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ESTÁGIO SUPERVISIONADO III FARMÁCIA UNIDADE I 2 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Edição, revisão e diagramação: Equipe de Desenvolvimento de Material Didático EaD ___________________________________________________________________________ Gonçales, Juliana. Estágio Supervisionado III - Farmácia: Unidade 1 - Recife: Grupo Ser Educacional, 2022. ___________________________________________________________________________ Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 3 Sumário PARA INÍCIO DE CONVERSA ............................................................................................................ 04 Condutas no Ambiente Laboratorial..................................................................................................05 Documentos necessários para a validação da nota......................................................................07 Frequência e Ficha de Avaliação.......................................................................................................07 Relatório ................................................................................................................................................ 08 Introdução..............................................................................................................................................09 Contextualização da instituição ....................................................................................................... 10 Objetivos e plano de atividades ........................................................................................................ 11 Atividades desenvolvidas ................................................................................................................... 11 Considerações finais ........................................................................................................................... 12 Referências ........................................................................................................................................... 12 Documentos .......................................................................................................................................... 12 DOS DEVERES DOS ALUNOS..............................................................................................................13 DOS DIREITOS DOS ALUNOS.............................................................................................................13 SETORIZAÇÃO DO LABORATÓRIO.....................................................................................................14 Recepção e triagem de amostras ..................................................................................................... 15 Hematologia .......................................................................................................................................... 16 Bioquímica ............................................................................................................................................ 17 Uroanálise ............................................................................................................................................. 19 Microbiologia........................................................................................................................................ 20 Parasitologia ......................................................................................................................................... 22 Imunologia............................................................................................................................................. 24 Banco de sangue ................................................................................................................................. 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................... 28 4 ESTÁGIO SUPERVISIONADO III - FARMÁCIA UNIDADE I PARA INÍCIO DE CONVERSA Olá, aluno (a)! Bem-vindos(as) ao primeiro guia da disciplina Estágio Supervisionado III de Farmácia. Neste guia iremos abordar os principais aspectos relacionados à importância do aproveitamento prático das atividades do estágio em laboratórios de análises clínicas. Para aumentar o seu conhecimento sobre o papel do estagiário no laboratório, recomendo o acesso aos materiais sugeridos no guia. Bons estudos! PALAVRAS DO PROFESSOR O estágio é uma modalidade de ensino que representa o período de tempo em que o aluno tem a oportunidade de desenvolver as habilidades práticas necessárias para exercer a profissão. A correlação entre a teoria e a prática garante o aumento da percepção dos estudantes em relação às condições do mercado de trabalho, espaços de atuação e afinidade com uma área específica. O principal objetivo desse período é possibilitar aos