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1 TEORIA E PRÁTICA DESPORTIVA FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DO BASQUETEBOL Profª. Dr. Marcelo Guimarães Silva 2 TEORIA E PRÁTICA DESPORTIVA FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DO BASQUETEBOL PROFª. DR. MARCELO GUIMARÃES SILVA 3 Diretor Geral: Prof. Esp. Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: Prof. Dr. William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos Revisão Gramatical e Ortográfica: Profa. Dr. Fabiana Miraz de Freitas Grecco Revisão técnica: Prof. Dr. Marcelo Guimarães Silva Revisão/Diagramação/Estruturação: Clarice Virgílio Gomes Fernanda Cristine Barbosa Prof. Esp. Guilherme Prado Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva Daniel Guadalupe Reis Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Eliza P. Campos Victor Lucas dos Reis Lopes © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza- ção escrita do Editor. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. 4 TEORIA E PRÁTICA DESPORTIVA FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DO BASQUETEBOL 1° edição Ipatinga, MG Faculdade Única 2021 5 Pós-Doutorado em Engenharia Mecâni- ca/Ciências – UNESP). Doutorado em Engenha- ria Mecânica/Ciências – UNESP). Mestrado em Engenharia Mecânica/Ciências – UNESP). Pro- fessor Universitário (Graduação e Pós-Gradua- ção). Revisor e Parecerista ad-hoc de Periódicos nas áreas da Saúde e Engenharias. Atuação na Produção e Revisão de Conteúdos em EaD na área da Educação Física – Esportes, Educação e Saúde – Cursos de Licenciatura e Bacharelado, e Pós-Graduação “Lato-Sensu”. MARCELO GUIMARÃES SILVA Para saber mais sobre a autora desta obra e suas quali- ficações, acesse seu Curriculo Lattes pelo link : http://lattes.cnpq.br/3331163744634691 Ou aponte uma câmera para o QRCODE ao lado. http://lattes.cnpq.br/2189659158769712 6 LEGENDA DE Ícones Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas quais você precisa ficar atento. Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro. Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-os a suas ações. Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos conteúdos abordados no livro. Apresentação dos significados de um determinado termo ou palavras mostradas no decorrer do livro. FIQUE ATENTO BUSQUE POR MAIS VAMOS PENSAR? FIXANDO O CONTEÚDO GLOSSÁRIO 7 UNIDADE 1 UNIDADE 2 UNIDADE 3 UNIDADE 4 SUMÁRIO 1.1 Introdução.............................................................................................................................................................................................................................................................................................11 1.2 Histórico e Evolução do Basquetebol................................................................................................................................................................................................................................11 1.3 Caracterização dos Jogos Esportivos Coletivos.........................................................................................................................................................................................................16 1.4 Características Específicas do Basquetebol................................................................................................................................................................................................................19 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................22 2.1 Introdução..........................................................................................................................................................................................................................................................................................27 2.2 Processo de Ensino-Aprendizagem Esportiva.........................................................................................................................................................................................................27 2.3 Princípios e Noções de Progressões de Aprendizagem....................................................................................................................................................................................29 2.4 Caracterização e Estruturação dos Exercícios e Tarefas....................................................................................................................................................................................29 2.5 Abordagens Pedagógicas do Ensino do Basquetebol.......................................................................................................................................................................................32 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................37 3.1 Fundamentos Técnicos do Basquetebol......................................................................................................................................................................................................................42 3.2 Sistemas Básicos de Defesa e de Ataque no Basquetebol.............................................................................................................................................................................46 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................51 INTRODUÇÃO AO BASQUETEBOL METODOLOGIA DO ENSINO DO BASQUETEBOL FUNDAMENTOS BÁSICOS E SISTEMAS OFENSIVOS E DEFENSIVOS DO BASQUETEBOL 4.1 Noções das Regras Básicas e Arbitragem do Jogo de Basquetebol.........................................................................................................................................................56 FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................................................................................................................................................................................................71 REGULAMENTAÇÃO BÁSICA DO BASQUETEBOL: NOÇÕES DAS REGRAS BÁSICAS E ARBITRAGEM DO JOGO DE BASQUETEBOL 5.1 A relação do Basquetebol Adaptado e as Deficiências......................................................................................................................................................................................77 5.2 O Basquetecomo Ferramenta de Inclusão Social...............................................................................................................................................................................................80 FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................83 O BASQUETEBOL ADAPTADO 6.1 Preparação Física, Técnica, Tática e Psicológica no Basquetebol...............................................................................................................................................................88 6.2 A Organização, o controle e Avaliação do Equipes de Basquetebol..........................................................................................................................................................91 6.3 Análise de Desempenho no Basquetebol..................................................................................................................................................................................................................94 FIXANDO O CONTEÚDO.................................................................................................................................................................................................................................................................99 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO......................................................................................................................................................................................................................103 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................................................................................................................................................................104 O BASQUETEBOL ENQUANTO PRÁTICA ESPORTIVA DE ALTO RENDIMENTO UNIDADE 5 UNIDADE 6 8 O N FI R A N O L I C V R O UNIDADE 1 A Unidade I trata de uma introdução ao basquetebol, apresentando o histórico e evolução da modalidade, destacando aspectos relacionados a sua introdução no Brasil; além da caracterização dos jogos esportivos coletivos, os quais incluem as características específicas do basquetebol. UNIDADE 2 A Unidade II destaca a metodologia do ensino do basquetebol, com o foco no processo de ensino-aprendizagem da modalidade, a estruturação a partir de exercícios e tarefas específicas da modalidade e, por fim, algumas das principais abordagens pedagógicas do ensino do basquetebol. UNIDADE 3 Na Unidade III, o foco será direcionado à compreensão dos fundamentos básicos e dos sistemas ofensivos e defensivos do basquetebol. Tem como objetivo, ainda, abordar os sistemas básicos de defesa e de ataque dessa modalidade. UNIDADE 4 A Unidade IV tem como objetivo central o de apresentar a regulamentação básica do basquetebol, o que inclui compreender as noções das regras básicas, bem como da arbitragem do jogo de basquetebol; e, por fim, tratar dos princípios básicos da arbitragem dessa modalidade. UNIDADE 5 A Unidade V tem como finalidade compreender o basquetebol adaptado, direcionado a pessoas com algum tipo de deficiência, nesse caso: a motora/física. A unidade tem como objetivo, ainda, entender o basquetebol como importante ferramenta de inclusão social. UNIDADE 6 Na Unidade VI, o foco será no basquetebol enquanto prática esportiva de alto rendimento, os aspectos relevantes da modalidade: a preparação física, técnica, tática e psicológica; e compreender a organização, o controle, a avaliação de equipes de basquetebol e a análise de desempenho. 