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Fundamentos de Turismo João Paulo Leite Barbosa © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Imagens Adaptadas de Shutterstock. Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. Conteúdo em websites Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros. Presidência Rodrigo Galindo Vice-Presidência de Produto, Gestão e Expansão Julia Gonçalves Vice-Presidência Acadêmica Marcos Lemos Diretoria de Produção e Responsabilidade Social Camilla Veiga 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Gerência Editorial Fernanda Migliorança Editoração Gráfica e Eletrônica Renata Galdino Luana Mercurio Supervisão da Disciplina Larissa Maria Palacio dos Santos Revisão Técnica Daniele Candido da Costa Larissa Maria Palacio dos Santos Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Barbosa, João Paulo Leite B238f Fundamentos de turismo / João Paulo Leite Barbosa. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020. 152 p. ISBN 978-85-522-1662-9 1. Turismo. 2. Desenvolvimento territorial. 3. Sistema Turístico Brasileiro. I. Título. CDD 338.791 Jorge Eduardo de Almeida CRB-8/8753 Sumário Unidade 1 Aspectos fundamentais do turismo ............................................................ 7 Seção 1 Conceitos essenciais para compreensão da atividade turística ........................................................................10 Seção 2 Oferta turística ..................................................................................18 Seção 3 Espaço geográfico e operadores do mercado turístico ................29 Unidade 2 O mercado turístico ....................................................................................41 Seção 1 Fundamentos conceituais do mercado turístico...........................44 Seção 2 Segmentação do mercado turístico ................................................52 Seção 3 Segmentação da oferta e formação de clusters no turismo ......................................................................61 Unidade 3 Sistema de turismo ......................................................................................75 Seção 1 Teoria sistêmica aplicada ao turismo .............................................78 Seção 2 Objetivos do SISTUR e o conjunto das relações ambientais ......85 Seção 3 Conjunto da organização estrutural...............................................97 Unidade 4 Relações do turismo .................................................................................111 Seção 1 As estratégias de regionalização e roteirização no turismo brasileiro .....................................................................114 Seção 2 Metodologia de roteirização ........................................................123 Seção 3 Pesquisas mercadológicas em turismo .......................................132 Palavras do autor Prezado aluno, bem-vindo à disciplina Fundamentos do Turismo! O turismo se apresenta como um ramo de atividades em constante crescimento, o que se percebe por meio do número de turistas que visitam os diversos destinos brasileiros, o qual cresce ano a ano. Segundo o Sebrae, houve um aumento de 8% no volume de turistas estrangeiros que visitaram o Brasil entre os anos de 2017 e 2018, assim como o faturamento com a venda de viagens a turistas brasileiros teve um aumento de 18%. Esses números, dentre outros indicadores expressivos, demonstram o potencial de crescimento das atividades turísticas em nosso país, assim como uma demanda crescente por pessoas devidamente qualificadas para atuar no setor. Nesta disciplina, você terá a oportunidade de conhecer todos os aspectos fundamentais necessários para exercer atividades de gestão no setor turís- tico em qualquer região do Brasil. A intenção do presente livro é fornecer os conhecimentos básicos necessários para que você, aluno, comece a olhar este setor a partir de um novo ponto de vista, fundamentado em conhecimentos teóricos que lhe permitam realizar análises com alto nível de profissionalismo. Na primeira unidade, é realizada uma apresentação conceitual sobre o turismo, expondo a terminologia dos principais elementos utilizados pelos profissionais e estudantes que atuam na área. Tais conceitos e premissas são embasados em relevantes publicações da área, divulgadas segundo orien- tações da Organização Mundial do Turismo. São abordados os conceitos e as terminologias necessários para atuar no setor turístico, tanto em âmbito acadêmico, ampliando o conhecimento científico na área, quanto em âmbito profissional, atuando nos setores público e privado. Na segunda unidade, é apresentado o mercado turístico, demonstrando as relações de troca entre oferta e demanda, as quais dão forma e continui- dade ao mercado. São tratadas, também, as técnicas de análise mercadológica direcionadas ao levantamento de informações e enriquecimento do conheci- mento sobre a demanda e a oferta turística. Na terceira unidade, é retratado o sistema turístico, segundo o modelo referencial desenvolvido pelo expoente autor da área no Brasil: Mario Carlos Beni. Neste modelo, denominado SISTUR, são contemplados os grandes conjuntos de elementos que determinam a realização de atividades turís- ticas, quais sejam: das relações ambientais, da organização estrutural e das ações operacionais. Por fim, à medida que você está mais habituado com os elementos e as relações que determinam as atividades turísticas, são mostradas estratégias de gestão do turismo desenvolvidas e aplicadas pelas instituições relacio- nadas ao Ministério do Turismo, em conjunto com a iniciativa privada, em todas as regiões brasileiras. Ao final da disciplina, espera-se que você se sinta capacitado e motivado a exercer as atividades turísticas embasado em sólidos conceitos e práticas mercadológicas. Bons estudos! Unidade 1 Aspectos fundamentais do turismo Objetivos de aprendizagem da unidade • Entender os conceitos que definem os elementos essenciais das ativi- dades turísticas. • Compreender a demanda turística e as definições de turista, visitante, viajante e excursionista. • Compreender a oferta turística e os elementos que a compõem, como o atrativo turístico, os produtos e serviços, a infraestrutura e os produtos turísticos. • Compreender o conceito de destino turístico e as classificações dos espaços geográficos onde são praticadas atividades turísticas. • Compreender o papel das operadoras de turismo como agentes facili- tadoras na conexão entre oferta e demanda e atuantes na distribuição do produto turístico. Seção 1 | Conceitos essenciais para compreensão da ativida- de turística. Conceitos de turismo e apresentação dos elementos básicos que compõem a atividade turística. Descrição conceitual da demanda turística. Seção 2 | Oferta turística. Apresentação dos conceitos que definem a oferta turística, perpassando o atrativo turístico, serviços, infraestrutura e produto turístico. Seção 3 | Espaço geográfico e operadores do mercado turístico. Apresentação do conceito de destino turístico e da classificaçãodos espaços geográficos onde são praticadas atividades turísticas. Apresentação da função das operadoras do mercado turístico. Introdução à unidade Prezado aluno, incialmente, seja bem-vindo à jornada de aprendizagem sobre os fundamentos do turismo. Ao longo desta primeira unidade, preten- demos proporcionar um sólido embasamento sobre os conceitos fundamen- tais que determinam o turismo e as atividades turísticas. Para todo profis- sional da área de turismo é importante conhecer conceitualmente as discus- sões conduzidas na área, para que possa desenvolver estudos e aprofundar seu conhecimento na área turística. Além disso, a base conceitual permite que os estudos na área possuam uma referência terminológica internacional, permitindo a comparação entre os dados e a realização de análises estatísticas. Inicialmente, trataremos do conceito básico de turismo, apresentando os elementos fundamentais para que as atividades turísticas possam ser reali- zadas. A partir da apresentação desses elementos, caracterizados por demanda turística, oferta turística, espaço geográfico e operadoras de turismo, condu- ziremos discussões mais aprofundadas sobre cada um, identificando como são constituídos conceitualmente, tomando como base principal as orien- tações da Organização Mundial do Turismo (OMT), publicadas na língua portuguesa, em 2001. Também, traremos argumentos de autores renomados na área, a fim de permitir uma visão abrangente dos conceitos apresentados e que você, aluno, conheça autores de referência. O primeiro elemento descrito na primeira seção é a demanda turística, evidenciando os diferentes atores que fazem parte dela e quais deles podem efetivamente ser classificados como turistas; para tanto, também apresenta- remos as definições de viajante, visitante e excursionista, as quais são funda- mentais para a compreensão dos estudos publicados na área. Já na segunda seção abordaremos a oferta turística, demonstrando que ela não é composta somente de produtos e serviços oferecidos aos turistas, existem outros elementos fundamentais para que estes tenham suas necessi- dades atendidas, por exemplo, a matéria-prima do turismo, que é constituída pelos atrativos turísticos. Ainda, tratando da oferta turística, demonstra- remos como é composto o produto turístico, o qual agrega tanto os atrativos quanto os produtos, serviços e a infraestrutura necessária para o atendimento das necessidades dos turistas. Por fim, na terceira seção, trataremos do espaço geográfico, no qual são realizadas as atividades turísticas, demonstrando a complexidade na definição deles e as formas de classificação propostas para delimitá-los. Ainda nessa seção, discutiremos o papel das operadoras de turismo na conexão entre a demanda e a oferta turística e na distribuição do produto turístico; assim como proporemos uma breve discussão sobre como a tecnologia vem impac- tando a forma como os turistas planejam e executam suas viagens. Bons estudos! 10 Seção 1 Conceitos essenciais para compreensão da atividade turística Introdução à seção Caro aluno, nesta primeira seção do livro Fundamentos do Turismo, trataremos dos conceitos básicos que definem o termo turismo e a ativi- dade turística. Você compreenderá como está fundamentado o conceito de turismo, conforme definido pela Organização Mundial do Turismo (OMT), visando demonstrar a proposta de um conceito único e padronizado, para que estudiosos e profissionais da área encontrem uma referência robusta e unificada sobre o conceito de turismo no momento de desenvolver análises estatísticas e estudos de cunho econômico, social ou cultural. Você também conhecerá os elementos básicos que constituem a atividade turística, tema que continuará sendo trabalhado nas próximas seções desta unidade, porém, nesta seção, daremos ênfase ao primeiro desses elementos, que é a demanda turística, assim, você entenderá as características que definem um turista, um viajante, um visitante e um excursionista 1.1 Conceitos essenciais para compreensão da atividade turística A área do turismo tem sido alvo de estudos em diversos campos acadê- micos e também fora da academia. Esse assunto atrai estudiosos e disciplinas de diferentes áreas, pois, a partir do século XX, as atividades turísticas se expandiram exponencialmente em todo o globo terrestre, impulsionadas pelo predomínio do modo de produção capitalista, pelo aumento da população e da concentração urbana e pela busca de maneiras cada vez mais alternativas de satisfação pessoal. Apesar de o turismo não ser considerado uma neces- sidade básica, como saúde, educação ou alimentação, as atividades turísticas têm sido realizadas por um número cada vez mais expressivo de pessoas que buscam satisfazer suas necessidades relacionadas, principalmente, à cultura e ao lazer. Segundo Fayos (1993), o aumento das atividades turísticas por uma ampla parcela da população pode também ser atribuído a diferentes transfor- mações de cunho econômico, técnico e sociocultural, relacionadas ao desen- volvimento do transporte aéreo, das telecomunicação e de novos procedi- mentos de gestão e ao surgimento de novos destinos turísticos, junto a uma melhora geral da qualidade de vida da população nos países desenvolvidos e 11 ao aumento do tempo livre, promovendo a introdução do consumo genera- lizado do turismo. É importante ressaltarmos, porém, que tais mudanças representam potenciais impactos positivos e negativos à sociedade e ao meio ambiente, conforme poderá ser percebido ao longo deste livro. Os primeiros estudos acadêmicos relevantes na área de turismo tiveram início na década de 1920, após o fim da Primeira Guerra Mundial, condu- zidos por economistas europeus originários da chamada Escola de Berlim, da qual merecem destaque alguns autores, como Glucksmann, Schwink ou Bormann (OMT, 2001). Considerando a evolução exponencial do potencial econômico do turismo, muitos estudiosos propuseram formas distintas e complementares para delimitar o conceito de turismo, sendo realizada, em 1991, a Conferência sobre Viagens e Estatísticas de Turismo, em Ottawa, no Canadá. O principal objetivo dessa conferência foi atender à necessidade de padronização nas terminologias relacionadas ao turismo, para criação de estudos e análises estatísticas confiáveis tanto no âmbito acadêmico quanto no âmbito dos profissionais de setores públicos e privados que atuam na área (OMT, 2001). Para saber mais Não é possível determinar desde quando se realizam atividades turís- ticas, entretanto, existem relatos de atividades turísticas sendo desen- volvidas desde a Antiguidade, passando pela Idade Média e Idade Moderna. Para saber mais como esses povos tratavam o turismo e realizavam atividades turísticas, leia o capitulo Antecedentes Históricos, do livro Fundamentos do Turismo, de Luiz Renato Ignarra, disponível na Biblioteca Virtual. IGNARRA, L. R. Fundamentos do Turismo. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cengage Learning, 2013. Após a Conferência de Ottawa, em 1991, as discussões se estenderam até 1994, quando a OMT adotou oficialmente o conceito de turismo que rege os estudos e estatísticas realizados na área, conforme descrito a seguir: “O turismo compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras” (OMT, 2001, p. 38). Analisando essa definição, inicialmente, percebemos a importância de descrever o significado de “entorno habitual”, uma vez que, segundo a afirmação da OMT, as atividades turísticas são aquelas realizadas “em lugares diferentes ao seu entorno habitual”, assim, “O entorno habitual de uma pessoa DEFINIÇÃO: TURISMO OMT= ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO 12 consiste em certa área que circunda sua residência mais todos aqueles lugares que visita frequentemente” (OMT, 2001, p. 38). A fim de possibilitar a ampla compreensão dadefinição de turismo adotada pela OMT, é necessário realizarmos algumas análises complementares, tais como: • A estada no destino deve ser por um período determinado de, no máximo, um ano, tempo relativamente longo, considerando o tempo médio de duração dos vistos emitidos pelos governos para viagens de turismo, que gira em torno de três meses, e o tempo para um turista passar a ser consi- derado um residente habitual, que gira em torno de seis meses. • O turismo compreende atividades que podem ser realizadas tanto durante a viagem até o destino quanto durante a estada, incluindo, também, os produtos e serviços destinados a atender às necessidades dos turistas. Neste momento, é importante ressaltar que a definição descrita anteriormente, apesar de amplamente utilizada para padronização dos estudos e das análises turís- ticas, não é a única e não pode ser considerada hegemônica entre os estudiosos da área, cabendo a cada autor ou analista da área adotar a definição que achar mais adequada para seus estudos e argumentos. Todavia, a definição da OMT servirá de base para as análises e considerações apresentadas no presente livro. Apresentada a definição de turismo, direcionaremos nossa atenção para os elementos básicos envolvidos nas atividades turísticas. Esses elementos ou fatores básicos que constituem as atividades turísticas estão em constante relação e devem sempre ser considerados em conjunto, de forma que se influenciam diretamente. Segundo a OMT (2001), são quatro os elementos básicos que constituem o conceito de atividade turística: • Demanda turística: contempla todos os consumidores ou possíveis consumidores que consomem bens e serviços turísticos. • Oferta turística: considera todos os produtos, serviços e organizações públicas ou privadas envolvidos ativamente nas atividades turísticas. • Espaço geográfico: local físico ondea oferta e a demanda turísticas se encontram; também, é onde se situa a população residente, um importante fator que deve sempre fazer parte do planejamento da atividade turística, pois é capaz de agregar valor à oferta turística ou influenciar negativamente a escolha por parte da demanda turística. • Operadores de mercado: organismos de caráter público ou privado que têm a função de facilitar a relação entre oferta e demanda turís- tica. Podem ser considerados as agências de viagens, as companhias de transporte, os aplicativos de suporte às atividades turísticas e os demais órgãos que atuam na organização e/ou promoção do turismo. ESTADA NO DESTINO 4- ELEMENTOS / FATOS BÁSICOS ENVOLVIDOS NAS ATIVIDADES TURÍSTICAS 1- 2- 3- 4- 13 A demanda turística pode ser classificada em três grupos de pessoas, sendo eles: os viajantes, os visitantes e os turistas (OMT, 2001), de forma que cada grupo possui especificidades em termos sociodemográficos e em relação às motivações para o consumo de produtos e serviços turísticos. Logo, a compreensão das características de cada grupo se mostra essencial na elaboração de estratégias eficazes de marketing e vendas. Dentre esses três grupos de pessoas, o que possui uma amplitude de pessoas maior, englobando os outros dois grupos, é o dos viajantes, o qual pode ser definido como “qualquer pessoa que viaje entre dois ou mais países ou entre duas ou mais localidades em seu país de residência habitual” (OMT, 2001, p. 40). Dentre os viajantes, podemos considerar dois grupos distintos: os visitantes e os outros viajantes. Aqueles são “todos os tipos de viajantes relacio- nados ao turismo” (OMT, 2001 p.40) e, por conseguinte, estes são pessoas que viajam por motivos alheios ao turismo e, por isso, não podem ser considerados estatisticamente como praticantes de turismo, enquanto os visitantes definem estatisticamente o conceito básico das pessoas que praticam turismo. A partir dessas definições, compreendemos que todos os turistas fazem parte do grupo dos visitantes. Além deles, os excursionistas também fazem parte desse grupo, todavia, a diferença básica entre os turistas e os excursio- nistas consiste no fato de que os aqueles devem pernoitar no local visitado pelo menos uma noite, enquanto estes, que também podem ser denominados como “visitantes de um dia”, não pernoitam no local visitado, deixando-o em até 24 horas após o momento da chegada. A relação entre os elementos citados pode ser melhor compreendida na Figura 1.1. Figura 1.1 | Relação entre viajantes Viajantes Outros viajantes Visitantes Excursionistas (visitantes de um dia) Turistas (visitantes que pernoitam) Fonte: adaptada de OMT (2001, p. 41). DEMANDA TURÍSTICA são “todos os tipos de viajantes relacionados ao turismo, são pessoas que viajam por motivos alheios ao turismo e, por isso, não podem ser considerados estatisticamente como praticantes de turismo. os visitantes definem estatisticamente o conceito básico das pessoas que praticam turismo. os excursionistas também fazem parte desse grupo dos visitantes 14 A OMT ainda propõe uma classificação dos viajantes segundo o propó- sito de realização da viagem, explicitando aqueles que podem ser conside- rados visitantes e, portanto, podem ser incluídos nas estatísticas de turismo, e aqueles que não podem ser considerados visitantes e, consequentemente, não podem ser considerados nas estatísticas referentes à área do turismo. Essa classificação pode ser observada na Figura 1.2 a seguir. Figura 1.2 | Classificação dos viajantes ���������� ����������� ������ ����������� �������� ������������ ���������� �������� � ������ �������������� �������������� �������� ������� �������������������������������� ��� ��������� ����������������������� ��������� �������(��������������� ���������) �������������������� (�������������) ������ �������� ��������� ��� ���������� ������������� ��������� ����� ���� ��������������� �� ��������� ���������� ����������� ���� ������� ���������� ��������� (4) �������������� ������������ ���������� ��������� �� ��� ������� �������������� ���������� �������������� ���������������� �������� ���������� �������������� ���������� ������������ �������������� ������������ ������ ���������� ���������� ������������� ����� ������� ��� ����������� 1. Tripulação de barcos ou aviões estrangeiros em reparos ou escala e que utilizam os alojamentos. 2. Pessoas que chegam a um país num barco de cruzeiro (tal como define a Organização Marítima Internacional (OMI), 1965) e que estejam alojados a bordo, ainda que desembarquem para realizar visitas de um ou mais dias. 3. Tripulação que não é residente no país visitado e permanece nele durante o dia. 4. Visitantes que chegam e saem no mesmo dia por lazer, recreação ou férias; visitas a parentes e amigos; negócios ou motivos profissionais; tratamento de saúde, religião/peregrinações; outros motivos, incluindo trânsito de visitantes de um dia que vão e voltam de seus países de origem. CLASSIFICAÇÃO DOS VIAJANTES 15 5. Conforme tem sido definido pelas Nações Unidas nas recomendações sobre estatísticas de Migrações Internacionais (1980). 6. Que não abandonam a área de trânsito do aeroporto ou do porto, incluindo o traslado entre estes. 7. Conforme definido pela Alta Comissão para refugiados (1967). 8. Quando se deslocam para outros países onde estão ou inversamente (inclu- ídos funcionários e pessoas que acompanham ou se reúnem com ele). Fonte: adaptada de OMT (2001, p. 42). Segundo a OMT (2001), os visitantes ainda podem ser classificados segundo o destino visitado, considerando os tipos internacional e interno. Segundo essa classificação, a expressão visitante internacional designa “[...] toda pessoa que viaja por um período não superior a 12 meses, para um país diferente daquele em que reside, fora de seu entorno habitual e cujo motivo principal não seja exercer uma atividade remunerada no país visitado” (OMT, 2001, p. 41). Dentro desse grupo podemos encontrar os turistas e excursio- nistas, conforme demonstradona Figura 1.3: Figura 1.3 | Classificação dos visitantes internacionais Visitantes internacionais Excursionistas (visitantes de um dia) Um visitante que não pernoita em um alojamento cole�vo ou privado do país visitado. Essa definição inclui os passageiros de cruzeiro, que são pessoas que chegam a um país num barco de cruzeiro e que voltam à noite para seu barco para pernoitar, ainda que este permaneça no porto durante vários dias. Estão compreendidos nesse grupo, por extensão, proprietá- rios ou passageiros de iates e aqueles que par�cipam de programas de grupo e estão alojados em um trem. Turistas (visitantes que pernoitam) Um visitante que permanece uma noite pelo menos em um meio de alojamento cole�vo ou privado no país visitado. Fonte: adaptada de OMT (2001, p. 41). 16 Pode ser considerado visitante interno: “[...] toda pessoa que reside num país e que viaja, por um tempo não superior a 12 meses, para um lugar dentro de seu país diferente de seu entorno habitual e cujo motivo principal não seja o de exercer uma atividade remunerada no lugar visitado” (OMT, 2001, p. 41). Segundo essa classificação é possível dividir os visitantes internos em dois grupos, seguindo os conceitos de turistas e excursionistas, conforme descritos na Figura 1.4. Figura 1.4 | Classificação dos visitantes internos Visitantes internos Excursionistas (visitantes de um dia) Visitantes que não pernoitam num alojamento cole�vo ou privado no lugar visitado. Turistas (visitantes que pernoitam) Visitantes que permanecem num alojamento cole�vo ou privado uma noite pelo menos. Fonte: adaptado de OMT (2001, p. 41). Nesta primeira seção, apresentamos os principais conceitos relacionados ao turismo, os elementos básicos que constituem as atividades turísticas e as noções que definem o primeiro desses elementos, que é a demanda turística, promovendo a compreensão das diferenças existentes entre viajante, visitante, turista e excursionista. Na próxima seção, daremos continuação às explana- ções acerca dos elementos básicos que compõem as atividades turísticas. Questões para reflexão 1. O turismo, conforme exposto no texto, teve seu conceito padro- nizado pela OMT a partir da definição oficial divulgada em 1994. Porém, outros autores e instituições, como a Organização Mundial do Comércio, adotam suas próprias definições de acordo com os objetivos de cada estudo desenvolvido. Qual é a importância de se ter um conceito padronizado do termo turismo nas instâncias acadêmicas, econômicas e sociais? 2. Existe uma significativa diferença entre os conceitos de turista e excursionista, pautada no tempo de permanência do visitante no local de destino. Quais são as principais razões para se realizar essa distinção entre turistas e excursionistas? VISITANTE INTERNO 2 GRUPOS: 17 Atividade de aprendizagem da seção 1. Segundo a OMT (2001), o turismo compreende as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outra. Os elementos ou fatores básicos que constituem as atividades turísticas estão em constante relação e devem sempre ser considerados em conjunto, uma vez que se influenciam direta- mente. Quando afirmamos que é o organismo de caráter público ou privado, como as agências de viagens, as companhias de transporte, os aplicativos de suporte às atividades turísticas e os demais órgãos que atuam na organização e/ou promoção do turismo, estamos nos referindo a qual elemento ou fator básico do turismo? Assinale a alternativa correta: a. Demanda turística. b. Oferta turística. c. Espaço geográfico. d. Autoridade aeroviária. e. Operador de mercado. 2. A demanda turística pode ser classificada em três grupos de pessoas, sendo eles, os viajantes, visitantes e turistas (OMT, 2001). Cada grupo possui especifici- dades em termos sociodemográficos e em relação às motivações para o consumo de produtos e serviços turísticos, e a compreensão das características de cada grupo se mostra essencial na elaboração de estratégias eficazes de marketing e vendas. Como designamos uma demanda composta por uma pessoa que partiu com seu iate para um cruzeiro pela Grécia e, lá chegando, desembarcou e permaneceu em visitação numa ilha durante o dia, mas não pernoitou em alojamento privado ou coletivo, mesmo que tenha permanecido no porto da ilha durante vários dias? Assinale a alternativa correta: a. Visitante interno turista. b. Visitante interno excursionista. c. Visitante internacional excursionista. d. Visitante internacional turista. e. Outros visitantes. 18 Seção 2 Oferta turística Introdução à seção Caro aluno, nesta segunda seção, discutiremos os conceitos que definem o segundo elemento essencial para a realização das atividades turísticas: a oferta turística. Você poderá entender como ela é definida pela OMT (2001) e que é muito mais do que somente produtos e serviços oferecidos aos turistas. Apresentaremos os principais elementos que compõem a oferta turística, como o atrativo turístico, que pode ser considerado a matéria- -prima do turismo em um determinado local ou destino; também, o conceito de produto turístico, considerando uma visão integrada de elementos que, quando analisados individualmente, podem ter baixo valor para a oferta turís- tica, porém, quando analisados em conjunto, formam um valioso produto turístico. Aprofundando a análise acerca do produto turístico, mostraremos as três dimensões fundamentais do produto turístico, compostas pelos recursos turísticos, pela infraestrutura básica e pelos serviços, os quais, em conjunto, têm a missão de atender às necessidades e aos desejos de turistas e demais visitantes. 2.1 Oferta turística Na última seção, apresentamos os elementos básicos que compõem as atividades turísticas, considerando a demanda turística, a oferta turística, o espaço geográfico e os operadores de turismo e abordando com maior profundidade os conceitos inerentes aos elementos da demanda turística. Dando sequência à discussão conceitual acerca dos elementos que compõem as atividades turísticas, agora, abordaremos as definições sobre a oferta turís- tica, a qual se relaciona de forma dinâmica e constante com a demanda, para que as atividades turísticas possam acontecer. Seguindo ainda os conceitos propostos pela OMT para padronização dos termos utilizados na atividade turística, a oferta turística pode ser definida como: “O conjunto de produtos turísticos e serviços postos à disposição do usuário turístico num determinado destino, para seu desfrute e consumo” (OMT, 2001, p. 43). Ela não pode ser resumida somente aos produtos e serviços colocados à disposição dos turistas, é necessário considerar todos os elementos que a compõem, como a paisagem natural do destino turístico, as políticas públicas locais de incentivo e suporte ao turismo, a infraestrutura local disponível ao turista, entre outros aspectos. DEFINIÇÃO: OFERTA TURÍSTICA CLASSIFICAÇÃO BASEADA NO CONCEITO DE GASTOS TURÍSTICOS: De acordo com isso, a oferta turística é classificada segundo os tipos de produtos ou serviços que são comercializados na atividade turística. 19 Com o intuito de categorizar os diferentes tipos de oferta turística, a OMT propôs, em 1996, uma classificação baseada no conceito de gastos turísticos, que pode ser descrito como: “todo gasto de consumo efetuado por um visitante ou por conta de um visitante, durante seu deslocamento e sua estada no local de destino” (OMT, 2001, p. 44). De acordo com isso, a oferta turística é classificada segundo os tipos de produtos ou serviços que são comercializados na atividade turística. Vale ressaltar que essa classificação não é estagnada no tempo, pois, à medida que novos produtos e serviços são implementados na oferta turística, alterando a forma como esse elemento da oferta é consumido pelo visitante, novas categorias podem surgir.Também, um tipo de gasto pode estar presente em mais de uma categoria, como um museu que ofereça alimentos e bebidas, além de atividades culturais. O quadro a seguir apresenta alguns exemplos das principais categorias da oferta turística, segundo o conceito de gastos turísticos descrito pela OMT (2001): Quadro 1.1 | Categorias de oferta turística segundo o conceito de gastos turísticos Categoria Exemplos de gastos Alojamento Acampamento Hotel Motel Resort Castelo Pensão, Apartamento, Trailer Alimentação Restaurante Lanchonete Feira Barraca/Trailer Bares Padaria Mercados Lazer, cultura, atividades esportivas Atividades recreativas Visitas a atrações, como parques, museus, feiras, estádios, entre outras Convenções Festivais e eventos Estudos Esportes PRINCIPAIS CATEGORIAS DA OFERTA TURÍSTICA: 20 Categoria Exemplos de gastos Compras Lojas de souvenir Lojas de artesanato Feiras locais Lojas de materiais esportivos Shopping center Transporte Navio Bicicleta Avião Trem Táxi Automóvel Motoristas de aplicativo Fonte: elaborado pelo autor com base em OMT (2001, p. 44). Ao analisar a oferta turística, é importante considerar os principais fatores motivadores que atraem os turistas para determinado local, dessa forma, o atrativo turístico constitui o fator principal que motiva o deslocamento de turistas para um determinado destino, ou seja, é a matéria-prima do turismo daquele local, sem a qual não existiria a oferta turística nele. Em linhas gerais, é possível dividir os atrativos turísticos em naturais e culturais. Aqueles são todos os que já existem naturalmente, ou seja, não foram produzidos pelo homem; e estes são atrativos criados e constru- ídos pelo homem, tanto com a intenção de atrair turistas, como é o caso de parques temáticos, cassinos ou museus, quanto sem essa intenção, mas acabam se tornando atrativos turísticos com o passar do tempo, como é o caso catedrais, igrejas e demais monumentos históricos. Segundo o Manual de Inventário da Oferta Turística (BRASIL, 2011), os atrativos turísticos podem ser classificados em naturais, culturais, ativi- dades econômicas, realizações técnico-científicas e eventos programados. Os três últimos atrativos citados também fazem parte do grupo dos atrativos turísticos culturais. É possível verificar, no quadro a seguir, alguns exemplos de atrativos turísticos classificados segundo a proposta do Ministério do Turismo (BRASIL, 2011). ATRATIVOS TURÍSTICOS 21 Quadro 1.2 | Classificação dos atrativos turísticos Categoria Exemplos de atrativos Naturais Montanhas Planaltos e planícies Costas ou litoral Terras insulares Hidrografia Quedas d’água Fontes hidrominerais e/ou termais Unidades de conservação Cavernas, grutas e furnas Áreas de caça e pesca Flora Fauna Culturais Sítios históricos Edificações Obras de arte Esculturas e monumentos Instituições culturais Festas e celebrações Gastronomia típica Artesanato Música e dança Feiras e mercados Atividades econômicas Agropecuária Extrativismo Indústria Realizações técnico-científicas Parque tecnológico Parque industrial Museu tecnológico Centro de pesquisa Usina hidrelétrica / Barragem / Eclusa Planetário Aquário Viveiro Exposição técnica Exposição artística Ateliê Zoológico Jardim Botânico Eventos programados Congressos e convenções Feiras e exposições Realizações diversas Fonte: elaborado pelo autor (2019). Os atrativos turísticos também podem ser classificados de acordo com sua importância para o contexto turístico dos locais onde se situam, de forma que, na maior parte das vezes, os atrativos mais valiosos são aqueles mais CLASSIFICAÇÃO DOS ATRATIVOS TURÍSTICOS 22 singulares ou originais, ou seja, aqueles que só podem ser encontrados em determinados locais e, portanto, atraem uma quantidade significativa de pessoas de outros locais para visitação. É importante ressaltar que a impor- tância dos atrativos turísticos pode variar de acordo com as preferências de cada turista, por exemplo, um templo religioso, o qual pode ser um grande motivador para turistas de uma determinada religião, porém não ser atrativo para pessoas de crenças diferentes. Os atrativos turísticos também podem ser hierarquizados segundo crité- rios, como o estado de conservação, a segurança do local, as condições de visitação, o preço, as características do entorno, a localização, os meios de acesso, o tempo necessário para conhecer o local, entre outros. Os guias de turismo servem como fontes de orientação aos turistas sobre a importância e a qualidade dos atrativos turísticos, porém ressaltamos que cada guia pode utilizar o conjunto de critérios que considera mais adequado para realizar sua própria classificação. Ainda existem muitas discussões conceituais a respeito da diferenciação entre atrativos turísticos e produtos turísticos. Para fins desta obra, adotamos o conceito apresentado pelo Estudo de Competitividade de Produtos Turísticos (2011), publicado pelo SEBRAE, em parceria com o Ministério do Turismo e a Fundação Getúlio Vargas. Segundo esse estudo, à medida que os atrativos turísticos passam a ser explorados estrategicamente pelos gestores locais para obtenção de renda oriunda de atividades turísticas, é necessário que eles passem a ser formatados como produtos turísticos, ou seja, para que os atrativos turísticos possam gerar valor econômico ao destino turístico é necessário que a infraestrutura, os serviços e os equipamentos que poderão, em conjunto, satisfazer às necessidades e aos desejos dos turistas naquele local sejam incorporados