estudantes destaque no mercado de trabalho, pois é nesse ambiente que o aluno tem a oportunidade de criar boas relações com os profissionais já atuantes, aumentando a probabilidade de conquistar um vínculo empregatício após a conclusão do curso. Figura 1. Estágio e empregabilidade. Fonte:https://www.contabeis.com.br/noticias/43431/projeto-incentiva- contratacao-de-estagiarios-durante-pandemia/ 5 LEITURA COMPLEMENTAR O laboratório é um ambiente de atividades práticas que favorece a construção de uma identidade, responsabilidade e ética profissional. Na maioria dos casos, o período de estágio corresponde ao primeiro contato dos alunos com um ambiente profissional, o que pode levar ao aumento do nervosismo e ansiedade. Esse tipo de sentimento pode interferir na análise do relacionamento interpessoal dos estagiários, por parte dos supervisores. O artigo “Formação de estudantes da área de saúde: reflexões sobre a prática de estágio” propõe uma análise sobre a saúde mental do estudante de saúde durante o período de estágio, ao relacionar transtornos emocionais com o estresse do ambiente profissional, novas responsabilidades, relacionamento com os colegas de equipe e o medo de desconhecer as informações necessárias para realizar as práticas do dia a dia. Condutas no Ambiente Laboratorial A convivência com outros profissionais da saúde, a exposição constante a microrganismos, equipamentos, amostras biológicas, reagentes químicos, entre outros, tornam o ambiente de um laboratório de análises clínicas bastante adverso. Por isso, alguns conceitos de biossegurança devem ser revisados, visando tanto a proteção individual quanto a boa impressão gerada dentro do ambiente de trabalho. É importante se atentar às fontes de riscos presentes nos laboratórios, e utilizar os equipamentos necessários para garantir a sua proteção durante as atividades práticas. Figura 2 – Gestão de riscos. Fonte: https://ibapcursos.com.br/boas-praticas-em-laboratorios-de-analises-clinicas/ Link: https://bit.ly/3JrVgNM 6 É obrigação do estagiário utilizar e preservar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e os equipamentos que visam a proteção do ambiente de forma coletiva (EPC’s). O uso de protetores faciais, oculares e respiratórios, além do uso correto de luvas, jaleco e calçados adequados, reduzem drasticamente a possibilidade de acidentes de trabalho. As Boas Práticas Laboratoriais (BPL) são um conjunto de normas padronizadas, que buscam organizar e esquematizar todos os procedimentos técnicos, desde a execução dos procedimentos diagnósticos propriamente ditos, até os métodos de higiene pessoal e limpeza do ambiente. São normas que, quando devidamente aplicadas por uma boa gestão de qualidade,garantem o funcionamento adequado do laboratório, reduzindo falhas e acidentes durante a jornada de trabalho. LEITURA COMPLEMENTAR Conceitos de biossegurança e de Boas Práticas Laboratoriais devem ser revisados antes do início da jornada de estágio. Por isso, leia o “Manual de Biossegurança e Boas Práticas Laboratoriais” produzido pelo Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do Instituto do Coração. É um material dedicado à explicação rápida e resumida sobre os principais pontos relacionados a uma boa conduta profissional dentro de um laboratório. Link:https://genetica.incor.usp.br/wp-content/uploads/2014/12/Manual-de- biosseguran%C3%A7a-e-Boas-Pr%C3%A1ticas-Laboratoriais1.pdf Figura 3 – materiais de segurança no laboratório. Fonte:https://ibapcursos.com.br/boas-praticas-em-laboratorios-de-analises-clinicas/ 7 Documentos necessários para a validação da nota Frequência e ficha de avaliação São dois documentos que serão fornecidos ao aluno, e devem ser impressos e levados para a locação de estágio, onde deverão ser entregues ao preceptor em serviço no laboratório. A frequência é o documento que comprova o cumprimento da carga horária do estágio, devendo ser preenchida diariamente com os horários de entrada e saída da locação, e devidamente validadas pelas assinaturas do preceptor responsável e do aluno. A ficha de avaliação tem como objetivo ponderar sobre o desempenho do aluno durante o período de estágio, e por isso, deve ser preenchida e assinada pelo preceptor. A ficha possui diferentes aspectos de análise, que abrangem o cumprimento de prazos, desempenho teórico/prático durante a realização das atividades e o relacionamento criado dentro do ambiente de trabalho. O formato da ficha permite que o estagiário seja avaliado individualmente, em cada setor do laboratório, por diferentes profissionais que atuam no ambiente de trabalho. São informações que devem ser sinalizadas no relatório: • Caso a locação disponha de número limitado de preceptores em atividade, justificando o preenchimento das notas pelo mesmo preceptor em diferentes setores; • Se não for possível trabalhar com a rotina de um setor específico, e, se for o caso, relatar os motivos; • Se a locação possuir setores diferentes do que os descritos na ficha, e se for o caso, relatar quais são os setores. Durante a avaliação, o preceptor pode ter diferentes interpretações quanto ao desempenho dos estagiários, por exemplo: tanto o tópico de “iniciativa” quanto o de “interesse” se propõe de maneira geral a avaliar a proatividade. É importante se antecipar e se oferecer para realizar atividades e solucionar problemas recorrentes na rotina do laboratório. Uma boa relação interpessoal junto ao cumprimento correto da jornada de trabalho, também causam uma boa impressão entre os funcionários do laboratório. 