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1 COSMETOLOGIA, SEMIOLOGIA E FARMACOLOGIA APLICADA A ESTÉTICA 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 FARMACOLOGIA GERAL: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E FARMACOCINÉTICA ...................................................................................... 4 FARMACODINÂMICA ..................................................................................... 6 MEDIADORES INFLAMATÓRIOS .................................................................. 8 CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM COSMETOLOGIA ................................ 10 IMUNOLOGIA CUTÂNEA E COSMETOTOXICIDADE: VISÃO GERAL ....... 14 SEMIOLOGIA GERAL: SINAIS VITAIS ......................................................... 21 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 30 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO Cosmetologia diz respeito a uma área farmacêutica dedicada ao desenvolvimento e acompanhamento de resultados e efeitos de produtos cosméticos, além da realização de pesquisas e análises referentes a esses produtos. Essa ciência estuda as diferentes formas e possibilidades de ação, aplicação e efeitos dos cosméticos, analisa também, como podem ser utilizados em tratamentos cosméticos a matéria prima e seus componentes, de origem natural ou sintética. A cosmetologia possui três funções principais, sendo elas: função decorativa (também chamada função estética), a qual objetiva a promoção de aperfeiçoamento na aparência do local no qual o produto é aplicado; função conservadora, relacionada com a proteção da pele e seus anexos perante efeitos de radiação, umidade, calor, frio intenso e outros de caráter físico; função corretiva, relativa ao produto cosmético com intuito de retificar pequenas imperfeições referentes à estrutura orgânica da pele e seus anexos. Ademais, pode ser utilizada para o equilíbrio de pequenas alterações funcionais ou fisiológicas. A Farmacologia é uma área da ciência que estuda o comportamento de moléculas ativas, possuindo como objetivo o alcance de um diagnóstico, da cura ou do tratamento de patologias. Basicamente, os conceitos de Farmacologia são aplicáveis em Cosmetologia, uma vez que os ingredientes cosméticos possuem mecanismos de ação semelhantes aos da pesquisa com fármacos. Conhecimentos de Farmacologia são importantes para uma visão ampliada e segura durante o planejamento da prescrição cosmética, principalmente devido tratarem de prontuários individualizados, devido a cada paciente ser único em suas necessidades estéticas. A semiologia, ou propedêutica, diz respeito ao estudo dos sinais e sintomas das patologias, sendo esta crucial para alcance de um diagnóstico e para p acompanhamento das diversas doenças. É importante ressaltar que para uma semiologia de qualidade ser desenvolvida é de extrema necessidade o conhecimento, por parte do profissional de saúde, da fisiologia de órgãos e dos sistemas, pois a partir desse entendimento a avaliação semiológica poderá ser realizado com maior segurança. 4 FARMACOLOGIA GERAL: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E FARMACOCINÉTICA Conceitos fundamentais A Farmacologia é a ciência que estuda os mecanismos de ação das substâncias utilizadas para diagnóstico, tratamento ou cura de doenças, além do seu comportamento em um organismo. Um fármaco é um agente químico que gera um efeito terapêutico ou preventivo, sendo as formulações que levam fármacos em sua composição denominadas medicamentos. O termo remédio, geralmente atribuído aos medicamentos, constitui-se, na realidade, qualquer recurso que tenha efeito terapêutico para o paciente. Como por exemplo, terapias manuais para pessoas estressadas ou depressivas ou um simples banho relaxante. As formas farmacêuticas são as formas como os medicamentos prontos são apresentados aos pacientes. Como exemplo: • Formas farmacêuticas sólidas: cápsulas, comprimidos; • Formas farmacêuticas líquidas: xaropes, suspensões, soluções; • Formas farmacêuticas semissólidas: géis, cremes, loções, pomadas. Observação: Cosméticos não possuem finalidade terapêutica, portanto, não são remédios. Farmacocinética – visão geral A Farmacocinética é a parte da Farmacologia que estuda o comportamento do organismo em relação ao fármaco, isto é, o que o organismo faz com o fármaco, como ocorre seu processamento em termos de: 1. absorção; 2. metabolização; 3. distribuição; 4. eliminação do organismo. Absorção: é a passagem da substância ativa do local onde foi administrada para a corrente sanguínea, sem que se desintegre. 5 Metabolização: consiste em um conjunto de reações químicas que tornam a molécula realmente ativa e/ ou mais facilmente absorvida, geralmente conferindo-lhe hidrossolubilidade. Os cosméticos de uso interno, torna-se relevante abordar alguns aspectos sobre o metabolismo hepático: 1) O fígado possui uma rede de processamento de substâncias que chegam até ele via circulação, feito pelo sistema de enzimas do tipo mono-oxigenases, do citocromo P450. Essas enzimas podem sofrer aumento da atividade através do aumento do número de enzimas, o que chamamos de indução. Este efeito pode ou não causar toxicidade, a depender da substância que está sendo processada. 2) O fígado também é responsável pelo efeito de primeira passagem: alguns fármacos sofrem metabolização tão extensa que a quantidade que chega na corrente sanguínea acaba sendo muito menor que a quantidade administrada e absorvida. Eliminação: é a saída dos fármacos do organismo. Geralmente analisa-se a eliminação em termos de Clearance, que é o volume de plasma sanguíneo livre do fármaco por unidade de tempo. Distribuição: é a passagem da substância ativa da corrente sanguínea para os tecidos que são os locais de ação dos fármacos. Exemplo: produtos para dor de cabeça vão agir na vascularização do sistema nervoso central. É chamado de biodisponibilidade a estimativa da velocidade e tempo gasto para uma molécula chegar na corrente sanguínea, bem como qual a quantidade disponível. Alguns fármacos podem se acumular no tecido adiposo, nos ossos, dentes, olhos, atravessar a barreira hematoencefálica (que protege o sistema nervoso central de substâncias circulantes) e, no caso das gestantes, podem atravessar a barreira placentária. Por