a eles. De acordo com esse conceito, a oferta é composta por um conjunto de elementos que, quando agrupados, consti- tuem um produto turístico. Tais elementos teriam pouco ou nenhum valor se observados individualmente, porém, quando agrupados, podem constituir um valioso produto turístico (IGNARRA, 2013). Barbosa (2009) realiza uma análise dos diversos conceitos apresentados por estudiosos da área acerca do produto turístico. Dentre os que foram analisados, estão os propostos por Valls (1996), Acerenza (1990), Kotler et al. (1997), Muñoz (1994), entre outros autores. Para Barbosa (2009), existem três dimensões fundamentais do produto turístico, sendo elas: Recursos Turísticos (naturais e socioculturais); Infraestruturas (transportes, comunicações e demais facilidades); e Serviços (oferecidos pelas empresas de serviços). IMPORTÂNCIA DOS ATRATIVOS TURÍSTICOS ATRATIVOS TURÍSTICOS HIERARQUIZADOS ATRATIVOS TURÍSTICOS E PRODUTOS TURÍSTICOS 3 DIMENSÕES FUNDAMENTAIS DO PRODUTO TURÍSTICO: 23 Para saber mais O produto turístico é alvo de diversas discussões entre os estudiosos da área do turismo. Muitas definições foram propostas, sempre havendo pontos convergentes e divergentes entre elas. Alberto Josefá Barbosa realiza uma análise bastante robusta e interessante a respeito das diversas definições dadas ao produto turístico, demonstrando os aspectos comuns entre elas e promovendo uma rica discussão sobre o assunto. Leia seu artigo, disponível no link a seguir, e conheça melhor o produto turístico. BARBOSA, Alberto Josefá. Reflexões sobre o conceito de produto turís- tico e sua gestão integrada. Desafios para o produto turístico “Santo Antão”. Revista Tur y Des, v. 2, n. 6, nov. 2009. Disponível em: http:// www.eumed.net/rev/turydes/06/ajb.htm. Acesso em: 12 jul. 2019. É possível depreender, dos conceitos apresentados nesta seção, que o produto turístico é composto pelo atrativo turístico acrescido da infraestrutura e dos serviços e equipamentos que possibilitam o atendimento das necessidades e dos desejos dos turistas; também, que as três dimensões fundamentais que compõem o produto turístico são os recursos turísticos, a infraestrutura e os serviços. Então, surge a dúvida sobre as diferenças conceituais entre o atrativo turístico e os recursos turísticos. Essa questão ainda é motivo de argumentações divergentesentre os estudiosos da área, porém, para fins deste estudo, adotamos o argumento apresentado pela OMT (2001, p. 121), segundo o qual se entende que “os recursos em sua forma original não são mais que a matéria-prima dos futuros atrativos”. Assim, percebe-se que a distinção entre atrativo turístico e recurso turístico se dá na forma como os recursos se apresentam no destino turístico, uma vez que configuram elementos capazes de atrair visitantes, mas que ainda não os recebem por falta de divulgação ou estrutura mínima, ou seja, são atrativos turísticos em potencial. A segunda dimensão fundamental do produto turístico é caracterizada pela infraestrutura disponível para atendimento das necessidades e dos desejos dos turistas. As estruturas que possibilitam o desenvolvimento e o funcionamento dos atrativos turísticos são essenciais para a realização das atividades turísticas e podem ser consideradas uma pré-condição para que a exploração do produto turístico seja viável. No quadro a seguir, são exemplificados alguns tipos de infraestrutura básica necessária para atendimento das necessidades dos visitantes. Vale ressaltar que, além dos exemplos citados, ainda podem existir diversos tipos de infraestrutura necessária para o desenvolvimento do turismo, os quais variam de acordo com a formatação do produto turístico que se pretende ofertar. Depreender significa: chegar ao conhecimento de alguma coisa; perceber; deduzir; concluir. PRODUTO TURÍSTICO 24 Quadro 1.3 | Infraestrutura básica Tipos de Infraestrutura Exemplos Acessos Rodovias Ferrovias Fluviovias Terminais de passageiros aéreos, rodoviários, ferroviá- rios, marítimos e fluviais Saneamento Captação, tratamento e distribuição de água Coleta, tratamento e despejo de esgotos Coleta e tratamento de lixo Energia Produção e distribuição de energia Comunicações Rede de telefonia fixa e celular Antenas de captação de rádio e televisão Serviços de correios Postos telefônicos Distribuição de gás Fonte: adaptado de Ignarra (2013, p. 70). A terceira dimensão fundamental que faz parte do produto turístico é caracterizada pelos serviços, os quais, incialmente, podem ser classificados em serviços turísticos, à medida que são formatados para serem ofertados ao público de turistas e demais visitantes, porém, os turistas, para o atendi- mento completo de suas necessidades, utilizam serviços que não são necessa- riamente turísticos, pois são formatados para utilização de todos, residentes ou turistas. Assim, os serviços que compõem o produto turístico podem ser turísticos e os demais serviços disponíveis no destino turístico. Os serviços também podem ser diferenciados entre públicos e privados. Aqueles, na maior parte das vezes, são mais básicos e têm como principal objetivo o atendimento das necessidades da população local, porém, também são essenciais para que as atividades turísticas possam ser realizadas em determinados locais. Assim, “os serviços são muito importantes para viabi- lizar fluxos turísticos e diferem dos serviços turísticos por não ter nos turistas seus únicos usuários. São serviços de suma relevância tanto para a população local como para a população visitante” (IGNARRA, 2013, p. 69). No quadro a seguir, estão relacionados os principais tipos de serviços públicos que INFRAESTRUTURA BÁSICA NECESSÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO 25 funcionam como apoio à realização das atividades turísticas e à oferta do produto turístico. Quadro 1.4 | Serviços públicos de apoio ao turismo Tipos de Serviço Exemplos Transportes Ônibus, metrô, teleférico, bonde, trem, transporte aquático, serviços disponíveis em aeroportos, ferroviá- rias, rodoviárias e portos. Serviços bancários Agências bancárias, caixas eletrônicos e serviços de câmbio. Serviços de saúde Farmácias, prontos-socorros, hospitais, clínicas e maternidades. Serviços de segurança Polícia, Corpo de Bombeiros e serviços de salva-vidas. Serviços de informação Posto de informações turísticas, sinalização turística, totens de informação, mapas e guias turísticos. Serviços de comunicação Postos telefônicos, orelhões, rádio, televisão e internet. Serviços de apoio a motoristas Postos de abastecimento, oficinas mecânicas, borracha-rias e lojas de autopeças. Comércio turístico Lojas de conveniência, lojas de artesanato e lojas de produtos típicos. Fonte: adaptado de Ignarra (2013, p. 67). O Quadro 1.4 apresentou alguns exemplos de serviços públicos que podem fazer parte do produto turístico, porém, vale lembrar que muitos outros serviços públicos podem estar atrelados ao atendimento a turistas, de acordo com a administração pública responsável por apoiar a oferta turística. Complementando o pacote de serviços públicos, existem os serviços que atendem os turistas por meio da iniciativa privada. Eles são essenciais ao produto turístico e, muitas vezes, responsáveis pela maior parte dos gastos dos visitantes. É importante destacar que um mesmo serviço pode ser ofertado pela iniciativa pública ou privada, de acordo com as políticas e estru- turas de gestão do destino turístico. No quadro a seguir, são apresentados os principais tipos de serviços que compõem a maior parte dos produtos turís- ticos ofertados atualmente, sempre destacando que eles não se esgotam nos apresentados neste trabalho, havendo uma série de outros diferentes sendo criados e ofertados a todo momento. SERVIÇOS PÚBLICOS DE APOIO AO TURISMO 26 Quadro 1.5 | Principais serviços que compõem o produto turístico Tipos de Serviço Exemplos Meios de hospedagem Hotéis, resorts, flats, pousadas, pensões, pensionatos, lodges, hospedarias, albergues, B&B, navios de cruzeiro, campings, colônias de férias, imóveis de aluguel. Alimentação Restaurantes, lanchonetes, sorveterias, docerias, padarias, bares, quiosques, barracas. Transportes turísticos Aéreo, rodoviário, ferroviário, aquático. Locações de veículos e equipamentos Carros, motos, bicicletas, embarcações, equipamentos esportivos. Eventos Feiras, shows, convenções, palestras, encontros, eventos esportivos, eventos culturais. Entretenimentos Boates, danceterias, clubes, estádios, ginásios, cinemas, teatro, parques de diversão, boliches, pistas de patinação, campos de golfe, hipódromos, velódromos, autódromos, marinas, mirantes. Informação turística Guias, mapas, postos de informação, jornais, revistas. Comércio turístico Lojas de souvenirs, lojas de conveniência, lojas de artesana-to, joalherias. Fonte: adaptado de Ignarra (2013, p. 64). Nesta seção, explanamos conceitos relevantes a respeito da oferta turís- tica, considerando as definições dos elementos essenciais que compõem a oferta, como o atrativo turístico e o produto turístico, perpassando elementos, como os recursos turísticos, a infraestrutura básica e os serviços. Vale ressaltar que esta seção teve o intuito de apresentar conceitualmente os principais elementos da oferta turística, porém destacamos que muitos autores citam diversos outros elementos inerentes à oferta turística, como a gestão integrada do produto turístico, a imagem da marca e as estratégias de precificação. Na próxima seção, analisaremos os demais elementos básicos que consti- tuem o conceito de atividade turística: o espaço geográfico e os operadores de mercado. 27 Questões para reflexão 1. Os atrativos turísticos podem ser considerados a matéria-prima do turismo, pois a partir deles são formatados os produtos turísticos, para que as atividades turísticas possam ser realizadas. Muitas regiões possuem atrativos turísticos fechados para visitação. Quais são os principais motivos que impedem a exploração turística de atrativos inexplorados? Esses motivos são justificáveis? 2. Nesta seção, apresentamos os elementos básicos que compõem o produto turístico: recursos, infraestrutura e serviços. Porém, muitos autores atribuem diferentes elementos a esse conceito, como a imagem da marca, o preço, a gestão integrada, ente outros. Após ler o artigode Barbosa, discorra sobre quais seriam, em sua opinião, os elementos essenciais que compõem o produto turístico. Atividade de aprendizagem da seção 1. A oferta turística é um elemento essencial para a realização das atividades turísticas e se relaciona de forma dinâmica e constante com a demanda, para que as atividades turísticas possam acontecer. A oferta é um conceito complexo, formado por diversos elementos. Analise as asserções a seguir e identifique as corretas: I. O atrativo turístico constitui o fator principal que motiva o desloca- mento de turistas para um determinado destino, ou seja, a matéria- -prima do turismo daquele local, sem a qual não existiria a oferta turística naquele destino turístico. II. Os atrativos classificados como atividades econômicas, realizações técnico-científicas e eventos programados também fazem parte do grupo dos atrativos turísticos culturais. III. A importância dos atrativos turísticos pode variar de acordo com as preferências de cada turista. É correto o que se afirma em: a. I, II e III. b. I e II, apenas. c. II e III, apenas. d. I e III, apenas. e. I, apenas. 28 2. A oferta turística é composta por um conjunto de elementos que, quando agrupados, constituem um produto turístico. Esse conjunto de elementos, os quais teriam pouco ou nenhum valor se considerados individualmente, quando são agrupados, podem constituir um relevante e valioso produto de turismo. Avalie as asserções a seguir, verifique se são verdadeiras (V) ou falsas (F) e escolha a alternativa correspondente: ( ) O produto turístico é composto pelo atrativo turístico acrescido da infra- estrutura e dos serviços e equipamentos que possibilitam o atendimento das necessidades e dos desejos dos turistas. ( ) A distinção entre atrativo turístico e recurso turístico se dá na forma como os recursos se apresentam no destino turístico, uma vez que confi- guram elementos capazes de atrair visitantes, mas que ainda não os recebem por falta de divulgação ou estrutura mínima, ou seja, são atrativos turísticos em potencial. ( ) A infraestrutura disponível para atendimento das necessidades e dos desejos dos turistas possibilita o desenvolvimento e o funcionamento dos atrativos turísticos, porém não é uma estrutura considerada essencial para a realização das atividades turísticas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a. V – V – V. b. V – V – F. c. V – F – V. d. F – V – V. e. V – F – F. 29 Seção 3 Espaço geográfico e operadores do mercado turístico Introdução à seção Caro aluno, na terceira seção, você conhecerá conceitualmente os espaços turísticos, sendo capaz de entender como são organizados os diversos tipos de espaços geográficos onde são realizadas as atividades turís- ticas. Considerando que essas atividades não respeitam limites geográficos formais, como municípios, estados ou regiões, propomos formas de classifi- cação que refletem os espaços geográficos direcionados para atividades turís- ticas, por exemplo, os núcleos turísticos, centros turísticos, complexos turís- ticos, entre outros. Você também entenderá como funcionam os operadores do mercado turístico na função de agentes facilitadores na comercialização do produto turístico, assim como a importância desses agentes na realização das atividades turísticas, as quais, muitas vezes, não seriam possíveis sem a intervenção desses agentes facilitadores. Por fim, apresentaremos uma breve discussão sobre o impacto da tecnologia como transformadora do processo de comercialização e consumo do produto turístico. 3.1 Espaço geográfico e operadores do mercado turístico Ao longo das duas seções iniciais, apresentamos os elementos básicos que compõem a atividade turística, a qual “[...] é composta por uma combinação de produtos e serviços ofertados para satisfazer às expectativas dos visitantes durante sua experiência turística” (OMT, 2001, p. 46). Incialmente, desta- camos a demanda turística; em seguida, a oferta turística; e agora, concluindo esta unidade, o espaço geográfico e as operadoras do mercado turístico. Para que a experiência turística possa acontecer, é essencial que o visitante se desloque de seu entorno habitual para um determinado espaço geográ- fico, um determinado local ou destino. A chegada ao destino turístico está relacionada ao objetivo principal do visitante, ou seja, “o destino turístico é o lugar para onde tem de se deslocar a demanda, a fim de consumir o produto turístico [...] esse destino constitui o objetivo do turista” (OMT, 2001, p. 47). A determinação do espaço geográfico que constitui o destino turístico pode ser muito complexa, uma vez que as atividades turísticas nem sempre respeitam os limites geográficos formais definidos pelo homem, como bairros, municí- pios ou estados. Assim, com o intuito de se definir termos que representem 30 esses espaços, mostraremos alguns conceitos que remetem ao espaço geográ- fico onde são realizadas atividades turísticas ou espaços turísticos. Segundo Boullón (1997, p. 66), o espaço turístico pode ser definido como “a consequência da presença e distribuição territorial dos atrativos turísticos que, não se deve esquecer, são a matéria-prima do turismo”. Assim, partindo desse conceito, apresentamos as definições a seguir, baseadas nas definições relacionadas por Ignarra (2013). • Núcleo turístico: compreende um conjunto de atrativos turís- ticos, sempre inferior a 10 atrativos, os quais não se comunicam com outros núcleos, ou seja, é um conjunto pequeno e isolado de atrativos turísticos. • Complexo turístico: são atrativos turísticos que já não estão isolados e dispõem de alguma infraestrutura de apoio às atividades turísticas, como alimentação, hospedagem e entretenimento, mas ainda não constituem um centro urbano. • Centro turístico: consiste em um aglomerado urbano que contém atrativos turísticos em seu território ou raio de influência. • Área turística: consiste em um território circundante a um centro turístico, contendo vários atrativos, estrutura de transporte e comuni- cação ligando todos os elementos ao centro. Alguns autores deter- minam um mínimo de 10 atrativos turísticos para se constituir uma área turística. • Zona turística: caracterizada por um território mais amplo, onde estão inseridos mais de um centro turístico. Além dos conceitos descritos acerca dos espaços turísticos, Ignarra (2013) também apresenta algumas variações deles, as quais, muitas vezes, os complementam, pois constituem espaços onde são realizadas atividades turísticas. Dentre esses conceitos complementares, podemos citar: • Corredores turísticos: vias que interligam vários centros turísticos ou áreas turísticas; também, podem interligar portões de entrada das zonas turísticas e os seus respectivos centros turísticos. Esse conceito vai além das simples vias de acesso, são faixas territoriais que servem de ligação entre elementos da oferta turística e que, muitas vezes, constituem um atrativo turístico por si só. Como exemplo, podem ser citadas estradas litorâneas, as quais, por sua beleza e oferta de produtos e serviços turísticos em seu entorno, podem ser conside- radas um atrativo turístico, além de ligar os centros turísticos das cidades litorâneas. DEFINIÇÃO: ESPAÇO TURÍSTICO - IGNARRA 2013 31 • Polo turístico: caracteriza o ponto central de uma área ou zona turís- tica, trata-se do centro turístico mais equipado em termos de serviços e infraestrutura, que tem o papel de atrair a demanda turística e, a partir dele, irradiá-la por toda a região em seu entorno. • Portões de entrada: locais onde está concentrada a entrada e/ou saída de turistas de uma determinada zona turística, geralmente, são locais com disponibilidade de aeroporto, porto ou posto de fronteira. Muitas vezes, o portão de entrada pode também caracterizar um centro turís- tico ou polo turístico. • Cluster turístico: conjunto de atrativos com significativo diferen- cial turístico, com equipamentose serviços de qualidade, estrutura gerencial integrada e profissionalizada, concentrado em um espaço geográfico bem definido. Normalmente, é ofertado como um produto turístico diferenciado. O último elemento básico que compõe as atividades turísticas é definido pelas operadoras do mercado turístico, ou operadoras de turismo. A definição conceitual pode ser observada a seguir: As operadoras de turismo são aqueles agentes que parti- cipam da atividade turística, geralmente, na qualidade de intermediários entre o consumidor final (o turista, a demanda turística) e o produto turístico (bem ou serviço, destino turís- tico), ainda que possam estender sua ação mediadora ao resto da oferta complementar (alimentação, hotel, conjunto de oferta de alojamento, etc.). (OMT, 2001, p. 47) A partir dessa definição, é possível depreender que as operadoras de turismo, na qualidade de intermediárias entre a demanda e a oferta turís- tica, atuam como um agente de distribuição do produto turístico, ou seja, são agentes facilitadores que aumentam a propensão das pessoas viajarem e praticarem atividades turísticas, pois facilitam o aceso dessas pessoas às informações, pessoas, empresas e demais elementos inerentes ao processo de comercialização dos produtos turísticos, para que os potenciais turistas possam tomar as melhores decisões no momento de definirem suas viagens. Pode-se considerar aqui todas as modalidades de operadoras de turismo, como as agências de viagem e centrais de reserva. É característica das operadoras de turismo a facilitação do consumo do produto turístico e, geralmente, a responsabilidade de torná-lo possível, porém é importante destacar que, de acordo com sua função, as operadoras CLUSTER OPERADORAS DO MERCADO TURÍSTICO OU OPERADORAS DE TURISMO 32 não fazem parte da oferta turística ou do produto turístico em si. Os turistas relacionam o consumo do produto turístico às experiências vividas no destino turístico, ou muitas vezes até ao processo de deslocamento até o destino, porém o transporte em si e a operadora que comercializa esse produto ficam à parte da experiência e assim devem permanecer, conside- rando que o consumo do produto turístico se realize conforme planejado previamente pelos turistas. Existem casos em que operadoras turísticas de grande porte, além de realizarem a comercialização do produto turístico, também se inserem na oferta turística quando, por exemplo, são sócias de uma rede hoteleira ou de uma rede de restaurantes, atuando de maneira ativa na forma como produtos e serviços são ofertados aos turistas. Nesses casos, as operadoras passam a fazer parte também da gestão da oferta turística. Por fim, é importante destacar o papel da tecnologia como modificadora do processo de comercialização dos produtos turísticos. Atualmente, muitos sistemas e aplicativos facilitam a conexão entre os turistas e os produtos e serviços necessários para realizarem suas viagens, diminuindo a dependência junto às operadoras. Percebe-se, então, que o processo comercial do produto turístico está mudando, e tendências indicam pela maior independência das pessoas no processo de planejamento e no consumo de produtos turísticos. Podemos citar como exemplo de sistema o aplicativo Airbnb, que conecta os visitantes aos meios de hospedagem disponíveis no destino, os quais, na maioria das vezes, são caracterizados por imóveis particulares; também, há sites, como Trivago, que conecta o visitante aos meios de hospedagem comer- ciais que existem no destino, facilitando o processo de pesquisa e tomada de preços, assim com o Decolar, que facilita o processo de pesquisa e tomada de preços no processo de compra de passagens aéreas. Para saber mais Nesta seção, mostramos diversas formas de se classificar os espaços geográficos onde são realizadas atividades turísticas. Para conhecer melhor como eles são organizados, visite os sites indicados a seguir, nos quais você poderá ver um exemplo real de um espaço turístico com as características de cada termo apresentado. Núcleo turístico: www.valledeiruelas.com. Acesso em: 2 set. 2019. Complexo turístico: www.costadosauipe.com.br. Acesso em: 2 set. 2019. Centro turístico: www.centrocomercialdaexpoville.com.br. Acesso em: 2 set. 2019. Zona turística: www.turismosantos.com.br. Acesso em: 2 set. 2019. 33 Corredores turísticos: www.maisrio.com.br/o-corredor-tur%C3%ADstis- co/%E2%80%A2-o-corredor-tur%C3%ADstico-da-cidade-do-rj. Acesso em: 2 set. 2019. Polo turístico: www.bahiassol.com. Acesso em: 2 set. 2019. Portões de entrada: http://observatorio.turismo.ba.gov.br/noticias/ chegadas-de-turistas-ao-brasil-por-via-aerea-e-portoes-de-entrada/. Acesso em: 2 set. 2019. Cluster turístico: www.discoverpuertoplata.com/es/. Acesso em: 2 set. 2019. Questões para reflexão 1. As operadoras de turismo se fundamentam na distribuição dos produtos turísticos, facilitando o acesso da demanda a eles. Com o intuito de promover a venda deles, muitas operadoras montam um pacote turístico que inclui todas as etapas necessárias para que o turista possa viver a experiência turística. Quais são as etapas que compõem o pacote turístico e como ele facilita a comercialização do produto turístico? 2. Ao final desta seção, realizamos uma breve explanação a respeito das novas tecnologias que promovem mudanças na forma como o produto turístico é comercializado, impactando diretamente na atuação das operadoras de turismo. Citamos alguns exemplos de novas tecnologias que aproximam a demanda turística dos produtos e serviços que são necessários para realizar as atividades turísticas que desejam. Quais outros sistemas e aplicativos, que facilitam a aproximação entre demanda e oferta turística, podem ser citados? Existem processos relacionados à comercialização de produtos turísticos que ainda podem ser automatizados? Atividade de aprendizagem da seção 1. É essencial que o visitante se desloque de seu entorno habitual para um determinado espaço geográfico, local ou destino, para que a experiência turística possa acontecer. O objetivo principal do visitante é a chegada ao destino turístico, que é o lugar para onde tem de se deslocar a demanda, a fim de consumir o produto turístico. O destino turístico possui os atrativos turísticos, que são a matéria-prima do turismo.. Assinale a alternativa que corresponde à correta descrição de um complexo turístico: http://www.maisrio.com.br/o-corredor-tur%C3%ADstico/%E2%80%A2-o-corredor-tur%C3%ADstico-da-cidade-do-rj http://www.maisrio.com.br/o-corredor-tur%C3%ADstico/%E2%80%A2-o-corredor-tur%C3%ADstico-da-cidade-do-rj http://observatorio.turismo.ba.gov.br/noticias/chegadas-de-turistas-ao-brasil-por-via-aerea-e-portoes-de-entrada/ http://observatorio.turismo.ba.gov.br/noticias/chegadas-de-turistas-ao-brasil-por-via-aerea-e-portoes-de-entrada/ 34 a. Consiste em um território circundante a um centro turístico, contendo vários atrativos, estrutura de transporte e comunicação ligando todos os elementos ao centro. b. Compreende um conjunto de atrativos turísticos, sempre inferior a 10 atrativos, os quais não se comunicam com outros núcleos, ou seja, é um conjunto pequeno e isolado de atrativos turísticos. c. São atrativos turísticos que não estão isolados e dispõem de alguma infraestrutura de apoio às atividades turísticas, como alimentação, hospe- dagem e entretenimento, mas ainda não formam um centro urbano. d. Consiste em um aglomerado urbano que contenha atrativos turísticos em seu território ou raio de influência. e. Caracteriza-se por ser um território mais amplo, onde estão inseridos mais de um centro turístico. 2. As operadoras de turismo são os agentes que participam da atividade turística, geralmente, na qualidade de intermediários entre o consumidor final (o turista, a demanda turística) e o produto turístico (bem ou serviço, destino turístico). Analise as asserções a seguir, a relação entre elas e escolha a alternativa correta: I. As operadoras de turismo,na qualidade de intermediárias entre a demanda e a oferta turística, atuam como um agente de distribuição do produto turístico. PORQUE II. As operadoras de turismo são agentes facilitadores que aumentam a propensão das pessoas viajarem e praticarem atividades turísticas, pois facilitam o aceso dessas pessoas às informações, empresas e demais elementos inerentes ao processo de comercialização dos produtos turísticos, para que os potenciais turistas possam tomar as melhores decisões no momento de definirem suas viagens. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta: a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II justifica a I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II, falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II, verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. 35 Fique Ligado! Nesta unidade, você aprendeu os conceitos que fundamentam os estudos e as discussões na área de turismo, dentre eles, a demanda e a oferta turística, os espaços geográficos e os operadores do mercado turístico, perpassando os aspectos que definem o turista, o produto turístico e o destino turístico. Com certeza, você compreendeu bem os pontos aqui relacionados, para que possa se tornar um profissional bem embasado conceitualmente na área de turismo. Para concluir o estudo da unidade Prezado aluno, nesta unidade, você observou os principais conceitos que embasam os estudos na área de turismo. Com o domínio deles, você estará apto a discutir assuntos relacionados à área em níveis acadêmico e profissional, assim como desenvolver seus próprios estudos, produzindo artigos, manuais, guias e demais produções textuais acadêmicas e/ou profissionais. Esses conceitos são essenciais para todo e qualquer profissional ou acadêmico que atue na área do turismo, porém não são únicos, havendo outros diversos autores e estudiosos que apresentam argumentos valiosos para o aprofundamento do conhecimento na área. Portanto, não pare seus estudos sobre os aspectos conceituais do turismo, você pode aprofundar seu conhecimento analisando os argumentos de outros autores, além dos apresentados nesta unidade. Nas referências apresentadas ao final desta unidade, você já possui alguns exemplos de estudiosos com propostas de discussões muito interessantes. Portanto, continue estudando e aprimorando seu conhecimento sobre o turismo! Atividade de aprendizagem da Unidade 1. O turismo é um fenômeno que envolve perspectivas de agentes diversos. Para o turista, está relacionado à busca de experiências e satisfações pessoais; para os prestadores de serviço, é um modo de obter resultados financeiros; para o governo, é considerado um fator de geração de riqueza para a região sob sua jurisdição; e para a comunidade do destino turístico, é uma atividade geradora de emprego e renda (IGNARRA, 2013). No que se refere à atividade turística, esta é constituída de alguns elementos básicos. Analise as alternativas a seguir e assinale a que possui os elementos básicos da atividade turística segundo a definição da OMT (2001): a. Demanda turística, espaço geográfico, negócios turísticos e opera- dores de mercado. b. Demanda turística, oferta turística, espaço geográfico e operadores de mercado. 36 c. Demanda turística, complexo turístico, espaço geográfico e entorno habitual. d. Complexo turístico, oferta turística, negócios turísticos e operadores de mercado. e. Complexo turístico, oferta turística, espaço geográfico e entorno habitual. 2. Leia atentamente o texto a seguir: “Responsável por injetar R$ 15 bilhões na economia de diversas cidades brasileiras, o turismo religioso no Brasil movimenta cerca de 20 milhões de viagens todos os anos. No mês de outubro, das 185 atrações e festi- vidades inscritas no Calendário Nacional de Eventos do Ministério do Turismo, 49 estão relacionadas a romarias, círios, procissões, peregrina- ções e missas. [...] no Sudeste, Aparecida do Norte (SP) é famosa entre os turistas religiosos por abrigar o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, segundo maior do mundo, atrás apenas da Basílica de São Pedro, no Vaticano. [...] Com 143 mil m² de área construída, a basílica recebe mais de 12 milhões de romeiros por ano.”. BRASIL. Turismo religioso movimenta calendário de outubro. 2018. Disponível em: http://www. brasil.gov.br/noticias/turismo/2018/10/turismo-religioso-movimenta-calendario-de-outubro. Acesso em: 18 jul. 2019.) Alguns destinos turísticos brasileiros têm movimento predominante de excursionistas. No que se refere à demanda turística e sua classificação, assinale a alternativa que melhor define o excursionista: a. O excursionista é qualquer pessoa que viaja entre dois ou mais países ou entre duas ou mais localidades em seu país de residência habitual, por um período não superior a 12 meses. b. O excursionista é qualquer pessoa que viaja por motivos alheios ao turismo e, por isso, não pode ser considerado estatisticamente como praticante de turismo. c. O excursionista é aquele que pernoita no local visitado por, pelo menos, uma noite, independentemente do motivo da visita. d. O excursionista, também denominado como visitante de um dia, não pernoita no local visitado, deixando-o em até 24 horas após o momento da chegada. e. O excursionista é aquele que viaja por conta própria para locais desconhe- cidos ou pouco conhecidos, fugindo das grandes massas de turistas. 37 3. Os atrativos turísticos constituem a oferta turística diferencial de uma determinada região turística, pois são responsáveis por promover os fluxos turísticos. O consumidor escolhe o destino que visitará, em função da experi- ência turística que esse destino oferece (SEBRAE, 2017). Considerando a classificação dos atrativos turísticos em naturais e culturais, relacione os exemplos listados a seguir com suas respectivas categorias: ( ) Maior cajueiro do mundo A imensidão do verde em um dos pontos turísticos de Parnamirim (RN) traz a impressão de que o turista está visitando uma verdadeira floresta em meio à cidade. Mas não se engane! O local é abrigo de uma única árvore: “O Maior Cajueiro do Mundo”. A gigantesca planta, ocupa 8.500 metros de extensão. [...] Para se ter uma ideia, se comparar com o tamanho e a produção de um cajueiro convencional, equivaleria a 70 árvores destas ocupando um mesmo espaço. O tamanho da planta também é compatível com a beleza que o ponto turístico oferece ao visitante. (Texto adaptado de: http://www.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/12463-conhe%C3%A7a-a- tra%C3%A7%C3%B5es-tur%C3%ADsticas-que-viraram-s%C3%ADmbolos-dos-destinos.html. Acesso em: 19 jul. 2019.) ( ) Sanduíche com nome de cidade Se é gastronomia com fartura que você quer, então faça as malas e vá para Bauru (SP) experimentar o “sandubão” que leva o nome da cidade. O lanche, foi popula- rizado graças à Casemiro Pinto Neto, conhecido como “o Bauru”, que ao pedir um sanduíche em uma lanchonete, sugeriu uma combinação diferente de ingredientes: mistura de pão francês (também conhecido como “de sal” ou “cacetinho”), queijo, carne e tomate. Na mesma noite, outros frequentadores pediram o novo sanduíche, dizendo que queriam “igual ao do Bauru”. E assim nascia um dos mais famosos lanches do Brasil, hoje conhecido nacional e internacionalmente. (Texto adaptado de: http://www.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/12463-conhe%C3%A7a-a- tra%C3%A7%C3%B5es-tur%C3%ADsticas-que-viraram-s%C3%ADmbolos-dos-destinos.html. Acesso em: 19 jul. 2019.) ( ) Maior aquário da América do Sul O Rio de Janeiro inaugurou, nesta segunda-feira (31), o maior aquário marinho da América do Sul. Localizado no Porto Maravilha, o AquaRio conta com um espaço de 26 mil metros quadrados, que abriga 4,5 milhões de litros de água salgada divididos em 28 tanques e reúne cerca de oito mil animais de 350 espécies. [...] Entre as espécies exposta estãopeixes da costa brasileira, do Caribe e do Indo-Pacífico, como tubarões, arraias, moreias e cavalos-marinhos entre outros. N C C 38 (Texto adaptado de: http://www.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/7205-rio-inaugura-maior-a- qu%C3%A1rio-marinho-da-am%C3%A9rica-do-sul.html. Acesso em: 19 jul. 2019.) ( ) Piscininha de Brasil Uma piscina natural na ilha de Areia Vermelha, em Cabedelo (PB), está entre as curiosidades do destino por ter o contorno do mapa do Brasil. Os “buracos” desenhados pelos arrecifes no mar, carinhosamente chamados de piscinas naturais, são, por si só, um convite para não querer mais ir embora dali – as águas são mornas, em tons de verde e os peixinhos não têm nenhum receio de se aproximar dos visitantes. (Texto adaptado de: http://www.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/12463-conhe%C3%A7a-atra%- C3%A7%C3%B5es-tur%C3%ADsticas-que-viraram-s%C3%ADmbolos-dos-destinos.html. Acesso em: 19 jul. 2019.) 