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Mariana C. A Souza REMIT, NUTRIÇÃO E PRESCRIÇÃO METABOLISMO NO PACIENTE CIRURGICO – REMIT REMIT: Resposta Endócrina Metabólica e Imunológica ao Trauma O Status nutricional de um paciente estão diretamente relacionados a dieta adequada, funcionamento do trato alimentar e das condições fisiológicos. Desta maneira, em pacientes cirúrgicos e criticamente doentes, os processos metabólicos e nutricionais podem ser comprometidos como consequência de fatores ambientais, patológicos ou traumáticos, o que leva a uma necessidade de suplementação nutricional para possibilitar a cura e a recuperação. Sempre que ocorre uma agressão ao organismo humano, qualquer que seja a causa ou mecanismo, desencadeia um complexo conjunto de respostas que são iniciadas imediatamente, necessárias para manter a homeostasia. As reações do trauma são desencadeadas por vários componentes, tais como perda de sangue, lesão tecidual, ansiedade e dor. → A infecção e o jejum prolongado são fatores que pode contribuir para reiniciar ou agravar as respostas orgânicas. → A extensão e a magnitude das respostas vão depender da intensidade do trauma. → Dor, excitação e medo estão sempre presentes e algumas vezes são muito intensos. O corpo causa reação de “luta ou fuga” no trauma, sendo assim, as respostas orgânicas frente ao caso são: → Ativação dos mecanismos de coagulação → Desvio de líquidos do extravascular para o intravascular → Redistribuição do fluxo sanguíneo → Manutenção do equilíbrio ácido-básico e eletrolítico → Mobilização de leucócitos → Produção de macrófagos e linfócitos T → Aumento do debito cardíaco → Lipólise e proteólise → Aumento da glicogenólise e da gliconeogênese Sendo assim, temos como definição do REMIT a capacidade de responder a determinadas agressões, sejam elas de natureza cirúrgica, traumática ou infecciosa, sendo um componente fundamental apresentados pelos seres vivos. Seu principal objetivo, portanto, é restabelecer a homeostasia. Embora as respostas biológicas do trauma tenham como princípio básico preservar o organismo, agressões intensas e graves desencadeiam uma resposta “maléfica”, que pode levar o hospedeiro ao óbito. Dentre essas respostas, temos: Isquemia Renal, Isquemia Intestinal e Excesso de inflamação (apoptose). METABOLISMO EM CIRURGIA RESPOSTA CATABÓLICA: A resposta metabólica anormal é iniciada por fatores originados nas feridas ou na infecção, com continuidade pela liberação sistêmica de hormônios relacionados ao estresse. A magnitude da inflamação não depende apenas do grau da lesão inicial, mas também a capacidade própria do paciente de reagir as lesões (já pré-programada geneticamente). Sendo assim, nessa fase, há um aumento da atividade metabólica e do trabalho celular no local da lesão. Os tecidos lesados serão reabsorvidos e desvitalizados, e os tecidos perdidos serão reparados. → As lesões consomem grandes quantidades de energia durante o processo de cicatrização, tanto pela grande quantidade de células inflamatórias, quanto pela síntese de colágeno pelos fibroblastos. Enquanto a atividade catabólica se prolonga, atividade anabólica normal, necessária para a síntese proteica, estará diminuída, sendo assim, não há anabolismo compensatório. Mariana C. A Souza RESPOSTAS NEUROENDÓCRINAS: os principais hormônios envolvidos são: catecolaminas, corticosteroides e o glucagon. Os componentes inflamatórios envolvidos são: citocinas e a ativação sistêmica de cascatas humorais envolvendo complemento eicosanoides (mediadores inflamatórios de origem lipídicas) e fatores ativadores de plaquetas. Tais mediadores promovem a cicatrização pela estimulação da angiogênese, migração de leucócitos e fibroblastos. CORTISOL: após o trauma o cortisol de eleva paralelamente ao aumento do ACTH, atingindo valores máximos entre 4-12 horas. Quanto maior