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ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL E PROFISSIONAL

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Prévia do material em texto

Ética, Redes Sociais e Direitos Humanos
Ética e Cidadania
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
ANA LUCIA GUIMARÃES
AUTORIA
Ana Lucia Guimarães
Olá! Sou doutora em Ciências Humanas e tenho mais de 20 anos 
de atuação como professora na Educação Superior. Além disso, tenho 12 
anos de militância como dirigente sindical da causa dos professores, o que 
me agrega conhecimentos e experiências para ser autora desta disciplina. 
Portanto, atuar e defender a causa da educação laica, democrática e de 
qualidade é mais do que um princípio em minha formação e trajetória 
profissional, é um compromisso de ofício. Por isso, fui convidada pela 
Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou 
muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. 
Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Direitos Humanos ........................................................................................ 10
Conceituação e Princípios Dos Direitos Humanos ................................................. 10
Ação Comunitária e Participação Democrática ............................. 14
Ética, Direitos Humanos e Violência .................................................................................. 18
Cenário Atual e Tendências da Ética e da Cidadania ........................................... 21
Ética e Política ................................................................................................................23
Ética na Saúde ................................................................................................................24
Ética nas Redes Sociais ............................................................................26
Educação, Ética e Cidadania Hoje ........................................................ 31
7
UNIDADE
04
Ética e Cidadania
8
INTRODUÇÃO
Nesta unidade de ensino de nossa disciplina, aprenderemos sobre 
Direitos Humanos. Veremos o que são os direitos humanos, como o direito 
à vida, à educação, ao trabalho, à liberdade de opinião etc. Veremos que 
é possível construir nossa cidadania zelando pelos nossos direitos e de 
nossos vizinhos. Veremos, ainda, a responsabilidade de governos de 
garantirem esses direitos. 
Entenderemos que só é possível participar das decisões políticas 
de um país a partir do exercício da cidadania plena, ancorada na ética, se 
temos condições democráticas para essa participação. Enfim, faremos 
uma reflexão sobre ausência de direitos e perpetuação da violência para 
entendermos o que está acontecendo hoje com as práticas de ética e 
cidadania. Você também está curioso para debater esses temas? Vamos lá!
Ética e Cidadania
9
OBJETIVOS
Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é dar suporte a 
você no desenvolvimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Explicar o conceito e os princípios dos Direitos Humanos.
2. Relacionar ação comunitária com participação democrática.
3. Ponderar questões e situações ligadas a ética, direitos humanos 
e violência.
4. Identificar o cenário atual e as tendências da ética e cidadania. 
Então, preparado para conhecer os Direitos Humanos e sua relação 
com os conceitos de ética e cidadania? Seguimos juntos na aprendizagem 
desses importantes temas!
Ética e Cidadania
10
Direitos Humanos
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você deverá ter todo 
conhecimento sobre Direitos Humanos, princípios 
e relações com ações comunitárias de participação 
democrática. Deverá compreender que só é possível atuar 
de forma cidadã e ética se existem garantias de efetivação 
dos direitos que possuímos. Vamos lá! A aprendizagem e o 
debate nos esperam!
Conceituação e Princípios Dos Direitos 
Humanos
O conhecimento dos Direitos Humanos acende uma chama de 
luta social, coletiva e ao mesmo tempo individual. É importante destacar 
que os Direitos Humanos envolvem a proteção de nossa cidadania em 
nível mundial. Por isso, não podemos colaborar para que discriminações, 
intolerância e opressão aconteçam com qualquer indivíduo.
Mas o que são Direitos Humanos? Inicialmente, convém destacar 
que são a base de uma relação respeitosa entre iguais e diferentes no 
mundo social. Nossa Constituição de 1988, por exemplo, a Declaração 
Universal de Direitos Humanos de 1948, definida e divulgada pela ONU — 
Organização das Nações Unidas, já preconizava no art. 1º que: “[...] todos 
os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. 
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros 
em espírito de fraternidade”.
DEFINIÇÃO:
Direitos Humanos: são aqueles constituídos pelos direitos 
naturais, garantidos a todos os cidadãos e que devem ser 
estendidos a todos os indivíduos, sem distinção de gênero, 
classe social, posição política, etnia, religião ou nacionalidade.
Ética e Cidadania
11
Figura 1 - Dia Internacional dos Direitos Humanos — 10 de dezembro
Fonte: Freepik. 
Segundo Franzoi (2003), é no contexto pós-Segunda Guerra Mundial 
(1939-1945) que houve a publicação, em 10 de dezembro de 1948, da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU. O autor remonta 
que tal documento se fez necessário para que pudéssemos lembrar, 
combater e exterminar todo e qualquer ato de atrocidade, violência, 
semelhantes aos que aconteceram durante o conflito. Esse documento 
é o resultado das lutas por direitos historicamente constituídos e traz a 
perspectiva de igualdade e liberdade entre homens e mulheres. 
Mas é preciso compreender o significado desses direitos, no sentido 
de valorizar sua existência e aplicabilidade. Nesse sentido, para Piovesan 
(2005), a efetivação dos Direitos Humanos refere-se a uma aspiração e 
necessidade universal de reconhecermos a nós mesmos como seres 
humanos, únicos, que não são julgados pelas suas diferenças para 
acessar espaços e culturas. Tal movimento dá respeito à valorização da 
dignidade da pessoa humana.
Ética e Cidadania
12
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura do texto Ética e Direitos Humanos. 
Disponível aqui.
De maneira geral, devemos destacar que os três princípios 
fundamentais dos Direitos Humanos são: 
 • Inviolabilidade da pessoa - não sacrificar um indivíduo com o 
motivo de que será para o benefício de outro.
 • Autonomia da pessoa - assegura a liberdade de ação para 
qualquer indivíduo desde que este não prejudique outros.
 • Dignidade da pessoa - os indivíduos devem ser julgados e tratados 
conforme seus atos, unicamente.
Depreende-se que os Direitos Humanos são os direitos e a liberdade 
de todos os seres humanos. Assim, ressaltamos algumas característicasdesses direitos, sendo:
 • Universalidade – todo e qualquer ser humano é sujeito ativo desses 
direitos, independente de credo, raça, sexo, cor, nacionalidade e 
convicções.
 • Inviolabilidade – esses direitos não podem ser descumpridos por 
nenhuma pessoa ou autoridade.
 • Indisponibilidade – esses direitos não podem ser renunciados. 
Não cabe ao particular dispor dos direitos conforme a própria 
vontade, devem ser sempre seguidos.
 • Imprescritibilidade – eles não sofrem alterações com o decurso 
do tempo, pois têm caráter eterno.
 • Complementaridade – os direitos humanos devem ser 
interpretados em conjunto, não havendo hierarquia entre eles.
Ética e Cidadania
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832003000100015
13
SAIBA MAIS:
Esses conhecimentos são importantes, pois trazem 
reflexões sobre os direitos humanos. Recomendamos 
assistir ao vídeo: Direitos Humanos - Teoria Geral: Conceito 
e Premissas Filosóficas. Disponível aqui.
Em seguida, indicamos a leitura da Declaração Universal 
dos Direitos Humanos. Disponível aqui.
RESUMINDO:
Neste capítulo vimos o conceito de Direitos Humanos, 
bem como seus princípios fundamentais. Conhecemos a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos realizada pela 
ONU e vimos algumas características desses direitos.
Ética e Cidadania
https://www.youtube.com/watch?v=A7eTybbqFCc
https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf
14
Ação Comunitária e Participação 
Democrática
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você será capaz saber o que é 
comun idade e quais são os canais de participação pelos 
quais ela pode atuar na sociedade. Veremos também sobre 
ética, direitos humanos e violência e qual é o cenário atual 
e as tendências da ética e da cidadania, tanto na política 
como na saúde.
O ser humano imagina-se incluído em dois grupos societais: 
um deles mostra-se como alguém que sente a necessidade de ser 
conduzido, aceita e espera confortavelmente aquilo que o Estado oferece, 
como políticas públicas, ou decisões políticas, sociais e econômicas. O 
outro grupo busca constantemente a chama acesa do questionamento, 
da participação, da vontade de transformar e de estar construindo as 
decisões acima referidas.
Dessa forma, consideramos significativo destacar o conceito de 
comunidade para pensarmos seu papel no âmbito democrático.
DEFINIÇÃO:
Comunidade: sociologicamente é um grupo de indivíduos 
que além de possuírem a residência em comum do ponto 
de vista geográfico, compartilham cultura e tomam parte 
de uma história compartilhada, têm objetivos e metas 
comuns, partem das demandas comuns..
Ética e Cidadania
15
Figura 2 - Comunidade
Fonte: Freepik. 
Paul (1987) aponta que uma comunidade, para alcançar um 
excelente grau de participação em um projeto comunitário, por exemplo, 
deve se voltar aos seguintes objetivos:
 • Empoderamento — alto nível de consciência coletiva e de força 
política. O autor mostra que precisa de uma forte iniciativa com 
ações e organização que possam influenciar processos de 
mudanças. 
 • Capacity building — compartilhamento de tarefas relacionadas à 
administração do projeto de transformação. Também diz respeito 
a monitoramento e construção da sustentação do projeto.
 • Eficácia — quando o projeto caminha junto com as demandas da 
comunidade. Corresponde e atende essas demandas.
 • Eficiência — a procura de consenso com interação e cooperação 
para avanços e não atrasos. Cumprindo metas e prazos. Intensa 
participação comunitária.
 • Compartilhamento de custos — compartilhamento de gastos do 
projeto a ser desenvolvido, com a finalidade de baratear o projeto.
Quando falamos em ”democracia participativa”, estamos lidando 
com a situação de uma participação popular na tomada de decisões, 
sobretudo políticas. Esse conceito evoca a ideia de proporcionar a 
oportunidade de participação às pessoas, criando canais de debate que 
incentivem o pensar sobre questões políticas diretamente ligadas ao 
exercício de sua cidadania. 
