pensamento e 
ação e onde os meios (valores) se subsumem aos fins. Abstraídas de mediações 
subjetivas e universalizantes (referenciais teóricos, éticos, políticos, 
sócioprofissionais, tais como os valores coletivos) estas respostas tendem a 
percepcionar as situações sociais como problemáticas individuais (por exemplo: o 
caso individual, a situação existencial problematizada, as problemáticas de ordem 
moral e/ou pessoal, as patologias individuais, etc.). 
 
 
 
 
 
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A INSTRUMENTALIDADE DO SERVIÇO SOCIAL MANIFESTA 
EM QUAIS NIVEIS? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Se muitas das requisições da profissão são de ordem instrumental (em nível de 
responder às demandas — contraditórias— do capital e do trabalho e em nível de 
operar modificações imediatas no contexto empírico), exigindo respostas 
instrumentais, o exercício profissional não se restringe à elas. Com isso afirmar que 
reconhecer e atender às requisições técnicoinstrumentais da profissão não 
significa ser funcional à manutenção da ordem ou ao projeto burguês. Isto pode vir a 
ocorrer quando se reduz a intervenção profissional à sua dimensão instrumental. 
 
Esta é necessária para garantir a eficácia e eficiência operatória da profissão. 
Porém, reduzir
o fazer profissional à sua dimensão técnico-instrumental significa 
tornar o Serviço Social meio para o alcance de qualquer finalidade. 
 
Significa também limitar as demandas profissionais às exigências do mercado de 
trabalho. É também equivocado pensar que para realizá-las o profissional possa 
prescindir de referências teóricas e ético-políticas. Se as demandas com as quais 
trabalhamos são totalidades saturadas de determinações (econômicas, políticas, 
 
 
 
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culturais, ideológicas) então elas exigem mais do que ações imediatas, 
instrumentais, manipulatórias. Elas implicam intervenções que emanem de 
escolhas, que passem pelos condutos da razão crítica e da vontade dos sujeitos, 
que se inscrevam no campo dos valores universais (éticos morais e políticos). Mais 
ainda, ações que estejam conectadas a projetos profissionais aos quais subjazem 
referenciais teóricometodológicos e princípios ético-políticos. 
 
Assim, na realização das requisições que lhe são postas, a profissão necessita da 
interlocução com conhecimentos oriundos de disciplinas especializadas. O acervo 
teórico e metodológico que lhe serve de referencial é extraído das ciências humanas 
e sociais (conhecimentos extraídos das áreas de: Administração, Ciência Política, 
Sociologia, Psicologia, Economia etc.). Tais conhecimentos têm sido incorporados 
pela profissão e particularizados na análise dos seus objetos de intervenção. 
 
Mas a profissão também tem produzido, através da pesquisa e da sua intervenção, 
conhecimentos sobre as dimensões constitutivas da questão social, sobre as 
estratégias capazes de orientar e instrumentalizar a ação profissional (dentre outros 
temas) e os tem partilhado com profissionais de diversas áreas. Foi dito linhas atrás 
que há dimensões da instrumentalidade do exercício profissional e falamos de duas 
delas. 
 
Mas a terceira condição da instrumentalidade é a de ser uma mediação. Se é verdade 
que a Instrumentalidade insere-se no espaço do singular, do cotidiano, do imediato, 
também o é que ela, ao ser considerada como uma particularidade da profissão, dada 
por condições objetivas e subjetivas, e como tal sócio-históricas, pode ser concebida 
como campo de mediação e instância de passagem. Diferente disso seria tomar a 
instrumentalidade apenas como singularidade, e como tal, um fim em si 
 
 
 
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mesmo, de modo que estaríamos desconhecendo suas possibilidades como 
particularidade. 
 
No cotidiano, como o espaço da instrumentalidade, imperam demandas de natureza 
instrumental. Nele, a relação meia e fins rompem-se e o que importa é que os 
indivíduos acionem os elementos necessários para alcançarem seus fins. Mas pelas 
próprias características do cotidiano, os homens não se perguntam pelos fins: a 
quem servem? que forças reforça? Qual o projeto de sociedade que está na sua 
base? Tampouco pelos valores que estão implicados nas ações desencadeadas 
para responder imediata e instrumentalmente ao cotidiano. 
 
