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Alongamento Muscular - Uma versão atualizada

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1Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.
ALONGAMENTO MUSCULAR: UMA
VERSÃO ATUALIZADA
Adélia Oliveira da Conceição 1
George Alberto da Silva Dias 2
* Acadêmica do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitora das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.
** Acadêmico do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitor das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.
*** Artigo realizado sob orientação da docente Mônica Cardoso da Cruz do curso de Fisioterapia na disciplina Cinésioterapia e Especialista
em Fisioterapia Neurofuncional.
RESUMO:
O presente artigo apresenta-se como revisão bibliográfica sobre alongamento muscular, abor-
dando seus principais conceitos, as características dos tecidos corporais envolvidos, principais
métodos e alguns cuidados necessários para a boa aplicação da terapia. Dessa forma o objetivo
do texto é desmistificar alguns aspectos sobre o assunto que possam interferir na boa pratica das
técnicas, favorecendo, assim, um melhor conhecimento sobre o assunto para os profissionais
da área da saúde, em especial aos fisioterapeutas.
2 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.
INTRODUÇÃO
O alongamento é uma
manobra terapêutica utilizada
para aumentar o comprimento
(alongar) de tecidos moles que
estejam encurtados (KISNER,
1998), podendo ser definido tam-
bém como técnica utilizada para
aumentar a extensibilidade
músculotendinosa e do tecido
conjuntivo periarticular, de tal
modo contribuindo para aumen-
tar a flexibilidade articular
(HALL; BRODY, 2001).
A flexibilidade sofre in-
fluência de três fatores princi-
pais: a estrutura óssea da arti-
culação, a quantidade de tecido
periarticular e a extensibilidade
de tendões, ligamentos e tecido
muscular que cruzam a articu-
lação (ALLSEN, 1999). Com a
diminuição da extensibilidade o
músculo perde a capacidade de
se deformar, restringindo a am-
plitude articular na direção do
movimento do qual é antagonis-
ta (BRANDY, 2003), assim
como hábitos sedentários são um
dos maiores responsáveis pela
perda de flexibilidade, pois a
falta de uso da estrutura em ar-
cos extremos de movimento ar-
ticular resulta na adaptação dos
tecidos conjuntivos a compri-
mentos menores com conse-
qüente perda da extensibilidade.
Além disso, a redução da flexi-
bilidade sendo responsável por
movimentos corporais incorre-
tos contribui para o uso viciosos
da estrutura anatômica gerando
estresse mecânico e predispon-
do a lesões cumulativas do apa-
relho locomotor (ALLSEN,
1999).
As atividades de flexibi-
lidade são comumente recomen-
dadas como atividade pré-aque-
cimento ou como procedimento
pós-aquecimento conforme é
recomendado pelos autores
(BRANDY, 2003), (HALL;
BRODY, 2001) e
(ALLSEN,1999), são utilizados
também para manter o funcio-
namento normal do músculo evi-
tando lesões, melhorar o desem-
penho de atletas e auxiliar na
reabilitação pós lesão. Como
conduta terapêutica é indicado
para aumentar a amplitude arti-
cular, quando a causa de restri-
ção de ADM for o componente
musculotendineo (BRADY,
2003).
Tendo em vista estes
aspectos, as manobras de flexi-
bilidade articular são de grande
utilidade na pratica diária da fi-
sioterapia, já que constantemen-
te estes profissionais lidam com
pacientes que apresentam res-
trição de amplitude articular
decorrentes de fatores intrínse-
cos ou extrínsecos, por isso se
faz necessário o conhecimento
claro e objetivo deste assunto,
esclarecendo pontos de vista ou
pensamentos errôneos a respei-
to desta técnica, que possam in-
terferir na boa prática das ma-
nobras que podem ser utilizadas
para o ganho de flexibilidade
articular.
PROPRIEDADES DOS
TECIDOS MOLES
Os métodos de alonga-
mento empregados nas disci-
plinas de atletismo, dança, fisi-
oterapia e ioga podem variar
bastante. Contudo, determinado
conhecimento é necessário em
todas essas disciplinas. Um co-
nhecimento básico do mecanis-
mo neuromuscular normal, in-
cluindo desenvolvimento motor,
anatomia, neurofisiologia e
cinesiologia, é muito útil, se não
essencial. Além disso, qualquer
que seja o método de alongamen-
to usado, o profissional da área
da saúde deve estar completa-
mente familiarizado com a es-
trutura e a função da articula-
ção em questão. O profissional
deve saber não somente o grau
de limitação do movimento, mas
também quais tecidos são res-
ponsáveis pelas limitações
(ALTER, 1999).
Os tecidos moles vari-
am em características físicas e
mecânicas. Tanto os tecidos
contráteis como os não-
contráteis são extensíveis e elás-
ticos, mas os tecidos contráteis
também são contraíveis.
Contratilidade é a habilidade de
um músculo para encurtar e
desenvolver tensão ao longo de
sua extensão. Distensibilidade
(comumente conhecida como
extensibilidade) é a proprieda-
de do tecido muscular em au-
mentar o comprimento em res-
posta a uma força aplicada ex-
ternamente (ALTER, 1999).
3Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.
Assim quanto menor a
distensibilidade de um tecido
mole, maior deve ser a força
que pode produzir um alonga-
mento. Um tecido de alta
distensibilidade não pode resis-
tir a uma força de alongamen-
to, assim como um tecido que é
muito rígido, e precisará de uma
força maior que o tecido me-
nos rígido para produzir o mes-
mo grau de deformação. As-
sim, os tecidos moles com mai-
or rigidez são menos suscetí-
veis a lesões como distensões e
entorses (ALTER, 1999).
Os tecidos moles não
são perfeitamente elásticos.
Além do seu limite elástico, eles
não podem retornar a seu com-
primento original uma vez que
a força de alongamento é remo-
vida. A diferença entre o com-
primento original e o novo com-
primento é chamada de disposi-
ção permanente (alongamento
plástico ou deformação) e
correlaciona-se a uma lesão
tecidual menor (ALTER, 1999).
Os tecidos não
contráteis são constituídos prin-
cipalmente por colágeno, uma
proteína mais abundante nos
mamíferos que é um componen-
te estrutural principal do tecido
vivo. Nos vertebrados, por
exemplo, o colágeno constitui
um terço ou mais das proteínas
totais do corpo. As fibras
colagenosas aparecem sem cor
e esbranquiçadas. Elas são ar-
ranjadas em feixes e, exceto sob
tensão, atravessam um cami-
nho caracteristicamente ondu-
lado. As fibras colágenas só são
capazes de um leve grau de
extensibilidade. Elas são, con-
tudo muito resistente ao estresse
de tração. Logo, são os princi-
pais constituintes de estruturas,
como ligamentos e tendões que
são submetidos a uma força de
tração (ALTER, 1999). Portan-
to de acordo com as modifica-
ções ocorridas no tecido conjun-
tivo derivam de tensões a ele
impostas, se a tensão for pro-
longada e contínua as molécu-
las e os feixes do tecido conjun-
tivo se alongam (BIENFAIT,
1995).
MÉTODOS DE
ALONGAMENTO
Existem três tipos bási-
cos de alongamento, o estático,
o balístico e por facilitação
neuromuscular proprioceptiva
(FNP). No método de alonga-
mento estático, músculos e te-
cidos são estirados e mantidos
em posição estacionária em seu
maior comprimento possível por
um período de 15 a 60 segundos
(HALL, BRODY, 2001). Já de
acordo com Brandy (2003), o
procedimento realizado é alon-
gar o músculo de forma lenta e
gradual. A baixa velocidade de
alongamento do músculo evita a
resposta neurológica do reflexo
do estiramento e estimula a ati-
vidade dos órgãos tendinosos de
golgi facilitando o alongamento
muscular, o arco de movimento
de ser mantido por um tempo de
no mínimo 15 segundos e no
máximo 60 segundos, para que
haja adaptação das fibras ao novo
comprimento.Nessa posição
uma leve tensão deve ser per-
cebida, o alongamento progride,
aumentando de intensidade, à
medida que o paciente se adapta
a posição para então adquirir um
novo posicionamento.
Dentre as vantagens do
alongamento estático Allsen
(1999),descreve que contribui
para o alivio das dores muscu-
lares e para melhora da flexibi-
lidade, já Hall e Brody (2001)
acrescentam que reduzem o gas-
to de energia global, diminuem
a possibilidade de ultrapassar a
extensibilidade tecidual e dimi-
nui a possibilidade de causar
dores musculares, Brandy
(2003) afirma também que ele
reduz a atividade dos fusos mus-
culares e aumenta consideravel-
mente a atividade dos órgãos
tendinosos de golgi (OTG).
O alongamento Balís-
tico, o músculo é levado a se
contrair e relaxar de forma rá-
pida e repetida, levando a
deflagração de estímulos que
mandam o músculo contrair ao
invés de relaxar (reflexo de
estiramento), aumentando a pos-
sibilidade de causar micro lesões
que posteriormente podem inter-
ferir no bom funcionamento do
músculo. Apesar disso, esse tipo
de técnica tem eficácia para
melhora da flexibilidade de uma
população restrita (atletas), uma
vez que para um bom rendimen-
to em atividades dinâmicas são
necessárias atividades balísti-
cas. Para tanto se sugere um
programa de flexibilidade dinâ-
4 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.
mico em que o individuo passa
por uma serie de alongamentos
balísticos, onde se varia a velo-
cidade (lento – rápido) e a am-
plitude de movimento (arco
completo ou incompleto), sendo
que antes desse programa o
individuo passa por uma serie de
alongamentos estáticos até pro-
gredir para as atividades balís-
ticas de baixa, média e alta ve-
locidade (BRADY, 2003).
Allsen (1999), concorda
com o autor quando ele se refe-
re à reação muscular ao alon-
gamento balístico e possibilida-
de de lesões, mas acrescenta
que seus efeitos benéficos podem
ser potencializados quando rea-
lizados como atividade pós-
aquecimento, pois a temperatu-
ra dos tecidos encontram-se
mais elevada, tornando-os mais
maleáveis e menos passiveis de
lesão. Acredita-se, também,
que o condicionamento possa
afrouxar as conexões de actina-
miosina aumentando a eficácia
do alongamento (HALL;
BRODY, 2001).
