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Tutoria Dor - Dor Nociceptiva - SP 1.1

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Lucas Ferraz
Medicina – 5ºP
2
TUTORIA – SP 1.1
1- Definir, classificar e diferenciar os tipos de dor (rápida e lenta; nociceptiva e não nociceptiva; dor psicológica...). 
2- Caracterizar a dor nociceptiva (quais os diferentes estímulos: térmico, químico, mecânico...). 
3- Descrever as vias neurais da dor (receptores e fibras; via aferente e eferente: modulação da dor e neurotransmissores). 
4- Estudar os componentes (emocional; físico...) e o limiar da dor. 
5- Estudar o mecanismo de ação dos analgésicos e dos AINES. 
6- Discutir a automedicação (definição, riscos e segurança) e os efeitos do uso abusivo dos analgésicos. 
7- Caracterizar os tipos de queimaduras e manejo clínico para cada tipo.
1- Definir, classificar e diferenciar os tipos de dor (rápida e lenta; nociceptiva e não nociceptiva; dor psicológica). 
Muitas das enfermidades do corpo causam dor. Além disso, a capacidade de diagnosticar diferentes doenças depende, em grande parte, do conhecimento médico das diversas qualidades de dor. Por esses motivos, a primeira parte deste Capítulo trata, principalmente, da dor e das bases fisiológicas de alguns fenômenos clínicos associados. 
A dor ocorre sempre que os tecidos são lesionados, fazendo com que o indivíduo reaja para remover o estímulo doloroso. Mesmo atividades simples, como o ato de sentar durante longos períodos sobre os ísquios, podem causar destruição tecidual pela falta de fluxo sanguíneo para a pele comprimida pelo peso do corpo. Quando a pele fica dolorida, como o resultado de isquemia, a pessoa normalmente transfere o peso de modo subconsciente. Entretanto, uma pessoa que tenha perdido a sensação da dor, como após lesão da medula espinal, não vai sentir essa dor e consequentemente não realizará o movimento de transferência do peso. Essa situação resultará em perda e descamação total da pele nas áreas de pressão.
TIPOS DE DOR E SUAS QUALIDADES — DOR RÁPIDA E DOR LENTA
A dor é classificada em dois tipos principais: dor rápida e dor lenta. A dor rápida é sentida, dentro de 0,1 segundo, após a aplicação de estímulo doloroso, enquanto a dor lenta começa somente após 1 segundo ou mais, aumentando lentamente durante vários segundos e, algumas vezes, durante minutos. Ao longo deste Capítulo, veremos que as vias de condução para esses dois tipos de dor são diferentes e que cada uma delas tem qualidades específicas.
A dor rápida também é descrita por meio de vários nomes alternativos, como dor pontual, dor em agulhada, dor aguda e dor elétrica. Esse tipo de dor é sentido quando a agulha é introduzida na pele, quando a pele é cortada por faca, ou quando a pele é agudamente queimada. Ela também é sentida quando a pele é submetida a choque elétrico. A dor pontual rápida não é sentida nos tecidos mais profundos do corpo.
A dor lenta também tem vários nomes, como dor em queimação, dor persistente, dor pulsátil, dor nauseante e dor crônica. Esse tipo de dor geralmente está associado à destruição tecidual. A dor lenta pode levar ao sofrimento prolongado e quase insuportável e pode ocorrer na pele e em quase todos os órgãos ou tecidos profundos.
DOR REFERIDA 
Frequentemente, a pessoa sente dor em uma parte do corpo que fica distante do tecido causador da dor. Essa é a chamada dor referida. Por exemplo, a dor em órgãos viscerais geralmente é referida à área na superfície do corpo. O conhecimento dos diferentes tipos de dor referida é importante para o diagnóstico clínico, pois em várias doenças viscerais o único sinal clínico é a dor referida.
DOR VISCERAL 
A dor originada das diferentes vísceras do abdome e do tórax é um dos poucos critérios que podem ser utilizados para o diagnóstico de inflamação visceral, doença visceral infecciosa e outros males viscerais. Geralmente, as vísceras têm receptores sensoriais exclusivos para a dor. Além disso, a dor visceral difere da dor superficial em vários aspectos importantes. 
Uma das diferenças mais importantes entre a dor superficial e a dor visceral é que os danos viscerais muito localizados raramente causam dor grave. Por exemplo, cirurgião pode dividir as alças intestinais em duas partes em paciente consciente, sem causar dor significativa. Inversamente, qualquer estímulo que ocasione estimulação difusa das terminações nervosas para a dor na víscera causa dor que pode ser grave. Por exemplo, a isquemia, provocada pela oclusão do suprimento sanguíneo para grande área dos intestinos, estimula várias fibras dolorosas difusas ao mesmo tempo, podendo resultar em dor extrema.
FONTE: GUYTON
DOR SOMÁTICA 
A dor somática ou estrutural é localizada mais facilmente pelo paciente e com frequência está associada a traumatismo ou atividade física. A dor somática pode originar-se em músculos, articulações, ligamentos ósseos, tendões ou fáscia. A descrição do cliente pode variar desde uma dor aguda e intensa até imprecisa e dolorida. Pode ser constante ou intermitente e o cliente frequentemente a relaciona a alguma atividade física ou à postura. Tecidos estruturais podem estimular fibras nervosas aferentes em decorrência de lesões traumáticas, como lacerações ou esmagamento. Fibras aferentes também podem ser estimuladas pela pressão, p.ex., como resultado de invasão de tumor, edema, congestão venosa ou inflamação nas articulações.
DOR VISCERAL 
A dor que se origina a partir da estimulação de nociceptores mais profundos pode ser visceral. A dor visceral pode ter origem nas cavidades torácica, abdominal, pélvica ou craniana. Trata-se de uma manifestação difusa, de localização imprecisa e frequentemente de difícil identificação com o diagnóstico. Os sintomas mais comumente associados à dor visceral indicam atividade do sistema nervoso autônomo. Podem ser caracterizados por palidez, sudorese, cólicas abdominais e diarreia. Com frequência, ocorre aumento significativo na pressão arterial. A dor visceral é descrita como profunda, dolorida, em cólica ou de pressão intensa. Esse tipo de dor é frequentemente “referido” a outras áreas do corpo.
DOR NEUROPÁTICA 
A dor neuropática resulta de dano ao SNC ou sistema nervoso periférico. Não é necessária a estimulação dos nervos para que o paciente informe que sente dor. A dor pode ser leve ou muito intensa, sendo descrita, muitas vezes, como uma sensação de queimação ou cauterização. Tem localização pouco definida e não responde às intervenções convencionais. Comumente, a dor neuropática é contínua, e não intermitente. Pode ser acompanhada por parestesias, sensações de calor ou frio, formigamento, dormência ou paralisia. Como o resultado da lesão dos nervos, é comum a dor neuropática se transformar em um sintoma crônico que pode ser gravemente debilitante.
