Prévia do material em texto
Maria Luiza Sena – Med XIV FASA PÓLIPOS DE CÓLON Um pólipo é a massa de células epiteliais visível macroscopicamente, que se projeta a partir da superfície da mucosa intestinal até o interior do seu lúmen. Um pólipo pode ser plano, séssil ou pedunculado (anexado por uma haste). Os pólipos podem ser não neoplásicos ou neoplásicos (adenomatosos). Geralmente são assintomáticos, mas ocasionalmente provocam sangramento, prolapso ou obstrução. Os pólipos não neoplásicos não são pré-malignos, mas os pólipos neoplásicos podem se tornar um câncer verdadeiro. A classificação histológica dos pólipos proposta por Morson é universalmente aceita. Ele considera 4 grupos principais, podendo ocorrer de forma solitária ou como múltiplas lesões. Os pólipos adenomatosos têm maior propensão a malignidade. Cerca de 50% dos pólipos acometem cólon sigmoide e reto. EPIDEMIOLOGIA O câncer colorretal apresenta a 2ª maior causa de mortes nos EUA, sendo que cerca de 90% surgem de pólipos adenomatosos. 50% dos pacientes apresentam mais do que uma lesão e 15% duas lesões. Brasil -> no ano de 2006, a incidência foi de 13,69 por 100.000 homens e de 14,6 para 100.000 mulheres, abrangendo todos os tipos de neoplasias. A incidência estimada de pólipos na população geral varia de 9-60%, sendo esse valor maior correspondente a pequenos pólipos encontrados em necropsias. Em relação aos pólipos neoplásicos, o adenoma tubular ocorre em 75% dos casos, o papiloma viloso em 5%, e a forma intermediária ou tubulovilosa, em 20%. Aceita-se hoje que a maioria dos cânceres do cólon origina-se de adenomas. Os argumentos que sustentam essa afirmação partem de documentos epidemiológicos, clínicos, patológicos e, modernamente, da contribuição da biologia molecular. Os pólipos hamartomatosos em 70% dos casos, localiza-se no reto, em 15% no sigmoide e, nos 15% restantes, ao longo do cólon. PÓLIPOS NÃO NEOPLÁSICOS PÓLIPOS HIPERPLÁSICOS OU METAPLÁSICOS São os mais frequentes no cólon e reto, geralmente pequenos (0,1- 1cm), sésseis e múltiplos; sua frequência aumenta com a idade, sendo mais comuns no retossigmoide. Esses pólipos não têm potencial de evolução maligna, pois resultam da diminuição do turnover das células epiteliais nas criptas colônicas que leva ao empilhamento das células e ao aspecto serrilhado. Apresentam-se com aspecto nodular ou mamelonado -> são formados a partir de alterações na divisão celular no interior da cripta de Lieberkuhn, com expansão da zona de replicação celular em sua base, resultando na elevação polipoide, e sem qualquer evidência de atipia. ❖ Em algumas situações, esses nódulos já seriam adenomas, coexistindo com uma estrutura de pólipo hiperplásico. Histologia -> criptas bem definidas, alongadas e/ou ramificadas, com borda de aspecto serrilhado, revestidas por células caliciformes e absortivas com maturação preservada. ! Pólipos hiperplásicos devem ser distinguidos de adenomas sésseis serrilhados, que apresentam potencial de malignidade. PÓLIPOS HAMARTOMATOSOS São lesões constituídas por tecidos próprios do local, com maturação preservada, mas em quantidade aumentada e com estrutura desorganizada. Podem ser isolados/múltiplos, associados a síndromes hereditárias. ❖ Inicialmente considerados malformações, sem potencial de malignidade, sabe-se hoje que podem ter mutações herdadas em oncogenes e genes supressores de tumor, com risco de evoluir para câncer no trato gastrointestinal e em outros órgãos. A formação desses pólipos está diretamente ligada à inflamação e ulceração da mucosa colônica. Essas situações obliteram pequenas glândulas, que se dilatam e proliferam, formando inúmeros cistos de conteúdo mucinoso, fazendo a protrusão do lúmen intestinal. APG 10 - PÓLIPO E CÂNCER DE CÓLON Maria