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APOSTILA DA DISCIPLINA fonodiologia educacional

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Prévia do material em texto

FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONALFONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL
Professora Ma. Gisele Signorini Zampieri
 REITOR Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
 DIRETOR DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Ms. Daniel de Lima
 DIRETORA DE ENSINO EAD Prof. Dra. Geani Andrea Linde Colauto 
 DIRETOR FINANCEIRO EAD Prof. Eduardo Luiz Campano Santini
 DIRETOR ADMINISTRATIVO Guilherme Esquivel 
 SECRETÁRIO ACADÊMICO Tiago Pereira da Silva
 COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
 COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Prof. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
 COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Prof. Ms. Luciana Moraes
 COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Ms. Jeferson de Souza Sá
 COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
 COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE GESTÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS Prof. Dra. Ariane Maria Machado de Oliveira
 COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE T.I E ENGENHARIAS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
 COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE SAÚDE E LICENCIATURAS Prof. Dra. Katiúscia Kelli Montanari Coelho 
 COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS Luiz Fernando Freitas
 REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling 
 Caroline da Silva Marques
 Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante 
 Geovane Vinícius da Broi Maciel 
 Jéssica Eugênio Azevedo
 Kauê Berto
 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO André Dudatt
 Carlos Firmino de Oliveira
 Vitor Amaral Poltronieri
 ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO Carlos Eduardo da Silva
 DE VÍDEO Carlos Henrique Moraes dos Anjos 
 Yan Allef 
 