 
 
 
A INSTRUMENTALIDADE DO EXERCICIO 
PROFISSIONAL COMO MEDIAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tratar-se-á aqui da instrumentalidade como uma mediação que permite a passagem 
das ações meramente instrumentais para o exercício profissional critica e competente. 
Como mediação, a instrumentalidade permite também o movimento contrário: que as 
referências teóricas, explicativas da lógica e da dinâmica da sociedade, possam ser 
 
 
 
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remetidas à compreensão das particularidades do exercício profissional e das 
singularidades do cotidiano. Aqui, a instrumentalidade sendo uma particularidade e 
como tal, campo de mediação, é o espaço no qual a cultura profissional se movimenta. 
 
Da cultura profissional os assistentes sociais recolhem e na instrumentalidade 
constroem os indicativos teórico-práticos de intervenção imediata, o chamado 
instrumentaltécnico ou as ditas metodologias de ação. Reconhecer a 
instrumentalidade como mediação significa tomar o Serviço Social como totalidade 
constituída de múltiplas dimensões: técnico-instrumental, teórico-intelectual, 
éticopolítica e formativa (Guerra, 1997), e a instrumentalidade como uma 
particularidade e como tal, campo de mediações que porta a capacidade tanto de 
articular estas dimensões quanto de ser o conduto pelo qual as mesmas traduzem-
se em respostas profissionais. No primeiro caso a instrumentalidade articula as 
dimensões da profissão e é a síntese das mesmas. 
 
 
No segundo, ela possibilita a passagem dos referenciais técnicos, teóricos, valorativos 
e políticos e sua concretização, de modo que estes se traduzam em ações profissionais, 
em estratégias políticas, em instrumentos técnico-operativos. Em outros termos, ela 
permite que os sujeitos, em face de sua intencionalidade, invistam na criação e 
articulação dos meios e instrumentos necessários à consecução das suas finalidades 
profissionais. Afirmam que como particularidade a instrumentalidade 
 
é campo de mediação, dentre elas, da cultura profissional. No exercício profissional 
o assistente social lança mão do acervo ídeo-cultural disponível nas ciências sociais 
ou na tradição marxista e o adapta aos objetivos profissionais. Constrói certo modo 
de fazer que lhe é próprio e pelo qual a profissão torna-se reconhecida socialmente. 
 
 
 
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Produz elementos novos que passam a fazer parte de um acervo cultural (re) 
construído pelo profissional e que se compõe de objetos, objetivos, princípios, 
valores, finalidades, orientações políticas, referencial técnico, teórico-metodológico, 
ideo-cultural e estratégico, perfis de profissional, modos de operar, tipos de 
respostas; projetos profissionais e societários, racionalidades que se confrontam e 
direção social hegemônica, etc. Deste modo, a cultura profissional, como construção 
coletiva e base na qual a categoria se referencia, é também ela uma mediação entre 
as matrizes clássicas do conhecimento — suas programáticas de intervenção e os 
projetos societários que os norteiam — e as particularidades que a profissão adquire 
na divisão social e técnica do trabalho. 
 
Ela abarca forças, direções e projetos diferentes e/ou divergentes/antagônicos e 
condiciona o exercício profissional. Na definição das finalidades e na escolha dos 
meios e instrumentos mais adequados ao alcance das mesmas, os homens estão 
exercendo sua liberdade (concebida historicamente como escolha racional por 
alternativas concreta dentro dos limites possíveis). 
 
Tais finalidades (ainda que de caráter individual) estão inscritas num quadro 
valorativo e somente pode ser pensado no interior deste quadro, entendido como 
acervo cultural do qual o profissional dispõe e lhe orienta as escolhas 
técnicasteóricas e ético-políticas. Tais escolhas implicam projetar tanto os 
resultados e meios de realização quanto as consequências. Isso porque, no âmbito 
profissional, não existem ações pessoais, mas ações técnicos, teóricos, valorativos 
e políticos e sua concretização, de modo que estes se traduzam em ações 
profissionais, em estratégias políticas, em instrumentos técnico-operativos. 
 