9 INTRODUÇÃO AO BASQUETEBOL 10 1.1 INTRODUÇÃO Modalidade originada no final do século XIX, o basquetebol faz parte do contexto educacional norte-americano. De fato, trata-se de um esporte coletivo que ganhou muitos adeptos ao redor do mundo e teve como importante marco histórico os Jogos Olímpicos de Roma, ocorrido em 1936. Considerado uma das principais modalidades esportivas praticadas no mundo, tendo 213 países vinculados à Federação Internacional de Basquetebol, conforme documento apresentado pela Federação Internacional de Basquetebol – FIBA. Ao longo dos anos, o basquetebol vem ganhando notoriedade ao redor do mundo e o número de adeptos expandindo-se cada vez mais, rompendo fronteiras, tendo a sua prática expandida para as mulheres, para cadeirantes, permitindo a participação e inclusão por meio do esporte. No Brasil, vemos um esforço das instituições para divulgar e promover a modalidade, mas é na base que esse trabalho deve ser iniciado. É na escola onde tudo começa, cabendo a todos os envolvidos no processo (escola – professor – alunos) entenderem a importância dessa modalidade. Diversos são os motivos para acreditar na expansão do basquetebol em território nacional e, entender essa modalidade como ferramenta na promoção do desenvolvimento na infância e na adolescência, torna a modalidade basquetebol mais fácil de ser comercializada, o que gera ganhos em visibilidade. No que tange o processo de iniciação do basquetebol, a proposta pedagógica tem um importante valor e quatro pontos fundamentais devem ser considerados: diversidade, inclusão, cooperação e autonomia, todas associadas às fases do desenvolvimento da criança/adolescente. É evidente, portanto, que a formação e o processo ensino-aprendizagem não podem se voltar somente ao treinamento dos aspectos motores ou técnicos, em que a aprendizagem tático-cognitiva e das habilidades do jogo (técnicas) vem ganhando cada vez mais espaço nessa proposta de ensino mais dinâmica. Considerado uma modalidade que trabalha diferentes aspectos do ser humano, o basquetebol, além de desafiador, devido ao seu grau de complexidade, estimula o desenvolvimento das habilidades motoras, as mais variadas possíveis. Neste capítulo você verá um pouco mais acerca do histórico e evolução da modalidade, além do processo ensino-aprendizagem envolvidos nessa modalidade, e, por fim, compreender a importância e como trabalhar da melhor maneira possível aspectos associados aos fundamentos técnicos do basquetebol. 1.2. HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DO BASQUETEBOL De acordo com Gonçalves e Romão (2019), o basquetebol se resume em um jogo em que duas equipes, compostas cada uma por cinco jogadores, devem arremessar a bola em uma cesta suspensa, e o objetivo é fazer o maior número de cestas possíveis, sendo declarada a equipe vencedora a que converter maior número de acertos (cestas), que podem ser de 2 ou 3 pontos os arremessos e os lances livres de 1 ou mais pontos, dependendo. A origem do basquetebol se deu no final do século XIX graças ao professor de 11 Educação Física norte-americano, James Naismith, que, em 1891, propôs um novo jogo frente às possibilidades encontradas na época (CBB, 2020). Naismith tinha uma forte ligação com as atividades esportivas e sempre foi um incentivador de sua prática, sobretudo em âmbito escolar. Ele nasceu na cidade de Almonte, no Canadá, em 1861, e tinha formação acadêmica em Teologia, sendo que sua primeira atividade profissional exercida foi como instrutor de atividades físicas na Escola Internacional de Treinamento da Associação Cristã de Moços (ACM), que veio a ser chamada, mais tarde, de Springfield College, localizada na cidade de Springfield, no estado de Massachusetts, na Região Nordeste dos Estados Unidos, conforme descreve Gonçalves e Romão (2019). Ao assumir o Departamento de Educação Física do colégio norte-americano, em 1891, o professor Naismith se deparou com algumas situações conflitantes, dentre as quais, as condições climáticas (o inverno rigoroso) de Springfield, o que afastava a prática esportiva em locais “abertos” pelos estudantes daquela instituição, queeram ávidos por esportes e jogos que tinham como elementos principais a competição e a recreação. O professor Naismith percebeu que as poucas opções de atividades físicas em locais fechados se restringiam às aulas de ginástica, que pouco interessavam aos alunos devido as suas características e o perfil do estudante da época. De acordo com CBB (2020), foi esse o momento-chave para que Naismith pudesse introduzir a modalidade (basquetebol) naquela instituição. O diretor do Springfield College, colégio internacional da Associação Cristã de Moços (ACM), Luther Halsey Gullick, confiou uma missão ao professor Naismith, que era pensar em algum tipo de jogo sem violência que estimulasse seus alunos durante o inverno, mas que pudesse também ser praticado no verão em áreas abertas, conforme descreve Gonçalves e Romão (2019). Ciente da resistência inicial que enfrentaria, Naismith pensou nesse jogo sendo desenvolvido com as mãos, ao invés dos pés, como já tínhamos, no caso do futebol de campo. E para melhorar ainda mais a dinâmica do jogo, propôs, como objetivo inicial, a bola não permanecer retida por muito tempo e nem ser batida com o punho fechado, para evitar socos acidentais nas disputas de bola, conforme destaca CBB (2020). Outra preocupação relacionava-se ao alvo e nesse caso específico, Naismith inicialmente pensou em colocá-lo no chão, mas já havia outros esportes assim, como o hóquei e o futebol. Foi então que ele pensou em algo inovador para a época, que foi a elevação do alvo, a partir do nível do solo, que deveria ficar a 3,5 m de altura, onde imaginava que nenhum jogador da defesa seria capaz de parar a bola que fosse arremessada em direção ao alvo. E, dessa forma, essa proposta levantada por Naismith aumentou o grau de dificuldade do jogo, que era um dos objetivos principais do professor, sem, entretanto, perder o interesse pela sua prática devido ao grau de dificuldade encontrado. Em relação à cesta no basquetebol, vale apenas destacar um fato, no qual ao comparar os “alvos” do início da prática da modalidade com o que se tem na atualidade muito foi modificado, a partir, por exemplo, do material utilizado. No início, Gonçalves e Romão (2019) destacam que as “cestas” utilizadas na época, tratavam-se de duas caixas ou cestos de pêssego, as quais foram fixadas na parte superior de duas pilastras, a 3,05 m, uma em cada lado do ginásio. As primeiras regras do esporte, escritas por James Naismith, continham 13 itens, tendo sido colocadas em um papel em menos de uma hora. Esse foi um dos marcos fundamentais para a origem e evolução do basquete que vemos hoje em dia, e serão apresentadas na seção mais a frente deste capítulo, que trata da evolução da modalidade. 12 Registros não oficiais apontam que em dezembro de 1891 ocorreu a primeira partida de basquetebol. De acordo com CBB (2020), Naismith selecionou dois capitães (Eugene Libby e Duncan Patton) e pediu-lhes que escolhessem os lados da quadra e seus companheiros de equipe, em seguida, selecionou dois dos jogadores mais altos (um de cada time/equipe) e jogou a bola para cima. Por não haver regras bem definidas ainda, esse primeiro jogo foi marcado por muitas faltas, que eram punidas colocando-se seu autor na linha lateral da quadra até que a próxima cesta fosse feita. E uma curiosidade desta partida foi a limitação apresentada pela própria cesta, onde a cada vez que um arremesso era convertido, um jogador tinha que subir até a cesta para apanhar a bola, sendo que a solução encontrada na época é a que perdurou desde então, a de cortar a base do cesto, o que permitiria a rápida continuação da partida, similar ao que vemos atualmente. Figura 1. A cesta do basquetebol (oficial) Fonte: https://shutr.bz/3h0PpGc No Brasil, o basquetebol tem sua origem em 1896, trazido por um milionário norte- americano chamado Auguste F. Shaw, sendo praticado pela primeira vez na Associação Cristã de Moços (ACM), no Rio de Janeiro, em um pequeno recinto onde duas colunas situadas no meio do salão atrapalhavam um pouco a movimentação dos praticantes. No ano de 1912 ocorreu a primeira partida de basquete no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, no Ginásio da famosa rua da Quitanda, fato que deve ser destacado, devido a sua importância dentro de um contexto social e histórico da época. Outro importante aspecto a destacar acerca da modalidade, conforme descreve Gonçalves e Romão (2019), foi a participação das mulheres, uma vez que as características do basquetebol impulsionaram a prática para esse público, e, por consequência, gerou um aumento da resistência machista quanto a essa inserção na modalidade. De acordo com Guedes (2009) citado por Gonçalves e Romão (2019), o crescimento do número de praticantes na década de 1920 acarretou o aumento do número de times de basquetebol feminino na década de 1930, reflexo também da disseminação da modalidade entre as mulheres na Europa e nos EUA. Ocorreram vários eventos em que as mulheres tiveram a oportunidade de participar. Em 1930 ocorreu o primeiro campeonato feminino de bola ao cesto, como era chamada a modalidade. Com o passar do tempo, os brasileiros foram tomando gosto pelo esporte, ocasionando em um aumento no número de adeptos e uma cobrança por uma estrutura