 FICHA CATALOGRÁFICA
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP
Z26f Zampier, Gisele Signorini
 Fonoaudiologia educacional / Gisele Signorini Zampier.
 Paranavaí: EduFatecie, 2022.
 127 p. 
 1.Inclusão escolar. 2. Professores de fonoaudiologia. 
 3.Fonoaudiologia. I. Centro Universitário UniFatecie. 
 II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. 
 CDD:23.ed. 371.9
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9 /1577
As imagens utilizadas neste material didático 
são oriundas dos bancos de imagens 
Shutterstock.
2022 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2022. Os autores. Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie.
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva
dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da 
obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la 
de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
https://www.shutterstock.com/pt/
AUTORA
3
Professora Ma. Gisele Signorini Zampieri
 ● Bacharel em Fonoaudiologia – Unicesumar (2005)
 ● Mestre em Distúrbios da Comunicação – UTP – Universidade Tuiuti do Paraná (2010)
 ● Discente do Programa de Doutoramento em Ciências da Reabilitação UEL/ Unopar.
 ● Professora do Curso de Fonoaudiologia da UNINGÁ
 ● Professora de pós-graduação na Faculdade Cruzeiro do Oeste
 ● Professora de pós-graduação UNYLEYA EDITORA E CURSOS S/A
Ampla experiência em fonoaudiologia clínica, atendendo principalmente na área de 
linguagem e fonoaudiologia Educacional, prestando assessoria educacional.
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/4225776925071511
http://lattes.cnpq.br/4225776925071511 
4
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Nunca antes a escola precisou de tanta ajuda como em nossos dias. O grande 
volume de crianças que chegam à escola, vindas de meios tão diversos, têm prejudicado um 
atendimento que vem deteriorando ano a ano. As estatísticas de repetência e evasão confirmam 
esse quadro, que não atinge apenas a escola pública, mas também o ensino particular.
Cada vez mais a escola e o professor têm que lidar com questões que não deveriam 
fazer parte de suas atribuições. Mas elas estão aí e, se a escola e o professor quiserem 
cumprir sua função de introduzir a criança na cultura letrada, fazendo do aluno um leitor 
e um escritor, como bem sugeriu Paulo Freire, têm que se munir de conhecimentos para 
compreender as dificuldades de seus alunos e poder ajudá-los a superá-las.
Daí a oportunidade desta disciplina, que traz o conhecimento, pesquisas, autores 
e conhecimento de profissionais da área da saúde, principalmente fonoaudiólogos, para o 
uso escolar.
No primeiro capítulo, são abordadas as funções do fonoaudiólogo na escola a 
importância desta parceria fono-professor. Um pouco da história de um trabalho conjunto é 
trazido para o aluno.
No capítulo 2 está dedicado à “normalidade”, estudos sobre desenvolvimento dos 
órgãos fonoarticulatórios e das funções neurológicas subjacentes, desenvolvimento da 
voz, da função auditiva e desenvolvimento motor fornecem subsídios ao leitor para que 
compreenda o desenvolvimento da linguagem, da leitura e da escrita.
Para o capítulo 3, está sendo abordado os “distúrbios” para você aluno ter informações 
sobre a caracterização, a etiologia e o tratamento destes distúrbios. A prevenção é sempre 
focalizada, o que dá ao professor diretrizes para aperfeiçoar sua prática como educador, 
atuando inclusive junto às famílias.
O capítulo final é voltado às questões presentes na prática escolar: a voz como 
instrumento de trabalho e os cuidados que ela demanda; a presença de uma criança com 
aparelho de amplificação sonora e como lidar com esse.
O acervo de conhecimentos acumulados pela fonoaudiologia e sua prática 
em equipes multidisciplinares, podem e devem ser empregados nesse esforço, seja na 
prevenção, no diagnóstico ou na intervenção, para que toda criança encontre o caminho de 
seu pleno desenvolvimento intelectual, emocional, social e profissional.
SUMÁRIO
5
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Plano de Estudos
 ● Origens de uma proposta; 
 ● Um campo de trabalho em desenvolvimento; 
 ● Fonoaudiologia escolar junto a um sistema de 
ensino público; 
 ● Discutindo a fonoaudiologia na escola. 
Objetivos da Aprendizagem
 ●Conceituar e contextualizar a história da fonoaudiologia;
 ●Compreender a importância da atuação fonoaudiológica na 
rede de ensino;
 ●Estabelecer a importância da relação fonoaudiólogo e 
pedagogo.
1UNIDADEUNIDADEFONOAUDIOLOGIA ESCOLARProfessora Me. Gisele Signorini Zampieri 
INTRODUÇÃO
Nessa unidade será apresentado um breve histórico do surgimento da 
Fonoaudiologia para situar o início de sua relação com a Educação no Brasil. 
A fonoaudiologia é a ciência dos distúrbios da comunicação humana, ou seja, 
alterações na fala, linguagem, som, audição, órgãos articulatórios e funções neurovegetativas 
(mastigação, sucção, deglutição e respiração), a atuação dos profissionais dessa área 
ocorre em escolas, hospitais, clínicas, centros de saúde, indústrias, instituições, teatros, 
televisão, empresas de aparelhos auditivos, etc.,sempre buscam prevenir sua ocorrência 
e trabalhar com eles para diagnosticar e tratar os indivíduos, minimizar as sequelas de tais 
doenças, e promover o mais eficaz pode integrar.
Nas escolas, os fonoaudiólogos atuam de forma preventiva por meio de triagem, 
participação da equipe e orientação dos professores para que possam detectar possíveis 
portadores de distúrbios de comunicação em sala de aula, além de fornecer informações 
sobre os cuidados com a voz das crianças.
Ao situar o lugar de nascimento da Fonoaudiologia, visa iluminar o movimento 
posterior que foi o de seu distanciamento do ambiente em que surgiu – o da Educação. 
Sabe-se que hoje, a Fonoaudiologia está na área da Saúde e bem próxima de um discurso 
médico-organicista.
7UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
Apesar de alguns autores mencionarem que a Fonoaudiologia está presente no 
Brasil desde a época do Império, com a fundação do Colégio Nacional (RJ), em 1855, que 
tinha como público alvo a população surda e o ensino de surdos (GOULART et al., 1981 
apud CAVALHEIRO, 1999), a literatura do campo indica o seu início no país no momento 
da criação dos primeiros cursos universitários, por volta de década de 1960.
 De acordo com Berberian (1993; 1995) desde a década de 1920, já haveria uma 
preocupação com os “problemas de linguagem” e com a normatização de uma língua 
padrão. Esses dois vértices parecem ter sido solo da demanda por um profissional que 
reabilitasse a fala de pessoas caracterizadas como “desviantes” em relação à língua da 
comunidade. Diz a autora que todo marco histórico, é precedido por um processo social, 
querendo dizer que ele não é fruto de puro acaso e nem de mera coincidência. 
O reconhecimento de “patologias da linguagem” é bastante antigo, como atestam 
trabalhos médicos, educacionais e filosóficos, embora a prática fonoaudiológica tenha 
surgido apenas no século XX. No Brasil, o que conhecemos hoje por Fonoaudiologia tem 
raízes no Estado Novo e seu desejo de padronizar uma língua no país.
No final século XIX, diz Berberian (1993), por efeito da diversidade e do elevado 
número de imigrantes para o Brasil, que vinham em busca de emprego nos grandes centros 
industriais, foram notadas diferenças na língua portuguesa. A “mistura” de línguas e dialetos 
levantou a preocupação do Estado com o desenvolvimento sociocultural do país - acreditava-
se que ela tornava o Brasil uma nação sem língua própria, desse modo: era preciso impor a 
TÓPICOTÓPICO 1 ORIGEM DE UMA ORIGEM DE UMA PROPOSTAPROPOSTA
8UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
9UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
ideia de reconstrução social como uma forma de modernização e progresso do país, sendo 
que as práticas de normatização da língua fizeram parte deste projeto de reconstrução de 
um Estado nacional: o Estado Novo (BERBERIAN, 1993, p. 11).
O “projeto de reconstrução” teve seu berço na Escola e sua meta foi (r)estabelecer 
a língua padrão, assumida como base para a ordenação da diversidade moral e de 
comportamentos entre grupos sociais. Para isso, profissionais de diversas áreas (médicos, 
engenheiros, sanitaristas, educadores e agentes públicos) foram convocados a participar 
deste movimento pela Escola, local tido como o mais apropriado para lidar com “as raízes” 
dos problemas nacionais (BERBERIAN, 1993; 1995; DIDIER, 2006). Surge, então, nos 
anos de 1930, a campanha de nacionalização e regeneração do ensino, cabendo à Escola 
enfrentar os danos da invocada desintegração social do país. 
Verri (1998) afirma que os “reformadores da língua” acreditavam que, caso se 
alcançasse a unificação da língua e uma padronização ortográfica da escrita, seria possível 
rebaixar as taxas de analfabetismo – o que contribuiria para alcançar metas de produtividade 
e modernização do país.
A escola pretendia não só instruir e moralizar a sociedade, atingindo a família e a 
criança. Acontece que, sob esse ideal reformador, frequentar a escola tornou-se um dever 
“em prol de um bem maior, o desenvolvimento da Nação” e, por aí, ela deixa de cumprir o 
papel de instrumento crítico e democrático.
De fato, a proposta educacional da nova escola afetou a pedagogia escolar, 
culminando na tecnificação e na racionalização do ensino, o “tecnicismo educacional”, que 
podemos ver até hoje influenciando os modos de ensinar, com uma rigidez metodológica 
que coloca o professor como quem controla esse fazer através de atividades mecanizadas, 
sem serem problematizadas, incluindo testes para avaliar e classificar as aptidões dos 
alunos (BASHA e OSÓRIO, 2004). 
Advogava-se que o ensino deveria ser dirigido de acordo com as “capacidades 
individuais” do aluno e esperava-se que, por esse caminho, haveria diminuição de repetentes 
e “agrupamento, moral e físico, dos diferentes”, que se tornaram uma preocupação. Eles 
eram vistos como “anormais” e tidos como razão dos insucessos escolares, assim, os testes 
eram aplicados para classificar os alunos por um suposto nível intelectual e havia também 
a classe “dos principais”, as de “aceleração” e as “dos débeis ou instáveis”. 
Como se pode antever, a brecha em que a Fonoaudiologia surgirá vai sendo aberta, 
certamente de forma não deliberada, assim como o lugar do fonoaudiólogo educacional, 
uma vez que, do ideal “reformador” de padronização da língua (oral e escrita) é parte ine-
rente eliminar erros e suprimir. Verri (1998) informa que, além de classificar os alunos, a 
10UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
Escola também deveria oferecer programas para os diferentes níveis, assim como orientar 
a equipe de professores sobre como controlar o convívio entre os diferentes níveis. 
 Acontece que, muito do que era designado como “distúrbio de comunicação”, não 
passava de meros desvios do ideal de língua padrão. Assim, muitas vezes, regionalismos 
e estrangeirismo em falas de crianças (filhas de migrantes e imigrantes) eram qualificados 
como “desviantes” e, na sequência, alocados na categoria dos “distúrbios”. As crianças, por 
sua vez, eram postas na categoria dos “anormais” e essa aberração de um ideal pautado na 
noção de “higiene”, não escondia o olhar voltado para a formação de uma elite que deveria 
“comandar o país” – este era, de fato, o objetivo do Ministério da Educação na época do 
Estado Novo – da Era Vargas (BERBERIAN, 1993; 1995).
Nesse ambiente sócio-histórico e escolar, a “classe dos anormais” deveria 
receber cuidados especiais. Alguns professores passaram a ser auxiliados por médicos 
e linguistas – essa relação modificou seu papel de educador, já que eles tornaram-se 
“responsáveis” pela detecção de anormalidades dos alunos (falas ou escritas que fugissem 
do padrão ideal encontravam-se nessa categoria). Nessa perspectiva, diversidades na fala 
eram consideradas “defeitos”. Iniciou-se então, naquela época, o que se concebe como 
“medicalização” da Pedagogia – um problema que vem sendo debatido por educadores e 
na Área da Saúde e da Educação, nos dias atuais.
A uniformização da língua não foi objetivo alcançado e mesmo assim, iniciativas 
isoladas de criação de classes especiais e de formação de professores especializados foram 
criadas. Elas miravam a “correção dos vícios da linguagem”. Surgem, então, os ortofonistas 
que, como nos mostra Berberian (1995), Cavalheiro (1997), Didier (2006), Basha e Osório 
(2004) foram os primeiros a exercerem o que conhecemos hoje como Fonoaudiologia, nas 
décadas de 40 e 50. 
Correlacionava-se “correção da fala” com práticas no magistério: vemos aí o 
surgimento da Fonoaudiologia dentro da Educação. Os ortofonistas visavam diagnosticar e 
qualificar o tipo de “patologia” do aluno – note-se que migramos do domínio escolar para o 
das doenças. Para que o papel do ortofonista pudesse ser realizado com maior segurança, 
iniciaram-se cursos de especialização, voltados para o conhecimento das “patologias 
específicas de linguagem”. 
As ideias de distúrbio e de anormalidade imprimiramuma direção que se estabeleceu 
como principal na Fonoaudiologia – a de patologia e de tratamento. No horizonte, está a 
clínica. 
Em 1947, o Laboratório de Fonética e Acústica (LFA), vinculado à Secretaria de 
Educação de São Paulo, determinou como meta realizar pesquisas acerca dos distúrbios de 
11UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
fala e voz (FIGUEREDO NETO, 1988; DIDIER, 2006). Nesse enquadre, o perfil do ortofonista 
(futuro fonoaudiólogo) adquiriu um caráter predominantemente clínico e voltou-se para o 
atendimento individual. O desenvolvimento das pesquisas e do próprio Laboratório, afastou 
a Fonoaudiologia da Educação e na década de 1950, foram situados na Área da Saúde e 
tendo como objetivo “diagnosticar e eliminar patologias”. 
Na década de 1960, aparecem os primeiros cursos universitários em Fonoaudiologia 
fortemente marcados pela presença da Medicina e da Psicologia, essas áreas forneceram 
“métodos clínicos”. O primeiro nasce em 1961, na Universidade de São Paulo (USP), 
dentro da Faculdade de Medicina. No ano seguinte, em 1962, é aberto o curso da Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), com características bem diferentes, já que 
com uma “proposta humanística”. Meira (2001) comenta também sobre o modo singelo 
como o curso da PUCSP surgiu, iniciando com duração de 1 ano, para em 1964 passar a 
ter duração de 2 anos. Ainda com essa autora vemos que, o status de curso superior foi 
sendo traçado, a partir do momento que, em 1972, passou a integrar o Centro de Educação 
e seu vestibular, que antes era separado dos outros cursos, passou a ser unificado. 
Em que pese a diferença entre eles, ambos, assinalam Verri (1998), Cavalheiro 
(1999) e Basha e Osório (2004) tinham como característica a mesma preocupação de 
formar o fonoaudiólogo para a clínica, para “atuar com indivíduos portadores de distúrbios da 
comunicação”, marcando, desta forma, mais uma vez, o distanciamento do fonoaudiólogo 
da Escola, e de formá-lo para “curar” e “normalizar” falas patológicas.
 Esse distanciamento interferiu, de forma negativa, pelo menos até o final da década 
de 1970, na relação entre o fonoaudiólogo e professor. Segundo Giroto (2003) a partir 
da instalação de cursos de graduação em Fonoaudiologia no país, caracterizados pela 
apropriação de um “fazer-dizer” emprestado do modelo clínico-médico, o fonoaudiólogo 
assumiu uma postura repressiva dentro da relação fonoaudiólogo/educador, relação está, 
resultado de um contexto histórico-social. 
De fato, para o educador ficou atribuído o papel de “agente detector”, na Escola, de 
problemas de linguagem (prováveis distúrbios) que seriam encaminhados para fonoaudiólogo 
para tratamento dentro da própria escola. Giroto (1999; 2003) comenta também que uma 
boa parcela de educadores tinha a expectativa de que o fonoaudiólogo detectasse os 
distúrbios, bem como realizasse diagnóstico e tratamento no ambiente escolar. Podemos 
dizer que, de certo modo, esse pensamento persiste. 
A década de 80, teve como marco a regulamentação da profissão de fonoaudiólogo, 
através da Lei nº 6.965, de 9 de dezembro de 1981, no qual definiu o fonoaudiólogo como: 
12UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
O profissional, com graduação plena em Fonoaudiologia, que atua em 
pesquisa, prevenção, avaliação e terapia fonoaudiológica na área da 
comunicação oral e escrita, voz e audição, bem como em aperfeiçoamento 
dos padrões da fala e da voz (BRASIL, 1981, p. 82).
Definir suas competências como: realizar trabalho preventivo nas áreas de 
comunicação escrita e oral, fala e audição; colaborar em fonoaudiologia com outras ciências; 
integrar equipes: Orientação e planejamento escolar, incluindo aspectos de prevenção 
relacionados a problemas de terapia da fala (BRASIL, 1981).
Desde então, o fonoaudiólogo tem desenvolvido sua prática mais voltada para 
as questões terapêuticas e, limitam sua atuação no contexto educacional a triagens e 
assessorias, evita-se, nesta função escolar, ações diretas com o aluno, entendendo-se que 
elas caracterizariam “uma prática clínica na escola” (e não ação colaborativa), sem que 
haja uma reflexão acerca do que é proposto pelo CFFa , para que a atuação educacional 
seja repensada e não ocorra somente mais na forma de triagens e assessorias. 
Segundo Cavalheiro (1999), em decorrência da lei que regulamenta a profissão, 
surgem no fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, a literatura sobre a atuação 
fonoaudiológica na educação abordando ângulos de propostas de inserção, contribuindo 
para a reflexão e construção de conhecimentos na área.
 