 
 
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Em outros termos, ela permite que os sujeitos, em face de sua intencionalidade, 
invistam na criação e articulação dos meios e instrumentos necessários à consecução 
das suas finalidades profissionais. Afirmamos que como particularidade a 
instrumentalidade é campo de mediação, dentre elas, da cultura profissional. No 
exercício profissional o assistente social lança mão do acervo ideo-cultural disponível 
nas ciências sociais ou na tradição marxista e o adapta aos objetivos profissionais. 
Constrói um certo modo de fazer que lhe é próprio e pelo qual a profissão torna-se 
reconhecida socialmente. Produz elementos novos que passam a fazer parte de um
acervo cultural (re) construído pelo profissional e que se compõe de objetos, 
 
 objetivos,
 princípios,
 valores,
 finalidades,
 orientações políticas,
 referencial técnico,
 teórico-metodológico,
 ideo-cultural e estratégico,
 perfis de profissional,
 modos de operar,
 tipos de respostas; projetos profissionais e societários, racionalidades que 
se confrontam e direção social hegemônica, etc.

 
 
Deste modo, a cultura profissional, como construção coletiva e base na qual a categoria 
se referencia, é também ela uma mediação entre as matrizes clássicas do 
conhecimento — suas programáticas de intervenção e os projetos societários que os 
 
 
 
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norteiam — e as particularidades que a profissão adquire na divisão social e técnica 
do trabalho. 
 
Ela abarca forças, direções e projetos diferentes e/ou divergentes/antagônicos e 
condiciona o exercício profissional. Na definição das finalidades e na escolha dos 
meios e instrumentos mais adequados ao alcance das mesmas, os homens estão 
exercendo sua liberdade (concebida historicamente como escolha racional por 
alternativas concreta dentro dos limites possíveis). Tais finalidades (ainda que de 
caráter individual) estão inscritas num quadro valorativo e somente pode ser 
pensado no interior deste quadro, entendido como acervo cultural do qual o 
profissional dispõe e lhe orienta as escolhas técnicas, teóricas e ético-políticas. 
 
Tais escolhas implicam projetar tanto os resultados e meios de realização quanto as 
consequências. Isso porque, no âmbito profissional, não existem ações pessoais 
mas ações publicas e sociais de responsabilidade do indivíduo como profissional e 
da categoria profissional como um todo. Para tanto, há que se ter conhecimento dos 
objetos, dos meios/instrumentos e dos resultados possíveis. Com isso pode-se 
perceber que a cultura profissional incorpora conteúdos teórico-críticos projetivos. 
 
Pela mediação da cultura profissional o assistente social pode negar a ação 
puramente instrumental, imediata, espontânea e reelaborá-la em nível de respostas 
sócioprofissionais. Na elaboração de respostas mais qualificadas, na construção de 
novas legitimidades, a razão instrumental não dá conta. Há que se investir numa 
instrumentalidade inspirada pela razão dialética. O que significa reconhecer a 
instrumentalidade do exercício profissional como mediação? 
 
 
 
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O PROJETO PROFISSIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Segundo Netto (1999:95), os projetos profissionais, construídos coletivamente pela 
categoria, apresentam a auto-imagem da profissão; elegem valores que a legitimam 
socialmente; delimitam e priorizam seus objetivos e funções; formulam requisitos 
(técnicos, institucionais e práticos) para o seu exercício, prescrevem normas para o 
comportamento dos profissionais e estabelecem balizas de sua relação com os 
usuários dos seus serviços, com outras profissões e com as organizações e 
instituições, públicas e privadas (entre estes, também e destacadamente, com o 
Estado, ao qual coube historicamente o reconhecimento jurídico dos estatutos 
profissionais). 
 
Os projetos profissionais são indissociáveis dos projetos societários que lhes oferecem 
matrizes e valores e expressam um processo de lutas pela hegemonia entre as forças 
sociais presentes na sociedade e na profissão. São, portanto, estruturas dinâmicas, que 
respondem tanto às alterações das necessidades sociais decorrentes 
 
 
 
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de transformações econômicas, históricas e culturais da sociedade, quanto 
expressam o desenvolvimento teórico e prático da respectiva profissão e as 
transformações operadas no perfil de seus agentes (idem). 
 