isso, todo cuidado é pouco na seleção de fármacos para administração em qualquer tipo de paciente. São fatores que influenciam o sucesso terapêutico: • Forma farmacêutica administrada; 6 • Como ocorreua administração (via oral, via tópica, injetável – intramuscular, intravenosa etc.); • Forma de movimento do fármaco no organismo. A forma de movimento do fármaco no organismo está relacionada ao modo como a molécula ativa entra na célula. São os três movimentos principais: 1) Difusão (passagem) simples direta pela membrana, sem gasto de energia na forma de ATP, comum para moléculas lipossolúveis; 2) Difusão facilitada por canais iônicos (canais formados por proteínas carreadoras que levam a molécula de fora para dentro da célula), sem gasto de energia; 3) Transporte ativo através de canais proteicos, com gasto de energia. FARMACODINÂMICA A Farmacodinâmica diz respeito ao estudo do mecanismo de ação do fármaco, ou seja, quais alterações provoca no organismo, como, por que e quando ocorrem. Os fármacos atuam no corpo por meio de interações com elementos que são denominados de alvos. Um alvo consiste no local específico, em nível molecular, onde o fármaco irá agir. Os principais alvos são: • Enzimas (podem ser inibidas ou ter sua atividade aumentada); • Moléculas transportadoras (podem ser bloqueadas ou ter sua atividade aumentada); • Canais iônicos (podem ser abertos ou fechados); • Receptores específicos: locais de ligação de substâncias endógenas onde fármacos com estrutura química semelhante às substâncias endógenas se ligam. Quanto à ação nos receptores, pode ocorrer ligação do fármaco para simular o efeito de uma substância endógena, no intuito de aumentar o efeito fisiológico causado por esta, ativando o receptor e cascatas de sinalização dentro da célula. A estes fármacos dá-se o nome de agonista. Exemplo: O corpo libera naturalmente adrenalina na corrente sanguínea, que se liga a seus receptores específicos em determinados órgãos. 7 Existem moléculas para o tratamento da asma, por exemplo, que possuem estrutura semelhante à da adrenalina, para ligar-se aos mesmos receptores apenas nas vias aéreas e ativá-los, causando dilatação para maior passagem de ar. O sinergismo entre fármacos acontece quando duas ou mais moléculas, quando associadas na administração, potencializam um único efeito, por mecanismos semelhantes ou diferentes. Exemplos em cosmetologia: controladores de oleosidade e adstringentes, quando associados, favorecem a eliminação de comedões, no tratamento da acne. Os fármacos que se ligam a um receptor para bloquear a ação das substâncias endógenas são chamados de antagonistas. Exemplo: Existem moléculas semelhantes à adrenalina que se ligam aos receptores para adrenalina no coração, visando reduzir a frequência cardíaca e a força de contração, no intuito de controlar a pressão arterial: sem a ligação de adrenalina, o coração não recebe estímulo para fazer mais força /contrações que o necessário, o que colabora para o abaixamento da pressão arterial. A natureza da atividade farmacológica são diferenças existentes para receptores de ação reguladora sobre funções fisiológicas. São classificadas em: • Antagonismo competitivo: quando duas substâncias disputam a ligação pelo mesmo alvo. Vence a que tiver o melhor perfil químico para se ligar ao alvo; • Antagonismo químico: ocorre alteração da estrutura química de um fármaco, o que causa perda da função original; • Antagonismo fisiológico: ocorre alteração da função de um fármaco por outro, sem alteração da estrutura química; • Antagonismo farmacocinético: ocorre alteração dos parâmetros farmacocinéticos (absorção, metabolismo, distribuição, excreção) de um fármaco por outro. Se duas ou mais substâncias apresentam qualquer tipo de antagonismo, não devem, portanto, ser associadas na mesma formulação nem administradas simultaneamente. Quando um fármaco é administrado de maneira contínua ou repetida (não necessariamente por erros de medicação), existe o risco de desenvolvimento de taquifilaxia, que é a perda do efeito do fármaco por alterações 8 causadas ou mesmo perda dos alvos no organismo. Diferentemente desta condição, enquadra-se o conceito de adaptação fisiológica, que é a redução do efeito de um fármaco por respostas do organismo que tendem à condição de homeostase, o que gera tolerância ao fármaco. MEDIADORES INFLAMATÓRIOS O processo inflamatório é uma resposta do organismo que se inicia nos vasos sanguíneos em direção aos tecidos quando há lesão por qualquer agente etiológico. A finalidade da inflamação é proteger o organismo através de mecanismos para destruição e eliminação do agente etiológico, além de reparar a área afetada. Desta forma, pode-se entender que existem diversos tipos e intensidades de inflamação, variando o agente e a área afetada. Quando são exagerados, os processos inflamatórios causam doenças como processos dolorosos, alergias, autoimunidades e destruição tecidual. O controle da inflamação, atualmente, é feito principalmente com anti- inflamatórios não esteroidais e corticoterapia, a depender do caso. Não existe uma sequência exata estrita para os eventos da inflamação, isto é, as etapas podem ocorrer simultaneamente, porém, três fases principais podem ser identificadas: Fase aguda de fenômenos vasculares: ocorre vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo e da permeabilidade vascular, com extravasamento de proteínas e outras biomoléculas. Fase tardia: ocorre infiltração de células do sistema imune como neutrófilos e outros fagócitos por diapedese e migração dessas células para o local da inflamação, para captura e destruição do agente causador da inflamação. Fase de degeneração tecidual com fibrose: o conhecimento das principais substâncias envolvidas na inflamação torna-se importante para os estudos de farmacologia e cosmetologia, considerando que, conhecendo como mediam os processos inflamatórios, pode-se planejar melhor os cuidados cosméticos para diversas condições inestéticas associadas à inflamação, como a acne e as cicatrizes. Os mediadores da inflamação são os responsáveis pelo caráter considerado uniforme dos processos inflamatórios, não importando se o agente etiológico é uma bactéria, um corpo estranho, radiação etc. 9 A depender da doença (ex.: alergias, neoplasias