a extensão e gravidade da lesão, mais tempo o cortisol permanecerá no organismo do indivíduo. Ele é responsável pela mobilização de aminoácidos do musculo esquelético e estimulação da gliconeogênese hepática. → Pacientes em uso prolongado de corticosteroides devido a doenças crônicas, não ocorre o aumento sérico do cortisol no período pós-operatórios, sendo assim, esses pacientes podem apresentar com frequência problemas hemodinâmicos (hipotensão e choque). CATECOLAMINAS: após grandes traumas os níveis séricos elevam-se acentuadamente, permanecendo por 12-24h, dependendo do tamanho da lesão. Sua função é a estimulação da glicólise hepática, glicogenólise e gliconeogênese, além de aumentarem a produção de lactato a partir dos tecidos periféricos (músculo esquelético). Ainda, aumentam a liberação de aminoácidos pelo tecido muscular, atividade metabólica, lipólise e liberação de ácidos graxos. Junto a isso, as catecolaminas deprimem a secreção de insulina estimulam a hipófise a produzir maior quantidade de ACTH, bem como a estimulação cardíaca e a vasoconstrição. GLUCAGON: na fase hipermetabólica do trauma, tal hormônio excerce um potente efeito na glicogenólise e na gliconeogênese hepática. Além disso, possui atividade lipolítica, estimulando a liberação de ácidos graxos livres e glicerol pelo tecido adiposo. A elevação do glucagon permanece até o paciente se restabeleça. ALDOSTERONA: tal hormônio contribui para baixar os níveis de potássio sérico. Durante a fase pós-traumática provoca a troca de potássio e hidrogênio plasmático pelo sódio, retendo-o, contribuindo para a retenção da agua e reabsorção de bicarbonato e, consequentemente, aumento da volemia. ADH: nos grandes traumas, sua secreção chega a elevar 50 vezes, em especial no início da anestesia e das operações. Os níveis caem rapidamente, normalizando-se em 4 dias em média. Suas ações são osmorreguladoras, vasoativas e metabólicas. Além disso, provoca reabsorção de água livre dos túbulos distais e coletores dos rins, vasoconstricção esplâncnica intensa em casos de hemorragia e hipovolemia súbitas, bem como estimulação da gliconeogênese hepática. GH: a estimulação da secreção desse hormônio está relacionada com a hipoglicemia do jejum pós- traumático, baixa de AGL, hipovolemia, aumento dos níveis de aminoácidos e ACTH. Sua concentração permanece elevada por 24h e aos poucos retorna ao normal. As principais consequências são: aumento da glicemia por inibição de transporte no fígado e no musculo esquelético, elevação de AGL no plasma, estimulação da lipólise, potenciação das catecolaminas e acumulo de nitrogênio. HORMÔNIOS TIROIDEANOS: no trauma acontece queda de T3 e T4, já o TSH pode variar de acordo com o paciente. CITOCINAS: as que desempenham papeis importantes na regulação metabólica do trauma são: TNF-α, IL-1, IL-2, IL-6 e IFN gama. FASES DA RESPOSTA AO TRAUMA: → FASE CATABÓLICA: 3-5 dias → EQUILÍBRIO: 1 a 2 dias → ANABOLISMO PROTEICO: dias a semanas Independentemente do tipo de cirurgia, algumas manifestações são comuns, como: → Íleo dinâmico: catecolaminas e opioides endógenos → Oligúria funcional: ADH → Alcalose mista: aldosterona → Hiperglicemia: glucagon, cortisol, lipólise, proteólise Mariana C. A Souza → Elevação da temperatura basal: IL-1 → Anorexia: TNF-alfa E como modificar as respostas pós- operatórias? Cirurgia Laparoscópica = diminuição da resposta imunológica Cirurgia sob anestesia peridural = diminuição da resposta endócrina NUTRIÇÃO PERIOPERATÓRIA Pacientes cirúrgicos com desnutrição apresentam risco aumentado de complicações relacionadas à cicatrização de feridas, alteração nas respostas imunes, catabolismo acelerado, recuperação mais lenta e aumento da morbidade e mortalidade. Pacientes que, após a cirurgia, não são adequadamente alimentados tornam-se mal nutridos dentro de 10 dias.Sendo assim, o objetivo da nutrição perioperatória é suplementar os requisitos calóricos e de nutrientes específicos com segurança para promover a cicatrização do ferimento, diminuir o risco de infecção e impedir a perda de proteínas muscular. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL O suporte nutricional se inicia com uma boa avaliação do estado do paciente, nele buscamos investigar: → Desnutrição preexistente → Condições clínicas e distúrbios metabólicos associados → Má absorção → Doenças dentárias → Dependência de drogas e alcoolismo Além disso, buscamos: → História clinica abrangente → Exame físico minucioso → Medidas antropométricas → Exames laboratoriais e de imagem EXAME CLÍNICO E MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS Avaliação Subjetiva Global (ASG): → A= bem nutrido → B= moderadamente desnutrido → C= gravemente desnutrido (terapia de suporte nutricional) Perda de peso não intencional Redução da massa muscular, perda de força muscular e depleção dos estoques de gordura Medidas antropométricas: → PIC (peso corporal ideal): Homens: 48kg par os primeiros 152cm + 2,7kg para cada 2,54 cm Mulheres: 45kg para os primeiros 152cm + 2,3kg para cada 2,54 cm → IMC (índice de massa corporal): IMC= peso (kg) / altura² (m²) Gravemente abaixo do peso < 16,5 kg/m² Abaixo do peso 16,5-18,4 kg/m² Peso normal 18,5-24,9 kg/m² Excesso de peso 25-29,9 kg/m² Obesidade grau I 30-34,9 kg/m² Obesidade grau II 35-39,9 kg/m² Obesidade grau III ≥ 40 kg/m² EXAMES LABORATORIAIS ALBUMINA: Corresponde a >50% da proteína total do soro, sendo a principal responsável pela pressão osmótica coloide. < 3g /dL no pré-operatório = fator de mau prognóstico, sendo fatores preditores da morbidade e mortalidade. Mariana C. A Souza OBS: a albumina possui uma meia vida de 20 dias, sendo assim, não é um requisito diagnóstico em casos de quadro agudos. Neste caso, a melhor escolha para diagnóstico é a pré-albumina. TRANSFERRINA PRÉ-ALBUMINA Proteínas séricas Albumina Pré- albumina Transferrina Normal >3,5 mg/dL >15 mg/dL > 200 mg% Depleção leve 3,0-3,5 mg/dL 10-15 mg/dL 150-200 mg% Depleção moderada 2,4-2,9 mg/dL 5-10 mg/dL 100-150 mg% Depleção grave <2,4 mg/dL <5 mg/dL <100 mg% Meia- vida 20 dias 1 a 2 dias 8 dias INDICAÇÕES PARA SUPORTE NUTRICIONAL Histórico prévia de desnutrição ou doença crônica Perda involuntária de > 10-15% do peso corporal em 6 meses OU > 5% em um mês Peso < 20% do PCI, IMC < 18,5 Kg/m² ou ASG= C Comendo < 50% na última semana Expectativa de perda sanguínea durante a cirurgia > 500 ml Albumina sérica <3,0 g/dL ou Transferrina <200 mg/dL na ausência de estado inflamatório, disfunção hepática ou renal Pacientes que antecipadamente sabemos que não conseguirão suprir as necessidades calóricas basais no período de 7-10 dias do perioperatório Doenças de elevado catabolismo (queimadura ou trauma significativo, sepse, pancreatite grave) TEMPO DE SUPORTE NUTRICIONAL Cirurgia pode ser adiada? Se sim ... Tempo mínimo = 7 dias Tempo ideal? Benigno= 3 semanas ou mais (ex: hérnia, colecistectomia eletiva) Maligno= 10-14 dias (ex: câncer) CALORIAS – NECESSIDADE DIÁRIA Necessidade diárias com base no gasto de energia em repouso (GER) ou taxa metabólica basal (TMB) EQUAÇÃO DE HARRIS-BENEDICT: trata-se da formula usada com maior frequência para estimar o GER. Ela mostrou ser precisa quanto outras fórmulas comumente usada em múltiplos estudos. Essa equação estima a TMB assumindo um estado fisiológico de repouso normal. Homens: Mulheres: OBS: sabendo que os pacientes em geral sofrem estresses fisiológicos diferentes, a multiplicação por um fator de estresse é normalmente necessária. Sendo assim, fatores de estresse de 1,1 e 1,2 foram sugeridos para cirurgia eletiva menor e maior. Agora, 1,35 e 1,6 são sugeridos para traumatismo esquelético craniano. E por fim, 1,1; 1,5 e 1,8 são sugeridos infecção leve, moderada e