Ética e Cidadania
16
Uma proposta de entendimento e clareza sobre a ideia de ação da 
comunidade em uma perspectiva democrática volta-se para a situação 
do conceito de gestão democrática presente nas escolas. 
Nascimento (2012) afirma que o trabalho em equipe voltado à 
qualidade de ensino é a grande base para uma gestão democrática e 
participativa nas escolas. Paro (2002) considera fundamental que a gestão 
escolar tenha a consciência de que precisa estar sujeita a mecanismos de 
controle e fiscalização pela própria comunidade na qual se insere. 
Fortalecendo essas ideias, Gadotti (1995) nos lembra que 
descentralização e autonomia devem andar lado a lado. A luta pela 
conquista da autonomia na escola é reflexo da luta na própria sociedade.
Assim, tal qual apresentamos aqui, é necessário que o entendimento 
da condução democrática esteja presente, favorecendo o estado de 
participação da comunidade. Na escola, bem como no Estado, uma gestão 
participativa e democrática deve envolver participação propriamente dita, 
descentralização e transparência. Sobre o cenário dessa concepção se 
realizar na escola, Freire (1995) mostra que a participação política das 
classes populares deve ocorrer por meio de seus representantes, seja na 
tomada de decisões, seja na definição de um projeto de ação.
Figura 3 - Gestão democrática
Fonte: Freepik.
Ética e Cidadania
17
É notável que tanto na escola quanto na sociedade são necessários 
canais democráticos que possibilitem a participação dos indivíduos no 
processo de tomada de decisões. 
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura do Texto: A gestão participativa na 
escola pública: tendências e perspectivas. Disponível aqui.
Para que a participação da comunidade aconteça de forma efetiva, 
é preciso também que ela conheça os canais que existem para sua 
atuação, que são:
 • Conselhos municipais – formulam, acompanham e avaliam as 
políticas públicas. Neles, qualquer cidadão pode participar, 
apresentar projetos e dar sua opinião.
 • Audiências públicas – são obrigatórias para a discussão da Lei de 
Diretrizes Orçamentárias (LDO) e podem ser requisitadas para o 
debate de problemas que afetem a cidade.
 • Ouvidoria Pública Municipal – Atende reclamações de problemas 
relacionados à Prefeitura.
 • Ação popular – permite que o cidadão proponha uma ação contra 
ato que lese o patrimônio público.
 • Iniciativa popular – com o aval de 5% dos eleitores do município, 
qualquer cidadão pode apresentar um projeto de lei na Câmara 
Municipal.
 • Representações – ao Ministério Público, possibilita a abertura 
de procedimentos de investigação de supostos atos irregulares 
praticados contra o interesse público. Caso seja ao Tribunal de 
Contas, o cidadão pode denunciar irregularidades ou ilegalidades 
na administração pública.
Ética e Cidadania
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/SU3onzBiYiLUhza_2013-6-28-15-24-32.pdf
18
Dessa forma, vemos que cada grupo representado nos diálogos 
recebe a oportunidade de apresentar suas ideias e prováveis soluções 
para os entraves. Isso supera, com certeza, o fato de ter uma visão 
unilateral, em que somente uma classe, ou grupo, toma decisões e 
avaliam ações, pois todos os níveis envolvidos podem contribuir para a 
melhoria da qualidade de vida no coletivo.
Ética, Direitos Humanos e Violência
A temática dos direitos humanos apresenta relevância na 
constituição da lógica jurídica do século XXI. Nesse sentido, mostra-se 
com traços do passado e uma perspectiva de futuro. Sobre os direitos 
humanos, vemos a necessidade de uma ampla análise histórico-filosófica, 
além de um grande conhecimento jurídico. 
A questão da violência está na ordem do dia. Como podemos nos 
posicionar do ponto de vista ético em relação às diferentes situações que 
saltam aos nossos olhos diariamente. Temos assistido a muitas cenas 
de desrespeito aosdireitos humanos. Muitas atitudes de violência e 
precarização da ordem social. 
Figura 4 - A questão da violência
Fonte: Freepik. 
Ética e Cidadania
19
Schilling (2007) destaca que a violência em nossa sociedade está 
presente desde a fala das pessoas no dia a dia, até mesmo na mídia e 
nos discursos políticos. Para a autora, existem diversos tipos de violência, 
desde a que acontece na família até a que configura a criminalidade. 
Violência física, psicológica, social e emocional. 
Nesse sentido, viver em um estado democrático de direito como 
o nosso é experimentar práticas de respeito às diferenças e direitos 
humanos. Tudo isso é muito significativo e completo na letra fria do papel, 
pois, na prática, assistimos a violência contra a mulher, violência contra 
o idoso, violência contra a orientação sexual, crimes de ódio, corrupção, 
violência policial, entre outras. 
DEFINIÇÃO:
Estado democrático de direito  é aquele em que os 
governantes seguem o que está previsto nas leis, isto é, 
deve ser respeitado e cumprido o que é definido pela lei.
Figura 5 - Estado democrático de direito
Fonte: Pixabay. 
Ética e Cidadania
20
Como entendemos a violência em relação aos Direitos Humanos? 
Vemos, por exemplo, que a educação é direito de todos e dever do 
Estado, tendo por princípios a igualdade de condições para o acesso e 
permanência na escola; a liberdade de aprender, de ensinar, pesquisar 
e ampliar o pensamento, a arte e o saber; o pluralismo de ideias e de 
vertentes pedagógicas; a coexistência de instituições públicas e privadas 
de ensino; a gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; a 
valorização dos profissionais do ensino; a gestão democrática do ensino 
público e a garantia do padrão de qualidade.
Nesse caso, a infração ao respeito dos direitos humanos está 
diretamente vinculada à impunidade. No Brasil, existe a Emenda 
Constitucional 45 de 2004, que federaliza crimes contra os Direitos 
Humanos. Assim, quando ocorre a violação a um direito humano, esta é 
logo transferida para o sistema de justiça nacional. Mas o ideal seria criar 
políticas públicas que se voltassem ao combate direto à violência. Como 
o Estado apresenta dificuldades nesse projeto, assistimos, na maioria das 
vezes, aos pobres sendo mais vitimados pela violência, pois, no fundo, 
há uma inércia para estabelecer punições, bem como a conivência com 
ações de violência física e simbólica.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura do texto: Cidadania e violência: 
um desafio para os direitos humanos. Disponível aqui.
No que tange ao campo da ética, vemos que ela e a violência 
caminham para lados diferentes. Já que violência remete a tudo o que 
age usando a força para ir contra a natureza de algum ser, esmagando-o, 
torturando-o, desorganizando-o. Nesse sentido, podemos afirmar que a 
sociedade aponta que uma atitude violenta em nada colabora para uma 
vida justa e solidária. Dessa forma, afirmamos que violência se opõe à 
ética porque não considera o respeito e o compromisso de manter a 
integridade física e moral dos indivíduos. 
Ética e Cidadania
http://www.esedh.pr.gov.br/arquivos/File/Cidadania.pdf
21
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura da reportagem: Pelo menos três 
mulheres são assassinadas, vítimas de feminicídio, todos os 
dias no Brasil. Disponível aqui.
Cenário Atual e Tendências da Ética e da 
Cidadania
A realidade social não está pré-concebida, e os indivíduos podem 
atuar sobre os processos coletivos. Assim, é possível que os homens 
criem e recriem novas propostas de convivência que esbarram em 
amplas discussões acerca dos conceitos de ética e cidadania. Sobretudo, 
as questões que envolvem os estudos de robótica, as investigações 
científicas sobre células-tronco, a própria possibilidade de instituição do 
poder de certos grupos e pessoas poderem deter o porte de arma. 
Assim, para Singer (2002), uma pessoa vive dentro de uma esfera 
do ético quando se preocupa com a justificativa de sua ação, já que só o 
fato da pessoa querer justificar, podendo estar certa ou errada, demonstra 
que há uma pauta ética.
Valls (2000) mostra que a moral está diretamente ligada às ações 
práticas dos seres humanos. Ele chama a atenção para o fenômeno 
da massificação e do autoritarismo dos meios de comunicação e das 
políticas, pois, segundo ele, os homens, mesmo cientes de seu papel 
fundamental como executores da moral, conseguem agir eticamente. 
Ele traz o questionamento de que até que ponto é possível o homem 
escolher entre o bem e o mal.
Ética e Cidadania
https://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2019/05/16/pelo-menos-tres-mulheres-sao-assassinadasvitimas-de-feminicidio-todos-os-dias-no-brasil.ghtml
22
Figura 6 - Ética na atualidade
Fonte: Pixabay. 
Em tempos atuais, a educação ocupa um lugar importante para a 
formação do cidadão participativo e solidário, consciente de seus deveres 
e direitos e sem falar em propostas de educação com direitos humanos. 
Dessa forma, pode-se construir a base para uma amplitude maior do 
que vem a ser uma educação democrática, apontando o caminho para a 
democracia como o regime da soberania popular, com pleno respeito aos 
direitos humanos.
No que se refere ao mundo do trabalho, por exemplo, Solomon 
(2006) destaca que o estudo da ética se faz primordial pelas infrações 
que aparecem em jornais no mundo dos negócios. Tal proposta deveria 
ocorrer a partir da compreensão profunda das experiências práticas.
Bauman (2011) também colabora com as reflexões entre a “Era 
da Ética”, típica da modernidade, e a “Era da Moral”, peculiar da pós-
modernidade. Ele apresenta a ideia de “ser junto com o outro”. A 
ética e a moral da pós-modernidade, para ele, relacionam-se com a 
responsabilidade moral incondicional que cada pessoa pode desenvolver 
por meio de suas atitudes ao “estar junto com o outro” na vida pregressa.