Um dos tópicos mais
controversos da ciência dos es-
portes é o valor relativo dos pro-
gramas de alongamento balístico
versus estático para desenvolver
a flexibilidade. A controvérsia
é complicada pela falta de pes-
quisa sobre a flexibilidade balís-
tica. O alongamento balístico é
difícil de avaliar por causa da
necessidade de equipamento
elaborado e habilidade técnica
na mensuração da força que é
requerida para mover a articu-
lação através de sua amplitude
de movimento em ambas as ve-
locidades, rápida e lenta
(STAMFORD, 1981). Há, con-
tudo, uma quantidade considerá-
vel de pesquisas indicando que
ambos os métodos, balístico e
estático, são eficazes no desen-
volvimento da flexibilidade
(CORBIN e NOBLE, 1980;
LOGAN e EGSTROM, 1961;
SADY, WORTMAN e
BLANKE, 1982; STAMFORD,
1981; WEBER e KRAUS, 1949,
apud ALTER, 1999).
O alongamento por fa-
cilitação proprioceptiva
neuromuscular é a outra técni-
ca utilizada, que de acordo com
Knott e Voss, as técnicas de
FPN são métodos “para promo-
ver ou acelerar a resposta de um
mecanismo neuromuscular pela
estimulação de
proprioceptores”. Com base
nesses conceitos de influenciar
a resposta muscular, podem-se
usar as técnicas de FPN para
fortalecer os músculos e aumen-
tar sua flexibilidade articular
(ALLSEN, 1999).
Uma contração breve
antes de um alongamento estáti-
co do músculo é o ponto chave
para as técnicas de FPN para
aumentar a flexibilidade muscu-
lar. A terminologia usada para
descrever as atividades de alon-
gamento por FPN tem variado
consideravelmente, incluindo o
uso de novos termos como: con-
trair-relaxar, manter-relaxar,
manter em reversão lenta-rela-
xar, contração do agonista, con-
trair—relaxar com contração do
agonista e manter—relaxar com
contração do agonista. Além
disso, às vezes, se usa o mesmo
termo para diferentes técnicas
de alongamento por FPN, por-
tanto três técnicas de alonga-
mento por FPN vão ser defini-
das como: manter-relaxar, con-
trair-relaxar e manter em rever-
são lenta-relaxar (ALLSEN,
1999).
Na técnica manter-relaxar, o
profissional move passivamen-
te o membro a ser alongado até
o final da amplitude de movi-
mento. Uma vez atingido o final
da amplitude de movimento, o
paciente aplica uma contração
isométrica, no músculo que se
quer alongar, contra resistência
imposta pelo profissional por 6s,
após a remoção da contração o
músculo relaxa-se e o profissio-
nal aplica alongamento, manten-
do-o por cerca de 10 a 20s. Sem
abaixar o membro, pode-se re-
petir este processo de três a cin-
co vezes, para então retorná-lo
ao seu posicionamento inicial. A
contração isométrica do músculo
que está sendo alongado acarre-
ta um aumento da tensão nesse
músculo, o que estimula o ór-
gão tendinoso de golgi. O OTG
causa então um relaxamento re-
flexo do músculo (inibição
autógena) antes que o músculo
seja movido a uma nova posição
de alongamento e alongado pas-
sivamente (ALLSEN, 1999).
Uma outra técnica utili-
zada é contrair-relaxar, em que
se faz o mesmo procedimento
da técnica anterior, assim o
profissional solicita ao paciente
para tentar executar uma con-
5Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.
tração concêntrica do músculo
oposto ao músculo que está sen-
do alongado, causando um alon-
gamento maior, ou seja, em
qualquer grupo muscular
sinérgico uma contração do
agonista causa um relaxamento
reflexo do músculo antagonista,
possibilitando ao músculo anta-
gonista relaxar para um alonga-
mento mais eficaz (inibição re-
cíproca). Enquanto o paciente
executa a contração concêntri-
ca do músculo, causando um
alongamento maior, o profissi-
onal aproveita qualquer ampli-
tude de movimento que tenha
sido ganha, mantendo, assim, o
membro na nova posição de
alongamento, o profissional
pede ao paciente a relaxar e
manter a posição por 10 a 20 s.
Sem abaixar o membro, pode-
se repetir a técnica de três a cin-
co vezes para retorná-la a posi-
ção inicial (ALLSEN, 1999).
A técnica de manter em
reversão lenta-relaxar segue os
mesmos procedimentos das téc-
nicas anteriores, em que o paci-
ente aplica uma força isométrica
contra o profissional por 6s, con-
traindo assim o músculo a ser
alongado (inibição autógena).
Depois da contração isométrica
do músculo, o profissional soli-
cita ao paciente para tentar exe-
cutar uma contração concêntri-
ca do músculo oposto, causando
um alongamento maior (inibição
recíproca), aproveitando qual-
quer amplitude de movimento
que tenha sido ganha, mantendo
o membro na nova posição de
alongamento, o profissional so-
licita ao paciente relaxar e man-
ter a posição por 10 a 20 s. Sem
retornar a posição inicial, pode-
se repetir a técnica três a cinco
vezes e depois retornar ao
posicionamento inicial. Portan-
to as técnicas de alongamento
por FPN são eficazes em au-
mentar a flexibilidade muscular,
a escolha da técnica depende da
situação apresentada pelo paci-
ente (ALLSEN, 1999).
EFEITOS DO
ALONGAMENTO
Os efeitos do alonga-
mento se dividem em agudos e
crônicos, pois os agudos ou ime-
diatos são resultado da
flexibilização do componente
elástico da unidade
musculotendinosa, obtidos com
exercícios sistemáticos de alon-
gamento. Os efeitos crônicos ou
a longo prazo são o acréscimo
no número de sarcômeros que
implica o aumento do compri-
mento muscular. Estes efeitos
podem permanecer por determi-
nado período após a interrupção
dos exercícios (HALL;
BRODY,2001).
De acordo com
Sobierajski (2004) existem ou-
tros efeitos promovidos pelos
exercícios de alongamento
como: redução de tensões
musculares,prevenção de lesões
como as distensões,
estiramentos (a capacidade de
um tecido em se moldar às ten-
sões diminui a probabilidade de
lesão), auxílio na recuperação
muscular após uma atividade fí-
sica, desenvolvimento de cons-
ciência corporal, benefícioa
coordenação por tornar os mo-
vimentos mais soltos e fáceis e
a ativação da circulação.
As técnicas de FNP po-
dem ter melhores resultados que
as estáticas ou balísticas para
produzir efeitos agudos sobre a
amplitude dinâmica de movi-
mento (HALL; BRODY, 2001).
INDICAÇÕES DO
ALONGAMENTO
Segundo Kisner (1998)
as indicações do alongamento
são quando a amplitude de mo-
vimento está limitada como re-
sultado de contraturas, adesões
e formações de tecido
cicatricial, levando ao encurta-
mento de músculos, tecido
conectivo e pele; quando as li-
mitações podem levar a defor-
midades estruturais que podem
ser prevenidas; quando as
contraturas interferem com as
atividades funcionais cotidianas;
quando existe fraqueza muscu-
lar e retração nos tecidos opos-
tos. Os músculos retraídos de-
vem ser alongados antes que os
músculos fracos possam ser efe-
tivamente fortalecidos.
6 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.
CONTRA-INDICAÇÕES
Existem algumas con-
tra-indicações para o uso das
técnicas de alongamento segun-
do Kisner (1998) quando um blo-
queio ósseo limita a mobilidade
articular ou após uma fratura
recente, evidências de proces-
sos inflamatórios ou infeccioso
agudo intra ou extra-articular e
sensação de dor, trauma nos te-
cidos ou quando existem
contraturas ou os tecidos moles
encurtados estiverem promoven-
do aumento na estabilidade arti-
cular em substituição a estabili-
dade estrutural normal ou quan-
do forem a base de habilidade
funcionais, principalmente em
pacientes com paralisia ou fra-
queza muscular.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Os conhecimentos so-
bre a biomecânica dos tecidos
moles são de grande valia para
a aplicação das técnicas de alon-
gamento muscular em vários
casos.
Apesar da variabilidade
de técnicas cada uma possui sua
particularidade, não havendo um
ponto comum entre elas, e po-
dem ser comparadas em rela-
ção ao seu grau de eficiência .
segundo Hall e Brody (2001), as
técnicas de FNP são mais efi-
cazes, quando comparadas às
técnicas estáticas ou balísticas.
No entanto, não existem estudos
concretos que comprovem tal
eficiência.
Outro ponto a ser anali-
sado é o emprego do alongamen-
to balístico como forma de tera-
pia, ainda muito questionada em
relação a sua real eficácia du-
rante o programa de tratamen-
to. Apesar dos questionamentos
relacionados aos seus efeitos le-
sivos, essa técnica pode ser per-
feitamente aplicável a uma po-
pulação específica (atletas), que
possuem estrutura do aparelho
locomotor preparado para rece-
ber esse tipo de atividade. Sen-
do assim, ao contrabalançar
seus efeitos gerais, os benéficos
são relativamente maiores que
os lesivos.
Logo, se faz necessário
o conhecimento real a respeito
das várias técnicas levando-se
em consideração itens como:
procedimentos, precauções e
aplicabilidade; para que assim
se possa obter sucesso ao trata-
mento empregado.
REFERÊNCIAS:
ALLSEN, P. E; HARRINSON,
J. M; BARBARA, V. Exercí-
cio e qualidade de vida: uma
abordagem personalizada. 6.
ed. São Paulo: Manole, 1999.
ALTER, M. J. Ciência da fle-
xibilidade. 2.ed. Porto Alegre:
Artmed, 1999.
BANDY, D. W; SANDRES, B.
Exercícios terapêuticos: técni-
cas para intervenção. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan,
2003.
BIENFAIT, M. Os
desequilíbrios estáticos. 3. ed.
São Paulo: Summus, 1995.
_________. Fisiologia da tera-
pia manual. São Paulo:
Summus, 1989.
HALL, M. C; BRODY, T. L.
Exercícios terapêuticos: na
busca da função.Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2001
KISNER, C; COLBY, L. A.
Exercícios terapêuticos: funda-
mentos e técnicas. 3. ed. São
Paulo: Manole, 1998.
SOBIERAJSKI, F. Efeito do
alongamento. Disponível em:
<http//: www.corpohumano.
hpg. ig.com.br.> Acesso em:
13.abr.2004.
1Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.
ALONGAMENTO MUSCULAR: UMA
VERSÃO ATUALIZADA
Adélia Oliveira da Conceição 1
George Alberto da Silva Dias 2
* Acadêmica do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitora das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.