malignas, psoríase), apesar dos mediadores serem quimicamente semelhantes, as associações fisiologicamente programadas variam, inclusive em quantidade. Principais mediadores dos processos inflamatórios: • Histamina: encontrada pré-formada na maioria dos tecidos corporais, tem sua ação condicionada aos receptores onde se liga, a saber: • Receptores H1 (várias regiões corporais): contração da musculatura lisa, brônquios, bronquíolos; edema, eritema, prurido, aumento da secreção de muco e da permeabilidade de capilares; indução de vômito. • Receptores H2 (estômago): estimula a secreção de suco gástrico. • TXA2 (Trombxano A2): faz vasoconstrição e estimula a agregação plaquetária. • PAF (Fator de Agregação Plaquetária): estimula a agregação plaquetária, é vasodilatador, aumenta a permeabilidade vascular e tem ação quimiotática (atração) de células imunológicas para o local da inflamação. • Bradicinina: ação vasodiltadora, aumenta a permeabilidade vascular, estimula a contração do intestino. Em casos onde há parasitoses intestinais envolvidas, a contração do intestino é importante para a eliminação do parasita nas fezes. Prostaglandinas • PGE2: reduz o limiar da nocicepção, tem ação sinérgica com substâncias que causam dor por estimulação das terminações nervosas, causa febre e bronco constrição. • PGI2: tem ação vasodilatadora e antiagregação plaquetária. Leucotrienos • LTB4 (Leucotrieno B4): promove adesão, ativação e proliferação de células imunológicas. • LTC4 (Leucotrieno C4): bronco constritor. • LTD4 (Leucotrieno D4): vasodilatador. • LTE4 (Leucotrieno E4): vasoconstritor. 10 CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM COSMETOLOGIA • Cosméticos:formulações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas para uso externo (cabelo, pele, unhas, lábios, dentes e mucosa da cavidade oral) com finalidade exclusiva de limpar, alterar a aparência, perfumar e/ou corrigir odores corporais, para proteger a pele ou mantê-la em bom estado (sadia). • Cosmecêuticos: termo não reconhecido pela Anvisa nem pelos órgãos regulatórios de produtos cosméticos e farmacêuticos internacionais. Indica cosméticos cujas fórmulas possuem propriedades terapêuticas associadas, sendo usados nos “tratamentos cosméticos”. São produtos para acne, caspa, esmalte para micoses etc. • Grau de risco I: produtos isentos de registro do Ministério da Saúde, oferecendo riscos mínimos ao usuário. Ex: shampoos/condicionadores comuns, hidratantes etc. • Grau de risco II: produtos que devem ter segurança e eficácia comprovadas, além do registro no Ministério da Saúde. Ex: produtos para acne, despigmentantes, anticaspa, para micoses, para área dos olhos, filtros solares, para uso nas mucosas (como as soluções para bochechos) e produtos de uso infantil. • Cosméticos naturais: estendem seus efeitos para todo o organismo. As fases oleosas são feitas com ceras e esqualeno naturais, além da lanolina e ésteres, fosfolipídios derivados biológicos. Não são usados produtos sintéticos nem conservantes sintéticos. Os ativos são todos naturais. Ex.: blend (mistura) de óleos naturais. • Produtos orgânicos: produtos com certificação diferencial conferida por órgão competente (como o EcoCERT), cuja formulação não leva itens sintéticos como silicones, fragrâncias, polietilenoglicol (PEG), corantes, derivados do petróleo nem produtos de origem animal. Todos os componentes da fórmula são exclusivamente naturais e seguem rígidos padrões de produção (sem agrotóxicos, processamento em indústrias de padrão trabalhista ouro etc.) sendo, portanto, certificados. Não são feitos testes em animais. No mínimo, 95% dos produtos envolvidos (e a empresa) devem ser certificados. 11 Os produtos são livres de metais pesados, toxinas e OGM (organismos geneticamente modificados – os transgênicos). Vias de penetração da pele e de hidratação É fundamental diferenciar: Óstio: local de saída da secreção gerada pela glândula sebácea e dos pelos. Poro: local de saída de glândula sudorípara. São vias de penetração dos princípios ativos na pele: • Transdérmica: substâncias de baixo peso molecular, caráter anfótero (isto é, são hidrossolúveis e lipossolúveis), passam pela pele e caem na corrente sanguínea. Uso exclusivo de medicamentos. • Transfolicular: passam entre o folículo piloso e a papila dérmica. Área com pouco pelo (especialmente idosos), tem hidratação mais difícil, por deficiência neste mecanismo, já que o folículo fica obstruído. • Transcelular: por difusão, os ativos passam de uma célula para a outra. Ocorre principalmente com ativos lipofílicos. O pH alcalino aumenta emoliência da pele por clivagem da queratina da camada córnea; por isso, o caráter alcalino tem maior permeabilidade da pele, um fator de risco para uso dos produtos. A importância da hidratação A redução da espessura da pele e do tecido subcutâneo, por ação química e/ou ambiental, são os principais mecanismos de desidratação, além da nutrição inadequada. A perda de água transepidermal, entendida como a evaporação da água dos tecidos mais profundos até a epiderme, ocorre naturalmente na pele, até mesmo para regulação de temperatura corporal. É importante que qualquer produto cosmético possa proporcionar hidratação, para garantir a integridade do tecido e para que o ativo exerça sua função corretamente. 12 São vias de restauração da hidratação da pele por cosméticos: • Oclusão: os poros são obstruídos e a água da pele não evapora. • Umectação: são usados ativos higroscópicos para reduzir a volatização da água da superfície da pele. • Restauração: feita através de elementos originais da pele como proteínas (hidrolizados – para maior absorção), colágeno, carboidratos e lipídeos que são inseridos nas fórmulas. Também podem ter filtro solar. Formas de apresentação dos cosméticos (variações de veículos) Cremes: são emulsões óleo/água ou água/óleo de boa consistência (maior viscosidade). Loções: microemulsões de baixa ou média viscosidade. Géis: redes poliméricas hidratáveis (natrosol, carbopol, aristoflex, pemulen, sepigel, etc.) de boa consistência em geral. São os veículos mais escolhidos para peles oleosas. Leites: microemulsões de pouca viscosidade, para limpeza de pele. Tônicos: soluções vasodilatadoras, refrescantes, rubefacientes e cicatrizantes. São próprias para recuperar a nutrição, pH