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DESCRIÇÃO Consolidação e conquistas da formação acadêmica e do exercício profissional no campo do Serviço Social. PROPÓSITO Compreender a construção da trajetória da formação acadêmica e da legitimação do exercício profissional para o Serviço Social. PREPARAÇÃO É importante que você tenha em mãos a legislação que será suporte para o estudo de nosso tema: Lei Federal nº 3.252 de 27/08/1957; javascript:void(0); Decreto n° 994 de 15/05/1962; Lei Federal nº 8.662, de 1993. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os principais eixos que compõem a formação acadêmica do assistente social MÓDULO 2 Descrever o processo de formação, regulamentação e atuação do assistente social no país MÓDULO 3 Reconhecer o caráter fiscalizatório da profissão de assistente social e suas peculiaridades INTRODUÇÃO Neste tema, aprenderemos sobre as transformações no processo de consolidação dos principais eixos que compõem a formação acadêmica do Serviço Social, como as diretrizes curriculares; e os assuntos relacionados à pós-graduação, tal como suas bandeiras de luta pela qualidade do ensino que preza pela formação de profissionais críticos. Vamos, também, explorar o processo da regulamentação e atuação do assistente social no país, com destaque para a lei de regulamentação da profissão e a sindicalização dos assistentes sociais. E, por javascript:void(0); javascript:void(0); último, mas não menos importante, entender um pouco mais sobre a importância das ações fiscalizatórias manifestadas pelo conjunto CFESS/CRESS, órgãos diretamente responsáveis por esse trabalho. Tais assuntos objetivam a reflexão crítica quanto ao seu exercício profissional. Os conhecimentos trazidos aqui devem fornecer subsídios para compreensão e discernimento diante da realidade social em suas constantes transformações, assim como identificar os motivos e interesses das contradições históricas vivenciadas por essa categoria. Contradições estas que também expressam um pouco do percurso dinâmico da sociedade capitalista sob os enfrentamentos das expressões da questão social. MÓDULO 1 Identificar os principais eixos que compõem a formação acadêmica do assistente social BREVE PANORAMA SOBRE A TRAJETÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL Até se tornar oficialmente uma profissão, com uma graduação e conselhos regulamentários, o Serviço Social apresenta uma trajetória ligada às grandes mobilizações da classe operária do início do século XX, perpassada por lutas, construções e desconstruções, recuando e avançando, assim como acontece com a dinâmica de qualquer outra área. Por isso, pensar sobre a formação acadêmica em Serviço Social é essencial para formar profissionais alinhados com as demandas sociais do tempo presente. Imagem: Shutterstock.com A profissão, em um primeiro momento, era entendida como uma aptidão, uma filosofia de vida baseada em conceitos religiosos, mais especificamente em princípios cristãos. O papel do Serviço Social era ajudar as pessoas a restaurar a ordem social. Porém, ainda que por meio de um trabalho técnico, deveria ser "realizado com o coração", porque essas atividades seriam fruto da caridade. Historicamente, para se adaptar aos cenários apresentados (ARAÚJO E MARINHO, 2016), o Serviço Social teve que modificar suas bases teórico-metodológicas, práticas, ético-políticas e instrumentais, como aconteceu em 1960, com a renovação do Serviço Social a partir de processos que visavam a modernização e a superação do conservadorismo, com uma intenção de ruptura; assim, modificando também o ethos profissional. ETHOS Palavra grega utilizada para identificar hábitos e costumes de determinada cultura ou mesmo de determinado grupo de indivíduos. Nosso objetivo neste módulo é discutir os principais eixos que compõem a formação acadêmica do assistente social, como as diretrizes curriculares e os assuntos relacionados à pós-graduação. Para tanto, vamos recapitular um pouco da história da regulamentação do Serviço Social no país. javascript:void(0) Em 1957, a profissão de assistente social foi "regulamentada" no Brasil, mas duas décadas antes, em 1936, surgiram as primeiras escolas de ensino para a formação dos profissionais da área. Como acontece com a maioria das formações em nível superior, para exercer a profissão, os formados devem registrar seu diploma no Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) correspondente à Unidade Federativa (UF)/região onde pretende atuar. E, como cobertura para todos os estados, existe o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), que é responsável pela fiscalização do exercício profissional no país. As condições que restringem o trabalho dos assistentes sociais expressam a dinâmica das relações sociais efetivas na sociedade. A prática profissional está fadada a se polarizar em função da estrutura das relações e interesses sociais, e a participar dos mecanismos de exploração e governança, mas, ao mesmo tempo, participando das respostas institucionais e políticas às necessidades de sobrevivência da classe trabalhadora, com a reprodução antagônica dos interesses sociais dos trabalhadores; e reforçando sempre as dimensões contraditórias das necessidades e demandas sociais impostas à profissão, expressando as forças sociais que as afetam: o fluxo de capitais, direitos, valores e princípios que fazem parte de conquistas e ideias. CFESS Não deixe de conhecer o Site Oficial do CFESS. Além de informações acerca do serviço social, é possível encontrar publicação e periódicos (como a Revista Inscrita). ATENÇÃO É essencial que esse profissional seja exposto a uma formação ampla e contínua, que amplie suas visões de mundo, tornando-o um cidadão e profissional crítico e ativo, ciente de sua capacidade de intervenção e de transformação social, mesmo que ele esteja limitado às condições impostas pelo capitalismo vigente. Assim, ainda segundo Araújo e Marinho (2016), o grande desafio da atualidade é superar o capital por meio de um direcionamento global e do javascript:void(0) engajamento universal em torno de um objetivo comum, que esteja mais alinhado com os princípios-base do Serviço Social. Imagem: Shutterstock.com Dessa forma, o exercício profissional requer que seus praticantes tenham conhecimento adequado, pois é de suma importância que os profissionais tenham a capacidade de sugerir ideias e negociar com a organização na qual atuam os seus projetos, e de defender seu campo de atuação, suas qualificações e títulos profissionais, tendo em vista que é preciso transcender as convenções institucionais para alcançar os objetivos impostos pela profissão. No movimento real e na força vital que se aproxima de nossa época, as tendências e possibilidades existentes podem ser adaptadas pelos profissionais e transformadas em projetos de trabalho profissional. Assim, no âmbito da divulgação e defesa dos princípios da democracia e integridade, as associações que representam a categoria acreditam que o cumprimento de procedimentos públicos transparentes é uma questão ética. Para tanto, ou seja, para que esse profissional possa ter uma formação e uma atuação profissional adequadas, é preciso que haja um direcionamento do meio, de forma a orientar os caminhos que o Serviço Social e o assistente social devem percorrer, a exemplo do projeto ético-político da profissão: É NECESSÁRIA A CLAREZA DE QUE A DIMENSÃO HEGEMÔNICA DO PROJETO ÉTICO-POLÍTICO NÃO SE DESVINCULA DA ANÁLISE DAS FORÇAS SOCIAIS QUE O TENSIONAM E AFIRMAM – UMA VEZ QUE AS BASES QUE O LEGITIMAM SÃO TAMBÉM OS ELEMENTOS QUE O AMEAÇAM. (GUAZZELLI; ADRIANO, 2016, P. 240) PROJETO ÉTICO-POLÍTICO E PROCESSO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA Em relação ao debate atual sobre o projeto ético-político da profissão, é possível a menção da situação atual e a crença de que o projeto tem se fragmentado durante a formação acadêmica, principalmente por conta da política de educação neoliberal do país, que estimula a formação de profissionais acríticos, ou seja, que se adequem melhor às demandasdo mercado e não às demandas sociais, o que reduz, notavelmente as condições de garantia dos direitos dos usuários. Deve-se investir na capacitação teórico-meto¬dológica, ético-política e técnico-operativa na formação profissional. Imagem: Shutterstock.com Se até meados da década de 1940 a formação profissional era basicamente doutrinária e as escolas em grande parte associadas a grupos católicos, na década de 1950 a formação voltou- se para o técnico. Por muitos anos, apesar das constantes transformações, a linguagem da doutrina e a filosofia neotomista (que naturalizava as contradições sociais