TÓPICOTÓPICO 2 UM CAMPO DE TRABALHO EMUM CAMPO DE TRABALHO EMDESENVOLVIMENTODESENVOLVIMENTO 
13UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
 
A Fonoaudiologia nasce no espaço da Educação e que, só após a criação de cursos 
de formação a área se consolida no campo da Saúde, assumindo um perfil nitidamente clínico. 
Nas duas décadas finais do século XX (em especial a partir da última), que um 
pensamento “preventivo” penetrou o campo da Fonoaudiologia e ele teve efeitos na reflexão 
sobre o papel e a atuação do fonoaudiólogo em Escolas. 
Em 2010, o Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa) valida a especialidade 
Fonoaudiologia Educacional. A seguir, será realizado um apanhado de autores 
fonoaudiólogos que refletiram sobre o espaço educacional, mais especificamente a Escola. 
Collaço (2001) relata sua experiência de dez anos (1968 a 1978) na equipe técnica 
de uma escola em São Paulo. Seu trabalho consistia, diz ela, em orientar os professores 
a respeito das dificuldades na alfabetização e discutir com eles problemas em falas das 
crianças. A autora destaca que o professor foi sempre valorizado por ela como aquele 
capaz de encaminhar o desenvolvimento e aperfeiçoamento da comunicação oral e escrita 
dos alunos. 
Bittar (2001) comenta sua experiência em três escolas particulares. O objetivo 
de sua presença na Escola consistia em orientar os professores quanto aos aspectos de 
comunicação e expressão de crianças, em detectar alunos com dificuldades de linguagem 
e, ainda, em orientar os pais quanto aos problemas encontrados. Sobre a fonoaudiologia 
escolar, a autora diz: Localizando a fonoaudiologia escolar na intersecção das áreas de 
Educação, Saúde e Comunicação, entendo o profissional que nela atua voltado para a 
14UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
promoção do desenvolvimento da linguagem, para a proteção específica e para a detecção 
precoce dos distúrbios de comunicação por meio de seus agentes multiplicadores, após 
conquistarem sua própria transformação (Educação). 
Com base na Lei 6965/81 (CFFa), Lagrotta, Cordeiro e Cavalheiro (2001) 
assumem que a Fonoaudiologia divide-se em terapêutica, preventiva e estética e situam a 
Fonoaudiologia Educacional na área preventiva. As autoras falam de suas experiências com 
alunos numa escola de Ensino Fundamental. Ali, faziam triagens, avaliações de linguagem 
e instituíram grupos de reforço. No que tange aos professores, realizavam orientações 
sobre estratégias para o desenvolvimento de fala e escrita e enfatizavam a importância da 
higiene vocal para a saúde das crianças. Elas ocupavam-se, ainda, da orientação aos pais 
sobre atividades que poderiam ser realizadas em casa. As autoras finalizam o texto com 
uma pergunta sobre a orientação a professores: caberia, de fato, à Fonoaudiologia essa 
tarefa (quando não há demanda)? 
Outros fonoaudiólogos como Guedes (1997) Pinto et al. (2001) e Pereira, Santos e 
Osborn (1995) não têm dúvida alguma sobre a relevância da orientação a educadores: todos 
comentam suas experiências e insistem que o foco principal da atividade fonoaudiológica 
na Escola é o trabalho de orientação aos professores sobre alterações fonoaudiológicas. 
É possível reconhecer que o caráter clínico da atuação fonoaudiológica não foi 
completamente diluído, mesmo que se procurasse sustentar que o caráter “educacional” 
da atuaçãoa configurava como sendo essencialmente preventivo (não terapêutico, 
propriamente dito).
Para Zorzi (2001) esse deslocamento para o “clínico” é deslizamento incontornável 
do próprio caráter preventivo das intervenções voltadas para a detecção (diagnóstico!) e 
encaminhamento para a clínica. As triagens realizadas no ambiente escolar, embora sejam 
consideradas como “atuação preventiva” (CAVALHEIRO, 1999), têm no horizonte a detecção 
e eliminação de um problema existente. Giroto (1999) já havia, na verdade, apontado para 
esse fato quando assevera que ações preventivas, na Escola, apoiam-se em modelos 
clínicos de detecção de distúrbios. Devemos então, ter cuidado com atuações que adquirem 
caráter curativo. Oliveira M. e Oliveira P. (1995), estranham o fato desse modo de atuação do 
fonoaudiólogo ter sido (e ainda ser) autorizado em algumas instituições de ensino. 
Fato é que, com base em comentários dos autores acima, podemos dizer que o 
pensamento preventivo envolve a necessidade de orientação de equipes pedagógicas que 
enfrentam as dificuldades do aluno ao longo do processo de escolarização. 
15UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
Encontramos, assim, na literatura do campo, trabalhos que apontam para um novo 
rumo da prática do fonoaudiólogo na Escola que prioriza conceitos e ações pautadas na 
ideia de promoção de saúde nesse contexto (BITAR, 2001). Giroto (1999; 2003) salienta, 
por exemplo, que a partir do momento em que a proposta do campo seja de ações voltadas 
à prevenção das doenças e promoção de saúde, a relação com o educador pode mudar de 
foco porque fonoaudiólogos poderiam passar a ser vistos como coautores em ações que 
visem resgatar o espaço pedagógico enquanto meio propício para o estabelecimento de 
uma relação interativo-reflexiva que articule de forma consistente saberes voltados para um 
só fim. A autora ainda destaca o fato de que uma atuação integrada e cooperativa depende 
de um melhor entendimento, por parte dos profissionais integrantes da equipe escolar 
(principalmente o professor), sobre o trabalho realizado pelo fonoaudiólogo. Segundo ela, 
para que se estabeleça uma relação produtiva entre Fonoaudiologia e Educação, algumas 
ações de responsabilidade do fonoaudiólogo são importantes, entre elas:
 ●Conhecer as políticas públicas educacionais; 
 ●Abandonar uma postura acrítica, a-histórica e não assumir uma atitude “ingênua” de que 
suas ações, por si só, resolverão o fracasso escolar; 
 ●Compreender que o investimento na relação educador-fonoaudiólogo não deve ser 
apenas do fonoaudiólogo que atua no espaço físico escolar; 
 ●Resgatar a motivação para o trabalho coletivo, a fim de torná-lo o reflexo da construção 
de novas relações de trabalho. 
Giroto (2003) ressalta a importância da relação de parceria entre fonoaudiólogos 
e educadores. Sabemos do desconhecimento que reina, na Escola, em torno do papel do 
fonoaudiólogo - fato que dificulta, sem dúvida, a colaboração entre essas áreas em prol da 
aprendizagem. 
Sebastião (2003) e Carnio (2003), ao comentarem sobre a relação entre Fonoaudiologia 
e Educação, problematizam a formação do educador. De acordo com esses autores, durante 
muitos anos, a formação do professor teve dois focos: a transposição didática do currículo 
para sala de aula e ênfase no conhecimento que os alunos deviam aprender. Desta forma, a 
compreensão do processo de aquisição e as consequências sobre a criança não interrogavam 
– o que tornou o educador o responsável solitário pelo fracasso escolar.
Costa (2005) entende ser imperativo que o professor tenha uma competência 
polivalente, sendo capaz de trabalhar com conteúdo de natureza diversa que abranjam 
16UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes de diversas 
áreas do conhecimento – incluindo, nesse rol, conhecimentos referentes à saúde. 
Nesse sentido, a Escola deve poder oferecer elementos que capacitem a comunidade 
para uma vida mais saudável, dando apoio ao serviço médico e tornando possível a entrada 
de profissionais da saúde no meio escolar (BRITO BASTOS, 1979). O fator de relevância 
aqui é que essa entrada do fonoaudiólogo na Escola deve ter como objetivo a promoção da 
saúde do educando e não a detecção (triagem e avalições) de problemas para encaminhar 
para atendimentos especializados. 
Madrid e Faria (no prelo) afirmam que, os aspectos fonoaudiológicos devem constar 
na formação do educador para que ele possa ser agente e parceiro na identificação de 
alterações que possam prejudicar o desempenho do escolar. Faço coro com as autoras 
introduzidas nesta parte – não só na formação de educadores devem constar informações 
referentes a aspectos que digam respeito à saúde dos alunos, como também a formação 
dos fonoaudiólogos deve discutir concepções de saúde e implementar um pensamento 
voltado para a “promoção da saúde”. 
Giroto (2003) levanta a suspeita de que os fonoaudiólogos, em grande medida, 
também não conhecem seu papel na Educação, já que pouca ênfase é dada ao assunto 
nos cursos de graduação. Nessa discussão, a formação do fonoaudiólogo vem à tona e 
conforme diz Cavalheiro (1999), foi com essa preocupação que novas diretrizes curriculares 
foram estabelecidas para os cursos de graduação em Fonoaudiologia, propondo que o 
fonoaudiólogo obtivesse conhecimento de múltiplas áreas e experiências em graus suficientes 
para o pleno exercício da profissão. Porém, segundo a autora, esta preocupação não garantiu 
que as mudanças propostas capacitassem o fonoaudiólogo para atuar adequadamente na 
área educacional - há muitos que atuam segundo uma visão estritamente clínica e distante 
dos debates da área que apontam noutra direção (RIBEIRO, 2002). 
Durante toda sua história, a Fonoaudiologia tem mantido relação estreita com o 
campo da Educação: num primeiro momento, era o professor que fazia a detecção de 
problemas de linguagem, (o fonoaudiólogo era um “professor especialista”); depois, vestiu-
se de “ortofonista”, chegando à necessidade de formação específica – nascem os cursos 
de graduação e a profissão de fonoaudiólogo, com ênfase quase exclusiva na clínica dos 
distúrbios da comunicação. 
Na Escola, sua presença introduz esta marca como problema, que vislumbra 
como saída (depois de muito embate) a ideia de “prevenção” e de “promoção da saúde”. 
Entende-se então que, desde esta ótica, pode-se chegar a um lugar de colaboração entre 
fonoaudiólogos e professores, já que suas metas, diferentes que são, não excluem a 
17UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
preocupação com a aprendizagem e com a saúde do aluno. A ideia de prevenção parece 
oferecer a possibilidade de o fonoaudiólogo ser visto, na Educação, não mais como um 
ortofonista, mas sim como “responsável pela formação do cidadão leitor/escritor que, assim, 
passa a atuar de forma proativa dentro de sua especificidade: prevenção e promoção da 
saúde” (COSTA, 2005, p. 13).
 