DOR PSICOGÊNICA
A dor psicogênica, por sua vez, está relacionada à prevalência de fatores psicológicos na gênese da sensação dolorosa. Esse tipo de dor pode ser observado em distúrbios psicológicos, como na depressão e na ansiedade generalizada.
A depressão e a ansiedade interagem na percepção da dor via mecanismos inibitórios e facilitatórios. As vias noradrenérgicas e serotoninérgicas estão envolvidas no mecanismo da ansiedade e da depressão, bem como no controle central da dor. A interação entre as unidades excitatórias e inibitórias, a condição emocional, os traços constitucionais, as experiências pregressas e presentes, a ocorrência de anormalidades orgânicas ou funcionais e as condições ambientais podem interferir na transmissão da informação nociceptiva para centros nervosos, os quais participam da percepção ou das reações reflexas diante da dor. O estresse psicológico, por exemplo, torna a dor mais intensa ou menos tolerável.
FONTE: MANUAL DA DOR - EINSTEIN
2- Caracterizar a dor nociceptiva (quais os diferentes estímulos: térmico, químico, mecânico). 
RECEPTORES PARA A DOR E SUA ESTIMULAÇÃO 
Os Receptores para Dor São Terminações Nervosas Livres. Os receptores para dor na pele e em outros tecidos são terminações nervosas livres. Eles existem dispersos nas camadas superficiais da pele, bem como em certos tecidos internos, como o periósteo, as paredes das artérias, as superfíciesarticulares e a foice e o tentório da abóbada craniana. A maioria dos outros tecidos profundos está esparsamente suprida com terminações nervosas para a dor; porém, lesões teciduais extensas podem se somar e causar dor lenta e crônica na maioria dessas áreas.
Três Tipos de Estímulos Excitam os Receptores para Dor — Mecânicos, Térmicos e Químicos. A dor pode ser desencadeada por diversos tipos de estímulos que são classificados como estímulos dolorosos mecânicos, térmicos e químicos. Em geral, a dor rápida é desencadeada por tipos de estímulos mecânicos e térmicos, enquanto a dor crônica pode ser desencadeada pelos três tipos de estímulo. 
Algumas das substâncias que excitam o tipo químico de dor são: bradicinina, serotonina, histamina, íons potássio, ácidos, acetilcolina e enzimas proteolíticas. Além disso, as prostaglandinas e a substância P aumentam a sensibilidade das terminações nervosas, mas não excitam diretamente essas terminações. As substâncias químicas são, de modo especial, importantes para a estimulação do tipo de dor lenta e persistente que ocorre após lesão tecidual.
Natureza não Adaptativa dos Receptores para Dor. Ao contrário da maioria dos outros receptores do corpo, os receptores para dor se adaptam muito pouco e algumas vezes não se adaptam. De fato, em certas circunstâncias, a excitação das fibras dolorosas fica progressivamente maior, à medida que o estímulo persiste, em especial para a dor lenta persistente nauseante. Esse aumento da sensibilidade dos receptores para dor é chamado hiperalgesia. Pode-se compreender prontamente a importância dessa ausência de adaptação dos receptores para dor, pois isso possibilita que a pessoa fique ciente da presença de estímulo lesivo, enquanto a dor persistir.
INTENSIDADE DO DANO TECIDUAL COMO ESTÍMULO PARA A DOR 
A pessoa comum começa a sentir dor quando a pele é aquecida acima de 45°C, como demonstrado na Figura 49-1. Essa é também a temperatura na qual os tecidos começam a ser lesados pelo calor; na verdade, os tecidos são enfim destruídos se a temperatura permanecer acima desse nível indefinidamente. Portanto, é evidente que a dor secundária ao calor está intimamente relacionada à intensidade em que ocorre o dano aos tecidos e não ao dano total que já ocorreu. 
A intensidade da dor também está intimamente relacionada à intensidade do dano tecidual, por causas diferentes do calor, como infecção bacteriana, isquemia dos tecidos, contusão dos tecidos e outras.
Importância Especial dos Estímulos Dolorosos Químicos Durante o Dano Tecidual. Extratos dos tecidos lesionados podem causar dor intensa, quando são injetados sob a pele normal. A maior parte das substâncias químicas, descritas anteriormente, que excitam os receptores químicos para dor, pode ser encontrada nesses extratos. A bradicinina é uma substância que parece induzir a dor de modo mais acentuado do que as outras substâncias. Os pesquisadores sugeriram que a bradicinina poderia ser a principal responsável pela indução da dor após dano tecidual. Além disso, a intensidade da dor se relaciona ao aumento local da concentração do íon potássio ou à elevação da concentração de enzimas proteolíticas, que atacam diretamente as terminações nervosas e estimulam a dor por fazer as membranas nervosas mais permeáveis aos íons.
Isquemia Tecidual como Causa da Dor. Quando o fluxo sanguíneo para um tecido é bloqueado, o tecido em geral fica muito dolorido em poucos minutos. Quanto maior for a intensidade do metabolismo desse tecido, mais rapidamente a dor aparece. Por exemplo, se o manguito de um esfigmomanômetro for colocado ao redor do braço e for inflado até a interrupção do fluxo sanguíneo, o exercício dos músculos do antebraço algumas vezes pode causar dor em 15 a 20 segundos. Na ausência de exercício muscular, a dor pode não aparecer antes de 3 a 4 minutos, mesmo que o fluxo sanguíneo para o músculo permaneça zero. 
Uma das causas sugeridas para a dor, durante a isquemia, é o acúmulo de grande quantidade de ácido lático nos tecidos, formada em consequência do metabolismo anaeróbico (isto é, metabolismo sem oxigênio). Também é provável que outros agentes químicos, como a bradicinina e as enzimas proteolíticas, sejam formados nos tecidos por causa do dano celular, e que a presença desses agentes, com o ácido lático, estimule as terminações nervosas para a dor.
Espasmo Muscular como Causa da Dor. O espasmo muscular também é causa comum de dor, sendo a base de muitas síndromes clínicas dolorosas. Essa dor provavelmente resulta, em parte, do efeito direto do espasmo muscular na estimulação de receptores para dor mecanossensíveis, mas também pode resultar de efeito indireto do espasmo muscular comprimindo vasos sanguíneos e levando à isquemia. Além disso, o espasmo aumenta a intensidade do metabolismo do tecido muscular, tornando a isquemia relativa ainda maior e criando condições ideais para a liberação de substâncias químicas indutoras da dor.
