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MANUAL DE ALIMENTAÇÃO PARA OS CENTROS DE EDUCAÇÃO INFANTIL CONVENIADOS PREFEITURA DE SÃO PAULO Gilberto Kassab Prefeito da Cidade de São Paulo SECRETARIA DE EDUCAÇÃO Alexandre Alves Schneider Secretário Municipal Célia Regina Guidon Falótico Secretário Adjunto Sonia Maria Peres Diretor do Departamento da Merenda Escolar Vera Lucia Tioma Nakayama Diretor de Divisão Técnica do Departamento da Merenda Escolar 3 MANUAL DE ALiMENtAção pArA os CENtros DE EDUCAção iNfANtiL CoNvENiADos 2011 4 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Manual de alimentação para os Centros de Educação Infantil conveniados / Secretaria Municipal de Educação – São Paulo : SME, 2011. 120p. : il. Bibliografia 1.Nutrição infantil 2.Alimentação – Crianças – Manuais 3.Alimentação escolar I.Departamento de Merenda Escolar II.Título CDD 613.2 Código da Memória Técnica: SME27/2011 5 Apresentação É com satisfação que apresentamos o Manual do Programa de Alimentação para os Centros de Educação Infantil Conveniados (CEI Conveniados). Este Manual foi desenvolvido pela equipe técnica do Departamento da Merenda Escolar da Secretaria de Educação do Município de São Paulo (SME) com o objetivo de apoiar e fornecer subsídios aos Diretores e Manipuladores de Alimentos para o desenvolvimento do Programa de Alimentação Escolar em suas unidades. A alimentação é fundamental para o desenvolvimento e crescimento infantil, sendo que o CEI desempenha um importante papel na promoção da saúde das crianças, ofertando alimentos adequados e saudáveis a cada faixa etária atendida. Os cuidados higiênico / sanitários necessários desde a aquisição dos alimentos até o preparo e distribuição da alimentação às crianças devem ser observados para garantir uma alimentação de qualidade. Qualidade para nós significa cardápios com alimentos saudáveis, livres de contaminação e que promovam a saúde das nossas crianças. Não podemos esquecer do papel educativo do Programa de Alimentação Escolar, cabendo à equipe do CEI promover ações planejadas e cotidianas, inseridas no Projeto Pedagógico, que sejam contínuas e de natureza complementar à família. Lembrando: hábitos alimentares saudáveis construídos na infância serão levados para toda a vida. Boa leitura e bom trabalho! Alexandre Alves Schneider Secretario Municipal de Educação 6 ORGANIZAÇÃO DO MANUAL Este Manual contém orientações importantes para o desenvolvimento adequado do Programa de Alimentação desenvolvido nos CEIS da Prefeitura do Município de São Paulo. Para facilitar sua consulta, dividimos este material em duas partes: Primeira Parte: ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO INFANTIL Abordamos assuntos pertinentes à alimentação infantil como um amplo processo, destacando: noções de nutrição, papel pedagógico da alimentação escolar, fases do desenvolvimento infantil, esquema alimentar infantil, cardápio, entre outros. Segunda Parte: BOAS PRÁTICAS NA MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS Descrevemos os procedimentos técnicos para garantir a produção de uma alimentação segura, ou seja, livre de contaminação, que promova a saúde das crianças e não a doença. A obtenção de um alimento seguro implica na adoção de controle higiênico-sanitário adequado em todas as etapas do processo de produção, desde o recebimento até o consumo. Cabe destacar a importância do papel do cozinheiro e auxiliar de cozinha que são os responsáveis pelo desempenho desta função nos CEIs. Pelo exposto, entendemos que orientação é a palavra-chave e, estar em conformidade com os princípios de segurança alimentar e nutricional, atendendo as necessidades nutricionais da criança, com uma alimentação adequada, de qualidade higiênico-sanitária satisfatória, com incentivo à formação de hábitos alimentares saudáveis é nosso compromisso. Convidamos toda a equipe de funcionários a ler atentamente este Manual, a fim de subsidiar as atividades de alimentação vivenciadas no cotidiano do ambiente dos CEIs. A aquisição de novos conhecimentos certamente proporcionará maior motivação, socialização e conscientização da importância da atuação da equipe escolar nas ações ligadas à alimentação; lembrando que todos funcionários são educadores e co-responsáveis pelo desenvolvimento adequado do Programa de Alimentação. Departamento da Merenda Escolar 7 SUMÁRIO Primeira Parte: Alimentação e Nutrição Infantil ...................................................................................... .7 1. Conhecer o Passado Para Pensar no Futuro. ............................................................................................................................... .8 1.1. Centro de Educação Infantil: Um Dever do Estado e Um Direito da Criança.. ..................................................................... 8 1.2. Programa de Alimentação Escolar ........................................................................................................................................ 9 2. Educação Nutricional: Uma Questão de Concepção ................................................................................................................... 13 3. Educação Alimentar no Ambiente dos CEIs: Um Trabalho Possível ............................................................................................ 15 3.1. A Questão Pedagógica no Sistema de Distribuição Autosserviço (Self Service) ................................................................ 16 3.1.1. Com o Prato e os Talheres nas Mãos ........................................................................................................................ 16 3.1.2. O Desenvolvimento da Autonomia ............................................................................................................................. 17 3.2. Acompanhamento das Crianças Durante as Refeições: Uma Construção ao Longo do Tempo ........................................ 18 3.3. O Ambiente Alimentar da Criança: É Um Espaço Educativo? ............................................................................................ 19 3.3.1. Local da Alimentação Como Espaço Social............................................................................................................... 20 3.4. O Olhar Educacional Para o Ato de Alimentar-Se... ............................................................................................................ 20 4. Fases do Desenvolvimento Infantil ............................................................................................................................................... 22 5. Aleitamento Materno: Um Cuidado Para Toda a Vida .................................................................................................................. 27 6. Conhecendo Um Pouco Sobre Nutrição ...................................................................................................................................... 28 6.1. Pirâmide Alimentar Brasileira .............................................................................................................................................. 30 6.2. Pirâmide Alimentar Brasileira .............................................................................................................................................. 31 7. Esquema Alimentar Infantil do DME ............................................................................................................................................. 33 7.1. Como é Elaborado? ............................................................................................................................................................ 33 7.2. Para que Serve? ................................................................................................................................................................. 33 7.3. Atualizações e Onde Encontrar ...........................................................................................................................................34 7.4. Esquema Alimentar do DME para CEIs .............................................................................................................................. 35 8. Planejando os Cardápios nos CEIs .............................................................................................................................................. 48 8.1. Montando o Cardápio da Criança ....................................................................................................................................... 48 8.2. A Transformação dos Alimentos no Processo Culinário ...................................................................................................... 49 8.3. Quantidade Per Capita de Alimentos Perecíveis e Não Perecíveis .................................................................................... 50 9. Dietas Especiais ........................................................................................................................................................................... 53 Segunda Parte: Boas Práticas ma Manipulação de Alimentos..............................................................55 10. Segurança Dos Alimentos .......................................................................................................................................................... 56 10.1. O Que é Contaminação?................................................................................................................................................... 56 10.2. Como os Alimentos se Contaminam? ............................................................................................................................... 