Luiza Sena – Med XIV FASA ! A identificação de um pólipo hamartomatoso é importante porque pode ser uma pista para o diagnóstico de uma síndrome hereditária de polipose, com risco de evoluir para câncer. PÓLIPO JUVENIL Ocorre principalmente no reto de crianças <5 anos, mas pode aparecer também em jovens/adultos. As lesões são geralmente solitárias e consideradas como malformações -> pólipos de retenção. ❖ O pólipo apresenta-se como tumor pardo-avermelhado, geralmente pediculado, com 1-3cm, que pode sofrer tração, infarto e autoamputação, podendo ser eliminado nas fezes. Polipose juvenil -> presença difusa de hamartomas. Pode apresentar-se sob a forma de 3 síndromes: ❖ Polipose juvenil colônica. ❖ Polipose juvenil gastrointestinal difusa. ❖ Síndrome de Cronkhite-Canada -> polipose juvenil com lesões ectodérmicas. As 2 primeiras formas são de caráter hereditário autossômico recessivo, e os pólipos hamartomatosos apresentam baixíssimo potencial de malignização. Porém, existe um risco maior do câncer colorretal nos portadores da forma familiar juvenil e em seus familiares. Histologia -> pólipo constituído por glândulas dilatadas cisticamente e revestidas por epitélio mucossecretor; o estroma contém infiltrado inflamatório. SÍNDROME DE PEUTZ-JEGHERS É rara e de herança autossômica dominante, caracterizada por: ❖ Pólipos hamartomatosos múltiplos no TGI, ID, cólon, reto e estômago e, por vezes, nas vias respiratórias e bexiga. ❖ Hiperpigmentação melânica cutaneomucosa semelhante a lentigo, na mucosa oral, face, genitália e palma das mãos. Os pólipos são, em geral, volumosos, pediculados e lobulados. Histologia -> os pólipos apresentam padrão arboriforme com feixes de tecido conjuntivo e células musculares lisas que septam estruturas glandulares revestidas por epitélio colunar alto com maturação preservada. Apresenta malformação da muscular da mucosa, recoberta por mucosa normal, sem qualquer atividade de proliferação celular anormal. ! Os pacientes têm maior risco de câncer fora do TGI, como útero, ovários, mama e pâncreas. PÓLIPOS INFLAMATÓRIOS (PSEUDOPÓLIPOS) São lesões nodulares com 0,2-1,5cm, associadas a inflamações no cólon, úlceras e reparo da mucosa. As lesões são constituídas por ilhas de mucosa preservada adjacentes às úlceras, as quais se projetam na luz intestinal. ❖ Esses pólipos formam-se em pacientes com retrocolite ulcerativa de longa duração e em indivíduos com prolapso da mucosa retal. PÓLIPOS LINFOIDES Representam uma variante dos pólipos inflamatórios. São constituídos por hiperplasia do tecido linfoide associado à mucosa colônica. Pólipo linfoide benigno -> é mais frequentemente encontrado no terço distal do reto e no íleo terminal. É formado por tecido linfoide, constituindo estrutura de linfonodo, porém sem sinuosidades. ❖ Representa uma lesão inflamatória em fase de regeneração, que deve ser diferenciada do linfoma maligno solitário. Polipose inflamatória (pseudopolipose) -> ocorre como resultado de ulceração que compromete toda a espessura do epitélio intestinal, principalmente em processos disentéricos crônicos do cólon (DC e RCU). ❖ Esses pólipos se apresentam, em grande número, sob a forma de apêndices mucosos, contendo alterações de caráter inflamatório. Habitualmente, esses pólipos são assintomáticos, sendo encontrados por conta da patologia inflamatória associada. Quanto ao diagnóstico, do ponto de vista radiológico e endoscópico, a diferenciação entre uma polipose inflamatória e uma adenomatosa poderá ser difícil, sendo necessária biópsia. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A manifestação clínica mais importante é a perda de sangue junto com as fezes e, como a maioria desses pólipos são de localização baixa, o sangue é de coloração clara. Alguns pólipos retais, de pedículo longo, poderão exteriorizar-se pelo ânus durante uma evacuação. Em situações de múltiplos pólipos, poderá acontecer uma diarreia. DIAGNÓSTICO É realizado atravésde procedimentos endoscópicos e pela retossigmoidoscopia, podendo detectar cerca de 75% desses pólipos e, pela colonoscopia, o restante. ❖ O método endoscópico permite, além do diagnóstico, sua remoção, através do seu enlaçamento com alças ligadas ao eletrocautério. Enema opaco -> poderá ser avaliado para o diagnóstico dos pólipos, porém, com uma disseminação do uso da colonoscopia, com sua vantagem terapêutica de excisão dos pólipos, esse recurso deixou de ser utilizado. A remoção dos pólipos através da endoscopia é um procedimento eletivo inicial. Em algumas situações, o volume dos pólipos poderá levar à invaginação intestinal e, nesse caso, ou na impossibilidade da remoção de todos os pólipos por via endoscópica, é indicada uma colectomia total. PÓLIPOS NEOPLÁSICOS (ADENOMAS) Os pólipos neoplásicos, únicos ou múltiplos, têm tamanho e aspecto variados. Sua prevalência aumenta na idade, não havendo diferença entre homens e mulheres. Os adenomas são classificados: Viloso -> quando mais de 50% de sua extensão é constituída por estruturas papilíferas. Tubuloviloso -> compreende 15-20% dos pólipos neoplásicos, tem a mesma localização do adenoma tubular e apresenta-se como tumoração séssil ou pediculada, com características histológicas de estruturas tubulares e vilosas. ❖ O risco de transformação maligna é proporcional à quantidade do componente viloso. Displasia de baixo grau -> os núcleos são dispostos na porção basal da célula e a produção de mucinas é preservada. Displasia de alto grau -> ocorre perda da orientação basal dos núcleos e da produção de mucinas, sendo mais frequente em lesões maiores que 1cm, situadas no reto e no cólon esquerdo. A característica mais importante quando se examina um adenoma é identificar se uma lesão apresenta foco de carcinoma intra-mucoso ou de carcinoma invasivo. A probabilidade de se encontrar um adenocarcinoma em um adenoma correlaciona-se com o tamanho da lesão (>2cm), com sua estrutura histológica (tubular/vilosa) e com o grau de displasia. ! Uma lesão séssil >4cm tem risco de 40% de gerar um adenocarcinoma, enquanto um adenoma tubular <1cm, raramente, contém área de um carcinoma. FISIOPATOLOGIA Sem dúvidas, os tipos mais comuns de neoplasias intestinais são os pólipos adenomatosos. O pólipo gastrintestinal pode ser descrito como uma massa que avança para o lúmen intestinal. Os pólipos podem ser subclassificados de acordo com sua inserção à parede do intestino delgado (sésseis/pedunculados), aspecto histopatológico (hiperplásico/adenomatoso) e seu potencial neoplásico (benigno ou maligno). Pólipos adenomatosos são neoplasias benignas que se originam do epitélio da mucosa intestinal. Esses pólipos são formados de células neoplásicas que proliferaram mais que a necessidade para repor as células que normalmente se desprendem da superfície da mucosa. Originam-se em células imaturas, localizadas junto ao fundo das criptas intestinais, que persistem no processo proliferativo celular, ultrapassando suas necessidades de reparação normal do epitélio. As células epiteliais não conseguem restringir a síntese do DNA e, como consequência, o processo proliferativo atinge a mucosa e, pelo seu acúmulo, formam os pólipos, que, na sua progressão, começam uma displasia. A progressão de adenoma para carcinoma abrange alterações de genética molecular, como a ativação de oncogenes e a inativação de genes supressores de tumor. O mais estudado dos oncogenes é o K-ras. As mutações permitem ao gene transformar células e induzir neoplasias. O gene APC, um gene supressor de tumor, localizado no braço longo do cromossomo 5, é um elemento importante nessa cadeia de eventos. Outros genes supressores de tumor, como o DCC, que está localizado no cromossomo 18, podem estar envolvidos no processo cancerigênico. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA A mutação no gene p53 é outra alteração. Através de estudos oncogenéticos, afirma-se que uma mutação do K-ras apresenta importante papel na formação de criptas aberrantes, porém essas lesões não progridem para os adenomas, com displasia, sem uma presença de outras alterações genéticas, como uma mutação do gene APC. ADENOMA TUBULAR É o tipo mais comum e compreende 75% dos pólipos neoplásicos. A lesão pode ser solitária (esporádica) ou múltipla. É mais frequente no cólon e no reto (90%), mas pode ocorrer em outros locais, como estômago e ID. As lesões são, geralmente, pequenas (<1cm) e sésseis, mas, quando crescem, tornam-se pediculadas. O tumor é constituído por glândulas tubulares revestidas por epitélio colunar alto, pseudoestratificado, com graus variados de displasia. ADENOMA VILOSO É menos frequente em relação ao adenoma tubular -> compreende 10% dos pólipos neoplásicos e tem um pior prognóstico, pois o risco de transformação maligna é 10x maior em comparação com um adenoma tubular. O adenoma viloso localiza-se nos 25cm distais do cólon, e manifesta- se em indivíduos após a 6ª década de vida. A lesão geralmente é única, tem base de implantação larga e é maior do que o tubular. As manifestações clínicas são mais frequentes do que nos adenomas tubulares. Histologia -> constituído por projeções papilíferas revestidas por epitélio colunar alto pseudoestratificado com diferentes graus de displasia. Cerca de 10% dos casos apresentam displasia de alto grau; transformação maligna com invasão do estroma ocorre em 30-50% dos casos. Em geral, o tumor é descoberto por sangramento retal; pode apresentar também hipersecreção de muco, com perda de proteínas e potássio. ADENOMA - PÓLIPO SÉSSIL SERRILHADO Trata-se de lesão séssil ou plana que se origina predominantemente no cólon proximal. A arquitetura serrilhada das criptas é similar à do pólipo hiperplásico, embora nos adenomas o aspecto serrilhado ocorra em toda extensão das glândulas, incluindo a base e as suas ramificações laterais. ! A lesão é importante porque é precursora do câncer do cólon associado à instabilidade de microssatélites. MANIFESTAÇÕES CL ÍNICAS A manifestação clínica do pólipo é pouco significativa e pode ocorrer através da perda de sangue ou de muco junto com as fezes. A intensidade da perda está relacionada com a quantidade e com o tamanho dos pólipos, podendo variar desde ausência de perdas sanguíneas até situações de enterorragia mais intensa, levando à anemia. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Os pólipos retais pediculados poderão exteriorizar-se no momento da evacuação. A perda de muco, misturado com sangue ou não, é a manifestação característica dos pólipos vilosos. Em algumas situações, apresentam grandes volumes de perdas, com consequente rebaixamento das reservas de água e de eletrólitos do organismo. Os pólipos mais volumosos poderão ocupar espaço dentro do lúmen intestinal, ocasionando episódios de oclusão intestinal. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é realizado através de procedimentos endoscópicos (retossigmoidoscopia e colonoscopia) e radiológicos (enema opaco). A retossigmoidoscopia detecta cerca de 30% dos pólipos e, através da colonoscopia, esse valor atinge 90%. O enema opaco consegue detectar cerca de 80% dos pólipos, porém apresenta dificuldade no encontro de lesões com menos de 0,5 centímetros. Assim, os 2 métodos se complementam e devem ser utilizados em conjunto para uma completa detecção dos pólipos. Em exame de rotina, o encontro de sangue oculto nas fezes indicará uma realização de procedimentos endoscópicos. SÍNDROME DE POLIPOSE FAMILIAL A Polipose Familial do Cólon é uma doença genética de herança autossômica dominante, com alta penetrância, causada por mutações no gene APC, que é responsável por controlar uma proliferação celular da mucosa do cólon, pela via de sinalização WNT/β-catenina. ❖ Caracteriza-se por muitos pólipos, variando dedezenas até milhares, que recobrem uma mucosa do cólon. Histologicamente, os pólipos são representados por adenomas displásticos. Dependendo do tipo de mutação envolvida, pode se apresentar: Forma Clássica -> os pacientes desenvolvem cerca de 500-2500 adenomas (100 lesões são necessárias para o diagnóstico), localizados no cólon descendente e no cólon sigmoide, podendo comprometer também o reto, ceco, ID e estômago. ❖ Ocorre geralmente na 3ª década de vida e o risco de desenvolver um câncer de cólon é de 100% em indivíduos que não foram tratados. Por isso, o tratamento profilático é uma colectomia total. Forma Atenuada -> os pacientes desenvolvem um menor número de adenomas (50 lesões), que se localizam, preferencialmente, no cólon proximal. O risco de transformação maligna é menor, em torno de 50%. Síndrome de Gardner -> é uma variante incomum, tem herança autossômica dominante e caracteriza-se pela associação de alguns adenomas com lesões extra-intestinais, como osteomas na mandíbula, no crânio e nos ossos longos, cistos epidérmicos e fibromatose. Síndrome de Turcot -> é uma variante rara, na qual os pólipos estão relacionados com tumores do SNC. CÂNCER DE CÓLON O adenocarcinoma do cólon é a neoplasia maligna mais comum do TGI, se configurando como um grande fator de morbidade e de mortalidade em todo o mundo. O câncer de cólon e de reto abrange os tumores que se iniciam no cólon, no reto e no ânus. É passível de tratamento e, na maioria dos casos, é curável quando detectado precocemente e quando ainda não atingiu outros órgãos. Grande parte desses tumores inicia-se através de pólipos, que são lesões benignas, que podem crescer na parede interna do intestino grosso. EPIDEMIOLOGIA Para o Brasil, estimam-se, para cada ano de 2020-2022, 20.520 casos de câncer de cólon e de reto em homens e 20.470 em mulheres. Esses valores estão relacionados com um risco estimado de 19,63 casos novos para cada 100 mil homens e 19,03 para cada 100 mil mulheres. Brasil -> representam a 4ª neoplasia em prevalência. No Brasil, é o 3º câncer mais comum em homens e o 2º mais frequente em mulheres. O pico de incidência é entre 60 e 79 anos, com 20% dos casos ocorrendo antes de 50 anos. FATORES DE RISCO A causa dos cânceres de cólon e de reto é, em grande parte, desconhecida. Os principais fatores relacionados ao maior risco de desenvolver câncer de cólon e de reto são: Maria Luiza Sena – Med XIV FASA ❖ Idade igual ou acima de 50 anos. ❖ Obesidade. ❖ Inatividade física. ❖ Tabagismo prolongado. ❖ Alto consumo de carne vermelha ou processada. ❖ Baixa ingestão de cálcio. ❖ Consumo excessivo de álcool. ❖ Alimentação pobre em frutas e fibras. Fatores de origem hereditária aumentam esse risco, incluindo uma presença na família de alguém com câncer de cólon e com pólipos adenomatosos, além de algumas condições genéticas, como RCU e DC. ❖ Os pacientes com 2 ou mais parentes de 1º ou 2º grau com câncer de cólon constituem cerca de 20% de todos os casos. A dieta parece desempenhar um papel importante -> o foco está na ingestão de gorduras, de açúcares refinados e de fibras, além do consumo adequado de micronutrientes protetores, como vitamina A, C e E. ❖ Altos níveis de gordura na dieta podem aumentar uma síntese de ácidos biliares no fígado, que podem ser convertidos em carcinógenos pela flora bacteriana do intestino. Em especial, as bactérias são suspeitas como responsáveis pela conversão dos ácidos biliares em carcinógenos. ! Vários estudos epidemiológicos sugerem que o AAS apresenta um efeito protetor, por meio da inibição da COX-2, que é altamente expressa em carcinomas de cólon e em adenomas, sendo conhecida por promover uma proliferação epitelial. MECANISMOS CARCINOGÊNICOS A combinação dos eventos moleculares que formam um adenocarcinoma de cólon e de reto é heterogênea, incluindo anormalidades genéticas e epigenéticas. 