Ética e Cidadania
23
Segundo o autor, diferentes sujeitos devem ser capazes de decisões 
próprias sem serem coagidos por um sistema normativo. Eles constroem 
o senso de responsabilidade que os auxilia para lidar com situações que 
exigem consenso, instituindo a questão ética.
A moral, no olhar de Bauman (2011), consiste em categoria 
contingente e incontível. Para ele, a relação com o desconhecido traz a 
possibilidade de reconhecimento de uma humanidade. Vejamos algumas 
situações em que a ética e a cidadania aparecem, e os sujeitos devem 
usar esse senso de racionalidade.
Ética e Política
Um problema que tem incomodado muito a realidade social 
brasileira está relacionado com a questão da corrupção na política. Será 
que aqueles que são eleitos democraticamente, com o voto direto, com 
a perspectiva de representar a vontade geral e que governam voltados 
para seus interesses pessoais estão agindo de forma ética?  Há uma falta 
de ética no exercício da política no meio social? Como fica a questão da 
cidadania relacionada à questão ética em tempos atuais?
“O Analfabeto Político. O pior analfabeto é o analfabeto 
político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos 
acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, 
o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do 
sapato e do remédio, depende das decisões políticas. O 
analfabeto...” (Bertolt Brecht)
Para Bittar (2010), a questão ética presente no mundo das atividades 
políticas pode ser traduzida como a saúde político-institucional se 
traduz na saúde social, deve-se aceitar que a estrutura da éthos de 
uma sociedade fica, em grande parte, na dependência de ocorrências e 
atitudes políticas. 
Farah (2000) adverte que um agente público (o eleitor, mas sobretudo 
os eleitos) recebe esse impacto de corrupção do corruptor, torna-se um 
forte elo de captação de recursos pessoais para suas vaidades e fantasias 
próprias e de sua família, deixando de lado sua funçãopública.
Ética e Cidadania
24
Morin (2001) destaca que o ensino da ética é um dos saberes 
necessários à educação. Para ele, a reflexão no campo da ação do 
homem, em nível das decisões da ação moral dos indivíduos, deve ganhar 
espaço em diferentes níveis da educação.
A corrupção pode ser compreendida como um fenômeno social, 
ela consiste em um reflexo da cultura formada sem princípios éticos e 
valores morais. Trata-se de um fenômeno ético cultural. No Brasil, vemos 
que a raiz da corrupção é histórica e cultural. 
Ética na Saúde
O comportamento ético em atividades de saúde deve considerar 
um enfoque de responsabilidade social e também a expansão dos direitos 
da cidadania, pois sem cidadania, não há saúde.
A ética da responsabilidade e a bioética envolvem o cuidado do 
outro, portanto, compete ter consciência em desenvolver essa postura. 
Dessa forma, vemos que a ética deve reconhecer o valor de todos os 
seres vivos e encarar os humanos como um dos pontos que formam a 
base da vida. 
Clotet (2003) aponta que a bioética é uma ética aplicada que está 
preocupada com o uso adequado das novas tecnologias na área das 
ciências médicas e das soluções pertinentes aos dilemas morais que 
sejam apresentados.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura do texto: Princípios da bioética e o 
cuidado na enfermagem. Disponível aqui.
Ética e Cidadania
http://cifmp.ufpel.edu.br/anais/1/cdrom/mesas/mesa4/02.pdf
25
Figura 7 - Bioética
Fonte: Pixabay. 
RESUMINDO:
Neste capítulo, vimos como os direitos humanos são 
importantes, bem como seus princípios para a sua 
participação democrática na sociedade e que essas 
ações estão presentes em todos os âmbitos. Vimos que a 
questão da violência ocorre nas relações e em diferentes 
situações de desrespeito ao ser humano, por isso, é 
necessário ter amparo legal às vítimas. Assim, destacamos 
o quanto é possível que os homens se apropriem da ética 
e da cidadania para ter uma boa convivência na sociedade, 
pois, neste universo, a moral está relacionada com a 
racionalidade. Você percebeu o quanto a legislação dos 
direitos humanos é importante?
Ética e Cidadania
26
Ética nas Redes Sociais
OBJETIVO:
As redes sociais também têm se mostrado como um 
importante canal de informação e trocas comunicacionais. 
Ao mesmo tempo que informam, também desinformam. 
Relacionando com a questão ética, temos a grande 
dor de cabeça do momento, as chamadas fake news. 
Estas provocam desequilíbrio, afetações emocionais e 
transtornos, principalmente naqueles que são os alvos 
dessas notícias falsas. 
As fake news reforçam preconceitos, ódio contra indivíduos ou 
grupos sociais. Imaginem o impacto que a sociedade teve sobre a falsa 
notícia da existência de um “Kit Gay” imposto nas escolas. Essa ideia partiu 
de um projeto verdadeiro que fazia parte de um dos programas do Governo 
Federal, mas foi manipulada e disseminada totalmente desvirtuada, com 
a perspectiva de dizer que haveria uma suposta ideologia de gênero e 
sexualidade firmada para as escolas. A questão ética aparece fortemente 
no fato de que antes de compartilhar essas notícias que causam impacto, 
bem como todas as outras que compartilhamos ou postamos, é sempre 
preciso checar a veracidade da informação. 
Schudson (2017) afirma que a notícia falsa pode interferir no cotidiano 
do cidadão e das redações jornalísticas. Segundo ele, no jornalismo, por 
exemplo, é preciso ter responsabilidade com a questão da reprodução 
de notícias falsas, exageradas ou até mesmo corrompidas. Kunczik (2001) 
aplica o termo disfunção quando ocorre as notícias servirem de ameaça 
à estabilidade social. Pois, conforme Wolf (1987), a circulação de notícias 
falsas destrói a cidadania de forma severa. Ainda, em seu olhar, os meios 
de comunicação têm a função de trazer a possibilidade de alertar o 
cidadão e apresentar instrumentos para definição de ações diárias.
Ética e Cidadania
27
Como detectar notícias falsas, segundo Kieky e Robertson (2017):
 • Considere a fonte — veja se tem credibilidade.
 • Considere o autor — faça uma breve pesquisa sobre ele.
 • Confirme a data.
 • Fontes de apoio — encontre bases de informações; as fontes que 
se relacionam ou tratam do assunto — é preciso identificá-las.
 • Considere todos os lados — ser contra uma ideologia não quer 
dizer que a notícia é falsa.
 • Verifique se é piada — há sites que fazem piadinhas com 
determinados temas.
 • Leia mais — é preciso ler sobre o assunto. Quando você pesquisa 
e lê mais sobre um assunto, percebe se a informação a ser 
compartilhada tem ou não veracidade.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura do texto: O impacto das fake news 
e o fomento dos discursos de ódio na sociedade em rede: 
a contribuição da liberdade de expressão na consolidação 
democrática. Disponível aqui. 
Ética e Cidadania
http://coral.ufsm.br/congressodireito/anais/2017/1-12.pdf
28
Figura 8 - Fake news
Fonte: Freepik.
Enfim, a discussão sobre ética e cidadania, levando em consideração 
o que estamos vivendo em uma sociedade que precisa da convivência 
harmônica, é preciso haver compatibilidade entre o ideal da sociedade 
almejada e o estilo de vida construída, sem isso, não é possível pensar em 
uma sociedade ética como realidade.
Na atualidade, o sujeito que possui a cidadania é aquele detentor 
de direitos, mas também de deveres. Deve ter ciência de sua participação 
na sociedade e que precisa contribuir coletivamente. A cidadania deve 
perpassar interesse e participação, precisa haver interesse pelo bem 
comum. 
Ética e Cidadania
29
Uma outra perspectiva tem a ver com a sociedade de risco que 
estamos vivendo. Isso significa que, pensando sobre o crescimento da 
civilização tecnológica, vemos um número muito grande de difusão e 
proliferação dos riscos, que afetam as sociedades em conjunto, revelando 
a crise da sociedade industrial.
Para Giddens (1991), a sociedade moderna organiza-se levando 
em conta o distanciamento tempo–espaço, diferentemente das 
sociedades pré-modernas, nas quais as relações entre os indivíduos 
estavam construídas nas referências locais. Nesse caso, a explicação para 
situações e fenômenos que ali se processavam, eram situadas na lógica 
do conhecimento e interação cotidianos que, por sua vez, promoviam 
a organização social com base nas redes de confiança, depositada nos 
laços de parentesco e alianças. 
Caso qualquer coisa perturbasse o equilíbrio daquela ordem 
social, o grupo encontraria resolução para aquele problema, valorizando 
a confiança localizada. Já nas sociedades atuais, conforme deriva do 
pensamento de Giddens, estas constroem seu esquema de funcionamento 
e racionalização social fundamentadas em uma relação de confiança 
dos indivíduos em sistemas abstratos, fichas simbólicas, que podem 
ser entendidos como o progresso do conhecimento técnico e científico. 
Portanto, vivemos riscos de acreditar nos sistemas simbólicos, no virtual 
e, a partir dessas crenças, também construímos nossas posições éticas e 
cidadãs. 
Ética e Cidadania
30
Figura 9 - Sociedade e crenças nos sistemas simbólicos
Fonte: Freepik.
RESUMINDO:
Neste tópico, vimos como os direitos humanos são 
importantes e estão relacionados, também, com as redes 
sociais. Com o avanço da tecnologia, surgiram informações 
que não são verdadeiras e podem atingir as pessoas. Vimos 
que a sociedade moderna, apesar do distanciamento 
tempo–espaço, o crescimento da tecnologia pode 
trazer riscos. Assim, destacamos o quanto é importante 
desenvolver uma convivência harmônica, para viver em 
uma sociedade ética como realidade. Você percebeu o 
quanto é importante o sujeito ser o detentor de direitos?