57 10.3. Contaminação Biológica: A Principal Causa de Contaminação de Alimentos e ................................................................ 57 10.4. Contaminação Cruzada ..................................................................................................................................................... 58 10.4.1. Como Evitar a Contaminação Cruzada .................................................................................................................... 58 10.5. Como Prevenir a Contaminação? ..................................................................................................................................... 59 11. Recebimento dos Alimentos Enviados Pelo DME ...................................................................................................................... 60 11.1. Procedimentos Administrativos ......................................................................................................................................... 60 11.2. Verificação da Qualidade: Alimentos Não Perecíveis ........................................................................................................ 61 11.3. Verificação da Qualidade: Alimentos Perecíveis ............................................................................................................... 62 11.4. Safra dos Alimentos: Aspecto Importante no Planejamento dos Cardápios ..................................................................... 63 8 12. Recebimento de Alimentos Adquiridos por Meio de Compra ou Doação .....................................................................................66 12.1. Cuidados com Alimentos Recebidos por Meio de Doação .................................................................................................66 12.2. É Importante Observar Durante A Compra: ........................................................................................................................67 13. Armazenamento ...........................................................................................................................................................................69 13.1. Armazenamento de Alimentos Não Perecíveis ...................................................................................................................69 13.2. Armazenamento de Alimentos Perecíveis ...........................................................................................................................72 13.3. Cuidados Adicionais no Armazenamento dos Alimentos Perecíveis ...................................................................................73 13.4. Identificação de Alimentos...................................................................................................................................................74 14. Pré-Preparo ..................................................................................................................................................................................76 14.1.Frutas, Verduras e Legumes (Hortifrutícolas) ......................................................................................................................76 14.1.1. Desinfecção de Frutas, Verduras e Legumes ............................................................................................................77 14.2. Cereais e Leguminosas .......................................................................................................................................................78 14.3. Ovos ....................................................................................................................................................................................78 14.4. Enlatados ............................................................................................................................................................................78 14.5. Descongelamento de Carnes ..............................................................................................................................................79 15. Preparo .........................................................................................................................................................................................80 15.1. Preparo de Mamadeiras e Papas ........................................................................................................................................81 15.1.1.Fórmulas Infantis.........................................................................................................................................................81 16. Distribuição ...................................................................................................................................................................................83 16.1. Sistema de Dstribuição Autosserviço (Self Service) ..................................................................................................................87 17. Higiene Pessoal ............................................................................................................................................................................88 17.1. Apresentação Pessoal.........................................................................................................................................................88 17.2. Uniforme ..............................................................................................................................................................................88 17.3. Higiene das Mãos................................................................................................................................................................89 17.3.1. Quando Lavar: ...........................................................................................................................................................89 17.3.2. Procedimento Para Higienização das Mãos ..............................................................................................................89 17.4. Uso de Luvas Descartáveis .................................................................................................................................................90 17.5. CondutasAdequadas Durante a Manipulação dos Alimentos ............................................................................................90 18. Higiene do Ambiente ....................................................................................................................................................................91 18.1. Procedimentos de Higiene Ambiental Referentes às Áreas da Despensa, Cozinha e Refeitório .......................................91 19. Higiene de Equipamentos ............................................................................................................................................................95 19.1. Procedimentos de Higienização de Equipamentos .............................................................................................................95 20. Higiene dos Utensílios ..................................................................................................................................................................99 20.1. Procedimentos de Higienização de Utensílios de Cozinha .................................................................................................99 20.2. Procedimentos de Higienização de Utensílios de Mesa ...................................................................................................100 20.3. Higienização de Mamadeiras ............................................................................................................................................101 21. Controle Integrado de Pragas ....................................................................................................................................................103 22. Edificações e Instalações ...........................................................................................................................................................104 23. Segurança no Trabalho ..............................................................................................................................................................106 24. Referências ................................................................................................................................................................................108 Apêndices ..................................................................................................................................................111 Apêndice 1: Quantidade de Alimentos Perecíveis e Não Perecíveis Calculados por ...................................................................... 112 Apêndice 2: Orientações de Preparo das Fórmulas Lácteas Infantis .............................................................................................. 116 Apêndice 3: Como utilizar as orientações do informaivo técnico deo DME para..............................................................................117 Apêndice 4: Higienização das Mãos ................................................................................................................................................ 