O Serviço Social brasileiro, nas últimas décadas, redimensionou-se e renovou-se no 
âmbito da sua interpretação teórico-metodológica no campo dos valores, da ética e 
da política. Realizou um forte embate com o tradicionalismo profissional e seu lastro 
conservador e buscou adequar criticamente a profissão às exigências do seu tempo, 
qualificando-a academicamente. E o Serviço Social fez um radical giro na sua 
dimensão ética e no debate nesse plano: constituiu democraticamente a sua base 
normativa, expressa na Lei da Regulamentação da Profissão, que estabelece as 
competências e as atribuições profissionais, e no Código de Ética do Assistente 
Social, de 1993. Este prescreve direitos e deveres do assistente social, segundo 
princípios e valores humanistas guias para o exercício cotidiano, dentre os quais 
destacam-se: 
 
 
 ƒ O reconhecimento da liberdade como valor ético central, que requer o 
reconhecimento da autonomia, emancipação e plena expansão dos 
indivíduos sociais e de seus direitos; 
 
 A defesa intransigente dos direitos humanos contra todo tipo de arbítrio e 
autoritarismo; 
 
A defesa, aprofundamento e consolidação da cidadania e da democracia – da 
socialização da participação política e da riqueza produzida; 
 
 
 O posicionamento a favor da equidade e da justiça social, que implica a 
universalidade no acesso a bens e serviços e a gestão democrática; 
 
 
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 O empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, e a garantia do 
pluralismo; 
 
O compromisso com a qualidade dos serviços prestados na articulação com 
outros profissionais e trabalhadores. (CRESS-7Região, 2000). 
 
 
A efetivação desses princípios remete à luta, no campo democrático-popular, pela 
construção de uma nova ordem societária. E os princípios éticos ao impregnarem o 
exercício quotidiano, indicam um novo modo de operar o exercício profissional. 
Aqueles princípios estabelecem balizas para a sua condução nas condições e 
relações de trabalho em que se realiza e para as expressões coletivas da categoria 
profissional na sociedade. É nos limites dos princípios assinalados, que se move o 
pluralismo, que supõe o reconhecimento da presença de distintas orientações na 
arena profissional assim como o embate respeitoso com as tendências regressivas 
do Serviço Social, cujos fundamentos liberais e conservadores legitimam o 
ordenamento social instituído. 
 
Porém o pluralismo propugnado não se identifica com a sua versão liberal, em que 
todas as tendências profissionais são tidas como supostamente paritárias, 
mascarando os desiguais arcos de influência que exercem na profissão, os 
diferentes vínculos que estabelecem com projetos societários distintos e 
antagônicos, apoiados em forças sociais também diversas. 
 
Os outros pilares em que se apoia o projeto profissional são: a legislação relativa à 
regulamentação da profissão, que representa uma defesa da profissão na sociedade 
e as diretrizes curriculares para a formação em Serviço Social, que vêm sendo 
construídas coletivamente no bojo do processo de renovação do Serviço Social nos 
vários países. 
 
 
 
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O desafio maior para a efetivação desse projeto na atualidade é torná-lo um guia efetivo 
para o exercício profissional, o que exige um radical esforço de integrar o dever ser com 
sua implementação prática, sob o risco de se deslizar para uma proposta ideal, 
abstraída da realidade histórica. Assim considerado, o projeto profissional expressa uma 
condensação das dimensões éticopolíticas, teóricometodológicas e 
 
técnico-operativas no Serviço Social, englobando a formação e o exercício 
profissional. 
 
 
 
 
O Serviço Social e as estratégias para o enfrentamento da 
“questão social” 
 
 
 
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As estratégias para o enfrentamento da questão social têm sido tensionadas por 
projetos sociais distintos, que presidem a estruturação e a implementação das 
políticas sociais públicas e que convivem em luta no seu interior. Vive-se uma 
tensão entre a defesa dos direitos sociais
e a mercantilização e re-filantropização do 
atendimento às necessidades sociais, com claras implicações nas condições e 
relações de trabalho do assistente social (OLIVEIRA E SALLES:1998; BRAVO:1996; 
PEREIRA:1998). 
 
O primeiro projeto, de caráter universalista e democrático aposta no avanço da 
democracia, fundado nos princípios da participação e do controle popular, da 
universalização dos direitos, garantindo a gratuidade no acesso aos serviços, a 
integralidade das ações voltadas à defesa da cidadania de todos na perspectiva da 
equidade. Pensar a defesa dos direitos requer afirmar a primazia do Estado – 
enquanto instância fundamental à sua universalização - na condução das políticas 
públicas, o respeito ao pacto federativo, estimulando a descentralização e da 
democratização das políticas sociais no atendimento às necessidades das maiorias. 
Implica partilha e deslocamento de poder, combinando instrumentos de democracia 
representativa e democracia direta, o que ressalta a importância dos espaços 
públicos de representação e negociação. Supõe, portanto, politizar a participação, 
considerando a gestão como arena de interesses que devem ser reconhecidos e 
negociados. 
 