para preservar o status quo) continuavam a influenciar os currículos escolares, mas introduziu-se outro tipo de racionalidade: a linguagem funcionalista positivista. A influência dos Estados Unidos também foi marcante nesse processo por meio de diversos acordos firmados entre o governo estadunidense e o brasileiro. Desse modo, a Escola Latino- americana de Serviço Social recebeu o convite do governo dos Estados Unidos para participar da Conferência Nacional de Serviço Social, realizada pela American School Association em Atlantic City, em 1941. A Conferência Nacional de Serviço Social resultou em um programa de bolsas para assistentes sociais sul-americanos, com o objetivo de melhorar a atuação desses profissionais, aprimorando as normas norte-americanas. Impulsionada pela busca por uma metodologia do Serviço Social, seu ensino passou a ser influenciado pelo modelo estadunidense. Assim, foram introduzidos os métodos e técnicas de serviço social de caso, em um primeiro momento, e de serviço social de grupo e desenvolvimento comunitário, posteriormente. É preciso ressaltar que, nos Estados Unidos, o Serviço Social do caso foi o mais desenvolvido durante o período, com foco nas obras de Mary Richmond (1861-1928) e Gordon Hamilton (1892-1967). SAIBA MAIS O Serviço Social de Caso ou Casework orientava-se pelas teorias de Mary Richmond, Porter Lee e Gordon Hamilton, cuja preocupação centrava-se na personalidade do cliente. O trabalho orientado por essas teorias buscava conseguir mudanças no indivíduo a partir de novas atividades e comportamentos. O indivíduo era visto como o elemento que deveria ser trabalhado, no sentido de ajustá-lo ao meio social e fazê-lo cumprir bem seu papel no sistema vigente. (ANDRADE, 2008, p. 280 ) Avançando um pouco na história, o serviço social se beneficiou da extensa luta pela democratização da sociedade e da democratização do país, quando inúmeras lutas operárias culminaram na crise da ditadura militar de 1964-1985. Com o surgimento dos movimentos sociais, as lutas em torno da elaboração e aprovação da Constituição de 1988 e a defesa do Estado de Direito, à medida que a sociedade avançava, as práticas políticas de todos os níveis da sociedade civil questionavam essa categoria. ATENÇÃO Tal processo limitou consideravelmente a atuação do Serviço Social no país e passou a exigir novas respostas profissionais, o que levou a grandes mudanças no campo da educação, da pesquisa e da organização política dos assistentes sociais. Desse modo, sindicatos, universidades e grupos profissionais têm nessas categorias de organização suas atuações mais amplas e frutíferas, que dão suporte aos projetos do serviço social brasileiro. A grade curricular atual foi aprovada pelo Ministério da Educação (MEC) em 1982, tendo sido proposta pela ABESS (Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social) em 1979 e incorporado alguns avanços no movimento de reconceituação latino-americana. Este currículo mínimo expressa um processo de transição que faz parte da resistência acadêmica e política do país à ditadura militar (1964-1984) e ao serviço social. Estas diretrizes são o resultado de amplos e diversos debates acadêmicos em oficinas locais, regionais e nacionais. Eles deram forma à proposta de “Definição de Currículo Mínimo” de 1996 (reformulado em 1999), pois grande parte dos intelectuais da área de Serviço Social assessoravam a ABESS na época. Ainda de acordo com a ABPESS, consoante com o Conselho Regional de Serviço Social do Sergipe: O CURSO, PROMOVIDO POR UNIVERSIDADES PÚBLICAS, PRIVADAS E COMUNITÁRIAS, TEM-SE REALIZADO EM QUATRO ANOS, NO MÍNIMO. ESSAS PRATICAM CURRÍCULOS ORIENTADOS PELA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL – ABEPSS –, COM BASE NAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS, APROVADAS EM 1996. [...] EM TODO O PAÍS, HÁ CERCA DE 90 ESCOLAS CADASTRADAS E MUITAS DISPÕEM DE CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO E STRICTO SENSU. INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO: POR MEIO DE CONCURSOS PÚBLICOS, PROCESSOS SELETIVOS, AMPLAMENTE DIVULGADOS EM ÓRGÃOS DE IMPRENSA, OU EM MODALIDADES ESCOLHIDAS PARA OFERTA DE EMPREGO OU SOLICITAÇÃO DE SERVIÇOS TÉCNICOS ESPECIALIZADOS. (CRESS-SE, 2018) COMENTÁRIO A ABESS teve seu nome alterado para ABPESS em virtude da comemoração dos seus 70 anos de existência, em 2016, com a incorporação do Centro de Documentação e Pesquisa em Políticas Sociais. Objetivou-se o fortalecimento da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e promoção profissionalizante; o estímulo à cientificidade das entidades; e ainda com o intuito de tornar a pesquisa mais orgânica. É possível encontrar indicações de documentos e legislação que deram suporte a esse processo tanto no site da CFESS como no da ABPESS. Foto: Shutterstock.com Ainda referente à grade curricular, é de suma importância destacar o trabalho da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESSO, cuja função é mobilizar e articular os estudantes da área de Serviço Social no Brasil), em parceria com a ABEPSS, para: Atuar ativamente no processo de hegemonia da definição dos rumos sociais e políticos da formação profissional. Referendar as ligações entre essas entidades no nível organizacional dos grupos profissionais e estudantis, sendo elas reconhecidas por sua parceria política historicamente conquistada pela categoria. Contribuir efetivamente para a construção de uma cultura política democrática no âmbito do serviço social. ATENÇÃO A formação precisa estar vinculada à pesquisa, à articulação, ao pluralismo e à socialização com os profissionais atuantes no mercado de trabalho. Igualmente, os quadros docentes precisariam estar qualificados para realizar o ensino dos conteúdos referentes às demandas da sociedade, tanto em nível de graduação, como no de pós-graduação. Por isso a importância de uma formação continuada para professores, principalmente para aqueles que atuam na formação de assistente sociais, pois a sociedade está em constante transformação e os processos de formação devem estar alinhados com essas mudanças. FORMAÇÃO ACADÊMICA E ATUAÇÃO PROFISSIONAL EM QUESTÃO No curso aprovado pelo MEC em 1982, a matriz de ensino do serviço social tem como foco as ementas que incluem a história do serviço social e a articulação teórico-metodológica do serviço social; além dos estágios supervisionados, que representam uma grande experiência teórica e de pesquisa. É a partir desse período que, tendo a prática profissional vinculada à política social pública, ela passa a ser introduzida no campo da formação acadêmica e o significado social da profissão torna-se explicado por meio da relação entre o Estado e a classe dominante da sociedade. Foto: Shutterstock.com Nesse sentido, é possível considerar que a formação e o trabalho profissional se encontram na base da realidade e, portanto, o alicerce de sua legitimidade e raciocínio está em sua história inerente, priorizando uma perspectiva dual que pode ser rastreada até sua origem histórica. Assim, é preciso defender as recomendações de formação profissional com enfoque no trabalho e no social, e confirmar princípios, como o rigoroso tratamento teórico e metodológico da sociedade e das ocupações; tendo em vista que a interdisciplinaridade da investigação e a promoção docente são indissociáveis. Sob orientação da ABEPSS, as Diretrizes Curriculares paraos cursos de serviço social foram estabelecidas em três eixos básicos (núcleos de fundamentação) da formação profissional, a saber: NÚCLEO DE BASE TEÓRICO- METODOLÓGICA DA VIDA SOCIAL NÚCLEO DE FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DA SOCIEDADE BRASILEIRA NÚCLEO DA ATUAÇÃO PROFISSIONAL NÚCLEO DE BASE TEÓRICO-METODOLÓGICA DA VIDA SOCIAL Núcleo/eixo responsável por tratar a existência social como o todo da história, fornecendo os componentes básicos da vida social e explicando-os em detalhes a partir da realidade brasileira e do trabalho profissional. NÚCLEO DE FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DA SOCIEDADE BRASILEIRA Refere-se ao conhecimento da composição econômica, social, política e cultural, que se baseia na forma industrial urbana e em suas diversidades regionais, sendo este conjunto o elemento básico da sociedade brasileira, a particularidade histórica da nação. NÚCLEO DA ATUAÇÃO PROFISSIONAL O conteúdo central deste núcleo/eixo diz respeito à profissionalização do serviço social como especialização do trabalho, e considera sua prática como a realização de um processo de trabalho que visa múltiplas expressões das questões sociais vigentes. COMENTÁRIO É importante salientar que o primeiro núcleo, responsável