118 9 PRIMEIRA PARTE Alimentação e Nutrição infantil 10 10 1. Conhecer o Passado para Pensar no Futuro 1.1. Centro de Educação Infantil: Um dever do Estado e um Direito da Criança A expansão da educação infantil no Brasil e no mundo tem ocorrido de forma crescente nas últimas décadas, acompanhando a intensificação da urbanização, a participação da mulher no mercado de trabalho e as mudanças na organização e estrutura das famílias. A sociedade está mais consciente da importância das experiências na primeira infância, o que motiva demandas por uma educação institucional para crianças de zero a seis anos. No final da década de 70, surgiu em São Paulo o “Movimento de Luta por Creches” que reivindicava a creche como o direito da população, a necessidade da mulher trabalhadora e um local para assegurar os cuidados de guarda e assistência quanto à higiene, segurança e alimentação das crianças. Em reposta ao Movimento, no período 1979-1982, foi implantada uma rede de creches, construída, mantida e administrada pela Prefeitura do Município de São Paulo. O modelo pedagógico na época foi de educação compensatória para suprir deficiências quanto à estimulação geral, linguagem e coordenação motora, preparando a criança para alfabetização e escolaridade. No decorrer da década de 80, a creche passou a ser incluída no Plano Nacional de Desenvolvimento e foi universalizada a importância de sua existência como uma demanda social básica. A conjunção desses fatores levou a um movimento da sociedade civil e de órgãos governamentais para 11 que o atendimento às crianças de zero a seis anos fosse reconhecido na Constituição Federal de 1988. A nova Constituição (1988) encara a creche como um dever do Estado e um direito da criança. O Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, reforça também este direito e, como tal, a creche, deve ter um caráter educativo e não somente assistencial. Desta maneira, a Unidade Educacional deve ser encarada pela sociedade como um local de educação e socialização infantil, sem distinção de cor, sexo, raça ou classe social. Deve oferecer base para a construção da cidadania, estimulando a formação plena da criança, ao possibilitar o desenvolvimento de suas capacidades enquanto seres humanos, com ênfase à autonomia infantil. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, promulgada em dezembro de 2006, estabelece de forma incisiva o vínculo entre o atendimento às crianças de zero a seis anos e a educação. No título III, do Direito à educação e do Dever de Educar, art. 4º, inciso IV, se afirma que “O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade”. Em cumprimento do estabelecido no artigo 89 da Lei de Diretrizes e Bases as creches existentes no Município de São Paulo, passaram a integrar o sistema de ensino sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação, decreto nº 38.869, de 20/12/99. A inclusão dos CEIs no nível que a legislação chama de Educação Infantil tem requerido a superação da histórica dicotomia que tem considerado a creche como um local de cuidar da criança e a pré- escola como um ambiente de educá-la. Hoje, a tarefa que se propõe à educação infantil é a de entender o CEI como mediador do desenvolvimento sócio-cultural das crianças, possibilitando a integração entre o cuidar e o educar. 1.2. Programa de Alimentação Escolar O Programa de Alimentação Escolar (PAE) da Cidade de São Paulo surgiu em 1935 com o início da criação dos Parques Infantis. Nesta época restringia-se a fornecer apenas “um copo de leite”. Na década de 50, a Prefeitura do Município de São Paulo começou a atuar no âmbito do Ensino Primário e, com o intuito de nivelar o atendimento dentro das Unidades Educacionais, criou-se a “Caixa de Assistência Escolar” com finalidades, dentre outras, de fornecer alimentos 12 com objetivos assistenciais. Embora de forma rudimentar, deu-se assim o início da preocupação com a alimentação na escola. Neste período, registra-se o fornecimento da “Sopa Escolar”, preparada nas escolas com grande dificuldade. Nos anos 60, as Unidades Educacionais forneciam uma merenda preparada com alimentos enviados pelo Governo Americano, através da “Campanha Nacional da Merenda Escolar”, com a oferta de: leite em pó desnatado, margarina, cereais (aveia e trigo) e soja. A “Caixa Escolar” complementava a alimentação para melhorar principalmente a aceitabilidade dos cardápios, uma vez que estes alimentos não faziam parte dos hábitos alimentares dos alunos. Constatada a importância de um atendimento global considerando o binômio Ensino x Saúde foi criado, em 1967, o Departamento de Assistência Escolar e a Divisão de Administração da Merenda Escolar. Em 1971, este Departamento estabeleceu os objetivos nutricionais para os escolarescom cardápios que deveriam fornecer 25% e 50% das necessidades nutricionais, conforme o período de permanência na escola de 4 e 8 horas respectivamente. Dessa forma, aprimorou-se a idéia de “Saúde Escolar” compreendida como “melhores condições física, mental e alimentar da criança”. No período de 1976 a 1979, foi instituído o PRONAN II que ofereceu o primeiro modelo de uma política nacional, composto por programas de suplementação alimentar entre outras ações. A partir destas definições, o PAE do Município de São Paulo passou a seguir os objetivos nutricionais para os pré-escolares e escolares; com o fornecimento de alimentação supletiva que atendesse de 15 a 30 % das Recomendações Nutricionais Diárias para a criança que permanece 4 horas na escola. Na década de 80, com a tendência nacional para o incentivo do consumo da soja e com o avanço das indústrias alimentícias, direcionadas ao mercado institucional, os cardápios oferecidos passaram a apresentar preparações com alimentos de maior densidade calórica 13 e protéica, porém sempre houve uma preocupação deste município em selecionar alimentos mais adequados. Programa de Alimentação Escolar acompanhou o crescimento constante da Rede Municipal de Ensino e proporcionou aprimoramento dos programas com cardápios específicos evoluindo na infraestrutura geral. Dentro deste enfoque, a Divisão de Administração da Merenda Escolar passou a atender as Creches e Centros de Juventude Conveniados, da então Coordenadoria da Família e Bem-Estar Social. Em 1986, houve a criação da Coordenadoria de Alimentação e Suprimento com a Divisão de Administração da Merenda Escolar subordinada a este órgão. O atendimento foi estendido para Classes de Educação Infantil Conveniadas e, nos anos seguintes para: os Refeitórios da Administração Pública Municipal; Centros Esportivos da Secretaria Municipal de Esportes; Educação de Adultos, Creches e Centros da Juventude Conveniados; Hospitais e Prontos Socorros da Secretaria Municipal da Saúde. Percebe-se então a expansão do atendimento, com a logística de abastecimento centralizada; e, para tanto, os cardápios passaram a ter maior especificidade e diversidade. No final da década de 80, a Coordenadoria de Alimentação e Suprimento foi transferida para a Secretaria Municipal de Abastecimento – SEMAB, com um fornecimento diário de 1.100.000 refeições. Em meados de 1990, foi instituído o Programa de Vitaminização da Merenda Escolar e alguns alimentos foram enriquecidos com nutrientes específicos. Considerando o caráter supletivo do PAE, até então os cardápios das Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF) apresentavam preparações de lanches intercaladas com pratos salgados. Com relação às Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEI), desde a década de 70, o almoço já era fornecido. Em 2001, a Coordenadoria de Alimentação e Suprimento foi extinta e criou-se o Departamento de Alimentação e Suprimento (DAS) da então Secretaria Municipal de Abastecimento. A partir desse ano até a presente data, o fornecimento de refeições salgadas (almoço e jantar) passou a ser prioridade no atendimento aos alunos principalmente nos períodos equivalentes a estes horários. 14 Com relação aos períodos intermediários, são fornecidos lanches na maioria das escolas, respeitando o comportamento alimentar dos alunos. Em janeiro de 2005, a SEMAB foi extinta e suas ações passaram a ser executadas pela Secretaria Municipal de Gestão e criou-se o Departamento de Merenda Escolar (DME). Em janeiro de 2009, o Departamento da Merenda Escolar foi transferido para a Secretaria Municipal de Educação (SME). 15 15 2. Educação Nutricional: Uma Questão de Concepção A Educação Nutricional deve abster-se de recordar hábitos alimentares, oferecendo condição ao indivíduo de desenvolver mecanismos conscientes para a solução de seus problemas alimentares e nutricionais, tornando-o responsável pelas suas escolhas, após o conhecimento das consequências das suas práticas alimentares. (Vitolo, Gaglianone e Grazini) A alimentação é um dos componentes da vida cotidiana de qualquer grupo social. Está presente na rede de relações sociais, participando de determinados padrões de comportamento. O ato de se alimentar talvez seja uma das formas mais concretas para a criança estabelecer contato com o mundo, isto é, descobrir necessidades, texturas, temperaturas, sabores, aromas e, principalmente, as emoções que envolvem a alimentação. É necessário que a alimentação seja compreendida não apenas sob seu aspecto físico, de satisfação da fome em função das necessidades de preservação da saúde e da vida, mas seja encarada também face aos aspectos educacionais, afetivos e sociais. A infância é um período de intenso crescimento, desenvolvimento e aprendizado e os hábitos alimentares adquiridos, principalmente nos cinco primeiros anos de vida tendem a se solidificar na vida adulta e estudos demonstram que: • Nos últimos anos a obesidade tem aumentado consideravelmente, visto que atualmente enfrentamos um período de transição nutricional; • Doenças não transmissíveis como: hipercolesterolemia, diabetes e hipertensão estão se manifestando cada vez mais cedo; • A anemia é um grande problema de Saúde Pública, atingindo mais de 50% dos pré-escolares. Estes fatores devem ser prevenidos com alimentação adequada e a escola constitui um núcleo de promoção de saúde, uma vez que propicia situações, tempos e espaços privilegiados para reflexão e adoção de hábitos alimentares saudáveis. 