Ética e Cidadania
31
Educação, Ética e Cidadania Hoje
OBJETIVO:
Compreender a criação de novos desenhos de sujeito 
pensante e participativo, em uma sociedade em que as 
tecnologiasda informação e das comunicações são cada 
vez mais reais e oferecem um mapa cognitivo das relações 
e saberes sociais que indicam o progresso da humanidade 
é fundamental para se estabelecer um diálogo entre 
indivíduo, cultura e educação.
No texto que segue, temos algumas reflexões importantes sobre 
ensinar a pensar para a vida. Tal reflexão traz em si a própria valorização 
da educação para o bem coletivo.
Para refletir:
Ensinar a pensar
Immanuel Kant
Espera-se que o professor desenvolva no seu aluno, em 
primeiro lugar, o homem de entendimento, depois, o 
homem de razão, e, finalmente, o homem de instrução. 
Este procedimento tem esta vantagem: mesmo que, como 
acontece habitualmente, o aluno nunca alcance a fase 
final, terá mesmo assim beneficiado da sua aprendizagem. 
Terá adquirido experiência e ter-se-á tornado mais 
inteligente, se não para a escola, pelo menos para a vida. 
Se invertermos este método, o aluno imita uma espécie 
de razão, ainda antes de o seu entendimento se ter 
desenvolvido. Terá uma ciência emprestada que usa não 
como algo que, por assim dizer, cresceu nele, mas como 
algo que lhe foi dependurado. A aptidão intelectual é tão 
infrutífera como sempre foi. Mas ao mesmo tempo foi 
corrompida num grau muitíssimo maior pela ilusão de 
sabedoria. É por esta razão que não é infrequente deparar-
se-nos homens de instrução (estritamente falando, pessoas 
que têm estudos) que mostram pouco entendimento. É 
por esta razão, também, que as academias enviam para 
Ética e Cidadania
32
o mundo mais pessoas com as suas cabeças cheias de 
inanidades do que qualquer outra instituição pública. 
[...]Em suma, o entendimento não deve aprender 
pensamentos, mas a pensar. Deve ser conduzido, se assim 
nós quisermos exprimir, mas não levado em ombros, de 
maneira a que no futuro seja capaz de caminhar por si, e 
sem tropeçar. 
A natureza peculiar da própria filosofia exige um método 
de ensino assim. Mas visto que a filosofia é, estritamente 
falando, uma ocupação apenas para aqueles que já 
atingiram a maturidade, não é de espantar que se levantem 
dificuldades quando se tenta adaptá-la às capacidades 
menos exercitadas dos jovens. O jovem que completou a 
sua instrução escolar habituou-se a aprender. Agora pensa 
que vai aprender filosofia. Mas isso é impossível, pois agora 
deve aprender a filosofar. [...] Para que pudesse aprender 
filosofia teria de começar por já haver uma filosofia. Teria 
de ser possível apresentar um livro e dizer: «Veja-se, aqui 
há sabedoria, aqui há conhecimento em que podemos 
confiar. Se aprenderem a entendê-lo e a compreendê-
lo, se fizerem dele as vossas fundações e se construírem 
com base nele daqui para a frente, serão filósofos». Até 
me mostrarem tal livro de filosofia, um livro a que eu 
possa apelar, [...] permito-me fazer o seguinte comentário: 
estaríamos a trair a confiança que o público nos dispensa 
se, em vez de alargar a capacidade de entendimento 
dos jovens entregues ao nosso cuidado e em vez de os 
educar de modo a que no futuro consigam adquirir uma 
perspectiva própria mais amadurecida, se em vez disso 
os enganássemos com uma filosofia alegadamente já 
acabada e cogitada por outras pessoas em seu benefício. 
Tal pretensão criaria a ilusão de ciência. Essa ilusão só 
em certos lugares e entre certas pessoas é aceite como 
moeda legítima. Contudo, em todos os outros lugares é 
rejeitada como moeda falsa. O método de instrução próprio 
da filosofia é zetético, como o disseram alguns filósofos da 
antiguidade (de zhtein). Por outras palavras, o método da 
filosofia é o método da investigação. Só quando a razão 
já adquiriu mais prática, e apenas em algumas áreas, é 
que este método se torna dogmático, isto é, decisivo. Por 
exemplo, o autor sobre o qual baseamos a nossa instrução 
não deve ser considerado o paradigma do juízo. Ao invés, 
deve ser encarado como uma ocasião para cada um de 
nós formar um juízo sobre ele, e até mesmo, na verdade, 
Ética e Cidadania
33
contra ele. O que o aluno realmente procura é proficiência 
no método de refletir e fazer inferências por si. E só essa 
proficiência lhe pode ser útil. Quanto ao conhecimento 
positivo que ele poderá talvez vir a adquirir ao mesmo 
tempo — isso terá de ser considerado uma consequência 
acidental. Para que a colheita de tal conhecimento seja 
abundante, basta que o aluno semeie em si as fecundas 
raízes deste método.
Immanuel Kant (Tradução de Desidério Murcho). 
Figura 10 - Educação, ética e sociedade
Fonte: Pixabay.
SAIBA MAIS:
Estes conhecimentos são importantes, pois trazem 
reflexões sobre educação, ética e cidadania na atualidade. 
Para aprofundamento, recomendamos assistir aos vídeos a 
seguir: 
A Fraude – o caso Bahrings (com Ewan Mc Gregor)
Ameaça virtual (Com Tim Robbins e Ryan Philiphe)
Com o dinheiro dos outros (Com Danny de Vito e Gregory 
Peck)
Erin Brockovich (Julia Roberts e Albert Finney)
Minority Report: a nova lei (Com Tom Cruise)
O Náufrago (Com Tom Hanks e Helen Hunt)
Ética e Cidadania
34
RESUMINDO:
Neste capítulo, vimos que existem situações e questões 
na atualidade que precisam estar pautadas pelo olhar da 
ética e da cidadania, afinal, ser cidadão é colaborar para a 
garantia de que o respeito e a preservação das relações 
sejam fundamentais. Vimos, ainda, que tanto na política 
quanto na saúde e nas trocas via redes sociais, é preciso 
ter compromisso com a moralidade das participações e 
atuações. Por fim, destacamos o papel que a educação tem 
na formação de indivíduos pensantes e responsáveis por 
suas ações no seio da sociedade. 
Ética e Cidadania
35
REFERÊNCIAS
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Tradução de Alexandre Werneck. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2011.
CLOTET, J. Bioética: uma aproximação. Porto Alegre: EDIPUCRS, 
2003
FARAH, E. Ética do Advogado: I e II Seminários de Ética Profissional 
da OAB/SP. São Paulo: LTR, 2000.
FRANZOI, J. G. A. Dos direitos humanos: breve abordagem sobre seu 
conceito, sua história, e sua proteção segundo a constituição brasileira de 
1988 e a nível internacional. Revista Jurídica CESUMAR, Maringá, v. 3, n. 1, 
p. 373-390, 2003.
FREIRE, P. A Educação na Cidade. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1995. p. 
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GADOTTI, M. A Autonomia como Estratégia da Qualidade de Ensino 
e a Nova Organização do Trabalho na Escola. Petrópolis: Vozes, 1995.
GIDDENS, A. As Consequências da Modernidade. São Paulo. Ed. 
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Comunicação. Edusp, 2001.
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Democrática pela qualidade de ensino. [S. l.: s. n.], 2012.
PARO, V. H. Administração Escolar: Introdução Crítica. São Paulo: 
Cortez, 2002.
PAUL, S. Community Participation in Development Projects - The 
World Bank Experience. World Bank Discussion Paper, Washington, n. 6, 
1987.
Ética e Cidadania
36
PIOVESAN, F. Ações afirmativas na perspectiva dos Direitos 
Humanos. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 35, n. 124, p. 43-55, jan./
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SCHILLING, F. Indisciplina, violência e o desfio dos direitos humanos 
nas escolas. In: MEC. Programa Ética e Cidadania. Brasília-DF: MEC, 2007.
SINGER, P. Ética prática. Trad. Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: 
Martins Fontes, 2002.
SOLOMON, R. C. Ética e excelência: cooperação e integridade nos 
negócios. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 2006.
VALLS, A. L. M. O que é ética. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 2000.
WALFORD, D.; MERBOTE, R. Anúncio do Programa do Semestre 
de Inverno de 1765-1766. Coletânea Theoretical Philosophy, 1755-1770. 
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WOLF, M.; FIGUEIREDO, M. J. V. Teorias da comunicação. Presença, 
1987.
Ética e Cidadania
História da ética
Apresentação
Seja bem-vindo!
Já dizia Edmund Burke: "Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la".Entender a História da Ética, asignifica conhecer a trajetória da sociedade, bem como a visão de 
seus principais filósofos. 
O reconhecer-se humano inserido em um espaço de tempo pode dar uma visão global do que 
significa a existência humana e, assim, transitar em tudo aquilo que se considera ético, sem 
depender de outras ferramentas.
Nesta Unidade de Aprendizagem, será revisado o conceito de ética no entremeio da história do 
Ocidente, fazendo uma construção linear dos fatos, observando os principais pensadores de cada 
período e seus ideias. Ainda, você fará algumas correlações entre eles e o mercado profissional 
atual.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer o significado de ética ao longo da História do Ocidente.•
Relacionar o pensamento dos principais pensadores com questões do âmbito profissional.•
Diferenciar os principais conceitos de ética construídos dentro do pensamento ocidental.•
Infográfico
No Infográfico a seguir, você verá algumas informações sobre as diversas etapas da História da 
Filosofia, que se confunde com a da ética, pois os valores e modelos mudavam conforme as teorias 
filosóficas, sociais e econômicas.