3- Descrever as vias neurais da dor (receptores e fibras; via aferente e eferente: modulação da dor e neurotransmissores). 
VIAS DUPLAS PARA A TRANSMISSÃO DOS SINAIS DOLOROSOS AO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
Apesar de todos os receptores para a dor serem terminações nervosas livres, essas terminações utilizam duas vias separadas para a transmissão de sinais dolorosos para o sistema nervoso central. As duas vias correspondem principalmente aos dois tipos de dor — uma via para a dor pontual rápida e uma via para a dor lenta crônica. 
FIBRAS DOLOROSAS PERIFÉRICAS — FIBRAS “RÁPIDAS” E “LENTAS” 
Os sinais dolorosos pontuais rápidos são desencadeados por estímulos mecânicos ou térmicos. Eles são transmitidos pelos nervos periféricos para a medula espinal por meio de fibras Ad do tipo pequeno, com velocidade entre 6 e 30 m/s. Inversamente, o tipo de dor lenta crônica é desencadeado principalmente por estímulos dolorosos do tipo químico, mas, algumas vezes, por estímulos mecânicos ou térmicos persistentes. Essa dor lenta crônica é transmitida para a medula espinal por fibras tipo C, com velocidades entre 0,5 e 2 m/s. 
Devido a este sistema duplo de inervação para a dor, o estímulo doloroso súbito, em geral, causa sensação dolorosa “dupla”: dor pontual rápida que é transmitida para o cérebro pela via de fibras Ad, seguida, em 1 segundo ou mais, por uma dor lenta transmitida pela via das fibras C. A dor pontual avisa a pessoa rapidamente sobre o perigo e, portanto, desempenha papel importante na reação imediata do indivíduo para se afastar do estímulo doloroso. A dor lenta tende a aumentar com o passar do tempo. Essa sensação, por fim, produz dor intolerável e faz com que a pessoa continue tentando aliviar a causa da dor. 
Ao entrarem na medula espinal, vindas pelas raízes espinais dorsais, as fibras da dor terminam em neurônios-relé nos cornos dorsais. Aí novamente existem dois sistemas para o processamento dos sinais dolorosos em seu caminho para o encéfalo, como demonstrado nas Figuras 49-2 e 49-3.
VIAS AFERENTES
2.1 VIAS DE DOR E TEMPERATURA 
Os receptores de dor são terminações nervosas livres. Existem duas vias principais através das quais os impulsos de dor e temperatura chegam ao cérebro: uma via filogeneticamente mais recente, neoespinotalâmica, constituída pelo trato espinotalâmico lateral, que vai diretamente ao tálamo; e outra, mais antiga, paleoespinotalâmica, constituída pelo trato espino- -reticular, e pelas fibras retículo-talâmicas (via espino- -retículo-talâmica). Como será visto, essas duas vias 276 NEUROANATOMIA FUNCIONAL veiculam formas diferentes de dor e serão estudadas de maneira esquemática a seguir.
2.1.1 VIA NEOESPINOTALÂMICA 
Trata-se da via "clássica" de dor e temperatura, constituída basicamente pelo trato espinotalâmico lateral, envolvendo uma cadeia de três neurônios (Figura 29.1). 
a) Neurônios I - localizam-se nos gânglios espinhais situados nas raízes dorsais. O prolongamento periférico de cada um destes neurônios liga-se aos receptores através dos nervos espinhais. O prolongamento central penetra na medula e termina na colunaposterior, onde faz sinapse com os neurônios II (Figura 14.5). 
b) Neurônios II - os axônios do neurônio II cruzam o plano mediano pela comissura branca, ganham o funículo lateral do lado oposto, inflectem-se cranialmente para constituir o trato espinotalâmico lateral (Figura 15.6). Ao nível da ponte, as fibras desse trato se unem com as do espinotalâmico anterior para constituir o lemnisco espinhal, que termina no tálamo fazendo sinapse com os neurônios III. 
c) Neurônios III - localizam-se no tálamo, no núcleo ventral posterolateral. Seus axônios formam radiações talâmicas que, pela cápsula interna e coroa radiada chegam à área somestésica do córtex cerebral situada no giro pós- -central (áreas 3, 2 e 1 de Brodmann).
Através dessa via, chegam ao córtex cerebral impulsos originados em receptores térmicos e dolorosos situados no tronco e nos membros do lado oposto. Há evidência de que a via neoespinotalâmica é responsável apenas pela sensação de dor aguda e bem localizada na superficie do corpo, correspondendo à chamada dor em pontada.
2.1 .2 VIA PALEOESPINOTALÂMICA 
É constituída de uma cadeia de neurônios em número maior que os da via neoespinotalâmica. 
a) Neurônios 1 - localizam-se nos gânglios espinhais, e seus axônios penetram na medula do mesmo modo que os das vias de dor e temperatura, estudadas anteriormente. 
b) Neurônios II - situam-se na coluna posterior. Seus axônios dirigem-se ao funículo lateral do mesmo lado e do lado oposto, in:flectem-se cranialmente para constituir o trato espino-reticular. Este sobe na medula junto ao trato espinotalâmico lateral e termina fazendo sinapse com os neu rônios III em vários níveis da formação reticular. Muitas dessas fibras não são cruzadas. 
c) Neurônios III - localizam-se na formação reticular e dão origem às fibras retículotalâmicas que terminam nos núcleos do grupo medial do tálamo, em especial nos núcleos intralaminares (neurônios IV). Os núcleos intralaminares projetam-se para territórios muito amplos do córtex cerebral. É provável, entretanto, que essas projeções estejam mais relacionadas com a ativação cortical do que com a sensação de dor, uma vez que esta se toma consciente já em nível talâmico.
Sabe-se que alguns Neurônios III da via paleoespinotalâmica, situados na formação reticular, projetam também para a amígdala, o que parece contribuir para o componente afetivo da dor.
As principais diferenças entre as vias neo e paleoespinotalâmicas estão esquematizadas na Tabela 29.1. Ao contrário da via neoespinotalâmica, a via paleoespinotalâmica não tem organização somatotópica. Assim, ela é responsável por um tipo de dor pouco localizada, dor profunda do tipo crônico, correspondendo à chamada dor em queimação, ao contrário da via neoespinotalâmica, que veicula dores localizadas do tipo dor em pontada. Nas cordotomias anterolaterais (cirurgias us.adas para tratamento da dor), os dois tipos de dor são abolidos, pois são seccionadas tanto as fibras espinotalâmicas como as espinorreticulares. Lesões estereotáxicas dos núcleos talâmicos em pacientes com dores intratáveis decorrentes de câncer comprovam a dualidade funcional das vias da dor. Assim, a lesão do núcleo ventral posterolateral (via neoespinotalâmica) resulta em perda da dor superficial em pontada, mas deixa intacta a dor crônica profunda. Esta é abolida com lesão dos núcleos intralaminares, o que, entretanto, não afeta a dor superficial. 