TÓPICO 3 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR JUNTO A UM SISTEMA DE JUNTO A UM SISTEMA DE ENSINO PÚBLICOENSINO PÚBLICO
18UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
A Fonoaudiologia constitui-se como ciência interdisciplinar que tem como base 
concepções e métodos de áreas da saúde e da educação. Historicamente, essas áreas 
intercalaram momentos de proximidade e distanciamento, concretizando experiências que 
se refletiram em encontros e desencontros, sobretudo quanto às suas atribuições e aos 
seus papéis sociais (BERBERIAN, 1995).
Práticas de medicalização da educação nas instituições escolares, ações de edu-
cação em saúde realizadas em serviços de saúde pautadas na normatização de compor-
tamentos mantêm-se ainda hoje como modelos hegemônicos. Contrapondo-se a esses 
modelos, políticas públicas, alicerçadas no conceito ampliado de saúde, têm-se pautado 
na compreensão de que os determinantes do processo saúde-doença são intersetoriais 
(BERBERIAN, 1995).Desse modo, práticas de intersetorialidade mostram-se como dispositivos potentes 
para o enfrentamento dos problemas complexos que se apresentam, tanto no campo da 
saúde, quanto da educação, levando a resultados mais efetivos do que cada setor poderia 
alcançar agindo de modo isolado (OLIVEIRA e SCHIER, 2013).
 Neste capítulo, procurou-se trabalhar com uma abordagem histórica, resgatando 
conceitos de educação e saúde presentes em práticas de saúde na educação e de educação 
em saúde. Esse resgate possibilita a apresentação dos conceitos de promoção da saúde 
e intersetorialidade e, por meio deles, uma abordagem mais contemporânea da interface 
saúde e educação e sua relação com a Fonoaudiologia no contexto de políticas públicas.
19UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
Segundo Berberian (1995) os três principais objetivos do trabalho fonoaudiológico 
na escola são:
 ● Trabalhar na prevenção de questões referentes a oralidade, escrita, voz, audição e 
motricidade oral;
 ● Fazer parte da equipe de planejamento e orientação escolar, considerando as ques-
tões fonoaudiológicas;
 ● Desenvolver um olhar além da atuação clínica de diagnosticar e reabilitar. 
 
TÓPICO 4 DISCUTINDO A FONOAUDIOLOGIA DISCUTINDO A FONOAUDIOLOGIA NA ESCOLANA ESCOLA
20UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
A história das práticas de saúde e de educação mostra a importância de se 
compreender as concepções acerca do trabalho de educação em saúde e o de saúde na 
educação. Educação e saúde são práticas sociais que se inserem no modo de produção 
da existência humana e que precisam ser abordadas historicamente como fenômenos 
constituintes das relações sociais (produção, reprodução e transformação) (BERBERIAN, 
1995).
Tanto no campo da educação quanto no da saúde, as práticas são atravessadas 
por diversas concepções de saúde e educação, que retratam distintas posições político 
filosóficas sobre o homem e a sociedade. A concepção de educação como ato normativo, 
prescritivo, para instrumentalizar e controlar, guarda correspondência com a concepção de 
saúde como ausência de doença (BERBERIAN, 1995).
Ações de educação em saúde, do mesmo modo que ações de saúde no campo 
da educação, sob o efeito dessas concepções, podem se transformar em transmissão 
de informações ou aplicação de procedimentos, nas quais os profissionais reproduzem 
relações assimétricas (professor-aluno e profissional de saúde-doente) no desempenho 
de ações predefinidas. Nessa perspectiva, a educação é concebida como sinônimo de 
adaptação ou como algo da ordem do natural, única forma de existência possível e racional, 
assim como o processo saúde-doença é tratado no percurso natural do desenvolvimento da 
doença, cuja causa pode ser atribuída a um ou múltiplos agentes (MOROSINI; FONSECA 
e PEREIRA, 2007).
21UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
No fim do século XIX e início do século XX, concepções e práticas de educação e 
saúde tiveram em sua base o modelo higienista que tinha um modo específico de conceber, 
explicar e intervir sobre os problemas de saúde. Suas formas de intervenção baseavam-se 
na prescrição de normas, voltadas para os mais diferentes âmbitos da vida social (família, 
escola, trabalho, convivência social) como modos de conservação da saúde. Dessa 
maneira, eram vistos e desenvolvidos como educação sanitária (MOROSINI; FONSECA e 
PEREIRA, 2007).
As práticas sanitárias de cunho higienista migraram para as instituições escolares 
levando à medicalização da educação. Nessa perspectiva, práticas curativas, reabilitadoras 
e preventivistas fundamentadas na noção de risco à saúde nortearam a atuação de 
fonoaudiólogos que atuavam no âmbito da educação. Do mesmo modo, influenciaram 
práticas clínicas na compreensão de que a saúde poderia ser alcançada por meio de 
mudanças de comportamentos e estilo de vida. Na escola, a aproximação entre educação 
e a saúde sem uma maior reflexão sobre a atribuição de cada área ocasionou no século 
passado a transposição de técnicas de avaliação e intervenção do campo (clínico) da saúde 
para o campo escolar. Escolas especiais passaram a conceber a ação educativa tendo 
como parâmetro programas de reabilitação (BERBERIAN, 1995).
Assim, a escola regular passou a identificar crianças que estavam fracassando 
no processo de aprendizagem e encaminhá-las para classes especiais e/ou atendimentos 
clínicos, sem que refletir, de fato, sobre suas práticas pedagógicas. Do mesmo modo, a 
aproximação entre saúde e educação dentro dessa concepção de homem e sociedade, 
tem levado a área da saúde a desenvolver programas de educação que condicionam ou 
conduzem a população a receber passivamente informações e aceitarem orientações ou 
recomendações sem refletir sobre a própria realidade (BERBERIAN, 1995).
A perspectiva crítico-reflexiva contrapõe-se a esse modo de conceber educação 
e saúde, pois parte da análise das realidades sociais, revelando suas características e as 
relações que as condicionam e as determinam. No campo da saúde, com base no concei-
to ampliado de saúde, o processo saúde-doença liga-se às condições objetivas de vida 
(habitação, alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, 
lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde) e acena para 
intervenções de cunho coletivo e não apenas individual (BERBERIAN, 1995).
Na interface da educação e da saúde, constituída com base no pensamento crítico 
sobre a realidade, torna-se possível pensar educação em saúde e saúde na educação 
como estratégias para o alcance da autonomia ou emancipação, ou seja, acesso a recursos 
22UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
que possibilitam intervir e transformar as condições objetivas para a produção de saúde 
individual e coletiva (MOROSINI; FONSECA e PEREIRA, 2007).
 No campo da saúde, a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1990, 
contribuiu para um redirecionamento das práticas de saúde, passando a incluir a prevenção 
e promoção da saúde como atribuições dos profissionais de saúde. O item III do Artigo 5o 
da Lei Orgânica de Saúde, ao apresentar os objetivos e atribuições do Sistema Único de 
Saúde, diz que a assistência às pessoas deve ser feita por meio de ações de promoção, 
proteção e recuperação da saúde, integrando ações assistenciais e atividades preventivas. 
sanitária (MOROSINI; FONSECA e PEREIRA, 2007).
Os ideais e as propostas de Promoção da Saúde foram disseminados pelo Brasil por 
meio de cartas e declarações elaboradas em reuniões e conferências. Essas propostas serão 
aprofundadas mais adiante na sessão que discute as políticas públicas (BRASIL, 2002).
As diretrizes do SUS buscam organizar os serviços para oferecer cuidado integral 
à saúde da população e, do mesmo modo, demandam que as pessoas aprendam a cuidar 
de sua própria saúde, defendendo direitos e assumindo deveres. A interface saúde e 
educação possibilita compreender os educadores como produtores de cuidados em saúde 
e os profissionais da saúde como educadores, estabelecendo entre eles uma relação de 
continuidade e complementaridade. Assim, compreende-se o conhecimento e as técnicas 
como uma produção social, historicamente constituídos e implicados entre si, orientados 
por um projeto societário transformador (MOROSINI; FONSECA e PEREIRA, 2007).
Fonoaudiologia na interface saúde e educação. Entre as profissões da área da 
saúde, a Fonoaudiologia é, certamente, a que mais se aproxima da Educação. Embora os 
primeiros cursos de Graduação em Fonoaudiologia surjam na década de 1960, as práticas 
fonoaudiológicas no espaço escolar têm registro histórico nos anos 1920. Nessa época, 
professores desenvolviam ações voltadas à identificação de problemas relacionados com 
comunicação oral e escrita dos alunos, em vista da necessidade de normatização da língua 
falada por imigrantes estrangeiros e nacionais, que vieram para as regiões de maior poten-
cial e desenvolvimento industrial do país (BERBERIAN,1995).
Esses profissionais passaram a desenvolver atividades que extrapolavam seu papel 
enquanto educadores e que implicavam a realização de práticas curativas para as quais eles 
não haviam sido formados. Surgiu, assim, a necessidade de uma formação especializada, 
o que ocorreu, inicialmente, em cursos específicos realizados no exterior. Anos mais tarde 
surgiram os primeiros cursos de formação especializada no Brasil (BERBERIAN, 1995).
Nesse contexto histórico, a fase escolar foi considerada o melhor momento para a 
detecção e tratamento dos desvios da fala e o professor passou a trabalhar na “reabilitação” 
23UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
dos alunos que apresentassem qualquer desvio quanto aos padrões estabelecidos. Tal 
situação contribuiu para que a prática dos primeiros “fonoaudiólogos” atuantes em instituições 
educacionais tivesse um caráter fortemente curativo. Esse contexto histórico de surgimento 
da profissão, calcado em uma visão predominantemente curativa, influenciou fortemente 
as primeiras propostas de atuação fonoaudiológica em escolas, nas décadas de 1960 a 
1980, geralmente voltadas para a detecção e o tratamento de alterações fonoaudiológicas, 
práticas que atendiam aos preceitos da medicalização do ensino (BERBERIAN, 1995).
 Aqui a aproximação entre as áreas de saúde e educação subverte o trabalho que 
se espera que a educação realize. A solução para o dito “fracasso escolar” está fora da 
escola, distante do trabalho que nela se realiza. Este histórico de surgimento da profissão 
talvez justifique o fato de que, ainda hoje, muitos professores esperam do fonoaudiólogo 
ações que “resolvam” os problemas de comunicação dos alunos (BERBERIAN, 1995).
As dificuldades de se implementar trabalhos tanto na área da saúde quanto na da 
educação, pautados no pensamento crítico-reflexivo, ainda são grandes. Os profissionais 
dessas áreas têm sido levados a valorizar a transmissão de informações técnicas e, muitas 
vezes, as reproduzem como mediadores de um único sentido. Ações dessa natureza, 
embora possam ser consideradas como trabalho educativo, têm poucas chances de produzir 
transformações na realidade, pois os participantes não foram levados a pensar criticamente 
as situações vividas e a desenvolver ações mediantes tais reflexões (MOROSINI; FONSECA 
e PEREIRA, 2007).
Exemplo disso são as interpretações dadas a problemas escolares que se focalizam 
no desempenho individual de cada criança, tratando-o apenas com relação a um padrão 
definido como média ou norma, sem contextualizá-lo, isto é, sem interpretá-lo à luz das 
relações dessa criança com os colegas, professores, com os acontecimentos de sua 
vida, com as condições de trabalho de seu professor etc. A solução para questões pouco 
problematizadas tem gerado relações entre saúde e educação que se mostram bastante 
improfícuas, porque fragmentam processos, não mobilizam a troca de experiências 
e saberes, não articulam práticas. Restringem-se apenas ao setor ou em execução de 
ações pontuais da área da saúde no espaço escolar de cunho preventivista (MOROSINI; 
FONSECA e PEREIRA, 2007).
O fortalecimento das políticas de promoção da saúde propiciou a criação de políticas 
voltadas à integração das ações de saúde nas escolas. Diferentemente da pedagogia de 
transmissão, a problematização tem-se mostrado uma ferramenta potente nas práticas 
que articulam ações intersetoriais entre saúde e educação, sobretudo relacionadas com 
a Atenção Básica de Saúde e a Educação Básica, que serão tema da próxima sessão. 
24UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
Ela possibilita identificar os principais problemas em uma determinada realidade e buscar 
as tecnologias mais apropriadas e disponíveis para a solução do que foi identificado. Isso 
quer dizer que não existe uma receita pronta para o processo educativo de prevenção de 
riscos e promoção da saúde, sendo necessário primeiramente observar a realidade, buscar 
compreender os fatores dos nós críticos e, então, elaborar as estratégias de enfrentamento 
a serem executadas pelas equipes de saúde e de educação (BORDENAVE, 1983).
 A noção de promoção da saúde no espaço escolar trouxe importantes contribuições 
para uma nova visão da atuação do fonoaudiólogo na interface saúde–educação. No entanto, 
observa-se ainda grande fragilidade no sentido da articulação do setor educação com a rede 
pública de saúde, especialmente com a atenção básica/primária (BORDENAVE, 1983).
 