e tônus da pele (izotonizantes). Finalizam a etapa de limpeza. Sticks: preparações sólidas de ácidos graxos e álcool etílico, solidificados por estearato de sódio. Podem ser hidratantes, despigmentantes etc. Óleos: preparações de origem vegetal/animal, líquidos à temperatura ambiente. » Sabonetes: líquidos, glicerinados, barra (tradicionais), shower gel, esfoliantes, antissépticos (íntimos). Shampoos: De pH alcalino, podem ser: hidratantes, anticaspa, anti resíduos, infantis, antiqueda etc. 13 Conceitos de Química • pH: índice de acidez tolerado por áreas corporais ou substâncias ativas. Varia de 0 a 14, sendo que até 7 o pH é ácido, em 7 é neutro e de 7 a 14 é alcalino ou básico. O pH das diferentes áreas corporais está na figura 1. Figura 1: pH das áreas corporais Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/7303109/ Conhecer o pH das diferentes áreas corporais é fundamental para a escolha do cosmético: produtos muito ácidos ou muito alcalinos podem causar danos sérios às áreas onde são aplicados, como queimaduras e lesões. Além disso, observar o pH das substâncias é fundamental para que possam ser associadas sem que haja incompatibilidades. • Solubilidade: capacidade de uma substância se dissolver na presença de outra. Podem ser classificadas em: insolúveis (caráter hidrofílico/fábico), pouco solúveis, livremente solúvel, solúvel. • Fotossensibilidade: característica das substâncias que podem ser alteradas/ inativadas pela luz. • Higroscopicidade: capacidade de uma substância agregar água para sua estrutura. Ex.: as substâncias com sódio (Na+2). 14 Alterações físicas e químicas dos cosméticos Os cosméticos podem, quando mal conservados ou se forem mal formulados, apresentar alterações físicas e/ou químicas, que impossibilitam o uso do produto pelo risco de causar algum efeito colateral no usuário ou mesmo nenhum efeito, pela inativação da substância ativa. As principais alterações são: • Alterações de cor (oxidação); • Alterações do odor (contaminação); • Separação de fases (tensoativo inadequado); • Formação de precipitado; • Presença de sobrecamada com mal cheiro/alteração de odor (contaminação bacteriana). IMUNOLOGIA CUTÂNEA E COSMETOTOXICIDADE: VISÃO GERAL A imunologia é uma ciência biológica que trata dos mecanismos e respostas complexas desenvolvidas pelo organismo para reconhecimento e consequentemente eliminar ou conter substâncias ou corpos estranhos que invadem o organismo, como vírus, microrganismos, proteínas e outras moléculas que podem alterar o funcionamento normal do corpo. Existe também o reconhecimento de substâncias próprias do organismo, para que não sejam inclusas nestas vias de defesa, o que aponta um alto nível de organização e segurança destes mecanismos. A este conjunto dá-se o nome de imunidade. A resposta imune é, na realidade, uma via integrada, composta por mecanismos complexos simultâneos de defesa. Contudo, para facilitar o estudo, divide-se a resposta imune em dois ramos: 1. Resposta Imune Inata: é a imunidade que o indivíduo traz consigo quando nasce. Os mecanismos da imunidade inata se instalamde maneira rápida como componente de defesa e agem de maneira inespecífica para diferentes agressores, isto é, usam o mesmo mecanismo de defesa para qualquer agente reconhecido como estranho ao organismo. 15 A amamentação é importante para este mecanismo, uma vez que os anticorpos da mãe são transmitidos ao feto pelo leite, conferindo certa capacidade de defesa orgânica à criança. As respostas da imunidade inata são feitas por células chamadas de fagócitos, (células capazes de capturar o agente agressor e destruí-lo com substâncias presentes em grânulos no citoplasma), a saber: a) basófilos; b) eosinófilos (atuam principalmente em defesa contra parasitas); c) macrófagos (localizados nos tecidos internos); d) células NK; e) sistema de complemento (proteínas que complementam a defesa contra microrganismos de maneira geral). Alguns agentes agressores podem ser mais fortes que outros, tanto que, quando existe necessidade de tratamento por medicação, as dosagens e o tipo de medicamento costumam variar significativamente. A esta propriedade dos agentes agressores dá-se o nome de virulência. O fato de a imunidade inata não agir de maneira diferenciada para diferentes agressores, portanto, indica que os mecanismos inatos podem não ser eficientes em determinados casos, já que o nível da defesa deve ser proporcional ao da virulência (que podemos entender também como nível de periculosidade), e não existe esta variação na imunidade inata. Para desenvolver respostas mais eficientes e específicas, existem os mecanismos da imunidade adaptativa: 2. A imunidade adaptativa é adquirida ao longo da vida do indivíduo através de contato direto com o agressor por exposição, vacinas, transfusão etc. Atua através de diversos mecanismos (propriedade de complexidade) de forma específica para o combate (propriedade de especificidade), sendo capaz de agir rapidamente caso um agente agressor previamente combatido entre no organismo novamente (capacidade de memória imunológica), como nas vacinas e reinfecções. A imunidade adaptativa realiza a vigilância imunológica, que é o monitoramento da entrada e presença de agentes agressores e substâncias relacionadas. Falhas neste monitoramento podem causar neoplasias malignas. A imunidade adaptativa se 16 desenvolve principalmente a partir de anticorpos e antígenos. Os anticorpos (também conhecidos por imunoglobulinas) são glicoproteínas que reconhecem os agentes agressores (antígenos) de maneira específica e ligam-se a estes (para cada antígeno é produzido um tipo de anticorpo). Esta ligação funciona como um mecanismo de marcação do antígeno, avisando aos demais componentes do sistema imune que há algo de estranho no organismo que deve ser eliminado. Os antígenos são moléculas que possuem a capacidade de serem reconhecidas pelas células e moléculas do sistema imune, ou seja, são capazes de se ligarem aos receptores celulares e anticorpos. O antígeno pode ser uma fração da estrutura de bactérias, vírus, fungos, protozoários, helmintos ou substâncias solúveis produzidas por microrganismos e outras células. A maioria dos antígenos são proteínas, porém, alguns são polissacarídeos, lipídeos ou glicolipídeos. Os antígenos normalmente possuem