Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
 
PÓLIPOS DE CÓLON 
Um pólipo é a massa de células epiteliais visível macroscopicamente, 
que se projeta a partir da superfície da mucosa intestinal até o 
interior do seu lúmen. Um pólipo pode ser plano, séssil ou 
pedunculado (anexado por uma haste). 
Os pólipos podem ser não neoplásicos ou neoplásicos 
(adenomatosos). Geralmente são assintomáticos, mas 
ocasionalmente provocam sangramento, prolapso ou obstrução. Os 
pólipos não neoplásicos não são pré-malignos, mas os pólipos 
neoplásicos podem se tornar um câncer verdadeiro. 
A classificação histológica dos pólipos proposta por Morson é 
universalmente aceita. Ele considera 4 grupos principais, podendo 
ocorrer de forma solitária ou como múltiplas lesões. 
 
Os pólipos adenomatosos têm maior propensão a malignidade. 
Cerca de 50% dos pólipos acometem cólon sigmoide e reto. 
EPIDEMIOLOGIA 
O câncer colorretal apresenta a 2ª maior causa de mortes nos EUA, 
sendo que cerca de 90% surgem de pólipos adenomatosos. 50% dos 
pacientes apresentam mais do que uma lesão e 15% duas lesões. 
Brasil -> no ano de 2006, a incidência foi de 13,69 por 100.000 
homens e de 14,6 para 100.000 mulheres, abrangendo todos os 
tipos de neoplasias. 
A incidência estimada de pólipos na população geral varia de 9-60%, 
sendo esse valor maior correspondente a pequenos pólipos 
encontrados em necropsias. 
Em relação aos pólipos neoplásicos, o adenoma tubular ocorre em 
75% dos casos, o papiloma viloso em 5%, e a forma intermediária ou 
tubulovilosa, em 20%. Aceita-se hoje que a maioria dos cânceres do 
cólon origina-se de adenomas. 
Os argumentos que sustentam essa afirmação partem de 
documentos epidemiológicos, clínicos, patológicos e, 
modernamente, da contribuição da biologia molecular. Os pólipos 
hamartomatosos em 70% dos casos, localiza-se no reto, em 15% no 
sigmoide e, nos 15% restantes, ao longo do cólon. 
 
 
PÓLIPOS NÃO NEOPLÁSICOS 
PÓLIPOS HIPERPLÁSICOS OU METAPLÁSICOS 
São os mais frequentes no cólon e reto, geralmente pequenos (0,1-
1cm), sésseis e múltiplos; sua frequência aumenta com a idade, 
sendo mais comuns no retossigmoide. 
Esses pólipos não têm potencial de evolução maligna, pois resultam 
da diminuição do turnover das células epiteliais nas criptas 
colônicas que leva ao empilhamento das células e ao aspecto 
serrilhado. 
Apresentam-se com aspecto nodular ou mamelonado -> são 
formados a partir de alterações na divisão celular no interior da 
cripta de Lieberkuhn, com expansão da zona de replicação celular 
em sua base, resultando na elevação polipoide, e sem qualquer 
evidência de atipia. 
❖ Em algumas situações, esses nódulos já seriam adenomas, 
coexistindo com uma estrutura de pólipo hiperplásico. 
Histologia -> criptas bem definidas, alongadas e/ou ramificadas, 
com borda de aspecto serrilhado, revestidas por células 
caliciformes e absortivas com maturação preservada. 
 