pelo tratamento do ser social enquanto totalidade histórica, analisa os componentes fundamentais da vida social, que serão particularizados nos dois outros núcleos de fundamentação da formação sócio-histórica da sociedade brasileira e do trabalho profissional. Portanto, a formação profissional constitui-se de uma totalidade de conhecimentos que estão expressos nestes três núcleos contextualizados historicamente e manifestos em suas particularidades (ABEPSS, 1996, p. 08). Os eixos que formam as conexões acadêmicas são indivisíveis e disseminados no campo do conhecimento e, como a organização do ensino na estrutura curricular, constituem uma nova estrutura curricular. Tais eixos devem seguir a Lei de Regulamentação da profissão (LEI nº 8.662, de 7 de junho de 1993), e o código de ética que rege as práticas profissionais dos assistentes sociais, também datadas de 1993. Segundo a ABEPSS (1996, apud XAVIER, 2015), durante a formação acadêmica referente às áreas de conhecimento a serem estudadas, a grade curricular do curso deve contar com as seguintes disciplinas: Imagem: Shutterstock.com Sociologia, Teoria Política, Economia Política, Filosofia, Antropologia, Psicologia, Formação Sócio-histórica do Brasil, Direito e Legislação Social, Política Social, Desenvolvimento Capitalista e Questão Social, Classes e Movimentos Sociais, Fundamentos Históricos e Teórico-metodológicos do Serviço Social, Trabalho e Sociabilidade, Serviço Social e Processos de Trabalho, Administração e Planejamento em Serviço Social, Pesquisa em Serviço Social e Ética Profissional. Essas áreas de conhecimento se desdobram em disciplinas, seminários temáticos, oficinas/laboratórios, atividades complementares e outros componentes curriculares. No que permeia o conteúdo do programa curricular mínimo, referente à exposição das diretrizes curriculares básicas pertinentes à profissão, tem-se, de forma geral: Foto: Shutterstock.com 1 Elaborar, implementar e aferir planos, programas e projetos na área social. 2 Promover a participação dos usuários na tomada de decisão institucional. 3 Esquematizar, preparar e gerenciar as benfeitorias e serviços sociais. 4 Realizar observações para subsidiar a formulação de políticas e atuações profissionais. 5 Fornecer pareceres e consultas a organismos do governo, empresas e movimentos sociais sobre políticas sociais e a proteção dos cidadãos de determinadas comunidades, referentes aos direitos igualitários destas. 6 Orientar as pessoas a encontrar recursos para satisfazer e defender seus direitos. 7 Realizar entrevistas, perícias técnicas, relatórios, informações e opiniões sobre questões de assistência social. Neste contexto, pode-se afirmar que, como conceito de ensino, este Programa Curricular Mínimo funciona como um guia para a compreensão do movimento dinâmico da sociedade, auxiliando na construção de uma atuação profissional que cumpra sua função na garantia dos direitos sociais e na aplicação das políticas públicas. RESUMINDO A formação acadêmica deve abranger o desenvolvimento de competências e habilidades a partir da teoria, da metodologia e da formação ético política, sendo este o requisito básico para a operação técnica desta profissão. Vamos nos aprofundar um pouco mais na influência histórica da constituição do Ethos Profissional do assistente social com a professora Nataly Barros Pereira. Assista! VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. SEGUNDO A ABEPSS, A GRADE CURRICULAR DA FORMAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL DEVE APRESENTAR DISCIPLINAS COMO SOCIOLOGIA, TEORIA POLÍTICA, ECONOMIA POLÍTICA, FILOSOFIA, ANTROPOLOGIA, PSICOLOGIA, FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL, DIREITO E LEGISLAÇÃO SOCIAL, POLÍTICA SOCIAL, DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA E QUESTÃO SOCIAL, ENTRE OUTRAS. CONSIDERANDO O PROGRAMA CURRICULAR MÍNIMO, A FORMAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL TEM COMO OBJETIVOS AS SEGUINTES METAS, EXCETO: A) Elaborar, implementar e aferir planos, programas e projetos na área social. B) Interferir nos currículos de disciplinas como Sociologia, Teoria Política e Economia. C) Esquematizar, preparar e gerenciar as benfeitorias e serviços sociais. D) Realizar observações para subsidiar a formulação de políticas e atuações profissionais. E) Fornecer pareceres e consultas a organismos do governo, empresas e movimentos sociais sobre políticas sociais e a proteção dos cidadãos de determinadas comunidades, referentes aos direitos igualitários destas. 2. “QUANDO PENSAMOS NO PROJETO PROFISSIONAL QUE O SERVIÇO SOCIAL VEM CONSTRUINDO, SEMPRE O DEMARCAMOS COMO UM PROJETO DETENTOR DE HEGEMONIA E SOB ESSA COMPREENSÃO É NECESSÁRIA A CLAREZA DE QUE A DIMENSÃO HEGEMÔNICA DO PROJETO ÉTICO-POLÍTICO NÃO SE DESVINCULA DA ANÁLISE DAS FORÇAS SOCIAIS QUE O TENSIONAM E AFIRMAM — UMA VEZ QUE AS BASES QUE O LEGITIMAM SÃO TAMBÉM OS ELEMENTOS QUE O AMEAÇAM —; DAS ELABORAÇÕES POLÍTICAS QUE OS TRABALHADORES FORJAM NO TEMPO PRESENTE E DA RADICALIDADE ÉTICO-POLÍTICA QUE CONFIGURA UM PROJETO CONTRÁRIO À HEGEMONIA BURGUESA” (GUAZZELLI, A.; ADRIANO, 2016, P. 240). CONSIDERANDO ESTE TRECHO E OS DEMAIS CONTEÚDOS TRABALHADOS AO LONGO DESTE MÓDULO, É CORRETO AFIRMAR QUE: A) O projeto ético-político da profissão legitima os elementos sociais. B) As lutas sociais, bem como a ditadura militar, configuram a hegemonia burguesa. C) A política de educação neoliberal do país gerou uma fragmentação do projeto ético-político da profissão. D) Sindicatos, universidades e grupos profissionais forjam as bases que legitimam a dimensão hegemônica. E) O projeto ético-político da profissão pode se desvincular da análise das forças sociais. GABARITO 1. Segundo a ABEPSS, a grade curricular da formação em Serviço Social deve apresentar disciplinas como Sociologia, Teoria Política, Economia Política, Filosofia, Antropologia, Psicologia, Formação Sócio-histórica do Brasil, Direito e Legislação Social, Política Social, Desenvolvimento Capitalista e Questão Social, entre outras. Considerando o programa curricular mínimo, a formação em Serviço Social tem como objetivos as seguintes metas, EXCETO: A alternativa "B " está correta. De acordo com o programa curricular mínimo, cabe à formação nessa área viabilizar a promoção da participação dos usuários na tomada de decisão institucional para que os objetivos da atuação profissional sejam cumpridos de forma alinhada com as demandas sociais. 2. “Quando pensamos no projeto profissional que o Serviço Social vem construindo, sempre o demarcamos como um projeto detentor de hegemonia e sob essa compreensão é necessária a clareza de que a dimensão hegemônica do projeto ético- político não se desvincula da análise das forças sociais que o tensionam e afirmam — uma vez que as bases que o legitimam são também os elementos que o ameaçam —; daselaborações políticas que os trabalhadores forjam no tempo presente e da radicalidade ético-política que configura um projeto contrário à hegemonia burguesa” (GUAZZELLI, A.; ADRIANO, 2016, p. 240). Considerando este trecho e os demais conteúdos trabalhados ao longo deste módulo, é correto afirmar que: A alternativa "C " está correta. Com as investidas neoliberais que se apresentam no país há muitas décadas, a formação acadêmica, bem como o projeto ético-político do assistente social, têm passado por profundas transformações e fragmentações ao longo da sua trajetória no país. MÓDULO 2 Descrever o processo de formação, regulamentação e atuação do assistente social no país PROCESSO DE REGULAMENTAÇÃO E RECONHECIMENTO DA PROFISSÃO A história do Serviço Social no Brasil remonta à década de 1930 (governo de Getúlio Vargas), quando o país passava por um período de turbulência, ocasionando várias manifestações da classe trabalhadora, que exigia melhores condições de trabalho e justiça social. Diante da pressão... O governo estabeleceu normas de relações de trabalho e órgãos disciplinares, como o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. A igreja católica começou a fornecer treinamento especial a moças de famílias tradicionais para atividades sociais. Em 1936, com o auxílio de Albertina Ferreira Ramos e Maria Kiel, integrantes do Centro de Pesquisas em Ação Social, São Paulo fundou a primeira escola de Serviço Social, que era vinculada à Igreja Católica. Nas décadas de 1940 e 1950, a profissão de Serviço Social no Brasil passou a ser fortemente influenciada pelos Estados Unidos, caracterizada pelo seu tecnicismo. Destacava-se nesta época as bases positivista, sistêmica e funcionalista, fortemente relacionadas à sociologia. Já entre os anos 1960 e 1970 (período mais duro da Ditadura Militar), iniciou-se