UM FONOAUDIÓLOGO PODE AJUDAR NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM?
Sim. Os fonoaudiólogos possuem vasta experiência na área de desenvolvimento 
e aprendizagem da linguagem, o que pode facilitar muito o processo educacional. Atua em 
parceria com equipes docentes em diferentes níveis de ensino e em qualquer modalidade 
de ensino. Os fonoaudiólogos se diferenciam por serem formados para integrar conheci-
mentos sobre comunicação, educação e saúde, essenciais para o aprendizado, a interação 
social e o desenvolvimento humano.
COMO O FONOAUDIÓLOGO AUXILIA NO ENFRENTAMENTO DOS PROBLE-
MAS DE APRENDIZAGEM?
Ao aprender a construir, os alunos serão capazes de, diante das dificuldades, é 
importante que a equipe educativa saiba lidar com esses desafios. Para isso, a cooperação 
entre os dois Fonoaudiólogos, porque o problema está fundamentalmente no domínio da 
linguagem. Outro aspecto relevante é a diversidade na forma como cada criança aprende, 
que no modelo escolar atual é muitas vezes Não há espaço para reflexão. Essas dificuldades 
podem estar no ensino, as estratégias precisam ser ajustadas com os educadores, ou 
25UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
podem estar em processo de aprendizagem e ter que se ajustar com os alunos. As causas 
também podem estar relacionadas a questões ambientais, sociais, cognitivas ou emocionais 
e devem ser consideradas em discussões em grupo e delineamento de abordagens para a 
resolução de problemas supere os desafios encontrados.
COMO CONTRATAR UM FONOAUDIÓLOGO E QUAL DEVE SER A DENOMI-
NAÇÃO DE SEU CARGO NO CASO DE CONTRATAÇÕES NA ÁREA DA EDUCAÇÃO?
O profissional pode ser contratado por concurso público para cargo efetivo, nos 
moldes da CLT ou por regime estatutário, ou ainda como prestador de serviços. No caso 
de contratação na área da Educação, o cargo do profissional é de fonoaudiólogo, podendo, 
em sua admissão, serem especificados ou solicitados conhecimentos voltados à área 
educacional, experiência profissional e/ou especialização essa área. Vale destacar que a 
carga horária e a remuneração de um fonoaudiólogo variam conforme o trabalho proposto 
e os acordos estabelecidos entre as partes, sendo seguidas as orientações sindicais, bem 
como as leis trabalhistas vigentes. 
O FONOAUDIÓLOGO PODE REALIZAR ATENDIMENTO CLÍNICO DOS ALUNOS 
NO AMBIENTE ESCOLAR?
Não, o atendimento clínico não pode ser realizado dentro do espaço escolar. 
Determinação estabelecida nas normativas do Conselho Federal de Fonoaudiologia, em 
consonância com a Lei nº 9.394/1996 (LDB) e com a Lei nº 8.080/1990 (Sistema Único de 
Saúde).
QUERO CONTRATAR UM FONOAUDIÓLOGO PARA ATUAR NA REDE DE 
APOIO VOLTADA AO AEE. COMO JUSTIFICAR A NECESSIDADE DO PROFISSIONAL 
NESSA EQUIPE?
Considerando o papel fundamental do fonoaudiólogo no Atendimento Educacional 
Especializado, bem como o definido na normativa do Conselho Nacional de Educação 
(CNE), que institui as diretrizes operacionais para o AEE na Educação básica e modalidade 
especial, faz-se necessário que em sua organização seja estabelecida uma rede de apoio 
no âmbito da atuação profissional, o que justifica e permite a contratação do fonoaudiólogo.
26UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
A POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA PREVÊ O ATENDIMENTO CLÍNICO NAS ESCOLAS?
Não. A implantação do Atendimento Educacional Especializado (AEE), apoiada na 
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de 2008,gerou uma interpretação distorcida de que os profissionais poderiam atuar clinicamente 
dentro das escolas, já que o AEE favorece o apoio às crianças em processo de inclusão. 
Porém, deve estar claro que essa proposta não anuncia intervenções de cunho clínico 
e, sim, uma função complementar ou suplementar com o objetivo de eliminar barreiras 
para a plena participação na sociedade e o desenvolvimento da aprendizagem do aluno. 
Destaca-se que são considerados recursos de acessibilidade na educação aqueles que 
asseguram condições de acesso ao currículo, “promovendo a utilização dos materiais 
didáticos e pedagógicos, dos espaços, dos mobiliários e equipamentos, dos sistemas de 
comunicação e informação, dos transportes e dos demais serviços”.
Além disso, em consonância com a Lei nº 9.394, de 20 dezembro de 1996 (LDB), 
Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 (Sistema Único de Saúde), Anexo I da Portaria de 
Consolidação nº 3, de 28 de setembro de 2017 do Ministério da Saúde, Lei nº 11.105, de 
24 de março de 2005 e normativas do Conselho Federal de Fonoaudiologia, o atendimento 
clínico, quando necessário, deve ser realizado nos equipamentos de saúde. 
O FONOAUDIÓLOGO FORNECE LAUDOS OU DIAGNÓSTICOS CLÍNICOS DE 
ALTERAÇÕES ENCONTRADAS NOS ALUNOS?
Conforme mencionado, é vedado ao fonoaudiólogo que atua no espaço escolar 
realizar atos de cunho clínico/diagnóstico. Os alunos que necessitam de avaliação 
deverão ser encaminhados para os serviços de saúde. Cabe ao fonoaudiólogo que atua 
em equipamentos de saúde, realizar diagnósticos e produzir os laudos nas áreas de sua 
competência. Vale salientar que a realização de laudos e diagnósticos das deficiências 
previstas no Atendimento Educacional Especializado (deficiências física, sensorial e 
intelectual, transtorno invasivo do desenvolvimento e superdotação) são de responsabilidade 
restrita do médico. Destaca-se ainda que, com a publicação da Nota Técnica nº 04/2014/
MEC/SECADI/DPEE, foi retirada a obrigatoriedade de laudo médico para inclusão da 
criança com dificuldades na escola regular. Considera-se que a exigência restringia o direito 
universal de acesso à Educação.
27UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
O FONOAUDIÓLOGO PODE AUXILIAR ALUNOS QUE APRESENTAM 
DISTÚRBIOS ALIMENTARES, OU SEJA, DIFICULDADE PARA DEGLUTIR, RECUSA 
ALIMENTAR, ENTRE OUTROS?
Sim. Poderá orientar e propor estratégias que auxiliem a alimentação de alunos 
com dificuldades específicas de deglutição, no âmbito escolar. Para isso, deverá entrar em 
contato com o profissional responsável pelo atendimento (fonoaudiólogo clínico) do aluno 
e, em conjunto, definir as orientações e os procedimentos que deverão ser realizados. Não 
cabe ao profissional realizar, no espaço escolar, atendimento dos alunos com dificuldades 
alimentares. No caso de alunos sem acompanhamento clínico, o fonoaudiólogo deverá 
definir e realizar encaminhamentos. 
O FONOAUDIÓLOGO PODE DESENVOLVER AÇÕES COM OS ALUNOS EM 
SALA DE AULA? 
Sim. O fonoaudiólogo pode desenvolver atividades direcionadas a um grupo em 
sala de aula, desde que tais atividades estejam inseridas na proposta pedagógica da 
escola, sejam oferecidas a todos os alunos, desenvolvidas em parceria com o educador e 
não possuam caráter terapêutico. 
EM QUAIS MOMENTOS O FONOAUDIÓLOGO PODE DESENVOLVER SUAS 
AÇÕES NO AMBIENTE ESCOLAR? 
O fonoaudiólogo pode desenvolver ações no ambiente escolar em diversas 
situações, por meio da participação em atividades de trabalho pedagógico coletivo, grupos 
de estudo e reuniões de planejamento. Pode ainda realizar palestras, rodas de conversa, 
orientações individuais e em grupo
Fonte: Brasil (2010).
28UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
A atenção à criança e ao adolescente deve ser a prioridade de todos os segmentos 
de uma sociedade. Investir em educação para essa população é a garantia de um futuro 
mais humano, justo e digno, com melhor qualidade de vida para todos, sendo de vital 
importância a construção da cidadania. 
De acordo com o art. 227 da Constituição Federal Brasileira: 
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, 
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar 
e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão”.
A Fonoaudiologia tem muito a oferecer, como parte integrante da equipe pedagógica, 
agregando conhecimentos sobre a comunicação humana, que são de sua competência, 
assim como discutindo estratégias educacionais que possam favorecer o processo de 
ensino e aprendizagem. Sendo a educação escolar um direito de todos, a Fonoaudiologia 
auxilia na potencialização de práticas pedagógicas que contribuam para a melhoria do 
processo de aprendizagem e, consequentemente, da qualidade da educação brasileira.
Fonte: Brasil (2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
29UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
 As práticas fonoaudiológicas que se dão na interface saúde e educação estiveram 
por mais de três décadas influenciadas por visões reducionistas distantes da necessária 
compreensão ampliada dos processos saúde-doença e das possibilidades terapêuticas 
que vão além da visão medicalizada. Isso porque consideram outras dimensões, a social, 
a cultural, a afetiva e a pedagógica.
 Tais práticas evoluíram quando passaram a se orientar pelo conceito de promoção 
da saúde, orientador de políticas públicas vigentes, por se ocuparem não só da saúde dos 
escolares, mas também de suas famílias, dos professores e de suas práticas educacionais 
e do espaço físico escolar. Programas como o PSE, que trabalham tendo como base noção 
de território, de comunidade, recomendam às equipes de saúde desenvolver um trabalho 
em rede com as escolas, como meio de superação de problemas que são comuns à área 
da saúde e da educação.
 Isso deve ser realizado desenvolvendo-se ações compartilhadas que contribuam 
para a saúde dos estudantes e professores e para a qualidade das práticas educacionais. 
São avanços, embora representem grandes desafios, uma vez que a gestão de ações 
intersetoriais é processo complexo e demanda apoio político e técnico. Procurou-se 
mostrar que a articulação entre os setores de saúde e de educação caracteriza-se como um 
processo que envolve a educação permanente de orientação crítico-reflexiva e tem como 
base a integralidade, a corresponsabilidade, a cogestão, o compromisso e a participação. 
A relação entre esses campos deve se construir na perspectiva da troca de saberes, da 
complementaridade. 
Deve se pautar em opções metodológicas que possibilitem aos participantes o 
desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo e a participação ativa sobre os problemas 
do território onde os serviços estão inseridos.
 
