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Furto Introdução ao direito penal III: o furto se enquadra em crimes contra o patrimônio art. 155 a 186, CP. Mas antes, é necessário que haja uma breve introdução de Direito Penal III Classificamos essa fase da parte especial como um tripe, são bens jurídicos tutelados pelo Estado, classificamos essa disciplina em três partes: 1. Crimes contra o patrimônio 2. Crimes sexuais Era classificado como crimes contra o costume. - Em alguns casos, a vítima pode escolher o tipo de ação penal. Ação penal: Pública: o sujeito ativo é o Estado Privada: o sujeito ativo é a vítima Obs.: se exige a participação da vítima, e ela vai autorizar que se inicie a ação penal. 3. Delitos contra o Estado (Administração pública) Ex.: peculato; semelhante ao furto, porém foi subtraído do Estado. Introdução ao Furto: - No furto, precisamos levar em conta o princípio da insignificância, pois nem todo bem vai ser protegido. O que é princípio da insignificância? Princípio da Insignificância ou Princípio da Bagatela ou Preceito Bagatelar é um princípio de direito penal moderno que determina a não punição de crimes que geram uma ofensa irrelevante ao bem jurídico protegido pelo tipo penal. É necessário observar o caso concreto, vamos ao exemplo: Exemplo 1 Em seu caminho para a faculdade, Klaus passa por um montante de brita que está encostado em uma construção e pega uma unidade para se distrair durante o caminho. Na prática, Klaus cometeu crime de furto, porém, nesse caso aplica-se o princípio da insignificância, foi é algo irrelevante para o Estado. Exemplo 2 Durante a madrugada, Damon vai até uma construção e enche uma caçamba de brita, e depois foge. Nesse exemplo, não pode aplicar o princípio da insignificância, visto que a quantidade foi muita, e causa um prejuízo. Bem jurídico: o Estado vai proteger, e é necessário que tenha relevância coletiva Art. 5°, CF: Propriedade como Direito Fundamental. A constituição chama de propriedade, porém o Direito Penal chama de patrimônio, pois ele se classifica de forma mais ampla. - O que seria ter relevância coletiva? Vamos ao exemplo: Exemplo: No são João de Patos, Stefan teve seu celular furtado, no outro dia, sua família que iria viajar também pata curtir o são João, decidiu que seria melhor não ir, visto que não queriam ter os seus celulares roubados. Isso causou um medo social de sofrer, então, terá relevância para a sociedade, visto que não só atingiu o Stefan, mas toda a sua família. O patrimônio também se vale para algo que tenha valor emocional, se envolver sentimento e emoção para aquela pessoa o Estado irá proteger, mesmo que não tenha um valor monetário alto. Obs.: como é algo subjetivo, precisa ser provado. Exemplo 1 Elena Gilbert tem um colar dado pelo seu namorado, Stefan, que morreu em um incêndio. Elena estava nas ruas de Mystic Falls e teve seu colar furtado, Elena ficou muito abatida, pois aquele colar era especial. - Nesse exemplo, vemos o valor emocional do colar para Elena, então haverá proteção. - Se classifica como um viés unitário. Exemplo 2 Jane e Rafael tem um filho chamado Mateo, que adora desenhar, então todos os dias junta-se uma pilha de desenhos na gaveta de Rafael. Ao total, são mais de 100 desenhos. Um dia Rafael foi roubado, e levaram 10 desenhos. ©todos direitos reservados para @deborarenatta No caso apresentado, notamos que Rafael tem muitas unidades de desenhos do Mateo, por mais que sejam importantes, não são únicos, então seria irrelevante para o Estado. Observando os artigos: Art. 155, CP Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos e multa. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO Lei n° 9099195 – como o roubo tem mínima de 1 ano, pode ser substituída por uma suspensão, acontece uma troca Curiosidade: a pessoa que trocou a pena por uma suspensão não vai ter ficha criminal. Como identificar: quando é uma suspensão o número não é inteiro, diferente das qualificadoras, que o número é inteiro. Res furtiva: A coisa furtada (ex.: entregou a res furtiva a um comparsa, que a retirou do local do delito). Antes de adentrarmos mais a fundo em furto, precisamos ver a diferença entre ROUBO E FURTO: Acontece também a substituição por pena restritiva de direitos, porém é necessário que a pena restritiva de liberdade não superior a quatro anos, e sem violência ou grave ameaça, e, qualquer que seja a pena se o crime for culposo. Bem como pode ser fixado regime inicial aberto para o réu primário, cuja pena seja igual ou inferior a quatro anos. - No furto simples não cabe prisão preventiva em razão de pena de até 4 anos. Pode acontecer prisão em flagrante, mas depois tem que soltar. Segundo o artigo 313 do CPP, só será possível a prisão em flagrante nos crimes dolosos com pena máxima superior a 4 anos. - Organização criminosa: não é possível. Seria necessário 4 ou mais pessoas, e ter uma divisão de tarefas Objetividade jurídica: Proteger o bem jurídico: propriedade, e a posse legitima de um bem. Não há proteção para um bem que o detentor do bem não sofre nenhum prejuízo em seu patrimônio. Exemplo: O uniforme de trabalho de Paulo foi furtado, isso não gera prejuízo para o funcionário. Quem será sujeito passivo é a empresa. Não há proteção para um bem no qual a posse não é legitima, conhecido como “ladrão que rouba ladrão”. Exemplo: Gabriel teve seu carro roubado por Yan, e Débora roubou o carro de Yan. Quem tem posse legitima do bem é Gabriel, logo, Yan não terá nenhum direito. Objeto material: O patrimônio é um bem jurídico disponível, ou seja, você pode vender ou trocar. - COISA: objeto material, um bem. Coisa alheia móvel. Obs.: o ser humano não é coisa, logo, ele não pode ser furtado, mas as partes do ser humano poderão ser objeto de furto. (havendo a subtração de parte vital o crime poderá ser de homicídio ou de lesão corporal. Roubo de cadáver: segundo o art. 211, destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele tem pena de reclusão de um a três anos, e multa. Porém, esse cadáver tem que ter valor econômico, um exemplo é um cadáver furtado de um laboratório de faculdade de medicina. Os SOMOVENTES, animais em geral, podem ser objeto material de furto, um exemplo é o abigeato (furto de gado) - ALHEIA: tem que pertencer a outra pessoa. Res Nullius Res Derelicta Res Desperdicta Coisa de ninguém, nunca teve dono. Coisa abandonada. Já teve dono. Coisa perdida em local público ou abeto ao público Não pode ser objeto material de furto Não pode ser objeto material de furto. Não é objeto de furto, mas pode ser de apropriação indébita - Entregar a polícia - Prazo de 15 dias ©todos direitos reservados para @deborarenatta Tratando de uma coisa encontrada em local de particular, trata-se de crime de furto. - MÓVEL: pode ser apreendida e transportada de um local para outro, sem perder sua identidade. Furto famélico: Furto movido pela necessidade, onde acontece o excludente de ilicitude. Requisitos: 1. Seja praticado para mitigar a fome 2. Comportamento seja inevitável 3. A coisa subtraída teria que ser algo que suprisse imediatamente aquela emergência 4. Recursos inexistentes e não tem possibilidade de trabalhar. Diferença: Estado de necessidade: não teve alternativa Estado de precisão: não é essencial. TEORIA DO CRIME: típica; ilícita; culpável. Ex.: Vanessa furtou um pacote de chicletes e chocolates, e disse que estava com fome. Nesse caso, com base em uma decisão já existente do STF, ela seria condenada, pois os chocolates e chicletes não iriam resolver a fome dela. Princípio da insignificância: Não confundir furto famélico com o princípio da insignificância. Requisitosdo STF para o princípio da insignificância: 1. Mínima ofensividade 2. Nenhuma periculosidade social da ação 3. Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento 4. Inexpressividade de lesão jurídica provocada Exclui a tipicidade do crime. Núcleo do tipo: Crime vai estar consumado quando entregar o bem. Você vai subtrair, ou seja, inverter a posse. Subtração direta: de forma manual Indireta: valendo-se de interposta pessoa, instrumentos ou animais. FURTO: o agente recebe a posse vigiada do bem, por exemplo, câmera de segurança em loja de roupa. APROPRIAÇÃO INDÉBITA: o agente recebe a posse desvigiada do bem, por exemplo, sacola de roupa em casa para que escolha. Sujeitos: Ativo: É um crime comum, e pode ser praticado por qualquer pessoa. (salvo pelo proprietário do bem) Curiosidade: Quando você empresta algo SEU para alguém e depois você vai na casa dele e furta a coisa SUA não se trata de crime de furto, exatamente pela falta do elementar “alheia” nesse caso seria outro crime, que está previsto no art. 346 do CP. E quando alguem empresta algo e passa o prazo de devolver, e ela não devolve, comete algum crime? Sim, o de apropriação indébita. - Se você subtrai algo que “também é seu”, entenda, ele não é SÓ seu, mas também é, ele comete crime de furto de coisa comum, e é um crime bipróprio, pois ele se torna sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo. (Art. 156, CP) Passivo: Proprietário ou possuidor legítimo do bem, seja pessoa física ou jurídica. Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente Obs.: não é necessário que o sujeito passivo seja identificado. Ex.: nas câmeras de segurança do metro lotado em New York, foi identificado um furto, Manoel furtou um relógio, nesse caso, o processo se iniciara sem a identificação do sujeito passivo. Elemento subjetivo: Dolo de subtrair: ele tem o desejo de subtrair aquele bem. Animus furandi Inverter a posse do bem. Você tem o desejo de que aquele bem se torne seu, nesse caso, NÃO EXISTE FURTO CULPOSO, não há possibilidade de responsabilidade penal para aquele que age com imprudência, negligencia e imperícia.. Animus rem sibi habendi Tem que comprovar que a subtração não foi temporário. Por isso não existe furto de uso. Não existe furto de uso de dinheiro. ©todos direitos reservados para @deborarenatta O furto não reclama finalidade lucrativa (ANIMUS LUCRANDI). Os motivos nobres não excluem o furto. Além disso, o furto pode ser praticado por vingança, por superstição. Consumação: Ela vai acontecer quando haver a inversão da posse do bem. Teoria da Amotio: se consome com a inversão da posse do bem. Se dispensa posse mansa e pacífica, bem como que a coisa sala da esfera de vigilância da vítima. Exemplo 1: Uma empregada doméstica guardou as joias da sua patroa debaixo do sofá para pegar depois, as joias ainda estão na esfera de vigilância da vítima, porém ela não tem mais disponibilidade sobre a coisa. Suponha que a empregada doméstica não levou as joias para casa por falta de oportunidade, e depois de 4 dias a patroa achou, nesse caso ela também comete o crime de furto. Exemplo 2: No São João de Patos, Klaus furtou o celular de Damon. Ele pegou o celular e rapidamente correu, após 2 min ele foi pego pela polícia. Nesse caso houve um crime de furto na sua forma consumada, pois a posse foi invertida. STF (inf. 572) Prescindível: desnecessário. Teorias não adotadas, mas que foram necessárias para formação da teoria atua: Teoria da contrectatio: a consumação se dá pelo simples contato entre o agente e a coisa alheia, dispensando seu deslocamento. Se tocou, já consumou. Teoria da aprehensio: A consumação se dá logo após o contato, com o apoderamento da coisa alheia pelo agente Teoria da ablatio: A consumação ocorre quando o agente, depois de apoderar-se da coisa, consegue desloca-la de um lugar para outro, longe da esfera de vigilância do proprietário. Teoria da illactio: Para ocorrer a consumação a coisa deve ser levada ao local desejado pelo agente, e lá mantida a salvo. Características: 1. Material ou causal 2. Consuma-se com a lesão do patrimônio da vítima 3. Crime instantâneo AVISO: Só haverá furto como crime permanente no caso de furto de energia elétrica. tentativa: o furto é um crime plurissubsistente, sendo possível a tentativa em todas as suas modalidades. O sistema de vigilância (câmeras, alarmes) não torna o crime de furto impossível. STF: A existência de sistema de vigilância em estabelecimento comercial não constitui óbice para a tipificação do crime de furto. (HC - 111278) ©todos direitos reservados para @deborarenatta Súmula 567 STJ Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. Furto noturno: No art. 155 § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. Quando se está em repouso noturno quer dizer que a pessoa está em um estado de descanso, ou seja, dificulta a