8 Relatório É uma redação técnica solicitada pelo (a) professor (a) da disciplina de estágio supervisionado, voltada para a descrição das atividades realizadas durante esse período. Ao relatório, será atribuída uma nota que irá compor o cálculo da pontuação final da disciplina. Orientações gerais sobre a escrita do relatório O texto deve ser escrito com uma linguagem clara, fluida, apresentando coesão e coerência textuais e sempre redigido na terceira pessoa. É importante utilizar terminologias técnicas relacionadas à área de saúde, contribuindo para a evolução da escrita científica. Algumas regras de formatação de texto devem ser seguidas, como: • Uso de espaçamento simples. • Utilizar a fonte “Times New Roman” em tamanho 12. • Enumeração das páginas (Simples – Número sem Formatação 3) a partir da introdução, mas contabilizando com a capa. •Caso opte pela utilização de figuras, elas devem possuir uma legenda localizada de forma centralizada, acima da imagem e em tamanho 10. A legenda é precedida pela palavra “figura” e sua numeração correspondente, ambas em negrito. • Os tópicos e subtópicos do relatório devem ser enumerados (EX: 1 Hematologia; 1.1 Hemograma; 1.2 Leitura de lâminas) 9 Figura 4 – numeração de figuras e páginas. Fonte: https://www.sos.com.br/noticias/word/como-numerar-paginas-no-word Introdução A introdução do relatório deve ser escrita de forma sucinta, descrevendo as funções de um biomédico no laboratório de análises clínicas, a dinâmica da disciplina de Estágio Supervisionado III e a contribuição que a experiência como estagiário proporcionou para sua formação e construção profissional. 10 É necessário informar o período de duração do estágio, os setores vivenciados nesse intervalo de tempo e a dinâmica de rodízio entre eles. A introdução precisa cumprir os requisitos de objetividade e deve apresentar todos os tópicos solicitados, respeitando uma média de escrita que se restrinja a dois ou três parágrafos, desenvolvidos entre dez e trinta linhas. EXEMPLO “O presente relatório tem como finalidade apresentar as experiências vivenciadas nas primeiras horas do estágio curricular supervisionado III, realizado no período entre 18/09/2019 e 27/11/2019 no Laboratório HAPVIDA Parque Amorim Recife-PE. Relatando as atividades desenvolvidas nos setores de bioquímica, imunologia, parasitologia e uroanálise, havendo um tempo de duração de uma semana em cada setor.” Contextualização da instituição É o tópico utilizado para descrever a locação de estágio, sendo necessário apresentar brevemente a história da instituição, bem como a natureza do trabalho desempenhado por ela, abrangendo os tipos de exames realizados e o público que é atendido. Deve-se informar a data de início e finalização (ou prevista para finalizar) do estágio, a carga horária alcançada nesse intervalo de tempo e os dados referentes ao preceptor (a) / supervisor (a) do estágio, incluindo o nome, o cargo desempenhado no laboratório (biomédico, farmacêutico, gestor etc.) e sua titulação (especialista, mestre, doutor etc.), caso possua. EXEMPLO “O estágio se iniciou no dia 18/09/2019, com previsão para a finalização no dia 20/12/2019. Na data de entrega do presente relatório, foram cumpridas 236 horas. O preceptor geral do laboratório é o biomédico XXXXX, que é um dos analistas responsáveis pela análise e liberação de exames de hematologia, mas que ficou incumbido da supervisão geral de todos os estagiários.” 11 Objetivos e plano de atividades Tópico utilizado para descrever os objetivos gerais de cada setor escolhido. É recomendado que o plano de atividades seja feito no formato de tabela, subdividida de forma que seja possível descrever a atividade desenvolvida pelo estagiário, o período dedicado à realização das atividades e a metodologia utilizada. EXEMPLO Bioquímica Objetivos: Dosar enzimas e marcadores de função renal, hepática e cardíaca. Análise do lipidograma e glicose. Avaliar os gases distribuídos em amostra de sangue arterial, PH e equilíbrio ácido-básico. Identificar a presença de índices anormais de degradação e deposição de fibrina. Plano de atividades: Atividades desenvolvidas Parte do relatório dedicada a descrever os princípios das técnicas listadas no plano de atividades do tópico anterior. Deve-se incluir a informação sobre o nível de participação do estagiário na atividade (observacional ou prático). Sobre a descrição das técnicas: - Todas as metodologias listadas no plano de atividades devem ser descritas neste tópico. - Não é necessário apresentar o passo a passo do procedimento, apenas a explicação sobre o funcionamento do princípio da técnica. - Caso o nível de participação seja apenas observacional, relatar o motivo. 