um movimento de renovação do profissionalismo com o objetivo de prover a reatualização do tradicionalismo profissional e uma ruptura com o conservadorismo, buscando, desta forma, um aprofundamento crítico da profissão, apesar da repressão por parte do sistema político vigente. É neste contexto sociopolítico que ocorre, em 1979, o Congresso da Virada, um marco no trabalho social brasileiro, fortalecendo suas bases nas décadas seguintes. SAIBA MAIS O Congresso da Virada, numa nova direção social, consolida os preceitos teórico- metodológicos e ético-políticos fundamentados na teoria social crítica marxista, que já havia se colocado para a profissão na década de 1960 e aprofundando na década seguinte com o Método BH. Fruto do amadurecimento teórico, ético e político da profissão e também desse Congresso, o Serviço Social brasileiro elabora e materializa seu projeto ético-político. O qual se manifestará no Currículo de 1982 e, posteriormente, nas Diretrizes Curriculares de 1996. (CRESS/SC, 2019, p. 02-03 ) Foto: Shutterstock.com Na década de 1990, esse trabalho passou a ocupar grande escala no mundo e no Brasil, principalmente em áreas que envolvem questões sociais e afetam direitos civis, morais e éticos. À medida que seu campo de atuação se expandia, o profissional da área passava a atuar também no chamado terceiro setor, sendo reconhecido como um importante aliado e articulador destas questões entre o Estado e a população. A profissão referente à área de Serviço Social pode ser enquadrada no contexto das profissões liberais, atualmente regulamentada pela Lei Federal nº 8.662, de 1993, sendo a primeira profissão na área social, que foi reconhecida pela legislação nacional ainda na década de 1950, por meio da Lei Federal nº 3.252 de 27/08/1957 e do Decreto n° 994 de 15/05/1962. Referente à lei regulamentadora da profissão (BRASIL, 1962), deve-se atentar ao Artigo 1°, que afirma: "O Serviço Social constitui o objeto da profissão liberal de Assistência Social, de natureza técnico-científica", corroborando desta forma as informações supracitadas neste parágrafo. Essa lei já continha a incerteza das responsabilidades do setor e vigorou até a década de 1990, quando foi promulgada a Lei nº 8.662, em 1993. No entanto, após a reconceituação, os novos instrumentos jurídicos aprovados no período de consolidação dos fundamentos teóricos e políticos do Serviço Social também avançaram pouco na definição das atividades profissionais. Esse fato está relacionado ao processo legislativo que será discutido a seguir, tendo como principal ponto positivo, a regulação dos aspectos jurídicos, éticos e profissionais pertinentes à categoria. Foto: Shutterstock.com Referente à Lei nº 8.662 de 1993, é possível observar a manutenção da ambiguidade da Lei de 1957, especialmente quando é definida como jurisdição e propriedade privada nos Artigos 4º e 5º. Nesse caso, a autoridade e os atributos encontram-se em cláusulas distintas, pois o legislador pretende distinguir o significado desses termos. Portanto, o Artigo 4 (Permissões) descreve as atividades que os assistentes sociais e outros profissionais podem realizar e, consequentemente, é universal. Por outro lado, o Artigo 5 (Tarefas Privadas) enumera uma série de ações reservadas aos assistentes sociais. O texto também fornece outras definições como, por exemplo, a fiscalização do exercício profissional, a supervisão de estágios de alunos, a preparação para avaliação de assistentes sociais e funções acadêmicas relacionadas à profissão. Todos estes itens estão descritos no Artigo 5º, mas trazem algum tipo de prejuízo aos assistentes sociais, pois visam especificamente a formação ou o controle entre pares dos aspectos básicos da carreira. ATENÇÃO Embora pareça ser apenas uma questão de âmbito jurídico, as ambiguidades neste dispositivo legal levam à alguma confusão sobre os papéis e atividades inerentes ao trabalho dos assistentes sociais. No texto elaborado de acordo com os autos das Comissões de Orientação e Fiscalização (COFIS), verifica-se que os fiscais ainda relatam algumas dificuldades em apurar, identificar e distinguir o poder e pertencimento dos assistentes sociais, fazendo parte do processo natural de avanços e recuos que qualquer área profissional passa ao longo de sua trajetória (CFESS, 2012). Percebe-se a constante necessidade de pensar sobre o exercício profissional para que ele possa se tornar mais adequado às demandas sociais e da profissão, sendo o processo de regulamentação e reconhecimento da profissão um ponto bastante positivo não só para os profissionais da área, mas também para toda a sociedade. Foto: Shutterstock.com Com uma profissão regulamentada, os profissionais podem trabalhar com mais tranquilidade, tendo alguns direitos garantidos e uma base de apoio que pode orientar sua atuação profissional em direção aos objetivos básicos da profissão, que, neste caso, é trabalhar na garantia e na aplicação dos direitos da classe trabalhadora. ENTENDENDO A SINDICALIZAÇÃO DA PROFISSÃO Em relação às organizações da classe trabalhadora em sindicatos, é preciso pontuar alguns itens e cenários, como: aumento do desemprego, diminuição do número de trabalhadores em empresas; e aumento dos trabalhadores com contratos flexíveis (com pouca ou nenhuma representatividade), reduzindo assim o poder de negociação. Imagem: Shutterstock.com Tal fato se agrava por outras características, como, por exemplo, os sindicatos patronais, que são organizados de dentro da empresa por representantes dos empregados e patrões; antecipando insatisfações e dando a impressão de que o sindicato dos empregados é inútil em negociações pertinentes à categoria que representa: PARA SE PENSAR SOBRE O EXERCÍCIO PROFISSIONAL PARA ALÉM DA APARÊNCIA, A TODO MOMENTO SE FAZ NECESSÁRIO EXERCITAR MENTALMENTE O MOVIMENTO ENTRE SINGULAR E UNIVERSAL NO QUE DIZ RESPEITO AOS ELEMENTOS ENVOLVIDOS NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL COTIDIANO E SUAS INTERCONEXÕES COM A DINÂMICA REAL DA SOCIEDADE, BEM COMO SE PENSAR EM OBJETIVOS IMEDIATOS E MEDIATOS DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL, ORIENTANDO CADA PEQUENAAÇÃO COTIDIANA A CONSTRUÇÕES MAIORES. (LACERDA, 2014, p. 24-25). O Serviço Social é duplamente afetado por esse processo. Confira: PRIMEIRO PONTO As questões que são a base social e histórica de sua atuação profissional funcionam de acordo com sua atuação. As mudanças que o neoliberalismo tem produzido no tratamento das questões sociais se dão principalmente por meio de contrarreformas de políticas públicas que afetaram diretamente o trabalho da assistência social e também de outras esferas, como na redução de recursos, com foco na transferência de serviços do Estado para o mercado privado e para o terceiro setor etc. SEGUNDO PONTO Trata do impacto do Serviço Social como ocupação remunerada, que vende mão de obra e é afetado pelo desmonte dos direitos trabalhistas, consequentemente gerando a precarização do trabalho, a exemplo do que ocorre em várias outras categorias profissionais: É nesse chão de intensas contradições tensionadas pela luta de classes que o assistente social é chamado a cravar suas ações sobre as questões trazidas e reconhecidas como sendo “direito do usuário” ao qual deve buscar materializar por meio de suas ações profissionais individualizadas. Não há como ignorar que as necessidades não são individuais, posto que são comuns a um conjunto de humanos no interior do mesmo movimento histórico de exploração do trabalho— refrações da “questão social” — e que a resposta a essas necessidades é fruto de direitos conquistados pela luta de classes, refuncionalizada a reprodução do capital pelo Estado burguês, que é quem organiza o aparato institucional constitutivo das políticas sociais. (LACERDA, 2014, p. 25) Quanto à organização político-sindical da categoria (RAMOS, 2005), é possível concluir que a organização política do Serviço Social consiste em três aspectos básicos: A DO EXERCÍCIO A FORMATIVA A ESTUDANTIL Cada campo tem uma entidade representativa, e cada qual tem uma relação de expressão política, portanto, a luta e o movimento em cada grupo representativo são defendidos pelo grupo respectivo daquela categoria. Porém, neste módulo, será considerado apenas o aspecto profissional. A partir disso, é necessário traçar uma “linha do tempo”. Veja: 1946 Início da fundação da Associação Brasileira de Escola de Serviço Social (ABESS / ABPESS), que desde então discute a formação dos profissionais da assistência social nos mais diversos níveis do ensino superior. 