vários locais onde o anticorpo pode se ligar que são chamados de epítopos. Existem epítopos que podem induzir uma resposta imune mais forte, como podem ter resposta mais fraca. Esta resposta depende da sua estrutura química, que definirá o nível da força de ligação (complexação) ao anticorpo. Os antígenos são chamados de imunogênicos quando são capazes de induzir uma resposta imune, são chamados de alergênicos quando induzem reações de hipersensibilidade (alergias) e são chamados de tolerogênicos quando são capazes de inibir o desenvolvimento de uma resposta imune. Na imunidade adaptativa, o antígeno é capturado pelo linfócito B (célula imunológica) e processado para geração do epítopo. Este fragmento do antígeno é então apresentado ao linfócito T (os linfócitos possuem capacidade de memória e especificidade), que libera substâncias (citocinas) que estimulam o linfócito B a produzir anticorpos específicos para o antígeno capturado. Estes anticorpos se ligam a outras células imunológicas. Quando o antígeno se ligar ao anticorpo, a célula imunológica libera substâncias presentes no seu interior para eliminar o antígeno, através do rompimento da membrana celular, o que chamamos de desgranulação. Desta forma, se estabelecem os mecanismos de defesa. 17 Hipersensibilidades As hipersensibilidades são transtornos imunológicos caracterizados por erros na programação fisiológica do sistema imune, de modo que atuam de maneira inadequada, prejudicando a saúde do indivíduo. São tipos: Hipersensibilidade tipo 1 (alergias): é caracterizada pelo excesso de produção de anticorpos IgE para mínimas quantidades de antígenos, geralmente inertes para a maioria da população. Os fagócitos liberam o conteúdo dos seus grânulos, causando sinais e sintomas diversos, a depender do órgão afetado, como rinite, dermatite, conjuntivite e rinossinusite. Hipersensibilidade tipo 2: também chamada de citotóxica, ocorre quando o anticorpo se liga a uma superfície celular e não a reconhece como normal, estimulando o sistema imune a destruí-la. O caso mais clássico é a anemia hemolítica do recém -nascido, onde os anticorpos da mãe destroem as hemácias do feto em caso de variação do fator RH. Hipersensibilidade tipo 3: ocorre quando há a formação de imunocomplexos patogênicos com forte potencial inflamatório, por excesso de anticorpos ou por erros na programação da avidez. Hipersensibilidade tipo 4: chamada de tardia, envolve a participação de células imunológicas (linfócitos T, macrófagos etc.) sem anticorpos livres, na geração de resposta inflamatória. Os sinais são percebidos no mínimo 48h depois do início, por isso recebe o nome de tardia. Cosmetotoxicidade A Toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações de substâncias químicas com o organismo. A toxicidade é a capacidade potencial de geração de danos às estruturas biológicas, o foco de estudo da Toxicologia. A Toxicologia de cosméticos trata das reações adversas e os efeitos decorrentes do uso inadequado ou da susceptibilidade individual aos produtos. Agente tóxico ou toxicante é a substância capaz de causar dano a um sistema biológico, em condições específicas de exposição. Os xenobióticos são substâncias que o organismo reconhece como estranho, através de mecanismos imunológicos. Intoxicação é um processo patológico causado 18 por substâncias endógenas ou exógenas, caracterizado por desequilíbrio fisiológico gerado pelas alterações bioquímicas no organismo. Na intoxicação aguda, os sintomas surgem geralmente em algumas horas após curto período de exposição ao agente tóxico. Poderá se manifestar de forma leve, moderada ou grave, dependendo da quantidade de substância absorvida e da sensibilidade do organismo. A intoxicação subcrônica indica exposição moderada ou pequena a produtos alta ou medianamente tóxicos e as consequências surgem mais lentamente. A intoxicação crônica tem surgimento em meses ou até anos, após exposição a agentes tóxicos, podendo causar danos irreversíveis à saúde do indivíduo. Principais vias de intoxicação por cosméticos A via dérmica é a mais comum de intoxicações pela maioria dos agentes. A absorção depende principalmente da composição da formulação, tempo de exposição, solubilidade, grau de ionização, dimensão das moléculas, se ocorre hidrólise no pH da epiderme, estado de hidratação da camada córnea, umidade ambiental, temperatura do corpo e do ambiente e exposição à luz solar. Além das dermatites, são consequências da intoxicação por via dérmica: • Fotolergia: indução de respostaalérgica da pele semelhante à mediada pela radiação UV. • Fototoxicidade: potencial do material induzir uma resposta irritante da pele mediada por irradiação UV. • Teratologia: toxicidade potencial para o feto. Mais comum para produtos de uso interno. São elementos fundamentais na toxicologia cutânea: composição e dosagem da formulação, nível de exposição, quantidade da substância permeada, classe do cosmético na qual o ativo pode ser utilizado, método, duração e frequência de aplicação, quantidade de produto em cada aplicação e possível exposição do produto à luz solar. 19 » Via respiratória: As vias aéreas são revestidas de mucosas altamente irrigadas, portanto o potencial de absorção nesta área é considerado elevado. Produtos que geram gases, fumaças, neblinas e poeiras, principalmente em espaços confinados ou com pouco arejamento, podem causar intoxicação. Embora não seja a unanimidade, pode-se afirmar que os cosméticos são produtos seguros quando utilizados de maneira adequada e seguindo as recomendações do fabricante. As reações adversas com esses produtos não são frequentes, e, quando ocorrem, na maioria dos casos, é devido ao uso de forma inadequada ou a acidentes. Nas últimas décadas, muitos ingredientes foram banidos da composição de cosméticos em todo o mundo, como o hexaclorofeno (conservante), compostos de mercúrio e halogenados, propelentes de clorofluorcarbono e ingredientes geradores de nitrosaminas. Para garantir a segurança de produtos de higiene, cosméticos e perfumes, são necessárias comprovações que vão desde o histórico de segurança do produto e de suas matérias-primas até a realização de ensaios toxicológicos específicos. Em princípio, para todo produto cosmético, seja ele de grau de risco 1 ou 2, o fabricante tem por obrigação