mais profissional. Nesse contexto, surgiram as entidades responsáveis e posteriormente as ligas regionais, que vem se tornando a cada ano que passa referência na América do Sul. 13 O livro “Basquetebol: do treino ao jogo”, de Dante de Rose Jr. e Valmor Tricoli, tem como objetivo mostrar o caminho que uma equipe percorre para chegar ao jogo com a melhor preparação. Aborda os diferentes aspectos que contribuem para esta preparação, bem como as providências que a comissão técnica e os atletas precisam tomar para chegar ao momento crucial do processo (a com- petição; o jogo) nas melhores condições. Essa obra está disponível na Minha Bi- blioteca Única. LINK: https://bit.ly/3fGtdAO BUSQUE POR MAIS De fato, desde que foi criado por James Naismith, em 1891, o basquetebol tem evoluído consideravelmente tanto no que se refere à modificação e à atualização das regras quanto à execução dos fundamentos e à aplicação dos sistemas de jogo, conforme descreve De Rose Jr. e Tricoli (2017). Ao pensar na dinâmica do futuro jogo, Naismith ima- ginou algo que limitasse o contato e não permitisse ao praticante o controle absoluto sobre a bola, levando o jogo a um conceito coletivo diferente do que vinha sendo praticado pelo futebol americano e pelo futebol (soccer), nos quais o atleta em posse da bola podia se deslocar sem qualquer restrição. Para isso, ele definiu cinco normas básicas: (1) Seria jogado com as mãos e com uma bola “redonda”; (2) Não seria permitido cami- nhar com a bola sem quicá-la (drible); (3) Os jogadores poderiam se posicionar como e quando quisessem no terreno de jogo; (4) Não seria permitido o contato pesso- al; (5) O arremesso seria executado para cima.(DE ROSE JR. e TRICOLI, 2017, p.3). Ao tratar da evolução da modalidade enquanto esporte coletivo organizado, o foco foi centrado nas “regras” da modalidade e, em 1892, Naismith elaborou as primeiras regras do basquetebol que, ao longo do tempo, foram modificadas e aperfeiçoadas. Gonçalves (2019) destaca que o objetivo do jogo recém-criado era colocar a bola dentro do goal adversário fazendo arremessos de qualquer parte do campo e obedecendo as treze regras criadas por Naismith, destacadas por Naismith (1941) e descritas por De Rose Jr. e Tricoli (2010; 2017, p. 5): 1.A bola poderia ser lançada em qualquer direção, com uma ou com as duas mãos; 2.A bola poderia ser golpe- ada com uma ou duas mãos em qualquer direção, mas nunca com os punhos; 3.Os jogadores não poderiam correr com a bola nas mãos. Deveriam lançá-la a par- tir da mesma posição de onde a receberam. Poderia ser concedida certa tolerância a um jogador que recebe a bola em movimento; 4.A bola poderia ser segurada por uma ou por duasmãos, mas os braços e nenhuma outra joser Realce 14 parte do corpo poderiam ser utilizados para retê-la; 5.Se- ria proibido golpear o adversário com os ombros, puxar, empurrar ou impedir sua movimentação. Toda infração a essa regra seria considerada falta. Em caso de repeti- ção, o jogador reincidente seria eliminado até que fosse marcada uma nova cesta. Se houvesse a intenção de le- sionar o adversário, o jogador seria eliminado por todo o jogo, sem que se permitisse sua substituição; 6.Golpear a bola com os punhos seria considerado falta, como as violações descritas nas regras 3 e 4, e se aplicaria a pena- lidade descrita na regra 5; 7.Se uma equipe cometesse três faltas consecutivas (sem que a outra equipe tivesse cometido falta no mesmo intervalo de tempo), 1 pon- to seria anotado em favor da equipe adversária; 8.Seria considerado ponto quando a bola fosse lançada ao ces- to e nele entrasse, caindo no solo. Se a bola tocasse o aro e os defensores movimentassem esse aro, seria marca- do 1 ponto para a equipe atacante; 9.Quando a bola saís- se do campo, ela deveria ser reposta no meio do campo pelo mesmo jogador que a tocasse para fora. Se houves- se dúvida, o árbitro deveria lançá-la ao alto no interior do campo de jogo. O jogador teria 5 segundos para repor a bola em jogo. Se retivesse a bola por mais tempo, a reposição seria dada à equipe adversária. Se uma equi- pe retardasse intencionalmente o reinício do jogo, seria penalizada com uma falta; 10.O árbitro principal julgaria as ações dos jogadores e marcaria as faltas. Quando um jogador cometesse a terceira falta, poderia ser desclas- sificado, aplicando-se as penalidades da regra 5; 11.O se- gundo árbitro tomaria as decisões relacionadas à bola e indicaria quando ela estava em jogo, quando saía e a quem devia ser entregue. Ele seria o cronometrista e decidiria se houvesse ponto. Seria também o responsá- vel pela contagem dos pontos; 12.A partida seria dispu- tada em dois tempos de 15 minutos, com intervalo de 5 minutos; 13.A equipe que marcasse o maior número de pontos seria declarada vencedora. Em caso de empate, a partida, em comum acordo entre os capitães, poderia ser prorrogada até que novo ponto fosse marcado. Em relação à evolução do basquetebol, uma das mais marcantes é acerca das regras, entretanto, destaca-se também a estrutura de jogo, no que tange aos sistemas táticos, e as características dos jogadores. Ressalta-se que a multifuncionalidade dos jogadores aliada às características do jogo levou à necessidade de um ajuste e uma nova adequação da carga de treinamento com suas especificidades, elaborada a partir de um planejamento que leve em consideração também o calendário de competições, a infraestrutura disponível e os recursos humanos que compõem a equipe multidisciplinar, que deve estar preparada para sua execução (DE ROSE JR. e TRICOLI, 2017). O sucesso do basquetebol ao redor do mundo é tão grande que, atualmente, o esporte é praticado por mais de 300 milhões de pessoas no mundo inteiro, nos mais de joser Realce joser Realce 15 170 países filiados à FIBA (FIB, s/d). De Rose Jr. e Tricoli (2010) destacam a presença da modalidade em Jogos Olímpicos como um claro sinal da evolução do basquetebol, solidificando seu papel na sociedade, cuja potencialidade é cada vez mais evidenciada. De fato, se analisarmos desde a primeira aparição nos jogos de 1936 até as Olimpíadas de Tóquio, Japão, que deveria ocorrer em 2020, porém, devido à pandemia da Covid-19, ocorreu em 2021, vimos o basquete contar com a participação de aproximadamente 60 países. É importante, nesse sentido, destacar que os primeiros jogos em Berlim e Londres tiveram a participação de 21 e 23 equipes, respectivamente. Atualmente, a FIBA e o Comitê Olímpico Internacional (COI) delimitaram o número para 12 equipes, tornando ainda mais difícil para países do continente americano e europeu se classificarem. Porém, isso também torna possível a expansão da modalidade em países dos continentes africano e asiático, em que o nível competitivo é menor. É notória a supremacia norte-americana, seja no basquetebol masculino ou no feminino. No entanto, podemos perceber que outros países têm um número elevado de participações, como o Brasil, que, no basquete masculino, é a segunda seleção que mais participou e, no feminino, é a quarta equipe que mais esteve presente nos jogos olímpicos. 1.3 CARACTERIZAÇÃO DOS JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS Partindo do pressuposto que os jogos esportivos coletivos devem ser entendidos a partir da ontologia do jogo, de acordo com Leonardo et al. (2009), o principal aspecto que sustenta essa afirmação é sua natureza como atividade caracterizada pelo seu caráter livre, delimitada, regulamentada, incerta, improdutiva e fictícia. De fato, é importante destacar que à medida que o jogador está em estado de jogo, sua mobilização quanto aos recursos necessários para a execução das ações pertinentes será cada vez mais evidenciada e as competências e habilidades colocadas em prova, numa dinâmica constante, em que as ações serão reproduzidas a partir do contexto em que se desenvolve tal jogo/esporte. Assim como em qualquer esporte, individual ou coletivo, a presença da tática de jogo é algo essencial para o sucesso das ações tomadas ao longo da partida. Leonardo et al. (2009) descrevem a ação de jogar e sua intencionalidade, sobretudo em alcançar uma meta e/ou objetivo, atrelado à lógica do jogo, ou seja, sua estrutura em várias etapas, como um “quebra-cabeça”. Ao tratarmos dos jogos esportivos coletivos, dentre eles o basquetebol, a atenção deve estar direcionada à diferentes aspectos, e um dos problemas que surgem, de acordo com Reverdito et al. (2009), é o fato de se tratar de uma prática recorrente à sistematização de currículos. Portanto, quando feito, é baseado na simplificação e descontextualização das partes do jogo: fundamentos, gestos técnicos, táticas (como sinônimo de sistema/ esquema de jogo) e condicionantes físico-motoras. E aqui fica evidente que, ao aprender as partes de um jogo, ficaria mais evidente o aprendizado do jogo, o que não pode ser considerado uma regra “fechada”, haja vista a grande variabilidade de ações presentes em um jogo, sobretudo aqueles considerados coletivos. Scaglia et al. (2013) evidencia a importância das habilidades a serem trabalhadas no basquetebol, que vão muito mais além do que os aspectos motores. Nesse caso, a 16 compreensão do jogo em sua totalidade passa a ser fator decisivo quando se busca resultados (performance) e os detalhes devem ser considerados. Esses autores descrevem ainda que o jogo, caracterizado pelos esportes coletivos, consiste em saber fazer cada vez melhor o que se pode fazer no jogo, compreendendo as ações individuais que levam ao conjunto de ações desenvolvidas em equipe (grupo) determinantes para o êxito e/ou fracasso da equipe. Nos jogos esportivos coletivos, alguns elementos devem ser considerados, de acordo com Scaglia et al. (2013, p. 