! Pólipos hiperplásicos devem ser distinguidos de adenomas sésseis 
serrilhados, que apresentam potencial de malignidade. 
PÓLIPOS HAMARTOMATOSOS 
São lesões constituídas por tecidos próprios do local, com 
maturação preservada, mas em quantidade aumentada e com 
estrutura desorganizada. Podem ser isolados/múltiplos, associados 
a síndromes hereditárias. 
❖ Inicialmente considerados malformações, sem potencial de 
malignidade, sabe-se hoje que podem ter mutações herdadas 
em oncogenes e genes supressores de tumor, com risco de 
evoluir para câncer no trato gastrointestinal e em outros 
órgãos. 
A formação desses pólipos está diretamente ligada à inflamação e 
ulceração da mucosa colônica. Essas situações obliteram pequenas 
glândulas, que se dilatam e proliferam, formando inúmeros cistos 
de conteúdo mucinoso, fazendo a protrusão do lúmen intestinal. 
APG 10 - PÓLIPO E CÂNCER DE CÓLON 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
! A identificação de um pólipo hamartomatoso é importante porque 
pode ser uma pista para o diagnóstico de uma síndrome hereditária 
de polipose, com risco de evoluir para câncer. 
PÓLIPO JUVENIL 
Ocorre principalmente no reto de crianças <5 anos, mas pode 
aparecer também em jovens/adultos. As lesões são geralmente 
solitárias e consideradas como malformações -> pólipos de 
retenção. 
❖ O pólipo apresenta-se como tumor pardo-avermelhado, 
geralmente pediculado, com 1-3cm, que pode sofrer tração, 
infarto e autoamputação, podendo ser eliminado nas fezes. 
Polipose juvenil -> presença difusa de hamartomas. Pode 
apresentar-se sob a forma de 3 síndromes: 
❖ Polipose juvenil colônica. 
❖ Polipose juvenil gastrointestinal difusa. 
❖ Síndrome de Cronkhite-Canada -> polipose juvenil com lesões 
ectodérmicas. 
As 2 primeiras formas são de caráter hereditário autossômico 
recessivo, e os pólipos hamartomatosos apresentam baixíssimo 
potencial de malignização. Porém, existe um risco maior do câncer 
colorretal nos portadores da forma familiar juvenil e em seus 
familiares. 
Histologia -> pólipo constituído por glândulas dilatadas cisticamente 
e revestidas por epitélio mucossecretor; o estroma contém 
infiltrado inflamatório. 
SÍNDROME DE PEUTZ-JEGHERS 
É rara e de herança autossômica dominante, caracterizada por: 
❖ Pólipos hamartomatosos múltiplos no TGI, ID, cólon, reto e 
estômago e, por vezes, nas vias respiratórias e bexiga. 
❖ Hiperpigmentação melânica cutaneomucosa semelhante a 
lentigo, na mucosa oral, face, genitália e palma das mãos. Os 
pólipos são, em geral, volumosos, pediculados e lobulados. 
 
Histologia -> os pólipos apresentam padrão arboriforme com feixes 
de tecido conjuntivo e células musculares lisas que septam 
estruturas glandulares revestidas por epitélio colunar alto com 
maturação preservada. 
Apresenta malformação da muscular da mucosa, recoberta por 
mucosa normal, sem qualquer atividade de proliferação celular 
anormal. 
 