dispor dos dados de segurança. São considerações a serem feitas por tipo de produto: • Produtos para uso infantil – irritação cutânea primária; • Produtos para a área dos olhos – irritação ocular cumulativa; • Produtos para os cabelos, como tinturas e alisantes de cabelo – irritação dérmica e do couro cabeludo; • Produtos para proteção das radiações solares – testes de fototoxicidade e fotoalergia; • Produtos para a higiene íntima – testes clínicos de irritação de mucosa genital em humanos; • Produtos destinados à pele sensível – testes de irritabilidade acumulada, sensibilização, fototoxicidade e fotoalergia cutânea; • Produtos que no rótulo contenham as expressões “hipoalergênico”, “não comedogênico”, “não acnogênico”, “dermatologicamente oftalmológico + ginecologicamente testado”, “clinicamente testado”, “produto para gengiva sensível” e “produto para pele + couro cabeludo sensível” – testes 20 comprobatórios dessas propriedades. Também, sempre que a rotulagem mencionar atributos, tais como “não irritante”, “não arde os olhos” etc. São questões problemáticas em toxicologia dos cosméticos: Corantes: As moléculas tintoriais podem causar irritações à pele e ao ouro cabeludo, uma vez que são produtos sintéticos e geralmente misturas de variados polímeros. Muitos fabricantes têm optado por retirar os produtos coloridos do mercado quando há suspeitas de toxicidade, já que os altos custos para provar a sua segurança nem sempre justificam economicamente a permanência no mercado. Fragrâncias: também são produtos sintéticos, e o sintoma inicial mais comum é o aparecimento de rinite com a aplicação tópica do produto. Formaldeído: substância de elevado potencial carcinogênico, com o uso permitido pela Anvisa como conservante (até 0,2%) e até 5% para endurecer unhas. O uso nas concentrações permitidas não proporciona alisamento capilar, com risco de forte queda após o procedimento. Tensoativos: como são moléculas anfifílicas, o manto hidrolipídico pode ser removido e a perda de água transepidermal facilitada, especialmente os de cadeia pequena, que podem se instalar na pele com mais facilidade. Atualmente existe uma tendência para opção por fosfolipídios orgânicos, que são mais semelhantes aos lipídios da pele. Parabenos (sistema conservante): além do risco de dermatite de contato, existe o risco de lesão de queratinócitos em caso de exposição solar e potencial cancerígeno com uso prolongado. O uso de conservantes naturais tem sido uma opção interessante para a indústria cosmética e para a manipulação, especialmente os produtos orgânicos e de apelo green-concept. Metais: a toxicidade por metais pesados é um problema antigo. Além da indução de dermatites, o potencial tóxico se expande para a carcinogênese, por exemplo, no caso dos sais de alumínio usados em formulações antiperspirantes. Na prática, os produtos cosméticos são raramente associados com sérios danos à saúde. Entretanto, isto não significa que produtos cosméticos sejam sempre seguros, especialmente considerando os efeitos em longo prazo. Considerando que estes produtos podem ser usados extensivamente durante um amplo período de 21 tempo, é fundamental garantir sua segurança e eficácia, controlando a toxicidade do produto final e dos seus ingredientes. SEMIOLOGIA GERAL: SINAIS VITAIS Os sinais vitais são um modo eficiente e rápido de monitorar a condição do cliente ou de identificar problemas e avaliar a resposta do cliente a uma intervenção. Como indicadores do estado de saúde, essas medidas indicam a eficiência das funções circulatória, respiratória, neural e endócrina do corpo. Os sinais vitais devem ser aferidos (PERRY; POTTER; OSTENDORF, 2013): • Na admissão aos serviços de cuidados da saúde; • Quando avaliar o cliente em visitas domiciliares; • No hospital, em esquema de rotina conforme prescrições do prestador de cuidado ou os padrões de prática do hospital; • Antes e após um procedimento cirúrgico ou um procedimento diagnóstico invasivo; • Antes, durante e após uma transfusão de sangue e hemoderivados; • Antes, durante e após a administração de medicamentos ou terapias que afetam as funções de controle cardiovascular, respiratório ou de temperatura; • Quando as condições físicas gerais do cliente são alteradas; • Antes e após intervenções de enfermagem que influenciam os sinais vitais; • Quando o paciente informa sintomas inespecíficos de aflição física, Temperatura Corporal É a diferença entre a quantidade de calor produzido por processos do corpo e quantidade de calor perdido para o ambiente externo. A faixa normal de temperatura é considerada de 36 a 38 ºC (PERRY; POTTER; OSTENDORF, 2013). A termo regulação consiste em mecanismos fisiológicos ou comportamentais que regulam o equilíbrio entre calor perdido e calor produzido, sendo o hipotálamo que controla a temperatura corporal do mesmo modo como um termostato funciona (PERRY; POTTER; OSTENDORF, 2013). Muitos fatores afetam a temperatura corporal, dentre eles: idade; exercício; nível hormonal; ritmo circadiano; estresse; ambiente. 22 A febre ou pirexia ocorre devido à incapacidade dos mecanismos de perda de calor acompanhar o ritmo de uma produção excessiva de calor, resultando em aumento anormal da temperatura. Geralmente, uma febre não é perigosa se permanece abaixo de 39 ºC. Uma febre verdadeira resulta da alteração do ponto de ajuste hipotalâmico. Os padrões de febre diferem dependendo do pirógeno (POTTER; PERRY, 2013): • Febre sustentada: uma temperatura corporal constante, continuamente acima de 38 ºC e com pouca flutuação; • Febre intermitente: picos de febre intercalados com temperatura em níveis usuais. A temperatura retorna a níveis aceitáveis pelo menos uma vez em 24h; • Febre remitente: picos e quedas de febre sem retorno à temperatura normal; • Redicivante: períodos de episódios febris e períodos com valores de temperatura aceitáveis. Períodos de episódios febris e períodos de normotermia muitas vezes duram mais de 24 horas.Hipertermia é uma temperatura corporal elevada relacionada com a incapacidade do organismo de promover perda de calor ou de reduzir sua produção. A hipertermia maligna é uma condição hereditária em que há produção incontrolada de calor, ocorrendo quando pessoas suscetíveis recebem certas drogas anestésicas (PERRY; POTTER; OSTENDORF, 2013): A