Com a descrição sucinta e acompanhada de momentos históricos, pode-se ter uma ideia de como 
pensavam os filósofos da época e como eles interferiam nas sociedades.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/5cabe110-c461-4959-b718-ba0f7641ffcb/58346012-336a-4c51-9b20-190afb0cac51.jpg
Conteúdo do livro
É imprescindível reconhecer os conceitos de ética no entremeio da História do Ocidente, a fim de 
construir uma linearidade de seus principais pensadores, na tentativa de fazer algumas correlações 
entre eles e o mercado profissional da atualidade.
No capítulo História da Ética, do livro Ética, você verá os principais tópicos sobre as sociedades 
ocidentais e como elas foram adaptando seus costumes e valores, elaborando um conjunto de 
regras a serem seguidas.
Boa leitura.
ÉTICA
Gisele Varani
Revisão técnica:
Wilian Junior Bonete
Graduado em História
Mestre em História Social 
Marcia Paul Waquil
Assistente Social
Mestre e Doutora em Educação
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147
E83 Ética [recurso eletrônico ] / Alessandro Lombardi
Crisostomo... et al.; [revisão técnica: Wilian Bonete, 
Marcia Paul Waquil]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.
ISBN 978-85-9502-455-7
1. Serviço social. 2. Ética. I. Crisostomo, Alessandro 
Lombardi.
CDU 177
História da ética
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer um conceito do que significou a ética no entremeio da 
história do Ocidente.
 � Relacionar o pensamento dos principais pensadores com questões 
relevantes, no âmbito profissional.
 � Diferenciar os principais conceitos de ética construídos dentro do 
pensamento ocidental.
Introdução
É imprescindível reconhecer o conceito do que significou a ética no 
entremeio da história do Ocidente, a fim de construir uma linearidade 
de seus principais pensadores, na tentativa de fazer algumas correlações 
entre eles e o mercado profissional da atualidade.
Neste capítulo, você conhecerá os principais tópicos sobre a história 
das sociedades ocidentais e como elas foram adaptando seus costumes 
e valores, fazendo com que elaborassem um conjunto de regras, sua 
ética.
As sociedades e a ética ao longo do tempo
Conhecer a história do pensamento humano, deslocada do tempo histórico, 
não dá a verdadeira extensão de todo o processo acontecido ao longo dos 
tempos. Na Grécia não foi diferente, pois os acontecimentos históricos 
burilaram as fases da construção da racionalização e serviram de base para 
todo o pensamento lógico a respeito da civilização humana ocidental. Atenas 
foi palco de muitas cenas relativas à introdução da ética e estudo das formas 
de vida em uma sociedade mais racional, humana e comprometida com o 
outro. 
Sobre o conceito de ética, diversos autores trazem o contexto de uma “[...] 
ciência normativa do comportamento humano com a tarefa de levar o indivíduo 
a fazer escolhas, traçar caminhos tendo em vista o bem, seja ele individual 
ou coletivo” (KARLA, 2011), o tão desejado bem comum, equilíbrio de uma 
comunidade. 
Essa construção de valores em relação à forma de agir e tomar decisões em 
sociedade, numa tentativa de evitar conflitos morais tendo como consequência 
a manutenção da ordem social e dignidade do comportamento humano, foi 
sendo realizada pelos moradores da comunidade ocidental e fez parte de um 
complexo movimento evolutivo, sendo retratado por pensadores na época e a 
aquiescência dos moradores ao longo dos tempos.
Esse processo ocorrido com a sociedade ocidental foi uma construção, 
porém você pode ter a curiosidade de imaginar quando começou, quem ori-
ginou as teorias, em que momento o homem parou para se preocupar ou 
debater questões conflitantes na busca de uma boa conduta, seja nas relações 
familiares ou comunitárias.
Os diferentes sistemas ou doutrinas morais oferecem uma orientação imediata 
e concreta para a vida moral das pessoas. As teorias éticas não pretendem res-
ponder à pergunta “o que devemos fazer?” ou “de que modo deveria organizar-
-se a sociedade“, mas refletem sobre “por que existe moral?” “Quais motivos 
justificam o uso de determinada concepção moral para orientar a vida?”. As 
teorias éticas querem dar conta do fenômeno moral. Existem diferentes leituras 
do fenômeno moral (CORTINA; MARTINEZ, 2005. p. 07).
A ética nasceu quando o homem começou a viver em sociedade, pois o seu 
comportamento (modus operandi), suas atitudes para com os outros, refletem 
ações baseadas numa ética do coletivo. Quando se compara o homem pré-
-histórico com o da atualidade, verifica-se todo um percurso de milhares de 
anos em que foi evoluindo de uma época em que a sobrevivência da espécie 
era a preocupação mais premente, ou seja, nossos ancestrais pré-históricos se 
detinham em técnicas como o fabrico de ferramentas, domínio do fogo e os 
ritos mágicos, tudo para se defender da temível natureza. Nessa época, agir 
eticamente de forma correta era a manutenção coletiva da vida, não dispunham 
de regras sobre como viver em comunidade. As ações eram construídas e 
praticadas conforme os desafios vinham surgindo (FERRÃO, 2015).
A humanidade foi numa crescente busca por uma ética social. A reflexão 
filosófica sobre a ciência da moral, comportamentos éticos, eram constantes 
em todas as sociedades e culturas. Os valores morais foram se organizando 
História da ética38
com bases e princípios com sua própria personalidade (um ethos próprio). O 
Estado, os grupos sociais ou religiosos eram orientados por uma conduta ética, 
advinda da moral da sociedade vigente, sempre na busca da legitimação de um 
melhor convívio entre os pares (SILVA, 2009, p. 1). A civilização grega inicia a 
era clássica do pensamento em todas as esferas: filosófica, matemática, política, 
dramatúrgica, artística e poética. O teatro surge como palco de interrogações 
em que as reflexões do cotidiano e o amor pela sabedoria começam e surgem 
pensamentos mais elaborados, os pensadores iniciam suas teorizações acerca 
da vida e suas escolhas de felicidade.
Para entender melhor o tema sobre a história da ética, leia a obra Convite à filosofia, 
de Marilena Chauí, que apresenta os pensamentos dos autores da antiguidade até a 
atualidade, em um texto linguagem coloquial.
A tragédia grega: ética na Idade Antiga e os detentores 
da sabedoria
Na era pré-socrática (século V a.C.) surge um movimento intelectual de um 
grupo de pensadores gregos que se consideravam mestres/sábios. Eles detinham 
o conhecimento, cobravam para ensinar a arte de convencer, expor, argumentar 
ou discutir velhas tradições/verdades e normas universalmente válidas.
A tragédia grega foi o primeirogênero teatral que surgiu na Grécia. [...] na 
tragédia os personagens não eram pessoas comuns, como apareceriam nas 
comédias [...]. As tragédias eram textos teatrais que apresentavam histórias 
trágicas e dramáticas derivadas das paixões humanas as quais envolveriam 
personagens nobres e heroicas: deuses, semideuses e heróis mitológicos. Todas 
elas possuíam uma característica comum: tensão permanente e o final infeliz 
e trágico. Segundo o filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) a tragédia 
era um gênero maior capaz de transmitir nas pessoas as sensações vividas 
pelas personagens. Esse processo, definido por ele como “catarse”, acontecia 
com o público que assistia à peça como forma de purificação e/ou purgação 
dos sentimentos. Em outras palavras, a catarse representava uma descarga de 
sentimentos e emoções provocados pela tragédia (TODA MATÉRIA, 2018, 
documento on-line).
39História da ética
Para compreender melhor a construção das teorias a respeito da ética no 
período da Antiguidade na Grécia, cabe trazer a contextualização histórica, 
pois nessa época a população grega tinha uma ligação muito próxima com a 
arte literária. O teatro, principalmente após o surgimento do gênero tragédia, 
serviu a interesses políticos dos governantes para doutrinar, educar, entreter 
e até mesmo formar o homem grego. Os setores dominantes se aproveitaram 
dessa forma de teatro, que originalmente foi dedicada ao deus Dionísio, e assim 
foi sendo formado um novo povo grego, menos religioso e mais politizado. 
A nova Atenas começando a democracia precisava de um novo grego, esse 
preparado para administrar a estrutura social vigente, e assim a tragédia servia 
ao seu expediente pedagógico (SOUZA; MELO, 2011).
O trio de ouro da filosofia: a ética da era do ser
Surge na Idade Antiga a fundamentação teórica com o objetivo de melhorar 
a convivência das pessoas e melhorar seu modo de vida. Essas teorias foram 
influenciadas pelos fatos históricos acontecidos e com o passar dos anos 
precisaram ser reformuladas. Nesse tempo acontece o questionamento por 
parte de pensadores gregos sobre as relações do homem com o mundo e a 
concretude da linguagem e pensamento ocidental (PENASSO, 2016). Vários 
filósofos fizeram parte desse estudo, dentre eles, destacaram-se:
 � Sócrates: “Uma vida sem busca não merece ser vivida” (REALE; 
ANTISERI, 2003). É considerado por muitos autores como o pioneiro 
na reflexão sistematizada, crítica sobre a ação humana e suas atitudes 
perante a si e ao próximo. Embora não tenha escrito nenhum livro, 
sua obra foi perpetuada por questionamentos acerca do que seria a 
virtude (areté), e a definia como a ação correta, meritória. Era o filósofo 
grego que se baseava no conhecimento, que concebia a virtude como 
modo de atingir a felicidade da alma. Para ele “a excelência humana 
se revela pela atitude de busca da verdade”, ou seja, as virtudes podem 
ser transmitidas e os vícios eram vistos como formas de ignorância. O 
diálogo e a introspecção – o conhecimento – seriam bases para a busca 
da verdade e quem agisse mal seria um ignorante. A busca da perfeição 
do bem seria o propósito de vida do homem. O filósofo acreditava numa 
perfeição nata no humano, não necessitando de nenhum aprimoramento, 
somente deixando-a florescer.