16 Dentro deste contexto, o Programa de Alimentação Escolar deve ter sua visão ampliada, não mais pelo foco assistencialista, mas sim como instrumento pedagógico com múltiplas possibilidades educativas, tendo a Educação Nutricional e Alimentar como ferramenta de valorização dos hábitos alimentares, respeitando a identidade cultural, incentivando o direito de escolha e estimulando o “sentimento de pertença” das crianças. Entendemos que, para o desenvolvimento de Projetos efetivos de Educação Nutricional, além dos conhecimentos de nutrição, é necessário também trabalhar com os aspectos relacionados à educação, para tanto é fundamental a realização de um trabalho em parceria do Departamento de Merenda Escolar e a Secretaria de Educação. Acreditamos ainda que, na medida em que profissionais se conscientizem do seu papel de educador, explorando o ambiente do CEI como um espaço facilitador, as ações relacionadas à alimentação poderão ser incorporadas ao universo da criança. O cuidar é uma ação complexa que envolve diferentes fazeres, gestos, precauções, atenção e olhares. Deve-se planejar situações que ofereçam à criança acolhimento, atenção, estímulo, desafio, de modo que ela satisfaça suas necessidades de diversos tipos e aprenda a fazê-lo de forma cada vez mais autônoma. Entendemos que projetos de educação nutricional, conduzidos em observância com esta concepção, ganham credibilidade na medida em que têm como princípio despertar e sensibilizar os educadores para incentivar nas crianças hábitos alimentares saudáveis, estimular sua autonomia e o direito de escolha, construindo um novo olhar,conscientizador e libertador para as questões ligadas à alimentação “Os momentos das refeições na creche são considerados como atividades pedagógicas de grande valor no aprendizado infantil”. Holland, C.V. 17 17 3. Educação Alimentar no Ambiente dos CEIs: Um Trabalho Possível? Mulheres e homens, somos os únicos seres que social e historicamente nos tornamos capazes de aprender. Por isso, somos os únicos em quem aprender é uma aventura criadora, algo, por isso mesmo, muito mais rico do que meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito. (Paulo Freire) As ações de saúde deverão favorecer o equilíbrio que a criança estabelece com o meio e, não somente prevenir e combater asdoenças. A criança deve se sentir segura, feliz, capaz e autônoma. A conjunção destes fatores é importante para contribuir à promoção da saúde e, uma alimentação saudável com qualidade higiênico-sanitária satisfatória faz parte deste processo. Com este olhar, o trabalho com alimentação deve ser planejado visando, além da criança, à comunidade e à família, uma vez que é fundamental que estas questões sejam reconhecidas e abordadas também fora do ambiente dos CEIs. Desta maneira, conhecimentos de nutrição, com práticas educativas relacionadas ao repertório da criança, de forma a ampliar suas possibilidades, devem ser socializadas a todos. É, portanto, condição fundamental entender e enxergar a criança como um todo, como um cidadão com identidade, direito e deveres, assegurando à criança o acesso às informações, que lhes ajudem a observar e a construir, suas significações pessoais sobre o mundo e sobre si mesmos, de maneira única e inovadora. Partindo-se desta premissa, para uma adequada organização de cada CEI, dentro de sua própria realidade, é importante refletir e discutir o binômio CUIDAR x EDUCAR, uma vez que uma educação que cuida da criança propõe metas valiosas à sua aprendizagem e seu desenvolvimento e, além disso, seleciona experiências de aprendizagem socialmente relevantes e pessoalmente significativas. 18 3.1. A Questão Pedagógica no Sistema de Distribuição Autosserviço (Self service) Entre as diferentes práticas educativas utilizadas em Educação Alimentar, citamos o sistema de distribuição autosserviço, onde a criança se serve do que quer alimentar-se. A implantação é uma iniciativa da própria Unidade Educacional e, como condição fundamental e referencial, esse sistema deve estar alinhado ao Projeto Pedagógico de cada CEI. Cabe ressaltar a necessidade dos educadores em realizar um trabalho pedagógico, para acompanhar diariamente as crianças, durante as refeições, para que coloquem na prática as competências que estão adquirindo diante do autosserviço incentivando-as a experimentar todos os alimentos que compõem o cardápio e consumir uma porção adequada. Caso esta prática não seja respeitada, como condição essencial, o autosserviço passa a ser uma atividade não educativa, sem alcançar o objetivo que se propõe. É recomendado a partir de 2 anos de idade e, quando há um acompanhamento pedagógico adequado, é o sistema de distribuição mais indicado, uma vez que as crianças possuem características individuais, inclusive com relação ao apetite e às preferências alimentares. 3.1.1. Com o Prato e os Talheres nas Mãos O sistema de distribuição autosserviço, uma vez alinhado às ações pedagógicas do CEI, proporciona à criança a oportunidade de: • Sociabilizar-se, através do ato de alimentar-se; • Escolher o quê e quanto comer, tendo suas preferências alimentares mais respeitadas; • Aprender a preparar seu prato de forma adequada, tanto na quantidade como na qualidade dos alimentos escolhidos, contribuindo ainda para a diminuição do desperdício; • Ser incentivada e motivada a experimentar os diversos alimentos ofertados nas 19 refeições, dentro de um grupo social pelo qual tem fortes laços afetivos, o que muito contribui para a formação de um comportamento alimentar adequado; • Ser motivada a realizar mudanças positivas, caso seu comportamento alimentar esteja inadequado, visando incentivá-la a promover hábitos alimentares saudáveis. • Ser estimulada a utilizar corretamente os talheres. Dica: Oferecer talheres no tamanho adequado de acordo com o estágio de vida, sendo que garfos e facas são indicados a partir de 4 anos de idade. 3.1.2. O Desenvolvimento da Autonomia A autonomia deve ser compreendida como uma capacidade a ser construída pela criança e, também, como um princípio didático, que orienta as práticas educativas promovidas pelos CEIs. Deve estar associada a uma proposta pedagógica que considere a construção do conhecimento e à valorização de suas vivências pessoais. A partir do desenvolvimento dos aspectos sociais, educativos e afetivos, proporciona à criança, desde a mais tenra idade, exercer as suas capacidades de refletir, assumir responsabilidade, resolver problemas e tomar decisões. Neste momento, o conceito de autonomia, associado à prática do autosserviço fica relacionado a uma escolha consciente dos alimentos e não simplesmente a uma escolha arbitrária. A criança servindo-se sozinha, de forma organizada, adota um comportamento alimentar saudável e fica responsável por suas escolhas alimentares. 20 3.2. Acompanhamento das Crianças Durante as Refeições: Uma Construção ao Longo do Tempo Adoro ver as crianças descobrindo o universo alimentar, o olfato quase virgem, a arte de saber cheirar, o palato vivo e aguçado, as mãos, e não só as bocas, para sentir a textura e o contato com o novo, a primeira vez! (Marcelo Fromer) O educador ao acompanhar a criança, enquanto se alimenta, deve estar atento, entre outros fatores, para os seguintes aspectos: • Dedicar-lhe atenção, no momento das refeições, prontificando- se a ajudá-la; • Incentivar o consumo dos diversos alimentos oferecidos no cardápio; • Respeitar seu ritmo alimentar e paladar; • Orientá-la para comer com moderação; • Permitir que se alimente sozinha, orientando-a como fazer e não reprimindo-a quando derramar ou espalhar os alimentos; • Jamais castigar, chantagear, constranger ou forçar a criança, quando se recusar a comer. Isto porque, a recusa em alimentar-se é uma atitude normal e, caso seja submetida a uma atitude repressora, poderá adotar um comportamento alimentar inadequado; • Jamais utilizar o alimento como prêmio, distração ou recompensa, para não associar a comida como “companheira”, podendo levar a algum distúrbio alimentar ou outros comportamentos não saudáveis; • Observar a velocidade com que a criança se alimenta: • Ao comer muito rápido: poderá levá-la a comer em excesso (o organismo não tem tempo de sentir os sinais de saciedade) e pode acarretar problemas digestivos. Neste caso, para que coma mais devagar, ofereça-lhe os alimentos separadamente, estimulando a comer o quanto quiser, mas devagar, mastigando bem os alimentos para sentir seu sabor e os “sinais de saciedade”; • Ao comer muito devagar: estimular a comer no ritmo normal, considerando a fase de seu desenvolvimento. 21 • Não se esqueça, de que o ato de alimentar-se sozinha, é uma sensação nova para a criança e deve ser realizado com prazer. • Estimulá-la a comer novos alimentos, para que não prevaleça sua tendência natural de rejeitar aqueles ainda não provados; • Trabalhar as manifestações de crenças; tabus; mitos e preconceitos alimentares; • Incentivar o consumo das frutas, legumes e verduras nas refeições, mesmo que ainda não os aprecie e nunca obrigá-la a comê-los e nem criticá-la se deixar sobra no prato; ao comer com prazer ao seu lado, certamente a criança desenvolverá atitudes positivas em relação à alimentação; • Permitir, em situações especiais (festas), que a criança possa comer, com moderação, alimentos típicos de festa, para que não seja submetida a comportamentos radicais, os quais acabam levando à indesejável valorização dos alimentos “proibidos”; • Poupar a criança de restrições alimentares severas, mesmo se obesa, porque seu organismo está em fase de crescimento. 