perda de calor durante a exposição prolongada ao frio sobrepuja a capacidade do organismo de produzir calor, causando hipotermia. A hipotermia é classificada por meio de mensurações da temperatura central em (PERRY; POTTER; OSTENDORF, 2013): • Leve: 36-34 ºC • Moderada: 34-30 ºC • Acentuada: < 30 ºC • Profunda: < 20 ºC 23 Pulso É a delimitação palpável da circulação sanguínea percebida em vários pontos do corpo, constituindo um indicador do estado circulatório. Os fatores que o influenciam são (POTTER; PERRY, 2013): • Exercício; • Temperatura; • Emoções; • Drogas; • Hemorragia; • Mudanças posturais; • Condições pulmonares. Qualquer artéria pode ser acessada para tomar a pulsação, mas geralmente as mais escolhidas são as artérias radiais ou carótidas porque elas permitem uma palpação mais fácil. Vejamos quais os locais utilizados para mensuração da frequência de pulso (PERRY; POTTER; OSTENDORF, 2013): • Temporal: acima do osso temporal da cabeça, acima do e lateral ao olho; • Carótida: ao longo da extremidade medial do músculo esternocleidomastoideo no pescoço; • Apical: 4º a 5º espaços intercostais na linha clavicular média esquerda (com estetoscópio); • Braquial: sulco entre os músculos bíceps e tríceps na fossa antecubital; • Radial: no pulso do antebraço, na lateral radial ou no lado do polegar; • Ulnar: no lado ulnar do pulso do antebraço; • Femoral: abaixo do ligamento inguinal, a meio caminho entre a sínfise púbica e a espinha ilíaca anterossuperior; • Poplíteo: atrás do joelho na fossa poplítea; • Tibial posterior: lado interno do tornozelo, abaixo do maléolo medial; • Artéria dorsal do pé: ao longo da parte de cima do pé, entre a extensão dos tendões do dedo maior. Além da frequência, podemos classificar o pulso quanto ao seu ritmo, que pode ser regular (rítmico) ou irregular (arrítmico) e quanto a sua força ou 24 amplitude, que corresponde à quantidade de volume de sangue ejetado contra a parede da artéria a cada contração cardíaca e a condição do sistema vascular arterial levando ao local de pulsação (PERRY; POTTER; OSTENDORF, 2013), A amplitude pode ser descrita, segundo PERRY; POTTER; OSTENDORF (2013): como: delimitadora (4+), completa ou forte (3+), normal e esperada (2+), diminuída ou pouco palpável (1+) e ausente (0). Valores aceitáveis da frequência cardíaca (adulto) ● Normocardia: 60-100bpm; ●Taquicardia: >100bpm; ● Bradicardia: < 60 bpm. Fatores que podem influenciar a frequência do pulso são: dor, exercício, temperatura, emoções, fármacos, hemorragia, mudanças posturais, condições pulmonares, entre outros. Avaliando o pulso radial É o mecanismo que o corpo utiliza para trocar gases entre a atmosfera e o sangue e entre o sangue e as células. Este mecanismo envolve (PERRY; POTTER; OSTENDORF, 2013): • Ventilação: a movimentação de gases para dentro e para fora dos pulmões; • Difusão: a movimentação do oxigênio e do dióxido de carbono entre os alvéolos e as hemácias; • Perfusão: a distribuição das hemácias para os capilares sanguíneos e a partir deles. Durante a avaliação da frequência respiratória, não se deve permitir que o paciente saiba, pois a consciência da avaliação pode alterar a frequência e profundidade deste parâmetro. Alguns fatores influenciam a característica da respiração, como: exercício; dor aguda; ansiedade; tabagismo; posição corporal; medicações; lesão neurológica; função da hemoglobina (PERRY; POTTER; OSTENDORF, 2013). Com estes dados classificaremos os padrões respiratórios, segundo PERRY; POTTER; OSTENDORF (2013), da seguinte forma: 25 • Eupneia: frequência respiratória com valor aceitável (12-20 respirações por minuto (rpm)); • Bradpneia: frequência da respiração é regular, porém anormalmente lenta (20 rpm); • Hiperpneia: respiração difícil, com profundidade e frequência aumentadas (> 20 rpm, normalmente durante exercício). • Apneia: respiração cessa por vários segundos, paradas persistentes resultam em retardo respiratório; • Hiperventilação: frequência e profundidade aumentam; • Hipoventilação: frequência é anormalmente lenta e a profundidade está deprimida; • Respiração de Cheyne-Stokes: frequência e profundidade são irregulares, caracterizada pela alternância entre períodos de apneia e hipoventilação. O clico começa com respiração lenta e superficial que aumenta gradualmente a frequência e a profundidade anormais. O padrão se reverte, a respiração se torna lenta e superficial, chegando a uma apneia antes do recomeço da respiração; • Respiração de Kussmaul: anormalmente profunda regular e de alta frequência; • Respiração de Biot: anormalmente superficial para duas ou três respirações seguidas de um período irregular de apneia. Pressão Arterial É a força exercida sobre a parede de uma artéria pelo sangue pulsante sob a pressão do coração. O pico máximo de pressão no momento em que a ejeção ocorre é a pressão sistólica. Quando os ventrículos relaxam, o sangue que permanece nas artérias exerce uma pressão mínima ou pressão diastólica. A diferença entre as pressões sistólica e diastólica é a pressão de pulso. A unidade padrão para medir a PA é dada em milímetros de mercúrio (mmHg) (PERRY; POTTER; OSTENDORF, 2013). A pressão arterial não é constante e muitos fatores influenciam-na como, por exemplo, (PERRY; POTTER; OSTENDORF, 2013): 26 • Idade; • Estresse; • Etnia; • Sexo; • Ritmo circadiano; • Medicações; • Atividade e peso; • Tabagismo. Os procedimentos de medida da pressão são simples e de fácil realização, contudo, nem sempre são realizados de forma adequada. Pode ser realizada pelo método indireto com técnica auscultatório com uso de esfigmomanômetro de coluna de mercúrio ou aneroide devidamente calibrado, ou com técnica oscilométrica pelos aparelhos semiautomáticos digitais de braço validados estando também calibrados (PERRY; POTTER; OSTENDORF, 2013). A alteração mais comum da PA é a hipertensão, que muitas vezes é assintomática, sendo a principal fator por trás das mortes por acidente vascular encefálico e é um fator contribuinte para o infarto agudo do miocárdio (PERRY; POTTER; OSTENDORF, 2013). Edemas Edema é definido como acúmulo de líquido no espaço intersticial. Na prática clínica, nos deparamo-nos com pacientes com edemas de pequenas dimensões, localizados, por exemplo, em uma extremidade de um membro. Em outras situações, somos