** Acadêmico do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitor das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.
*** Artigo realizado sob orientação da docente Mônica Cardoso da Cruz do curso de Fisioterapia na disciplina Cinésioterapia e Especialista
em Fisioterapia Neurofuncional.
RESUMO:
O presente artigo apresenta-se como revisão bibliográfica sobre alongamento muscular, abor-
dando seus principais conceitos, as características dos tecidos corporais envolvidos, principais
métodos e alguns cuidados necessários para a boa aplicação da terapia. Dessa forma o objetivo
do texto é desmistificar alguns aspectos sobre o assunto que possam interferir na boa pratica das
técnicas, favorecendo, assim, um melhor conhecimento sobre o assunto para os profissionais
da área da saúde, em especial aos fisioterapeutas.
2 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.
INTRODUÇÃO
O alongamento é uma
manobra terapêutica utilizada
para aumentar o comprimento
(alongar) de tecidos moles que
estejam encurtados (KISNER,
1998), podendo ser definido tam-
bém como técnica utilizada para
aumentar a extensibilidade
músculotendinosa e do tecido
conjuntivo periarticular, de tal
modo contribuindo para aumen-
tar a flexibilidade articular
(HALL; BRODY, 2001).
A flexibilidade sofre in-
fluência de três fatores princi-
pais: a estrutura óssea da arti-
culação, a quantidade de tecido
periarticular e a extensibilidade
de tendões, ligamentos e tecido
muscular que cruzam a articu-
lação (ALLSEN, 1999). Com a
diminuição da extensibilidade o
músculo perde a capacidade de
se deformar, restringindo a am-
plitude articular na direção do
movimento do qual é antagonis-
ta (BRANDY, 2003), assim
como hábitos sedentários são um
dos maiores responsáveis pela
perda de flexibilidade, pois a
falta de uso da estrutura em ar-
cos extremos de movimento ar-
ticular resulta na adaptação dos
tecidos conjuntivos a compri-
mentos menores com conse-
qüente perda da extensibilidade.
Além disso, a redução da flexi-
bilidade sendo responsável por
movimentos corporais incorre-
tos contribui para o uso viciosos
da estrutura anatômica gerando
estresse mecânico e predispon-
do a lesões cumulativas do apa-
relho locomotor (ALLSEN,
1999).
As atividades de flexibi-
lidade são comumente recomen-
dadas como atividade pré-aque-
cimento ou como procedimento
pós-aquecimento conforme é
recomendado pelos autores
(BRANDY, 2003), (HALL;
BRODY, 2001) e
(ALLSEN,1999), são utilizados
também para manter o funcio-
namento normal do músculo evi-
tando lesões, melhorar o desem-
penho de atletas e auxiliar na
reabilitação pós lesão. Como
conduta terapêutica é indicado
para aumentar a amplitude arti-
cular, quando a causa de restri-
ção de ADM for o componente
musculotendineo (BRADY,
2003).
Tendo em vista estes
aspectos, as manobras de flexi-
bilidade articular são de grande
utilidade na pratica diária da fi-
sioterapia, já que constantemen-
te estes profissionais lidam com
pacientes que apresentam res-
trição de amplitude articular
decorrentes de fatores intrínse-
cos ou extrínsecos, por isso se
faz necessário o conhecimento
claro e objetivo deste assunto,
esclarecendo pontos de vista ou
pensamentos errôneos a respei-
to desta técnica, que possam in-
terferir na boa prática das ma-
nobras que podem ser utilizadas
para o ganho de flexibilidade
articular.
PROPRIEDADES DOS
TECIDOS MOLES
Os métodos de alonga-
mento empregados nas disci-
plinas de atletismo, dança, fisi-
oterapia e ioga podem variar
bastante. Contudo, determinado
conhecimento é necessário em
todas essas disciplinas. Um co-
nhecimento básico do mecanis-
mo neuromuscular normal, in-
cluindo desenvolvimento motor,
anatomia, neurofisiologia e
cinesiologia, é muito útil, se não
essencial. Alémdisso, qualquer
que seja o método de alongamen-
to usado, o profissional da área
da saúde deve estar completa-
mente familiarizado com a es-
trutura e a função da articula-
ção em questão. O profissional
deve saber não somente o grau
de limitação do movimento, mas
também quais tecidos são res-
ponsáveis pelas limitações
(ALTER, 1999).
Os tecidos moles vari-
am em características físicas e
mecânicas. Tanto os tecidos
contráteis como os não-
contráteis são extensíveis e elás-
ticos, mas os tecidos contráteis
também são contraíveis.
Contratilidade é a habilidade de
um músculo para encurtar e
desenvolver tensão ao longo de
sua extensão. Distensibilidade
(comumente conhecida como
extensibilidade) é a proprieda-
de do tecido muscular em au-
mentar o comprimento em res-
posta a uma força aplicada ex-
ternamente (ALTER, 1999).
3Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.
Assim quanto menor a
distensibilidade de um tecido
mole, maior deve ser a força
que pode produzir um alonga-
mento. Um tecido de alta
distensibilidade não pode resis-
tir a uma força de alongamen-
to, assim como um tecido que é
muito rígido, e precisará de uma
força maior que o tecido me-
nos rígido para produzir o mes-
mo grau de deformação. As-
sim, os tecidos moles com mai-
or rigidez são menos suscetí-
veis a lesões como distensões e
entorses (ALTER, 1999).
Os tecidos moles não
são perfeitamente elásticos.
Além do seu limite elástico, eles
não podem retornar a seu com-
primento original uma vez que
a força de alongamento é remo-
vida. A diferença entre o com-
primento original e o novo com-
primento é chamada de disposi-
ção permanente (alongamento
plástico ou deformação) e
correlaciona-se a uma lesão
tecidual menor (ALTER, 1999).
Os tecidos não
contráteis são constituídos prin-
cipalmente por colágeno, uma
proteína mais abundante nos
mamíferos que é um componen-
te estrutural principal do tecido
vivo. Nos vertebrados, por
exemplo, o colágeno constitui
um terço ou mais das proteínas
totais do corpo. As fibras
colagenosas aparecem sem cor
e esbranquiçadas. Elas são ar-
ranjadas em feixes e, exceto sob
tensão, atravessam um cami-
nho caracteristicamente ondu-
lado. As fibras colágenas só são
capazes de um leve grau de
extensibilidade. Elas são, con-
tudo muito resistente ao estresse
de tração. Logo, são os princi-
pais constituintes de estruturas,
como ligamentos e tendões que
são submetidos a uma força de
tração (ALTER, 1999). Portan-
to de acordo com as modifica-
ções ocorridas no tecido conjun-
tivo derivam de tensões a ele
impostas, se a tensão for pro-
longada e contínua as molécu-
las e os feixes do tecido conjun-
tivo se alongam (BIENFAIT,
1995).
MÉTODOS DE
ALONGAMENTO
Existem três tipos bási-
cos de alongamento, o estático,
o balístico e por facilitação
neuromuscular proprioceptiva
(FNP). No método de alonga-
mento estático, músculos e te-
cidos são estirados e mantidos
em posição estacionária em seu
maior comprimento possível por
um período de 15 a 60 segundos
(HALL, BRODY, 2001). Já de
acordo com Brandy (2003), o
procedimento realizado é alon-
gar o músculo de forma lenta e
gradual. A baixa velocidade de
alongamento do músculo evita a
resposta neurológica do reflexo
do estiramento e estimula a ati-
vidade dos órgãos tendinosos de
golgi facilitando o alongamento
muscular, o arco de movimento
de ser mantido por um tempo de
no mínimo 15 segundos e no
máximo 60 segundos, para que
haja adaptação das fibras ao novo
comprimento.Nessa posição
uma leve tensão deve ser per-
cebida, o alongamento progride,
aumentando de intensidade, à
medida que o paciente se adapta
a posição para então adquirir um
novo posicionamento.
Dentre as vantagens do
alongamento estático Allsen
(1999), descreve que contribui
para o alivio das dores muscu-
lares e para melhora da flexibi-
lidade, já Hall e Brody (2001)
acrescentam que reduzem o gas-
to de energia global, diminuem
a possibilidade de ultrapassar a
extensibilidade tecidual e dimi-
nui a possibilidade de causar
dores musculares, Brandy
(2003) afirma também que ele
reduz a atividade dos fusos mus-
culares e aumenta consideravel-
mente a atividade dos órgãos
tendinosos de golgi (OTG).
O alongamento Balís-
tico, o músculo é levado a se
contrair e relaxar de forma rá-
pida e repetida, levando a
deflagração de estímulos que
mandam o músculo contrair ao
invés de relaxar (reflexo de
estiramento), aumentando a pos-
sibilidade de causar micro lesões
que posteriormente podem inter-
ferir no bom funcionamento do
músculo. Apesar disso, esse tipo
de técnica tem eficácia para
melhora da flexibilidade de uma
população restrita (atletas), uma
vez que para um bom rendimen-
to em atividades dinâmicas são
necessárias atividades balísti-
cas. Para tanto se sugere um
programa de flexibilidade dinâ-
4 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.
mico em que o individuo passa
por uma serie de alongamentos
balísticos, onde se varia a velo-
cidade (lento – rápido) e a am-
plitude de movimento (arco
completo ou incompleto), sendo
que antes desse programa o
individuo passa por uma serie de
alongamentos estáticos até pro-
gredir para as atividades balís-
ticas de baixa, média e alta ve-
locidade (BRADY, 2003).
Allsen (1999), concorda
com o autor quando ele se refe-
re à reação muscular ao alon-
gamento balístico e possibilida-
de de lesões, mas acrescenta
que seus efeitos benéficos podem
ser potencializados quando rea-
lizados como atividade pós-
aquecimento, pois a temperatu-
ra dos tecidos encontram-se
mais elevada, tornando-os mais
maleáveis e menos passiveis de
lesão. Acredita-se, também,
que o condicionamento possa
afrouxar as conexões de actina-
miosina aumentando a eficácia
do alongamento (HALL;
BRODY, 2001).