 � Platão: “Quem é capaz de ver o todo é filosofo; quem não, não” (REALE; 
ANTISERI, 2003). Discípulo de Sócrates, reelabora as teorias do mestre 
História da ética40
por meio do método da dialética, que consiste num diálogo e pautado 
pela busca da verdade, com a visão política do que entende por felici-
dade e convívio harmônico da sociedade. Iniciador do formato de uma 
nova educação para a Grécia, monta a Academia, local de estudos de 
matemática, filosofia, botânica, medicina e filosofia, e aceita mulheres 
também, o que era raro para a época. Para descrever o que acreditava, 
o pensador escreve o livro A República. Para ele o Estado perfeito é 
constituído por três funções determinadas, sendo os governantes os 
responsáveis pela administração, controle e organização da cidade; os 
militares seriam os defensores, os guardiões da cidade e por último os 
responsáveis pela produção, desenvolvimento das atividades econômicas 
seriam os camponeses e artesãos. Ao categorizar cada um dos respon-
sáveis por cada etapa da pólis (cidade grega), todos teriam uma ou mais 
virtudes acompanhando o trabalho, ou seja, a prudência e a sabedoria 
seriam virtudes dos governantes; os guardiões seriam regidos pela 
fortaleza ou coragem e os produtores pela moderação ou temperança. 
Era associado a cada um dos responsáveis dimensionar a capacidade 
de raciocinar com decisão e coragem mesmo quando em conflito entre 
os instintos e razão por meio da justiça. Platão acreditava na teoria de 
que o homem bom é um cidadão, ou seja, a vida moral está inserida na 
coletividade e a ética está ligada à organização política.
 � Aristóteles: foi discípulo de Platão, porém rompe com esses ensinamen-
tos e desenvolve o seu próprio sistema, rejeitando a teoria das ideias de 
Platão e o dualismo mais racional. Ele valorizava o saber empírico e a 
ciência natural, acreditava que exercitar a virtude seria uma forma de 
alcançar a felicidade, pois ela representava a razão e a verdade interliga-
das. Foi o primeiro filósofo que elaborou tratados falando basicamente 
em ética no livro A ética a Nicômaco, uma carta ao seu filho em que ele 
questiona o viver, sendo a felicidade uma autorrealização. Com isso, 
ele o significado de felicidade como um bem perfeito, sempre atrelada 
à compreensão dos conhecimentos, pois Aristóteles acreditava que a 
ética não poderia ser desvinculada da vida social, política e para isso 
as paixões seriam dominadas em detrimento dessa relação amável e 
satisfatória com o mundo natural. O filósofo acreditava que a virtude 
precisava ser desenvolvida, cultivada e com isso ele teria o poder da 
escolha de praticar boas ações. O hábito da escolha racional pelo bem 
traria a autonomia das atitudes positivas para a sociedade toda. Mar-
condes (2001, p. 40) relata que a visão do processo de conhecimento é 
mais linear do que a de Platão, pois ele entendeu o mesmo como uma 
41História da ética
progressão em que a análise fazia parte e, assim, a cada etapa vencida 
se chegaria à teoria, à ciência propriamente dita. Ele traçou uma sequên-
cia em que primeiramente teria uma sensação (aisthesis), memória 
(mnemósine), depois a experiência (empeiria), arte (técnica - téchne), 
resultando em teoria/ciência (episteme). 
Atenas em decadência política: a ética no período helenista
Todo o construto de abundância econômica, regime político e evolução da 
sociedade durante os séculos de grande império fez do homem grego um 
amante da liberdade, quando perguntava o conceito de felicidade a resposta 
era ser livre. A noção de autarcia (autárkheia = capacidade de bastar-se a si 
mesmo, de não depender dos outros) do cidadão grego, em que ele desfruta 
de liberdades de escolha no âmbito político, religioso e pode deslocar-se a 
qualquer parte do mundo conhecido, um cosmopolita. Surge então o conceito 
de helenismo (os gregos se autodenominavam helenos), em que a cultura é 
disseminada pelo mundo ocidental e se torna modelo para os romanos e demais 
povos. Porém, com as guerras entre Atenas e Esparta foi enfraquecendo o 
império e a Macedônia foi fortalecida. A cultura clássica grega foi sofrendo 
considerável modificação a partir do século IV a. C. até o século V d. C. e 
com isso o grego precisou se reinventar. Observe a seguir a trajetória histó-
rica do helenismo e seus representantes mais expressivos, além de algumas 
particularidades. Nesse período, quatro visões diferentes sobre a forma de 
viver o mundo grego foram criadas: o cinismo, o ceticismo, o hedonismo e 
o estoicismo (MARCONDES, 2001). Surgiram diversas teorias helenísticas e 
todas chegaram a um consenso de que a felicidade dependia da tranquilidade 
interior (AQUINO, 2012).
 � O cinismo: linha de pensamento lideradapelo filósofo Diógenes, 
demonstra que a natureza coloca à disposição tudo o que realmente 
seria necessário para a felicidade humana. Eles defendiam a abolição 
de todas as normas, como a liberdade sexual, e acreditavam que o 
Estado, as leis, o dinheiro, propriedade, o casamento, afastariam o 
homem da felicidade.
 � O ceticismo: Marcondes (2001, p.108) descreve como uma doutrina 
com vistas à busca da tranquilidade da alma, pois a principal tese é a 
de que para alcançar a tranquilidade é preciso controlar o desejo de ter 
certezas absolutas. Há a ideia de que o homem não possui a capacidade 
História da ética42
de alcançar certezas. Eles acreditavam em três princípios fundamentais 
para a tranquilidade, ou seja, havia uma busca do meio termo para 
a obtenção da imperturbabilidade (ataraxia) e posterior felicidade 
(eudaimonia): a apraxia (inação), a aphasia (ausência de discurso) e a 
apathia (insensibilidade frente ao prazer e à dor).
 � Epicurismo: escola fundada em Atenas por Epicuro (306 a.C.), 
valorizava a inteligência prática, considerava não existir conflito 
entre razão e paixão. O prazer (hedoné) era valorizado como natural, 
porém com moderação e austeridade. A ética epicurista é baseada 
na ideia de que o prazer é um bem a ser buscado pela ação virtuosa. 
Epicurismo é uma ética hedonista, isto é, uma explicação da moral 
como busca de felicidade entendida como prazer, como satisfação 
de caráter sensível. Para Epicuro, o sábio é aquele capaz de calcular 
corretamente quais atividades proporcionam maior prazer e me-
nor sofrimento. Trata-se de calcular a intensidade e a duração dos 
prazeres. Portanto, as duas condições para saber ser sábio e feliz 
são o prazer e o entendimento reflexivo para ponderar os prazeres 
(CORTINA; MARTINEZ, 2005). 
 � Estoicismo: considerada a mais universalista das escolas helenísticas 
e, ao contrário dos epicuristas, não concorda com a tese de que não se 
deve sentir dor, pois consideram essencial a compreensão de que há 
situações em que sentir dor é inevitável e nada controlável, pois não 
dependeria do sujeito e sim de algo maior, uma lei universal previdente. 
A filosofia estoica está embasada em duas hipóteses, uma em que tudo 
no universo seria dotado de razão e e outra em que não há nada no uni-
verso que não seja de matéria. O universo seria um grande organismo, 
com alma racional, ou seja, teria um sopro vital, uma razão cósmica, 
cuja ordem serviria de orientação para o comportamento humano. Foi 
baseada no Determinismo, que promove a aceitação de que todos os 
acontecimentos seriam guiados por um plano e uma razão superior. 
Esses estudos não ficaram só no plano filosófico, na área das ciências 
eles também influenciaram ao dizer que a matéria viva seria comandada 
por algo além de seu conjunto de células. A ética estoica considera sábio 
aquele que possui liberdade interior e tranquilidade em sociedade, 
pois acreditam que há uma razão universal para que tudo aconteça e 
deve se manter imperturbável. Para eles “[...] o bem supremo é viver 
de acordo com a natureza, sem se deixar levar por paixões ou afetos” 
(LAISSONE; AUGUSTO; MATIMBIRI, 2017, p. 15).
43História da ética
A Idade Média: Deus, Igreja e Bíblia no comando
A partir do século IV, a expansão do Império Romano, que anteriormente havia 
acolhido o modelo grego de governança, vai se modificando pelo surgimento 
do cristianismo e sua institucionalização como religião oficial do Estado. 
O ceticismo foi se exaurindo tomando lugar a religiosidade cristã na Idade 
Média. A civilização grega estava vivendo uma ruína econômica e política, 
resultando na hegemonia dos romanos e então a religião cristã se cristaliza 
como sustentáculo da sociedade da época. Os valores morais do cristianismo 
serão a base e parâmetro para a regulação da sociedade. Diferentemente 
do período grego, em que a referência de moral era a pólis (Aristóteles) ou 
o universo (estoicos e epicuristas), agora Deus assume a primazia e tudo é 
orientado para ele. Os processos da ética filosófica de Platão e Aristóteles 
sofrem um processo de cristianização pelos teólogos Agostinho e Tomás de 
Aquino. A partir de então, a plena realização assume outra forma de ser da 
vida cotidiana e assume outra ordem. Uma nova conceituação surge então 
por meio de três expoentes: estrutura do agir ético, estrutura da vida ética e 
a realização da vida ética (SILVA, 2009, p. 03).
“Ninguém pode atravessar o mar deste século se não for carregado pela 
cruz de Cristo.” Agostinho (REALE; ANTISERI, 2003, p, 84). A filosofia 
medieval levou aproximadamente dez séculos, pois iniciou no final do 
período helênico (entre os séculos IV e V) até o Renascimento e o início do 
pensamento moderno (final do século XV). Nesse período, as relações do 
homem são relacionadas às coisas de Deus, a salvação da humanidade é para 
o outro mundo, o Divino, e o todo poderoso é agora um ser mais próximo, 
onisciente e bom. Os mandamentos são retomados com mais rigor, neces-
sitando obediência e sujeição, tornando-se imperativos na ordem humana 
das sociedades. A essência da felicidade se torna a contemplação a Deus, 
o amor humano se subordina ao divino e o sobrenatural alcança a primazia 
sobre a ordem natural humana.