232): [...] estruturar-se no espaço coletivo, confluindo ações in- dividuais com as coletivas, em relação ao posiciona- mento dos adversários e a estratégia pré-estabelecida coletivamente, configurando-se as circunstâncias con- textuais do jogo; estas devem ser lidas pelos jogadores à medida que se ampliam suas respectivas habilidades de interpretação da lógica do jogo, aliada ao seu amadurecimento cognitivo e ampliação contextuali- zada de seus esquemas de ação, comunicando-se por meio de suas ações com os demais jogadores; além de, ao mesmo tempo, manter uma adequada e eficiente relação com a bola (ou implemento), de modo a conse- guir executar as ações motrizes requeridas, sempre com o objetivo de ganhar o ponto. Cada jogo, por ser único, irredutível, casual e por natureza ontológica, tendendo ao caos, apresenta uma lógica particular (FREIRE, 2002; SCAGLIA, 2005 citados por SCAGLIA et al., 2013).Nesse sentido, a leitura do jogo e a compreensão dos aspectos que o cerceiam são fundamentais, e o ato de aprender a jogar pressupõe aprender a se comunicar, compreendendo a lógica interna de cada jogo, a partir da interpretação de seu padrão de organização, em meio ao seu processo organizacional sistêmico (SCAGLIA, 2013). O basquetebol (Figura 2) é um exemplo de esporte coletivo em que as propostas de jogos são bem definidas e quando colocadas em prática evidenciam o quão importante é desenvolver o jogo coletivo, por meio de aspectos, dentre os quais: a organização, a consciência tática dos jogadores, o trabalho em equipe e a busca por um objetivo definido a partir de uma proposta definida de jogo, conforme defende Scaglia (2013). Fi g u ra 2 . U m e xe m p lo d a in ic ia çã o es p or - ti va – o b as q u et eb ol c om p re en d id o co m o “e sp or ti vo c ol et iv o” . Fo n te : h tt p s: //s h u tr .b z/ 3F H 7t zy 17 Garganta (1995) descreve um importante aspecto acerca dos jogos esportivos coletivos, em que as competências essenciais são definidas a partir da congruência do conflito de objetivos inerentes ao jogo e da capacidade do jogador. Portanto, ainda de acordo com o autor, para elucidar a lógica do jogo, configurando uma circunstância que demanda: a) estruturação do espaço; b) comunicação da ação; c) relação com a bola (ou implemento). A partir dessa configuração apresentada por Garganta (1995), podemos entender que os jogos esportivos coletivos dependem desses três fatores que se integram em diferentes momentos ao longo da execução do jogo em si. De fato, a estruturação do espaço está ligada à compreensão das ações a serem feitas, da tomada de decisões mediante o espaço físico, a partir da concepção que um jogo desenvolvido em dimensões menores (quadra) deve ser adaptado quando é desenvolvido em um campo cujas dimensões oficiais são maiores. No que tange à comunicação da ação, está ligada a uma comunicação corporal, que acontece à medida que os jogadores aprendem a linguagem do jogo. Eles aprendem a se comunicar no jogo por meio de um posicionamento individual, de grupo e coletivo, adequado frente às situações do jogo. E, por fim, a relação com a bola (ou implemento), a terceira competência essencial, não pode se resumir em adestramento técnico. Nesse sentido, pensando em um processo de aprendizagem considerado “aberto”, busca desenvolver habilidades em contextos de jogo, em que a imprevisibilidade esteja presente, sendo essa uma das principais características dos jogos esportivos coletivos. Em uma metodologia que explore conteúdos por meio de uma situação de jogo na aula/ treino, cabe ao professor/técnico estabelecer uma didática bem orientada, visando ga- rantir um ambiente de jogo em que os planos pedagógicos (planejamento, objetivos, conteúdos) sejam orientados pela natureza do jogo. A premissa aqui é garantir um ambiente de aprendizagem em que os procedimentos e objetivos pedagógicos sejam alcançados na medida em que o jogador mobiliza suas competências e habilidades, a fim de elucidar a lógica do jogo, ou seja, o pensar o jogo de forma variada. FIQUE ATENTO Scaglia et al. (2013) apresentam uma proposta de sistematização que pode ser aplicada aos jogos esportivos coletivos visando fornecer mecanismos evidentes aliados a uma metodologia que privilegie as competências essenciais, em meio ao jogo e suas peculiaridades - como o ambiente de jogo -, em que as competências essenciais devem ser ordenadas de tal maneira que sua aplicabilidade seja relevante ao longo do processo de ensino e aperfeiçoamento. Nesse sentido, as competências essenciais gerais são as manifestações comuns das competências que podem ser encontradas em todos os jogos coletivos. Trata- se de uma competência que pode ser aplicada ao futebol e ao handebol, por exemplo, ao mesmo tempo, sem prejuízos no processo, devido as suas exigências semelhantes, o que nos remete ao fato de que os jogos esportivos coletivos podem pertencer a um mesmo grupo/família, conforme descreve Leonardo et al. (2011). Por outro lado, as competências específicas são as manifestações específicas das competências essenciais em decorrência das especificidades requeridas por cada jogo coletivo. Assim, as competências específicas, diferentemente das gerais, 18 que partem das semelhanças entre os jogos, se preocupam com as diferenças. E, por fim, como descreve Scaglia et al. (2013), temos as competências contextuais, que são as manifestações das competências essenciais em meio às competições regulamentadas do esporte. Assim, as competências essenciais contextuais estão conectadas às competições formais, que também devem ser entendidas como conteúdo(s) a serem ensinados ao longo de todo o processo de ensino-aprendizagem- treinamento. 1.4 CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO BASQUETEBOL O basquetebol é caracterizado por ser um esporte cujas disputas envolvem duas equipes que têm como objetivo principal somar pontos passando a bola entre um aro suspenso, evitando que a equipe adversária faça o mesmo. Atualmente, existem duas modalidades oficiais de basquete: o 5x5 (também chamado de basquete formal) e o 3x3. De modo geral, ambas as modalidades apresentam fundamentos técnicos muito parecidos, entretanto, a intensidade e a frequência desses movimentos tendem a se modificar em cada uma das variações da modalidade. Por ser classificado como modalidade coletiva de invasão, as características do jogo são marcadas por ações intermitentes de ataque/defesa, que apresentam um elevado dinamismo. Essa relação ataque/defesa é constante e inevitável e descreve de forma clara o confronto direto entre oponentes, o que cria condições específicas para que cada uma das partes tenha o sucesso desejado – no caso do ataque, a cesta; em relação à defesa, a proteção da meta, conforme descreve De Rose Jr. e Tricoli (2017). E, dentro desse contexto, vemos para cada setor de quadra, de ataque ou defesa, diferentes funções a serem exercidas pelos jogadores, a partir das concepções táticas estabelecidas para a equipe. No que tange ao jogo em si, o aspecto evolutivo do basquetebol é evidente, e vale ressaltar três fatores fundamentais, a partir desse contexto, conforme descreve De Rose Jr. e Tricoli (2017): • Cooperação e oposição. • Criação e diminuição de espaços. • Imprevisibilidade. O Quadro a seguir mostra de forma detalhada cada um destes fatores destacados pelos autores. Fatores Fundamentais Descrição Cooperação e Oposição De fato, a cooperação é nítida e necessária para que se possa enfrentar de for- ma organizada a oposição imposta pelo adversário, seja ela na defesa ou no ataque. Uma das principais características da cooperação é que pode ocorrer a partir da elaboração dos sistemas de ataque e defesa ou mesmo por meio de situações fracionadas do jogo, como na sincronização de movimentos en- tre dois, três ou quatro jogadores, até que se chegue à situação real (“cinco contra cinco”, ou 5×5). Por outro lado, a oposição está intrinsecamente ligada à relação ataque/defesa, situação esta compreendida como constante e ine- vitável no basquetebol. 19 Criação e Diminuição dos espaços Ambos os elementos são decorrentes da organização tática das equipes ou mesmo de ações individuais que levam em consideração a habilidade de cada atleta para atacar ou defender. Nesse sentido, no ataque, as equipes devem ter como objetivo as melhores opções de finalização com base na busca de posições em que essa finalização possa oferecer maiores probabili- dades de acerto ou a exploração da qualidade e da habilidade de determina- do jogador. E na defesa, ocorre o processo inverso. Os sistemas defensivos são criados para diminuir ou eliminar os espaços criados pelo ataque, fazendo com que os arremessos sejam executados em regiõesde pouco percentual de acertos ou por jogadores com pouca habilidade para finalizar. Imprevisibilidade No basquetebol, a imprevisibilidade é decorrente do espaço reduzido para se realizar as ações; regras relacionadas ao tempo de posse de bola, tempo para passagem da defesa para o ataque e tempo de retenção de bola por um atacante quando marcado de perto; e ações de um companheiro de equipe ou de um adversário. A leitura de jogo é a interpretação de sinais relevantes oferecidos pelo adversário e que levam à tomada de decisões adequadas e no momento correto. Quadro 1: Os fatores fundamentais para o desenvolvimento do basquetebol. Fonte: De Rose Jr. e Tricoli (2017, p. 1-2) adaptado pelo Próprio Autor (2022). Ferreira e De Rose Jr. (2003) destacam alguns dos principais movimentos básicos característicos do basquetebol. A partir da execução desses movimentos, a parte técnica pode ser bem conduzida. Portanto, o treinamento influencia diretamente na qualidade/ performance da execução dos movimentos que serão apresentados a seguir: 1 – Posição corporal: é a maneira que o executante se posta dentro de quadra quando não está de posse da bola. De fato, uma boa posição corporal demanda que os joelhos estejam levemente flexionados, de forma a facilitar o movimento rápido dos membros inferiores durante o jogo. Da mesma forma, os cotovelos devem estar levemente flexionados e as mãos devem sempre estar a postos, prontas para receber, bloquear ou arremessar a bola, estando, portanto, à frente ou acima do corpo, com as palmas viradas predominantemente para o local e/ou indivíduo em que a bola está. 2 – O giro: é caracterizado como uma mudança corporal a partir do deslocamento sobre apenas um ponto de contato realizado com os pés. Isto é, um dos membros inferiores age como um eixo e o restante do corpo desliza sobre esse eixo, mudando a direção em que o jogador se encontra. 