Um dos tópicos mais
controversos da ciência dos es-
portes é o valor relativo dos pro-
gramas de alongamento balístico
versus estático para desenvolver
a flexibilidade. A controvérsia
é complicada pela falta de pes-
quisa sobre a flexibilidade balís-
tica. O alongamento balístico é
difícil de avaliar por causa da
necessidade de equipamento
elaborado e habilidade técnica
na mensuração da força que é
requerida para mover a articu-
lação através de sua amplitude
de movimento em ambas as ve-
locidades, rápida e lenta
(STAMFORD, 1981). Há, con-
tudo, uma quantidade considerá-
vel de pesquisas indicando que
ambos os métodos, balístico e
estático, são eficazes no desen-
volvimento da flexibilidade
(CORBIN e NOBLE, 1980;
LOGAN e EGSTROM, 1961;
SADY, WORTMAN e
BLANKE, 1982; STAMFORD,
1981; WEBER e KRAUS, 1949,
apud ALTER, 1999).
O alongamento por fa-
cilitação proprioceptiva
neuromuscular é a outra técni-
ca utilizada, que de acordo com
Knott e Voss, as técnicas de
FPN são métodos “para promo-
ver ou acelerar a resposta de um
mecanismo neuromuscular pela
estimulação de
proprioceptores”. Com base
nesses conceitos de influenciar
a resposta muscular, podem-se
usar as técnicas de FPN para
fortalecer os músculos e aumen-
tar sua flexibilidade articular
(ALLSEN, 1999).
Uma contração breve
antes de um alongamento estáti-
co do músculo é o ponto chave
para as técnicas de FPN para
aumentar a flexibilidade muscu-
lar. A terminologia usada para
descrever as atividades de alon-
gamento por FPN tem variado
consideravelmente, incluindo o
uso de novos termos como: con-
trair-relaxar, manter-relaxar,
manter em reversão lenta-rela-
xar, contração do agonista, con-
trair—relaxar com contração do
agonista e manter—relaxar com
contração do agonista. Além
disso, às vezes, se usa o mesmo
termo para diferentes técnicas
de alongamento por FPN, por-
tanto três técnicas de alonga-
mento por FPN vão ser defini-
das como: manter-relaxar, con-
trair-relaxar e manter em rever-
são lenta-relaxar (ALLSEN,
1999).
Na técnica manter-relaxar,o
profissional move passivamen-
te o membro a ser alongado até
o final da amplitude de movi-
mento. Uma vez atingido o final
da amplitude de movimento, o
paciente aplica uma contração
isométrica, no músculo que se
quer alongar, contra resistência
imposta pelo profissional por 6s,
após a remoção da contração o
músculo relaxa-se e o profissio-
nal aplica alongamento, manten-
do-o por cerca de 10 a 20s. Sem
abaixar o membro, pode-se re-
petir este processo de três a cin-
co vezes, para então retorná-lo
ao seu posicionamento inicial. A
contração isométrica do músculo
que está sendo alongado acarre-
ta um aumento da tensão nesse
músculo, o que estimula o ór-
gão tendinoso de golgi. O OTG
causa então um relaxamento re-
flexo do músculo (inibição
autógena) antes que o músculo
seja movido a uma nova posição
de alongamento e alongado pas-
sivamente (ALLSEN, 1999).
Uma outra técnica utili-
zada é contrair-relaxar, em que
se faz o mesmo procedimento
da técnica anterior, assim o
profissional solicita ao paciente
para tentar executar uma con-
5Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.
tração concêntrica do músculo
oposto ao músculo que está sen-
do alongado, causando um alon-
gamento maior, ou seja, em
qualquer grupo muscular
sinérgico uma contração do
agonista causa um relaxamento
reflexo do músculo antagonista,
possibilitando ao músculo anta-
gonista relaxar para um alonga-
mento mais eficaz (inibição re-
cíproca). Enquanto o paciente
executa a contração concêntri-
ca do músculo, causando um
alongamento maior, o profissi-
onal aproveita qualquer ampli-
tude de movimento que tenha
sido ganha, mantendo, assim, o
membro na nova posição de
alongamento, o profissional
pede ao paciente a relaxar e
manter a posição por 10 a 20 s.
Sem abaixar o membro, pode-
se repetir a técnica de três a cin-
co vezes para retorná-la a posi-
ção inicial (ALLSEN, 1999).
A técnica de manter em
reversão lenta-relaxar segue os
mesmos procedimentos das téc-
nicas anteriores, em que o paci-
ente aplica uma força isométrica
contra o profissional por 6s, con-
traindo assim o músculo a ser
alongado (inibição autógena).
Depois da contração isométrica
do músculo, o profissional soli-
cita ao paciente para tentar exe-
cutar uma contração concêntri-
ca do músculo oposto, causando
um alongamento maior (inibição
recíproca), aproveitando qual-
quer amplitude de movimento
que tenha sido ganha, mantendo
o membro na nova posição de
alongamento, o profissional so-
licita ao paciente relaxar e man-
ter a posição por 10 a 20 s. Sem
retornar a posição inicial, pode-
se repetir a técnica três a cinco
vezes e depois retornar ao
posicionamento inicial. Portan-
to as técnicas de alongamento
por FPN são eficazes em au-
mentar a flexibilidade muscular,
a escolha da técnica depende da
situação apresentada pelo paci-
ente (ALLSEN, 1999).
EFEITOS DO
ALONGAMENTO
Os efeitos do alonga-
mento se dividem em agudos e
crônicos, pois os agudos ou ime-
diatos são resultado da
flexibilização do componente
elástico da unidade
musculotendinosa, obtidos com
exercícios sistemáticos de alon-
gamento. Os efeitos crônicos ou
a longo prazo são o acréscimo
no número de sarcômeros que
implica o aumento do compri-
mento muscular. Estes efeitos
podem permanecer por determi-
nado período após a interrupção
dos exercícios (HALL;
BRODY,2001).
De acordo com
Sobierajski (2004) existem ou-
tros efeitos promovidos pelos
exercícios de alongamento
como: redução de tensões
musculares,prevenção de lesões
como as distensões,
estiramentos (a capacidade de
um tecido em se moldar às ten-
sões diminui a probabilidade de
lesão), auxílio na recuperação
muscular após uma atividade fí-
sica, desenvolvimento de cons-
ciência corporal, benefício a
coordenação por tornar os mo-
vimentos mais soltos e fáceis e
a ativação da circulação.
As técnicas de FNP po-
dem ter melhores resultados que
as estáticas ou balísticas para
produzir efeitos agudos sobre a
amplitude dinâmica de movi-
mento (HALL; BRODY, 2001).
INDICAÇÕES DO
ALONGAMENTO
Segundo Kisner (1998)
as indicações do alongamento
são quando a amplitude de mo-
vimento está limitada como re-
sultado de contraturas, adesões
e formações de tecido
cicatricial, levando ao encurta-
mento de músculos, tecido
conectivo e pele; quando as li-
mitações podem levar a defor-
midades estruturais que podem
ser prevenidas; quando as
contraturas interferem com as
atividades funcionais cotidianas;
quando existe fraqueza muscu-
lar e retração nos tecidos opos-
tos. Os músculos retraídos de-
vem ser alongados antes que os
músculos fracos possam ser efe-
tivamente fortalecidos.
6 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.
CONTRA-INDICAÇÕES
Existem algumas con-
tra-indicações para o uso das
técnicas de alongamento segun-
do Kisner (1998) quando um blo-
queio ósseo limita a mobilidade
articular ou após uma fratura
recente, evidências de proces-
sos inflamatórios ou infeccioso
agudo intra ou extra-articular e
sensação de dor, trauma nos te-
cidos ou quando existem
contraturas ou os tecidos moles
encurtados estiverem promoven-
do aumento na estabilidade arti-
cular em substituição a estabili-
dade estrutural normal ou quan-
do forem a base de habilidade
funcionais, principalmente em
pacientes com paralisia ou fra-
queza muscular.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Os conhecimentos so-
bre a biomecânica dos tecidos
moles são de grande valia para
a aplicação das técnicas de alon-
gamento muscular em vários
casos.
Apesar da variabilidade
de técnicas cada uma possui sua
particularidade, não havendo um
ponto comum entre elas, e po-
dem ser comparadas em rela-
ção ao seu grau de eficiência .
segundo Hall e Brody (2001), as
técnicas de FNP são mais efi-
cazes, quando comparadas às
técnicas estáticas ou balísticas.
No entanto, não existem estudos
concretos que comprovem tal
eficiência.
Outro ponto a ser anali-
sado é o emprego do alongamen-
to balístico como forma de tera-
pia, ainda muito questionada em
relação a sua real eficácia du-
rante o programa de tratamen-
to. Apesar dos questionamentos
relacionados aos seus efeitos le-
sivos, essa técnica pode ser per-
feitamente aplicável a uma po-
pulação específica (atletas), que
possuem estrutura do aparelho
locomotor preparado para rece-
ber esse tipo de atividade. Sen-
do assim, ao contrabalançar
seus efeitos gerais, os benéficos
são relativamente maiores que
os lesivos.
Logo, se faz necessário
o conhecimento real a respeito
das várias técnicas levando-se
em consideração itens como:
procedimentos, precauções e
aplicabilidade; para que assim
se possa obter sucesso ao trata-
mento empregado.
REFERÊNCIAS:
ALLSEN, P. E; HARRINSON,
J. M; BARBARA, V. Exercí-
cio e qualidade de vida: uma
abordagem personalizada. 6.
ed. São Paulo: Manole, 1999.
ALTER, M. J. Ciência da fle-
xibilidade. 2.ed. Porto Alegre:
Artmed, 1999.
BANDY, D. W; SANDRES, B.
Exercícios terapêuticos: técni-
cas para intervenção. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan,
2003.
BIENFAIT, M. Os
desequilíbrios estáticos. 3. ed.
São Paulo: Summus, 1995.
_________. Fisiologia da tera-
pia manual. São Paulo:
Summus, 1989.
HALL, M. C; BRODY, T. L.
Exercícios terapêuticos: na
busca da função.Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2001
KISNER, C; COLBY, L. A.
Exercícios terapêuticos: funda-
mentos e técnicas. 3. ed. São
Paulo: Manole, 1998.
SOBIERAJSKI, F. Efeito do
alongamento. Disponível em:
<http//: www.corpohumano.
hpg. ig.com.br.> Acesso em:
13.abr.2004.
1Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.
ALONGAMENTO MUSCULAR: UMA
VERSÃO ATUALIZADA
Adélia Oliveira da Conceição 1
George Alberto da Silva Dias 2
* Acadêmica do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitora das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.
** Acadêmico do3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitor das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.