No Brasil, no âmbito governamental, é da maior importância o trabalho que vem sendo 
realizado na seguridade social e, em especial junto aos Conselhos de Saúde e de 
Assistência Social nas esferas nacional, estadual e municipal. Somam-se os 
Conselhos Tutelares e Conselhos de Direitos, responsáveis pela formulação de políticas 
públicas para a criança e o adolescente, para a terceira idade e pessoas portadoras de 
necessidades especiais. O propósito é promover uma permanente 
 
 
 
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articulação política no âmbito da sociedade civil organizada, para contribuir na 
definição de propostas e estratégias comuns ao campo democrático. Esse projeto 
requer ações voltadas ao fortalecimento dos sujeitos coletivos, dos direitos sociais e 
a necessidade de organização para a sua defesa, construindo alianças com os 
usuários dos serviços na sua efetivação. 
 
Nesse sentido é fundamental estimular inserções sociais que contenham 
potencialidades de democratizar a vida em sociedade, conclamando e viabilizando a 
ingerência de segmentos organizados da sociedade civil na coisa pública. Ocupar 
esses espaços coletivos adquire maior importância quando o bloco do poder passa 
a difundir e empreender o trabalho comunitário sob a sua direção, tendo no 
voluntariado seu maior protagonista. Representa uma vigorosa ofensiva ideológica 
na construção e/ou consolidação da hegemonia das classes dominantes em um 
contexto econômico adverso, que passa a requisitar ampla investida ideológica e 
política para assegurar a direção intelectual e moral de seu projeto de classe em 
nome de toda a sociedade, ampliando suas bases de sustentação e legitimidade. 
 
 
 
 
 
Nesse sentido faz-se necessário reassumir o trabalho de base, de educação, 
mobilização e organização popular, que parece ter sido submerso do debate profissional 
ante o refluxo dos movimentos sociais. É necessário ter a clareza que a qualidade da 
participação nesses espaços públicos não está definida a priori. Podem abrigar 
experiências democráticas, que propiciem a partilha do poder e a intervenção em 
processos decisórios, ou estimular vícios populistas e clientelistas no trato da coisa 
pública. É de suma importância impulsionar pesquisas e projetos que favoreçam o 
conhecimento do modo de vida e de trabalho - e correspondentes expressões culturais - 
dos segmentos populacionais atendidos, criando um acervo de 
 
 
 
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dados sobre as expressões da questão social nos diferentes espaços ocupacionais 
do assistente social. 
 
O conhecimento criterioso dos processos sociais e de sua vivência pelos indivíduos 
sociais poderá alimentar ações inovadoras, capazes de propiciar o atendimento às 
efetivas necessidades sociais dos segmentos subalternizados, alvos das ações 
institucionais. Aquele conhecimento é pré-requisito para impulsionar a consciência 
crítica e uma cultura pública democrática para além das mistificações difundidas 
pela mídia. Isso requer, também, estratégias técnicas e políticas no campo da 
comunicação social – no emprego da linguagem escrita, oral e midiática -, para o 
desencadeamento de ações coletivas que viabilizem propostas profissionais 
capazes para além das demandas instituídas. 
 
Esse primeiro projeto é polarizado por outro tipo de requisição, de inspiração 
neoliberal, que subordina os direitos sociais à lógica orçamentária, a política social à 
política econômica, em especial às dotações orçamentárias e, no Brasil, subverte o 
preceito constitucional. Observa-se uma inversão e uma subversão: ao invés do 
direito constitucional impor e orientar a distribuição das verbas orçamentárias, o 
dever legal passa a ser submetido à disponibilidade de recursos. São as definições 
orçamentárias - vistas com um dado não passível de questionamento - que se 
tornam parâmetros para a implementação dos direitos sociais, justificando as 
prioridades governamentais. 
 