3 – Mudanças de direção: são as variações negativas ou positivas na velocidade em que um jogador se desloca, modificando a sua direção. Esse fundamento é muito essencial no basquete, uma vez que a movimentação tática é um importante fator e possibilita que a equipe chegue à vitória. As mudanças de ritmo podem ser classificadas em fase de freada, de giro e de saída. As fases de freada buscam reduzir drasticamente a velocidade de deslocamento do jogador; a fase de giro consiste, como o nome sugere, em realizar o giro descrito anteriormente com uma amplitude suficiente para posicionar o corpo na direção desejada; a fase de saída consiste em buscar novamente a velocidade por meio do recrutamento dos diversos músculos corporais e da coordenação corporal, possibilitando que a saída ocorra de forma explosiva. 4 – Saltos: importante movimento dentro do basquete. Muitas vezes, a bola encontra-se no alto após um arremesso e, durante um passe ou longe do jogador, neste sentido, é necessário que os jogadores saltem de modo a recuperar o mais rápido possível a bola, evitando que os jogadores adversários tomem sua posse. De acordo com o autor, existem dois tipos de salto, os saltos em altura e os saltos em longitude. A Figura abaixo apresenta algumas das ações encontradas em um jogo de 20 basquetebol, caracterizado pelo dinamismo e muitas vezes a multifuncionalidade de seus atletas, o que torna o jogo imprevisível em termos de resultados. Figura 3. Algumas das ações encontradas em um jogo de basquetebol Fonte: https://shutr.bz/3WInpYa Conforme você viu ao longo do texto, a estruturação da metodologia do jogo é um aspecto fundamental a ser considerado no processo ensino-aprendizagem das modalidades es- portivas, dentre as quais, do basquetebol. Nesse sentido, que aspectos devem ser prioriza- dos pelo professor/técnico ao elaborar ações para o ensino dos jogos esportivos coletivos, mais especificamente do basquetebol? VAMOS PENSAR? 21 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (Q578737 - CETRO - 2013 - SESI-DF - Professor - Educação Física) Sobre a história do Basquetebol, assinale a alternativa correta. a) O Basquetebol foi criado por um americano, em uma escola do Canadá, em 1891. b) O Basquetebol foi criado porque havia necessidade de se criar um jogo para ambientes fechados que melhorasse os problemas de indisciplina dos alunos. c) James Naismith, ao criar o basquetebol, pensou que o jogo deveria ser adaptável a qualquer espaço, envolver vários jogadores, ser fácil de aprender e não violento. d) Na primeira versão do Basquetebol, os pontos eram marcados colocando-se a bola em caixas, que ficavam no chão, uma de cada lado do espaço demarcado para a partida. e) Na primeira versão do Basquetebol, cada equipe era formada por 20 jogadores, e os cestos ficavam a 2,50m do solo. 2. (Q1710287 - Educação Física - Modalidades Esportivas - Ano: 2020 Banca: IPEFAE Órgão: Prefeitura de Campos do Jordão - SP Prova: IPEFA) – adaptada. O basquete (ou basquetebol) é um esporte em que duas equipes de cinco jogadores competem para ver qual marca mais pontos acertando a bola numa cesta que fica no alto. Vence a equipe que encestar mais bolas ao longo de quarenta minutos, divididos em dois ou quatro tempos. É um jogo muito popular nos Estados Unidos, onde começou em 1891. Ele também se tornou popular no Brasil e em muitos outros países. O basquetebol é uma modalidade coletiva de invasão com interação. Uma das principais técnicas do basquetebol é o drible. Podemos afirmar sobre o drible. a) É o ato de recuperar a bola após um arremesso. b) É quando jogador se aproxima da cesta, segura a bola, realiza dois passos e salta em direção a cesta, lançando a bola. c) É um movimento que o jogador realiza para enganar ou desequilibrar o adversário, através de mudança de direção ou giro, com a bola ou sem ela. d) É a condução da bola com uma das mãos ou de forma alternada, batendo a mesma no chão, podendo haver variações de velocidade, sentido e direção. e) É o ato de esquivar-se do adversário, batendo a bola contra o solo uma ou mais vezes seguidamente. 3. Os jogos esportivos coletivos são uma excelente oportunidade de trabalhar diferentes competências que surgem como essenciais para a formação do indivíduo, tendo em vista as diferentes fases do jogo e as características de cada uma delas, que demandam ações específicas. Nesse sentido, um dos aspectos a ser analisado dentro do processo é a estruturação do espaço, a qual diz respeito a(o): joser Realce joser Realce 22 a) compreensão das ações a serem feitas, da tomada de decisões mediante um determinado espaço físico. b) espaço em que o jogador tem para progredir em quadra, o que difere do campo, uma vez que são espaços diferentes. c) ambiente de análise de cada jogada executada pela equipe, entendendo-se que, independente da dimensão do espaço, o jogo é o mesmo. d) processo de aprendizagem atrelado ao conhecimento da quantidade de jogadores que podem participar de uma partida, oficial ou não. e) ambiente de execução do jogo, das dificuldades encontradas e como os participantes podem buscar as melhores estratégias de execução de uma jogada. 4. O basquetebol é caracterizado por ser um jogo dinâmico e de ocupação de espaços, onde os jogadores devem se movimentar de maneira a evitar ao máximo a marcação adversária e buscar posições mais adequadas ao arremesso. De Rose Jr. e Tricoli (2017) apontam três fatores fundamentais para o desenvolvimento do basquetebol, nesse sentido, analise as alternativas a seguir e correlacione as colunas. (A) Criação e Diminuição dos espaços ( 2 ) associada à leitura de jogo, à interpretação de si-nais relevantes oferecidos pelo adversário e que le-vam à tomada de decisões adequadas e no momen-to correto. (B) Cooperação e Oposição ( 3 ) decorrentes da organização tática das equipes ou mesmo de ações individuais que levam em con-sideração a habilidade de cada atleta para atacar ou defender. (C) Imprevisibilidade ( 1 ) ação necessária para que se possa enfrentar de forma organizada a oposição imposta pelo adversá-rio, seja elana defesa ou no ataque. A ordem correta é: a) A-B-C. b) B-A-C. c) A-C-B. d) C-B-A. e) C-A-B. 5. Ao longo dos anos, o basquetebol vem ganhando notoriedade ao redor do mundo e o número de adeptos expandindo-se cada vez mais, rompendo fronteiras, tendo a sua prática expandida para as mulheres, para cadeirantes, permitindo a participação e inclusão por meio do esporte. Em relação ao processo histórico da modalidade, podemos afirmar que: a) o basquetebol é uma modalidade esportiva coletiva com origem no início do século XIX no contexto escolar norte-americano. b) nas Olimpíadas, teve sua inclusão oficial no quadro de modalidades, em Roma, no ano 1936. joser Realce joser Realce joser Realce 23 c) James Naismith, em 1891, após retornar da França, trouxe consigo uma nova maneira de praticar o futebol. d) a origem da modalidade ocorreu no Canadá, a partir da necessidade de criar uma modalidade em que os ricos e os pobres pudessem participar. e) a busca pela prática esportiva em locais alternativos fez o basquete crescer em número de praticantes, sobretudo entre os professores. 6. Ferreira e De Rose Jr. (2003) destacam alguns dos principais movimentos básicos característicos do basquetebol. A partir da execução desses movimentos, a parte técnica pode ser bem conduzida, sendo os treinamentos uma parte essencial que influencia diretamente na qualidade/performance da execução dos movimentos. Sobre os movimentos básicos executados no basquetebol, analise as alternativas a seguir, e assinale V (verdadeiro) e F (falso). ( V ) a posição corporal é entendida como a maneira que o executante se posta dentro de quadra quando não está de posse da bola. ( V ) o giro é feito para tentar se desvencilhar da marcação adversária, sendo caracterizado como uma mudança corporal a partir do deslocamento sobre apenas um ponto de contato realizado com os pés. ( F ) as mudanças de direção são as variações alternadas de velocidade que ocorrem na organização defensiva, em que um jogador se desloca, modificando a sua direção, dentro ou fora do garrafão. ( V ) os saltos são considerados importantes movimentos que buscam a recuperação de modo a recuperar o mais rápido possível a bola, evitando que os jogadores adversários façam a cesta de 3 pontos. A sequência correta é: a) V-V-F-F. b) F-F-V-F. c) V-V-F-V. d) V-V-V-V. e) F-F-V-V. 7. Por ser uma modalidade esportiva coletiva, o basquetebol possui características próprias deste tipo de jogo, nesse sentido, muitas vezes, sua prática deve ter a atenção direcionada à diferentes aspectos, e um dos problemas que surgem, de acordo com Reverdito et al. (2009), é o fato de se tratar de uma prática recorrente à sistematização de currículos. Sabendo da importância do basquetebol como um jogo esportivo coletivo, analise as alternativas a seguir e assinale a que represente algum elemento que deve ser considerado nesse processo: a) estruturar-se no espaço coletivo, confluindo ações individuais com as coletivas em relação ao posicionamento dos adversários e a estratégia preestabelecida coletivamente. b) analisar cada detalhe da partida, fazendo com que o jogo flua da melhor maneira possível, e seja direcionada aos aspectos motores, entendendo sua importância sobre a concepção lógica do jogo em si. joser Realce joser Realce 24 c) configurar as circunstâncias contextuais do jogo, em que a leitura do jogo é feita sucessivamente pelos jogadores, sem a participação efetiva da equipe, em um trabalho isolado, que rende resultados expressivos. d) compreender a concepção do jogo em seus diferentes aspectos, colocando-se à disposição para o aprendizado das técnicas e das regras, com a tática sendo uma consequência do que foi aprendido nas fases anteriores. e) ampliar os esquemas de ação, comunicando-se por meio de suas ações com os demais jogadores, o que gera uma organização técnica defensiva superior ao que se implementa em situações de reação de uma jogada. 