Além da área somestésica, respondem a estímulos nociceptivos neurônios do córtex da parte anterior do giro do cíngulo e da ínsula. Ambos fazem parte do sistema límbico e parecem estar envolvidos no processamento do componente emocional da dor. Indivíduos com lesões da parte anterior do giro do cíngulo são indiferentes à dor. A dor é a mesma, só que eles não se importam com ela.
REFLEXO FLEXOR E REFLEXOS DE RETIRADA 
No animal espinal ou descerebrado, quase todos os tipos de estímulos sensoriais cutâneos em um de seus membros, provavelmente, causarão a contração dos músculos flexores desse membro, com o afastamento do membro do objeto estimulador. Esse é chamado reflexo flexor. 
O reflexo flexor, na sua forma clássica, é provocado mais fortemente pela estimulação das terminações para dor, tais como alfinetada, calor, ferimento e, por essa razão, ele é também chamado reflexo nociceptivo ou simplesmente reflexo à dor. A estimulação dos receptores para o tato pode também provocar reflexo flexor mais fraco e menos prolongado. 
Se alguma parte do corpo, exceto os membros, é estimulada dolorosamente, essa parte de modo semelhante será afastada do estímulo, mas o reflexo pode não se restringir aos músculos flexores, embora seja basicamente o mesmo tipo de reflexo. Portanto, os vários padrões desses reflexos em diferentes áreas do corpo são chamados reflexos de retirada.
Mecanismo Neuronal do Reflexo Flexor. A parte esquerda da Figura 55-9 mostra as vias neuronais para o reflexo flexor. Nesse caso, estímulo doloroso foi aplicado na mão; como resultado, os músculos flexores do braço foram excitados, afastando assim a mão do estímulo doloroso. 
As vias que provocam o reflexo flexor não passam diretamente para os neurônios motores anteriores, mas primeiro passam pelo conjunto de interneurônios da medula espinal e apenas de forma secundária, para os neurônios motores. O circuito mais curto possível é a via de três ou quatro neurônios; entretanto, a maioria dos sinais do reflexo trafega por muitos neurônios e envolve os seguintes tipos básicos de circuitos: (1) circuitos divergentes para propagar o reflexo aos músculos necessários para a retirada; (2) circuitos para a inibição dos músculos antagonistas, chamados circuitos de inibição recíproca; (3) circuitos que promovem a pós-descarga, com duração de muitas frações de segundo, após o estímulo ter terminado.
A Figura 55-10 mostra miograma típico de um músculo flexor durante um reflexo flexor. O reflexo flexor aparece, em poucos milissegundos, após o nervo relacionado à dor ter sido estimulado. Então, nos próximos poucos segundos, o reflexo começa a entrar em fadiga, o que é característico de quase todos os reflexos integrativos complexos da medula espinal. Finalmente, após o estímulo ter terminado, a contração do músculo retorna ao nível basal; mas, devido à pós-descarga, essa contração leva muitos milissegundos para que ocorra. A duração da pós-descarga depende da intensidade do estímulo sensorial que provocou o reflexo; estímulo tátil fraco quase não provoca pós-descarga, enquanto o estímulo doloroso forte provoca pós-descarga que pode durar por 1 segundo ou mais.
A pós-descarga, que ocorre no reflexo flexor resulta, quase certamente, de ambos os tipos de circuitos de descargas repetitivas, como discutido no Capítulo 47. Estudos eletrofisiológicos indicam que a pós-descarga imediata, com a duração de 6 a 8 milissegundos, é resultado do disparo repetitivo dos interneurônios excitados. A pós-descarga que ocorre, após estímulo doloroso forte também é quase um resultado de vias recorrentes que iniciam a oscilação nos circuitos de interneurônios reverberantes. Esses, por sua vez, transmitem impulsos para os neurônios motores anteriores, algumas vezes, por vários segundos, após o sinal sensorial ter terminado.
Assim, o reflexo flexor é organizado apropriadamente para retirar (afastar) a parte do corpo irritada ou dolorida pelo estímulo. Além disso, devido à pósdescarga, o reflexo pode manter a parte irritada distante do estímulo por 0,1 a 3 segundos, após a irritação ter terminado. Durante esse tempo, outros reflexos e ações do sistema nervoso central podem mover todo o corpo para longe do estímulo doloroso.
Padrão de Retirada Durante o Reflexo Tensor. O padrão de retirada do reflexo flexor, quando provocado, depende do nervo sensorial que é estimulado. Assim, o estímulo doloroso na face interna do braço provoca a contração dos músculos flexores do braço e também a contração dos músculos abdutores, empurrando o braço para fora. Em outras palavras, os centros integrativos da medula espinal induzem a contração dos músculosque podem mais efetivamente remover a parte dolorida do corpo para longe do objeto que causa dor. Embora esse princípio se aplique a qualquer parte do corpo, ele é especialmente aplicável aos membros, devido aos seus reflexos flexores muito desenvolvidos.
Sistema da supressão da dor (analgesia) no cérebro e na coluna vertebral 
O grau de reação da pessoa à dor varia muito. Essa variação resulta, parcialmente, da capacidade do próprio encéfalo de suprimir as aferências de sinais dolorosos para o sistema nervoso, pela ativação do sistema de controle de dor, chamado sistema da analgesia. 
O sistema da analgesia mostrado na Figura 49-4 consiste em três grandes componentes: (1) as áreas periventricular e da substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo e região superior da ponte que circundam o aqueduto de Sylvius e porções do terceiro e do quarto ventrículo. Os neurônios dessas áreas enviam sinais para; (2) o núcleo magno da rafe, delgado núcleo da linha média, localizado nas regiões inferior da ponte e superior do bulbo, e o núcleo reticular paragigantocelular, localizado lateralmente no bulbo. Desses núcleos, os sinais de segunda ordem são transmitidos pelas colunas dorsolaterais da medula espinal; para (3) o complexo inibitório da dor localizado nos cornos dorsais da medula espinal. Nesse ponto, os sinais de analgesia podem bloquear a dor antes de ela ser transmitida para o encéfalo.