1957 Já na década de 1950, mais precisamente no ano de 1957 (com a promulgação do primeiro marco regulatório da profissão), foram fundadas duas entidades: os Conselhos Federais de Assistentes Sociais (CFAS, depois denominado Conselho Federal de Serviço Social — CFESS); e os Conselhos Regionais de Assistentes Sociais (CRAS, depois denominado Conselhos Regionais de Serviço Social — CRASS). 1958 Em relação às organizações trabalhistas, o primeiro sindicato dos profissionais de assistência social foi criado no Rio Grande do Sul, em 1958. Neste período, outros sindicatos também foram criados, mas, de fato, o movimento sindical no Serviço Social se fortaleceu e "rompeu" com o conservadorismo vigente somente na década de 1970. 1960 Essa ruptura levou à erosão dos serviços sociais tradicionais, que teve início na década de 1960 e foi acelerada pelo processo de modernização do país, em pleno período da Ditadura Militar. Lembrando que, neste período histórico, a série de lutas travadas pelo movimento operário representava um amplo avanço na construção da consciência de classe pelas diversas categorias profissionais consideradas liberais, inclusive a dos assistentes sociais. O amadurecimento desse processo possibilitou aos serviços sociais brasileiros passarem pelo chamado Movimento de Reconceituação, acompanhando o movimento latino-americano. No plano nacional, três aspectos se destacam, dois dos quais foram a atualização das práticas tradicionais sem desregular a ordem social: a visão moderna e a reatualização do conservadorismo. E o terceiro, denominado intenção de ruptura, trouxe a perspectiva de ruptura dos serviços sociais tradicionais e suas conjecturas teóricas, ressaltando que esse tipo de grupo de expressão pertence às alianças políticas e lutas sociais em prol do progresso social, que constituíram um período de grandes bolhas políticas e mobilizaram a classe trabalhadora na sociedade brasileira. Imagem: Shutterstock.com Nesse movimento, a categoria compreendeu seu papel como classe trabalhadora e passou a defender seus próprios interesses e lutas. Assim como as organizações sindicais de serviço social tornaram-se imprescindíveis ao longo desse processo. Lembrando que, como já mencionamos, esse processo também está vinculado ao borbulhar social e político no Brasil, à luta contra a Ditadura Militar e à trajetória histórica das organizações operárias e sindicais no âmbito do sindicalismo classista. Neste período, houve ainda dois grandes eventos denominados "Encontro Nacional das Entidades Sindicais". Veja: O PRIMEIRO, OCORRIDO EM 1977 Teve como pautas: a instituição do piso e a equiparação sindicais; e a articulação da luta das entidades representativas, quando foi decidida a redação de documento político, referente à Unidade Sindical para a promoção de bases para as discussões pertinentes, no que diz respeito à categoria. O SEGUNDO, OCORRIDO EM 1978 Contou com 8 entidades de representação profissional (no ano anterior foram apenas 4). O TERCEIRO, OCORRIDO EM 1979 O encontro histórico de 1979, também conhecido como “O Congresso da Virada”, contando com 15 entidades. Muitos outros movimentos como esses encontros tiveram sua relevância para a profissão, como podem ser citadas as criações de entidades, como a Comissão Executiva Nacional de Entidades Sindicais de Assistentes Sociais (CENEAS) em 1979; e a Associação Nacional de Assistentes Sociais (ANAS) em 1983. ATENÇÃO Ambas são mecanismos de articulação nacional das entidades sindicais da categoria (SANTOS, 2007, p. 03)! A partir do ano 2000, a criação da FENAS (Federação Nacional de Assistentes Sociais) suscitou um novo cenário, pois a instituição, ao contrário do projeto de construção de um discurso hegemônico para a categoria, não envolveu um amplo debate em seu projeto de criação, o que levantou questões sobre sua legitimidade. Desde então, com o processo de retomada da abertura de sindicatos referentes ao Serviço Social, mesmo com o posicionamento contrário (tanto no contexto político quanto histórico) mantido pelas instituições CFESS-CRESS, a FENAS passou a impulsionar essa (re)abertura. Assim, em 2016, totalizavam-se estas 14 instituições. VEJA AS INSTITUIÇÕES Sindicato dos Assistentes Sociais do Acre (SINDSOCIAL). Sindicato dos Assistentes Sociais do Amazonas (SASEAM). Sindicato dos Assistentes Sociais do Pará (SINASPA). Sindicato dos Assistentes Sociais do Maranhão (SASEMA). Sindicato dos Assistentes Sociais do Estado do Ceará (SASEC). Sindicato dos Assistentes Sociais de Pernambuco (SINDASPE). javascript:void(0) Sindicato dos Assistentes Sociais de Alagoas (SASEAL). Sindicato dos Assistentes Sociais de Sergipe (SINDASSE). Sindicato dos Assistentes Sociais da Bahia (SASB). Sindicato dos Assistentes Sociais do Distrito Federal (SAS-DF). Sindicato dos Assistentes Sociais do Rio de Janeiro (SASERJ). Sindicato dos Assistentes Sociais do Paraná (SINDASP). Sindicato dos Assistentes Sociais de Barretos e Região (SASBR-SP). Sindicato dos Assistentes Sociais no Estado do Rio Grande do Sul (SASERS). Em relação à organização dos sindicatos dos assistentes sociais, é possível fazer duas observações: 1. Fechar as entidades sindicais dos assistentes sociais e sindicalizá-las por setor 2. Manter os tipos de sindicatos. Isso mostra dois rumos políticos distintos, sendo que o objetivo é a decisão de se organizar em um sindicato por ramos de atuação, para evitar a divisão excessiva e promover o desenvolvimento/aprofundamento da identidade de classe.Portanto, esses profissionais apresentam (principalmente os que estão associados a essas entidades sindicais) um papel importantíssimo na luta conjunta com toda a classe trabalhadora brasileira, uma vez que, como membros desta, sofrem os efeitos da instabilidade do trabalho e da deterioração de suas condições no espaço profissional. ATENÇÃO É preciso cautela em relação a como os assistentes sociais percebem suas entidades representativas, pois, no que se refere às lutas travadas pelo conjunto dos conselhos CFESS/CRESS sobre as melhorias hegemônicas para a categoria enquanto classe trabalhadora, muitos profissionais ainda desconhecem essas ações e ainda acreditam apenas nas operações sindicais; o que é uma questão preocupante, já que os conselhos se tratam de órgãos fiscalizatórios que garantem a regulamentação profissional e a proteção de seus direitos. Vale lembrar que a maioria dos sindicatos dos assistentes sociais foi extinta quando a categoria decidiu se organizar por ramos de atuação como estratégia política da classe trabalhadora ligada à sua área de atuação. Desse modo, levantar bandeiras em relação ao retorno dos sindicatos dos assistentes sociais representa marcas de uma postura neoconservadora dentro do Serviço Social, pois questiona a hegemonia do projeto ético-político da profissão. Foto: Shutterstock.com Em um momento repleto de desafios, luta e resistência são necessárias para conter a onda que visa a restrição de direitos, sendo extremamente necessário e urgente o estabelecimento de alianças políticas que pretendem alterar a relação entre intervenção profissional e poder no espaço social; baseando-se nos interesses de classe (proletariado) e no envolvimento dos profissionais na luta pela conquista e garantia desses direitos. Neste contexto, a ampliação e aplicação dos direitos sociais com base nos princípios de democratização da gestão pública, universalização do serviço e justiça social são um compromisso constante do profissional formado em Serviço Social. Qual é a importância de conhecer e associar-se às Entidades Regionais e Nacionais do Serviço Social? Veja a resposta com a professora Nataly Barros Pereira: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. LEIA O SEGUINTE TRECHO: “A PROFISSÃO DE ASSISTENTE SOCIAL ENQUADRA-SE NO CONTEXTO DAS PROFISSÕES LIBERAIS, E É ATUALMENTE REGULAMENTADA PELA LEI FEDERAL Nº 8.662, DE 1993, SENDO A PRIMEIRA PROFISSÃO NA ÁREA SOCIAL A SER RECONHECIDA PELA LEGISLAÇÃO NACIONAL AINDA NA DÉCADA DE 1950, POR MEIO DA LEI FEDERAL Nº 3.252 DE 27/08/1957 E DO DECRETO N° 994 DE 15/05/1962. REFERENTE À LEI REGULAMENTADORA DA PROFISSÃO (BRASIL, 1962), DEVE-SE PRESTAR ATENÇÃO NO ARTIGO 1°, QUE AFIRMA: ‘O SERVIÇO SOCIAL CONSTITUI O OBJETO DA PROFISSÃO LIBERAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, DE NATUREZA TÉCNICO-CIENTÍFICA (BRASIL, 1962)’. ESSA LEI JÁ CONTINHA A INCERTEZA DAS RESPONSABILIDADES DO SETOR E VIGOROU ATÉ A DÉCADA DE 1990, QUANDO FOI PROMULGADA A LEI Nº 8.662, EM 1993.” A PARTIR DESSE TRECHO E DAS DEMAIS INFORMAÇÕES APRESENTADAS NESTE MÓDULO, SOBRE A LEI Nº 8.662 DE 1993 É CORRETO AFIRMAR QUE: A) Essa lei explicita a ambiguidade entre profissão liberal no mercado neoliberal. B) A lei apresenta algumas ambiguidades quanto às funções relativas aos assistentes sociais. C) Esse dispositivo legal versa sobre a natureza técnico-científica da lei. D) As funções acadêmicas relacionadas à profissão estão previstas em outro dispositivo legal. E) A lei de 1993 eliminou as ambiguidades presentes na lei de 1957. 