3.3. O Ambiente Alimentar da Criança: É Um Espaço Educativo? O ato de alimentar-se oferece, também, inúmeras oportunidades para o desenvolvimento pessoal e social da criança: o comer sozinho, o preferir alimentos, o despertar para cores e novos sabores na alquimia da transformação dos alimentos. Dessa forma, é muito importante o ambiente, a maneira pela qual a criança se alimenta, as companhias e sua relação com o alimento. Tais fatores estão diretamente relacionados com o trabalho educativo que estimule um comportamento alimentar adequado, a aceitação dos alimentos, para a formação de hábitos alimentares saudáveis, devendoser praticados de forma harmônica, já que são hábitos que serão consolidados por toda a vida. 22 3.3.1. Local da Alimentação como Espaço Social A criança deve alimentar-se à mesa, preferencialmente na companhia dos educadores. Estes, por outro lado, devem atentar para não realizar comentários desfavoráveis em relação a algum alimento, dada sua influência em relação ao grupo. O ambiente alimentar favorece a oportunidade, enquanto a criança aprende a comer, de participar da refeição em grupo reforçando os laços sociais e tornando a refeição mais agradável. O momento da refeição é traduzido, entre outros aspectos, pelo convívio social que, de forma organizada, propicia “conversas” e o respeito para com a criança no sentido de sentar-se no local de sua escolha. E então, no ambiente do CEI: • O espaço do refeitório é um ambiente isolado com a finalidade de somente servir as refeições? • Este espaço pode ser transformado também em espaço-alegria, espaço–descoberta, espaço-social? • Poderemos entender o espaço do refeitório como um prolongamento do trabalho pedagógico do CEI? 3.4. O Olhar Educacional Para O Ato de Alimentar-se... Saber apreciar a comida é enfrentar a vida sem negar a festa, o prazer, cultivando- os, mostrando a importância do mundo material e da convivência. (Nina Horta) Devemos ter consciência que cada criança come para satisfazer sua saciedade. Por esse motivo, a criança não deve ser forçada a comer. Se existe algum tipo de resistência e protesto ao ato de se alimentar, o motivo deve ser investigado. Muitas vezes, a recusa do alimento pode ser pelo fato do excesso ou falta de atividade física da criança. 23 Outros fatores podem estar relacionados à recusa alimentar como: o impacto de estar fora de casa, a mudança de rotina, a necessidade de chamar atenção e a vontade de realizar outra atividade como, por exemplo, brincar. Neste momento, é totalmente desaconselhável fazer chantagens do tipo: “se não comer, não brinca”. Lembre-se “O ato de se alimentar talvez seja uma das formas mais concretas para a criança estabelecer contato com o mundo, isto é, descobrir necessidades, texturas, temperaturas, sabores, aromas e, principalmente, lidar com todas as emoções que envolvem a alimentação, aguçando todos os sentidos que, quando despertados, gravam no sabor da memória uma nova emoção para o alimentar-se com prazer”. 24 24 4. Fases do Desenvolvimento Infantil O crescimento infantil não se restringe ao aumento do peso e da altura, mas caracteriza-se por um processo complexo que envolve a dimensão corporal e a quantidade de células, sendo influenciado por fatores genéticos, psicológicos e ambientais. O potencial genético passa a ter impacto sobre o crescimento da criança, só a partir dos dois anos de idade. Até esta fase, os estímulos ambientais e psicológicos influenciam diretamente no desenvolvimento infantil. Sabe-se ainda que com uma nutrição correta, podemos alterar nossas características genéticas, através do fenótipo, que é determinado pelo meio, isto é, a expressão de um gene depende 70% a 75% da influência do meio ambiente. Partindo-se dessa premissa, o CEI tem um papel fundamental e relevante, uma vez que é um ambiente educativo e também um espaço de promoção da saúde. A fim de elucidar estas questões, cabe caracterizar alguns aspectos das fases de desenvolvimento infantil, de acordo com os estágios de vida: 25 FAIXA ETÁRIA DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA CUIDADOS NUTRICIONAIS 0 a 3 meses O contato com o mundo é feito, principalmente, através da boca e da sucção; O esforço de sugar prepara a musculatura facial da criança para a fala e deglutição; Os órgãos dos sentidos são pouco desenvolvidos, e o paladar da criança reconhece o sabor doce; Os primeiros meses de vida do lactente são caracterizados por relativa imaturidade fisiológica: reflexo de protrusão da língua; pouca produção de enzimas digestivas, etc; Começa a ter firmeza na cabeça e reconhecer o ambiente que a cerca. A inclusão de amido como espessastes do leite (amido de milho, fubá, etc.) é contra-indicada e pode provocar diarréia, cólicas, má-nutrição e ainda comprometer a função intestinal da criança; O leite materno e as fórmulas infantis - se preparadas corretamente - são suficientes para suprir as necessidades de água do bebê; Dar especial atenção à criança que não aceitar água extra quando necessária; Necessidades nutricionais aumentadas devido ao crescimento. Em dias muito quentes e na ocorrência de diarréia ou febre, os bebês podem necessitar de água extra, conforme orientação médica. A hidratação deve ser feita no intervalo entre as refeições. 26 FAIXA ETÁRIA DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA CUIDADOS NUTRICIONAIS 4 a 5 meses A criança apresenta maior coordenação motora entre olhos e mãos; É capaz de sentar-se sem apoio, e sustenta firmemente o pescoço; O sistema digestório está mais preparado para digerir outros alimentos; Apresentam desenvolvimento dos músculos da deglutição, músculos da língua e garganta. Durante o processo de introdução do alimento é importante oferecê-lo de forma gradual, tanto na quantidade, como na consistência da preparação; Em geral as crianças tendem a rejeitar alimentos que não lhes são familiares; mas com a exposição frequente, os alimentos novos passam a ser aceitos. Em média, são necessárias de 8 a 10 exposições de um novo alimento para que o mesmo seja aceito; É desejável que a criança receba alimentos com baixo teor de sal, açúcar e gordura. 6 a 7 meses A criança é capaz de engatinhar ou arrastar- se; Fase de dedicar maior estímulo, pois a coordenação motora está mais desenvolvida, o bebê segura nas mãos alimentos e objetos; Neste período podem aparecer os primeiros dentes. Período propício para oferecer alimentos mais consistentes, favorecendo assim o mecanismo da deglutição e o desenvolvimento da linguagem. Oferecer alimentos salgados, doces, azedos e amargos, com texturas e consistências diferentes, para que a criança possa exercitar o paladar e experimentar várias sensações. 8 a 11 meses O crescimento desacelera e o apetite diminui; Época favorável para ensinar a criança a comer sozinha, uma vez que consegue segurar objetos com firmeza. Devem-se oferecer, gradativamente, alimentos com consistência mais sólida, de forma que a criança, aos 12 meses, já esteja aceitando alimentação semelhante à do adulto. 27 FAIXA ETÁRIA DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA CUIDADOS NUTRICIONAIS 1 ano a 1 ano e 11 meses De 1 ano a 1 ano e 3 meses, a criança prefere brincar a comer e relaciona a alimentação com o ato de brincar. Gosta de tocar e apertar os alimentos da mesma forma que faz com os brinquedos. Com 1 ano e 5 meses, começa a fase da seleção dos alimentos. A criança tem preferências, aversões e faz suas próprias escolhas; É a idade em que tem preferência pelos mesmos alimentos rejeitando os novos, mas geralmente essa atitude é passageira correspondendo a um desejo de impor a sua vontade. Nesta faixa etária, a criança tem vontade de se alimentar sozinha e pode recusar a receber os alimentos na boca. 2 a 3 anos e 11 meses A criança é sensível a todos os estímulos visuais, podendo distrair-se com facilidade; É importante compreender e aceitar as necessidades de autonomia da criança, para que ela possa progredir e evoluir normalmente no convívio familiar e social. Esta fase pode ser identificada por um período de redução do apetite. As preferências são intensas e pode relacionar-se com sabor, cor, forma e consistência. Quando apresentar manias é melhor respeitá- las, sem esquecer a importância da introdução de diferentes alimentos. Na medida em que as mesmas desaparecerem, a criança irá tornar-se segura de seus próprios gostos e será capaz de se alimentar adequadamente. 4 a 6 anos As crianças estão dispostas a ajudar,participar das atividades de preparo dos alimentos, podendo ser uma forma de incentivo e estímulo para adoção de hábitos alimentares saudáveis; A partir dos cinco anos, observa-se um aumento do apetite. Nesta fase, as crianças deixam-se influenciar pela mídia, tendo esta um grande poder de persuasão. É necessário investir esforços para adoção de práticas educativas, reforçando os aspectos positivos de uma alimentação saudável. 28 Vale a Pena Saber! Quando a criança não é forçada a comer, os alimentos passam a ser aceitos gradativamente sem dificuldades. Às vezes, o receio faz com que a criança recuse um alimento novo. O desconhecido pode ser inquietante antes de ser agradável e interessante. É importante que o adulto acompanhe a criança durante o período da refeição, incentivando-a e auxiliando-a sempre que necessário, a fim de garantir que se alimente de maneira adequada. Desta forma, aos poucos, a criança terá condição de se alimentar sozinha. A criança demonstra interesse pelo alimento dos adultos, o que pode ser traduzido pelo desejo de reproduzir suas escolhas e costumes, evidencia- se nesta fase a influência da família. 