 
A leitura dos orçamentos governamentais, apreendidos como uma peça técnica silencia 
os critérios políticos que norteiam a eleição das prioridades nos gastos, estabelecidas 
pelo bloco do poder. A viabilização dos direitos sociais – e em especial aqueles 
atinentes à seguridade social - pauta-se segundo as regras de um livro-caixa, 
 
 
 
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do balanço entre crédito e déficit no ―cofre governamental‖. Conforme foi 
discutido no II Encontro de Serviço Social e Seguridade Social, realizado no 
Brasil, o orçamento público é a ―caixa preta‖ das políticas sociais governamentais, 
em especial da seguridade social. A elaboração e interpretação dos orçamentos 
passam a ser efetuadas segundo os parâmetros empresariais de custo/benefício, 
eficácia/inoperância, produtividade/rentabilidade. 
 
O resultado é a subordinação de respostas às necessidades sociais à mecânica 
técnica do orçamento público, orientada por uma racionalidade instrumental. A 
democracia vê-se reduzida um “modelo de gestão‖, desaparecendo os sujeitos e a 
arena pública em que expressam e defendem seus interesses. 
 
As condições de trabalho e relações sociais em que estão inscritos os assistentes 
sociais são indissociáveis da contra-reforma do Estado (BEHRING, 2003). Segundo 
a ótica oficial, verifica-se um esgotamento da “estratégia estatizante‖, afirmandose 
 
a necessidade de ultrapassar a administração pública tradicional, centralizada e 
burocrática. Considera-se que o Estado deva deslocar-se da linha de frente do 
desenvolvimento econômico e social e permanecer na retaguarda, na condição de 
promotor e regulador desse desenvolvimento. 
 
Observa-se uma clara tendência de deslocamento das ações governamentais públicas 
– de abrangência universal- no trato das necessidades sociais em favor de sua 
privatização, instituindo critérios de seletividade no atendimento aos direitos sociais. 
Esse deslocamento da satisfação de necessidades da esfera pública para esfera 
privada ocorre em detrimento das lutas e de conquistas sociais e políticas extensivas a 
todos. É exatamente o legado de direitos conquistados nos últimos séculos, que está 
sendo desmontado nos governos de orientação neoliberal, em uma 
 
 
 
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nítida regressão da cidadania que tende a ser reduzida às suas dimensões civil e 
política, erodindo a cidadania social. Transfere-se, para distintos segmentos da 
sociedade civil, significativa parcela da prestação de serviços sociais, afetando 
diretamente o espaço ocupacional de várias categorias profissionais, dentre as 
quais os assistentes sociais. 
 
Esse processo expressa-se numa dupla via: de um lado, na transferência de 
responsabilidades governamentais para ―organizações
da sociedade civil de interesse 
público” e, de outro lado, em uma crescente mercantilização do atendimento às 
necessidades sociais, o que é evidente no campo da saúde, da educação entre muitos 
outros. O chamado ―terceiro setor”, na interpretação governamental, é tido como 
distinto do Estado (primeiro setor) e do mercado (segundo setor). 
 
O chamado ―terceiro setor” é considerado como um setor ―não 
governamental‖, ―não lucrativo‖ e voltado ao desenvolvimento social, e daria 
origem a uma ―esfera pública não estatal‖, constituída por ―organizações da 
sociedade civil de interesse público”. No marco legal do terceiro setor no Brasil 
são incluídas entidades de natureza as mais variadas, que estabelecem um termo 
de parceria entre entidades de fins públicos de origem diversa (estatal e social) e de 
natureza distinta (pública ou privada). Engloba, sob o mesmo título, as tradicionais 
instituições filantrópicas; o voluntariado e organizações não governamentais: desde 
aquelas combativas que emergiram no campo dos movimentos sociais, àquelas com 
filiações político-ideológicas as mais distintas, além da denominada ―filantropia 
empresarial‖. Chama atenção a tendência de estabelecer uma identidade entre 
terceiro setor e sociedade civil. 
 
 
 
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Esta passa a serem reduzidas a um conjunto de organizações – as chamadas 
entidades civis sem fins lucrativos -, sendo dela excluídos os órgãos de 
representação política, como sindicatos e partidos, dentro de um amplo processo de 
despolitização. A sociedade civil tende a ser interpretada como um conjunto de 
organizações distintas e “complementares‖, destituída dos conflitos e tensões de 
classe, onde prevalecem os laços de solidariedade. Salienta-se a coesão social e 
um forte apelo moral ao ―bem comum‖, discurso esse que corre paralelo à 
reprodução ampliada das desigualdades, da pobreza e violência. Estas tendem a 
ser naturalizadas, onde o horizonte é a redução de seus índices mais alarmantes. 
 