*** Artigo realizado sob orientação da docente Mônica Cardoso da Cruz do curso de Fisioterapia na disciplina Cinésioterapia e Especialista
em Fisioterapia Neurofuncional.
RESUMO:
O presente artigo apresenta-se como revisão bibliográfica sobre alongamento muscular, abor-
dando seus principais conceitos, as características dos tecidos corporais envolvidos, principais
métodos e alguns cuidados necessários para a boa aplicação da terapia. Dessa forma o objetivo
do texto é desmistificar alguns aspectos sobre o assunto que possam interferir na boa pratica das
técnicas, favorecendo, assim, um melhor conhecimento sobre o assunto para os profissionais
da área da saúde, em especial aos fisioterapeutas.
2 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.
INTRODUÇÃO
O alongamento é uma
manobra terapêutica utilizada
para aumentar o comprimento
(alongar) de tecidos moles que
estejam encurtados (KISNER,
1998), podendo ser definido tam-
bém como técnica utilizada para
aumentar a extensibilidade
músculotendinosa e do tecido
conjuntivo periarticular, de tal
modo contribuindo para aumen-
tar a flexibilidade articular
(HALL; BRODY, 2001).
A flexibilidade sofre in-
fluência de três fatores princi-
pais: a estrutura óssea da arti-
culação, a quantidade de tecido
periarticular e a extensibilidade
de tendões, ligamentos e tecido
muscular que cruzam a articu-
lação (ALLSEN, 1999). Com a
diminuição da extensibilidade o
músculo perde a capacidade de
se deformar, restringindo a am-
plitude articular na direção do
movimento do qual é antagonis-
ta (BRANDY, 2003), assim
como hábitos sedentários são um
dos maiores responsáveis pela
perda de flexibilidade, pois a
falta de uso da estrutura em ar-
cos extremos de movimento ar-
ticular resulta na adaptação dos
tecidos conjuntivos a compri-
mentos menores com conse-
qüente perda da extensibilidade.
Além disso, a redução da flexi-
bilidade sendo responsável por
movimentos corporais incorre-
tos contribui para o uso viciosos
da estrutura anatômica gerando
estresse mecânico e predispon-
do a lesões cumulativas do apa-
relho locomotor (ALLSEN,
1999).
As atividades de flexibi-
lidade são comumente recomen-
dadas como atividade pré-aque-
cimento ou como procedimento
pós-aquecimento conforme é
recomendado pelos autores
(BRANDY, 2003), (HALL;
BRODY, 2001) e
(ALLSEN,1999), são utilizados
também para manter o funcio-
namento normal do músculo evi-
tando lesões, melhorar o desem-
penho de atletas e auxiliar na
reabilitação pós lesão. Como
conduta terapêutica é indicado
para aumentar a amplitude arti-
cular, quando a causa de restri-
ção de ADM for o componente
musculotendineo (BRADY,
2003).
Tendo em vista estes
aspectos, as manobras de flexi-
bilidade articular são de grande
utilidade na pratica diária da fi-
sioterapia, já que constantemen-
te estes profissionais lidam com
pacientes que apresentam res-
trição de amplitude articular
decorrentes de fatores intrínse-
cos ou extrínsecos, por isso se
faz necessário o conhecimento
claro e objetivo deste assunto,
esclarecendo pontos de vista ou
pensamentos errôneos a respei-
to desta técnica, que possam in-
terferir na boa prática das ma-
nobras que podem ser utilizadas
para o ganho de flexibilidade
articular.
PROPRIEDADES DOS
TECIDOS MOLES
Os métodos de alonga-
mento empregados nas disci-
plinas de atletismo, dança, fisi-
oterapia e ioga podem variar
bastante. Contudo, determinado
conhecimento é necessário em
todas essas disciplinas. Um co-
nhecimento básico do mecanis-
mo neuromuscular normal, in-
cluindo desenvolvimento motor,
anatomia, neurofisiologia e
cinesiologia, é muito útil, se não
essencial. Além disso, qualquer
que seja o método de alongamen-
to usado, o profissional da área
da saúde deve estar completa-
mente familiarizado com a es-
trutura e a função da articula-
ção em questão. O profissional
deve saber não somente o grau
de limitação do movimento, mas
também quais tecidos são res-
ponsáveis pelas limitações
(ALTER, 1999).
Os tecidos moles vari-
am em características físicas e
mecânicas. Tanto os tecidos
contráteis como os não-
contráteis são extensíveis e elás-
ticos, mas os tecidos contráteis
também são contraíveis.
Contratilidade é a habilidade de
um músculo para encurtar e
desenvolver tensão ao longo de
sua extensão. Distensibilidade
(comumente conhecida como
extensibilidade) é a proprieda-
de do tecido muscular em au-
mentar o comprimento em res-
posta a uma força aplicada ex-
ternamente (ALTER, 1999).
3Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.
Assim quanto menor a
distensibilidade de um tecido
mole, maior deve ser a força
que pode produzir um alonga-
mento. Um tecido de alta
distensibilidade não pode resis-
tir a uma força de alongamen-
to, assim como um tecido que é
muito rígido, e precisará de uma
força maior que o tecido me-
nos rígido para produzir o mes-
mo grau de deformação. As-
sim, os tecidos moles com mai-
or rigidez são menos suscetí-
veis a lesões como distensões e
entorses (ALTER, 1999).
Os tecidos moles não
são perfeitamente elásticos.
Além do seu limite elástico, eles
não podem retornar a seu com-
primento original uma vez que
a força de alongamento é remo-
vida. A diferença entre o com-
primento original e o novo com-
primento é chamada de disposi-
ção permanente (alongamento
plástico ou deformação) e
correlaciona-se a uma lesão
tecidual menor (ALTER, 1999).
Os tecidos não
contráteis são constituídos prin-
cipalmente por colágeno, uma
proteína mais abundante nos
mamíferos que é um componen-
te estrutural principal do tecido
vivo. Nos vertebrados, por
exemplo, o colágeno constitui
um terço ou mais das proteínas
totais do corpo. As fibras
colagenosas aparecem sem cor
e esbranquiçadas. Elas são ar-
ranjadas em feixes e, exceto sob
tensão, atravessam um cami-
nho caracteristicamente ondu-
lado. As fibras colágenas só são
capazes de um leve grau de
extensibilidade. Elas são, con-
tudo muito resistente ao estresse
de tração. Logo, são os princi-
pais constituintes de estruturas,
como ligamentos e tendões que
são submetidos a uma força de
tração (ALTER, 1999). Portan-
to de acordo com as modifica-
ções ocorridas no tecido conjun-
tivo derivam de tensões a ele
impostas, se a tensão for pro-
longada e contínua as molécu-
las e os feixes do tecido conjun-
tivo se alongam (BIENFAIT,
1995).
MÉTODOS DE
ALONGAMENTO
Existem três tipos bási-
cos de alongamento, o estático,
o balístico e por facilitação
neuromuscular proprioceptiva
(FNP). No método de alonga-
mento estático, músculos e te-
cidos são estirados e mantidos
em posição estacionária em seu
maior comprimento possível por
um período de 15 a 60 segundos
(HALL, BRODY, 2001). Já de
acordo com Brandy (2003), o
procedimento realizado é alon-
gar o músculo de forma lenta e
gradual. A baixa velocidade de
alongamento do músculo evita a
resposta neurológica do reflexo
do estiramento e estimula a ati-
vidade dos órgãos tendinosos de
golgi facilitando o alongamento
muscular, o arco de movimento
de ser mantido por um tempo de
no mínimo 15 segundos e no
máximo 60 segundos, para que
haja adaptação das fibras ao novo
comprimento.Nessa posição
uma leve tensão deve ser per-
cebida, o alongamento progride,
aumentando de intensidade, à
medida que o paciente se adapta
a posição para então adquirir um
novo posicionamento.
Dentre as vantagens do
alongamento estático Allsen
(1999), descreve que contribui
para o alivio das dores muscu-
lares e para melhora da flexibi-
lidade, já Hall e Brody (2001)
acrescentam que reduzem o gas-
to de energia global, diminuem
a possibilidade de ultrapassar a
extensibilidade tecidual e dimi-
nui a possibilidade de causar
dores musculares, Brandy
(2003)afirma também que ele
reduz a atividade dos fusos mus-
culares e aumenta consideravel-
mente a atividade dos órgãos
tendinosos de golgi (OTG).
O alongamento Balís-
tico, o músculo é levado a se
contrair e relaxar de forma rá-
pida e repetida, levando a
deflagração de estímulos que
mandam o músculo contrair ao
invés de relaxar (reflexo de
estiramento), aumentando a pos-
sibilidade de causar micro lesões
que posteriormente podem inter-
ferir no bom funcionamento do
músculo. Apesar disso, esse tipo
de técnica tem eficácia para
melhora da flexibilidade de uma
população restrita (atletas), uma
vez que para um bom rendimen-
to em atividades dinâmicas são
necessárias atividades balísti-
cas. Para tanto se sugere um
programa de flexibilidade dinâ-
4 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.
mico em que o individuo passa
por uma serie de alongamentos
balísticos, onde se varia a velo-
cidade (lento – rápido) e a am-
plitude de movimento (arco
completo ou incompleto), sendo
que antes desse programa o
individuo passa por uma serie de
alongamentos estáticos até pro-
gredir para as atividades balís-
ticas de baixa, média e alta ve-
locidade (BRADY, 2003).
Allsen (1999), concorda
com o autor quando ele se refe-
re à reação muscular ao alon-
gamento balístico e possibilida-
de de lesões, mas acrescenta
que seus efeitos benéficos podem
ser potencializados quando rea-
lizados como atividade pós-
aquecimento, pois a temperatu-
ra dos tecidos encontram-se
mais elevada, tornando-os mais
maleáveis e menos passiveis de
lesão. Acredita-se, também,
que o condicionamento possa
afrouxar as conexões de actina-
miosina aumentando a eficácia
do alongamento (HALL;
BRODY, 2001).
Um dos tópicos mais
controversos da ciência dos es-
portes é o valor relativo dos pro-
gramas de alongamento balístico
versus estático para desenvolver
a flexibilidade. A controvérsia
é complicada pela falta de pes-
quisa sobre a flexibilidade balís-
tica. O alongamento balístico é
difícil de avaliar por causa da
necessidade de equipamento
elaborado e habilidade técnica
na mensuração da força que é
requerida para mover a articu-
lação através de sua amplitude
de movimento em ambas as ve-
locidades, rápida e lenta
(STAMFORD, 1981). Há, con-
tudo, uma quantidade considerá-
vel de pesquisas indicando que
ambos os métodos, balístico e
estático, são eficazes no desen-
volvimento da flexibilidade
(CORBIN e NOBLE, 1980;
LOGAN e EGSTROM, 1961;
SADY, WORTMAN e
BLANKE, 1982; STAMFORD,
1981; WEBER e KRAUS, 1949,
apud ALTER, 1999).