29 29 5. Aleitamento Materno: Um Cuidado Para Toda a Vida A prática do aleitamento materno requer o resgate das bases culturais que a sustentam. (Márcia Regina Vitolo) O leite materno é o alimento mais adequado, completo e equilibrado para o bebê durante os primeiros 6 meses de vida, pois supre todas as suas necessidades nutricionais para crescer e se desenvolver de forma saudável. Entre os benefícios do leite materno estão: • Contém todos os nutrientes nas quantidades e nas formas mais apropriadas para o organismo do bebê. Não existe leite fraco! • Possui substâncias de defesa, protegendo o bebê contra doenças como diarréia, pneumonia, alergias e outras; • É de fácil digestão pelo bebê; • Ele está sempre limpo e na temperatura certa; • Não oferece custo. Considerando seus benefícios é fundamental que todos os educadores do CEI promovam a manutenção do aleitamento materno nos momentos que a criança permanece com a mãe. O CEI deve manter suas portas abertas às mães que desejarem amamentar seus filhos na Unidade, estabelecendo horários em comum. Na falta de disponibilidade da mãe, a criança deverá receber fórmulas lácteas infantis adequadas à faixa etária, ou outro substituto mais adequado, conforme orientação do médico ou nutricionista. A fórmula lactea infantil é um leite de vaca modificado para que sua composição fique o mais semelhante possível a do leite materno. Ela é indicada para bebês menores de um ano. O aleitamento materno representa a primeira prática alimentar a ser estimulada para promoção da saúde, formação de hábitos alimentares saudáveis e prevenção de muitas doenças. Além disso, é muito importante para o fortalecimento do vínculo mãe-filho constituindo-se em uma prática de amor! 30 30 6. Conhecendo um pouco sobre Nutrição -A alimentação saudável é o mesmo que dieta equilibrada ou balanceada e pode ser resumida em três princípios: variedade, moderação e equilíbrio. A saúde depende de vários fatores, entre eles uma alimentação equilibrada que deve conter alimentos capazes de fornecer quantidades adequadas de nutrientes, que são substâncias químicas indispensáveis ao ser humano, cumprindo funções específicas no organismo. Nosso organismo necessita de todos eles, porém, como não são encontrados em um único alimento, devemos manter uma alimentação equilibrada e diversificada. Tanto a falta como o excesso de um ou mais nutrientes, pode causar um desequilíbrio no organismo e problemas para a saúde. Os alimentos devem ser consumidos preferencialmente na sua forma natural, como por exemplo, saladas cruas, frutas com casca e cereais integrais entre outros. • Uma alimentação nutricionalmente equilibrada resulta em: • Maior resistência do organismo às doenças; • Melhor aparência física e vitalidade; • Maior disposição para o trabalho, estudo e diversões; • Melhor capacidade de aprendizado. Os alimentos contém nutrientes e podem ser divididos para fins didáticos em três grupos, com base nas suas principais funções no organismo, sendo eles: Construtores, Reguladores e Energéticos (Quadro 1). Desta maneira, Alimentação Saudável é a combinação de pelo menos um alimento de cada grupo nas principais refeições do dia, em quantidade adequada para cada faixa etária, de acordo com a atividade física e considerando o estado fisiológico (amamentação, presença de doença, etc.) da pessoa. Sendo conceitos importantes para uma alimentação equilibrada: • Variedade: obtido pelo consumo de alimentos variados dentro de cada grupo, de forma que todos os grupos de alimentos são importantes. • Moderação: os alimentos são importantes mas nas quantidades adequadas. • Proporcionalidade: significa consumir alimentos de cada grupo em quantidades diferentes, conforme sua função no nosso organismo. 31 Quadro 1. Grupos de Alimentos Grupos de Alimentos Característica e Função Principais fontes CONSTRUTOR - alimentos fontes de Proteínas Proteínas são nutrientes encontrados em alimentos de origem animal e vegetal. Sua função é formar, manter e promover o crescimento dos tecidos do corpo, como os músculos, ossos e sangue; renovar tecidos; participam da formação dos hormônios, enzimas e células, incluindo as de defesa. Proteína: ovos, leite e seus derivados, carnes em geral (frango, vaca, peixe, suíno) e feijões (soja, lentilha, grão de bico, ervilha seca, etc). ENERGÉTICO - alimentos fontes de Carboidratos e Gorduras que fornecem energia Carboidratos: são compostos orgânicos de origem vegetal. Os carboidratos fornecem energia ao organismo necessária para realizar todas as atividades como respirar, andar, trabalhar e brincar. Gorduras ou Lipídios: podem ser de origem vegetal ou animal; fornecem energia; isolam o corpo reduzindo a perda de calor; transportam certas vitaminas (A, D, E, K); participam da estrutura das células; compõem alguns hormônios, células nervosas e sais biliares. Conferem sabor agradável às preparações e aumentam a sensação de saciedade, pois sua digestão é mais lenta. Carboidratos: macarrão, arroz, milho, mandioca, batata, massas, batata- doce, farinhas, biscoitos, açúcar, mel, pães Lipídios: manteiga, banha, margarina, azeite, óleos, creme de leite, oleaginosas (amendoim, nozes, castanhas, coco). REGULADOR - alimentos ricos em Vitaminas e Sais minerais. Fibras e Água Vitaminas: estão presentes nos alimentos de origem vegetal e animal. Elas regulam as funções do organismo, previnem doenças e infecções e participam da manutenção do organismo. É importante o consumo de alimentos ricos em vitaminas para suprir as necessidades do nosso corpo, já que a maioria delas não é produzida pelo organismo. Minerais: estão presentes nos alimentos de origem animal e vegetal. Possuem as mesmas funções das vitaminas, formando e atuando no funcionamento dos diversos sistemas do corpo, sendo muito importantes nas defesas e manutenção do organismo. Fibras: embora não sejam absorvidas pelo organismo, são importantes para o bom funcionamento do intestino e para a prevenção de doenças como câncer em geral, diabetes, obesidade e arteriosclerose. Água: é necessária para o funcionamento de todo o organismo, participando do transporte dos nutrientes e regulando a temperatura do corpo. No ser humano, representa até 70% do corpo. Vitaminas: verduras, legumes, frutas e carnes, ovo, leite e derivados Minerais: leite e derivados, carnes, frutas,, verduras, legumes. Fibras: aveia, farelo de trigo, alimentos integrais, legumes, verduras e frutas. 32 6.1. Aplicando o Conceito de Grupos de Alimentos na Elaboração do Cardápio Beterraba e Pêra REGULADOR Arroz ENERGÉTICO Ovo e Feijão CONSTRUTOR Sopa: Macarrão Batata Cenoura Chuchu Carne Bovina ENERGÉTICO REGULADORCONSTRUTOR } } Maçã REGULADOR 33 6.2. Pirâmide Alimentar Brasileira A Pirâmide Alimentar é uma forma educativa de guiar nossas escolhas alimentares ao longo do dia. Ela subdivide os 3 Grupos de Alimentos em 8 para garantir o consumo de todos os nutrientes necessários e nas quantidades recomendadas dos alimentos usualmente consumidos. O formato de pirâmide foi utilizado para visualizar a proporção recomendada de cada grupo de alimento a ser consumida ao longo do dia. Os alimentos estão distribuídos em 4 níveis, a partir da base em direção ao topo, de acordo com o nutriente que mais se destaca na sua composição: 1º nível (base): formado pelos alimentos fontes de energia provenientes dos carboidratos complexos como mandioca, macarrão, pão, biscoito, arroz, etc. de preferência na forma integral. 2º nível: composto pelos alimentos fontes de vitaminas, minerais e fibras, formado pelo grupo das Verduras e Legumes e pelo grupo das Frutas. 3º nível: onde são encontrados os alimentos fontes de proteína, sendo formado pelos grupos dos Leites e derivados; das Carnes (boi, frango, peixe) e Ovos; e dos Feijões (lentilha, soja, etc). 4º nível (topo): formado pelo grupo dos Óleos e gorduras e dos Açucares e doces, todos fontes de energia e prejudiciais se consumidos em excesso. Quanto mais próximo do topo da pirâmide estiver o grupo de alimento, menor a quantidade recomendada para consumir diariamente de alimentos daquele grupo. Por exemplo, podemos consumir diariamente mais alimentos do grupo do Arroz e Pão que qualquer outro grupo (parte mais larga da pirâmide); é recomendável o consumo maior de Verduras e Frutas do que de Carnes ao longo do dia. 34 Verduras e Legumes Frutas Fejões Carnes e Ovos Leite, Quejo Iogurte Óleos e Gorduras Açúcares e Doces Fonte: Profª Dra. Sonia Tucunduva Philipi, 2005 Legenda:(naturalmente presente ou adicionais) Gordura Açúcar Arroz, Pão, Massa, Batata, Mandioca 35 35 7. Esquema Alimentar Infantil do DME Esquema Alimentar Infantil é uma relação dos tipos de alimentos que compõem uma determinada refeição, devendo ser adequados às recomendações nutricionais e fisiológicas da criança, de acordo com cada faixa etária. 7.1. Como é Elaborado? • Ao elaborar o esquema alimentar são considerados diferentes aspectos, tais como: • Composição nutritiva: representada pelos três grupos de alimentos, com equilíbrio entre os nutrientes; • Especificidade: ser nutricionalmente adequado para cada faixa etária atendida; • Variedade de alimentos: para evitar monotonia alimentar; • Incentivo aos alimentos “in-natura”; • Apresentação: de forma que os alimentos despertem todos os sentidos, além do paladar, considerando as próprias características sensoriais (aparência, cor, odor, consistência ou textura); • Padrão higiênico-sanitário adequado: desde a procedência dos alimentos (matéria-prima) até seu preparo no ambiente dos CEIs; • Operacionalidade: considerando alimentos que podem ser preparados de acordo com o número de crianças, espaço físico, equipamentos, utensílios e pessoal; • Custo compatível: de acordo com a disponibilidade financeira da Secretaria. 7.2. Para que serve? O objetivo do esquema alimentar é nortear o desenvolvimento do PAE na Unidade e auxiliar o planejamento dos cardápios no CEI, de forma a compor refeições saudáveis ao longo da semana para cada faixa etária. 