4. Leia a seguinte matéria: Segundo balanço do governo federal, a Copa do Mundo do Brasil gerou gasto de R$ 25,6 bilhões. [...] Os principais investimentos foram para obras viárias de transporte público, 33,6% do total, reforma e construção de estádios, 27,7%, e aeroportos, 26,5%. A expectativa do governo é que este valor gasto, ou parte considerável dele, seja recuperada através do turismo, já que o torneio atrai pessoas do mundo inteiro. (Texto adaptado de: https://www.otempo.com.br/hotsites/copa-do-mundo-2014/copa-do-mundo-gerou- -gastos-de-r-25-6-bilhoes-para-o-brasil-1.844311. Acesso em: 19 jul. 2019.) A respeito da infraestrutura básica, analise as afirmativas a seguir: I. A infraestrutura básica de uma destinação turística é um elemento fundamental para a viabilização da atividade turística. II. A infraestrutura básica não é uma pré-condição para o desenvol- vimento turístico, sendo possível operar sem a sua implantação, independentemente da localidade. III. O envolvimento do setor público é fundamental para viabilizar soluções com relação à infraestrutura básica. IV. Temos como exemplos de tipos de infraestrutura básica: acessos, saneamento, energia, comunicações e abastecimento de gás. N 39 5. As tendências demográficas e sociais do mundo estão criando um novo turista que pode ser caracterizado como experiente, sofisticado e exigente. Isso significa dizer que as tradicionais férias da família, geralmente passadas em um resort do litoral, podem ser substituídas por viagens de múltiplos interesses e com uma gama de experiências criativas e inovadoras de viagens. O novo consumidor de turismo é mais instruído, tem mais capacidade de discerni- mento, busca participação na formatação de sua viagem e valoriza ainda mais a qualidade. A idade média dos turistas está aumentando e as motivações estão deixando de ser uma passiva busca pelo sol para se tornar uma busca incessante pelos novos conhecimentos e novas experiências. (IGNARRA, 2013, p. 216) A respeito dos operadores de mercado, analise as afirmações a seguir e assinale com V, para verdadeiro, e F, para falso: ( ) As agências de turismo constituem parte relevante do setor, atuando como intermediárias entre a demanda e a oferta turística. ( ) É característica das operadoras de turismo facilitarem a viagem, o consumo do produto turístico e, muitas vezes, até serem responsáveis por torná-la possível. ( ) Atualmente, existem muitos sistemas e aplicativos que facilitam a conexão entre os turistas e os produtos e serviços necessários para a realização das viagens, no entanto, a tecnologia ainda não tem papel fundamental no processo de comercialização dos produtos turísticos. ( ) Embora as agências de turismo estejam na base, suas atividades não impactam diretamente o turismo e não são sensíveis às influências das mudanças de comportamento do consumidor. Assinale a alternativa com a sequência CORRETA: a. V – V – F – F. b. V – V – V – F. c. V – V – V – V. d. V – F – V – F. e. V – F – F – F. v v F F Referências BARBOSA, A. J. Reflexões sobre o conceito de produto turístico e sua gestão integrada. Desafios para o produto turístico “santo antão”. Revista Tur y Des, v. 2, n. 6, nov. 2009. Disponível em: http://www.eumed.net/rev/turydes/06/ajb.htm. Acesso em: 12 jul. 2019. BARBOSA, L. G. M. (org.). Estudo de Competitividade de Produtos Turísticos. Brasília: SEBRAE, 2011. BOULLÓN, R. C. Planificación del Espacio Turístico. México: Trillas, 1997. BRASIL. Ministério do Turismo. Inventário da Oferta Turística. Brasília: Ministério do Turismo, 2011. FAYOS, S. E. El Turismo como Sector Industrial: la nueva política de competitividade. Economía Industrial, n. 292, p.163-172, 1993. IGNARRA, L. R. Fundamentos do Turismo. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cengage Learning, 2013. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO. Introdução ao Turismo. São Paulo: Roca, 2001. Unidade 2 João Paulo Leite Barbosa O mercado turístico Objetivos de aprendizagem • Compreender os princípios que fundamentam a formação do mercado turístico. • Conhecer a técnica de análise mercadológica baseada nas cinco forças competitivas, conforme aplicadas no mercado turístico. • Compreender a importância de se realizar a análise de segmen- tação do mercado como ferramenta de apoio para tomada de decisões estratégicas. • Conhecer as características dos clientes observadas na análise de segmentação da demanda no mercado turístico. • Compreender a importância de se desenvolver a identidade turística e formatar o tipo de turismo adequado, visando à maximização da competitividade dos produtos turísticos. • Conhecer a técnica de análise da oferta baseada no conceito de cadeia produtiva do turismo. • Compreender o conceito de formação de clusters de turismo e seu papel na manutenção da competitividade dos produtos, assim como na promoção do desenvolvimento sustentável. Seção 1 | Fundamentos conceituais do mercado turístico Conceitos sobre a formação do mercado e análise do mercado segundo a perspectiva das cinco forças competitivas de Michael Porter, com ênfase na análise da concorrência e competitividade do produto turístico. Seção 2 | Segmentação do mercado turístico Apresentação conceitual do processo de segmentação da demanda e oferta, sua interação com o planejamento estratégico e discussão dos princi- pais aspectos observados na análise de segmentação da demanda. Seção 3 | Segmentação da oferta e formação de clusters no turismo Discussão acerca da definição da identidade e do tipo de turismo a ser ofertado e análise da cadeia produtiva das atividades turísticas, com ênfase nas relações de cooperação e sinergia entre os elementos. Abordagem do conceito de clusters no turismo e a promoção do desenvolvimento susten- tável regional por meio do turismo. Introdução à unidade Prezado aluno, bem-vindo à segunda unidade do livro Fundamentos do Turismo! Agora que você já domina as bases conceituais que definem as atividades turísticas, chegou o momento de conhecer o mercado turístico. Inicialmente, é importante compreender quais são os fundamentos que permitem a formação de um mercado turístico, ou seja, como devem ocorrer as relações de troca entre oferta e demanda, para que se concre- tize uma estrutura de mercado. A partir da compreensão destas relações de troca será possível compreender a existência de algumas forças principais que influenciam o desenvolvimento do mercado e que devem ser obser- vadas por todo gestor no momento de tomar decisões sobre sua participação em um determinado mercado. Estas forças competitivas foram analisadas por Michael Porter, e as discussões promovidas por ele são comentadas ao longo da primeira seção, com um direcionamento para a realidade do mercado turístico. Na segunda seção, é apresentada uma técnica de análise mercadológica essencial para todo gestor que atue no mercado turístico, a técnica de análise de segmentação, a qual pode ser aplicada tanto do ponto de vista da demanda quanto do ponto de vistada oferta turística. A análise da segmentação da demanda é o ponto de partida para se compreender a estratégia que será utilizada para atuar no mercado turístico, ou seja, inicialmente, é essencial conhecer o cliente que se deseja atender e, a partir de suas características, entender suas expectativas e necessidades. O atendimento das expectativas e necessidades dos clientes consiste na essência do planejamento estraté- gico no turismo, portanto, quanto maior o volume de informações que se tem a respeito destes clientes, maior será a capacidade do gestor de formatar produtos direcionados para seu atendimento, promovendo, assim, uma experiência turística positiva e competitiva no mercado. Na terceira seção, são apresentados métodos de análise da oferta turística, com o intuito de formatá-la em direção ao melhor atendimento possível das necessidades dos clientes que compõem o público-alvo. O atendimento dessas necessidades perpassa uma série de elementos responsáveis pela atração dos turistas, assim como pela produção e execução de produtos e serviços turísticos. Para se compreender a relação existente estre esses elementos, é apresentado o conceito da cadeia produtiva do turismo, evidenciando que muitos produtos e serviços ofertados são complementares e que as relações entre os elementos da cadeia produtiva devem ser sinérgicas, promovendo, então, a oferta de uma experiência turística diferenciada e competitiva, assim como a redução de riscos mercadológicos e de custos de produção. Por fim, são comentados aspectos relacionados à formação de clusters de turismo, os quais têm como fundamento principal o aproveitamento máximo do potencial turístico regional, por meio da integração entre os prestadores de serviço e da maximização da sinergia nas relações entre esses prestadores. Também, são apresentados como pontos importantes a divulgação da cultura local, a geração de empregos e a melhoria na distribuição de renda como formas de promoção do desenvolvimento sustentável regional por meio do turismo. Bons estudos! 44 Seção 1 Fundamentos conceituais do mercado turístico Prezado aluno, no início desta segunda unidade, pretendemos demons- trar as bases conceituais que explicam o funcionamento dos mercados, expondo as interações essenciais entre oferta e demanda que fundamentam as relações de troca e a formação de um mercado turístico. Serão expostos os principais atores que fazem parte do mercado turístico, assim como será apresentada uma ferramenta de gestão que possibilita realizar análises mercadológicas sistemáticas capazes de auxiliar os gestores de produtos turísticos nos processos de tomada de decisão. Também serão tratadas das interações que ocorrem ininterruptamente entre os atores do mercado turístico, com ênfase nos fatores que influenciam a competitividade dos produtos turísticos. Por fim, serão discutidos alguns pontos de atenção ao gestor do produto turístico no momento de realizar uma análise merca- dológica, considerando que esta análise deve sempre procurar antever os modismos e as tendências que podem influenciar a competitividade dos produtos e o nível de concorrência do mercado. Nesta seção, daremos foco à compreensão do mercado turístico, demons- trando os conceitos fundamentais que definem uma estrutura de mercado e, então, as dinâmicas que existem entre os elementos que fazem parte do mercado turístico. Um dos conceitos mais utilizados para se definir o mercado foi elaborado por um expoente autor das estratégias mercadológicas atuais denominado Phillip Kotler. Segundo ele, o mercado pode ser definido da seguinte forma: “O mercado consiste em todos os consumidores poten- ciais que compartilham de uma necessidade ou desejo específico, dispostos e habilitados para fazer uma troca que satisfaça essa necessidade ou desejo” (KOTLER, 2000, p. 110). Partindo dessa definição, pode-se aferir que o mercado de turismo é composto por todos os consumidores de produtos turísticos que estão dispostos a gastar determinadas quantias para usufruir dos produtos turís- ticos. Esses consumidores dependem da oferta turística para que possam ter acesso aos produtos, relembrando que a oferta turística, conforme anali- sada na unidade anterior, é composta por todos os agentes e empresas que colocam produtos e serviços à disposição do consumidor ou usuário turís- tico, para que ele possa sanar sua necessidade. Portanto, para se entender o mercado turístico é necessário considerar, inicialmente, a relação entre estes dois elementos principais: os consumidores dos produtos turísticos e a oferta turística. DEFINIÇÃO: MERCADO MERCADO DE TURISMO/ OFERTA TURÍSTICA 45 O mercado, então, é onde os consumidores encontram a oferta dos produtos que desejam, realizando o processo de troca, que se dá, na maioria das vezes, envolvendo o pagamento de uma quantia financeira para obtenção de um produto ou serviço, ou seja, para satisfação de uma necessidade. Segundo Kotler e Keller (2006), para que este processo de troca possa ocorrer, são necessárias cinco condições essenciais: • Que existam pelo menos duas partes. • Que todas as partes possuam algo que possa ter valor para as outras partes. • Que todas as partes tenham condição de comunicação e entrega. • Que todas as partes estejam livres para aceitar ou recusar a troca. • Que todas as partes acreditem ser proveitoso participar desta negociação. Quando essas premissas são aplicadas em uma situação de mercado de concorrência perfeita, ou seja, quando existem muitos produtores e consu- midores e não há barreiras de quaisquer espécies para entrada de novos produtos e consumidores, é possível determinar que o volume de produtos e serviços comercializados está diretamente relacionado ao preço deles. Neste caso, a demanda possui uma relação inversamente proporcional ao preço, o que significa que, quanto maior o preço, menor será a demanda, e vice-versa; já a oferta possui uma relação diretamente proporcional ao preço, ou seja, quanto maior é o preço, maior é a oferta de produtos e serviços, e quanto menor o preço, menor a oferta (IGNARRA, 2013). Para saber mais Estudiosos da área econômica promovem diversas formas de se definir as estruturas de mercado. Além das estruturas de concorrência perfeita e concorrência imperfeita, existem diversas outras, como o monopólio, oligopólio, monopsônio e oligopsônio. Para conhecer melhor os conceitos que definem as diferentes estruturas de mercado com um olhar voltado para o mercado turístico, acesse, na Biblioteca Virtual, o livro Fundamentos do Turismo, de Luiz Renato Ignarra (2013). IGNARRA, L. R. Fundamentos do Turismo. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013. É sabido que, atualmente, são raros os mercados de concorrência perfeita, a maior parte dos mercados, dentre eles os turísticos, são definidos pelo modelo de concorrência imperfeita, em que os mesmos produtos e serviços têm marcas diferentes, possuem inúmeras variações entre si, existem barreiras 5 CONDIÇÕES ( PROCESSO DE TROCA ) - MERCADO 1- 2- 3- 4- 5- 46 de entrada e de saída e as informações que circulam entre a demanda e a oferta, muitas vezes, são diferentes e incompletas. Aplicando a ótica apresentada à análise do mercado turístico, percebe-se que o mercado não está restrito somente aos elementos que compõem a oferta e demanda turística, é necessário considerar também os demais elementos básicos que constituem as atividades turísticas nessa análise, compostos pela demanda turística, oferta turística, espaço geográfico e operadores de mercado, assim como é necessário compreender a interação dinâmica que existe nas relações de troca entre esses elementos, a qual é constantemente modificada e atualizada. Para a realização de uma análise sistemática deste mercado com foco nas relações de concorrência e competição entre diferentes produtos turís- ticos, sugere-se utilizar como referência o conceito das cinco forças, as quais intervêm no desempenho comerciale na competitividade dos produtos e serviços, conforme proposto por Michael Porter (1986). Segundo este conceito, o mercado deve ser analisado considerando as seguintes forças: grau de rivalidade entre os concorrentes, ameaça de novos entrantes, ameaça de produtos substitutos, poder de barganha dos clientes e poder de barganha dos fornecedores (PORTER, 1986). Figura 2.1 | Matriz das cinco forças competitivas Ameaças de novos entrantes Poder de barganha dos clientes Grau de rivalidade entre os concorrentes Poder de barganha dos fornecedores Ameaças de produtos subs�tutos Fonte: elaborada pelo autor. A análise a seguir consiste na aplicação do conceito das cinco forças competitivas no mercado turístico, exemplificando os elementos que podem fazer parte de cada uma delas e suas possíveis interações no mercado turístico. Para essa análise, serão tomadas como base as informações disponibilizadas no livro Segmentação do Turismo e o Mercado, publicado pelo Ministério do Turismo em 2010 (BRASIL, 2010). 5- FORÇAS DE MICHAEL PORTER 47 • Grau de rivalidade entre os concorrentes: neste aspecto deve ser considerada a competição direta entre os produtos turísticos e opera- dores que já participam do mercado, ou seja, que já estão disponíveis aos consumidores. Pode-se tomar como principais pontos relevantes na análise: os diferenciais competitivos de cada produto, a preci- ficação dos produtos, os volumes de venda, o faturamento bruto, a lucratividade, a imagem da marca, entre outros fatores mercadoló- gicos. As praias do Nordeste, por exemplo, concorrem entre si pelos consumidores das demais regiões do Brasil. • Ameaça de novos entrantes: é necessário considerar os produtos turísticos ou operadores de mercado que ainda não concorrem direta- mente no mercado, mas que estão se preparando para competir dentro de um determinado período, seja ele de curto, médio ou longo prazo. É possível perceber, por exemplo, quando um atrativo turístico está recebendo investimentos em infraestrutura e serviços que, em breve, potencializarão sua capacidade de receber visitantes e o tornarão um produto turístico mais estruturado e relevante para o mercado. • Ameaça de produtos substitutos: o produto substituto pode ser entendido como aquele capaz de reduzir a demanda de outro produto ou serviço, mesmo não sendo exatamente igual a ele, ou seja, pode sanar a necessidade dos consumidores de uma maneira diferente. No mercado turístico é possível tomar como exemplo o aumento das viagens de avião, que podem reduzir drasticamente as viagens de ônibus, ou o consumo em restaurantes e lojas localizadas em estradas e rodovias, pois satisfaz a necessidade de deslocamento do consu- midor pela oferta de um serviço diferente. • Poder de barganha dos clientes: considerando que a demanda turís- tica é composta por tipos diferentes de clientes, inclusive, os opera- dores de mercado podem ser considerados clientes quando adquirem serviços turísticos e realizam pacotes de reserva em hotéis e restaures, por exemplo. É necessário conhecer o poder de barganha dos clientes, o qual influencia diretamente na lucratividade dos fornecedores de produtos e serviços. Quando, em uma determinada localidade, apenas uma operadora adquire a maior parte das reservas nos hotéis, ela terá alto poder de barganha na negociação dos preços nesses hotéis, reduzindo a lucratividade do fornecedor. • Poder de barganha dos fornecedores: da mesma forma que é neces- sário analisar o poder de barganha dos clientes, também é preciso analisar o poder de barganha dos fornecedores. Quando um forne- cedor é o único capaz de atender a uma determinada necessidade do Poder de Barganha: É a força de uma pessoa ou um grupo ao discutir preços, colocando pressão e exigências, por exemplo, maior qualidade em menor preço ou compras por lotes maiores para obter preços mais baixos. 48 consumidor, ele passa a ter alto poder de barganha sobre o preço que cobrará. Uma operadora que oferta um produto turístico diferen- ciado, de forma que outras operadoras não sejam capazes de ofertá-lo no mesmo nível, seja pelo contrato de exploração turística do local ou pelo relacionamento com os fornecedores de serviços locais, por exemplo, ela terá alto poder barganha na negociação junto aos turistas que desejam adquirir tal produto, pois os consumidores não possuem outras opções para adquirir o produto e, assim, satisfazer sua necessidade. A análise do mercado turístico permite perceber que ele é extremamente dinâmico e que existem muitos atores e interesses interagindo constante- mente entre si. Os principais atores são aqueles que possibilitam a realização das atividades turísticas, ou seja, oferta, demanda, localização geográfica e operadores de mercado, porém cada um deles tomará decisões de acordo com seus respectivos interesses, e essas decisões definem a competição existente no mercado, portanto, a concorrência é um fator essencial para a compre- ensão dos movimentos do mercado turístico. Em complemento à concor- rência, também influenciam consideravelmente as decisões dos participantes do mercado turístico as características macroambientais, como as questões sociais, políticas, culturais, econômicas, entre outras (BRASIL, 2010). A concorrência no mercado turístico pode se dar em diversos níveis, por exemplo, os países competem entre si pela atração de turistas internacionais, da mesma forma que as praias do Nordeste competem entre si pelos turistas das demais regiões do país, e essas mesmas praias competem também com outros destinos turísticos do país, como o Pantanal; além disso, também pode ser citada a competição local entre hotéis e restaurantes, os quais buscam atrair turistas em uma mesma localidade. Assim, a competitividade está relacionada tanto aos fatores que compõem o produto turístico, como o atrativo turístico, a infraestrutura, os produtos, os serviços e equipamentos colocados à disposição do turista, quanto aos fatores externos ao produto, mas que influenciam a decisão de compra dos turistas, como as questões macro- ambientais. No Estudo de Competividade de Produtos Turísticos (BARBOSA, 2011), é proposto o seguinte conceito: “Competitividade de produtos turís- ticos é a capacidade de um determinado produto turístico proporcionar ao turista uma experiência positiva e, consequentemente, impulsionar a geração de negócios nas atividades econômicas relacionadas ao turismo, em um ou mais segmentos turísticos” (BARBOSA, 2011, p. 29). É importante também ressaltar que o mercado turístico está em constante mudança, novos elementos capazes de alterar as relações de troca são constan- temente inseridos no mercado, promovendo o aumento das vendas de deter- minados produtos e serviços e, ao mesmo tempo, diminuindo o potencial MERCADO TURÍSTICO A CONCORRÊNCIA 49 competitivo de outros. Dessa mesma forma, a análise do mercado turístico deve ser dinâmica e não se restringir a um retrato do mercado atual, é neces- sário ao gestor de produtos turísticos tentar antever as alterações no mercado para que os produtos se mantenham competitivos. Os modismos têm especial influência no mercado turístico, pois são capazes de promover um impulso de compra de curto prazo nos consumidores e devem ser seguidos de reações rápidas da oferta, para que essas demandas sejam atendidas. Podem ser citados como exemplo de modismo os filmes e as novelas, os quais, muitas vezes, promovem a divulgação de determinada localidade, aumentando rapidamente sua procura pelos turistas (BRASIL, 2010). Porém, esse impulso pode não ter uma longa duração, talvez somente durante o período em que existe a divulgação na mídia, por isso esse fenômeno é considerado um modismo, e não uma tendência. Já as tendências de mercado são movimentos que causam alterações permanentes nas relações de troca, provocando o surgimento de oportu- nidades mais duradouras. Um exemplo de tendência que influencia direta- mente o mercado turístico é o aumentodo número de pessoas idosas que realizam atividades turísticas. Os estudos referentes à faixa etária demons- tram que esse é um segmento de mercado consolidado, com tendência de aumento de demanda no longo prazo (BRASIL, 2010). Outro exemplo de tendência é a utilização de recursos tecnológicos que aproximam cada vez mais o consumidor final dos serviços de transporte e hospedagem. Os consu- midores têm cada vez mais acesso a aparelhos eletrônicos e aplicativos que facilitam o contato com os fornecedores, os quais, muitas vezes, são empresas, porém também podem ser outras pessoas com recursos disponíveis capazes de atender a uma determinada necessidade dos turistas, como no caso dos proprietários de imóveis, que os alugam diretamente ao consumidor final por um determinado período de tempo, ou os motoristas de aplicativos. Ao longo desta seção, buscou-se demonstrar a complexidade das relações existentes no mercado turístico. Neste encerramento, é apresentada uma breve mensagem, que remete às ideias discutidas até aqui. O mercado é dinâmico e está em constante mudança. Os turistas mudam seus interesses e exigências, alguns forne- cedores melhoram, outros saem da atividade, o processo de comercialização ganha ou perde parceiros. Logo, a percepção do mercado também deve ser constantemente atualizada, junto com as modificações ocorridas em todo o cenário de negócios. (BRASIL, 2010, p. 19) TENDÊNCIAS DE MERCADO MODISMO 50 Questões para reflexão 1. O grau de concorrência existente no mercado é um importante aspecto a ser analisado para compreensão do mercado turístico. Para analisar o grau de concorrência, é possível utilizar uma série de indicadores, como a quantidade de empresas atuantes no mercado, a lucratividade média das empresas, o preço médio dos produtos, entre outros. Quais outros indicadores podem auxiliar o gestor de produtos turísticos a analisar o grau de concorrência do mercado? 2. O nível de competitividade de um produto turístico está atrelado tanto a fatores diretamente relacionados ao produto, como o atrativo turístico, a infraestrutura, os produtos e os serviços, quanto a fatores de cunho macroeconômico, como as caracte- rísticas sociais, econômicas e culturais. Quais outras caracterís- ticas do produto turístico e do entorno macroeconômico podem influenciar no nível de competitividade do produto? Atividades de aprendizagem da seção 1. A análise do mercado turístico permite perceber que esse mercado é extremamente dinâmico e que existem muitos atores e interesses interagindo constantemente entre si. Os principais atores são aqueles que possibilitam a realização das atividades turísticas. Cada um deles tomará decisões de acordo com seus respectivos interesses, e essas decisões definem a compe- tição existente no mercado. Para a realização de uma análise sistemática desse mercado, com foco nas relações de concorrência e competição entre diferentes produtos turísticos, podemos utilizar como referência o conceito das cinco forças competitivas (PORTER, 1986), as quais intervêm no desem- penho comercial e na competitividade dos produtos e serviços. Uma das cinco forças competitivas da Matriz de Porter considera os produtos turísticos ou operadores de mercado que ainda não concorrem diretamente no mercado, mas que estão se preparando para competir dentro de um deter- minado período, seja ele de curto, médio ou longo prazo. É possível perceber, por exemplo, quando um atrativo turístico está recebendo investimentos em infraestrutura e serviços que, em breve, potencializarão sua capacidade de receber visitantes e o tornarão um produto turístico mais estruturado e relevante para o mercado. Assinale a alternativa que corresponde à força competitiva descrita no texto- -base: 51 a. Grau de rivalidade entre os concorrentes. b. Ameaça de novos entrantes.Alternativa 3. c. Ameaça de produtos substitutos.Alternativa 5. d. Poder de barganha dos clientes. e. Poder de barganha dos fornecedores. 2. O mercado de turismo é composto por todos os consumidores de produtos turísticos, os quais estão dispostos a gastar determinadas quantias para usufruir dos produtos turísticos. Nesse mercado, os mesmos produtos e serviços têm marcas diferentes, possuem inúmeras variações entre si, existem barreiras de entrada e de saída e as informações que circulam entre a demanda e a oferta, muitas vezes, são diferentes e incompletas. Assinale a alternativa que corresponde à estrutura de concorrência caracte- rística do mercado de turismo: a. Oligopólio. b. Monopólio. c. Oligopsônio. d. Concorrência perfeita. e. Concorrência imperfeita. Monopólio Em economia, monopólio designa uma situação particular de concorrência imperfeita, em que uma única empresa detém o mercado de um determinado produto ou serviço conseguindo, portanto, influenciar o preço do bem comercializado. Monopólios podem surgir devido a regulamentação governamental, o monopólio coercivo. O que é um monopólio? Na sua forma clássica e mais pura, monopólio é o domínio de um único fornecedor sobre a oferta de um produto ou serviço que não possui substituto. Oligopólio Na economia, Oligopólio é uma forma evoluída de monopólio, no qual um grupo de organizações ou governos promovem o domínio de determinada oferta de produtos e/ou serviços.Oligopólio Puro: ocorre quando o produto oferecido pelas empresas não tem diferenciação, é homogêneo. Como exemplo, podemos citar o cimento ou o alumínio. Oligopólio Diferenciado: é quando o produto que é oferecido tem alguma diferenciação relevante ou características qualitativas diferentes dependendo da empresa. Oligopsônio Em economia, oligopsônio ou oligopsónio é uma forma de mercado com poucos compradores, chamados de oligopsonistas, e inúmeros vendedores. É um tipo de competição imperfeita, inverso ao caso do oligopólio, onde existem apenas alguns vendedores e vários compradores. Oligopsônio é uma estrutura que se desenvolve nos mercados em que é possível identificar poucos compradores para um cenário com muitos vendedores. Presente no contexto da microeconomia, é um panorama no qual quem está inserido pode interferir na política de preços, para que estes sejam reduzidos. Concorrência perfeita Em economia, concorrência perfeita ou concorrência pura descreve mercados em que nenhum participante tem poder de mercado para definir o preço de um produto homogêneo. Embora seja uma hipótese ideal, a partir dela é possível construir modelos próximos da realidade. Considerado ideal por muitos economistas, o modelo de Concorrência Perfeita se aplica quando há muitos vendedores (oferta) e muitos compradores (procura). Nesse caso, as empresas e os consumidores não conseguem influenciar o mercado de maneira individual, na perfeita, muitos vendedores e compradores concorrem entre si, de modo que nem compradores ou vendedores, individualmente consegue ter um impacto significativo sobre os preços. Monopsônio Em economia, monopsônio ou monopsónio é uma forma de mercado com apenas um comprador, chamado de monopsonista. É um tipo de competição imperfeita, inverso ao caso do monopólio, onde existe apenas um vendedor e vários compradores. O termo foi introduzido por Joan Robinson.O que é Monopsônio? O que ocorre no monopsônio é que existem diferentes empresas vendendo o mesmo produto. No entanto, há apenas um comprador para consumir essa oferta. Isso é justamente o contrário do monopólio, em que há diversos consumidores porém apenas um fornecedor para o produto. 52 Seção 2 Segmentação do mercado turístico Caro aluno, nesta segunda seção, será apresentado o conceito de segmen- tação, para que você possa compreender como é importante conhecer o cliente, ou seja, o turista. É essencial que todo gestor de produtos turísticos entenda para quem o produto está sendo ofertado, somente assim poderá formatar um produto turístico competitivo e capaz de gerar o maior lucro possível. Após a abordagem conceitual sobre segmentação da demanda e segmentação da oferta, assimcomo sua fundamental importância para o planejamento estratégico no turismo, serão abordadas as características dos clientes que se devem observar ao realizar as análises de segmentação de demanda, classificando-as em cinco dimensões principais. Na seção anterior, foram abordados alguns pontos, como a importância de se conhecer o nível de concorrência do mercado turístico e a capacidade dos produtos de competir neste mercado, ou seja, seu nível de competiti- vidade. A competitividade do produto está atrelada às características do produto em si e também à conjuntura macroambiental do mercado em que este produto está inserido. Para que se possa ter uma gestão estratégica eficiente, capaz de potencializar a competitividade do produto turístico, é muito importante que os gestores conheçam profundamente quem são seus clientes e, a partir desse conhecimento, sejam capazes de atender às suas necessidades de uma forma mais efetiva e melhor do que a concorrência. A essa técnica de análise das características dos clientes que compõem o mercado turístico é dada o nome de segmentação de mercado. O conceito de segmento de mercado pode ser definido como: “Segmento, do ponto de vista da demanda, é um grupo de clientes atuais e potenciais que compar- tilham as mesmas características, necessidades, comportamento de compra ou padrões de consumo” (BARBOSA, 2011, p. 61). Vale ressaltar que não se criam segmentos de mercado, eles são identificados a partir das técnicas de análise e, então, ações são direcionadas para o atendimento das necessidades específicas dos clientes que fazem parte de cada segmento. Para o gestor de produtos turísticos, é importante conhecer as pessoas que compõem a demanda pelo seu produto turístico, ou seja, o perfil do turista; também é necessário que o gestor conheça profundamente o produto que deseja ofertar a essa demanda, adaptando o produto para o melhor atendi- mento das necessidades do cliente e para a maximização da lucratividade. Esse processo de adaptação da oferta para melhor atendimento da demanda e para a maximização da lucratividade é chamado de planejamento estratégico. COMPETITIVIDADE DO PRODUTO SEGMENTAÇÃO DE MERCADO 53 Para saber mais A análise de segmentação de mercado é essencial para o planejamento estratégico de produtos turísticos. Para conhecer melhor como é estru- turado o planejamento estratégico no turismo, apresenta-se a exempli- ficação do caso da STB (Student Travel Bureau), no qual o processo de segmentação se mostrou o fundamento do diferencial estratégico corporativo. Leia o artigo Planejamento Estratégico da Pequena e Média Empresa: aplicações no setor turístico. FONTES FILHO, J. R. Planejamento Estratégico da Pequena e Média Empresa: aplicações no setor turístico. Rio de Janeiro: Publit, 2006. Para a realização do planejamento estratégico, é essencial que se realize a análise de segmentação do mercado, iniciando pela compreensão das carac- terísticas dos clientes que se deseja atender. A realização adequada dessa análise traz diversos benefícios para o planejamento estratégico e, conse- quentemente, para a competitividade dos produtos turísticos, dentre eles, podem ser citados: • Facilita a identificação dos públicos mais rentáveis; • Percebe-se em quais segmentos a concorrência tem menor atuação, podendo focar em mercados menos concorridos; • Definem-se mais claramente as necessidades já satisfeitas dos consumidores, e as soluções que devem ser criadas para as demandas ainda não satisfeitas, representando novas oportuni- dades de negócios; • Facilita a adaptação dos produtos às mudanças do mercado e das preferências dos turistas; • Reduz o desperdício de investimento, pois as ações passam a ser direcionadas e com objetivos específicos; • Melhora a comunicação do produto e do destino, pois a linguagem e a mensagem passam a ser direcionadas para um público com características distintas. (BRASIL, 2010, p. 63) Dada a importância de se realizar as análises de segmentação para o bom desempenho e a manutenção da competitividade do produto turístico, agora, serão tratados os aspectos que devem ser observados no momento de se realizar essas análises, iniciando pelos aspectos relacionados aos clientes, determinando a análise de segmentação da demanda; e, então, abordando os aspectos relacionados aos produtos turísticos, para que estes sejam adequados ao atendimento das necessidades dos diferentes tipos ou segmentos de clientes, realizando uma análise de segmentação da oferta. Esse conjunto de análises (segmentação da demanda e segmentação da oferta) promoverá ao gestor o conhecimento sobre como deve ser formatado o produto turístico, PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 54 a fim de que se possa atender o cliente de uma maneira melhor do que a da concorrência e maximizar sua lucratividade. Realizar a segmentação da demanda no mercado turístico significa identificar grupos de consumidores com características similares que os distinguem dos demais grupos ou segmentos. Conhecer as características desses visitantes também auxilia na compreensão de suas expectativas e necessidades ao escolher um destino turístico e realizar uma viagem, assim como facilita na oferta de uma experiência turística positiva, por meio do atendimento dessas expectativas, aumentando as chances de esses turistas retornarem ao destino e promoverem a imagem desse destino para outros potenciais clientes. É recomendado aos gestores que, ao identificarem os segmentos de mercado que pretendem atender, direcionem seus esforços e investimentos exclusivamente para o atendimento das necessidades e expec- tativas desses segmentos, evitando o desperdício de tempo e recursos com outros segmentos e potencializando a competitividade dos produtos turís- ticos ofertados. Para se identificar as características em comum que definem um segmento é necessário categorizá-las em alguns grupos, ou dimensões que se observarão, as quais podem estar relacionadas às características geográficas, demográficas e psicográficas e ao comportamento de compra e de consumo dos produtos turísticos. No quadro a seguir, são exemplificadas algumas características dos clientes analisadas em cada dimensão. Quadro 2.1 | Dimensões para análise de segmentação da demanda Geográfica Demográfica e Socioeconô- mica Psicográficas (de ordem psicológica) Padrões de Comporta- mento Padrões de consumo e predisposição do consumidor • Fronteiras políticas • Climas • Fronteiras populacio- nais • Gênero • Idade • Estado civil • Com- posição familiar • Ciclo de vida • Ocupação • Educação • Renda • Estilo de vida • Atividades • Características de personali- dade • Preferências • Momen- to das compras, impulso ou preferência por marcas • Número de unidades compradas • Hábitos em relação à mídia • Ocasião • Benefícios buscados • Frequên- cia de uso – muito uso versus pouco uso • Fidelidade à marca • Conheci- mento do produto Fonte: adaptado de Brasil (2010, p. 65). SEGMENTAÇÃO DA DEMANDA SEGMENTAÇÃO DA DEMANDA 55 Agora, serão analisadas individualmente as dimensões apresentadas no Quadro 2.1, com o intuito de se promover uma melhor compreensão sobre como observar cada uma delas junto ao público de turistas. • Segmentação geográfica Segmentar o público geograficamente significa compreender onde se encontram os potenciais turistas que têm maior interesse relacionado ao produto turístico ofertado. Ao identificar de quais cidades, estados, regiões ou países originam os turistas mais propensos a se interessar pelo produto, é possível direcionar os investimentos em publicidade e propaganda para essas localidades, buscando informar o público local sobre o produto turístico e evitar desperdiçar esforços em regiões onde o volume de turistas em poten- cial não é tão significativo. Ressalta-se que também podem ser utilizados como critérios de segmentação geográfica o clima ou a densidade popula- cional de uma determinadaregião. Para exemplificar uma situação hipotética de segmentação geográfica é possível pensar na venda de viagens às praias do Nordeste brasileiro para o público de outros países da América do Sul. Inicialmente, é necessário consi- derar que a população economicamente ativa, em sua maioria, está concen- trada nos centros urbanos, assim é mais vantajoso realizar propagandas em capitais e grandes cidades ao invés de cidades de menor porte. Outro ponto se refere ao clima dos países onde se pretende divulgar o produto, conside- rando que turistas residentes em regiões de clima frio têm mais propensão a se deslocar para regiões onde o clima seja mais quente e onde possam encon- trar atrativos inexistentes em sua região de origem, como as praias Assim, segmentar ajuda a entender quais destinos são grandes emissores de turistas para sua localidade, quais outras regiões precisam de maiores investimentos, pois apresentam grande potencial de emissão de visitantes e geração de novos negócios, e quais devem ser descartadas, ou colocadas em segunda prioridade em seu plano estraté- gico. (BRASIL, 2010, p. 66) • Segmentação demográfica e socioeconômica É necessário conhecer também as características demográficas e socio- econômicas do público de turistas em potencial, para que se possa identi- ficar quais são aqueles com o perfil que se pretende atender. “As caracte- rísticas demográficas de um público estão relacionadas a fatores pessoais, sociais e socioeconômicos como idade, renda, faixa etária, dentre outros.” (BRASIL, 2010, p. 67). 