O alongamento por fa-
cilitação proprioceptiva
neuromuscular é a outra técni-
ca utilizada, que de acordo com
Knott e Voss, as técnicas de
FPN são métodos “para promo-
ver ou acelerar a resposta de um
mecanismo neuromuscular pela
estimulação de
proprioceptores”. Com base
nesses conceitos de influenciar
a resposta muscular, podem-se
usar as técnicas de FPN para
fortalecer os músculos e aumen-
tar sua flexibilidade articular
(ALLSEN, 1999).
Uma contração breve
antes de um alongamento estáti-
co do músculo é o ponto chave
para as técnicas de FPN para
aumentar a flexibilidade muscu-
lar. A terminologia usada para
descrever as atividades de alon-
gamento por FPN tem variado
consideravelmente, incluindo o
uso de novos termos como: con-
trair-relaxar, manter-relaxar,
manter em reversão lenta-rela-
xar, contração do agonista, con-
trair—relaxar com contração do
agonista e manter—relaxar com
contração do agonista. Além
disso, às vezes, se usa o mesmo
termo para diferentes técnicas
de alongamento por FPN, por-
tanto três técnicas de alonga-
mento por FPN vão ser defini-
das como: manter-relaxar, con-
trair-relaxar e manter em rever-
são lenta-relaxar (ALLSEN,
1999).
Na técnica manter-relaxar, o
profissional move passivamen-
te o membro a ser alongado até
o final da amplitude de movi-
mento. Uma vez atingido o final
da amplitude de movimento, o
paciente aplica uma contração
isométrica, no músculo que se
quer alongar, contra resistência
imposta pelo profissional por 6s,
após a remoção da contração o
músculo relaxa-se e o profissio-
nal aplica alongamento, manten-
do-o por cerca de 10 a 20s. Sem
abaixar o membro, pode-se re-
petir este processo de três a cin-
co vezes, para então retorná-lo
ao seu posicionamento inicial. A
contração isométrica do músculo
que está sendo alongado acarre-
ta um aumento da tensão nesse
músculo, o que estimula o ór-
gão tendinoso de golgi. O OTG
causa então um relaxamento re-
flexo do músculo (inibição
autógena) antes que o músculo
seja movido a uma nova posição
de alongamento e alongado pas-
sivamente (ALLSEN, 1999).
Uma outra técnica utili-
zada é contrair-relaxar, em que
se faz o mesmo procedimento
da técnica anterior, assim o
profissional solicita ao paciente
para tentar executar uma con-
5Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.
tração concêntrica do músculo
oposto ao músculo que está sen-
do alongado, causando um alon-
gamento maior, ou seja, em
qualquer grupo muscular
sinérgico uma contração do
agonista causa um relaxamento
reflexo do músculo antagonista,
possibilitando ao músculo anta-
gonista relaxar para um alonga-
mento mais eficaz (inibição re-
cíproca). Enquanto o paciente
executa a contração concêntri-
ca do músculo, causando um
alongamento maior, o profissi-
onal aproveita qualquer ampli-
tude de movimento que tenha
sido ganha, mantendo, assim, o
membro na nova posição de
alongamento, o profissional
pede ao paciente a relaxar e
manter a posição por 10 a 20 s.
Sem abaixar o membro, pode-
se repetir a técnica de três a cin-
co vezes para retorná-la a posi-
ção inicial (ALLSEN, 1999).
A técnica de manter em
reversão lenta-relaxar segue os
mesmos procedimentos das téc-
nicas anteriores, em que o paci-
ente aplica uma força isométrica
contra o profissional por 6s, con-
traindo assim o músculo a ser
alongado (inibição autógena).
Depois da contração isométrica
do músculo, o profissional soli-
cita ao paciente para tentar exe-
cutar uma contração concêntri-
ca do músculo oposto, causando
um alongamento maior (inibição
recíproca), aproveitando qual-
quer amplitude de movimento
que tenha sido ganha, mantendo
o membro na nova posição de
alongamento, o profissional so-
licita ao paciente relaxar e man-
ter a posição por 10 a 20 s. Sem
retornar a posição inicial, pode-
se repetir a técnica três a cinco
vezes e depois retornar ao
posicionamento inicial. Portan-
to as técnicas de alongamento
por FPN são eficazes em au-
mentar a flexibilidade muscular,
a escolha da técnica depende da
situação apresentada pelo paci-
ente (ALLSEN, 1999).
EFEITOS DO
ALONGAMENTO
Os efeitos do alonga-
mento se dividem em agudos e
crônicos, pois os agudos ou ime-
diatos são resultado da
flexibilização do componente
elástico da unidade
musculotendinosa, obtidos com
exercícios sistemáticos de alon-
gamento. Os efeitos crônicos ou
a longo prazo são o acréscimo
no número de sarcômeros que
implica o aumento do compri-
mento muscular. Estes efeitos
podem permanecer por determi-
nado período após a interrupção
dos exercícios (HALL;
BRODY,2001).
De acordo com
Sobierajski (2004) existem ou-
tros efeitos promovidos pelos
exercícios de alongamento
como: redução de tensões
musculares,prevenção de lesões
como as distensões,
estiramentos (a capacidade de
um tecido em se moldar às ten-
sões diminui a probabilidade de
lesão), auxílio na recuperação
muscular após uma atividade fí-
sica, desenvolvimento de cons-
ciência corporal, benefício a
coordenação por tornar os mo-
vimentos mais soltos e fáceis e
a ativação da circulação.
As técnicas de FNP po-
dem ter melhores resultados que
as estáticas ou balísticas para
produzir efeitos agudos sobre a
amplitude dinâmica de movi-
mento (HALL; BRODY, 2001).
INDICAÇÕES DO
ALONGAMENTO
SegundoKisner (1998)
as indicações do alongamento
são quando a amplitude de mo-
vimento está limitada como re-
sultado de contraturas, adesões
e formações de tecido
cicatricial, levando ao encurta-
mento de músculos, tecido
conectivo e pele; quando as li-
mitações podem levar a defor-
midades estruturais que podem
ser prevenidas; quando as
contraturas interferem com as
atividades funcionais cotidianas;
quando existe fraqueza muscu-
lar e retração nos tecidos opos-
tos. Os músculos retraídos de-
vem ser alongados antes que os
músculos fracos possam ser efe-
tivamente fortalecidos.
6 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.
CONTRA-INDICAÇÕES
Existem algumas con-
tra-indicações para o uso das
técnicas de alongamento segun-
do Kisner (1998) quando um blo-
queio ósseo limita a mobilidade
articular ou após uma fratura
recente, evidências de proces-
sos inflamatórios ou infeccioso
agudo intra ou extra-articular e
sensação de dor, trauma nos te-
cidos ou quando existem
contraturas ou os tecidos moles
encurtados estiverem promoven-
do aumento na estabilidade arti-
cular em substituição a estabili-
dade estrutural normal ou quan-
do forem a base de habilidade
funcionais, principalmente em
pacientes com paralisia ou fra-
queza muscular.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Os conhecimentos so-
bre a biomecânica dos tecidos
moles são de grande valia para
a aplicação das técnicas de alon-
gamento muscular em vários
casos.
Apesar da variabilidade
de técnicas cada uma possui sua
particularidade, não havendo um
ponto comum entre elas, e po-
dem ser comparadas em rela-
ção ao seu grau de eficiência .
segundo Hall e Brody (2001), as
técnicas de FNP são mais efi-
cazes, quando comparadas às
técnicas estáticas ou balísticas.
No entanto, não existem estudos
concretos que comprovem tal
eficiência.
Outro ponto a ser anali-
sado é o emprego do alongamen-
to balístico como forma de tera-
pia, ainda muito questionada em
relação a sua real eficácia du-
rante o programa de tratamen-
to. Apesar dos questionamentos
relacionados aos seus efeitos le-
sivos, essa técnica pode ser per-
feitamente aplicável a uma po-
pulação específica (atletas), que
possuem estrutura do aparelho
locomotor preparado para rece-
ber esse tipo de atividade. Sen-
do assim, ao contrabalançar
seus efeitos gerais, os benéficos
são relativamente maiores que
os lesivos.
Logo, se faz necessário
o conhecimento real a respeito
das várias técnicas levando-se
em consideração itens como:
procedimentos, precauções e
aplicabilidade; para que assim
se possa obter sucesso ao trata-
mento empregado.
REFERÊNCIAS:
ALLSEN, P. E; HARRINSON,
J. M; BARBARA, V. Exercí-
cio e qualidade de vida: uma
abordagem personalizada. 6.
ed. São Paulo: Manole, 1999.
ALTER, M. J. Ciência da fle-
xibilidade. 2.ed. Porto Alegre:
Artmed, 1999.
BANDY, D. W; SANDRES, B.
Exercícios terapêuticos: técni-
cas para intervenção. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan,
2003.
BIENFAIT, M. Os
desequilíbrios estáticos. 3. ed.
São Paulo: Summus, 1995.
_________. Fisiologia da tera-
pia manual. São Paulo:
Summus, 1989.
HALL, M. C; BRODY, T. L.
Exercícios terapêuticos: na
busca da função.Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2001
KISNER, C; COLBY, L. A.
Exercícios terapêuticos: funda-
mentos e técnicas. 3. ed. São
Paulo: Manole, 1998.
SOBIERAJSKI, F. Efeito do
alongamento. Disponível em:
<http//: www.corpohumano.
hpg. ig.com.br.> Acesso em:
13.abr.2004.
1Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.
ALONGAMENTO MUSCULAR: UMA
VERSÃO ATUALIZADA
Adélia Oliveira da Conceição 1
George Alberto da Silva Dias 2
* Acadêmica do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitora das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.
** Acadêmico do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitor das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.
*** Artigo realizado sob orientação da docente Mônica Cardoso da Cruz do curso de Fisioterapia na disciplina Cinésioterapia e Especialista
em Fisioterapia Neurofuncional.