2. A SINDICALIZAÇÃO É UM PROCESSO ESSENCIAL PARA O DESEMPENHO DOS PROFISSIONAIS DO SERVIÇO SOCIAL NO MERCADO DE TRABALHO, ESTANDO INERENTE À SUA EXISTÊNCIA. DE ACORDO COM O CONTEÚDO APRESENTADO A RESPEITO DA SINDICALIZAÇÃO DA PROFISSÃO, ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR: I – A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DO SERVIÇO SOCIAL CONSISTE EM TRÊS ASPECTOS BÁSICOS: DO EXERCÍCIO, A FORMATIVA E A ESTUDANTIL. II – A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL (ABESS) FOI FUNDADA EM 1946. III – TANTO OS CONSELHOS FEDERAIS E REGIONAIS, QUANTO A FEDERAÇÃO NACIONAL DE ASSISTENTES SOCIAIS (FENAS) ESTIMULARAM A (RE)ABERTURA DE SINDICATOS DA CATEGORIA. IV – O PRIMEIRO SINDICATO DOS PROFISSIONAIS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL FOI CRIADO NO RIO GRANDE DO SUL EM 1958. V – EM 2016, HAVIA 14 SINDICATOS DOS ASSISTENTE SOCIAIS NO BRASIL. LEVANDO EM CONTA AS AFIRMATIVAS ANTERIORES, A RESPOSTA CORRETA É: A) Somente I e II são verdadeiras. B) Somente III e IV são falsas. C) Somente IV é verdadeira. D) Todas são verdadeiras. E) Somente III é falsa. GABARITO 1. Leia o seguinte trecho: “A profissão de assistente social enquadra-se no contexto das profissões liberais, e é atualmente regulamentada pela Lei Federal nº 8.662, de 1993, sendo a primeira profissão na área social a ser reconhecida pela legislação nacional ainda na década de 1950, por meio da Lei Federal nº 3.252 de 27/08/1957 e do Decreto n° 994 de 15/05/1962. Referente à lei regulamentadora da profissão (BRASIL, 1962), deve-se prestar atenção no Artigo 1°, que afirma: ‘o Serviço Social constitui o objeto da profissão liberal de assistência social, de natureza técnico-científica (BRASIL, 1962)’. Essa lei já continha a incerteza das responsabilidades do setor e vigorou até a década de 1990, quando foi promulgada a Lei nº 8.662, em 1993.” A partir desse trecho e das demais informações apresentadas neste módulo, sobre a Lei nº 8.662 de 1993 é CORRETO afirmar que: A alternativa "B " está correta. Apesar de ser criada para atualizar e reformular a lei de 1957, a lei de 1993 manteve as ambiguidades presentes na antiga lei quanto às atividades e funções do assistente social, o que acarreta certos prejuízos à profissão. 2. A sindicalização é um processo essencial para o desempenho dos profissionais do Serviço Social no mercado de trabalho, estando inerente à sua existência. De acordo com o conteúdo apresentado a respeito da sindicalização da profissão, analise as afirmativas a seguir: I – A organização política do Serviço Social consiste em três aspectos básicos: do exercício, a formativa e a estudantil. II – A Associação Brasileira de Escola de Serviço Social (ABESS) foi fundada em 1946. III – Tanto os Conselhos Federais e regionais, quanto a Federação Nacional de Assistentes Sociais (FENAS) estimularam a (re)abertura de sindicatos da categoria. IV – O primeiro sindicato dos profissionais de assistência social foi criado no Rio Grande do Sul em 1958. V – Em 2016, havia 14 Sindicatos dos Assistente Sociais no Brasil. Levando em conta as afirmativas anteriores, a resposta correta é: A alternativa "E " está correta. Durante o processo de reabertura dos sindicatos da categoria no país, apenas a Federação Nacional de Assistentes Sociais (FENAS) impulsionou esse processo, enquanto os conselhos federais e regionais não estimulavam a reabertura. MÓDULO 3 Reconhecer o caráter fiscalizatório da profissão de assistente social e suas peculiaridades CONTEXTUALIZAÇÃO E EMERGÊNCIA DAS ENTIDADES FISCALIZATÓRIAS DO SERVIÇO SOCIAL Neste módulo, o objetivo é levantar a discussão de como se opera a fiscalização no exercício profissional do assistente social. Para isso, devemos descrever sua construção junto às transformações societárias que a profissão vivenciou para melhor entendermos este processo e, a partir dessa perspectiva, não nos causa prejuízo reafirmarmos algumas informações postas nos módulos anteriores a respeito de determinados marcos dessa profissão a exemplo de datas importantes que marcaram a categoria. Foto: Shutterstock.com Dadas as transformações políticas, econômicas e sociais vivenciadas na sociedade brasileira nos anos de 1930 (LIMA, 2018), o Estado brasileiro começou a descentralizar suas funções por meio da autorização de conselhos de fiscalização profissional designados a fiscalizarem o trabalho das profissões que estavam sendo regulamentadas: A PRIMEIRA ENTIDADE QUE PODE SER CITADA FORMALMENTE COMO REPRESENTANTEDOS CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO É A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL (OAB), CRIADA EM 18 DE NOVEMBRO DE 1930, CONCOMITANTE À EXPANSÃO DOS CURSOS JURÍDICOS PELO PAÍS NA ÉPOCA. (LIMA, 2018, p.322) Dessa maneira, criada a Ordem dos Advogados do Brasil, outras categorias profissionais começaram a se mobilizar, dada a crescente oferta de empregos e a expansão de cursos universitários. No entanto, em relação ao Serviço Social, esse processo sofreu um pouco de atraso devido à forte influência conservadora que a profissão vivenciou em sua gênese. Foto: Shutterstock.com O Serviço Social é uma profissão voltada a atividades caritativas e filantrópicas, o que revelou enormes dificuldades para transitar a um exercício regulamentado reconhecido como trabalho assalariado e logo sujeito à fiscalização e suas respectivas funções comprometidas com a normalização de sua conduta profissional: EMBORA O SERVIÇO SOCIAL TENHA SIDO RECONHECIDO COMO PROFISSÃO LIBERAL PELO MINISTÉRIO DO TRABALHO POR MEIO DA PORTARIA Nº 35 DE 19 ABRIL DE 1949, A REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL SÓ FOI CONQUISTADA COM A APROVAÇÃO DA LEI DE Nº 3.252, DE 27 DE AGOSTO DE 1957 QUE, POR SUA VEZ, SÓ FOI VALIDADA PELO DECRETO Nº 994, DE 15 DE MAIO DE 1962. (LIMA, 2018, p. 322) A regulamentação da profissão no ano de 1957 trouxe consigo a institucionalização dos Conselhos Federal e Regionais, como representações legais e legítimas perante o Estado, diante da necessidade de normatização e fiscalização do exercício profissional. Inicialmente, foram denominados como CFAS (Conselho Federal de Assistentes Sociais) e CRAS (Conselhos Regionais de Assistente Sociais). Décadas à frente, em 1993, com a aprovação da atual lei de regulamentação da profissão, o CFAS passou a chamar-se CFESS (Conselho Federal de Serviço Social) e os CRAS passaram a ser chamados de CRESS (Conselhos Regionais de Serviço Social). Vale saber que, analisando os avanços e recuos históricos que a profissão vivenciou, sua regulamentação profissional não se deu como uma continuidade à “racionalização da filantropia” ou a uma suposta “organização da caridade”, mas foi vinculada às mudanças da própria ordem societária, onde esta categoria ensaiava seus primeiros passos na busca de ferramentas de legitimação que caminhassem no sentido de uma ruptura com as suas protoformas, ou seja, suas primeiras formas de trabalho. Lembremos que o período era de questionamento das bases tradicionais do Serviço Social. Em contrapartida, sem tanta surpresa, nos marcos do Serviço Social tradicional, os conselhos federal e regionais desta categoria, não distante de uma perspectiva conservadora, não iam além de um papel de controle, em nome do Estado, sobre os assistentes sociais. Eram conselhos que se preocupavam apenas com as funções burocráticas e repreensoras do exercício profissional (BARROCO, 2001), até porque, era um momento que o Serviço Social ainda não se reconhecia enquanto classe trabalhadora e a legislação profissional resguardava os embasamentos neotomistas e positivistas, nos quais a questão social era vista como problema de desajustamento social, basta considerarmos os Códigos de Ética de 1947, 1965 e de 1975. Com isso, é possível dizer que o movimento de renovação da profissão, visto como importante ciclo histórico e denominado intenção de ruptura na década de 1970, fomentou o fortalecimento de debates no contexto universitário promovidos pelas entidades da categoria que pensavam rupturas com o tradicionalismo na defesa de um novo embasamento teórico- metodológico que prezasse pela formação de profissionais críticos e comprometidos com os interesses da classe trabalhadora. Contudo, diante do momento de obscurantismo decorrente da ditadura no país, a possibilidade dessa nova identidade profissional, assim como as mudanças no modo de atuação dos conselhos federal e regionais, ainda