8. (Q1631890 - Educação Física - Modalidades Esportivas - Ano: 2018 Banca: CONSESP Órgão: Prefeitura de Santa Fé do Sul - SP Prova: CONSESP - 2018 - Prefeitura de Santa Fé do Sul - SP - Professor de Educação Básica II - Educação Física) (adaptada) A respeito da história oficial do Basquetebol, analise as alternativas e assinale a correta. a) O Basquetebol foi criado pela necessidade de um jogo sem violência que estimulasse os alunos durante o inverno, mas que pudesse também ser praticado no verão em áreas abertas. b) Após passar as regras criadas para o papel, James Naismith aplicou-as em uma turma escolar contendo 24 jogadores. c) Na primeira versão do Basquetebol, os cestos ficavam em contato com o solo. d) O esporte foi criado por um professor americano em 1981. e) Criado no Canadá, rapidamente teve sua expansão a outros países da América do Sul, dentre os quais, o Brasil, que teve a primeira equipe de basquetebol feminina do mundo. joser Realce 25 METODOLOGIA DO ENSINO DO BASQUETEBOL 26 2.1 INTRODUÇÃO Reconhecidamente um fenômeno sociocultural, o esporte vem conquistando, ao longo dos anos, mais adeptos e uma maior expansão das diversas modalidades, que não somente o futebol. Os esportes coletivos, o caso do basquete, requerem a participação de duas ou mais pessoas contra uma equipe adversária, podendo ser também chamado de esporte em grupo ou em equipe e necessita da utilização de um determinado objeto, como a bola. O processo ensino-aprendizagem no basquetebol centra-se nos componentes técnicos e táticos da modalidade, tendo em vista a(s) fase(s) do aprendizado, do desenvolvimento dos alunos e dos objetivos a serem desenvolvidos. De fato, o processo de iniciação esportiva, em qualquer modalidade, tem como premissa básica seu desenvolvimento em âmbito escolar, uma vez que é onde as crianças/adolescentes podem vivenciar experiências que transcendam o simples ato de jogar. É evidente que a inclusão do basquetebol desde as fases iniciais (primeira e segunda infância) propiciam um melhor desenvolvimento das crianças, uma vez que está diretamente associada ao desenvolvimento de habilidades físico-mentais, como: consciência corporal, coordenação, flexibilidade, ritmo, agilidade, equilíbrio, percepção espaço-temporal em uma atmosfera de descontração, dinamismo e ludicidade, conforme descreve Paes e Oliveira (2005). 2.2 PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM ESPORTIVA Nesse sentido, Greco (1998) indica que, na iniciação esportiva, os jogos populares surgem como mecanismos mais assertivos para o treinamento dos diferentes esportes. Na fase de iniciação esportiva, tornar o treinamento muito específico, a partir do que demanda, por exemplo, cada posição em quadra (especificidade técnica e tática), pode limitar o desenvolvimento global da criança, além de afastá-la do lúdico, do prazer de jogar, entendendo aos poucos o que deve ser o jogo desenvolvido de forma adequada. De fato, o processo ensino-aprendizagem é pautado em torno de três métodos de ensino-aprendizagem (tradicionais), considerados básicos, e reconhecidamente aplicados desde a iniciação, a especialização e a formação no esporte, em geral, os seguintes métodos: analítico-sintético (analítico-parcial), situacional (global- funcional) e misto (integrado). Greco (1998) descreve os métodos iniciando pelo método analítico-parcial, o qual tem como principal objetivo o ensino dos fundamentos técnicos, tendo como principal forma de trabalho uma série de exercícios. Ainda segundo o autor, a principal vantagem desse método é o desenvolvimento da técnica correta, possibilitando maior êxito na vivência e a correção é fácil de ser realizada. Por outro lado, suas desvantagens são: a demora para o exercício chegar no “todo”, visto que o movimento é treinado em separado, a aula se torna monótona e pouco atraente e não possibilita a satisfação do desejo de jogar. De acordo com Perfeito (2009) apud Gonçalves e Romão (2019), esse método ainda prevalece em muitas escolas e clubesbrasileiros, amparado pela crença da necessidade do domínio total da técnica para ter sucesso no jogo. Em seguida, temos o método global-funcional, o qual tem como princípio de que joser Realce joser Realce joser Realce 27 só se aprende o jogo jogando, sendo assim, a técnica e os demais elementos relacionados aos esportes coletivos serão aprendidos durante o jogo formal (GRECO, 1998). Por esse método, a aula consiste em distribuir dois times para que joguem e, quando necessário, o professor faz as correções sobre a técnica, a tática e os demais elementos. Vale ressaltar, todavia, que não se trata do “jogar por jogar”, mas a figura do professor/treinador é essencial na condução do processo, estabelecendo diretrizes para que esse jogo tenha um significado dentro do processo ensino-aprendizagem da turma. As principais vantagens desse método são: o prazer de jogar, a motivação, a aprendizagem de todos os elementos desde o começo e a simplificação da organização da aula. No entanto, por receber inúmeras informações, o aluno pode não assimilar todas e o tempo para correções pode ser pouco (GRECO, 1998). Figura 4. O método global, caracterizado pela prática do jogo (situacional). Fonte: https://shutr.bz/3fDVKax Por último, o método misto, que, segundo Gonçalves e Romão (2019), pode ser definido como uma união entre os dois métodos anteriormente apresentados. Dessa forma, o professor iria trabalhar primeiramente os fundamentos do futebol e do futsal (condução, domínio, chute, drible, passe, etc.) para, após atingir um nível adequado, haver o jogo como sugere o método global-funcional (GRECO, 1998). Esse método permite que o professor utilize na mesma aula os exercícios e o jogo, independentemente de ordem ou quantidade estabelecidas, sendo possível o professor tanto realizar correções nos exercícios mais técnicos quanto dar o feedback no jogo. A metodologia mista é considerada a mais completa das tradicionais (GONÇALVES e ROMÃO, 2019; GRECO, 1998). Além dos métodos tradicionais, Garganta (1995) apresenta dois métodos chamados de contemporâneos, mais utilizados nas escolinhas, nas categorias de base e nos clubes profissionais, em geral. Esses modelos são considerados sistêmicos e visam às capacidades cognitivas como elementos-chave da aprendizagem, buscando, sobretudo, desenvolver a inteligência do praticante durante o jogo. Como exemplo, temos os jogos condicionados e o método situacional, os quais apresentam muitas semelhanças, respectivamente, com os métodos misto e global-funcional, ambos estudados nesta seção. joser Realce 28 Existem diferentes metodologias que podem ser aplicadas ao basquetebol e que estão diretamente ligadas ao público-alvo e aos objetivos que se tem com a modalidade. As me- todologias e estratégias de ensino são muito importantes, pois proporcionam que os obje- tivos possam ser atingidos e as propostas iniciais que se tem com a modalidade alcancem êxito. A partir de um contexto do basquetebol inserido em ambiente escolar, podemos afir- mar que existe uma metodologia mais adequada ao ensino do basquetebol para crianças (10 a 12 anos)? VAMOS PENSAR? 2.3 PRINCÍPIOS E NOÇÕES DE PROGRESSÕES DE APRENDIZAGEM De forma geral, o ensino dos esportes ainda é pautado em uma pedagogia considerada tradicional, em que as técnicas esportivas são consideradas o eixo central de todo o processo de aprendizagem. Giménez (1999) traz um interessante levantamento acerca do ensino dos esportes, em que as propostas associadas a situações-modelo, onde a experiência real de jogo se faz ativa, é considerada um importante meio de trabalhar a evolução do aprendizado nos esportes, haja vista um dos modelos mais adotados atualmente, conhecido como Jogos Esportivos Coletivos (JEC). De fato, se por tratar de um modelo mais dinâmico de ensino, os JEC priorizam não somente partes fragmentadas do ensino e aplicação de uma determinada habilidade específica de jogo, mas a melhor compreensão sobre as diferentes concepções de ensino, e cabe ressaltar a importância de progredir os aspectos do processo ensino- aprendizagem em uma perspectiva mais aberta e que estimule a visão do participante como um todo. Um aspecto que deve ser destacado no ensino dos esportes, sob uma visão mais sistêmica, é a sua fundamentação pautada em propostas de experiências lúdicas vinculadas ao contexto real do jogo, mostrando que o jogo, quando jogado de forma “livre”, possui importantes aspectos que podem melhor direcionar a atuação do professor. Scaglia et al. (2013) explicam que, para que o praticante desenvolva aspectos do jogo de forma consciente e lógica, a progressão deve ser tal que as informações apresentadas ao longo de um jogo, por exemplo, estimulem a tomada de decisão a ser executada, bem como a utilização da decisão mental para então colocar em prática a ação motora. Nesse sentido, fica evidente que a estrutura de um jogo desenvolvida por meio do modelo tradicional, a partir de uma perspectiva tecnicista, tende a fazer com que o processo de aprendizado se torne muito inócuo ao aluno e desconecte-o do que deve, de fato, aprender por meio dos jogos e/ou esportes coletivos. 