defesa. Se classifica como furto majorado. Obs.: se caracteriza em horário de 18h até às 04:50h. Aviso: Mas e se alguém estiver dormindo em um horário inferior às 18h? Nesse caso, devemos levar em conta o indivíduo x a comunidade. Vejamos nos exemplos a seguir: Exemplo 1 Maria e seu vizinho têm o costume de dormir por volta das 17:30h, e em um dia sua casa foi furtada. Nesse caso incidirá o aumento de pena? - NÃO, visto que isso é um costume apenas de MARIA e SEU VIZINHO, não envolvendo uma comunidade. Exemplo 2 Em uma cidadezinha pequena, uma comunidade tem o costume de dormir por volta das 17:30h, em um dia, a casa de um dos moradores foi furtada, nesse caso, incidirá o aumento de pena? - SIM, visto que isso é costume de uma COMUNIDADE. OBS 1.: Se a casa está desabrigada e o furto acontece nesse horário, incidirá o aumento de pena, visto que os bens furtados causarão prejuízo no proprietário. Esse é um entendimento jurisprudencial. OBS. 2: Caso a pessoa esteja dando uma festa durante o período do repouso, não incidirá. Ela não protege a noite, protege o período em que a pessoa está em repouso, e de certa forma desprotegida Aplicabilidade: causa de aumento de pena com outra qualificadora: - Causa de aumento de pena + qualificadora STJ: diz que não pode cumular as duas. STF: diz que pode sim cumular Exemplo: Gabriel e seu amigo Everaldo, foram roubar a casa de Felipe durante a noite, por volta das 01:00h. Nesse caso, segundo o STF, caberia a cumulação do aumento de pena por furto noturno e a qualificadora por concurso de pessoas. Elas baseiam isso no regime trifásico: 1. Qualificadora 2. Causas atenuantes ou agravantes 3. Causas de aumento ou diminuição de pena Obs.: o STJ diz que não pode cumular a 1° e a 3°. É possível aplicar o princípio da insignificância mesmo que seja em período noturno, tendo que cumprir os requisitos apresentados. Diminuição de pena: furto privilegiado No art. 155 §2° - “se o criminoso é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.” Direito subjetivo do réu: o réu não pode renunciar esse direito A pessoa tem que ser primária, não pode ter nenhuma sentença transitada em julgada, e não necessita ter bons antecedentes, e precisa ser um pequeno valor (até um salário mínimo – jurisprudência) e você prova isso através de uma perícia,uma avalição Valor insignificante – o juiz pode absolver o réu por falta de tipicidade material, com base no princípio da insignificância - O juiz é obrigado a fazer essa aplicação de mudança. AVISO: A pena de multa deve ser aplicada sozinha, não pode cumular penas com ela. Há possibilidade de ter furto privilegiado e repouso noturno, ou seja, podem cumular Majorante + privilegio E também a cumulação de furto qualificado + privilegiado, chamado de furto hibrido, mas, para que isso ocorra é necessário seguir alguns requisitos: *Precisa cumprir os requisitos do privilegiado ©todos direitos reservados para @deborarenatta *Precisa ser uma qualificadora objetiva: concurso de pessoa, arma do crime, algo que não muda. Sumula 511 – STJ É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva. Objetiva Concurso de pessoas; arma do crime; tem haver com coisas que não mudam, o que é em um lugar, vai ser em outra, é algo objetivo, como a própria palavra já diz. Subjetiva É algo pessoa, tem haver com a vítima, como por exemplo o abuso de confiança, que inclusive é a única qualificadora subjetiva. Equiparação: No art. 155 §3°- “equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico”. - Esse parágrafo traz uma cláusula de equiparação (equiparação à coisa móvel a energia elétrica e outras – genética, mecânica, térmica e a radioativa), desde que tenham valor econômico. Ex.: gato, furtar energia Curiosidade: fraudar medidor é considerado estelionato. - Gato net é um crime sem pena prisional. Furto qualificado: Pena: 2 a 8 anos e multa. I – Destruição ou rompimento de algum obstáculo para que o furto seja realizado Sobre o objeto: temos duas correntes, mas a segunda é a que prevalece: 1°: se você quebra para furtar um carro, não configura qualificadora, mas, se você quebra o carro para roubar algo dentro do carro configura qualificadora. - A