 
A universalidade no acesso nos programas e projetos sociais, abertos a todos os 
cidadãos, só é possível no âmbito do Estado, ainda que não dependam apenas do 
Estado. Sendo um Estado de classe expresso a sociedade politicamente organizada 
e condensa um campo de lutas e compromissos em que a sociedade civil joga um 
papel decisivo para democratizá-lo e controlá-lo. 
 
Ao mesmo tempo, é necessário que o Estado se expanda para a sociedade de 
modo a fazer prevalecer interesses mais coletivos e compartilhados, o que depende 
da luta entre as forças sociais. Os projetos levados a efeito por organizações 
privadas apresentam uma característica básica, que os diferencia: não se movem 
pelo interesse público e sim pelo interesse privado de certos grupos e segmentos 
sociais, reforçando a seletividade no atendimento, segundo critérios estabelecidos 
pelos mantenedores. 
 
 
Portanto, ainda que o trabalho concreto do assistente social seja idêntico – no seu 
conteúdo útil e formas de processamento - o sentido e resultados sociais desses 
trabalhos são inteiramente distintos, visto que presididos por lógicas diferentes: a do 
 
 
 
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direito privado e do direito público, alterando-se, pois, o significado social do 
trabalho técnico-profissional e seu nível de abrangência. 
 
Constata-se uma progressiva mercantilização do atendimento às necessidades sociais, 
decorrente da privatização das políticas sociais. Nesse quadro, os serviços sociais 
deixam de expressar direitos, metamorfoseando-se em atividade de outra natureza, 
inscrita no circuito de compra e venda de mercadorias. Estas substituem os direitos de 
cidadania, que, em sua necessária dimensão de universalidade, requerem a ingerência 
do Estado. O que passa a vigorar é direitos atinentes à condição de consumidor 
(MOTA,1995). Quem julga a pertinência e qualidade dos serviços prestados são 
aqueles que, através do consumo, renovam sua necessidade social. 
 
O dinheiro aparece em cena como meio de circulação, intermediando a compra e 
 
venda de serviços, em cujo âmbito se inscreve o assistente social. O grande capital 
 
ao investir nos serviços sociais, passa a demonstrar uma ―preocupação 
 
humanitária‖, coadjuvante da ampliação dos níveis de rentabilidade das empresas, 
 
moralizando sua imagem social. Trata-se de um reforço à necessidade de transformar 
 
propósitos de classes e grupos sociais específicos em propósitos de toda a 
 
sociedade: velha artimanha, historicamente assumida pelo Estado e que hoje tem a 
mídia importante aliada nesse 
 
empreendimento. 
 
 
Os assistentes sociais trabalham 
com as mais diversas expressões 
da questão social, esclarecendo à 
população seus direitos sociais e 
os meios de ter acesso aos 
mesmos. O significado desse 
 
 
 
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trabalho muda radicalmente ao voltar-se aos direitos e deveres referentes às 
operações de compra e da venda. Enquanto os direitos sociais são frutos de lutas 
sociais e negociações com o bloco do poder para o seu reconhecimento legal, a 
compra e venda de serviços no atendimento a necessidades sociais de educação, 
saúde, habitação, assistência social, etc. pertencem a outro domínio - o do mercado 
-, mediação necessária à realização do valor e eventualmente da mais valia 
decorrentes da industrialização dos serviços. 
 
Historicamente, os assistentes sociais dedicaram-se à implementação de políticas 
públicas, localizados na linha de frente das relações entre população e instituição 
ou, nos termos de Netto (1992), ‗executores terminais de políticas sociais’. 
Embora este seja ainda o perfil predominante, não é mais exclusivo, sendo abertas 
outras possibilidades. O processo de descentralização das políticas sociais públicas 
- com ênfase na sua municipalização - requer dos assistentes sociais – como de 
outros profissionais - novas funções e competências. Estão sendo chamados a atuar 
na esfera da formulação e avaliação de políticas e do planejamento e gestão, 
inscritos em equipes multiprofissionais. Os assistentes sociais ampliam seu espaço 
ocupacional para atividades relacionadas à implantação e orientação de conselhos 
de políticas públicas, à capacitação de conselheiros, à elaboração de planos de 
assistência social, acompanhamento e avaliação de programas e projetos. 
 