RESUMO:
O presente artigo apresenta-se como revisão bibliográfica sobre alongamento muscular, abor-
dando seus principais conceitos, as características dos tecidos corporais envolvidos, principais
métodos e alguns cuidados necessários para a boa aplicação da terapia. Dessa forma o objetivo
do texto é desmistificar alguns aspectos sobre o assunto que possam interferir na boa pratica das
técnicas, favorecendo, assim, um melhor conhecimento sobre o assunto para os profissionais
da área da saúde, em especial aos fisioterapeutas.
2 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.
INTRODUÇÃO
O alongamento é uma
manobra terapêutica utilizada
para aumentar o comprimento
(alongar) de tecidos moles que
estejam encurtados (KISNER,
1998), podendo ser definido tam-
bém como técnica utilizada para
aumentar a extensibilidade
músculotendinosa e do tecido
conjuntivo periarticular, de tal
modo contribuindo para aumen-
tar a flexibilidade articular
(HALL; BRODY, 2001).
A flexibilidade sofre in-
fluência de três fatores princi-
pais: a estrutura óssea da arti-
culação, a quantidade de tecido
periarticular e a extensibilidade
de tendões, ligamentos e tecido
muscular que cruzam a articu-
lação (ALLSEN, 1999). Com a
diminuição da extensibilidade o
músculo perde a capacidade de
se deformar, restringindo a am-
plitude articular na direção do
movimento do qual é antagonis-
ta (BRANDY, 2003), assim
como hábitos sedentários são um
dos maiores responsáveis pela
perda de flexibilidade, pois a
falta de uso da estrutura em ar-
cos extremos de movimento ar-
ticular resulta na adaptação dos
tecidos conjuntivos a compri-
mentos menores com conse-
qüente perda da extensibilidade.
Além disso, a redução da flexi-
bilidade sendo responsável por
movimentos corporais incorre-
tos contribui para o uso viciosos
da estrutura anatômica gerando
estresse mecânico e predispon-
do a lesões cumulativas do apa-
relho locomotor (ALLSEN,
1999).
As atividades de flexibi-
lidade são comumente recomen-
dadas como atividade pré-aque-
cimento ou como procedimento
pós-aquecimento conforme é
recomendado pelos autores
(BRANDY, 2003), (HALL;
BRODY, 2001) e
(ALLSEN,1999), são utilizados
também para manter o funcio-
namento normal do músculo evi-
tando lesões, melhorar o desem-
penho de atletas e auxiliar na
reabilitação pós lesão. Como
conduta terapêutica é indicado
para aumentar a amplitude arti-
cular, quando a causa de restri-
ção de ADM for o componente
musculotendineo (BRADY,
2003).
Tendo em vista estes
aspectos, as manobras de flexi-
bilidade articular são de grande
utilidade na pratica diária da fi-
sioterapia, já que constantemen-
te estes profissionais lidam com
pacientes que apresentam res-
trição de amplitude articular
decorrentes de fatores intrínse-
cos ou extrínsecos, por isso se
faz necessário o conhecimento
claro e objetivo deste assunto,
esclarecendo pontos de vista ou
pensamentos errôneos a respei-
to desta técnica, que possam in-
terferir na boa prática das ma-
nobras que podem ser utilizadas
para o ganho de flexibilidade
articular.
PROPRIEDADES DOS
TECIDOS MOLES
Os métodos de alonga-
mento empregados nas disci-
plinas de atletismo, dança, fisi-
oterapia e ioga podem variar
bastante. Contudo, determinado
conhecimento é necessário em
todas essas disciplinas. Um co-
nhecimento básico do mecanis-
mo neuromuscular normal, in-
cluindo desenvolvimento motor,
anatomia, neurofisiologia e
cinesiologia, é muito útil, se não
essencial. Além disso, qualquer
que seja o método de alongamen-
to usado, o profissional da área
da saúde deve estar completa-
mente familiarizado com a es-
trutura e a função da articula-
ção em questão. O profissional
deve saber não somente o grau
de limitação do movimento, mas
também quais tecidos são res-
ponsáveispelas limitações
(ALTER, 1999).
Os tecidos moles vari-
am em características físicas e
mecânicas. Tanto os tecidos
contráteis como os não-
contráteis são extensíveis e elás-
ticos, mas os tecidos contráteis
também são contraíveis.
Contratilidade é a habilidade de
um músculo para encurtar e
desenvolver tensão ao longo de
sua extensão. Distensibilidade
(comumente conhecida como
extensibilidade) é a proprieda-
de do tecido muscular em au-
mentar o comprimento em res-
posta a uma força aplicada ex-
ternamente (ALTER, 1999).
3Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.
Assim quanto menor a
distensibilidade de um tecido
mole, maior deve ser a força
que pode produzir um alonga-
mento. Um tecido de alta
distensibilidade não pode resis-
tir a uma força de alongamen-
to, assim como um tecido que é
muito rígido, e precisará de uma
força maior que o tecido me-
nos rígido para produzir o mes-
mo grau de deformação. As-
sim, os tecidos moles com mai-
or rigidez são menos suscetí-
veis a lesões como distensões e
entorses (ALTER, 1999).
Os tecidos moles não
são perfeitamente elásticos.
Além do seu limite elástico, eles
não podem retornar a seu com-
primento original uma vez que
a força de alongamento é remo-
vida. A diferença entre o com-
primento original e o novo com-
primento é chamada de disposi-
ção permanente (alongamento
plástico ou deformação) e
correlaciona-se a uma lesão
tecidual menor (ALTER, 1999).
Os tecidos não
contráteis são constituídos prin-
cipalmente por colágeno, uma
proteína mais abundante nos
mamíferos que é um componen-
te estrutural principal do tecido
vivo. Nos vertebrados, por
exemplo, o colágeno constitui
um terço ou mais das proteínas
totais do corpo. As fibras
colagenosas aparecem sem cor
e esbranquiçadas. Elas são ar-
ranjadas em feixes e, exceto sob
tensão, atravessam um cami-
nho caracteristicamente ondu-
lado. As fibras colágenas só são
capazes de um leve grau de
extensibilidade. Elas são, con-
tudo muito resistente ao estresse
de tração. Logo, são os princi-
pais constituintes de estruturas,
como ligamentos e tendões que
são submetidos a uma força de
tração (ALTER, 1999). Portan-
to de acordo com as modifica-
ções ocorridas no tecido conjun-
tivo derivam de tensões a ele
impostas, se a tensão for pro-
longada e contínua as molécu-
las e os feixes do tecido conjun-
tivo se alongam (BIENFAIT,
1995).
MÉTODOS DE
ALONGAMENTO
Existem três tipos bási-
cos de alongamento, o estático,
o balístico e por facilitação
neuromuscular proprioceptiva
(FNP). No método de alonga-
mento estático, músculos e te-
cidos são estirados e mantidos
em posição estacionária em seu
maior comprimento possível por
um período de 15 a 60 segundos
(HALL, BRODY, 2001). Já de
acordo com Brandy (2003), o
procedimento realizado é alon-
gar o músculo de forma lenta e
gradual. A baixa velocidade de
alongamento do músculo evita a
resposta neurológica do reflexo
do estiramento e estimula a ati-
vidade dos órgãos tendinosos de
golgi facilitando o alongamento
muscular, o arco de movimento
de ser mantido por um tempo de
no mínimo 15 segundos e no
máximo 60 segundos, para que
haja adaptação das fibras ao novo
comprimento.Nessa posição
uma leve tensão deve ser per-
cebida, o alongamento progride,
aumentando de intensidade, à
medida que o paciente se adapta
a posição para então adquirir um
novo posicionamento.
Dentre as vantagens do
alongamento estático Allsen
(1999), descreve que contribui
para o alivio das dores muscu-
lares e para melhora da flexibi-
lidade, já Hall e Brody (2001)
acrescentam que reduzem o gas-
to de energia global, diminuem
a possibilidade de ultrapassar a
extensibilidade tecidual e dimi-
nui a possibilidade de causar
dores musculares, Brandy
(2003) afirma também que ele
reduz a atividade dos fusos mus-
culares e aumenta consideravel-
mente a atividade dos órgãos
tendinosos de golgi (OTG).
O alongamento Balís-
tico, o músculo é levado a se
contrair e relaxar de forma rá-
pida e repetida, levando a
deflagração de estímulos que
mandam o músculo contrair ao
invés de relaxar (reflexo de
estiramento), aumentando a pos-
sibilidade de causar micro lesões
que posteriormente podem inter-
ferir no bom funcionamento do
músculo. Apesar disso, esse tipo
de técnica tem eficácia para
melhora da flexibilidade de uma
população restrita (atletas), uma
vez que para um bom rendimen-
to em atividades dinâmicas são
necessárias atividades balísti-
cas. Para tanto se sugere um
programa de flexibilidade dinâ-
4 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.
mico em que o individuo passa
por uma serie de alongamentos
balísticos, onde se varia a velo-
cidade (lento – rápido) e a am-
plitude de movimento (arco
completo ou incompleto), sendo
que antes desse programa o
individuo passa por uma serie de
alongamentos estáticos até pro-
gredir para as atividades balís-
ticas de baixa, média e alta ve-
locidade (BRADY, 2003).
Allsen (1999), concorda
com o autor quando ele se refe-
re à reação muscular ao alon-
gamento balístico e possibilida-
de de lesões, mas acrescenta
que seus efeitos benéficos podem
ser potencializados quando rea-
lizados como atividade pós-
aquecimento, pois a temperatu-
ra dos tecidos encontram-se
mais elevada, tornando-os mais
maleáveis e menos passiveis de
lesão. Acredita-se, também,
que o condicionamento possa
afrouxar as conexões de actina-
miosina aumentando a eficácia
do alongamento (HALL;
BRODY, 2001).
Um dos tópicos mais
controversos da ciência dos es-
portes é o valor relativo dos pro-
gramas de alongamento balístico
versus estático para desenvolver
a flexibilidade. A controvérsia
é complicada pela falta de pes-
quisa sobre a flexibilidade balís-
tica. O alongamento balístico é
difícil de avaliar por causa da
necessidade de equipamento
elaborado e habilidade técnica
na mensuração da força que é
requerida para mover a articu-
lação através de sua amplitude
de movimento em ambas as ve-
locidades, rápida e lenta
(STAMFORD, 1981). Há, con-
tudo, uma quantidade considerá-
vel de pesquisas indicando que
ambos os métodos, balístico e
estático, são eficazes no desen-
volvimento da flexibilidade
(CORBIN e NOBLE, 1980;
LOGAN e EGSTROM, 1961;
SADY, WORTMAN e
BLANKE, 1982; STAMFORD,
1981; WEBER e KRAUS, 1949,
apud ALTER, 1999).