A estimulação elétrica, tanto na área cinzenta periaquedutal quanto no núcleo magno da rafe, pode suprimir muitos sinais de dor fortes que entram pelas raízes espinais dorsais. Além disso, a estimulação de áreas encefálicas, ainda mais altas, que excitam a substância cinzenta periaquedutal, também pode suprimir a dor. Algumas dessas áreas são (1) os núcleos periventriculares do hipotálamo, localizados na região adjacente ao terceiro ventrículo; e (2) em menor grau, o fascículo prosencefálico medial, também no hipotálamo.
Vários neurotransmissores estão envolvidos no sistema da analgesia; em especial, destacam-se a encefalina e a serotonina. Muitas fibras nervosas, derivadas dos núcleos periventriculares e da substância cinzenta periaquedutal, secretam encefalina por suas terminações. Assim, como mostrado na Figura 49-4, as terminações de várias fibras, no núcleo magno da rafe, liberam encefalina quando estimuladas.
As fibras que se originam nessa área enviam sinais aos cornos dorsais da medula espinal para a secreção de serotonina em suas terminações. A serotonina faz com que os neurônios locais da medula também secretem encefalina. Acredita-se que a encefalina cause as inibições pré-sináptica e pós-sináptica das fibras de dor, os aferentes dos tipos C e Ad, em suas sinapses nos cornos dorsais.
Assim, o sistema da analgesia pode bloquear os sinais dolorosos, no ponto de entrada inicial para a medula espinal. De fato, ele também pode bloquear muitos reflexos locais da medula espinal que resultem de sinais dolorosos, especialmente os reflexos de retirada.
Sistema Opioide Do Cérebro — Endorfinas E Encefalinas. Há mais de 45 anos, foi descoberto que a injeção de diminutas quantidades de morfina, tanto no núcleo periventricular, ao redor do terceiro ventrículo, quanto na substância cinzenta periaquedutal do tronco cerebral, causa grau extremo de analgesia. Em estudos subsequentes, observou-se que agentes semelhantes à morfina, principalmente os opioides, atuam em vários outros pontos do sistema da analgesia, incluindo os cornos dorsais da medula espinal. Como muitos fármacos que alteram a excitabilidade dos neurônios o fazem pela ação sobre os receptores sinápticos, foi considerado que os “receptores para morfina” do sistema da analgesia deveriam ser os receptores para algum tipo de neurotransmissor semelhante à morfina que fosse naturalmente secretado pelo sistema nervoso. Portanto, extensa pesquisa foi realizada à procura do opioide natural do sistema nervoso. Aproximadamente, uma dúzia dessas substâncias opioides é encontrada em diferentes pontos do sistema nervoso. Todas elas são produtos da degradação de três grandes moléculas proteicas: pró-opiomelanocortina, proencefalina e prodinorfina. Entre as mais importantes dessas substâncias opioides estão a b-endorfina, a metencefalina, a leuencefalina e a dinorfina. 
As duas encefalinas são encontradas no tronco cerebral e na medula espinal, nas porções do sistema da analgesia descrito anteriormente, e a b-endorfina está presente tanto no hipotálamo quanto na hipófise. A dinorfina se encontra principalmente nas mesmas regiões em que ocorrem as encefalinas, mas em quantidades muito menores. 
Assim, apesar de os detalhes do sistema opioide do cérebro ainda não serem completamente compreendidos, a ativação do sistema da analgesia, pelos sinais neurais que entram na substância cinzenta periaquedutal e na área periventricular, ou a inativação das vias da dor por fármacos semelhantes à morfina podem suprimir, quase totalmente, muitos sinais dolorosos provenientes dos nervos periféricos.
Inibição da Transmissão da Dor por Sinais Sensoriais Táteis Simultâneos. Outro evento importante na saga do controle da dor foi a descoberta de que a estimulação das grandes fibras sensoriais do tipo Ab originada nos receptores táteis periféricos pode reduzir a transmissão dos sinais da dor originados da mesma área corporal. Esse efeito, presumivelmente, resulta da inibição lateral local na medula espinal. Esse fato explica por que manobras simples, como a massagem da pele próxima às áreas dolorosas, em geral, são eficazes no alívio da dor e, com muita probabilidade, também explica porque linimentos geralmente são utilizados para aliviar a dor. Esse mecanismo e a excitação psicogênica simultânea do sistema da analgesia central, provavelmente, também são a base do alívio da dor obtido pela acupuntura.
4- Estudar os componentes (emocional; físico) e o limiar da dor. 
Processos emocionais 
Entender a dor pela perspectiva emocional exige que se compreendam suas origens e seus objetivos. As emoções são estados de  excitação  fisiológica,  que  podem  ser  positivos  ou  negativos,  e  surgem  a  partir  de  um  estímulo  (evento)  do ambiente  interno  ou  externo.  As emoções  são  reações  psicofisiológicas  que  representam  modos  de  adaptação  em conformidade com as mudanças ambientais contextuais e/ou situacionais. Elas organizam as respostas de muitos sistemas biológicos, com o objetivo de estabelecer um meio interno ótimo em prol de um comportamento mais efetivo. 
Sob essa ótica,  as  emoções  apresentam  um importante  papel  de  proteção  e  de  sobrevivência.  Sentimentos negativos não são apenas percepções distorcidas.  Eles também  constituem  um  mecanismo  de  proteção  que  nos  ajudam  na sobrevivência.  No entanto,  quando  alguém  apresenta  dor  constante  e  sem  controle,  emoções  igualmente  sem  controle podem surgir e provocar comportamentos disfuncionais e/ou uma patologia física. 
Dor, como descrita  por  Melzack  e  Torgerson,   é  a  interação  de  três  contextos:  um  sensorial,  um  emocional  e  a imagem simbólica de um  fenômeno. No córtex cerebral de diferentes  regiões do sistema nervoso, os aspectos sensitivodiscriminativo, afetivoemocional e aspectos cognitivos interagem, possibilitando ao indivíduo ter a interpretação adequada do fenômeno da dor.
O contexto emocional relacionado  com  a  dor  é  um  fenômeno  bastante  complexo.  A dor  sentida  é influenciada  pela maneira  como  se  sente  sobre  si,  sobre  os  outros,  como  se  comporta,  como  se  sente  vulnerável  ao  estresse,  como  a cognição  funciona  e  a  suscetibilidade  para  transtornos  emocionais.  A dimensão  afetivomotivacional  exprime  o  caráter desagradável  da  sensação  da  dor  com maior  relação  ao  sofrimento  que  ela  causa  do  que  a  apreciação  sensorial  de  fato. Tudo isso pode estar relacionado com a história pessoal, familiar e cultural do indivíduo e pode evoluir para estados mais diferenciados, como ansiedade, angústia e depressão.