violência tem que ser contra um bem distinto, mas se for ao próprio bem, não 2°: se você subtrair o próprio veículo e quebrar o vidro pra isso, será qualificado Ex.: veiculo; caixa de joias; Destruir: faz algo desaparecer Rompimento: danificar sem destruir Obstáculo: barreira que protege o objeto, e dentro do obstáculo temos: Ativo: protege ou ataca o agente Passivo: só protege o objeto Entendimento sobre cachorro ser um obstáculo: 1° Corrente: não é considerado um obstáculo, logo ele vai responder por furto e dano, pois, entende-se que o direito penal estaria se contrariando quando se referisse ao cachorro como um objeto. 2° Corrente: é considerado um obstáculo, visto que ele está protegendo a casa, logo, dificultando a entrada. Art. 158 – será necessária a realização da perícia, tendo em vista que o crime deixa vestígio, e pode ser realizado de forma: Direta: fazer a perícia no próprio bem Indireta: testemunhas; local do crime... Mesmo que a confissão do acusado seja feita, a perícia deverá ser realizada. Ex.: caso do goleiro bruno. A primeira testemunha seria a Eliza, visto que precisava ser feito o exame de corpo de delito direto. Mas não foi aceito, visto que a pericia realizada de forma indireta já mostrava o culpado. Precisamos prestar atenção a outros dois pontos: quando se quebra algo antes do furto e quando se quebra algo depois. Quebrei algo antes: furto qualificado Quebrei depois: furto simples e crime de dano, ou seja, responderia por dois crimes diferentes 1 1 – Abuso de confiança Exemplo 1 Klaus trabalha no estabelecimento de Damon, e ele confia em seu funcionário, porém, Klaus está furtando dinheiro do caixa. Isso qualifica o crime de furto. Exemplo 2 Klaus trabalha no estabelecimento de Damon, e ele confia em seu funcionário, porém, Klaus nunca havia ido na casa de Damon, só que Klaus descobriu onde é a casa dele e foi lá e roubou uma TV. Isso não classifica a qualificadora, pois Damon só confiava em Klaus para o horário de trabalho, e nunca tinha disponibilizado suas informações pessoais. ©todos direitos reservados para @deborarenatta O abuso de confiança é uma qualificadora subjetiva. Entende- se por abuso de confiança um sentimento de credibilidade. Obs.: não precisa ser no local de trabalho; enganação, enganar a vítima, manobra enganosa. Vai usar algum material ou uma conversa para promover o engano; apropriação indébita. Fraude material e moral podem ser cumulados 1. Não tem posse legitima, o dolo é antecedente a posse. 2. Apropriação indébita: voce tem posse desvigiada, vindo a torna-la sua Furto mediante fraude – fraude é uma qualificadora; visa diminuir a vigilância; vontade é unilateral Estelionato – fraude é elemento do crime; a vítima entregue espontaneamente a posse desvigiada da coisa; vontade é bilateral. - Escalada: subir e descer - Destreza: técnicas 1 1 1 – Chaves falsas. 1 V – Mediante concurso de pessoas; 2 ou mais pessoas. Precisa ter unidade de desígnio: mesma vontade; pensar de forma igual; As qualificadoras podem cumular. Ex.: primeiro voce escolhe a pena, geralmente é da qualificadora maior, e depois na terceira fase voce aumenta a pena em 1/3 EXTRA: Ônus da prova: pessoa que foi prejudicada. Caso haja dúvida: in dubio pro réu 1. Emprego de explosivo: § 4º-A: A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum 2. Mediante fraude analógica § 4º-B: A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. 3. Gravoso: § 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso. I – Aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional; 1 1 – Aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado. contra idoso ou vulnerável § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior - O veículo tem que passar para outro estado, pode vender. Obs.: Tem que ter o DOLO, se caso o fugitivo esteja sendo perseguido pela polícia e leve o carro para outro estado, não irá configurar a qualificadora, pois ele não teve a intenção. § 6° - Furtar qualquer animal de cunho domesticável e que tenha uma característica de produção. § 7° - Subtrair substancia explosiva, ou assessórios que possibilitem sua fabricação. (impacto de uso de pólvora) ©todos direitos