LEITURA COMPLEMENTAR
30UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
Abaixo indico para vocês a leitura de um artigo científico publicado na plataforma 
Scielo que investiga o conhecimento dos professores da educação infantil em relação ao 
trabalho fonoaudiológico na escola. É de extrema importância perceber esse conhecimento 
para que o trabalho fonoaudiológico se desenvolva de maneira eficiente.
Fonoaudiologia e educação infantil: uma parceria necessária
OBJETIVO: investigar as informações que os professores de educação infantil 
possuem em relação a Fonoaudiologia na escola, bem como sobre temas ligados à área de 
linguagem. MÉTODOS: foi aplicado um questionário, contendo 17 questões objetivas em 
uma amostra com 73 professores de educação infantil da rede municipal de ensino da cidade 
de Maceió-AL. RESULTADOS: os participantes relacionaram a atuação fonoaudiológica na 
escola à presença de alterações no desenvolvimento da criança. O índice de professores da 
amostra que obtiveram contato com o fonoaudiólogo na escola é de 4,1%.Estes educadores 
relatam que apenas 57,5% receberam informações sobre a aquisição de linguagem e o 
desenvolvimento da escrita. CONCLUSÃO: com a realização da presente pesquisa foi 
possível confirmar a necessidade de reforçar as ações fonoaudiológicas na escola, bem 
como a parceria entre fonoaudiólogos e professores.
Fonte: MARANHÃO, P. C. S.; PINTO, M. P. da C.; PEDRUZZI, C. M. Fonoaudiolo-
gia e Educação infantil: uma parceria necessária. Linguagem, Rev. CEFAC 11, Mar, 2009. 
Disponível em: https://www.scielo.br/j/rcefac/a/TyDbhRXtBMspPBRDnJFnJ3M/?lang=pt. 
Acesso em: 12 jul. 2022.
 
https://www.scielo.br/j/rcefac/a/TyDbhRXtBMspPBRDnJFnJ3M/?lang=pt
MATERIAL COMPLEMENTAR
31UNIDADE 1 FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR
LIVRO 
Título: O fonoaudiólogo e a escola
Autor: Léslie Piccolotto Ferreira (org.).
Editora: Plexus.
Sinopse: Os anos 80 encontraram os fonoaudiólogos envolvidos 
em questões amplas na tentativa de entender suas origens e 
indagando, constantemente, para que e para quem se destina 
o seu trabalho. Assim, com as novas situações geradas no 
contexto social e político do país intensifica-se a necessidades 
práticas fonoaudiológicas inovadoras na educação e na saúde. 
Estas propostas deram origem a este livro, que oferece a 
educadores e especialistas em fonoaudiologia um apanhado 
dos novos horizontes dentro dos quais se coloca hoje está 
disciplina.
 
FILME/VÍDEO 
Título: Como estrelas na terra
Ano: 2007.
Sinopse: O filme indiano de 2007 “Como Estrelas na Terra” 
conta a história de Ishaan, um menino de nove anos que vive 
praticamente isolado. Não possui muitos amigos e não vai bem 
na escola. Seu irmão tem um perfil completamente diferente e 
seus pais não aceitam que sua evolução não aconteça. Decidem 
então punir o garoto seguidas vezes até que o colocam em um 
internato objetivando uma disciplina mais rígida. Obviamente, 
nada acontece como o planejado e Ishaan continua sem 
grandes avanços. Até que Nikumbh cruza o caminho do garoto 
e descobre que ele é portador de dislexia – um distúrbio de 
aprendizado que causa dificuldades para ler, escrever e reter 
informações.
 