O  estímulo  sensorial  nocivoprecisa  ser  discriminado  em  nível  consciente,  para  que  as  reações  adequadas  sejam processadas.  Para  que  ocorra  o  processo  discriminativo,  deve  haver  o  registro  de  informações  deste  estímulo, possibilitando  a localização,  a  avaliação  da magnitude,  a  natureza  e  outros  aspectos  físicos  do  fenômeno  que  ativam  os receptores. A dimensão cognitiva engloba um conjunto de processos capazes de modular a dor: fenômenos de atençãodistração, significado  e  interpretação  da  situação  dolorosa,  sugestão,  antecipação  da  dor,  fatos  estes  referentes  às  experiências vividas  ou  aprendidas. As  avaliações  cognitivas também  podem  ser influenciadas  por  fatores  pessoais  e  situacionais  do indivíduo, como a visão que o indivíduo tem de si mesmo, do mundo e de sua doença.
Assim,  a  dor  não  pode  e  não  deve  ser  compreendida  e tratada  apenas  como  um  evento  sensorial.  Dor  é  um  estado físico  e  emocional  desagradável  ao  indivíduo,  que  tem  como  principais  características  a  consciência  e  o  ajuste  de adaptação a um trauma no tecido. 
As  emoções  humanas,  incluindo  as  provocadas  pela  experiência  da  dor,  apresentam  importante  papel  adaptativo. Como  visto,  elas  atuam  intensamente  na  percepção  e  tomada  de  consciência  da  situação,  produzindo  informações importantes para se que se escolha a melhor alternativa para os comportamentos de resposta. Chapman4  descreve que as emoções negativas, como o medo, facilitam a adaptação e a sobrevivência do indivíduo. Segundo ele, as emoções têm um papel  defensivo  na  espécie  porque,  à  medida  que  vivemos  a  experiência  do  medo  na  hora  da  dor  ou  do  ferimento, buscamos proteção. 
Na espécie humana, situações de dano podem parecer ameaçadoras, mesmo que elas não existam de fato. Isso porque a percepção e a tomada de consciência ocorrem principalmente em  função das imagens que vemos “somatossensoriais e emocionalmente  coloridas”. As  cognições  e  a tomada  de  consciência  ocorrem  em  geral  por meio  de imagens  e  exercem importante papel na experiência dos sintomas. 
Pessoas  podem  reagir  emocionalmente  a  uma  imagem  mental  da  dor,  antes  que  ela  aconteça.  A  intensidade  desse sentimento  determina  a  significância  da  experiência  para  aquele  que  a  vivencia.  A  magnitude  emocional  da  dor  é  uma representação interna da ameaça associada ao evento que produziu a dor.
 As emoções negativas direcionam as pessoas para a ação de luta ou fuga, com expressões como verbalização, postura, variações faciais, padrões musculares e alterações da atividade. Essas expressões representam a comunicação e suscitam o suporte social. Algumas dessas expressões emocionais básicas são consideradas inatas aos animais e aos seres humanos. A  comunicação  é  um  importante  fator  adaptativo  da  expressão  emocional.  Os  seres  humanos,  assim  como  outros mamíferos, têm seus grupos sociais e buscam apoio neles para sua adaptação e sobrevivência.
FONTE: LIVRO PSICOLOGIA DA DOR
5- Estudar o mecanismo de ação dos analgésicos e dos AINES. 
analgésicos
dipirona
aines
6- Discutir a automedicação (definição, riscos e segurança) e os efeitos do uso abusivo dos analgésicos. 
O medicamento deve então, promover a segurança e eficácia para tratamento de diferentes males. No entanto, na sociedade moderna com os inúmeros avanços da ciência e aumento do número de fármacos, o objetivo de sanar dores, tornou-se meio para produzir falso bem-estar, levando até mesmo, a altos níveis de dependência (BARROS, 1995; AQUINO et al., 2010). 
Nesses aspectos, surge a automedicação, identificada como o uso de produtos industrializados sem prescrição médica com finalidade de tratar sintomas ou agravos de saúde autorreconhecidos (SOUZA et al., 2011). 
Existem diferentes motivos que fazem com que a pessoa venha a se automedicar, sendo a principal destas, a dor. Indivíduos que vivenciam uma experiência dolorosa buscam alívios através de aconselhamento médico, terapias complementares e até mesmo automedicação com fármacos. Um estudo realizado na Espanha mostra que de 1.964 pessoas, com idades diferentes e de ambos os sexos, diante de um sentimento de dor, 27,6% se automedicam, sem pensar em procurar atendimento médico (BASSOLS et al., 2002). 
No Brasil, Campos et al. (1985) relata que a falta de recursos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS), assim como o número insuficiente de médicos nas unidades, leva pessoas à automedicação, tendo em vista que sentindo dores, não podem simplesmente ignorar o fato. 
Entre a população que realiza automedicação, não estão somente os adultos. Crianças, adolescentes a idosos são amplamente afetados pela utilização incorreta de fármacos, sendo que estes, na maioria das vezes, não fazem uso de forma independente, mas sim, são medicados por familiares. 
Em relação à automedicação de crianças, pesquisa realizada por Beckhauser et al. (2010) ao entrevistar os responsáveis das crianças com idade entre 0 a 14 anos, 77,5% responderam que em algum momento já automedicaram as crianças, sendo que destes 63,9% reutilizaram prescrições antigas ou medicamentos que já tinham dentro de casa. 
Em outra pesquisa relacionada às crianças, Pereira et al. (2007) demonstram que 56,6% dos responsáveis já medicaram os alunos com fármacos, sendo que 51% foi administrado pelas mães. Entre os medicamentos citados pelos entrevistados no estudo, os autores relatam os analgésicos/antipiréticos e anti-inflamatórios nãohormonais (52,9%); medicações de ação nos tratos respiratório (15,4%); gastrointestinal (9,6%) e; antibióticos sistêmicos (8,6%). 
Entre os efeitos nocivos advindos da automedicação sobre a saúde infantil estão a indução de resistência bacteriana, mascaramento de doenças e intoxicação medicamentosa (GOULART et al., 2012). Implementar estratégias de cunho educativo, com objetivo de conscientizar os pais e/ou responsáveis sobre os possíveis riscos à saúde das crianças, é extremamente necessário, visto que o uso incorreto destes causa a perda de atividade terapêutica medicamentosa, bem como, coloca a segurança das mesmas em perigo (TELLES FILHO e PEREIRA JUNIOR, 2013). 