A diferença e separação entre infinito (Deus) e finito (homem, mundo), 
a diferença entre razão e fé (a primeira deve subordinar-se à segunda), a 
diferença e separação entre corpo (matéria) e alma (espírito), O Universo 
como uma hierarquia de seres, onde os superiores dominam e governam os 
inferiores (Deus, arcanjos, anjos, alma, corpo, animais, vegetais, minerais), 
a subordinação do poder temporal dos reis e barões ao poder espiritual 
de papas e bispos: eis os grandes temas da Filosofia medieval (CHAUÍ, 
2010, p. 54).
História da ética44
Laissone, Augusto e Matimbiri (2017) relata que nesses conflitos históricos 
acontecidos, com a religião se entremeando na política, o cristianismo se 
faz filosofia na Idade Média, a fé e o dogma são utilizados para esclarecer e 
justificar as questões que derivam do conhecimento humano e suas relações 
com o outro. A teologia assume um papel preponderante na época e a ética fica 
limitada à religião e seus dogmas cristãos. Os principais representantes desse 
período são Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1226-1274). 
Chauí (2010) infere que um dos temas mais constantes na ética da idade Média 
é prova da existência de Deus e da alma, ou seja, demonstrações racionais da 
existência do divino, do sobrenatural.
 � Agostinho de Hipona: bispo africano e filho de um soldado romano, 
acredita que a elevação até Deus que culminaria no êxtase místico que 
ele chama felicidade não pode ser adquirido neste mundo. Ele traz a o 
processo de contemplação como o mais adequado para uma vida plena 
e valoriza a experiência pessoal da interioridade, do subjetivo. Filósofo 
que revisita e se apropria dos conceitos neoplatônicos (uma releitura de 
Platão feita por Plotino e Porfírio, século VI) para ratificar a ideia do 
Deus único, sua fé e a subordinação do Estado e política pela autoridade 
da Igreja. Na verdade, Agostinho escreve sobre a supremacia da fé, 
revelada por Deus e que considera o ideal ético o da vida espiritual, uma 
vida de amor e fraternidade. Ele defendia que a filosofia antiga era uma 
preparação para esta que seria perfeita, pois a antiga preparava para a 
alma, mas de forma limitada pois não englobava a vida sobrenatural, 
do divino. Ele também reafirma que a moral deve ajudar uma pessoa a 
conseguir vida feliz, mas faltava aos filósofos anteriores o “encontro 
amoroso com o pai” (CORTINA; MARTINEZ, 2005). O catolicismo 
alterou profundamente o que se entendia por ética até então, há a divisão 
da felicidade conhecida anteriormente pela racionalização do mundo 
trazendo para a que só pode ser alcançada pela vontade de Deus. A 
máxima grega anterior ao cristianismo que era fazer ao outro o que 
queres para ti foi modificada e mesmo assim utilizada pelos cristãos, 
tendoo cuidado de escrever algumas novas práticas, tais como renunciar 
ao prazer e satisfação de qualquer espécie. O que antes fazia parte do 
comportamento moral e trazia o bem-estar tanto pessoal como coletivo 
na busca da perfeição, agora é tido como pecado da vaidade e o martírio 
(valorização da dor em nome da fé) era uma ferramenta utilizada para 
terminar com essa vida mundana (RAMOS, 2012).
45História da ética
 � Tomás de Aquino: assim como Agostinho, ele também fez uma releitura 
do pensamento grego (Aristotélico) e reafirmou a subordinação da razão 
pela fé, em que haveria um justo equilíbrio divino. Porém, diferente-
mente de Agostinho, ele acreditava que “[...] os princípios comuns da lei 
natural não podem ser aplicados do mesmo modo indiscriminadamente 
a todos os homens, devido à grande variedade de raças, costumes e 
assuntos humanos; por isto, existe a diversidade das leis positivas nos 
diversos povos” (RAMOS, 2012, p. 7). Tomás de Aquino foi considerado 
um gênio metafísico e um dos maiores pensadores de todas as épocas e 
acreditava que o “[...] homem é formado por uma natureza racional, uma 
natureza que tem a capacidade de conhecer e de escolher livremente e 
é nessa capacidade de escolha que está a raiz do mal, que é a ausência 
do bem” (MARCONATTO, 2018a, documento on-line).
Ética moderna: ruptura com a Igreja Católica e 
retomada da autonomia moral do indivíduo
Nos séculos XVI a XVIII a sociedade europeia ocidental sofre uma série de 
transformações, os feudos foram se organizando em Estados Nacionais (Ho-
landa, França, Inglaterra), ocorre a Revolução Francesa, Industrial, além do 
início do processo de ruptura entre Estado e Igreja Católica, enfraquecimento 
esse surgido pelo movimento protestante e a Reforma com Lutero. Com todas 
essas mudanças, o mundo ocidental já não tem as mesmas características, 
pois surgem novas relações capitalistas de produção e forças produtivas na 
ordem econômica, a ciência vai se constituindo com mais efetividade por meio 
de descobertas por cientistas como Copérnico, Galileu e Isaac Newton, por 
exemplo, e uma nova classe social, a burguesia, surge entre a realeza e a plebe. 
Todas essas alterações socioeconômicas vão produzindo uma nova ética para 
essa comunidade emergente. A busca da felicidade coletiva retoma o sentido 
grego de realização plena do cidadão vinculando-o à política, o Estado entra 
como um fomentador e garantidor de condições providenciando educação, 
direitos individuais, justiça e subsistência. A ética é novamente pensada para 
que o sujeito se aprimore por meios legítimos e os preceitos religiosos que na 
Idade Média pautavam toda a consciência moral perdem força no retorno da 
teoria da ética “universalizando e discutindo princípios de convivência em 
sociedade” (LAISSONE; AUGUSTO; MATIMBIRI, 2017, p. 17).
Góes (2014) relata que as teorias sobre a sociedade laica em que ser moral 
e ser religioso não são excludentes foram estudadas pelo jurista Marcílio de 
História da ética46
Pádua. Essa tese corroborou com o movimento Iluminista, que tinha em sua 
base a exaltação da natureza humana, o conhecer e o agir à luz da razão e, por 
isso, traz três justificativas para as normas morais da época que se baseariam 
em leis naturais, de interesse (teses empiristas que explicam a ação humana) 
e na própria razão (Kantiniana).
Já Borges Filho (2011, p. 12), em sua resenha em Filosofia moderna, de 
Marilena Chauí, infere que 
Os modernos, especialmente após Descartes, admitem que há apenas três 
substâncias: a extensão (que é a matéria dos corpos, regida pelo movimento e 
pelo repouso), o pensamento (que é a essência das ideias e constitui as almas) 
e o infinito (isto é, a substância divina). Essa alteração significa apenas o 
seguinte: uma substância se define pelo seu atributo principal que constitui 
sua essência (a extensão, isto é, a matéria como figura, grandeza, movimento e 
repouso; o pensamento, isto é, a ideia como inteligência e vontade; o infinito, 
isto é, Deus como causa infinita e incriada).
Mesmo que novas ideias tenham sido agregadas na sociedade moderna 
(nesse caso eurocentrista), o fato de aceitar que uma pessoa mesmo sem crer 
em Deus possa ter ética foi um avanço muito grande para os valores da Idade 
Média. O racionalismo cartesiano de Descartes e criticismo de Hume foram 
representações do reconhecimento dos princípios e valores da capacidade 
humana (FRITZEN, 2013). Para conhecer alguns pontos do pensamento des-
ses autores, vamos aos que, de alguma forma (mesmo não sendo da ética/
filosofia), pensaram sobre o comportamento humano da época. Foi um mo-
mento de retomada das atividades culturais, artísticas e sociais voltadas para 
o humano, principalmente na Europa pós Idade Média (Iluminismo) e com 
isso, as mudanças nos padrões de comportamento foram sentidas e trazidas 
à luz da filosofia. As ciências foram descortinando novos rumos ao homem 
e o individualismo foi se exacerbando. 
 � Descartes: embora ele não tenha concebido seus estudos para a ética, 
remete ao conceito de uma ética racionalista, uma dúvida sobre a na-
tureza humana, Deus e o universo. Ele entendia que o cidadão estava 
vinculado ao direito e às necessidades do Estado numa perspectiva de 
refletir e tomar decisões sob pena de entregar-se ao azar (RAMOS, 
2012). O chamado racionalismo cartesiano caracteriza-se pela razão 
como caminho para a verdade com método para distinguir e comparar 
com discernimento, é o início do método do saber científico. 
47História da ética
 � David Hume: esse filósofo escocês é conhecido por rejeitar todo sistema 
ético que não se baseie em fatos ou observações, um cético. Foi consi-
derado o fiel da balança entre as ideias dos pensadores da Antiguidade/
Idade Média e dos contemporâneos, porque dava ênfase da ética e a 
justiça serem úteis socialmente para adequação comportamental do 
homem. Ele introduziu a crítica nas discussões sobre o determinismo 
nas decisões humanas e a aplicação do bem à coletividade, pois para 
ele a única base para as ideias gerais seria a crença. Ele não acreditava 
em verdades absolutas, para ele “[...] recorrer à razão significa recusar 
a imposição religiosa” (FRITZEN, 2013). Já Cortina e Martínez (2005, 
p. 10), relatam que Hume delegava as funções morais a faculdades 
menos importantes do que a razão, pois para ele juízos morais não 
eram tão importantes como a razão. As ações morais eram orientadas 
pelos sentimentos, pelas paixões orientadas para atingir finalidades 
propostas pela racionalidade.