2.4 CARACTERIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DOS EXERCÍCIOS E TAREFAS De acordo com Platonov (2008), os meios de treinamento influenciam direta e/ ou indiretamente o aperfeiçoamento para alcançar o alto desempenho desportivo, constituindo a base do processo pedagógico da preparação, e podem ser considerados 29 um mecanismo estável em que as diferentes ações se repetem de alguma maneira, a fim de interligarem-se visando encontrar soluções para determinadas tarefas. Um dos aspectos que devem ser considerados no processo de seleção dos exercícios e tarefas esportivas são os aspectos do desenvolvimento humano, em que não apenas o motor deve ser considerado, mas o cognitivo e o afetivo-social, atuando de forma integrada na construção de uma estrutura sólida e que seja desenvolvida ao longo dos anos, não pensando apenas na formação do atleta, e sim compreendendo os diferentes mecanismos que as atividades esportivas podem proporcionar. O livro “Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescen- tes e adultos”, de David L. Gallahue, John C. Ozmun, Jaqueline D. Goodway (2013), está disponível na Minha Biblioteca Única Os autores apresentam aspectos fundamentais relacionados ao desenvolvi- mento motor humano, que vão desde as informações introdutórias essenciais sobre o estudo do desenvolvimento motor, explorando em cada etapa do de- senvolvimento humano (do bebê ao adulto) aspectos globais e específicos que cerceiam os aspectos motores. LINK: https://bit.ly/3t5OSFU BUSQUE POR MAIS Em contrapartida, Galatti et al. (2012) descreve que, com o passar dos anos e com a evolução do basquetebol, tem evidenciado como fator predominante, no que tange à formação dos atletas, os aspectos de ordem motora. E ainda, de acordo com os autores, cabe ao treinador procurar sempre as devidas melhorias nos métodos de ensino das habilidades (técnica e tática) da modalidade, buscando aperfeiçoar meios e métodos que possam ser aplicados também a outras modalidades esportivas cujas habilidades básicas sejam similares. Wilmore e Oliveira (2005) trazem alguns aspectos básicos do exercício, em que destacam o treinador como figura central da condução de um processo de treino organizado e estruturado. Nesse sentido, ainda de acordo com os autores, para obter uma intervenção eficaz, a elaboração e estruturação dos exercícios (tarefas) necessitam estabelecer alguns elementos de forma marcante, dentre os quais: o objetivo, o conteúdo, a estrutura e o nível de desempenho, conforme você verá mais detalhadamente a seguir. Objetivo: está associado ao diagnóstico que se faz do nível de performance dos atletas, tendo como mecanismo de análise/avaliação os resultados obtidos em exercícios anteriores ou avaliação de diagnóstico/inicial. Na prática, é importante entender a multifuncionalidadedo exercício, que exercícios semelhantes podem ter objetivos diferentes, sendo da responsabilidade do treinador a hierarquização deles. Conteúdo: tratam dos fatores de rendimento (técnicos, táticos, físicos e psicológicos) desenvolvidos, quer pelos jogadores ou pela equipe, em situações de jogo ou exercícios. Nesse caso, é importante considerar os fatores de jogo, suas ações, as quais são essenciais para que tanto os objetivos quanto os conteúdos sejam desenvolvidos de maneira satisfatória com a proposta. Estrutura do exercício: importante ressaltar a relação que existe entre a atividade proposta e desenvolvida pelos jogadores associada aos aspectos fundamentais dentro https://bit.ly/3t5OSFU 30 do contexto em que se estabelece o jogo, por meio de situações dinâmicas e reais de jogo, a destacar: o ataque – a defesa – o contra-ataque. Nível de desempenho: diz respeito ao resultado obtido pelos alunos/atletas após a operacionalização das atividades propostas. Essas informações, confrontadas com os objetivos previamente definidos, resultam em um conjunto de conclusões acerca do sucesso/insucesso da atividade e permite o reforço ou reorganização dos aspectos básicos do exercício. Castelo (1996) citado por Wilmore e Oliveira (2005), levanta ainda dois aspectos a serem considerados na estruturação de exercícios e tarefas do jogo, a incluir o basquetebol, conforme apresentado a seguir. Racionalização: a procura da redução do número de exercícios de treino e o aumento do número de repetições, tendo como objetivo principal implicitamente a melhoria do rendimento dos praticantes e consequentemente da equipe. Modelação: processo pelo qual se procura correlacionar o exercício de treino com as exigências específicas da competição com base nos índices mensuráveis dos componentes de rendimento. Ainda de acordo com o autor, as componentes estruturais do exercício devem ser consideradas no plano fisiológico e no plano técnico – tático, conforme mostrado na figura a seguir. Figura 5. Componentes estruturais do exercício. Fonte: Castelo (1996) citado por Wilmore e Oliveira (2005, p.3). Há que se considerar ainda a classificação dos exercícios, cujo fator de treino é um dos aspectos mais predominante no conteúdo do exercício, conforme descreve Wilmore e Oliveira (2006), e os seguintes exercícios merecem maior atenção: técnicos, táticos e físicos. E, complementando, o grau de identidade do exercício merece destaque, haja vista as diferentes possibilidades que surgem para o desenvolvimento do exercício, a saber: os exercícios de competição, os especiais, e os gerais. 31 2.5 ABORDAGENS PEDAGÓGICAS DO ENSINO DO BASQUETEBOL A prática do basquetebol na escola deve ir além dos aspectos metodológicos e técnicos: deve possibilitar a integração dos envolvidos, centrada numa proposta pedagógica embasada por uma filosofia que vise à educação e à formação integral dos praticantes. O planejamento do conhecimento a ser trabalhado é base para o desenvolvimento do esporte na escola, devendo ser coerente com o seu projeto pedagógico, de forma a aproximar a Educação Física das demais disciplinas, tornando os conteúdos significativos e formadores. Gallati et al. (2012) descrevem que a maior parte das pesquisas relacionadas aos jogos esportivos coletivos destaca a abordagem da pedagogia do esporte para o seu ensino nas escolas de esportes, visto que contribui para a educação das crianças e adolescentes, proporcionando reflexões a respeito de aspectos como cooperação, convivência, participação, inclusão, solidariedade, autonomia, entre outros, conforme descreve ainda Paes e Oliveira (2005). Bento (2006) afirma que o professor deve levar para a situação de ensino uma formação objetivada em competências sociais, culturais, pedagógicas e metodológicas, para, dessa forma, construir uma prática embasada e responsabilizada pela teoria, circundada por princípios e valores teóricos, espirituais, éticos e morais. A capacidade de impulsionar as ações humanas em busca de um mundo melhor há de estar atenta às orientações curriculares voltadas à educação básica, conforme descreve Freire (1996), e a ação pedagógica é o elemento central capaz de nortear as necessárias opções metodológicas na organização e desenvolvimento dos conteúdos de ensino, dentre os quais podemos destacar o dos esportes coletivos, mais precisamente do basquetebol. Freire (1996, p.26) complementa: Nas condições de verdadeira aprendizagem, os educan- dos vão se transformando em reais sujeitos da constru- ção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador igualmente sujeito do processo. Nesse sentido, o ensino pautado pelo constructo qualitativo no âmbito pedagógico nos remete à concepção do professor atuando de forma ativa, buscando construir o conhecimento que aproxime o aluno da realidade, compreendendo o que foi apresentado em aula e transportando esse aprendizado (troca constante de saberes entre professor- aluno) em sua atuação na sociedade. Isso permite ao aluno a possibilidade de atribuição de um novo sentido, gerando novas e interessantes possibilidades de aprendizado a partir de diferentes contextos que lhe são apresentados. Um dos aspectos criticados por Freire é a chamada “educação bancária” e aqui o autor se depara com situações as quais o professor não está, de fato, comprometido com o valor da aprendizagem. É importante atrelar o conhecimento do conteúdo a algo que seja assimilado de maneira significativa e transformadora pelo aluno. O próprio ensino dos jogos e esportes coletivos permitirá ao professor despertar em seus alunos uma maior consciência crítica e um maior discernimento acerca das questões sociais, a partir das mais diversas situações que são vivenciadas nessas práticas. 