! Os pacientes têm maior risco de câncer fora do TGI, como útero, 
ovários, mama e pâncreas. 
PÓLIPOS INFLAMATÓRIOS (PSEUDOPÓLIPOS) 
São lesões nodulares com 0,2-1,5cm, associadas a inflamações no 
cólon, úlceras e reparo da mucosa. As lesões são constituídas por 
ilhas de mucosa preservada adjacentes às úlceras, as quais se 
projetam na luz intestinal. 
❖ Esses pólipos formam-se em pacientes com retrocolite 
ulcerativa de longa duração e em indivíduos com prolapso da 
mucosa retal. 
PÓLIPOS LINFOIDES 
Representam uma variante dos pólipos inflamatórios. São 
constituídos por hiperplasia do tecido linfoide associado à mucosa 
colônica. 
Pólipo linfoide benigno -> é mais frequentemente encontrado no 
terço distal do reto e no íleo terminal. É formado por tecido linfoide, 
constituindo estrutura de linfonodo, porém sem sinuosidades. 
❖ Representa uma lesão inflamatória em fase de regeneração, 
que deve ser diferenciada do linfoma maligno solitário. 
Polipose inflamatória (pseudopolipose) -> ocorre como resultado 
de ulceração que compromete toda a espessura do epitélio 
intestinal, principalmente em processos disentéricos crônicos do 
cólon (DC e RCU). 
❖ Esses pólipos se apresentam, em grande número, sob a forma 
de apêndices mucosos, contendo alterações de caráter 
inflamatório. 
Habitualmente, esses pólipos são assintomáticos, sendo 
encontrados por conta da patologia inflamatória associada. 
Quanto ao diagnóstico, do ponto de vista radiológico e 
endoscópico, a diferenciação entre uma polipose inflamatória e 
uma adenomatosa poderá ser difícil, sendo necessária biópsia. 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
A manifestação clínica mais importante é a perda de sangue junto 
com as fezes e, como a maioria desses pólipos são de localização 
baixa, o sangue é de coloração clara. 
Alguns pólipos retais, de pedículo longo, poderão exteriorizar-se 
pelo ânus durante uma evacuação. Em situações de múltiplos 
pólipos, poderá acontecer uma diarreia. 
DIAGNÓSTICO 
É realizado atravésde procedimentos endoscópicos e pela 
retossigmoidoscopia, podendo detectar cerca de 75% desses pólipos 
e, pela colonoscopia, o restante. 
❖ O método endoscópico permite, além do diagnóstico, sua 
remoção, através do seu enlaçamento com alças ligadas ao 
eletrocautério. 
Enema opaco -> poderá ser avaliado para o diagnóstico dos pólipos, 
porém, com uma disseminação do uso da colonoscopia, com sua 
vantagem terapêutica de excisão dos pólipos, esse recurso deixou de 
ser utilizado. 
A remoção dos pólipos através da endoscopia é um procedimento 
eletivo inicial. Em algumas situações, o volume dos pólipos poderá 
levar à invaginação intestinal e, nesse caso, ou na impossibilidade da 
remoção de todos os pólipos por via endoscópica, é indicada uma 
colectomia total. 
PÓLIPOS NEOPLÁSICOS (ADENOMAS) 
Os pólipos neoplásicos, únicos ou múltiplos, têm tamanho e aspecto 
variados. Sua prevalência aumenta na idade, não havendo diferença 
entre homens e mulheres. Os adenomas são classificados: 
Viloso -> quando mais de 50% de sua extensão é constituída por 
estruturas papilíferas. 
Tubuloviloso -> compreende 15-20% dos pólipos neoplásicos, tem a 
mesma localização do adenoma tubular e apresenta-se como 
tumoração séssil ou pediculada, com características histológicas de 
estruturas tubulares e vilosas. 
❖ O risco de transformação maligna é proporcional à quantidade 
do componente viloso. 
Displasia de baixo grau -> os núcleos são dispostos na porção basal 
da célula e a produção de mucinas é preservada. 
Displasia de alto grau -> ocorre perda da orientação basal dos 
núcleos e da produção de mucinas, sendo mais frequente em lesões 
maiores que 1cm, situadas no reto e no cólon esquerdo. 
A característica mais importante quando se examina um adenoma é 
identificar se uma lesão apresenta foco de carcinoma intra-mucoso 
ou de carcinoma invasivo. 
A probabilidade de se encontrar um adenocarcinoma em um 
adenoma correlaciona-se com o tamanho da lesão (>2cm), com sua 
estrutura histológica (tubular/vilosa) e com o grau de displasia. 
! Uma lesão séssil >4cm tem risco de 40% de gerar um 
adenocarcinoma, enquanto um adenoma tubular <1cm, raramente, 
contém área de um carcinoma. 
FISIOPATOLOGIA 
Sem dúvidas, os tipos mais comuns de neoplasias intestinais são os 
pólipos adenomatosos. O pólipo gastrintestinal pode ser descrito 
como uma massa que avança para o lúmen intestinal. 
Os pólipos podem ser subclassificados de acordo com sua inserção 
à parede do intestino delgado (sésseis/pedunculados), aspecto 
histopatológico (hiperplásico/adenomatoso) e seu potencial 
neoplásico (benigno ou maligno). 
Pólipos adenomatosos são neoplasias benignas que se originam do 
epitélio da mucosa intestinal. Esses pólipos são formados de células 
neoplásicas que proliferaram mais que a necessidade para repor as 
células que normalmente se desprendem da superfície da mucosa. 
 