grave. Assim, começamos uma dieta com oferta de 8-10 Kcal/kg/dia, podendo chegar a 20-30 Kcal/kg/dia. Em relação a proteína, ofertamos 1,0-2,0 Kcal/kg/dia, em caso de queimados, ofertarmos 2 Kcal/kg/dia. SÍNDROME DE REALIMENTAÇÃO Trata-se da desordem severa de eletrólitos, minerais, fluidos corporais e vitaminais, sendo potencialmente letal. Tal síndrome afeta pacientes cronicamente desnutridos, como no caso de: anorexia nervosa, marasmo e Kwashiorkor, alcoolismo, cirurgia bariátrica, jejum prolongado, greve de fome, caquexia cardíaca e do câncer. Esse quadro leva a estado de HIPO CALEMIA, HIPO MAGNESEMIA E HIPO FOSFATEMIA, levando a insuficiência cardíaca, arritmias, insuficiência respiratória, distúrbios neurológicos, disfunção renal e hepática, dentre outros. Mariana C. A Souza Diante disso, é necessária uma prevenção que leva em conta uma realimentação devagar, com progressão lenta, monitorada e com correção dos distúrbios eletrolíticos. VIAS DE NUTRIÇÃO Após a decisão de iniciar o suporte nutricional, a via de administração deve ser selecionada, levando em conta a mais fisiológica possível, ou seja, a via oral é sempre preferida. NUTRIÇÃO ENTERAL (NE) Trata-se da administração de uma dieta líquida através de diferentes rotas, sendo sondas (nasogástrica ou nasoenteral) ou ostomias digestivas). Sondas = < 4 semanas de suporte nutricional Ostomias= > 4 semanas de suporte nutricional A instituição precoce (24 a 48 horas) da NE após uma cirurgia minimiza o risco de má nutrição e pode diminuir a resposta hipermetabólica observada depois da cirurgia. É usada em GI funcionante, mas sem possibilidade de nutrição via oral. VANTAGENS: Previne atrofia da mucosa intestinal Menor risco de translocação bacteriana Menor incidência de complicações como infecções Melhora na resposta imune Redução da REMIT CONTRAINDICAÇÕES: Vômitos e/ou diarreia intratáveis e refratários ao controle medicamentoso Íleo paralítico Fístulas de alto débito Obstrução e isquemia intestinal Peritonite difusa Choque grave ou instabilidade hemodinâmica Hemorragia digestiva grave Síndrome do intestino curto grave (< 100 cm de intestino delgado restante) Síndrome disabsortiva grave (falência da terapia enteral) Impossibilidade de acesso ao GI Necessidade de suporte < 7 dias Em paciente criticamente doente, a NE deve ser iniciada dentro de 24 horas após a lesão ou internação, no qual, a ingesta média aplicada na primeira semana deve ser de pelo menos 60-70% dos requisitos totais estimados de energia, conforme determinado pela avaliação. SONDA NASOGÁSTRICA (SNG): É o método mais econômico e previne complicações pós-operatórias como gastroparesia. Como a sonda mantem o esfíncter esofágico inferior um pouco aberto, o paciente está sujeito a refluxo e risco de broncoaspiração. Sendo assim, recomenda-se manter a cabeceira elevada em 35 graus e não deixar o volume de infusão > 50ml/h. SONDA NASOENTERAL (SNE): É o método mais utilizado. A extremidade distal da sonda pode ser posicionada tanto no duodeno, como no jejuno. Sonda de Dubbhooff: tipo especial de SNE. Ela possui menor calibre e maior conforto. A SNE diminui a broncoaspiração? Depende da literatura. Sabiston afirma não fazer diferença, já Schwartz afirma reduzir 25% das complicações na sonda pós-pilórica. COMPLICAÇÕES DO POSICIONAMENTO INCORRETO DA SNG E SNE: Sinusite Epistaxes Necrose nasal Aspiração → pneumonia Mariana C. A Souza GASTROSTOMIA: Esse método é utilizado quando há previsão de nutrição enteral prolongada (> 4 semanas). Trata-se de um procedimento que estabelece o acesso à luz do estomago através da parede abdominal, podendo ser realizado por método cirúrgico ou endoscópico percutânea. O preparo pré-operatório consiste de jejum de 6- 8 horas, instalação de acesso venoso para infusão de fluidos com eletrólitos, analgésicos e sedativos. VIAS CIRÚGICAS: Método temporário: o trajeto do cateter é revestido pela serosa, de modo que o fechamento da Gastrostomia é espontâneo, rápido e definitivo, ocorrendo 2-3 dias após a retirada do cateter. Gastrostomia a Stamm: a sonda fica perpendicular à parede do estômago. Gastrostomia de Witzel: a sonda fica paralela à parede do estômago Método permanente: o trajeto tubular é construído a partir de um retalho da parede gástrica, de tal forma que o revestimento interno é formado pela mucosa gástrica. Gastrostomia de Janeway: Gastrostomia Endoscópica Percutânea (GEP): possui menor custo e morbidade. Contraindicações absolutas: Impossibilidade de acesso endoscópico Coagulopatia grave Sobrevida gástrica distal Sobrevida < 4 semanas Impossibilidade de aproximação do estomago e parede abdominal Contraindicações relativas: Impossibilidade de transiluminação através da parede abdominal Varizes gástricas Câncer gástrico difuso JEJUNOSTOMIA: Esse método é utilizado quando há previsão de nutrição enteral prolongada (> 4 semanas) quando a gastrostomia não pode ser realizada. Trata-se Mariana C. A Souza de um procedimento cirúrgico que estabelece o cesso à luz do jejuno proximal através da parede abdominal. A dieta administrada por essa via é de forma lenta e contínua, pois o jejuno não acomoda grandes volumes, além disso, a dieta deve ser hipo ou, no máximo, isosmolar (dietas hiperosmolares podem causar isquemia/ perfuração do intestino). Jejunostomia à Witzel: NUTRIÇÃO PARENTERAL (NP) Trata-se da administração de nutrientes (glicose, proteínas, água, eletrólitos) por via endovenosa. Preferencialmente, a NP é realizada por acesso central (jugular interna e subclávia). O acesso periférico apenas quando a dieta é mantida por <2 semanas e com baixa osmolaridade. INDICAÇÕES (impossibilidade de uso do TGI): Vômitos e/ou diarreia intratáveis e refratários Íleo paralítico Fístulas de alto débito Obstrução e isquemia intestinal Peritonite difusa Hemorragia digestiva grave Síndrome do intestino curto Síndrome disabsortiva grave Impossibilidade de acesso enteral Necessidade de suporte < 7 dias Casos em que a nutrição enteral não fornece o aporte nutricional necessário (concomitância). CONTRAINDICAÇÕES: Instabilidade hemodinâmica: a instabilidade hemodinâmica é CI à nutrição parenteral, contudo, não significa que paciente com DVA não possa receber parenteral. DIETA ORAL O que é “progredir dieta”? Dieta zero (jejum absoluto) → líquida restrita → líquida completa → semilíquida → pastosa → branda → geral DIETA LÍQUIDA RESTRITA: Consiste em dieta apenas com líquidos, de 200- 300 ml por refeição. É isenta de fibras, gorduras e açúcar, além disso, valor calórico e nutritivo é muito baixo. EX: água, chá e gelatina. NÃO pode consumir leite. DIETA LÍQUIDA COMPLETA: Consiste em dieta com preparações liquidas com baixo teor nutritivo, de 200 ml a cada 2 horas. NÃO é indicado leite e bebidas à base de leite. EX: sorvete, chá, café, suco de fruta coado, sopa coada, caldo de galinha/carne/feijão. DIETA SEMILÍQUIDA: Mariana C. A Souza Consiste em dieta com alimentos líquidos e semissólidos. Seu teor calórico é reduzido e de fácil digestão. EX: purê, caldos de carne e vegetais, sopas batidas em liquidificador, leite ou coalhada, creme, frutas em papa ou batida em liquidificador. DIETA PASTOSA: Consiste em uma dieta menos sólida, que favorece a digestibilidade em situações especiais (falta de dentes, dificuldade de deglutição). EX: leite e derivados (queijo cremoso), carnes moídas, desfiadas; ovo cozido, sopas, arroz papa. DIETA BRANDA: Consiste em uma dieta com consistência atenuada e menor quantidade de resíduos. Tem como intuito, facilitar e diminuir o tempo de digestão, recomendada para disfunções gastrointestinais ou problemas de mastigação. EX: salada apenas cozida, carnes frescas, cozidas, assadas, grelhadas; vegetais cozidos no forno, refogados; ovo