que permeadas por tensões e esforços, só foram permitidas com o fortalecimento da democracia e consequentemente com o desenvolvimento e amadurecimento intelectual da profissão. CÓDIGOS DE ÉTICA DE 1947, 1965 E DE 1975 No site oficial do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), é possível encontrar essas Edições do Código de Ética. Foto: Shutterstock.com javascript:void(0) Desta maneira, diante das mudanças ocorridas no mundo do trabalho e no campo dos direitos sociais, os anos de 1980 e 1990 foram períodos de grandes transformações para o Serviço Social. O que, consequentemente, é refletido nas legislações que respaldam a categoria como a aprovação do Código de Ética de 1986, que caminhou na superação da perspectiva a- histórica e acrítica da profissão e que mais tarde foi readequado como o novo Código de Ética Profissional (1993), e ainda a nova Lei de Regulamentação da profissão (1993), firmando assim seu projeto ético-político. Assim, o conjunto CFESS/CRESS, para além das suas atividades burocráticas e normativas, busca agora acolher as demandas provenientes do cotidiano do trabalho dos assistentes sociais como forma de garantir o comprometimento de uma profissão voltada para os princípios da equidade social e da defesa intransigente dos direitos sociais, fortalecendo sua competência técnica, a crítica teórica e os compromissos ético-políticos. OPERACIONALIZAÇÃO DO CONJUNTO CFESS/CRESS Foto: Shutterstock.com De acordo com a Lei 8.662/1993, o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e os Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS) são autarquias com personalidade jurídica de direito público (federal no caso do CFESS e estadual para os CRESS) que têm a atribuição de orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e defender o exercício profissional do assistente social em sua jurisdição de atuação no Brasil. Em conjunto, essas entidades, desde a consolidação dessa lei, vêm promovendo ações político democráticas sempre na defesa dos interesses da categoria enquanto classe trabalhadora. Tendo por base o território nacional, os CRESS, para efeito da constituição e da jurisdição, foram divididos inicialmente em 10 regiões somando em cada uma delas mais de um estado e/ou território (exceto São Paulo). Atualmente, segundo os endereços disponíveis no site do CFESS, essas bases estaduais chegaram ao número 27 e ainda faz-se o destaque para as seccionais que fazem parte de alguns CRESS em estados com grande número de profissionais inscritos e que desempenham atribuições executivas, a depender do número de inscritos no estado e na região. EXEMPLO O estado de São Paulo congrega o maior número de profissionais inscritos e, para conseguir efetivar suas ações, conta com 11 seccionais. Tais conselhos também são responsáveis pela aprovação do Código de Ética dos assistentes sociais, funcionando como tribunais de ética profissional dentre outras funções administrativas, conforme apresenta a Lei Federal de regulamentação da profissão. Sabe-se que os conselhos profissionais nos seus primórdios se constituíram como entidades autoritárias, que não zelavam pela construção de um espaço coletivo de interlocução. Assim, o seu principal interesse sua organização administrativo-financeira, vista como principal objetivo das ações da fiscalização que era apenas exigir a inscrição dos novos assistentes sociais inseridos no mercado de trabalho e realizar a devida cobrança dos tributos obrigatórios (anuidade) pelo exercício profissional ativo. E com a redemocratização da sociedade... Houve avanços em direção às demandas da categoria em que se busca apresentar maior transparência sobre a aplicação financeira dos recursos arrecadados pelas anuidades pagas (estabelecidas em assembleias) e, dentre os esforços dessas entidades, destacamos ainda o fortalecimento da realização de encontros nacionais anuais pelo conjunto CFESS/CRESS, que passaram a ser instâncias máximas de deliberações para a categoria aprovando como exemplo a obrigatoriedade de realização de eleições diretas de três em três anos para as direções dos CFESS edos CRESS com voto não obrigatório para os profissionais, validando o interesse em democratizar as suas ações imprimindo uma nova direção política às entidades. POLÍTICA NACIONAL DE FISCALIZAÇÃO (PNF) Em consonância com as transformações vivenciadas pela categoria profissional, as entidades representativas caminharam para um conjunto de mudanças em suas ações, revelando o processo de amadurecimento teórico‑ético‑político e normativo do conjunto CFESS/CRESS que aprimorou os instrumentos para a fiscalização do exercício profissional: É NA DÉCADA DE 1980 QUE O CONJUNTO CFESS/CRESS INICIA O PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DE FISCALIZAÇÃO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL COM ADOÇÃO E APRIMORAMENTO DE UM SISTEMA DE INSCRIÇÃO E CADASTRO; INSTITUIÇÃO DAS COMISSÕES DE ORIENTAÇÃO E FISCALIZAÇÃO; ESTRUTURAÇÃO DA FISCALIZAÇÃO DOS ESPAÇOS OCUPACIONAIS; MAPEAMENTO DE ESPAÇOS DE TRABALHO; PROFISSIONALIZAÇÃO PELA CONTRATAÇÃO DE AGENTES FISCAIS, E UNIFICAÇÃO DE PROCEDIMENTOS. (SILVEIRA, 2007, p. 11) Foto: Shutterstock.com E no bojo desse processo, sob as conquistas da aprovada a Lei de Regulamentação da profissão de 1993, assegurou-se à fiscalização possibilidades mais concretas de intervenção, culminando em um processo de ampliação que se consolidou na Política Nacional de Fiscalização (PNF) elaborada em 1999, resultante da articulação do conjunto CFESS/CRESS. Adquirindo a partir de então as seguintes dimensões (CFESS, 2007, p. 08): I — DIMENSÃO AFIRMATIVA DE PRINCÍPIOS E COMPROMISSOS CONQUISTADOS Expressa a concretização de estratégias para o fortalecimento do projeto ético-político profissional e da organização política da categoria em defesa dos direitos, das políticas públicas e da democracia e, consequentemente, a luta por condições condignas e qualidade dos serviços profissionais prestados. II — DIMENSÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA Compreende a adoção de procedimentos técnico-políticos de orientação e politização dos assistentes sociais, usuários, instituições e sociedade em geral, acerca dos princípios e compromissos ético-políticos do Serviço Social, na perspectiva da prevenção contra a violação da legislação profissional. III — DIMENSÃO NORMATIVA E DISCIPLINADORA Abrange ações que possibilitem, a partir da aproximação das particularidades socioinstitucionais, instituir bases e parâmetros normativo-jurídicos reguladores do exercício profissional, coibindo, apurando e aplicando penalidades previstas no Código de Ética Profissional, em situações que indiquem violação da legislação profissional. O exercício da fiscalização passou por um processo de transformação, amadurecimento e ampliação da sua concepção, pois deixou de ter um caráter meramente disciplinador, superando concepções e práticas arcaicas daquilo que seria unicamente atribuído à atividade fiscalizatória — fundada em valores corporativos e voltada para o desenvolvimento de ações de controle simplesmente burocrático e punitivo sobre os assistentes sociais — e adquiriu dimensões que expressam o compromisso com as lutas da classe trabalhadora, evidenciando a preocupação com a qualidade dos serviços prestados enquanto direitos conquistados, na defesa do projeto ético-político profissional. A cada três anos (período de eleição para os conselhos), também há uma rotatividade dos integrantes das comissões. O que também nos leva a perceber a necessidade de explicar a atualização dessas normativas: “As experiências de fiscalização realizadas pelos CRESS nesse período histórico [2007-2019] demonstraram a importância dessa atribuição, principalmente nos termos colocados pela PNF, sob uma visão ampliada e de caráter orientador, na identificação do compromisso profissional com a democracia, com os direitos e com o projeto ético-político do Serviço Social.” (CFESS, 2019, p. 7) Por conseguinte, entende-se que a operacionalização da fiscalização é de competência dos CRESS em suas respectivas regiões. Em cada um deles existe uma Comissão de Orientação e Fiscalização (COFI), composta por: Agentes fiscais que são inseridos nos CRESS por meio de aprovação em Concurso Público, logo, recebem um salário mensal como pagamento pelo seu trabalho. 