 
Tais inserções são acompanhadas de novas exigências de qualificação, tais como o 
domínio de conhecimentos para realizar diagnósticos sócio-econômicos de 
municípios, para a leitura e análise dos orçamentos públicos identificando recursos 
disponíveis para projetar ações; 
 
 o domínio do processo de planejamento; 
 
 
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 a competência no gerenciamento e avaliação de programas e projetos sociais;
 a capacidade de negociação,
 o conhecimento e o know-how na área de recursos humanos e relações no 
trabalho, entre outros. Somam-se possibilidades de trabalho nos níveis de 
assessoria e consultoria para profissionais mais experientes e altamente 
qualificados em determinadas áreas de especialização.

 
Registram-se ainda requisições no campo da pesquisa, de estudos e planejamento, 
dentre inúmeras outras funções. Os assistentes sociais, articulados às forças sociais 
progressistas, vêm envidando esforços coletivos no reforço da esfera pública, de 
modo a inscrever os interesses das maiorias nas esferas de decisão política. 
 
O horizonte é a construção de uma ―democracia de base‖ que amplie a 
democracia representativa, cultive e respeite a universalidade dos direitos do 
cidadão, sustentada na socialização da política, da economia e da cultura. Tais 
elementos adquirem especial importância em nossas sociedades latino-americanas, 
que se constroem no reverso do imaginário igualitário da modernidade; sociedades 
que repõem cotidianamente e de forma ampliada privilégios, violência, 
discriminações
de renda, poder, gênero, etnias e gerações, alargando o fosso das 
desigualdades no panorama diversificado das manifestações da questão social. 
 
 
É na dinâmica tensa da vida social que se ancoram a esperança e a possibilidade de 
defender, efetivar e aprofundar os preceitos democráticos e os direitos de cidadania 
 
– preservando inclusive a cidadania social, cada vez mais desqualificada. E para 
impulsionar a construção de outro padrão de sociabilidade, regido por valores 
democráticos, o que requer a redefinição das relações entre o Estado e a sociedade, 
 
 
 
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a economia e a sociedade, o que depende uma crescente participação ativa da 
sociedade civil organizada. 
 
Orientar o trabalho nos rumos aludidos requisita um perfil profissional culto, crítico e 
capaz de formular, recriar e avaliar propostas que apontem para a progressiva 
democratização das relações sociais. Exige-se, para tanto, compromisso 
éticopolítico com os valores democráticos e competência teórico-metodológica na 
teoria crítica em sua lógica de explicação da vida social. Estes elementos, aliados à 
pesquisa da realidade possibilitam decifrar as situações particulares com que se 
defronta o assistente social no seu trabalho, de modo a conecta-las aos processos 
sociais macroscópicos que as geram e as modificam. Mas, requisita, também, um 
profissional versado no instrumental técnico-operativo, capaz de potencializar as 
ações nos níveis de assessoria, planejamento, negociação, pesquisa e ação direta, 
estimuladora da participação dos sujeitos sociais nas decisões que lhes dizem 
respeito, na defesa de seus direitos e no acesso aos meios de exercê-los. 
 
Finalizando com a sugestão do poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade: "Eu 
tropeço no possível, mas não desisto de fazer a descoberta que tem dentro da 
casca do impossível". Tropeçar no possível, mas sem desistir de fazer a descoberta 
que tem dentro da casca do impossível. O projeto ético-político do Serviço Social é 
certamente um desafio, mas não uma impossibilidade: o que se apresenta como 
obstáculo é apenas a casca do impossível, que encobre as possibilidades dos 
homens construírem sua própria história. 
 
 
 
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direitos. São Paulo: Cortez, 2003. 
 
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IAMAMOTO, Marilda V. e CARVALHO, Raul de. Relações sociais e serviço social no 
 
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prospectiva do Serviço Social no Brasil. Serviço Social e Sociedade 50. São Paulo: 
 
Cortez, 1996. p. 87-132. 
 
 
______. A construção do projeto ético-político do Serviço Sócia frente à crise 
 
contemporânea. In: Crise contemporânea, questão social e Serviço Social. 
 
Capacitação em Serviço Social e política social. Brasília:

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