Na automedicação de adultos, a causa principal está relacionada a tipos de dores, Lopes (2001) relata que 23,3% dos entrevistados em sua pesquisa utilizam medicamentos para dor de cabeça; gripe, constipação e tosse correspondem a 24,6%; infecções e inflamações 10%; 4,3% por problemas digestivos ou intestinais e; 3,2% com pessoas que tem insônia, sentem ansiedade ou cansaço. 
Ainda de acordo com Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o mercado farmacêutico (ICTQ) o índice de automedicação no Brasil foi de 76,4% no ano de 2017, sendo que somente 23,6% consumem medicamento somente a partir de prescrição médica, de dentista ou farmacêuticos. Para o ICTQ os medicamentos mais consumidos na automedicação de adultos estão os analgésicos, anti-inflamatórios, antialérgicos, antibióticos e ansiolíticos (ICTQ, 2016) (Figura 1).
Os analgésicos que são os fármacos mais usados na automedicação ocupam destaque também entre os idosos, sendo mais utilizados para tratamento de dor e inflamação, sintomas bastante comuns nessa fase. As reações adversas advindas da automedicação em idosos é três vezes maior do que em jovens, apresentando incidência anual de 26 por mil leitos de pacientes hospitalizados (OLIVEIRA et al., 2012).
FONTE: ARTIGO CONSEQUÊNCIAS E QUAIS OS PRINCIPAIS RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO https://www.unifacvest.edu.br/assets/uploads/files/arquivos/e692c-ereni-de-morais---consequencias-e-quais-os-principais-riscos-da-automedicacao.pdf
Dicas de segurança
Para utilizar um medicamento sem prescrição de forma responsável e efetiva, existem alguns passos a serem seguidos. A dra. Marli enumera:
1. Identifique os sintomas
“A primeira coisa é identificar o sintoma e, só então, verificar se existe um medicamento livre para a queixa em questão. Se não for um sintoma autoidentificável, é preciso procurar um médico”,ressalta.
Em geral, os problemas que podem ser tratados com MIPs são leves e passageiros, como dor de cabeça, azia, febre, tosse, prisão de ventre, aftas, dor de garganta, assaduras, hemorroidas e congestão nasal.
Na hora de comprar, relate o sintoma para o farmacêutico, pois ele poderá te orientar quanto à melhor opção.
2. Verifique se há alguma contraindicação para o seu caso
“Ainda que isento de prescrição, é preciso checar se aquele medicamento é indicado para o paciente, porque pode ser que alguma outra condição de saúde o impeça de utilizá-lo”, alerta a dra. Marli.
Esse tipo de informação está presente, obrigatoriamente, na bula e no rótulo do remédio. É lá que estão outros aspectos importantes que demandam atenção, como veremos a seguir.
3. Respeite as orientações presentes na bula e no rótulo
Ninguém gosta de ler bula de remédio, isso é um fato. Mas não é preciso perder tempo com todas aquelas letrinhas miúdas. Localizar as informações abaixo já é o suficiente:
Composição do produto: é importante saber quais são os componentes do medicamento para evitar tomar uma substância ao qual é alérgico;
Interações: se estiver tomando outros medicamentos, é essencial entender o efeito da interação entre eles, pois a ação de um ou de ambos pode sair prejudicada;
Modo de uso: além disso, é fundamental seguir as orientações sobre o uso e a dosagem, já que alguns medicamentos precisam ser tomados apenas em jejum ou com o estômago cheio para atingirem a sua eficácia ideal;
Efeitos colaterais: outra dica é conhecer as possíveis consequências do uso da medicação, pois, muitas vezes, ela pode ser suspensa pela intensidade dos efeitos colaterais;
Armazenamento: não se esqueça de verificar ainda se o medicamento precisa ser conservado, por exemplo, na geladeira, a fim de não perder o seu princípio ativo.
Já no rótulo (a parte de fora da caixa), estão informações mais gerais, como o prazo de validade, a indicação do princípio ativo, a classe terapêutica do medicamento e também as contraindicações e condições de conservação.
4. Procure um médico se os sintomas persistirem
“Sintomas que podem ser tratados com MIPs permanecem apenas por um curto período de tempo. Variam de pessoa para pessoa, mas são sempre curtos. Eu não posso, por exemplo, tomar um analgésico por dois meses. Se os sintomas persistirem, busque ajuda médica”, destaca a dra. Marli.
Outras complicações também podem indicar a hora de procurar um especialista:
quando os sintomas pioram;
quando aparecem dores agudas;
quando o paciente tenta um ou mais remédios sem resultados;
quando surgem efeitos colaterais indesejados;
quando o paciente acha que o quadro é grave; ou
quando o paciente tem transtornos psicológicos.
Gestantes, lactantes, bebês e crianças precisam de um acompanhamento mais de perto em relação à persistência dos sintomas.
5. Busque fontes confiáveis
Por fim, em tempos de fake news e indicações de medicamentos sem bases científicas, a recomendação é ir atrás de fontes seguras.
“A população tem que estar muito bem empoderada de informações para fugir das mensagens de WhatsApp e das fake news”, pontua a vice-presidente da Acessa.
Entre as fontes de confiança, estão órgãos oficiais, como a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde e a Anvisa. Inclusive, no site da Anvisa, está disponível a Lista de Medicamentos Isentos de Prescrição, a LMIP, com todos os MIPs comercializados no Brasil.
Benefícios da automedicação responsável
O uso racional de medicamentos é comprovadamente benéfico tanto para o paciente quanto para a sociedade em geral. Um estudo publicado no Jornal Brasileiro de Economia da Saúde em 2017 mostrou que a cada R$ 1,00 investido em MIPs, há uma economia de até R$ 7,00 para o Sistema Único de Saúde (SUS).
“Vamos supor que hoje eu acordei com uma azia muito forte. Faço uso de um antiácido que custa barato. O que acontece? O meu sintoma é aliviado, eu não falto no trabalho e não preciso ir a um pronto-socorro ou a um consultório médico, sobrecarregando ainda mais as unidades de atendimento”, ilustra a dra. Marli.
Sendo assim, além de otimizar recursos, o paciente tem o conforto de tratar em casa um sintoma já conhecido e ainda expressa o seu direito de atuar sobre a própria saúde.
Por outro lado, o oposto disso – o uso irracional – pode levar a problemas de saúde e ao desperdício de recursos financeiros. Alguns dos riscos da má administração de medicamentos para o organismo são: 
Intoxicação;
Alívio dos sintomas, porém com atraso do diagnóstico correto da doença;
Reação alérgica;
Dependência;
Resistência aos efeitos do medicamento;
Efeitos colaterais fortes;
Agravamento do quadro.