36 7.3. Atualizações e onde encontrar O esquema alimentar é revisado semestralmente pelos nutricionistas do Setor de Cardápios do DME, com base nos alimentos disponíveis na época e dias de fornecimento, sendo publicado no Diário Oficial. Essas revisões encontram-se ainda disponíveis no site da prefeitura – portal da Secretaria Municipal de Educação, site do DME. Segue exemplo do esquema alimentar proposto para os CEIs Conveniados: 37 7.4. Esquema Alimentar do DME para os Centros de Educação Infantil Versão Fevereiro/2011 Bebês com ATÉ 1 MÊS de idade Refeição 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Desejum Almoço Lanche Jantar Fórmula láctea infantil 1 Fórmula láctea infantil 1 Fórmula láctea infantil 1 Fórmula láctea infantil 1 Fórmula láctea infantil 1 Hidratação nos intervalos - Água filtrada e/ ou fervida Mamadeira: • Fórmula láctea infantil 1 – Indicada para crianças de 0 a 5 meses • Volume = Seguir orientações do rótulo da fórmula lactea para esta faixa etária Bebês com 1 a 3 MESES Refeição 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Desejum Almoço Lanche Jantar Fórmula láctea infantil 1 Fórmula láctea infantil 1 Fórmula láctea infantil 1 Fórmula láctea infantil 1 Fórmula láctea infantil 1 Hidratação nos intervalos - Água filtrada e/ ou fervida Mamadeira: • Fórmula láctea infantil 1 – Indicada para crianças de 0 a 5 meses. • Volume = Seguir orientações do rótulo da fórmula lactea para esta faixa etária 38 Atentar para o consumo de água pelos bebês principalmente nos dias quentes! Bebês com 4 a 5 MESES Refeição 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Desejum Fórmula láctea infantil 1 Fórmula láctea infantil 1 Fórmula láctea infantil 1 Fórmula láctea infantil 1 Fórmula láctea infantil 1 Colação Suco de Laranja Lima (100 ml) Suco de Laranja Lima (100 ml) Suco de Laranja Lima (100 ml) Suco de Laranja Lima (100 ml) Suco de Laranja Lima (100 ml) Alamoço Papa Salgada Papa Salgada Papa Salgada Papa Salgada Papa Salgada Lanche Fórmula láctea infantil 1 e Papa de Banana Prata Fórmula láctea infantil 1 e Papa de Maçã Fórmula láctea infantil 1 e Papa de Fruta Fórmula láctea infantil 1 e Papa de Banana Prata Fórmula láctea infantil 1 e Papa de Fruta Jantar Fórmula láctea infantil 1 Fórmula láctea infantil 1 Fórmula láctea infantil 1 Fórmula láctea infantil 1 Fórmula láctea infantil 1 Hidratação nos intervalos - Água filtrada e/ ou fervida Mamadeira: • Fórmula láctea infantil 1 – Indicada para crianças de 0 a 5 meses. • Volume = Seguir orientações do rótulo da fórmula lactea para esta faixa etária 39 Período de Introdução dos Alimentos Refeição/ Alimento CUIDADOS 4º Mês – 1ª Semana COLAÇÃO / Suco de Laranja Lima • A introdução do suco deve ser gradativa, diluído a 50% (50ml de suco e 50ml de água filtrada) nas duas primeiras semanas. 4º Mês – 2ª Semana LANCHE / Papa de Fruta Ex: Abacate, banana prata, maçã, pêra e mamão • Quantidade - Iniciar com 1 colher de sobremesa e aumentar gradativamente. • Oferecer 1 tipo de fruta por dia e complementar com mamadeira. • Consistência - As frutas devem ser servidas amassadas ou raspadas e oferecidas com a colher. 4º Mês – 3ª e 4ª Semanas ALMOÇO / Papa Salgada Ver tabela de composição de Papa Salgada • Para a introdução da papa salgada: iniciar apenas com feculentos e legumes e gradativamente a cada dia, acrescentar cereais, carnes, verduras e grãos até obter a papa completa. • Consistência – variar a composição da pap ao lonfo da semana, intercalando versão com arroz ou macarrão conforme tabela de composição da papa. • Inicialmente os cereais, legumes e verduras cozidos devem ser passados por uma peneira grossa e após a 1ª semana amassados com garfo. A carne (bovina ou frango) deve ser desfiada e picada. Oferecer com a colher. • Quantidade – iniciar oferecendo uma pequena quantidade respeitando a vontade da criança e completar com mamadeira. Aumentar diariamente o volume da papa salgada até completar 200g aproximadamente. Neste momento, a mamadeira é retirada. 40 Bebês com 6 a 7 MESES Refeição 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Desejum Fórmula láctea infantil 2 e Pão Bisnaguinha Fórmula láctea infantil 2 e BiscoitoDoce Fórmula láctea infantil 2 e Pão Bisnaguinha / Pão Hot Dog Fórmula láctea infantil 2 e Biscoito Salgado Fórmula láctea infantil 2 e Pão Forma / Pão Bisnaguinha Colação Suco de Fruta (100ml) Suco de Fruta (100ml) Suco de Fruta (100ml) Suco de Fruta (100ml) Suco de Fruta (100ml) Almoço Papa Salgada e Papa de Banana Prata Papa Salgada e Papa de Maçã Papa Salgada e Papa de Fruta Papa Salgada e Papa de Banana Prata Papa Salgada e Papa de Fruta Lanche Fórmula láctea infantil 2 Fórmula láctea infantil 2 Fórmula láctea infantil 2 Fórmula láctea infantil 2 Fórmula láctea infantil 2 Jantar Papa Salgada e Papa de Banana Prata Papa Salgada e Papa de Maçã Papa Salgada e Papa de Fruta Papa Salgada 1 e Papa de Banana Prata Papa Salgada e Papa de Fruta Hidratação nos intervalos - Água filtrada e/ ou fervida Mamadeira: • Fórmula láctea infantil 2 – Indicada para crianças de 6 a 11 meses. • Volume = Seguir orientações do rótulo da fórmula lactea para esta faixa etária 41 Período de Introdução dos Alimentos Refeição/ Alimento CUIDADOS 6º MÊS DESJEJUM Oferecer biscoito doce/salgado ou pão após a mamadeira. COLAÇÃO Suco de frutas: laranja, limão, maracujá e goiaba. Também poderá ser utilizada sobra de outras frutas. ALMOÇO Papa Salgada: Introdução da gema de ovo uma vez na semana no almoço e jantar. Variar a composição da papa ao longo da semana segundo tabela de composição Ex: versão com arroz, com macarrão e com gema de ovo. Sobremesa: A papa de fruta oferecida no lanche no mês anterior, será a sobremesa do almoço. Ex. Abacate, banana prata, maçã, pêra e mamão. JANTAR / Papa Salgada Ver tabela de composição de Papa Salgada e variar composição ao longo da semana Sobremesa: Oferecer como sobremesa uma fruta. A oferta freqüente e variada de feculentos, legumes, verduras e frutas contribui para garantir à criança a quantidade de nutrientes necessários à sua saúde! 42 Bebês com 8 a 11 MESES Refeição 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Desejum Fórmula láctea infantil 2 e Pão Bisnaguinha Fórmula láctea infantil 2 e Biscoito Doce Fórmula láctea infantil 2 e Pão Bisnaguinha / Pão Hot Dog Fórmula láctea infantil 2 e Biscoito Salgado Fórmula láctea infantil 2 e Pão Forma / Pão Bisnaguinha Colação Suco de Fruta (100ml) Suco de Fruta (100ml) Suco de Fruta (100ml) Suco de Fruta (100ml) Suco de Fruta (100ml) Almoço Arroz, Feijão, (*), Feculento e Banana Prata Arroz, Feijão, (*), Legume vit.A e Maçã Arroz, Feijão, (*), Legume, Verdura e Fruta Macarrão com molho, (*), Legume, Verdura e Banana Prata Arroz, Feijão, (*), Feculento e Fruta Lanche Fórmula láctea infantil 2 Fórmula láctea infantil 2 Fórmula láctea infantil 2 Fórmula láctea infantil 2 Fórmula láctea infantil 2 Jantar Sopa e Banana Prata Sopa e Maçã Sopa e Fruta Sopa e Banana Prata Sopa e Fruta Hidratação nos intervalos - Água filtrada e/ ou fervida Mamadeira: Fórmula láctea infantil 2 – Indicada para crianças de 6 a 11 meses. • Volume = Seguir orientações do rótulo da fórmula lactea para esta faixa etária 43 Período de Introdução dos Alimentos Refeição / Alimento CUIDADOS 8º MÊS COLAÇÃO Iniciar gradativamente a oferta de suco na caneca. ALMOÇO / Introdução da REFEIÇÃO SALGADA Consistência – Os alimentos devem ser bem cozidos e amassados com garfo. A carne (bovina ou frango) deve ser desfiada e picada; Introdução do ovo inteiro. JANTAR / Introdução da SOPA Consistência – Os alimentos que compõem a SOPA são os mesmos da PAPA SALGADA e não devem ser amassados, mas oferecidos em pedaços pequenos, para estimular a mastigação. Variar a composição da sopa ao longo da semana conforme tabela de composição. 11º MÊS DESJEJUM E LANCHE Estimular a substituição da Fórmula Láctea servida na mamadeira para a caneca. IMPORTANTE: Oferecer alimentos em pequenos pedaços, pois nesta fase a criança descobre e distingue consistências, sabores e cores e estimular a mastigação. 44 Crianças com 1 ANO a 1 ANO e 11 MESES Refeição 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Desejum Leite Integral (200ml) e Pão Bisnaguinha com Enriquecedor Leite Integral (200ml) e Biscoito Doce/ Biscoito Salgado/ Leite Integral com Flocos de Milho (#) Leite Integral (200ml) e Pão Bisnaguinha / Pão Hot Dog com Enriquecedor Leite Integral (200ml) e Bolo Individual Leite Integral (200ml) e Pão Forma / Pão Bisnaguinha com Enriquecedor Colação Suco de Fruta (100ml) Suco de Fruta (100ml) Suco de Fruta (100ml) Suco de Fruta (100ml) Suco de Fruta (100ml) Almoço Arroz, Feijão, (*), Feculento e Banana Prata Arroz, Feijão, (*), Legume vit.A e Maçã Arroz, Feijão, (*), Legume, Verdura e Fruta Macarrão com molho, (*), Legume, Verdura e Banana Prata Arroz, Feijão, (*), Feculento e Fruta Lanche Composto Lácteo (200 ml) Leite Integral (200ml) Leite Integral (200ml) Leite Integral (200ml) Leite Integral (200ml) Jantar Sopa e Gelatina Arroz, (*), Legume vit. A e Maçã Sopa e Fruta Arroz, (*), Legume e Banana Prata Macarrão, (*), Legume e Fruta Hidratação nos intervalos - Água filtrada e/ ou fervida Leite integral – Preparado de acordo com as instruções contidas na embalagem 45 Período de Introdução dos Alimentos Refeição / Alimento CUIDADOS 1º ANO DESJEJUM Leite integral servido na caneca; Enriquecedor (recheio) no pão; Bolo; (#) Leite com Flocos de Milho oferecer 1 vez por mês. ALMOÇO / Refeição Consistência: Alterar gradativamente de pedaços pequenos até atingir consistência normal. LANCHE Composto Lácteo Sabores (café, chocolate ou outros) ou Leite integral batido com frutas desde que a criança não utilize mais a mamadeira. JANTAR Oferecer três vezes a refeição intercalada com a sopa ao longo da semana; Sobremesa: Gelatina 1 vez na semana. IMPORTANTE: Esta é uma fase de transição para a alimentação semelhante a dos adultos. A criança deve ser estimulada a se alimentar sozinha. 