apresentados a pacientes com grandes edemas, envolvendo, inclusive, cavidades (COELHO, 2004). Para que o edema ocorra, deve haver uma quebra dos mecanismos que controlam a distribuição do volume de líquido no espaço intersticial. Essa desregulação pode ser localizada e envolver apenas os fatores que influenciam o fluxo de fluido ao longo do leito capilar, ou, ainda, pode ser secundária a alterações dos mecanismos de controle do volume do compartimento extracelular e do líquido 27 corporal total, o que, na maioria das vezes, ocasiona edema generalizado (COELHO, 2004). A compreensão dos mecanismos formadores de edema é complexa e, em muitas situações, incompleta. Entretanto, o conhecimento dos mecanismos fisiopatológicos, envolvidos na formação do edema permite uma racionalização terapêutica na busca dos melhores resultados possíveis (COELHO, 2004). Para determinar a intensidade do edema, usa-se a polpa digital do polegar, fazendo-se uma compressão firme e sustentada de encontro a uma estrutura rígida subjacente àárea do exame. Caso haja edema, ao retirar-se o dedo, haverá uma depressão no local comprimido (fóvea). Dá-se a graduação em cruzes. Duas outras maneiras podem ser utilizadas: 1) Pesando-se o paciente uma vez por dia (todo paciente com edema deve ser pesado diariamente); 2) Medindo-se o perímetro da região edemaciada. O edema pode ser classificado em mole ou duro. O primeiro é aquele facilmente depressível, significando apenas que a retenção hídrica é de duração não muito longa e o tecido celular subcutâneo está infiltrado de água. O segundo traduz a existência de proliferação fibroblástica. Uma vez confirmado o achado de edema, o profissional deverá identificar qual a provável causa baseado na história e no exame físico e encaminhar ao profissional adequado para tratamento, lembrando que o tratamento do edema será multiprofissional. Nos casos de edema unilateral, podemos pensar em algumas doenças associadas, como a trombose venosa profunda, erisipela e linfedema. Medidas Antropométricas Peso Para aferir o peso, utiliza-se uma balança devidamente calibrada, de plataforma ou eletrônica. O ideal é que esta medida seja aferida antes das principais refeições. O indivíduo deverá estar descalço e utilizar o mínimo de acessórios e 28 roupas possíveis, de preferência leves, para então ser posicionado em pé no centro da balança, com o peso distribuído igualmente em ambos os pés. O medidor deverá se posicionar em frente à escala e a medida deverá ser aferida e registrada com exatidão. O instrumento não deve ser posicionado sobre tapete, carpete ou piso irregular (SAMPAIO et al., 2012). Estatura A estatura pode ser aferida ou estimada a partir da medida da extensão dos braços ou através da fórmula de estimativa de altura, que utiliza a altura do joelho. Normalmente, os instrumentos utilizados são o estadiômetro e o infantômetro. Há também o antropômetro fixo à balança, entretanto este apresenta menor acurácia quando comparado ao estadiômetro (SAMPAIO et al., 2012). O indivíduo deverá estar descalço ou usando meias finas e roupas leves, de forma a visualizar a posição do corpo, e sem nenhum adereço na cabeça que possibilite alteração da medida. Deverá permanecer em posição anatômica com panturrilha, glúteos, ombros e cabeça tocando a parede ou superfície vertical do dispositivo de medida, sempre que possível. Com a face voltada para frente, no Plano de Frankfurt, o suporte deverá ser posicionado sobre a cabeça, de tal forma que pressione apenas o cabelo. O medidor deverá estar em frente à escala e a medida ser aferida cuidadosamente no centímetro mais próximo. Caso a parede seja utilizada como suporte de medida, esta deve ser lisa e não possuir rodapés. O instrumento não deve ser posicionado sobre tapete, carpete ou piso irregular (SAMPAIO et al., 2012). Circunferências Para aferir as circunferências, utiliza-se a fita inelástica. Ao realizar as medidas, deve- se atentar para a posição linear e horizontal da fita, evitando compressão ou folga dos tecidos. A variação máxima aceita entre duas medidas consecutivas é de 1 cm, para as grandes circunferências (como quadril, cintura e coxa), e 0,5 cm, para as pequenas (como braço, tornozelo e pescoço). É importante ressaltar que a aferição da circunferência braquial deve ser realizada no lado não dominante do indivíduo, 29 seguindo os padrões de referência adotados na América do Norte. Sempre que possível, realizar duas medidas e utilizar a média das duas. No caso de utilização dos dados para pesquisas, recomenda-se aferição por dois medidores, observando-se sempre a variação máxima entre as medidas (SAMPAIO et al., 2012). Pregas Cutâneas Para aferir as pregas cutâneas, utilizamos adipômetros ou plicômetros, com a leitura realizada em milímetros. Recomenda-se aferir a mesma prega três vezes, soltando-a e pinçando-a novamente entre as medidas. Instruções gerais • Identificar e marcar o local a ser pinçado, do lado não dominante do indivíduo; • Segurar a prega formada pela pele e tecido adiposo com os dedos polegar e indicador a 1cm do ponto marcado; • Manter a prega entre os dedos enquanto a medida é aferida; • Pinçar a prega com o calibrador exatamente no local marcado a 1cm dos dedos; • Evitar modificar a posição do calibrador. O mesmo deve ser posicionado perpendicularmente em relação à prega; • Realizar a leitura de 2 a 3 (GIBSON et al., 1993; LEE, 2010) ou 4 (LOHMAN et al., 1988) segundos após o pinçamento, no milímetro mais próximo; • Caso o indivíduo esteja acamado, recomenda-se o desprendimento da prega a 1 cm abaixo do ponto de pinçamento, a fim de facilitar a leitura. 30 REFERÊNCIAS AGNE, J. E. et al. Eletrotermofototerapia. 2. ed. Revisada e Ampliada. Santa Maria, RS, 2013. ALSTER, T. S.; WILLIAMS, C. M. Treatment of keloid sternotomy scars with 585 nm flashlamp-pumped pulsed-dye laser. Lancet, n. 345, p. 1198-1200, 1995. ANDRADE, C. K.; CLIFFORD, C. Massagens, Técnicas e Resultados. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. ANTONIO, C. R.; ANTONIO, J. R.; TRÍDICO, L. A.; ARAUJO, B. A. et al. Eficácia da massagem modeladora no tratamento do fibro edema gelóide. Monografia (Tecnologia em Estética Cosmética) – Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU, São Paulo, 2015. 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