FONTE: https://drauziovarella.uol.com.br/medicamentos/e-possivel-se-automedicar-com-seguranca/
7- Caracterizar os tipos de queimaduras e manejo clínico para cada tipo.
Queimadura é toda lesão provocada pelo contato direto com alguma fonte de calor ou frio, produtos químicos, corrente elétrica, radiação, ou mesmo alguns animais e plantas (como larvas, água-viva, urtiga), entre outros. Se a queimadura atingir 10% do corpo de uma criança ela corre sério risco. Já em adultos, o risco existe se a área atingida for superior a 15%.
Tipos de queimaduras:
– Queimaduras térmicas: são provocadas por fontes de calor como o fogo, líquidos ferventes, vapores, objetos quentes e excesso de exposição ao sol;
– Queimaduras químicas: são provocadas por substância química em contato com a pele ou mesmo através das roupas;
– Queimaduras por eletricidade: são provocadas por descargas elétricas.
Quanto à profundidade, as queimaduras podem ser classificadas como:
– 1º grau: atingem as camadas superficiais da pele. Apresentam vermelhidão, inchaço e dor local suportável, sem a formação de bolhas;
– 2º grau: atingem as camadas mais profundas da pele. Apresentam bolhas, pele avermelhada, manchada ou com coloração variável, dor, inchaço, despreendimento de camadas da pele e possível estado de choque.
Queimaduras de 2º grau profundas são aquelas que acometem toda a derme, sendo semelhantes às queimaduras de 3º grau. Como há risco de destruição das terminações nervosas da pele, este tipo de queimadura, que é bem mais grave, pode até ser menos doloroso que as queimaduras mais superficiais. As glândulas sudoríparas e os folículos capilares também podem ser destruídos, fazendo com a pele fique seca e perca seus pelos. A cicatrização demora mais que 3 semanas e costuma deixar cicatrizes.
– 3º grau: atingem todas as camadas da pele e podem chegar aos ossos. Apresentam pouca ou nenhuma dor e a pele branca ou carbonizada.
Primeiros socorros
Colocar a parte queimada debaixo da água corrente fria, com jato suave, por, aproximadamente, dez minutos. Compressas úmidas e frias também são indicadas. Se houver poeira ou insetos no local, mantenha a queimadura coberta com pano limpo e úmido.
No caso de queimaduras em grandes extensões do corpo, por substâncias químicas ou eletricidade, a vítima necessita de cuidados médicos urgentes.
– nunca toque a queimadura com as mãos;
– nunca fure bolhas;
– nunca tente descolar tecidos grudados na pele queimada;
– nunca retire corpos estranhos ou graxa do local queimado;
– nunca coloque manteiga, pó de café, creme dental ou qualquer outra substância sobre a queimadura – somente o médico sabe o que deve ser aplicado sobre o local afetado.
Prevenção
– ao acender um fósforo, mantenha o palito longe do rosto. Assim, se escapar alguma chama, não irá atingir o cabelo ou a sobrancelha;
– ao acender uma vela, observe se está longe de produtos inflamáveis, como botijões de gás, solventes ou tecidos;
– manter crianças longe da cozinha durante o preparo dos alimentos, e sempre direcionar o cabo das panelas para a área do fogão;
– não manipular álcool, querosene, gasolina ou outros líquidos inflamáveis perto do fogo. Esses produtos devem ser guardados longe do alcance das crianças;
– em festas juninas, dar preferência às fogueiras pequenas, que só devem ser acesas longe de matas, de depósitos de papel, de produtosinflamáveis ou ventanias.
IMPORTANTE: Somente médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. As informações disponíveis em Dicas em Saúde possuem apenas caráter educativo.
FONTE: BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE (MS) (SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUEIMADURAS)
Duas regras podem ser utilizadas para "medir" a extensão da queimadura:
Regra dos nove: é atribuído, a cada segmento corporal, o valor nove (ou múltiplo dele):
cabeça - 9%
tronco frente - 18%
tronco costas - 18%
membros superiores - 9% cada
membros inferiores - 18% cada
genitais - 1%
Regra da palma da mão: geralmente a palma da mão de um indivíduo representa 1% de sua superfície corporal. Assim pode ser estimada a extensão de uma queimadura, calculando-se o “número de palmas”.
As queimaduras de mãos, pés, face, períneo, pescoço e olhos, quaisquer que sejam a profundidade e a extensão, necessitam de tratamento hospitalar. A gravidade da queimadura será determinada pela profundidade, extensão e a área afetada
As causas são classificadas da seguinte maneira:
Agentes físicos
Térmicos: líquidos quentes, gordura quente, ferro quente, vapor e através do fogo;
Elétricas: corrente de baixa voltagem (eletrodomésticos), alta tensão e raio;
Radiantes: resultam da exposição à luz solar ou fontes nucleares.
Agentes químicos
Substâncias químicas industriais, produtos de uso doméstico, como solventes, soda cáustica, alvejantes ou qualquer ácido ou álcalis.
Agentes biológicos
Seres vivos: como por exemplos, taturanas, “água viva”, urtiga.
Tratamento
Queimaduras térmicas​
Causadas por líquidos e objetos quentes, vapor e fogo:
Esfrie a área queimada com água fria (não use gelo, pois pode agravar a queimadura).
Cubra a área com um pano limpo.
Remova imediatamente: anéis, pulseiras, relógios, colares, cintos, sapatos e roupas, antes que a área afetada comece a inchar.
 Queimaduras químicas
 Causada por contato com produtos químicos, como ácidos:
Enxágue o local por, pelo menos, 20 minutos em água corrente.
Remova imediatamente: anéis, pulseiras, relógios, colares, cintos, sapatos e roupas, antes que a área afetada comece a inchar.
Remova resíduo de roupa contaminada pelo produto, prevenindo queimadura em outras áreas.
No caso dos olhos terem sido afetados: enxágue abundantemente em água corrente até ajuda médica. Se usar lentes de contato, removê-las imediatamente.
Queimaduras elétricas
Causadas por corrente de baixa voltagem, como eletrodomésticos, alta tensão e raio:
Não toque na vítima.
Desligue a corrente elétrica.
Em todos os casos de queimaduras, encaminhar para o serviço médico (pronto socorro ou hospital) mais próximo.
O que não fazer
Não use nunca: pasta de dentes, pomadas, clara de ovo, manteiga, óleo de cozinha ou qualquer outro ingrediente sobre a área queimada;
Não remova tecidos grudados: corte cuidadosamente e retire o que estiver solto;
Não estoure bolhas.
FONTE: SITE ALBERT EINSTEIN (https://www.einstein.br/doencas-sintomas/queimaduras)

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