12 EXEMPLO Identificar depósito de fibrina O diagnóstico visa a identificação de dímeros D, que são produtos da degradação de fibrina e fibrinogênio, e tem valor clínico no acompanhamento de pacientes com predisposição à formação de processos tromboembólicos. A metodologia empregada é a imunoturbidimetria, que utiliza micropartículas de látex, revestida com anticorpos anti-D-dímeros. A formação dosimunocomplexos favorece o aumento da turvação do meio, que leva à diminuição da intensidade com que o feixe de luz atravessa a solução, sendo esse o parâmetro de análise. Houve participação prática. Considerações finais Neste tópico, o aluno deve desenvolver um texto simples, abordando suas próprias perspectivas sobre o período em que atuou como estagiário. É importante relatar como foi a receptividade dos profissionais do laboratório, e se houve disponibilidade e interesse por parte dos preceptores/supervisores em ensinar e acompanhar o estagiário em todas as atividades práticas propostas. Informar a relevância dos novos aprendizados para a formação profissional. Sugerir melhorias para a instituição, fazendo uma análise crítica sobre se os conhecimentos adquiridos ao longo do curso foram suficientes para realizar as atividades propostas no estágio. Referências A Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT) é uma entidade que se propõe a estruturar, através da criação de regras, não só produções acadêmicas, mas também de cunho tecnológico, comercial, industrial, de transporte, entre outros. Por isso, o tópico de referência do relatório tem como finalidade, apresentar a relação de obras que foram utilizadas como base para a sua escrita, devendo essa relação seguir as normas propostas pela ABNT, favorecendo a criação de um conteúdo de fácil entendimento, já que se trata de uma padronização conhecida dentro do meio acadêmico. Documentos Após a finalização das referências, o aluno deve anexar a ficha de avaliação e frequência no final do relatório. Os documentos não podem apresentar nenhum tipo de rasura e devem estar devidamente regulamentados, possuindo as assinaturas e carimbos do preceptor de estágio, chefe do laboratório e do próprio aluno. 13 DOS DEVERES DOS ALUNOS 1 - Se atentar para a integridade dos equipamentos e materiais fornecidos pela locação de estágio. 2 - Cumprir o prazo de atividades exigidas tanto na locação de estágio quanto na universidade. 3 - Caso a locação exija sigilo quanto a informações internas, é dever do aluno respeitar a decisão. 4 – Respeitar a privacidade do paciente, referente ao resultado de seus exames. 5 – Cumprir corretamente a carga horária exigida para a aprovação. 6 – Garantir a integridade dos documentos exigidos para a sua aprovação, evitando rasuras ou falsificações. 7 – Em caso de necessidade de troca de horário, entrar em acordo com o responsável do laboratório e informar previamente ao professor responsável pela disciplina. 8 – Realizar os procedimentos operacionais apenas sob supervisão adequada. 9 – Cumprir as normas impostas por cada locação (horários, vestimenta, funções). 10 – Se responsabilizar pela captação de sua vaga em caso de recusa à vaga proporcionada pela universidade. DOS DIREITOS DOS ALUNOS 1 – Informar aos professores e coordenadores responsáveis sobre problemas vivenciados na locação de estágio. 2 – Recusar-se a realizar os procedimentos propostos pela locação, em caso de falta de supervisão. 3 – Recusar-se a permanecer na locação após finalização da jornada de atividade. 4 – Fazer questionamentos caso não consiga entender o que está sendo explicado. 5 – Seguro contra acidentes de trabalho. VOCÊ SABIA? O crime de plágio é classificado como um crime de violação aos direitos autorais, e está previsto no artigo 184 da Lei N° 10.695, de 1° de julho de 2003. Plágios de obras intelectuais se configuram como crime contra direitos autorais, e a pena pode variar de detenção ao pagamento de multa. O plagiador também pode estar susceptível à desclassificação de concursos públicos, visto o costume de verificação de antecedentes criminais. 