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Plano de Estudos
• O professor na atuação fonoaudiológica em escola: participante 
ou mero espectador? 
• Possibilidades de trabalho no âmbito escolar-educacional e nas 
alterações da escrita;
• A importância da interação entre o fonoaudiólogo e a escola no 
atendimento clínico; 
• A voz do professor: uma proposta de promoção. 
Objetivos da Aprendizagem
• Diferenciar o papel do professor e do fonoaudiólogo na 
escola;
• Compreender o trabalho no âmbito escolar;
• Estabelecer a importância da interação entre o 
fonoaudiólogo e a escola.
2UNIDADEUNIDADEREFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTREREFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTREProfessor Me. Gisele Signorini ZampieriA FONOAUDIOLOGIA E A EDUCAÇÃOA FONOAUDIOLOGIA E A EDUCAÇÃO
INTRODUÇÃO
A Fonoaudiologia tem um papel de extrema importância no contexto social, visto 
que lida com algo cada vez mais necessário às relações pessoais e profissionais: a 
comunicação, uma habilidade que precisa e pode ser desenvolvida com a prática e com o 
aprimoramento contínuos. Tal habilidade deve, nos dias atuais, ser usada principalmente 
para vencer desafios. E muitos destes serão enfrentados dentro da escola. Antes, concebia-
se a ideia de uma escola focada na transmissão de conteúdos. A quantidade de conteúdos 
que uma pessoa conseguisse apre(e)nder mensurava sua inteligência. 
No entanto, o conceito de escola, de educação, de ensino, de aprendizagem e 
de inteligência modificou-se no curso da história. Hoje, a inteligência é concebida como 
multidimensional e plurifatorial. O domínio do conteúdo não é mais o único aspecto que 
capacita e forma um educador e um educando. O mundo moderno exige um ensino 
centralizado no desenvolvimento de habilidades e competências múltiplas, contextualizado 
e formador de cidadania.
 Nesta unidade, discutiremos a atuação do fonoaudiólogo nas escolas, pois a 
fonoaudiologia como parte integrante da equipe docente pode auxiliar muito na formação 
das crianças, ampliando o conhecimento da comunicação humana dentro de suas 
habilidades, e discutindo os benefícios educacionais estratégias para os processos de 
ensino e aprendizagem.
33UNIDADE 2 REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A FONOAUDIOLOGIA E A EDUCAÇÃO
TÓPICO
 Segundo as DCN (BRASIL, 2001), a educação infantil é a primeira etapa da 
educação básica e antecede a obrigatoriedade do ensino fundamental e médio. É oferecido 
em creches e jardins de infância e caracteriza-se por espaços institucionais não familiares, 
públicos ou privados, que educam e atendem crianças de 0 a 5 anos em período integral 
ou parcial durante o dia.
A promulgação da Lei Nacional de Diretrizes e Fundamentos da Educação, em 
1996, contribuiu decisivamente para o estabelecimento do conceito de educação infantil no 
país vinculado a todo o sistema educacional (BRASIL, 1996).
Como primeira etapa da educação básica, a educação infantil ganha outra 
dimensão, pois passa a desempenhar um papel específico no sistema educacional: dar 
a todas as pessoas a formação necessária para que possam exercer sua cidadania. Por 
sua vez, definir a finalidade da educação infantil como o desenvolvimento integral físico, 
mental, intelectual e social das crianças menores de 5 anos, complementado pela ação 
familiar e comunitária, enfatiza a necessidade de promover o desenvolvimento da criança 
como um todo, e implica que compartilhar responsabilidades com as famílias, comunidades 
e autoridades públicas. A avaliação na educação infantil é definida a partir do conceito 
de desenvolvimento integrador, portanto, deve ser um processo, ocorrendo de forma 
sistemática e contínua. Seu acompanhamento e registro são para fins diagnósticos, não de 
promoção ou retenção, exigindo redefinição de estratégias metodológicas para crianças de 
0 a 5 anos (ZORZI, 2001).
 1 O PROFESSOR NA ATUAÇÃO O PROFESSOR NA ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM ESCOLA:PARTICIPANTE FONOAUDIOLÓGICA EM ESCOLA:PARTICIPANTE OU MERO ESPECTADOR?OU MERO ESPECTADOR?
34UNIDADE 2 REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A FONOAUDIOLOGIA E A EDUCAÇÃO
35UNIDADE 2 REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A FONOAUDIOLOGIA E A EDUCAÇÃO
Segundo as DCN (BRASIL, 2001), com a inserção da educação infantil na 
educação básica, o campo passa por um intenso processo de revisão de conceitos sobre 
educação infantil em espaços coletivos, bem como de seleção e potencialização da 
mediação da aprendizagem e do desenvolvimento infantil. Em particular, são prioritárias 
as discussões sobre como direcionar o trabalho das creches para crianças menores de 
3 anos e como garantir que a prática para crianças de 4 e 5 anos proporcione formas de 
garantir a continuidade do processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, 
sem a expectativa de que o conteúdo funcione nas escolas primárias (BRASIL, 2010).
A ampliação do direito à educação para todas as crianças desde o nascimento 
representa uma grande possibilidade de atuação do fonoaudiólogo. No entanto, para que 
esse espaço realmentese transforme em oportunidade, é preciso pensar em possíveis 
formas de aprimorar o trabalho da fonoaudiologia nas instituições de educação infantil. 
Vendo a criança como um sujeito histórico que vive e constrói suas próprias identidades 
nas interações, relações e experiências cotidianas, a educação infantil constitui um espaço 
único de brincadeira, atividade simbólica, aprendizagem, experimentação, narrativa, 
questionamentos e construção de sentido (ZORZI, 2001).
Portanto, a atuação do fonoaudiólogo nessa fase de escolarização pode trazer 
resultados muito frutíferos, pois a criança passa por um período de rápidas e significativas 
mudanças em todos os aspectos de seu desenvolvimento. Além disso, crianças expostas a 
uma gama de possibilidades interativas, com diversidade de parceiros e experiências têm 
seu universo pessoal de significados ampliado e seu desenvolvimento potencializado. A 
atuação fonoaudiológica na educação infantil pode contribuir, junto à comunidade escolar, 
mediante troca de saberes e gestão compartilhada com a construção de práticas que 
busquem promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade (ZORZI, 
2001).
Nessa abordagem, os sujeitos envolvidos participam ativamente do processo, por 
meio do trabalho em equipe e de produção do conhecimento. As diretrizes curriculares 
enfatizam a importância da proposta pedagógica das instituições de educação infantil que 
deve ter como objetivo garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação 
e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o 
direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, 
à convivência e à interação com outras crianças (BERBERIAN, 1995).
 O fonoaudiólogo pode ser um forte aliado para que a creche ou pré-escola 
alcance esses objetivos propostos, auxiliando, inclusive na construção do projeto político 
pedagógico das instituições. Nessa construção de um trabalho coletivo, alguns princípios 
36UNIDADE 2 REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A FONOAUDIOLOGIA E A EDUCAÇÃO
são muito importantes e precisam ser considerados e respeitados pelos fonoaudiólogos, 
considerando-se essa nova concepção de fonoaudiologia educacional: Nesse cenário, o 
trabalho do fonoaudiólogo deve ter como referencial teórico básico a integralidade – é o 
cuidado de pessoas, grupos e coletividade percebendo a comunidade escolar como “sujeito” 
histórico, social e político, articulado ao seu meio ambiente e à sociedade na qual se insere 
(BERBERIAN, 1995).
As ações da Fonoaudiologia junto à educação devem ser elementos produtores 
de um saber coletivo voltado ao cuidado e as ações de prevenção e promoção da saúde 
como algo indissociável ao processo educativo e como parte de uma formação ampla para 
a cidadania e o usufruto pleno dos direitos humanos: (BRASIL, 2010)
 ● Ampliação das ações executadas, observando os conhecimentos científicos sobre 
o desenvolvimento infantil e a indivisibilidade das dimensões motora, afetiva, cognitiva, 
linguística e sociocultural da criança;
 ● O diálogo e a escuta cotidiana com todos os atores sociais envolvidos na escola 
(gestores, professores, merendeiras, cuidadores, famílias, alunos), o respeito, a valorização 
e articulação de seus saberes, práticas e suas formas de organização;
 ● A construção de forma coletiva do trabalho a ser desenvolvido, na perspectiva central da 
gestão compartilhada e da corresponsabilização;
 ● O reconhecimento das especificidades etárias, das etapas de desenvolvimento normal, 
das singularidades individuais, mas sem esquecer a promoção de ações conjuntas, com o 
olhar sempre voltado para os aspectos coletivos.
 Assim, a partir desses princípios, os fonoaudiólogos, ao atuarem junto à creches e 
pré-escolas, segundo o Conselho Federal de Fonoaudiologia (2010) devem:
 ●Partir do diagnóstico situacional para que suas ações estejam de acordo com às 
características, particularidades da proposta pedagógica e identidade institucional;
 ●Estabelecer diálogo com a comunidade escolar, a fim de construir propostas de ação 
embasadas nas necessidades locais e em escolhas coletivas, de modo que os atores 
sociais envolvidos contribuam de forma ímpar com a implementação e o caminho do projeto 
de atuação fonoaudiológica;
37UNIDADE 2 REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A FONOAUDIOLOGIA E A EDUCAÇÃO
 ●Promover ações de promoção de saúde e prevenção de alterações que possam acometer 
a saúde nas diferentes áreas da Fonoaudiologia (linguagem, motricidade facial, audiologia, 
voz), preferencialmente de maneira articulada e integrada;
 ●Estabelecer modos de integração das experiências educacionais e da saúde, por meio de 
articulação de ações multidisciplinares;
 ●Estimular a construção de atividades de educação permanente Realizar ações de 
monitoramento periodicamente (supervisão, controle de cada atividade, relatórios) e 
avaliação dos projetos implementados, a fim de reorientar as ações (caso necessário) 
estabelecendo parâmetros e indicadores de qualidade dos serviços fonoaudiológicos junto 
à educação infantil.
TÓPICO 2 POSSIBILIDADES DE TRABALHO NO POSSIBILIDADES DE TRABALHO NO ÂMBITO ESCOLAR-EDUCACIONAL E ÂMBITO ESCOLAR-EDUCACIONAL E NAS ALTERAÇÕES DA ESCRITANAS ALTERAÇÕES DA ESCRITA
38UNIDADE 2 REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A FONOAUDIOLOGIA E A EDUCAÇÃO
Com relação às ações práticas, a educação infantil abre um leque de possibilidades 
de atuações conjuntas com o fonoaudiólogo. Assim, deve ter como objetivo geral a 
prevenção e promoção da saúde no ambiente educacional, bem como contribuir para o 
processo de ensino-aprendizagem. As ações podem ser realizadas com diferentes atores 
sociais com objetivos específicos voltados a garantir o acesso a processos de construção 
de conhecimentos (BERBERIAN, 1995).
Quanto ao aprendiz, essas ações devem estar voltadas às aprendizagens de 
diferentes linguagens, assim como o direito à saúde, à brincadeira e à interação com outras 
crianças. Estes dois últimos são eixos, interações e brincadeira, norteando, de acordo com 
as DCN, a proposta curricular da educação infantil (BRASIL, 2001).
Considerando as particularidades do diagnóstico situacional e as necessidades de 
cada instituição de ensino, o fonoaudiólogo pode realizar alguma (s) da (s) ação (ões) 
exemplificadas a seguir, conforme o Conselho Federal De Fonoaudiologia (BRASIL, 2010): 
 ●Promover oficinas de linguagem infantil, por meio da ampliação de 
experiências sensoriais, expressivas e corporais que favoreçam a imersão 
das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio de vários 
gêneros e formas de expressão gestual, verbal e musical, entre outras;
 ●Possibilitar às crianças experiências de narrativas, de interação com 
a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros 
textuais orais e escritos;
39UNIDADE 2 REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A FONOAUDIOLOGIA E A EDUCAÇÃO
 ●Estimular práticas de letramento e de estimulação da consciência fonológica 
Propor atividades nas demais áreas da Fonoaudiologia – motricidade 
oral (exemplo atividades que conscientizem sobre maus hábitos orais, 
amamentação, alimentação etc.), voz (saúde vocal), audiologia (saúde 
auditiva, ruído);
 ●Promover atividades coletivas que possibilitem ações na perspectiva da 
atenção integral (prevenção, promoção e atenção) à saúde e bem-estar das 
crianças e de toda a comunidade escolar; 
 ●Possibilitar vivências que propiciem o reconhecimento da diversidade e 
inclusão entre os diferentes atores sociais; 
 ● Incentivar, promover e participar de rodas de conversa com professores, 
cuidadores, e outros atores sociais com relação à aprendizagem, linguagem, 
saúde fonoaudiológica, visando formar, prioritariamente, multiplicadores das 
ações; 
 ●Elaborar produtos (fôlderes, cartazes e cartilhas, entre outros), para 
instrumentalizar a continuidade das ações, interagindo,inclusive por meio 
de novas mídias (blogs, sites, redes sociais), mesmo considerando-se que 
seu acesso ainda não seja totalmente universal na realidade de nosso país; 
 ●Participar de atividades do planejamento (projeto político pedagógico e 
planejamentos das aulas, entre outros). 
É importante ressaltar que essas ações explicitadas não englobam todas as 
atividades que podem ser realizadas na escola. É imprescindível acompanhar o trabalho 
educacional e observar as nossas ações como fonoaudiólogos, de maneira crítica e 
reflexiva, a fim de construir estratégias que possam contribuir para a promoção de um real 
desenvolvimento das crianças e que partam da corresponsabilização dos diferentes atores 
sociais envolvidos no cotidiano escolar (BERBERIAN, 1995).
 