56 Inicialmente, observar a idade dos consumidores é muito importante, pois pessoas com idades distintas possuem necessidades e expectativas distintas, assim como acessam mídias e canais de comunicação diferentes. Pessoas com idade acima dos 50 anos tendem a ter maior tempo disponível para prática de atividades turísticas, assim como um maior poder de compra, porém esse público possui também expectativas mais elevadas em relação a alguns aspectos, como comodidade, atendimento diferenciado, locais mais silenciosos e pouco movimentados. O ciclo de vida das pessoas também deve ser considerado na análise, por exemplo: dois casais com a mesma idade podem ter interesses completamente diferentes em relação ao destino turís- tico, pois, se um casal possuir filhos, estará em outro momento do ciclo de vida e, portanto, terá necessidades distintas de um casal sem filhos, demons- trando interesse por serviços de recreação infantil, parques de diversão, programação especial para crianças, entre outros (BRASIL, 2010). Os benefícios atrelados aos produtos turísticos são percebidos de forma diferente entre homens e mulheres, assim o gênero também é um aspecto importante a ser observado. Um mesmo produto turístico pode ser atrativo para o público masculino, porém pouco atrativo para o público feminino, dependendo da infraestrutura disponibilizada. O público feminino, em geral, observa com mais atenção a organização e infraestrutura de quartos e banheiros de hotéis, assim como os equipamentos disponíveis, como secadores e banheiras. Os tipos de mídias e canais de comunicação acessados por esses dois tipos de público também tendem a ser diferentes, portanto, é importante entender se o produto é direcionado para homens ou mulheres ou, no caso dos dois, pensar em qual seria o principal interessado e investir em mídias distintas para que a mensagem chegue a ambos. Conhecer o nível de renda dos potenciais turistas que se deseja atrair também é fundamental para a formatação do produto e da estratégia de comunicação. Geralmente, esse tipo de análise é realizado considerando-se a renda bruta mensal familiar, assim como classifica os indivíduos de acordo com a hierarquização de sua receita. Entender a renda dos clientes, relacionando-a com a idade e o ciclo de vida dos indivíduos e comparando com os diferentes padrões ocorridos nas diferentes localidades emissoras (segmentação geográfica), ajuda a definir quais segmentos de demanda terão maior propensão a consumir os produtos disponíveis e ofertados por sua localidade. (BRASIL, 2010, p. 68) Os diferenciais competitivos dos produtos turísticos também serão percebidos de maneiras diferentes, de acordo com o nível educacional do 57 público-alvo. Destinos turísticos com atrativos históricos e culturais tendem a ser percebidos com maior interesse por públicos de nível educacional mais elevado, pois costumam valorizar mais atividades relacionadas à história, arquitetura local, entre outras atividades culturais. • Segmentação psicográfica Diferente das segmentações geográfica, demográfica e socioeconômica, que consideram os indivíduos como parte de um grupo ou local, a segmen- tação psicográfica considera as preferências pessoais das pessoas. É neces- sário considerar que nem todas as pessoas de uma mesma região, com renda familiar similar e na mesma faixa etária terão as mesmas preferências. São propostas duas categorias básicas para se diferenciar as preferências indivi- duais das pessoas em relação às atividades turísticas: turistas alocêntricos e psicocêntricos (BRASIL, 2010). Os turistas alocêntricos são considerados aventureiros e curiosos, tendem a buscar sempre novos destinos e a ter um gasto financeiro relacionado ao turismo maior. Esse público não se importa de viajar sozinho e costuma programar diferentes atividades no decorrer das viagens. Já os turistas psico- cêntricos são também chamados de dependentes; eles tendem a ser mais conservadores em relação aos gastos com turismo e à escolha do destino, costumam prezar por destinos mais populares e já conhecidos e preferem viajar em companhia de familiares e amigos. Ressalta-se que as pessoas podem mudar seu perfil ao longo do tempo e do momento de seu ciclo de vida, assim como não devem ser classificadas, necessariamente, como totalmente alôcentricas ou psicocêntricas, possuindo características que as aproximam mais de um ou outro perfil (BRASIL, 2010). • Segmentação comportamental Ao se realizar a segmentação, é necessário observar os comportamentos das pessoas em relação ao consumo, buscando entender as motivações que as levam a consumir um determinado produto ou serviço. Alguns fatores que auxiliam na compreensão do comportamento das pessoas são as ocasiões, os benefícios e o status do usuário. As ocasiões de consumo de um produto turístico podem determinar as preferências do consumidor em relação a esse produto, por exemplo, um homem em viagem de negócios pode escolher o transporte aéreo pela rapidez no deslocamento, mas esse mesmo homem, visitando a mesma localidade em uma viagem de lazer, pode escolher o transporte rodoviário por carro ou ônibus exatamente para passar mais tempo viajando, conhecer um número maior de locais no trajeto e passar mais tempo com a família. 58 Os benefícios se referem às preferências das pessoas no momento de utilizar um serviço, logo, uma família pode escolher parar em um posto onde o combustível é mais caro que a concorrência pela estrutura oferecida nele em termos de higiene, opções de alimentação e qualidade do atendimento, ou seja, o pacote de benefícios oferecidos pelo posto supera o fator preço do combustível. Já observar o status do usuário significa identificar se a estra- tégia é direcionada para pessoas que visitam frequentemente o destino, já o visitaram alguma vez ou nunca o visitaram, para cada um desses casos a abordagem, em termos de propaganda e de atendimento, deve ser diferen- ciada e alinhada com o nível de informação que o turista possui do destino visitado (BRASIL, 2010). • Padrões de consumo Neste aspecto, é importante observar a assiduidade com que o público-alvo consome produtos turísticos, classificando-os em Light-users, Medium-users ou Heavy-users. Esta segmentação considera se o público-alvo é composto por pessoas que viajam pouco, somente em ocasiões especiais (Light-users), se viajam com alguma frequência regularmente (Medium-users)ou se viajam constantemente e para diferentes localidades (Heavy-users). Para cada um desses grupos de pessoas é necessário formatar um pacote turístico capaz de atender às suas expectativas constantemente e proporcionar um nível de informação adequado. Finalizando esta seção, é necessário ressaltar que a análise de segmen- tação deve ser feita sempre pelo cruzamento de informações levantadas em todas as dimensões analisadas, realizando as combinações de fatores que possibilitarão a compreensão do público-alvo com maior potencial de consumo do produto turístico. O atendimento das expectativas desse público, ou segmento, poderá maximizar a competitividade e a lucratividade do produto. É essencial que o segmento de mercado escolhido para atuação seja mensurável e quantificável, ou seja, é necessário que se tenha acesso aos indicadores atuais que embasarão os critérios de segmentação analisados. Na próxima seção, serão analisadas as características que definem a segmentação da oferta do produto turístico, a qual complementa a segmen- tação da demanda para formatação do planejamento estratégico. Questões para reflexão 1. A segmentação de mercado consiste na análise das caracterís- ticas em comum dos clientes que constituem o público-alvo do produto turístico. Elas podem ser classificadas em cinco dimen- sões, porém as características que podem ser observadas em 59 cada dimensão não se esgotam às apresentadas nesta seção. Quais outras características dos clientes podem ser observadas em cada dimensão, para efeito da análise de segmentação de mercado? 2. Os critérios utilizados para realizar a segmentação de mercado devem ser observados utilizando-se indicadores confiáveis, mensuráveis e constantemente atualizados. Quais exemplos de indicadores estão disponíveis para observação do gestor turístico em cada uma das dimensões apresentadas? Atividades de aprendizagem da seção 1. Realizar a segmentação da demanda no mercado turístico significa identi- ficar grupos de consumidores com características similares que os distin- guem dos demais grupos ou segmentos. Conhecer as características desses visitantes também auxilia na compreensão de suas expectativas e necessi- dades ao escolher um destino turístico e realizar uma viagem, assim como facilita na oferta de uma experiência turística positiva. Considere as seguintes asserções: I. Compreender onde se encontram os potenciais turistas que têm maior interesse relacionado ao produto turístico ofertado corres- ponde à segmentação comportamental. II. A segmentação psicográfica considera as preferências pessoais das pessoas, sendo que são reconhecidas duas categorias básicas para se diferenciar as preferências individuais das pessoas em relação às atividades turísticas: turistas alocêntricos e psicocêntricos. III. A segmentação demográfica e socioeconômica considera que o ciclo de vida das pessoas também deve ser considerado na análise, por exemplo, dois casais com a mesma idade podem ter interesses completamente diferentes em relação ao destino turístico se um deles tiver filhos. Assinale a alternativa com as asserções corretas: a. I, II e III. b. I e II, apenas. c. I e III, apenas. d. II e III, apenas. e. III, apenas. 60 2. Podemos afirmar que o planejamento estratégico é considerado um processo de adaptação da oferta para melhor atendimento da demanda e para a maximização da lucratividade. Para a realização do planejamento estratégico, é essencial que se realize a análise de segmentação do mercado, iniciando pela compreensão das características dos clientes que se deseja atender. Dentre os diversos benefícios para o planejamento estratégico e, consequentemente, para a competitividade dos produtos turísticos que a adequada realização de uma análise de segmentação do mercado propor- ciona estão: I. Identificação dos públicos mais rentáveis e percepção de quais segmentos possuem concorrência com menor atuação, podendo focar em mercados menos concorridos. II. Definição mais clara das necessidades já satisfeitas dos consumidores e das soluções que devem ser criadas para as demandas ainda não satisfeitas, representando novas oportunidades de negócios. III. Redução do desperdício de investimento, pois as ações passam a ser abrangentes e com objetivos muito mais gerais. Assinale a alternativa com as asserções corretas: a. I, II e III. b. I e II, apenas. c. I e III, apenas. d. II e III, apenas. e. III, apenas. 61 Seção 3 Segmentação da oferta e formação de clusters no turismo Caro aluno, nesta seção você poderá compreender quais elementos deve observar para a formação de uma oferta turística competitiva e alinhada com as expectativas do público-alvo que deseja impactar. Será apresentada a importância de se ter uma identidade local para se determinar o tipo de turismo que será ofertado. A partir dessa identidade deve ser pensada a cadeia produtiva que movimenta o turismo local e, então, buscar promover a integração entre esses elementos, criando uma relação sinérgica e maximi- zando a competitividade dos produtos turísticos ofertados. Também, será apresentado o conceito de formação de clusters de turismo, que se origina exatamente no aproveitamento em conjunto das potencialidades do destino turístico, usufruindo ao máximo os diferenciais do atrativo turístico, criando produtos e serviços complementares e gerando cooperação entre empresas parceiras e não concorrentes. Ao formar relações de associação e cooperati- vismo, as atividades turísticas poderão potencializar a geração de empregos e a distribuição de renda em caráter regional, promovendo a cultura e os costumes regionais, assim como o desenvolvimento sustentável. Na seção anterior, foi apresentada a importância da análise de segmen- tação como ferramenta de embasamento para o planejamento estratégico do gestor turístico. A estratégia do gestor deve estar direcionada ao atendimento das necessidades e expectativas inerentes aos clientes que constituem seu público-alvo, o qual pode ser definido por meio da análise de segmentação da demanda. A partir da compreensão das características do público-alvo e, consequentemente, das suas expectativas e necessidades em relação ao turismo, o gestor poderá estabelecer o tipo de turismo que será ofertado. Para isso, deverá observar as características do destino turístico e entender como elas, em conjunto, podem formar um segmento de oferta ou um tipo de turismo. Para definição dos tipos de turismo, podem ser observadas as seguintes características em comum de um determinado destino: • Aspectos e características comuns (geográficas, históricas, arquitetô- nicas, urbanísticas, sociais); • Atividades, práticas e tradições comuns (esportivas, agropecuárias, de pesca, manifestações culturais, manifestações de fé); • Serviços e infraestrutura comuns (serviços públicos, meios de hospe- dagem e de lazer). (BRASIL, 2010, p. 74) CARACTERPÍSTICAS DOS TIPOS DE TURISMO 62 Ao compreender as características em comum da oferta turística em um determinado destino, o gestor poderá entender a identidade do destino, definir o tipo de turismo a ser ofertado e, então, formatar produtos turísticos alinhados com a demanda, considerando o atrativo turístico, a infraestrutura, os serviços e os produtos, sempre com o intuito de promover uma experi- ência turística positiva. Assim como na análise da segmentação da demanda, também é importante que o gestor observe as características macroambien- tais para definição da segmentação da oferta, uma vez que elas impactam tanto a demanda quanto a oferta turística de um determinado destino. Para realização de uma análise mais detalhada dos produtos turísticos que compõem a oferta, propõe-se observar todos os elementos que fazem parte da cadeia produtiva do turismo. Esses elementos são aqueles que consti- tuem o produto turístico, porém observados de uma perspectiva de cadeia de valor, cujo objetivo principal é demonstrar as relações entreeles na criação de uma experiência turística alinhada com as expectativas do público-alvo. [...] a capacidade de integração dos prestadores de serviços entre as atividades características do turismo e a visão de desenvolvimento da atividade são fatores determinantes e fundamentais para a composição de uma oferta competi- tiva e sustentável. (MAZARO, 2010 apud BENI, 2012, p. 379) A integração dos prestadores de serviços citada por Beni (2012) remete à ótica das atividades turísticas como parte de um sistema complexo, no qual uma série de fatores interagem, criando relações de dependência e interseção entre si. Segundo a Teoria Geral dos Sistemas, “o todo é um conjunto de partes interativas e o conhecimento e o estudo só se dão pela análise de seu funcio- namento em relação ao todo” (PAULA, 2017, p. 14). Assim, a análise da cadeia produtiva do turismo tem o intuito de representar de forma simplificada as relações existentes no sistema turístico, o qual é altamente complexo quando consideradas todas as relações inerentes aos elementos que o integram. Para possibilitar uma análise objetiva por parte dos gestores turísticos a respeito da oferta e facilitar a tomada de decisão, a teoria da cadeia de valores é muito importante, no sentido de apontar quais são os elementos essenciais a serem observados, assim como as relações de dependência entre eles. Segundo Paula (2017), a cadeia produtiva do turismo pode ser represen- tada pelos seguintes elementos apresentados na Figura 2.2. REALIZAÇÃO DE UMA ANÁLISE MAIS DETALHADA DOS PRODUTOS TURÍSTICOS TEORIA GERAL DOS SISTEMAS ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DO TURISMO 63 Figura 2.2 | Elementos da cadeia produtiva do turismo Fonte: adaptada de Paula (2017, p. 24). A respeito da cadeia produtiva do turismo, conforme apresentada, é importante destacar que todos os elementos apresentados são tratados como elos de uma corrente produtiva, ou seja, representam uma sequência de ativi- dades relacionadas à oferta de produtos e serviços mutuamente dependentes, na qual, para que um serviço seja ofertado de forma competitiva, é necessário que os demais elos da cadeia também estejam sendo ofertados da mesma forma, criando uma relação de produtos e serviços turísticos integrados. Todos os elos da cadeia são potenciais transformadores sociais da região onde estão instalados, de forma que possibilitam a geração de empregos e a movimentação da economia regional. Assim, a gestão eficiente da oferta turística por meio de uma análise de segmentação da oferta bem estruturada pode transformar a realidade social do destino turístico. Algumas características e exemplos dos elementos elencados na cadeia produtiva do turismo foram apresentados na primeira unidade deste livro, quando foi mostrada a base conceitual do produto turístico. Neste momento, é importante destacar que esses elementos são interdependentes entre si e que, para definir o composto de oferta que melhor atenderá as expectativas do público-alvo, é necessário que o gestor olhe todos de forma integrada, considerando que as características de cada um deve complementar os demais, promovendo a sinergia entre eles e possibilitando que o turista tenha à sua disposição todos os produtos e serviços necessários para a completa realização da experiência turística. O Ministério do Turismo brasileiro estabeleceu, em 2006, os principais segmentos ou tipos de turismo com potencial para geração de renda e desen- volvimento econômico no país. Foram apresentados os seguintes segmentos: turismo cultural, turismo rural, turismo de pesca, turismo de aventura, ecotu- rismo, turismo náutico, turismo de sol e praia, turismo de negócios e eventos, turismo de estudos e intercâmbio, turismo de esportes e turismo de saúde. Transversalmente, entre os segmentos turísticos apresentados, está inserido Elementos da cadeia produtiva do turismo PRINCIPAIS SEGMENTIS OU TIPOS DE TURISMO COM POTENCIAL 64 o turismo social, que consiste exatamente na realização de atividades turís- ticas com vistas a promover o desenvolvimento socioeconômico do destino turístico, gerando empregos e equalizando a distribuição de renda. “Turismo Social é a forma de conduzir e praticar a atividade turística promovendo a igualdade de oportunidades, a equidade, a solidariedade e o exercício da cidadania na perspectiva da inclusão.” (BRASIL, 2010, p. 75). Para saber mais Para conhecer melhor as características de cada tipo de turismo, com foco nas informações necessárias para o gestor/empreendedor imple- mentar produtos turísticos sinérgicos e competitivos em uma determi- nada localidade, visite a página do Ministério do Turismo, na qual estão disponíveis os Cadernos de Orientações Básicas dos Segmentos Turís- ticos. BRASIL. Cadernos e Manuais de Segmentação. Brasília: Ministério do Turismo, 2018. Por fim, é importante destacar que o conceito de integralização e geração de sinergia entre os elementos que compõem a cadeia produtiva está direta- mente relacionado à formação de clusters de turismo, conforme destacado por Beni (2012, p. 520): [...] é necessário apontar que um destino turístico deve se adaptar a essa realidade como uma resposta ao mercado, pois, em uma situação de competitividade e de susten- tação, as destinações terão de enfrentar condições preexis- tentes e condicionantes, entre elas a oferta crescente de voos, leitos, atrativos e serviços receptivos em quantidade e qualidade, satisfazendo necessidades, desejos e aspira- ções de uma demanda cada vez mais exigente, esclarecida e informatizada, características essas aportadas pelo efeito da globalização. Aqueles que não se profissionalizarem e reciclarem-se em tempo, enfrentarão duras barreiras para competir. Por isso, os planejadores e gestores públicos, cada vez mais, devem levar a sério o processo de desen- volvimento e organização dos aglomerados, conhecendo e valorizando a sua cadeia produtiva. Os aglomerados aos quais Beni se refere são exatamente os clusters de turismo, ou seja, espaços onde a cadeia produtiva é organizada de forma a TURISMO SOCIAL AGLOMERADOS 65 potencializar a capacidade de competição dos produtos turísticos. A respeito do resultado esperado pela gestão sinérgica dos elementos que compõem a cadeia produtivo do turismo, ou seja, pela gestão da oferta conforme o modelo de formação de clusters, Beni (2012, p. 521) esclarece: [...] esse resultado dependerá da atuação conjunta e articu- lada de todos os atores dentro da cadeia produtiva, criando vantagem comparativa e competitiva. Qualquer que seja o debate sobre cluster de turismo, vale a pena destacar que qualquer de seus participantes não são concorrentes diretos, muito ao contrário, são cooperados e solidários, pois passam pela experiência do empreendedorismo e do associativismo, e compartilham situações comuns e enfrentam limitações e obstáculos coletivos de produtivi- dade. Conclui-se, portanto, que a constituição de uma oferta turística alinhada às necessidades e expectativas da demanda e capaz de integrar os elementos da cadeia produtiva, criando uma relação sinérgica e complementar entre as atividades e os serviços produzidos por cada elemento, considerando sempre um forte processo de aproveitamento da mão de obra local em conjunto com processos de planejamento e capacitação suficientes para retroalimentar a cadeia produtiva, criará uma rede cooperativa de produção e será capaz de promover o desenvolvimento sustentável regional. Questões para reflexão 1. A cadeia produtiva do turismo, com o intuito de facilitar e agilizar a tomada de decisão do gestor turístico, representa de forma simplificada os elementos fundamentais de um sistema mais complexo, no qual existem outros elementos e relações que muitas vezes não são representados pela análise da cadeia produtiva. Quais outros elementos e relações podem fazer parte do sistema turístico e não estão sendo representados na análise de cadeia produtiva? 2. Os arranjos produtivoslocais, também chamados de aglome- rados ou clusters, consistem no aproveitamento em conjunto das potencialidades do destino turístico, considerando a complemen- taridade das atividades desenvolvidas pelos diferentes elementos da cadeia produtiva. O Ministério do Turismo apresentou os principais tipos de turismo a serem desenvolvidos no Brasil, considerando o imenso potencial do país. Dentre os tipos de 66 turismo apresentados, quais são aqueles com maior potencial para formação de clusters e para promoção do desenvolvimento sustentável regional? Atividades de aprendizagem da seção 1. Na cadeia produtiva do turismo, todos os elementos apresentados são tratados como elos de uma corrente produtiva, ou seja, representam uma sequência de atividades relacionadas à oferta de produtos e serviços mutuamente dependentes, na qual, para que um serviço seja ofertado de forma competitiva, é necessário que os demais elos também estejam sendo ofertados da mesma forma, criando uma relação de produtos e serviços turísticos integrados. Considere as asserções a seguir e a relação entre elas: I. A gestão eficiente da oferta turística, por meio de uma análise de segmentação da oferta bem estruturada, pode transformar a reali- dade social do destino turístico. PORQUE II. Todos os elos da cadeia (atrativos, transportes, hospedagem, alimen- tação, serviços de apoio turístico e comercialização) possibilitam a geração de empregos e a movimentação da economia regional. Assinale a alternativa correta: a. A asserção I está correta, e a asserção II está incorreta. b. A asserção I está correta, e a asserção II está incorreta. c. As duas asserções estão incorretas. d. As duas asserções estão corretas, mas não se relacionam. e. As duas asserções estão corretas, e a segunda justifica a primeira. 2. Há um tipo de turismo que se caracteriza por ser a forma de conduzir e praticar a atividade turística, promovendo a igualdade de oportunidades, a equidade, a solidariedade e o exercício da cidadania na perspectiva da inclusão. Assinale a alternativa que denomina este tipo de turismo: a. Turismo rural. b. Turismo cultural. c. Turismo social. 67 d. Turismo de negócios e eventos. e. Turismo de estudos e intercâmbio. Fique ligado! Nesta unidade, você aprendeu os fundamentos para a formação do mercado turístico e uma importante metodologia para análise da compe- titividade no mercado por meio das forças competitivas que o compõem. Conheceu as técnicas para realização da análise de segmentação do mercado e sua importância na tomada de decisões estratégicas no turismo, assim como técnicas para se definir a segmentação da oferta turística baseadas na análise da cadeia de valor no turismo. Por fim, compreendeu a impor- tância de se manter relações sinérgicas entre os elementos que fazem parte da oferta turística, com foco na formação de clusters. Tenha certeza de que se apropriou dos conceitos e das técnicas apresentadas nesta unidade, para que possa oferecer produtos competitivos ao atuar no mercado turístico. Para concluir o estudo da unidade Prezado aluno, nesta unidade, você conheceu as relações de troca essen- ciais para a formação do mercado turístico e as forças competitivas que fazem parte do mercado e que devem ser detalhadamente analisadas em todos os mercados em que se pretende atuar. Foram realizadas discussões sobre a tomada de decisões estratégicas no mercado turístico, com ênfase nas técnicas de segmentação da oferta e da demanda, sendo possível perceber a impor- tância para o gestor turístico de se conhecer o seu cliente, suas expectativas e necessidades. Alinhada às expectativas do cliente deve estar a oferta turís- tica, de forma que esse alinhamento só é possível quando todos os elementos da cadeia produtiva do turismo atuam de forma sinérgica e complementar, promovendo a oferta de produtos turísticos competitivos e maximizando a qualidade da experiência turística dos clientes. Ao final da unidade, foram discutidos os aspectos necessários para a formação de clusters turísticos e seu potencial de transformação nas economias regionais, representando um grande impulsionador do desenvolvimento sustentável local. Continue aprofundando seu conhecimento sobre estratégias de atuação no mercado turístico, analisando na prática como são ofertados os produtos turísticos, a quais clientes se destinam, quais são seus diferenciais competi- tivos, como está estruturada a cadeia produtiva na oferta dos produtos e como produtos turísticos se transformam em experiências turísticas memoráveis para o cliente. 68 Atividades de aprendizagem da unidade 1. Analisar a relação dos produtos turísticos com o mercado no qual ele está inserido é etapa essencial para um melhor posicionamento. O mercado é influenciado por cinco forças ou grupos de participantes, que podem intervir diretamente no desempenho de sua oferta. Assim, a análise do mercado turís- tico não deve se basear apenas na oferta existente (a sua e a de seus concor- rentes) e na demanda por estes produtos, mas também no conjunto de atores que compõem a totalidade do mercado (BRASIL, 2010). Considerando o modelo das cinco forças de Porter, analise as sentenças a seguir e as relacione corretamente com o tipo de força competitiva: I. No que se refere ao turismo cultural, o Carnaval de Salvador, o Carnaval do Rio de Janeiro e o Carnaval de Recife são exemplos de festas no Brasil que se constituem como atrativos singulares que atraem milhares de turistas. II. As localidades do Brasil que possuem atividades de aventura não tão conhecidas podem buscar melhorias e trabalhar os meios de divul- gação para atrair os visitantes que iriam a Bonito/MS ou a Foz do Iguaçu/PR. III. O site de aluguel de acomodações (casas, apartamentos e quartos) com preços acessíveis, que permite que as pessoas busquem pelas localidades onde desejam se hospedar, pode representar uma ameaça às redes hoteleiras. Assinale a alternativa que contenha a relação correta: a. I. Ameaça de produtos substitutos; II. Ameaça de novos concorrentes; III. Poder de barganha dos fornecedores. b. I. Poder de barganha dos fornecedores; II. Poder de barganha dos clientes; III. Grau de rivalidade entre os concorrentes. c. I. Poder de barganha dos fornecedores; II. Ameaça de novos concor- rentes; III. Ameaça dos produtos substitutos. d. I. Grau de rivalidade entre os concorrentes; II. Ameaça de novos concorrentes; III. Ameaça dos produtos substitutos. e. I. Grau de rivalidade entre os concorrentes; II. Poder de barganha dos clientes; III. Ameaça dos produtos substitutos. 69 2. Leia com atenção o texto a seguir: Se nos últimos anos muito se ouviu falar em inteligência artificial, realidade virtual e reconhecimento de voz, em 2019 as inovações campeãs serão aquelas que ofereçam essas tecnologias como solução prática para os viajantes, por exemplo, acessar seu quarto usando o celular, receber dicas personalizadas de viagem ou acessar um concierge robotizado que fala sua língua. De acordo com uma pesquisa realizada por um site de busca de hospedagem, as inovações que mais empolgam os viajantes brasileiros são rastreamento de bagagem em tempo real por meio de aplicativo no celular (79%), aplicativos que armazenem todas as necessidades de viagem, reservas e planejamentos (76%) e a possibilidade de usar um veículo autônomo em seu destino (61%) (CUNHA, 2019). Considerando o dinamismo do mercado turístico e a importância de acompanhar e analisar as mudanças no mercado para manter a competitivi- dade, analise as afirmativas a seguir: I. Os modismos têm especial influência no mercado turístico, pois são capazes de promover um impulso de compra de longo prazo nos consumidores. II. Os modismos devem ser seguidos de reações rápidas da oferta, para que estas demandas sejam atendidas. III. As tendências de mercado são movimentos que causam alterações efêmeras nas relações de troca, provocando o surgimento de oportu- nidades mais temporárias.Assinale a alternativa correta: a. Apenas I está correta. b. Apenas II está correta. c. Apenas III está correta. d. Apenas I e III estão corretas. e. Apenas II e III estão corretas. 70 3. Considerando as características que definem um segmento de mercado turístico, leia com atenção o texto a seguir: As chamadas viagens surpresas ou viagens às escuras também já desembarcaram no Brasil. A aventura de programar uma viagem sem saber o destino e não ter que se preocupar com planejamento e reservas, já caiu no gosto de muitos brasileiros. [...] Antes da partida para a grande aventura, o passageiro vai sendo provocado com dicas sobre o roteiro surpresa, mas o destino só é revelado realmente na véspera da viagem. Até então, o viajante vai conduzindo seus preparativos com base na expectativa de experiência que foi solicitada à agência. (SEBRAE, 2019, [s.p.]) Assinale o segmento que melhor representa as características descritas: a. Segmentação demográfica ou socioeconômica. b. Segmentação geográfica. c. Segmentação psicográfica. d. Segmentação comportamental. e. Segmentação de padrões de consumo. 4. Segmentar é dividir a demanda em grupos diferentes, nos quais todos os clientes compartilham características relevantes que os distinguem de clientes de outros segmentos (LOVELOCK; WRIGHT, 2001 apud BRASIL, 2010), e esse processo auxiliará no planejamento da oferta e na diversificação dos produtos e serviços. Analise as características descritas a seguir: I. O apelo das localidades e de seus produtos serão percebidos diferen- temente por pessoas com nível de formação diferente. Entender o nível educacional, ou mesmo a profissão exercida por seu público, também é importante para a criação e oferta de seus produtos. II. Deve-se entender em quais situações o indivíduo ou grupo sente necessidade de consumo de determinado produto. Esse entendi- mento é importante, pois a forma de compor o produto depende dessa percepção da motivação do consumidor. III. Esta segmentação é facilmente notada no mercado turístico, quando se percebe que alguns são viajantes compulsivos e o fazem de forma 71 frequente e para diferentes destinos; já outras pessoas viajam com menos frequência, mas ainda o fazem com regularidades; e outro grupo opta por viajar apenas em ocasiões especiais. Assinale a alternativa que contenha os tipos de análise de segmen- tação correspondentes: a. I. Comportamental; II. Geográfica; III. Psicográfica. b. I. Geográfica; II. Demográfica e Socioeconômica; III. Padrões de consumo. c. I. Padrões de Consumo; II. Comportamental; III. Demográfica e Socioeconômica. d. I. Psicográfica; II. Geográfica; III. Padrões de consumo. e. I. Demográfica e Socioeconômica; II. Comportamental; III. Padrões de consumo. 