O alongamento por fa-
cilitação proprioceptiva
neuromuscular é a outra técni-
ca utilizada, que de acordo com
Knott e Voss, as técnicas de
FPN são métodos “para promo-
ver ou acelerar a resposta de um
mecanismo neuromuscular pela
estimulação de
proprioceptores”. Com base
nesses conceitos de influenciar
a resposta muscular, podem-se
usar as técnicas de FPN para
fortalecer os músculos e aumen-
tar sua flexibilidade articular
(ALLSEN, 1999).
Uma contração breve
antes de um alongamento estáti-
co do músculo é o ponto chave
para as técnicas de FPN para
aumentar a flexibilidade muscu-
lar. A terminologia usada para
descrever as atividades de alon-
gamento por FPN tem variado
consideravelmente, incluindo o
uso de novos termos como: con-
trair-relaxar, manter-relaxar,
manter em reversão lenta-rela-
xar, contração do agonista, con-
trair—relaxar com contração do
agonista e manter—relaxar com
contração do agonista. Além
disso, às vezes, se usa o mesmo
termo para diferentes técnicas
de alongamento por FPN, por-
tanto três técnicas de alonga-
mento por FPN vão ser defini-
das como: manter-relaxar, con-
trair-relaxar e manter em rever-
são lenta-relaxar (ALLSEN,
1999).
Na técnica manter-relaxar, o
profissional move passivamen-
te o membro a ser alongado até
o final da amplitude de movi-
mento. Uma vez atingido o final
da amplitude de movimento, o
paciente aplica uma contração
isométrica, no músculo que se
quer alongar, contra resistência
imposta pelo profissional por 6s,
após a remoção da contraçãoo
músculo relaxa-se e o profissio-
nal aplica alongamento, manten-
do-o por cerca de 10 a 20s. Sem
abaixar o membro, pode-se re-
petir este processo de três a cin-
co vezes, para então retorná-lo
ao seu posicionamento inicial. A
contração isométrica do músculo
que está sendo alongado acarre-
ta um aumento da tensão nesse
músculo, o que estimula o ór-
gão tendinoso de golgi. O OTG
causa então um relaxamento re-
flexo do músculo (inibição
autógena) antes que o músculo
seja movido a uma nova posição
de alongamento e alongado pas-
sivamente (ALLSEN, 1999).
Uma outra técnica utili-
zada é contrair-relaxar, em que
se faz o mesmo procedimento
da técnica anterior, assim o
profissional solicita ao paciente
para tentar executar uma con-
5Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.
tração concêntrica do músculo
oposto ao músculo que está sen-
do alongado, causando um alon-
gamento maior, ou seja, em
qualquer grupo muscular
sinérgico uma contração do
agonista causa um relaxamento
reflexo do músculo antagonista,
possibilitando ao músculo anta-
gonista relaxar para um alonga-
mento mais eficaz (inibição re-
cíproca). Enquanto o paciente
executa a contração concêntri-
ca do músculo, causando um
alongamento maior, o profissi-
onal aproveita qualquer ampli-
tude de movimento que tenha
sido ganha, mantendo, assim, o
membro na nova posição de
alongamento, o profissional
pede ao paciente a relaxar e
manter a posição por 10 a 20 s.
Sem abaixar o membro, pode-
se repetir a técnica de três a cin-
co vezes para retorná-la a posi-
ção inicial (ALLSEN, 1999).
A técnica de manter em
reversão lenta-relaxar segue os
mesmos procedimentos das téc-
nicas anteriores, em que o paci-
ente aplica uma força isométrica
contra o profissional por 6s, con-
traindo assim o músculo a ser
alongado (inibição autógena).
Depois da contração isométrica
do músculo, o profissional soli-
cita ao paciente para tentar exe-
cutar uma contração concêntri-
ca do músculo oposto, causando
um alongamento maior (inibição
recíproca), aproveitando qual-
quer amplitude de movimento
que tenha sido ganha, mantendo
o membro na nova posição de
alongamento, o profissional so-
licita ao paciente relaxar e man-
ter a posição por 10 a 20 s. Sem
retornar a posição inicial, pode-
se repetir a técnica três a cinco
vezes e depois retornar ao
posicionamento inicial. Portan-
to as técnicas de alongamento
por FPN são eficazes em au-
mentar a flexibilidade muscular,
a escolha da técnica depende da
situação apresentada pelo paci-
ente (ALLSEN, 1999).
EFEITOS DO
ALONGAMENTO
Os efeitos do alonga-
mento se dividem em agudos e
crônicos, pois os agudos ou ime-
diatos são resultado da
flexibilização do componente
elástico da unidade
musculotendinosa, obtidos com
exercícios sistemáticos de alon-
gamento. Os efeitos crônicos ou
a longo prazo são o acréscimo
no número de sarcômeros que
implica o aumento do compri-
mento muscular. Estes efeitos
podem permanecer por determi-
nado período após a interrupção
dos exercícios (HALL;
BRODY,2001).
De acordo com
Sobierajski (2004) existem ou-
tros efeitos promovidos pelos
exercícios de alongamento
como: redução de tensões
musculares,prevenção de lesões
como as distensões,
estiramentos (a capacidade de
um tecido em se moldar às ten-
sões diminui a probabilidade de
lesão), auxílio na recuperação
muscular após uma atividade fí-
sica, desenvolvimento de cons-
ciência corporal, benefício a
coordenação por tornar os mo-
vimentos mais soltos e fáceis e
a ativação da circulação.
As técnicas de FNP po-
dem ter melhores resultados que
as estáticas ou balísticas para
produzir efeitos agudos sobre a
amplitude dinâmica de movi-
mento (HALL; BRODY, 2001).
INDICAÇÕES DO
ALONGAMENTO
Segundo Kisner (1998)
as indicações do alongamento
são quando a amplitude de mo-
vimento está limitada como re-
sultado de contraturas, adesões
e formações de tecido
cicatricial, levando ao encurta-
mento de músculos, tecido
conectivo e pele; quando as li-
mitações podem levar a defor-
midades estruturais que podem
ser prevenidas; quando as
contraturas interferem com as
atividades funcionais cotidianas;
quando existe fraqueza muscu-
lar e retração nos tecidos opos-
tos. Os músculos retraídos de-
vem ser alongados antes que os
músculos fracos possam ser efe-
tivamente fortalecidos.
6 Lato& Sensu, Belém, v.5, n.1, p. 6, jun, 2004.
CONTRA-INDICAÇÕES
Existem algumas con-
tra-indicações para o uso das
técnicas de alongamento segun-
do Kisner (1998) quando um blo-
queio ósseo limita a mobilidade
articular ou após uma fratura
recente, evidências de proces-
sos inflamatórios ou infeccioso
agudo intra ou extra-articular e
sensação de dor, trauma nos te-
cidos ou quando existem
contraturas ou os tecidos moles
encurtados estiverem promoven-
do aumento na estabilidade arti-
cular em substituição a estabili-
dade estrutural normal ou quan-
do forem a base de habilidade
funcionais, principalmente em
pacientes com paralisia ou fra-
queza muscular.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Os conhecimentos so-
bre a biomecânica dos tecidos
moles são de grande valia para
a aplicação das técnicas de alon-
gamento muscular em vários
casos.
Apesar da variabilidade
de técnicas cada uma possui sua
particularidade, não havendo um
ponto comum entre elas, e po-
dem ser comparadas em rela-
ção ao seu grau de eficiência .
segundo Hall e Brody (2001), as
técnicas de FNP são mais efi-
cazes, quando comparadas às
técnicas estáticas ou balísticas.
No entanto, não existem estudos
concretos que comprovem tal
eficiência.
Outro ponto a ser anali-
sado é o emprego do alongamen-
to balístico como forma de tera-
pia, ainda muito questionada em
relação a sua real eficácia du-
rante o programa de tratamen-
to. Apesar dos questionamentos
relacionados aos seus efeitos le-
sivos, essa técnica pode ser per-
feitamente aplicável a uma po-
pulação específica (atletas), que
possuem estrutura do aparelho
locomotor preparado para rece-
ber esse tipo de atividade. Sen-
do assim, ao contrabalançar
seus efeitos gerais, os benéficos
são relativamente maiores que
os lesivos.
Logo, se faz necessário
o conhecimento real a respeito
das várias técnicas levando-se
em consideração itens como:
procedimentos, precauções e
aplicabilidade; para que assim
se possa obter sucesso ao trata-
mento empregado.
REFERÊNCIAS:
ALLSEN, P. E; HARRINSON,
J. M; BARBARA, V. Exercí-
cio e qualidade de vida: uma
abordagem personalizada. 6.
ed. São Paulo: Manole, 1999.
ALTER, M. J. Ciência da fle-
xibilidade. 2.ed. Porto Alegre:
Artmed, 1999.
BANDY, D. W; SANDRES, B.
Exercícios terapêuticos: técni-
cas para intervenção. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan,
2003.
BIENFAIT, M. Os
desequilíbrios estáticos. 3. ed.
São Paulo: Summus, 1995.
_________. Fisiologia da tera-
pia manual. São Paulo:
Summus, 1989.
HALL, M. C; BRODY, T. L.
Exercícios terapêuticos: na
busca da função.Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2001
KISNER, C; COLBY, L. A.
Exercícios terapêuticos: funda-
mentos e técnicas. 3. ed. São
Paulo: Manole, 1998.
SOBIERAJSKI, F. Efeito do
alongamento. Disponível em:
<http//: www.corpohumano.
hpg. ig.com.br.> Acesso em:
13.abr.2004.
1Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, jun, 2004.
ALONGAMENTO MUSCULAR: UMA
VERSÃO ATUALIZADA
Adélia Oliveira da Conceição 1
George Alberto da Silva Dias 2
* Acadêmica do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitora das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.
** Acadêmico do 3° ano do Curso de Fisioterapia. Monitor das Disciplinas Cinesioterapia e Recursos Terapêuticos Manuais.
*** Artigo realizado sob orientação da docente Mônica Cardoso da Cruz do curso de Fisioterapia na disciplina Cinésioterapia e Especialista
em Fisioterapia Neurofuncional.
RESUMO:
O presente artigo

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