 � Baruch (Benedito) Espinosa: “Tudo aquilo que existe, existe em 
Deus, e nada pode existir ou ser concebido sem Deus” (GIOVANNI; 
ANTISERI, 2005, p. 20). Foi um filósofo holandês que discordou de 
algumas afirmações de Descartes e escreveu o livro Ética: demonstrada 
pelo método geométrico. Mesmo sendo comportamental a teoria, já 
no subtítulo traz à tona a preocupação com a racionalidade e o rigor, a 
necessidade da clareza com o poder argumentativo para o conhecimento 
humano. Marcondes (2012) infere que ele traz o conceito de Deus 
como um representante máximo da natureza em si, ou seja, só Deus 
pode satisfazer o humano perfeitamente, mas não numa ótica religiosa 
e sim metafísica, de maneira transcendental. Ele inicia uma reflexão 
que mais tarde virá a ser concebida como teísmo, ou seja, concepção 
filosófica e não religiosa de Deus. A razão continua como base para a 
concepção do modus operandi do homem, mas ela é demonstrada de 
maneira rigorosa, geométrica em que o bom e o mau seriam analisados 
conforme juízos racionais.
 � Thomas Hobbes: inglês, morreu em 1679, foi matemático, filósofo e 
teórico político (MENDES, 2018). Autor do livro Leviatã, em que expõe 
seus pensamentos sobre a necessidade de governos e sociedades e a 
natureza humana. Ele explana que embora os homens sejam diferentes, 
uns mais fortes e/ou inteligentes, nenhum se aventura a ficar muito 
acima dos outros por medo da exposição, de que lhe façam mal. 
 � Immanuel Kant: foi umfilósofo muito contundente na questão do tra-
tamento dos seres humanos, pois ele acreditava que o homem era o fim 
História da ética48
de tudo e nunca meio para satisfação de interesses. O dever era premissa 
básica para o homem chegar ao bem comum, pois ele dizia que: 
não existe bondade natural. Por natureza somos egoístas, ambiciosos, des-
trutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que nunca nos saciam e pelos 
quais matamos, mentimos, roubamos. É justamente por isso que precisamos 
do dever para nos tornarmos seres morais (CHAUÍ, 2010, p. 345).
 � Já Ferreira (2015) diz que o filósofo foi o maior expoente do iluminismo, 
informando ser autônoma a ação moral, pois segundo Kant o ser humano 
seria o único capaz de determinar sua conduta a partir de leis que o pró-
prio cidadão estabelece. Mesmo que eles contestem as leis, as atitudes, 
buscam valores comuns à humanidade, pois admitem as diferentes etnias, 
costumes dos povos. Ele traz três premissas e as chama de imperativo 
categórico, em que nós teríamos o dever de nos atermos a essas máximas 
para a correção de nossas ações e seguirmos a lei moral da sociedade.
A passagem da Idade Moderna para a contemporânea, sua cronologia, 
não é unanimidade entre os historiadores, porém, fica a certeza de uma 
época em que floresceu a forma de ciência que conhecemos atualmente 
e também houve a hegemonia europeia em que ela conheceu seus dias de 
glória, principalmente a França com arte e cultura. A partir de então ocorre 
uma modificação no poder e entra em cena o continente americano, princi-
palmente o norte-americano.
A ética na contemporaneidade: ela existe ou 
resiste?
Como a filosofia não tem a pretensão de seguir a cronicidade do tempo atual, 
muitos de seus pensadores retomaram antigas teorias e as reestudaram à luz dos 
novos tempos e surgiram muitas divisões. Assim, cada uma delas com seu grupo 
de filósofos unidos por afinidades refletindo essa gama da chamada “crise do 
homem contemporâneo”, pois essa crise se baseia nos contextos e acontecimentos 
da sociedade. Muitas revoluções aconteceram, tanto na área das ciências biológicas 
(origem das espécies de Darwin, física com Copérnico ou Einstein e sua teoria da 
relatividade, por exemplo), psicanalítica (a fundação da psicanálise por Sigmund 
Freud) e nas contradições desses novos tempos. O homem está mudando com todas 
essas transformações em sociedade e os teóricos das humanas se perguntam: será 
que é bom para o coletivo? (TODA MATÉRIA, 2018).
49História da ética
A partir do século XIX, após significativas transformações na sociedade 
ocidental, os pensadores começaram a formular novas teorias acerca da razão 
humana, destoando de Kant com sua moral formalista do dever e abstraindo 
mais para uma universalização, um sujeito transcendental (FRITZEN, 2013). 
Esses filósofos contemporâneos, iriam na direção contrária do que os gregos e 
os da Idade Média, que acreditavam que havia um senso moral inato que geraria 
uma decisão de foro íntimo e espiritual. Estes novos modelos de pensamento 
trazem em seu bojo a crença de que a formação do caráter e personalidade 
dependeriam de diversos determinantes e de suas tendências culturais, ou 
seja, os aspectos socioculturais seriam fatores importantes na construção das 
relações humanas (SANTOS; TEIXEIRA; SOUZA, 2017). 
O entusiasmo dos pensadores nesse finalzinho de século XIX, com as 
ciências e técnicas descobertas, em crer que o saber científico e a tecnologia 
poderiam controlar a sociedade, os indivíduos e a natureza sofre um esfriamento 
no século XX, após as sucessivas ocorrências destruidoras e desumanas. O 
otimismo anterior, de pensar na vida pelo lado melhor, de que havia uma lei 
que condicionava para o bem e não para o mal, tudo foi sendo arrefecido. 
El Aouar (2013, documento on-line), em seu artigo “Aspecto da filosofia 
contemporânea”, exemplifica o ocorrido: 
As duas guerras mundiais, o bombardeio de Hiroshima e Nagasaki, os campos 
de concentração nazistas, as guerras da Coréia, Vietnã, Oriente Médio, do 
Afeganistão, as invasões comunistas da Hungria e da Tchecoslováquia, as 
ditaduras sangrentas da América Latina, a devastação de mares, florestas e 
terras, a poluição do ar, os perigos cancerígenos de alimentos e remédios, o 
aumento de distúrbios e sofrimentos mentais, entre outros acontecimentos.
A partir de então os filósofos começam a repensar o comportamento humano 
em sociedade e a “[...] acreditar que as ciências e as técnicas descobertas pelos 
homens já não eram mais para o seu próprio bem, e sim para destruição dele” 
(EL AOUAR, 2013, documento on-line). 
O sistema filosófico de Hegel é o último grande sistema da tradição moderna. 
Hegel coloca a história no centro de seu sistema, mostrando que o modo de 
compreensão filosófico é necessariamente histórico. Critica a filosofia de 
Kant por não se perguntar nem pela origem nem pelo processo de formação 
da consciência subjetiva, considerada de um ponto de vista formal e abstrato. 
Questiona a dicotomia kantiana entre razão teórica e razão prática, defen-
dendo a unidade da razão. Em sua interpretação do processo de formação da 
consciência e da marcha do espírito até o saber absoluto, adota um método 
dialético (MARCONDES, 2005, p. 256).
História da ética50
Para tentar entender a diversidade, vamos conhecer alguns representantes 
da filosofia contemporânea
 � Friedich Hegel: Herrero (2004) relata que o filósofo alemão, em 
plena Revolução Francesa, explana sobre a realização política e a 
liberdade plena do homem; ele traz o conceito universal de que o 
homem tem direitos políticos e de liberdade simplesmente pelo fato 
de ser humano, sem a necessidade de criar rótulo ou classificação 
(vale pelo que é e não por de onde veio ou a que etnia pertence, traz 
o conceito de economia política). Ele aprofunda a relação homem-
-cultura-história, trazendo a ética para o centro das relações sociais. 
Ele acreditava que a harmonia entre os povos dependia da vontade 
subjetiva individual e a objetiva cultural, sempre a coletividade como 
reprodutora do conceito, ou seja, o homem sendo um sujeito histórico 
e social não poderia ser analisado individualmente, tendo à frente sua 
vontade política (“uma ação eticamente boa é politicamente boa”), o 
que contribuiria para o aumento da justiça social. O ideal ético dele 
estava em viver num Estado livre no qual a consciência moral e as leis 
de direito não estivessem separadas ou em contradição (SANTOS; 
TEIXEIRA; SOUZA, 2017).
Afinal, na ‘Gaia Ciência’, o ‘louco’ de Nietzsche fica perplexo menos com 
a morte de Deus do que com a ignorância dos que o mataram. Gott ist tot, 
‘Deus morreu’, e com que ligeireza e com que dar de ombros nós recebemos 
a terrível notícia e com que alívio nós nos desfazemos do jugo daquela antiga 
transcendência, daquele incomodo Absoluto: ‘agora poderemos fazer o que 
quisermos’, é o que nos insinua a nossa leviandade ‘pós-moderna’, pouco 
propensa a suportar a dor daquela nova verdade. Entramos, assim, na região 
sombria, mas não necessariamente tormentosa do niilismo ético (DRAWIN, 
1991, p. 2).
O niilismo é a crença de que todos os valores são sem fundamento e que nada pode 
ser conhecido ou comunicado. Muitas vezes é associado ao pessimismo extremo e a 
um ceticismo radical que condena a existência. Um verdadeiro niilista não acredita em 
nada, não tem lealdades, e sem nenhum outro propósito além de, talvez, um impulso 
para destruir (PRATT, 2018).
51História da ética
 � Nietzsche: filólogo formado pela Universidade de Bohn, na Alemanha, 
foi enorme influenciador da filosofia ocidental e da história intelectual. 
Ensaísta e crítico cultural, escrevia sobre moral, linguagem, estética, 
história, niilismo, poder, consciência e o real significado do homem 
na existência. Wilkerson escreve que para ser um humano exemplar é 
preciso elaborar sua própria identidade por meio da autorrealização sem 
depender de algo transcendental como Deus ou outra forma de crença 
que não a si mesmo.

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