2 vias genéticas diferentes da via de APC/β-catenina e da via de instabilidade de microssatélites foram descritas. As mutações que envolvem a via de APC/β-catenina leva ao aumento da sinalização de WNT, enquanto isso, a via de instabilidade de microssatélites está associada com defeitos no reparo de erros de pareamento de DNA. Ambas envolvem o acúmulo gradual de mutações múltiplas, mas os genes envolvidos e os mecanismos pelos quais as mutações se acumulam são diferentes. VIA APC/B-CATENINA A sequência clássica de formação de um carcinoma, responsável por até 80% dos tumores de cólon esporádicos, geralmente, envolve uma mutação do gene supressor de tumor APC (um regulador negativo importante de β-catenina) no início do processo neoplásico. ❖ A proteína APC promove uma degradação da β-catenina. Com uma perda de função do APC, a β-catenina se acumula e transloca-se para o núcleo, onde ativa uma transcrição de genes. Isso é acompanhado por mutações adicionais, incluindo mutações de ativação do KRAS, que, também, promovem o crescimento. A progressão neoplásica também está associada com mutações em outros genes supressores de tumor, como SMAD2 e SMAD4, que são responsáveis por codificar efetores da sinalização de TGF-β. Como uma sinalização de TGF-β inibe um ciclo celular, uma perda desses genes pode permitir o crescimento celular desordenado. O gene supressor de tumor TP53 encontra-se mutado em 80% dos cânceres de cólon, mas não é comumente afetado em adenomas, sugerindo que as mutações em TP53, também, ocorrem em estágios tardios da progressão tumoral. VIA DE INSTABILIDADE DE MIROSSATÉLITES Em pacientes com deficiência de reparo de erros de pareamento de DNA, as mutações se acumulam em repetições microssatélites, uma condição que é chamada de instabilidade de microssatélites. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Essas mutações, geralmente, são silenciosas, pois os microssatélites estão localizados em regiões não codificantes, apesar de outras sequências estarem localizadas em regiões que são codificantes, como na região de codificação do receptor TGF-β do tipo II e da proteína BAX. Pelo fato do TGF-β inibir uma proliferação de células epiteliais colônicas, mutantes do receptor TGF-β do tipo II podem contribuir para o crescimento celular descontrolado, enquanto uma perda da BAX pode aumentar uma sobrevida de clones que são geneticamente anormais. FENÓTIPO DE HIPERMETILAÇÃO DA ILHA CPG Em um subconjunto do câncer de cólon que apresenta instabilidade de microssatélites, não há mutações nas enzimas de reparo de erros de pareamento de DNA. Esses tumores demonstram o fenótipo de hipermetilação da Ilha CpG. Nesses tumores, uma região do promotor MLH1, geralmente, está hipermetilada, reduzindo, uma expressão de MLH1 e da função de reparo. Mutações de ativação no oncogene BRAF são comuns nesses cânceres. Em contraste, KRAS e TP53, normalmente, não estão mutados. CLASSIFICAÇÃO E PROGRESSÃO DAS LESÕES COLÔNICAS O prognóstico dos pacientes com câncer colorretal depende, em grande parte, da extensão do acometimento intestinal e da existência de metástases por ocasião do diagnóstico. Em geral, o câncer colorretal é classificado em 4 estágios, com base no sistema TNM (tumor, linfonodo e metástase).