Originam-se em células imaturas, localizadas junto ao fundo das 
criptas intestinais, que persistem no processo proliferativo celular, 
ultrapassando suas necessidades de reparação normal do epitélio. 
As células epiteliais não conseguem restringir a síntese do DNA e, 
como consequência, o processo proliferativo atinge a mucosa e, 
pelo seu acúmulo, formam os pólipos, que, na sua progressão, 
começam uma displasia. 
A progressão de adenoma para carcinoma abrange alterações de 
genética molecular, como a ativação de oncogenes e a inativação 
de genes supressores de tumor. O mais estudado dos oncogenes é 
o K-ras. As mutações permitem ao gene transformar células e 
induzir neoplasias. 
O gene APC, um gene supressor de tumor, localizado no braço longo 
do cromossomo 5, é um elemento importante nessa cadeia de 
eventos. Outros genes supressores de tumor, como o DCC, que está 
localizado no cromossomo 18, podem estar envolvidos no processo 
cancerigênico. 
 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
A mutação no gene p53 é outra alteração. Através de estudos 
oncogenéticos, afirma-se que uma mutação do K-ras apresenta 
importante papel na formação de criptas aberrantes, porém essas 
lesões não progridem para os adenomas, com displasia, sem uma 
presença de outras alterações genéticas, como uma mutação do 
gene APC. 
ADENOMA TUBULAR 
É o tipo mais comum e compreende 75% dos pólipos neoplásicos. A 
lesão pode ser solitária (esporádica) ou múltipla. É mais frequente 
no cólon e no reto (90%), mas pode ocorrer em outros locais, como 
estômago e ID. 
 
As lesões são, geralmente, pequenas (<1cm) e sésseis, mas, quando 
crescem, tornam-se pediculadas. O tumor é constituído por 
glândulas tubulares revestidas por epitélio colunar alto, 
pseudoestratificado, com graus variados de displasia. 
 
ADENOMA VILOSO 
É menos frequente em relação ao adenoma tubular -> compreende 
10% dos pólipos neoplásicos e tem um pior prognóstico, pois o risco 
de transformação maligna é 10x maior em comparação com um 
adenoma tubular. 
O adenoma viloso localiza-se nos 25cm distais do cólon, e manifesta-
se em indivíduos após a 6ª década de vida. A lesão geralmente é 
única, tem base de implantação larga e é maior do que o tubular. As 
manifestações clínicas são mais frequentes do que nos adenomas 
tubulares. 
Histologia -> constituído por projeções papilíferas revestidas por 
epitélio colunar alto pseudoestratificado com diferentes graus de 
displasia. 
 
Cerca de 10% dos casos apresentam displasia de alto grau; 
transformação maligna com invasão do estroma ocorre em 30-50% 
dos casos. Em geral, o tumor é descoberto por sangramento retal; 
pode apresentar também hipersecreção de muco, com perda de 
proteínas e potássio. 
 
ADENOMA - PÓLIPO SÉSSIL SERRILHADO 
Trata-se de lesão séssil ou plana que se origina predominantemente 
no cólon proximal. A arquitetura serrilhada das criptas é similar à do 
pólipo hiperplásico, embora nos adenomas o aspecto serrilhado 
ocorra em toda extensão das glândulas, incluindo a base e as suas 
ramificações laterais. 
 
! A lesão é importante porque é precursora do câncer do cólon 
associado à instabilidade de microssatélites. 
MANIFESTAÇÕES CL ÍNICAS 
A manifestação clínica do pólipo é pouco significativa e pode 
ocorrer através da perda de sangue ou de muco junto com as fezes. 
A intensidade da perda está relacionada com a quantidade e com o 
tamanho dos pólipos, podendo variar desde ausência de perdas 
sanguíneas até situações de enterorragia mais intensa, levando à 
anemia. 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
Os pólipos retais pediculados poderão exteriorizar-se no momento 
da evacuação. A perda de muco, misturado com sangue ou não, é a 
manifestação característica dos pólipos vilosos. 
Em algumas situações, apresentam grandes volumes de perdas, 
com consequente rebaixamento das reservas de água e de 
eletrólitos do organismo. Os pólipos mais volumosos poderão 
ocupar espaço dentro do lúmen intestinal, ocasionando episódios 
de oclusão intestinal. 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico é realizado através de procedimentos endoscópicos 
(retossigmoidoscopia e colonoscopia) e radiológicos (enema opaco). 
A retossigmoidoscopia detecta cerca de 30% dos pólipos e, através 
da colonoscopia, esse valor atinge 90%. O enema opaco consegue 
detectar cerca de 80% dos pólipos, porém apresenta dificuldade no 
encontro de lesões com menos de 0,5 centímetros. 
Assim, os 2 métodos se complementam e devem ser utilizados em 
conjunto para uma completa detecção dos pólipos. Em exame de 
rotina, o encontro de sangue oculto nas fezes indicará uma 
realização de procedimentos endoscópicos. 
SÍNDROME DE POLIPOSE FAMILIAL 
A Polipose Familial do Cólon é uma doença genética de herança 
autossômica dominante, com alta penetrância, causada por 
mutações no gene APC, que é responsável por controlar uma 
proliferação celular da mucosa do cólon, pela via de sinalização 
WNT/β-catenina. 
❖ Caracteriza-se por muitos pólipos, variando dedezenas até 
milhares, que recobrem uma mucosa do cólon. 
Histologicamente, os pólipos são representados por adenomas 
displásticos. 
 