14 GUARDE ESSA IDEIA! Durante a jornada de atividades do estágio, procure se adaptar ao setor em que você está atuando. Revise antigos conceitos e estude novas informações sobre hematologia, bioquímica, microbiologia, uroanálise e outros, contribuindo para seu desempenho teórico/prático, e garantindo destaque entre os profissionais da locação, ao conseguir se antecipar e fornecer soluções para problemas rotineiros. Lembre-se de que o estágio é o período ideal para reaprender e pôr em prática todos os conhecimentos adquiridos ao longo do curso. Figura 5 – é importante fornecer soluções. Fonte: https://empregosemsergipe.com.br/dica-legal-seja-um-profissional- proativo/ SETORIZAÇÃO DO LABORATÓRIO A ambientação e arquitetura de um espaço destinado ao exercício da saúde deve obedecer a critérios fundamentais para garantir que todos os procedimentos sejam executados da melhor forma possível. A estrutura de um laboratório favorece a implantação de um fluxograma operacional, que visa esquematizar toda a rotina laboratorial, desde o recebimento das amostras até o momento de seu descarte, contribuindo para o conforto dos profissionais e a diminuição dos riscos de acidentes. A setorização é essencial, pois isola as particularidades e necessidades de cada setor em um espaço físico. Esse processo facilita o treinamento de funcionários quanto às especificações de cada setor, e a manutenção dos equipamentos e insumos. Vamos conhecê-los? 15 Recepção e triagem de amostras Ao entrar em um laboratório de análises clínicas, a recepção de amostras biológicas é normalmente o primeiro setor encontrado. O funcionamento da recepção depende de cada laboratório, alguns possuem sistemas automatizados que facilitam o recebimento das amostras, ao concluir o registro de entrada com um simples ato de leitura de código de barras, enquanto outros, com menos condições, possuem um sistema de registro manual, que inclui a conferência da ficha do paciente, a designação de um código individual para cada amostra (evitando a troca acidental) e o preenchimento de um livro, que garante que a amostra foi recebida e processada. Independentemente do nível de automação, o setor de recepção funciona para avaliar a integridade das amostras recebidas e distribuí-las corretamente para os respectivos setores que realizam os testes solicitados. Figura 6 – recepção de amostras. Fonte: http://biossegurancablog.blogspot.com/2011/01/recepcao-e-triagem-de- amostras.html 16 Figura 7- triagem de amostras. Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br/sab-therapeutics-desenvolve-soro-contra- covid-19-extraido-de-plasma-de-vacas/ Hematologia É o setor responsável pela análise completa do sangue, fracionado em análises individuais para o grupo dos eritrócitos, dos leucócitos e das plaquetas. O hemograma é o exame mais solicitado pelos médicos, e a obtenção desses resultados é feita por um equipamento automatizado. O contador Sysmex XN3000 (figura 8 – hematologia) é um exemplo entre os equipamentos que realizam a análise do sangue total dos pacientes, fornecendo as informações necessárias para a composição do eritrograma, leucograma e plaquetograma. A metodologia utilizada por esse equipamento é a citometria de fluxo, que realiza a contabilização e análise do tamanho e conteúdo interno das células, a partir da submissão da amostra a um fluxo contínuo, que é interceptado por um laser que promove a dispersão de luz, essa dispersão é captada e analisada por fotodetectores posicionados corretamente. Apesar de existir equipamentos automatizados para a confecção de lâminas hematológicas (figura 9 – hematologia), muitos laboratórios ainda fazem esse procedimento manualmente. As atividades práticas do setor de hematologia podem ser resumidas na confecção manual das lâminas, realização da coloração e a sua leitura com auxílio de microscópio. A leitura da lâmina tem como objetivos: observar a integridade dos componentes celulares e fazer a contagem de 100 leucócitos através de um contador de células manual (figura 10 – hematologia), para compor o laudo. 17 Figura 8 - Hematologia Fonte: Failace, 2015 Figura 9 – Hematologia Figura 10 – Hematologia Fonte: Melo et al., 2019Fonte: http://www.kacil.com.br/br/produtos/20 OBS: Todos os equipamentos presentes no guia são utilizados como exemplos, lembre- se de que cada laboratório pode optar por outras marcas que possuam metodologias diferentes. É preciso se adaptar aos equipamentos presentes no seu local de trabalho. Bioquímica Por conta da precisão necessária para os resultados, a bioquímica é um dos setores com maior investimento em avanços de automação do laboratório de análises clínicas. É o setor responsável pela investigação de alterações metabólicas no organismo e avaliação de função de diferentes órgãos, e, por isso, apresentam equipamentos capazes de realizar uma grande variedade de testes, utilizando diferentes metodologias. Por exemplo, o AU680 (figura 11 – bioquímica) é um equipamento que utiliza a espectrofotometria e potenciometria como metodologias de análise e possui capacidade para 150 amostras, com carregamento contínuo. Os principais testes realizados na rotina do setor de bioquímica são glicose, lipidograma (colesterol total/ frações e triglicerídeos), eletrólitos (sódio, cálcio, potássio), marcadores de função hepática (TGO e TGP), marcadores de função renal (ureia e creatinina), entre outros. 