cozido, torradas, biscoitos, pães enriquecidos. DIETA GERAL/ NORMAL/ LIVRE: Consiste em uma dieta com todos os alimentos acessíveis ao indivíduo sem restrições e segundo sua preferência, em qualquer preparação e consistência. PRESCRIÇÃO CIRÚRGICA “Difícil Fazer Mal Cuando Preparados Estamos” D- Dieta F- Fluidoterapia M- Medicamentos (antibióticos, analgesia, anteriores, antis (profilaxia), ajuda) C- Cuidados médicos P- Procedimentos E- Especiais - Posologia, dosagem, via de administração e intervalo de tempo entre as doses. “FAST HUG EX” F- Food (dieta) - Sem contraindicações= liberar precoce! A- Analgesia - Evitar dor e náuseas - Eras e Acertos (AINES, dipirona e paracetamol) S- Sedação (se necessária) - Cirurgias específicas T- Tromboproflixia - Definir risco: * Baixo, moderado e alto * Procedimento e paciente - Profilaxia mecânica - Profilaxia química - Risco baixo: * < 40 anos * Cirurgias não trauma, não ortopédicas, <60 min * Paciente sem fatores de risco - Tratamento não farmacológico * deambulação precoce, meias elásticas, compressão pneumática intermitente - Risco moderado: Mariana C. A Souza * Cirurgias maiores em < 40 anos sem fatores de risco * Cirurgia menores em > 40 anos e/ou fatores de risco - Risco alto: * Cirurgias maiores em > 40 anos e/ou fatores de risco * Fatores de risco: obesidade, uso de ACO, neoplasia, restrição no leito, doenças cardiovasculares, histórico de TVP/TEP, duração prolongada - Risco moderado e alto: * Tratamento não farmacológico: deambulação precoce, meias elásticas, compressão pneumática intermitente * Tratamento farmacológico: Heparina 5000 UI 12/12h ou 8/8h. Enoxaparina 40mg 1x ao dia H- Hidratação/ Head of the bed elevated - Conforme avaliação médica: * Soro Glicosado 5%- perdas insensíveis e calorias basais (hipoglicemia) *Ringer Lactato: sondas, drenos, urina (liquido extracelular) * SF 0,9%: muito NA- acidose, hipercloremia * controle Dextro: Glicose e/ou IR * H- Head of bed elevated- 30º U- Ulceroprofilaxia (úlcera de stress) - Paciente crítico (queimado, UTI, trauma grave) → redução da barreira mucosa e diminuição do fluxo sanguíneo → úlceras de stress → sangramento - Critérios maiores: * Coagulopatia (plaquetas <50.000, INR >1,5) * Ventilação mecânica > 48h * Antecedente de úlcera gastroduodenal no último ano * Trauma encefálico grave, raquimedular ou grande queimado - Critérios menores: * Sepse ou trauma grave * UTI > 1 semana * Uso de AINES, corticoides ou antiplaquetários SE 1 critério maior ou 2 critérios menores= iniciar medicação, preferência= bloqueador de bomba de prótons (VO>EV) G- Glicemia EX- exames EXERCÍCIOS 1- (AMRIGS – 2019). Considerando a reação metabólica ao trauma cirúrgico, é correto afirmar que: a) Nas primeiras 24 horas, ocorre um aumento da diurese b) O nível de cortisol sanguíneo aumenta nas primeiras 48 horas c) Febre nas primeiras 24 horas indica infecção cirúrgica d) A frequência cardíaca reduz nas primeiras 48 horas 2- (SCMBH-MG - 2017). Em relação às alterações endócrino-metabólicas no trauma, assinale a alternativa incorreta: a) O glicogênio serve como principal “combustível” do corpo nasprimeiras 12 a 24 horas na resposta metabólica à inanição b) O principal estimulante à produção de ADH após um trauma é a diminuição do volume sanguíneo efetivo c) Os níveis do hormônio estimulante da tireoide, TSH, geralmente se elevam muito após um trauma d) A resistência à insulina, a secreção de glucagon e o balanço nitrogenado negativo* são algumas das alterações metabólicas presentes após um trauma *Balanço nitrogenado negativo= + proteínas consumidas do que sintetizadas 3- (UFPI - 2018). Em pacientes desnutridos, a adequação do regime nutricional pode ser avaliada pela dosagem de proteínas plasmáticas. Mariana C. A Souza Das proteínas abaixo, a que é mais sensível por apresentar uma meia vida mais curta é: a) Pré-albumina b) Albumina c) Globulina d) Proteína ligadora de estradiol e) Transferrina 4- (IAMSPE - 2019). Das situações seguintes, assinale aquela que está indicada como suporte nutricional pré-operatório para realizar uma colectomia esquerda por diverticulite em uma paciente de 43 anos, e sem comorbidades (admitindo fator único): a) Perda de peso de 3% nos últimos 8 meses b) Albumina de 3,2 g/dL c) IMC de 18 kg/m² d) Asma brônquica 5- (ENARE- 2022). Para uma boa avaliação da necessidade nutricional de um paciente, é necessário prever sua taxa metabólica basal, a qual pode ser calculada por meio da equação de Harris Benedict, que leva em consideração: a) Peso em kg, altura em cm e Vco2 (volume de gás carbônico expirado). b) Altura em m, superfície corpórea em m² e temperatura corpórea em °C. c) Peso em kg, altura em me fator de estresse, que exige multiplicação por 1,2 a 1,5 em pacientes com sepse. d) Peso em g. altura em cm e frequência cardíaca em bpm. e) Altura em cm, peso em kg e fator de estresse, que exige multiplicação por 1,1 a 1,2 para pacientes submetidos à cirurgia eletiva. 6- (UFS - 2018). Paciente, do sexo masculino, 55 anos, com diagnóstico de estenose pilórica por câncer gástrico, sem outras comorbidades. Não consegue ingerir nada há 06 dias, com porcentagem de perda de peso 18% em 40 dias. Há 04 dias com hidratação venosa com cristaloides. Iniciado nutrição parenteral total. No 2º dia apresenta quadro de dispneia intensa, taquipneia com estertores crepitantes difusos em ambos pulmões, hipotensão arterial, arritmia cardíaca. Diagnosticado como edema agudo de pulmão foi medicado com diurético venoso e morfina, não obteve melhora evoluindo para parada cardiorrespiratória e óbito. A principal causa da morte deste paciente é: a) Arritmia cardíaca devido à síndrome de realimentação b) Pneumonia com sepse c) Crise hipertensiva, falência cardíaca d) Insuficiência suprarrenal aguda 7- (IAMSPE-2022). Para um paciente com risco nutricional grave, em pré-operatório de neoplasia de esôfago ressecável, a orientação nutricional recomendada é a de: a) operar imediatamente, com suporte enteral pós- operatório. b) operar imediatamente, com suporte parenteral e enteral pré-operatório. c) passar sonda nasoenteral e nutrição até atingir albumina sérica de pelo menos 3mg/dl. d) passar sonda nasoenteral e nutrição na meta por dez a catorze dias. e) passar cateter PICC e nutrição parenteral com meta de 1,5g de proteína por quilo. 8- (SURCE – 2017). Homem de 56 anos, agricultor, tabagista desde os 12 anos de idade, apresentou há 8 meses neoplasia de laringe com clara dificuldade progressiva de alimentar-se. Atualmente, apenas deglute água com dificuldade. Paciente pesava 76 kg há 6 meses, apresentando peso atual de 54 kg, com IMC de 16,66kg/m². O oncologista indicou tratamento de radioterapia e traqueostomia e, após esse tratamento, nova avaliação para possível esofagolaringectomia radical com retalho jejunal microcirúrgico. Qual a melhor via de alimentação para esse paciente, nesse momento? a) Sonda nasogástrica ou nasoenteral. b) Gastrostomia endoscópica c) Gastrostomia a Stamm d) Jejunostomia a Witzel 9- (SUS-SP – 2018). Homem, 58 anos, vai à avaliação pré-operatória de ressecção de cólon por adenocarcinoma. Para a correta profilaxia de tromboembolia venosa, deve-se: a) usar enoxaparina subcutânea após a cirurgia por 7 dias b) usar enoxaparina subcutânea após a cirurgia continuamente. A medicação só deve ser suspensa se houver contraindicação absoluto a seu uso. Mariana C. A Souza c) usar enoxaparina subcutânea após a cirurgia durante a internação hospitalar d) recomendar a deambulação precoce e meia elástica são suficientes. e) usar enoxaparina subcutânea após a cirurgia por 4 semanas. RESPOSTAS 1. B 2. C 3. A 4. C 5. E 6. A 7. D 8. C 9. E
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