 
Dependendo do tipo de mutação envolvida, pode se apresentar: 
Forma Clássica -> os pacientes desenvolvem cerca de 500-2500 
adenomas (100 lesões são necessárias para o diagnóstico), 
localizados no cólon descendente e no cólon sigmoide, podendo 
comprometer também o reto, ceco, ID e estômago. 
❖ Ocorre geralmente na 3ª década de vida e o risco de 
desenvolver um câncer de cólon é de 100% em indivíduos que 
não foram tratados. Por isso, o tratamento profilático é uma 
colectomia total. 
Forma Atenuada -> os pacientes desenvolvem um menor número 
de adenomas (50 lesões), que se localizam, preferencialmente, no 
cólon proximal. O risco de transformação maligna é menor, em 
torno de 50%. 
Síndrome de Gardner -> é uma variante incomum, tem herança 
autossômica dominante e caracteriza-se pela associação de alguns 
adenomas com lesões extra-intestinais, como osteomas na 
mandíbula, no crânio e nos ossos longos, cistos epidérmicos e 
fibromatose. 
Síndrome de Turcot -> é uma variante rara, na qual os pólipos estão 
relacionados com tumores do SNC. 
CÂNCER DE CÓLON 
O adenocarcinoma do cólon é a neoplasia maligna mais comum do 
TGI, se configurando como um grande fator de morbidade e de 
mortalidade em todo o mundo. O câncer de cólon e de reto abrange 
os tumores que se iniciam no cólon, no reto e no ânus. 
É passível de tratamento e, na maioria dos casos, é curável quando 
detectado precocemente e quando ainda não atingiu outros órgãos. 
Grande parte desses tumores inicia-se através de pólipos, que são 
lesões benignas, que podem crescer na parede interna do intestino 
grosso. 
EPIDEMIOLOGIA 
Para o Brasil, estimam-se, para cada ano de 2020-2022, 20.520 
casos de câncer de cólon e de reto em homens e 20.470 em 
mulheres. Esses valores estão relacionados com um risco estimado 
de 19,63 casos novos para cada 100 mil homens e 19,03 para cada 
100 mil mulheres. 
Brasil -> representam a 4ª neoplasia em prevalência. No Brasil, é o 
3º câncer mais comum em homens e o 2º mais frequente em 
mulheres. O pico de incidência é entre 60 e 79 anos, com 20% dos 
casos ocorrendo antes de 50 anos. 
FATORES DE RISCO 
A causa dos cânceres de cólon e de reto é, em grande parte, 
desconhecida. 
Os principais fatores relacionados ao maior risco de desenvolver 
câncer de cólon e de reto são: 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
❖ Idade igual ou acima de 50 anos. 
❖ Obesidade. 
❖ Inatividade física. 
❖ Tabagismo prolongado. 
❖ Alto consumo de carne vermelha ou processada. 
❖ Baixa ingestão de cálcio. 
❖ Consumo excessivo de álcool. 
❖ Alimentação pobre em frutas e fibras. 
Fatores de origem hereditária aumentam esse risco, incluindo uma 
presença na família de alguém com câncer de cólon e com pólipos 
adenomatosos, além de algumas condições genéticas, como RCU e 
DC. 
❖ Os pacientes com 2 ou mais parentes de 1º ou 2º grau com 
câncer de cólon constituem cerca de 20% de todos os casos. 
A dieta parece desempenhar um papel importante -> o foco está na 
ingestão de gorduras, de açúcares refinados e de fibras, além do 
consumo adequado de micronutrientes protetores, como vitamina 
A, C e E. 
❖ Altos níveis de gordura na dieta podem aumentar uma síntese 
de ácidos biliares no fígado, que podem ser convertidos em 
carcinógenos pela flora bacteriana do intestino. Em especial, 
as bactérias são suspeitas como responsáveis pela conversão 
dos ácidos biliares em carcinógenos. 
! Vários estudos epidemiológicos sugerem que o AAS apresenta um 
efeito protetor, por meio da inibição da COX-2, que é altamente 
expressa em carcinomas de cólon e em adenomas, sendo conhecida 
por promover uma proliferação epitelial. 
 