18 É no setor de bioquímica que normalmente se encontram os equipamentos responsáveis pelos exames de gasometria (figura 12 – bioquímica) e D-dímero (figura 13 – bioquímica). A gasometria é um exame que avalia disfunções respiratórias relacionadas à troca de gases, e determina (a partir dos parâmetros de potencial hidrogeniônico, pressão parcial de oxigênio, pressão parcial de gás carbônico, concentração de bicarbonato e saturação de oxigênio) se o organismo se encontra em um quadro de acidose/alcalose respiratória/metabólica. Enquanto o D-dímero é um teste utilizado para diagnóstico de trombose venosa profunda, tromboembolismo pulmonar, recentemente recomendado para a avaliação de pacientes com COVID-19, entre outros. Figura 11 - Bioquímica Fonte: https://arcscientific.com/product/beckman-coulter-au680-chemistry- analyzer/ Figura 12 - Bioquímica Fonte: https://www.siemens-healthineers.com/br/point-of-care/blood-gas/ rapidpoint-500-systems 19 Figura 13 - Bioquímica Fonte: http://masterdiagnostica.com.br/produto/alere-triage-meterpro Uroanálise Como o próprio nome sugere, o setor de uroanálise é responsável pela análise das amostras de urina. O sumário de urina é um dos exames mais solicitados pelos médicos, pois fornece dados analíticos que servem como base para a investigação de diferentes tipos de doenças, como patologias renais, possíveis infecções fúngicas/ bacterianas e distúrbios metabólicos. Durante a rotina, as urinas são analisadas a partir de suas características físicas, químicas e microscópicas. A execução do exame físico da urina está relacionada principalmente às suas características visuais (cor e aspecto). O exame químico é feito a partir da análise da tira reagente, que fornece as concentrações de diferentes analitos de interesse clínico, enquanto a sedimentoscopia se baseia na visualização de estruturas microscópicas que podem estar presentes na urina em determinadas patologias. Por apresentar uma prática relativamente simples, alguns laboratórios ainda são adeptos à análise manual de urina, mas a grande demanda de amostras tornou necessária a implantação de sistemas automatizados, que hoje são a realidade na maioria dos laboratórios. Na figura 14 de uroanálise, pode ser observado um exemplo de analisador químico automático de urina (LabUMat 2) utilizado em conjunto com um analisador automático de sedimento urinário (UriSed 3). Esses equipamentos são de fácil manuseio, e otimizam o tempo de duração da rotina. Realizam todas as funções necessárias para uma análise completa da urina, como a leitura do exame físico, a distribuição das amostras nas fitas reagentes por pipetagem automática e a execução da leitura da fita por alteração de padrão de cor. Esses equipamentos conseguem, ainda, confeccionar a lâmina e fornecer imagens da amostra ao analista, ao mesmo tempo em que sugere quais são as estruturas que estão sendo visualizadas. 20 Figura 14 - Uroanálise Fonte: https://en.e77.hu/products/urine-analyzers/labumat-2-urised-3-pro Microbiologia Esse setor é responsável pela investigação do patógeno responsável por infecções bacterianas e fúngicas. É um setor que se encaminha para um processo de automação, mas que atualmente ainda apresenta diversos procedimentos manuais, como o semeio em meios de cultura e a confecção e coloração de lâminas. É responsável pela identificação do microrganismo, seu isolamento e testes bioquímicos que definem a espécie, bem como testes de sensibilidade que conduzem o tratamento dos pacientes. É um setor que trabalha com diversos tipos de amostras biológicas (escarro, urina, sangue, esperma, fezes, líquidos corporais, ponta de cateter, secreção vaginal, entre outras), que são solicitadas a partir da suspeita clínica de infecção no local. O primeiro passo para a identificação do microrganismo, em alguns casos, é a determinação de sua morfologia, feita a partir da técnica de coloração de Gram (figura 15 – microbiologia). A análise da lâmina corada por Gram ajuda na identificação de estruturas como os estreptococos, estafilococos, bacilos, leveduras, e definem suas características de membrana, classificadas a partir da cor que assumem após o procedimento de coloração, em Gram positivas ou Gram negativas. Outro passo importante para a identificação do patógeno é o seu isolamento em meio de cultura. Os diferentes meios de culturas, além fornecer os nutrientes necessários para o crescimento dos microrganismos, podem promover uma visualização diferencial entre as colônias (figura 16 – microbiologia). Algumas amostras podem conter outros tipos de microrganismos, além daquele que está causando a infecção, o que torna extremamente necessário o manejo correto dos procedimentos de isolamento em meios de cultura, para garantir a obtenção de uma colônia pura, que será utilizada nos testes seguintes. Após o isolamento, a determinação da espécie do microrganismo é feita a partir de padrões de reação positiva e negativa entre os testes bioquímicos. Além disso, testes de sensibilidade aos antibióticos (principalmente o antibiograma) determinam qual será a conduta terapêutica do paciente. 