TÓPICO 3 A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE O FONOAUDIÓLOGO E A ESCOLA NO O FONOAUDIÓLOGO E A ESCOLA NO ATENDIMENTO CLÍNICOATENDIMENTO CLÍNICO
40UNIDADE 2 REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A FONOAUDIOLOGIA E A EDUCAÇÃO
 A escola é um espaço de transformação da sociedade, pois fornece ao 
indivíduo instrumentos para construir sua cidadania. Pensando nisso, vem sendo necessária 
uma atuação cada vez mais abrangente da escola que requer, entre muitos aspectos, o 
envolvimento de outros profissionais, a fim de complementar as ações envolvidas. 
 Nesse sentido, surgem parcerias entre professores, psicopedagogos, 
psicólogos e fonoaudiológoco, formando uma equipe multidisciplinar.
 Segundo a lei 6965 de 09/12/81, no artigo 1° (BRASIL, 1981, online): 
“Fonoaudiólogo é o profissional com graduação plena que atua em pesquisa, prevenção, 
avaliação e terapia na área da comunicação oral e escrita, voz e audição, bem como em 
aperfeiçoamento dos padrões de fala”.
 No capítulo II da Lei 6965, artigo 3°, é estabelecido que: 
É de competência do fonoaudiólogo desenvolver trabalho de prevenção no 
que se refere à área de comunicação escrita e oral, voz e audição, participar da 
equipe de orientação e planejamento escolar, inserido aspectos preventivos 
ligados a assuntos fonoaudiológicos (BRASIL, 1981, p. 01).
A própria lei já é o resultado de atuações anteriores a ela. Levantando um pouco da 
história do trabalho fonoaudiológico nas escolas, podemos citar Collaço (1991) que refere 
ter participado da equipe técnica de uma escola em São Paulo de 1968 a 1978.
 Seu trabalho consistia em orientar os professores sobre aspectos da alfa-
betização, bem como fornecer instrumentos para observar a fala das crianças, além de 
prevenir alterações dos órgãos fonoarticulatórios, da fala, da escrita, etc.
41UNIDADE 2 REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A FONOAUDIOLOGIA E A EDUCAÇÃO
 Bitar (1991) também relata três experiências em escolas particulares em fo-
noaudiologia escolar durante períodos que variara de 8 a 9 anos e seis meses de trabalho, 
sendo o primeiro iniciado em 1974 e o último em 1979.
 Segundo a autora, os objetivos de seu trabalho forma sempre:
 ● Orientar os professores em relação ao conteúdo trabalhado em comunicação e 
expressão;
 ● Detectar alunos com dificuldades de linguagem e orientar quanto ao seu 
acompanhamento;
 ● Orientar os pais quanto ao desenvolvimento normal e aos desvios deste.
Todas as ações tinham caráter preventivo, por isso eram realizadas triagem e 
observações, inicialmente por graduandos em fonoaudiologia e posteriormente pelo próprio 
professor.
Além disso, eram feitos grupos de estimulação com as crianças que apresentavam 
dificuldades que não justificavam encaminhamentos, mas que precisavam de atuação 
especial em casa e na escola.
Eram também feitas palestrar com pais, treinamentos, reciclagens, reuniões 
periódicas com os professores e participação dos fonoaudiólogos no planejamento anual.
Lagrotta, Cordeiro e Cavalheiro (1991) relataram a experiência desenvolvida em 
1978, e de 1981 a 1988 na Escola de Ensino Fundamental Embaixador Assis Chateaubriand.
O trabalho envolveu alunos, professores, pais e equipe técnica em ações como 
traigens, avaliações individuais, grupos de reforço da comunicação oral e gráfica, screening 
audiométrico, orientações aos professores quanto a estratégia de desenvolvimento da fala 
e escrita, higiene vocal, orientação aos pais quanto aos encaminhamentos e atividades que 
poderiam ser realizadas em casa. Além disso, a equipe técnica participava do planejamento 
e de reuniões semanais, grupos de estudo e de discussão de casos de alunos com 
dificuldades.
Guedes (1997) menciona que desde 1978 os alunos do curso de fonoaudiologia 
da EPM – UNIFESP vêm realizando estágios na Educação e Saúde Pública. Segundo a 
autora, o trabalho objetiva oferecer aos alunos da graduação noções na área preventiva e 
alguns benefícios à comunidade.
Nas escolas foram desenvolvidas ações como triagens e orientações aos profes-
sores.
42UNIDADE 2 REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A FONOAUDIOLOGIA E A EDUCAÇÃO
Pinto, Furck e colaboradores (1991) relataram o trabalho executado no Departamento 
de Saúde Escolar da Prefeitura de São Paulo em 1988. Os programas descritos envolveram 
a orientação aos educadores com o objetivo de prevenir as alterações da fala e da escrita. 
As estratégias utilizadas foram: a observação da comunicação oral e gráfica dos alunos, o 
levantamento das dificuldades da leitura e da escrita, palestras e cursos sobre a aquisição 
de linguagem, atividades de estimulação, distúrbios mais frequentes entre os escolares e a 
relação professor-aluno.
Em um segundo programa foi trabalhada à saúde vocal dos professores por meio 
de palestras sobre higiene vocal e o treino de impostação.
Pereira, Santos e Osborn (1995) destacam atividades que o fonoaudiólogo pode 
realizar num programa de Saúde Escolar:
 ● Junto a pais e professores, discussão do desenvolvimento normal e sensibilização 
para estimular o processamento auditivo, a linguagem e produção fonoaurticulatória;
 ● Com alunos do ciclo básico: exame fonoaudiológico, que compreende emissão e 
recepção oral, voz, respiração, órgãos fonoarticulatórios e processamento auditivo;
 ● Com alunos da 3° a 5° séries, realização de provas de leitura e de escrita;
 ● Encaminhamento das crianças com alteração para reavaliação fonoaudiológica;
 ● Orientação dos pais e professores após a avaliação.
A partir das experiências relatadas anteriormente, pode-se notar que apesar das 
ações variarem, o objetivo do trabalho é sempre preventivo diferentemente da atuação clínica.
Collaço (1991) salienta essa diferença referindo que na fonoaudiologia escolar o 
enfoque é preventivo e a atuação é planejada em equipe e desenvolvida pelo professor em 
sala de aula. Já o fonoaudiólogo clínico trata o indivíduo com distúrbios da comunicação, 
individualmente ou em grupos.
 
 
TÓPICO 4 A VOZ DO PROFESSOR: UMA A VOZ DO PROFESSOR: UMA PROPOSTA DE PROMOÇÃO PROPOSTA DE PROMOÇÃO 
43UNIDADE 2 REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A FONOAUDIOLOGIA E A EDUCAÇÃO
 Este tópico tem como objetivo oferecer ao professor algumas orientações quanto 
ao uso de sua voz. Essas orientações visam não só evitar problemas nesse âmbito, como 
também fazer com que o professor perceba o mais precocemente possível qualquer 
alteração vocal que poderá influenciar no desempenho de seu trabalho.
A seguir serão expostas, de modo breve, algumas considerações importantes sobre 
a voz, para depois nos remetermos às orientações.
Behlau e Pontes (1993) referem que a voz humana já existe desde o nascimento e 
apresenta-se de diversas formas, tais como choro, grito, risos e sons da fala, sendo um dos 
meios de comunicação do indivíduo com o ambiente e principalmente com outras pessoas.
Para Hersan (1989), cada indivíduo se caracteriza pela sua voz de maneira única, 
sendo tão exclusiva quanto a própria fisionomia e as impressões digitais. Quando uma 
pessoa fala, revela-se em muitos sentidos, sendo possível conhecer suas emoções e 
dificuldades pela sua voz.
Para Hersan (1989), uma voz

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