01 conselheiro como coordenador da comissão, que é eleito pelo voto da categoria na região para a direção e não recebe salário para desenvolver esta atividade. Profissionais de base inscritos no CRESS, que desejam e aceitam o convite de sua direção, também sem recebimento de salário para sua participação. Em geral, quando as despesas excederem o orçamento, as diretorias devem prezar pela prioridade da fiscalização do exercício profissional no conjunto de suas ações, assim como devem utilizar as condições financeiras como critério para o número de contratação dos agentes fiscais. Mas o alto índice de inadimplência por parte dos profissionais geralmente acarreta conselhos que apresentam uma quantidade de profissionais insuficiente para atender todas as demandas e logo gera uma sobrecarga de trabalho. Essa situação carimba uma preocupação não só dos assistentes sociais, mas da classe trabalhadora como um todo. Foto: Shutterstock.com Mesmo diante do desemprego estrutural que atinge a maioria dos trabalhadores, não sendo diferente para o Serviço Social, nos últimos anos temos visto um aumento no número de cursos de graduação em Serviço Social e, assim, um maior número de profissionais inscritos nos CRESS, ou seja, em atuação. Essa dupla situação atravessa diversas questões a serem abordadas pela categoria que diariamente enfrenta a precarização de políticas públicas e busca melhorias das condições de trabalho na efetivação de seus direitos. O que exige uma maior atuação política e jurídico- normativa dos conselhos em defesa de nossa categoria e que preze pela qualidade dos serviços prestados à população. Logo, exige também um maior comprometimento em termos de financiamento para que as ações fiscalizatórias possam ser efetivadas com sucesso. ATENÇÃO Os profissionais desta área de atuação precisam levar em consideração a importância da natureza jurídica da anuidade e o motivo de seu pagamento, tendo em vista a relevância deste valor como um símbolo de compromisso de retorno na defesa dos direitos da própria categoria. Desconhecer a necessidade dessa condição sobre as atribuições do conjunto CFESS/CRESS enquanto órgãos públicos, que carecem dentre outros motivos de retorno financeiro para existir e fiscalizar o exercício profissional, leva muitas vezes à confusão de que eles devem funcionar como um sindicato no qual os profissionais têm a liberdade de se associarem ou não. Por isso, no ano de 2017, foi lançada a Política Nacional de Enfrentamentos à Inadimplência do javascript:void(0) conjunto CFESS/CRESS, colocando como ações prioritárias as intervenções político- pedagógicas a fim de orientar e esclarecer a real função destas entidades representativas. POLÍTICA NACIONAL DE ENFRENTAMENTOS À INADIMPLÊNCIA No site oficial do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) é possível encontrar a íntegra desse documento. É preciso destacar o rico processo de articulação do conjunto CFESS/CRESS com as demais entidades representativas da categoria profissional, tais como, ENESSO — Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social (que dirige a mobilização do movimento estudantil de Serviço Social) e ABEPSS — Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (que dirige o debate sobre o processo de formação profissional), materializam uma direção política e histórica de um projeto comprometido com os interesses da classe trabalhadora. Essa articulação é enriquecida por meio da participação conjunta em eventos, atividades e demais lutas coletivas, sendo um elemento fundamental para força e manutenção do projeto ético-político do Serviço Social, na medida em que este só se mantém por meio de uma base social de sustentação política e contribui para uma cultura democrática na profissão na perspectiva de estabelecer uma práxis políticaemancipatória. javascript:void(0) Veja a importância da PNF para a atuação do assistente social nas palavras da professora Nataly Barros Pereira: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. NO QUE SE REFERE À CONTEXTUALIZAÇÃO E À OPERACIONALIZAÇÃO DO CONJUNTO CFESS/CRESS, ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA: A) A regulamentação da profissão no ano de 1957 trouxe consigo a institucionalização dos conselhos federal e regionais. B) Os conselhos federal e regionais do Serviço Social, diante das dificuldades impostas à categoria profissional, ainda preservam um papel burocrático e de controle em nome do Estado para conseguir atender às demandas da categoria. C) Os conselhos federal e regionais de Serviço Social são autarquias com personalidade jurídica de direito público que têm a atribuição de orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e defender o exercício profissional do assistente social em sua jurisdição de atuação no Brasil. D) Tais conselhos também são responsáveis pela aprovação do código de ética dos assistentes sociais, funcionando como tribunais de ética profissional dentre outras funções administrativas, conforme apresenta a Lei Federal de regulamentação da profissão. E) O período de redemocratização da sociedade trouxe diversos avanços para o Serviço Social refletindo, consequentemente, nas legislações que respaldam a categoria como a consolidação já readequada do novo Código de Ética Profissional (1993), na nova Lei de Regulamentação da profissão (1993) e nas atualizações do CFESS/CRESS fortalecendo a sua competência técnica, a crítica teórica e os compromissos ético-políticos. 2. LEIA O TRECHO A SEGUIR: “ENFATIZAMOS QUE A QUANTIDADE DE DEMANDAS QUE CHEGAM PARA A COFI TEM AUMENTADO BASTANTE NOS ÚLTIMOS ANOS E ISSO SE TRADUZ EM ALGUNS REGIONAIS NA SOBRECARGA DE TRABALHO PARA OS FISCAIS, JÁ QUE CADA SITUAÇÃO, EM GERAL, EXIGE MAIS DE UM ENCAMINHAMENTO/ATIVIDADE QUE PERMITIRÁ A RESOLUTIVIDADE DAS QUESTÕES APRESENTADAS. AS PRINCIPAIS DEMANDAS RECEBIDAS PELAS COFIS SÃO: ORIENTAÇÕES SOBRE COMO PROCEDER EM CASO DE SOLICITAÇÕES PROVENIENTES DO PODER JUDICIÁRIO ACERCA DE ESTUDO SOCIAL; RECEBIMENTO DE DENÚNCIAS RELACIONADAS AO DESCUMPRIMENTO DA RESOLUÇÃO CFESS Nº 493/2006; DENÚNCIAS DE ASSISTENTES SOCIAIS DESENVOLVENDO ATRIBUIÇÕES INCOMPATÍVEIS À LEI FEDERAL 8.662/1993; QUESTÕES RELACIONADAS A ESTÁGIO EM SERVIÇO SOCIAL, CARGA HORÁRIA E CONDIÇÕES DE TRABALHO”. (LIMA, P. 320- 335, 2018). A RESPEITO DA COMISSÃO DE ORIENTAÇÃO E FISCALIZAÇÃO (COFI), PARA O SERVIÇO SOCIAL, ASSINALE A ALTERNATIVA VERDADEIRA: A) Os conselheiros são os únicos responsáveis pela fiscalização da profissão. B) Todo o corpo fiscal recebe o pagamento de um salário referente às atividades desempenhadas. C) Quando as despesas excederem o orçamento, o CRESS garantirá a prioridade da fiscalização do exercício profissional no conjunto das suas ações. D) Considerando os gastos financeiros com questões relacionadas à fiscalização, o COFI deve considerar o investimento de políticas públicas junto aos locais de trabalho dos assistentes sociais. E) Anualmente há uma rotatividade dos integrantes das comissões que funcionam no conselho tendo em vista as condições democráticas de participação para a categoria. GABARITO 1. No que se refere à contextualização e à operacionalização do conjunto CFESS/CRESS, assinale a alternativa incorreta: A alternativa "B " está correta. O conjunto CFESS/CRESS rompeu a gênese de seu exercício que era a responsabilidade meramente burocrática e de controle sobre o Serviço Social e passou a acolher as demandas provenientes do cotidiano do trabalho dos assistentes sociais como forma de garantir o comprometimento de uma profissão voltada para os princípios da equidade social e da defesa intransigente dos direitos sociais, fortalecendo sua competência técnica, a crítica teórica e os compromissos ético-políticos. 2. Leia o trecho a seguir: “Enfatizamos que a quantidade de demandas que chegam para a COFI tem aumentado bastante nos últimos anos e isso se traduz em alguns regionais na sobrecarga de trabalho para os fiscais, já que cada situação, em geral, exige mais de um encaminhamento/atividade que permitirá a resolutividade das questões apresentadas. As principais demandas recebidas pelas COFIs são: orientações sobre como proceder em caso de solicitações provenientes do poder judiciário acerca de estudo social; recebimento de denúncias relacionadas ao descumprimento da Resolução CFESS Nº 493/2006; denúncias de assistentes sociais desenvolvendo atribuições incompatíveis à Lei Federal 8.662/1993; questões relacionadas a estágio em Serviço Social, carga horária e condições de trabalho”. (LIMA, p. 320-335, 2018). A respeito da Comissão de Orientação e Fiscalização (COFI), para o Serviço Social, assinale a alternativa verdadeira: A alternativa "C " está correta. Conforme dispõe a resolução CFESS nº512/07, os CRESS deverão prever anualmente em seu orçamento os recursos necessários ao pagamento das despesas com a COFI. Quando as despesas excederem o orçamento, o CRESS garantirá a prioridade da fiscalização profissional no exercício de suas ações.
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