21 O BD PhoenixTM é um exemplo de equipamento automatizado utilizado na microbiologia. O equipamento fornece dois tipos de painéis de testes, um é destinado à identificação da espécie, e por isso é composto basicamente por cavidades que contêm substratos bioquímicos, onde acontecem as reações. O outro painel é utilizado para realizar os testes de sensibilidade a antibióticos, e por isso é inteiramente composto por cavidades que contém antibióticos desidratados. O sistema do equipamento reconhece as reações pelas alterações colorimétricas que acontecem dentro das cavidades. Figura 15 - Microbiologia Fonte: https://www.tecnicoemenfermagem.net.br/bacterias-gram- positivas/ Figura 16 - Microbiologia Fonte: https://www.microbiologyinpictures.com/bacteria-photos/ staphylococcus-aureus-photos/s_aureus_pigment.html 22 Figura 17 - Microbiologia Fonte: https://www.bd.com/pt-br/our-products/diagnostics-systems/ identification-and-susceptibility-testing/phoenix- VOCÊ SABIA? Julius Richard Petri foi um bacteriologista alemão e pesquisador de doenças infecciosas que revolucionou o cultivo de bactérias com a invenção das placas de Petri, as quais possibilitaram grande evolução nos métodos de isolamento bacteriano e visualização das culturas. Coincidentemente, Petri desenvolveu a sua invenção enquanto trabalhava como assistente de outro grande bacteriologista, Robert Koch. Parasitologia A parasitologia é uma ciência que estuda a relação do hospedeiro com protozoários, helmintos e ectoparasitas. O setor de parasitologia é um dos poucos que são desprovidos de automação, e existem laboratóriosde referência, que possuem em sua rotina diferentes metodologias manuais utilizadas nos diagnósticos de infecções parasitárias. Porém, a maioria dos laboratórios de análises clínicas utilizam o método de Hoffman (figura 18 – parasitologia) como padrão diagnóstico. O método se baseia na sedimentação espontânea das fezes previamente diluídas, para posterior confecção da lâmina parasitológica utilizando o sedimento formado e lugol (figura 19 – parasitologia), e visualização das estruturas com auxílio do microscópio. Também é responsabilidade do setor a pesquisa de substâncias redutoras das fezes e pesquisa de infecção por rotavírus. Como as doenças parasitárias estão diretamente relacionadas às condições sociais, o padrão de estruturas visualizadas pode variar dependendo da população atendida. Laboratórios públicos que atendem pacientes que vivem em condições sociais baixas costumam apresentar uma maior variedade de alterações que os laboratórios particulares. 23 Figura 18 - Parasitologia Fonte: https://www.tiraojaleco.com.br/2018/10/metodo-de-hoffman- sedimentacao.html Figura 19 - Parasitologia Fonte: https://centraldobiomedicocom.wordpress.com/category/ parasitologia/ 24 Imunologia O setor de imunologia do laboratório de análises clínicas é responsável pelos testes sorológicos, que se baseiam na pesquisa de anticorpos (IgG e IgM), que são importantes para avaliar qual a infecção e o tipo de resposta imunológica que o paciente apresenta. Os métodos diagnósticos normalmente utilizados são automatizados, mas com prática frequente de imunocromatografia (testes rápidos). O Alinity I (figura 20 – imunologia) é um equipamento que utiliza a metodologia de quimioluminescência, para realizar uma ampla variedade de testes sorológicos, como a detecção de anticorpos para HIV, citomegalovírus, toxoplasmose, rubéola, hepatites, recentemente atualizado para SARS-Cov-2, entre outros. É no setor de imunologia que, normalmente, são realizadas as dosagens de concentrações hormonais e de marcadores de câncer, também por metodologia automatizada e imunocromatografia. A dosagem de hormônios relacionados à gravidez e fertilidade compõe grande parte da rotina, como o ßhCG, estradiol, progesterona, testosterona, prolactina, entre outros. Existem laboratórios de referência que podem apresentar em sua rotina metodologias mais complexas e com etapas de procedimento manual, como o ELISA, imunofluorescência, VDRL, entre outros. Figura 20 - Imunologia Fonte: https://www.labnetwork.com.br/noticias/abbott-lanca-segundo- teste-laboratorial-de-anticorpos-para-covid-19-no-brasil/ VOCÊ SABIA? A espécie Xenopus laevis (rã-de-unhas-africana) já foi utilizada como método de diagnóstico para determinação de gravidez. O zoólogo Lancelot Hogben costumava injetar hormônios em diferentes animais para observar a sua reação. Em um de seus experimentos, descobriu que injetar urina de mulheres grávidas nas rãs fêmeas resultava na estimulação de produção de ovos. O estímulo era