46 Crianças com 2 a 6 ANOS Refeição 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Desejum Composto Lácteo (200 ml) e Pão Bisnaguinha/ Pão Bisnaguinha Integral com Enriquecedor Leite Integral (200ml) com Flocos de Milho Composto Lácteo (200ml) e Pão Hot Dog/ Pão Hot Dog Integral com Enriquecedor Composto Lácteo (200 ml) e Bolo Individual Composto Lácteo (200 ml) e Pão Forma /Pão Forma Integral com Margarina / Requeijão Composto Lácteo Sabores e Biscoito Doce Composto Lácteo e Biscoito Salgado Colação Suco de Fruta (100ml) Suco de Fruta (100ml) Suco de Fruta (100ml) Suco de Fruta (100ml) Suco de Fruta (100ml) Almoço Arroz, Feijão, (*), Feculento e Banana Prata Arroz, Feijão, (*), Legume vit. A e Maçã Arroz, Feijão, (*), Legume, Verdura e Fruta Macarrão com Molho, (*), Legume, Verdura e Banana Prata Arroz, Feijão, (*), Feculento e Fruta Lanche Composto Lácteo (200 ml) Composto Lácteo (200 ml) Composto Lácteo (200 ml) Composto Lácteo (200 ml) Leite Integral com Fruta Jantar Sopa e Gelatina Arroz, (*), Legume vit. A e Maçã Sopa e Fruta Arroz, (*), Legume e Banana Prata Macarrão, (*), Legume e Fruta Hidratação nos intervalos - Água filtrada e/ ou fervida Leite integral e Composto lácteo – preparar de acordo com as instruções contidas na embalagem e informativos técnicos. 47 Período de Introdução dos Alimentos Refeição/ Alimento CUIDADOS 2º ANO DESJEJUM Alimentos integrais: biscoitos e pães (Bisnaguinha, Forma ou Hot Dog); Maior freqüência de composto lácteo durante a semana. ALMOÇO Salsicha e Filé de Peixe; As preparações tipo frituras poderão ser utilizadas com moderação (máximo 1 vez na quinzena). A criança que consome diariamente feculentos, legumes, Verdurase frutas variados, além de adquirir hábitos alimentares saudáveis, recebe a quantidade de vitaminas, minerais e fibras de que necessita. 48 LEGENDA: 1. ENRIQUECEDOR DE PÃO: Geléia, Margarina ou Requeijão 2. (*) CARNE, FILÉ DE PEIXE, FRANGO, OVO ou SALSICHA variando diariamente no almoço e jantar. 3. SOBREMESA FRUTA: Abacate, Abacaxi, Ameixa, Caqui, Goiaba, Kiwi, Mamão, Manga, Melancia, Melão, Morango, Pêra, Pêssego, Tangerina e Uva . 4. LEITE COM FRUTA: Mamão e Abacate. Também poderão ser utilizadas outras frutas disponíveis. 5. HORTALIÇAS: FECULENTO: Batata Inglesa, Batata Doce, Cará, Inhame, Mandioca e Mandioquinha. LEGUME: Abobrinha, Berinjela, Beterraba, Brócolos, Chuchu, Couve Flor, Pepino, Quiabo e Vagem. LEGUME vit. A: Cenoura e Abóbora. VERDURA: Acelga, Agrião, Alface, Almeirão, Couve Manteiga, Escarola, Espinafre, Mostarda e Repolho. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES PARA ELABORAÇÃO DO CARDÁPIO: Desjejum e Lanche: servir diariamente bebida ou preparação a base de leite Colação: servir diariamente suco de fruta natural Almoço e Jantar: não oferecer sobremesa a base de leite 49 COMPOSIÇÃO e PER CAPITA PARA PREPARO DA PAPA SALGADA E SOPA ALIMENTO Papa e sopa com arroz Papa e sopa com macarrão Papa e Sopa com ovo Arroz 10g --- 10g Macarrão --- 10g ---- Feculento 30g 30 g 30g Legume 40g 40g 40g Legume vit. A 40 g 40 g 40 g Verdura 10g 10 g 10g Carne -- 20g -- Frango 30 g -- -- Ovo/ Gema -- -- 1 un NOTA: No esquema Alimentar, os alimentos em negrito são enviados pelo DME/SME CONSIDERAÇÕES FINAIS: * Todos os cardápios estão sujeitos a alterações de acordo com a disponibilidade de alimentos. * O Sistema de distribuição autosserviço (self service) deve ser estimulado, pois permite a liberdade de escolha e a realização de um trabalho com o porcionamento adequado dos alimentos; estimula a autonomia da criança o que é importante nesta fase do desenvolvimento infantil. Deve ser implantado gradativamente, com acompanhamento pedagógico e inserido no projeto pedagógico do CEI. 50 50 8. Planejando os Cardápios nos CEIs Cardápio é uma lista de preparações culinárias que compõem uma refeição. Possibilita a diversificação das preparações, a distribuição quantitativa dos alimentos, considerando a porção que cada criança deve consumir. É tarefa de cada CEI elaborar semanalmente seu próprio cardápio, considerando: adequação às faixas etárias, freqüência ao longo da semana, prazo de validade, grau de maturação das hortifrutícolas, e disponibilidade dos alimentos, seja os enviados pelo DME, os recebidos por doação e os adquiridos pelo próprio CEI. 8.1. Montando o Cardápio da Criança • Utilizar o Esquema Alimentar do DME como modelo, especificando os alimentos servidos e a forma de preparo, se for o caso. Exemplo: no lugar do “pão com recheio”- especificar: bisnaguinha com geléia; “feculento” – especificar: purê de mandioquinha; etc. • Selecionar os tipos de alimentos que devem constar em cada refeição, sempre pensando na variedade, para fornecer à criança todos os nutrientes necessários; • Oferecer uma alimentação colorida para estimular o apetite. Aproveite a variedade de cores que as hortaliças oferecem. Lembre-se sempre de que mudando as cores dos vegetais, você também estará variando a oferta de vitaminas e minerais. 51 8.2. A Transformação dos Alimentos no Processo Culinário No espaço da cozinha se aprende a sabedoria essencial para a vida, que pela magia da culinária, torna-se arte, brinquedo, fruição e alegria. A arte culinária além de transformar o alimento e variar sua forma de apresentação, envolve as sensações do indivíduo, aguçando todos os sentidos que, quando despertados, gravam no sabor da memória uma nova emoção para o alimentar-se com prazer. Neste sentido, é importante estarmos atentos no processo de cocção dos alimentos para oferecer às crianças alimentos seguros, sob o ponto de vista higiênico-sanitário; com boa apresentação e palatabilidade. Durante o preparo das refeições às crianças, devemos ainda observar e valorizar os seguintes aspectos: • Apresentar preparações variadas como assados, grelhados, cozidos, ensopados e alimentos crus, procurando sempre modificar também o formato e os tipos de corte como, por exemplo, em palito, rodelas, ralado, cubos, fatias, etc; • Procurar oferecer os alimentos em consistência adequada de acordo com as fases de desenvolvimento infantil, lembrando que o estímulo à mastigação é muito importante principalmente em crianças que não são mais lactentes; • Na fase de introdução dos alimentos, a papa de legumes não deve ser batida no liquidificador mas amassar os legumes com o garfo e desfiar a carne, para que a criança possa sentir a diferença do sabor e da textura dos alimentos; Evitar: A oferta de alimentos com consistência parecida na mesma refeição. Procurar combinar várias texturas utilizando alimentos que ofereçam diferentes graus de resistência à mastigação; Duas preparações com molho, porque elas se misturam no prato afetando sua aparência; Alimentos da mesma espécie em uma determinada refeição. Exemplo: batata e mandioca (dois feculentos) ou arroz e macarrão (dois energéticos) na mesma refeição. 52 Lembre-se: O cardápio deve ser afixado na cozinha e no refeitório (Lei Municipal 14404, de 21/05/07). Sugerimos sua apresentação às crianças, através de reprodução lúdica, com um trabalho pedagógico, para que elas acompanhem o que será servido; Sugerimos que uma cópia seja anexada na entrada do CEI, para que os pais tenham conhecimento da alimentação servida às crianças; Manter os cardápios arquivados por pelo menos 4 semanas para consulta posterior e avaliação pelo nutricionista. 8.3. Quantidade Per Capita de Alimentos Perecíveis e Não Perecíveis Quantidade per capita significa a quantidade de alimento cru estimada para cada criança, de acordo com sua faixa etária e tipo de uso, estabelecida pelo DME. A quantidade de todos os alimentos enviados pelo DME é baseada nesse valor, sendo representada pela tabela em anexo (Apêndice 1). Por que é importante consultá-la? para avaliar se a quantidade de alimento preparados no CEI está adequada; para orientar sobre a quantidade de alimentos a serem utilizados. 53 No caso dos alimentos perecíveis a serem adquiridos pela Unidade, orientamos seguir o per capita abaixo para cada faixa etária e tipo de uso: Alimento Onde é Usado CEI - FAIXAS ETÁRIAS 0 - 1m 1 - 3m 4 - 5m 6 - 7m 8 - 11 m 1 - 1a11m 2 - 3a11m 4 - 6a Carne em Peça (g) Almoço - - - - 30 40 40 50 Jantar - - - - - 40 40 50 Sopa - - 20 20 20 20 20 20 Filé de Peixe (g) Almoço - - - - - - 50 50 Frango (g) Almoço - - - - 50 65 65 100 Jantar - - - - - 65 65 100 Sopa - - 30 30 30 30 30 30 8.3.1. Como calcular a quantidade total de alimento a ser preparado na refeição? Passo a passo: 1. Verificar o número de crianças presentes no dia, por faixa etária; 2. Multiplicar esses números, pelas respectivas quantidades per capita de alimento conforme tabela acima e apêndice 1. Para cada faixa etária: X = 3. Somar os valores de cada faixa etária, obtendo o valor total a ser preparado e acrescentar a quantidade correspondente ao número de funcionários (adultos). Nº de crianças presentes per capita (g) do alimento Quantidade de alimento para esta faixa etária 54 Exemplo: cálculo da quantidade de arroz a ser preparada no almoço: FAIXA ETÁRIA Nº DE PRESENTES PER CAPITA TOTAL 0 a 1 mês 2 - 0 2 a 3 meses 3 - 0 4 a 5 meses 6 - 0 6 a 7 meses 2 10g 20 g 8 a 11 meses 0 15g 0 1a 1ano e 1 meses 10 30g 300 g 2 a 3 anos e 11meses 38 30g 1140 g 4 a 6 anos 50 40g 2000 g Funcionários 12 80g 960g Total Geral 4420g Portanto, o CEI deverá em torno de 4,4kg de arroz para os alunos e funcionários. Salientamos que essa quantidade é apenas orientativa, devendo ser adaptada de acordo com a aceitação do alimento, consumo na Unidade e outros motivos, a fim de evitar desperdício.
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