5. O Fórum Econômico Mundial divulgou o Ranking de Competitividade de Viagens e Turismo, um estudo que analisa 14 dimensões do turismo e compara 136 países. De acordo com o levantamento, o Brasil aparece na 27º colocação, sendo o primeiro da América do Sul na lista e o primeiro do mundo no quesito recursos naturais. [...] o Brasil manteve 8º lugar na dimensão cultural e melhorou em itens como infraestrutura para atendimento ao turista, preços e portos. (OLIVEIRA, 2017, [s.p.]) A respeito da cadeia produtiva do turismo e suas relações para que a oferta turística ocorra de forma estruturada, analise as afirmativas a seguir e assinale V para verdadeiro e F para falso: ( ) São elementos da cadeia produtiva do turismo: atrativos, transportes, hospedagem, alimentação, serviços de apoio turístico e comercialização. ( ) Para que um serviço seja ofertado de forma competitiva, é necessário que os elos da cadeia produtiva do turismo estejam sendo ofertados da mesma forma, criando uma relação de produtos e serviços turísticos integrados. ( ) A gestão eficiente da oferta turística por meio de uma análise de segmen- tação da oferta bem estruturada pode transformar a realidade social do destino turístico. v v V 72 Assinale a alternativa correta: a. V – V – V. b. V – F – F. c. V – F – V. d. F – F – F. e. F – V – V. Referências BARBOSA, L. G. M. (Org.). Estudo de competitividade de produtos turísticos. Brasília: SEBRAE, 2011. BENI, M. C. (Org.). Turismo: planejamento estratégico e capacidade de gestão – desenvolvi- mento regional, rede de produção e clusters. Barueri: Manole, 2012. BRASIL. Segmentação do Turismo e o Mercado. Brasília: Ministério do Turismo, 2010. IGNARRA, L. R. Fundamentos do Turismo. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013. KOTLER, P. Administração de Marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. PAULA, A. H. B. Cadeia Produtiva do Turismo – Atrativos, Transporte, Hospedagem, Alimentação, Serviços, Comercialização. São Paulo: SENAC, 2017. PORTER, M. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986. Unidade 3 João Paulo Leite Barbosa Sistema de turismo Objetivos de aprendizagem • Compreender as bases da Teoria Geral de Sistemas. • Compreender a formação do modelo referencial do Sistema Turístico Brasileiro (SISTUR), conforme proposto por Mario Carlos Beni. • Compreender os objetivos da construção do SISTUR e suas aplica- ções como modelo referencial. • Conhecer os conjuntos de elementos que compõem o SISTUR. • Compreender as interações existentes entre estes três conjuntos de elementos. • Compreender os subsistemas que compõem e influenciam o SISTUR e suas respectivas interações. Seção 1 | Teoria sistêmica aplicada ao turismo Base conceitual da Teoria Geral de Sistemas, conforme proposta por Bertalanffy. Aplicações da Teoria Geral de Sistemas aos estudos na área de turismo. Apresentação do Modelo Referencial do Sistema Turístico Brasileiro (SISTUR). Seção 2 | Objetivos do SISTUR e o conjunto das relações ambientais Apresentação dos objetivos do SISTUR, exemplificando algumas das diversas aplicações do modelo na produção de conhecimento na área de turismo. Análise dos elementos que compõem o conjunto das relações ambientais e suas respectivas interações. Seção 3 | Conjunto da organização estrutural Análise dos elementos que compõem o conjunto da organização estru- tural do SISTUR, descrevendo os principais aspectos a serem observados na superestrutura e na infraestrutura, assim como suas respectivas interações. Introdução à unidade Prezado aluno, bem-vindo à terceira unidade do livro Fundamentos do Turismo! Esta unidade é de suma importância para todos as pessoas que buscam aprofundar seu conhecimento na área do turismo ou até produzir novos estudos, pois nela será apresentado o modelo sistêmico mais utilizado atualmente como referência para produção de conhecimento nesta área, ou seja, o Modelo Referencial do Sistema Turístico Brasileiro, também denomi- nado SISTUR. Este modelo sistêmico é extremamente amplo e abrangente, busca apresentar uma abordagem holística de todos os elementos envolvidos no planejamento e na execução das atividades turísticas, assim como os fatores que influenciam o desenvolvimento dessas atividades e que devem ser constantemente observados por gestores na área do turismo, para que sejam capazes de planejar suas ações de forma consistente com o ambiente de negócios em que estão inseridos. Inicialmente, é realizado um breve resgate a respeito da Teoria Geral de Sistemas, apresentando seus pontos principais e como pode ser aplicada em diversas áreas de estudo. Em seguida, são apresentados estudos na área de turismo embasados pela teoria sistêmica, com ênfase no estudo do expoente autor brasileiro Mario Carlos Beni, cujo trabalho é de enorme importância para o desenvolvimento de estudos na área de turismo no Brasil e no mundo, pois permite uma visão holística do setor de turismo por meio do SISTUR. Após a apresentação do SISTUR, as discussões apresentadasbaseiam-se na obra de Beni, Análise Estrutural do Turismo, cuja 13ª edição foi publi- cada em 2017, e na qual são discutidos em detalhes todos os elementos que compõem o SISTUR, assim como as interações entre eles. Na segunda seção, são discutidos os objetivos do SISTUR, demonstrando as diversas formas de aplicação desse conceito tanto para produção de novos estudos teóricos quanto como ferramenta de vital importância ao gestor turístico na formu- lação de estratégias mercadológicas. Também, são apresentados os elementos e as interações que compõem o conjunto das relações ambientais. Esperamos que aproveite esta imersão na abordagem sistêmica do turismo e possa utilizar os conceitos apresentados para ampliar sua visão sobre as atividades turísticas! Bons estudos! 78 Seção 1 Teoria sistêmica aplicada ao turismo Prezado aluno, no início desta terceira unidade, abordaremos uma das teorias mais importantes para os estudos científicos de diversas áreas de conhecimento, a teoria sistêmica. Incialmente, apresentaremos os preceitos dessa teoria, conforme apresentada pelo autor mais discutido e renomado na área: Ludwig von Bertalanffy, autor da obra Teoria Geral dos Sistemas, que teve sua primeira publicação em 1968, nos Estados Unidos. Também, mostraremos os principais autores que utilizaram a teoria sistêmica para desenvolver estudos na área do turismo, destacando-se o autor brasileiro mais expoente e criador do modelo referencial do sistema turístico, ou SISTUR, Mario Carlos Beni. Ao fim, trataremos do modelo referencial do SISTUR, que representa a base das discussões apresentadas nas próximas seções desta unidade. Ao observar a evolução do pensamento científico e da produção de conhecimento, é possível depreender que a Revolução Industrial, ocorrida no início do século XX, promoveu a expansão do pensamento científico fundamentado em conceitos mecanicistas e antropocêntricos, alinhados com as teorias clássicas da administração. Essa perspectiva fornece uma forma de análise dos elementos baseada na fragmentação dos processos e na observação de cada elemento de forma isolada, sem considerar a ligação com o contexto em que está inserido e as relações com fatores que fogem da abordagem racional, por não serem passíveis de serem controlados direta- mente. Logo surge a deficiência da abordagem mecanicista em compreender fenômenos sociais e naturais que estão intrinsicamente relacionados ao todo e demandam uma abordagem que considere a complexidade das interações com demais elementos e com o ambiente em que se inserem. A teoria sistêmica surge, então, como uma reorientação da ciência, favorecendo uma visão de mundo a partir de concepções mais abrangentes, que considerem o todo, e não simplesmente a soma das partes, ou seja, a soma de observações singulares de cada elemento que faz parte do todo. Neste sentido, a abordagem sistêmica considera a análise dos elementos e das interações entre eles, buscando a compreensão do sistema como um todo. Segundo essa abordagem, é possível identificar características essen- ciais dos sistemas que não são percebidas quando cada elemento é observado isoladamente, pois surgem das interações entre as partes, permitindo, assim, uma análise mais próxima da realidade, englobando diversos elementos, processos e interações (VASCONCELLOS, 2002, p. 199-200). . Que considera a criação como feita expressamente para o homem. 2. Relativo ao antropocentrismo. TEORIA SISTÊMICA 79 Bertalanffy considerava sistema da seguinte forma: Amplamente a qualquer unidade em que o todo é mais do que a soma das partes. Assim, um sistema é um todo integrado cujas propriedades não podem ser reduzidas às propriedades das partes, e as propriedades sistêmicas são destruídas quando o sistema é dissecado. (LOHMANN; PANOSSO NETTO, 2012, p. 26) Assim, a teoria sistêmica se estabeleceu como um movimento científico de primeira grandeza, representada primordialmente pela obra Teoria Geral dos Sistemas, concebida por Bertalanffy e publicada pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1968. Nela, é apresentada uma abordagem de sistemas abertos, com caráter interdisciplinar, que pode ser utilizada em estudos de qualquer natureza (LOHMANN; PANOSSO NETTO, 2012). A partir das ideias básicas de Bertalanffy (1973), constituem exemplos de sistemas o corpo humano, a economia de um país, a organização política de um município e o turismo de uma região qualquer. A teoria geral de sistemas permite analisar cada um desses sistemas de forma total – o sistema unido – ou dividir o sistema em partes para facilitar sua compreensão e seu estudo. Um sistema, para ser completo, deve possuir meio ambiente (local em que o sistema se encontra); unidades (as partes do sistema); relações (entre as unidades do sistema); atributos (qualidade das unidades e do próprio sistema); input (o que entra no sistema); output (o que sai do sistema); feedback (o controle do sistema para mantê-lo funcionando corretamente); modelo (um desenho do sistema para facilitar a sua compreensão). (LOHMANN; PANOSSO NETTO, 2012, p. 26) A teoria sistêmica é utilizada para embasar a maioria dos estudos empre- endidos na área do turismo, exatamente por ser uma área de estuvdos na qual devem ser considerados diversos elementos interagindo entre si e pelo fato de que as atividades turísticas podem sofrer influências não só de elementos oriundos da própria área turística mas também de elementos externos presentes no ambiente, como fatores culturais, econômicos e sociais. A seguir, são apresentados alguns dos estudos expoentes na área do turismo embasados pela teoria sistêmica. 80 Quadro 3.1 | Autores do turismo que utilizaram a abordagem sistêmica Autor / Ano Principal Obra Características Raymundo Cuer- vo (1967) El turismo como medio de comunicación humana - Primeiro autor que utilizou a teoria dos sistemas aplicadva ao turismo. - O turismo seria um grande conjunto, com- posto por diversos subconjuntos. - Identificava que a principal função do turismo era a comunicação. Neil Leiper (1979) The framework of tourism: towards a defini- tion of tourism, tourist and the tourist industry. - Turistas: atores do fenômeno turístico. - Elementos geográficos: divididos em região geradora de turistas, região de rota de trânsito de turistas e região de destinação de turistas. - Indústria turística: empresas e organiza- ções envolvidas na oferta de produtwos e serviços turísticos. Jafar Jafari (1981) Toward a framework for tourism education: problems and prospects - Analisou o turismo de forma interdisci- plinar. - Abordagem que implicou maior integração entre os docentes e maior dedicação dos estudiosos. - Plataformas do pensamento em turismo: defesa; advertência; adaptação; conhecimento. Alberto Sessa (1985) Turismo e política de desenvolvimento - Buscou o entendimento sobre as interações existentes nos sistemas. - Sua principal base de estudos era a visão economicista do turismo. - Via o turismo como uma ciência. Roberto Boullón (1985) Planificación del espacio turístico - Oferta, demanda, antropologia social, turismo industrial. - Divisões do espaço turístico: zonas turísticas, áreas turísticas, centro turístico, complexo turístico, unidades turísticas e centros de distribuição. Sérgio Molina (1991) Conceptualización del turismo - Permitia a elaboração de um conceito global de turismo. - Abordou o turismo de uma forma integral. - Ofereceu uma linguagem que facilitou a comunicação entre os profissionais. Mario Beni (1998) Análise estrutural do turismo - Existência de um sistema aberto de turis- mo, envolvendo a interação da estrutura com a superestrutura. - Conjunto das relações ambientais, con- junto da organização estrutural e conjunto das ações operacionais. Fonte: Meira; Conceição; Anjos (2015, p. 6). AUTORES DO TURISMO - ABORDAGEM SISTÊMICA 81 No Brasil a abordagem sistêmica do turismo mais discutida, difundida e utilizadapor estudiosos da área foi concebida por Mario Beni, em sua obra Análise Estrutural do Turismo, publicada pela primeira vez em 1998. Nela, Beni desenvolve um referencial teórico robusto capaz de descrever os elementos que compõem as atividades turísticas, suas interações entre si e com o ambiente, criando um modelo referencial do sistema turístico, o qual também pode ser denominado como SISTUR. Considerando a relevância da obra de Beni para os estudos na área do turismo, devido, entre outras quali- dades, à visão holística com que abarca toda a complexidade do tema, seu trabalho será o principal alvo de análise desta terceira unidade. Para saber mais Mario Carlos Beni pode ser considerado um ícone na produção de estudos na área do turismo. Atualmente, o autor brasileiro está entre os grandes autores contribuintes para a produção de conhecimento nesta área. Para conhecer melhor a história dele e sua valiosa contribuição para os estudos e as práticas das atividades turísticas, leia o artigo a seguir, de autoria de Aylana Laíssa Medeiros Borges e Gilmara Barros da Silva. BORGES, A. L. M.; SILVA, G. B. Mário Carlos Beni: contribuição para o estudo do Turismo. Revista de Turismo Contemporâneo – RTC, Natal, v. 4, ed. especial, p. 41-61, abr. 2016. A princípio, Beni (2017) busca criar um esquema sintetizador e dinâmico que retrate o funcionamento das atividades turísticas em toda sua abran- gência, complexidade e multicausalidade, criando o modelo referencial do SISTUR. Para tanto, foram analisados diversos fatores inerentes às atividades turísticas, conforme descritos a seguir: [...] o conjunto de fatores que geram as motivações de viagens e a escolha das áreas de destinação turística; deslocamento de indivíduos no contínuo espaço-tempo; os equipamentos de transporte oferecidos ao tráfego de pessoas; o tempo de permanência na área receptora; a disponibilidade e a solicitação não só de equipamentos de alojamento hoteleiro e extra-hoteleiro, bem como os equipamentos complementares de alimentação; a disponi- bilidade e a solicitação de equipamentos e instalações de recreação e entretenimento; a fruição dos bens de inter- mediação de serviços; e a estrutura e o comportamento de gastos. Emergem desse repertório de funções primárias MARIO CARLOS BENI 82 e inerentes à atividade funções derivadas, que ampliam e consolidam o contexto em que aquela se processa, contidas no ambiente natural, cultural, social e econômico, e nas funções de organização e operacionalização. (BENI, 2017, p. 46) A partir da análise dos fatores descritos, o autor identifica três grandes conjuntos de elementos que compõem o SISTUR. São eles: Relações Ambientais (RA), Organização Estrutural (OE) e Ações Operacionais (AO). No modelo referencial, são descritos os componentes básicos desses três conjuntos, suas funções e interações dentro do sistema total. De acordo com o objetivo de cada pesquisador que utilizará o SISTUR como referência conceitual, sua análise pode ser realizada a partir de uma perspectiva total, envolvendo as interações entre todos os conjuntos de elementos, porém, também pode assumir um caráter mais específico, de forma que cada elemento presente no SISTUR pode ser considerado um subsistema, com suas funções e interações singulares. É apresentada, a seguir, a figura que representa o modelo referencial do SISTUR. Figura 3.1 | Sistema de Turismo (SISTUR) – Modelo Referencial Fonte: Beni (2017, p. 50). 3 GRANDES ELEMENTOS QUE COMPÕES O SISTUR 83 Conforme apresentado na Figura 3.1, os elementos do SISTUR estão distribuídos em três grandes grupos, que interagem entre si e podem ser analisados tanto de forma holística, considerando o sistema como um todo, quanto individualmente, à medida que os elementos de cada grupo possuem suas especificidades e interações. Nas próximas seções, serão analisados de forma mais aprofundada os conjuntos e os respectivos elementos que compõem o SISTUR. Questões para reflexão 1. A teoria sistêmica pode ser considerada um marco na evolução dos estudos científicos, pois quebra paradigmas propostos pela teoria da administração clássica mecanicista e propõe um método de análise que considere as interações dos elementos analisados, tanto entre si quanto com o ambiente. Em sua opinião, quais são os principais avanços promovidos pela inclusão deste método de análise nos estudos científicos e quais são as principais diferenças deste método em relação ao método proposto pela adminis- tração clássica mecanicista? 2. A aplicação da teoria sistêmica aos estudos na área do turismo se mostrou um dos pilares para a produção de conhecimento nesta área, porém, existem críticas às análises das atividades turísticas baseadas na teoria sistêmica, como a falta de inclusão de elementos que podem influenciar tais atividades, mas que não são considerados em determinados modelos. Quais outras críticas acerca da produção de conhecimento na área de turismo baseada na teoria sistêmica podem ser citadas? Atividades de aprendizagem da seção 1. A teoria sistêmica é considerada uma reorientação da ciência, que favorece uma visão de mundo a partir de concepções mais abrangentes, que considerem o todo, e não simplesmente a soma das partes, ou seja, simplesmente a soma de observações singulares de cada elemento que faz parte do todo. Considere as asserções a seguir e a relação entre elas: I. A teoria sistêmica é utilizada para embasar a maioria dos estudos empreendidos na área do turismo. 84 PORQUE II. O turismo é uma área de estudos, na qual devem ser considerados diversos elementos interagindo entre si. As atividades turísticas podem sofrer influências não só de elementos oriundos da própria área turística, como também de elementos externos presentes no ambiente, como fatores culturais, econômicos e sociais. Assinale a alternativa que representa corretamente a relação entre as asserções: a. As duas asserções estão incorretas. b. As duas asserções são proposições corretas, mas não há relação entre elas. c. As duas asserções são proposições corretas, e a segunda justifica a primeira. d. A primeira asserção está correta, e a segunda asserção está incorreta. e. A primeira asserção está incorreta, e a segunda asserção está correta. 2. Um importante estudioso brasileiro criou um modelo referencial do sistema turístico do Brasil, que se caracteriza como um esquema sintetizador e dinâmico que retrata o funcionamento das atividades turísticas em toda sua abrangência, complexidade e multicausalidade. Sua obra de referência é Análise Estrutural do Turismo. Considerando o texto-base apresentado, assinale a alternativa que contém o nome do estudioso que criou o SISTUR, com base na Teoria Contingencial. a. Neil Leiper (1979). b. Jafar Jafari (1981). c. Alberto Sessa (1985). d. Sérgio Molina (1991). e. Mario Beni (1998). 85 Seção 2 Objetivos do SISTUR e o conjunto das relações ambientais Caro aluno, nesta segunda seção, serão apresentados os principais objetivos propostos para utilização do SISTUR, observando a infinidade de aplicações do sistema na realização de estudos e análises estruturais no setor do turismo, tanto de caráter teórico quanto de caráter empírico. Após as observações a respeito dos objetivos do SISTUR, serão discutidas as relações ambientais dele, momento em que serão aprofundadas as análises a respeito dos quatro subsistemas que fazem parte deste conjunto: ecológico, econô- mico, social e cultural. Para iniciar a análise do SISTUR, como proposto por Beni (2017), é importante destacar quais são os objetivos que norteiam a criação e utili- zação do modelo de referência, os quais são bastante amplos, pois este modelo de análise das atividades turísticas permite desenvolver estudos tanto voltados para a produção de conhecimento científico, aprofundando as pesquisas na área de turismo a partir de referenciais teóricos robustos e permitindo a padronização metodológica necessária para apresentaçãoe discussão de trabalhos nos âmbitos nacional e internacional, quanto voltados para o conhecimento empírico e entendimento da dinâmica das atividades turísticas quando observadas na prática das relações entre oferta e demanda, promovendo também a possibilidade de aprofundamento do conhecimento técnico sobre as relações de comercialização do produto turístico. Seguem os objetivos do SISTUR, conforme descritos por Beni (2017, p. 47-48, grifos do autor): Geral: Organizar o plano de estudos da atividade de turismo, levando em consideração a necessidade, há muito tempo verificada nas obras teóricas e pesquisas publicadas nos países a que se tem acesso, de fundamentar as hipóteses de trabalho, justificar posturas e princípios científicos, aperfeiçoar e padronizar conceitos e definições, e conso- lidar condutas de investigação para instrumentar análises e ampliar a pesquisa, com a consequente descoberta e desenvolvimento de novas áreas de conhecimento do setor. Específicos: identificar características e classificar os fatores que determinam as motivações de viagens e a escolha das áreas de destinação turístico-recreativa. inventariar de forma estruturada e sistêmica, o potencial de recursos turísticos 86 naturais do território para a exploração racional da atividade de turismo e recreação; dimensionar a oferta existente e/ ou projetada de transportes e equipamentos, instalações e serviços para o processo de ocupação turístico-recreativa do território; quantificar e determinar a demanda existente e/ou projetada de bens e serviços turísticos; diagnos- ticar deficiências, pontos críticos e de estrangulamento, desajustes entre a oferta e a demanda existentes; permitir a previsão do comportamento do mercado através de análise de tendências; formular diretrizes de reorientação de programas de ação para determinar o planejamento estra- tégico do desenvolvimento do setor; planificar e executar o desenvolvimento do produto turístico, mediante prepa- ração de um plano integral de ‘marketing’, avaliar e executar campanhas de promoção do produto turístico; analisar o significado económico do turismo e seu efeito multipli- cador no desenvolvimento nacional; organizar a atividade de turismo na estrutura administrativa do setor público; idealizar a estrutura otimizada do organismo nacional de turismo; indicar procedimentos de execução e controle de gestão setorial e global e políticas ágeis em seus subcon- juntos; criar modelos formais e matemáticos das matrizes de relações das funções e operadores. Conforme citado anteriormente, são inúmeras as formas de se utilizar o SISTUR como base para realização de estudos e análises na área do turismo, assim será realizada, a partir deste momento, uma análise das características principais a serem observadas nos conjuntos de elementos apresentados no SISTUR. Conjunto das relações ambientais Para compreensão das relações ambientais no SISTUR, é necessário, inicialmente, entender que o ambiente, assim como os elementos que compõem esse conjunto, como os subsistemas ecológico, econômico, social e cultural, se situam, a princípio, fora do sistema, ou seja, o comportamento do sistema pouco afetará o comportamento desses elementos, logo são pouco influenciados pelo sistema em si. Em contrapartida, esses elementos são parte essencial do SISTUR, porque constituem sistemas antecedentes e controladores dele, ou seja, o comportamento deles influenciará sobre- maneira as atividades turísticas e deve ser constantemente observado pelo gestor turístico. Ao se observar o sistema econômico, por exemplo, é possível 87 compreender que as atividades turísticas o influenciam, porém não são fatores determinantes de seu comportamento; em contrapartida, deve ser parte integrante e essencial do SISTUR, pois seu comportamento afeta signi- ficativamente o desenvolvimento das atividades turísticas, assim “o ambiente não só está fora do controle do sistema, como também determina em parte seu funcionamento” (BENI, 2017, p. 48). O subsistema ecológico se baseia na relação com a natureza e em sua contemplação. Atualmente, é possível perceber uma procura crescente dos turistas por uma relação mais próxima com a natureza, pela realização de atividades ao ar livre, como escaladas, caminhadas, mergulhos, banhos de cachoeira, entre outras atividades consideradas saudáveis. Esse tipo de turismo pode ser denominado “ecoturismo” e surge como alternativa ao turismo de massa, no qual uma grande quantidade de turistas se concentra em locais com infraestrutura urbanizada. Os espaços turísticos natural e urbano são fatores a serem analisados neste subsistema, de forma que a preservação do meio ambiente se mostra como fator essencial na promoção de negócios sustentáveis. É importante observar que a maioria dos atrativos turísticos no Brasil é baseada em recursos naturais, e que no SISTUR o cliente se desloca até o atrativo turístico para realizar o consumo, logo os recursos naturais, ao se tornarem atrativos turísticos, devem passar por um processo de planeja- mento que considere a manutenção das características originais deles, por meio da sua exploração sustentável. Atualmente, a exploração predatória de recursos naturais tem se mostrado uma das grandes preocupações interna- cionais em relação à manutenção da sobrevivência humana no planeta, e a exploração desses recursos por atividades ligadas ao turismo também tem sua parcela de culpa em relação à degradação deles. Nesse sentido, são diversas as atividades predatórias relacionadas ao turismo. Dentre elas, pode-se destacar a atividade hoteleira, quando realizada sem o devido planejamento de impacto ambiental. Hotéis, muitas vezes, descarregam rejeitos em rios, lagos ou mar, sem o devido tratamento de esgoto; restringem o acesso da população a locais de acesso público e constroem prédios de grande porte, que acabam por alterar a paisagem natural da região. Também, podem ser citadas devastações de áreas naturais provocadas pela especulação imobiliária e a consecutiva construção de hotéis e equipamentos turísticos sem o devido planeja- mento ambiental (BENI, 2017). Além das atividades citadas, deve-se considerar também atividades predatórias realizadas pelos turistas, os quais, por fatores diversos, de forma consciente ou inconsciente, provocam danos aos recursos naturais por meio SUBSISTEMA ECOLÓGICO - ECOTURISMO EXPLORAÇÃO PREDATÓRIA 88 de ações, como destruição da vegetação, pichações, agressão à fauna, utili- zação de veículos motorizados terrestres ou aquáticos em locais inadequados, causando incêndios, entre outras (BENI, 2017). Para combater a degradação dos recursos turísticos naturais, é essencial a realização de algumas atividades de planejamento no desenvolvimento da oferta turística. Tais atividades são descritas a seguir, de acordo com a proposta de Beni (2017): • Estratégia: realização de planos, projetos, programas e atividades harmônicos com a quantidade e qualidade dos recursos turís- ticos naturais. • Preservação: salvaguardar recursos em risco de extinção. • Restauração: correção de erros de manejo em ecossistemas alterados, como programas de reflorestamento. • Maximização: aproveitamento total dos recursos, evitando desperdí- cios e aumentando a qualidade. • Reutilização: utilizar recursos tantas vezes quantas seja possível de forma sustentável. • Substituição: utilizar recursos em abundância em lugar daqueles com risco de extinção. • Uso integral: satisfação de diferentes necessidades mediante um só recurso. Por exemplo, uma represa, que pode ser utilizada para irrigação, geração de eletricidade, piscicultura, pesca, entre outros usos. Em complemento às ações relacionadas, Beni (2017) também cita o avanço de conceitos e ações relacionados ao turismo sustentável, que pode ser conceituado como: ”maximização e otimização da distribuição dos benefícios do desenvolvimento econômico baseado no estabelecimento e na consolidação dascondições de segurança sob as quais são oferecidos os serviços turísticos, para que os recursos naturais sejam mantidos, restau- rados e melhorados” (PEARCE, 1989 apud BENI, 2017, p. 63). São citadas as seguintes ações que contemplam a promoção do turismo sustentável: educação ambiental; capacitação profissional; estudo de impacto ambiental; capacidade de carga (capacidade de recepção de visitantes sem alterações no recurso natural); plano de manejo e controle ambiental (BENI, 2017). AÇÕES PARA COMBATER A DEGRADAÇÃO DOS RECURSOS TURÍSTICOS NATURAIS AÇÕES QUE CONTEMPLAM O TURISMO 89 Para saber mais Para conhecer melhor as políticas de desenvolvimento de turismo ecológico sustentável praticadas no Brasil, com foco nas políticas imple- mentadas na Amazônia, considerada a região com maior potencial de recursos turísticos naturais no mundo, acesse o artigo de Kassia Suelen da Silva Farias FARIAS, K. S. S. Principais políticas de fomento do turismo na Amazônia: análise dos primeiros planos de turismo da Amazônia (PTA I e II) e do PROECOTUR. Revista de Turismo Contemporâneo – RTC, Natal, v. 2, n. 2, p. 183-205, jul./dez. 2014. O turismo, analisado pela perspectiva do subsistema econômico, nasce do atendimento das necessidades expressas ao mercado pelo público consu- midor disposto a pagar o preço dos serviços oferecidos, o que leva à sua oferta pelas empresas. Assim, estes dois agentes, consumidores e empresas, são os protagonistas das atividades turísticas, cabendo ao Estado um papel de controle das atividades. Pela ótica sistêmica, a oferta e demanda se encon- tram no mercado. Conforme discutido na unidade anterior, essa dinâmica permite a maior satisfação do consumidor e a otimização da utilização de recursos, porém, para que os resultados sejam justos e satisfatórios, é neces- sária a adoção de medidas de correção por parte do Estado, permitindo maiores possibilidades de controle do sistema (BENI, 2017). O atendimento das necessidades dos consumidores pela oferta dos bens e serviços requeridos permite a melhoria do nível de vida da população e, como consequência, gera empregos e rendas, muitas vezes, configurando um importante propulsor econômico. Segundo Beni (2017), a renda turística pode decompor-se em quatro grupos principais: o primeiro remete à renda oriunda de atividades direcionadas ao atendimento direto de turistas, como hotelaria, bares e restaurantes dentro de hotéis, agências de viagens, entre outros; o segundo tipo de renda deriva das atividades que atendem às neces- sidades dos turistas, assim como da população local e demais interessados, como empresas de transporte, bancos, casas de shows, entre outros; o terceiro tipo se refere à renda oriunda de setores que são impulsionadas pelo cresci- mento do turismo, como o agrícola e industrial, responsáveis pela produção de alimentos e pela realização de obras de infraestrutura, entre outros; já o quarto tipo de renda se refere aos salários, lucros, juros ou aluguéis decor- rentes das demais atividades citadas anteriormente (BENI, 2017). De acordo com a composição da renda turística descrita, é possível perceber que sua maior parte está relacionada ao fornecimento de serviços, sendo as atividades turísticas, muitas vezes, vitais para o setor de serviços, RENDA TURÍSTICA: 4 GRUPOS PRINCIPAIS 90 principalmente, em países em desenvolvimento, onde esse setor corres- ponde a uma parcela muito significativa do Produto Interno Bruto (PIB). Destaca-se também que as rendas turísticas, assim como os investimentos no turismo, podem se originar tanto do consumo privado quanto do consumo público, sendo aquele oriundo dos turistas no momento de adquirir ou utilizar produtos e serviços turísticos, e este referente aos gastos do governo no SISTUR em atividades, como: [...] a publicidade institucional do setor, gastos de custeio de órgãos oficias públicos de turismo, crédito oficial aos programas de formação de mão de obra, planejamento e execução de políticas estratégias e outros. Assinale-se a pouca relevância desses gastos no consumo público total, no que concerne ao Estado, oscilam, neste país, ao redor de 0,2% dos gastos correntes” (BENI, 2017, p.70). As atividades turísticas também podem fazer parte do comércio inter- nacional, sendo capazes de influenciar em diversos níveis a balança de pagamentos do país. Essa influência pode ser analisada pelo montante de capital que entra no país, trazido por turistas estrangeiros (crédito) em compa- ração com o volume de capital gasto por residentes quando realizam viagens ao exterior (débito), resultando, então, no balanço turístico. Dessa forma, do ponto de vista econômico, o turismo pode atuar como um importante agente de provisão de divisas, atraindo um alto volume de capital estrangeiro, assim como um agente financiador de compras e gastos no exterior realizados pelos residentes quando realizam suas viagens. Ressalta-se também que, do ponto de vista econômico, o turismo pode ser considerado um importante gerador de empregos e de mão de obra especializada por meio de programas de capacitação. Ao se investir no desen- volvimento do potencial turístico de uma determinada região, os gestores turísticos necessitarão de mão de obra especializada para ser capazes de ofertar serviços com a qualidade necessária à manutenção de níveis de excelência, essencial para a competitividade do produto turístico. Essa neces- sidade, muitas vezes, leva empresas a investirem na capacitação da população local, além de gerar empregos. A população local, ou população autóctone, compreende o grupo de pessoas que vive originalmente em locais receptores de turistas e demais grupos em mobilidade. Sobre os impactos do turismo nessas comunidades, cabem análises do ponto de vista sociológico, levando à análise do próximo subsistema que faz parte das relações ambientais do SISTUR, o social. MONTANTE DE CAPITAL POPULAÇÃO AUTÓCTONE: O termo autóctone é sinônimo de nativo ou indígena, que diz respeito aos seres vivos originários do próprio território onde habitam. Highlight 91 Para iniciar a compreensão do turismo como agente modificador do subsistema social em que está inserido, é importante a compreensão inicial dos grupos de pessoas que interagem no ambiente receptor, local onde ocorre o encontro da oferta e demanda e onde é consumido o produto turístico. O ambiente receptor, a princípio, é habitado pela comunidade autóctone, a qual é definida como: [...] coletivo humano que recebe uma dupla corrente migra- tória: a turística e laboral; influi sobre ambas e se vê afetado por elas. É uma coletividade de pessoas que compartilha uma área territorial limitada, que lhe serve de base para realizar a maior parte de suas atividades cotidianas; parti- cipa de uma cultura comum; acha-se ordenada em uma determinada estrutura social; revela consciência de sua unicidade e identidade própria como grupo. Em poucas palavras, é um povo arraigado a sua terra, com sua história, cultura, língua, tradições, costumes, valores e contrava- lores. (BENI, 2017, p. 86) Conforme descrito por Beni (2017), existem três grupos sociais (autóctones, turistas, migrantes laborais) que interagem constantemente em ambientes receptores do turismo. Um deles é representado pela comunidade autóctone, estável e receptora dos dois outros grupos, que são migrantes, sendo eles os turistas e as pessoas que se deslocam ao local onde ocorrem atividades turísticas em busca de trabalho. As interações entre esses três grupos são, muitas vezes, conflituosas, pois podem estar em jogo interesses divergentes, os quais são integrados e organizados, na maioria das vezes, segundo as regras de mercado, direcionadas pelas relações comerciais entre oferta e demanda e que podem acarretar em graves injustiças sociais (BENI, 2017). Sobre o grupo dos turistas, é importante destacar que é composto por pessoas com uma condição social que lhes permite gastar parte de sua poupança em atividadesde lazer durante períodos em que se dedicam a viajar. Os principais objetivos de suas viagens estão relacionados ao descanso, à contemplação de belezas naturais e do clima, ao conhecimento de novas regiões e culturas ou à fuga do ambiente de trabalho; realizam tais ativi- dades sempre pautadas pelas suas possibilidades econômicas. O processo de migração dessas pessoas é curto, variando, na maioria das vezes, entre um final de semana a até 15 dias, e é também voluntário e fortemente influen- ciado pela publicidade que os incita ao consumo, além de outros fatores de DEFINIÇÃO: COMUNIDADE AUTÓCTONE 3 GRUPOS SOCIAIS CONFORME BENI GRUPO 1 GRUPO 2 92 influência, como seu próprio grupo social ou operadores de turismo. Vale ressaltar que estas mesmas pessoas também podem fazer parte do grupo dos autóctones quando estão em seu local de origem (BENI, 2017). O terceiro grupo, composto pelos migrantes laborais, se refere às pessoas que se deslocam ao espaço turístico em busca de oportunidades de trabalho oferecidas pelas atividades do setor, as quais são sempre mais atrativas do que aquelas encontradas em seu local de origem. Esse grupo sofre também a influência da publicidade dos destinos turísticos e, muitas vezes, dos empre- gadores que utilizam as qualidades dos atrativos turísticos locais para atrair a atenção dos trabalhadores, os quais não terão tempo hábil para usufruir deles. Sua motivação é sempre muito clara: melhorar suas condições de vida, logo buscam condições socioambientais que lhes permitam o crescimento econômico e, em geral, se deslocam dispostas a se emancipar do local de origem, desde que haja condições socioeconômicas atraentes e que sejam capazes de se adaptar à cultura local. Para conhecer melhor como se dão as relações sociais e econômicas entre esses três grupos de pessoas, é importante compreender o modelo sociológico de desenvolvimento do turismo que se empreendeu na localidade receptora. Existem três principais modelos de desenvolvimento turístico implantados em localidades rurais, são eles: o desenvolvimento autóctone, a colonização aristocrática e a colonização democrática (BENI, 2017). O modelo de desenvolvimento autóctone, baseado no capitalismo popular, é resultado da solidariedade entre empreendedores locais, que se unem para promover a expansão das atividades turísticas como forma de geração de renda na região. Geralmente, as iniciativas se dão individualmente, e com o tempo surge um efeito multiplicador que promove o envolvimento da maior parte da comunidade. O capital comum se baseia na natureza, de forma que os atrativos turísticos se dão a partir da exploração sustentável de recursos naturais, sejam eles em locais litorâneos, montanhas, lagos, entre outros. O processo de desenvolvimento, normalmente, é lento e realizado pela própria comunidade, sem auxílio externo. À medida que surgem as primeiras vias de acesso, também surgem as instalações de hospedagem e serviços artesanais de alimentação. Com o aumento da demanda, o fluxo de capital permite a ampliação da capacidade receptiva e o aprimoramento dos equipa- mentos e tecnologias utilizados, sem perder as características originais de qualidade e hospitalidade. Podem ser citados como exemplo desse modelo de desenvolvimento as regiões montanhosas dos alpes europeus; algumas áreas litorâneas na Espanha e na França; as regiões de Porto Seguro, na Bahia, e de Caxias do Sul, nas serras gaúchas, locais onde sempre são mantidas as características originais da comunidade local (BENI, 2017). GRUPO 3 3 MODELOS DE DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO MODELO 1 93 A colonização aristocrática deriva do interesse de autoridades políticas ou financeiras em explorar determinadas localidades onde percebem a presença de recursos turísticos em potencial. O desenvolvimento se dá pela ocupação da área por grandes grupos hoteleiros, destinados ao atendimento do público com maior poder aquisitivo. Essa ocupação, muitas vezes, provoca altera- ções definitivas na paisagem e nos recursos naturais do entorno, assim segue um modelo de ocupação integral, ou seja, não inclui as comunidades locais no empreendimento turístico, causando uma grande separação estre os espaços destinados aos turistas e às comunidades. Beni (2017) realiza uma aproximação desse modelo de desenvolvimento turístico com os modelos de colonização baseados no “regime feudal”, no quais o comando da economia se dá nas mãos dos grupos hoteleiros que exploram todo o potencial turístico em detrimento do poder decisório e da capacidade de autodesenvolvimento das comunidades locais. Já o terceiro modelo sociológico de desenvolvimento do turismo consiste em uma mescla dos dois primeiros, a colonização democrática parte da iniciativa da comunidade local em desenvolver o potencial turístico da região, porém com a possibilidade de receber investimentos de capital externo. É necessário manter os cuidados necessários para não se tornar um modelo de colonização aristocrática, para isso não é ofertada ao capital externo a possi- bilidade de investimentos em escala, a ampliação da capacidade de recepção deve se dar pelo efeito multiplicador das atividades turísticas, envolvendo a maior participação possível da comunidade local, o que acaba por espantar grandes investidores e atraindo aqueles com pretensões alinhadas a esse modelo de desenvolvimento. Finalizando a breve análise das características do subsistema social em relação ao SISTUR, destaca-se o atual avanço contínuo das possibilidades de mobilidade da população em geral. Percebe-se cada vez mais que o turismo é uma das principais formas de mobilidade humana, com destaque para o turismo de massa, capaz de movimentar um alto volume de pessoas em direção a um mesmo destino. Um dos fenômenos mais perceptíveis desse aumento da mobilidade motivada pelo turismo pode ser observado aos finais de semana, quando uma parcela significativa da população dos centros urbanos se desloca simultaneamente para locais em que possa ter maior contato com a natureza e com atividades de lazer ao ar livre, praticando o turismo como uma válvula de escape às pressões do cotidiano. A análise do subsistema cultural pela perspectiva do SISTUR se inicia pela compreensão dos recursos turísticos culturais como derivados diretos das manifestações culturais, representadas pela intervenção do trabalho físico e mental do homem no ambiente natural. Considerando que existem MODELO 2 MODELO 3 94 no mundo incontáveis tipos de culturas e subculturas, cada uma responsável por diferentes formas de representação, também existem muitas vertentes do turismo que podem ser consideradas dentro da perspectiva do turismo cultural, como o ecológico, antropológico, religioso, arqueológico, artístico, entre outros. Segundo Sessa (apud BENI, 2017), o turismo traz contribuições para o desenvolvimento cultural das pessoas, tanto para o turista quanto para a comunidade receptora. Para o turista, é possível a imersão, experimentação e investigação de um novo conjunto de valores, assim como é possível que ele transmita valores que trouxe consigo para a comunidade visitada. Ambas as vias constituem importantes formas de transmissão de conhecimento e de promoção do contato pessoal e da comunicação verbal entre pessoas, em um mundo onde esse tipo de contato tem se tornado cada vez mais escasso. O turismo também é um importante agente contribuinte para preser- vação dos monumentos culturais, pois agrega valor e atribui a eles a possibi- lidade de geração de renda pela visitação. Esse movimento de preservação, muitas vezes, é realizado pela iniciativa privada, com o intuito de preservação para geração de lucro, mas também deve contar com a participação do poder público no sentido de promover políticas que estimulem tais atividades de preservação, quando não realizadas diretamente por estados e municí- pios. Podem ser citados como exemplos de áreas preservadas por influência direta das atividadesturísticas a região de Ouro Preto, em Minas Gerais, e de Machu Picchu, no Peru. Podem ser relacionados também alguns tipos de bens culturais explorados como recursos turísticos culturais, tais como acervos de monumentos históricos, museus, galerias de arte, manifestações da cultura popular e folclóricas, as quais reforçam sobremaneira a identidade cultural das regiões, expressando costumes e tradições capazes de caracte- rizar uma determinada região (BENI, 2017). No Brasil, destaca-se que o processo de colonização promoveu a integração de diversos tipos de população, etnias e raças, promovendo o surgimento de diversos tipos de subculturas locais, as quais são constantemente ameaçadas pelo processo de globalização cultural e de comunicação em massa. Neste aspecto, o turismo tem uma importante contribuição na manutenção da existência das principais características dessas subculturas, promovendo o resgate de suas identidades culturais e históricas como recursos culturais geradores de valor aos atrativos e produtos turísticos. Nesta seção, analisamos os principais aspectos a serem considerados pelo gestor turístico ao buscar compreender as relações das atividades turís- ticas com os subsistemas que fazem parte do conjunto das relações ambien- tais proposto no SISTUR. Na próxima seção, serão abordados os aspectos 95 relacionados ao conjunto da organização estrutural, dividido em superestru- tura e infraestrutura. Questões para reflexão 1. Na descrição das relações presentes no subsistema econômico, foram apresentadas as diversas formas de renda turística, ou seja, de geração de renda a partir das atividades turísticas. Em sua opinião, existem outros tipos de renda que podem ser atrelados às atividades turísticas? Quais? 2. Ao observar as relações existentes no subsistema cultural, foram elencadas algumas características da formação cultural brasileira, destacando-se a pluralidade de subculturas existentes em nosso país, derivadas do processo de colonização. Em sua opinião, como é estabelecida a formação cultural em nosso país atualmente? Existe um tipo de cultura que pode ser considerada a cultura brasileira ou esse processo de formação cultural ainda está em andamento? Atividades de aprendizagem da seção 1. A maioria dos atrativos turísticos brasileiros é baseada em recursos naturais e que, no SISTUR, o cliente se desloca até o atrativo turístico para realizar o consumo. Considere as asserções a seguir e a relação entre elas: I. Os recursos naturais, ao se tornarem atrativos turísticos, devem passar por um processo de planejamento que considere a manutenção das características originais dos recursos, por meio da exploração sustentável deles. PORQUE II. Atualmente, a exploração predatória de recursos naturais tem se mostrado uma das grandes preocupações internacionais em relação à manutenção da sobrevivência humana no planeta, e a exploração, por meio de atividades ligadas ao turismo, mesmo sem causar nenhuma degradação deles, deve integrar o processo. 96 Assinale a alternativa correta: a. As duas asserções estão corretas, e a segunda justifica a primeira. b. As duas asserções estão corretas, mas a segunda não justifica a primeira. c. As duas asserções estão erradas. d. A primeira asserção está correta, e a segunda está errada. e. A primeira asserção está errada, e a segunda está correta. 2. Para iniciar a compreensão do turismo como agente modificador do subsistema social em que está inserido, é importante a compreensão inicial dos grupos de pessoas que interagem no ambiente receptor, local onde ocorre o encontro da oferta e demanda e onde é consumido o produto turístico. Existem três grupos sociais que interagem constantemente em ambientes receptores do turismo. Assinale a alternativa que denomina o grupo que interage no ambiente receptor de turismo e que se caracteriza por ser comunidade da própria região, ser estável e receptor dos dois outros grupos. a. Autóctone. b. Migrantes. c. Turistas. d. Visitantes. e. Viajantes. 97 Seção 3 Conjunto da organização estrutural Caro aluno, nesta seção, daremos sequência à análise descritiva do SISTUR, focando no conjunto da organização estrutural onde são anali- sados os subsistemas da superestrutura e da infraestrutura. Inicialmente, são apresentadas as considerações a respeito da superestrutura, subsistema no qual se estrutura o modelo de gestão jurídico-administrativa que regula- menta as atividades turísticas em âmbito nacional. Nesta perspectiva, são descritos os fundamentos das políticas de turismo, seus condicionantes e a perspectiva da gestão do turismo por meio de um processo dinâmico e parti- cipativo de planejamento e execução envolvendo instituições dos três níveis governamentais: federal, estadual e municipal. Por fim, são apresentadas as considerações a respeito do subsistema da infraestrutura, identificando o papel do Estado como agente regulamentador e sua função de facilitador e integrador entre as diversas instituições e níveis de gestão públicos e privados responsáveis pelo fornecimento de serviços à população em geral, inclusive, aos turistas. São descritos os tipos de infraestrutura geral e específica e os principais aspectos a serem observados na infraestrutura disponível em um polo turístico receptor, finalizando esta seção e análise do SISTUR, conforme proposto por Beni (2017). Dando sequência à análise descritiva dos conjuntos do SISTUR, nesta seção, apresentaremos considerações sobre o conjunto da organização estru- tural, no qual são discutidas as características da superestrutura e da infraes- trutura, de acordo com seus papéis de agentes transformadores do SISTUR e suas interações com os demais conjuntos. Iniciaremos a análise com as observações a respeito da superestrutura, âmbito no qual são articuladas as políticas de turismo, ou seja, o conjunto de fundamentos jurídico-administrativos que permitem a operação das ativi- dades turísticas de forma racional e ordenada. Essas políticas são desenvol- vidas em âmbito nacional, com a influência de instituições de referência inter- nacional, e têm como alvo as atividades turísticas realizadas em um sistema econômico misto de mercado, no qual o Estado coexiste com outros centros de decisão, como organizações privadas e associações de classe nacionais e internacionais, interferindo decisivamente no SISTUR (BENI, 2017). Deve-se entender como Política de Turismo o conjunto de fatores condicionantes e de diretrizes básicas que expressam os caminhos para atingir os objetivos globais POLÍTICA DE TURISMO 98 para o Turismo do país; determinam as prioridades da ação executiva, supletiva ou assistencial do Estado; facilitam o planejamento das empresas do setor quanto aos empre- endimentos e às atividades mais suscetíveis de receber apoio estatal. Ela poderá nortear-se por três grandes condicionamentos – o cultural, o social e o econômico - por mais simples e ambiciosos que sejam os programas, os projetos e as atividades a desenvolver, por menores ou maiores que sejam as áreas geográficas em que devam ocorrer; quaisquer que sejam suas motivações principais ou os setores econômicos aos quais possam interessar. (BENI, 2017, p. 103) A respeito da definição proposta por Beni, destacam-se os condicio- nantes, ou princípios doutrinários, aos quais devem se submeter as políticas de turismo. Segundo o condicionante cultural, pode-se afirmar que: “A princípio toda e qualquer política ou planejamento na área deve condicio- nar-se à política de preservação do patrimônio cultural, artístico, histórico, documental e paisagístico natural do país” (BENI, 2017, p. 103). Neste aspecto inicial já é possível perceber a preocupação com a preservação de recursos tanto naturais quanto culturais, aspectos fundamentais para manutenção do turismo sustentável, tema de suma importância em qualquer plano de desen- volvimento turístico atual. Ainda em referência ao planejamento sustentáveldo turismo, é descrito o condicionante social, cujo objetivo se dá em direção ao incentivo à criati- vidade, às artes e às manifestações sociais, artesanais e folclóricas, buscando maximizar a quantidade de pessoas impactadas e integradas pelas políticas de turismo. Segundo Beni (2017, p. 103), o condicionante social define que: Os projetos de aproveitamento e desenvolvimento das áreas vocacionadas ao Turismo deverão sofrer as limitações decorrentes da adoção de: níveis e densidade de ocupação compatíveis com a extensão da área a utilizar, sua vocação, sua configuração e seu revestimento natural; medidas destinadas a reduzir ao mínimo a interferência da atividade turística com as atividades sociais e manifestações culturais preexistentes. O condicionante econômico direciona as políticas de turismo ao incentivo à atividade empreendedora, à promoção de facilitadores para CONDICIONANTE CULTURAL DEFINIÇÃO: CONDICIONANTE SOCIAL CONDICIONANTE ECONÔMICO 99 o desenvolvimento das atividades comerciais que envolvem a venda de produtos ou a prestação de serviços turísticos, sejam de iniciativa privada ou pública. É importante que tais políticas facilitem vias de financiamento para o fomento da iniciativa empreendedora, assim como viabilizem vias processuais para provisão de recursos destinados à infraestrutura essencial às atividades turísticas em níveis municipal, estadual ou federal. Tais políticas devem se mostrar eficientes na promoção da geração de lucros à iniciativa privada e contribuir para o incremento do setor de serviços e para a atração de capital estrangeiro. As políticas de turismo devem ser orientadas pelo governo federal, o qual é responsável por direcionar esforços, garantindo o desenvolvimento econômico e cultural das diversas regiões do país onde existem atividades turísticas. Também faz parte das atribuições dos órgãos federais a promoção do turismo nacional no exterior. Cabe aos órgãos públicos de níveis estadual e municipal a concepção de programas e execução de projetos regionais e locais, assim como providenciar os equipamentos necessários para realização de atividades turísticas em áreas de interesse público. A consolidação das políticas de turismo deve ser realizada em um Plano Nacional do Turismo, no qual devem constar todos os programas, projetos, atividades e metas a serem buscadas pelas instituições oficiais e pelo setor em geral (BENI, 2017). No Brasil, é realizado um Pano Nacional de Turismo plurianual desde o ano de 2003, sendo a edição atual referente ao período de 2018 a 2022. Para a compreensão dos aspectos do Plano Nacional do Turismo, inicial- mente, é necessário estabelecer quais são as atividades que envolvem o plane- jamento. Em linhas gerais, a atividade de planejar envolve a definição de metas e o estabelecimento de planos de ação e alocação de recursos. A confecção do Plano Nacional do Turismo é feita com base no futuro almejado pelos administradores públicos e privados para o setor de turismo e na estratégia para o combate aos riscos e o aproveitamento das oportunidades previsíveis para que os objetivos do futuro almejado sejam alcançados. Tais objetivos devem ser constantemente atualizados, de forma que o planejamento perfaça um processo contínuo e interminável, realimentando e mantendo ativo o SISTUR (BENI, 2017). Com o intuito de aproximar o conceito de plane- jamento ao de políticas do turismo, Beni considera que estas podem ser definidas como: [...] conjunto de decisões que, integradas harmonica- mente no contexto da política nacional de desenvolvi- mento, orientam a condução do setor e regulam as ações a serem executadas, as quais se traduzem em planos e programas de desenvolvimento setorial. Assim, a Política POLÍTICAS DE TURISMO PLANO NACIONAL DO TURISMO DEFINIÇÃO: POLÍTICAS DO TURISMO 100 de Turismo é o amplo guia que orientará o desenvolvi- mento do setor, ao passo que a estratégia constitui o meio para empregar os recursos disponíveis para o alcance dos objetivos. (BENI, 2017, p. 114) No Brasil, as políticas de turismo tiveram início na década de 1940, com atividades, como a proteção de bens históricos e artísticos nacionais e fiscali- zação de agências. Houve um processo de evolução histórica, com avanços e retrocessos na formação de políticas eficientes, com destaque para o período iniciado em 2003, quando se observa a constituição da estrutura adminis- trativa atual, a qual tem como principais órgãos o Ministério do Turismo, a Embratur, a Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, a Secretaria Nacional de Desenvolvimento do Turismo, o Conselho Nacional do Turismo e o Fórum Nacional de Secretários de Estado do Turismo. Sobre os principais planos desenvolvidos em nível federal para orientação e incentivo das ativi- dades turísticas, destacam-se o Plano Nacional do Turismo e o Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil. Para saber mais O Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil foi imple- mentado, inicialmente, em 2004, e desde então vem sendo revisto e atualizado, para que possa nortear as principais políticas de turismo, com foco na gestão participativa e na integração de estados e municí- pios à estratégia global de desenvolvimento turístico. Para conhecer melhor o programa, acesse o site do Ministério do Turismo. BRASIL. Ministério do Turismo. Programa de Regionalização do Turismo. Brasília: Secretaria Nacional de Estruturação do Turismo, [2019]. A criação do Ministério do Turismo teve como principal objetivo conceber um novo modelo de gestão pública, descentralizada e participativa, com foco nas atividades turísticas onde realmente acontecem, ou seja, nos municípios. Com o intuito de aumentar a aproximação do governo federal com as necessidades do turismo em nível municipal, criou-se o Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo, que atua como órgão consultivo, apontando problemas e soluções para demandas estaduais e municipais junto às instâncias federais, compostas, primordialmente, pelo Ministério do Turismo e Conselho Nacional de Turismo. Dentre as princi- pais funções desse núcleo estratégico para desenvolvimento de políticas para o turismo, estão a redução das desigualdades regionais e sociais, geração e distribuição de renda, geração de emprego e equilíbrio do balanço de NO BRASIL: POLÍTICAS DE TURISMO PROGRAMA DE REGIONALIZAÇÃO DO TURISMO MINISTÉRIO DO TURISMO 101 pagamentos (BENI, 2017). Finalizando as considerações sobre a superestru- tura do SISTUR, segue o fundamento que deve perfazer a diretriz básica para as Políticas do Turismo: Na base de todas essas considerações, porém, dominando todas as ações, desde as de planeja- mento até as de execução de programas integrados e estratégicos, deve estar o conceito de turismo sustentável, para, preliminarmente, garantir e assegurar os componentes dos diferenciais turís- ticos, o processo racional de exploração dos recursos ambientais naturais, histórico culturais e temático-artificiais. (BENI, 2017, p. 124) Além da superestrutura, faz parte da organização estrutural do turismo a infraestrutura, a qual já foi mencionada no presente livro quando foram apresentadas considerações a respeito do produto turístico, porém, cabem aqui algumas observações sobre as interações da infraestrutura com os demais elementos do SISTUR. A princípio, destaca-se que, com a expansão do sistema capitalista de produção nos estados modernos, o Estado deixa de possuir um papel de provedor e passa a assumir a função de regulador, assim como indutor, articu- lador, facilitador e integrador de parcerias que possibilitarão o desenvolvi- mento da infraestrutura no país. No Brasil, algumas instituições merecem destaque por se mostrarem importantes parceiros na promoção do empre- endedorismo em atividades turísticas, tais como SEBRAE, SENAC, CEPAM, entre outros (BENI, 2017). No subsistema da infraestrutura, são analisadas questões que envolvem a promoçãotanto das condições básicas de habitabilidade quanto de apoio aos equipamentos e serviços turísticos, assim, a infraestrutura deve ser obser- vada por duas óticas, dividindo-se em geral e específica. A infraestrutura geral pode ser definida como: A característica fundamenta da infraestrutura geral é que o investimento serve ao setor de Turismo incidentalmente, ao mesmo em que a todos os demais setores: indústria, comércio, agricultura, áreas residenciais e outros. A infra- estrutura geral consiste na rede viária de transportes, no sistema de telecomunicações, de distribuição de energia, DEFINIÇÃO: INFRAESTRUTURA GERAL 102 de água, de captação de esgotos e outros, sem os quais nenhuma classe de consumidor disporia dos serviços públicos básicos. (BENI, 2017, p. 144) Já a infraestrutura específica considera os investimentos realizados com o intuito de atendimento das necessidades da demanda turística especifica- mente. Os moradores permanentes também são usuários desses serviços, porém, a característica fundamental é que, se não houvesse a demanda turística, eles não existiriam. Como exemplo desse tipo de infraestrutura, podem ser citadas as vias de acesso a locais essencialmente turísticos; serviços dedicados ao turismo, como balsas; obras associadas à proteção das encostas no litoral, com o intuito de preservação da paisagem natural original; acesso a praias, rios e cachoeiras; construção de teleféricos em regiões montanhosas; entre outras. A ampliação de vias de acesso e serviços básicos, que devem sofrer alterações para serem capazes de atender a demanda turística, além da população local, pode ser considerada uma obra de infraestrutura específica (BENI, 2017). Para que a infraestrutura seja capaz de atender às necessidades da população e dos turistas ao longo do tempo, é necessária também a constante observação das necessidades dos polos receptores, a qual deve ser realizada de forma racional, periódica e abrangente, para que o processo de planeja- mento e execução das obras se mostre eficaz no atendimento de tais necessi- dades. Neste aspecto, Beni (2017, p. 145) comenta: A análise dos problemas do desenvolvimento e da situação atual desses serviços deverá abranger não só seus aspectos quantitativos, qualitativos, localizacionais, suas causas (profundas e imediatas) e suas prováveis tendências de evolução, como também o papel, a importância e a dimensão das variáveis envolvidas nos problemas desses serviços em face do desenvolvimento do SISTUR na área em estudo. Devem-se ainda avaliar todas as necessidades desses serviços, verificando-se a competência político-ad- ministrativa em níveis municipal, regional ou nacional, os investimentos necessários e os recursos disponíveis. Com esses dados definem-se a política de solução dos diversos problemas, as metas a atingir, a participação do poder público e do setor privado e os instrumentos necessários para a execução dos objetivos imediatos. DEFINIÇÃO: INFRAESTRUTURA ESPECÍFICA 103 O diagnóstico da infraestrutura de um polo receptor de turistas, quando observado pela ótica do SISTUR, deve contemplar os seguintes aspectos relacionados aos serviços urbanos e saneamento básico: abastecimento de água, coleta e disposição de esgotos, energia elétrica e iluminação pública, limpeza pública, transporte coletivo, sistemas de comunicação, abaste- cimento de alimentos e bebidas, conservação de logradouros públicos e poluição da água e do ar. Também, deve contemplar os aspectos do sistema viário e de transportes, que são de fundamental importância para a atividade turística, e a forma da organização territorial, considerando alguns aspectos, como densidade demográfica, distribuição das áreas urbana e rural, assim como das áreas residenciais e industriais, paisagens e vida comunitária, entre outros (BENI, 2017). O terceiro conjunto de elementos do SISTUR consiste no conjunto das ações operacionais, que descrevem o funcionamento do mercado turístico considerando as relações de consumo e a distribuição do produto turístico, conforme definidos pelas interações entre oferta e demanda. As observações a respeito do mercado turístico já foram realizadas na segunda unidade do presente livro, portanto, esta terceira unidade sobre o SISTUR finaliza-se com as análises apresentadas até o momento. Questões para reflexão 1. O Ministério do Turismo, desde 2003, adota uma postura de gestão participativa, na qual é valorizada a participação dos estados e municípios na formulação estratégica da política global do turismo. Em sua opinião, quais são as vantagens e desvanta- gens da gestão participativa na formulação das políticas e estra- tégias do turismo? 2. A infraestrutura no turismo pode ser analisada pela perspectiva dos tipos: geral e específica. A diferença entre esses dois tipos se baseia no propósito da prestação de serviço, de forma que os serviços dedicados ao atendimento de turistas, ou que não existi- riam caso não houvesse a demanda turística, são considerados específicos. Em sua opinião, a infraestrutura específica das ativi- dades turísticas deve ser organizada e executada pela iniciativa privada ou pelo Estado? Quais seriam as relações entre essas instituições na provisão desses serviços? 104 Atividades de aprendizagem da seção 1. A infraestrutura específica, que integra o conjunto da organização estru- tural do SISTUR, considera os investimentos realizados, com o intuito de atendimento das necessidades da demanda turística especificamente. Analise as asserções a seguir: I. A ampliação de vias de acesso e serviços básicos que devem sofrer alterações para serem capazes de atender a demanda turística, além da população local. II. Serviços dedicados ao turismo, como as balsas. III. Obras associadas à proteção das encostas no litoral, com o intuito de preservar a paisagem natural original e facilitar o acesso a praias, rios e cachoeiras. IV. Construção de teleféricos em regiões montanhosas. Verifique quais das asserções são consideradas obras de infraestrutura específica e assinale a alternativa correspondente: a. Apenas I, II e III. b. Apenas I, II e IV. c. Apenas II e III. d. Apenas I e IV. e. I, II, III e IV. 2. O conjunto da organização estrutural do SISTUR contém uma superes- trutura, que se caracteriza por ser o âmbito no qual são articuladas as políticas de turismo, ou seja, o conjunto de fundamentos jurídico-administrativos que permitem a operação das atividades turísticas de forma racional e ordenada. Considere a afirmação a seguir: “Na base de todas essas considerações, porém, dominando todas as ações, desde as de planejamento até as de execução de programas integrados e estratégicos, deve estar o conceito de ________, para, preliminarmente, garantir e assegurar os componentes dos _______, o ________ de exploração dos recursos ambientais naturais, histórico culturais e temático-artificiais.” (BENI, 2017, p. 124). Autóctone. turismo sustentável diferenciais turísticos processo racional 105 Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas: a. Planejamento estratégico/diferenciais culturais/processo econômico. b. Turismo autóctone/diferenciais turísticos/processo racional. c. Planejamento tático/diferenciais culturais/processo econômico. d. Turismo sustentável/diferenciais turísticos/processo racional. e. Turismo sustentável/diferenciais turísticos/processo econômico. Fique ligado! Nesta unidade, você pôde ter contato com uma das teorias mais impor- tantes para a geração de conhecimento atualmente, a teoria sistêmica. Com base nela, foi desenvolvido, por Mario Carlos Beni, o modelo referencial do Sistema Turístico Brasileiro, ou SISTUR. Esse modelo é utilizado por inúmeros estudiosos e profissionais da área para aprofundar seus conhe- cimentos sobre o turismo, formular estratégias mercadológicas, realizar análises ambientais e estruturais, entre outras aplicações práticas e teóricas. Portanto, ao finalizar esta unidade,tenha certeza que compreendeu os principais objetivos e aplicações do SISTUR, assim como as interações entre os elementos que fazem parte dele, garantindo uma visão abrangente do ambiente de negócios do turismo e seus influenciadores. Para concluir o estudo da unidade Caro aluno, nesta unidade, foram discutidos os conceitos que funda- mentam a formação do SISTUR e seus objetivos e aplicações como ferra- mentas de análise do ambiente de negócios de turismo no Brasil, apresen- tado sua aplicação teórica e prática na formulação de estratégias na área do turismo. Ao observar os três conjuntos de elementos do SISTUR, é possível perceber a existência de uma enorme gama de subsistemas interagindo entre si, cuja interação dá forma às atividades turísticas reali- zadas no Brasil atualmente. A proposta do SISTUR, conforme amplamente divulgada e discutida atualmente, foi concebida por Mario Carlos Beni, em sua obra Análise Estrutural do Turismo, a qual já se encontra em sua décima terceira edição, publicada em 2017. Para conhecer melhor os detalhes que perfazem as relações inerentes ao SISTUR e os subsistemas com os quais interage, leia na íntegra essa obra, a qual está disponível na biblioteca virtual, e amplie de forma extraordinária sua visão sobre o setor turístico no Brasil. 106 Atividades de aprendizagem da unidade 1. Beni (2017) buscou criar um esquema sintetizador e dinâmico que retra- tasse o funcionamento das atividades turísticas em toda sua abrangência, complexidade e multicausalidade, criando o modelo referencial do SISTUR. Para tanto, o autor analisou diversos fatores inerentes às atividades turísticas, a partir dos quais identificou conjuntos de elementos que compõem o SISTUR. Analise as asserções a seguir: I. Conjunto das relações ambientais. II. Conjunto da organização estrutural. III. Conjunto das ações operacionais. IV. Conjunto de sistemas abertos. São grandes conjuntos de elementos que compõem o SISTUR, segundo o autor: a. As asserções I, II, III e IV. b. Apenas as asserções I, II e III. c. Apenas as asserções I, II e IV. d. Apenas as asserções II e IV. e. Apenas as asserções I e III. 2. Existe uma teoria que surgiu como uma reorientação da ciência, favore- cendo uma visão de mundo a partir de concepções mais abrangentes, que consideram o todo, e não simplesmente a soma das partes, ou seja, a soma de observações singulares de cada elemento que faz parte do todo. Assinale a alternativa com o nome desta teoria: a. Teoria Contingencial. b. Teoria Empreendedora. c. Teoria Reformadora. d. Teoria Sistêmica. e. Teoria Racionalista. 107 3. Segundo Beni (2017), existem três principais modelos de desenvolvimento turístico implantados em localidades rurais. Um desses modelos deriva do interesse de autoridades políticas ou financeiras em explorar determinadas localidades onde percebem a presença de recursos turísticos em potencial. O desenvolvimento se dá pela ocupação da área por grandes grupos hoteleiros, destinados ao atendimento do público com maior poder aquisitivo. Assinale a alternativa que corresponde ao modelo descrito: a. Modelo de desenvolvimento turístico autóctone. b. Modelo de desenvolvimento turístico colonização aristocrática. c. Modelo de desenvolvimento turístico colonização democrática. d. Modelo de desenvolvimento turístico heterogêneo. e. Modelo de desenvolvimento turístico holístico. 