reservados para @deborarenatta Questões Um indivíduo invadiu um órgão público, no horário de um jogo da Copa do Mundo, durante o dia, quando todos os servidores públicos tinham ido embora. Para adentrar o imóvel, contou com a ajuda de dois outros homens. Após uma hora, evadiram-se do local levando computadores e impressoras. Com o auxílio das câmeras de segurança, a Guarda Municipal conseguiu identificar os infratores. Nos termos do Código Penal, a subtração de coisa alheia, no caso apresentado, sujeita-se à pena de reclusão de dois a oito anos, em função de: A) Ser o local um órgão público. B) Ser praticada em um feriado. C) Ser praticada em concurso de pessoas. D) Os bens subtraídos serem computadores. A respeitodo crime de furto e suas variações, assinale a alternativa INCORRETA. A) Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel caracteriza o crime de furto simples. B) A pena é de reclusão de dois a seis anos, e multa, se o crime é cometido com emprego de chave falsa. C) Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum, caracteriza o crime de furto de coisa comum. D) O crime de furto realizado com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza, é considerado qualificado. Para efeitos do Código Penal (Decreto-lei nº 2.848/40), a conduta de subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum, constitui crime de: A) Sequestro. B) Roubo. C) Furto de coisa comum. D) Furto. E) Extorsão. Acerca das circunstâncias que envolvem o crime de furto e suas respectivas penas, assinale a alternativa correta. A) A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. B) A pena é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa, se o crime é cometido mediante concurso de três ou mais pessoas. C) A pena é de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração, mais o valor do próprio semovente a título de multa. D) Aumenta-se a pena, de 2/3 (dois terços) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. E) A pena é de reclusão, de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos, e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. Armando, usuário contumaz de maconha, ao perceber que seu dinheiro havia acabado e que seu desejo pelo uso do entorpecente estava aumentando, resolveu quebrar o vidro de um automóvel estacionado na rua, sob uma árvore, para subtrair o rádio nele existente com a finalidade de vendê-lo para comprar maconha. Assim o fez então. O veículo, no entanto, teve seu alarme disparado com a quebra do vidro por Armando e dois policiais militares que, coincidentemente, faziam patrulhamento de rotina e passavam pelo local, tiveram a atenção despertada em virtude do disparo do alarme e conseguiram, assim, deter Armando já com o rádio em suas mãos e fora do automóvel. De acordo com o enunciado, é correto afirmar, no que tange à conduta de Armando, que ele A) responderá por crime de furto simples, na sua forma consumada. B) responderá por crime de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo, na sua forma consumada. C) responderá por crime de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo, na sua forma tentada. D) responderá por crime de furto simples, na sua forma tentada. E) responderá por crime de dano simples, na sua forma consumada. Em 05 de junho de 2022, Mariana entrou em um restaurante estilo “self-service” e apoiou sua bolsa em uma cadeira. Enquanto conversava distraidamente com seu marido, José, Mariana esqueceu sua bolsa aberta. Diogo, outro cliente que estava no estabelecimento, terminou o almoço, levantou-se de onde estava sentado e foi em direção ao caixa para efetuar o pagamento da conta. Nesse momento, Diogo percebeu a bolsa de Mariana aberta e, sorrateiramente, pegou o aparelho celular dela. Logo em seguida, Mariana e José deram falta do aparelho e iniciaram a procura no local, tendo José visto Diogo na fila do caixa com o celular de Mariana. Imediatamente, José ©todos direitos reservados para @deborarenatta interpelou Diogo e restou comprovado que se tratava realmente do celular de Mariana. De acordo com jurisprudência consolidada dos Tribunais Superiores, em relação à conduta de Diogo, pode-se afirmar