MECANISMOS CARCINOGÊNICOS 
A combinação dos eventos moleculares que formam um 
adenocarcinoma de cólon e de reto é heterogênea, incluindo 
anormalidades genéticas e epigenéticas. 2 vias genéticas diferentes 
da via de APC/β-catenina e da via de instabilidade de microssatélites 
foram descritas. As mutações que envolvem a via de APC/β-catenina 
leva ao aumento da sinalização de WNT, enquanto isso, a via de 
instabilidade de microssatélites está associada com defeitos no 
reparo de erros de pareamento de DNA. 
Ambas envolvem o acúmulo gradual de mutações múltiplas, mas os 
genes envolvidos e os mecanismos pelos quais as mutações se 
acumulam são diferentes. 
VIA APC/B-CATENINA 
A sequência clássica de formação de um carcinoma, responsável 
por até 80% dos tumores de cólon esporádicos, geralmente, 
envolve uma mutação do gene supressor de tumor APC (um 
regulador negativo importante de β-catenina) no início do processo 
neoplásico. 
❖ A proteína APC promove uma degradação da β-catenina. Com 
uma perda de função do APC, a β-catenina se acumula e 
transloca-se para o núcleo, onde ativa uma transcrição de 
genes. Isso é acompanhado por mutações adicionais, 
incluindo mutações de ativação do KRAS, que, também, 
promovem o crescimento. 
A progressão neoplásica também está associada com mutações em 
outros genes supressores de tumor, como SMAD2 e SMAD4, que 
são responsáveis por codificar efetores da sinalização de TGF-β. 
Como uma sinalização de TGF-β inibe um ciclo celular, uma perda 
desses genes pode permitir o crescimento celular desordenado. 
 
O gene supressor de tumor TP53 encontra-se mutado em 80% dos 
cânceres de cólon, mas não é comumente afetado em adenomas, 
sugerindo que as mutações em TP53, também, ocorrem em 
estágios tardios da progressão tumoral. 
 
VIA DE INSTABILIDADE DE MIROSSATÉLITES 
Em pacientes com deficiência de reparo de erros de pareamento de 
DNA, as mutações se acumulam em repetições microssatélites, uma 
condição que é chamada de instabilidade de microssatélites. 
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA 
 
Essas mutações, geralmente, são silenciosas, pois os microssatélites 
estão localizados em regiões não codificantes, apesar de outras 
sequências estarem localizadas em regiões que são codificantes, 
como na região de codificação do receptor TGF-β do tipo II e da 
proteína BAX. 
Pelo fato do TGF-β inibir uma proliferação de células epiteliais 
colônicas, mutantes do receptor TGF-β do tipo II podem contribuir 
para o crescimento celular descontrolado, enquanto uma perda da 
BAX pode aumentar uma sobrevida de clones que são 
geneticamente anormais. 
 
FENÓTIPO DE HIPERMETILAÇÃO DA ILHA CPG 
Em um subconjunto do câncer de cólon que apresenta instabilidade 
de microssatélites, não há mutações nas enzimas de reparo de erros 
de pareamento de DNA. Esses tumores demonstram o fenótipo de 
hipermetilação da Ilha CpG. 
Nesses tumores, uma região do promotor MLH1, geralmente, está 
hipermetilada, reduzindo, uma expressão de MLH1 e da função de 
reparo. Mutações de ativação no oncogene BRAF são comuns 
nesses cânceres. Em contraste, KRAS e TP53, normalmente, não 
estão mutados. 
 
CLASSIFICAÇÃO E PROGRESSÃO DAS LESÕES COLÔNICAS 
O prognóstico dos pacientes com câncer colorretal depende, em 
grande parte, da extensão do acometimento intestinal e da 
existência de metástases por ocasião do diagnóstico. Em geral, o 
câncer colorretal é classificado em 4 estágios, com base no sistema 
TNM (tumor, linfonodo e metástase).

Mais conteúdos dessa disciplina