4. Para combater a degradação dos recursos turísticos naturais, é essencial a realização de algumas atividades de planejamento no desenvolvimento da oferta turística. A satisfação de diferentes necessidades mediante um só recurso (por exemplo, uma represa, que pode ser utilizada para irrigação, geração de eletricidade, piscicultura, pesca, entre outros usos) corresponde a qual atividade de planejamento no desenvolvimento da oferta turística? Assinale a alternativa correta: a. Estratégia. b. Reutilização. c. Restauração. d. Maximização. e. Uso integral. 5. Para que a infraestrutura seja capaz de atender Às necessidades da população e dos turistas ao longo do tempo, é necessária a constante obser- vação das necessidades dos polos receptores. Considere as asserções a seguir: I. A observação das necessidades dos polos receptores deve ser reali- zada de forma racional, ocasional e restrita. II. O diagnóstico da infraestrutura de um polo receptor de turistas, quando observado pela ótica do SISTUR, deve contemplar aspectos relacionados aos serviços urbanos e saneamento básico. 108 III. O diagnóstico da infraestrutura de um polo receptor de turistas, quando observado pela ótica do SISTUR, deve contemplar aspectos relacionados ao sistema viário e de transportes. Assinale a alternativa com as asserções corretas: a. I, II e III. b. Apenas I e II. c. Apenas II e III. d. Apenas I e III. e. Apenas II. Referências BENI, M. C. Análise Estrutural do Turismo. 13. ed. São Paulo: Editora Senac, 2017. LOHMANN, G.; PANOSSO NETTO, A. Teoria do Turismo: conceitos, modelos e sistemas. São Paulo: Aleph, 2012. MEIRA, J. V. S.; CONCEIÇÂO, C. C.; ANJOS, F. A. Aplicação da Abordagem Sistêmica no Turismo: uma análise dos artigos publicados nos anais dos seminários da ANPTUR. In: SEMINÁRIO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO, 12., Natal. Anais [...]. Natal: Universidade Federal dp Rio Grande do Norte, 2015. VASCONCELLOS, M. J. E. Pensamento sistêmico: o novo paradigma da ciência. Campinas: Papirus, 2002. Unidade 4 João Paulo Leite Barbosa Relações do turismo Objetivos de aprendizagem • Compreender a política nacional de gestão turística baseada na regionalização. • Compreender as características da gestão turística descentralizada. • Compreender a formação e manutenção de relações sinér- gicas regionalmente. • Conhecer o processo de criação de roteiros turísticos. • Compreender as etapas de implantação do processo de roteirização. • Compreender a importância da análise mercadológica para viabili- zação dos roteiros turísticos. • Conhecer as ferramentas utilizadas para levantamento de dados que fundamentam as análises mercadológicas. Seção 1 | As estratégias de regionalização e roteirização no turismo brasileiro Descrição da estratégia de regionalização adotada como direcionadora das políticas de expansão da atividade turística no Brasil. Apresentação das relações sinérgicas decorrentes da regionalização e da criação de roteiros turísticos. Seção 2 | Metodologia de roteirização Descrição das seis etapas propostas pelo Ministério do Turismo para desenvolvimento de um roteiro turístico regional, considerando os objetivos, as formas de atuação e as recomendações para cada etapa. Seção 3 | Pesquisas mercadológicas em turismo Apresentação da análise mercadológica como etapa essencial na construção do planejamento estratégico no turismo. Apresentação de casos de aplicação de pesquisa mercadológica para formatação do planejamento estratégico em roteiros turísticos. Introdução à unidade Prezado aluno, bem-vindo à quarta e última unidade do livro Fundamentos do Turismo! Nesta unidade, trataremos de assuntos voltados à atuação prática do gestor do turismo. Inicialmente, falaremos sobre a estratégia de gestão do turismo nacional baseada na regionalização. A compreensão dessa estra- tégia é muito importante para que você, gestor de produtos turísticos, possa atuar no mercado de forma alinhada com os direcionamentos e as políticas nacionais do turismo. Ao compreender a estratégia de regionalização, será possível perceber que o principal objetivo deste modelo nacional de gestão turística é o desenvolvimento de relações sinérgicas entre os diversos agentes que fazem parte da cadeia produtiva do turismo. A sinergia é a base fundamental para que o desenvolvimento turístico se dê de forma sustentável e inclusiva, e a estratégia de regionalização busca exatamente conciliar o desenvolvimento do turismo de forma sustentável nos aspectos econômicos, ambientais e sociais.A gestão regionalizada do turismo tem o roteiro turístico como ferra- menta principal na criação de produtos turísticos competitivos. A criação de roteiros turísticos é o tema principal da segunda seção desta unidade, na qual será descrito detalhadamente o processo de roteirização segundo a aplicação prática realizada pelo Ministério do Turismo, no Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Roteirização – 2ª edição (BRASIL, 2010b). Esse processo é composto por seis etapas, sendo que cada uma será analisada segundo seus objetivos, formas de atuação e recomendação do Ministério do Turismo, para que tudo aconteça de forma profissional e eficaz. Por fim, será evidenciado o papel da análise mercadológica como processo fundamental na formatação do planejamento estratégico, que estabelece a criação dos roteiros turísticos desenvolvidos no Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Roteirização – 2ª edição (BRASIL, 2010b). Logo, serão discutidas as ferramentas utilizadas para coleta de informações de mercado, baseadas em pesquisas quantitativas e qualitativas, tendo em vista a importância deste alinhamento com o mercado na atuação do gestor turístico, uma vez que somente baseado em dados mercadológicos concretos é possível criar e gerir produtos turísticos de forma eficiente, atendendo às necessidades e expectativas da demanda de forma excepcional, gerando parcerias, relações sinérgicas e aproveitando ao máximo o potencial turístico de cada região. Assim, espera-se que, ao final desta unidade, você compreenda as relações fundamentais que regem a gestão turística e que devem ser observadas para o desenvolvimento de produtos turísticos competitivos e rentáveis. Bons estudos! 114 Seção 1 As estratégias de regionalização e roteirização no turismo brasileiro Prezado aluno, no início desta quarta unidade, serão apresentadas impor- tantes relações que devem ser analisadas e desenvolvidas pelos gestores turís- ticos, no sentido de potencializarem o diferencial competitivo dos produtos turísticos, agregando valor ao produto e reduzindo custos. Inicialmente, será discutida a estratégia nacional de desenvolvimento turístico baseada na regionalização e na gestão descentralizada, assim como os benefícios da regionalização e como esse processo permite um olhar mais abrangente das relações sinérgicas existentes e possíveis de serem criadas entre produtos turísticos. Após a discussão acerca da estratégia de regionalização, a presente seção direcionará sua análise para o processo de roteirização, que consiste na criação de roteiros, ressaltando a importância deles como ferramenta de diferenciação dos produtos turísticos, capaz de lhes atribuir uma identidade subjacente e promover o incremento da cooperação entre os diversos agentes que fazem parte da cadeia produtiva do turismo. Ao final, serão apresentados os passos propostos pelo Ministério do Turismo para a implementação do processo de roteirização, os quais serão discutidos de forma mais aprofun- dada na próxima seção. Conforme apontado nas seções anteriores, a experiência turística está atrelada ao deslocamento do turista de seu entorno habitual em direção ao destino turístico, onde a maior parte das atividades turísticas acontecem. Esse conceito demonstra a importância da gestão do turismo no destino turístico, ou seja, a estratégia de gestão do turismo e do produto turístico depende diretamente da forma de gestão adotada no espaço geográfico, ou região, onde as atividades acontecem e o produto é consumido pelo turista. Este modelo de gestão focado na região turística pode ser chamado de regio- nalização, que constitui não somente na determinação do espaço geográfico onde serão implantadas as estratégias de gestão do turismo, como também abarca toda uma complexa rede de relações, formada à medida que as ativi- dades turísticas são implementadas. Este novo olhar sobre o espaço geográfico significa observar e considerar todas as características ambientais, econômicas, históricas e culturais do local e, principalmente, entender as relações dessas características, muitas vezes interdependentes, dentre os atrativos próximos, entre os quais possam se formar redes de cooperação harmoniosas e de esforço coordenado. O planejamento das políticas públicas voltadas ao turismo deve passar de uma 115 perspectiva de ação municipal para uma perspectiva de gestão sistematiza- dora, capaz de coordenar o desenvolvimento do turismo nos âmbitos local, regional, estadual e nacional. Esse processo só é possível por meio da regio- nalização, ou seja, é necessário organizar o espaço geográfico em regiões, nas quais seja possível organizar os esforços de gestão, promoção e comerciali- zação dos produtos turísticos de forma sinérgica e integrada (BRASIL, 2013). Para uma melhor compreensão da importância da regionalização e das relações sinérgicas decorrentes desta forma de gestão do turismo no Brasil, destaca-se que, desde 2003, com a criação do Ministério do Turismo, adotou-se no país um modelo de gestão descentralizada baseada na regionalização e na unificação de esforços em todos os níveis da gestão pública, com o intuito de promover um desenvolvimento contínuo e sustentável do turismo. Assim, com base nos princípios da flexibilidade, articulação, mobilização, cooperação intersetorial, cooperação institucional e sinergia de decisões, criou-se, em 2004, o Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil, o qual possui como principal objetivo apoiar a estruturação dos destinos turísticos e a gestão e promoção do turismo no país. Com um horizonte de planejamento de quatro anos, esse programa possui essencial importância como norteador das políticas integradoras de desenvolvimento do turismo e teve uma reformu- lação de suas diretrizes básicas em 2013. O foco de todo esse processo é criar condições e oportu- nidades para a estruturação de roteiros turísticos quali- ficados, diferenciados e competitivos. Significa, ainda, identificar, organizar e articular a cadeia produtiva do setor turístico, para uma atuação harmônica, na busca de um posicionamento no mercado em curto, médio e longo prazo. (BARBOSA, 2011, p. 23) Conforme explanado, o processo de gestão do turismo baseado na regionalização busca, em primeiro lugar, promover a profissionalização da gestão do turismo nos diferentes destinos existentes no Brasil, isso envolve a análise dos atrativos, dos serviços e da infraestrutura presentes em uma determinada região e que podem ser administrados de forma sinérgica, com esforços integrados na gestão, promoção e comercialização dos produtos turísticos ofertados. A análise da cadeia produtiva do turismo (discutida na segunda unidade do presente livro) é essencial para a identificação de produtos e serviços que possam ser ofertados de forma sinérgica. A regiona- lização também prevê a integração da gestão do turismo em níveis superiores da gestão pública, comandados pelo Ministério do Turismo, o qual deve promover a articulação entre as instâncias federais, estaduais e municipais, REGIONALIZAÇÃO PROGRAMA DE REGIONALIZAÇÃO DO TURISMO 116 no sentido de aumentar a sinergia administrativa entre os produtos turísticos ofertados nas diferentes regiões do país. Na segunda unidade do presente livro, tratou-se das possíveis formas de se definir o espaço geográfico que será utilizado para a implementação de atividades turísticas, as quais derivam da quantidade de atrativos turís- ticos que serão explorados e também do nível de urbanização dessas regiões, sempre buscando identificar e explorar as potencialidades e características similares e complementares existentes em cada lugar. Após a definição da região-alvo da estratégia turística a ser implementada, o próximo passo para se identificar as relações sinérgicas do turismo existentes é a construção de um roteiro turístico. Roteirizar é uma forma de organizar e integrar a oferta turística do País, gerando produtos rentáveis e comercial-mente viáveis. A roteirização é voltada para a construção de parcerias e promove a integração, o comprometi- mento, o adensamento de negócios, o resgate e a preser- vação dos valores socioculturais e ambientais da região. (BRASIL, 2010a, p. 30) Para que a criação de um roteiro turístico seja eficiente e cumpra seus objetivos, é necessário partir da premissa de que existe um tema que conecta os atrativos e serviços disponibilizados no roteiro. Assim, a criação do roteiro turístico perpassa a criação de um cronograma de atividades associado a um planejamento logístico, porém seu planejamento deve consi- derar uma perspectiva mais abrangente, capaz de propor uma “ordenação ou um percurso de leitura” (BENI, 2012, p. 252), no qual as atividades e os serviços estejam conectados por uma linha condutora representada por um tema específico. O processo de criação de um roteiro se inicia com o conhecimento subja- cente dos atrativos turísticos propriamente ditos. Esse conhecimento deve buscar conectar os atrativos por um tema em comum, criando, assim, uma identidade única do roteiro, capaz de agregar valor a ele e propor relações sinérgicas operacionais e de comunicação integrada. Esse processo permite informar os visitantes sobre as características marcantes e diferenciadas dos atrativos, para que eles possam maximizar sua experiência turística elegendo os atrativos e serviços que melhor atendem aos seus desejos e expectativas. Beni (2012) realiza uma aproximação entre o papel do roteirista turístico e o conceito de curadoria nas obras de artes, argumentando que o curador seleciona e articula as obras e informações em uma exposição, possibilitando 117 a criação de um conceito único subjacente a toda a exposição e que lhe fornece um fio condutor. Da mesma forma, o roteirista turístico organiza os atrativos, as informações e os serviços de uma região turística de forma a conceder-lhe um roteiro com um tema próprio, tão importante quanto os próprios atrativos. O roteirista turístico, pensado como ato de um curador, pode vir a ser esta figura-chave, para a criatividade de um olhar que veja para além dos objetos fixos no terri- tório. Ele será quem irá construir a experiência, pois seus produtos incluirão não só a distribuição espaço-temporal da visitação aos atrativos, mas, na sua capacidade de construir roteiros de leitura que levem a novas vivências, lidarão com imaginários no sentido proposto por Maffe- soli: aquilo que faz Paris ser Paris. (GASTAL; MAFRA, 2008, p. 205 apud BENI, 2012, p. 252-253) É possível perceber que o roteiro busca a criação de experiências diferen- ciadas ao turista por meio da combinação de diversos fatores, como a experi- ência de realizar uma refeição exótica contemplando as pirâmides egípcias com o pôr do sol ao horizonte, ou tomar um café da manhã regional em uma chalana subindo o rio Amazonas em meio à selva amazônica. Ambas as situações são singulares, agregam valor ao produto turístico e envolvem atrativos, serviços e atividades planejadas em função da maximização da experiência do turista. Destaca-se que uma região turística pode ter um ou vários roteiros, e que o roteiro turístico é flexível, ou seja, não possui uma sequência obrigatória de visitações, fica a cargo do turista decidir qual atrativo ou destino turís- tico deseja visitar primeiro e qual é aquele em que deseja gastar mais tempo, pois está mais alinhado aos seus desejos e expectativas. Também é flexível no sentido de reunir todos os atrativos e serviços que se adequem ao seu tema, não estando, necessariamente, atrelado a uma única região turística, ou seja, um roteiro pode reunir atrativos de uma ou mais regiões turísticas, assim como nem todos os municípios considerados dentro de uma determinada região turística são considerados turísticos. Os municípios que compõem uma região turística, muitas vezes, possuem diferentes vocações econômicas, logo, para fins de roteirização turística, aqueles com potencial em outros setores econômicos podem se tornar fornecedores para aqueles com maior potencial de desenvolvimento turís- tico. Municípios onde se destacam indústrias, como a têxtil ou alimentícia, ROTEIRISTA TURÍSTICO 118 podem fornecer tais produtos para os visitantes de cidades da mesma região. Este viés econômico do roteiro é muito importante e reforça a ideia de que a roteirização é uma ferramenta de caráter mercadológico, que busca, por meio do roteiro, atribuir valor ao produto turístico e torná-lo mais competi- tivo no mercado, assim como apoiar estratégias de promoção e comerciali- zação do produto turístico, enfatizando sua identidade única e diferenciada traduzida pelo tema específico de cada roteiro. O Ministério do Turismo, promovendo a padronização dos termos utilizados entre profissionais do setor, definiu algumas diferenças entre “roteiro” e “rota turística”. Enquanto aquele é flexível e adaptável à demanda do turista, este tem como característica principal seu embasamento histó- rico, ou seja, existe em decorrência de um contexto histórico específico, e o turismo utiliza esse fator histórico para agregar valor ao produto turístico, por meio da construção de uma identidade própria, que resulta em diferencial competitivo para os atrativos que fazem parte dessa rota. Para manutenção de sua identidade, a rota precisa ter uma sequência de visitação estabelecida, com pontos de início e fim; também, é possível que ela inclua vários roteiros menores e passe por mais de uma região turís- tica. Segundo o Ministério do Turismo, “rota turística é um percurso conti- nuado e delimitado cuja identidade é reforçada ou atribuída pela utilização turística” (BRASIL, 2010a, p. 32). Dando sequência à discussão sobre roteiros, ainda segundo a perspectiva do Ministério do Turismo, é importante destacar que: A criação e a consolidação de novos roteiros possibilitam o aumento das taxas de visitação, de permanência e gasto médio do turista nos destinos brasileiros, tendo como consequência imediata a geração e a ampliação de postos de trabalho e, como consequências de médio e longo prazos, a promoção da inclusão social, uma melhor distri- buição de renda e a redução das desigualdades regionais e sociais. (BRASIL, 2010a, p. 30) É possível depreender dessa citação que é característica da política pública brasileira o reconhecimento da importância do processo de roteirização, de criação de roteiros turísticos, não só pelo valor econômico que essa estra- tégia pode gerar aos produtos turísticos mas também pelo seu papel como ferramenta de inclusão social e sua capacidade de promover a preservação de recursos culturais e naturais, uma vez que a manutenção dos roteiros está atrelada à preservação dos recursos turísticos, inclusive, por meio da Highlight 119 identificação da necessidade de melhorias na infraestrutura ou nos serviços e equipamentos utilizados no atendimento aos turistas. O processo de roteirização se baseia na formação de parcerias em âmbitos municipal, estadual e municipal, as quais envolvem uma série de agentes participantes da cadeia produtiva e devem ser igualmente provei- tosas para todos que participam do roteiro. A formação de parcerias se dá com o objetivo de buscar a sinergia nos processos e nas atividades turís- ticas. Dentre outras formas, a sinergia pode se dar nas relações “[...] entre os setores públicos e os privados, os territórios, os atrativos, os elementos da cadeia produtiva do turismo e as outras atividades econômicas desenvolvidas na região” (BRASIL, 2010a, p. 34). A sinergia é formada quando todos os agentes começam a agir em função de um objetivo comum, por isso, é tão importante a formação da identidade do roteiro, pois, quando os agentes se identificam com essa identidade, se torna mais natural o espírito de cooperação e trabalho em equipe, o qual fundamenta a construção do planejamento, no qual são identificadas as sinergias processuais, assim como promove a formação de uma redecolabo- rativa e de um processo de comunicação e aproximação entre organizações. A implementação do roteiro turístico pode seguir a metodologia proposta pelo Ministério do Turismo, por meio do Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Roteirização – 2ª edição (BRASIL, 2010b), no qual são apresentados os passos para realizar o processo de roteirização de uma determinada região, com base em experiências realizadas nas cinco macrorregiões brasileiras. Segundo esse documento, o processo de roteirização deve seguir seis passos, conforme descritos a seguir. Figura 4.1 | Matriz das cinco forças competitivas Fonte: elaborada pelo autor. PROCESSO DE ROTEIRIZAAÇÃO - 6 PASSOS 120 Para saber mais O processo de criação de roteiros turísticos é abordado de forma resumida no presente livro, com o intuito de descrever a metodologia, seus objetivos e benefícios para o turismo regional. Para conhecer melhor todas as diretrizes propostas pelo Ministério do Turismo sobre esse assunto, inclusive, a descrição de casos de implementação desse processo em diversas regiões do Brasil, acesse o Manual do Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Roteirização – 2ª edição, disponibi- lizado pelo Ministério do Turismo no link a seguir: BRASIL. Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Roteiri- zação – 2ª edição. Brasília, DF: Ministério do Turismo, 2010. Definir as organizações que farão parte do roteiro, assim como a região e os municípios incluídos, é o primeiro passo no processo de roteirização. Deve-se, então, realizar um levantamento da situação atual em que a região se encontra, assim como do mercado turístico nela incluído. Para tanto, é necessário investigar todas as informações, os estudos, os projetos e as estatísticas referentes à atividade turística na região. Também, identificar as possíveis fontes de financiamento para investimentos na área turística, sejam elas públicas ou privadas, assim como a situação financeira das empresas que compõem a oferta turística. O processo de implementação da roteirização, segundo essa metodo- logia, será descrito na próxima seção, quando cada passo será analisado de forma aprofundada. Questões para reflexão 1. A regionalização é uma estratégia de gestão de turismo baseada na descentralização da gestão e na formação de roteiros capazes de imprimir uma identidade diferenciada e gerar valor aos produtos turísticos locais. Em sua opinião, a gestão descentrali- zada é a melhor forma de organizar o sistema turístico brasileiro e promover o desenvolvimento do turismo no país? 2. As rotas turísticas são embasadas em recursos culturais e histó- ricos capazes de agregar valor ao produto turístico. Que tipos de contextos históricos podem ter sido responsáveis pelo surgi- mento de rotas turísticas? Quais exemplos podem ser citados no Brasil? 121 Atividades de aprendizagem da seção 1. A experiência turística está atrelada ao deslocamento do turista de seu entorno habitual em direção ao destino turístico, no qual a maior parte das atividades turísticas acontecem. Segundo o Ministério do Turismo, qual ação deve ser realizada nas regiões turísticas como uma forma de organizar e integrar a oferta turística do país, gerando produtos rentáveis e comercialmente viáveis? Assinale a alternativa correta: a. Gerenciar. b. Planejar. c. Roteirizar. d. Agrupar. e. Setorizar. 2. A estratégia nacional de desenvolvimento turístico é baseada na regiona- lização e na gestão descentralizada. Em relação à regionalização, considere as asserções apresentadas a seguir e verifique se são verdadeiras (V) ou falsas (F): ( ) Regionalização é um processo que permite um olhar mais abran- gente das relações sinérgicas existentes e possíveis de serem criadas entre produtos turísticos. ( ) Regionalização consiste na criação de roteiros, ressaltando a impor- tância dos roteiros como ferramenta de diferenciação dos produtos turísticos, capaz de lhes atribuir uma identidade subjacente e promover o incremento da cooperação entre os diversos agentes que fazem parte da cadeia produtiva do turismo. ( ) Regionalização é um conceito que demonstra a importância da gestão do turismo no destino turístico, ou seja, a estratégia de gestão do turismo e do produto turístico depende diretamente da forma de gestão adotada no espaço geográfico, ou região, onde as atividades acontecem e o produto é consumido pelo turista. Roteirizar é uma forma de organizar e integrar a oferta turística do País, gerando produtos rentáveis e comercialmente viáveis. v F v 122 Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a. V – V – V. b. V – V – F. c. F – V – V. d. V – F – V. e. F – V – F. 123 Seção 2 Metodologia de roteirização Caro aluno, na seção anterior, citaram-se os seis passos propostos pelo Ministério do Turismo para implantação de roteiros turísticos regionais. Nesta seção, objetiva-se fornecer uma visão mais abrangente desta metodo- logia, aprofundando a análise em relação aos objetivos, às formas de atuação e às recomendações a serem observadas em cada passo da roteirização. Espera-se que este olhar mais detalhado auxilie a compreensão sobre a melhor forma possível de se realizar um processo de roteirização no Brasil. Na seção anterior, apresentaram-se os passos propostos pelo Ministério de Turismo para a implantação de roteiros turísticos, então, nesta seção, eles serão analisados de forma mais próxima, abordando seus principais objetivos, suas formas de atuação e as recomendações do Ministério do Turismo. A princípio, é importante destacar que esta metodologia é uma sugestão para a realização do processo de roteirização, o qual deve ser adaptado de acordo com as características locais, logo, alterações são passíveis de acontecer, de acordo com as especificidades econômicas, sociais, ambientais e culturais de cada região. O principal objetivo da metodologia é a criação de uma rede de coope- ração capacitada a criar e gerir de forma eficiente os roteiros turísticos de uma determinada região, sendo que, ao final do processo de roteirização, espera-se como resultado um “catálogo”, contendo opções de produtos turís- ticos complementares, sendo que a união desses produtos constitui um roteiro integrado, contemplando diversos municípios de uma determinada região. Destaca-se que a participação ativa de todos os agentes que fazem parte da cadeia produtiva do turismo, como meios de hospedagem, agências de turismo, bares, restaurantes, empresas do setor de transporte, entre outros serviços prestados, é imprescindível, pois são eles que constituem os prota- gonistas do processo. Serão descritos, agora, os passos do processo de roteirização do turismo, conforme propostos pelo Manual do Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Roteirização – 2ª edição (BRASIL, 2010b), observando-se também as considerações apresentadas pelo Manual de Segmentação do Turismo e o Mercado (BRASIL, 2010a). 124 Passo 1 – Definição dos territórios envolvidos Objetivo: definição do recorte territorial e da identidade do roteiro integrado proposto. Formas de atuação: • Elaboração dos critérios para a definição do recorte em cada destino, conforme propostos no Manual do Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Roteirização (BRASIL, 2010b). • Reconhecimento do território por meio de levantamento de dados e visita de campo. • Definição da identidade do roteiro. • Validação do território e da identidade sugeridos pelos atores envolvidos. Recomendações: • Buscar localidades com identidade similares, o que dará a identidade para o roteiro no futuro. • Buscar uma composição com foco no mercado, ou seja, um recorte possível de ser percorrido pelo turista. • Ter atenção com as intervenções políticas neste processo de escolha. • Levar em consideração o acesso entre as localidades e a estrutura de deslocamento existente. • Não é necessário compor o roteiro com localidades do mesmo nível de estruturação do produto turístico, mas todas aslocalidades devem ter produtos formatados. • Ficar atento para a existência de projetos estruturantes na definição do recorte, pois, sem a existência de recursos financeiros, dificilmente um roteiro integrado se consolida. • Viabilidade logística e de aplicação da metodologia proposta. Passo 2 – Instalação do comitê gestor do roteiro. Objetivo: formar o grupo de pessoas responsável pela gestão do destino turístico integrado, associando interesses dos empreendimentos envolvidos: da iniciativa privada de todos os setores da atividade turística do roteiro, do poder público e das comunidades locais. Para que possa cumprir os objetivos da roteirização, é muito importante que o comitê gestor contenha represen- tantes dos três grupos: poder público, setor empresarial e comunidade. 125 Formas de atuação: • Elaboração dos critérios para a definição dos atores componentes do comitê gestor para cada destino escolhido. • Sensibilização das comunidades para o processo da roteirização, seus objetivos e benefícios, bem como a indicação de representantes para a formação do comitê. • Indicação e convite dos atores. • Mobilização dos atores envolvidos por meio da realização do 1º Encontro dos Atores Locais, com apresentação do projeto e de suas etapas. • Sensibilização acerca da importância da governança regional; respon- sabilidades dos envolvidos; e assinatura do termo de adesão. • Criação de uma rede digital de comunicação. • Promoção de reuniões periódicas entre os atores do comitê gestor para o desenvolvimento de ações integradas. Recomendações: o grupo deve trabalhar em conjunto, direcionando seus esforços para que os produtos turísticos integrados sejam reconhecidos pelo mercado-alvo. É importante que os participantes do grupo tenham represen- tatividade junto às organizações e instituições que representam no comitê, assim como capacidade de tomada de decisões ágeis. Para tanto, é recomen- dado que ao grupo de gestores sejam atribuídas as seguintes funções: • Organizar e coordenar os diversos atores para trabalhar com foco no roteiro turístico, de modo a considerar as especificidades de cada município envolvido. • Sensibilizar e mobilizar parceiros locais, regionais e estaduais para apoiarem e integrarem o processo de roteirização. • Tornar o processo participativo. • Promover o sincronismo das ações em todo o território. • Participar do planejamento, acompanhamento, monitoria e avaliação das ações a serem implementadas no roteiro. • Coordenar ações pensadas regionalmente, mas operacionali- zadas localmente. • Garantir a implementação de um plano de ação. • Alimentar constantemente o banco de informações do roteiro. 126 • Buscar recursos de forma mais eficiente, para incrementar o roteiro integrado. • Promover a integração com outras ações, projetos e programas em implementação ou a serem implantados no território envolvido, integrando as ações intrarregionais e interinstitucionais. • Articular as ações com as instâncias de governança dos municípios incluídos na região turísticas do roteiro. Passo 3 – Realização do diagnóstico do roteiro Objetivo: levantamento e análise de dados referentes ao território envol- vido, a fim de oferecer subsídios ao grupo de trabalho para elaboração do planejamento estratégico. Formas de atuação: • Levantamento dos dados referentes ao roteiro: dados gerais do terri- tório, análise do produto turístico e produção associada, análise do mercado por meio da utilização de instrumentos descritos na segunda unidade do presente livro e no Manual do Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Roteirização (BRASIL, 2010b). • Realização de pesquisa de mercado em centros emissores de turistas. • Sistematização e análise dos dados com relação à infraestrutura, aos atrativos, ao acesso, aos equipamentos e serviços turísticos e de apoio ao turismo e às formas de promoção e comercialização dos produtos envolvidos. • Avaliação e hierarquização dos atrativos turísticos envolvidos. • Realização de estudo para a segmentação da oferta e demanda e análise de atratividade para o mercado. • Elaboração de banco de dados com as empresas envolvidas no processo. • Construção participativa das ferramentas e análises que comporão o planejamento estratégico. Recomendações: o resultado desta etapa deve ser um documento que fundamentará as estratégias de ação do comitê gestor, e no qual devem conter, necessariamente, as seguintes informações: • Características do território envolvido. • Tendências para o turismo. 127 • Análise do produto turístico. • Hierarquização dos atrativos e definição dos segmentos de demanda. • Análise do mercado real e potencial. • Análise do processo de promoção, distribuição e comercialização. • Impactos ambientais, sociais e econômicos da implantação do roteiro integrado. • Análise da matriz de pontos fortes e fracos. Passo 4 – Construção do planejamento estratégico Objetivo: elaborar um planejamento estratégico, a partir da análise situa- cional do território, com definições de ações que terão influência sobre o processo de roteirização. Formas de atuação: • Realização de oficinas de planejamento para a construção do plano estratégico do roteiro integrado. • Identificação da oferta potencial existente e das necessidades dos consumidores; análise das oportunidades de mercado; transformação das necessidades em produtos; determinação de estratégias para preci- ficação do produto e para tornar o produto integrado competitivo. • Elaboração final do documento. • Realização de encontros com a comunidade para validação do plane- jamento estratégico. Recomendações: a construção do planejamento estratégico busca assegurar que todos os atores envolvidos na oferta turística estejam atuando em função de um objetivo comum. A partir deste princípio, são definidas as metas a serem buscadas no curto, médio e longo prazo, assim como são planejadas as ações necessárias para que essas metas sejam atingidas. O planejamento deverá ser um processo dinâmico e estar sempre atualizado de acordo com as alterações nos desejos e nas expectativas do público-alvo, assim como deve garantir que o produto turístico se mantenha competi- tivo no mercado. Ressalta-se também que os objetivos e as metas estraté- gicas devem ser validados com as comunidades envolvidas no roteiro. Especialmente, nesta etapa, o Ministério do Turismo sugere que os gestores tenham à disposição pessoas com experiência na criação e implantação de planos estratégicos no setor turístico, para isso, consultores especialistas no setor podem ser consultados. 128 Para saber mais Nesta seção, busca-se demonstrar uma metodologia para construção de roteiros turísticos de forma profissionalizada, por meio de uma sequência de ações realizadas ao longo do tempo, com o objetivo principal de construir um roteiro turístico competitivo e capaz de gerar o lucro esperado, assim como os benefícios propostos à comunidade. A perspectiva da evolução temporal do produto turístico também é analisada a partir do conceito de ciclo de vida do produto, o qual pode constituir uma importante ferramenta na construção do planejamento estratégico. Para conhecer melhor a aplicação do conceito de ciclo de vida do produto no turismo, leia o artigo a seguir, no qual é discutido o exemplo da Ilha da Madeira, em Portugal. ALVARES, D.; LOURENÇO, J. Modelo de Ciclo de Vida do Turismo: uma ferramenta para a gestão do turismo rural aplicada a Ilha da Madei- ra-PT. 6º Congresso Brasileiro de Turismo Rural, Cultura no Turismo Rural. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE TURISMO RURAL, 6., 2007, Piraci- caba. Anais [...]