que A) praticou o crime de roubo consumado, previsto no art. 157, caput, do CP. B) praticou o crime de furto, na sua forma tentada, previsto no art. 155, caput, c/c art. 14, II, ambos do CP. C) praticou o crime de roubo, na sua forma tentada, previsto no art. 157, caput c/c art. 14, II, ambos do CP. D) praticou o crime de furto consumado, previsto no art. 155, caput, do CP. E) praticou o crime de apropriação indébita, previsto no art. 168, caput, do CP. Em 2014, a Terceira Seção do STJ editou a Súmula 511, que possui a seguinte redação: “É possível o reconhecimento do privilégio previsto no 8 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.” Das qualificadoras listadas abaixo, assinale a que não é de ordem objetiva. A) com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa B) mediante concurso de duas ou mais pessoas C) praticado através da escalada ou destreza D) com emprego de chave falsa E) com abuso de confiança Antônio, Carlos e Pedro, previamente ajustados, subtraíram diversos bens pertencentes a um estabelecimento comercial. Após deixarem o local, foram encontrados pela polícia, ainda na posse dos bens. A partir dessa situação hipotética, julgue o seguinte item. Ainda que se trate de furto qualificado, se os bens subtraídos forem de pequeno valor e os agentes, primários, poderá o juiz substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la ou aplicar somente a pena de multa. a) Certo b) Errado Antônio, Carlos e Pedro, previamente ajustados, subtraíram diversos bens pertencentes a um estabelecimento comercial. Após deixarem o local, foram encontrados pela polícia, ainda na posse dos bens. A partir dessa situação hipotética, julgue o seguinte item. Ainda que o furto tenha ocorrido à noite, não incidirá, nesse caso, a causa de aumento (prática do crime de furto no período noturno) da pena prevista, segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. a) Certo b) Errado Durante o período de repouso noturno, Pedro cometeu o crime de furto de um veículo que estava guardado na garagem da casa da família Silva. No decorrer das investigações, foi possível constatar que Pedro era primário e que, pela análise das imagens das câmeras de segurança instaladas no jardim da residência, havia movimentação dentro da casa, ou seja, membros da família Silva estavam acordados dentro da residência. A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta. A) É irrelevante o fato de as vítimas estarem ou não dormindo no momento do crime, bastando que o furto tenha sido praticado à noite, durante o repouso noturno, para caracterizar a causa de aumento de pena. B) Apesar de o crime ter sido cometido durante o horário de repouso noturno, não deve ser aplicada a causa de aumento de pena, pois havia pessoas acordadas dentro da residência. C) Ainda que Pedro tenha rompido obstáculo para adentrar a casa, o furto não poderá ser considerado qualificado, pois o referido fato é elementar do crime de furto. D) O fato de Pedro ser primário é, por si só, suficiente para que o juiz substitua a pena de reclusão pela de detenção ou aplique apenas a pena de multa. E) Caso Pedro tivesse se utilizado de escalada para cometer o crime, tal qualificadora só poderia ser reconhecida mediante prova pericial. Segundo a orientação que prevalece no Superior Tribunal de Justiça, o crime de furto praticado A) no interior de residência durante o repouso noturno configura a forma qualificada do delito, salvo se ela estiver desabitada. B) mediante ligação clandestina de água de concessionária de serviço público é insuficiente para a incidência da qualificadora da fraude. C) com duas qualificadorasadmite que uma delas seja utilizada para qualificar o delito e a outra para exasperar a pena-base. ©todos direitos reservados para @deborarenatta D) com destruição ou rompimento de obstáculo configura a forma qualificada do delito, ainda que o dano recaia sobre o próprio objeto da subtração. E) com abuso de confiança permite o reconhecimento do privilégio desde que o réu seja primário e de pequeno valor o bem furtado. ©todos direitos reservados para @deborarenatta
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