32 Galatti et al. (2012) descrevem o ensino dos esportes coletivos sendo realizados a partir de metodologias de ensino que visam alcançar determinados objetivos, como melhora da técnica em determinada modalidade esportiva, criando situações particulares de jogo com crescente complexidade para que posteriormente seja obtido o êxito quando se estiver em situação real de jogo. Nesse sentido, complementando o que foi apresentado na seção 2.1, existem métodos de ensino tradicionais (Parcial, Global e Misto) e métodos de ensino contemporâneos (Iniciação Esportiva Universal, Jogos Desportivos Coletivos, Método Situacional e Teaching Games For Understanding (TGFU). Não há, dentre as diferentes possibilidades de ensinar o basquetebol, um método que se sobreponha a outro em termos de eficiência do ensino-aprendizagem, sendo responsabilidade do professor conduzir o trabalho/planejar-se de acordo com as características que vão desde o(s) objetivo(s) da aula até as características da turma, que podem influenciar diretamente essa tomada de decisão. Reverdito, Scaglia e Paes (2009) entendem a pedagogia do esporte enquanto área de intervenção, responsável por investigar as práticas esportivas corporais, bem como os sujeitos condicionantes de sua existencialidade. Esses autores trazem como contribuição um estudo feito acerca de algumas das principais palavras-chave da resultante conceitual das principais abordagens em pedagogia do esporte, as quais mostram como o esporte pode ser desenvolvido a partir de diferentes perspectivas, conforme você verá a seguir Autores e Obras Caracterização Estratégia-Metodologia Fundamentação Paes (2001); Balbino (2001) • Pedagogia; • Formação crítica e consciente; • Inclusão; • Cooperação; etc. • Complexidade do jogo; • Jogar; • Jogo possível; • Ambiente fascinante. • Pensamento sistêmi- co; • Construtivismo; • Teoria das inteligên- cias múltiplas; • Capacidades poten- ciais; • Totalidade. Scaglia (1999, 2003); Freire (2003) • Princípios pedagógi- cos; • Sujeito; • Motivações intrínse- cas; • Humanitude; • Ensinar; • Autonomia e Critici- dade; • Cultura Corporal; • Diversidade • Jogo; • Compreensão do jogo; • Capacidade tática (cog- nitiva)• Especificidade técnica (motora específica); • Jogos e brincadeiras populares; • Cultura infantil; • Jogo-trabalho. • Abordagens intera- cionista; • Pensamento sistêmi- co-complexo; • Teoria do jogo; • Produções culturais. 33 Garganta (1995); Graça (1995) • Jogo; • Formativo; • Cooperação; • Inteligência; • Cultura esportiva; • Natureza aberta das habilidades; • Equipe; • Conhecimentos em pedagogia. Garganta (1995): • Jogos condicionados; • Unidades funcionais; • Compreensão do jogo; • Especificidade técnica; • Princípios comuns do jogo; Formas jogadas acessí- veis. ___________ Graça (1995): • Habilidades básicas; • Capacidade de jogo; • Atividades simplifica- das e modificadas; • Formas de jogos; • Transferibilidade; Caráter multidimensio- nal. • Teoria dos jogos des- portivos coletivos; • Abordagem fenôme- no-estrutural; • Prática transferível; • Sistêmica; • Compreensão; • Totalidade complexa. Kroger e Roth (2002) • Ação pedagógica; • Cultura do jogar; • Escola da bola; • Universal a todos os esportes. • Jogos coletivos; • Jogos situacionais; • Aprendizagem inciden- tal; • Capacidade de jogo; • Capacidades coordena- tivas; • Determinantes da mo- tricidade; • Habilidades; • Construção de movi- mentos. • Ciências biológicas e pedagógicas; • Teorias de controle e aprendizagem motora; • Psicologia geral e cog- nitiva; • Aprendizagem formal e incidental. Greco e Benda (1998); Greco (1998) • Iniciação esportiva universal; • Aprendizagem inci- dental; • Capacidades coorde- nativas. • Capacidades coordena- tivas; • Aprendizagem motora; • Treinamento da técni- ca; • Capacidade de jogo; • Treinamento tático; • Jogos funcionais e situ- acional; • Determinantes da mo- tricidade. • Ciências biológicas e pedagógicas; • Teorias de controle e aprendizagem motora; • Psicologia geral e cog- nitiva; Aprendizagem formal e incidental. Quadro 2: As principais palavras-chaves da resultante conceitual das principais abordagens em pedagogia do esporte. Fonte: Reverdito, Scaglia e Paes (2009, p. 606). Mais especificamente, Paes e Oliveira (2005) destacam o treinamento do basquetebol que pode ser dividido em duas fases distintas: fase de iniciação ao jogo e fase de treinamento especializado. A proposta sugerida por esses autores estabelece o desenvolvimento das capacidades físicas, aprendizagem tático-cognitivas e habilidades do jogo, as quais podem ser subdivididas em três fases, conforme descrevem os autores: A fase de iniciação I marca os primeiros contatos da criança da primeira à quarta série do ensino fundamental, com idades entre 7 e 10 anos. Nessa fase, o aprendizado dos fundamentos e o desenvolvimento das capacidades podem se dar de maneira recreativa, por meio de jogos com alterações nas regras e nos objetivos, adaptando-os à 34 realidade de cada cenário e às necessidades dos alunos, observando a disponibilidade de recursos materiais e humanos. Nessa fase, o indivíduo começa a combinar e a aplicar habilidades motoras fundamentais ao desempenho das habilidades motoras especializadas no esporte e em ambientes recreacionais. O objetivo nesse estágio deve ser o de ajudar as crianças a aumentar o controle motor e a competência motora em inúmeras atividades, conforme descreve Paes e Oliveira (2005). Em adição, Paes (2009) ressalta que os jogos reduzidos, pré-desportivos, e as brincadeiras podem ser utilizados como facilitadores do ensino, pois possibilitam adequar as atividades à vivência motora dos alunos ou praticantes e podem ser realizados na escola, no clube ou em qualquer lugar em função da sua ação recreativa. A fase de iniciação II – o processo de desenvolvimento – deve ocorrer aproximadamente entre 11 e 12 anos de idade; os pré-adolescentes deverão estar cursando a quinta e a sexta séries do ensino fundamental, e corresponde ao aprendizado inicial dos sistemas técnico e tático do jogo associados aos conteúdos da fase anterior do aprendizado. É nessa fase que as experiências tendem a tornar o indivíduo capaz de tomar inúmeras decisões de aprendizado e de participação, baseadas em muitos fatores da tarefa, individuais e ambientais. A fase de iniciação III tem como alvo os alunos do oitavo e nono anos do ensino fundamental, com idade aproximada de 13 a 14 anos. Essa é uma fase marcada pela melhor assimilação dos conteúdos das etapas anteriores, em que a automatização e o refinamento se sobressaem no que tange à aprendizagem de um gesto motor (esportivo). Os fundamentos individuais são constituídos coletivamente, realizados no tempo e espaço e deverão ser adequados às ótimas capacidades do jogo moderno (PAES e OLIVEIRA, 2005). Por fim, é importante ressaltar a contribuição de Balbino e Paes (2005), que definem quatro princípios filosóficos a serem seguidos no ensino de basquetebol visando objetivar a integração e a aquisição de valores na criança, nesse caso, de estudantes na faixa etária até 13 anos. • Participação – o foco é o jogar para aprender; • Cooperação – o objetivo é o jogo “com”, substituindo o jogar “contra”; • Coeducação – um modelo em que aluno e professor jogam e aprendem juntos, uns com os outros; • Convivência – ligado ao princípio do respeito às diferenças. Oliveira (2007) destaca que a etapa de iniciação nos jogos desportivos coletivos – basque- tebol - é um período que abrange desde o momento em que as crianças iniciam nos espor- tes até a decisão por praticarem uma modalidade, por volta de 10 a 12 anos. Os conteúdos devem ser ensinados respeitando cada fase do desenvolvimento das crianças e dos pré- -adolescentes da escola na qual as metodologias devem ser discutidas com base teórica, mas também pelas experiências práticas dos professores nas escolas. FIQUE ATENTO 35 Enfim, os jogos esportivos coletivos são compostos por muitas modalidades, que evoluem e mudam suas regras e regulamentos todos os anos. Eles possuem características comuns e específicas que, ao serem trabalhadas de forma adequada, auxiliam no desenvolvimento motor, cognitivo e social do indivíduo. 36 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Reconhecidamente um fenômeno sociocultural, o esporte possui elementos que o tornam importante em diferentes contextos e contribui para a formação da sociedade. Os esportes coletivos, praticados em forma de jogo, requerem a participação de duas ou mais pessoas contra uma equipe adversária, podendo ser também chamado de esporte em grupo ou em equipe e necessita da utilização de um determinado objeto, como a bola, como ocorre com o basquetebol. Tendo em vista a importância do basquetebol na formação do indivíduo desde a base ou iniciação, analise as alternativas a seguir e assinale a que represente aspectos ou habilidades físico-mentais que são desenvolvidas por meio da prática dessa modalidade. a) coordenação, força, agilidade e descontração. b) fadiga, stress, coordenação e flexibilidade. c) interesse, técnica, reflexão e ritmo. d) consciência corporal, aptidão social, agilidade e equilíbrio. e) coordenação, flexibilidade, agilidade e equilíbrio. 2. Os Jogos Esportivos Coletivos (JEC) são uma excelente ferramenta para desenvolver aspectos multifatoriais de seus praticantes, além de serem utilizados como importantes mecanismos a serem inseridos em programas de treinamento, que vão da base até as categorias adultas/profissionais. Nesse sentido, analise as alternativas a seguir e assinale V (verdadeiro) e/ou F (falso) no que tange aos aspectos ligados ao JEC. ( ) prioriza o ensino e forma ampla, sem atrelar-se somente ao aprendizado das habilidades específicas da modalidade/jogo. ( ) por ser uma perspectiva considerada mista, é importante entender que o ensino tem sua potencialidade nos aspectos motores e lúdicos. ( ) o participante aprende o jogo como um todo e trabalha de forma dinâmica para buscar a conexão entre as partes que formam o todo. ( ) a progressão é vista como fundamental nessa concepção e as informações apresentadas em cada parte do processo se
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