. Piracicaba, SP: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 2007. Passo 5 – Implantação do plano de ação Objetivo: implementar as ações estabelecidas no plano estratégico com foco mercadológico. Formas de atuação: • Articulação do trabalho local, por meio de reuniões de trabalho, com previsões de recursos humanos, materiais e financeiros para efeti-vação das ações previstas. • Orientação técnica para a realização das ações previstas com relação à estruturação e qualificação dos produtos envolvidos em cada roteiro. • Continuação do processo de comunicação e motivação da rede local, por meio da criação de um mecanismo de comunicação continuada e envolvimento de todos os atores para fortalecimento da rede. • Implantação do trabalho relacionado diretamente à produção associada ao turismo e à atividade turística. • Criação da identidade visual e impressão de materiais de cada roteiro integrado. 129 • Orientação no trabalho, envolvendo as agências parceiras de cada roteiro. • Realização de jornadas de negócios com as agências de viagens. • Realização de jornada de negócio com fornecedores da produção associada e empresários do turismo com potencial de consumo da produção, venda e promoção. • Lançamento do roteiro. • Realização de ações de integração entre os produtos e as principais operadoras brasileiras. • Realização de famtour com operadoras de turismo. • Realização de press trips. • Desenvolvimento do catálogo do roteiro integrado. Recomendações: este passo se refere à preparação da operação propria- mente dita do roteiro turístico, ou seja, neste momento, devem ser pensados quais são os principais atrativos que o roteiro contém, quais são seus princi- pais diferenciais competitivos e qual sua capacidade de atendimento. Desta forma, poderão ser hierarquizadas ações prioritárias para que o produto seja comercializado da melhor forma possível. É essencial que o roteiro turís- tico tenha uma estratégia de precificação alinhada com seus diferenciais competitivos e com o segmento de mercado que pretende atender. Sugere-se que este processo de precificação seja realizado essencialmente pela inicia- tiva privada, mais especificamente pelas agências responsáveis pela distri- buição do produto turístico, as quais devem ter uma visão mercadológica abrangente, capaz de estabelecer uma estratégia de preços apta a arcar com os custos do roteiro e promover a lucratividade pretendida, considerando a capacidade de atendimento e o posicionamento da concorrência. Passo 6 – Acompanhamento e avaliação das ações implantadas Objetivo: estabelecer um monitoramento das ações realizadas, de acordo com as metas estabelecidas pelo grupo no planejamento estratégico. Formas de atuação: • Definição de marcos críticos para cada etapa do trabalho a ser alcan- çado pelas regiões. • Criação e implementação de mecanismos para acompanhar cada processo regional. 130 • Realização de visitas de campo para avaliação dos trabalhos realizados. Recomendações: nesta etapa, deve ser verificado o atingimento de metas, de acordo com os indicadores estabelecidos no planejamento estratégico. É muito importante que os indicadores estratégicos estejam alinhados com a operação do produto turístico, no sentido de refletir fielmente a realidade das organizações em termos operacionais, mercadológicos e financeiros. Os indicadores devem ser dos tipos quantitativos e qualitativos e evidenciar não somente o desempenho organizacional mas também os impactos na região em termos econômicos, sociais e ambientais. Nesta seção, apresentaram-se os principais aspectos a serem observados na implantação do processo de roteirização, buscando-se exemplificar de forma técnica a coordenação das ações a serem realizadas para que o roteiro criado seja competitivo e cumpra com seus objetivos propostos. Na próxima seção, serão abordados alguns aspectos das relações mercadológicas que fazem parte do processo de roteirização. Questões para reflexão 1. No Passo 3, é realizado o diagnóstico da região turística onde será implementado o roteiro. Nesta etapa, todas as informações a respeito do setor turístico na região devem ser levantadas, por isso, devem ser observados o histórico das organizações, o inven- tário turístico do local, as características principais dos atrativos, entre outras informações. Quais fontes podem ser utilizadas nesta etapa para geração de informações estratégicas ao gestor turístico? 2. No Passo 4, é realizada a construção do planejamento estraté- gico, momento em que são definidas as metas a serem atingidas pelo roteiro integrado, considerando todos os atores envolvidos. A definição de metas é uma tarefa que exige atenção, pois elas devem ser mensuráveis, atingíveis e desafiadoras ao mesmo tempo. Quais exemplos de metas de longo prazo podem ser citados no planejamento estratégico do roteiro turístico? 131 Atividades de aprendizagem da seção 1. Considerando os passos do processo de roteirização do turismo, conforme proposto pelo Manual do Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Rotei- rização (BRASIL, 2010b) e pelo Manual de Segmentação do Turismo e o Mercado (BRASIL, 2010a), analise a sentença a seguir: Tem como objetivo formar o grupo de pessoas responsável pela gestão do destino turístico integrado, associando interesses dos empreendimentos envolvidos: da iniciativa privada de todos os setores da atividade turística do roteiro, do poder público e das comunidades locais. Assinale a alternativa que contém o passo do processo de roteirização, cujo objetivo está descrito na sentença apresentada: a. Passo 1 – Definição dos territórios envolvidos. b. Passo 2 – Instalação do comitê gestor do roteiro. c. Passo 3 – Realização do diagnóstico do roteiro. d. Passo 4 – Construção do planejamento estratégico. e. Passo 5 – Implantação do plano de ação. 2. Este passo se refere à preparação da operação propriamente dita do roteiro turístico, ou seja, neste momento, devem ser pensados quais são os principais atrativos que o roteiro contém, quais são seus principais diferen- ciais competitivos e qual sua capacidade de atendimento. Assinale a alternativa com o passo do processo de roteirização descrito: a. Passo 1 – Definição dos territórios envolvidos. b. Passo 2 – Instalação do comitê gestor do roteiro. c. Passo 3 – Realização do diagnóstico do roteiro. d. Passo 4 – Construção do planejamento estratégico. e. Passo 5 – Implantação do plano de ação. 132 Seção 3 Pesquisas mercadológicas em turismo Caro aluno, nesta seção, apresentaremos a importância de se realizar um levantamento de dados mercadológicos robusto para a consolidação do plane- jamento estratégico em turismo. Tendo em vista a importância desta etapa na construção da oferta de produtos turísticos competitivos, serão apresentadas ferramentas de pesquisa mercadológica utilizadas em casos reais de construção de roteiros turísticos no Brasil, incluindo pesquisas quantitativas e qualitativas, o público-alvo participante das pesquisas, as técnicas utilizadas e os principais resultados encontrados. Espera-se que esta seção auxilie você, aluno, a compre- ender como é realizada na prática a coleta de informações mercadológicas com finalidade estratégica na formatação de produtos turísticos. Na segunda unidade do presente livro, expôs-se a grande importância de se alinhar o produto turístico às necessidades e expectativas do públi- co-alvo que se deseja atender, e que esse processo é realizado por meio do planejamento estratégico. O tema planejamento estratégico é retomado na segunda seção como uma ferramenta essencial no processo de criação de roteiros turísticos, visando exatamente à manutenção da competitividade dos produtos turísticos frente ao mercado. A análise das relações mercado- lógicas é, portanto, um fator essencial para que o planejamento estratégico cumpra seus objetivos em termos de comercialização e geração de lucro. Os principais aspectos dessas relações mercadológicas foram explorados na segunda unidade quando se trataram das análises de segmentação da oferta e da demanda. Nesta seção, serão explorados, de forma mais detalhada, os métodos utilizados para realização dessas análises, ou seja, serão descritas ferramentas de coleta de dados relacionados à oferta e demanda que podem ser utilizadas pelo gestor turístico na construçãodo planejamento estratégico. Para fundamentar e exemplificar com clareza como devem ser utilizadas as ferramentas de análise mercadológica para fins de definição do produto turís- tico e do público-alvo a ser atendido, serão utilizados os exemplos de casos reais de aplicação dessas ferramentas, conforme realizados no Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Roteirização – 2ª edição (BRASIL, 2010b), no qual se construíram cinco roteiros turísticos, sendo um em cada região do Brasil, utilizando-se a metodologia de roteirização descrita na seção anterior. Segundo o manual no qual o projeto é descrito (link disponível no item “Saiba Mais” da primeira seção desta unidade), o processo de análise mercadológica por meio de um estudo detalhado, também chamado de inteligência de mercado, foi fator decisivo para que os roteiros turísticos pudessem ser competitivos, viáveis 133 comercialmente e sustentáveis economicamente, uma vez que esses estudos formam a base fundamental do planejamento estratégico. A coleta de informações que compõem a análise mercadológica constituiu uma etapa essencial do planejamento estratégico, pois, conforme descrito a seguir, realizou-se com foco inicial na investigação do comportamento de compra dos turistas, com o intuito de compreender as necessidades, expecta- tivas, cultura e comportamento de consumo do segmento de turistas que os roteiros pretendem atrair. Em seguida, investigaram-se as principais opera- doras de turismo, uma vez que esses agentes são responsáveis pela distri- buição do produto turístico, ou seja, pela venda do roteiro propriamente dita, portanto, percebeu-se de grande importância compreender a opinião e as características dos operadores, para que se pudesse compreender os princi- pais diferenciais competitivos dos atrativos turísticos presentes nas regiões e determinar o tipo de turismo a ser ofertado, assim como todas as demais especificidades da oferta turística, como a identidade de cada roteiro. No projeto, a coleta de dados mercadológicos se deu por meio de: [...] um conjunto específico de estratégias – baseadas, por um lado, no comportamento de compra dos turistas, e por outro, nas características relacionadas aos procedimentos de comercialização por parte dos intermediários. Desta forma, a elaboração dos novos produtos pôde, então, contar com um conhecimento aprofundado acerca do perfil dos consumidores-alvo, assim como das características dos segmentos turísticos articulados pelos roteiros – informa- ções, de fato, imprescindíveis para um lançamento efetivo e exitoso no mercado. (BRASIL, 2010a, p. 38) Como ferramenta para o levantamento de informações utilizaram-se pesquisas de mercado quantitativas e qualitativas. A partir dos dados levan- tados nas pesquisas quantitativas, foi possível traçar um diagnóstico do mercado turístico de cada região, considerando as características do público de turistas frequentadores e da oferta turística existente. As pesquisas quali- tativas, conforme descrito na citação anterior, direcionaram-se aos turistas oriundos dos grandes mercados emissivos do país, para se conhecer suas necessidades, expectativas e preferências, e às principais operadoras de turismo, para se determinar a melhor forma de ofertar os produtos, ou seja, determinar a adequação dos produtos turísticos a esse público e as formas mais eficientes de promoção e comercialização deles. Outra fonte importante de levantamento de informações foi a participação dos gestores turísticos em 134 feiras e eventos do setor, com o intuito de conhecerem os atores que fazem parte do setor e possam agregar valor aos produtos turísticos. Todo o levantamento de dados realizou-se com o intuito de responder a três questões estratégicas, sendo elas: [...] em primeiro lugar, ‘o mercado para o qual o roteiro seria promovido’; em segundo lugar, ‘os segmentos turís- ticos relacionados aos atrativos locais com maior diferencial competitivo’; e, por fim, ‘o posicionamento de identidade com o qual o roteiro seria capaz de ganhar destaque e notoriedade frente a seus concorrentes no mercado’. (BRASIL, 2010a, p. 39) Para responder às questões descritas, a ênfase maior das pesquisas se deu no âmbito qualitativo, buscando-se o aprofundamento de dados e informa- ções a respeito das macrotendências de mercado, comportamento de compra e consumo dos turistas. Assim, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa com turistas e uma pesquisa qualitativa com operadores de turismo. Também, realizaram-se pesquisas quantitativas focadas nas características de demanda e oferta já existentes em cada região. Esse conjunto de ferramentas de coleta de dados propiciou o diagnóstico necessário para definição do planejamento estratégico de cada região. Agora, serão descritos os métodos empregados na realização de cada uma dessas pesquisas. Pesquisa qualitativa com turistas A pesquisa para compreensão do segmento de demanda que se deseja atender realizou-se utilizando-se a técnica de focus group. Organizaram-se seis grupos de discussão nas cidades de Porto Alegre, São Paulo e Brasília, consideradas grandes centros emissores de turistas do país. Para participar dos grupos de discussão, convidaram-se pessoas que realizam atividades turísticas com alta frequência, ou seja, realizam viagens constantes para fora de seus estados de origem, chamados de turistas heavy users, e que se enquadram dentro dos limites estabelecidos no perfil que se pretende atender, quais sejam: adultos situados nas classes econô- micas A e B. Entendeu-se que esse perfil de turistas, pela sua relação intensa com a atividade, pode contribuir mais com o levantamento de informações, uma vez que são considerados “especialistas” no consumo de produtos turísticos. Como orientação básica na condução dos grupos de discussão, estabeleceram-se os seguintes objetivos: • Identificar os comportamentos de consumo em viagens a lazer. • Obter um levantamento sobre as impressões das viagens realizadas. • Entender o significado de “experiências memoráveis”. Técnica de focus group 3 CATEGORIAS PRINCIPAIS DA PESQUISA QUALITATIVA DOS TURISTAS HEAVY USERS 135 Seguem as principais conclusões da pesquisa, descritas no Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Roteirização – 2ª edição (BRASIL, 2010b). Com o intuito de tornar os resultados da pesquisa mais claros em relação à compreensão das impressões transmitidas pelos turistas, os dados foram tabulados considerando três categorias principais de respostas, sendo elas: a motivação dos turistas para realização de atividades turísticas; as suas expec- tativas em relação ao turismo; e os principais motivos que os levaram a consi- derar as experiências turísticas memoráveis. Quadro 4.1 | Resultados da pesquisa qualitativa com turistas Motivações Percepção das pessoas sobre as atividades turísticas que contribuem para o seu enriquecimento pessoal. Expectativas O que as pessoas esperam do produto turístico. Experiências memoráveis Principais motivos que levam as pessoas a conside- rarem experiências turísti- cas memoráveis. • Conhecer lugares = ampliar universo/glo- balizar. • Conhecer e viver outras culturas = aprender, crescer. • Experimentar (gastro- nomia) = aguçar os sen- tidos, novas sensações. • Adquirir cultura = erudição (história, artes, teatro, etc.). • Aproveitar, mudar tudo = inverter a estrutura – diversão. • Aproveitar momen- tos com a família, fazer amigos = vínculos sociais. • Deixar lembranças para os filhos = passar o legado. • Ter aventuras, praticar esportes = explorar. • Estar em contato com a natureza = consciência ecológica. • Desligar de tudo = sair da estrutura. • Dar um tempo para si = qualidade de vida. • Tirar férias dos filhos = cuidado de si. • Relaxar = descanso. • Naturalidade no atendimento. • Hospitalidade: ampa- ro e aconchego. • Honestidade: não serem enganados. • Encantamento com pequenos agrados. • Calefação nos equipa- mentos dehospeda- gem. • Gastronomia “dife- rente”. • Atividades para todas as idades. • Informações sobre os atratWvos locais. • Segurança/limpeza urbana. • Conforto e simplici- dade. • Autenticidade da cultura. • Pequenas experi- ências = grandes momentos. • Contemplação e inte- ração com a natureza. • Abstração = desligar- -se de tudo. • Consciência ecoló- gica. • Interação com a população local. • Vivência da cultura. • Crescimento pessoal. • Sentidos e emoções. • Autoconhecimento. Fonte: adaptada de Paula (2017, p. 24). 136 Pesquisa qualitativa com operadoras nacionais Para esta pesquisa, utilizou-se a técnica de entrevistas em profundidade, realizadas junto aos responsáveis pelo desenvolvimento de produtos turís- ticos nacionais em cada operadora. Ao todo, realizaram-se 19 entrevistas, distribuídas entre operadoras estabelecidas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. Definiu-se como objetivo direcionador das entrevistas: conhecer o perfil das operadoras, suas características gerais, seus produtos e serviços, o perfil de seus consumidores e, por final, sua opinião sobre os roteiros em desenvolvimento. Seguem os principais resultados decorrentes das entrevistas realizadas, descritos no Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Roteirização – 2ª edição (BRASIL, 2010): Perfil das operadoras: • A maioria atua no mercado há cerca de 21 a 30 anos. • Nove delas têm filiais em outras cidades. • 11 operadoras são de “pequeno porte” (até 50 funcionários); quatro de “médio porte” (de 51 a 100 funcionários); e quatro de “grande porte” (mais de 100 funcionários). • Possuem um grande número de agências parceiras que comercia- lizam seus produtos. • Público-alvo atendido: • Agências e mercado internacional (seis têm público estrangeiro). • Clientes domésticos (de ambos os sexos, mais de 30 anos, curso superior e renda elevada). • Famílias com filhos, grupos de terceira idade, grupos de negócios, grupos de estudantes e atletas que participam de eventos e competi- ções esportivas. • A maior parte do público nacional tem origem em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e na Região Sul do país. • Os clientes internacionais são europeus, australianos, norte-ameri- canos e latino-americanos. TÉCNICA DE ENTREVISTAS EM PROFUNDIDADE 137 Como elaboram os roteiros: • Busca na internet (site da operadora, links patrocinados do Google, secretarias de turismo, Brasil Tour, Turismo em Números). • Consulta a revistas (Viagem e Turismo, Próxima Viagem, Brasil Tour, Turismo em Números, Rotas). • Participação em feiras. • Consulta aos cadernos de turismo de jornais (O Globo, Folha de São Paulo). • Visitação local. Diferencial das operadoras em relação ao mercado: • Qualidade dos produtos. • Satisfação do cliente. • Atendimento. • Agilidade. • Personalização dos serviços. • Preços competitivos. • Elaboração de roteiros especiais ao cliente. • Qualificação da estrutura receptiva. • Experiência. • Solidez. • Pacotes de luxo, alto nível. • Pacotes rodoviários. • Preocupação com a natureza. Segmentação As operadoras informaram como distribui-se a demanda de produtos turísticos quanto à sua segmentação, ou seja, tipos de turismo ofertados – lembrando-se de que a pesquisa foi feita com operadoras que atendem a um público qualificado. No gráfico a seguir, é possível observar a distribuição dos segmentos turísticos, conforme informados pelas operadoras. 138 Figura 4.2 | Distribuição dos segmentos turísticos informados pelas operadoras 25% 23% 19% 14% 7% 7% 5% Sol e praia Ecoturismo Turismo cultural Aventura / Esportes Negócios e eventos Roteiros de charmes Mix de segmentos Fonte: adaptado de Brasil (2010b). Quanto aos principais destinos nacionais oferecidos pelas operadoras aos seus clientes: • Resorts do Nordeste. • Fernando de Noronha. • Bonito. • Pantanal. • Amazônia e Manaus. • Foz do Iguaçu. • Salvador. • Estado do Rio de Janeiro. • Minas Histórica. • Chapadas (Veadeiros e Diamantina). • Cânions no Rio Grande do Sul. • Gramado e Canela. Quanto ao preço para pacotes diferenciados: • Preço aproximado de 10% a 50% mais caro para um pacote diferenciado. 139 • Todas as operadoras destacaram que o cliente está muito bem infor- mado em relação às demais ofertas do mercado, por isso, deve haver um limite de preço. • Duração média dos pacotes diferenciados: de 4 a 8 dias (alguns passeios mais curtos chegam a ter duração mínima de 2 dias, e os mais longos chegam a durar de 12 a 15 dias). • Média de preço dos pacotes: entre R$ 2.000,00 e R$ 5.000,00. Expectativas das operadoras em relação aos prestadores de serviço dos destinos: • Ter uma maior capacidade de planejamento. • Desenvolver uma política comercial mais consciente. • Maior conhecimento do mercado. • Qualificar o atendimento ao cliente (hotelaria, guias, etc.). • Treinar estas pessoas para que tenham conhecimento cultural que enriqueça a experiência do turista. • Domínio de idiomas estrangeiros. • Maior flexibilidade na solução de problemas. • Agilidade no fornecimento de informações para clientes e operadoras. Quadro 4.2 | Pontos fortes e pontos fracos dos destinos turísticos brasileiros na percepção das operadoras Pontos fortes de um destino turístico Pontos fracos de um destino turístico • Beleza natural. • Simpatia. • Estrutura hoteleira que vem melhorando muito. • Hospitalidade do povo brasileiro. • Falta de qualificação na prestação dos serviços. • Infraestrutura. • Malha aérea. • Violência. Fonte: adaptado de Brasil (2010b). Estruturas de hospedagem mais procuradas: • Resorts e hotéis 4 e 5 estrelas (semiluxo e luxo). • Hospedagem 3 estrelas e simples; passeios voltados para o ecoturismo, que podem alternar hospedagem de luxo e alguns dias em hospeda- gens mais rústicas, como parte da experiência. 140 • Turistas latino-americanos preferem hospedagens mais econômicas, como hotéis 3 estrelas. Elementos necessários para a formatação de um bom roteiro turístico: • Agregar cultura e conhecimento às belezas naturais. • Boa infraestrutura hoteleira. • Serviços de qualidade: boa vontade dos receptivos locais em resolver os problemas que surgem, rapidez em retornar informações para as operadoras, qualificação de profissionais para o domínio de diferentes idiomas e fornecimento de informações corretas aos clientes. • Estrutura de atendimento de saúde. • Atrativos. • Preço justo. • Acesso fácil. • Segurança. Para saber mais Para conhecer integralmente como realizou-se a pesquisa qualitativa junto aos operadores de turismo no Brasil, incluindo todas as etapas de definição da pesquisa, os atores envolvidos, a definição do público-alvo e as formas de análise dos resultados, acesse o documento a seguir, disponibilizado pelo Ministério do Turismo: BRASIL. Pesquisa de mercado: estudo qualitativo junto às princi- pais operadoras de viagens do Brasil. 2. ed. Brasília, DF: Ministério do Turismo, 2009. Pesquisas quantitativas de demanda e oferta regionais Os resultados das pesquisas qualitativas realizadas em âmbito nacional foram cruzados com pesquisas quantitativas realizadas separadamente em cada região do Brasil. O objetivo dessas pesquisas quantitativas foi realizar um diagnóstico do mercado turístico local atual, visando compreender melhor a seleção de atrativos regionais com maior potencial turístico; públicos e segmentos turísticos que já frequentam essas regiões; redes de receptivos, prestadores de serviços e parceiros de negócio que atuam nessas regiões; assim como entender as ferramentas de comunicação utilizadas. FORMULÁRIOS ORIENTATIVOS 141 Para aplicação das pesquisas quantitativas, desenvolveram-se formulários orientativos direcionados ao levantamento das seguintes informações: • Receita operada pelo turismo nos últimos três anos. • Segmentos turísticos mais procurados. • Fluxo de visitantes nos últimos três anos. • Sazonalidade. • Origem do mercado consumidor. • Perfildo mercado atual – fatores demográficos, sociológicos, econô- micos, turísticos e motivacionais. • Lista de cinco atrativos mais visitados do município. • Lista de ações de comercialização e promoção realizadas nos últimos dois anos. • Informações sobre produtos concorrentes. • Entrevistas com as agências receptivas de cada região. Nesta última seção, buscou-se trazer exemplos reais de levantamento de dados mercadológicos estratégicos, fundamentais para a realização de um planejamento estratégico eficaz e aderente à realidade das regiões turísticas nacionais. Apresentaram-se ferramentas de pesquisa de mercado utilizadas em casos de roteirização reais promovidos pelo Ministério do Turismo, com foco nas formas de realização das pesquisas e nas informações relevantes necessárias para estruturação de planejamentos estratégicos robustos, capazes de promover a comercialização de produtos turísticos competitivos e aderentes à realidade de cada região. Questões para reflexão 1. Nesta seção, apresentou-se uma estratégia de coleta de dados mercadológicos baseada em pesquisas qualitativas e quantita- tivas. Em sua opinião, quais são as vantagens de se utilizar essas duas abordagens na realização da coleta de dados, ao invés de se utilizar somente dados quantitativos? 2. A pesquisa qualitativa tem como principal característica o levan- tamento de dados em profundidade, ou seja, investigar profunda- mente, junto a pessoas específicas escolhidas propositalmente, os motivos que as levam a ter determinadas opiniões e compor- tamentos. Em sua opinião, quais são os principais desafios de O conceito de sazonalidade está relacionado às estações, ou seja, aos eventos que sempre acontecem em uma determinada época. 142 se realizar pesquisas qualitativas em termos de planejamento e operacionalização delas? Atividades de aprendizagem da seção 1. O processo de análise mercadológica, por meio de um estudo detalhado, também chamado de inteligência de mercado, é a base fundamental do planejamento estratégico. A análise mercadológica também é fator decisivo para que os roteiros turísticos possam ser competitivos, viáveis comercial- mente e sustentáveis economicamente. I. Numa análise mercadológica de turismo, é necessário coletar dados das operadoras de turismo PORQUE II. As operadoras de turismo são agentes responsáveis pela distribuição do produto turístico, ou seja, pela venda do roteiro propriamente dito. A partir de sua análise, assinale a alternativa correta: a. A primeira asserção está correta, e a segunda asserção está incorreta. b. A primeira asserção está incorreta, e a segunda asserção está correta. c. As duas asserções estão incorretas. d. As duas asserções estão corretas, mas a segunda não se relaciona com a primeira. e. As duas asserções estão corretas, e a segunda justifica a primeira. 2. O Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Roteirização – 2ª edição (BRASIL, 2010) realizou uma pesquisa utilizando a técnica de entrevistas em profundidade, junto aos responsáveis pelo desenvolvimento de produtos turísticos nacionais em 19 operadoras estabelecidas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. Definiu-se como objetivo direcio- nador das entrevistas: conhecer o perfil das operadoras, suas características gerais, seus produtos e serviços, o perfil de seus consumidores e, por final, sua opinião sobre os roteiros em desenvolvimento. Analise as afirmações a seguir sobre o resultado dessa pesquisa e verifique se são verdadeiras (V) ou falsas (F): ( ) A maioria das operadoras pesquisadas é de grande porte, com mais de 100 funcionários. F 143 ( ) A demanda principal das operadoras é no segmento Aventura/ Esportes, com 23%. ( ) Dentre os principais destinos nacionais oferecidos pelas operadoras aos seus clientes, estão: Resorts do Nordeste, Fernando de Noronha e Foz do Iguaçu. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a. V – V – V. b. V – F – V. c. F – V – V. d. F – F – V. e. V – V – F. Fique ligado! Nesta unidade, você pôde conhecer um pouco mais do lado prático da atividade do gestor turístico. As estratégias de regionalização e de roteiri- zação, assim como a fundamental importância da geração de relações sinér- gicas entre os elos da cadeia produtiva do turismo, foram apresentadas como pontos principais que fundamental a atuação do gestor. Mostraram-se as etapas necessárias para criação de um roteiro turístico de forma profissional e integradora, evidenciando a importância da partici- pação de diversos setores da sociedade na construção do roteiro. Por fim, evidenciou-se o aspecto econômico dos roteiros turísticos, por meio da análise mercadológica como fundamento do planejamento estra- tégico, e exemplificaram-se também as ferramentas para realização de uma análise mercadológica robusta e eficaz. Para concluir o estudo da unidade Caro aluno, nesta última unidade, pretendeu-se expor os principais procedimentos para que o gestor turístico realize suas atividades alinhado com as práticas profissionais testadas e referendadas pelo Ministério do Turismo. Apresentaram-se as estratégias descentralizadas de gestão pública no turismo baseadas na regionalização e na roteirização, então, deu-se ênfase nos métodos de aplicação dessas estratégias, com foco na criação de relações sinérgicas e na formatação de produtos turísticos competitivos. V V 144 Argumentou-se sobre a importância de o produto turístico estar alinhado com as necessidades e expectativas da demanda que se pretende atender, e que esse alinhamento só é possível por meio uma análise mercadológica robusta e bem fundamentada. Mostraram-se, então, as ferramentas de pesquisa mercadológica que podem fundamentar uma análise estratégica eficaz, com exemplos de aplicação prática em processos de roteirização reali- zados no Brasil. Como forma de aprofundar o conhecimento nessas áreas, sugere-se a leitura de outros casos de desenvolvimento de roteiros turísticos, aprimorando, assim, sua capacidade de gestão. Atividades de aprendizagem da unidade 1. Roteirizar é uma forma de organizar e integrar a oferta turística do país, gerando produtos rentáveis e comercialmente viáveis. A roteirização é voltada para a construção de parcerias e promove a integração, o comprome- timento, o adensamento de negócios, o resgate e a preservação dos valores socioculturais e ambientais da região. Considere as afirmações a seguir e verifique se são verdadeiras (V) ou falsas (F). ( ) Para que a criação de um roteiro turístico seja eficiente e cumpra seus objetivos, é necessário partir da premissa de que exista um tema que conecte os atrativos e serviços disponibilizados no roteiro. ( ) Uma região turística pode ter um ou vários roteiros, e o roteiro turístico é flexível, ou seja, não possui uma sequência obrigatória de visitações. ( ) A roteirização é uma ferramenta de caráter mercadológico, que busca atribuir valor ao produto turístico e torná-lo mais competitivo no mercado, assim como apoiar estratégias de promoção e comercialização do produto turístico, enfatizando sua identidade única e diferenciada traduzida pelo tema específico de cada roteiro. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a. V – V – V. b. V – V – F. c. F – V – V. d. F – F – V. e. F – V – F. v v v 145 2. A experiência turística está atrelada ao deslocamento do turista de seu entorno habitual em direção ao destino turístico, onde a maior parte das atividades turísticas acontecem. A partir deste ponto de vista, analise as asserções a seguir: I. A estratégia de gestão do turismo e do produto turístico depende direta- mente da forma de gestão adotada no espaço geográfico, ou região, onde as atividades acontecem e o produto é consumido pelo turista. II. O processo de gestão do turismo baseado na regionalização busca, em primeiro lugar, promover a profissionalização da gestão do turismo nos diferentes destinos existentes no Brasil.III. A regionalização prevê a individualização da gestão do turismo, de forma a desagregar e libertar a região da intervenção promovida pelos níveis superiores da gestão pública comandados pelo Minis- tério do Turismo. Assinale a alternativa correta: a. I, II e III estão corretas. b. Apenas I e II estão corretas. c. Apenas I e III estão corretas. d. Apenas II e III estão corretas. e. Apenas II está correta. 3. O principal objetivo da metodologia de roteirização do turismo é a criação de uma rede de cooperação capacitada a criar e gerir de forma eficiente os roteiros turísticos de uma determinada região. Considerando os passos do processo de roteirização do turismo, conforme proposto pelo Manual do Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Roteirização (BRASIL, 2010b) e pelo Manual de Segmentação do Turismo e o Mercado (BRASIL, 2010a), analise a sentença a seguir: É o passo em que são realizados o levantamento e a análise de dados referentes ao território envolvido, a fim de oferecer subsídios ao grupo de trabalho para elaboração do planejamento estratégico. Assinale a alternativa que contém o passo do processo de roteirização, cujo objetivo está descrito na sentença apresentada. a. Passo 1 – Definição dos territórios envolvidos. b. Passo 2 – Instalação do comitê gestor do roteiro. 146 c. Passo 3 – Realização do diagnóstico do roteiro. d. Passo 4 – Construção do planejamento estratégico. e. Passo 5 – Implantação do plano de ação. 4. Segundo o Manual do Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Roteirização (BRASIL, 2010b) e o Manual de Segmentação do Turismo e o Mercado (BRASIL, 2010a), há um conjunto de passos a serem seguidos para a efetivação da metodologia de roteirização do turismo. Em qual dos passos a forma de atuação se dá por realização de oficinas de planejamento; identificação da oferta potencial existente e das necessidades dos consumidores; análise das oportunidades de mercado; transformação das necessidades em produtos; determinação de estratégias para precificação do produto e para tornar o produto integrado competitivo; elaboração final do documento; e realização de encontros com a comunidade para validação? Assinale a alternativa correta: a. Passo 1 – Definição dos territórios envolvidos. b. Passo 2 – Instalação do comitê gestor do roteiro. c. Passo 3 – Realização do diagnóstico do roteiro. d. Passo 4 – Construção do planejamento estratégico. e. Passo 5 – Implantação do plano de ação. 5. Dezenove operadoras de turismo, estabelecidas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre, foram pesquisadas no Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Roteirização – 2ª edição (BRASIL, 2010b). Utilizou-se a técnica de entrevistas em profundidade junto aos responsáveis pelo desenvolvimento de produtos turísticos nacionais. Considerando os resultados dessa pesquisa, os quais são apresentados na unidade, analise as afirmações a seguir: I. As operadoras elaboram seus roteiros por meio de busca na internet (site da operadora, links patrocinados do Google, secretarias de turismo, Brasil Tour, Turismo em Números). II. As operadoras elaboram seus roteiros por meio de consulta a revistas (Viagem e Turismo, Próxima Viagem, Brasil Tour, Turismo em Números, Rotas). III. As operadoras elaboram seus roteiros por meio de participação em feiras e visitação local. 147 Assinale a alternativa correta: a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas I e III estão corretas. d. I, II e III estão corretas. e. Apenas III está correta. Referências BARBOSA, L. G. M. (org.). Estudo de competitividade de produtos turísticos. Brasília, DF: SEBRAE, 2011. BENI, M. C. (org.). Turismo: planejamento estratégico e capacidade de gestão – desenvolvi- mento regional, rede de produção e clusters. Barueri, SP: Manole, 2012. BRASIL. Programa de Regionalização do Turismo. Brasília, DF: Ministério do Turismo, 2013. BRASIL. Segmentação do Turismo e o Mercado. Brasília, DF: Ministério do Turismo, 2010a. BRASIL. Projeto Rede de Cooperação Técnica para a Roteirização – 2ª edição. Brasília, DF: Ministério do Turismo, 2010b.