consequência das altas 25 concentrações de gonadotrofina cariônica humana (hCG) na urina das mulheres, e o diagnóstico era feito a partir da observação da produção de ovos. Figura 21 - Xenopus Laevis - Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-48428055 Banco de sangue O setor de banco de sangue normalmente está presente em grandes hospitais, e muitas vezes separado do laboratório de análises clínicas. É responsável pela preparação das bolsas de sangue e realização dos testes necessários antes do momento da transfusão. O preparo do sangue coletado consiste primeiramente na triagem para doenças infecciosas que podem ser transmitidas por contato com sangue contaminado (HIV, hepatites B e C, sífilis, doença de Chagas, HTLV), e a obtenção dos hemocomponentes (concentrado de hemácias, de plaquetas, plasma fresco, plasma congelado, entre outros) e dos hemoderivados (albumina, globulinas e fatores de coagulação). Em laboratórios de análises clínicas, o sangue do paciente pode ser submetido a diversos testes com procedimentos manuais, como: tipagem sanguínea ABO, que pode ser realizada em tubo, lâmina ou no gel de centrifugação (figura 22 – banco de sangue), o Coombs direto, que tem o objetivo de detectar componentes do complemento ou anticorpos fixados nos eritrócitos, a pesquisa de anticorpos irregulares (PAI), também conhecida como Coombs indireto, que possui a finalidade de pesquisar anticorpos irregulares e as provas cruzadas, importantes para confirmar a confiabilidade dos testes de tipagem ABO e PAI. 26 DESCARTE DE AMOSTRAS Durante a rotina de trabalho, os profissionais do laboratório devem se atentar às formas de descarte dos materiais utilizados no laboratório. Existem três principais formas de descarte: • Descarpack: é uma caixa de papelão amarela destinada ao descarte de materiais classificados como perfurocortantes (agulhas, lâminas, bisturis, ampolas, entre outros). • Saco branco: os recipientes que possuem saco branco são destinados ao descarte de lixo classificados como biológicos (tubos de amostra, luvas, algodão, kits de testes, entre outros). • Saco preto: os recipientes que possuem saco preto são destinados ao descarte de lixo comum (não biológico). Figura 22 – Banco de sangue 27 Figura 23 – sacos de descarte. Fonte: https://www.crsresiduos.com.br/blank-cysn GUARDE ESSA IDEIA! Os meios de automação laboratorial já são uma realidade na maioria dos laboratórios funcionantes e tendem a permanecer em constante evolução, aumentando a eficácia e demanda dos testes. Apesar disso, é interessante conhecer os fundamentos dos métodos manuais, já que existe a possibilidade de surgirem oportunidades de trabalho em laboratórios de baixa renda. PALAVRAS FINAIS Concluímos o nosso primeiro guia de estudos da disciplina de estágio supervisionado III. A partir dos conteúdos abordados, você teve a oportunidade de reafirmar fundamentos já conhecidos ao longo do curso e adquirir novos conhecimentos que contribuirão para sua caminhada para se tornar um exímio profissional e a oportunidade de se familiarizar com uma rotina laboratorial e as principais atividades realizadas pelos setores que a compõem. Você aprendeu até aqui conceitos necessários para garantir um ótimo desempenho no estágio, mas vale ressaltar a importância de consultar outras fontes, para ampliar seus conhecimentos. No próximo guia da disciplina, você será introduzido aos aspectos bioquímicos nos diagnósticos das doenças. Não se esqueça de que o tutor estará disponível para tirar suas dúvidas e fique de olho na data da webconferência desta disciplina, assim poderá esclarecer suas dúvidas com o professor. Até logo, bons estudos! Vejo você no próximo guia! 28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BD PhoenixTM: Automação para identificação bacteriana e teste de sensibilidade a antimicrobianos, 2020. Disponível em: < https://www.bd.com/pt-br/our-products/ diagnostics-systems/identification-and-susceptibility-testing/phoenix->. FAILACE, R; FERNANDES, F. Hemograma: manual de interpretação. 6. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. LabUMat 2 & Urised 3 Pro. 77 Elektronika, 2020. Disponível em: < https://en.e77.hu/ products/urine-analyzers/labumat-2-urised-3-pro>. MOLINARO, E.M; CAPUTO, L.F.G; AMENDOEIRA M.R.R. Conceitos e métodos para formação de profissionais em laboratórios de saúde. 1. Ed. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fundação Oswaldo Cruz, 2009. 290 p. RIGOBELLO, J.L; BERNARDES, A; MOURA, A.A, et al. Estágio Curricular Supervisionado e o desenvolvimento das competências gerenciais: a visão de egressos, graduandos e docentes. Escola Anna Nery: Revista de Enfermagem, v. 22, p.[9], 2018. Sistemas integrados de química clínica e imunoensaio para transformar o seu laboratório. Alinity ci-series, 2019. Disponível em: < https://www.corelaboratory. abbott/int/pt/offerings/brands/alinity/alinity-ci-series>.